A IMPORTÂNCIA DA MATEMÁTICA FINANCEIRA NO ENSINO
MÉDIO NAS APLICAÇÕES COTIDIANAS
Autor: Francisco de Assis Vieira1
Orientador: Luciano Cornas²
RESUMO
O artigo aborda o desenvolvimento do projeto PDE que foi aplicado na 1ª série do ensino médio, com objetivo de pesquisar a importância da matemática financeira nas aplicações cotidianas. O tema é de grande relevância no cotidiano das pessoas, pois estamos diante dos desafios da economia mundial. A pesquisa realizada refere-se ao sistema monetário, modelos de financiamentos, orçamentos comerciais (propaganda em panfletos) e preenchimentos de planilhas de orçamentos familiares, para um aprofundamento aos conteúdos tais como: porcentagens, descontos, juros simples e compostos. O artigo trará todo o processo de implementação desse projeto, seus pontos positivos e negativos que foram enfrentados na aplicação, bem como a fundamentação teórica. Com a intenção de despertar o interesse sobre os aspectos dos planejamentos orçamentários, auxiliando no desenvolvimento da possibilidade de conscientizar os alunos a melhorar as suas responsabilidades financeiras, sabendo organizar, economizar, investir e fazer um bom planejamento financeiro. Palavras-chave: Matemática Financeira; Orçamento Familiar.
¹Pós-graduação “Lato-Sensu”, na área de “Aprendizagem de Matemática no Processo
Educativo”, Professor da Rede Pública Estadual do Paraná, concluinte do PDE – Programa
de Desenvolvimento Educacional, turma 2010, da Secretária Estadual de Educação.
²Pós-graduação “Lato-Sensu” – Especialista em Educação Matemática, Vice Coordenador
do Colegiado de Matemática da UENP, Campus de Jacarezinho PR.
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1 INTRODUÇÃO
Ao repensar a prática docente e tendo algumas dificuldades enfrentadas
pelos alunos na Matemática Financeira do Ensino Médio, mais especificamente
pelos alunos do 1º ano, faz-se necessário uma mudança de postura frente ao ensino
desse conteúdo. Os alunos assim como as pessoas em geral não tem hábitos de
fazer análises de valores e acabam se tornando vítimas desinformadas,
principalmente por desconhecer seus os conceitos básicos da Matemática
Financeira. Quando se deparam com oportunidades associadas ao consumo
acabam por não perceber e nem questionar que diversos produtos podem esconder
taxas de juros excessivas. Se o consumidor, por exemplo, decide comprar a prazo
precisa tomar consciência que existem juros embutidos e que quando compra a
vista, deve negociar um desconto.
A Matemática Financeira tem importância significativa na tomada de
decisões corretas tais como: empréstimos, nas compras, no orçamento familiar, bem
como economizar, investir e poupar. Para que isso se concretize é necessário, entre
outros aspectos, pensar seriamente sobre projetos, desafios, metas e prazos
realistas, sem os quais a pessoa age como um barco sem rumo. (Soares; Leboutte
2007, pag.17).
Percebe-se que os alunos em sala de aula apresentam dificuldades de
entendimento na interpretação e contextualização dos conteúdos que se relacionam
com os conceitos básicos da Matemática Financeira.
Uma boa compreensão dos conteúdos referentes à Matemática Financeira
poderá facilitar o controle financeiro em transações comerciais, bancárias,
orçamento familiar entre outros, que são essenciais para um bom desempenho do
indivíduo na sociedade. A falta de conhecimento sobre o assunto resultará em
dificuldades que levarão a um controle financeiro inadequado. Portanto, como utilizar
os conceitos Matemáticos Financeiros no cotidiano do aluno para uma boa
Educação Financeira?
Para responder esta questão busca-se proporcionar os conhecimentos
básicos da Matemática Financeira no ensino médio e a reflexão sobre a importância
no orçamento familiar no cotidiano do aluno, para isso, faz-se necessário ter em
mente alguns aspectos importantes, como: utilizar situações do cotidiano
profissional, escolar, pessoal, para estudo e aplicação dos problemas financeiros;
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analisar os panfletos de propagandas que oferecem várias vantagens, na compra de
seus produtos; adquirir conhecimento sobre o sistema monetário brasileiro,
porcentagens, descontos, juros simples e juros compostos; bem como utilizar
corretamente a calculadora, fichas de orçamento familiar e o computador como
ferramentas no auxilio na aprendizagem e pesquisa
2 ORÇAMENTO FAMILIAR: UMA EDUCAÇÃO NECESSÁRIA.
A temática deste projeto é reforçada nas Diretrizes Curriculares Estadual da
disciplina de Matemática e acredita-se que as escola é um lugar privilegiado para se
tratar de conteúdos relacionados a educação financeira no contexto do educando,
sendo de grande importância que os professores abordem os conteúdos inserindo
conceitos aplicáveis no dia a dia dos alunos.
As Diretrizes Curriculares de Matemática (2008, p.61) que:
[...] É importante que o aluno do Ensino Médio compreenda a matemática financeira aplicada aos diversos ramos da atividade humana e sua influência nas decisões de ordem pessoal e social. Tal importância relaciona-se o trato com dívidas, com crediários à interpretação de descontos, à compreensão dos reajustes salariais, à escolha de aplicações financeiras, entre outras.
Segundo SUEN, (2007, p. 8-9) a “Matemática Financeira”, está presente no
cotidiano da humanidade desde a antiguidade até os dias atuais. Sendo utilizada no
comércio e nas finanças para facilitar as atividades de troca.
O juro apareceu em função do tempo e do capital na comercialização dos
produtos. As relações comerciais na antiguidade eram efetuadas através da trocas
de mercadorias de sementes ou de outros bem agrícolas ou pecuários. A
necessidade de facilitar a comercialização fez com que surgissem as moedas que
proporcionaram um comércio padronizado definido por padrões econômicos de
unidades.
Com o aumento da comercialização, no auge do renascimento comercial no
decorrer das guerras, e nas conquistas de terras, as moedas foram usadas com
bastante freqüência, originando os investidores o câmbio monetário para a troca das
moedas. Os comerciantes e investidores foram, então, acumulando as moedas, e
para fazer uma troca eram cobrados juros, ou seja, uma remuneração por haver o
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risco de atraso ou não pagamento. A utilização dos termos banqueiro e banco
devido ao fato do cambista ficar sentado em um banco de madeira para fazer o
empréstimo, investimento, previsões de movimentações de capital no mercado,
desconto, resultado de investimentos (valor futuro).
Para o autor, a Matemática Financeira envolve mais que matemática.
Envolve conceitos e convenções adotados pelo mercado financeiro. E exige o
conhecimento de contabilidade, estatística, e finanças além de outras áreas de
estudo. Reconhece-se, entretanto, que a Matemática aterroriza muitos estudantes,
quando o conceito financeiro fica distante da realidade ocorrendo o retrocesso de
seu aprendizado. É preciso usar os conceitos da Matemática Financeira do dia-a-
dia, pois hoje o dinheiro é fundamental para a sobrevivência do indivíduo.
Um bom planejamento facilita o orçamento diário, é imprescindível que haja
projetos, e segundo SOARES E LEBOUTTE (2007, p. 17) esclarecem que:
É necessário, entre outros aspectos, pensar seriamente sobre projetos. Desafios, metas e prazos realistas, sem os quais a pessoa age como um barco sem rumo. Saber onde e o quanto se gasta é o fator determinante do sucesso financeiro. É necessário saber onde está e onde se quer chegar. É através do controle de todos os gastos, que se pode atingir, num primeiro momento, o equilíbrio, e no seguinte, o superávit financeiro, como o qual se forma o patrimônio e se concretizam os sonhos da família.
Todos nós almejamos uma vida tranquila, sem preocupações. No entanto
para conseguirmos viver equilibrado, necessita-se planejamento financeiro, e de
acordo com
FRANKENBERG (2006 p.29),
O que mais almejamos na vida é felicidade, saúde e tranqüilidade financeira. Felicidade é apenas um estado de espírito, que depende unicamente de nós mesmos. Saúde, infelizmente, em algumas vezes independe da nossa vontade. Tranqüilidade Financeira não depende da sorte, mas quase que exclusivamente de um bom planejamento financeiro.” [...] Nós nascemos e começamos a receber a educação no lar, no âmbito familiar. Vamos para a escola e recebemos a educação de nossos professores e colegas. Também somos educados por meio do convívio social e em seguida dentro da empresa em que trabalhamos. Portanto, nossa educação tem componentes informais, formais e profissionais, que nos levam a ser o que somos. Porém, a educação financeira frequentemente é deixada de lado.
Executa-se diárias, muitas atividades relacionadas à aquisição e
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manutenção de bens e imóveis.
No dia a dia, os cidadões exercem várias tarefas tais como: avaliar imóveis, pagar impostos, discernir entre as melhores e piores opções na compra ou venda de algum bem. Diante de tais fatos, normalmente fazem cálculos, muitos cálculos, ou se não os fazem, geralmente dependem de alguém que os faça. Muitas das vezes esses cálculos são feitos com conhecimento de matemática básica, aquela vista no ensino fundamental e médio. O fato é que nem sempre existe alguém habilitado a fazê-lo ao até mesmo disposto a fazê-los.(SANT'ANA, 2008, p.2)
A falta de um bom orçamento familiar pode propiciar desequilíbrios
emocionais que prejudicam as relações familiares. Segundo SOARES E LEBOUTTE
(2007, p.13)
a desorganização orçamentária familiar e/ou pessoal interfere e prejudica a qualidade de vida das pessoas e das famílias estresse, insônia, ansiedade, depressão, baixa auto-estima, agressividade, culpabilização mútua no ambiente familiar, diminuição do diálogo, baixo nível de concentração, diminuição dos índices de produtividade do trabalho.
Não é uma tarefa fácil elaborar um orçamento familiar, porém, é necessário
para quem tem planos para o seu futuro e o de sua família. Uma coisa é apurar o
que está sendo gasto hoje em dia sem controle, outra coisa é planejar, estabelecer
objetivos, gastar dentro das possibilidades e poupar.
Na educação financeira, deve começar a planejar a educação dos filhos o dia em que eles nascem. Para criar filhos com responsabilidade é necessário que você, como pai, e você, como mãe, seja responsável financeiramente. Os pais espelham através de sua vida financeira o futuro de seus filhos como consumidores. […] O mundo está se tornando mais competitivo e é preciso educar os filhos para serem competitivos. Como você perde horas da companhia de seu filho aprimorando seus conhecimentos, explique para ele porque está fazendo isto, o estará incentivando a estudar com vontade e a se aperfeiçoar cada vez mais. (SILVA 2005, p.113).
Fala-se muito em avaliação escolar, e percebe-se que há certo avanço. E
nas Diretrizes Curriculares (2008, p.31) diz:
[...] a avaliação deve se fazer presente, tanto como meio de diagnóstico do processo ensino-aprendizagem quanto como instrumento de investigação da prática pedagógica. Assim a avaliação assume uma dimensão formadora, uma vez que, o fim desse processo é a aprendizagem, ou a verificação dela, mas também permitir que haja uma reflexão sobre a ação da prática pedagógica. Neste sentido, a avaliação somente terá validade se for
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realizada de forma contínua, permanente e organizada, em que o professor que direciona o processo pedagógico, seja capaz de realizar as intervenções necessárias para que o aluno se aproprie do conhecimento.
Com referência a função diagnóstica, LUCKESI (2005, p. 43) destaca que a
avaliação terá que ser instrumento de reconhecimento dos caminhos percorridos e
da identificação dos caminhos a serem seguidos. Isso faz da avaliação uma
ferramenta que auxilia o professor na tomada de suas decisões em relação aos
novos encaminhamentos que precisam ser adotados para subsidiar um ensino-
aprendizagem de qualidade, na medida em que servem para auxiliar o educando no
seu crescimento. Percebe-se a preocupação dos educadores quanto ao
conhecimento financeiro de seus educandos para a sua prática contínua, pela busca
da qualidade de vida, evitando assim futuras dificuldades em interpretar o seu
cotidiano.
Logo, é importante que a Matemática financeira seja reconhecida e aplicada
na vida dos alunos do ensino médio, para que eles tenham um maior interesse em
refletir os assuntos relacionados como as questões domésticas, comerciais e
bancárias, deixando claro que em breve se tornarão pessoas responsáveis em
assumir seus próprios negócios, sabendo fazer um bom planejamento financeiro,
sabendo organizar, economizar, investir e ser capaz de tomar a melhor decisão
possível.
3 EDUCAÇÃO ORÇAMENTÁRIA: REFLEXÃO E APONTAMENTOS
A implementação deste projeto foi realizado com alunos do 1º ano do Ensino
Médio, do Colégio Estadual Professor Segismundo Antunes Netto do município de
Siqueira Campos, Núcleo Regional de Educação de Ibaiti, estado do Paraná.
Em um primeiro momento, foi feito um diagnóstico através de problemas que
envolveram os conteúdos já estudado tais como: proporções, regra de três,
porcentagens e resoluções de problemas financeiros do cotidiano.
Na sequência os alunos realizarão as seguintes atividades: pesquisa na
internet referente à história do sistema monetário; aplicação com juros simples e
compostos; verificação das condições e valores em parcelas e taxas em
propagandas em panfletos do comércio (a ser adquirido nas lojas); análise dos
cartões de créditos verificando as vantagens e desvantagens em seu uso de
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compras a vista ou a prazo. Uma exposição servirá para demonstrar como são
vendidos os produtos a vista ou à prazo, tais como os eletrodomésticos, móveis e
outros. No caso de uma motocicleta, por exemplo, por ter um valor mais alto será
sugerido um financiamento através da apresentação de uma tabela das parcelas
com os seus respectivos valores.
A situação de implementação do projeto na construção da familiaridade com
a construção do orçamento se deu com a entrega de planilhas para preenchimento
do orçamento familiar mensal. Para melhor concretização do orçamento familiar, os
alunos trouxeram de casa talões do consumo de água, telefone, energia elétrica,
notas fiscais de compras de mercado ou outros gastos que serão verificados e feitos
os cálculos, de forma que ele perceba os gastos mensais do lar, permitindo maior
controle no orçamento familiar.
E quanto à metodologia, além das atividades será utilizada a calculadora; o
computador; laboratório de informática e a TV multimídia, livros didáticos, textos
complementares de jornais, revistas e outros. A avaliação foi realizada no dia a dia,
verificando-se a participação do aluno e seu desempenho no decorrer das atividades
propostas, que foram registrados com anotações e verificações do aprendizado a
partir de relatórios e trabalhos em grupos.
Para este trabalho utilizou-se o laboratório de informática como ferramenta
para aprendizagem, de modo para que alunos possam fazer suas anotações
necessárias da pesquisa realizada. A utilização de regras, que deverão ser
respeitada por todos terá como objetivo auxiliar o desenvolvimento dos alunos, para
que eles sintam-se motivados a compreender a importância desses conteúdos
básicos da Matemática Financeira, para que possam refletir e por em prática em
situações que exijam a tomada de decisões.
Um momento importante a ser considerado durante o trabalho docente com
relação ao processo de ensino e aprendizagem é o da avaliação.
Durante o processo educativo, deve-se diagnosticar a aprendizagem dos
educandos para que o professor possa verificar se houve ou não o rendimento de
forma que encontre recursos para repensar sua prática pedagógica. Na avaliação,
segundo as Diretrizes Curriculares da Educação Básica da Disciplina de matemática
do Estado do Paraná ( 2008, pág. 31), relata que esta se concretiza de acordo com o
que se estabelece nos documentos escolares como o Projeto Político Pedagógico e
mais especificamente a Proposta Pedagógica Curricular e o Plano de Trabalho
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Docente. Nestas Diretrizes propõe-se formar sujeitos que construam sentidos para o
mundo, que compreendam criticamente o contexto social e histórico de que são
frutos e que, pelo acesso ao conhecimento, sejam capazes de uma inserção cidadã
e transformadora na sociedade.
A avaliação se dará de forma progressiva e contínua, buscando verificar a
aprendizagem dos alunos mediante a valorização dos conhecimentos alternativos
dos estudantes que forem construídos no decorrer das aulas; as realizações das
atividades escritas e pesquisadas; os relatórios elaborados individualmente e em
grupo; as apresentações dos trabalhos elaborados e nas mudanças de atitudes em
seu cotidiano com relação ao consumo e economia nas compras; enfim, economia
nas finanças domésticas e pessoais, sendo sujeito transformador, contribuindo para
a melhoria de sua vida e da sociedade.
3.1 ETAPAS DA IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO
O projeto foi implementado em cinco etapas. Os desenvolvimentos das
mesmas ocorreram nos meses de julho a dezembro de 2011.
A 1ª etapa foi desenvolvida em duas aulas, onde realizaram, no laboratório
de informática do colégio, inúmeras pesquisas na internet referente ao Sistema
Monetário Brasileiro com objetivo de conhecer sua história e o surgimento da
matemática financeira.
As pesquisas realizadas possibilitaram aos alunos encontrar importantes
aspectos da história como relata um dos alunos participante,
a aula na sala de informática é legal, e foi muito importante e interessante para nós, pois nunca tinha estudado sobre moedas e prestado a atenção os tipos de bichos que aparecem no reverso da moeda. (ALUNO, 2011).
Com isso, podem-se verificar os nomes dos animais que aparecem no
reverso e seu respectivo valor.
R$ 1 – beija-flor, R$ 2 – tartaruga de pente, R$ 5 – garça, R$ 10 – arara, R$ 20 –
mico-leão dourado, R$ 50 – onça pintada, R$ 100 – garoupa
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Figura 1: Fonte: http://www.oragoo.net/quais-sao-os-animais-que-estao-nas-cedulas-de-real/
A 2º etapa teve um total de três aulas. Foram abordados os conteúdos de
Porcentagem, com variados exemplos práticos aplicados em nosso cotidiano, houve
questionamentos e comentários do professor e dos alunos, na intenção de
responder a pergunta “qual importância do estudo da porcentagem em nossa vida?”
A maioria dos alunos, disse que é fundamental entender e aplicar os cálculos de
porcentagem, pois está no comercio, nas compras e nas liquidações de lojas.
Para aprimorar o domínio do processo de cálculo de porcentagem, propôs-
se uma coleta de panfletos de propagandas e com o objetivo de construir situações
problemas com diversos enfoques, como o cálculo dos juros embutidos nas compras
a prazo e os descontos em compras à vista.
É mais vantajoso para o comprador pagar à vista ou a prazo? Na resolução
das situações problemas pode–se observar a grande dificuldade da maioria dos
alunos em responder corretamente ao problema proposto, porém alguns
demonstraram ter um bom conhecimento de porcentagem e desconto. Com o
desenvolvimento das situações problemas os alunos, relacionando as duas
possibilidades de resolução, construíram-se tabelas de comparação onde se pode
verificar que estrategicamente as lojas imprimem com destaque a quantidade de
parcelas e o valor mensal a fim de atrair o cliente para compra e que o valor total a
prazo fica registrado com menor destaque.
Observamos também que geralmente as lojas dão a proposta de 10 vezes
muitas pedem uma entrada mais 9 parcelas mensais, porém os juros incidem sobre
o valor total sem considerar que a primeira parcela, correspondente a entrada não
podemos calcular juros por se tratar de um pagamento à vista.
Os alunos realizaram comparações entre economizar e comprar a vista ou
fazer compras parceladas e quais eram os itens de maior necessidade, se são
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realmente necessários ou apenas por consumismos, vindo gastar um valor
considerável com juros. E despertaram a importância dos cálculos da matemática
financeira, pois teve a necessidade da aprendizagem de outros conteúdos como:
regra de três ou pela proporção matemática, juros simples e compostos,
desenvolvidos na etapa seguinte.
Na 3ª e 4ª etapas nas aplicações de juros, os alunos disseram que quando
vão comprar a prazo geralmente eles dão esta opção de dar uma entrada e
parceladas as demais, mas as vezes disseram que não fazem as contas para ver a
diferenças do preço a prazo e alguns alunos comentou que não sabiam que tinha
juro embutidos nas prestações, e somente dois alunos disseram que já tinha noção
de como calcular os juros. E um aluno pergunta para o professor a diferença de
juros simples do juro composto? O professor responde: o uso dos juros (simples ou
composto) depende do período que o capital vai ser utilizado se num único período
(simples) ou se em vários períodos e em cada um dos períodos são cobrados juros
sobre o montante anterior (composto - são os populares juros sobre juros). E o juro
um atributo de uma aplicação financeira, ou seja, referimos a uma quantia em
dinheiro que deve ser paga por um devedor (o que pede emprestado), pela
utilização de dinheiro de um credor (aquele que empresta).
Elementos importantes na matemática financeira:
Capital (C): é a quantia em dinheiro investida ou emprestada.
JUROS (J): Quando uma pessoa realiza um empréstimo no banco, ela deve pagar,
além da quantia emprestada, um valor a mais, correspondente ao juro, isto é, um
tipo de “aluguel” pelo período em que o dinheiro ficou emprestado.
JUROS SIMPLES: O juro é simples quando é gerado, durante o prazo de aplicação,
exclusivamente com base no capital inicial. Mais utilizado quando o prazo é
pequeno.
JUROS COMPOSTOS: O juro composto é um sistema de juro sobre juro, que é o
que ocorre na maioria das transações comerciais, compensações em dinheiro pelos
empréstimos financeiros de cada período. É o tipo de juro mais utilizado.
TAXA DE JURO (i): porcentagem que se recebe de rendimento em um investimento
ou que se paga pelo empréstimo de certa quantia “aluguel” do dinheiro.
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TEMPO (T): período em que se investe empresta certa quantia, podendo ser dado em dias, meses, anos etc.
MONTANTE (M): soma com o capital com o juro, podendo ser indicado por
(M = C + J).
CONSIDERAÇÕES:
Ano comercial = 360 dias
Mês comercial = 30 dias
Para liquidar uma dívida, Marta pediu R$ 1.000,00 emprestado de uma
financeira e comprometeu a pagá-la depois de 4 meses à taxa de 3% ao mês. No
final do prazo, ocorreu um problema: o valor calculado por Marta não coincidia com
o valor calculado pela financeira. Veja como cada um calculou Marta e o gerente da
financeira:
Tabela -1 Cálculo de Marta
MÊS CAPITAL( R$) TAXA
(%)
JUROS
SIMPLES(R$) MONTANTE (C+J)
1 1.000 3 0,03x1000=30 M1=1.000+30=1.030
2 1.000 3 2x30=60 M2=1.000+60=1.060
3 1.000 3 3x30=90 M3=1.000+90=1.090
4 1.000 3 4x30=120 M4=1.000+120=1.120
A fórmula deduzida: J =C.i.t M = C + J
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Tabela - 2 calculo do gerente
MÊS
( t )
CAPITAL
( C) (R$)
TAXA
( i ) (%)
JUROS COMPOSTO
( J ) (R$) MONTANTE (M)
1 1.000 3 0,03.1000=30 1.000+50=1.030
2 1.030 3 0,03x1.030=30,90 1.030+30.90=
1.060,90
3 1.060,90 3 0,03x1.060,90=31,82 1.060,90+31,82=
1.092,73
4 1.092,73 3 0,03x1.092,73=32,78 1.092,73+32,78=
1.125,51
Fonte: Elaborado pelo autor, 2011
A fórmula.Final do enézimo mês:
M=1.000,00. (1+0,03). (1+0,03)... (1+0.03)
M = R$1.000,00. (1 + 0.03)t com base nesse conceito a fórmula geral é:
M = C.(1+i)t
Quando um capital é aplicado, emprestamos ou financiamos a uma
determinada taxa, por um determinado tempo, e o montante pode variar de duas
formas diferentes: na capitalização de juros simples ou de capitalização de juros
compostos. Observe que na tabela, Marta utilizou os cálculos dos juros simples,
enquanto que da financeira já utilizou de juros compostos. Para não gerar confusões
é necessário combinar o tipo de juros a ser utilizado.
A experiência deste trabalho foi bastante produtiva, pois o objetivo maior que
era fazer os alunos aprendesse a fazer os cálculos do assunto abordado e a
conscientização de fazê-los ver o quanto pagamos de juros em compras a prazo, e
refletir se compensa ou não.
E na 5ª etapa foi abordada a importância do orçamento familiar realizaram-
se muitas pesquisas, na busca modelo de tabelas de orçamento familiar como nos
esclarece JÚNIOR (2005):
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Por que fazer um orçamento doméstico? Toda pessoa traça sonhos e objetivos na vida. E para que eles sejam realizados e atingidos, sem surpresas durante o percurso, toda família precisa elaborar um Orçamento. Precisa-se lembrar também que não basta apenas equilibrar os ganhos e despesas. É preciso garantir também uma reserva para as emergências. Quais os objetivos de se trabalhar com o orçamento familiar? • Planejar e organizar melhor o futuro de uma família; • Capacitar a família a ter uma visão geral do uso de sua renda, despesas e investimentos; • Manter o orçamento equilibrado (receitas x despesas); • Evitar as comprar feitas por impulso, principalmente não cair nas armadilhas dos crediários e financeiras; • Não deixar que a sua família esteja em dificuldades; • Usar o conhecimento em sala de aula para melhorar a qualidade de vida.
Com o modelo de tabela de orçamento familiar, os alunos completaram a
mesma com o seu orçamento familiar mensal, o que possibilitou a analise dos
gastos em família, surpreendendo em muitos casos, como nos relata
Achei ótimo essa planilha, com certeza irá me auxiliar no controle dos gastos. conversei com meus pais e preenchemos juntos a planilha, e percebemos que tinha mais gastos do que entradas. Daqui pra frente vamos usar esta planilha, se tivesse fazendo o controle, ou seja, usando a planilha talvez a nossa despesas familiar estivessem menores, permitindo ver onde preciso cortar para poupar, coisa que eu não conseguia. O meu pai tem uma micro-empresa e preenchemos juntos a planilha, segundo ele vai ajudar a controlar melhor os seus gastos.
Outra situação proposta aos alunos foi um questionário “Teste de auto
controle2”
1. Quando sai para fazer compras, procura listar o que quer comprar? 2. Registra seus gastos normalmente, faz alguma análise com frequência? 3. Tem hábito de comprar a vista? 4. Deixa-se influenciar facilmente pelos meios de comunicação? 5. Tem hábito de poupar? 6. Tem hábito de trocar algumas ideias, experiências, com amigos, sobre negócios? 7. Lê com certa frequência sobre educação financeira? 8. Ao fazer compras, costuma perguntar-se, é por que quero ou porque preciso? 9. Já foi seprocado ou inadimplente por algum tempo? 10. Gosta de acompanhar o modismo, as novidades? Analise as respostas individualmente, e perceberás até onde vai seu
2 Fonte: PERETI, Luiz Carlos Aprenda a cuidar do seu dinheiro, 2007, pág. 61-62
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conhecimento em educação financeira, sua capacidade de controle e maturidade financeira. Se você respondeu 8 questões afirmativas (sim), você demonstra as características acima, caso seu acerto for abaixo, necessita desenvolvê-las. (PERETI, 2007)
As respostas obtidas do questionário construíram-se a tabela e o gráfico da
turma.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Total Porcentagem
Sim 15 0 10 5 8 5 0 12 4 5 64 32%
Não 5 20 10 15 12 15 20 8 16 15 136 68%
TOTAL DAS RESPOSTAS AO TESTE
DE AUTO CONTROLE
64
136
0
20
40
60
80
100
120
140
160
SIM NÃO
SIM
NÃO
Fonte: Elaborado pelo autor, 2011
Com esta pesquisa pode-se observar que a maioria dos alunos não tem
hábito de controlar as suas finanças, ou seja, não possuem os conhecimentos
necessários da matemática financeira, para equilibrar seu orçamento.
Segundo os comentários dos alunos, acharam muito interessante de fazer
este teste de auto-controle, pois vai ajudar no meu controle financeiro pessoal e
familiar
4 CONCLUSÃO
A implementação do projeto foi desenvolvido em quatorze aulas. O estudo
da Matemática Financeira nas aplicações cotidianas, durante as etapas do
desenvolvimento pode-se observar uma melhora na aprendizagem dos alunos,
despertando em cada um, confiança, motivação e força de vontade em aprender.
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A Matemática Financeira faz uso do cotidiano do aluno, desenvolvendo a
capacidade de solucionar problemas, proporcionando a realização de cálculos
mentais de porcentagens, bem como, observar situações e objetos, abstrair
compreendendo certos limites, demonstrar hipóteses, pesquisar conhecimentos
teóricos e práticos, conhecendo o processo de desenvolvimento e organização da
matemática auxiliando, portanto o desenvolvimento do seu senso crítico.
Para o professor ensinar matemática utilizando-se da Modelagem
Matemática é um grande desafio, pois o conhecimento é construído
simultaneamente com o aluno, pois necessita romper com padrões estabelecidos no
processo de ensino e aprendizagem em que o professor é um mero transmissor de
conhecimento e o aluno é um ser passivo e receptivo.
O projeto possibilitou aos alunos e professores participantes do Grupo de
Trabalho em Rede – GTR, uma aprendizagem concreta com situações do dia-a-dia,
o que favorece a aprendizagem e auxilia na formação do cidadão consciente de seu
papel na sociedade atual.
REFERÊNCIAS:
EID JUNIOR, William. Como fazer o orçamento familiar – São Paulo: Publifolha, 2001. FRANKENBERG, L.: Planejamento financeiro: o caminho para transformar sonhos em realizações. In. Diálogos Akatu: O Consumo consciente do dinheiro e do crédito. – São Paulo: Instituto AKATU, 2006. Disponível: http://www.akatu.org.br/Content/Akatu/Arquivos/file/OConsumoConscienteDinheiroeCredito.pdf Acesso em 10/05/2011. PARANÁ (ESTADO). Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica – Matemática. Curitiba: SEED. 2008. PERETI, Luiz Carlos Aprenda a cuidar do seu dinheiro, 2007, pág. 61-62 SANT'ANA, José Augusto. Matemática Financeira, uma necessidade do cidadão 2008. Disponível em http://www.gestaouniversitaria.com.br/index.php.option=com_content&view=article&id=603:matematica-financeira pesquisado em 15/09/2010 SILVA, Eduardo D.: Gestão em finanças pessoais – Rio de Janeiro: Qualiymark, 2004
16
SOARES, P. R., LEBOUTTE,C.: Educação financeira para família .São Paulo: All Print Editora, 2007. SUEN, Alberto. Matemática Financeira – Curitiba: IESDE BRASIL S.A, 2007.
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