CEPAL – 60 anos de Desenvolvimento na América Latina
Santa Cruz do Sul, RS, Brasil, 17 a 19 de agosto de 2011
1
Aportes Teóricos do Estruturalismo Latino-Americano: uma
contribuição à Teoria do Subdesenvolvimento
Valdir Roque Dallabrida1
Resumo
Logo após a Segunda Guerra Mundial, a ONU criou a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal), com o objetivo de realizar estudos visando ao desenvolvimento dos países da região. Autores latino-americanos, direta ou indiretamente ligados à Cepal constituíram uma base teórica singular que se costumou chamar estruturalismo latino-americano. Para resgatar as contribuições teóricas sobre desenvolvimento dos autores latino-americanos que tiveram esta base teórica, exige que se retome a obra de dois grandes intelectuais, Raul Prebisch (argentino) e Celso Furtado (brasileiro). Propõe, a partir da revisão da bibliografia, resgatar as principais contribuições teóricas de autores latino-americanos dessa época, com suas principais variantes e autores, suas críticas, além dos debates que ocorreram no Brasil sobre desenvolvimento. Pode-se afirmar que os autores cepalinos foram capazes de articular uma abordagem teórica original sobre as economias latino-americanas, que se constituiu numa teoria do subdesenvolvimento, a qual teve significativo impacto sobre as idéias e as políticas econômicas no Brasil e nos demais países da América Latina. Palavras-Chave: estruturalismo latino-americano, teorias do desenvolvimento, América Latina, desenvolvimento, subdesenvolvimento
1 Geógrafo, Doutor em Desenvolvimento Regional pela UNISC, com atuação no Mestrado em
Desenvolvimento Regional da Universidade do Contestado (UnC), Campus Canoinhas (SC). Endereço eletrônico: [email protected].
CEPAL – 60 anos de Desenvolvimento na América Latina
Santa Cruz do Sul, RS, Brasil, 17 a 19 de agosto de 2011
2
Introdução
Logo após a Segunda Guerra Mundial, a Organização das Nações Unidas (ONU)
criou a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal), com o objetivo de
realizar estudos visando ao desenvolvimento da região. A iniciativa inspirava-se no fato de
que os Estados Unidos tinham destinado grande volume de recursos para a recuperação da
Europa, pelo Plano Marshall, sendo que os governos latino-americanos passaram a desejar
que se fizesse o mesmo com a América Latina. A Cepal teve sua sede em Santiago do
Chile, no Chile, com estruturas de apoio em outros países, inclusive no Brasil. Assim, os
primeiros trabalhos da Cepal procuraram diagnosticar os problemas de cada país em
particular, objetivando detectar os obstáculos ao desenvolvimento. Raul Prebisch foi um dos
seus idealizadores e apoiadoresi.
A partir do entendimento de que a CEPAL deveria ter um centro de investigações,
em 1962 foi criado o Instituto Latinoamericano y del Caribe de Planificación Económica y
Social (ILPES). Até hoje o ILPES tem se envolvido no assessoramento aos governos e
instituições, elaboração de estudos socioeconômicos da região, além da realização de
cursos de capacitação para técnicos de governos, acadêmicos e lideranças
Os técnicos da Cepal dispunham apenas da versão ricardiana do crescimento
econômico e do instrumental keynesiano da análise econômica. Com o entendimento de
que tais instrumentais teóricos não seriam suficientes para a análise dos problemas dos
países latino-americanos, é que o economista Raul Prebisch, então presidente do Banco
Central da Argentina, apresentou aos demais estudiosos da Cepal uma nova abordagem
analítica, que depois passou a ser referencial para os economistas da Cepal (SOUZA,
2005). Este e outros economistas, posteriormente, juntaram-se à Cepal e passaram a
representar uma contribuição fundamental para a evolução ou o repensar das teorias do
desenvolvimento utilizadas na época para analisar o processo de desenvolvimento dos
países latino-americanos, especialmente os chamados subdesenvolvidosii.
Ricardo Bielschowsky (2000) da UFRJ, numa parceria da Cepal e Conselho Federal
de Economia, reuniu numa obra, em dois volumes, os mais representativos textos clássicos
escritos pelos principais economistas e sociólogos latino-americanos, entre eles Raúl
Prebisch e Celso Furtado, Aníbal Pinto, Medina Echavarría, Osvaldo Sunkel, Maria da
Conceição Tavares e Fernando Henrique Cardosoiii. Trata-se de uma publicação
comemorativa aos 50 anos da Cepal (1948-1998). A coletânea está organizada de maneira
a orientar o leitor quanto à trajetória intelectual da Cepal, refletindo as diferentes etapas
históricas em que os textos foram escritos. Sobre a obra de Celso Furtado, um dos
CEPAL – 60 anos de Desenvolvimento na América Latina
Santa Cruz do Sul, RS, Brasil, 17 a 19 de agosto de 2011
3
principais intelectuais cepalinos brasileiros, Bresser-Pereira e Rego (2001) sintetizam as
contribuições do autor para a teoria do desenvolvimento, em artigos de diferentes autores.
Nas décadas de 1950 a 1970, além da Cepal, exerceu forte influência na formação
do pensamento econômico brasileiro e latino-americano, intelectuais ligados ao Instituto
Superior de Estudos Brasileiros (ISEB) e à Escola de Sociologia de São Paulo, esta
originalmente sob a liderança de Florestan Fernandes. Os principais intelectuais do ISEB
foram: os filósofos Álvaro Vieira Pinto, Roland Corbisier e Michel Debrun; o sociólogo
Alberto Guerreiro Ramos; os economistas Ignácio Rangel, Rômulo de Almeida e Ewaldo
Correia Lima; o historiador Nelson Werneck Sodré; os cientistas políticos Helio Jaguaribe e
Candido Mendes de Almeida. Suas idéias, de caráter antes político do que econômico,
completavam-se, no plano econômico, com o pensamento estruturalista da Cepaliv.
Resgatar as contribuições teóricas sobre desenvolvimento dos autores latino-
americanos, direta ou indiretamente ligados à Cepal, tendo como base teórica o
estruturalismo latino-americano é fundamental, pois se tratam de abordagens singulares,
mesmo que inspiradas em autores clássicosv. É uma forma relembrar sua consistência
teórica às gerações atuais de estudantes e lideranças, inclusive, para explicar a realidade
atual dos países latino-americanos.
O texto utiliza basicamente a revisão bibliográfica, seja dos teóricos da época ou de
autores contemporâneos que escrevem sobre o tema. Está estruturado em três partes: na
primeira, são sintetizadas as bases teóricas do estruturalismo latino-americano, com suas
variantes; na segunda, faz-se referência aos principais debates sobre desenvolvimento no
Brasil e sua relação com o estruturalismo latino-americano; na terceira, rápidas referências
às principais críticas sobre o estruturalismo latino-americano; por fim, algumas
considerações finais.
1. Bases teóricas do Estruturalismo Latino-Americano
No pós-guerra, vários autores formulam concepções teóricas defendendo que a
ausência de mecanismos corretores ou reguladores do livre mercado levava, como
conseqüência, à intensificação das desigualdades inter-regionais. Em primeiro lugar, estão
os enfoques teóricos segundo os quais o nível de desenvolvimento regional resulta do lugar
que a região ocupa no conjunto dos países, ou, mais precisamente, questões relacionadas à
localização e à dinâmica espacialvi. Uma das variantes teóricas foi o que passou ser
chamada de estruturalismo latino-americano.
O estruturalismo é o nome dado a uma perspectiva, a métodos de estudo e a teorias
CEPAL – 60 anos de Desenvolvimento na América Latina
Santa Cruz do Sul, RS, Brasil, 17 a 19 de agosto de 2011
4
sociais que surgiram com a Antropologia Social a partir dos anos de 1940, com a obra de
Lévi-Strauss. Fundamentalmente, o estruturalismo adota uma posição totalizadora para o
estudo dos fenômenos sociais. Na postura estruturalista segue-se a concepção tipicamente
holística da sociedade. Na historia da filosofia o estruturalismo aparece como aquela
corrente metodológica contemporânea cujo núcleo teórico está definido pela noção de
estrutura. Em geral, se aceita como conceito de estruturalismo, como sendo a teoria que se
preocupa com o todo e com o relacionamento das partes na constituição do todo. A
totalidade, a interdependência das partes e o fato de que o todo é maior do que a simples
soma das partes são suas características básicas (SILVA, 1987).
Entre outros intelectuais e economistas referenciais do estruturalismo latino-
americano, está o argentino Raul Prebischvii, seguido posteriormente por autores como o
brasileiro Celso Furtadoviii.
A introdução das concepções estruturalistas nas teorias do desenvolvimento
proporcionou estudos que procuravam entender os avanços socioeconômicos como
resultante de fatores causais diversos. Assim, entendia-se que os problemas do
desenvolvimento ou subdesenvolvimento tinham um caráter estrutural. O estruturalismo
surgiria no âmbito da Cepal. Celso Furtado, agregando uma visão historicista ao
estruturalismo, levaria a escola crítica latino-americana ao reconhecimento internacional.
As novidades teóricas inauguradas por Prebisch e, posteriormente, rebuscadas por
Furtado, resumidamente, podem ser sistematizadas a partir dos seguintes aspectos: (1) o
desenvolvimento desigual do capitalismo em escala global; (2) a critica à teoria do comércio
internacional da economia neoclássica; e (3) a visão hierárquica das relações comerciais
entre o centro e a periferia do sistema econômico mundial (FIORI e MEDEIROS, 2001).
Santos (2000), um dos mais renomados teóricos da dependência, resume o consenso
gerado pela influência do estruturalismo na América Latina: (1) o subdesenvolvimento está
conectado de maneira estreita com a expansão dos países industrializados; (2) o
subdesenvolvimento não pode ser considerado como a condição primeira para um processo
evolucionista; (3) a dependência decorrente da relação centro-periferia não é só um
fenômeno externo, pois ela também se manifesta através de diferentes fatores interligados
na estrutura interna de um país (econômica, ideológica, cultural e política).
Sob a liderança intelectual de Raúl Prebisch, os autores ligados à Cepal foram
capazes de articular uma abordagem original sobre as economias latino-americanas, que
constituiu uma teoria do subdesenvolvimento periférico que teve significativo impacto sobre
as idéias e as políticas econômicas na América Latina. O desenvolvimentismo cepalino
encontrou um terreno particularmente fértil no Brasil, onde as suas teses tiveram alguns de
CEPAL – 60 anos de Desenvolvimento na América Latina
Santa Cruz do Sul, RS, Brasil, 17 a 19 de agosto de 2011
5
seus mais criativos divulgadores (como Celso Furtado) e um ambiente altamente receptivo
entre técnicos governamentais e empresários industriais (COLIESTE, 2001)
Em publicação feita em 1949 - El desarrollo económico de la América Latina y
algunos de sus principales problemas –, Prebisch, assinalava que a vinculação dos ciclos e
a forma como está estruturada a produção e o emprego, impedia que a periferia retivesse os
frutos de seu progresso técnico, diferentemente do que ocorria com o centro. Opunha-se às
teorias do comércio internacional, hegemônicas no pós-guerra, segundo as quais o
progresso técnico se distribuiria de maneira equitativa entre as nações do mundo. Em outras
palavras, Prebisch mostrava que a divisão internacional do trabalho e a divisão centro-
periferia a ela associada impediam a redistribuição igualitária dos ganhos do comércio
internacional, em prejuízo dos países periféricos. A idéia era de que o progresso técnico
gerado nos países chamados desenvolvidos (centrais), incorporados nas importações,
difundir-se-ia nos países subdesenvolvidos (periféricos), através da redução da redução dos
preços dos produtos manufaturados importados. Desse modo, os países periféricos não
precisavam industrializar-se para atingir o desenvolvimento. Esta questão é o centro da
contestação das contribuições teóricas estruturalistas cepalinas.
No fim da década de 1940, os economistas latino-americanos já tinham percebido
que os principais problemas da região tendiam a agravar-se pelo debilitamento do poder de
compra de suas exportações. Esta constatação confirmou-se com o estudo de Prebisch, que
examinou a evolução dos preços de produtos agrícolas e industriais em um período de 65
anos (1880/1945), percebendo que havia uma nítida deterioração das relações de troca,
contra os países subdesenvolvidos. Percebia-se que enquanto os preços dos produtos
industriais cresciam rapidamente, o mesmo não ocorria com os produtos agrícolas. Ou seja,
cada vez mais precisaria se aumentar a exportação de commodities, para continuar
importando a mesma quantidade de manufaturados dos países industrializados,
favorecendo estes últimos. Assim, em suma, o autor propunha a industrialização dos países
latino-americanos, mediante a substituição de importações, por existirem mercados para
produtos específicos.
A estratégia de Prebisch para o desenvolvimento latino-americano, consistia nos
seguintes pontos: (1) compressão do consumo supérfluo, principalmente de produtos
importados, através do estabelecimento de tarifas elevadas e de restrições quantitativas às
importações; (2) incentivo ao ingresso de capitais externos, na forma de governo a governo,
a fim de aumentar os investimentos, sobretudo na criação de infra-estrutura básica; (3)
realização da reforma agrária, para aumentar a oferta de alimentos e matérias-primas
agrícolas, bem como a demanda de produtos industriais, através da expansão do mercado
CEPAL – 60 anos de Desenvolvimento na América Latina
Santa Cruz do Sul, RS, Brasil, 17 a 19 de agosto de 2011
6
interno; (4) maior participação do Estado na captação de recursos e na criação da infra-
estrutura básica, como energia, transportes e comunicação. Essa estratégia recebeu críticas
dos grupos internacionais que eram contrários à industrialização dos países
subdesenvolvidos, assim como dos grupos nacionais ligados à oligarquia agrário-
exportadora, além de outros grupos internos, tanto de esquerda como de direita.
Segundo a Cepal, os fatores internos de restrição ao desenvolvimento decorreriam
da concentração fundiária, da reduzida dimensão do mercado e da elevada taxa de
crescimento demográfico na agricultura. Assim, o predomínio do binômio latifúndio-
minifúndio, dificultava a introdução de inovações tecnológicas. Além disto, a existência de
grande número de mão-de-obra desocupada e terras ociosas dificultavam o crescimento
econômico. O sistema fechado e elitista gerava privilégios na distribuição da riqueza e da
renda (PREBISCH, 1963). Em suma, para os autores que enfatizavam os fatores internos,
as alianças de grupos nacionais como capitalismo internacional moldariam o caráter da
dependência e o próprio estilo de desenvolvimento. Tais fatores, dentre outros, explicavam o
subdesenvolvimento dos países latino-americanos, sendo necessárias mudanças.
Algumas variantes teóricas do estruturalismo latino-americano se apresentam sob a
forma de abordagens específicas, envolvendo outros autores, conforme visto adiante.
1.1 A Teoria das Trocas Desiguais
As variantes teóricas do chamado estruturalismo latino-americano - teoria da troca
desigual, do centro-periferia e da dependência – podem ser consideradas inseparáveis, pois
apenas sintetizam as características estruturantes de uma situação de subdesenvolvimento.
Apenas por uma questão didática, são tratadas separadamente. Segundo reafirma Bresser-
Pereira (2005), a oposição centro-periferia, desenvolvida por Raul Prebisch não é outra
coisa senão um eufemismo para indicar uma relação imperialista entre países ricos e
pobres. A teoria da troca desigual é a explicação economicamente precisa de como os
países ricos conservam para si os ganhos de produtividade, como garantem que o valor
adicionado do trabalho em seus países não se reparta com os consumidores dos produtos
industriais nos países em desenvolvimento, como a teoria do comércio internacional
pressupõe.
Uma variante do estruturalismo é chamada por alguns autores de teoria das trocas
desiguais, difundida, principalmente, por Emmanuel (1969)ix. Esta abordagem, a partir da
constatação de uma tendência de queda dos preços das principais commodities exportadas
pelos países em desenvolvimento, principalmente alimentos e matérias-prima, em relação
CEPAL – 60 anos de Desenvolvimento na América Latina
Santa Cruz do Sul, RS, Brasil, 17 a 19 de agosto de 2011
7
aos preços dos produtos industrializados dos países desenvolvidos, afirmava que o principal
entrave ao desenvolvimento dos países do Terceiro Mundo era a transferência de valor
promovida pelo comércio internacional.
O crescimento econômico não depende simplesmente das formas denominadas
institucionais e técnicas da produção do excedente econômico e no modo de sua utilização,
mas implica basicamente a política econômica geral dos Estados no sistema das
interdependências. Quanto maior for o grau da subordinação externa, menor será sua
possibilidade de crescimento. A questão nacional coloca-se aí como chave-mestra para o
desenvolvimento e bem-estar social (MACHADO, 1999).
O grau de dependência dos países periféricos em relação aos centrais depende
muito do tipo de produtos que fazem parte de suas relações de trocas comerciais. É claro
que quando os países periféricos mantêm no seu portfólio de produtos exportados,
basicamente, matérias-primas extrativistas e agrícolas, ou comodites em geral, estes são
prejudicados nas suas relações de troca, em função dos altos preços que tendem pagar aos
produtos manufaturados que importam. Este problema ainda é atual nos países
subdesenvolvidos. Isso justificava a proposição dos teóricos Cepalinos sobre a necessidade
de industrialização.
1.2 As Teorias do Centro e Periferia
Love (1978) registra que o primeiro uso do conceito de centro e periferia foi feito por
Werner Sombart, em 1920, quando afirmava: Nós devemos distinguir um centro capitalista –
as nações capitalistas centrais – de uma massa de países periféricos vistos deste centro. Os
primeiros são ativos e condutores, os últimos, passivos e subordinados. Com sentido
semelhante, foi utilizado o conceito, por vários teóricos, a partir das décadas de 1950 e
1960.
Em sentido genérico, pode-se dizer que as concepções teóricas do centro-periferia,
da dependência, do crescimento desequilibrado e dos pólos de desenvolvimento, são todas
abordagens de cunho keynesiano, na media em que põe em questão o caráter automático
dos mecanismos do livre mercado e defendem uma intervenção externa no mercado, com o
fim de evitar as desigualdades inter-regionais. Apesar da diversidade de posições, poderia
se considerar que em termos gerais as teorias do centro-periferia como as da dependência,
defendem a existência de uma ordem mundial com uns países centrais, que aliados às elites
dominantes dos países da periferia, se enriquecem progressivamente à custa dos países
mais pobres. Assim, segundo este entendimento, as economias mais avançadas exploram e
CEPAL – 60 anos de Desenvolvimento na América Latina
Santa Cruz do Sul, RS, Brasil, 17 a 19 de agosto de 2011
8
geram o subdesenvolvimento das mais atrasadas. Seriam duas faces da mesma moeda.
1.3 A Teoria da Dependência
Primeiro, uma afirmação importante: segundo Machado (1999, p. 202), não existe
uma teoria da dependência, mas simplesmente a dependência dentro do sistema
internacional de relações de força e poder. “A dependência, entendida como condição
histórica, como estado ou caráter de sujeição, subordinação, ou como efeito dependente de
causa, apresenta sentido tão genérico que não pode ser reduzido a teoria, tomada esta
como mero conhecimento especulativo, ou ainda como doutrina ou sistema geral”.
O conceito de dependência originou-se do pensamento dos teóricos da Cepal,
originalmente proposto por Raul Prebisch, o qual enfatizava as relações assimétricas, ou de
desigualdade, entre a periferia exportadora de produtos primários, cujos preços dependem
do mercado internacional, e o centro industrializado, fixador de preços. Mais tarde, outros
autores da Economia, tais como Sunkel (2000) e Celso Furtado, reforçaram os pressupostos
da dependência. A dependência resultaria de um relacionamento entre partes com desigual
poder político e econômico, pois a dependência política e econômica seria interdependente.
A forma mais extrema da dependência econômica é o colonialismo. A dependência política
tem características mais imperceptíveis, em que os países subdesenvolvidos ficam
amarrados a imposições econômicas e à manipulação de mercados (SOUZA, 2005).
Os enfoques das teorias da dependência precisam ser entendidos em suas distintas
versões: a weberiana e a marxistax. A corrente weberiana formula uma análise que encontra
os condicionantes do processo de desenvolvimento no tipo de integração estabelecido entre
os diversos grupos sociais, tanto internos como externamente, de forma que o
desenvolvimento poderia ser interpretado como um processo social. Dentro disso, a
superação da dependência, enquanto um componente estrutural do capitalismo pressupõe
uma articulação entre as forças sociais dominantes internas e os centros hegemônicos, e
por isso, mais que um caráter de industrialização, o desenvolvimento periférico deveria ter
um caráter industrializante-associado. Esse movimento de associação ao capital
internacional traria, inevitavelmente, um aumento nos graus de concentração de renda e a
abertura ao capital externo – um dos pilares do consenso neoliberal. Nesse sentido, a
corrente marxista defende que a proposta da corrente weberiana de dependência, é de
subordinação ao capital internacional. Assim, quanto mais se desenvolvesse, mais
dependentes esses países se tornariam, como a própria história tratou de mostrar.
Na versão weberiana da teoria da dependência, a obra de mais destaque no Brasil e
CEPAL – 60 anos de Desenvolvimento na América Latina
Santa Cruz do Sul, RS, Brasil, 17 a 19 de agosto de 2011
9
América Latina é a de Cardoso e Falleto (Dependência e desenvolvimento na América
Latina). Tal obra propunha-se esclarecer alguns pontos controvertidos sobre as condições,
possibilidades e formas do desenvolvimento econômico em países que mantêm relações de
dependência com os pólos hegemônicos do sistema capitalista. O ponto de partida das
concepções teóricas desenvolvidas por Cardoso e Falleto (1984) é o fracasso do processo
de substituição de importações e do projeto nacional-desenvolvimentista, que pretendia criar
as bases de um capitalismo autônomo na região, ideia essa defendida pela Cepal nas
décadas de 1940 e 1950.
Já a versão da teoria da dependência da corrente marxista é também chamada de
teoria neo-dependentista, pelo fato de alguns autores, principalmente Marini (2000), fazerem
críticas severas à teoria da dependência. Ocorre que a teoria da dependência surgiu, nas
suas diversas correntes, a partir da crise verificada nas teorias desenvolvimentistas. Assim,
a corrente marxista vê a dependência como uma relação de subordinação entre nações
centrais e periféricas. A super-exploração da força de trabalho seria a única forma que os
países periféricos teriam de gerar os excedentes a serem transferidos para os países
centrais, dentro da lógica imposta pelos mecanismos da economia e da divisão internacional
do trabalho, uma vez que não possuem o aparato necessário ao desenvolvimento de
tecnologias que os permitam produzir bens com alto valor agregado, e com isso competir
com os países centrais. Tudo isso em decorrência do momento e da forma como os países
latino-americanos se inseriram na estrutura do comércio internacional, momento esse no
qual já estavam constituídos os centros hegemônicos do capital. Dentro disso, o máximo
que as nações periféricas poderiam fazer seria aumentar os graus de liberdade no manejo
de sua política econômica, porém sem escapar da condição dependentexi.
Outros autores neo-marxistas como Frank (1980) e Baran (1977), também centraram
seus estudos sobre subdesenvolvimento e desenvolvimento. A posição teórica de Baran é
indubitavelmente nacionalista ao tratar tanto das raízes do subdesenvolvimento como das
suas diferentes morfologias. Para ele, a relação antitética entre o capitalismo central e as
regiões atrasadas produziu o conceito de subdesenvolvimento. Sua tese está nucleada na
expropriação do excedente econômico, a polarização contraditória metrópole-colônia como
chave da dependência. As relações de dependência seriam tratadas do ponto de vista
histórico convencional como relações coloniais, neocoloniais e imperialistas. Baran faz
críticas ao pensamento Cepalino, principalmente da teoria das relações de troca. Segundo
ele o que explica a situação de subdesenvolvimento dos países pobres são sua baixa
composição orgânica do capital, mão-de-obra barata e abundância dos recursos naturais,
que atrairiam investimentos externos, no entanto, mantendo tais países atrelados ao
CEPAL – 60 anos de Desenvolvimento na América Latina
Santa Cruz do Sul, RS, Brasil, 17 a 19 de agosto de 2011
10
imperialismo internacional dos países ricos. O autor reconhece que a estreiteza do mercado
limita o desenvolvimento, no entanto, argumenta que o excedente dos países pobres é mal
utilizado pela ação das elites feudais, dos industriais conservadores e da classe média. Os
investidores estrangeiros, ao se associarem com as classes menos progressistas dos
países pobres, agravam as distorções no uso do excedente, que é expatriado aos países
desenvolvidos. Em suma, Baran entende que o problema do subdesenvolvimento só pode
ser resolvido por vias políticas, pois a questão não resulta da falta de capitais, mas do uso
inadequado do excedente. Por fim, para Baran e demais economistas de inspiração
marxista, a contradição do desenvolvimento não poderia ser explicada pelas relações entre
centro e periferia, mas entre capital e trabalho. Causas internas, oriundas das relações de
produção, das disputas entre as classes sociais, que se apoderam do aparelho estatal, são
as que entravam ou favorecem o desenvolvimento, e não as causas externas. Nisso
concordavam inclusive alguns teóricos da dependência.
A teoria da dependência atingiu o auge de seu prestígio na década de 1970,
entrando em declínio nas décadas seguintes. Para Bresser-Pereira (2005) a teoria da
dependência constituía-se, essencialmente, em uma crítica à forma dependente do
capitalismo se manifestar na América Latina. Não negava a exploração da periferia pelo
centro desenvolvido, mas acentuava que essa exploração não podia ser atribuída apenas
aos dominadores: as elites dos países dominados, revelando sua dependência ou sua
subordinação em relação às elites centrais, associavam-se a elas. O aprofundamento do
tema precisa considerar críticas feitas à teoria da dependência por autores marxistas, além
de se ter uma descrição sobre sua origem, sua evolução e as diferentes correntes teóricasxii.
2. Os principais debates sobre desenvolvimento no Brasil e sua relação com o
Estruturalismo Latino-Americano
Muitas são as contribuições de brasileiros nas teorias do desenvolvimento. Já foram
referenciados alguns. Grande parte deles, direta ou indiretamente, seja apoiando ou
criticando, associaram-se ao debate profícuo sobre desenvolvimento e subdesenvolvimento
que ocorreu entre as décadas de 1940 e 1980, principalmente. O inconformismo com o
estilo de desenvolvimento dependente do exterior, predominante no Brasil e na América
Latina, levou alguns economistas e sociólogos a proporem nova alternativa de
desenvolvimento, fundamentada em uma nova ordem econômica internacional, que
incentivasse um crescimento mais autônomo, baseado no dinamismo do mercado interno de
cada país, com ênfase na distribuição de renda. No Brasil, historicamente, a grande
CEPAL – 60 anos de Desenvolvimento na América Latina
Santa Cruz do Sul, RS, Brasil, 17 a 19 de agosto de 2011
11
discussão a cerca do estilo de desenvolvimento tem sido centrada, de um lado, no
crescimento liberal com ênfase na especialização internacional do país, de outro, no
crescimento com forte participação estatal. De tais posicionamentos, parece necessário dar
mais destaque à corrente teórica desenvolvimentista, que, por sua vez, apresenta diferenças
de enfoquesxiii.
2.1 O debate teórico dos desenvolvimentistas ligados ao setor privado
Entre os economistas desenvolvimentistas ligados ao setor privado destacaram-se
Roberto Simonsen, Roberto Campos e João Paulo de Almeida Magalhães. Teoricamente,
vinculavam-se às teses de Keynes e Prebisch. Defendiam a substituição de importações, o
protecionismo e a existência de crédito abundante e barato.
Simonsen (1978) propunha a industrialização no Brasil como forma de
desenvolvimento, enfatizando as indústrias de base, como a siderurgia e a química.
Considerava viável a implantação de um capitalismo moderno no país, com decisivo apoio
governamental, com protecionismo e planejamento. Este posicionamento teórico
confrontava-se com os interesses dos grandes opositores da industrialização que existiam
no Brasil no final da década de 1940, sendo eles os Estados Unidos e a oligarquia agrário-
exportadora nacional. Simonsen defendia o planejamento com democracia, conciliando
intervencionismo com livre iniciativa.
Outro autor de destaque desta corrente é Magalhães (1961). Como os demais
economistas desta corrente, o autor acreditava que uma taxa moderada de inflação
favoreceria o desenvolvimento e a elevação dos preços e a queda dos salários reais
estimulariam os investimentos. Assim, a inflação constituir-se-ia numa poupança forçada,
que se traduziria em novos investimentos. Rejeitando a tese do pleno emprego, em resumo,
defendia a idéia de que a inflação moderada desempenhava um papel fundamental ao
desenvolvimento.
2.2 Desenvolvimentistas nacionalistas e não-nacionalistas do setor público
Na corrente teórica nacionalista dos pensadores econômicos desenvolvimentistas, o
destaque principal é para Celso Furtadoxiv. O pensamento de Furtado tem raízes
keynesianas. O autor defende a ampla participação do Estado na economia, através de
investimentos em setores estratégicos, a submissão da política monetária e cambial aos
objetivos do desenvolvimento e a realização, pelo Estado, da reforma agrária e a
CEPAL – 60 anos de Desenvolvimento na América Latina
Santa Cruz do Sul, RS, Brasil, 17 a 19 de agosto de 2011
12
redistribuição de renda. Segundo ele, o planejamento estatal orientaria o crescimento e
procuraria romper com estruturas arcaicas, bloqueadoras do desenvolvimento.
Para Furtado o desenvolvimento não constitui uma simples etapa histórica pela qual
todos os países deverão passar, mas apresenta-se como resultado da expansão da
economia mundial. Centros industriais teriam sido implantados em alguns países, gerando
uma periferia subdesenvolvida e dependente, como um subproduto do capitalismo
internacional. Assim, a industrialização periférica, feita à imagem daquela dos países
centrais, efetuar-se-ia sobre uma estrutura antiga, pouco diversificada e de baixa
produtividade. Para não interromper o crescimento, a industrialização exigiria constantes
investimentos do Estado em infra-estruturas e atividades complementares. A participação do
Estado na economia, segundo ele, deveria priorizar: (1) uma atuação diretamente no setor
produtivo, através de empresas estatais; (2) planejamento e distribuição regional e setorial
dos investimentos; (3) subordinação da política monetária ao desenvolvimento; (4)
promoção da distribuição de renda mais equitativa com o fim de dinamizar o setor de
mercado interno; (5) controle do afluxo de capital estrangeiro, para que a dependência
financeira não retire do país sua autonomia na gestão dos problemas econômicos
fundamentais.
No início da década de 1960, ao esgotar-se o modelo de industrialização por
substituição de importações, Furtado propunha uma estratégia de desenvolvimento que
incentivasse o aumento da produtividade econômica e que proporcionasse a transferência
de parte dos frutos desse acréscimo de eficiência aos assalariados, tanto urbanos, como
rurais. A elevação do consumo dos trabalhadores, segundo ele, induziria à adoção de
progresso técnico e aumento da produção. Outra idéia era transformar a estrutura agrária,
com o objetivo de tornar o meio rural grande consumidor de produtos industriais.
Entre os economistas desenvolvimentistas ligados ao setor público, no entanto, não-
nacionalista, destacou-se Roberto Campos (1952). O autor preferia o capital estrangeiro ao
estatal, mesmo em setores considerados de segurança nacional, como mineração e
energia. No entanto, defendia a industrialização com apoio estatal, pois considerava
necessário compensar a debilidade do setor privado para investir. Defendia o planejamento,
com o fim de racionalizar o uso de recursos escassos, prevendo sua melhor utilização no
tempo e no espaço. O critério preferencial do planejamento, segundo o autor, era a melhoria
da produtividade, escolhendo-se os projetos de rentabilidade mais imediata, principalmente
aqueles que atraíssem o interesse de investimento da iniciativa privada.
2.3 O pensamento neoliberal no debate sobre desenvolvimento no Brasil
CEPAL – 60 anos de Desenvolvimento na América Latina
Santa Cruz do Sul, RS, Brasil, 17 a 19 de agosto de 2011
13
A corrente de pensamento neoliberal, na qual merecem destaque Eugênio Gudin
(1979), tinha como projeto econômico básico o crescimento equilibrado e fundamentava-se
no livre mercado, fazendo oposição às teses desenvolvimentistas. Em termos de políticas de
combate à inflação, identificava-se com o monetarismo. Entendiam que eram necessários
severos ajustes nas contas públicas, antes de qualquer tentativa de promover mais
crescimento produtivo. Assim, para essa corrente de pensamento econômico, o crescimento
só pode ser efetuado após o saneamento da economia, sob pena de provocar desequilíbrios
ainda maiores e abortar a própria expansão econômica, e não de falhas de mercado.
Em fins da década de 1940 o debate central no Brasil centrava-se na mística do
planejamento, à qual os economistas liberais se opunham. A grande questão que se
colocava diz respeito à excessiva intervenção do Estado na economia, no nível de acabar
tolhendo a iniciativa privada, mola mestra do desenvolvimento capitalista, segundo os
economistas liberais. Esse embate esteve presente permanentemente no pensamento
econômico brasileiro.
2.4 A corrente teórica socialista no debate sobre desenvolvimento no Brasil
A corrente socialista situa-se muito mais como crítica do que como apoiadora do
estruturalismo latino-americano, tendo como principais representantes Caio Prado Junior
(1981; 1996), Nelson Werneck Sodré (1964; 1982) e Alberto Passos Guimarães (1981).
Baseando-se na concepção socialista, os autores desta corrente defendiam a
viabilização do desenvolvimento capitalista no Brasil, a fim de facilitar sua passagem para o
socialismo. Defendiam a tese de que a agricultura brasileira permanecia feudal e de que a
reforma agrária mostrava-se necessária para transformar as relações de trabalho no meio
rural e promover o desenvolvimento. Duas contradições básicas estavam presentes na
sociedade brasileira: o monopólio da propriedade da terra e o imperialismo internacional. O
planejamento econômico, com ênfase na empresa privada nacional e no Estado,
apresentava-se como uma condição necessária para evitar a dependência ao imperialismo
externo (BIELSCHOWSKY, 2004).
Um dos expoentes entre os economistas brasileiros marxistas é Prado Junior. Em
seu livro clássico, Formação do Brasil contemporâneo, publicada na sua primeira edição em
1942, defendia que o passado colonial do Brasil, cuja razão de ser era a produção em larga
escala visando o mercado externo, com sua necessária dependência do trabalho escravo,
estava profundamente impresso nas instituições econômicas, políticas e sociais da época.
Anacronismos e tradições persistiam, segundo o autor, retardando o pleno desenvolvimento
CEPAL – 60 anos de Desenvolvimento na América Latina
Santa Cruz do Sul, RS, Brasil, 17 a 19 de agosto de 2011
14
do país.
Já Sodré, em algumas de suas obras, defendia que seriam elementos causais que
explicariam o subdesenvolvimento dos países pobres. Por exemplo, as relações de
produção na agricultura, na época, revelavam ainda formas feudais e semi-feudais,
convivendo com formas capitalistas de produção, representadas pelo monopólio da terra,
fatores que prejudicavam o desenvolvimento.
A principal obra de Guimarães, Quatro séculos de latifúndio, foi publicada na primeira
edição, pela Editora Fulgor, em 1964. Em suma, faz uma apreciação da real situação da
estrutura agrária brasileira, sob o ponto de vista do socialismo. Durante muito tempo foi a
principal obra que direcionou o debate intelectual sobre o tema. Defendia que o latifúndio
era o centro dos problemas da economia brasileira, impedindo a democratização da
propriedade, do crédito, do poder e a realização da justiça social, aumentando o poder de
decisão das elites conservadoras agráriasxv.
Há um autor, pouco referenciado pela academia, talvez, em função de sua postura
de pensamento independente que, em geral, também é considerado ligado à corrente
socialista. Trata-se de Inácio Rangel (1957; 1990; 1992)xvi. O autor em suas obras, sempre
se posicionou contrário à idéia monetarista dos liberais, assim como, também, refutava as
teses dos estruturalistas latino-americanos da Cepal. Partia do pressuposto de que os
preços apresentavam variações autônomas em relação ao estoque de moeda. Em sua
opinião, não é a variabilidade limitada da oferta de produtos agrícolas, por exemplo, que
explica a elevação dos preços, mas as imperfeições do mercado, do lado da intermediação
comercial, entre produtores e consumidores. A principal tese de Rangel referia-se a
existência de uma dualidade básica na economia brasileira. O dualismo explicaria a
existência de um Brasil moderno, capitalista, ao lado de um Brasil arcaico, feudalista. Essa
dualidade manifestar-se-ia, historicamente, segundo ele, pela observação de realidades
controvérsias convivendo lado a lado, tais como: (1) fazenda escrava X fazenda mercantil-
exportadora; (2) latifúndio feudal X fazenda mercantil-exportadora; (3) latifúndio feudal X
capitalismo industrialxvii. Essa era a realidade observada pelo autor a partir dos anos 1930,
no mínimo, até a década de 1950. A tese da dualidade marcou o pensamento político de
Rangel e sua opção pela tese da substituição de importações, como modo de transformar a
estrutura econômica do Brasil. Era preciso o estímulo do Estado no sentido de industrializar
o país, o que só poderia ser efetuado, rapidamente, pela substituição de importações. Ainda,
a minimização dos desequilíbrios só poderia ser obtida pelo planejamento governamental
(SOUZA, 2005; BIELSCHOWSKI, 2004)
CEPAL – 60 anos de Desenvolvimento na América Latina
Santa Cruz do Sul, RS, Brasil, 17 a 19 de agosto de 2011
15
2.5 Teses em debate sobre a teoria do desenvolvimento no Brasil, após 1964
Entre as teses que orientaram o debate sobre a economia no Brasil, após 1964,
destacam-se a ideologia desenvolvimentista, economia voltada à exportação,
industrialização por substituição de importações, além do tema do subdesenvolvimento
industrializado. O esgotamento do modelo de substituição de importações, no início dos
anos sessenta, levou os formuladores da política econômica governamental a dar à
economia brasileira maior abertura ao comércio internacional. Em termos da ideologia
desenvolvimentista, o grande debate do período iniciado em 1964, com a implantação da
ditadura militar, até meados dos anos setenta, centrou-se na dicotomia entre orientar a
economia para as exportações ou continuar o processo de substituição de importações
(SOUZA, 2005).
Contribuíram com reflexões teóricas autores como Tavares (1977). A autora define
substituição de importações como todo um processo de desenvolvimento que, respondendo
às restrições do comércio exterior, procurou repetir aceleradamente, em condições
históricas distintas, a experiência de industrialização dos países desenvolvidos. Outro autor
de destaque é Bresser-Pereira (2005) teve uma contribuição importante neste debate,
avançando em alguns aspectosxviii. Defendia o que chamava de subdesenvolvimento
industrializado, que se caracterizava pela tentativa de reproduzir na periferia os padrões de
consumo do centro, em benefício de uma minoria capitalista e tecnoburocrática. Assim, o
limite do crescimento do modelo concentrador de renda, não estava na incapacidade de
absorção de mão-de-obra ociosa, porque não se apoiava nas massas e sim nas elites.
Veja-se que algumas questões presentes naquele período da história do Brasil,
muitas ainda estão presentes na atualidade.
3. Críticas ao Estruturalismo Latino-Americano
As contribuições dos teóricos latino-americanos sobre desenvolvimento receberam
críticas, seja na época em que foram elaborados, ou atualmente. Por exemplo, proposições
como a realização da reforma agrária e maior participação do Estado na captação de
recursos e na criação da infra-estrutura básica, feitas por Prebisch, receberam críticas dos
grupos internacionais que eram contrários à industrialização dos países subdesenvolvidos,
assim como dos grupos nacionais ligados à oligarquia agrário-exportadora, além de outros
grupos internos, tanto de esquerda como de direita. Os grupos de esquerda consideravam
as estratégias de desenvolvimento da Cepal muito conservadoras, isto é, vinculadas ao
CEPAL – 60 anos de Desenvolvimento na América Latina
Santa Cruz do Sul, RS, Brasil, 17 a 19 de agosto de 2011
16
grande capital. Os grupos de direita consideravam as estratégias de reforma agrária e
intervenção do Estado no planejamento da economia, como influência do socialismo da
União Soviética (SOUZA, 2005).
São muitos os trabalhos publicados com críticas ao Estruturalismo Latino-Americano.
Aqui se faz referência a alguns deles. Outros já foram referidos ao longo do texto.
Por exemplo, o trabalho de Fiori e Medeiros (2001), ambos admiradores da escola
estruturalista, levanta um conjunto de críticas ao pensamento Cepalino. Dentre eles,
destacam: (1) a ausência de crítica à Lei de Say – poupança é que gera investimento; (2) a
falta de detalhamento de que o consumo de luxo das elites latino-americanas gera, por si,
prejuízos à industrialização da região, independente da produção do mesmo ocorrer no
âmbito de seus países; (3) o silêncio quanto à relevância do capitalismo financeiro no
sistema internacional. Em Santos (2000) são listadas as principais obras que analisam
criticamente a teoria da dependência e, por extensão, as demais abordagens teóricas
cepalinas.
Uma das principais críticas é sobre a teoria da dependência, sobretudo a partir da
segunda metade da década de 70 e começo da década de 80, vinda em parte de autores
latino-americanos, acusando seus autores de superestimar fatores externos em relação a
fatores internos e de abandonarem a análise das classes sociais. Trata-se de abordagens
de cunho marxista, principalmente.
Considerações Finais
As idéias dos pensadores da Cepal direcionaram, em boa parte, as políticas de
desenvolvimento de países latino-americanos, como o Brasil, nas décadas de 1960 e 1970,
principalmente. Segundo Colieste (2001), a influência da teoria da CEPAL sobre as
principais correntes do pensamento econômico brasileiro e latino-americano pode ser
detectada em quatro dimensões relacionadas: a ênfase nas estruturas, o papel reduzido dos
atores sociais, a predominância de uma perspectiva macro e o desenvolvimento de uma
visão peculiar da história. Para Cardoso (1995), a Cepal canalizou e difundiu um conjunto de
teses a respeito das causas, condições e obstáculos ao desenvolvimento, tornando-se uma
espécie de marca registrada do pensamento econômico latino-americano.
Revendo a contribuição dos pensadores latino-americanos e brasileiros sobre as
teorias do desenvolvimento, fazendo-se uma simplificação para fins didáticos, pode-se
afirmar que três posições centralizaram o debate, principalmente, a partir dos anos 1940: (1)
o posicionamento de pensadores do estruturalismo latino-americano; (2) o posicionamento
CEPAL – 60 anos de Desenvolvimento na América Latina
Santa Cruz do Sul, RS, Brasil, 17 a 19 de agosto de 2011
17
neoliberal; (3) o posicionamento dos pensadores socialistasxix.
No posicionamento do estruturalismo, destacam-se as idéias sobre a deterioração
das relações de troca, que mostrou serem estas um fator limitante para o desenvolvimento
dos países latino-americanos, na medida em que favoreciam os países desenvolvidos.
Como variantes teóricos, têm-se o debate centro e periferia e da teoria da dependência.
Outra contribuição foi a defesa da industrialização como fator decisivo para o
desenvolvimento, no entanto, só tendo sentido se os países conseguissem industrializar-se
incorporando tecnologias modernas, transformando o modo de produção e aumentando a
produtividade, em suma, desenvolvendo-se. O desenvolvimento, assim entendido, se
caracterizaria por transformações estruturais, como a reforma agrária e a melhor distribuição
de renda.
A corrente teórica neoliberal acreditava que os países poderiam desenvolver-se com
base na especialização agrícola e nas forças do livre mercado. No país não haveria
desemprego, mas baixa produtividade. O crescimento econômico seria equilibrado, desde
que deixado ser orientado pelo livre do mercado. O crescimento seria desequilibrado e
ineficiente, ocorreria pela excessiva intervenção estatal e por erros da política econômica. O
apoio do Estado era aceito pelos liberais, desde que criasse maiores oportunidades para
aumento dos lucros do setor privado.
Para os socialistas, existiriam duas contradições básicas na economia dos países,
dificultando o desenvolvimento, que seria o monopólio pela posse da terra e o imperialismo
internacional. A idéia básica seria viabilizar o capitalismo, para apressar a passagem ao
socialismo, mediante reforma agrária e industrialização planificada, sem interferência
estrangeira.
Os defensores do desenvolvimento a partir do modelo de substituição de
importações propunham que este fosse feito com base no capital nacional e com apoio do
Estado. Os pensadores desenvolvimentistas do setor público nacionalista centravam-se nas
idéias dos principais pensadores da Cepal, ou seja, o estruturalismo e a substituição de
exportações e pregavam a industrialização planificada, com forte participação das empresas
estatais. O desenvolvimento deveria efetuar-se de maneira autônoma e voltado ao setor do
mercado interno. Os desequilíbrios deveriam ser corrigidos pela ação do Estado.
Diferentemente, os pensadores desenvolvimentistas do setor público não-nacionalistas,
reconheciam pontos de estrangulamento e tendências a desequilíbrios, que poderiam ser
corrigidos pelo planejamento parcial. Os investimentos deveriam direcionar-se a setores
produtivos estratégicos, a fim de maximizar seus efeitos na economia. A industrialização
deveria ser efetuada com intensa participação do capital estrangeiro, mesmo em áreas de
CEPAL – 60 anos de Desenvolvimento na América Latina
Santa Cruz do Sul, RS, Brasil, 17 a 19 de agosto de 2011
18
infra-estrutura e consideradas de segurança nacional. Os benefícios do capital estrangeiro
não poderiam ser medidos pelo volume de exportação, mas pelos efeitos de encadeamento
sobre a industrialização em geral, a geração de emprego e a expansão da renda nacional.
Apesar de uma estruturação teórica consistente dos pensadores latino-americanos e
brasileiros, a ideologia desenvolvimentista que predominou da década de sessenta até o
final do século XX no Brasil e na maioria dos países da América Latina, foi a neoliberal.
Veja-se o intenso programa de privatização ocorrido na década de noventa no Brasil e na
Argentina, só para citar dois exemplos de países. Estas são questões que mereceram e
continuam merecendo a atenção de pensadores de todas as correntes ideológicas. São as
contribuições que continuam presentes no debate sobre as causas das diferenças regionais
de desenvolvimento, em outras palavras, sobre as teorias do desenvolvimento na América
Latina e no Brasil.
Por fim, parece permanecer uma questão não resolvida: a integração como fator de
desenvolvimento na América Latina. Uma afirmação textual de Prebisch (2001, p. 22),
oriunda de entrevista concedida por ele em 1985, um ano antes de sua morte ocorrida em
1986, demonstra que a integração latino-americana ocorreu muito mais na intenção de
abnegados latino-americanos, do que na prática. Afirmou ele: Me gustaría ver a Brasil,
Argentina y Uruguay trabajando juntos. No sólo para desarrollar sus industrias sino para
exportar. De ser así, si establecería una planta en Brasil, otra se establecería en la
Argentina. Se dividiría el trabajo. En Brasil para un tipo de bienes de capital; en la Argentina
para outro tipo. Pero formando una misma empresa, si fuera posible. Para conciliar los
intereses (POLLOCK, KERNER e LOVE, 2001, p. 22).
Não precisa nem lembrar que o desejo de Prebisch não se efetivou historicamente.
Interesses escusos, falta de visão estratégica latino-americana, tudo isso, ou o que mais?
De qualquer forma, os ensinamentos de Prebisch, Furtado e outros, em grande parte, ainda
são válidos, permanecendo como referência atual, principalmente, para se entender a
situação de subdesenvolvimento dos países latino-americanos.
Referências
AMIN, S. O Desenvolvimento Desigual. Rio de Janeiro: Forense, 1976.
BARAN, A. Paul. Economia política do desenvolvimento. 4ª ed. Rio de Janeiro: Zahar,
1977.
CEPAL – 60 anos de Desenvolvimento na América Latina
Santa Cruz do Sul, RS, Brasil, 17 a 19 de agosto de 2011
19
BENAKOUCHE, R. Acumulação mundial e dependência. Petrópolis: Vozes, 1980.
BIELSCHOWSKY, R. CINQÜENTA ANOS DE PENSAMENTO NA CEPAL – Vols. I e II. Rio
de Janeiro: Record, 2000.
BIELSCHOWSKY, R. Pensamento Econômico Brasileiro: O ciclo ideológico do
desenvolvimentismo. Rio de Janeiro: Contraponto, 2004.
BRESSER-PEREIRA, L. C. & REGO, José Marcio (org.). A grande esperança em Celso
Furtado: ensaios em homenagem aos seus 80 anos. Editora 34. São Paulo, 2001.
BRESSER-PEREIRA, L. C. Do ISEB e da CEPAL à Teoria da Dependência. In: TOLEDO, C.
N. (Org.). (2005). Intelectuais e Política no Brasil: A Experiência do ISEB. Rio de Janeiro:
Editora Revan, 2005, p. 201-232.
CAMPOS, R. O. Planejamento do desenvolvimento econômico de países subdesenvolvidos.
Digesto Econômico, n. 89, São Paulo, 1952, p. 20-38.
CANO, W. Ensaios sobre a formação econômica regional do Brasil. Campinas: Ed.
UNICAMP/Inst. Economia/Fecamp, 2002.
CARDOSO, F. H. As idéias e seu lugar. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1995.
CARDOSO, F. H.; FALLETO, E. Dependência e desenvolvimento na América Latina.
Ensaio de Interpretação Sociológica. 7ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1984.
COLISTETE, R. P. O desenvolvimentismo Cepalino: problemas teóricos e influências no
Brasil. Estudos Avançados, vol.15, no.41, São Paulo, Jan./Apr./2001, p. 21-34.
DUARTE, P.H e GRACIOLLI, E. J. A Teoria da Dependência: Interpretações sobre o
(Sub)Desenvolvimento na América Latina. Artigo apresentado no V Colóquio Internacional
Marx e Engels, Campinas, UNICAMP, 2007.
EMMANUEL, A. Echange inégal. Paris: Maspéro, 1969.
CEPAL – 60 anos de Desenvolvimento na América Latina
Santa Cruz do Sul, RS, Brasil, 17 a 19 de agosto de 2011
20
FARIA, F. A. Economia brasileira e pensamento econômico independente. Comunicação
apresentada em: XVII Jornadas de Historica Económica da Asociación Argentina de
Historia Econômica, realizada na Universidade de Tucumán, Tucumán (AR), em setembro
de 2000 (Disponível em:
http://www.ourinhos.unesp.br/gedri/biblioteca/outros/artigos/faria_01.pdf. Acessado em 22-
03-2010).
FIORI, J. L.; MEDEIROS, Carlos. (Orgs.). Polarização mundial e crescimento. Petrópolis
(RJ): Vozes, 2001.
FRANK, A. G. Acumulação dependente e subdesenvolvimento. Repensando a teoria da
dependência. Tradução Claudio Alves Marcondes. Rio de Janeiro: Brasiliense, 1980.
FURTADO, C. Desenvolvimento e Subdesenvolvimento. In: BIELSCHOWSKY, R.
CINQÜENTA ANOS DE PENSAMENTO NA CEPAL. V. I. Rio de Janeiro: Record, 2000a, p.
239-262.
FURTADO, C. Desenvolvimento e Subdesenvolvimento. Rio de Janeiro: Fundo de
Cultura, 1961.
FURTADO, C. Formação econômica da América Latina. 1. ed. Rio de Janeiro: Lia S.A.,
1970b.
FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. São Paulo: Nacional, 1970a.
FURTADO, C. Introdução ao Desenvolvimento: enfoque histórico-estrutural. 3. ed. Rio
de Janeiro: Paz e Terra, 2000b.
FURTADO, C. O mito do desenvolvimento. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1974.
FURTADO, C. Teoria e Política do desenvolvimento econômico. 10 ed. São Paulo: Paz e
Terra, 2000c.
GUDIN, E. Princípios de economia monetária. São Paulo: Agir, 1979 (vol. 2).
CEPAL – 60 anos de Desenvolvimento na América Latina
Santa Cruz do Sul, RS, Brasil, 17 a 19 de agosto de 2011
21
GUIMARÃES, A. P. Quatro séculos de latifúndio. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.
GURRIERI, A. La obra de Prebisch en la CEPAL. Vol. 1. México DF: Fondo de Cultura
Económica, 1982.
LOVE, J. L. Centro-periferia e troca desigual: Origens e crescimento de uma teoria
econômica. In: Revista Dados 19, 1978.
MACHADO, L. T. A teoria da dependência na América Latina. In: Estudos Avançados, 13
(35), 1999, p. 199-215.
MAGALHÃES, J. P. A. Controvérsia brasileira sobre o desenvolvimento econômico.
Desenvolvimento & Conjuntura. Rio de Janeiro, 1961.
MARINI, R. M. Dialética da Dependência. 1. ed. Petrópolis: Vozes, 2000.
OLIVEIRA, F. (1972). Crítica à Razão dualista/O ornitorrinco. São Paulo: Bomtempo, 2003.
POLLOCK, D.; KERNER, D; LOVE, J. L. Entrevista inédita a Prebisch: logros y deficiencias
de la CEPAL. Revista de la Cepal, n. 75, dez./2001, p. 9-23.
PRADO JUNIOR, C. A questão agrária. 3. Ed. São Paulo: Brasiliense, 1981.
PRADO JUNIOR, C. Formação do Brasil contemporâneo. 24 ed. São Paulo: Brasiliense,
1996.
PREBISCH, R. Dinâmica do desenvolvimento latino-americano. Rio de Janeiro: Fundo
de Cultura, 1963.
PREBISCH, R. Nueva política comercial para el desarrollo. México: Fondo de Cultura
Econômica, 1964.
PREBISCH, R. O desenvolvimento econômico da América Latina e seus principais
problemas. Revista Brasileira de Economia, v. 3, n. 3, p. 47-112, 1949.
CEPAL – 60 anos de Desenvolvimento na América Latina
Santa Cruz do Sul, RS, Brasil, 17 a 19 de agosto de 2011
22
PREBISCH, R. O desenvolvimento econômico da América Latina e seus principais
problemas. In: BIELSCHOWSKY, R. CINQÜENTA ANOS DE PENSAMENTO NA CEPAL.
V. I. Rio de Janeiro: Record, 2000a, p. 69-136.
PREBISCH, R. Por uma nova dinâmica do desenvolvimento latino-americano. In:
BIELSCHOWSKY, R. CINQÜENTA ANOS DE PENSAMENTO NA CEPAL. V. I. Rio de
Janeiro: Record, 2000b, p. 451-488.
PREBISCH, R. Por uma nova política de desenvolvimento comercial em prol do
desenvolvimento. In: BIELSCHOWSKY, R. CINQÜENTA ANOS DE PENSAMENTO NA
CEPAL. V. I. Rio de Janeiro: Record, 2000c, p. 373-422.
PREBISCH, R. Problemas teóricos e práticos do crescimento econômico. In:
BIELSCHOWSKY, R. CINQÜENTA ANOS DE PENSAMENTO NA CEPAL. V. I. Rio de
Janeiro: Record, 2000d, p. 179-215.
RANGEL, I. (1957) Introdução ao desenvolvimento econômico brasileiro. 2ª ed. São
Paulo: Bienal, 1990.
RANGEL, I. Do ponto de vista nacional. Rio de Janeiro/São Paulo: BNDS/Bienal, 1992.
RANGEL, I. Dualidade básica da economia brasileira. Rio de Janeiro: Instituto Superior
de Estudos Brasileiros, 1957 (Textos brasileiros de economia, v. 2).
RODRIGUEZ, O. La teoría del subdesarrollo de la Cepal. México: Siglo Veintiuno, 1981.
SANTOS, T. A teoria da dependência: balanço e perspectivas. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2000.
SILVA, B. (Coord.). Dicionário de Ciências Sociais. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora da FGV,
1987.
SILVA, G. J. C. A teoria da dependência: reflexões sobre uma teoria latino-americana. Disponível em: http://www.unieuro.edu.br/downloads_2005/hegemonia_03_04.pdf (acesso, 08-03-2010).
SIMONSEN, R. C. Historia Econômica do Brasil - 1500/1820. 1ª ed. São Paulo:
CEPAL – 60 anos de Desenvolvimento na América Latina
Santa Cruz do Sul, RS, Brasil, 17 a 19 de agosto de 2011
23
IBEP/NACIONAL, 1978.
SODRÉ, N. W. Formação histórica do Brasil. 7 ed. São Paulo: Difel, 1982.
SODRÉ, N. W. História da burguesia brasileira. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
1964.
SOUZA, N. J. Desenvolvimento econômico. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2005.
SUNKEL, O. Desenvolvimento, subdesenvolvimento, dependência, marginalização e
desigualdades espaciais: por um enfoque totalizante. In: BIELSCHOWSKY, R. CINQÜENTA
ANOS DE PENSAMENTO NA CEPAL. V. I. Rio de Janeiro: Record, 2000, p. 521-566.
TAVARES, M. C. Da substituição de importações ao capitalismo financeiro. 6ª ed. Rio
de Janeiro: Zahar, 1977.
i O n. 75 da Revista da Cepal, de dezembro de 2001, trata sobre a vida e obra de Prebisch, contemplando vários artigos. Em entrevista, Prebisch detalha os trâmites da fundação da Cepal. ii Este é o sentido do título atribuído a este artigo. Sustenta-se, também, na referência feita por
Rodriguez (1981) à La teoría del subdesarrollo de la Cepal. iii Ver em Bielschowsky (2000), textos dos autores Aníbal Pinto e Medina Echavarría.
iv Ver, a propósito, Bresser-Pereira (2005).
v Esta parte do artigo retoma abordagem feita em obra recente: Dallabrida (2010).
vi Em outro texto, ainda no prelo, O Espaço Importa: Aportes Teórico-Metodológicos focados na
Dimensão Espacial do Desenvolvimento (DALLABRIDA, V. R.; DESCHAMPS, M. V.; KNOREK, R.; SHIMALSKI, M. B., 2011), é feita uma sistematização e síntese dos principais aportes teórico-metodológicos sobre o tema em questão. vii
Principal obra publicada no Brasil: Prebisch (1949). Outras obras do autor: Prebisch (1963; 1964; 2000a/b/c/d). Quatro dos textos da obra de Prebisch são transcritos em Bielschowsky (2000, vol. I). Uma síntese da obra de Prebisch é feita em: Gurrieri (1982). Já outra obra sistematiza e analisa os principais elementos teóricos de Prebisch: Rodriguez (1981). viii
Uma de suas obras clássicas é: Furtado (1970a). Outras obras do autor: Furtado (1961; 1970b; 1974; 2000a/b/c). ix Ver também: Benakouche (1980).
x Já Bresser-Pereira (2005) prefere distinguir três versões: a teoria da superexploração capitalista, a
da dependência associada e a nacional-dependente, com a qual o autor se associa, no entendimento de que é, no fundo, a continuação e a crítica interna à teoria nacional-desenvolvimentista. xi Esta parte do texto e sua interpretação são feitas com base em Duarte e Graciolli (2007).
xii Ver, por exemplo: Silva (2005).
xiii Ver abordagem sobre o tema em: Bielschowski (2004).
xiv Sobre suas principais obras, ver nota n. 8. Várias publicações recentes sintetizam sua obra. Uma
delas é: Bresser-Pereira e Rego (2001). xv
Economistas socialistas fazem referência ao tema do desenvolvimento desigual. Ver: Amin (1976). xvi
Uma síntese da obra de Rangel é feita por: Faria (2000). xvii
Autor brasileiro, em obra reeditada recentemente propôs uma nova forma de pensar a economia brasileira, rediscutindo a questão da dualidade. Ver obra: Oliveira (2003).
CEPAL – 60 anos de Desenvolvimento na América Latina
Santa Cruz do Sul, RS, Brasil, 17 a 19 de agosto de 2011
24
xviii Outro autor brasileiro, Wilson Cano (2002), mais contemporâneo, escreve sobre desigualdades
regionais. xix
São feitas algumas considerações sobre esta classificação, com base em Souza (2005).
Top Related