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RELATÓRIO DE CONSULTORIA
Programa Pernambuco Rural Sustentável
DIAGNÓSTICO DOS ARRANJOS PRODUTIVOS
DO ESTADO E ANÁLISES DE ESTUDO DE CASO
Relatório Final
Wallace Gomes de Medeiros
Contrato nº 34/2010
Recife
31 de março de 2011.
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SUMÁRIO
1. Introdução........................................................................................................... 6
1.1. Objetivos do Trabalho....................................................................................... 7
1.1.1. Objetivo Geral................................................................................................. 7
1.1.2. Objetivos Específicos..................................................................................... 7
1.2. Estrutura do Trabalho........................................................................................ 8
2. Arranjos Produtivos Locais, Cadeias Produtivas e Redes de Comercialização.....................................................................................................
9
2.1. Ações do Governo de Pernambuco Para o Fortalecimento dos Arranjos Produtivos Locais.....................................................................................................
11
3. Metodologia e Trabalho..................................................................................... 14
3.1. Definição dos objetos de investigação.............................................................. 14
3.2. Definição do Instrumento de Coleta de Informação.......................................... 15
3.3. Seleção dos Subprojetos................................................................................... 16
4. Levantamento dos Arranjos Produtivos Locais.............................................. 18
4.1. Arranjo Produtivo Local da Piscicultura............................................................. 18
4.1.1. Caracterização da RD do Sertão de Itaparica................................................ 19
4.1.2. Arranjos Produtivos na RD do Sertão de Itaparica......................................... 21
4.1.2.1. Arranjo Produtivo Local da Piscicultura....................................................... 22
4.1.2.2. Ações planejadas para o fortalecimento da aquicultura de base familiar na região...................................................................................................................
24
4.1.2.3. Principais dificuldades enfrentadas pela aquacultura de base familiar:...... 25
4.2. Arranjo Produtivo Local da Caprinovinocultura................................................. 26
4.2.1. A criação de caprinos e ovinos em Pernambuco........................................... 26
4.2.1.1. Rebanho Caprino em Pernambuco............................................................. 28
4.2.1.2. Rebanho Ovino em Pernambuco................................................................ 30
4.2.2. Caracterização da RD do Agreste Meridional................................................ 31
2
4.2.3. Arranjos Produtivos na RD do Agreste Meridional....................................... 32
4.2.3.1. Arranjo Produtivo Local da Caprinovinocultura do Agreste Meridional....... 33
4.2.3.2. Produção de Leite de Cabras...................................................................... 33
4.2.4. Caracterização da RD do Sertão Central....................................................... 37
4.2.4.1. Arranjos Produtivos na RD do Sertão Central............................................ 37
4.2.4.2. Arranjo Produtivo Local da Caprinovinocultura do Sertão Central.............. 38
4.2.4.2.1. Análise Econômica do Projeto de Caprinovinocultura Financiado pelo ProRural...................................................................................................................
41
5. Estudos de Caso................................................................................................ 43
5.1. Sistematização das Experiências Exitosas e Pouco Exitosas.......................... 43
5.1.1. Subprojeto: Unidade de Beneficiamento de Castanha de Caju e Pedúnculo.................................................................................................................
44
5.1.2. Subprojeto: Caprinocultura de Leite............................................................... 46
5.1.3. Subprojeto: Ovinocaprinocultura.................................................................... 48
5.1.4. Subprojeto: Piscicultura em Tanque Rede..................................................... 50
5.1.5. Subprojeto: Piscicultura em Tanque Rede..................................................... 52
5.1.6. Subprojeto: Piscicultura em Tanque Rede..................................................... 54
5.1.7. Subprojeto: Caprinovinocultura de Corte....................................................... 56
6. Considerações Finais e Sugestões.................................................................. 58
7. Referências......................................................................................................... 61
8. Anexo
Imagens das experiências visitadas........................................................................ 63
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ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1. Linhas de atuação do Estado de Pernambuco........................................... 11
Figura 2. Mapa da RD Sertão de Itaparica com as principais atividades econômicas................................................................................................................ 20
Figura 3. Cadeias e Arranjos Produtivos da RD Sertão de Itaparica......................... 22
Figura 4. Efetivo do Rebanho Caprino em Pernambuco........................................... 28
Figura 5. Efetivo de Rebanho Caprino por Município................................................ 29
Figura 6. Efetivo de Rebanho Caprino por Região.................................................... 29
Figura 7. Efetivo do Rebanho Ovino em Pernambuco .............................................. 30
Figura 8. Efetivo de rebanho Ovino por Município..................................................... 30
Figura 9. Efetivo de Rebanho Ovino por Região....................................................... 31
Figura 10. Mapa da RD Agreste Meridional com as principais atividades econômicas................................................................................................................ 32
Figura 11. Cadeias e Arranjos Produtivos da RD Sertão Central.............................. 37
Figura 12. Mapa da RD Sertão Central com as principais atividades econômicas... 38
ÍNDICE DE MAPAS
Mapa 1. Regiões de Desenvolvimento de Pernambuco............................................ 12
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1. APLs Mapeados em Pernambuco conforme o tipo de apoio dispensado 14
Quadro 2. Distribuição dos Subprojetos Financiados pelo ProRural......................... 17
Quadro 3. Resumo da Situação do Subprojeto Unidade de Beneficiamento de Castanha de Caju e Pedúnculo Financiado pelo ProRural........................................
44
Quadro 4. Resumo da Situação do Subprojeto de Caprinocultura Leiteira Financiado pelo ProRural........................................................................................... 46
Quadro 5. Resumo da Situação do Subprojeto de Ovinocaprinocultura Financiado pelo ProRural.............................................................................................................
48
4
Quadro 6. Resumo da Situação do Subprojeto de Piscicultura em Tanque Rede Financiado pelo ProRural........................................................................................... 50
Quadro 7. Resumo da Situação do Subprojeto de Piscicultura em Tanque Rede Financiado pelo ProRural........................................................................................... 52
Quadro 8. Resumo da Situação do Subprojeto de Piscicultura em Tanque Rede Financiado pelo ProRural........................................................................................... 54
Quadro 9. Resumo da Situação do Subprojeto de Ovinocaprinocultura Financiado pelo ProRural............................................................................................................. 56
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1. Situação do Pescado em Pernambuco...................................................... 18
Tabela 2. Agentes Econômicos Envolvidos na Atividade de Piscicultura no Sertão de Itaparica................................................................................................................. 23
Tabela 3. Efetivo do Rebanho de Caprinos e Ovinos em Pernambuco..................... 27
Tabela 4. Receita proveniente da venda do leite e queijo......................................... 36
Tabela 4. Fluxo de caixa para 10 anos - Projeto de Ovinocaprinocultura................. 42
ÍNDICE DE GRÁFICOS
Gráfico 1. Evolução dos Rebanhos Caprino e Ovino em Pernambuco. IBGE, 2009. 27
Gráfico 2. Fluxograma da Cadeia Produtiva do Leite de Cabra produzido na Comunidade de Sítio Lajinha……………………………………………………………..
34
Gráfico 3. Fluxograma da Cadeia Produtiva da Caprinovinocultura de corte em que está inserido o assentamento Fênix................................................................... 41
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SIGLAS E ABREVIATURAS
AD DIPER Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco
APCP Associação dos Pequenos Criadores de Peixe do Largo do Papagaio
APL Arranjo Produtivo Local
APROFRUTAS Associação dos Produtores de Frutas
ASPIT Associação dos Piscicultores do Lago de Itaparica
BA Bahia
CNPQ Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
COFIEX Comissão de Financiamentos Externos
CONDEPE/ FIDEM
Agência Estadual de Planejamento e Pesquisa de Pernambuco
ha Hectare
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPA Instituto Agrônomo de Pernambuco
kg Quilo
PCPR Programa de Combate à Pobreza Rural
PE Pernambuco
PIB Produto Interno Bruto
PRORURAL Programa de Apoio ao Pequeno Produtor Rural
RD Região de Desenvolvimento
Ton Tonelada
UFRPE Universidade Federal Rural de Pernambuco
UNITEC Unidade Técnica
UTR Unidade Técnica Regional
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1. Introdução
Considerando que o PCPR II, em sua segunda fase de execução, tinha como
principais objetivos: (i) contribuir para a elevação do IDH da população pobre das
comunidades rurais do Estado, por meio do acesso a serviços básicos de: infra
estrutura, desenvolvimento humano, fortalecimento dos arranjos produtivos locais,
educação, saúde, meio ambiente e tecnologia; (ii) contribuir com a consolidação da
gestão pública descentralizada e democrática, capaz de promover a articulação e
integração das ações entre os três níveis de governo, organizações da sociedade civil
e da iniciativa privada; (iii) apoiar as comunidades no incremento de sua capacidade
gestão, de geração de riqueza e inserção dos seus produtos e serviços no mercado;
(iv) estimular a efetiva participação da sociedade, por meio de suas organizações,
incluindo grupos étnicos, jovens mulheres, idosos e pessoas portadoras de deficiência,
para ocupação dos espaços de decisão comunitária municipal e regional, influenciando
na formulação e implementação de políticas públicas de desenvolvimento. O governo
de Pernambuco, através do ProRural, dá um importante e significativo passo ao adotar
como principal estratégia de fortalecimento da agricultura familiar a geração de
emprego e renda para os grupos associativos, com a criação de um novo programa
que busca uma maior inserção dos produtos deste público nas redes de
comercialização e nas cadeias produtivas, a partir da organização e fortalecimento dos
arranjos produtivos locais e dentro dos princípios do desenvolvimento sustentável. Esta
nova fase denominada Pernambuco Rural Sustentável vem no sentido de consolidar as
ações desenvolvidas nas fases anteriores do PCPR I e PCPR II, programas estes
executados nos últimos oito anos através do ProRural.
O presente relatório apresenta os resultados da Consultoria Individual para
Diagnóstico dos Arranjos Produtivos do Estado e Análises de Estudo de Caso, cuja
execução ocorreu no período de outubro 2010 a março de 2011.
Durante este período foram feitas visitas a projetos que o ProRural financiou,
através do PCPR II, para identificar e sistematizar algumas experiências exitosas de
projetos produtivos de empreendimentos familiares e de uma experiência que não
atingiu o êxito esperado. Estas sistematizações poderão servir de referência para o
ProRural, tomando por base as lições aprendidas para a disseminação de boas
práticas de gestão e de como evitar problemas na elaboração, implantação e gestão de
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futuros projetos produtivos a serem financiados por este órgão. Os projetos financiados
estão situados dentro dos arranjos produtivos da aquacultura e caprinovinocultura, nas
regiões do Agreste Setentrional, Sertão de Itaparica e Sertão Central, além do Sertão
do Araripe1, regiões estas que foram indicadas para os estudos dos Arranjos
Produtivos Locais (APLs).
1.1. Objetivos do Trabalho
1.1.1. Objetivo Geral
Realizar o diagnóstico do APL de Caprinovinocultura, nas regiões do Agreste
Meridional e Sertão Central, do APL de Aquacultura, no Sertão de Itaparica, e análise
de estudos de casos. No sentido de contribuir com a elaboração da proposta do Projeto
Pernambuco Rural Sustentável.
1.1.2. Objetivos Específicos
a) Realizar diagnóstico do APL de Caprinovinocultura, nas regiões de Agreste
Meridional e Sertão Central e do APL de Aquacultura, na região do Sertão de
Itaparica;
b) Identificar estudos de caso de sucesso e de fracasso anteriores ou em curso sobre o
acesso dos agricultores familiares ao mercado e/ou as suas parcerias com
empresas de maior porte e outros membros na cadeia de valor;
c) Analisar os estudos de caso e sistematizar as melhores práticas e lições aprendidas;
d) Propor estudos e ações de capacitação relevantes para a execução eficiente e
eficaz do Projeto Pernambuco Rural Sustentável.
1 A região do Sertão do Araripe não foi objeto de estudo para identificação do APL, ,mas sim objeto de estudo de
caso para sistematização de um projeto produtivo que não obteve o êxito esperado.
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1.2. Estrutura do Trabalho
Para a execução deste trabalho contamos com as contribuições das equipes
técnicas das UTRs de: Garanhuns (Agreste Meridional), Arcoverde (Sertão de Itaparica
e Sertão do Moxotó), Salgueiro (Sertão Central e Sertão do Pajeú) e Petrolina (Sertão
do São Francisco e Sertão do Araripe). Bem como as valorosas contribuições das
lideranças locais e famílias das comunidades visitadas.
O relatório está dividido em capítulos, incluindo os anexos e esta introdução,
conforme descrito a seguir.
O capítulo que trata sobre os “Arranjos Produtivos Locais, Cadeias Produtivas e
Redes de Comercialização” traz uma breve abordagem sobre a organização dos APLs
e sua importância, além disso, traz a estratégia e ações que o governo de Pernambuco
vem adotando para o fortalecimento destes arranjos.
O capítulo “Metodologia de Trabalho” descreve os métodos adotados para a
definição dos objetos de investigação e dos instrumentos de coleta de informações,
como forma de atender aos objetivos propostos para esta consultoria. Focando os
elementos metodológicos para a sistematização dos estudos de caso e identificação
dos APLs.
No capítulo “Levantamento dos Arranjos Produtivos Locais” está descrito os
APLs da Caprinovinocultura na região do Agreste Meridional e do Sertão Central, e da
Aquacultura no Sertão de Itaparica. Nestas sistematizações buscou-se enfocar a
inserção de grupos de famílias nos APLs tomando por base projetos financiados pelo
ProRural.
O capítulo “Estudos de Caso” traz a sistematização de projetos produtivos que
foram financiados pelo ProRural. Buscando levantar informações necessárias que
sirvam de referencial para este órgão de algumas experiências exitosas e de uma
experiência que não obteve o êxito esperado.
No capítulo “Considerações Finais e Sugestões” estão descritos os comentários
sugestões e recomendações, tomando por base os resultados obtidos durante o
período de execução do trabalho de consultoria.
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2. Arranjos Produtivos Locais, Cadeias Produtivas e Redes de
Comercialização
Atualmente os Arranjos Produtivos Locais (APLs) tem despertado interesse e
recebido atenção crescente de governos e iniciativas privadas, pois tem se mostrado
como meios estratégicos para o desenvolvimento econômico de regiões e do país.
Das definições usadas a mais clássica é de que os APLs são aglomerações de
empresas com a mesma especialização produtiva e que se localizam em um mesmo
espaço geográfico. As empresas dos APLs mantêm vínculos de articulação, interação,
cooperação e aprendizagem entre si, contando também com apoio de instituições
locais como: Governo, associações empresariais, instituições de crédito, ensino e
pesquisa.
Os estudos de caso dos APLs podem servir para que os governos possam
adotar políticas públicas para o desenvolvimento econômico e social de uma
determinada região ou território, além de fortalecer as cadeias produtivas de
determinados produtos, garantindo a geração de emprego e renda para as populações
locais, buscando fortalecer os empreendimentos de forma a fortalecer a cooperação e
estimulando o potencial competitivo decorrentes da interação entre os
empreendimentos.
Os APLs são formas de organização da produção que tem auxiliado na
economia local, principalmente às pequenas e médias empresas a superarem barreiras
ao seu crescimento. Isto dar-se-ia pela articulação entre economias externas (ou
“interdependências não intencionais”) e “ação conjunta” dentro do próprio sistema
produtivo local (ou “interdependências intencionais”) – resultado do desenvolvimento de
redes de cooperação, levando a ganhos de “eficiência coletiva” (CROCCO et al, 2003).
Crocco et al, também considera que a proximidade física entre empresas
propicia o surgimento de mercado especializado de trabalho, relação mais próxima
entre produtores, fornecedores e usuários. Bem como pode criar condições para uma
interação cooperativa entre elas, avançando para redes horizontais e verticais, criando
um espaço de aprendizagem coletiva. Espaço este onde pode acontecer a troca de
idéias e o compartilhamento de conhecimento coletivo no sentido de melhorar a
qualidade dos produtos e dos processos e de buscar segmentos de mercado mais
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lucrativos. Possibilitando ainda coordenar ações e resolução de problemas de forma
conjunta.
Um APL pode ir alem da atuação territorial de um município de acordo com a
sua dimensão, organização e importância, destacando-se o papel de cada ator neste
processo. No caso da agricultura familiar a organização dos APLs poderá ser uma boa
oportunidade de fortalecimento de sua economia, a partir do aumento da produção e da
agregação de valor, através do beneficiamento da produção e melhor articulação com
os mercados de acordo com a natureza da organização1 que atenda às demandas dos
mercados, sejam eles: local, regional, nacional e internacional.
Para isso é fundamental considerar os tipos de organização das famílias, que
podem ser associações e/ou cooperativas – sejam elas de produção, de
comercialização, de prestação de serviços ou de crédito. Quanto mais complexo o nível
de organização maior a necessidade de se garantir uma boa gestão.
Dentro de um APL é desejável que estes grupos associativos estejam bem
organizados e com um bom nível de
compreensão por parte de seus associados
do papel de cada um dentro da estrutura
organizativa. Isso possibilitará mais acesso a
informações sobre novas tecnologias,
estratégias de organização e comercialização,
possibilidades de produzir melhor e com mais
eficiência e formação de grupos de interesses
comuns no sentido de consolidar um bom processo de gestão das atividades
econômicas e produtivas.
Mas é necessário criar condições para que estes grupos associativos consigam
ir para alem dos APLs em que estão
envolvidos, avançando para redes de
comercialização a partir da organização
das cadeias produtivas de seus
respectivos produtos. Seja na produção
de matéria prima, seja no
beneficiamento e comercialização de
11
seus produtos, tendo como princípio o conhecimento das etapas de todo processo de
produção até chegar ao produto final. Para que isso ocorra se faz necessário o
envolvimento de um conjunto de ações através de instituições públicas, privadas e
organizações não governamentais. Conforme descrito na figura acima.
2.1. Ações do Governo de Pernambuco Para o Fortalecimento dos Arranjos
Produtivos Locais
De acordo com a Carta Consulta apresentada à COFIEX2, o governo de
Pernambuco elegeu para a estratégia de desenvolvimento sustentável de suas ações
para a agricultura de base familiar ações estruturadoras que busquem “garantir a
integração econômica dos arranjos produtivos locais, revitalizando atividades
tradicionais, identificando novas vocações e estimulando o empreendedorismo”.
Buscando priorizar os investimentos em infraestrutura e a interiorização do
desenvolvimento, conforme descrito na figura abaixo.
Figura 1. Linhas de atuação do Estado de Pernambuco
FONTE: Carta Consulta apresentada à COFIEX, 2010.
2 Carta Consulta de Solicitação de Financiamento ao Banco Mundial para o Governo do Estado de Pernambuco
apresentada à Comissão de Financiamentos Externos (COFIEX).
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Para o fortalecimento das cadeias produtivas o Governo estadual está buscando
estruturar as redes de integração produtiva e complementaridade com investimentos
para o segmento agropecuário e turístico, para isso buscou identificar as principais
potencialidades econômicas nas Regiões de Desenvolvimento.
Junto ao Banco Mundial, estão sendo viabilizados recursos financeiros para o
apoio à agricultura familiar, na perspectiva de maior inserção e participação nos APLs
como forma de geração de renda e desenvolvimento econômico regional, através do
Programa Pernambuco Rural Sustentável, que deverá se somar a outras ações e
políticas públicas de fortalecimento e crescimento regional.
Um dos pontos fortes do Programa Pernambuco Rural Sustentável deverá ser o
de considerar a necessidade de uma nova abordagem de trabalho com foco nos
territórios, como forma de ampliar e integrar as políticas públicas para fortalecer os
Arranjos Produtivos Locais e na formação de Redes de Negócios. Buscando melhorar
a competitividade dos produtos oriundos da produção de base familiar a partir do
aumento da produtividade, no sentido de ampliar o acesso a mercados, promovendo a
inclusão social e o uso sustentável dos recursos naturais. Esta abordagem terá como
diferencial o fortalecimento de mecanismos de cooperação entre produtores,
instituições governamentais, não governamentais e iniciativa privada.
Mapa 1. Regiões de Desenvolvimento de Pernambuco
FONTE: UNITEC/ProRural.
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Para o ProRural a atuação territorial do Programa Pernambuco Rural
Sustentável deverá buscar convergência em todos os níveis com as ações
governamentais e as políticas públicas, a exemplo do “Programa Todos por
Pernambuco”, o qual abrange o Plano Plurianual do Governo Estadual (PPA) e dos
Programas “Territórios da Cidadania” e “Mesorregiões”, coordenados pelo Ministério do
Desenvolvimento Agrário e pelo Ministério da Integração Nacional respectivamente.
Moutinho et al identificaram que atualmente existem 14 APLs em Pernambuco
que recebem algum tipo de ajuda institucional e mais 5 APLs que ainda não foram
incluídos em listagens ou mapeamentos estaduais, mas que já funcionam como um
arranjo produtivo, estes APLs foram classificados como “invisíveis”. Destacam também
o protagonismo do Governo Estadual nas políticas para os APLs e seu o papel
articulador de ações dos órgãos ligados a outras esferas de governo.
Os autores analisam que dos 14 APLs identificados apenas 8 arranjos3 fazem
parte de listagem ou mapeamentos estaduais e recebem políticas especificas de APL,
enquanto isso 6 APLs4 fazem parte de tal listagem, mas recebem atenção ou apoio
equivocado, tendo o desenho de política voltado apenas para o setor ou para a cadeia
produtiva. Por fim, dos APLs que não fazem parte da listagem estadual, os chamados
“invisíveis”, vale destacar o APL da Agricultura Familiar Orgânica da Zona da Mata.
Fazem base da estrutura de apoio aos APLs que atuam com programas ou
ações pontuais diversos agentes, destacando-se: os Governos Federal e Estadual,
Prefeituras, entidades do Sistema S – SEBRAE, SENAI, SENAR, associações,
cooperativas, sindicatos, federações, instituições de Ciência e Tecnologia, ONGs e
empresas.
O quadro a seguir mostra um mapeamento dos APLs no estado de Pernambuco
e como estão estruturados de acordo com o apoio recebido pelos órgãos responsáveis,
destacando os arranjos que fazem parte da listagem estadual que recebem e os que
não recebem o apoio adequado, alem dos arranjos considerados “invisíveis”.
3 Destaque para os APLs da Piscicultura nas RDs do Sertão de Itaparica e do Agreste (a primeira RD é objeto do
presente estudo) e do APL de Laticínio no Agreste (onde está inserida a RD do Agreste Meridional que também é objeto do presente estudo). 4 Destaque para o APL de Ovinocaprinocultura de várias regiões do Estado.
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Quadro 1. APLs Mapeados em Pernambuco conforme o tipo de apoio dispensado
Faz parte da listagem estadual e recebe apoio adequado
Faz parte da listagem estadual, mas não recebe
apoio adequado
Não faz parte de listagem estadual (“invisível”)
APL de Tecnologia e Informação do Recife APL de Ovinocaprinocultura
de várias regiões do Estado
APL de Polímeros da RMR
APL do Gesso da Região do Araripe APL de eventos: “Caruaru – A
Capital do Forró” APL de Confecção do Agreste Pernambucano
APL de Audiovisual de Recife
APL de Vitinicultura do São Francisco Pernambucano APL de Musicas e Ritmos de
Recife, Olinda e Zona da Mata
APL de TIC de Olinda
APL da Fruticultura irrigada do São Francisco Pernambucano
APL de Turismo e Cultura de Porto de Galinhas
APL de Apicultura no Araripe APL da Saúde da RMR
APL de Piscicultura das RDs do Sertão de Itaparica e do Agreste
APL de Artes Plásticas e Artesanato de Olinda APL da Agricultura Familiar
Orgânica da Zona da Mata APL de Laticínios do Agreste Pernambucano
APL de Artesanato em várias regiões do Estado
FONTE: Análise do Mapeamento e das Políticas para Arranjos Produtivos Locais no Norte e Nordeste do Brasil. BNDES.
3. Metodologia de Trabalho
Para a realização deste trabalho foi necessário dividir a sua execução em duas
etapas, onde a primeira foi destinada para visitas a projetos financiados pelo ProRural
para a sistematização de experiências e estudos de caso. Também teve o objetivo de
manter contatos com agentes e atores envolvidos direta e indiretamente nas atividades
produtivas. A segunda etapa do trabalho foi destinada a identificação, pesquisa para a
coleta de dados e informações e visitas aos APLs da aquacultura e da
caprinovinocultura.
3.1. Definição dos objetos de investigação
Em reunião com a coordenação técnica do ProRural foram definidas quais as
experiências exitosas a serem visitadas. Os critérios adotados para escolha dos
empreendimentos que foram financiados através do PCPR II foram de considerar quais
15
experiências exitosas e de sucesso, bem como de experiências que não conseguiram
atingir o êxito esperado.
As atividades de campo tiveram como principal objetivo selecionar e sistematizar
algumas experiências exitosas nas regiões do Agreste Meridional, no Sertão de
Itaparica e no Sertão Central do estado de Pernambuco. Também fizemos o
levantamento de uma experiência que não atingiu o êxito esperado na região do Sertão
do Araripe, no município de Ipubi. Estas sistematizações deverão servir de referência
para o ProRural na elaboração e execução do Projeto Pernambuco Rural Sustentável.
No que diz respeito aos arranjos produtivos locais, pretende-se com este
trabalho fornecer informações necessárias para que o ProRural possa direcionar da
melhor forma possível os recursos e as ações destinados aos projetos produtivos que
deverão ser financiados, dentro de uma lógica de organização econômica a partir dos
APLs.
3.2. Definição dos Instrumentos de Coleta de Informação
Para o levantamento de informações e conhecimento das experiências
financiadas pelo ProRural adotamos a seguinte metodologia:
a) Levantamento dos projetos financiados pelo ProRural e definição de quais
experiências seriam importantes para sistematização e os estudos de caso – Junto
à coordenação técnica do ProRural foi feita a consulta sobre quais projetos produtivos
financiados pelo ProRural poderão servir de referências positivas na construção do Projeto
Pernambuco Rural Sustentável.
b) Levantamento de informações quantitativas e qualitativas – Foram realizados estudos
e diagnósticos de projetos financiados pelo ProRural para subsidiar no levantamento de
campo.
c) Contatos e articulações com as UTRs para agendar reunião com os coordenadores
regionais – Com o objetivo de coletar informações sobre a atual situação dos projetos
financiados pelo ProRural e quais os contatos estratégicos a serem feitos no levantamento
de informações qualificadas.
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d) Visita aos empreendimentos financiados pelo ProRural – Para realizar levantamento
in loco da situação de conversar com os trabalhadores e trabalhadoras que estão
envolvidos diretamente nas atividades diárias.
e) Entrevistas com lideranças locais – Para coletar informações qualificadas sobre gestão
dos projetos, principais dificuldades enfrentadas, perspectivas e expectativas futuras.
f) Principais questões a serem abordadas durante as entrevistas – para melhor
qualificar as informações sobre os empreendimentos visitados elencamos algumas
questões norteadoras a serem abordadas com as pessoas entrevistadas durante
as visitas. As questões que foram abordadas durante as entrevistas foram:
Como está funcionando a gestão do projeto?
Quais são as principais dificuldades que o grupo associativo enfrentou e tem
enfrentado?
Quais são os avanços que o grupo associativo tem observado com a
Implementação do Projeto?
Quais são os desafios e perspectivas que o grupo associativo enxerga?
3.3. Seleção dos Subprojetos
Os critérios adotados para a seleção das experiências a serem sistematizadas
levaram em consideração os subprojetos produtivos dos grupos associativos
organizados que obtiveram êxito, situados na região do semi árido pernambucano. Os
subprojetos selecionados foram:
01 subprojeto de caprinocultura leiteira;
01 subprojeto de beneficiamento da castanha do caju;
03 subprojetos de piscicultura em tanque rede;
01 subprojeto de ovinocaprinocultura;
01 subprojeto de caprinocultura de corte.
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Quadro 2. Distribuição dos Subprojetos Financiados pelo ProRural
MUNICÍPIO TIPO PROPONENTE Nº
FAMÍLIAS
VALOR APROVADO
(R$)
Garanhuns Unidade de Beneficiamento de Castanha de Caju e Pedúnculo
Associação Comunitária do Sítio Escovão
76 191.188,70
Paranatama Caprinocultura de Leite
Associação Comunitária Mulheres de Paranatama Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
21 167.099,22
Petrolândia Piscicultura em Tanque Rede
Associação de Piscicultores do Território de Itaparica
13 175746,74
Petrolândia Piscicultura em Tanque Rede
Associação dos Pequenos Criadores de Peixe do Largo do Papagaio
13 175.746,74
Jatobá Piscicultura em Tanque Rede
Colônia de Pescadores do Lago de Itaparica
13 162.135,84
Verdejante Ovinocaprinocultura Associação do Assentamento Fênix do Sítio Tiririca e Pau Ferro
25 107.100,58
Ipubi Caprinocultura de Corte Associação dos Produtores de Frutas
20 81.275,66
FONTE: Consultoria, dezembro 2010.
18
4. Levantamento dos Arranjos Produtivos Locais
Neste capitulo será descrito sobre os Arranjos Produtivos Locais da piscicultura
e da caprinovinocultura, com a caracterização das regiões onde estão inseridos e suas
respectivas formas de organização. Buscando ainda contextualizar a inserção da
agricultura familiar, como amostra serão focados os projetos que foram financiados
pelo ProRural, através do PCPR II entre os anos de 2007 e 2010.
4.1. Arranjo Produtivo Local da Piscicultura
De acordo com o Diagnóstico do APL da Piscicultura no estado de Pernambuco,
realizado no ano de 2007 pelo ProRural, dados da FAO mostram que haverá aumento
na demanda mundial de pescado na ordem de 100 milhões de toneladas até o ano de
2030. Conseqüência do aumento de consumo que deve sair de 16 kg para 22,5 kg de
pescado por pessoa ao ano. O Brasil tem capacidade atender a aproximadamente 20%
desta demanda. A produção de pescado em Pernambuco é menor do que a entrada de
pescado importado, conforme mostra a tabela abaixo:
Tabela 1. Situação do Pescado em Pernambuco
Descrição Quantidade
(Ton.) %
Total de pescado consumido no Estado 86.026 100
Entrado de Pescado Importado 60.218 70
Pesca Produzida em Pernambuco – marítimo e Continental 25.808 30
FONTE: Diagnóstico do APL da Piscicultura do Estado de Pernambuco. ProRural, 2007.
A tabela acima mostra que a produção de pescado no estado de Pernambuco
ainda é muito baixa, se considerarmos o potencial dos mananciais e das boas
condições que o Estado oferece à pesca e à piscicultura. De acordo com o diagnostico
do APL da piscicultura no estado de Pernambuco,
Conforme destaca o diagnóstico da APL da piscicultura no estado de
Pernambuco, tradicionalmente os recursos hídricos de Pernambuco são monitorados
19
visando principalmente o abastecimento das populações e dos rebanhos. Fato este que
tem contribuído para a manutenção de um quadro geral de subutilização, contrastando
com o volume de água disponível nas principais barragens que apresentam potencial
para a atividade da piscicultura. Aspecto este constatado em açudes públicos e
represas do estado de Pernambuco, onde a pesca é feita de forma a garantir aos
pescadores artesanais e suas famílias que dependem desta atividade para sua
sobrevivência. Embora a piscicultura seja uma atividade comprovadamente lucrativa.
Paralelo a esta situação verifica-se que tem crescido o interesse na atividade da
piscicultura, principalmente em tanque rede, por parte de grupos organizados, ou que
estão se organizando, em associações e colônias de pescadores. Como é o caso da
região do Sertão de Itaparica. Isto certamente deverá demandar um olhar mais apurado
dos poderes públicos local, estadual e federal, no sentido de garantir apoio a projetos
que busquem desenvolver e fortalecer a piscicultura dentro de práticas que busquem a
sustentabilidade tanto econômica, social quanto ambiental. Que também deverá
demandar maior qualificação técnica e profissional por parte dos grupos organizados
no que diz respeito à gestão e técnicas que sejam ambientalmente corretas para a
sustentabilidade dos empreendimentos.
4.1.1. Caracterização da RD do Sertão de Itaparica
A Região de Desenvolvimento escolhida pelo ProRural para sistematização do
APL da Piscicultura foi a região do Sertão de Itaparica, que está localizada no Sudeste
pernambucano e faz divisa ao Norte com as RDs do Sertão do Pajeú e Sertão Central,
ao Sul com o estado da Bahia, ao Leste faz divisa com a RD do Sertão do Moxotó e a
Oeste com a RD do Sertão do São Francisco. Fazem parte desta Região os municípios
de: Belém de São Francisco, Carnaubeira da Penha, Floresta, Itacuruba, Jatobá,
Petrolândia e Tacaratu. Que juntas somam uma população territorial de mais de 122
mil habitantes.
O IDH da RD Sertão do Itaparica é de 0,657, inferior ao de Pernambuco que é
de 0,692. Entre os maiores índices estão Floresta – 0,698 e Petrolândia 0,688.
As principais atividades econômicas da RD do Sertão de Itaparica são: a
agricultura irrigada, a piscicultura, que tem recebido atenção especial dos poderes
20
públicos municipal, estadual e federal, e despertado o interesse da iniciativa privada; a
agricultura de sequeiro, explorada principalmente pela agricultura familiar; e a
caprinovinocultura Uma outra atividade econômica que está surgindo com boas
perspectivas é o artesanato, com destaque para o aproveitamento do couro da tilápia
para a confecção de bolsas, cintos, chaveiros e outros utensílios, além do artesanato
indígena.
Duas boas razões para o desenvolvimento econômico do Sertão de Itaparica é o
fato de que a região é beneficiada pelo Rio São Francisco e pelo Lago de Itaparica,
que atuam como fortes indutores de desenvolvimento das atividades produtivas. Com
potencial também para atividades ecoturísticas.
Figura 2. Mapa da RD Sertão de Itaparica com as principais atividades econômicas
FONTE: CONDEPE/FIDEM
A figura acima mostra que a região do Sertão de Itaparica apresenta um bom
potencial econômico e produtivo, tanto para o comércio quanto para a indústria e a
21
agropecuária. Mais recentemente a atividade de piscicultura tem se desenvolvido de
forma satisfatória, principalmente por parte de grupos associativos de produtores
familiares.
4.1.2. Arranjos Produtivos na RD do Sertão de Itaparica
A CONDEPE/FIDEM identificou quatro arranjos produtivos na RD do Sertão de
Itaparica.
No setor agrícola destacam-se as culturas irrigadas de melão (representando
48% do total produzido no Estado), melancia (que representa 49% do total produzido
no Estado), com destaque para a cidade de Petrolândia que é o município maior
produtor de Pernambuco. No caso do tomate a produção é de 14.300 toneladas/ano
(representando 35% da produção estadual), com destaque para os municípios de
Floresta, Itacuruba, Jatobá e Petrolândia. A produção de cebola representa 35% da
produção estadual, sendo a segunda maior produtora no Estado.
Na pecuária, as atividades estão voltadas para a caprinovinocultura, sendo mais
expressiva a criação de caprinos, responsável por 33% da produção do Estado. Na
Região, o maior produtor é o município de Floresta com 15,69% da produção de
Pernambuco, seguido por Carnaubeira da Penha com 5,65%, Tacaratu com 5,39% e
Belém de São Francisco com 2,56%. Na criação de ovinos, o município de Floresta é o
terceiro maior produtor do Estado, com 4,45% e o município de Tacaratu o sétimo, com
3,75%.
A tecelagem artesanal é destaque na RD, principalmente pela fabricação de
redes. Localizada no distrito de Caraibeiras, no município de Tacaratu, a produção
ainda é caracterizada por tecnologia rudimentar com a utilização de teares manuais ou
mecânicos. A atividade envolve cerca de 85% da população economicamente ativa do
distrito e possui uma forte segmentação da cadeia produtiva passando pela produção,
montagem e acabamento das peças, envolvendo diferentes categorias de
artesãos/empresários.
22
Figura 3. Cadeias e Arranjos Produtivos da RD Sertão de Itaparica
FONTE: CONDEPE/FIDEM
4.1.2.1. Arranjo Produtivo Local da Piscicultura
A atividade produtiva da piscicultura na RD do Sertão de Itaparica abrange os
municípios de Petrolândia, Floresta, Itacuruba e Jatobá, principalmente a atividade de
piscicultura em tanques rede. São municípios que estão instalados às margens do
Lago de Sobradinho, que tem excelente potencial para esta atividade econômica.
De acordo com diagnóstico realizado pelo ProRural em 2007, esta é a região do
estado de Pernambuco que apresenta o maior potencial para consolidação do parque
aquícola na produção de pescado e seus derivados, por apresentar uma boa
organização na estrutura da cadeia produtiva, insumos, produção, beneficiamento,
distribuição e comercialização. Somam-se ainda condições favoráveis à ampliação de
canais de negócios entre agentes financeiros, produtores e piscicultores.
23
Tabela 2. Agentes Econômicos Envolvidos na Atividade de Piscicultura no Sertão de Itaparica
Atividade Econômica
Agente Econômico Atividade
Desenvolvida Município
de Atuação
Insumos
Empresa Purina Distribuição de ração. Petrolândia-PE
Empresa Braspeixe Fabricação de tanques-rede.
Paulo Afonso-BA
Empresa Netuno Centro de apoio ao produtor.
Petrolândia-PE
Empresa AAT Produção de alevinos Paulo Afonso-BA
Produção
08 associações de pescadores
Criação de peixes (produção mensal de 100 ton.).
Jatobá, Petrolândia e Itacuruba-PE
Empresa Netuno Criação de peixes (produção mensal de 150 ton.).
Jatobá-PE
Beneficiamento Empresa Netuno Pescados (filé de
peixes). Paulo Afonso-BA
Comercialização
Empresa Netuno Alimentos S.A.
Indústria, Comércio e Serviços.
Mercado nacional e internacional
Empresa Braspeixe Aquicultura Ltda.
Agropecuária, Indústria, Comércio e Serviços.
Mercado nacional e internacional
Empresa Grupo Compare
Logística, Indústria, Comércio e Serviços.
Empresa Grupo São Francisco
Logística, Indústria, Comércio e Serviços.
Pequenos Compradores Informais
Atravessadores. Região de Itaparica
FONTE: Diagnóstico do APL da Piscicultura do Estado de Pernambuco. ProRural, 2007. Sistematizado pelo consultor.
Segundo o Diretor de Pesca da Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca de
Petrolândia, o Arranjo Produtivo Local da Piscicultura teve início no ano de 2006
durante o Fórum de Desenvolvimento Sustentável que foi organizado pelo Banco do
Brasil. Quando na oportunidade foram levantadas as principais demandas para as
atividades de pesca.
Com o avanço das atividades da piscicultura e organização dos grupos
produtivos através de associações, houve um interesse por parte de empresas do ramo
e melhora nas ações de órgãos públicos no sentido de viabilizar e fortalecer o APL da
pesca. No ano de 2009 a Prefeitura Municipal de Petrolândia criou o “Programa da
Pesca”, instalando a Secretaria Especial da Pesca, isso possibilitou ações mais
qualificadas para o fortalecimento do APL da piscicultura no município e na região.
24
Atualmente existem 10 associações, entre elas associações de pescadores e
outras de produtores familiares, todas estão com os seus respectivos CNPJ
regularizados. Deste montante nove associações já receberam a outorga d’água.
Foi identificado que existe uma boa articulação entre as associações na busca
de superar algumas dificuldades, principalmente na da compra de ração e na definição
do preço do peixe vivo na hora da comercialização que é feita com as empresas e os
atravessadores.
Constatamos que as perspectivas de crescimento e de fortalecimento da
aqüicultura de base familiar são positivas, algumas ações estão sendo fomentadas e
articuladas pela Secretaria Especial da Pesca de Petrolândia e com a iniciativa das
associações dos pescadores na intenção de buscar o fortalecimento organizacional e
econômico das famílias que estão envolvidas nesta atividade econômica.
4.1.2.2. Ações planejadas para o fortalecimento da aquicultura de base familiar na
região do Sertão de Itaparica:
Consolidar a organização da Cooperativa de Pescadores para realizar a compra de
ração e a comercialização de forma coletiva. Alem disso, a cooperativa será
fundamental para que os piscicultores de base familiar organizados possam
avançar na cadeia produtiva da piscicultura, na busca agregar mais valor e assim
obter melhorias no preço do pescado na hora da comercialização;
Construção de uma fábrica de gelo;
Produção de alevinos;
Aquisição de transportes para facilitar a logística;
Realizar a compra da ração e de alevinos coletivamente para reduzir os custos.
Isso já está sendo realizado com bons resultados. Considerando que os insumos
na piscicultura representam 70% dos custos totais;
Maior envolvimento dos órgãos governamentais, federal e estadual, no apoio a
projetos de infraestrutura. O Ministério da Pesca já iniciou levantamento e estudos
25
de como pode contribuir para o fortalecimento da piscicultura de base familiar na
região. O MDA vai financiar a construção da fábrica de gelo para a cooperativa;
A meta das associações é garantir renda mensal de R$ 2.000,00 para cada sócio.
Atualmente algumas associações já repassam R$ 300,00/sócio/mês;
Com a criação da cooperativa, será possível fortalecer o comércio institucional
através do PAA e PNAE. Atualmente tem uma associação que está iniciando esta
experiência e servirá como base de referência para as demais;
4.1.2.3. Principais dificuldades enfrentadas pela aquicultura de base familiar:
A demora na liberação do licenciamento ambiental e a outorga d’água estão sendo
considerados como um dos principais problemas para as associações de
piscicultores, pois isso tem limitado a ampliação e a entrada destes grupos em
novos mercados, como por exemplo, o mercado institucional (PAA e PNAE). Bem
como da possibilidade de buscarem recursos junto aos bancos para o
financiamento de novos projetos;
Ausência de crédito mais direcionado para as atividades da piscicultura como um
todo. Quando há disponibilidade de crédito a burocracia para a liberação acaba
desestimulando os piscicultores a procurarem as agências bancárias;
A agência bancária de Petrolândia ainda não compreendeu a dinâmica e
importância do DRS da piscicultura na região;
A aquisição de alevinos tem sido um problema por conta dos custos com transporte
e disponibilidade de estoque dos fornecedores que estão mais próximos deste APL.
Atualmente a maioria dos alevinos está sendo comprada na cidade de Maceió, em
Alagoas.
26
4.2. Arranjo Produtivo Local da Caprinovinocultura
As regiões definidas pelo ProRural para a identificação do APL da
caprinovinocultura foram o Agreste Meridional e o Sertão Central. Regiões estas onde
foram financiados projetos produtivos para a criação de caprinos e ovinos. Na primeira
região o objeto de estudo será o grupo de mulheres de Paranatama, que teve projeto
produtivo financiado pelo ProRural destinado à atividade da caprinocultura leiteira. Na
segunda região o projeto produtivo foi destinado à criação de caprinos e ovinos com o
objetivo da venda de animais para o abate e para o melhoramento genético do rebanho
com a aquisição de reprodutores das raças Boer e Anglonubiano.
Na região do Agreste Meridional o APL que melhor está organizado é o da
bovinocultura leiteira, se destacando como a principal atividade econômica da pecuária.
Mas outras atividades agropecuárias tem relevância na região, principalmente para a
agricultura familiar.
Motivo este que será destacado o APL do leite, na compreensão de que a
principal atividade do grupo de mulheres que foi beneficiado com o projeto é a
produção de leite e confecção de queijo para abastecer o mercado local. Considerando
também que a principal atividade econômica da região é o laticínio e seus derivados.
Para a região do Sertão Central o APL a ser analisado será a
ovinocaprinocultura de corte, no sentido de identificar o potencial do rebanho e as
características da mesma. Servirá de base para análise o projeto financiado pelo
ProRural para o consórcio de associações do município de Verdejante.
4.2.1. A criação de caprinos e ovinos em Pernambuco
A criação de caprinos e ovinos apresentou aumento significativo nos últimos 10
anos no estado de Pernambuco, principalmente do rebanho ovino e com uma leve
queda no rebanho caprino. No gráfico a seguir pode-se observar também que o
rebanho caprino sempre foi maior do que o rebanho ovino, isso se justifica pela
resistência e rusticidade destes animais, o que facilita o seu manejo nos períodos mais
críticos de estiagem e a pouca oferta de alimentos para os animais.
27
Gráfico 1. Evolução dos Rebanhos Caprino e Ovino
FONTE: IBGE
Tabela 3. Efetivo do Rebanho de Caprinos e Ovinos em Pernambuco
FONTE: IBGE
28
Embora algumas literaturas considerem um atraso o fato de que a cadeia
produtiva da caprinovinocultura em Pernambuco não está organizada dentro dos
moldes ou padrões do agronegócio, que visa principalmente o mercado de exportação
a partir de linhagens genéticas exóticas, é importante destacar que existe um bom
potencial de consumo no mercado interno, seja ele local e/ou regional, com animais
que tem uma boa adaptabilidade às condições do semi árido pernambucano. Talvez
isso justifique a evolução e o crescimento dos rebanhos caprinos e ovinos em todo
estado, sem necessariamente se submeter ou se enquadrar ao sistema de produção e
comercialização praticado pelo agronegócio.
O mercado da caprinovinocultura tem como principais consumidores os
restaurantes regionais, churrascarias, supermercados e o mercado institucional através
da CONAB que tem praticado a compra direta e a doação simultânea através do PAA.
A compra direta tem sido uma importante política do Governo Federal no sentido de
garantir preço justo para os produtos da agricultura familiar e melhor qualidade na
alimentação das escolas, creches, asilos e outros setores da sociedade que estão
sendo beneficiados.
4.2.1.1. Rebanho Caprino em Pernambuco
Figura 4. Efetivo do Rebanho Caprino em Pernambuco
FONTE: IBGE, 2009.
29
Figura 5. Efetivo de rebanho Caprino por Município
As regiões que apresentam o maior efetivo de rebanho estão situadas no semi
árido do sertão pernambucano, com destaque para as regiões do Sertão do Moxotó,
com 410.000 cabeças, Sertão de Itaparica, com 343.600 cabeças, o Sertão de
Petrolina, com 302.800 cabeças e o Sertão do Pajeú, com 145.687 cabeças. Estas
regiões juntas representam 21,1% de todo rebanho caprino do estado de Pernambuco.
Figura 6. Efetivo de Rebanho Caprino por Região
A região de Salgueiro5 aparece como o 6º maior rebanho do estado, com 94.382
cabeças, enquanto que a regiões de Garanhuns e Vale do Ipanema, que juntas formam
5 O Governo de Pernambuco convencionou em sua divisão territorial a região onde está inserida a cidade de Salgueiro como RD Sertão Central.
30
a região do Agreste Meridional6, aparecem com o 8º maior rebanho, totalizando 59.985
cabeças.
4.2.1.2. Rebanho Ovino em Pernambuco
Figura 7. Efetivo do Rebanho Ovino em Pernambuco
FONTE: IBGE, 2009.
Figura 8. Efetivo de rebanho Ovino por Município
6 Considere-se que estas duas regiões representam a RD Agreste Meridional na divisão territorial do Governo de ernambuco.
31
As regiões que apresentam o maior efetivo de rebanho ovino estão situadas no
semi árido do sertão pernambucano, com destaque para as regiões de Petrolina, com
340.597 cabeças, Sertão do Moxotó, com 271.700 cabeças, Salgueiro, com 181.838
cabeças, Itaparica, com 154.300 cabeças, Araripina, com 137.609 cabeças, e o Pajeú,
com 121.976 cabeças. As quatro regiões que têm o maior rebanho, juntas,
representam 21,1% de todo rebanho de ovinos do estado de Pernambuco.
Figura 9. Efetivo de Rebanho Ovino por Região
A região de Salgueiro aparece como o terceiro maior rebanho do estado,
enquanto que as regiões de Garanhuns e Vale do Ipanema, que juntas formam a
região do Agreste Meridional, aparecem com o 6º maior rebanho de ovinos, totalizando
130.638 cabeças.
4.2.2. Caracterização da RD do Agreste Meridional
Localizada na mesorregião do Agreste Pernambucano, a Região de
Desenvolvimento do Agreste Meridional faz divisa ao Norte com as RDs do Agreste
Central e Sertão do Moxotó, ao Sul e a com o Estado de Alagoas a Leste com o estado
de Alagoas e com a RD da Mata Sul e a Oeste com a RD do Moxotó. Sendo
constituída pelos seguintes municípios: Águas Belas, Angelim, Bom Conselho, Brejão,
Buíque, Caetés, Calçado, Canhotinho, Capoeiras, Correntes, Garanhuns, Iati, Itaíba,
Jucati, Jupi, Jurema, Lagoa do Ouro, Lajedo, Palmeirina, Paranatama, Pedra, Saloá,
32
São José, Terezinha, Tupanatinga e Venturosa. Que juntas somam uma população de
mais de 561.940 habitantes e apresenta um IDH de 0,598.
4.2.3. Arranjos Produtivos na RD do Agreste Meridional
As principais atividades econômicas da RD do Agreste Meridional são: a
pecuária leiteira, o turismo e agricultura. As atividades agrícolas, o comércio e a
floricultura também são fortes expressões econômicas regionais. O clima e o relevo
são alguns dos maiores diferenciais da Região, em relação ao resto do Estado,
propiciando diversidade de cultivo e oferecendo diversas opções de turismo,
destacando-se no mês de julho o Festival de Inverno de Garanhuns.
A localização geográfica e características edafoclimaticas permitem à RD do
Agreste Meridional ter uma boa diversidade de atividades econômicas, conforme se
pode verificar na figura abaixo.
Figura 10. Mapa da RD Agreste Meridional com as principais atividades econômicas
FONTE: CONDEPE/FIDEM
33
4.2.3.1. Arranjo Produtivo Local da Caprinovinocultura do Agreste Meridional
Em estudo recente Carvalho e Sousa (2008) realizaram a análise da cadeia
produtiva da caprinovinocultura no município de Garanhuns e constataram que ainda
carece de melhorias em todos os setores, que não estão devidamente organizados.
Identificaram ainda que “apesar do município de Garanhuns não ter uma expressiva
produção de caprinos/ovinos, existem diversos produtores”. No que diz respeito à
comercialização constataram que a maior parte do rebanho que é vendido na
propriedade rural (55%) é comercializada diretamente a atravessadores, enquanto que
27% é vendido a restaurantes e 18% aos próprios consumidores.
Os agricultores familiares reconhecem que a falta de organização, através de
associações, cooperativas e outras, tem favorecido a ação dos intermediários e
limitado ou dificultado o acesso a políticas de fortalecimento da produção e
comercialização – como é o caso do PAA e/ou do PNAE.
4.2.3.2. Produção de Leite de Cabras
Atualmente a produção de leite de cabra no estado de Pernambuco é de
2.206.073 litros por ano, distribuída em 2.281 estabelecimentos.
Embora a região do Agreste Meridional tenha como principal atividade
econômica na pecuária a produção de leite bovino, identificamos que a produção de
leite caprino pode ser uma alternativa viável para a agricultura familiar. Tomando por
base a experiência do grupo de mulheres da Associação Comunitária Mulheres de
Paranatama Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, percebe-se que a possibilidade de
geração de renda com a venda do leite e derivados pode se caracterizar como mais
uma fonte de renda para as famílias, principalmente aquelas que tenha alguma
experiência com o manejo deste tipo de rebanho.
A iniciativa de buscar alternativa econômica por parte do grupo de mulheres
daquela comunidade foi apoiada pelo ProRural, que viabilizou a aquisição de 105
matrizes leiteiras da raça Saanen, 01 conjunto para inseminação artificial, 01 tanque
resfriador de leite de 500 litros, a construção de 21 apriscos e da estrutura onde deverá
ficar o resfriador e a agroindústria de queijo.
34
O gráfico a seguir mostra o fluxograma de como está organizada produção
leiteira do rebanho caprino daquela comunidade. Embora que de forma preliminar, é
possível vislumbrar boas perspectivas para que outros grupos associativos possam
também se inserir nesta atividade econômica.
Gráfico 2. Fluxograma da Cadeia Produtiva do Leite de Cabra produzido na Comunidade do Sítio Lajinha.
FONTE: Dados sistematizados pelo consultor, 2011.
35
A participação da mão de obra familiar se nas etapas do manejo do rebanho7 e
na produção do leite e derivados. O manejo do rebanho é de responsabilidade de cada
família, quando é feito o arraçoamento, a alimentação e a ordenha das cabras.
Havendo uma divisão de trabalho entre homens e mulheres, onde os homens são
responsáveis pela ordenha, alimentação e cuidados gerais com o rebanho, enquanto
que as mulheres são responsáveis pelo processamento do leite e pela gestão do
empreendimento.
Com a intenção de melhorar geneticamente o rebanho e padronizar as famílias
têm à disposição 01 conjunto de inseminação artificial, isto permitirá melhor qualidade
do leite e aumento na produção para atender às demandas do mercado quanto ao leite
e seus derivados.
A indústria de insumos aparece no fluxograma como fornecedora de
suprimentos para alimentação e sanidade do rebanho caprino e para a fabricação do
queijo.
Atualmente a associação comercializa o leite in natura e o queijo de coalho. Os
principais clientes são as famílias de comunidades vizinhas, que tem preferência pelo
leite in natura, e professores da faculdade e alguns setores da sociedade de
Garanhuns, que tem consumido com maior freqüência o queijo de coalho. Um outro
cliente importante é o Governo Federal, que faz a compra direta através do PAA.
Atualmente a produção não atende à demanda de consumo. Com a construção do
espaço onde deverá ser instalada a câmara fria, a associação espera que possa
melhorar a qualidade do atendimento ao mercado e garantir a regularidade nas
entregas.
As famílias que estão envolvidas nesta atividade econômica consomem tanto o
leite quanto o queijo, como forma de garantir a qualidade na alimentação de seus
membros, principalmente crianças e jovens, assegurando assim a ingestão de mais
proteína e cálcio. Melhorando assim a segurança alimentar destas famílias.
Tendo em vista que o leite de cabra é comprovadamente uma excelente fonte de
proteína e cálcio, alem de ter uma boa palatabilidade.
7 Estão envolvidas neste projeto 21 famílias, de modo que cada família é responsável por seu rebanho. Desde o
manejo sanitário até o processo de ordenha das cabras.
36
No médio prazo a associação já planeja a construção de uma pequena
agroindústria para a fabricação do leite de cabra achocolatado e melhor padronização
do queijo de coalho, para atender ao mercado institucional, através do PNAE.
Os resultados econômicos têm sido favoráveis para o conjunto de famílias que
estão envolvidas nesta atividade econômica, principalmente as mulheres, que estão
mais à frente das atividades produtivas e de comercialização.
Tabela 4. Receita proveniente da venda do leite e queijo produzidos pela Comunidade do Sítio Lajinha
Produto Produção
(litros-kg/mês) Valor Unitário
(R$)
Receita (R$)
Mensal Anual
Leite 2.250 1,30 2.925,00 35.100,00
Queijo 50 25,00 1.250,00 15.000,00
TOTAL 4.175,00 50.100,00
FONTE: Dados sistematizados pelo consultor, 2011.
A tabela acima mostra que a maior renda é proveniente da venda do leite in
natura, que atende a uma diversidade maior de consumidores. Enquanto que o queijo
de coalho tem sua maior parte vendida para professores universitários, comerciantes e
empresários de Garanhuns (estes últimos em menor proporção). No somatório das
duas atividades as famílias conseguem arrecadar um volume de mais de cinqüenta mil
reais anualmente8. É Importante destacar que estes valores são referentes ao primeiro
ano da atividade econômica.
Outro fator que tem animado a associação é a boa aceitação do leite de cabra,
por ser um alimento de boa palatabilidade e seu consumo ser recomendado por
médicos pediatras como complemento alimentar e nutricional de crianças. Outro fator
que tem impulsionado as vendas é o reconhecimento de que a produção tem origem no
trabalho familiar, ser de boa procedência e que atende às orientações de manejo
adequado do rebanho e dos produtos fabricados.
8 Os valores não levaram em consideração a evolução do rebanho. Consideramos apenas a produção levantada no
mês de novembro de 2010.
37
4.2.4. Caracterização da RD do Sertão Central
Localizada na mesorregião do Sertão Pernambucano, a Região de
Desenvolvimento do Sertão Central faz divisa ao Norte com o estado da Paraíba, ao
Sul com as RDs do Sertão do São Francisco e Sertão de Itaparica, a Leste com a RD
do Araripe e a Oeste com a RD do Sertão do Pajeú. Os municípios que compõem esta
RD são: Cedro, Mirandiba, Parnamirim, Salgueiro, São José do Belmonte, Serrita,
Terra Nova e Verdejante. Somando uma população regional de mais de 159.397
habitantes. O IDH da RD Sertão Central é de 0,670, inferior ao de Pernambuco que é
de 0,692. Entre os maiores índices estão Salgueiro – 0,708 e Cedro 0,672.
4.2.4.1. Arranjos Produtivos na RD do Sertão Central
As principais atividades econômicas da RD do Sertão Central são: a
agropecuária, com destaque para caprinovinocultura, pequena indústria, comércio e
serviços. Aparecendo com perspectivas de crescimento a apicultura e o turismo. Tendo
se destacado o evento anual que reúne vaqueiros e turistas de todo Nordeste na
cidade de Serrita, a Missa do Vaqueiro. Na agricultura destaca-se a produção de feijão,
cebola, o milho e a mandioca.
Figura 11. Cadeias e Arranjos Produtivos da RD Sertão Central
FONTE : CONDEPE/FIDEM
38
A principal cidade da região é Salgueiro, que está situada na malha viária que
faz a ligação de Pernambuco com os estados do Ceará e da Bahia. Destaca-se ainda
algumas obras estruturadoras que estão fase de implantação: Eixo Norte da
Transposição do Rio São Francisco, o Canal do Sertão, Ferrovia Transnordestina e a
Ponte Ibó. Estas obras deverão impulsionar as principais atividades econômicas
existentes e fortalecer a área de serviços.
Figura 12. Mapa da RD Sertão Central com as principais atividades econômicas
FONTE: CONDEPE/FIDEM
4.2.4.2. Arranjo Produtivo Local da Caprinovinocultura do Sertão Central
Os estudos sobre a cadeia produtiva da caprinovinocultura no estado de
Pernambuco, e mais especificamente na região do Sertão Central, ainda não estão
devidamente sistematizados. Cabe ressaltar que atualmente esta região está entre as
seis principais regiões com o maior efetivo de rebanho ovino e caprino.
A atividade da caprinocultura é importante para a economia de Pernambuco,
pois se apresenta como alternativa na oferta de carne, pele, leite e seus derivados.
39
Este fato, além de contribuir para que ocorra melhoria na dieta alimentar da população,
em grande parte rural, contribui também para um aumento significativo da renda do
produtor e, por consequência, de sua qualidade de vida. Destaca-se igualmente a
predominância da pequena produção familiar (SAMPAIO et al, 2009).
Outro fator relevante para justificar a atividade da caprinovinocultura por parte
agricultura familiar está na sustentabilidade econômica e social. Nos últimos anos tem
se verificado aumento significativo no consumo da carne caprina e ovina,
principalmente a carne caprina por fatores acima citados, sendo as qualidades
benéficas para a dieta humana o fator principal.
Embora ainda careça de maiores investimentos no que diz respeito à
organização da cadeia produtiva desta atividade econômica, já existe registros de
melhorias econômicas por parte de grupos organizados da agricultura familiar que
estão ampliando seus rebanhos caprinos e ovinos. A seguir apresentaremos a situação
da Associação do Assentamento Fênix, do Sítio Tiririca e Pau Ferro9, no município de
Verdejante.
Antes de serem beneficiadas com o projeto um grupo de 25 famílias que
residem no assentamento Fênix, assentamento Santo Antonio e na Comunidade do
Carrancudo, apresentam um nível de educação corresponde ao primeiro grau e com
renda média familiar da ordem de R$ 400,00/mês. Sendo R$ 300,00/mês oriundos da
pecuária e R$ 100,00/mês oriundos da agricultura.
As comunidades produzem para venda e consumo familiar: milho, feijão,
macaxeira, pequenas hortaliças, caprinos, ovinos e bovinos. O milho e o feijão são
plantados no sistema de consórcio, com uma produtividade média de 600 kg/ha/ano
para o milho e 1.200 kg/ha/ano para o feijão. Para a produção agrícola e o manejo dos
rebanhos as famílias adotavam baixa tecnologia de produção e utilização da mão de
obra familiar, numa média de 04 pessoas/dia. O custo médio de produção corresponde
a 25% da receita com as vendas.
A comercialização do milho, feijão e de caprinos era feita nas feiras livres dos
municípios de Verdejante, Salgueiro e Pena Forte. Os bovinos eram vendidos
esporadicamente a marchantes do município de Verdejante. Sendo a caprinocultura a
9 Esta atividade foi financiada pelo ProRural no ano de 2009 e está relatada como estudo de caso neste relatório.
Aqui apresentamos um resumo com enfoque na questão econômica e social.
40
principal atividade econômica, que era vendida ao preço de R$ 60,00/cabeça e com
uma média de venda de 05 cabeças/mês/família.
O ProRural financiou um projeto produtivo de caprinovinocultura no valor total de
R$ de R$ 107.100,0010 para: aquisição de 96 matrizes Anglonubianas mestiças;
aquisição de 226 matrizes Santa Inês mestiças; aquisição de 5 reprodutores Dorper e
12 reprodutores Boer; construção de 3 apriscos; aquisição de uma ensiladeira ;
aquisição de equipamentos para manejo sanitário dos animais.
Com a implantação do projeto foram adotadas inovações tecnológicas que
garantiram o melhoramento genético do rebanho, instalações de apriscos, construção
de silo, construção de cisternas subterrâneas, aumento da disponibilidade de alimentos
para o rebanho caprino (leucena, cana de açúcar, capim elefante, feijão guandu e
pasto nativo). O manejo do rebanho passou a ser gerenciado de forma coletiva. Uso de
tração animal para o preparo do solo.
A comercialização do rebanho caprino e ovino é feita diretamente a marchantes
do município de Verdejante, os quais vão comprar os animais nas comunidades
produtoras na forma de peso vivo (que representa 80% do volume comercializado) e na
forma do animal abatido (que representa 20% do volume comercializado). Os animais
que são abatidos nas comunidades são vendidos nas feiras livres de Verdejante e
Salgueiro, parte também é vendida a comunidades vizinhas. Os produtos oriundos da
agricultura continuam sendo vendidos da mesma forma que eram comercializados
antes do projeto de caprinovinocultura.
No momento as famílias não estão comercializando a carne de caprinos e
ovinos para a CONAB, por conta do preço praticado pelo mercado local atualmente que
é mais vantajoso. Outro fator justificado por algumas famílias é de que o PAA demanda
animais abatidos e carcaças devidamente retalhadas, e ainda estrutura de refrigeração
da carne. Fatores estes que não são demandados pela clientela atual. A maior parte da
carne vendida está sendo destinada aos trabalhadores da obra de transposição do Rio
São Francisco e da Transnordestina.
De um modo geral a atividade econômica da caprinovinocultura das
comunidades envolvidas no projeto está representada no fluxograma abaixo.
10
Considerando a contrapartida dos proponentes.
41
Gráfico 3. Fluxograma da Cadeia Produtiva da Caprinovinocultura de corte em que está
inserido o assentamento Fênix e demais associações do consórcio.
FONTE: Dados sistematizados pelo consultor, 2011.
4.2.4.2.1. Análise Econômica do Projeto de Caprinovinocultura Financiado pelo
ProRural
A seguir é apresentado a análise do investimento financiado pelo ProRural para
o consórcio de associações destinado à criação e ovinos e caprinos.
Os levantamentos foram feitos tomando por base a criação do assentamento
Fênix, considerando a receita com a venda dos animais, despesas com o manejo dos
rebanhos e despesas gerais previstas para este tipo de atividade econômica.
A análise foi feita numa projeção de 10 anos, considerando o rebanho
estabilizado em 226 matrizes ovinas e 96 matrizes caprinas. Não foi considerada a mão
de obra como custo fixo, pois os trabalhos acontecem na forma de mutirão no manejo
dos rebanhos. Não sendo necessária a contratação de uma ou mais pessoas
especificamente para este tipo de trabalho.
42
Tabela 5. Fluxo de caixa para 10 anos – Projeto Ovinocaprinocultura
FONTE: ProRural, 2011.
A tabela acima mostra que a atividade da caprinovinocultura na região do Sertão
Central é viável economicamente para a agricultura familiar, se bem gerenciado pode
ser planejada como principal atividade econômica. À medida que os grupos
associativos forem se apropriando das técnicas de manejo dos rebanhos e de gestão a
perspectiva é de que a atividade possa garantir maior incremento na renda das
famílias, conforme especificado quando o rebanho é estabilizado.
A receita foi calculada considerando a venda dos animais em peso vivo e
abatido, sem cortes especiais e sem aproveitas as víceras para a confecção de
buchada. Também não foi considerada a venda do couro para os animais que forem
abatidos nas comunidades, considerando que no momento as famílias alegam que é
inviável economicamente devido aos baixos preços oferecidos por este produto.
43
5. Sistematização dos Estudos de Caso
5.1. Sistematização das Experiências Exitosas e Pouco Exitosas
A seguir serão apresentados os resultados das visitas a campo que serviram de
base de informação para os estudos de caso, destacando as experiências exitosas e
as experiências que não obtiveram o êxito esperado.
As questões levantadas nas entrevistas e abordagens foram divididas nos
seguintes grupos: gestão do projeto, dificuldades enfrentadas, avanços com a
implantação do projeto, principais desafios e perspectivas para o conjunto de famílias
beneficiadas com os subprojetos financiados pelo ProRural.
44
5.1.1. SUBPROJETO: Unidade de Beneficiamento de Castanha de Caju e Pedúnculo
PROPONENTE: Associação Comunitária do Sítio Escovão
A unidade de beneficiamento de castanha de caju e pedúnculo está situada no distrito de Miracica e distante aproximadamente 20
quilômetros da sede do município de Garanhuns.
Quadro 3. Resumo da Situação do Subprojeto Unidade de Beneficiamento de Castanha de Caju e Pedúnculo Financiado pelo ProRural.
GESTÃO DO PROJETO DIFICULDADES ENFRENTADAS AVANÇOS COM A
IMPLANTAÇÃO DO PROJETO PRINCIPAIS DESAFIOS
E PERSPECTIVAS
- Atualmente 14 pessoas trabalham
diretamente no beneficiamento da
castanha e na produção de doces;
- As Reuniões da associação
acontecem mensalmente;
- O setor administrativo tem todo o
controle de estoque, entrada e saída
de produtos e faz as articulações com
o mercado consumidor;
- Periodicamente os sócios que estão
diretamente envolvidos na produção
participam de cursos de formação para
qualificação profissional.
- Os produtos agroindustrializados são
vendidos em frascos de 200 e 600
- Antes da instalação da agroindústria,
toda a produção de castanha in natura
da região era vendida a
atravessadores, que revendiam para
as indústrias de beneficiamento dos
estados do Ceará e do Rio Grande do
Norte;
- O pedúnculo era descartado e não
tinha qualquer utilidade, pois o preço
pago pelos atravessados estava
abaixo do valor de mercado.
- O ProRural demorou para aprovar o
projeto. Foram necessárias muitas
reuniões e articulações para que os
recursos fossem liberados.
- O pedúnculo do caju será aproveitado
para a produção de doce e para a
fabricação de hambúrguer;
- Parte da produção de caju da região
está sendo aproveitada pela
agroindústria;
- Alem do doce de caju a agroindústria
também fabrica outros doces, como:
castanha com leite, goiaba com leite,
doce de leite, mamão com coco e jaca
em calda.
- As castanhas que não são
selecionadas para a torrefação, são
trituradas e a a farinha é vendida para
fabricas de picolés e sorvetes da
- Atender à demanda do mercado que
tem crescido à medida que os
produtos estão sendo divulgados;
- Atender à demanda do PAA e do
PNAE. Para isso já está sendo feito o
planejamento para o ano de 2011 e
posteriores;
- Buscar recursos para beneficiamento
de polpas de frutas da região, que tem
sido poucas aproveitadas.
- Melhorar a renda das famílias
envolvidas direta e indiretamente no
projeto.
45
GESTÃO DO PROJETO DIFICULDADES ENFRENTADAS AVANÇOS COM A
IMPLANTAÇÃO DO PROJETO PRINCIPAIS DESAFIOS
E PERSPECTIVAS
gramas (doces e compotas), e em
pequenas embalagens de 100 e 300
gramas (castanhas torradas).
- A máquina que corta as castanhas
tem uma bitola diferente do tamanho
de uma parte das castanhas coletadas
na região, o que tem limitado o máximo
aproveitamento de toda produção de
castanha da região.
região;
- No ano de 2010 foi realizado o
zoneamento agrícola para o caju na
região, isso vai facilitar a busca de
recursos de projetos para financiar o
aumento da área de cultivo do cajueiro
com variedades mais produtivas.
- O empreendimento familiar tem
possibilitado à Associação ampliar as
parcerias com órgãos públicos e outras
entidades da sociedade civil;
- Foi criado um blog para divulgar os
produtos da associação e os eventos
da comunidade:
www.comunidademiracica.zip.net.
- Foi criada uma cooperativa, isto
deverá facilitar a articulação com o
mercado consumidor.
46
5.1.2. SUBPROJETO: Caprinocultura de Leite.
PROPONENTE: Associação Comunitária Mulheres de Paranatama Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.
A comunidade de Sítio Laginha está situada na zona rural do município de Paranatama, região do agreste meridional, e distante
20 km de Garanhuns, principal pólo de desenvolvimento da região.
O diferencial é que este projeto tem a participação direta do conjunto de mulheres da comunidade, que participaram em todas as
etapas do processo de construção do projeto desde os primeiros passos até o momento atual.
Quadro 4. Resumo da Situação do Subprojeto de Caprinocultura Leiteira Financiado pelo ProRural.
GESTÃO DO PROJETO DIFICULDADES ENFRENTADAS AVANÇOS COM A
IMPLANTAÇÃO DO PROJETO PRINCIPAIS DESAFIOS
E PERSPECTIVAS
- As reuniões ordinárias acontecem
mensalmente;
- Cada família beneficiada com o
projeto recebeu 05 matrizes e 01
aprisco;
- A assessoria técnica é feita por
técnicos da própria comunidade, são
jovens com formação de técnica em
agropecuária, filhos e filhas das
mulheres sócias, também existe uma
médica veterinária e um agricultor
prático em manejo sanitário do
rebanho.
- A participação dos homens se dá
- O grupo não tinha muita experiência
em gestão de um projeto deste tipo e
as dúvidas eram as mais diversas,
principalmente no que se refere à
comercialização;
- Atualmente a produção de queijo e
leite é insuficiente para atender à
demanda de consumo por conta da
boa aceitação do produto.
- A produtividade de leite do rebanho
caprino ainda é baixa, o que tem
limitado ampliar o mercado e atender à
demanda de consumo. Foi identificado
que isto é resultado do manejo
- Os principais clientes da associação
são: o mercado institucional (através
do PAA), professores universitários e
pessoas que moram vizinhos à
comunidade. Este último tipo de
consumidor compra o leite in natura;
- Famílias que antes tinham baixa
renda e dependiam de dinheiro para
comprar o leite para o consumo diário
não dependem mais;
- O Consumo de leite de cabra por
família é de um litro/família/dia. Isto
tem auxiliado na segurança alimentar e
nutricional de seus membros;
- Envolver mais diretamente as famílias
no projeto, já que são as mulheres que
estão à frente das principais atividades
e da gestão;
- Aumentar a produção leiteira em até 3
vezes, para isso irão fazer inseminação
artificial com sêmen de raças mais
produtivas;
- Melhorar a renda das famílias a partir
do aumento da produção e ampliação
de mercado;
- Atender à demanda de consumo de
queijo e leite que tem aumentado à
medida que o produto está sendo
47
GESTÃO DO PROJETO DIFICULDADES ENFRENTADAS AVANÇOS COM A
IMPLANTAÇÃO DO PROJETO PRINCIPAIS DESAFIOS
E PERSPECTIVAS
mais no manejo do rebanho, cabendo
às mulheres assumir as tarefas de
fabricação do queijo, comercialização e
da gestão associativa;
- O manejo dos rebanhos e a
comercialização são feitos de forma
individual, mas as decisões e
estratégias são definidas coletivamente
durante as reuniões ordinárias;
- Os produtos comercializados pela
associação são o leite de cabra in
natura e o queijo de coalho;
- Atualmente a produção de leite de
cabra fica em de 70 litros/dia, o que dá
uma produção mensal de
aproximadamente 2.100 litros de leite;
inadequado por parte de algumas
famílias. Essa tem sido a principal
reclamação das mulheres que estão
envolvidas diretamente com o projeto.
- Com a venda do leite as famílias
estão conseguindo incrementar a renda
e melhorar a qualidade de vida,
associado a outras práticas de
produção sustentável de alimentos;
- A participação das mulheres no
processo de produção é tomada de
decisões melhorou as relações
familiares e a autoestima das mesmas;
- Com a inseminação artificial das
matrizes a associação planeja
aumentar a produtividade leiteira em
até 3 vezes, comparando com a
produção atual;
- A orientação técnica acontece de
forma permanente e sistemática tem
promovido melhores resultados no
manejo dos rebanhos.
conhecido no mercado local e regional;
- Garantir regularidade na produção e
na entrega dos produtos ao mercado;
- Com a conclusão da construção do
prédio onde será instalado o resfriador
de leite, a associação espera ter um
melhor controle na qualidade do
produto final, como a padronização do
queijo;
- Consolidar a comercialização com o
mercado institucional através do PAA;
- Ampliar a comercialização para o
PNAE, através da venda do leite
achocolatado;
- Aumentar a produção de leite para
atender à demanda crescente do
mercado local e regional;
- Melhorar o manejo do rebanho para
evitar perdas e produtividade.
48
5.1.3. SUBPROJETO: Ovinocaprinocultura.
PROPONENTE: Associação do Assentamento Fênix do Sítio Tiririca e Pau Ferro.
O Assentamento Fênix está situado no município de Verdejante e distante da sede aproximadamente 12 quilômetros. Este
assentamento existe desde o ano de 2006 quando as famílias conseguiram recursos através do Crédito Fundiário e adquiriram 138
hectares para nele residirem 07 famílias. O projeto foi liberado para um consórcio de quatro associações que estão próximas umas das
outras. As famílias das comunidades e assentamentos beneficiados com o projeto foram: Assentamento Fênix e Assentamento Santo
Antônio; Comunidade de Pilões e Comunidade de Carrancudo.
Quadro 5. Resumo da Situação do Subprojeto de Ovinocaprinocultura Financiado pelo ProRural.
GESTÃO DO PROJETO DIFICULDADES ENFRENTADAS AVANÇOS COM A
IMPLANTAÇÃO DO PROJETO PRINCIPAIS DESAFIOS E
PERSPECTIVAS
- No primeiro ano de execução do
projeto as reuniões aconteciam
mensalmente, quando era demandada
mais atenção e maior sintonia na
gestão;
- No segundo ano de execução do
projeto as reuniões passaram a ter
frequência trimestral, no entendimento
coletivo de que cada associação já se
apropriara do modelo de gestão
compartilhada;
- Quando uma família desiste do
consórcio a mesma se responsabiliza
- No início houve dificuldade em
encontrar um plantel de animais na
região que atendesse às necessidades
e objetivos do projeto. A solução foi
comprar o plantel na região de
Ibimirim, com o apoio da assistência
técnica do IPA e do ProRural;
- Alguns animais foram bastante
afetados com a estiagem no primeiro
ano do projeto;
- O trabalho coletivo nem sempre é
aceito por todos, o que ocasiona
alguns problemas no manejo dos
- Depois que foi construído o silo
melhorou a oferta de alimentos para o
rebanho durante o período crítico de
estiagem;
- A maioria das famílias aprovaram a
forma de gestão do projeto nas
comunidades;
- As famílias passaram a ter uma fonte
de renda mais segura com a venda de
animais para o abate;
- As comunidades beneficiadas com o
projeto passaram a ter mais contato
entre si e uma melhor interação por
- Aumentar o rebanho para atender à
demanda de consumo na região que
tem crescido significativamente;
- Venda para o PAA, à medida que as
obras da transnordestina forem sendo
concluídas. Isto garantirá às famílias,
no mínimo, manter a renda atual;
- Ampliar a área de pasto para garantir
o suporte forrageiro dos rebanhos;
- Melhorar geneticamente os
reprodutores da raça Douper para
comercializar em feiras e exposições;
- Manter o consórcio entre as
49
GESTÃO DO PROJETO DIFICULDADES ENFRENTADAS AVANÇOS COM A
IMPLANTAÇÃO DO PROJETO PRINCIPAIS DESAFIOS E
PERSPECTIVAS
em devolver os animais que recebeu
no início do projeto, em bom estado
sanitário da mesma forma que os
recebeu. Este monitoramento é feito
pela associação da comunidade ou
assentamento onde está acontecendo
o repasse;
- As vendas dos animais são feitas de
forma coletiva, cabendo a cada
associação realizar o repasse do
dinheiro arrecadado aos seus
respectivos associados;
- O aprisco é utilizado de forma
coletiva, mas cada família sabe quais
são os seus animais, pois todos são
marcados para facilitar a identificação.
rebanhos;
- As adversidades climáticas têm
limitado a disponibilidade de pasto
durante todo o ano para o rebanho.
conta das reuniões periódicas. O que
tem propiciado momentos de avaliação
do projeto e de troca de informações
sobre novas técnicas de manejo,
socialização das necessidades
coletivas e discussões sobre a
comercialização;
- Com o trabalho de formação dos
pastos coletivos, os animais passaram
a ter suporte forrageiro de boa
qualidade e quantidade;
- Foi construída uma barragem
subterrânea no assentamento Fênix, o
que vai possibilitar pasto durante um
bom período do ano. Principalmente no
período de estiagem;
- As famílias estão comercializando os
animais na própria comunidade ao
preço de R$ 8,50 por quilo vivo;
- Os principais consumidores são os
trabalhadores e trabalhadoras que
estão na construção da Ferrovia
Transnordestina.
associações como forma de fortalecer
a gestão do projeto.
50
5.1.4. SUBPROJETO: Piscicultura em Tanque Rede.
PROPONENTE: Associação dos Pequenos Criadores de Peixe do Lago do Papagaio - APCP.
A Associação dos Pequenos Criadores do Lago do Papagaio é composta por 13 sócios que residem na Vila de Pescadores Largo
do Papagaio, no distrito de Mandantes, em Petrolândia. O projeto foi financiado pelo ProRural com o objetivo de viabilizar,
principalmente, a aquisição de ração e de alevinos, além dos tanques para a criação de tilápias. Buscando assim abrir novas opções de
comercialização para além das empresas que integralizam na região com os grupos de piscicultores.
Quadro 6. Resumo da Situação do Subprojeto de Piscicultura em Tanque Rede Financiado pelo ProRural.
GESTÃO DO PROJETO DIFICULDADES ENFRENTADAS AVANÇOS COM A IMPLANTAÇÃO
DO PROJETO PRINCIPAIS DESAFIOS
E PERSPECTIVAS
- O manejo dos tanques-rede é feito
por turnos, quando três grupos se
revezam em turnos de 24 horas (com
folga 72 horas) de forma que garantem
acompanhamento permanente.
- A venda dos peixes é feita
diretamente no local da despesca para
o publico das agrovilas próximas à
fazenda aquícola e também a
atravessadores.
Venda para o público:
Peixe tratado: R$ 6,00/kg
Peixe não tratado: R$ 5,00/kg
Valor pago pela Netuno: R$ 4,00/kg.
- Demora na liberação do
licenciamento ambiental e a outorga
d’água por parte do órgão responsável;
- Ausência de crédito mais direcionado
para as atividades da piscicultura;
- Quando há disponibilidade de crédito
a burocracia para a liberação de
recursos acaba desestimulando os
piscicultores a procurarem as agências
bancárias;
- A agência bancária de Petrolândia
ainda não absorveu a dinâmica nem
compreendeu a importância do DRS
- O revezamento dos grupos no manejo
dos tanques tem possibilitado aos
pescadores possam buscar outras
fontes de renda nos dias de folga, o
que tem ajudado no aumento da renda
familiar;
- Atualmente cada sócio tem sido
remunerado com R$ 300,00/mês;
- Do total de 30 tanques-rede existem
27 que estão com peixes e 3 em
manutenção.
- No médio prazo a meta é distribuir um
salário mínimo por mês para cada
sócio.
-No longo prazo o objetivo é remunerar
cada sócio com R$ 2.000,00/mês. Para
que isso aconteça os sócios planejam
ampliar a fazenda para 72 tanques,
sendo que 60 tanques servirão para a
criação dos peixes e 12 para manuseio
e classificação de alevinos.
- Criação de alevinos, como forma de
reduzir custos.
- A associação planeja ser sócia da
cooperativa de pescadores que foi
51
GESTÃO DO PROJETO DIFICULDADES ENFRENTADAS AVANÇOS COM A IMPLANTAÇÃO
DO PROJETO PRINCIPAIS DESAFIOS
E PERSPECTIVAS
- Por enquanto o lucro obtido com a
venda dos peixes tem sido utilizado em
sua grande parte para a construção de
um galpão;
- Parte do lucro também tem sido
utilizado para fortalecer o capital de
giro da atividade econômica, que tem
possibilitado a aquisição de ração e de
alevinos.
- O capital de giro atual está em torno
de R$ 30.000,00.
para a piscicultura na região;
- Aquisição de alevinos tem sido um
problema por conta dos custos com
transporte e disponibilidade de estoque
dos fornecedores que estão mais
próximos deste APL. Atualmente a
maioria dos alevinos está sendo
comprada na cidade de Maceió, em
Alagoas.
criada recentemente em Petrolândia.
52
5.1.5. SUBPROJETO: Piscicultura em Tanque Rede.
PROPONENTE: Associação dos Pescadores do Largo de Itaparica - APSC.
A Associação dos Pescadores do Largo de Itaparica é composta por 12 sócios que residem na Colônia de Pescadores do Lago
de Itaparica, em Petrolândia. O projeto foi financiado pelo ProRural com o objetivo de viabilizar, principalmente, a aquisição de ração e
de alevinos, além dos tanques para a criação de tilápias. Buscando assim abrir novas opções de comercialização para além das
empresas que integralizam na região com os grupos de piscicultores.
Atualmente APSC é formada por 12 sócios
Quadro 7. Resumo da Situação do Subprojeto de Piscicultura em Tanque Rede Financiado pelo ProRural.
GESTÃO DO PROJETO DIFICULDADES ENFRENTADAS AVANÇOS COM A IMPLANTAÇÃO
DO PROJETO PRINCIPAIS DESAFIOS
E PERSPECTIVAS
- O manejo dos tanques-rede é feito
por turnos, quando três grupos se
revezam em turnos de 24 horas (com
folga 72 horas) de forma que garantem
acompanhamento permanente.
- A venda dos peixes é feita a um
atravessador de Caruaru que compra
toda a produção no valor de R$ 4,20.
Por conta dos baixos preços
praticados, deixaram de vender à
Netuno.
- Demora na liberação do
licenciamento ambiental e a outorga
d’água por parte do órgão responsável;
- Ausência de crédito mais direcionado
para as atividades da piscicultura;
- Quando há disponibilidade de crédito
a burocracia para a liberação de
recursos acaba desestimulando os
piscicultores a procurarem as agências
bancárias;
- O revesamento dos grupos no manejo
dos tanques tem possibilitado aos
pescadores possam buscarem outras
fontes de renda nos dias de folga, o
que tem ajudado no aumento da renda
familiar;
- Atualmente cada sócio tem sido
remunerado com R$ 300,00/mês;
- Atualmente a produção está variando
de 5 a 6 toneladas. A previsão para
novembro é de 10 toneladas de peixe
- No médio prazo a meta é garantir um
mínimo de 2 salários mínimo por mês
para cada sócio;
- No longo prazo o objetivo é
remunerar cada sócio com R$
2.000,00/mês. Isso será possível com
ampliação para 65 tanques-rede
brevemente;
- Criação de alevinos, como forma de
reduzir custos e aumentar a oferta
para criação;
53
GESTÃO DO PROJETO DIFICULDADES ENFRENTADAS AVANÇOS COM A IMPLANTAÇÃO
DO PROJETO PRINCIPAIS DESAFIOS
E PERSPECTIVAS
- Atualmente cada sócio recebe R$
300,00/mês.
- O lucro obtido com a venda dos
peixes tem sido utilizado da seguinte
forma: parte vai para a construção de
um galpão; parte vai para formar o
capital de giro e parte vai para o
pagamento dos sócios.
- O capital de giro atual está em torno
de R$ 40.000,00.
- A agência bancária de Petrolândia
ainda não absorveu a dinâmica nem
compreendeu a importância do DRS
para a piscicultura na região;
- Aquisição de alevinos tem sido um
problema por conta dos custos com
transporte e disponibilidade de estoque
dos fornecedores que estão mais
próximos deste APL. Atualmente a
maioria dos alevinos está sendo
comprada na cidade de Maceió, em
Alagoas.
vivo. - A associação já é membra da
cooperativa de pescadores que foi
criada recentemente em Petrolândia;
- Pretendem fazer entrega de peixes
ao Carrefour, no Recife.
- Manter a venda a pequenos
atravessadores, que já lhes compram a
produção desde o inicio.
54
5.1.6. SUBPROJETO: Piscicultura em Tanque Rede.
PROPONENTE: Associação dos Piscicultores do Território de Itaparica - ASPIT.
A Associação dos Piscicultores do Território de Itaparica é composta por 10 sócios que residem na cidade de Jatobá. O projeto
foi financiado pelo ProRural com o objetivo de viabilizar, principalmente, a aquisição de ração e de alevinos, além dos tanques para a
criação de tilápias. Buscando assim abrir novas opções de comercialização para além das empresas que integralizam na região com os
grupos de piscicultores. Este projeto foi financiado inicialmente para o grupo da Colônia de Pescadores de Jatobá, depois um grupo
menor criou a ASPIT na intenção de garantir a execução do mesmo.
O destaque fica por conta do grupo de mulheres que assumiu a gestão do projeto.
Quadro 8. Resumo da Situação dos Subprojeto de Piscicultura em Tanque Rede Financiado pelo ProRural.
GESTÃO DO PROJETO DIFICULDADES ENFRENTADAS AVANÇOS COM A IMPLANTAÇÃO
DO PROJETO PRINCIPAIS DESAFIOS
E PERSPECTIVAS
- O manejo dos tanques-rede é feito
por turnos, onde três grupos se
revezam em turnos de 24 horas (com
folga de 72 horas) o que garante
acompanhamento permanente. As
mulheres são responsáveis pelo
arraçoamento dos peixes e os homens
pela vigilância durante o turno da noite;
- As mulheres estão à frente das
atividades de manejo e
comercialização, por terem mais
experiência e convivência em grupo de
- Demora na liberação do
licenciamento ambiental e a outorga
d’água por parte do órgão responsável;
- Ausência de crédito mais direcionado
para as atividades da piscicultura;
- Quando há disponibilidade de crédito
a burocracia para a liberação de
recursos acaba desestimulando os
piscicultores a procurarem as agências
bancárias;
- A agência bancária de Petrolândia
- O revesamento dos grupos no manejo
dos tanques tem possibilitado aos
pescadores possam buscarem outras
fontes de renda nos dias de folga, o
que tem ajudado no aumento da renda
familiar;
- A remuneração mensal de cada sócio
será de R$ 400,00/mês a partir de
dezembro;
- Atualmente a produção está variando
de 5 a 6 toneladas de peixe vivo.
- No médio prazo a meta é garantir um
salário mínimo, a partir da semana
santa de 2011;
- No longo prazo o objetivo é
remunerar cada sócio com R$
2.000,00/mês. Isso será possível com
ampliação para 70 tanques-rede
brevemente;
- Criação de alevinos, como forma de
reduzir custos e aumentar a oferta
para de peixes.
55
GESTÃO DO PROJETO DIFICULDADES ENFRENTADAS AVANÇOS COM A IMPLANTAÇÃO
DO PROJETO PRINCIPAIS DESAFIOS
E PERSPECTIVAS
base de movimentos populares;
As Reuniões são realizadas de
quinzenalmente e sempre aos
sábados;
- A grande maioria dos sócios tem
origem na agricultura familiar;
- A venda dos peixes é feita
diretamente à população de Jatobá,
com entrega em domicílio ou no
próprio local da pesca. O diferencial é
o preço:
. Entrega em domicílio com o peixe tratado: R$ 5,50. . Venda no local da pesca sem tratar o
peixe: R$ 5,00.
- A venda também é feita a
atravessadores, sendo um de Caruaru
e outro de Tabira, ao preço de R$
4,20/kg. Atualmente a associação
comercializa junto a estes
atravessadores uma média de 4,5
toneladas de peixe por mês;
ainda não absorveu a dinâmica nem
compreendeu a importância do DRS
para a piscicultura na região;
- Aquisição de alevinos tem sido um
problema por conta dos custos com
transporte e disponibilidade de estoque
dos fornecedores que estão mais
próximos deste APL. Atualmente a
maioria dos alevinos está sendo
comprada na cidade de Maceió, em
Alagoas.
56
5.1.7. SUBPROJETO: Ovinocaprinocultura.
PROPONENTE:. Associação dos Produtores de Frutas - APROFRUTAS
A comunidade de Serra Branca está situada na zona rural do município de Ipubi, região do Sertão do Araripe, distante 18 km da sede do
município e 62 km de Ouricuri, principal cidade de referencia da região do Sertão do Araripe Pernambucano que é conhecido como o
pólo gesseiro do estado de Pernambuco.
Quadro 9. Resumo da Situação do Subprojeto de Ovinocaprinocultura Financiado pelo ProRural.
GESTÃO DO PROJETO DIFICULDADES ENFRENTADAS AVANÇOS COM A
IMPLANTAÇÃO DO PROJETO PRINCIPAIS DESAFIOS E
PERSPECTIVAS
- A implantação do projeto foi feita pela
Diretoria da APROFRUTAS, que fez a
aquisição dos animais e dos materiais
necessários;
- Cada família ficou responsável por
gerenciar o seu rebanho, garantindo o
manejo;
- A APROFRUTAS apenas monitora a
gestão dos rebanhos por parte das
famílias, fazendo avaliações periódicas
com o conjunto dos beneficiários;
- A APROFRUTA está negociando
junto ao ProRural a substituição da
forrageira adquirida com o projeto por 6
forrageiras menores, para serem
- A comunicação entre a empresa
elaboradora do projeto e a comunidade
foi muito fraca.
- Na comunidade foi criada outra
associação que pouco tem contribuído
para o desenvolvimento da
comunidade.
- Algumas famílias desistiram do
projeto, por não terem o suporte
forrageiro suficiente para manter os
seus rebanhos. Cabe ressaltar que
esta foi uma condição determinante
para o financiamento do projeto;
- A comunicação entre a empresa e a
comunidade durante a elaboração do
- As famílias passaram a ter mais uma
opção de renda e a possibilidade de
diversificar atividades produtivas.
- As famílias que desistiram fizeram o
repasse dos animais para outra família
que se interessou e assumiu os
compromissos acordados inicialmente
entre estas e a APROFRUTA;
- Os animais adquiridos são de boa
linhagem genética e já apresentam
bons resultados no que diz respeito à
reprodução do rebanho;
- O manejo dos animais tem melhorado
à medida que as famílias estão
adquirindo e aprimorando os
- Com o aumento do rebanho melhora
também as perspectivas do incremento
de renda para as famílias, com a venda
de animais para corte;
- A APROFRUTA prevê no médio
prazo a venda de animais para abate
no comércio local;
- A substituição da forrageira que foi
adquirida com o projeto por outras
menores, facilitará a vida das famílias
beneficiadas. Pois possibilitará maior
disponibilidade de forragem para os
caprinos.
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GESTÃO DO PROJETO DIFICULDADES ENFRENTADAS AVANÇOS COM A
IMPLANTAÇÃO DO PROJETO PRINCIPAIS DESAFIOS E
PERSPECTIVAS
distribuídas para as famílias. projeto foi precária.
- A aquisição de apenas uma máquina
forrageira para atender a todo o
rebanho adquirido com o projeto tem
limitado o acesso das famílias à
máquina. Fator este que a tem tornado
obsoleta;
- A pouca experiência de algumas
famílias com o manejo dos animais, o
que acarretou em alguns problemas de
sanidade do rebanho no início de
implantação do projeto;
- Não houve capacitação para as
famílias sobre manejo de caprinos e
ovinos;
- Não existe assistência técnica de
profissional especializado.
conhecimentos práticos.
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6. Considerações Finais e Sugestões
Todas as experiências visitadas demonstraram potencial para inserção de seus
produtos nos mercados locais e regionais, considerando que existem alternativas
viáveis para isso, onde podemos destacar o mercado institucional - PAA e PNAE - e as
políticas de crédito - PRONAF - que podem garantir melhores condições estruturais e
financeiras para que as famílias possam aumentar a produção e pensar nas
estratégias de médio e longo prazo na consolidação de seus empreendimentos.
Associado a isto a organização dos APLs pode contribuir de forma significativa
para que a agricultura familiar possa vislumbrar perspectivas reais de fortalecimento
das suas atividades econômicas, de forma que permita aos grupos organizados pensar
estrategicamente a organização de sua produção no médio e longo prazo.
O APL da aquacultura no Sertão de Itaparica é o que tem demonstrado melhores
condições de avançar no médio prazo, por ser uma atividade econômica que mostra
viabilidade para todos os setores que estão envolvidos naquela cadeia produtiva.
Identificamos que as associações de piscicultores de base familiar têm evoluído de
forma positiva na compreensão de seu papel neste processo e enxergado boas
possibilidades de crescimento organizativo e melhores ganhos econômicos com esta
atividade.
A criação da cooperativa regional dos piscicultores demonstra o avanço na
organização da piscicultura de base familiar, que pretende ampliar o mercado para
além dos municípios da região do Sertão de Itaparica. Alem de poder entrar no
mercado institucional, através dos programas PAA e PNAE, com a venda do filé de
tilápia. Também será possível aumentar a produção com a ampliação dos tanques
rede e a possibilidade de armazenar em câmara fria.
Todos os empreendimentos visitados apresentaram ter um bom potencial para
atender ao mercado institucional, via PAA e PNAE. Este tipo de mercado tem sido
discutido e compreendido pelas associações como um mercado estratégico e
importante, como garantia de comercialização e envolvimento destes
empreendimentos na contribuição da melhoria da qualidade alimentar das escolas,
lares de assistência social e demais ações que a política pública do governo federal
pretende consolidar.
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Todas estas possibilidades de crescimento organizativo e ganhos econômicos
podem se consolidar à medida que a compreensão aumente por parte dos grupos de
famílias agricultoras de que os APLs são uma alternativa importante para a garantia de
comercialização e organização econômica de seus empreendimentos.
5.1. Sugestões
É necessário que o ProRural adote a ferramenta de monitoramento das empresas
responsáveis pela elaboração dos projetos. Para evitar que surjam problemas
iguais ou similares aos que foram identificados por este relatório;
Criar mecanismos para que a comunicação entre as empresas elaboradoras de
projetos e os beneficiários seja a melhor possível. Buscando envolver as famílias
na elaboração dos projetos, que vai desde a definição dos objetivos da proposta
até a aprovação em assembléia. Abrindo uma via de mão dupla, onde a
comunidade possa ter o conhecimento passo a passo dos trâmites burocráticos e
políticos, passando pela aprovação até a liberação dos recursos.
O ProRural deve reforçar as articulações no âmbito dos territórios no sentido de
envolver outros atores governamentais e não governamentais no sentido de buscar
as alternativas viáveis para a consolidação dos APLs;
Articular seminários regionais para definições das estratégias de fortalecimento dos
APLs, cadeias produtivas e redes de comercialização, envolvendo produtores,
empresas e consumidores;
Articular rodadas de negociações entre produtores e empresas;
Dar apoio às associações dos grupos de piscicultores familiares, buscando
fortalecer o processo de cooperação entre as mesmas, no âmbito regional;
Viabilizar a capacitação dos grupos associativos envolvidos nos APLs no estado de
Pernambuco;
Promover e apoiar cursos de capacitação divididos em módulos e etapas, nas
áreas de: Gestão de empreendimentos produtivos, gestão de cooperativas,
cooperação agrícola;
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Promover oficinas de nivelamento com empresas elaboradoras de projetos;
Promover intercâmbios regionais para que os grupos associativos possam ampliar
seus conhecimentos e suas articulações;
Apoiar projetos inovadores que busquem agregar valor à produção e ao
fortalecimento da cooperação entre produtores de base familiar;
Garantir que os projetos produtivos sejam acompanhados por uma assistência
técnica, gerencial e comercial durante os três primeiros anos;
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7. REFERÊNCIAS
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http://www.addiper.pe.gov.br/site/page.php?page_id=32.
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http://www.addiper.pe.gov.br/site/page.php?page_id=36.
CARVALHO, D. M., SOUSA, J. P. Análise da Cadeia Produtiva da Caprino-ovinocultura
em Garanhuns. UFRPE/CNPQ. Garanhuns, 2008.
CONDEPE/FIDEM. Cadeias e Arranjos Produtivos – Sertão Central. Disponível em
http:/www.portais.pe.gov.br7/c/portal/layout?p_l_id=PUB.1557.130.
CONDEPE/FIDEM. Cadeias e Arranjos Produtivos – Sertão Central. Disponível em
http://www.portais.pe.gov.br/c/portal/layout?p_l_id=PUB.1557.166.
CONDEPE/FIDEM. Cadeias e Arranjos Produtivos – Sertão Central. Disponível em
http://www.portais.pe.gov.br/c/portal/layout?p_l_id=PUB.1557.137.
CROCCO, Marco Aurélio,et al. Metodologia de identificação de arranjos produtivos
locais potenciais. Belo Horizonte: UFMG/Cedeplar, 2003.
IBGE. Censo Agropecuário 2006. Agricultura Familiar. Primeiros Resultados. Brasil,
Grandes Regiões e Unidades da Federação. Brasília/ Rio de Janeiro: MDA/MPOG,
2009.
MOUTINHO, L. M. G. et al. Análise do Mapeamento e das Políticas para Arranjos
Produtivos Locais no Norte e Nordeste do Brasil - Pernambuco. Artigo publicado.
BNDES.
PRORURAL. Projeto Pernambuco Rural Sustentável. Carta Consulta para Solicitação
de Financiamento ao Banco Mundial para o Governo do Estado de Pernambuco.
Recife, 2010.
62
PRORURAL. Relatório Final – Tecendo Redes Inovadoras. Recife, 2010.Cadeias
produtivas e Redes de Articulação e Comercialização.
PRORURAL. Diagnóstico do APL Piscicultura do Estado de Pernambuco. Recife, 2007.
PRORURAL. Projeto Pernambuco Rural Sustentável. Carta Consulta para Solicitação
de Financiamento ao Banco Mundial para o Governo do Estado de Pernambuco.
Recife, 2010.
PRORURAL. Projeto de Financiamento PCPR II – 2ª fase: Piscicultura em Tanque-
Rede para a Associação dos Pequenos Criadores de Peixe do Largo do Papagaio.
Petrolândia -PE, 2007.
PRORURAL. Projeto de Financiamento PCPR II – 2ª fase: Piscicultura em Tanque-
Rede para a Associação dos Pescadores do Lago de Itaparica -PE, 2007.
PRORURAL. Projeto de Financiamento PCPR II – 2ª fase: Caprinocultura de Leite para
a Associação Comunitária de Mulheres de Paranatama Nossa Senhora do Perpétuo
Socorro. Paranatama-PE, 2008.
PRORURAL. Projeto de Financiamento PCPR II – 2ª fase: Unidade Beneficiamento de
Castanha de Caju e Pedúnculo para a associação Comunitária do Sítio Escovão.
Garanhuns -PE, 2009.
PRORURAL. Projeto de Financiamento PCPR II – 2ª fase: Ovinocaprinocultura para a
Associação do Assentamento Fênix, do Sítio Tiririca e do Pau Ferro. Verdejante -PE,
2007.
PRORURAL. Projeto de Financiamento PCPR II – 2ª fase: Aquisição de Caprinos para
a Associação do Produtores de Frutas - APROFRUTA. Ipubi -PE, 2008.
PRORURAL. Análise de Impacto de Subprojetos PCPR II: Fase 2007-2008. Recife-PE,
2010.
TEIXEIRA, E. A. Cadeia Produtiva da Caprinocultura Leiteira: Sustentabilidade e
Qualidade de vida na Associação das Mulheres de Paranatama-PE. Garanhuns, 2010.
63
8. ANEXOS
Foto 1. Aprisco e Silo uilizados coletivamente no assentamento Fênix. Verdejante-PE.
Foto 2. Banco de proteínas para o rebanho caprino no assentamento Fênix. Verdejante-PE.
Foto 3. Reprodutores da raça Douper adquiridos com o projeto – assentamento Fênix. Verdejante-PE.
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Foto 4. Queijo de coalho produzido pela grupo de mulheres de Paranatama. Crédito: Crédito: Edkarla Alves – IPA.
Foto 5. Tanque de resfriamento de leite da Associação das Mulheres de Paranatama.
Foto 6. Criação de cabras em sistema semi intensivo da Associação das Mulheres de Paranatama.
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Figura 7. Arraçoamento de tilápias em tanques rede da ASPIT. Jatobá/PE.
Figura 8. Criação de tilápias em tanques rede da APCP. Petrolândia-PE.
Foto 9. Galpão paa depósito de ração construído com recursos próprios– Colônia de Pescadores. Petrolândia-PE.
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Foto 10. Doces produzidos pela agroindústria da Associação Escovão em Miracica. Garanhuns – PE.
Figura 11. Fábrica de beneficiamento de caju e doce da associação Escovão de Miracica. Garanhus-PE
Foto 12. Curso de capacitação para agricultores/as que trabalham na agroindústria de castanha e doce. Miracica, Garanhuns-PE.
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Foto 13. Máquina forrageira – APROFRUTA
Foto 14. Caprinos criados em aprisco – APROFRUTA
Foto 15. Caprinos pastando na comunidade Serra Branca
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