ANÁLISE COMPARATIVA DE
VIABILIDADE ECONÔMICA ENTRE
DOIS PROJETOS DE ARMAZÉM
INSERIDOS EM UMA FÁBRICA DE
FERTILIZANTES.
Yuri De Seixas Kuzniecow (UFSC )
Delrobson Nava (UFSC )
Gabriel Negrao de Paula (UFSC )
Neste trabalho, foi realizada a avaliação econômica comparativa de
dois projetos de armazém que objetivam comportar a movimentação de
fertilizantes de uma empresa especializada na área. Um deles consiste
no aluguel de um armazém estruturado em lona e o outro, na
construção de um armazém pré-moldado. A empresa em questão
deveria escolher entre um dos dois para a ser concretizado
operacionalmente. Para essa análise, a teoria foi fundamentada a
partir de métodos e noções acerca da análise de investimentos e de
dados que foram coletados diretamente com a empresa. Ambos os
projetos apresentam viabilidade econômica positiva, apresentando o
armazém de lona os melhores índices, (TIR = 40,16%, VPL = R$
484.213,25, Payback = 0,93 anos) em comparação com o armazém
pré-moldado (TIR = 31,38% VPL = R$ 455.143, 15, Payback = 1,27
anos).
Palavras-chaves: Fertilizantes, Armazenamento, Análise de
investimentos.
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1. Introdução
Frente a um mercado contemporâneo tão competitivo, torna-se necessário às empresas a
adoção de uma gestão financeira eficaz. A gestão financeira de uma empresa é a responsável
pela movimentação do capital proveniente da atividade operacional da mesma - seja ela uma
empresa de serviço, produtos, etc. Cabe a ela planejar, analisar e controlar as atividades
financeiras concretizadas da instituição na qual ela se insere.
Uma gestão financeira de excelência tem como resultado o equilíbrio entre liquidez e
rentabilidade. Liquidez de uma aplicação significa, nas palavras de Groppelli (2002), a
rapidez com que ela é transformada em caixa, sem incorrer em perda substancial. Já
rentabilidade, segundo Tavares (2010), é o retorno sobre o capital investido em determinado
ativo financeiro. Basicamente, busca-se otimizar a obtenção de lucros mantendo caixa
disponível à empresa.
Para tal, é necessária a adoção de certos métodos para um melhor gerenciamento e um
crescimento pleno. A análise de investimentos (uma das vertentes da engenharia econômica)
contempla esses métodos , tendo como foco a determinação da viabilidade econômica e
financeira de projetos.
Esse tipo de estudo quantifica e qualifica os resultados de investimentos através de métodos
pré-estabelecidos, tornando possível a comparação de supostos projetos visando a escolha,
dentre eles, do projeto com a melhor rentabilidade econômica.
Dentre as formas para se realizar a análise de investimentos, o presente estudo visa abranger
três em especial: o cálculo do payback, o cálculo do valor presente líquido (VPL) e o cálculo
da taxa interna de retorno (TIR).
Neste artigo, serão analisados os projetos de implantação de dois diferentes tipos de armazéns
para a uma empresa de fertilizantes, de forma comparativa. Cada um deles possui
particularidades específicas, as quais atribuem entradas e saídas de caixa diferentes para a
empresa ao longo de um mesmo período de tempo analisado. Nesta análise serão levados em
conta os custos de instalação de cada armazém e no que cada um poderá diferenciar no futuro
fluxo de caixa da empresa. Por especificações de cláusulas contratuais da empresa em
questão, a sua identidade será omitida. Assim sendo, a referida será tratada neste trabalho
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como “Empresa X”. Ainda assim, para a realização desta análise serão utilizados dados de
caráter verídico levantados através de um contato direto com a própria empresa.
Objetivo geral:
Determinar, utilizando-se de métodos matemático-financeiros de análise, a melhor
opção de investimento para o projeto de armazenamento de fertilizantes da empresa X.
Objetivos específicos:
Mostrar a aplicabilidade prática de alguns dos métodos para a realização da análise de
investimentos (Payback, Valor Presente Líquido e Taxa Interna De Retorno);
Esquematizar as etapas de diagnóstico da viabilidade econômica de um determinado
projeto;
Relatar a forma através da qual os métodos abrangidos se complementam, gerando
uma relação de interdependência na análise final de retorno de capital do projeto.
2. Métodos adotados
O estudo realizado com o objetivo de analisar a viabilidade econômica da escolha entre dois
projetos de armazenagem de produtos em uma empresa de fertilizantes foi uma pesquisa do
tipo exploratória e de campo. Os dados analisados foram tratados tanto qualitativamente
quanto quantitativamente, através de um estudo de caso. Uma pesquisa exploratória busca
encontrar informações em uma área onde há pouco conhecimento acumulado e sistematizado.
Desta forma, o contato direto com a referida empresa foi essencial na confecção deste artigo.
As etapas de realização do trabalho são as seguintes:
Pesquisa Bibliográfica: Para que a fundamentação teórica do trabalho fosse bem
contemplada, informações bibliográficas foram agregadas. Os dados foram obtidos a
partir de livros, publicações, artigos e demais formas de conhecimento acadêmico já
existentes;
Pesquisa exploratória: Nesta etapa, informações consoantes aos objetivos do trabalho
foram levantas através do importante contato estabelecido com a empresa estudada;
Elaboração da análise de investimentos: A análise de investimentos feita foi resultado
da aplicação da teoria de análise com as informações obtidas a partir dos dados
empresariais.
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É imperativo que se relate que os dados obtidos foram levemente adequados aos objetivos
deste trabalho, não constituindo informações inteiramente fiéis à situação da empresa. Essas
alterações foram feitas frente ao alto nível de complexidade que um processo decisório como
esse envolve. Os resultados do presente artigo não são, necessariamente, os mesmos da
análise de investimentos da empresa na prática. Algumas poucas informações que
influenciaram na decisão da empresa não são retratadas nos estudos de análise por não
dizerem respeito em absoluto aos objetivos deste trabalho.
3. Referencial teórico
A avaliação bem sucedida de um investimento requer a utilização de normas para a tomada de
decisão. Segundo Hummel e Taschner (1995) existem duas formas de se tomar uma decisão:
por sentimento ou por estudos econômicos. Uma análise por sentimento é aquela sem nenhum
conceito técnico preliminar, enquanto que uma análise por estudos econômicos levará em
consideração uma diversa gama de julgamentos da demanda e oferta, por exemplo, antes de
tomar sua decisão. Em geral, a escolha se embasa em indicadores de desempenho econômicos
que maximizem o capital do investidor. Para que esses indicadores sejam efetivamente
obtidos, o conhecimento de certos artifícios analíticos torna-se mister. Na presente seção
serão discutidos esses artifícios.
3.1. O fluxo de caixa
O fluxo de caixa é denominado por Zdanowicz (2004) como: “O conjunto de ingressos e
desembolsos de numerário ao longo de um período projetado”. Segundo o autor, o fluxo de
caixa é uma representação dinâmica da situação financeira de uma empresa. Através deste
tipo de representação, o capital que entra e sai de um determinado projeto ao longo do seu
período de atividade são retratados de forma bastante visual e organizada. Esta representação
constitui uma escala horizontal onde são marcados os períodos de tempo e setas orientadas
para cima e para baixo, representando, respectivamente, as entradas e as saídas de caixa.
Figura 1- Representação do fluxo de caixa
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Informações: "VP" valor presente e "VF" valor futuro
Fonte: http://blogmatematicodofrank.blogspot.com.br/p/matematica.html
3.2. A taxa mínima de atratividade (TMA)
Para Zot (2006, p.141): “O objetivo principal da análise de investimentos é ajudar o
empresário investidor a decidir entre alternativas de projetos de investimentos, no que se
refere aos aspectos de rentabilidade ou remuneração do capital empregado.”. Ao se analisar
um investimento, deve-se comparar o retorno do mesmo com o custo do capital e o custo de
oportunidade. A Taxa Mínima de Atratividade, segundo o mesmo autor, é justamente este
limite, onde o capital obtém o retorno equivalente à taxa de juros, de risco semelhante,
oferecida pelo mercado. A TMA do investimento serve de parâmetro para rejeição ou
aceitação do projeto, sendo levada em consideração nos cálculos de viabilidade econômica.
3.3. Os métodos de análise
Os métodos mais comuns utilizados para a mensuração do sucesso de um negócio ou sua
viabilidade econômica são:
Período de Retorno de um Investimento (payback simples e payback descontado);
Valor Presente Líquido (VPL);
Taxa Interna de Retorno (TIR).
3.3.1. Payback
3.3.1.1. Payback simples
Ao payback simples assiste o cálculo do período de tempo exato no qual as saídas de caixa se
igualam às entradas de caixa, sem levar em consideração o valor do dinheiro no tempo. Ross
(2002) sugere que um investimento é aceito se seu período de payback calculado for menor do
que algum número predeterminado de anos. O problema deste conceito é que a definição de
um payback é arbitrária, além de não levar em conta os fatos ocorridos depois do ponto onde
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o investimento se paga.
“O principal método não exato é o do Tempo de Recuperação do Capital Investido ‘Pay-Back
Time’, que mede o tempo necessário para que a somatória das parcelas anuais seja igual ao
investimento.” (CASAROTTO, 1998, p.123).
3.3.1.2. Payback descontado
O payback descontado segue a ideia do payback simples, com o diferencial de descontar os
fluxos de caixa a uma taxa de juros. A taxa considerada pode ser o custo do capital livre de
risco. Para determinar o valor de capital referente a cada fluxo de caixa, toma-se como base a
seguinte fórmula:
Fca =
(1)
Onde:
Fca = Fluxo de caixa atualizado monetariamente;
Fc = Fluxo de caixa;
i = Taxa de juros, taxa mínima de atratividade;
n = Período.
Em seguida, e analogamente ao método do payback simples, os fluxos de caixa são somados
até o período exato em que as entradas de caixa se igualam às saídas de caixa.
“Este método não leva em consideração a vida útil do investimento, e pode ser dificultada a
sua aplicação quando o investimento inicial se der por mais de um ano ou quando os projetos
comparados tiverem investimentos iniciais diferentes” (CASAROTTO,2000).
“Dada as suas limitações e não obstante a sua simplicidade é muito mais provável
que as empresas empreguem o período de payback de um investimento como uma
norma auxiliar na tomada de decisões sobre investimentos utilizando-o seja como
um parâmetro limitador (prazo máximo de retorno) sobre a tomada de decisões, seja
para escolher entre projetos que tenham desempenho igual em relação à regra básica
de decisão” (DAMODARAN, 2002).
3.3.2. Valor presente líquido (VPL)
Para Zot (2006), o Valor presente líquido de um projeto é o cálculo do valor presente ou valor
atual de um fluxo de caixa projetado de um investimento, considerando todas as entradas
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(receitas) e saídas de caixa (investimento e despesas), a uma taxa de juros igual à taxa mínima
de atratividade.
“O Valor Presente Líquido é uma medida de quanto valor é criado ou adicionado hoje por
realizar um investimento” Ross (2002). No caso de um VPL Positivo, efetua-se o
investimento, caso negativo, deve-se rejeitar o investimento. Se o Valor Presente Líquido for
Zero ou próximo de Zero, o investidor é indiferente à execução do projeto.
Zot (2006) também ressalta que quando somos confrontados por diferentes alternativas de
investimentos, devemos optar por aquela que apresenta um VPL maior. Na hipótese do VPL
ser negativo nos dois investimentos, o melhor é aquele que apresenta menor valor negativo. A
Fórmula matemática do cálculo do VPL é a seguinte:
VPL =
(2)
Onde:
VPL = Valor Presente Líquido;
t =Período;
Fc = Fluxo de caixa bruto referente ao período “t”;
N = Número de períodos;
i = Taxa de juros, taxa mínima de atratividade.
Note que que o método consiste na simples soma de todos os fluxos de caixa atualizados
monetariamente até um determinado período. Essas atualizações, por sua vez, são obtidas
através de um cálculo análogo ao utilizado no método do “Payback Time”, anteriormente
descrito.
3.3.3 Taxa interna de retorno (TIR)
A taxa interna de retorno está diretamente ligada ao conceito de VPL e, é obtida ao se igualar
o VPL de determinado investimento a zero (ROSS, 2002). O cálculo da TIR é realizado para
verificar se a empresa está conseguindo ter uma rentabilidade superior ou inferior à sua
requerida taxa de retorno. Para efeitos de escolha, se a TIR for maior que a taxa mínima
exigida, ou ao custo do capital, aceita-se o investimento. No caso contrário, rejeita-se. Na
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hipótese de uma taxa igual ou muito semelhante à taxa exigida de retorno, o investidor
mostrar-se-á indiferente.
“Taxa Interna de Retorno é aquela taxa de desconto que iguala os fluxos de
entradas como os fluxos de saídas de um investimento. Com ela procura-se
determinar uma única taxa de retorno, dependente exclusivamente dos fluxos de
caixa do investimento, que sintetize os méritos de um projeto” (ROSS,
WESTERFIELD e JORDAN, 1998)
A fórmula utilizada para o cálculo da taxa interna de retorno é a seguinte:
VPL = 0 = Investimento Inicial +
(3)
Onde:
Ft = Fluxo de caixa no período t;
t = Período presente;
VPL = Valor Presente Líquido;
TIR = Taxa interna de retorno;
N = número de períodos.
Segundo a fórmula descrita acima, a TIR é a taxa de juros que, quando aplicada no cálculo do
VPL, zera-o.
4. Descrições
A presente seção objetiva a discussão de um problema decisório em uma situação particular
de uma empresa de fertilizantes. Esse problema será retratado e analisado segundo os
parâmetros e métodos descritos na fundamentação teórica deste artigo.
4.1. A empresa
A empresa X é uma empresa de médio porte localizada no sul do estado de Santa Catarina,
com instalações dentro de um porto importante da região. Ela trabalha em conjunto com
outras empresas prestando serviços de armazenagem, mistura e ensaque de fertilizantes para
empresas multinacionais importadoras desse produto agrícola. Esses serviços incluem a
descarga do navio e todos os processos logísticos compreendidos entre a pesagem, o
armazenamento, a mistura e o ensaque de fertilizantes, bem como a gestão de questões
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burocráticas de registro dos produtos. A empresa está a vários anos no mercado e vem
apresentando um desenvolvimento considerável a nível de expansão de unidades e atuação.
4.2. A problemática decisória
Em Maio de 2013, a empresa se deparou com um problema. Uma movimentação considerável
estava prevista para um futuro próximo. Desta forma, a necessidade da utilização de mais um
armazém tornou-se eminente, objetivando comportar essa movimentação. Entretanto, para
disponibilizar-se um novo armazém, surgiram duas opções: Construir um armazém pré-
moldado ou alugar um armazém estruturado com lona. A área a ser ocupada pelo armazém já
está sob posse da empresa e não causará nenhum tipo de gasto adicional. O problema é que
essa área é uma concessão do município, e como tal possui um prazo contratual de
vencimento, previsto para 2,5 anos a partir do período que coincide com o começo da
movimentação do armazém a ser escolhido. Ou seja, o armazém terá um período de
movimentação de 2,5 anos a partir do momento em que as operações de movimentação
começarem. Cada uma das escolhas entre os armazéns possui investimentos e retornos
diferentes, uma vez que eles possuem diferentes áreas (aspecto diretamente ligado à
movimentação) e gastos atribuídos também distintos.
5. Materiais, dados e receitas
5.1. O valor do investimento
Os valores referentes a cada etapa de obtenção de cada um dos armazéns estão representados
na tabela abaixo:
Tabela 1 - Tabela comparativa representando os custos de investimentos de cada um dos
armazéns
Armazém Pré-
moldado
Custo Armazém de lona Custo
Confecção de 26
sapatas
90.000,00 R$ Confecção de 26
sapatas
90.000,00 R$
Piso em concreto
para 1.600 m ²
115.000,00 R$ Piso em concreto
para 1.500 m ²
110.000,00 R$
Aluguel de
armazém
estruturado c/ lona,
270.000,00 R$ 26 pilares mais
cortina de altura
1.50m
110.000,00 R$
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com prazo de 12
meses
Aluguel de
armazém
estruturado c/ lona,
com prazo de 18
meses, a partir do
primeiro ano
300.000,00 R$ Estrutura de
concreto para
telhado
180.000,00 R$
0,00 R$ 2.200 m² de telhas
de 6mm
30.000,00 R$
0,00 R$ Mão de Obra do
telhado
50.000,00 R$
Manutenção (por
2,5 anos)
50.000,00 R$
Total 770.000,00 R$ 620.000,00 R$
Fonte: Yuri Kuzniecow (2013)
Note que existem algumas operações comuns a ambos, e que o preço anual de aluguel do
armazém de lona a partir do primeiro ano é reduzido para 200.000,00 R$.
5.2. Armazenamento
Um armazém de 1.500 metros quadrados (pré-moldado) tem capacidade para, em média, 4,7
mil toneladas de granel (fertilizante solto, não ensacado). Enquanto isso, um armazém de
1.600 metros quadrados (de lona) pode comportar algo em torno de 5 mil toneladas do mesmo
produto.
5.3. Preços cobrados e custos
Para que uma tonelada de fertilizante seja descarregada do navio, levada de caminhão até o
armazém e armazenada por um período de até 30 dias, são cobrados 17 reais. O custo para a
empresa contratada (empresa X) de todo esse processo (combustível, motorista do caminhão,
operador de pá carregadeira, etc) é de 14 reais por tonelada. Caso a empresa contratante
(multinacionais) exceda 30 dias com o seu produto estocado no armazém, um adicional de 2,5
reais quinzenais é pago por ela à empresa contratada.
Analogamente, para que o serviço correspondente ao ensaque (transporte do fertilizante do
armazém até a máquina de ensaque, ensaque, pesagem e alojamento dos sacos no caminhão)
seja realizado, a empresa contratada cobra da empresa contratante uma quantia de 28 reais por
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tonelada. Os produtos que passam por esse processo são vendidos como produtos “simples”,
ou seja, sem mistura (nitrato de potássio, salitre do chile, etc). O custo dessa operação para a
empresa contratada é de 24 reais por tonelada.
Quando o fertilizante a ser vendido requer uma mistura de produtos, estes devem ser
deslocados do armazém até a unidade de mistura, misturados pela respectiva máquina,
ensacados e alojados no caminhão. Para isso, a empresa contratada cobra da empresa
contratante uma quantia de 30 reais por tonelada misturada. O custo dessa operação para a
empresa contratada é de 24 reais por tonelada.
É importante dizer que o serviço de armazenagem encontra-se diretamente relacionado e
dependente dos serviços de mistura e ensaque, uma vez que todo o fertilizante que passa pelo
armazém é posteriormente direcionado para as unidades de um desses outros serviços
oferecidos pela empresa X. Todas as informações de custos e receitas estão representadas de
forma mais visual na tabela que se segue:
Tabela 2 - Tabela representando os custos e preços de cada operação realizada pela empresa X
Operação Preço por tonelada Custo por tonelada
Descarga, movimentação,
armazenagem
17,00 R$ 14,00 R$
Armazenagem excedida de
30 dias
2,50 R$ por quinzena 0,00 R$
Movimentação, ensaque 28,00 R$ 24,00 R$
Movimentação, mistura 30,00 R$ 24,00 R$
Fonte: Delrobson Nava (2013)
5.4. Relação entre produto simples e mistura
Aproximadamente 40% de todo o produto armazenado é direcionado eventualmente para as
unidades de mistura, enquanto os outros 60% vão para unidades de simples ensaque.
5.5. Previsão de ocupação dos armazéns
Como o fertilizante é um produto sujeito às flutuações de movimentação relacionadas com as
safras agrícolas, existe uma variação na ocupação dos armazéns ao longo do ano. A ocupação
beira os 10% nos meses compreendidos entre dezembro e fevereiro e atinge algo em torno de
90% nos meses de março a novembro.
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5.6. A taxa mínima de atratividade
Como o presente artigo abrange também noções de investimentos financeiros, a taxa que será
utilizada para os cálculos como a taxa mínima de atratividade da empresa X será a taxa
SELIC, aqui apresentada como de 8% ao ano. Para obter-se o valor da Selic aplicada a algum
período, toma-se o valor da taxa ao ano elevado ao período relativo ao ano. No caso de o
período ser de um semestre (seis meses) a operação realizada é a seguinte:
(0,08) ^ (6/12) = 1,0392 (3,92% ao semestre)
6. A análise dos investimentos
Com base em toda a fundamentação teórica já descrita no presente artigo e também levando
em consideração todos os aspectos levantados na seção anterior, o cálculo da comparação de
viabilidade econômica entre o projeto dos dois armazéns pode ser feita.
6.1. Entradas e saídas
As entradas:
Tabela 3 - Tabela com todos os valores a serem pagos à empresa contratada
R$30,00 por tonelada do produto
misturado
Aproximadamente 40% das vendas
R$28,00 por tonelada do produto puro Aproximadamente 60% das vendas
R$2,50 por tonelada a cada 15 dias caso o
produto fique parado no armazém por um
período superior a 30 dias.
Aproximadamente 25% ultrapassam o
período por 15 dias
Aproximadamente 25% ultrapassam o
período por 30 dias
R$17,00 por tonelada para cobrir custos
com transporte
100% do material passa por esse processo
Fonte: Gabriel Negrão (2013)
As saídas:
Valores a serem gastos pela empresa contratada:
R$14,00 por tonelada para realização do transporte;
R$24,00 por tonelada para manutenção do maquinário e pagamento da mão-de-obra.
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6.2. O período de análise
O período de tempo a ser analisado é de dois anos e meio (30 meses). Para esse experimento
será utilizado como menor período um semestre. Ou seja, será analisado o fluxo de caixa de
cada 6 meses a partir de 1º de julho de 2013.
6.3. O cálculo para a análise dos investimentos
Os resultados obtidos nos cálculos feitos estão representados na seguinte tabela:
Tabela 4 - Tabela comparativa representando o resultado específico de cada método de análise
utilizada
Método de análise Payback
Descontado
Valor Presente
Líquido
Taxa Interna de
Retorno
Armazém
estruturado com
lona
0,93 anos R$ 484.213,25 40,16%
Armazém Pré-
moldado
1,27 anos R$ 455.143,15 31,38%
Fonte: Yuri Kuzniecow (2013)
7. Resultados e discussão
Em uma análise crítica referente aos métodos de análise utilizados neste trabalho e suas
aplicações, pode-se atribuir algumas considerações finais a cada um deles.
O Payback Time: Mesmo sabendo que o Payback descontado, diferentemente do
Payback simples, considera o valor do dinheiro no tempo, é imperativo ressaltar que
este método só avalia as qualidades de um investimento até o período de retorno do
capital, fato este que o torna falho se utilizado isoladamente;
O Valor Presente Líquido: A grande vantagem deste método é considerar o valor total
do retorno de investimento através de todos os seus períodos, com valores do fluxo de
caixa atualizados monetariamente;
A Taxa Interna De Retorno: Permite saber qual a porcentagem do valor investido será
retomado pela empresa, e é um parâmetro essencial para tornar as expectativas de
retorno de investimentos mais palpáveis para que estas sejam trabalhadas da melhor
forma.
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Com base no resultado dos cálculos, constata-se claramente que a opção de investimento do
armazém estruturado com lona é mais vantajosa em todos os aspectos estudados. Como o
tempo de retorno do investimento e a proporção deste investimento são ambos mais otimistas
para essa opção, a escolha deve ser feita no mesmo sentido. O projeto a ser escolhido deve ser
o do armazém estruturado com lona.
É importante dizer que esta escolha é tomada com base unicamente nas condições
especificadas e desconsiderando-se completamente quaisquer outros fatores que possam
influenciar em uma decisão deste cunho.
8. Conclusão
Neste trabalho foi realizada uma análise comparativa de viabilidade econômica e financeira
de uma situação particular de uma empresa de fertilizantes, onde fazia-se necessária a escolha
entre a construção de um armazém pré-moldado e o aluguel de um armazém de lona, ambos
com a mesma finalidade operacional.
A pesquisa foi embasada em conhecimentos teóricos acadêmicos e em dados fornecidos
diretamente pela empresa estudada. A análise, por sua vez, tomou estes como informações
necessárias para os cálculos. Com isso, foi demonstrada uma aplicabilidade prática para cada
um dos métodos contemplados no artigo.
A análise realizada mostrou a opção do projeto do armazém estruturado com lona mais
proveitoso economicamente e financeiramente. Uma análise econômica bem estruturada e
eficaz serve para potencializar ao máximo o capital investido e enriquecer os seus respectivos
investidores. Entretanto, é mister dizer que esses métodos são superficiais, se analisados
isoladamente. A análise de investimentos deve fundamentar-se em conjunto com outras áreas
da engenharia econômica (como a análise de riscos, por exemplo) para que possa ser efetiva.
Se unidas de forma holística, constituem uma análise completa.
Vale lembrar que uma análise de investimentos não é limitada apenas por números. Há uma
série de outros aspectos que devem ser levados em consideração em momentos decisórios,
como a viabilidade jurídica, por exemplo. Cabe à análise de investimentos tornar dados e
especulações de retorno em informações e resultados palpáveis, mais fáceis de serem
analisados, auxiliando a tomada de decisão empresarial.
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REFERÊNCIAS
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<http://www.valor.com.br/valor-investe/o-estrategista/3059510/como-escolher-sua-aplicacao-
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CASAROTTO FILHO, N.; KOPITTE, B. H. Análise de Investimentos. São Paulo: Atlas, 1998.
DAL ZOT, WILLI. Matemática Financeira. 4ª Ed. Proto Alegre: editora UFRGS, 2006.
DAMODARAN, Aswath – Finanças Corporativas Aplicadas – Manual do Usuário. Tradução Jorge Ritter.-
Porto Alegre: Bookman, 2002.
GROPPELLI, A.A.; NIKBAKHT, Ehsan. Administração Financeira, 2.ed. São Paulo, Saraiva, 2002.
HUMMEL, Paulo Roberto Vampré; TASCHNER, Mauro Roberto Black. Analise e decisão sobre Investimentos e
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