ZWETSCH - Prioridade Comite Pop Rua P4 Consultoria SDH UNESCO
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BINÔ ZWETSCH PRODUTO 4 UNESCO 914-BRZ3010
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO,
A CIÊNCIA E A CULTURA – UNESCO
Secretaria de Direitos Humanos
da Presidência da República
SDH/PR
Relatório 4
PROJETO: 914 – BRZ3010 – “Fortalecimento dos mecanismos de participação e
controle social das políticas públicas de direitos humanos” – UNESCO
Produto 4
Documento técnico contendo proposta de estratégias de priorização e sistematização
das atividades para apoio e monitoramento da instalação de 4 (quatro) comitês locais
e/ou estaduais de acompanhamento da população em situação de rua.
Consultor técnico: Binô Mauirá Zwetsch
Brasília/DF, outubro de 2014
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Siglas
CGDPSR: Coordenação-Geral dos Direitos da População em Situação de Rua
CIAMP-Rua: Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política
Nacional para a População em Situação de Rua
CNDDH: Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos da População em Situação
de Rua e dos Catadores de Materiais Recicláveis
Comitê Pop Rua Local: Comitês Gestores Intersetoriais de Acompanhamento e
Monitoramento da Política Nacional para a População em Situação de Rua nos estados
e municípios
CRDH: Centro de Referência em Direitos Humanos
FIFA: Fédération Internationale de Football Association
INSEA: Instituto Nenuca de Desenvolvimento Sustentável
MDS: Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome
MEC: Ministério da Educação
MinC: Ministério da Cultura
MJ: Ministério da Justiça
MNPR: Movimento Nacional da População de Rua
MTE: Ministério do Trabalho e Emprego
PNPR: Política Nacional para a População em Situação de Rua
PSE: Proteção Social Especial
PSR: População em Situação de Rua
SDH/PR: Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República
SENASP: Secretaria Nacional de Segurança Pública do MJ
SENAES: Secretaria Nacional de Economia Solidária do MTE
UNESCO: United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (Organização
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura)
TR: Termo de Referência
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O Bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Manuel Bandeira,
Rio de Janeiro, 27 de dezembro de 1947.
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Sumário
1. Introdução________________________________________________________ 05
2. Metodologia e análise situacional _____________________________________ 07
3. Proposta de estratégias de priorização das atividades para apoio e monitoramento
da instalação de 04 (quatro) comitês locais e/ou estaduais de acompanhamento da
população em situação de rua ________________________________________ 10
4. Proposta de estratégias de sistematização das atividades para apoio e
monitoramento da instalação de 04 (quatro) comitês locais e/ou estaduais de
acompanhamento da população em situação de rua ______________________ 17
5. Considerações finais ________________________________________________ 18
6. Referências bibliográficas ____________________________________________ 22
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1. Introdução
O presente relatório é composto pelo documento técnico contendo proposta de
estratégias de priorização e sistematização das atividades para apoio e monitoramento
da instalação de 4 (quatro) comitês locais e/ou estaduais de acompanhamento da
população em situação de rua (Produto 4), é resultado da consultoria contratualizada
dentro do Projeto 914BRZ3010 de Cooperação Internacional entre a Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e a Secretaria dos
Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) do Governo Federal do Brasil.
O Projeto 914BRZ3010 intitulado Fortalecimento dos mecanismos de
participação e controle social das políticas públicas de direitos humanos, visa analisar e
propor aperfeiçoamento da participação social da sociedade civil organizada e
movimento social nos espaços de interface com Estado como conselhos, grupos de
trabalho, comitês e conferências.
Como colocado nos Relatório dos Produtos 1 e 2 é atribuição da Secretaria
Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos1 órgão específico da Secretaria
de Direitos Humanos da Presidência da República para dar apoio técnico-
administrativo e fornecer os meios necessários à execução dos trabalhos do Comitê
Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento para a Política Nacional da
População em Situação de Rua (CIAMP-Rua)2, cabe àquele induzir a implementação de
comitês locais, acompanhar as pautas e monitorar os desdobramentos.
O relatório do Produto 3 é referente a sistematização do levantamento das
pautas em discussão nos comitês municipais, estaduais e distrital de acompanhamento
da política voltada para a população em situação de rua, não foi apresentado devido a
necessidade de mais tempo para atualizar a lista de contatos da coordenação dos
comitês municipais, estaduais e distrital, como também foi acolhida a solicitação dos
representantes de ampliar o prazo para responder o questionário, dentre outros
motivos conjunturais, devido as mudanças nas coordenações dos comitês e ao período
da Campanha Eleitoral para cargos do executivo e legislativo dos estados e da União,
1 Segundo o art. 10, parágrafo XVII do Decreto Presidencial n° 8.162, de 18 de dezembro de 2013.
2 Segundo o art. 14 do Decreto Presidencial n° 7053, de 23 de dezembro de 2009.
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que finda em 26 de outubro de 2014. De acordo com os argumentos expostos
anteriormente, será antecipada a entrega do Relatório 4 resultado do processo de
apoio e assessoria descritos no Produto 4.
O trabalho disparado no Produto 3 (do levantamento das pautas locais que
envolveu o apoio ao CIAMP-Rua), foi consubstancial pois tive a oportunidade de
contatar gestores, sociedade civil e movimento social, somando a participação no II
Congresso Nacional do Movimento Nacional da População em Situação de Rua que
mobilizou o Movimento Social para reivindicar políticas públicas para a população em
situação de rua nos municípios e estados.
Outro processo que provocou a aproximação da CGDPSR/SDH/PR com a
realidade local nas capitais, municípios e estados sem Comitê Pop Rua Local foi a
divulgação dos Editais da Secretaria Nacional de Economia Solidária do Ministério do
Trabalho e Emprego e da Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da
Justiça.
Sobretudo, a articulação entre a SDH/PR e o CIAMP-Rua com Comitês Locais da
Agenda de Convergência de Proteção Integral dos Direitos de Criança, Adolescente e da
População em Situação de Rua no Contexto dos Megaeventos3 intermediando a
relação com as referências da Rede Socioassistencial, da Rede de Atenção à Saúde e da
Rede de Garantia de Direitos.
Os Comitês Locais da Agenda de Convergência acolheram a inclusão da pauta
da população em situação de rua, ainda que não tivessem constituídos Comitês
Gestores Intersetoriais de Acompanhamento e Monitoramento da Política para a
População em Situação de Rua Local (Comitê Pop Rua Local), induzindo o processo
para a construção de políticas e comitês estaduais e municipais, diante da hipótese de
ocorrer ações de higienização social e recolhimento compulsório de pessoas e famílias
em situação de rua nas 12 cidades-sedes da Copa do Mundo da FIFA - 2014.
3 A Agenda de Convergência de Proteção Integral dos Direitos de Criança, Adolescente e da População
em Situação de Rua no Contexto dos Megaeventos articula ações intersetoriais e interfederativas do
governo, a sociedade civil e da cooperação internacional com o objetivo de proteger integralmente
crianças, adolescentes, pessoas em situação de rua e com deficiências, por ocasião de grandes eventos
esportivos, culturais ou religiosos. Neste ano, o foco foi foram 12 cidades-sede da Copa do Mundo de
futebol da Fédération Internationale de Football Association (FIFA) no período de 12 de junho a 13 de
julho de 2014.
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2. Metodologia e análise situacional
O percurso para elaboração deste relatório implicou três momentos para
elaboração das estratégias de acordo com os pressupostos da análise situacional do
Planejamento Estratégico Situacional (MATUS, 1993):
a) maior apropriação com o processo de trabalho técnico-político nos
diferentes âmbitos de atuação da Coordenação-Geral dos Direitos da População em
Situação de Rua, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República;
b) análise situacional acerca da conjuntura política do movimento social
organizado da população em situação de rua e os arranjos institucionais favoráveis à
implantação de políticas públicas para este segmento populacional como os fóruns de
diálogo entre sociedade civil e governo;
c) conjuntura dos Comitês Gestores Intersetorais de Acompanhamento e
Monitoramento da Política para a População em Situação de Rua (Comitês Pop Rua
Locais) e iniciativas de grupos de trabalho.
Após cinco meses de trabalho junto a CGDPSR/SDH/PSR eu tive acesso aos
processos de trabalho da equipe, o planejamento, a rotina administrativa, os trâmites
para assinatura do Termo de Adesão e sistematização de informações dos Comitês Pop
Rua Locais produzindo a coleta, catalogação e sistematização de leis, decretos,
portarias, resoluções e contatos dos coordenadores e referências do movimento social
e sociedade civil organizada, deste modo consolidando informações.
No meu ponto de vista, um dos marcos deste ano para planejar a expansão das
ações voltadas para a PSR e a instituição de Comitês Gestores Intersetoriais de
Acompanhamento e Monitoramento da Política para a População em Situação de Rua
(Comitês Pop Rua), foi participar do II Congresso Nacional do Movimento Nacional da
População de Rua, intitulado “O direito a ter direitos”, que ocorreu entre os dias 28 a
31 de maio de 2014, no Pontal do Paraná/PR.
No referido Congresso participaram representantes do Movimento Nacional da
População de Rua (MNPR) e coletivos de pessoas em situação de rua em mobilização
oriundos de 11 (onze) estados das regiões Sul, Sudeste, Centro-oeste e Nordeste do
Brasil de acordo com a organização do evento.
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A organização do evento foi sob responsabilidade dos cinco coordenadores(as)
nacionais do MNPR: Maria Lúcia Santos Pereira (BA), Leonildo José Monteiro Junior
(PR), Anderson Lopes Miranda (SP), Samuel Rodrigues (MG) e Antônia Cardoso Abreu
(DF).
O contato direto com lideranças dos Estados me fez refletir sobre a
necessidade de fortalecer o movimento social como primeiro passo para a instituição
dos Comitês Pop Rua Locais. Da observação participante durante as refeições,
palestras, grupos de trabalho e intervalos eu destaco os movimentos dos seguintes 06
(seis) estados Ceará, Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio
Grande do Norte e Rio Grande do Sul por diferentes motivos que apresentarei a
seguir.
O Estado do Ceará foi representado por apenas duas pessoas, sendo um do
movimento social e outro da sociedade civil. Em contrapartida, mesmo com esta sub-
representação, o Estado nordestino ocupa uma cadeira da sociedade civil pelo Fórum
do Povo da Rua do Ceará, através da representante Fernanda Gonçalves de Souza no
CIAMP-Rua, e participou significativamente na mobilização da sociedade civil no
Comitê Local da Agenda de Convergência através do núcleo local da Pastoral Nacional
do Povo da Rua.
Como resultado desse envolvimento e da pressão do movimento social foi
aprovado a Decreto Estadual n° 31.571, 04 de setembro de 2014, que institui a Política
Estadual e o Comitê Estadual de Políticas Públicas para a População em Situação de
Rua do Ceará.
Em relação ao Espírito Santo, pude conhecer a Rosangela Nascimento do
MNPR-ES que ao fim do Congresso foi eleita Coordenadora Nacional e atualmente
representa o movimento social no CIAMP-Rua, com o Anderson Lopes Miranda do
MNPR-SP como seu suplente.
Já o estado de Minas Gerais foi o precursor da organização do MNPR durante o
Encontro Lixo e Cidadania e segue como referência de articulação, formação política e
incidência política junto aos outros estados e municípios, sendo convidado para
reuniões e seminários de formação. Reelegeu-se na coordenação nacional, está
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representado no Comitê de Monitoramento e Acompanhamento da Política Municipal
para População em Situação de Rua de Belo Horizonte/MG e no CIAMP-Rua.
Tanto no caso do município do Rio de Janeiro quanto do São Paulo é destaque
pelo mesmo motivo: são as capitais com o maior número de pessoas em situação de
rua, São Paulo/SP com 14.478 (Censo da População em Situação de Rua de 2011) e o
Rio de Janeiro/RJ com 5.580 (Censo sobre População de Rua do Rio de Janeiro de
2013).
O MNPR na capital de São Paulo é organizado e com incidência política
considerável e no interior tem tendência de ampliar a organização. O espaço de
reunião do movimento social é a plenária “Fala Rua” e o Fórum Permanente de
Acompanhamento para a População em Situação de Rua de São Paulo. Tal contexto
ficou claro com a grande presença de participantes do estado de São Paulo no
Congresso.
Por outro lado, o Rio de Janeiro mesmo com a segunda maior PSR do Brasil não
teve grande expressão no evento, desde modo, perdendo espaço político e,
consequentemente, não elegendo seu representante na Coordenação Nacional,
declinando, inclusive, da suplência da titularidade do MNPR-SP no CIAMP-Rua. Restou
ao MNPR-RJ expressar na plenária de votação da nova coordenação nacional sua
indignação por não estar mais representado.
Atualmente, os espaços de articulação da sociedade civil são o MNPR-RJ e o
Fórum Permanente da População em Situação de Rua do Rio de Janeiro. No entanto,
não houve mobilização do MNPR-RJ para participação no Congresso e uma das
hipóteses é a conjuntura municipal desfavorável no Rio de Janeiro, haja vista a
denúncia de violações de direitos no Abrigo “Rio Acolhedor” I – Paciência4.
A presença da caravana do MNPR do Rio Grande do Norte trouxe maior
representatividade do nordeste no Congresso, somando a representação da Bahia.
Aliás, o início da organização foi disparado após Seminário com a temática da saúde da
PSR no qual foi palestrante a Maria Lúcia Santos Pereira (MNPR-BA). A liderança José
4 “MP diz que Rio 'tirou' 669 mendigos das ruas para Copa apesar de proibição”, reportagem sobre
superlotação no Abrigo “Rio Acolhedor” I, bairro Paciência, e violação de direitos de pessoas em
situação de rua no município do Rio de Janeiro. Disponível em <http://www.bbc.
co.uk/portuguese/noticias/2014/07/140628_rio_mendigo_wc2014_jp> acessado em 01 de out. de
2014.
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Vanilson Torres, representante do MNPR em Natal/RN, se destacou pelo debate
qualificado, na apresentação de RAP (Rhythm and Poetry) de protesto e pela
capacidade de articulação e mobilização de outras pessoas em situação de rua.
O Fórum Potiguar da População em Situação de Rua foi espaço no qual o
MNPR aprofundou o debate de Natal/RN e outras cidades da região metropolitana e
interior, coordenado pelo Centro de Referência de Direitos Humanos (CRDH),
executado pela Universidade Federal do Rio Grande o Norte (UFRN).
Segundo informações da Fernanda Cavalcanti, coordenadora CRDH de
Natal/RN, o Fórum Potiguar da População em Situação de Rua reúne-se com o MNPR,
a Defensoria Pública, o Ministério Público, Secretaria de Trabalho e Assistência Social,
Secretaria Municipal de Habitação, Regularização Fundiária e Projetos Estruturantes e
Secretaria Municipal da Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
constituindo-se espaço de articulação da sociedade civil com condições reais de
compor o Comitê Pop Rua Local a partir da vontade política do Prefeito e do Governo.
Por fim, o grupo de 08 (oito) pessoas entre PSR e apoiadores/as que veio de
micro-ônibus do Rio Grande do Sul no II Congresso estava em baixo número, porém
teve papel importante na organização do evento. O MNPR-RS ficou responsável pelas
inscrições e compôs o grupo de sistematização das propostas da plenária final.
O movimento social da PSR no RS tem em torno de 20 anos, construiu o
primeiro Jornal de Rua do Brasil – produzido e comercializado por pessoas em situação
de rua – e o MNPR-RS segue ativo e com incidência na política municipal e estadual
nos campos da assistência social, saúde, segurança pública e segurança alimentar.
3. Proposta de estratégias de priorização para instalação de 04 (quatro) comitês
locais e/ou estaduais de acompanhamento da população em situação de rua
Considerando a análise situacional apresentada acima acerca da mobilização da
sociedade civil e do movimento social da PSR, têm-se condições de perceber como ela
incide na constituição de um Comitê Gestores Intersetoriais de Acompanhamento e
Monitoramento da Política para a População em Situação de Rua (Comitê Pop Rua),
tanto de abrangência municipal, estadual ou distrital.
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Até o início de outubro de 2014, estão constituídos por instrumento legal 21
(vinte e um) Comitês Pop Rua Locais, sendo 16 (municipais), 04 (quatro) estaduais e 01
(um) distrital como está descrito na Tabela 1.
No Relatório do Produto 3, em elaboração, serão levantadas as pautas em
discussão, a confirmação daqueles que estão ativos, a periodicidade das reuniões e a
avaliação dos trabalhos. Após, o recebimento dos questionários respondidos, poderei
detalhar e sistematizar a atuação de cada comitê.
Tabela 1: Informações sobre os Comitês instituídos de Acompanhamento e Monitoramento da
Política para a População em Situação Rua por território
N° Nome do Território
Ente da Federação
Nomenclatura do Comitê Instrumento Legal
01 Rio Branco
(AC) Município / Capital
Comitê Gestor de Políticas Públicas para População em Situação de Rua
Decreto nº 1.486, de 09 de julho de
2010.
02 Maceió (AL) Município / Capital
Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento
da Política Municipal para a População em Situação de Rua
Decreto nº 7.199, de 11 de novembro
de 2010.
03 Porto Alegre
(RS) Município / Capital
Comitê Municipal de Enfrentamento à Situação de Rua
Decreto nº 17.111, de 20 de junho de
2011.
04 Vitória (ES) Município / Capital
Câmara Intersetorial de Políticas Públicas para População em Situação
de Rua – CAI POP
Decreto nº 15.070, de 21 de junho de
2011.
05 Niterói (RJ) Município
Comitê Gestor Intersetorial de Planejamento, Execução,
Acompanhamento e Monitoramento de Políticas Públicas do Município
voltadas para a População em Situação de Rua
Decreto nº 10.980, 21 de julho de
2011.
06 Belo Horizonte
(MG) Município / Capital
Comitê de Monitoramento e Acompanhamento da Política Municipal para População em
Situação de Rua
Decreto nº 14.153, de 21 de outubro de 2011, revogou
Decreto nº 14.146, de 07 de outubro
de 2010.
07 Distrito Federal Distrito Federal
Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento
da Política para Inclusão Social da População em Situação de Rua do
Distrito Federal
Decreto nº 33.779, de 06 de julho de
2012.
08 Paraíba Estado Comitê Intersetorial de
Acompanhamento e Monitoramento da Política para Inclusão Social da
Decreto nº 33.164, de 26 de julho de
2012.
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População em Situação de Rua
09 Curitiba (PR) Município / Capital
Comitê de Acompanhamento e Monitoramento das Ações
Concernentes à Política Nacional para População em Situação de Rua
Decreto nº 1.226, de 22 de agosto de
2012.
10 São José (SC) Município
Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento
das Ações Concernentes à Política Nacional para a População em Situação de Rua no âmbito do
Município de São José
Decreto n. 37.196, de 03 de outubro
de 2012.
11 Osasco (SP) Município Comitê Gestor Intersecretarial e
Intersetorial – CGI
Portaria nº 001/2012 da Secretaria de Assistência e
Promoção Social, de 05 de outubro
de 2012.
12 Salvador (BA) Município / Capital
Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento
da Política Municipal para a População em Situação de Rua
Decreto n° 23.836, de 22 de março de
2013.
13 São Paulo (SP) Município / Capital
Comitê Intersetorial da Política Municipal para População em
Situação de Rua na cidade de São Paulo
Decreto nº 53.795, de 25 de março de 2013. Revogou os
Decretos nº 43.277, de 29 de
maio de 2003, e nº 47.553, de 08 de agosto de 2006.
14 Goiânia (GO) Município / Capital
Comitê Gestor Municipal Intersetorial da Política Nacional para
População em Situação de Rua
Decreto nº 2.585, de 23 de abril de
2013.
15 Florianópolis
(SC) Município / Capital
Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Nacional para População
em Situação de Rua
Decreto nº 11.624, de 04 de junho de
2013.
16 Minas Gerais Estado
Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Estadual para a População
em Situação de Rua
Lei Estadual n° 20.846, de 06 de agosto de 2013
17 Ipatinga (MG) Município
Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento
da Política Municipal para a População em Situação de Rua
Lei Municipal nº 3.206, de 08 de agosto de 2013.
18 Juiz de Fora
(MG) Município
Comitê Gestor Municipal Intersetorial da Política Municipal
para a População em Situação de Rua - Comitê Pop Rua
Decreto nº 11.749, de 18 de novembro
de 2013.
19 Recife (PE) Município Comitê Intersetorial de Decreto nº 27.993,
13
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/ Capital Acompanhamento e monitoramento da Política Municipal para População
em Situação de Rua
de 30 de maio de 2014.
20 Bahia Estado
Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Estadual para a População
em Situação de Rua
Lei Estadual n° 12.947, de 10 de
fevereiro de 2014.
21 Ceará Estado Comitê Estadual de Políticas Públicas para a População em Situação de Rua
Decreto n° 31.571, 04 de setembro de
2014. Fonte: Elaboração própria, setembro de 2014.
Acerca da consolidação dos Comitês Pop Rua Locais, para além de uma política
governamental, para convergir em relevante interface socioestatal de debates de
demandas e pactuação de políticas públicas, é possível afirmar que ainda apresenta-se
incipiente, já que do total de 21 (vinte e um) Comitês Pop Rua Locais, apenas 03 (três)
foram aprovados como lei, 17 (dezessete) foram instituídos por decreto e 01 (um) por
portaria (Tabela 1). Destes 21 (vinte e um) Comitês 09 (nove) entes da federação
assinaram o Termo de Adesão com a SDH/PR como estão listados na Tabela 2 abaixo.
Tabela 2: Territórios que assinaram o Termo de Adesão da Política Nacional da População em
Situação de Rua com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República
Nome do Território
Ente da Federação
Data da Assinatura do
Termo de Adesão
Publicação no Diário Oficial da União
01 São Paulo (SP) Município/Capital 28/05/13 10/06/13.
02 Goiânia (GO) Município/Capital 05/04/13 13/05/13.
03 Distrito Federal Distrito Federal 16/04/13 06/09/13.
04 Curitiba (PR) Município/Capital 11/07/13 05/02/14.
05 Sergipe Estado 31/1013 Não publicado no DOU.
06 Maceió (AL) Município/Capital 07/11/13 05/02/14.
07 Juiz de Fora (MG) Município 04/06/14 11/08/14.
08 Porto Alegre (RS) Município/Capital 29/07/14 23/09/14
09 Florianópolis (SC) Município/Capital 08/08/14 23/09/14
Fonte: Elaboração própria, setembro de 2014.
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Outro dado sistematizado foram os Grupos de Trabalho ativos ainda não
incluídos na amostra para envio do Questionário acerca das pautas discutidas dos
Comitês Pop Rua Locais. Do levantamento foram encontrados 03 (três) GTs estaduais
instituídos por decreto no ano de 2014, sendo eles: Grupo de Trabalho Intersetorial –
para a inclusão da População em Situação de Rua do estado de São Paulo, Grupo de
Trabalho Permanente sobre a Política para a População em Situação de Rua do estado
do Espírito Santo e Grupo de Trabalho sobre a Política para a População em Situação
de Rua do estado do Rio Grande do Sul (Tabela 3).
Tabela 3: Territórios com Grupos de Trabalho instituídos sobre a Política para a
População em Situação de Rua
N° Território Ente da
Federação Nomenclatura do
Grupo de Trabalho Instrumento Legal
01 São Paulo Estado Grupo de Trabalho Intersetorial – para a inclusão da População em
Situação de Rua
Decreto n° 60.279, de 21 de março de
2014.
02 Espirito Santo
Estado Grupo de Trabalho Permanente
sobre a Política para a População em Situação de Rua - GTPSR
Portaria n° 047-S, de 19 de maio de 2014.
03 Rio Grande
do Sul Estado
Grupo de Trabalho Política para a População em Situação de Rua
Decreto n°51755, de 25 de agosto de
2014.
Fonte: Elaboração própria, setembro de 2014.
Os referidos GTs são majoritariamente governamentais, têm como convidados
a sociedade civil e o movimento social, porém não tendo representação paritária e têm
por objetivo construir as respectivas Políticas Estaduais para a população em situação
de rua, almejando a constituição de futuros Comitês Pop Rua Locais.
Dos cenários acima apresentados relacionados à análise situacional da
mobilização social acerca da pauta população em situação de rua e a conjuntura dos
Comitês Pop Rua destaco os critérios seguintes para a estratégia da priorização:
a) Participação de coletivo local do MNPR representativa no II Congresso
Nacional do Movimento Nacional da População em Situação de Rua;
b) Movimento social organizado localmente com incidência política;
c) Condições políticas e arranjos político-institucionais favoráveis à pauta
população em situação de rua;
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d) Espaço de diálogo da sociedade civil com o governo como Fórum
Permanente;
e) Constituição de Grupo de Trabalho governamental com participação da
sociedade civil e movimentos sociais que visa à construção de política específica para
população em situação de rua e constituição de Comitê Pop Rua.
Tendo em vista os cinco critérios supracitados, eu apresento abaixo os
argumentos para priorizar os municípios de Natal/RN e Fortaleza/CE, e os estados do
Espírito Santo e Rio Grande do Sul.
Em primeiro lugar destaco o município de Natal/RN, pois o MNPR/RN
participou ativamente do Congresso deste ano, possui o Fórum Potiguar da População
em Situação de Rua, o MNPR-RN está organizado, o CRDH e a UFRN apoiam o MNPR e
o Fórum.
Por fim, a declaração da diretora Edna Luciano de Oliveira, da Diretoria de
Proteção Social Especial, da Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social da
prefeitura de Natal/RN durante o X Encontro Nacional da Agenda de Convergência e
dos Comitês Locais para Proteção Integral dos Direitos da Criança e do Adolescente e
da População em Situação de Rua no contexto dos Megaeventos, realizado nos dias 28
e 29 de agosto de 2014, do interesse em criar coordenação específica para a política
para a PSR em sua secretaria, e o prefeito Carlos Eduardo Alves está disposto a
construir a política municipal e o comitê da política para a população em situação de
rua e assinar o Termo de Adesão, por conseguinte.
Em seguida, indico o município de Fortaleza/CE considerando que o MNPR/CE
é ativo, o Fórum do Povo da Rua do Ceará possui cadeira no CIAMP-Rua e tem
articulação local, inclusive com proposta de trabalho de economia solidária junto a PSR
com recursos do Edital SENAES/MTE n° 002/2014, o município de Fortaleza através da
Assistente Social Maria de Lourdes Gomes Meira Vieira da Célula de Proteção Especial,
da Secretaria Municipal de Trabalho, Desenvolvimento Social e Combate à Fome, no
dia 08/09/2014, demonstrou interesse em construir política municipal, implantar
Comitê Pop Rua e assinar o Termo de Adesão com a SDH/PR.
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A partir do interesse a referida assistente social foi orientada pela
CGDPSR/SDH/PR a ampliar o diálogo com o MNPR-CE e com o Fórum do Povo da Rua,
o que se efetivou em reunião na semana seguinte. Segundo a Maria de Lourdes Gomes
Vieira, ela tem o apoio do prefeito Roberto Cláudio para disparar este diálogo com os
movimentos social e a construção da política municipal e o comitê municipal.
Por fim, como apresentado anteriormente os estados do Rio Grande do Sul e
Espirito Santo já instituíram por Decreto Grupos de Trabalho com o objetivo de
construir as Políticas Estaduais da População em Situação de Rua e dos Comitês
respectivos.
Tal fato por si só já é argumento substancial para priorizar os dois estados.
Porém, soma-se aos GTs a forte articulação do MNPR-RS e do MNPR-ES que resultou
na eleição de ambos para a Coordenação Nacional do MNPR ao fim do Congresso,
ampliando de 05 (cinco) coordenadores/as nacionais para 07 (sete).
Os dois núcleos estaduais do MNPR estão atuando nos Comitês Pop Rua
municipais de Porto Alegre e Vitória ativamente, assim como há representação dos
dois núcleos movimento nos conselhos de assistência social, de saúde e no Comitê
Gestor do Plano “Crack é Possível Vencer”.
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul e a Universidade Federal do
Espírito Santo desenvolvem pesquisas e projetos de extensão junto ao MNPR-RS e
MNPR-ES, no sentido de compreender o movimento social, formação política e apoio
institucional para seminários e audiências públicas.
Cabe ressaltar que Rosangela Nascimento do MNPR-ES atualmente é
representante titular no CIAMP-Rua, sendo Anderson Lopes Miranda do MNPR-SP seu
suplente, e João de Deus Pawlak é o representante suplente de Leonildo José Monteiro
Filho do MNPR-PR representante titular no CIAMP-Rua.
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4. Proposta de estratégias de sistematização das atividades para apoio e
monitoramento dos 04 (quatro) comitês locais e/ou estaduais priorizados de
acompanhamento da população em situação de rua
No transcorrer dos dois meses de interstício entre o Produto 2, em meio ao
trabalho do Produto 3, participei dos últimos três encontros da Agenda de
Convergência de Proteção Integral dos Direitos de Criança, Adolescente e da População
em Situação de Rua no Contexto dos Megaeventos.
O 8° Encontro, em abril de 2014, teve como papel o planejamento das ações do
Comitê Local da Agenda de Convergência e o 9° Encontro em maio do mesmo ano,
mês da véspera da Copa do Mundo, construiu e pactuou protocolos e fluxos da rede
de atendimento para contexto de Megaeventos e o X Encontro em agosto foi
compartilhado o relato de Ações dos Comitês Locais da Agenda de Convergência que
comporão o relatório final, assim como, a deliberação sobre a sua continuidade.
Associado a análise feita no primeiro capítulo sobre o II Congresso Nacional do
MNPR, Pontal do Paraná/PR, o balanço das ações da Agenda de Convergência produziu
um legado para o Brasil e para proteção de crianças, adolescentes e população em
situação de rua. Especialmente, com relação à construção do planejamento,
monitoramento e avaliação que foi decisiva para o balanço positivo da mobilização
nacional com contextos tão diversos e com rede de atendimento mais ou menos
consolidada e articulada.
Um dos aspectos que continuamente se apresentavam quando do atendimento
de demandas de municípios que solicitavam por telefone ou por correio eletrônico
sobre recursos para ações com a PSR, como instituir comitê e como realizar a adesão a
PNPR, percebi a necessidade de apoio institucional ao gestor municipal.
A proposta de estratégia de monitoramento tem como base a experiência
acima descrita. Deste modo, indico a realização de 02 (dois) encontros nacionais com
representantes governamentais, sociedade civil e movimentos sociais dos 21 (vinte e
um) Comitês Pop Rua Locais, sendo o primeiro no semestre e outro no segundo
semestre.
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O primeiro Encontro de Comitês Pop Rua Locais se constitui em espaço de
formação para os comitês em implantação, de troca de experiências e boas práticas
dos comitês já implantados, pactuação de fluxos entre os Comitês Pop Rua Locais e o
CIAMP-Rua, por fim, o segundo Encontro terá por objetivo o monitoramento das
pautas discutidas e sua resolutividade através das ações desenvolvidas, como também,
fortalecimento da participação e articulação das políticas públicas com a sociedade
civil e movimentos sociais, incentivando a paridade para os comitês governamentais
ou que tem maioria de representantes governamentais.
Não menos importante do que os Encontros Nacionais são as viagens a campo
para visitar o território onde os Comitês Pop Rua Locais se reúnem e a rede de
atendimento, de modo apoiar e fortalecer o trabalho realizado localmente coletando
informações qualitativas que possam agregar ao questionário amostral enviado para
os mesmos, complementando e atualizando os dados dos Guias de Serviços para a
População em Situação de Rua.
5. Considerações finais
Foi possível avançar na produção de estratégias de priorização e sistematização
das atividades para apoio e monitoramento dos 04 (quatro) comitês locais e/ou
estaduais priorizados de acompanhamento da população em situação de rua.
De acordo com o cenário construído na análise situacional do Capítulo 1 tive
condições de argumentar a relevância de apoiar e fomentar o fortalecimento dos
movimentos sociais organizados pela sociedade civil e pelas pessoas em situação de
rua. Tão importante quanto o planejamento do orçamento com recursos para políticas
públicas para a PSR é fazer a escuta das demandas sociais e instituir no âmbito dos
municípios e estados interfaces socioestatais para participação do público que será
atingido pelas mesmas políticas públicas.
De fato, os Comitês Gestores Intersetoriais de Acompanhamento e
Monitoramento da Política Nacional para a População em Situação de Rua (Comitês
Pop Rua Locais), previstos no Decreto n° 7053/09, apenas se efetivam localmente por
instrumento legal no município e no estado, destarte, a consecução de discussões,
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planejamento e rubricas no orçamento da União não garantem que cheguem
diretamente para as pessoas em situação de rua no território onde vivem.
Portanto, a articulação entre o CIAMP-Rua e os Comitês Pop Rua Locais é
estratégica para a capilarizar as ações para a PSR, sendo de responsabilidade da
Coordenação-Geral dos Direitos da População em Situação de Rua da SDH/PR o apoio
técnico e administrativo dos trabalhos do CIAMP-Rua.
Ademais, como forma de realçar a importância dos Comitês Pop Rua Locais,
destaco os itens II até VIII, do art. 6°, do Decreto n° 7.053/09, da Política Nacional para
a População em Situação de Rua, que determinam como diretrizes:
II - responsabilidade do poder público pela sua elaboração e
financiamento;
III - articulação das políticas públicas federais, estaduais, municipais e
do Distrito Federal;
IV - integração das políticas públicas em cada nível de governo.
V - integração dos esforços do poder público e da sociedade civil para
sua execução;
VI - participação da sociedade civil, por meio de entidades, fóruns e
organizações da população em situação de rua, na elaboração,
acompanhamento e monitoramento das políticas públicas;
VII - incentivo e apoio à organização da população em situação de rua
e à sua participação nas diversas instâncias de formulação, controle
social, monitoramento e avaliação das políticas públicas;
VIII - respeito às singularidades de cada território e ao
aproveitamento das potencialidades e recursos locais e regionais na
elaboração, desenvolvimento, acompanhamento e monitoramento
das políticas públicas.
O item II coloca como responsabilidade do poder público a elaboração do
financiamento, porém deve ser articulado e integrado entre as políticas federais,
estaduais e municipais (itens III e IV), atento às singularidades e potencialidades de
cada território (item VIII) até porque - como são necessários para a execução a
integração dos esforços do poder público e da sociedade civil – entendo como
prioritário para viabilizar a participação da sociedade civil (item VI) o incentivo e apoio
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à organização da população em situação de rua (VII) não só no âmbito nacional, mas
no âmbito local, com fomento para seminários de formação de lideranças, de
encontros regionais e nacionais da população em situação de rua, congressos locais e
nacionais para avaliação e deliberação dos movimentos sociais compostos por pessoas
em situação de rua e com trajetória de rua.
A base legal acima foi levada em conta como os seguintes critérios que levantei
da análise situacional da conjuntura política e social: a) participação de coletivo local
do MNPR representativa no II Congresso Nacional do Movimento Nacional da
População em Situação de Rua; b) movimento social organizado localmente com
incidência política; c) condições políticas e arranjos político-institucionais favoráveis à
pauta população em situação de rua; d) espaço de diálogo da sociedade civil com o
governo como Fórum Permanente; e) constituição de Grupo de Trabalho
governamental com participação da sociedade civil e movimentos sociais que visa à
construção de política específica para população em situação de rua e constituição de
Comitê Pop Rua.
Operando com estes critérios supracitados apontei como prioridade a
implantação de Comitês Pop Rua nos municípios de Fortaleza/CE e Natal/RN e os
estados do Espírito Santo e Rio Grande do Sul.
Aqui faço duas ressalvas relacionadas a Minas Gerais, São Paulo e Rio de
Janeiro, que estão dentre os estados com maior população em situação de rua. O
estado de Minas Gerais já instituiu o Comitê Intersetorial de Acompanhamento e
Monitoramento da Política Estadual para a População em Situação de Rua, através da
Lei Estadual n° 20.846, de 06 de agosto de 2013, porém sua implantação está em
processo. Para orientar e mobilizar representantes do governo, da sociedade civil e do
movimento social na implementação do referido comitê o Instituto Nenuca de
Desenvolvimento Sustentável (INSEA) desenvolve projeto Articulação para a Defesa
dos Direitos Humanos da População em Situação de Rua com recursos oriundos de
Emenda Parlamentar da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais.
Um trabalho semelhante seria necessário para ampliar a articulação com o
governo do estado e do município do Rio de Janeiro para, posteriormente, implantar o
Comitê Pop Rua. Em primeiro lugar, fortalecer o movimento social e sociedade civil,
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levando-se em conta a população significativa, segunda maior em número absoluto de
pessoas em situação de rua.
O contexto político hoje não é favorável, pois mesmo diante das denúncias de
violação de direitos humanos na assistência social do Ministério Público do Rio de
Janeiro, Universidade Federal do Rio de Janeiro, MNPR-RJ e Fórum Permanente da
População em Situação de Rua do Rio de Janeiro, tanto a prefeitura como o estado não
abriram o diálogo para tanto.
Junte-se ao caso do Rio de Janeiro a necessidade de implantar o Comitê
Estadual Pop Rua do estado de São Paulo, devido ao fato de na cidade de São Paulo e
na região metropolitana estar mais da metade da população em situação de rua.
Mesmo que o município já tenha constituído o Comitê Intersetorial da Política
Municipal para População em Situação de Rua na cidade de São Paulo, é estratégico
integrar ações com o estado de São Paulo.
Porém, o contexto no estado de São Paulo é complexo, no qual são
imprescindíveis reuniões para que o movimento social seja incluído no processo para
sua implantação, até o momento restou apenas os protestos de rua e pouco espaço
para diálogos.
O primeiro passo foi a constituição do Grupo de Trabalho Intersetorial para a
inclusão da População em situação de Rua, através do Decreto Estadual n° 60.279, de
21 de março de 2014, e, atualmente, tramita na Assembleia Legislativa do Estado de
São Paulo o Projeto de Lei n° 520, de 2014, que institui a Política Estadual para a
População em Situação de Rua.
O trabalho desenvolvido para a construção das estratégias para priorização e
sistematização das atividades relacionadas aos Comitês Pop Rua Locais se alinha com a
fala do sociólogo Cláudio Crespo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística na
reunião do CIAMP-Rua, do dia 31/07/14, na qual ele aponta – como argumento para
pautar politicamente os gestores municipais e estaduais – a discussão no âmbito
internacional da construção de indicadores de monitoramento relacionados ao
objetivo número 01 (um) “a erradicação da extrema pobreza e da fome” dos 08 (oito)
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Objetivos do Milênio para o Desenvolvimento, do Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD)5.
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