ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE HISTÓRIA, DIREITO E SERVIÇO SOCIAL ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL NO MUNICÍPIO DE UBERABA FRANCA 2008

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE HISTÓRIA, DIREITO E SERVIÇO SOCIAL

ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA

A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL NO MUNICÍPIO DE UBERABA

FRANCA 2008

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ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA

A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL NO MUNICÍPIO DE UBERABA

Dissertação apresentada à Faculdade de História, Direito e Serviço Social da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de Franca, para obtenção do título de Mestre em Serviço Social. Área de Concentração: Serviço Social Trabalho e Sociedade. Orientadora: Profa. Dra. Maria Ângela Rodrigues de

Andrade.

FRANCA 2008

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Barbosa, Zélia de Oliveira A história do Serviço Social no município de Uberaba / Zélia de Oliveira Barbosa. –Franca : UNESP, 2008 Dissertação – Mestrado – Serviço Social – Faculdade de História, Direito e Serviço Social – UNESP. 1.Assistentes sociais – Uberaba (MG). 2.Serviço social –

História. CDD – 361.981

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ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA

A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL NO MUNICÍPIO DE UBERABA

Dissertação apresentada à Faculdade de História, Direito e Serviço Social da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de Franca, para obtenção do título de Mestre em Serviço Social. Área de Concentração: Serviço Social Trabalho e Sociedade.

BANCA EXAMINADORA

Presidente: _________________________________________________________ Profa. Dra. Maria Ângela Rodrigues de Andrade.

2º Examinador: ______________________________________________________

3º Examinador: ______________________________________________________

Franca (SP), _____ de ___________________________ de 2008.

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Dedico este trabalho aos Assistentes Sociais

pioneiros do trabalho profissional em Uberaba.

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AGRADECIMENTOS

À minha orientadora, Professora Maria Ângela Rodrigues de Andrade,

pela contribuição, carinho e apoio durante a construção deste estudo;

Aos Professores, Padre Mário José Filho e Cirlene Ap. Hilário da S.

Oliveira, pelas contribuições dadas através do Exame Geral de Qualificação, que

foram determinantes no aprimoramento da metodologia da pesquisa de campo;

À Gigi e toda a equipe da Pós-graduação da UNESP, pela

disponibilidade e presteza no atendimento;

Aos sujeitos de minha pesquisa, pela disponibilidade, paciência e

contribuição, que foram de fundamental importância para a construção deste

trabalho;

À minha família, principalmente aos meus filhos (Marcus Vinícius e

Rodrigo), minha mãe (D. Aparecida) e o Geraldo pela compreensão e apoio durante

todo o período que dediquei a este estudo;

À tia Ge, pela acolhida em sua casa, por várias vezes, em minhas idas a

Franca;

Aos colegas de trabalho do CAISM, principalmente, ao Joel, Cecília,

Aparecida Beatriz, Hilza, Kelle e toda a equipe da Mastologia, pela tolerância às

minhas ausências, tão necessárias para a concretização deste estudo;

Por fim, às amigas, Mirna e Zenaide, pela contribuição dada na

realização da pesquisa de campo.

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BARBOSA, Zélia de Oliveira. A história do Serviço Social no município de Uberaba. 2008. 135 f. Dissertação (Mestrado em Serviço Social) – Faculdade de História, Direito e Serviço Social, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Franca, 2008.

RESUMO

O presente estudo tem por finalidade conhecer a história do Serviço Social no município de Uberaba, através das memórias dos profissionais que iniciaram o trabalho profissional na cidade, possibilitando conhecer quem foram os primeiros assistentes sociais do município e como foi o trabalho profissional deles. Propõe-se, ainda conhecer o perfil dos Assistentes Sociais de Uberaba, na atualidade. Para tanto, utilizou-se de informações colhidas dos questionários aplicados a todos os profissionais residentes no município. Palavras-chave: Serviço Social – Uberaba. Serviço Social – história. Assistentes

Sociais – Uberaba.

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BARBOSA, Zélia de Oliveira. The history of Social Service in the city of Uberaba. 2008. 135 f. Dissertation (Master's Degree in Social Service) - Faculty of History, Law and Social Service, University State Paulista "Julio de Mesquita Filho," Franca, 2008.

ABSTRACT

The study at hand has as an objective know the history of the social service in the city of Uberaba. Through memories of the Social Workers that initiated the professional work on the city. Therefore, it is proposed to know who were the first assistants, where they are today and how was their professional work. Our objective is to tell a story through the mosaics, that the speeches represent. And so, contribute to the construction of the history of the career in the city, immortalizing the memory of those who helped built the history told today and materialize this history, through this study, aiding with the local congeries of the social service career in Uberaba. Keywords: Service - Uberaba. Service - history. Social Assistants - Uberaba.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..........................................................................................................11 PARTE 1 ...................................................................................................................15

CAPÍTULO 1 O SERVIÇO SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS NO CONTEXTO SOCIAL BRASILEIRO.......................................................................15

CAPÍTULO 2 O UNIVERSO DA PESQUISA: O MUNICÍPIO DE UBERABA ..........27

2.1 Caracterização do município ...............................................................................27

2.2 Uberaba, um pouco de história. ..........................................................................32

2.3 A religião como aliada na assistência aos pobres...............................................38

2.4 A política pública de assistência social no município de Uberaba.......................44

CAPÍTULO 3 RECOMPONDO A HISTÓRIA ATRAVÉS DAS MEMÓRIAS.............45

3.1 Questões da pesquisa.........................................................................................45

3.1.1 histórico da formação profissional dos sujeitos da pesquisa. ...........................47

3.1.2 Os pioneiros em seu exercício profissional no município de Uberaba .............59

3.1.3 As demandas para a profissão no município....................................................62

3.1.4 A organização da categoria enquanto classe...................................................67

3.1.4.1 O surgimento da Associação dos Assistentes Sociais de Uberaba como

resposta ao movimento organizativo da categoria ....................................................76

3.1.5 A expansão do serviço social no município......................................................84

3.1.6 Outras questões pertinentes ............................................................................86

PARTE 2 ..................................................................................................................87

A CARACTERIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE UBERABA NO ANO DE 2007 87 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................96

REFERÊNCIAS.........................................................................................................99 APÊNDICES ...........................................................................................................103 Apêndice A - Termo de Consentimento e Esclarecimento ................................105

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Apêndice B – Questionário...................................................................................106

ANEXOS .................................................................................................................107 Anexo A – Estatuto da Associação dos Assistentes Sociais de Uberaba .......108 Anexo B – Diretorias da Associação dos Assistentes Sociais de Uberaba.....121

Anexo C – Artigo de Jornal “Ao povo de Uberaba” (06/maio/1983)..................125 Anexo D – Documento referente aos Anais do I Encontro dos Assistentes

Sociais em Uberaba – 1990.................................................................126 Anexo E – Relação dos Profissionais que participaram do I Encontro de

Assistentes Sociais de Uberaba ........................................................127 Anexo F – Carta à população – referente à Lei que regulamenta a Profissão.......128 Anexo G – Artigo de Jornal: Prática ilegal da profissão....................................129 Anexo H – Ofício da AASU à Secretária de Trabalho e Ação Social.................130

Anexo I – Carta ao Reitor da UNIUBE..................................................................131 Anexo J – Carta aos profissionais pelo Dia do Assistente Social ....................132 Anexo L – Certificado de participação no Plano de Participação Popular.......133

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INTRODUÇÃO

O presente estudo, de caráter qualitativo, tem por finalidade a reconstrução

da trajetória da história do Serviço Social no município de Uberaba, buscando suas

particularidades impostas e construídas no contexto histórico e econômico do

município.

Propõe contribuir com a memória do exercício profissional, para valorizar os

pioneiros e a participação destes, como protagonistas do processo histórico da

profissão no município. Nessa direção, pode-se dizer que o cenário atual da

profissão é resultante, também, das incessantes lutas por esses profissionais

pioneiros, dos quais, alguns já não se fazem mais presentes, mas que foram

importantes para a construção de projetos e sonhos que, hoje, são realidade. Por

isso, também, a preocupação em registrar a história, enquanto temos quem a conte

da forma mais verdadeira possível. Acreditamos também, que esse estudo, possa

oferecer elementos para outras pesquisas ou estudos direcionados para essa

temática.

Propõe, ainda, conhecer o perfil dos profissionais residentes em Uberaba no

ano de 2007, de forma a contribuir com a reflexão acerca da realidade vivida por

eles, destacando algumas particularidades resultantes da relação entre a vida

objetiva e subjetiva do sujeito coletivo, podendo ser determinante na construção de

saberes e visão de mundo, que refletem na vida profissional.

Este estudo, construído à luz da pesquisa qualitativa, mas que também, em

dado momento, quantifica, ao traçar o perfil da categoria, está dividido em duas

partes, sendo que a primeira compõe-se de três capítulos. O primeiro, apresenta a

história do Brasil, situando o surgimento e desenvolvimento do Serviço Social, de

forma a possibilitar uma melhor compreensão da trajetória histórica do Serviço

Social, no município de Uberaba. Para tanto, fez-se uma síntese dos fatos mais

relevantes na história do Brasil, considerando os aspectos econômicos e políticos

decisivos para a política social brasileira. Esse breve passeio pela história do Brasil

possibilitou identificar, no contexto, a trajetória histórica do Serviço Social, facilitando

a compreensão da realidade política e social vivida localmente, já que o município é

parte dessa conjuntura política e social brasileira.

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O segundo capítulo, trata do universo da pesquisa. Apresenta-se aqui, a

história de Uberaba desde o seu surgimento, até a atualidade. Aqui, procurou-se

contar a história com certa riqueza de detalhes, de forma a deixar uma contribuição

para os pesquisadores, sobre a História de Uberaba, dada a dificuldade de se

encontrar registros acessíveis para esse estudo.

No terceiro e último capítulo da parte um, apresenta-se a pesquisa, que foi

realizada junto aos dez sujeitos, que foram identificados entre os profissionais

residentes em Uberaba, como pioneiros do exercício profissional no município.

Por último, como parte dois, encontra-se a apresentação da pesquisa que

busca conhecer a caracterização dos profissionais residentes em Uberaba na

atualidade, cujos resultados e análises são demonstrados a partir da exposição em

gráficos, mostrando os dados sobre a identificação, e sobre os principais espaços

sócio-institucionais ocupados por eles.

Como justificativa para a escolha e o interesse por este tema, podemos dizer

que tem a ver com o nosso envolvimento político em defesa da categoria, já

manifesto desde o início do trabalho no município de Uberaba, no do final da década

de 1980, mais precisamente, em meados de 1988. Embora nossa trajetória

profissional esteja vinculada ao campo da Saúde, sempre nos dedicamos,

concomitantemente, às ações e atividades em defesa da classe e fortalecimento do

projeto ético-político profissional, o que justifica nossa participação em todas as

diretorias da Associação dos Assistentes Sociais de Uberaba e, nas duas últimas

gestões, do Conselho Regional de Serviço Social de Minas Gerais.

A seguir, vamos apresentar os passos metodológicos da pesquisa realizada,

a qual possibilitou conhecer os pioneiros e sua história profissional, que passa a

compor a história da profissão no município de Uberaba.

Metodologia da pesquisa:

Com o objetivo de conhecer o Serviço Social no município de Uberaba e,

mais especialmente, recuperar a memória histórica do Serviço Social neste

município, construímos nossa pesquisa de campo.

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MINAYO, (2003, p. 16), define metodologia como o “caminho do pensamento

e a prática exercida na abordagem da realidade. (...)”, e pesquisa como “a atividade

básica da Ciência na sua indagação e construção da realidade”.

Para melhor compreender a investigação que aqui propomos, vale lembrar

em MINAYO, que “as questões da investigação estão relacionadas a interesses e

circunstâncias socialmente condicionadas. São frutos de determinada inserção no

real, nele encontrado suas razões e seus objetivos.”

Para consistência do pensamento no processo de compreensão do objeto a

ser pesquisado: A história do Serviço Social no município de Uberaba, o primeiro

passo no caminho da investigação, foi o de identificar os sujeitos de nossa pesquisa

em meio aos profissionais do município. Para tanto, decidimos por aplicar um

questionário a todos os Assistentes Sociais do município, que foram graduados até

julho de 2006, e ainda aos profissionais aposentados. Optamos pelo questionário

semi-estruturado, com questões fechadas e abertas, para atender o interesse da

pesquisa. Este foi cuidadosamente elaborado, de forma a coletar dados, suficientes

para identificar os assistentes sociais pioneiros no exercício profissional em Uberaba

e/ou os que estão há mais tempo no município, de forma a contribuir com a pesquisa

que tem como objetivo principal, a recuperação da memória do Serviço Social no

município de Uberaba. O questionário trás também campos que, informa os dados

necessários para conhecer o perfil profissional dos Assistentes Sociais da cidade de

Uberaba.

Para a aplicação dos questionários, contamos com o apoio de um profissional

Assistente Social, Mirna N. S. Souza, por tratar-se de um número maior de

profissionais, para possibilitar a aplicação do questionário de forma individualizada,

sem prejuízos à pesquisa. Esta fase da pesquisa, durou cerca de seis meses, entre

o primeiro e o último questionário aplicado. A maior dificuldade encontrada, nesta

fase, foi a de localização de endereços dos profissionais, principalmente daqueles

que não estavam no exercício profissional. Existiam, também, aqueles que já haviam

mudado de endereço, dificultando a localização. Como sugestão da própria Banca

de Qualificação, buscamos o apoio do Conselho Regional de Serviço Social

(CRESS), 6ª Região, com Sede em Belo Horizonte, Minas Gerais, para ter acesso

aos endereços dos profissionais vinculados a esse Conselho. Solicitamos portanto,

que nos fosse encaminhado uma lista, com os nomes e endereços dos Assistentes

Sociais residentes em Uberaba. Esse material demorou a chegar em nossas mãos,

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pois precisou ser avaliado pelo Setor Jurídico do CRESS, para sua liberação.

Precisava-se avaliar a permissão para o repasse de tais informações. Contudo,

passados aproximadamente três meses da solicitação, recebemos o documento

(com nome e endereço residencial), o qual, para nossa frustração, não arrolava

todos os profissionais que aqui residiam. Constatamos que alguns deles,

principalmente os que migraram de cidades vizinhas, ainda mantinham, junto ao

CRESS, os endereços de origem. Apesar disso, conseguimos aplicar o questionário

a 110 profissionais. A relação informada pelo CRESS continha 116 nomes de

profissionais. Destes, 96 responderam ao questionário e 20 não responderam. Dos

vinte que não responderam, quatro se abstiveram de responder, 09 já não residiam

mais na cidade e 07 não conseguimos localizar. O questionário foi aplicado a 110

profissionais, o que significa que 14 não estavam na lista do CRESS. Para localizá-

los, buscamos o apoio da Associação dos Assistentes Sociais de Uberaba (AASU),

através do cadastro dos Associados. A AASU mantém um cadastro de quase todos

os Assistentes Sociais do Município, além de disponibilizar, num Site1, informações

dirigidas aos profissionais do município.

A partir dos dados colhidos pelos questionários aplicados, num total de 110,

identificamos os profissionais que participaram da história inicial do Serviço Social

no Município de Uberaba, que passaram, então, a fazer parte da construção da

segunda fase da pesquisa de campo.

Segundo Dalbério (2004, p. 177), “o método histórico busca informações no

passado para entender o presente e forjar uma nova realidade no futuro”. Este

método contribuiu para a pesquisa, como técnica na busca investigativa, através de

entrevistas, ao envolvermos sujeitos que vivenciaram ou tiveram, de alguma forma,

contato com a história inicial do Serviço Social no Município de Uberaba.

Dos cento e dez Assistentes Sociais que responderam ao questionário,

identificamos dez, como pioneiros do exercício profissional no município e que

também se destacaram na ordem cronológica do início do exercício profissional no

município. Consultados sobre a possibilidade de participar desta pesquisa, todos

concordaram em contribuir com o nosso estudo. Optamos neste momento, pela

técnica da entrevista e, como instrumento para registro, utilizamos um gravador,

sendo, posteriormente, transcritas as falas de forma rigorosa.

1 Cf. Associação dos Assistentes Sociais de Uberaba on-line.

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PARTE 1

CAPÍTULO 1 O SERVIÇO SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS NO CONTEXTO

SOCIAL BRASILEIRO

Ao se propor falar sobre a história do Serviço Social, seja em qualquer ponto

do País, precisa-se conhecer suas origens no Brasil. Sem esse aporte da história,

não se tem a compreensão da totalidade e do presente. Assim, cabe aqui localizar

onde principia essa história e os fatos mais relevantes ao seu surgimento e

trajetória. Apesar da riqueza contida na história que deu origem ao Serviço Social,

serão pontuados alguns trechos e conteúdos mais relevantes que compõem a

história do Serviço Social no Brasil, considerando os aspectos políticos,

econômicos e sociais determinantes para os rumos da profissão, na atualidade.

Esta visita à história do Serviço Social brasileiro se faz necessária para melhor

situarmos o contexto do objeto a ser estudado.

Para apresentar este cenário, destacar-se-á também, na história do Brasil,

as políticas sociais a partir da emergência do processo de industrialização do país,

principalmente a partir de 1930, quando do surgimento do Serviço Social no Brasil.

Destacam-se, elementos importantes que antecederam o período e foram

determinantes no curso da História, inclusive do município de Uberaba, que se

desenvolve juntamente com o Brasil, à luz de sua política econômica e social,

como se verá mais à frente.

Sobressai, como marco teórico deste percurso, o período de transição entre

o regime monárquico e a implantação da República Federativa do Brasil, em 1889,

decisivo para a seqüência da história. Contudo, tanto o primeiro presidente,

quanto seus sucessores, mantiveram os privilégios às elites dominantes, ficando o

povo sem direito a qualquer forma de participação efetiva, como propõe uma

república. A mudança de regime não se preocupou em minorar os sofrimentos das

camadas mais baixas da população. Sua fragilidade fortaleceu os problemas que

afetaram a economia do País. Mesmo com a produção farta na agricultura e os

produtos escoados no mercado externo, com o café como destaque, o país

continuava importando mais do que conseguia vender. A dívida com a Inglaterra

crescia e o governo não tinha mais recursos para investir, igualmente, no

desenvolvimento de todas as regiões do país. Passou-se a privilegiar as áreas que

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mais contribuíam para as exportações. Neste sentido, a desigualdade no processo

de desenvolvimento do País apresentava-se, também, geograficamente - o que

permanece até os dias de hoje. O centro-sul foi privilegiado com os recursos

destinados a fortalecer a balança comercial. Registrou-se, já na última década do

século XIX, franca decadência da economia nordestina baseada na produção de

açúcar e cacau.

Após esse período, começaram os investimentos em obras de infra-estrutura

como estradas de ferro, redes de telégrafos, entre outras.

No campo das políticas sociais, viu-se muito pouca preocupação pelos

sucessivos governos republicanos, apesar de terem sido eleitos pelo voto direto

até 1930, lembrando que mulheres e analfabetos eram excluídos do direito ao voto.

A cultura e exportação do café foram decisivas na política econômica do

país, o que levou a uma concentração em terras mais férteis e ao atraso no

processo de industrialização, produzindo um crescente número de desempregados

como forma de reduzir os salários e aumentar a exploração. Como diz Martinell i

(1997, p. 29) ao definir o capitalismo na vertente do pensamento marxista, “o

capital é uma relação social e o capitalismo um determinado modo de produção,

marcado não apenas pela troca monetária, mas essencialmente pela dominação

do processo de produção pelo capital.” Assim, esse grande número de

desempregados – “determinantes do aparecimento de uma nova classe constituída

pelos que nada tinham, exceto a força de trabalho” – sem os meios de produção,

ficava à espera dos detentores do capital, que “representavam apenas uma minoria

da sociedade”.

Foi neste período conturbado que surgiu o Serviço Social no Brasil, numa

sociedade urbano-industrial dos anos de 1930, numa conjuntura característica do

desenvolvimento capitalista marcada por conflitos de classe, pelo crescimento

numérico e qualitativo da classe operária urbana e pelas suas lutas sociais contra a

exploração do trabalho e pela defesa dos direitos de cidadania. O Serviço Social

surgiu com o desdobramento da Ação Social e da Ação Católica da Igreja,

monopólio na formação de agentes sociais especializados.

Iamamoto e Carvalho relatam sobre esse processo:

A implantação do Serviço Social não é [...] um processo isolado. Relaciona-se diretamente às profundas transformações econômicas e sociais [...]. Seu surgimento se dá no seio do bloco católico, que

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manterá por um período relativamente longo um quase monopólio de formação dos agentes sociais especializados, tanto a partir de sua própria base social, como de sua doutrina e ideologia. O Serviço Social não só se origina do interior do bloco católico, como se desenvolve no momento em que a igreja se mobiliza para a recuperação e defesa de seus interesses e privilégios corporativos, e para a reafirmação de sua influência normativa na sociedade. [...]. O Serviço Social começa a surgir como um “departamento” especializado da Ação Social e da Ação Católica, num momento extremamente importante para a definição do papel da Igreja dentro das novas características que progressivamente vai assumindo a sociedade brasileira. (IAMAMOTO, 1998, p. 213, destaque do autor).

Portanto, a Igreja Católica teve sua importância na configuração da

identidade que marca a origem do Serviço Social no Brasil, sendo responsável pelo

seu ideário inicial, seu campo de ação, pelas agências de formação dos primeiros

Assistentes Sociais.

Enquanto o Brasil vivenciava o intenso processo de urbanização e

industrialização, muitos países da Europa já se encontravam muito à frente na

industrialização. As lutas pelos direitos da classe operária já aconteciam de forma

mais organizada, o que garantiu várias vitórias sobre a burguesia.

No Brasil, não havia, ainda, uma legislação trabalhista que amparasse a

classe operária, fazendo emergir constantes conflitos na luta por direitos básicos

como redução da carga horária, melhores salários e condições mais salubres no

ambiente de trabalho.

Compreender todo esse processo de lutas e mudanças requer “compreender

o capitalismo em sua condição de categoria histórica, social e econômica, como

modo de produção associado a um sistema de idéias e a uma fase histórica, tendo

como elemento central o caráter comercial do capitalismo” (IAMAMOTO, 1998).

A partir dos anos de 1930, em que culmina a revolução de 1930 e a

deposição do então Presidente Washington Luís pelo Golpe de Estado, por Getúlio

Vargas iniciou um período caracterizado pelo poder centralizado no Executivo e

pelo aumento da ação intervencionista do Estado. Referente a este período,

identificamos em Silva (1995, p. 24), a citação abaixo: O Estado Novo, então instituído, defronta-se com duas demandas: absorver e controlar os setores urbanos emergentes e buscar nesses mesmos setores, legitimação política. Para isso adota uma política de massa, incorporando parte das reivindicações populares, mas controlando a autonomia dos movimentos reivindicatórios do proletariado emergente, através de canais institucionais, absorvendo-os na estrutura corporativista do Estado.

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Foi nesse quadro político conflituoso que surgiram as primeiras escolas de

formação profissional. O Centro de Estudos e Ação Social de São Paulo (CEAS), em

1932, formou sua primeira turma e, em 1937, no Rio de Janeiro, a segunda. Todas,

inclusive suas sucessoras, foram fortemente influenciadas pela doutrina social da

Igreja Cristã, que marcou a origem do Serviço Social no militantismo católico:

O Serviço Social surge num momento em que o modo de produção capitalista define a sociedade em que a Igreja se insere. É também um momento em que a ideologia das classes dominantes não é mais a da Igreja. Não é mais ela quem cria e difunde ideologia dominante. Esta passa a ser produzida e difundida por outras instâncias da Sociedade Civil e Política, que são monopolizadas e controladas pelos grupos e classes que mantêm o monopólio dos meios de produção. (IAMAMOTO, 2000, p. 230).

Com o "estado de emergência" instituído, aumentaram, ainda mais, os

poderes do Presidente e de seu governo, permitindo, inclusive, invasão de casas,

prisão e expulsão do país às pessoas consideradas contrárias ao regime. Os crimes

políticos passaram a ser punidos com pena de morte. As Forças Armadas passaram

a controlar as forças públicas com a ajuda da Polícia Secreta, especializada em

práticas violentas, como torturas e assassinatos.

A Constituição Federal de 1937 foi inspirada na Constituição Polonesa. Por

isto, recebeu o apelido de Polaca. A Polônia, nessa época, vivia um regime fascista,

autoritário.

Considerando todo o período da história republicana, pode-se dizer que foi na

década de 1930 que as sucessões de crises econômicas mais desgastaram o tecido

político, ocasionando profundas mudanças das políticas econômicas e das formas

de organização do Estado.

As políticas sociais surgem no sistema capitalista monopolista como resposta às

pressões das classes operárias, como forma de reparação aos agravos provocados

pela exploração das forças produtivas e para manutenção do sistema responsável pela

concentração, cada vez maior, da renda em favor dos grupos hegemônicos. Tornava-

se, assim, necessária a manutenção da paz social, via políticas públicas. Grande parte

dessas políticas surgiram no governo de Vargas, período considerado como importante

marco na conquista dos direitos trabalhistas. Porém, com evidente processo

excludente, já que dava direito apenas aos segmentos produtivos.

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Enquanto isso, com a criação das escolas, cresce o número de Assistentes

Sociais formados, predominantemente do sexo feminino. Em 1949, na Sessão Internacional da UCISS, o Serviço Social católico é assim definido: “uma forma de ação social (no sentido moderno e técnico da palavra) que, por métodos técnicos apropriados, baseados em dados científicos, quer contribuir para a instauração ou manutenção da ordem social cristã favorecendo a criação ou o bom funcionamento dos quadros sociais necessários ou úteis ao homem” (AGUIAR, 1995, p. 32, destaque do autor).

Helena Junqueira, pioneira como assistente social e que teve grande

importância na construção da história, afirma:

A partir dos meados da década de quarenta, assumiu o Serviço Social uma preocupação pragmatista, alienada pela metodologia trazida dos Estados Unidos, em razão de considerável intercâmbio (bolsas de estudo e literatura) iniciado com aquele País, como resposta a uma quase ausência de métodos e técnicas na concepção européia do Serviço Social, que então predominava. (JUNQUEIRA apud MARQUES, 1997, p. 73).

As décadas de 1930, 40 e 50 foram períodos básicos na implantação do

sistema industrial brasileiro. Podia-se assistir, nesse período, um crescente aumento

do processo de industrialização e um expressivo avanço do desenvolvimento

econômico, social e político. Esse contexto, sem dúvida, intensificou as relações

sociais, peculiares ao sistema social capitalista.

Nesta citação, Iamamoto identifica onde se apóia o Serviço Social, no início

da formação profissional: O Centro de Estudos e Ação Social de São Paulo (CEAS) é considerado como manifestação original do Serviço Social no Brasil, surge com o incentivo e sob o controle da hierarquia. Aparece como condensação da necessidade sentida por sacerdotes da Ação Social e Ação Católica [...] Seu início oficial será a partir do “Curso Intensivo de Formação Social para Moças” promovido pelas Cônegas de Santo Agostinho, para o qual fora convidada Mlle. Adele Loneaux da Escola Católica de Serviço Social de Bruxelas. Ao encerrar-se o curso, será feito um apelo para a organização de uma ação social visando atender o bem-estar da sociedade. (IAMAMOTO, 1992, p. 168).

Getúlio Vargas iniciou a política de proteção social no Brasil, como política

compensatória para controlar tensões sociais, embora mantivesse um governo

extremamente repressor. Desenvolveu uma importante política social neste período,

visando atender às reivindicações da classe operária. Foi a partir desse Governo

que passou a existir o Ministério do Trabalho, criou-se a Consolidação das Leis

Trabalhistas (CLT), com leis que assegurassem direitos trabalhistas como: Fundo de

Garantia por Tempo de Serviço (FGTS, férias remuneradas, fundos de pensões, etc.

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Contudo, os movimentos sindicais sociais e de esquerda prosseguiram nas

lutas, pagando altos preços pelo combate às desigualdades sociais, efetivação da

democracia e conquista de políticas públicas com direitos iguais de acesso.

O Serviço Social, nesse contexto histórico, alimentava-se do Positivismo -

pensamento funcionalista – identificado, historicamente, como Serviço Social

tradicional, tendo por fim ajustar ou reajustar o indivíduo ou grupos ao meio.

Até meados da década de 1950, o Serviço Social era uma atividade exercida por

especialistas, sem propósito lucrativo pessoal, reforçando o sentido da caridade: O caráter caridoso e altruísta, desinteressado, a ação informada por um humanismo cristão que desconhece as determinações materiais, típicos desses meios, são elementos propícios para a germinação e o aparecimento de vocações. Vocação de servir ao próximo e, atitude não despida de romantismo, de despojar-se de si mesmo para servir à humanidade, que podem ser confundidas com o sentido e conteúdo de classe do Serviço Social. (IAMAMOTO, 2000, p. 233).

A partir da década de 1950, iniciou-se uma inquietação por parte de alguns

profissionais, passando a profissão a reconhecer a necessidade de repensar sua

teoria, postura e métodos. A gênese da reconceituação se deu com as teorias e

tentativas de práticas desenvolvimentistas. A resposta às tentativas resultou em

grande ênfase ao processo de desenvolvimento de comunidade, difundido pela ONU

e Estados Unidos.

Em 1957, o Serviço Social foi reconhecido como profissão. Porém, a

formação profissional não dava condições de desenvolver uma crítica de

consciência.

Esta época foi marcada por forte crise política, que levou à renúncia de Jânio

Quadros, em 1961. João Goulart, vice de Jânio, assumiu a presidência num clima

político delicado, ficando no poder durante o período de 1961/64. Neste período,

houve uma abertura às organizações sociais. Estudantes, organizações populares e

trabalhadores ganharam espaço, causando a preocupação das classes

conservadoras que temiam uma virada do País para o socialismo. Esse receio se

justificava pelo momento histórico em que se vivia o auge da Guerra Fria. Chegou a

causar inquietação, também aos EUA, que se solidarizou aos brasileiros que temiam

um golpe comunista.

As escolas de Serviço Social passaram a dar ênfase ao ensino do

Desenvolvimento de Comunidade. Propunham um trabalho de ajustamento, de

Page 21: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

integração do indivíduo ao seu meio, no qual estaria implícito um juízo sobre esse

“meio” de um todo harmônico, dando a aparência de um sistema estável.

A política desenvolvimentista provocou o empobrecimento da classe

espoliada e sem preocupação, por parte do governo, com o seu bem-estar, ficando

esta sem assistência em saúde, infra-estrutura de saneamento básico, educação,

entre outras necessidades.

Nesse amplo processo da expansão do capitalismo, o Serviço Social

desenvolveu o seu trabalho tendo como base técnica-metodológica o

desenvolvimento de comunidade incentivado pelo setor público como uma estratégia

das políticas anticíclicas para a modernização desenvolvimentista.

Assim, “o eixo teórico-prático da intervenção em organização de comunidade

consistia em melhorar o meio, as condições imediatas, enquanto, nos anos 30,

consistia em mudar o comportamento do indivíduo e da família.” (FALEIROS, 2001,

p. 15).

Com o golpe militar, em 1964, deu-se início ao regime militar (1964-1985) –

passando por cinco governos: Castelo Branco (1964-67), criou os atos institucionais;

Costa e Silva (1967-69), instituiu o AI5; Médici (1969-74), o milagre brasileiro; Geisel

(1975-79), deu início à abertura política; e, finalmente, Figueiredo (1979-85), que

encerrou a era do militarismo com a abertura política. Neste período em que o país

viveu completa repressão e perseguições políticas, o Serviço Social também se

recolheu. Além da repressão política, o País vivia, ao mesmo tempo, uma grande

crise econômica.

Nesse contexto, no interior da profissão, aconteceram encontros que deram

origem ao Documento de Araxá, que representou um dos primeiros momentos

históricos do Serviço Social Brasileiro, com finalidade principal de teorizar a sua

prática de acordo com a sua realidade. A proposta de reconceituação2 surgiu, então,

de alguns profissionais que questionaram a natureza e operacionalização do Serviço

Social. O movimento de reconceituação, tal como se expressou em sua tônica dominante na América Latina, representou um marco decisivo no desencadeamento do processo de revisão crítica do Serviço Social no continente. O exame da primeira aproximação do Serviço Latino-Americano à tradição marxista se impõe como um contraponto necessário à análise do debate brasileiro contemporâneo. O propósito é tão-somente situar aquele movimento na sua gênese, tendo em vista analise posteriormente o tipo de

2 A respeito consultar Silva, M. G. (1983); Silva, O. S. (1995).

Page 22: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

relação com ele estabelecida pela produção brasileira do Serviço Social nos anos de 1980. Preliminarmente, deve ser salientado que o movimento de reconceituação do Serviço Social – emergindo na metade dos anos de 1960 e prolongando-se por uma década – foi, na sua especificidade, um fenômeno tipicamente latino-americano. Dominado pela contestação ao tradicionalismo profissional, implicou um questionamento global da profissão: de seus fundamentos ídeo-teóricos, de suas raízes sócio-políticas, da direção social da prática profissional de seu modus operandi. (IAMAMOTO, 2001p. 205, destaque do autor).

O Serviço Social, desde seu surgimento, desenvolveu-se dentro do

pensamento conservador, do positivismo: A partir das novas condições econômico-políticas criadas com a ditadura militar e sua crise. Aí reside o solo histórico, o “terreno vivo” no qual se tornou possível e se impôs com o socialmente necessária uma renovação do Serviço Social, abrangente e plural, expressa tanto nos campos da pesquisa e do ensino, da organização político-coperativa dos assistentes sociais como no mercado profissional de trabalho. (IAMAMOTO, 2001, p. 202, destaque do autor).

Nessa visão reconceituada, a ação passou a ser inspirada na teoria crítica

marxista, numa visão transformadora em que o Serviço Social percebe o homem

inserido em todo o contexto em que se encontra, sendo ele o agente da própria

história. O Serviço Social latino-americano é sensibilizado pelos desafios da prática social. Sua resposta mais significativa se consubstancia na mais ampla revisão já ocorrida na trajetória dessa profissão, que tem aproximadamente seis décadas de existência. Essa resposta é o movimento de reconceituação. Esse se perfilou, desde o seu nascedouro, como um movimento de denúncia – de autocrítica e de questionamentos societários – que tinha como contraface um processo seletivo de busca da construção de um novo Serviço Social latino-americano, saturado de historicidade, que apostasse na criação de novas formas de sociabilidade a partir do próprio protagonismo dos sujeitos coletivos. (IMAMOTO, 2001, p. 207, destaque do autor).

Sobre o encontro do Serviço Social com o pensamento marxista, hoje, fonte

norteadora da prática profissional e pilar de sustentação do projeto ético político

profissional: Embora o movimento de reconceituação tenha se gestado no bojo da política desenvolvimentista e sido tributário de seus parâmetros teórico-analíticos, já no despontar da década de 1970 passaram a marcar presença no cenário profissional análises propostas com nítida inspiração marxista, abrindo uma fratura com suas próprias produções iniciais. É que se a descoberta do marxismo pelo Serviço Social latino-americano contribuiu decisivamente para um processo de ruptura teórica e prática com a tradição profissional, as formas pelas quais se deu aquela aproximação do Serviço Social com o amplo e heterogêneo universo marxista foram também responsáveis por inúmeros equívocos e impasses de ordem teórica, política e profissional cujas refrações até hoje se fazem presentes. (IAMAMOTO, 2001p. 210, destaque do autor).

Page 23: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

A crise política e as tensões sociais aumentavam a cada dia, até que, no dia

31 de março de 1964, tropas de Minas Gerais e São Paulo saíram às ruas e Jango

deixou o país, refugiando-se no Uruguai. Os militares tomaram o poder. Cassaram

mandatos políticos de opositores ao regime militar e tiraram a estabilidade de

funcionários públicos. Iniciou-se o longo período conhecido como Ditadura Militar -

período da política brasileira em que os militares governaram o Brasil. Essa época

foi de 1964 a 1985. Caracterizou-se pela falta de democracia, supressão de direitos

constitucionais, censura, perseguição política e repressão aos que eram contra o

regime militar. Mas foi, também, um período marcado por forte mobilização popular

de lutas pela liberdade política, redemocratização e pelos direitos sociais.

Abaixo, serão pontuados, em seqüência, os governos militares e alguns fatos

relevantes que marcaram o período exercendo influência por todo o processo

histórico do país:

- Governo Castello Branco (1964-1967) - foi eleito pelo Congresso Nacional, em 15

de abril de 1964. Em seu pronunciamento, declarou defender a democracia, porém

ao começar seu governo, assumiu uma posição autoritária. Estabeleceu eleições

indiretas para presidente, além de dissolver os partidos políticos. Vários

parlamentares federais e estaduais tiveram seus mandatos cassados, cidadãos

tiveram seus direitos políticos e constitucionais cancelados e os sindicatos

receberam intervenção do governo militar. Foi em seu governo que se instituiu o

funcionamento de apenas dois partidos: Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e

a Aliança Renovadora Nacional (ARENA). O primeiro seria de oposição, mas era

controlado; o segundo, representava os militares.

O governo militar impôs, em janeiro de 1967, uma nova Constituição, que

vinha confirmar e institucionalizar o regime militar e suas formas de atuação.

- Governo Costa e Silva (1967-1969) - General Arthur da Costa e Silva - seu governo

foi marcado por protestos e manifestações sociais. A oposição ao regime militar

cresceu no país, com manifestações estudantis e greves de operários, paralisando

fábricas em protesto ao regime militar.

Formada por jovens idealistas de esquerda, a guerrilha urbana se organizou.

Assaltaram bancos e seqüestraram embaixadores para que obtivessem fundos para

o movimento de oposição armada. Em dezembro de 1968, o governo decretou o Ato

Page 24: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

Institucional Número 5 (AI-5). Este foi o mais duro ato do governo militar, pois

aposentou juízes, cassou mandatos, acabou com as garantias do habeas-corpus e

aumentou a repressão militar e policial.

- Governo da Junta Militar (agosto/69-outubro/1969) - por problemas de saúde, Costa

e Silva foi substituído por uma junta militar formada por três ministros do Exército,

Marinha e Aeronáutica – período de extrema violência e combate às manifestações

de esquerda. O governo decretou a Lei de Segurança Nacional que permitia o exílio

e a pena de morte em casos de "guerra psicológica adversa, ou revolucionária, ou

subversiva".

- Governo Médici (1969-1974) - General Emílio Garrastazu Médici - seu governo foi

considerado o mais duro e repressivo do período, conhecido como "anos de

chumbo". A repressão à luta armada cresceu e uma severa política de censura foi

colocada em execução. Jornais, revistas, livros, peças de teatro, filmes, músicas e

outras formas de expressão artística eram censurados. Muitos professores, políticos,

músicos, artistas e escritores foram investigados, presos, torturados ou exilados do

país.

- O Milagre Econômico (1969 a 1973) - período que se destaca na área econômica,

em que o país cresceu rapidamente. O PIB brasileiro crescia a uma taxa de quase

12% ao ano, enquanto a inflação se aproximava dos 18%. Com investimentos

internos e empréstimos no exterior, o país avançou e estruturou sua base de infra-

estrutura. Neste período, foram gerados milhões de empregos. Foi nesta época que

se construiu a Rodovia Transamazônica e a Ponte Rio/Niterói. Sabe-se, porém, que

esse crescimento teve um alto custo para a sociedade brasileira, pois gerou uma

dívida externa muito elevada para os padrões econômicos do País.

- Governo Geisel (1974-1979) - General Ernesto Geisel – neste governo iniciou-se

um lento processo de transição para a democracia. Foi, também, o fim do milagre

econômico. Veio a crise do petróleo e a recessão mundial, que interferiram na

economia brasileira e os créditos internacionais ficaram reduzidos. No campo

político, a oposição começou a ganhar espaço. Geisel acabou com o AI-5, restaura o

habeas-corpus e abre caminho para a volta da democracia no Brasil.

- Governo Figueiredo (1979-1985) - General João Baptista Figueiredo - o processo

de redemocratização foi acelerado neste período. Com Lei da Anistia, concedeu-se o

direito de retorno, ao Brasil, dos brasileiros exilados e condenados por crimes

políticos.

Page 25: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

Os últimos anos do governo militar foram marcados por um alto índice de inflação e

forte recessão. Com isto, a oposição ganhou espaço, surgindo novos partidos,

fortalecendo os sindicatos.

Em 1984, os brasileiros se mobilizaram e participaram do movimento das

Diretas Já. Era o fim do regime militar. Porém, Tancredo Neves, que fora eleito,

adoeceu e morreu antes de assumir o poder. Quem assumiu foi o seu vice, José

Sarney. Em 1988, foi aprovada a nova Constituição Federal do Brasil que eliminou

os rastros da ditadura militar e estabeleceu os princípios democráticos para o país.

O crescente domínio do mercado nos processos econômicos e sociais, a

partir do final da década de 1970, desencadeou novas formas de expressão da

questão social, produzindo efeitos como desemprego, aumento da pobreza e da

exclusão social, a precarização do trabalho e o desmonte de direitos sociais

construídos há mais de um século.

Os antigos mecanismos de proteção social desintegravam-se. Hoje,

predominam políticas sociais residuais, seletivas ou focalizadas na pobreza extrema

como forma de amenizar os impactos destrutivos da nova questão social.

As políticas sociais públicas são linhas ou estratégias de ação coletiva, do

estado e da sociedade de intervenção na realidade, para a concretização dos

direitos de cidadania.

A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa

dos poderes públicos e da sociedade, destinados a assegurar os direitos relativos à

saúde, à previdência e à assistência social, conforme o artigo194 da Constituição

Federal de 1988.

Foi ainda durante o Regime Militar que se iniciou o debate sobre o sistema de

proteção social garantido pelo Estado e o movimento da reforma sanitária ganhou

maior visibilidade. Mesmo com a presença do modelo neoliberal, a força dos

movimentos sociais conseguiu incluir direitos sociais na Constituição de 1988,

auferindo a implantação da seguridade social que, aliás, não chegou a ser um

sistema integrado, pois cada política que compõe o tripé da seguridade é organizada

por lógicas distintas, sendo a Saúde universalista; a Previdência Social, com caráter

de seguro, em que só tem direitos aquele que contribui e a Assistência Social, que

se destina a quem dela necessitar, independentemente de contribuição.

Page 26: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

A Saúde e a Assistência compõem sistemas descentralizados, com gestão

democrática e participativa, com controle social; a Previdência Social mantém uma

política centralizada. O orçamento da seguridade social é garantido pela União,

Estados, Distrito Federal e municípios e pelas contribuições sociais do empregador e

do trabalhador.

Ainda assim, não consegue cumprir o que já está garantido em lei, como é o

caso da saúde. Hoje, todas as políticas sociais buscam respaldo na Constituição

Federal de 1988 e vêm sendo construídas por seguimentos de leis e estatutos, como

Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Estatuto do Idoso, Conselhos de

Diretos, etc., todos com participação do controle social. O Sistema Único de

Assistência Social (SUAS) é um bom exemplo também, com proposta de estruturar,

em todo o País, as ações de assistência social, na perspectiva da universalidade e

proteção social, tendo, como princípio, a substituição do paradigma assistencialista.

O que temos visto nessa política, como fator dificultador para sua implementação e

eficácia, é a forma como os governantes locais têm encaminhado essa política,

usurpando da população seus direitos mais básicos: o da subsistência. Se não

houver a contrapartida do município como se propõe e a composição de equipes

suficientes para a cobertura e atendimento daqueles que dela necessitam, que não

são poucos, então, não há como obter respostas positivas dessa política.

Page 27: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

CAPÍTULO 2 O UNIVERSO DA PESQUISA: O MUNICÍPIO DE UBERABA.

2.1 Caracterização do município

MAPA 1 – Localização do Município. Fonte: Uberaba em dados. Disponível em: (http://www.uberaba.mg.gov.br/uberaba_em_dados_2007).

Uberaba está localizada no Triângulo Mineiro, uma das regiões mais

desenvolvidas do Estado de Minas Gerais, com clima quente, relevo formado por

planaltos, serras e chapadas. Faz fronteira com os municípios de Uberlândia,

Indianópolis, Nova Ponte, Sacramento, Conceição das Alagoas, Veríssimo, Água

Comprida, Conquista, Delta e com o Estado de São Paulo. O Município abrange 5

distritos, com área total de 4.540,51, sendo a área urbana de 256,00 km2 e a área

rural de 4.284,51 km2.

Está situada no entroncamento das rodovias BR-050 e BR-262,

consideradas de integração nacional pela ligação Norte-Sul do País e Leste-

Oeste (Corredor de Exportação – Porto de Tubarão em Vitória/ES à região Centro

Oeste Brasileira).

Distância entre Uberaba e as principais cidades (km):

Page 28: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

MAPA 2 – Localização do Município.

Fonte: Uberaba em dados. Disponível em: (http://www.uberaba.mg.gov.br/uberaba_em_dados_2007).

Cidades Rodoviária Ferroviária Aérea

Belo Horizonte 481 745 353

São Paulo 487 627 480

Brasília 504 557 340

Goiânia 424 537 360

Rio de Janeiro 860 1.032 558

Vitória 1.022 1.425 800

Curitiba 839 1.205 650

Campo Grande 992 1.736 708

Cuiabá 1.151 1.319 980

QUADRO 1 – Distância entre as cidades. Fonte: DNIT - Depto. Nacional de Infra-estrutura de Transporte

Uberaba conta com uma atuante Estação Aduaneira de Interior (EADI),

também conhecida como Porto Seco, que permite a realização de operações de

importação e exportação com custos mais baixos e grande agilidade no

desembaraço.

Page 29: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

População

Crescimento Populacional Ano Nº. Habitantes

2000 252.051(1)

2002 261.457*

2003 265.823*

2004 274.988*

2005 280.060*

QUADRO 2 – Crescimento populacional Fonte: IBGE – Censo 2000. (*) Estimativa IBGE

Aspectos Econômicos

Evolução do PIB de Uberaba e PIB per capita

ano R$ PIB/hab.

1996 1.299.798.028,85 5.539,86

1997 1.493.943.581,31 6.249,45

1998 1.506.391.648,07 6.186,79

1999 1.493.022.641,13 6.021,72

2000 1.748.133.727,28 6.925,40

2002 2.927.742.000,00 11.058,17

QUADRO 3 – PIB Uberaba. Fonte: Fundação João Pinheiro – IBGE

Índices de Infra-estrutura - 98% das vias da cidade são pavimentadas.

- 99% das residências são abastecidas pela rede pública de água.

- 98% das residências são abastecidas pela rede de esgoto.

- 99,97% das casas urbanas ligadas á rede elétrica da CEMIG.

- 98,75% das casas rurais são ligadas á rede elétrica da CEMIG.

- 1 telefone para cada 2,5 habitantes.

- 1 veiculo para cada 2,7 habitantes.

Page 30: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

Educação

Rede de Ensino: Educação Infantil, Ensino Fundamental, Médio e Médio Profissional. Quantidade Federal ¹ Estadual² Municipal ³ Particular²

Escolas 02 40 34 54 Professores 81 1.340 1.534 1.320

Alunos 1.950 30.604 25.191 13.151 QUADRO 4 – Rede de ensino.

Fontes: (1) CFET e FMTM – 2004. (2) 39ª Superintendência Regional de Ensino - 2004 – (3) Secretaria Municipal de Educação – 2004. * Estão incluídos, além dos alunos do ensino médio os de nível técnico e básico do CEFET.

Saúde Em 2004, 15% da receita total do Município foi investida em saúde.

Conta com um Cirurgião Dentista para cada grupo de 323 Habitantes (em dez/04),

Fonte : CRO; um Médico para cada grupo de 333 habitantes (em março / 05), Fonte:

CRM; A mortalidade infantil, em Uberaba, é de 14,2/1000 (2004), no Brasil o Índice é

de 36,1/1000 (1998). Expectativa de vida é de 73 anos.

Escolas Profissionalizantes: 01 Centro Educacional da Juventude (CEJU); 02 Cursos Profissionalizantes

“Aprendendo e Construindo” (CPAC); 03 Fundação de Ensino Técnico Intensivo “Dr.

René Barsan” (FETI); 04 Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI); 05

Serviço Social da Indústria (SESI); 06 Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial

(SENAC); 07 Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR); 08 Serviço Social

do Comércio (SESC); 09 Serviço Social do Transporte (SEST); Serviço Nacional de

Aprendizagem do Transporte (SENAT).

Instituições de ensino superior São nove escolas de ensino superior em Uberaba. Oferecem

aproximadamente, 94 cursos de graduação e 49 de pós-graduação (Lato Sensu e

Strito Sensu):

- Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM);

Page 31: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

- Universidade de Uberaba (UNIUBE);

- Faculdade de Ciências Econômicas do Triangulo Mineiro (FCCTM);

- Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU);

- Centro de Ensino Superior de Uberaba (CESUBE);

- Centro Federal Tecnológico de Uberaba (CEFET);

- Universidade Presidente Antonio Carlos (UNIPAC);

- Faculdade Talentos Humanos (FACTHUS);

- Universidade do Paraná (UNOPAR-EAD).

Agricultura e Pecuária

Uberaba polariza uma região produtora de 3 milhões de toneladas de grãos. A

produção total de grãos do município é de 600.000 toneladas – safra 2004/2005. Em

2003, Uberaba ocupou o 1º lugar na produção de grãos no Estado de Minas Gerais

(fonte: EMATER).

Uberaba é a maior produtora de soja do Estado de Minas Gerais – 104.268

hectares plantados na safra 2004/2005 – produção de 312.804 toneladas –

produtividade de 3.000 kg/ha/ano. Na safra 2003/2004, a área plantada foi de 99.919

ha, produção de 300.000 toneladas e produtividade de 3.000kg/ha/ano. É, também,

a maior produtora de milho do Estado de Minas Gerais – 43.793 ha plantados –

produção de 289.500 toneladas – produtividade de 6.600 kg/ha/ano. Na safra

2003/2004, a área plantada foi de 40.147 ha, produção de 289.000 toneladas e

produtividade de 6.600 kg/ha/ano. Na safra 2003/2004, a área plantada foi de 40.147

ha, produção de 270.000 toneladas e produtividade de 6.725kg/ha/ano.

É o primeiro maior município em exportação avícola de Minas Gerais, sendo

que Uberaba tem o maior produtor (área de 1.100 hectares) e a maior produção de

cenouras do mundo (38.720 toneladas).

O parque Agro-Industrial é responsável por 30% da produção nacional de

fertilizantes e primeiro produtor de adubos fosfatados da América Latina.

A fazenda Pé Forte, de Uberaba, um dos maiores projetos de criação

avestruzes do país, deve superar a barreira dos 12 mil filhotes em 2003,

aumentando em 50% a produção do ano anterior, que já foi recorde: 8 mil filhotes.

Page 32: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

Possui 450 matrizes importadas da Espanha, com previsão de 600 pré-matrizes

para 2004 e 2.000 matrizes para 20063.

2.2 Uberaba, um pouco de sua história:

FOTO 1 - meados de 1930 - Praça Rui Barbosa e Igreja da Matriz. Fonte: Arquivo público municipal

FOTO 2 – Vista central da cidade em 2006. Fonte: Uberaba em dados, disponível em www.uberaba.mg.org.br

O início do povoamento que originou a cidade se deu no século XVIII, por

tropeiros em busca de riquezas. Sua população é formada por descendentes de

portugueses, índios, africanos e, em menor quantidade, de italianos.

3 Fonte: Fazenda Pé Ferro – 2003.

Page 33: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

Esta área, compreendida entre os rios Grande e Paranaíba, ficou sob a

jurisdição da Capitania de Goiás – Capital Vila Boa, até 1816, quando passou para

Minas Gerais. O Triângulo Mineiro era uma área escassamente povoada, ao longo

da estrada que conduzia a São Paulo, como também na região de Araxá,

Desemboque e outros pequenos povoados. A região começou a ter importância

quando Bartolomeu Bueno da Silva – um dos mais importantes bandeirantes a

desbravar o interior do Brasil – conhecido como Velho Anhanguera4, descobriu o

ouro, em Goiás, em 1682. Por ser uma das metas administrativas da Coroa

Portuguesa a exploração dos minerais preciosos, os Governadores da Capitania de

São Paulo e de Minas Gerais articularam a abertura da estrada que desse acesso à

região. Esta missão ficou a cargo de Bartolomeu Bueno da Silva Filho (filho de

Anhanguera). A expedição composta por mais de 150 homens, partiu de São Paulo

em 1722, seguindo, com poucas diferenças, o trajeto original da atual BR

Anhanguera, passando pelos rios Atibaia, Comanducaia, Moji-Guaçu, Rio Grande,

Rio das Velhas, até embrenhar-se por Goiás.

Segundo consta, essa expedição passou pelas terras de Uberaba5, deixando

aberta a estrada que ficou conhecida como Estrada Real ou Anhanguera, a qual foi

um importante caminho para a invasão das autoridades portuguesas no período da

colonização e exploração dos minerais preciosos – uma das maiores riquezas do

Brasil – que foram levados para Portugal e utilizados para pagar dívidas com a

Inglaterra.

A exploração e o povoamento do Triângulo Mineiro não foram diferentes de

todo o Brasil-Colônia. Resultou em amansamento e extermínio de populações

indígenas e dos negros nos quilombos. As estradas para Goiás foram verdadeiras

arenas de batalhas entre exploradores dos sertões e os nativos.

Criou-se, em 1766, o Julgado de Nossa Senhora do Desterro do

Desemboque, sob a administração de Goiás até 1781. O local era rico em minas

auríferas e de intensa exploração. A posse desse Arraial por Goiás foi vantajosa aos

moradores, pois ficaram livres do pagamento de impostos sobre minerais, cobrados

por Minas Gerais.

O Governo de Goiás, continuando com a exploração das terras, para

dinamizar a administração dos Sertões, nomeou Antônio Eustáquio da Silva Oliveira

4 Diabo Vermelho em tupi. 5 Palavra de origem guarani, que significa “água brilhante”.

Page 34: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

para a função de Comandante Regente dos Sertões da Farinha Podre – O Triângulo

Mineiro - e, em 1811, foi nomeado curador de índios.

Várias expedições passaram pelas terras de Uberaba, como a de Major

Eustáquio, em 1810, que liderou uma Bandeira até o Rio da Prata. Outra, chefiada

por José Francisco Azevedo, alcançou a cabeceira do Ribeirão Lajeado, fundando o

Arraial da Capelinha, aproximadamente a 15 km do Rio Uberaba. Mas este local não

se desenvolveu por falta de água e terras férteis. Por conseqüência, o Regente dos

Sertões comandou outra Bandeira com trinta homens, procurando novas terras para

se estabelecer. Atingiu o Rio Uberaba e fixou-se na margem esquerda do Córrego

das Lages, onde construiu a Chácara da Boa Vista [hoje Fazenda Experimental –

Empresa de Pesquisas Agropecuárias de Minas Gerais (EPAMIG)].

Major Eustáquio atraiu fazendeiros e aventureiros que passaram a produzir e

a comercializar na região utilizando as caravanas que ligavam Goiás a São Paulo.

Tempos depois, Major Eustáquio construiu sua residência na Praça Rui

Barbosa (onde, hoje, se localiza o Hotel Chaves). Grande número de pessoas,

sabendo das condições propícias de Uberaba, do prestígio e segurança que o

comandante Major Eustáquio oferecia, migraram para o novo Arraial. Eram

boiadeiros, mascates, comerciantes, criadores de gado, ferreiros e outros.

Os moradores logo ergueram uma Capela que foi benta, em 1818, pelo padre

Hermógenes Cassimiro de Araújo Brunswick, do Desemboque. Assim, foi

estabelecido o reconhecimento do povoado pela Igreja. Vemos, aqui representado, o

poder de decisão que esta instituição exercia sobre os governantes e sobre o povo.

Em março de 1820, o rei D. João VI decretou a elevação de Uberaba à condição de

Freguesia. Esse Decreto Real significou a emancipação e gerência própria em

assuntos de ordem civil, militar e religiosa para a comunidade. A partir daí, criou-se

um cartório eclesiástico que abrangia uma área com limites definidos. Com a

elevação a Freguesia, o padre passava a residir, permanentemente, na Igreja.

A coroa impunha restrições à criação de Freguesias, evitando instituir novas

paróquias, como medida de economia, já que os vigários colados recebiam salários.

Mesmo assim, muitos povoados foram elevados a Freguesia, pois, diante da

necessidade de atender à população, o bispo criava paróquias, provendo-as de

vigários encomendados, que não tinham direito a salário e se sustentavam com

contribuições de seus fregueses.

Page 35: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

O rápido desenvolvimento com que se dava a elevação de um povoado à

condição de Freguesia, era explicado pela mistura da religião –Igreja Católica – com

a vida cívica, sendo, também, um aglutinador do povoado, considerada a base da

existência social e da identidade dos homens de bem. Sem dúvida, a Igreja foi

determinante no controle da moral e dos bons costumes sobre a sociedade.

A elevação do povoado a Freguesia, em 02/03/1820, representou o

reconhecimento oficial perante o Estado e a Igreja, definindo os limites de seu

território e a abrangência do Cartório Eclesiástico. Implicava na sua ascensão,

inclusive do desenvolvimento social e o próximo passo seria a criação do Cartório

Eclesiástico. Essa organização se completaria, administrativamente, quando da

elevação a Vila e instalação da Câmara Municipal.

Uberaba foi crescendo e as terras foram ocupadas, formando-se extensas

propriedades devido ao baixo valor da terra e isenção de impostos sobre elas (bons

tempos!). Porém, em pouco tempo, reuniu-se seleta população de agricultores,

pecuaristas, comerciantes e outras profissões, o que viabilizou ao Governo

Provincial de Minas Gerais, criar o Município de Santo Antônio de Uberaba, em

1836.

Em 1840, Uberaba passou a sediar a Comarca do Rio Paraná que, mais

tarde, mudaria sua denominação para Comarca de Uberaba, disseminando a justiça

na região. A Vila de Santo Antônio de Uberaba era próspera e ascendeu à categoria

de cidade em 1856, consolidando-se como um importante centro comercial.

Em abril de 1889 - ano de transição política da destituição do regime

monárquico para se instalar a República Federativa - chega a Uberaba a Companhia

Mogiana de Estrada de Ferro, inaugurando o tráfego de passageiros e mercadorias.

O movimento comercial multiplicou-se, a população aumentou pois, com a nova

república, vieram muitos imigrantes, dentre os quais europeus, sírio-libaneses e

japoneses, que passaram a compor a população da cidade e que foram de

fundamental importância para a história de Uberaba. Os europeus foram trabalhar

nas lavouras de café os japoneses foram para o plantio de arroz e os sírio-libaneses

iniciaram suas atividades mascateando pelas fazendas e, mais tarde, abriram

diversas lojas na cidade.

Entre os imigrantes italianos, havia músicos e fabricantes de cerveja. Dentre

os colonos italianos, podemos citar algumas das famílias que, até hoje, se fazem

presentes de alguma forma em nosso município, tais como: Frateschi, Martino, Totti.

Page 36: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

Quanto aos japoneses, além dos agricultores, havia também fotógrafos, como as

famílias Kazuo e Akira.

Com certeza, a presença desses imigrantes somou novos hábitos e novos

costumes à sociedade uberabense, influenciando-a em vários aspectos.

A riqueza econômica refletiu na estrutura urbana, surgindo requintadas

construções no estilo eclético. A cidade passou a contar, inclusive, com a iluminação

pública e particular que foi inaugurada em 30 de dezembro de 1905, pela Empresa

Ferreira, Caldeira e Cia. Essa estrutura fortaleceu o centro cultural e o centro

comercial que se transformou em importante articulador de negócios. Pelo seu

pioneirismo, Uberaba recebeu, também, o título de “Princesa do Sertão”.

No século XX, a cidade acelerou seu crescimento, inicialmente pela

agricultura e pecuária e, posteriormente, pelo comércio e indústria, atendendo às

demandas nos aspectos econômicos, culturais e de serviços essenciais à

população.

No entanto,dois fatos vieram a modificar a trajetória de crescimento e

expansão da cidade: a ampliação da Cia. Mogiana de Estrada de Ferro e a chegada

do gado zebu.

A extensão dos trilhos da Cia. Mogiana até Uberlândia e Araguari alterou as

rotas comerciais. Muitos comerciantes passaram a fazer negócios em outras

cidades. O comércio uberabense entrou em crise, deixando características

marcantes desse período.

Numa síntese, podemos visualizar a evolução histórica de transformação do

Distrito dos Índios até a denominação de Comarca de Uberaba6, conforme disposta

abaixo:

- 13/02/1811 – Criação do Distrito dos Índios do Santo Antônio de Uberaba;

- 02/03/1820 - Elevação a Freguesia;

- 22/02/1836 - Elevação a Vila;

- 23/03/1840 - Elevação à condição de Comarca (comarca do Rio Paraná);

- 02/05/1856 - Elevação à condição de cidade, retirando-se parte do nome anterior

para ficar apenas Uberaba;

- 12/11/1876 - Mudança da denominação da comarca do Rio Paraná para Comarca

de Uberaba.

6 Fonte: Dados extraídos da abertura do livro de PONTES (1978).

Page 37: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

No final do século XIX e início do século XX, entre 1898 a 1915, os

fazendeiros da região, preocupados em melhorar o gado crioulo e caracu existentes,

começaram a viajar e trazer o gado zebu da Índia. O primeiro touro zebu foi

adquirido pelo Cel. Manoel Borges de Araújo. A primeira exposição de gado zebu

aconteceu em 17 de maio de 1906,na Fazenda Cassu,de propriedade do Cel.José

Caetano Borges.

Esses acontecimentos, somados à crise do País, provocaram uma

paralisação das atividades sócio-econômicas urbanas e o declínio no processo de

urbanização. Parte da população emigrou e muitos ficaram desempregados. Os

fazendeiros passaram a residir apenas na zona rural. A partir daí, Uberaba ficou,por

muito tempo, caracterizada por uma atividade predominantemente pastoril.

Por outro lado, um fato que também coloca a região em destaque é a

descoberta de vários fósseis nela encontrados. Essas descobertas deram origem ao

“Centro de Pesquisas Paleontológicas Llewellyn Ivor Price”, instalado em Peirópolis,

às margens da BR 262, no município de Uberaba, que abriga, também, o Museu dos

Dinossauros, com importante coleção de fósseis.

No que se refere à educação,foram fundadas a Faculdade de Odontologia do

Triângulo Mineiro (1948), Faculdade de Filosofia (FAFI,1949) e a Faculdade de

Medicina do Triângulo Mineiro (FMTM,1954).

Na década de 1960,iniciou-se o ciclo industrial, com destaque para o setor

petroquímico, produtor de fertilizantes e defensivos agrícolas e a usina de açúcar de

Delta. Foram instalados três distritos industriais no município. Contudo, seu

destaque ainda é como capital do zebu, onde se realiza,anualmente,a Exposição

Nacional de Gado Zebu, reunindo toda a elite criadora da raça de todos os países,

evento que mobiliza toda a cidade para receber os turistas.

Hoje, Uberaba representa um centro comercial dinâmico, uma agricultura

produtiva, sendo o maior produtor de grãos de Minas Gerais, um parque industrial

diversificado e uma planejada estrutura urbana.

Dada à importância histórica do dia 02 de março de 1820, quando a cidade foi

elevada a Freguesia, o Município instituiu,oficialmente, a data para comemorar o seu

aniversário.

Page 38: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

2.3 A religião como aliada na assistência aos pobres

A influência do Espiritismo na história de Uberaba

Discorreremos,aqui,sobre a presença da religião no município de Uberaba,

principalmente o espiritismo, para compreendermos um pouco mais das

particularidades do município com relação às ações de caridade que,

historicamente,estão ligadas à religiosidade, destacando-se a possível influência

exercida pela doutrina espírita de Francisco Cândido Xavier – o Chico Xavier.

Durante o século XIX,houve uma grande onda de manifestações mediúnicas

nos Estados Unidos e na Europa. Essas manifestações consistiam, principalmente,

em ruídos estranhos, pancadas em móveis e objetos que se moviam ou flutuavam

sem nenhuma causa aparente. O cientista, cético até então, Hippolyte Léon

Denizard Rivail que, mais tarde, adotou o pseudônimo de Allan Kardec7, pesquisou

por vários anos as manifestações espirituais. Entregou-se a observações

perseverantes sobre o assunto, cogitando, de atribuir-lhes a conseqüências

filosóficas. Seus estudos, pesquisas e experiências foram realizados com o auxílio

de vários médiuns da época, resultando em cinco obras fundamentais ao

entendimento da doutrina: O Livro dos Espíritos (1857), o Livro dos Médiuns (1861),

o Evangelho Segundo o Espiritismo (1864), O Céu e o Inferno (1865) e A Gênese

(1868).

O Espiritismo ganhou papel de destaque em toda a sociedade brasileira.

Hoje, são mais de doze mil centros espíritas vinculados a instituições como a

Federação Espírita Brasileira (FEB). Segundo recente reportagem publicada de

Furtado e Castellón (2007),pela Revista ISTOÉ, são mais de 30 milhões de

simpatizantes por todo o Brasil.

A Codificação Kardeciana tem por base a prática do Fora da Caridade não há

Salvação, isto é, a igualdade entre os homens perante Deus, a tolerância, a

liberdade de consciência e a benevolência mútua. Isso pode explicar o fato de a

grande parte, senão todos os centros espíritas desenvolverem obras assistenciais,

como creches, abrigos para idosos, distribuição de alimentos, cobertores, roupas, e

7 Nascido em 03 de outubro de 1804, na cidade de Lyon. Desencarnou em 31 de março de 1869, aos

65 anos, vítima de um aneurisma. Educado na Escola de Pestalozzi, em Yverdon (Suíça) tornou-se um dos mais iminentes discípulos, bacharel em Letras e em Ciências. Fundou na França cursos gratuitos de Química, Física, Anatomia, Astronomia, etc.

Page 39: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

ainda promoverem campanhas de mobilização da comunidade para as ações de

caridade aos mais necessitados. Todas essas ações são desenvolvidas pelos

Centros Espíritas sem qualquer tributo ou dízimo por parte dos que deles participam

ou usufruem, diferentemente de outras entidades religiosas que até desenvolvem

ações assistenciais, mas, incentivam doações e contribuições ao seu líder, sob a

pena de não ganharem o perdão divino.

Consta nos documentos históricos da cidade que o espiritismo surgiu,em

Uberaba,em meados de 1865, quando Luiz Olímpio Telles de Menezes fundou o

“Grupo Familiar de Espiritismo”.

Inicialmente, as reuniões eram realizadas nos próprios lares dos

simpatizantes da Doutrina. Na época, poucos eram os que se atreviam a

confessarem-se espíritas, pois a reação católica era imediata aos que se

identificavam como tal. O movimento da Igreja Católica contra o espiritismo

percorreu a nação. Contudo, a Doutrina foi ganhando força. E, em Uberaba, não foi

diferente. Entre os pioneiros do espiritismo,em Uberaba,estão pessoas como Manuel

Felipe de Souza, o jornalista Alceu de Souza Novaes, Antônio Cesário da Silva

Oliveira, Maria Modesto Cravo, João Augusto Chaves, Emanuel Martins Chaves,

Mercedes Chaves, Odilon Fernandes, dentre outros. Em 1911,foi inaugurado o

Centro Espírita Uberabense, tendo João Augusto Chaves como precursor da

organização cuja sede ficou completamente pronta em 1918. Com isso, o ‘Professor

Chaves’, como era conhecido, sofreu várias perseguições, principalmente da

imprensa a serviço da Igreja, que exercia sua hegemonia sobre a cidade.

Além da realização dos cultos, foi constituída uma farmácia homeopática, um

ambulatório médico e dentário e o Grupo Escolar Guerra Junqueira, mantido pela

prefeitura, com funcionamento durante o dia. Em paralelo com o Centro Espírita

Uberabense,cogitava-se a abertura de um asilo para doenças nervosas e mentais, o

que gerou o surgimento,mais tarde,do Sanatório Espírita de Uberaba,fundado em

1933, tendo como diretor, desde a sua fundação, o Doutor Inácio Ferreira

(psiquiatra).

Em 1940,foi criada uma instituição em paralelo com o Centro Espírita

Uberabense, a União da Mocidade Espírita de Uberaba (UMEU), fundada por

Manuel Martins Chaves (Lilito).

Destacam-se,na história do município,vários outros nomes como o da Doutora

Amélia de Souza Novaes que,quase analfabeta, desenvolvia ações junto à

Page 40: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

comunidade, através de leituras de obras espíritas, além de receitar e tratar as

pessoas com medicamentos homeopáticos. Foi assim que começaram a se formar

grupos de estudo para a divulgação da Doutrina Espírita no município.

Entre vários outros divulgadores da doutrina de Kardec, um que seria o

instrumento de Deus para a consolação daqueles que sofrem: Francisco Cândido

Xavier.

Chico Xavier, nascido em 1910, simples, humilde, irradiando bondade, seria a

continuação de Kardec, trazendo, por meio da psicografia, ensinos complementares

à obra do mestre lionês. Sua atuação foi preponderante na propagação e evolução

mediúnica da Doutrina dos Espíritos, desenvolvendo e desdobrando-se nos mais

variados aspectos do conhecimento humano, cativando todos com sua prosa amável

e amiga, fazendo com que todos o saudassem como líder espiritual.

Mudou-se de Pedro Leopoldo para Uberaba em cinco de janeiro de 1959,

passando a compor a “Comunhão Espírita Cristã”. Não demorou muito para receber

o título de Cidadão Uberabense – em junho de 1969 – por sua presença constante

no campo assistencial e brilhante espírito de solidariedade humana.

Chico Xavier, médium espírita de incontestável mérito, influenciou o

Espiritismo, não só em Uberaba, mas por todo o país. Conseguiu abalar a crença

dos mais céticos, fazendo-se admirado por todas as pessoas de diversas camadas

sociais.

Com sua chegada à cidade de Uberaba, as várias instituições espíritas

buscavam nele apoio e sustentação para continuarem desenvolvendo a missão do

espiritismo. E ele se fazia presente, ou freqüentando periodicamente cada

instituição, ou mandando mensagens de incentivo àqueles que trabalhavam para o

bem da humanidade. Sem qualquer vaidade e com toda a humildade que lhe era

peculiar, movimentou a cidade, dando-lhe destaque nacional. Recebia visitantes de

todos os lugares em busca de aconselhamento e de psicografias de familiares

desencarnados. Com isso, sua presença no município era cada vez mais respeitada,

passando a não mais ser questionada por outros líderes religiosos. Sua presença

deu força aos outros Centros Espíritas da cidade que também pregavam o

evangelho espírita e praticavam ações de caridade aos pobres.

Chico Xavier publicou mais de quatrocentas obras psicografadas de espíritos

diversos, sob a orientação de seu mentor espiritual Emmanuel. Sua primeira obra

psicografada foi “Parnaso de Além-túmulo”,em 1932. É importante salientar que

Page 41: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

Chico jamais quis receber qualquer quantia pelos livros publicados.Ele realizava a

doação de seus direitos autorais a instituições beneficentes.

Pela sua admirável conduta humanitária de assistência à população e

exemplo de generosidade e modéstia, foi escolhido, por várias vezes, personalidade

do ano. Dedicou toda a sua vida para ensinar e amenizar o sofrimento do ser

humano.

No campo Assistência Social, além da sopa e alimentos que oferecia às

famílias pobres,semanalmente, promoveu diversos eventos assistenciais. Mas o que

ganhou maior dimensão foi a famosa distribuição anual que fazia à época do Natal,

para os pobres, quando mobilizava milhares de pessoas. As filas começavam a se

formar vários dias antes, tomando várias ruas da cidade. Todos recebiam presentes.

Aos adultos,entregava cestas de alimentos roupas novas, além do prato de comida.

As crianças ganhavam brinquedos, roupas novas e comida. O que garantia a

distribuição de roupas novas era o trabalho de senhoras de classe média que,

durante o ano, confeccionavam as roupas. Chico mantinha nas dependências do

Centro uma oficina de costura em que as voluntárias se alternavam durante a

semana, por todo o ano. Foram distribuídos até hoje, milhares de quilos de arroz,

cestas de alimentos, roupas, cobertores e material escolar para famílias pobres. Aos

recém-nascidos eram distribuídas centenas de enxovais por ano.

Outra ação de destaque era a manutenção de um consultório médico, onde

médicos atendiam, em média, setenta consultas por dia, garantindo, ainda, os

medicamentos gratuitamente. Em tempos em que não existia SUS e que os pobres

que não tinham vínculos com o extinto INAMPS eram excluídos dos direitos de

assistência médica e hospitalar, essa era a única via de acesso.

Chico conseguia fazer-se presente em torno de todas essas ações,

orientando, ajudando e trabalhando em favor dos mais necessitados.

Aos finais de semana, recebia diversas caravanas oriundas de outras cidades

ou do exterior, que procuravam pelo “Grupo Espírita da Prece”, cujas portas ficavam

sempre abertas. Eram pais, filhos, irmãos ou amigos desesperados, em busca de

mensagens do ente querido como consolo para continuar vivendo Chico aliviava o

sofrimento de quem por ele procurava.

Ainda na reportagem de Furtado (2007), sobre Espiritismo e os sinais de

Chico Xavier após os cinco anos de sua morte, encontramos o seguinte texto:

Page 42: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

[...] "Chico Xavier foi a própria personificação da fome zero, não por questões políticas ou para angariar votos, mas pelo coração”, diz Eurípedes, 57 anos. Como ser humano, Chico estava muito além do médium. Cinco anos depois da morte do maior líder espírita do País, os trabalhos sociais iniciados por ele são levados adiante em Uberaba (MG) pelos amigos e seguidores mais próximos em vida. Como no título de uma de suas mais famosas obras infantis, O espetáculo continua. “Antes de partir, ele pediu para que não deixássemos as obras pararem”, conta Kátia Maria, 43 anos, criada por Chico e nos braços de quem o médium faleceu no início da noite de 30 de junho de 2002. A refeição semanal, que começou com uma modesta e disputada sopa e que há 13 anos virou um verdadeiro jantar, no qual são consumidos 50 quilos de arroz, é oferecida toda a quinta-feira no novo refeitório, ampliado e reinaugurado há dois anos. Os adultos ainda levam para casa dois litros de leite e um sanduíche de presunto; as crianças ganham doces e um pão de rosca. A cada 15 dias, aos sábados, uma média de 500 cestas básicas, que incluem um frango e leite, são distribuídas. Grávidas no final da gestação recebem enxoval gratuitamente. Há também assistência médica e odontológica em consultórios montados dentro do centro.

Um dos mais conhecidos centros espíritas de Uberaba é a “Comunhão

Espírita Cristã,” do qual Chico Xavier participou por vários anos. O centro

Comunhão Espírita tem um pequeno abrigo para velhos e uma distribuição de sopa

que se diferencia das outras casas por ser oferecida diariamente. A casa conta com

a doação de gêneros alimentícios entregues por caminhões. É mantida por doadores

de várias regiões do país, em especial pela Senhora Iolanda César, de São Paulo, a

qual se responsabiliza pelo natal dos pobres. Há também, um ambulatório médico

onde contribuem o Dr. Elias Barbosa (professor de Farmacologia da Universidade

Federal do Triângulo Mineiro) e José da Silva Madeira (Professor Assistente de

Psiquiatria da mesma Universidade), atendendo, em média, 72 pacientes por dia.

Em Uberaba há aproximadamente 97 casas espíritas filiadas a AME.

Realizam trabalhos de divulgação da doutrina espírita e ações de assistência

espiritual e material, trabalhos voluntários, com recursos de doações, campanhas e

promoção de eventos, como festival do sorvete, galinhada, feira da pechincha e

outros.

O Catolicismo e sua contribuição no desenvolvimento de Uberaba8 8 As informações contidas sobre a religiosidade têm respaldo nas entrevistas realizadas com Fausto

de Vito, revisor de livros e textos espíritas; com o Padre Tomaz de Aquino Prata; e o historiador Carlos Pedroso, cujo material pode ser encontrado no Arquivo público Municipal de Uberaba.

Page 43: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

Em meados de 1900, a Igreja era responsável por manter, em suas

dependências, o cemitério da cidade, ou seja, um cemitério eclesiástico (no

local,hoje,está localizado o Centro Cultural José Maria Barra, na Praça Frei Eugênio

– centro da cidade) mais tarde,foi transferido para a Avenida da Saudade nomeado

Cemitério São João Baptista.

Cabia à Igreja a função de fazer os registros de nascimento, casamento e

óbito, exercendo esse controle por um período de mais ou menos cinqüenta anos,

quando surgiram os cartórios de registros civis. A Igreja exercia funções variadas e

diversas ações no campo da saúde, da assistência social e da educação. Com o

passar do tempo,essas funções foram se transferindo para o Estado, no âmbito das

políticas públicas.

Conforme mostra a história do município, em 1856, surge a Santa Casa

Misericórdia para abrigar pessoas doentes, indigentes, desprovidas da cobertura de

assistência médica. Mais tarde, em 1958, passou a pertencer ao Hospital Escola da

Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro. Em 1905 foi inaugurado o Asilo São

Vicente de Paula, na Rua Pires de Campos. Toda a população pobre que buscava

ajuda era sustentada pelo Asilo que distribuía alimentos guardados em um grande

depósito para mantimentos. Consta também que o atual Colégio Nossa Senhora das

Dores realizava ações de assistência aos pobres, distribuindo cestas básicas.

Com o surgimento da Doutrina Espírita na cidade, as rivalidades entre os

chamados espiritualistas e os católicos foram se tornando acirradas. O Orfanato

Santo Eduardo, um internato para meninas, foi uma resposta ao surgimento do

Orfanato Espírita. O Asilo Santo Antônio, em 1920, era mantido com um grande

número de doações de adeptos católicos, com registros de até oitenta casas doadas

para a Igreja.

Em 1903, foi inaugurado o Colégio Sagrado Coração de Jesus, mantido pelos

chamados irmãos leigos de origem francesa. O projeto surgiu da idéia de dar estudo

aos mais pobres. Mas, depois, o trabalho foi direcionado à burguesia, tornando-se

um internato para meninos, filhos da elite uberabense, passando a se chamar

Colégio Marista Diocesano, não mais um internato. No Colégio Nossa Senhora das

Dores, criado em 1870, também era mantido o regime de internato. Atualmente,este

regime não permanece. Em 1920, criou-se o Externato São José, mantido pelas

freiras dominicanas, com a finalidade de atender, exclusivamente, aos mais

carentes. Foram construídas,a partir de 1960, creches nas periferias,mantidas pelas

Page 44: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

irmãs dominicanas. Mais recentemente, fazendeiros da região também fizeram

doações de terras, o que originou a chamada Fazendinha Jerusalém que funciona

como Abrigo e casa de recuperação para dependentes químicos.

Hoje, Uberaba conta com quinze paróquias que oferecem aulas de

artesanato, computação, corte e costura, entre outras. O catolicismo, como primeira

religião da cidade de Uberaba, foi que deu início à filantropia, com total poder

hegemônico, até o início do século XX. A Igreja imprimiu características marcantes

na formação da sociedade uberabense que até hoje se fazem presentes.

2.4 A política pública de assistência social no município de Uberaba

A Secretaria de Saúde e Assistência Social9 do Município de Uberaba foi

criada,oficialmente,pela Prefeitura,em junho de 1982, através da lei municipal 3.298,

sob a gestão do Prefeito Silvério Cartafina Filho. Neste período, havia um único

programa que apresentava características aproximadas ao serviço de Assistência

Social: era o Conselho Municipal do Bem-Estar do Menor (COMBEM), sob a

coordenação da primeira dama do município, a senhora Terezinha de Jesus Pinto

Cartafina.

Pouco tempo depois, em dezembro de 1983, sob a gestão do Prefeito

Wagner do Nascimento, através da lei 3.458, essa Secretaria foi desmembrada em

duas secretarias distintas: a Secretaria de Assistência Social e Promoção Humana

(SASPH) e a Secretaria Municipal de Saúde.

Foi com a criação da SASPH que, pela primeira vez, o governo municipal

passou a ter entre seus assessores, um profissional do Serviço Social.

Alguns anos depois, já na gestão do Prefeito Hugo Rodrigues da Cunha, em 9

de abril de 1990, através do Decreto nº. 525, a SASPH foi extinta para ser criada a

Secretaria Municipal do Trabalho e Ação Social (SETAS), que somente foi

regulamentada em 03 de fevereiro de 1993, pela lei Municipal nº. 026, tendo uma

pedagoga como secretária.

Em conseqüência das políticas públicas garantidas pela Constituição Federal

de 1988 e dos princípios da Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), em 27 de

9 Dados coletados em pesquisa realizada junto aos arquivos da Secretária de Desenvolvimento Social (SEDS).

Page 45: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

dezembro de 1995, realizou-se a primeira Conferência Municipal de Assistência

Social e criou-se Conselho Municipal de Assistência Social, pelo Decreto lei nº

5.726, visando o fortalecimento da política de Assistência Social no Município. Foi a

partir daí que, na gestão do Prefeito Luís Guaritá Neto, se deu, no período de 1993 a

1996, uma nova roupagem como política pública, com a implementação de

programas do governo federal através da descentralização e municipalização da

gestão das políticas sociais.

Entre o período de 1997 a 2000, na gestão do Prefeito Marcos Montes

Cordeiro, novamente altera-se a nomenclatura da Secretaria, passando de

Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social para Secretaria do Trabalho

Assistência Social, da Criança e do Adolescente, através da lei complementar 085,

no dia 02 de julho de 1997.

O Conselho Municipal de Assistência Social também passou por

modificações, adotando-se medidas para criar e regulamentar o Fundo Municipal de

Assistência Social, em 25 de setembro de 1997, sendo elaborado o primeiro Plano

Municipal de Assistência Social para o biênio 1997/98, que apontou e definiu as

diretrizes para as políticas sociais no Município.

A trajetória das políticas de assistência social do município de Uberaba

mostra algumas marcas da história das políticas sociais no Brasil, como por

exemplo, as mudanças de nomenclaturas, a realização da Primeira Conferência

Municipal de Assistência Social, criação do Conselho Municipal de Assistência

Social e a implementação de alguns programas, como o Sentinela, entre outros.

CAPÍTULO 3 RECOMPONDO A HISTÓRIA ATRAVÉS DAS MEMÓRIAS.

3.1 Questões da pesquisa

Na apresentação dos relatos, procuramos organizar por assunto e em

seqüência cronológica; os fatos que compõem a história. Identificamos os sujeitos

pelas iniciais dos respectivos nomes, cabendo ressaltar, aqui, que os sujeitos de

nosso estudo, foram consultados sobre a identificação de seus nomes, os quais

concordaram e assinaram documento autorizativo, considerando que são sujeitos

significativos para a reconstrução da profissão, esse fato se torna relevante e a

Page 46: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

questão da não identificação secundária: Ana Maria Salge Recife (AMSR);Maria

Aparecida dos Santos (MAS); Maria Helena Finholdt Ângelo (MHFA); Maria José

Ferreira (MJF); Gilda Crosara da Silva (GCS); Marly Alves de Carvalho (ASC);

Ordalita Alves (AO); Maria Auxiliadora C. Oliveira (MACO); Maria Célia Lamounier

(MCL); Maria Elisa Di Poi Cruz (MEDPC).

Para que nossas indagações fossem satisfeitas, no que diz respeito à história

do Serviço Social em Uberaba, a partir dos relatos dos sujeitos indicados no

questionário aplicado, conforme já explicamos, construímos um roteiro para dirigir

nossa entrevista. Tal roteiro, não tinha a pretensão de limitar as informações a

serem dadas, mas garantir que todas as questões fossem contempladas nas

entrevistas com cada sujeito. Ressaltamos que não cerceamos a fala dos

entrevistados, considerando que toda informação poderia contribuir nessa

reconstrução histórica. Portanto, as questões que compuseram o roteiro nas

entrevistas aos sujeitos foram agrupadas em seis temáticas para melhor

compreensão: a primeira, sobre o histórico da formação profissional e antecedentes

ao exercício profissional no município, em que as contribuições dos sujeitos

informaram os motivos que os levaram à escolha pelo curso de Serviço Social na

época; sobre a Instituição de sua formação, as disciplinas cursadas; professores;

bibliografias utilizadas, o tema do Trabalho de Conclusão do Curso; seu estágio

curricular; fatos marcantes do período de sua formação e,por último, como foi o

início do exercício profissional de cada um deles.

A segunda temática foi sobre os pioneiros no exercício profissional no

município de Uberaba. Aqui, perguntamos aos sujeitos sobre o que eles sabem dos

a respeito dos primeiros Assistentes Sociais em Uberaba e onde eles iniciaram o

trabalho profissional no município.

Na terceira temática, que trata das demandas para a profissão e o exercício

profissional dos Assistentes Sociais da época, perguntamos quais eram as principais

demandas para o Serviço Social na instituição, nesse início do Serviço Social no

município; o que eles acham que mudou na profissão daquele período até os dias

atuais e como eles vêem o exercício profissional hoje.

Outra temática foi sobre a organização da categoria, enquanto classe. Aqui,

foi questionado sobre quando e como se deram as primeiras iniciativas de

mobilização da categoria, quais foram os primeiros profissionais a discutirem

Page 47: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

assuntos de interesse da classe e como eles vêem o processo de organização da

categoria, nos dias atuais.

Em seqüência, a temática sobre a expansão do serviço social no município,

com as questões sobre como foi a expansão do Serviço Social no município e quais

os campos de atuação tiveram maior demanda para o profissão.

E, para finalizar, chamamos esta última temática de outras questões

pertinentes, em que agrupamos as contribuições não contempladas pelas questões

acima, mas que são de relevância na construção da história, como por exemplo

como eles vêem a questão da religião no município no que se refere à filantropia e a

possível influência na identidade atribuída à profissão.

3.1.1 Histórico da formação profissional e antecedentes ao exercício profissional em

Uberaba

Nessa questão, pretendemos conhecer sobre o processo de formação dos

sujeitos, para melhor compreensão da identidade profissional atribuída e

reproduzida por eles em seus discursos, considerando o período de sua formação

profissional, a metodologia de ensino e possíveis fatos considerados relevantes em

sua visão, durante o seu período de formação.

O quadro 2, cujas informações foram colhidas nos questionários aplicados,

apresenta o período, a instituição e o local da formação. Isso nos permite uma

melhor visualização da origem da formação dos sujeitos, considerando que, até a

década de 1990, não havia, em Uberaba, escola de Serviço Social.

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Quadro 5 - Origem da formação dos sujeitos.

O Quadro 5 revela, com exceção de um dos sujeitos, que todos tiveram sua

formação na década de setenta, sendo que cinco iniciaram o curso no ano de 1976,

graduando-se em 1979.

A escolha pelo Curso de Serviço Social:

Entre as dez Assistentes Sociais entrevistadas, a maioria foi influenciada por

amigas ou teve contato com outras Assistentes Sociais. Há escolhas pela simples

falta de opção ou pela oportunidade de ingresso em um curso superior. Seguem,

abaixo os relatos sobre a questão. Lembrando que seguimos a ordem disposta no

quadro 2: O que me influenciou pela escolha do curso foi que eu tinha uma tia que era Assistente Social e ela me estimulou a fazer o curso. (MJF). Cursei a Faculdade de Serviço Social cumprindo determinações das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeu, cuja Congregação me vinculei até 1973 (MAS). O que me mobilizou foi exatamente que eu não sabia o que fazer [...]. [...] meu médico me sugeriu que eu conhecesse uma assistente social, antes disso eu já tinha feito biblioteca, agronomia, medicina, enfermagem, psicologia, e tinha ido também na faculdade conhecer e conheci a assistente social da Super-União e na fala dela eu me identifiquei com muita coisa e achei que era o caminho, fui prestei o vestibular e quando eu

Nº Sujeitos Período da graduação Instituição Cidade

1. MJF 1963 – 1966 PUC/MG Belo Horizonte/MG

2. MAS 1971 – 1974 FAPSS S.C.Sul/SP

3. MCL 1972 – 1975 UFMU São Paulo/SP

4. MAC 1975 – 1978 UNAERP Ribeirão Preto/SP

5. MACO 1976 – 1979 UNIT Uberlândia/MG

6. MEDPC 1976 – 1979 UNAERP Ribeirão Preto/SP

7. Sujeitos Período da graduação Instituição Cidade 8. AO 1976 – 1979 ABRACEC Uberlândia/MG

9. AMSR 1976 – 1979 ABRACEC Uberlândia/MG

10. MHFA 1976 – 1979 ABRACEC Uberlândia/MG

11. GCS 1977 – 1980 FMU São Paulo/MG

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comecei a fazer eu vi que era realmente aquilo que eu queria fazer, não tinha dúvida nenhuma. (MCL). Quando eu comecei eu me lembro que eu tinha uma professora que me influenciou muito, ela trabalhava com menores de rua em Ribeirão Preto e ela era Assistente Social da Prefeitura, mas ela fazia serviço de voluntariado, e foi aí que eu comecei a me apaixonar pela profissão ao ver e assistir as aulas dela vendo a vivência dela. (MAC).

O que me levou a escolha ao curso de serviço social, foi que eu convivi com uma assistente social, que eu tenho uma grande admiração por ela, a Nádia. Ela foi a minha inspiradora, e foi por isso que eu fiz, e na época eu não tinha muito conhecimento sobre o que era Serviço Social, eu já tinha uma formação como técnica de enfermagem, a minha primeira opção de faculdade foi de enfermagem padrão, mas depois eu acabei optando por Serviço Social, e em momento algum eu me arrependi, me identifiquei muito com a profissão. (MACO). Eu fui mais sem saber o que era pra falar a verdade, eu morava em Canápolis, cidade próxima à Uberlândia, e tinha uma colega que foi fazer o curso, a gente estudou desde o grupo juntas, e ela me convidou pra fazer o vestibular em Uberlândia. Fui fazer por fazer, por influência de uma amiga. (OA). O que me influenciou foi uma reportagem que eu assisti na televisão, sobre uma favela, mostrando a transformação provocada nos favelados através das mudanças na habitação, mudanças no estilo de vida, e aí eu me empolguei, achei que isso tinha todo a ver comigo (AMSR).

Eu morava em Uberaba e era professora na época de 1ª a 4ª série. A gente sempre tinha vontade de fazer algum curso superior e fui levada por uma amiga, a Ana Maria que insistiu e lá fomos nós para Uberlândia... Foi uma aventura. [...] E eu fui muito feliz no Serviço Social gostei muito dessa opção, me deu muita visão na vida e onde depois complementei com outros cursos mas foi muito bom, uma base muito boa. (MHFA).

Para esclarecer sobre o relato acima, lembramos que se trata de uma

profissional que está aposentada,atualmente. Não me lembro porque escolhi o Serviço Social. Eu defini em 1976, mas não me vem a memória o porquê? Eu me lembro que no cursinho o professor perguntou para cada um o que gostaria de ser, e eu falei que ia cursar o Serviço Social porque queria ser uma Assistente Social de verdade, me lembro de ter feito um vestibular apenas nesta faculdade, embora já tivesse a PUC que já tinha um grande nome, eu escolhi a UFMU porque eu morava próximo desta faculdade em São Paulo, mas claramente eu não me lembro porque escolhi o Serviço Social. (GCS).

De certa forma, esses relatos exprimem o perfil de quem busca pelo Serviço

Social por ser esta uma profissão que oferece um campo amplo para a inserção

profissional, com uma diversidade de espaços sócio-institucionais.

Todas essas profissionais residem em Uberaba, na atualidade. O mais

interessante é que a maioria ainda está no exercício profissional. Apenas quatro

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delas estão aposentadas, sendo que das quatro, uma continuou trabalhando na

área, após sua aposentadoria por tempo de serviço.

Sobre as questões que envolvem o processo de formação, houve

contribuições interessantes, mas também algumas respostas vagas, até porque

muitos dos sujeitos não se lembravam mais de detalhes sobre o curso.

Apresentamos, a seguir, alguns relatos que mostram, claramente, o período de

formação profissional dos nossos sujeitos. Lembrando que os nomes das

instituições já foram citados no quadro 2.

Sobre as instituições de ensino onde graduaram os nossos sujeitos:

O primeiro relato abaixo, é da única entrevistada graduada na década de

1960, conforme já apresentamos no Quadro 5. Ela traz relatos muito interessantes

sobre o seu período de formação. Lembrando, como ela mesma cita, que foi no

período de repressão política. Eu me ingressei na Universidade Católica de Minas Gerais (PUC/MG) em 1963, e me formei em 1966, em Belo Horizonte. Nesta época existiam poucas faculdades de Serviço Social no Brasil, que eu me lembre era a nossa (PUC/MG), no estado do Rio de Janeiro, em São Paulo e Juiz de Fora, em Minas só tinha uma em Belo Horizonte e Juiz de Fora nessa época, e a nossa turma não era uma turma grande, tinha no máximo 20 que eu não me lembro muito bem, mas não passava disso e era uma faculdade muito boa dava a impressão de ser assim, os professores, seguiam mais ou menos a linha francesa, as bibliografias que nós usávamos, era primordialmente da França, a maioria das matérias, tinha coisa em Espanhol, mas predominava o Francês, (...). (MJF).

Minha formação foi na faculdade de Serviço Social de São Caetano do Sul, entre 1971 a 74. (MAS). Eu tive o privilégio de estudar em umas das primeiras universidades da faculdade de serviço social no país. Então ela tem história, os primeiros doutores, professores com doutorado e mestrado foram meus professores (MCL). Eu fiz o Curso de Serviço Social na UNAERP, em Ribeirão Preto, no período de 1975 a 78. (MAC). Eu me formei em 79, na ABRASEC, atualmente a UNITRI, na cidade de Uberlândia. (MACO). Eu sou de Araraquara Estado de São Paulo, fiz serviço social lá, na Faculdade de Serviço Social de Araraquara, que hoje já nem existe mais, fiz o curso lá e terminei em 79. (MEDPC). Em 76 que eu comecei o curso em Uberlândia. Eu morava em Canápolis, cidade próxima à Uberlândia [...] (OA).

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Eu e a Maria Helena fizemos o Curso na Faculdade de Serviço Social de Uberlândia. Iniciamos o curso em 1976. (AMSR). Fiz a faculdade de serviço social de 76 e 79 em Uberlândia. Hoje, aposentada, acho que eu dei a minha contribuição devida. (MHFA). Me lembro de ter feito vestibular apenas nesta faculdade, embora já tivesse a PUC, que já tinha um grande nome, mas eu escolhi a UFMU porque eu morava próximo desta faculdade em São Paulo e também pelo preço que era compatível com o que eu podia pagar. (GCS).

Disciplinas cursadas:

Neste quesito há algumas perguntas que os entrevistados responderam junto

a outras questões referentes aos professores e/ou bibliografias. Neste caso,a citação

foi aquela a que o entrevistado deu maior ênfase.

[...] Deve ser bem diferente de hoje, porque foi há 40 e tantos anos atrás. Nós tivemos, fundamentação do serviço social no primeiro ano, coisa bem teórica, a origem do serviço social, a história do serviço social desde o início lá da época de São Vicente de Paula, da época da assistência mesmo; Tivemos o curso de matéria de psicologia bem completo - professora excelente me lembro muito bem dela e das aulas dela - psicologia social, psicologia evolutiva, desde a infância até a vida adulta; Antropologia é uma matéria muito bonita; Sociologia; Pesquisa e Estatística e as matérias especificas, na época era Serviço Social de Caso, Grupo e de Comunidade, bem distintos, sendo que foi assim: Serviço Social de Caso no 2º ano, Grupo no 3º e Comunidade no 4º. É interessante que as matérias que a gente tinha nos 4 anos, era muito relacionadas o conteúdo delas ligados a essa metodologia, então o que implicaria no serviço social de caso, serviço social de grupo, de comunidade. Tivemos também noção de medicina social, as doenças consideradas mais sociais, tuberculose, hanseníase, tivemos também noção de administração, noções de direito, várias áreas, professor de direito mesmo, filosofia, eram muitas matérias durante o curso e professores muito bons, o que a gente não aprofundou muito foi com administração. (MJF). As disciplinas que cursei durante o curso todo, foram Direito e Legislação Social, Ética Geral, Economia, Higiene e Medicina Social, Filosofia Social, Psicologia, Psicopatologia, Teoria do Serviço Social, Pesquisa e Comunicação, Estudos dos Problemas Brasileiros, Antropologia, Serviço Social de Casos, Serviço Social de Grupos, Serviço Social de Comunidade, Planejamento, Estágio, Administração do Serviço Social e ainda Política Social e Sociologia. (MAS). As disciplinas eram o Básico, Filosofia e Teologia, Teoria Básica de Serviço Social, depois tinha estatística, direito, psicologia social, psicopatologia, serviço social, serviço social de caso, serviço social de grupo, serviço social de comunidade, [...], planejamento, administração, supervisão em serviço social, desenvolvimento em administração acho que era isso. (MCL). [...] era Caso, Grupo e Comunidade, eu me lembro que era uma professora de Grupo a Sueli, tinha a Neide hoje ela é Professora Doutora ela é professora do INSS em Franca e ela dava comunidade, a Daísa dava Caso, eu lembro dessas outras matérias tinha um professor de Ética o resto eu não me lembro. (MAC).

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Bom deixa eu tentar. [...], a gente tinha serviço social de caso, serviço social de comunidade, era aquela fase que era tudo dividido, serviço social de grupo, eram disciplinas e tinha um professor de cada área, tinha sociologia, filosofia, psicologia social, direito, estatística, nós tínhamos pesquisa, eu não lembro o nome exatamente, a parte de métodos de pesquisa, eu tenho um histórico com as outras coisas, mas eu não lembro agora. (MEDPC). Então, tinha serviço social de comunidade, serviço social de grupo, de caso, pesquisa, estatística, tinha tudo isso, era bem dividido ainda. (OA). Olha, eu não me lembro bem de todas as matérias não as básicas eram: Caso, Grupo e Comunidade, e aí tinham a antropologia já não era básica não filosofia também não, Genari deu grupo, deu planejamento também é ai tínhamos várias outras, eu não me lembro agora não, mas foram tinha a OSPB foram várias matérias. (MHFA). Fui uma aluna que teve muita dificuldade, não nas matérias específicas, mas nas outras disciplinas, como sociologia, metodologia e psicologia. (GCS).

Nos relatos acima, no que se refere às disciplinas, percebe-se de forma clara,o

currículo utilizado na formação profissional dos sujeitos. Todos fazem referência a uma

metodologia específica para cada abordagem: Caso, Grupo e Comunidade.

Os professores:

Sobre essa questão que se refere aos discursos dos professores,

percebemos que as lembranças que os sujeitos têm são associadas às disciplinas.

Assim: Lembro. Por exemplo, da psicologia era a Dona Maria Silva, da área de serviço social tinha a Gertrudes que deu grupo, a Dona Modesta Manoela Lopes ela era descendente de espanhóis ou era espanhola eu não sei, ela deu Comunidade. Antropologia foi o Domingos Dantra, eu acho, que morreu com câncer, um amor de pessoa. Administração era um professor bem idoso eu não lembro o nome, coitadinho... Eu não lembro mais. Filosofia foi um padre. [...] o caso desse professor de administração, eu me lembro muito bem que um dia nós deixamos ele na sala de aula sozinho, nós não entramos na sala porque nós não suportávamos a aula dele, sabe a rebeldia de alunos, combinamos... E ele lá, coitadinho ficou o período inteiro da aula assentado, sozinho, hoje eu tenho uma dó, ele era bem idoso, e era aquela formação assim: se a gente fosse fazer prova, se não colocasse Deus e a religião no meio ele não dava nota, tinha aquela mentalidade bem rígida. (MJF). Quanto aos professores, entre todos, os que se tornaram inesquecíveis, destaca-se o Professor José Pinheiro Cortez e o Professor Nelson José Suzano. (MAS). [...] então, Lurdes, Miriam Veras Batista, Marta Gondinho, Maria do Carmo Falcão, Aldaíza, inclusive alguém me pegou, mas eu tenho a tese da Aldaíza Spozati, porque eu fiquei com uma cópia dela quando ela defendeu a tese dela [...]. Quem mais... Erundina, foi minha professora de planejamento [...] a Miriam, tinha a Márcia. [...] quem ficou com o meu TCC foi a Miriam, ela que foi minha orientadora de TCC. Ela orientava na casa

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dela era uma delícia. Então, eu tive esse privilégio de ter esses professores excelentes. (MCL). Eu me lembro que era uma professora de Grupo a Sueli, tinha a Neide hoje ela é Professora Doutora ela é professora do INSS em Franca e ela dava comunidade, a Daísa dava Caso, eu lembro dessas outras matérias tinha um professor de Ética o resto eu não me lembro. (MAC). Os professores, eu não lembro nome completo não. Tinha a Marlene que era professora de teoria de serviço social, tinha o professor Durval que era professor de psicologia, tinha a Lilia que era professora de serviço social de comunidade, Maria Helena Genari professora de serviço social de grupo, e outra a Maria Helena Oliveira, uma professora que eu gostei muito de serviço social de caso. Tinha economia, estatística... (MACO). [...] E meus professores que eu tinha, um em especial que era o José Roberto que foi meu supervisor também, ele era professor de teoria de serviço social e ele foi meu professor de estágio, de TCC inclusive. (MEDPC). Que eu me lembre, a Maria Helena de Oliveira, a Maria José, que eu me lembre eram essas. (OA). Me lembro de alguns que me marcaram mais: a Marilene Genari, o Valmir, que dava a disciplina Serviço Social de Caso. Muito competente, suas aulas era claras. Tinha a Conceição, que dava Planejamento. A professora de estágio era a Zulmira. (AMSR). Marilene Genari, acho que ela preenchia todos os buraquinhos que tinham na faculdade, então ainda tive noticia há pouco tempo, dela ainda na faculdade foi também uma professora muito marcante. E Zulmira que foi a professora de planejamento e que foi também do TCC ela foi quem orientou no TCC ela era muito severa, muito brava. (MHFA). Eu me lembro de uma professora chamada Estela Bardavit, me lembro também da Professora Salete, que dava psicologia e antropologia [...] foi muito importante na minha formação, [...] e esta professora fazia uma folha de rosto de cada aluno com uma foto, porque dizia que a avaliação era de todo um contexto. [...] (GCS).

Bibliografia utilizada durante o processo de formação:

Quanto às bibliografias utilizadas durante o curso pelos sujeitos, percebe-se

que os autores citados são quase todos os mesmos. Porém,a mais citada foi

Balbina. Percebemos, também, que ainda nos anos da década de 1960 e 70,

utilizavam-se bibliografias importadas: Não tenho nenhum livro não. [...] na época, eu ainda dominava bem o espanhol, o francês, muitos textos, que nós precisávamos eu traduzi, inúmeros textos, tanto em espanhol, quanto em francês, hoje eu não sei mais nada, se der pra mim ler eu leio, mas traduzir não. (MJF). As bibliografias utilizadas foram várias, destacando como básicas, foram: Documento de Teresópolis, Terceirização do Serviço Social, o doc. De

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Araxá; Serviço Social, Processos e Técnicas, de Balbina Otoni Viera e os Suplementos de Debates Sociais (CBCISS). (MAS) Na época nós não tínhamos muita teoria de serviço social no Brasil, então a gente estudava muito daquela editora Argentina, [...], nós não tínhamos autores no Brasil, tinha alguns, mas não tinha igual tem hoje, nós não tínhamos nada era tudo buscado lá de fora, então eu tenho muito livro espanhol, tanto que na época do curso a gente tinha que saber espanhol, porque, a primeira coisa que nós tivemos que comprar foi um dicionário de espanhol, eu tinha um dicionário pequeno porque tudo era em espanhol, os textos eram em espanhol [...] (MCL) Na minha época tinha livros básicos que eu nem sei se hoje tem mais, era Caso, Grupo e Comunidade (MAC). A bibliografia do Serviço Social de grupo era do Natálio Kisnerman, de caso era a Balbina Otoni, de comunidade eu não me lembro, os professores também acumulavam disciplinas, a Maria Helena Genari, por exemplo, dava planejamento e dava mais uma disciplina. (MACO). A gente via Paulo Freire, porque tinha psicologia da educação, a Marilda. Não me lembro mais.(OA). Me lembro de alguma coisa. Da Balbina, que era referência e deu muita visão para o nosso trabalho de grupo na APAE. Me lembro do Faleiros, Paulo Freire, da Buriola... Também que me marcou muito foi a História da Humanidade, na área da Sociologia. (AMSR). Olha, a bibliografia maior era ditada, eles ditavam as matérias e aí agente complementava com as apostilas, tinha muita pesquisa, cada grupinho de duas três faziam as apostilas que eram repassadas para a turma. A gente tinha política e administração da Balbina, serviço social processo e técnicas da Balbina também, grupo do Natálio kisnerman e as revistas do Serviço Social e sociedade também que teve muita contribuição (...). (MHFA). Eu lia muito Veras Batista, Balbina, Estela Bardavit, Natálio Kisnerman (GCS).

O estágio curricular e o Trabalho de Conclusão de Curso:

Achamos que seria mais adequado agrupar essas duas questões - o Trabalho

de Conclusão de Curso (TCC) e o estágio supervisionado, pois a maioria relatou que

o trabalho foi relacionado ao campo de estágio.

Meu TCC, foi ligado ao estágio. Foi sobre Grupo. Na área de indústria, de empresa, no SESI, atuando com industriais e familiares lá no Distrito Industrial de Belo Horizonte. (MJF). Meu TCC foi sobre Serviço Social Institucional sob a perspectiva da Antropologia Cultural nos tempos atuais (anos 70). O estágio curricular de 300 horas, foi realizado no Juizado de Menores Infratores, com sede no Largo São Francisco, São Paulo, sob a supervisão do Professor Cortez e assessoria local. (MAS). Olha, na época não tinha o que fazer, o TCC era ligado ao seu campo de estágio. O objetivo do TCC era você aprender a elaborar um projeto de

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pesquisa, esse era o objetivo, ainda que ele fosse fictício, tinha que saber elaborar as etapas do projeto, então o foco foi o Combate a Deficiência Mental no estado de São Paulo. Você pensa bem que ousadia, que idealismo, nós pegamos e mapeamos todo o estado de São Paulo, o que seria combate? Os aspectos preventivos desde o pré-natal, questão de habitação, saneamento, todos os aspectos que entravam, foi muito bem apresentado o trabalho, nós apresentamos oral só, foi a Miriam que me orientou, ela na época trabalhava na prefeitura eu acho, ela e a Erundina. O estágio foi na Saúde, no Hospital do Servidor Público Estadual. Na época, estagiário era por concurso, inclusive minha entrevista foi com o superintendente do hospital, fato marcante esse dia, o dia que houve o incêndio no edifício, eu fiz a entrevista com o superintendente e com o assistente social. (MCL). Foi sobre Comunidade. Só não lembro o tema ao certo. Acho que sobre Implantação de um Centro Comunitário que eles estavam tentando implantar na época. Eu me lembro que depois virou um grande Centro, em Ribeirão Preto. Depois esse Centro virou um grande Centro Comunitário que tem praticamente quase de tudo acho que até saúde atende lá, ele era bem afastado de Ribeirão Preto, um bairro excluído. (MAC). O meu TCC foi sobre idosos. O estágio foi no Asilo Vicente de Paula lá em Uberlândia gostei muito dos trabalhos, tive uma excelente supervisora Conceição Pinheiro, uma pessoa muito dinâmica, ela me deu uma base muito boa, nesse estágio eu aprendi a atuar como assistente social. (MACO). O meu TCC foi feito no local de estágio, na época eu fazia estágio na Trônibus, uma empresa de ônibus. (MEDPC). Foi sobre Menor Abandonado. Eu fiz estágio na creche. Então na época tinha pouca creche ainda, não era normal ter tanta creche igual tem hoje em dia que as mães deixam, foi em Uberlândia fui eu e mais três colegas fazer juntas. (OA). Meu TCC foi na área do meu estágio. Eu Fiz o estágio na APAE de Uberaba. Na área da Deficiência Mental, com o título: A intervenção social junto à família de deficiente mental, junto com a Maria Helena. (AMSR). O nosso campo de estágio foi na APAE de Uberaba, nós só fizemos na APAE, porque nós conseguimos que a supervisora daqui, a Maria Célia Lamunier, que graças a ela agente pôde fazer aqui, que se dispôs. Ela foi lá em Uberlândia conversou com a Zulmira e foi a nossa supervisora aqui. Excelente, nos apoiou em tudo, nos ajudou muito, e o nosso TCC foi em torno do nosso campo de estágio que é a intervenção social junto a família de deficiente mental e ela é que nos ajudou muito na elaboração do nosso TCC. Nós fizemos em dupla a Ana Maria Salge e eu. (MHFA). Fizemos o TCC voltado para o tema que uma das alunas definiu, porque ela trabalhava na Comgaz e decidiu fazer na área de empresa e o grupo adorou porque também não tinha outra escolha. Meu estágio era no final de semana, como da maioria dos alunos da época, porque éramos do noturno, era na periferia de São Paulo, onde tinha um grupo de pessoas que trabalhavam, em Campo Limpo, eu tinha uma supervisora que eu não me lembro o nome, foi na área de comunidade, e eu continuei nesta área com a Jaqueline e ela dizia que era a forma do estagiário falar, que era muito importante, isto em 1980, eu fazia aos sábados a tarde e aos domingos de manhã, sem remuneração, no último ano eu passei a integrar junto com a supervisora Jaqueline, em Taboão da Serra, e ela que era a coordenadora, então passei a fazer estagio remunerado. (GCS).

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Os fatos marcantes no período da formação:

Nesta questão, apenas os que estão citados abaixo disseram se lembrar de

algum fato marcante. Os outros sujeitos não se recordaram de nenhum fato que

tenha marcado o período da formação. [...] nós estudávamos num prédio na Praça da Liberdade, um prédio alto. A nossa escola de serviço social ficava no primeiro andar, e pra cima eram as outras faculdades, os outros cursos: psicologia, filosofia, todos os cursos funcionavam ali, cada andar era um, e do lado funcionava a secretaria de segurança pública, no prédio em frente, então a gente tava assistindo aula, toda a turma,e como a nossa escola além de ser da área social, era logo no primeiro andar, tinha o pátio logo na entrada, eles entravam logo de primeira mão na nossa escola, jogando bomba lá dentro, a gente tava em aula e era aquela barulheira todo mundo saia correndo, prendia aleatoriamente as pessoas, as vezes penso que eles deviam ter alguma denúncia de algum colega, alguma pessoa aí eles entravam sem avisar sem nada, então foi uma época de muito tumulto, esse período todo de 63 a 66. Vários colegas que sumiram. O Lauro foi um que sumiu, era colega da Joaquina, da turma da Joaquina daqui, sumiu e ninguém mais soube dele. Ele era do diretório acadêmico, e naquela época os estudantes de maneira geral eram muito atuantes, tinha um movimento, além da JUC que era um movimento católico, a UNI era um movimento muito forte, era um movimento que reunia pra valer, [...] na época de mudanças das diretrizes de base, os alunos reuniam, eles organizavam parecer, eles mandavam documento e eram ouvidos, então a maioria desses políticos são dessa época, então muitos foram presos, foi uma época de muita insegurança pra nós, a gente não tinha liberdade de reunir, porque todo grupinho que reunia era disperso, tanto dentro da faculdade tanto na rua, então isso perdurou até 68, 69 por aí, eu fui presa em 68, já tava formada, então foi um movimento que marcou muito a nossa época de estudante, de faculdade. (MJF). Uma das coisas marcantes, nós estávamos em verdadeiro processo de reforma universitária, foi uma época em que eu vivi, os ataques à PUC, então eu vi aquelas agressões, aquelas bombas na PUC, porque eu estava no dia em que foi jogada a bomba, bomba de efeito moral que a gente foi todo mundo correndo então nós éramos universitários muito atuantes então eu vejo uma diferença muito grande agora , porque a gente lutava, questão de mensalidade então a gente sempre envolvia nesse movimento. (MCL). Eu me lembro que na época que foi em 1974 até 78, e em 78 os professores estavam meio perdidos porque era a época da reconceituação eu lembro que eles passavam uma coisa, mas não tinha muita segurança, porque de repente eles iam no congresso e aquilo já mudava e eles já chegavam falando outra coisa então eu me lembro que tava bem em crise. (MAC). O que marcou foi que a professora de serviço social Marlene foi assassinada, ele assassinou friamente numa Praça de Uberlândia, então foi um choque pra nós, ela era bem jovem tinha 20 e poucos anos, era do estado de São Paulo, morava e trabalhava em Uberlândia. No mais foi tudo tranqüilo. (MACO).

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O que me marcou foi quando começamos a ir para o campo, os professores pediam para simular entrevistas, situações, mas eu nunca simulei, eu sempre quis fazer entrevistas reais. Lembro que a primeira eu lá na Casa do Menino. (AMSR).

O início do exercício profissional dos sujeitos:

Essa questão permite conhecer onde os sujeitos iniciaram o exercício

profissional, qual deles teve o início em Uberaba e em que campo de atuação se

deu esse processo:

Bom eu comecei trabalhando na Legião Brasileira de Assistência aqui em Uberaba. Isso foi em 1967. Eu formei em final de 66, e em abril de 67 eu fui contratada pela LBA, em Belo Horizonte e vim pra cá. Eu morava aqui, minha família era daqui. A diretora da faculdade era chefe do Serviço Social da Legião Brasileira de Assistência e ela me conhecia, porque conhecia a minha tia que também era assistente social, do IAPI na época, então ela que me chamou pra trabalhar na LBA daqui. Então aqui já tinha sido Centro Regional da LBA. Tiveram umas duas assistentes sociais trabalhando que não eram daqui. Eu não as conheci. Quando eu formei já não tinha assistente social aqui, mas aqui continuava sendo regional sem ter assistente social. Então ela me convidou a assumir aqui. Então fiquei acho que um ano, um ano e meio. Então voltei pra Belo Horizonte, continuei trabalhando na LBA, atendia Uberaba e região, por lá e todos os núcleos isolados que eram todas as cidades que não estavam vinculadas a nenhuma das Regionais. (MJF).

O discurso acima mostra que,já na década de 1960,o Serviço Social existia

em Uberaba. Contudo, não podemos precisar o ano exato de início, pois, como a

própria entrevistada relata, quando ela veio para trabalhar na LBA de Uberaba por

lá, já haviam passado outras Assistentes Sociais, com as quais ela não teve contato.

O início do meu exercício profissional se deu na sede da ASEL, Ação Social Estrela do Litoral, em prol da comunidade dos Caiçaras do Litoral Norte de Ubatuba/SP. As atividades eram vinculadas à Secretaria de Ação Social sediada na cidade de Santos/SP. (MAS). Quando eu terminei o curso (1975), eu entrei num concurso público em São Paulo, eu sou da clínica de São Paulo, quando eles construíram o instituto do coração e o instituto da criança, eu era assistente social desses dois lugares, desses dois institutos [...]. Eu lembro uma coisa interessante, no dia que eu fui fazer o concurso tinha tanta gente que tinha uma sala de Marias, [...] eu entrei em 2º lugar entre os 50. Mas eu resolvi ir embora pra Uberaba. Eu resolvi vir embora, foi quando eu cheguei no SESI centro de atividades aqui, porque o meu pai morreu e eu não queria perder a chance de ficar perto da minha família, eu ia voltar e ir embora. (MCL). [...] então eu aproveitei uma residência que tinha em Catalão e fiquei 40 dias pra fazer o treinamento, mas não gostei de lá, fui assaltada fiquei sem dinheiro, fui embora. [...]. [...] aí apareceu um serviço numa Clinica mas

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ninguém queria porque era só 2 salários e eu ganhava dez salários lá onde eu tava, eu fui lá fiz a entrevista e o Diretor olhou a minha carteira e disse que eu já estava empregada em outro lugar, e falou que eu podia ir embora porque eu estava ganhando um salário muito alto já no meu emprego, eu perguntei a ele se eu não havia passado na entrevista e ele disse que pelo contrário adorou, disse que a Clínica estava precisando de alguém como eu, com essa experiência de 40 dias que eu tive na outra clínica, o que eles estão fazendo lá é o que nós estamos fazendo aqui, mas você vai deixar 10 salários lá pra ganhar 2 aqui? Eu disse a ele que esse trabalho pra mim seria uma experiência muito grande na minha área e que eu não estava questionando o salário. Ele disse que a vaga era minha. Mas me deu um prazo de 4 dias, disse que se eu não voltasse nesse prazo ele iria chamar outra. Quando eu cheguei lá no Correio eles não queriam me liberar, mas eu falei que tinha arrumado um novo emprego e ainda tive que pagar aviso prévio pra eles, saí sem nada só com o que eu já tinha direito mesmo. E fui pra lá daí 2 dias. Depois que eu estava lá há 5 anos surgiu uma vaga aqui em Uberaba no Hospital Escola a minha cunhada viu no Diário Oficial e me falou. (MAC). Eu comecei no Hospital Escola em 1982, e não foi difícil porque eu já tinha formação em técnico de enfermagem, então na área de saúde hospitalar. Pra mim não foi novidade, e com isso em relação ao serviço social, em relação ao espaço físico, a instituição não foi novidade. Agora em relação ao serviço social foi um desafio, que nós chegamos em quatro assistentes sociais, pra implantar o serviço social no Hospital Escola, onde as pessoas não sabiam o que era assistente social, tinha uma visão muito distorcida, confundia muito com o assistencialismo, que é uma característica muito forte aqui da cidade de Uberaba, o assistencialismo. Em 1984 eu assumi a chefia do Setor de Serviço Social e fiquei dez anos na coordenação, então foi um trabalho que eu aprendi muito [...], me deu uma visão mais ampla da parte administrativa, e também durante esse tempo todo eu exerci a função de assistente social. Eu auxiliava as outras funções, porque nós começamos com quatro assistentes sociais, éramos poucas e nem secretária tinha, depois é que nós conseguimos uma secretária. E o Setor foi crescendo na medida em que nós fomos mostrando serviço. (MACO). Em 1980 foi meu primeiro trabalho como assistente social, já foi aqui em Uberaba. Eu vim pro sanatório espírita. Vim, fiz uma entrevista antes, eles estavam querendo contratar uma Assistente Social, eu vim até através de uma colega, amiga minha que se formou junto comigo e que veio pra FEPASA daqui e ela me falou dessa vaga no sanatório e eu estava interessada em trabalhar na época, pois na época quase não tinha Assistente Social em lugar nenhum. Assistente Social era um profissional muito raro, como dizia o Doutor Adroaldo: tinha que ser importado. Então era raro não tinha quase, nem na minha cidade não tinha campo, era muito difícil ainda e eu vim pra cá e comecei a trabalhar, então meu primeiro emprego foi lá, eu trabalhei lá 7 anos no Sanatório que foi o primeiro Centro Social de lá, fui eu quem implantou o trabalho lá. (MEDPC). Logo com seis meses que eu formei eu prestei o concurso. O meu único serviço como Assistente Social foi aqui no INSS e estou até hoje. (OA). Quando começou a equipe do Hospital Escola, que foi a Maria José, a Maria Célia, a Encarnação, a Maria Auxiliadora e a Aparecida Santos, eu fui para a APAE trabalhar e fiquei no lugar da Maria Célia (AMSR). O início do meu exercício foi na Escola para Surdos Dulce de Oliveira, logo que eu formei. Em Uberaba. Logo que eu formei a Maria Célia me chamou para atuar junto com ela na Escola de Surdos e o período era muito pequeno, apenas quatro horas semanais só, então ela começou fundando o

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grupo de mães e eu dei continuidade no trabalho dela [...], o trabalho com as mães com as professoras e incluindo os alunos e os familiares. Foi muito bom ter continuado e ter esse apoio da Maria Célia no início, porque quando a gente forma, agente fica tão insegura. E ela nos ajudou, me ajudou bastante nessa área. (MHFA).

O meu primeiro emprego foi em um trabalho comunitário em uma igreja, em São Paulo, isso era muito comum, tinham outros profissionais de outras áreas, mas Assistente Social somente eu. Tinham psicólogos e pessoas da própria igreja,[...] isso em 1980 e 81. Em fevereiro de 1984 que eu voltei para Uberaba e comecei a trabalhar na área. Foi quando abriu a Secretaria de ação social em Uberaba, eu era responsável pelo Serviço Social onde nós levamos algum tempo para conseguir outros profissionais, era trabalho voltado para a comunidade onde nos levantávamos a demanda da cidade. (GCS).

3.1.2 Os pioneiros em seu exercício profissional no município de Uberaba

Sobre esta questão, procuramos conhecer o que os sujeitos sabem sobre os

primeiros Assistentes Sociais que trabalharam em Uberaba.

Para nossa surpresa, todos eles participaram do processo inicial do trabalho

profissional no município e, com exceção de uma, a ‘MJF’, que trabalhou por um

período, no final da década de 1960, os outros foram quase da mesma época, com

pequena distância temporal entre eles. Seguem, abaixo, os discursos sobre essa

temática.

Os primeiros Assistentes Sociais e onde iniciaram o trabalho profissional no

município.

A primeira assistente social de Uberaba chamava-se Joaquina Furtado que era do SESC eu fazia serviço social em São Paulo, nas minhas férias eu tive o primeiro contato com a Joaquina no 2º ano de serviço social, e vim pedir pra ela pra eu ficar no SESI nas minhas férias e no SESC, ela se abriu, era uma pessoa espetacular, uma pessoa ótima, em todos os aspectos como pessoa, como profissional, quando eu nas minhas férias que eu programei pra ir, porque eu tinha vindo no final de semana e consegui encontrar com ele lê e marquei, foi quando ela morreu foi por isso que eu não cheguei a ter experiência com a Joaquina porque ela morreu logo depois, de acidente de barco. [...] Eu resolvi vir embora pra Uberaba, quando eu cheguei no SESI centro de atividades daqui [...] e eu não queria perder a chance de ficar perto da minha família – mas eu ia voltar e ir embora, [...] porque eu achava que não valia a pena, o salário horrível, e eu achei que não valia a pena. [...] Eu era solteira nessa época. [...] eu deixei e vim pro centro de atividades. (MCL). [...] foi a Joaquina. A Joaquina formou um ano antes de mim, em 1965. Ela trabalhava no SESI, era professora de corte e costura do SESI, e ela conseguiu bolsa e foi pra Belo Horizonte fazer o curso de serviço social. Formou em 65 e voltou e assumiu no SESI aqui, já como assistente social,

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então ela trabalhou aqui um ano antes de mim. No SESI quando eu vim, ela já estava trabalhando no SESI e na BEMFAN, lá no Hospital Escola no ambulatório Maria da Gloria, e eu fui embora pra Belo Horizonte e ela continuou aqui sozinha, aí eu tive uma história que fui pra São Paulo e fiquei 10 anos, trabalhando na prefeitura lá, mudei já casada com 2 filhos, [...], voltei pra Uberaba com o meu marido. Eu fui pra São Paulo em 1969 e voltei pra cá em 1979. Fiquei e fiz concurso no SESI, passei, até que quando eu voltei a Joaquina já tinha falecido, ela faleceu em 1973. Foi ela quem criou, não é que criou o SESC já existia logicamente, ela quem implantou o novo prédio, a nova sede do SESC. [...] Ela quem ficou responsável pela direção do SESC, passou a ser responsável e na gestão dela, é que construiu aquele prédio do SESC, que hoje leva o nome dela, [...] e eu me lembro bem que ela me disse: Maria José eu estou tentando conseguir um terreno do lado daquela sede que era pequena a sede, já tinha piscina, quadra, tudo, mas era só um pedaço, e ela queria conseguir um terreno do lado e ela falou e se eu conseguir a hora que ficar pronta toda a estrutura eu vou colocar o nome do doador no prédio, foi a última vez que eu a vi, eu fui embora e em novembro ela faleceu afogada, colocaram o nome dela no Centro de Atividades do SESC. (MJF). [...], me falaram que Dulce Furtado foi a primeira assistente aqui em Uberaba. Ela trabalhou no SESI. Hoje ela está como 90 anos, está em Uberaba. O que me passaram dela é que ela formou em São Paulo, é aposentada agora, e que fazia parte da equipe do SESC em Belo Horizonte e veio em Uberaba pra implantar o serviço social. [...] quando nós começamos no Hospital Escola, tinha poucas assistentes sociais aqui em Uberaba, nessa época tinha a Maria Elisa no Sanatório Espírita, tinha a Ângela no SESI, a Maria Célia na APAE, a Vanda nos correios, o Mendes lá na FOSFERTIL, não tínhamos uma secretaria de ação social. [...] Nessa época a Joaquina não estava aqui, ela faleceu bem antes. E eu me lembro da Joaquina. [...], eu morava aqui, foi em 73 ou 74 assim como assistente social, mas ela faleceu foi num acidente no Rio Grande e a gente ouvia falar dela mas do trabalho dela eu nunca ouvi falar [...]. (MACO). [...] O Mendes faleceu. Faleceu depois da Ângela. Não lembro que ano que foi. Teve câncer no estômago. Ele era vizinho da Ângela e a Ângela faleceu com câncer também, teve na mama, depois passou pro pulmão, ela faleceu com 33 anos, deixou duas crianças, era bonita a Ângela... Uma gracinha, foi muito triste. (MJF). Não tenho conhecimento [...], exceto do Serviço Social Médico do Hospital Escola da FMTM, atual UFTM. Participei da Implantação do Serviço Social Médico vigente. Na época, em janeiro de 1982, éramos em quatro, sendo duas vindas de Uberlândia e duas de São Paulo. (MAS). Foi a Maria Elisa. Não logo em 1979, eu vim em agosto de 78 pra cá, mas eu fiquei um ano e pouco desligada, cuidando dos filhos, tirei licença sem vencimento da Prefeitura lá em São Paulo, por 2 anos pra ver se adaptava aqui, eu sei que em 1980 eu entrei no SESI, fiz concurso no SESI e já tinha conhecido a Ângela Beatriz, nesse concurso, ela fez o concurso junto comigo, eu fiquei em 1º e ela 2º, a gente começou a ter contato, ela ia muito lá no SESI em cima de mim, Maria José eu quero essa vaga pra mim, brincando né? E nesse meio tempo eu fiz o concurso no Hospital Escola e passei fui pra lá e ela assumiu lá e eu assumi o SESI. Ela ficou no meu lugar. E quando eu estava no SESI eu comecei a entrar em contato com as entidades, as instituições e descobri a Maria Célia lá na APAE, descobri a Maria Elisa no sanatório espírita. (MJF).

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A Maria Elisa, no sanatório espírita, que hoje é uma grande amiga, que nós trabalhamos juntas, a Ângela que faleceu, eu trabalhei junto com ela também no Hospital Escola uma excelente profissional, o Mendes, eu tive contato com ele uma vez que ele estava acompanhando um caso de um funcionário da FOSFERTIL, ele nos procurou como assistente social da FOSFERTIL. (MACO).

Sobre a profissional citada acima, Dulce Furtado, conseguimos localizá-la,

porém, preferimos não incluí-la entre as dez entrevistadas. Ela está, hoje, com 91

anos. Nasceu aos 25.01.1917, na cidade de Veríssimo. Graduou-se na PUCMG. Ela

não se recorda o ano da graduação. Acha que foi próximo ao ano de 1960. Dona

Dulce relata que logo que se formou foi trabalhar em São Paulo, mas que, ao sofrer

um acidente, ficou afastada, período em que veio para Uberaba, onde mora sua

família. Assim, em 1961, foi convidada a trabalhar no SESI e, em seguida, foi

solicitada a implantar o SESC em Uberaba. Poucos anos depois, sua prima

Joaquina Furtado assumiu o trabalho no SESC. Dona Dulce desempenhou grande

parte da sua trajetória profissional no Estado de São Paulo, na Secretaria de

Assistência Social. Trabalhou por dez anos em Ribeirão Preto, vindo para a região

de Igarapava para ficar mais próxima de sua mãe, quando esta adoeceu.

Aposentou-se 1982, mudando-se para Uberaba a fim de cuidar da mãe. A partir daí,

não trabalhou mais. Eram poucos, uma que era da APAE, Maria Célia, a Vanda do Correio, na Fepasa tinha um que não me lembro o nome, tinha um na Fosfertil que era o Mendes, no Hospital Escola tinha a Auxiliadora, a Maria José que hoje é aposentada, a Cida Félix que também está aposentada, no INSS tinha a Marcília e a Marli que aposentaram e Ordalita que está ate hoje, no Sanatório era a Maria Elisa, e então não me lembro de mais, acho que somente estas. [...] eu fui a primeira Assistente Social do município a montar o serviço na Assistência. Foi em fevereiro de 1984, e buscamos ampliar o quadro, as que estavam aqui estavam trabalhando, então vieram umas pessoas de Uberlândia, me lembro que me marcou muito que o próprio CRESS me ligou em casa para investigar. Era uma pressão grande. (GCS). Para Secretaria eu acho que isso foi bom pra época, isso não tem nem duvida, a secretaria saiu a partir desse grupinho. Desse documento foi o inicio foi a proposta do professor Murilo, que foi negada, e nós viemos pra reforçar essa proposta que foi aceita, então a continuidade do trabalho é mérito de quem continuou, cada qual é da sua época, agora hoje eu não sei como é que está, se não está precisa estar. (MJF).

Sobre a criação da Secretaria de Assistência Social, citada nos relatos acima,

vale a pena ver o Anexo D – gentilmente cedido por uma das entrevistadas - um

documento datado de 06 de maio de 1983, que mostra a manifestação do grupo de

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Assistentes Sociais na mídia local, instigando a população a reivindicar do Prefeito

uma secretaria específica e a acompanhar a forma de sua implantação. É possível,

também,neste documento, identificar alguns nomes que compunham o grupo, na

época.

Como era o trabalho deles no município:

[...] eu fui entrando e fui conversando com algumas profissionais que estavam aqui que também eram muito poucas: era a Mercedes na FEPASA, era a Vanda no Correio, que também logo foi embora, o Mendes na Fosfértil e a Maria José no SESI e uma que eu conversava de vez em quando que me procurava lá era a Eva Reis Bacoco [...] (MEDPC). [...] foi um trabalho difícil, porque eu tinha já vivência de serviço social, mas não tinha experiência de serviço social médico, então a única que tinha experiência em hospital era a Auxiliadora, mas na área de enfermagem, então em termos de ação de serviço social em hospital, nós estávamos empatadas [...] como nós não tínhamos experiência nenhuma, nós fizemos não sei se pode chamar de projeto, programa, um documento de implantação de serviço, qual que era a nossa visão. Primeiro a gente procurou conhecer, e depois escreveu, o nosso objetivo era facilitar o atendimento médico do paciente, então tudo aquilo que era dentro da área social estivesse bloqueando o tratamento médico do paciente, nós iríamos atuar, partimos daí e foi um trabalho muito bonito, no que se refere a alta, no que se refere a criança do recém nascido que os pais não queriam assumir, no que se refere ao alcoolismo, foi um trabalho muito bonito, tivemos resultados muito, hoje eles não atendem alta, mas nós tivemos casos de atendimento de alta muito bonito, parece coisa boba, mas tinha conteúdo. (MJF). [...] isso não é uma crítica, mas comparando eu acho que como no passado, não tínhamos quase que recurso nenhum, não podíamos contar com quase ninguém diretamente, uma coisa organizada, tudo que precisava tinha que ir atrás ficar quase que implorando, então o empenho do passado, me parece que foi bem maior do que o serviço de agora, porque agora tá muito mais fácil do assistente social trabalhar, eu trabalho aqui a noite se precisar encaminhar um paciente, hoje tem casa de apoio, secretaria, se for paciente com problema de saúde mental, tem a assistente lá no sanatório, então agora tem o serviço social ele está estruturado em nível de Uberaba, então são muitos recursos, você atende um paciente no seu local de trabalho, temos o atendimento, temos a intervenção se precisar de dar continuidade, você já pode encaminhá-lo, você tem uma colega de referência também pra poder encaminhar, pra dar continuidade, e antes nós não tínhamos nada disso, então hoje está muito cômodo, pra quem está chegando e encontrando esse espaço já estruturado e garantido então eu não sinto que essa mobilização no momento ela exista dessa forma. (MACO).

31.3 As demandas para a profissão no município

Nesta temática, os sujeitos relatam como eram as demandas para o Serviço

Social na instituição em que estavam inseridos e como era o exercício profissional

Page 63: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

desses Assistentes Sociais, lembrando que o cenário da época era no início da

década de 1980, antes, portanto, da efetivação dos direitos pela Constituição

Federal de 1988. Indagamos quais eram as principais demandas para o Serviço

Social na instituição, nesse início do Serviço Social no município; o que eles acham

que mudou na profissão daquele período para os dias de hoje e como eles vêem o

exercício profissional hoje.

Nos discursos abaixo, identificamos a forte influência da metodologia da

época.

As principais demandas para o Serviço Social na instituição:

[...] as demandas?Não eram muitas não, porque eles procuravam mais o SESI [...], então o SESI tinha muitas atividades, cursos de corte e costura, cabeleireiro, arte culinária, de bordado, curso supletivo, tinha presinho, escolinha, então eles procuravam essas atividades e o serviço social estava buscando integrar nesses cursos e atender as necessidades dos alunos a das familiares. A gente fazia reuniões com eles, fazia palestras, convidava pessoas pra trazer palestras de acordo com o interesse deles, na área da saúde de educação, de relacionamento familiar, essa área de relacionamento familiar eu dava muito, depois aparecia muitos casos com problemas, eles procuravam a gente para orientação. (MJF). Dentro do nosso setor, a demanda era espontânea, o trabalho era muito forte, demanda grande, as pessoas que não tinham para onde ir, passando por Uberaba e que não tinham lugar para ficar, e aí foi criada uma casa onde a gente acolhia estas pessoas, hoje o albergue, e havia grande demanda mesmo para a assistência: falta de emprego, casa, comida. A partir da criação dos conselhos, a população se organizou e busca maiores informações, discutir e defender seus direitos, especialmente os sociais, e estes conselhos estão lá onde os usuários estão, as pessoas começaram a participar mais também a partir da LOAS em 1993. (GCS). O número de profissionais em várias áreas e aí então eu acho que esse foi um marco também muito grande pra essa visão que em outras áreas também houve essa colaboração, e aí entrou vários profissionais novos que recém saídos da faculdade com uma garra grande de fazer crescer nossa cidade, que foram vindo vários outros profissionais é a Gilda que veio que contribuiu muito na época de 84 ela já propondo na época encontros com ela sempre pedia é sempre fazia as reuniões e convidava os profissionais que atuava na época eu vejo isso como um crescimento também. (MHFA)

Neste discurso,a entrevistada GCS, (acima), identifica um dos marcos legais

que mudam os rumos do trabalho profissional, em busca da afirmação dos direitos

sociais. Ainda sobre esta questão, temos os relatos abaixo, que fazem alguma

referência sobre essas mudanças:

Page 64: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

Eu vejo uma grande diferença porque na época o atendimento era individual, a gente tava na agência e talvez pelos recursos comunitários que era muito escassos, não havia colegas, profissionais noutras instituições, então a maioria iam para a Previdência solicitar qualquer tipo de recurso, principalmente recursos financeiros, cesta básica, auxílio transporte, [...] a finalidade nem era a Previdência, era alimentação, então isso aí acabou. A procura agora é mais técnica mesmo. Está bem relacionado a problemas relacionados daqui mesmo, de processos na previdência. Mas o usuário sempre é o mesmo. Eu acho que ouve uma valorização muito grande do profissional, um reconhecimento, em Uberaba eu acho que deu um salto enorme da época para agora. E um grande marco para o reconhecimento e conhecimento do Serviço Social foi o início do BPC em 1996. (OA). Eu acho que não mudou muita coisa não. Continua um cabresto do mesmo jeito, muito dependente de mudanças estruturais [...] O que eu acho, é que o usuário ta mais conscientizado dos direitos dele, a diferença é essa, mas que a gente ainda continua batalhando, o cabresto, a estrutura, porque o problema principal, eu acho que é a estrutura, de família, de falta de tolerância, agora, o usuário está mais conscientizado, e conhece o que é assistência social. (MAC). A gente fazia o atendimento individual de tentar contornar o conflito entre usuário e instituição; a providência de documentação pra tratamento médico, isso bem no início mesmo, a gente tinha os programas de atendimento geral, os atendentes nos guichês encaminhavam aqueles casos para nós que precisava da nossa intervenção, tinha aqueles que eram sistematicamente encaminhados que era assistência jurídica, que a gente tinha convênio com o cartório, com advogados a gente pagava por esses documentos, então esses eram sistematicamente encaminhados, e o que era também na época a gente fornecia implementos profissionais que seria uma reabilitação, por exemplo: fazer um curso de cabeleireiro, a gente fornecia implemento profissional para as pessoas bem no início, então eu fiquei nessa área, na agência mesmo durante 18 anos, fazendo essa intervenção, depois eu vim para gerência em 1991 então eu coordenava não a parte técnica, a parte administrativa, [...]. Mas durante esse tempo todo houve muitas mudanças, projetos de divisão mesmo profissional. [...] Os profissionais foram se aposentando. Não houve concurso mais. A gente está propondo que volte a ter mas, não sei se é o que vai acontecer, acho que não é pra esse ano, mas provavelmente pro ano que vem concurso pra assistente social, porque houve uma mudança na carreira do servidor mas eles vão ter técnico/ assistente social, pra que supra essa falta na reabilitação e no serviço social, que atualmente no Brasil nós somos só 650, e o mínimo seria uma em cada agência e nós temos mais de 1500 agências. (OA). [...], eu e a Kátia fomos implantar o serviço social lá no Centro de Saúde. Eu estava no sanatório eu fiquei nos dois esse período e depois eu saí do sanatório e fui participar de um projeto de atendimento a pacientes psicóticos na Clínica de Psicologia na UNIUBE lá eu fiquei por volta de uns sete meses mais ou menos, nós fizemos essa implantação, nós tínhamos supervisão em Belo Horizonte uma equipe, de psiquiatra, psicólogo, assistente social [...] a UNIUBE que arcava com essa supervisão, nós montamos o projeto. [...] Foi em 1987. Porque foram sete meses que eu fiquei, mais ou menos de março a outubro de 1987 e nesse período eu fui especificamente para fazer parte dessa equipe e montar esse trabalho de atendimento ao psicótico, que aqui não tinha outra pessoa pra montar o projeto, mas eu saí então em outubro porque eu fui chamada pela FUNEPO eu tinha feito tinha participado de um processo de seleção, não era ainda um quadro permanente, fui classificada, passei e fui chamada, nesse processo foi a Ângela em 1º eu em 2º e a Kátia em 3º lugar, a Ângela e eu

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viemos pra cá (HE), [...] e a Kátia foi pro centro de reabilitação então eu fiquei no estado e na FUNEPO, então durante o tempo todo que eu fiquei no estado eu mantive o vínculo com a FUNEPO, eu não deixei e da FUNEPO eu prestei um concurso público aqui, também passei, fui a 1ª classificada, mas eu tive que fazer opção entre o Estado que eram 40 horas e 30 horas lá, não existia redução de carga horária ainda, então tive que fazer a opção [...] e eu optei por aqui e aí eu fiquei só aqui, então eu dei um tempo, foi muito puxado esse período de dois empregos [...] era bem puxado porque na FUNEPO 40 horas então não foi fácil. (MEDPC). [...] já comecei a fazer as propostas de trabalho dentro da comunidade junto com o grupo, mas lá eu sempre tive muita liberdade de ação, sempre tive apoio, da direção com relação a isso, adaptações, planejamentos, eu sempre participava de tudo, nós éramos a equipe, agora as minhas atividades eu levava sempre pra equipe, as propostas, os projetos que eu desenvolvia, eu desenvolvi vários projetos lá. (MEDPC).

O que mudou na profissão daquele período para os dias de hoje:

O que mudou muito foram as definições das áreas de atuação: saúde, educação e percebo que na questão da assistência as pessoas tem seu ponto de atuação mais claro e mais delimitado, e posterior a isso veio a criação do curso do Serviço Social em Uberaba que fortaleceu ainda mais estas definições. [...] Eu acredito que mudou quando houve um número maior de Assistente Sociais na cidade, uma oferta maior de profissionais, acho que em 1987, foi quando houve uma abertura maior do campo de trabalho, então as pessoas foram buscando área que ainda não tinham profissionais, mas até hoje como em asilos a gente não tem profissionais do Serviço Social, me lembro somente de trabalho voluntário da Ana Maria com idoso. [...] A partir da criação dos conselhos, a população se organizou e busca maiores informações, discutir e defender seus direitos, especialmente os sociais, e estes conselhos estão lá onde os usuários estão, as pessoas começaram a participar mais também a partir da LOAS em 1993. (GCS). A sociedade de uma maneira geral mudou muito nesse período, mudaram os clientes, mudou a demanda deles, na época com coisas até mais em termos de assistência também, hoje em dia com o tempo, isso foi se modificando e não só com isso mas também com isso, a gente trabalhava por exemplo lá no sanatório muito essa questão de inserção do paciente, na comunidade, no mercado de trabalho, criamos tudo isso lá, bolsa de emprego, encaminhávamos a pessoa pro trabalho, nós fizemos coisas que há um bom tempo o sanatório não teve como prosseguir essas coisas, então aqui a essa mudança eu acho que associamos essa mudança da sociedade é que muda. (MEDPC). O que vejo de diferente nas demandas ocorridas daquela época para o momento atual foi a abertura do Curso de Serviço Social na UNIUBE e também a maior aceitação do Serviço Social nos órgãos públicos e privados (MAS). O que mudou efetivamente é que a gente tem muita mais informações para os usuários, eles buscam muito mais os seus direitos O que mudou muito foram as definições para as áreas de atuação: saúde, educação e percebo que na questão da assistência as pessoas tem seu ponto de atuação mais claro e mais delimitado, e posterior a isso veio a criação do curso do Serviço Social em Uberaba que fortaleceu ainda mais estas definições. [...]

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Eu acredito que mudou quando houve um número maior de Assistente Sociais na cidade, uma oferta maior de profissionais. (GCS).

O que acham do exercício profissional em Uberaba hoje:

[...] penso que precisa um pouco mais comprometimento, social mesmo pra mudar essa realidade, agora pra haver esse comprometimento é imprescindível a união da classe, reuniões periódicas pra debater, cada um na sua área, e no conjunto, fazer uma leitura da realidade de Uberaba, em conjunto, porque você tem a sua leitura, outros têm a leitura deles, então unir isso aí tem como categoria, no que nós podemos ajudar. Vai ter agora uma conferência, era muito oportuno se o serviço social de todas as áreas reunisse mediante, antes da conferência e levantar dados, porque vocês tem base, tem dados, tem conteúdo que sai lá do trabalho de vocês, o que está emperrando o trabalho de vocês [...] (MJF). Na verdade, eu tenho contato com colegas através de curso, mas eu acho que talvez esteja faltando experiência pra esses colegas que saem da faculdade, tenho contato com eles através de estágio que eles fazem aqui comigo então acredito que tenha que ter um pouco mais de prática. (OA). Sobre o Exercício Profissional na Instituição (UFTM), houve mudanças gradativas, com ampliação do pessoal e com a valorização da atuação no âmbito hospitalar e Ambulatorial. (MAS). Eu estou meio afastada hoje, mas até da época em que eu aposentei eu acho que já que a visão da procura do cliente buscando o serviço social então eu acho que eles já estavam com uma clareza maior do que era que eles poderiam ta buscando, ah precisa de mais profissional nessa área, precisava de que em cada postinho da prefeitura tivesse um porque eu moro no bairro tal e não tenho esse profissional então eu acho que à medida que eles viam com uma atuação ali naquele, a atuação daquele profissional eles já viam a necessidade que fazia falta já, o profissional já faz falta. Só que aí foi melhorando com a chegada de outros profissionais pra outras que já foram ampliando também o ampliando. (MHFA).

A necessidade do aperfeiçoamento profissional:

Eu sempre fiz voltado pra área que eu fazia, planejamento, adolescente, dentro da área infantil, eu acho primordial, sem dúvida nenhuma, de serviço social especificamente eu comecei aquele de Brasília, aquele que era a distância, comecei a fazer, achei que não tava com vontade de continuar, parei li tudo que eu tinha que ler, mas eu não tava a fim de ficar fazendo trabalho mais, então o que eu fiz foi esse curso que eu coloquei aí na área de saúde de atendimento social eu fiz logo que eu terminei a faculdade de administração e serviço de saúde, pra mim foi bom, me acrescentou grande coisa, ela fez elaborações de projeto ótimas aqui pra faculdade, e na minha área de planejamento de organização de par, agora se me perguntarem, mestrado e doutorado, você já teve vontade? Nunca, eu queria fazer mais alguma coisa de serviço social, até gostaria, mas não queria fazer mestrado, eu não tenho vocação pra isso. Participou de algum aperfeiçoamento profissional neste período:

A própria Previdência fazia os cursos de reciclagem, e uma vez no ano a gente fazia em Belo Horizonte, e nesses cursos trabalhava dentro da própria Previdência e então a gente reciclava, então vinha gente de fora,

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professores que trazia muita coisa nova até pra dentro da própria Previdência. (MAC). [...] eu fiz vários cursos, sempre voltados pra área onde eu tava atuando na época, [...], fiz a especialização em saúde pública, depois dessa fase do sanatório eu sempre trabalhei nessa área de saúde pública, [...] fiz cursos específicos de hanseníase, de trabalho com paciente com hanseníase os hansenianos, a pólio-quimioterapia, eu fiz todo o processo em Belo Horizonte, trabalhei na área voltada pra previdência, [...], sempre voltado dentro do programa onde eu estava eu sempre busquei trabalhar e conhecer inclusive o trabalho do profissional dentro dessa área, o assistente social dessa área, então viajei bastante, busquei na época de saúde mental, e eu fiquei um mês na Itália fazendo um trabalho, na época já tinha sido feito, a reforma da saúde mental na época o Doutor Franco Balgário, tive lá no hospital onde ele iniciou esse processo de reforma sanitária então isso me ajudou muito dentro da área da saúde. (MEDPC).

3.1.4 organização da categoria enquanto classe.

Sobre esta temática, a organização da categoria enquanto classe,

questionou-se sobre quando e como se deram as primeiras iniciativas de

mobilização da categoria; quais foram os primeiros profissionais a discutirem

assuntos de interesse da classe e como eles vêem o processo de organização da

categoria, nos dias de hoje.

Sobre a primeira questão, vimos que não havia nada estruturado, mas o

grupo conseguia atingir seus objetivos.

As primeiras iniciativas de mobilização da categoria:

Foram em encontros em restaurantes, formava-se um grupo, a gente se encontrava, normalmente na época da comemoração do dia do assistente social, eu sempre participei desses encontros. (MEDPC) Foi no sentido de defender a categoria. [...] O único fato que eu me lembre foi uma época em que podia assumir a secretaria de Assistência Social em Uberaba uma pessoa que não era qualificada, então a categoria que era pouca, nós nos mobilizamos pra tentar evitar isso, e nós tivemos algumas reuniões na época com a pessoa pra tentar reverter o quadro. [...] a gente ficava sabendo de vários fatos de pessoas que não tinham formação profissional pra exercer o cargo, Então a gente corria atrás pra tentar reverter esse quadro em Uberaba. Eu lembro de algumas reuniões que a gente tinha que era assim muito gostoso, que a gente tinha reunião em pizzaria eram umas reuniões que a gente tinha essa coisa igual eu te falei de debater de querer secretaria, de criar associação, grupo de estudo. (MCL). [...] eu acompanhei pouco porque foi uma época que o hospital me absorveu muito, que eu ficava 8 horas, eu não participei, eu participei muito pouco dessas reuniões, mas liberava as colegas eu tava aqui na chefia

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quem quisesse participar se fosse durante o dia a gente não criava nenhuma dificuldade, facilitava até. Isso foi bem no início e houve reuniões houve discussões e eram reuniões mesmo que acontecia até nós sentimos a necessidade de criar uma secretaria porque na prefeitura tinha o médico que assumia essa parte, ele tinha uma secretária então era lá que as coisas aconteciam do jeito dele e não tinha assistente social, foi bem no começinho foi mais ou menos em 82, quando o Wagner assumiu a prefeitura houve uma reunião com a Isabel e várias assistentes sociais foram eu não participei dessa reunião e foi a partir daí que criou a secretaria nesse período da gestão dele. (MACO). Primeiro a necessidade de você buscar uma força junto com alguém, quer dizer a categoria, o profissional sozinho, ele não tem peso, mas a categoria tem, nós sempre tivemos, só que nós não tínhamos gente o suficiente, nós nos uníamos, mas era muito pouca, a partir do momento que foi aumentando, nós fomos nos buscando... (MEDPC). Olha, o que eu estou lembrando foi justamente dessa secretaria de serviço social, foi o primeiro objetivo, porque não tinha assistente social na prefeitura, segundo, não tinha um albergue, não tinha pra onde encaminhar, e isso rebatia no cotidiano nosso, porque o hospital atraiu muitos imigrantes doentes e depois não tinha mais pra onde encaminhar, nós aqui do hospital não tínhamos verba pra que eles voltassem, não fazia passagem, e isso tinha que ser lá da assistência, e no começo quando nós chegamos aqui, o nosso contato tinha que ser diretamente com a empresa, então a gente solicitava uma passagem e fazia uma troca de favor, o dia que eles levavam um funcionário pro hospital eles queriam alguma prioridade, na consulta, chegar e ser atendido primeiro, e aqui tudo é um processo demorado e era complicado trabalhar assim, não tínhamos o serviço de migração rodoviária, foi muito difícil trabalhar no começo porque rede social de apoio não tinha nenhuma. (MACO). [...] tinha a Maria Elisa, a Maria José, porque a Maria José tinha pique total tinha uma cabeça diferente porque ela veio de São Paulo, mas eu não sei te dizer quem começou, acho que foi a Maria José que começou com essas coisas e eu com alguma coisa não sei. (MCL). [...] eu não vejo mérito nenhum desse grupinho aqui ter sido uma mola mestra para a coisa continuar hoje não, porque isso é do espírito da categoria profissional, se esse grupinho aqui não tivesse reunido nessa época, sem duvida nenhuma em 70 em 90, 92, 94 em alguma época a categoria sentiria necessidade dessa formação, então isso aqui foi bom pra essa época aqui. (MJF). Primeiro a necessidade de você buscar uma força junto com alguém, quer dizer a categoria, o profissional sozinho, ele não tem peso, mas a categoria tem, nós sempre tivemos, só que nós não tínhamos gente o suficiente, nós nos uníamos, mas era muito pouca, a partir do momento que foi aumentando, nós fomos nos buscando... (MEDPC).

Os principais interesses que mobilizaram as iniciativas

Era esse mesmo que eu citei, formar um grupo de estudo, se organizar, tentamos em vários locais diferentes, no trabalho de cada um, em barzinho, mas não foi pra frente. (GCS).

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Me lembro de alguns casos, alguém até notificou e publicou, pessoas que falavam que faziam Serviço Social, mas não eram formadas, como é ate hoje, a figura do assistente social é muito confundida, podemos citar a primeira dama que é Secretária do município e muitas vezes é confundida com assistente social.

Pois é, eu me lembro de uma movimentação e tô lembrando mais da Dirce é uma colega mais dinâmica muito atuante, então na época que foi pra criar a associação, na época eu também não participei, como não dava pra eu participar durante o dia, a noite eu evitava muito qualquer compromisso, mas eu lembro mais da Dirce, e sempre que tinha reunião ela ia e representava o nosso grupo, aqui no hospital nessa época nos primeiros anos, a gente tomava muito cuidado, não dava pra todas irem participar de algum curso, alguma atividade, então quem ia trazia a gente reunia e repassava, pra acompanhar. (MACO).

Eu sei que nós tentamos começar aqui em 1983, tentamos, que era um dos objetivos era formar essa associação, esse sindicato. Depois eu soube que foi formado, não era associação, até o quanto eu sabia não era associação, era grupo de assistentes sociais, depois que foi participando de reuniões um Uberlândia, que formou uma representação se não me engano do Núcleo do Conselho de Assistente Social, então eu me lembro que quando eu me aposentei inclusive foi através desse grupo que levou a minha carteira pra dar baixa, então, depois que formou a associação, até aí eu sei, depois eu não tô a par de como está. (MJF).

Como eles vêem o processo de organização da categoria nos dias de hoje

Muito mais forte,está mais coeso, tem um grupo muito maior, eu tenho participado muito pouco hoje. (MEDPC). Eu acho o que pessoal, estão fazendo reunião, eu acho que vocês estão bem envolvidas na história, tem gente nova, que terminou o curso, porque tem que entrar gente, gente jovem, porque nós estamos afastadas. [...] eu já estou vendo gente que eu não conhecia, e eu acho que isso é bom, tem que colocar gente nova, porque um dia nós vamos afastar e todo mundo vai afastar e acho que tem que continuar, não pode deixar a coisa cair, e agora ainda tem uma coisa a mais pra proteger, cuidado com as escolas de serviço social, eu acho que a associação tem que cuidar disso, porque se você começa a fazer muito em série, a qualidade perde. (MCL) Eu sinto que seja dessa forma, porque antes a coisa era bem intensa também a realidade agora é outra, mas existe sim a gente vê que de vez em quando ouve falar que o pessoal da prefeitura estar fazendo alguma coisa mas é mais isolado essa mobilização única essa não existe mais ela agora setorizou. E eu acho até que isso é mais conseqüência da evolução, do crescimento, da expansão da profissão. (MACO). Eu acho que evoluiu muito, pela faculdade que tem em Uberaba, pessoas novas chegando, outras com ânimo pra trabalhar, que a gente já está cansada, já brigou muito, e já vai deixando pra essas que tão chegando agora brigar, mas eu acho que ainda falta muito ainda, que pelo número de profissionais que tem na cidade deveria evoluir mais ainda. (OA). Eu sinto que seja dessa forma, porque antes a coisa era bem intensa também a realidade agora é outra, mas existe sim a gente vê que de vez em quando ouve falar que o pessoal da prefeitura tá fazendo alguma coisa, mas é mais isolado essa mobilização única essa não existe mais ela agora

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setorizou. E eu acho até que isso é mais conseqüência da evolução, do crescimento, da expansão da profissão. (MACO). Não mudou muito não, tirando algumas pessoas daquela época, as pessoas continuam sendo muito poucas no envolvimento de discussões, mesmo com a criação do curso de serviço social em Uberaba. (GCS). Olha, isso não é uma crítica, mas comparando eu acho que como no passado, não tínhamos quase que recurso nenhum, não podíamos contar com quase ninguém diretamente, uma coisa organizada, tudo que precisava tinha que ir atrás ficar quase que implorando, então o empenho do passado, me parece que foi bem maior do que o serviço de agora, porque agora está muito mais fácil do assistente social trabalhar, eu trabalho aqui a noite se precisar encaminhar um paciente, hoje tem casa de apoio, secretaria, se for paciente com problema de saúde mental, tem a assistente lá no sanatório, então agora tem o serviço social ele está estruturado em nível de Uberaba, então são muitos recursos, você atende um paciente no seu local de trabalho, temos o atendimento, temos a intervenção se precisar de dar continuidade, você já pode encaminhá-lo, você tem uma colega de referência também pra poder encaminhar, pra dar continuidade, e antes nós não tínhamos nada disso, então hoje está muito cômodo, pra quem tá chegando e encontrando esse espaço já estruturado e garantido então eu não sinto que essa mobilização no momento ela exista dessa forma. (MACO).

Os principais interesses que mobilizaram as iniciativas Era esse mesmo que eu citei, formar um grupo de estudo, se organizar, tentamos em vários locais diferentes, no trabalho de cada um, em barzinho, mas não foi pra frente. (GCS). Me lembro de alguns casos, alguém até notificou e publicou, pessoas que falavam que faziam Serviço Social, mas não eram formadas, como é ate hoje, a figura do assistente social é muito confundida, podemos citar a primeira dama que é Secretária do município e muitas vezes é confundida com assistente social.

Pois é, eu me lembro de uma movimentação e tô lembrando mais da Dirce é uma colega mais dinâmica muito atuante, então na época que foi pra criar a associação, na época eu também não participei, como não dava pra eu participar durante o dia, a noite eu evitava muito qualquer compromisso, mas eu lembro mais da Dirce, e sempre que tinha reunião ela ia e representava o nosso grupo, aqui no hospital nessa época nos primeiros anos, a gente tomava muito cuidado, não dava pra todas irem participar de algum curso, alguma atividade, então quem ia trazia a gente reunia e repassava, pra acompanhar. (MACO).

Eu sei que nós tentamos começar aqui em 1983 tentamos, que era um dos objetivos era formar essa associação, esse sindicato. Depois eu soube que foi formado, não era associação, até o quanto eu sabia não era associação, era grupo de assistentes sociais, depois que foi participando de reuniões um Uberlândia, que formou uma representação se não me engano do Núcleo do Conselho de Assistente Social, então eu me lembro que quando eu me aposentei inclusive foi através desse grupo que levou a minha carteira pra dar baixa, então, depois que formou a associação, até aí eu sei, depois eu não tô a par de como está. (MJF).

Page 71: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

Os primeiros profissionais a discutirem assuntos de interesse da categoria

Não me lembro, mas eram sempre as mesmas pessoas: Mendes, Maria Elisa, Ângela, Heloísa, Dirce, Cida Tirone, eu, não era um grupo muito grande, e a gente discutia como ampliar esse grupo e consolidá-lo. Posteriormente chegou a Vanda e outras pessoas também, principalmente de Uberlândia. (GCS). Pra te falar a verdade eu lembro da Maria José, Maria Elisa, depois a Auxiliadora participou, acho que a Marli participou um pouco também. Eu não lembro sou péssima pra isso. (MCL). [...] a organização da categoria enquanto classe, mas não participei de nenhuma atividade; portanto não me atrevo mencionar nomes dos profissionais pioneiros desse movimento. Atualmente é de suma importância a mobilização em prol dos interesses da classe. (MAS). Foram em encontros em restaurantes, formava-se um grupo, a gente se encontrava, normalmente na época da comemoração do dia do assistente social, eu sempre participei desses encontros. (MEDPC). O Mendes, a Ângela, a Maria Célia, eu, a Maria José, depois já tinha a Auxiliadora, a Ordalita, a Marli, a Ângela tava sempre junto, ela sempre teve essa mobilização muito forte, o Mendes também gostava demais de buscar companhia da gente de ta junto, discutindo, conversando, se organizando, socializar as práticas, justamente isso que a gente buscava. (MEDPC). [...] eu me lembro de uma movimentação, e estou lembrando mais da Dirce, que é uma colega mais dinâmica muito atuante, então na época que foi pra criar a associação, na época eu também não participei, [...] mas eu lembro mais da Dirce, e sempre que tinha reunião ela ia e representava o nosso grupo, aqui no hospital nessa época nos primeiros anos, a gente tomava muito cuidado, não dava pra todas irem participar de algum curso, alguma atividade, então quem ia trazia pra gente,reunia e repassava, pra acompanhar. [...] eu acompanhei pouco porque foi uma época que o hospital me absorveu muito, que eu ficava 8 horas, eu não participei, eu participei muito pouco dessas reuniões, mas liberava as colegas eu tava aqui na chefia quem quisesse participar se fosse durante o dia a gente não criava nenhuma dificuldade, facilitava até. Isso foi bem no início e houve reuniões houve discussões e eram reuniões mesmo que acontecia até nós sentimos a necessidade de criar uma secretaria porque na prefeitura tinha o médico que assumia essa parte, ele tinha uma secretária então era lá que as coisas aconteciam do jeito dele e não tinha assistente social, foi bem no começinho foi mais ou menos em 1982, quando o Wagner assumiu a prefeitura houve uma reunião com a Isabel e várias assistentes sociais foram eu não participei dessa reunião e foi a partir daí que criou a secretaria nesse período da gestão dele. (MACO). Foram esses mesmos profissionais e os mais novos, eu acho que já estava a Heloisa, a Eleusa, a Vanda se não me engano você já estava e na época que nós estávamos no Hospital, entrou a Marli com a Ordalita no INSS. (MJF).

[...] especificamente eu não me lembro quem começou, a gente reunia mas era para tratar algum assunto relacionado, mas nada que tivesse, quem chamava quem convocava. Que eu me lembre era a Gilda, que ficava mais a frente, e teve alguns tempos que eu participava da associação. (OA).

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Pra te falar a verdade, eu lembro da Maria José, Maria Elisa, depois a Auxiliadora participou, acho que a Marli participou um pouco também. Eu não lembro sou péssima pra isso. Eu lembro de algumas reuniões, era muito gostoso, que a gente tinha em pizzaria. Eram umas reuniões que a gente tinha essa coisa de debater de querer a secretaria, de criar associação, grupo de estudo... [...] Só não participei de diretoria mas eu participei muito, depois eu casei parei. (MCL) Quando aumentou, que tinha a Maria Elisa, a Maria José, porque a Maria José tinha pique total tinha uma cabeça diferente porque ela veio de São Paulo, mas eu não sei te dizer quem começou, acho que foi a Maria José que começou com essas coisas e eu com alguma coisa não sei. (MCL). Eu lembro que eu participei de todas, depois é que eu dei uma parada, naquela montagem da associação eu participei quase que toda, eu cheguei até a fazer parte da diretoria, antes de formar a associação tinha reuniões, que a gente marcava pra discutir coisas da categoria, pra defender a categoria. (MAC). Sim eu participei, eu me lembro até que teve, não fui eu quem organizei, eu ajudei, participei, foi um seminário não sei, sei que foi uma participação muito boa, que lembro que eu fiquei na mesinha lá na frente fazendo inscrição do pessoal, mas não me lembro com sinceridade o ano que foi eu me lembro bem do local, a frente, foi lá na ACIU na Leopoldino, foi o último encontrão que eu participei aberto, [...] eu me lembro desse, muito bom por sinal. (MJF).

O Mendes, a Ângela, a Maria Célia, eu, a Maria José, depois já tinha a Auxiliadora, a Ordalita, a Marli, a Ângela tava sempre junto, ela sempre teve essa mobilização muito forte, o Mendes também gostava demais de buscar companhia da gente de ta junto, discutindo, conversando, se organizando, socializar as práticas, justamente isso que a gente buscava. (MEDPC). [...] eu me lembro de uma movimentação, e estou lembrando mais da Dirce, que é uma colega mais dinâmica muito atuante, então na época que foi pra criar a associação, na época eu também não participei, [...] mas eu lembro mais da Dirce, e sempre que tinha reunião ela ia e representava o nosso grupo, aqui no hospital nessa época nos primeiros anos, a gente tomava muito cuidado, não dava pra todas irem participar de algum curso, alguma atividade, então quem ia trazia pra gente,reunia e repassava, pra acompanhar. [...]. (MACO). Foram esses mesmos profissionais e os mais novos, eu acho que já estava a Heloisa, a Eleusa, a Vanda se não me engano você já estava e na época que nós estávamos no Hospital Escola entrou a Marli com a Ordalita no INSS. (MJCF).

É importante destacar no discurso acima, o momento em que a entrevistada cita a

profissional Eleusa (ver foto 3, abaixo). Eleusa foi uma das primeiras contratadas pela

Secretaria de Assistência, após sua criação. Ela chegou um ano depois no município, para

compor o quadro de profissionais da Secretaria de Assistência Social. Era da cidade de

Uberlândia. Faleceu em plena atividade profissional, no início da década de 1990, por

insuficiência renal crônica, no pós-operatório de um transplante. A cirurgia foi realizada em

Page 73: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

São Paulo. Este fato emocionou a cidade, pois ela era muito querida e se destacava como

profissional e como lutadora pela sobrevivência frente à doença.

II Encontro de Assistentes Sociais e a Comunidade maio/1992

EleusaMárcia

FOTO 3 – 2º Encontro de Assistentes Sociais de Uberaba. Fonte: Acervo da Associação dos Assistentes Sociais de Uberaba (AASU).

[...] especificamente eu não me lembro quem começou, a gente reunia mas era para tratar algum assunto relacionado, mas nada que tivesse, quem chamava quem convocava. Que eu me lembre era a Gilda, que ficava mais a frente, e teve alguns tempos que eu participava da associação. (OA). Pra te falar a verdade, eu lembro da Maria José, Maria Elisa, depois a Auxiliadora participou, acho que a Marli participou um pouco também. Eu não lembro sou péssima pra isso. Eu lembro de algumas reuniões, era muito gostoso, que a gente tinha em pizzaria. Eram umas reuniões que a gente tinha essa coisa de debater de querer a secretaria, de criar associação, grupo de estudo... [...] Só não participei de diretoria mas eu participei muito, depois eu casei parei. (MCL) Quando aumentou, que tinha a Maria Elisa, a Maria José, porque a Maria José tinha pique total tinha uma cabeça diferente porque ela veio de São Paulo, mas eu não sei te dizer quem começou, acho que foi a Maria José que começou com essas coisas e eu com alguma coisa não sei. (MCL). Eu lembro que eu participei de todas, depois é que eu dei uma parada, naquela montagem da associação eu participei quase que toda, eu cheguei até a fazer parte da diretoria, antes de formar a associação tinha reuniões, que a gente marcava pra discutir coisas da categoria, pra defender a categoria. (MAC). Sim eu participei, eu me lembro até que teve, não fui eu quem organizei, eu ajudei, participei, foi um seminário não sei, sei que foi uma participação muito boa, que lembro que eu fiquei na mesinha lá na frente fazendo inscrição do pessoal, mas não me lembro com sinceridade o ano que foi eu me lembro bem do local, a frente, foi lá na ACIU na Leopoldino, foi o último encontrão que eu participei aberto, [...] eu me lembro desse, muito bom por sinal. (MJF).

Page 74: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

Abaixo as fotos do evento citado no discurso acima.

AASU

II Encontro de Assistentes Sociais e a Comunidade maio/1992

Grupos de trabalho

FOTO 4 – 2º Encontro de Assistentes Sociais de Uberaba. Fonte: Acervo da Associação dos Assistentes Sociais de Uberaba (AASU).

AASU

II Encontro de Assistentes Sociais e a Comunidade maio/1992

FOTO 5 – 2º Encontro de Assistentes Sociais de Uberaba. Fonte: Acervo da Associação dos Assistentes Sociais de Uberaba (AASU).

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O surgimento da Associação: Em todos os discursos, há a citação da Associação dos Assistentes Sociais de Uberaba (AASU), como um importante marco da mobilização da categoria, selecionamos alguns:

[...] acho que tem que existir, nós batalhamos por ela, deve ter alguma coisa em Ata que a gente queria criar uma associação, eu acho que isso faz parte de toda categoria tem que ter, acho que poderia ter mais empenho, como que eu vou dizer nós tivemos algum problema com a associação agora já não tem mais pra você ver como que mudou que você não vê mais ninguém perguntando, tem alguém atuando como assistente social? Porque antes isso tinha, acho que isso agora mudou por causa da associação [...]. (MCL). Para formação da associação dos assistentes sociais em que a formação foi pelo estatuto que também foi uma oportunidade em que a gente tinha, uma troca grande com os profissionais que participaram eu vejo isso aqui como um marco grande para a época, a elaboração do estatuto e depois a reformulação dele. [...] o estatuto da associação dos assistentes sociais também vejo como um grande marco foi aprovado em assembléia geral em 15 de abril de 93 e tinha como sócios fundadores e membros da 1ª diretoria na 1ª diretoria foram Heloisa Nunes e Luciana Martins e vários outros que eu não me lembro na hora que compunham a diretoria que tinha (MHFA). [...] a associação trouxe uma contribuição muito grande e as primeiras diretorias foram muito atuantes eu não vejo muito isso nas atuais, mas as primeiras foram muito atuantes buscaram lutaram muito para o interesses da classe. (AMSR).

Percebe-se que nos relatos sobre a Associação, um desejo de evidenciá-la

como marco na história e de resgatar o papel que ela exerceu no passado. Acham

que hoje, ela já não está atuante como foi nos primeiros anos. Na verdade, não é a

Associação que é atuante ou não, mas os seus associados. Referimos-nos à

categoria em um todo, não apenas à diretoria. Portanto, todos que defendem sua

permanência, devem assumir a sua parcela de responsabilidade, para garantir sua

existência.

Ao apropriar-se da história AASU, identifica-se os principais protagonistas,

responsáveis pelas várias conquistas da categoria no município, inclusive a busca

pela qualificação profissional, a representatividade política no município, como a

participação em conselhos, eventos e outros.

No Anexo A encontra-se o seu Estatuto, já reformulado pela terceira vez, para

atualizar-se tanto no aspecto legal, exigido às organizações sem fins lucrativos,

regulamentadas por estatutos, como para acompanhar as mudanças ocorridas no

interior da categoria, como Código de Ética e Projeto Ético Político. No Anexo B,

encontra-se os nomes dos profissionais que participaram nas gestões, na condição

de membros de diretoria e conselho fiscal.

Page 76: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

Abaixo, o relato, de forma concisa, sobre o surgimento da Associação e as

principais ações que foram desenvolvidas através dela, desde o seu surgimento até

a atualidade. Trata-se de memórias, resultante da busca em documentos, atas,

artigos e fotos, que se mantinham conservados e arquivados pelo pesquisador,

também protagonista na criação da AASU e atual presidente da entidade.

3.1.4.1 O surgimento da Associação dos Assistentes Sociais de Uberaba como resposta ao movimento organizativo da categoria.

Vamos incluir, aqui, a história da Associação dos Assistentes Sociais de

Uberaba, que liga a lacuna do tempo entre os primeiros Assistentes Sociais com os

da atualidade.

Destacamos que o caminho utilizado na pesquisa, para coleta dos dados

apresentados sobre a AASU foi a pesquisa documental, através de buscas em

documentos como atas e recortes de jornais, disponíveis nos arquivos da

Associação, mantidos pelo presidente.

Como vimos em sua história, Uberaba situa-se na região do Triângulo

Mineiro, mantendo-se distante cerca de 500 km de Belo Horizonte, ou seja, de onde

está sediado o Conselho Regional de Serviço Social (CRESS), 6ª Região. Além da

sede conta, também, com seccionais em Juiz de Fora, na região central do Estado e

em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, aproximadamente 100 km de Uberaba.

Considerando as dificuldades decorrentes da distância e motivado pela

necessidade de agilizar informações e articular movimentos de interesse da

categoria, o grupo de Assistentes Sociais que atuava no Município de Uberaba,

pensando em minimizar as dificuldades vividas, no sentido de buscar seu

fortalecimento e agilizar a comunicação com a seccional e com a sede do Conselho,

optou por instituir uma Nucleação. No inicio da década de 90, os Assistentes Sociais

promovem encontros para estudos de interesse coletivo o que fortaleceu a idéia de

criar o Núcleo de Estudos no qual os Assistentes Sociais pudessem se reunir a fim

de estudar, partilhar experiências profissionais, fortalecer a atuação no município,

socializar informações e orientações oriundas do Conselho Regional. Chegou-se,

inclusive, a pensar na possibilidade da criação de uma subdelegacia em Uberaba.

Entretanto, quando consultado o Conselho Regional, a proposta foi rejeitada, com

Page 77: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

justificativa de que o número de profissionais ainda era insuficiente para esse

empreendimento.

O grupo de profissionais do município, promoveu o 1º Encontro dos

Assistentes Sociais de Uberaba. Aconteceu nas dependências do Hospital Escola,

na Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro, nos dias 14 e 15 de Maio do ano de

1990. A participação foi quase maciça dos profissionais do Município, sendo

registrado o significativo número de 25 (vinte e cinco) Assistentes Sociais –

correspondentes a quase todos os profissionais em exercício na época, ficando

apenas alguns sem participarem, inclusive a profissional e pesquisadora, Zélia de

Oliveira Barbosa, que na ocasião encontrava-se em licença maternidade. Seu

vínculo profissional na época, era na Clínica de Psicologia Aplicada (CPA) da

UNIUBE, compondo uma equipe de profissionais, onde era oferecido um serviço

alternativo, de assistência a psicóticos – Hospital Dia.

Ainda neste evento estiveram presentes e apoiando os profissionais, os

senhores Diretor Administrativo da FMTM, Camilo Rodrigues e o Vice-diretor da

FMTM, Doutor Lineu José Miziara. O evento possibilitou aos participantes,

apresentarem relatos da prática profissional nas diversas áreas de atuação no

Município, o que, certamente, enriquecera os conhecimentos dos profissionais

presentes no evento, bem como a aproximação dos profissionais, a socialização e

troca de informações, necessárias ao bom desenvolvimento das ações, nas

respectivas áreas de atuação.

Nos encontros seqüentes, foram formadas comissões com o propósito de

divulgar as ações do grupo, estudos quanto à regulamentação da profissão, criação

de instrumental técnico, arregimentação de recursos financeiros para os propósitos a

que se dispunha a questão social, promoção de eventos e outras ações de interesse

coletivo.

A idéia da criação de uma Associação começou a tomar corpo no grupo.

Começaram a se mobilizar em busca de orientações jurídicas para a formulação da

proposta de fundação de uma entidade representativa , na forma legal.

Ainda sem uma definição sobre a questão que preocupava o grupo, no

período de 02 de abril de 1991 a 28 de maio do mesmo ano, os profissionais

mobilizaram-se para a realização do 2º Encontro de Assistentes Sociais de Uberaba,

o qual teve como tema central: Assistência Social e Políticas Sociais, aberto à

participação da comunidade uberabense. O evento aconteceu em maio de 1992, no

Page 78: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

Anfiteatro da Associação de Comércio e Indústria de Uberaba (ACIU). O Grupo de

Assistentes Sociais convidaram a Comunidade para debaterem o tema: “Assistência

Social e Políticas Sociais”. Como conferencista, foi convidada a profissional Marilza

Bertanho, Assistente Social em Uberlândia e na época representante do

CRESS/6ªR./Seccional de Uberlândia.

O Anfiteatro, com capacidade para mais de duzentas pessoas, ficou lotado,

conforme mostra a foto abaixo.

AASU

II Encontro de Assistentes Sociais e a Comunidademaio/1992

Tema: Assistência Social e Políticas Sociais. evento com a participação de Profissionais e sociedade civil.

AASU

FOTO 6 - 2º Encontro de Assistentes Sociais de Uberaba. Fonte: Acervo da Associação dos Assistentes Sociais de Uberaba (AASU).

Após este importante evento, os profissionais retomaram a discussão sobre a

formação e formatação do Núcleo local com a necessária distribuição de cargos e

funções, a fim de garantir a funcionalidade e o desempenho do mesmo.

Finalmente, no período de 17 de setembro de 1992 a 03 de dezembro do

mesmo ano, os profissionais definiram-se pela formação da entidade representativa

da categoria profissional, denominada Associação dos Assistentes Sociais de

Uberaba, firmando-se nos propósitos de estudos das questões pertinentes à atuação

profissional, representação jurídica, promoção de eventos, apoio técnico-científico e

cultural, divulgação da profissão, promoção de cursos e outras ações.

Page 79: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

No período compreendido entre 05 de novembro de 1992 a 18 de março de

1993, foi eleita uma comissão para elaboração do Estatuto da Associação, o qual foi

discutido, feitas as necessárias adequações e aprovado pelo grupo.

A formação e composição da primeira Diretoria ocorreu em 01 de abril do ano

1993, através da formação de chapa e eleição direta dos profissionais, oficializando

o Estatuto cuja finalidade era a de congregar os atuais e futuros profissionais em

Serviço Social, bem como valorizar e defender os interesses individuais e coletivos

da categoria residente no município.

Em 15 de abril de 1993, em Assembléia Geral Ordinária realizada na sede do

Serviço Social da Indústria (SESI), foi empossada a Diretoria (ver anexo B) e

confirmada a legalidade do Estatuto. As outras Assistentes Sociais presentes, e que

não compunham a Diretoria, receberam o título de sócias fundadoras da AASU. São

elas: Maria Auxiliadora Cipriano de Oliveira, Maria Célia Lamounier , Maria Inácio S.

Gaspar,Maria Elisa Di Poi Cruz,Maria Aparecida Tirone, Raimunda Lima Santana,

Ana Maria Salge Recife, Maria Madalena de Oliveira, Marli Ferreira de Resende

Amaral, Márcia Jerônimo, Naide Maria Silvério, Cátia Silva.

Consta, que a Associação enfrentou algumas dificuldades para a efetivação

do registro em cartório de seu estatuto, o que teria causado um período de

paralisação nas atividades. Superadas as dificuldades, foram retomadas todas as

atividades, inclusive os encontros mensais, a partir de fevereiro de 1994, com os

preparativos da comemoração do Dia do Assistente Social. Vale ressaltar que, antes

mesmo de a Associação estar constituída e reconhecida, os Assistentes Sociais já

se mobilizavam para a realização de grandes eventos.

Aconteceu outro evento, também de destaque, ocorrido nos dias 14 e 15 de

Maio de 1993, intitulado como III Encontro de Assistentes Sociais, com o Tema: O

Serviço Social em busca de Novos Rumos. Como conferencista, foi convidada a

profissional Maria Cristina Tezza, Socioterapeuta e Assistente Social da Cidade de

Curitiba/PR.

A Associação mantinha um espaço em um importante jornal local

(comunicação escrita), no qual publicava, semanalmente, um artigo sobre assuntos

da atualidade, incluindo as particularidades do Serviço Social nos espaços sócio-

ocupacionais.

Em março de 1994, o referido Jornal, divulgou nota da AASU, (ver anexo F),

alertando a população sobre pseudos profissionais que estariam atuando sem ter

Page 80: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

cursado Serviço Social. A nota esclarecia a Comunidade sobre a Lei Regulamentar

da Profissão.

No mês de abril de 1994, prosseguindo com a campanha de defesa dos

interesses da Categoria, a Vice Presidente da AASU, Luciana Martins Rodrigues

publicou nota com destaque para a intensa fiscalização a ser desencadeada em

todo o Estado de Minas Gerais, por meio da formação de colegiados, objetivando o

impedimento da atuação destes pseudos Assistentes Sociais.

Em abril de 1994, a Associação dos Assistentes Sociais enviou dois

representantes a Belo Horizonte para participarem do Primeiro Encontro Regional de

Núcleos e Associações, promovido pelo CRESS, a fim de avaliarem a atuação

destas representações.

Outro marco importante na existência da AASU, aconteceu em outubro de

1995, é a participação da Associação dos Assistentes Sociais na organização da 1ª

Conferência Municipal de Assistência Social, (ver anexo H) culminando na

implantação da LOAS no Município. Os profissionais que participaram como

representantes da AASU neste trabalho, foram: Ana Maria Salge Recife, Dircy da

Silva, Gilda Crosara da Silva, Luciana Martins Rodrigues, Maria Helena S. P.

Liporaci, Maria Teresinha Cunha, Mariangélica Rodrigues da Cunha, Naide Maria

Silvério, Rosane Aparecida de Souza, e Zélia de Oliveira Barbosa.

O Jornal de Uberaba, datado de 11 de novembro de 1995, destaca a reflexão

assinada pela Assistente Social e Vice-Presidente da AASU – Maria Cristina Araújo

de Brito Cunha – sobre o Serviço Social na Empresa, intitulada de “Progresso

industrial conduz não apenas a um novo sistema tecnológico, como à transformação

dos sistemas de relações humanas”.

Uma vez estruturada a Associação, esta organizou vários eventos de interesse da

categoria, inclusive eventos festivos e comemorativos.

Na data de 14 de maio de 1997, promoveu uma Conferência com o tema:

Relações Afetivas e Atuação Profissional, tendo como convidada Berenice Araújo

Dantas de Biagi - Assistente Social,Terapeuta de Família e Casal. A participação foi

bastante expressiva.

Entre outros eventos, destacamos:

Em 1998, a Associação toma importante iniciativa ao propor o 1º Ciclo de

Estudos e Debates em parceria com a Secretaria do Trabalho e Assistência Social

(Setas). O Ciclo de Debates propunha a promoção de eventos mensais, se estendeu

Page 81: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

pelo período de março/98 a novembro/98. Os encontros mensais foram organizados

com as seguintes temáticas e convidados:

Análise da Conjuntura e a Nova Perspectiva do Trabalho Social - Dra.

Raquel Sant’Ana. (UNESP);

Instituição x Profissional x Usuário – Questionamento e Reflexão - Dra.Cirlene

Aparecida Hilário S. Oliveira (UNESP);

Família Pensada, Família Vivida: Caracterização atual da unidade familiar - A.S.

Rosane Aparecida de Sousa. (FMTM/ Uberaba);

Exclusão Social - Dra. Maria do Carmo C. Brant (PUC/SP)

Planejamento Social - Prof. Josefina M.dos Reis (Uberlândia)

Alternativas do Trabalho Social na área de Saúde - Psic. Conceição Apda P.

Rezende (Brasília)

Assistência Social e Políticas Públicas - A.S. Lea Lúcia Cecílio Braga (BH)

Stress e Auto Estima Profissional - Maria Mazzarello Saraiva Nunes

Nos períodos seguintes aos das palestras, os grupos de estudos retomavam

os debates sobre o tema tratado a fim de aprofundar as questões apresentadas.

Ainda em setembro de 1998, A Associação custeou a participação de vários

representantes no I Seminário Regional de Assistentes Sociais, na Cidade de

Uberlândia. Em seqüência a Associação promove no ano de 1999, o II Seminário de

Serviço Social – ocorrido em 21 de maio daquele ano - organizado em parceria com

a Secretaria do Trabalho e Assistência Social (Setascad), Escola de Governo e

UNIUBE. Trouxe, como conferencista, o Assistente Social e escritor Vicente de

Paula Faleiros, da Universidade de Brasília (UNB).

No mesmo ano, no período de 02 e 03 de julho, foi realizado o I Seminário de

Saúde Pública do Trabalhador e Previdência Pública, quando a Associação dos

Assistentes Sociais participou da organização do evento como Debatedora em um

dos Temas, tendo sido representada pela presidenta Zélia de Oliveira Barbosa e

outros profissionais.

Em abril de 1999, realizou-se nova eleição da diretoria, em cumprimento ao

seu Estatuto, para a gestão 1999/2000.

Cumprindo com os objetivos propostos, em meados do ano de 1995, a

Associação mobilizou os profissionais através de divulgação do Curso de Terapia

Page 82: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

Familiar e de Casal na Abordagem Sistêmica, realizado pelo docente Regis Chagas

(de Belo Horizonte). O curso foi realizado em Uberaba, aos finais de semana,

quinzenalmente, com participação expressiva da categoria.

Fazendo uso do espaço na mídia de que dispunha a Associação, a Assistente

Social Rosane A. de Sousa Martins publica, na data de 28 de Julho de 1998, um

artigo na Coluna Ponto de Vista, sob o título: “As questões sociais”.

A AASU participou, também, em parceria, de eventos realizados pela

Universidade de Uberaba, em que houve a presença de vários profissionais da área,

como Raquel Gentilli, Elizabeth Melo Rico, entre outros.

Entre os dias 22 a 24 de setembro de 2000, a Associação dos Assistentes

Sociais promoveu, em parceria com o CRESS, o Curso Vivencial de Ética

Profissional em Serviço Social ministrado por Maria de Fátima Oliveira – Assistente

Social – com significativa adesão dos profissionais.

Prosseguindo suas atividades, numa parceria com a Universidade de

Uberaba, em setembro de 2001, a Assistente Social, professora da PUC/SP e

autora de livros e artigos Dra. Maria Lucia Martinelli, foi convidada para desenvolver

o tema O Projeto Ético Político do Serviço Social, com a presença de alunos do

Curso de Serviço Social e de profissionais.

Destaca-se, aqui a posse de mais uma diretoria, desta vez para o exercício de

2001/2002, cuja eleição ocorrera em 14 de maio de 2000. A Diretoria foi empossada

na data de 01 de unho de 2001. (Ver no anexo B, os membros de todas as diretorias

da AASU).

Prosseguindo com a política de atualização profissional, a Associação dos

Assistentes Sociais, convidou o Psicólogo José Figueiredo para falar sobre o tema:

Vivência e Stress Profissional. O evento foi realizado na data de 24 de abril de 2002,

na sede do Centro de Atendimento Integrado de Saúde da Mulher (CAISM).

A Associação dos Assistentes Sociais criou um Boletim Informativo

desenvolvido pela diretoria, o qual tinha a finalidade de informar os associados sobre

os acontecimentos no interior da profissão. Hoje, o principal meio de comunicação

da Associação é o Site (www.aasu.com.br). Os Boletins foram catalogados e

arquivados entre a documentação da AASU.

A AASU organiza e realizou em parceria com a Faculdade de Medicina do

Triangulo Mineiro (FMTM) e Universidade de Uberaba, o IV Encontro de Assistentes

Sociais de Uberaba, com o tema: Trabalho Profissional – Dilemas e Conquistas na

Page 83: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

Contemporaneidade, cuja palestra de abertura ficou a cargo do Diretor do Curso de

Serviço Social da UNIUBE Doutor João Antonio Rodrigues. Neste encontro ocorreu

a “apresentação de Projetos e atuações nos diversos campos da área do Serviço

Social” com a expressiva participação de Instituições que atendem crianças e

adolescentes no município de Uberaba e dos discentes do cursos de Serviço Social.

Neste encontro abriu-se espaço aos profissionais para exporem seus

trabalhos em pôsteres com a finalidade de dar visibilidade ao Serviço Social no

Município de Uberaba.

O ano de 2005 foi atípico do ponto de vista da eleição para composição da

diretoria no exercício 2005/2006, pois não houve eleição sistemática. A diretoria foi

composta por aclamação, em Assembléia Extraordinária realizada no mês de

setembro de 2005. Os associados, no uso de seus direitos estabelecidos no Estatuto

(anexo A), elegeram nova diretoria, visto que já estava esgotado o prazo e a

diretoria em exercício não se havia se manifestado sobre a questão.

Algumas ações desenvolvidas pelas AASU:

Em 24 de junho de 1998, a AASU convidou para um encontro com os

profissionais de Uberaba, para falar sobre o tema: Exclusão Social, a Dr.ª Maria do

Carmo Brant de Carvalho – Professora Titular do Curso de pós-graduação da

PUC/SP.

Em outubro de 1998, a AASU se rejubilou com a sociedade uberabense e

cumprimenta o Reitor da Universidade de Uberaba por implantar o Curso de Serviço

(ver anexo.I).

Em maio de 1990, a AASU promoveu comemorações pelo dia do Assistente

Social, relembrando fatos importantes que marcaram o inicio das atividades dos

profissionais na Cidade de Uberaba.

Em maio de 2000 – a AASU foi a público, através da imprensa escrita local,

por ocasião das comemorações do dia do Assistente Social, reafirmando a

importância da profissão na sociedade e relembrando a necessidade de habilitação

legal dos cursos de Serviço Social disponíveis em diversas faculdades.

Destaque importante para a representação dos profissionais no Conselho

Municipal de Assistência Social (CMAS), Conselho Municipal da Criança e do

Adolescente (COMDCAU), Conselho Municipal da Saúde (CMS).

A AASU participou da organização da Conferência Municipal de Assistência

Social realizada no ano de 2001, em parceria com outras instituições.

Page 84: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

Defendeu a inserção do Assistente Social no Programa Saúde da Família,

enviando ofício tratando do tema para a Câmara de Deputados Federais através do

Deputado Paulo Delgado.

3.1.5 a expansão do serviço social no município

Nessa temática que trata da expansão do serviço social no município de

Uberaba, pedimos aos sujeitos que falassem um pouco sobre o que acham que

favoreceu a expansão do Serviço Social no município e quais os campos de trabalho

tiveram maior demanda para a profissão.

Os fatores que contribuíram para a expansão do Serviço Social no município: Pelos relatos abaixo, teve como principais fatores de expansão do Serviço

social, o próprio desenvolvimento da sociedade, criando a partir daí maior demanda

para a profissão. Tudo. A mudança da sociedade, a busca da sociedade por um profissional indicado pra trabalhar com essas questões sociais e o próprio profissional que foi chegando, foi mostrando, foi buscando, os que estavam aqui, os que chegaram, foram buscando e favorecendo abertura de campos, e uma das coisas que eu acho que foi muito bom, porque agente era muito solicitado na época era pra assinar, aquela prática antiga: Ah precisa de um assistente social pra assinar, era a vila não sei das quantas, não sei o que, sempre tinha essa coisa, e a gente, pelo menos o pessoal aqui do hospital, o pessoal mais ligado, que a gente conhece mais nunca aceitou isso, pelo contrário, nós achávamos que era o nosso papel favorecer a contratação de profissionais, mas jamais a abertura de campo, mas se aproveitar da situação de que havia poucos profissionais, existem poucos profissionais mas, é importante que sejam contratados, nós já fomos emprestados, isso já aconteceu, de essa prática, mas assim era pelo local de trabalho, normalmente era no serviço público, só que aos poucos isso foi acabando. (MEDPC). A meu ver se deve aos fatores de crescimento da população e da necessidade de criar ou ampliar os meios de prestação de serviços aos mais carentes de recursos básicos. (MAS). [...] fator de expansão eu vejo a própria atuação do profissional, a seriedade dos profissionais na sua atuação, na luta do profissional as vezes até de nem ser reconhecido direito de não saber, das outras pessoas não terem uma visão de perto então muitas vezes o assistente social luta, mas luta com seriedade e com vontade de crescer, então essa garra do assistente social eu acho isso muito importante, agora deve haver algo que emperra, como por exemplo as empresas, nós já temos grandes empresas aqui em Uberaba, não sei se tem assistente social nessas empresas. (MJF).

Os campos de maior demanda para a profissão:

Page 85: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

Os relatos apontam como principais campos de maior demanda para a

profissão, em primeiro lugar a área da saúde, depois a Assistência, no setor público.

O setor privado também foi lembrado, através do SESI e Usina.

[...] com a chegada das outras assistentes sociais aí foi abrindo o leque, porque cada uma no seu cantinho trouxe uma contribuição muito grande. A Heloísa Nunes pereira no ambulatório de saúde mental, hoje no hospital escola, foi um marco na saúde mental de Uberaba; a Vanda de início na LBA, depois pra prefeitura; a Cátia, na prefeitura; a Luciana Martins na prefeitura hoje no fórum, a Zélia que vinha da Usina, área empresarial, e trouxe uma grande contribuição também e não só contribuição, prestativa, ajudava todo mundo, e ajuda até hoje; a Ângela Beatriz, no SESI, não a Ângela já era antes, é a Raimunda que na década de 90 trouxe uma contribuição grande também pra saúde; a Ana Maria já falei; a Dirce também no Hospital Escola trouxe uma contribuição muito grande, a Auxiliadora que foi na época, minha colega de turma também, Maria Auxiliadora que está no Hospital Escola; a Madalena da Prefeitura, a Mônica da Prefeitura também, todos foram chegando e foram abrindo o leque dos campos. (MHFA). [...] na prefeitura, são os maiores campos: a prefeitura e o hospital escola, quando agente chegou na prefeitura não tinha ninguém e no hospital já tinha seis. Então eu acho que tudo, hoje diversificou, hoje o serviço social está em todas as áreas, muitas empresas, no serviço público quase em geral. (MEDPC).

Eu acho que foi a saúde, com a descentralização da saúde que saiu da previdência, criou o SUS então eu acho que foi na saúde com certeza, o PSF que ainda deixa muito a desejar porque nem sempre tem assistente social, mas foi na saúde. [...].[ o grande empregador ainda é o Estado com certeza]. (OA). A área pública que se expandiu bem a partir da secretaria de ação social que criou na época começou a expandir os campos de serviço social, começou na prefeitura o serviço público federal lá no fórum, aquelas meninas do fórum é que sempre ficaram mais isoladas, eu não lembro delas integrarem assim então houve uma expansão muito bonita e agora ultimamente com a criação das faculdades de serviço social é fruto do trabalho do profissional, porque se não tivesse algum fruto ou alguma repercussão ninguém ia insistir em uma coisa incerta. Então já duas faculdades com a possibilidade de uma terceira lá na medicina, que já estão ventilando essa possibilidade, a expansão foi muito boa. (MJF). Os campos de atuação certamente se encontram nas Unidades de Saúde, Educação, Lazer e Cultura, a níveis de prevenção ou de desenvolvimento. (MAS).

Page 86: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

3.1.6 Outras questões pertinentes.

Chamamos esta última temática de outras questões pertinentes, na qual

agrupamos as contribuições não contempladas pelas questões anteriores, mas que

são de relevância na construção da história, como por exemplo, a visão que têm

sobre a questão da religião no município no que se refere à filantropia e a possível

influência na identidade atribuída à profissão.

A questão religiosa do município, como influência na identidade da Profissão

Se a gente pega nossa historia a gente vê isso, os centros espíritas são muito marcantes, a presença destas ações é muito forte nos bairros e muitas vezes as pessoas vão em busca desta assistência, mas uma assistência imediata, como sopa no final de semana, é um vínculo forte na cidade, a religião espírita, assim como a igreja católica sempre tiveram uma ação de assistência, [...] até hoje, depois que o Chico faleceu diminui um pouco, mas muitos centros trabalham nesta linha, não só em Uberaba, a cesta básica de fim de ano é muito comum, e importante até, e isto tem uma divulgação muito grande pela mídia. (GCS). Eu acredito que não porque em todo lugar acontece isso, de outras pessoas assumirem, como as pessoas acham que é fácil mistura assistencialismo com serviço social, então eu acho que qualquer pessoa pode fazer o assistencialismo, então como as pessoas são leigas em relação ao serviço social há essa confusão. Eu não acredito que Chico tenha influência não. (OA).

A questão da religião, eu acho que isso trouxe muita gente pra cá, então a demanda aumentou, de certa forma isso também favoreceu a abertura do campo, quer dizer aumentou o número de profissionais também contribuiu pra isso, agora eu acho que a demanda assistencialista, ela existe não tem jeito mas ela existe no Brasil inteiro. (MEDPC)

Page 87: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

PARTE 2

A CARACTERIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE UBERABA NO ANO DE 2007.

Apresentamos, aqui, como está caracterizado os Assistentes Sociais de

Uberaba, em 2007. Para conhecermos o perfil dos profissionais de Uberaba, na

atualidade, aplicamos um questionário a todos os Assistentes Sociais residentes em

Uberaba, conforme já explicamos nos passos metodológicos da pesquisa de campo.

O objetivo era o de levantar quantos profissionais existem no município, em

2007, onde exercem suas atividades, em que Instituição e em que ano se

graduaram e a faixa etária.

Para conhecer esses dados, aplicamos um questionário (ver apêndice B),

considerando o número de profissionais, pois já sabíamos que seriam mais de cem.

Abaixo, apresentamos, em forma de gráficos, os dados que foram consolidados e

transformados em percentual. Para a transformação dos dados, utilizamos os

recursos do Excel. Os questionários foram aplicados no primeiro semestre de 2007,

a cento e dez profissionais residentes em Uberaba e graduados até julho de 2006.

Acreditamos ter atingido um número bastante significativo dos profissionais

residentes no município, no período da pesquisa, considerando os dados informados

pelo CRESS que apontam 110 profissionais, já excluídos os que se mudaram,

somados aos outros 14 que localizamos através da AASU, chegamos a um número

de 124 profissionais residentes no município de Uberaba que foram graduados até

julho de 2006. Portanto, o percentual de questionários respondidos nos permitiu,

com segurança, construir o perfil dos assistentes sociais de Uberaba, conforme

segue a apresentação em gráficos.

37,27

17,27

25,45

13,64

6,36

20 a 30 31 a 40 41 a 50 51 a 60 mais de 60

Gráfico 1 – Faixa etária.

Page 88: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

O Gráfico 1 mostra que, em 2007, o maior percentual de profissionais está na

faixa etária entre 20 a 30 anos, considerando que 48,2 % graduaram após o ano

2000, conforme mostra o Gráfico 5. Com certeza, não teríamos esse quadro não

fosse a existência do curso de Serviço Social no município.

46,439,1

1,8

8,24,5

0,0

Solteiro Casado Amasiado Divorciado Separado Viúvo

Gráfico 2 – Estado civil

Considerando que boa parte dos profissionais está na faixa etária entre 20 e

30 anos, acredita-se que a maioria seja solteira, embora seja expressivo o número

de casados, considerando, inclusive, os novos arranjos familiares, que dispensam o

matrimônio.

38,2

14,5

5,5 8,2

33,6

Católico Espírita Evangélico Sem religião Não informou

Gráfico 3 - Religião

Sobre a questão da Religião, cabe esclarecer que os primeiros questionários

que foram aplicados não continham o item “religião”. Este foi agrupado aos dados

Page 89: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

“não informou”. A predominância é pela religião católica; em seguida, a religião

espírita, dado já esperado pela forte influência da religião no município, conforme

expusemos.

41,8

15,520,0 16,4

6,4

Uberaba Uberlândia Outrascidadesmineiras

Estado SP OutrosEstados

Gráfico 4 – Cidade de origem

O gráfico nº. 4 demonstra que a maioria dos profissionais é residente em Uberaba. É

interessante o número de profissionais de origem do Estado de São Paulo, que

chega a ser maior do que Uberlândia, que também tem escola de Serviço Social.

0,912,7 16,4 21,8

48,2

Déc. 1960 Déc. 1970 Déc. 1980 Déc. 1990 Anos2000/07

Gráfico 5 – Ano da graduação

Nesse gráfico 5 e também no gráfico 6 (abaixo), é possível visualizar o

impacto provocado pela escola de Serviço Social no município, pois a maioria

obteve graduação após o ano 2000. Segundo fonte pesquisada (MARTINS, 2006), a

primeira turma do Curso de Serviço Social da Universidade de Uberaba (UNIUBE)

Page 90: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

teve início em janeiro de 1999, com um total de onze alunos, os quais graduaram em

dezembro de 2002. No ano de 2000, ingressaram cinco candidatos. Mas, foi a partir

do ano de 2001 que o curso começou a crescer, tendo 20 alunos matriculados.

42,7

25,5

4,5

22,7

4,5

Uberaba Uberlândia Outrascidadesmineiras

EstadoSão Paulo

OutrosEstados

Gráfico 6 – Local da graduação

Nesse Gráfico 6, acima, também podemos visualizar a clara contribuição que

o curso traz para o aumento do quadro de profissionais no município, em que

representa 42,7% dos profissionais de Uberaba, o que possibilitou, sem dúvida, uma

maior evidência à profissão.

28,2

9,1

42,7

5,5 1,86,4 2,7 3,6

Somen

te Grad.

Em Ser.

..

Curso d

e Exte

nsão

Pós-G

rad./ E

spec

ializa

ção

Pós-G

rad./ M

estra

do

Pós-G

rad. /

Doutor

ado

Pós-G

rad./ M

estra

do e.

..

Pós-G

rad./ D

outor

ado ..

Mais de

uma G

raduaç

ão

Gráfico 7 - Titulações

Conforme o Gráfico acima, sobre as titulações dos profissionais,

considerando que a maior parte deles é de recém-formados, consideramos bastante

Page 91: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

expressivo o número de profissionais pós-graduados. Para esclarecer melhor, pela

falta da visualização total do texto nas colunas, os dados informados que estão na

seqüência da esquerda para a direita: referem-se aos profissionais graduados

apenas em Serviço Social (28,2%); a seguinte, 9,1% os que fizeram cursos em nível

de extensão; a terceira coluna, são os que concluíram curso de especialização lato

sensu, com número significativo de 42,7%. Na quarta coluna, temos os profissionais

que concluíram o mestrado (5,5%); a coluna seguinte, retrata os que concluíram o

doutorado (1,8%). Nas duas próximas colunas, é interessante considerar esses

dados, que mostram os profissionais com mestrado e, na seqüência, doutorado, em

curso. A última coluna mostra os profissionais que, além da graduação em Serviço

Social, têm outra graduação. O que não está informado, aqui, é o que concerne

àqueles que já graduaram em Serviço Social e estão freqüentando outro curso de

nível superior. Estes dados revelam a preocupação dos profissionais pela formação

continuada, cujos fatores mobilizadores seriam assunto para outra pesquisa. Mas,

podemos afirmar, sem medo, que a presença do curso de Serviço Social, no

município, exerceu grande influência para essa busca. A partir do início do processo

de estágio supervisionado nos espaços sócio-ocupacionais, pela necessidade e

exigência como parte do processo de formação, os supervisores de campo

envolvidos nesse processo de ensino e aprendizagem, se mobilizaram, numa

constante reflexão crítica do seu exercício profissional, dada a responsabilidade

deste no processo de formação profissional, buscando:

Formar profissionais habilitados teórica e metodologicamente (e, portanto, tecnicamente) para compreender as implicações de sua prática, construí-la, efetivá-la e recria-la no jogo das forças sociais presentes. Se um dos parâmetros de formação alicerçada na realidade deve ser o espaço ocupacional, este não pode ser confundido com o que é feito predominantemente pelo assistente social no mercado de trabalho. Compreende o âmbito no qual se situa o Serviço Social, nem sempre coberto em todas as dimensões e possibilidades pela prática profissional. Assim não se pode reduzir o espaço ocupacional do assistente social a uma prática profissional rotineira, burocratizada, empiricista e tarefeira, tal como se constata com expressividade nas instituições a qual não expressa mais do que um saber alicerçado no senso comum e uma falta de reconhecimento de identidade profissional do assistente social (IAMAMOTO, 2000, p. 163, destaque do autor).

Page 92: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

80,0

3,6 1,8 6,4 8,2

Empregado Empregado eAposentado

Emprego outraárea

Aposentado Desempregado

Gráfico 8 – Situação profissional

Este Gráfico 8 é bem claro sobre os dados informados que retratam a

situação dos 110 profissionais que responderam ao questionário. Sabemos que o

município ainda dispõe de mais espaços de trabalho para o Assistente Social que,

aos poucos, vão sendo conquistados. O Campo da Educação é um deles.

Considerando que o Assistente Social compõe a divisão sócio-técnica do

trabalho e vive as novas demandas postas ao mundo do trabalho, é pertinente a

contribuição de Iamamoto (2002, p. 48, destaque do autor) ao afirmar que

Possibilidades novas de trabalho se apresentam e necessitam ser apropriadas, decifradas e desenvolvidas; se os assistentes sociais não o fizerem, outros farão, absorvendo progressivamente espaços ocupacionais até então a eles reservados. Aqueles que ficarem prisioneiros de uma visão burocrática e rotineira do papel do assistente social e de seu trabalho entenderão como ‘desprofissionalização’ ou ‘desvio de funções’, as alterações que vêm se processando nessa profissão.

Há também de se considerar que, sendo a profissão atravessada por relações

de poder, dispõe de um caráter essencialmente político, o que não decorre apenas

das intenções pessoais do assistente social, mas dos condicionantes histórico-

sociais dos contextos em que se insere e atua. (IAMAMOTO, 2008, p. 25).

Page 93: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

55,8

26,9

15,4

1,9

Primeiro Setor Segundo Setor Terceiro Setor Autônomo

Gráfico 9 – Vínculo profissional

Neste Gráfico 9, temos representado onde trabalham os assistentes sociais

em Uberaba. A primeira coluna representa o setor público, incluindo o Governo

Federal, Estadual e Municipal, abrangendo vários campos, como o da Assistência,

Saúde, Justiça. Na segunda coluna, está o Segundo Setor ou o Setor Privado. Neste

Setor, estão, principalmente, os profissionais ligados à docência, hospitais privados

e Empresas de Planos de Saúde. A terceira coluna apresenta as Organizações Não

Governamentais, em que predominam as instituições que prestam serviços de

Saúde e Assistência. Isso explica os números revelados no Quadro nº, em que o

campo da Saúde se destaca.

53,6

25,5

4,5

16,4

Um vínculo Dois vínculos Três Vínculos Desemp./aposent./outra área

Gráfico 10 – Número de vínculos empregatícios

Apresentamos, neste Gráfico 10, a situação dos profissionais com relação ao

número de vínculos empregatícios. O fato de os profissionais do município

Page 94: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

acumularem mais de um cargo em instituições diferentes não é recente.

Principalmente nos tempos em que havia menos profissionais para atenderem à

oferta existente no mercado de trabalho local. Hoje, o cenário é diferente mas,ainda

assim, há um número expressivo de profissionais que mantém mais de um vinculo

profissional, conforme mostra o Gráfico. Mais de 25% dos profissionais têm mais de

um emprego. Não é preciso ir muito longe para concluir o que mantém esses

profissionais nessa situação. Basta lembrar que o assistente social está inserido na

divisão sócio-técnica do trabalho, vivendo os reflexos da política neoliberal e da nova

reestruturação produtiva, com enorme precarização do trabalho e baixos salários.

28,9 28,1

7,9 11,4 7,9 9,66,1

Assist

ência

Social

Saúde

Educa

ção

Empresa

/ DRH

Judic

iário

Docên

cia

Outros (

Previdê

...

Gráfico 11- Espaços ocupacionais

Sobre os campos de atuação, temos predominância na Assistência e na

Saúde.

Comparando os dados com o quadro abaixo, temos uma diferença nos dados

informados nos campos Assistência, Saúde e ‘Outros’ (última coluna do Gráfico 11).

Essa diferença justifica-se porque, na tabela abaixo, separou-se a Previdência de

‘Outros’; e os que estavam juntos com a Previdência, que eram instituições

assistenciais filantrópicas, na tabela abaixo, foram agregadas às áreas da Saúde ou

da Assistência, conforme o serviço prestado pela instituição.

Page 95: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

CAMPO ATÉ 1990 1991/95 1996/00 2001/05 2006/07

TOTAIS P/ CAMPO %

ASSISTÊNCIA 1 6 7 13 5 32 30,5 SAÚDE 2 15 6 9 10 42 40,0 DOCÊNCIA - - 1 5 3 9 8,6 JUDICÁRIO - 2 - - 4 6 5,7 DRH 1 1 - 3 - 5 4,8 EDUCAÇÃO - - - 3 3 6 5,7 EMPRESA - - - - 4 4 3,8 PREVIDÊNCIA 1 - - - - 1 1,0

TOTAIS P/ PERÍODO 5 24 14 33 29 105

4,8 22,9 13,3 31,4 27,6 - - Quadro 6 – Espaços ocupacionais (por período).

O Quadro 6 mostra os espaços sócio-ocupacionais em que estão inseridos

os Assistentes Sociais empregados, os quais participaram da pesquisa. Os totais

apresentados na coluna identificada como “totais por campo” referem-se ao número

de profissionais que foram absorvidos em cada área, no decorrer dos anos,

agrupados por intervalos de cinco em cinco anos. Observando os números, vemos

que o campo da Saúde foi o que mais abriu espaço aos profissionais, tendo

absorvido 40% dos profissionais empregados que participaram de nossa pesquisa.

Em segundo lugar, está a Assistência, com 30,5% dos profissionais

empregados. Percebemos uma ascensão no campo da Docência. Na Previdência,

não houve mudanças, situação esperada diante da atual política sobre essa

questão. No Judiciário, houve ascensão no período entre 2006/07, reflexo do último

concurso promovido pelo TJ/MG, que garantiu mais quatro novas vagas para

Uberaba, que já tinha, em seu quadro, outras quatro. Os dados na tabela mostram

um total de seis, porque duas delas não participaram da pesquisa.

Page 96: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo, é resultado de uma construção coletiva, visto que sem a

participação e colaboração dos sujeitos ele não seria possível.

Em nossa pesquisa, procuramos buscar em cada sujeito, a parte da sua

história que não era só a sua história, mas uma história coletiva: A dos profissionais

que deram início ao trabalho profissional em Uberaba, história esta, que seria mais

tarde, apropriada pelos seus sucessores, como é o caso agora. Neste sentido,

acreditamos ter alcançado nosso objetivo, que era o de conhecer o princípio do

trabalho profissional e quem foram os nossos precursores.

Procuramos neste estudo mostrar que “sem memória não há história10”.

Através dos relatos do sujeito “MJF”, fomos conduzidos ao túnel do tempo,

primeiramente parando nos anos do final década de 1960, que foram ilustrados por

depoimentos que denunciam ações repressoras por parte do Estado junto ao

movimento estudantil e grupos de esquerda. Trás ainda a confirmação de que o

Serviço Social no município de Uberaba tem seu início exatamente no período de

crise para a profissão. Crise interna, de reconceituação de seus métodos, sendo

materiazado nos Documentos de Araxá e Teresópolis, e crise política, pelo forte

processo de repressão vivido no período.

Nesta ocasião, mesmo com toda a inquietação e posicionamento crítico, o

Serviço Social, ainda tinha uma ação pragmatizada, calcada no modelo tradicional,

funcionalista. O Serviço Social, nesta época, dos anos 60, já havia passado pelo

processo de institucionalização da profissão, tendo como principal empregador, o

Estado, através da LBA e outras instituições como o SESI, SESC, SENAC, que

tinham uma ação dirigida aos trabalhadores e suas famílias, com objetivo de

qualificar mão de obra e diminuir os conflitos de classe.

Este período, ficou marcado também, pela política desenvolvimentista, em

que, muitos assistentes sociais foram contratados pelo Estado, para trabalhar em

Programas de Desenvolvimento de Comunidades.

Os outros sujeitos de nossa pesquisa, nos conduzem a uma viagem um

pouco mais próxima, já entrando nos anos oitenta. Entre os dez entrevistados, nove

10 Conferência proferida sobre o tema Ética e humanização: o exercício profissional na área de

saúde. 8 de março de 2007, Uberaba,MG.

Page 97: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

tiveram sua formação profissional no final década de 1970, iniciando o trabalho

profissional em Uberaba, no início da década de 1980.

A década de 1980 vive ainda o período da ditadura militar, que se estende até

1985. Sobre a segunda metade dos anos 80, encontramos em Silva (1995, p.44): Na segunda metade dos anos oitenta, vive-se uma conjuntura marcada pela manifestação de sinais da falência do padrão do Estado intervencionista e lançamento das bases de minimização do Estado, assumido como novo padrão nos anos 90. a manifestação mais evidente dessa crise estrutural se expressa pela profunda crise econômico-político-social, sendo nesse contexto, cada vez mais evidentes as contradições da proposta modernizadora do Serviço Social.

Neste período, década de 80, foi um período importante para o Serviço

Social, no contexto da formação profissional, pois se debatia a implantação das

novas diretrizes curriculares construídas em consonância ao projeto profissional da

profissão, expressos já no código de ética profissional de 1986.

Contudo, os sujeitos de nossa pesquisa não chegaram a estudar esse

currículo, pois sua implantação se deu em meados dos anos 80, até 1984, quando

eles já estavam graduados. Nos dias de hoje temos nova proposta de diretrizes

gerais para a formação em Serviço Social, formulada pela ABEPSS em 1996.

Avançamos para a década de 90, para falar sobre o perfil profissional do

assistente social no município de Uberaba, na contemporaneidade. Esta questão,

nos coloca a pensar sobre o compromisso com o projeto ético-político profissional,

em que, o Serviço Social se vê em meio à política neoliberal a partir desse período -

que defende uma política de distribuição de renda perversa, com redução dos

salários e perda dos direitos sociais - É dentro deste contexto e nos espaços

contraditórios que se efetiva seu exercício profissional, que o Serviço Social se firma

na defesa dos direitos sociais e coloca em tônica a ética da profissão, que defende

a liberdade como valor ético central e embrenha-se em toda a dimensão política,

econômica e social do país, engrossando os projetos societários que se

fundamentam na visão histórica ontológica do homem como ser prático-social,

dotado de liberdade e com o trabalho como atividade fundante, como propõe seu

Código de Ética de 1993.

As transformações societárias hoje, vêm impondo, não só a emergência de

novas demandas para o Serviço Social, como também a necessidade de

redimensionar a formação profissional a partir de procedimentos investigativos que

tomem como objeto as mudanças do espaço ocupacional do Assistente Social.

Page 98: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

Esta realidade leva o Serviço Social a procurar novos rumos, ou seja, o

Assistente Social tem que ultrapassar as tarefas terminais burocráticas, trazendo

para si maiores responsabilidades, devendo ser um profissional propositor nas suas

ações. Deve potencializar-se e criar novas propostas de intervenção que apresente

respostas concretas às demandas para a profissão na atualidade, tendo como objeto

de intervenção a questão social ou, as expressões da questão social, conforme a

concepção de Carvalho e Iamamoto, (1998, p. 77): A questão social não é senão as expressões do processo de formação e desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político da sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do empresariado e do Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida social, da contradição entre o proletariado e a burguesia, a qual a qual passa a exigir outros tipos de intervenção mais além da caridade e repressão.

Para finalizar, acrescentamos que a realização desse estudo, possibilitou

além de novos conhecimentos, uma aproximação com os sujeitos que vai além da

mera troca de informações. Possibilita conhecer mais sobre a vida de cada um e

sobretudo, estabelecer vínculos de amizade e troca experiência em situações

particularidades vivenciadas pela profissão.

No contexto desse estudo, foi possível perceber a evolução do Serviço Social

no município e a contribuição dada pelos nossos antecessores. Possibilitou também,

atualizar informações a cerca dos assistentes sociais que estão no município hoje,

podendo ser utilizado em outros estudos. Oferece também, algumas questões, que

poderá servir como estudo comparativo ou um ponto de partida para novas

pesquisas.

Page 99: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

REFERÊNCIAS

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APÊNDICES

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Apêndice A - Termo de Esclarecimento e Consentimento

Você está sendo convidado a participar do estudo: Reconstrução histórica do

Serviço Social no município de Uberaba. Seu objetivo é revisitar o passado do

Serviço Social no município, buscando recuperar a história da profissão, na tentativa

de conhecer suas tendências e contribuições para a construção do projeto

profissional desde seu surgimento no município. Neste sentido, sua participação e

contribuição são de fundamental importância para nós. Nesta primeira etapa,

estaremos fazendo uma coleta de dados, através de questionário, envolvendo todos

os Assistentes Sociais do município, para mapear a situação atual da categoria no

município e identificar os pioneiros na história, que são os principais sujeitos neste

estudo. Após identificá-los, os estudos serão direcionados juntos aos mesmos,

buscando, através de seus depoimentos, a reconstrução da história, objetivo central

do nosso estudo. Além de sua valiosa colaboração com este questionário, aceitamos

toda forma de contribuição, como recortes de jornais e fotos, que possa acrescentar

e enriquecer o trabalho. Obrigada.

__________________________________

Zélia de Oliveira Barbosa Profª. Dra. Maria Ângela R. A. de Andrade.

(Contato: 34-9972.8781 / 3076.1513 / 33123938 / [email protected]).

Eu, ________________________________________________, li e/ou ouvi o esclarecimento acima e compreendi para que serve o estudo e qual procedimento a que serei submetido. Eu entendi que sou livre para participar ou não, sem justificar minha decisão. Sei que os nomes dos sujeitos pioneiros serão citados como componentes da história da profissão no município e, no caso de eu ser um deles estou de pleno acordo com a citação que terá único objetivo de compor a história do Serviço Social no município. A explicação que recebi esclarece os riscos e benefícios do estudo. Sei que não terei despesas e nem receberei dinheiro para participar desse estudo. Eu concordo em contribuir com o estudo. Uberaba, ____/ _____/ _______

________________________________ ________________________ Assinatura Documento de Identidade

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Apêndice B – QUESTIONÁRIO (Sugerimos a leitura completa antes de responder / se necessário, use o verso). Nome:_______________________________________________Est. civil_______________ Data Nasc.: ___/____/_____Idade:______ Religião: __________ Naturalid.:_____________ � Formação: Período da graduação em Serviço Social: (mês/ano): Instituição/Cidade (onde graduou): ______________________________________________ _____________Início:_______________________ Término:_________________________ Titulações e cursos relevantes: _____________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ � Cidade de Procedência ____________________________________________________ Se de outra cidade, quando e porque veio para Uberaba: ____________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ � Situação profissional atual: Desempreg.( ) Empreg( ) Apos.( ) // Nº de vínculos:___________ Instituições onde trabalha atualmente: Tipo de vínculo: Público( ). Privado( ). ( )Ong. � Instituição: _______________________________________ Admissão: ____/ ____/ _____ Cargo: _____________________ Carga hor./Sem: ______________________ Área de atuação:____________________________________________________________ Setor/Programa: ____________________________________________________________ � Instituição: _______________________________________ Admissão: ____/ ____/ _____ Cargo: ______________________________________ Carga hor./Sem: ________ Área de atuação:____________________________________________________________ Setor/Programa: _____________________________________________________________ � Instituição: _______________________________________ Admissão: ____/ ____/ _____ Cargo: ______________________________________ Carga hor./Sem: _________ Área de atuação:___________________________________________________________ Setor/Programa:____________________________________________________________ Locais onde trabalhou como Assistente Social: (Instituição / período / campo): _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________(pode usar o verso). Telefones e e-mail para contato: _______________________________________________

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ANEXOS

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Anexo A - Estatuto da Associação dos Assistentes Sociais de Uberaba

ESTATUTO SOCIAL

CAPÍTULO I DA DENOMINAÇÃO, SEDE E FINS Art.1º - A Associação dos Assistentes Socias de Uberaba, doravante denominada

A.A.S.U., é uma entidade civil de direito privado, sem fins econômicos, de duração

indeterminada, fundada em 15 de março de 1993, de natureza técnico-científica e

social, com sede e foro nesta cidade à Rua dos Eucaliptos, 145, Bairro Estados

Unidos, Cep. 38017-380, Uberaba, Minas Gerais.

Parágrafo Único – A A.A.S.U. reger-se-á pelas disposições deste estatuto e

pelas leis vigentes no território nacional.

Parágrafo Único – A A.A.S.U. não tem obrigatoriedade em defender causas

de profissionais

Art. 3º - A.A.S.U. será administrada por uma diretoria composta por 06 (seis)

membros e conselho fiscal formado por 03 (três) membros titulares e 03 (três)

suplentes, com mandato de três anos, com direito à reeleição.

Art. 4º - No desenvolvimento de suas atividades, a Associação dos Assistentes

Sociais de Uberaba observará os princípios da legalidade, impessoalidade,

moralidade, publicidade, economicidade e da eficiência e não fará qualquer

discriminação de raça, cor, sexo, idade e quaisquer outras formas de discriminação,

prestando serviços gratuitos e permanentes.

Art. 5º - A Associação dos Assistentes Socias de Uberaba terá um Regimento

Interno que, aprovado pela Assembléia Geral, disciplinará o seu funcionamento, em

acordo com este Estatuto.

Art. 6º - A fim de cumprir sua (as) finalidade (s), a associação se organizará em

tantas unidades de prestação de serviços, quantas se fizerem necessárias, as quais

se regerão pelas disposições estatutárias e/ou Regimento Interno.

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Parágrafo Único: Poderá também, a associação criar unidades de prestação

de serviços para a execução de atividades visando à sua auto-sustentação,

utilizando todos os meios lícitos, aplicando seu resultado operacional integralmente

no desenvolvimento dos objetivos institucionais.

CAPÍTULO II

DOS OBJETIVOS

Art. 7º - A Associação dos Assistentes Sociais de Uberaba, em acordo com a Lei nº

8662 de 07 de junho de 1993, que dispõe sobre a profissão de Assistente Social e

Resolução CFESS nº 273/93 de 13.03.93 que institui o Código de Ética Profissional

dos Assistentes Sociais e da outras providências, tem como objetivos:

I – Articular, coordenar e promover o conhecimento e intercâmbio profissional,

através de reuniões, debates, encontros, seminários, simpósios e participação em

congressos, com vistas ao aprimoramento profissional a nível técnico e científico;

II – Zelar pela observância da Lei que regulamenta o exercício da profissão de

Assistente Social e dos princípios firmados no Código de Ética;

III – Assessorar e prestar consultoria a órgãos da administração pública direta

e indireta, empresas privadas e outras entidades, em assuntos do âmbito do Serviço

Social e das políticas públicas afins;

IV – Coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar estudos,

pesquisas, planos, programas e projetos sociais em beneficio da comunidade e de

interesse do Serviço Social;

V - Apoiar mecanismos para formação e integração da comunidade técnica e

acadêmica, respeitando a diversidade ideológica, estimulando a troca de

informações e experiências profissionais;

VI – Representar e dar visibilidade à categoria, integrando os espaços

legítimos de participação social, compondo Conselhos Municipais de Diretos em

defesa de projetos societários, de conformidade com o Projeto Ético Político

Profissional;

VII – Prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em matéria

relacionada às políticas sociais, no exercício e na defesa dos direitos civis, políticos

e sociais da coletividade;

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IX – Congregar a categoria profissional engajada nos diversos espaços sócio-

ocupacionais, mantendo cadastro atualizado dos associados, bem como, dos

equipamentos sociais nos quais estão inseridos.

X – Desenvolver uma atuação política, em conjunto com o CFESS/CRESS,

sensibilizando as entidades públicas e privadas, sobre a importância do profissional;

Art. 8º - Os dirigentes e associados não responderão, nem mesmo subsidiariamente,

pelas obrigações contraídas pela Entidade, ressalvados os casos de comprovada

culpa no desempenho de suas funções.

Art.9º- A receita da A.A.S.U. será utilizada, única e exclusivamente, para a

consecução de suas finalidades institucionais e não será admitida a remuneração de

seus dirigentes pelo exercício de suas funções, bem como a distribuição de lucros

(sobras), dividendos, vantagens ou bonificações a qualquer dos seus associados ou

dirigentes.

CAPÍTULO III

DOS ASSOCIADOS

Art. 10 - Serão admitidos como associados às pessoas físicas graduadas e

graduandos em serviço social que tenham preenchido formulário próprio e admitidas

em Assembléia Geral, com residência e/ou trabalho neste Município, desde que se

comprometam a respeitar e cumprir as disposições deste Estatuto.

§ único - Fica vetado aos graduandos de compor cargos junto à Diretoria,

exceto na composição do Conselho Fiscal.

Art. 11º - A A.A.S.U. será constituída por número ilimitado de associados,

composta pelas seguintes categorias:

I – Fundadores – formada por todos os profissionais que assinaram a ata de

fundação desta associação;

II – Efetivos – serão admitidos como sócios efetivos, as pessoas diplomadas

ou acadêmicas em curso superior de Serviço Social, nos termos da Lei nº 8.662 de

07 de junho de 1993;

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Art. 12º - As contribuições financeiras serão regulamentadas em

Assembléia Geral, devendo ser cumpridas por seus associados.

DOS DIREITOS E DEVERES DOS ASSOCIADOS

Art. 13º - São direitos dos associados:

a) Utilizar-se dos serviços da AASU e participar de todos os seus eventos,

obedecendo às disposições regulamentares emanadas da Diretoria;

b) Solicitar da Diretoria a convocação da Assembléia Geral, conforme as demais

disposições estatutárias, especificando o fim a que se destina em requerimento

assinado pelo menos, por 1/3 dos sócios efetivos quites com seus deveres de

associado.

c) o direito de voto e de concorrer às eleições, podendo ser votados para

cargos diretivos, desde que atendam ao disposto no §2º do art. 24;

d) manter sua contribuição em dia , conforme estipulado pela Assembléia Geral.

e) Requerer da Diretoria a isenção de pagamento de contribuições, em caso de

aposentadoria ou ausência temporária por período nunca inferior a seis meses;

f) Integrar qualquer comissão, quando for convidado ou designado pela

Assembléia ou Diretoria;

g) Desligar-se da AASU, a qualquer momento, bastando encaminhar ofício à

Diretoria, sem direito à restituição de pagamentos efetuados;

h) Opinar, em qualquer assunto, nas Assembléias Gerais.

§ 1º - Todos os associados terão direitos iguais,

§ 2º - A qualidade de associado é pessoal e intransferível, não podendo transferir

quota ou fração do patrimônio constituído da AASU a associados e a herdeiros,

salvo disposição diversa do estatuto.

§ 3º - Nenhum associado poderá ser impedido de exercer direito ou função que

lhe tenha sido legitimamente conferido, a não ser nos casos e pela forma prevista no

estatuto.

Art. 14ª – São deveres dos associados:

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a) Cumprir e fazer cumprir as disposições deste Estatuto, as decisões das

Assembléias Gerais e determinações da Diretoria;

b) Zelar pelo bom nome da associação;

c) Realizar ativamente bens a serviços, pagando as contribuições e taxas de

inscrição fixadas pela assembléia, na forma estabelecida pela diretoria;

d) Zelar pela manutenção e conservação do patrimônio da AASU;

e) Apresentar à secretaria da AASU, quando solicitada, a relação de títulos e

mantê-la atualizada;

f) Comunicar à secretaria da AASU as alterações de endereço.

Art. 15º – Os associados não se responsabilizam pelos compromissos assumidos,

individualmente, por membros da Diretoria, em nome da AASU.

Art. 16º – Os associados de quaisquer das categorias poderão ser notificados e/ou

excluídos do quadro social quando:

I – Estiver ingressado no quadro social com falsas informações;

II – Infringir, caluniar ou desacatar os associados e/ou membros da diretoria

da AASU;

III – Causar dano moral ou material a associação;

IV – Não comparecer as reuniões da associação com regularidade;

V – Servir-se da associação para fins políticos, ou estranhos aos seus

objetivos;

VI – Ficar em débito com a tesouraria da AASU por mais de doze meses, por

não pagamento das taxas ou nensalidades, salvo o previsto na item “e” do artigo 8º

deste estatuto.

§ 1º - O associado eliminado por falta de pagamento, querendo voltar a se

inscrever no quadro social, fica sujeito ao pagamento de uma taxa de reingresso,

fixada pela Diretoria;

§ 2º - Da decisão do órgão que decretar a exclusão, caberá sempre direito de

defesa e recurso a assembléia geral.

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CAPÍTULO IV

DOS ORGÃOS E DE SEU FUNCIONAMENTO

Art. 12 - São órgãos da AASU:

a) Assembléia Geral ;

b) Diretoria ;

c) Conselho Comunitário

Art. 13 - A Assembléia Geral, órgão máximo de deliberação da AASU, será

composta por seus associados em pleno gozo de seus direitos estatutários.

Art. 14 – Compete à Assembléia Geral:

a) compor a Diretoria e o Conselho Fiscal mediante a eleição por voto secreto

ou por aclamação quando a ocasião assim o exigir;

b) reformular o presente estatuto;

c) elaborar e aprovar o regimento interno;

d) apreciar e julgar os relatórios da Diretoria, bem como sua prestação de

contas;

e) destitular membros da diretoria;

f) excluir associado de acordo com o artigo 11;

g) julgar em grau de recurso, os requerimentos de defesa dos associados,

atingidos por penalidades impostas pela diretoria;

h) deliberar sobre a dissolução da associação;

i) decidir sobre a conveniência de alienar, transigir, hipotecar ou permutar bens

patrimoniais.

Art. 15 – A Assembléia Geral realizar-se-á ordinariamente uma vez por ano para:

a) aprovar a proposta de programação anual da associação, submetida pela

Diretoria;

b) apreciar o relatório anual da Diretoria;

c) discutir e aprovar as contar e o balanço apreciados pelo Conselho Fiscal.

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Art. 16 – A Assembléia Geral realizar-se-á extraordinariamente quando convocada:

a) pela diretoria;

b) pelo conselho fiscal;

c) por requerimento de um quinto dos associados quites com as obrigações

sociais.

Art. 17 - A convocação da Assembléia Geral deverá ser feita com antecedência

mínima de cinco dias, através de edital publicado na imprensa local, ou comunicado

afixado em local público ou, por circulares ou outros meios convenientes, devendo

conter data, hora, local e pauta da reunião.

§1º - A Assembléia Geral deliberará em primeira convocação somente com

metade mais um dos associados aptos a votar e, em segunda convocação, trinta

minutos após com qualquer número de associados aptos a votar.

§2º - A Assembléia Geral convocada para fins eleitorais, alienação de bens

imóveis ou móveis ou extinção da entidade, deverá ser convocada com trinta dias de

antecedência e, deliberará conforme este estatuto, mediante voto dos associados

em dia com suas obrigações sociais filiados a pelo menos seis meses.

§3º - A diretoria poderá convocar Assembléias Gerais extraordinárias, tantas

vezes quantas forem necessárias, com uma antecedência mínima de três dias.

§4º - A diretoria deverá convocar Assembléias Gerais extraordinárias sempre

que requeridas por, pelo menos, um terço dos associados efetivos quites que

queiram tratar de assuntos especiais.

Art. 18 – As Assembléias Gerais serão dirigidas pelo Presidente e o Secretário, com

posterior lavratura da ata das mesmas. A mesa poderá convocar escrutinadores

entre os presentes, quando a Assembléia for de eleição de Diretoria.

Parágrafo Único: Os diretores não poderão fazer parte da mesa, quando o

assunto colocado em discussão for recurso apresentado por associados em relação

às decisões dos diretores, sendo eleita uma equipe formada por associados para tal

função.

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Art. 19 - A Diretoria da AASU órgão executivo e administrativo, será composta por 6

membros: Presidente, Vice-Presidente, 1º e 2º Secretários e, 1º e 2º Tesoureiros,

eleitos em Assembléia Geral para um mandato de três anos, permitida a reeleição.

§1º - A Diretoria da AASU poderá ser substituída, para finalização do

mandato, no todo ou em parte, mediante decisão em Assembléia Geral.

§ 2º - Apenas farão parte da Diretoria brasileiros natos ou naturalizados há

mais de 10 (dez) anos e maiores de 18 anos ou emancipados, cujas residências

sejam situadas no município de Uberaba e ainda, tais dirigentes não poderão estar

no exercício de mandato eletivo que lhes assegure imunidade parlamentar ou função

da qual decorra foro especial.

Art. 20 - Compete à Diretoria:

a) Dirigir diretamente a AASU, de acordo com este Estatuto e Regimento

Interno – caso venha ter;

b) Pronunciar-se a respeito de propostas para associados efetivos e aspirantes;

c) Fixar a data e o local das Assembléias Gerais;

d) Executar o presente Estatuto e as deliberações das Assembléias Gerais;

e) Convocar as Assembléias Gerais ordinárias e extraordinárias;

f) Elaborar e apresentar o relatório anual de prestação de contas, ao Conselho

Fiscal e Assembléia Geral Ordinária e o Relatório de Atividades;

g) Deliberar e resolver os casos omissos no presente Estatuto “ad referendum”

da Assembléia Geral;

h) Reunir, no mínimo uma vez por mês ou de acordo com a necessidade.

Poderão ser convocados nas reuniões da Diretoria, os associados, além dos

diretores e assessores, conforme necessário, para o bom andamento dos

trabalhos;

i) Administrar o patrimônio da entidade;

j) Representar a AASU em atos públicos ou internos;

k) Realizar todos atos necessários ao desenvolvimento da AASU;

l) Prestar as contas ao final de cada exercício financeiro.

m) Desenvolver e promover o intercâmbio com a comunidade e entidades afins;

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n) Criar e instalar serviços e Departamentos para a realização e

desenvolvimentos das finalidades da entidade;

o) Alienar, decidir sobre aquisição e constituir ônus sobre bens móveis e

imóveis mediante autorização da Assembléia Geral;

Art 21 - Ao Presidente compete:

a) representar a AASU passiva e ativa, judicial e extrajudicialmente;

b) cumprir e fazer cumprir este Estatuto e o Regimento Interno;

c) convocar, coordenar e presidir as reuniões da diretoria;

d) assinar contratos, ajustes ou convênios de interesse da associação,

movimentar conta bancária conjunta da entidade com os demais responsáveis;

e) votar e deter o voto de desempate nas deliberações da diretoria e em

Assembléia Geral;

f) praticar todos os atos necessários à administração da entidade;

g) organizar seus serviços e Departamentos;

h) presidir as reuniões da Assembléia Geral;

i) Deliberar e resolver os casos omissos no presente Estatuto, em

concordância com os demais membros da Diretoria e se necessário da

Assembléia Geral.

Art. 22 – Compete ao Vice Presidente:

a) Substituir o Presidente em suas faltas ou impedimentos;

b) Assumir o mandato, em caso de vacância, até o seu término;

c) Prestar, de modo geral a sua colaboração ao Presidente;

d) Outras ações pertinentes ao cargo.

Art. 23 – Compete ao 1º Secretário:

a) secretariar as reuniões da Diretoria e Assembléia Geral redigindo as atas;

b) publicar as notícias das atividades da AASU;

c) outras ações pertinentes ao cargo.

Art. 24 – Compete ao 2º Secretário:

a) substituir o 1º Secretário em suas faltas ou impedimentos;

b) assumir o mandato, em caso de vacância, até o seu término;

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c) prestar, de modo geral, a sua colaboração de 2º Secretário.

Art 25 – Compete ao 1º Tesoureiro:

a) administrar os interesses financeiros da AASU;

b) efetuar recebimentos, pagamentos, dar quitações e ter sob sua guarda

recursos financeiros e valores da AASU, depositando as importâncias recebidas

em banco idôneo em nome da AASU;

c) assinar em conjunto com o Presidente, quaisquer documentos que envolvam

responsabilidades financeiras da AASU;

d) manter os livros contábeis atualizados, registrando os movimentos

financeiros da AASU, e divulgá-los em balanço anual.

Art. 26 – Compete ao 2º Tesoureiro:

a) substituir o 1º tesoureiro em suas faltas ou impedimentos;

b) assumir o mandato, em caso de vacância, até o seu término;

c) prestar, de modo geral, a sua colaboração de 2º tesoureiro.

DO CONSELHO FISCAL

Art. 27 – O Conselho Fiscal será constituído por três membros e seus respectivos

suplentes, devendo ser obrigatoriamente associado efetivo, que será eleito

juntamente com a Diretoria.

§1º - O mandato do Conselho Fiscal será coincidente com o mandato da

Diretoria;

§2º - Em caso de vacância, o mandato será assumido pelo respectivo

suplente, até o seu término.

Art. 28 – Compete ao Conselho Fiscal:

a) fiscalizar as contas da Diretoria;

b) examinar os livros de escrituração da AASU;

c) examinar o balancete semestral apresentado pelo Tesoureiro, opinando a

respeito;

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d) apreciar os balanços e inventários que acompanham o relatório anual da

Diretoria;

e) opinar sobre a aquisição e alienação de bens, por parte da associação;

f) outras ações pertinentes ao cargo.

CAPÍTULO V

DAS ELEIÇÔES

Art. 29 - As eleições acontecerão regularmente, a cada 3 anos, para eleger a chapa

concorrente aos cargos da Diretoria e do Conselho Fiscal. O voto poderá ser secreto

ou por aclamação em Assembléia Geral.

I- Deverá ser observada a participação efetiva e regular da maioria

dos associados.

II- O Conselho Fiscal ou a Assembléia Geral nomeará uma

comissão que organizará e acompanhará o processo eleitoral, de forma a

garantir ao associado o direito de participar na eleição;

Art. 30 – Deverá a comissão eleitoral divulgar com antecedência mínima de vinte

dias a abertura do processo eleitoral e inscrições das chapas concorrentes para os

cargos de Diretoria e Conselho Fiscal, através de edital publicado em imprensa

local, ou comunicado afixado em locais públicos, por circulares e/ou correio

eletrônico.

A inscrição das chapas deverá ser entregue até três dias antes da eleição, por

requerimento à Comissão Eleitoral, acompanhada de nominata completa e pelo

expresso consentimento de seus membros.

§2º - É vedada a participação de associados em mais de uma chapa, bem

como o voto cumulativo ou por procuração.

§3º - A diretoria será formada pela chapa que alcançar a maioria dos votos,

desde que obtido o mínimo de vinte por cento dos votos validos totalizados no

processo eleitoral.

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CAPÍTULO VI

DA RECEITA E DO PATRIMÔNIO

Art. 32 - O Patrimônio e Receita da AASU será composto pelas contribuições

sociais definidas pela Assembléia Geral, pelas doações, auxílios e subvenções,

pelos bens móveis ou imóveis, pelas rendas e juros de depósitos bancários e

aplicação financeira, pelos saldos de exercícios financeiros anteriores transferidos

para a conta patrimonial, por valores advindos de suas atividades comunitárias,

bem como por aqueles decorrentes do patrocínio sob forma de apoio cultural.

Parágrafo Único - Toda receita ou despesa deverá ser aprovada pela diretoria

e nenhum membro de seu quadro diretivo, conselheiros, associados, instituidores

será remunerado, sendo-lhes vedado o recebimento de qualquer lucro, gratificação

ou vantagem.

Art.33 – Em caso de dissolução da AASU, o remanescente do seu patrimônio

líquido, depois de deduzidas, se for o caso, as despesas decorrentes desse

processo, será destinado à entidade congênere de fins não econômicos,

determinado pela Assembléia Geral por maioria absoluta, à instituição municipal,

estadual ou federal de fins idênticos ou semelhantes.

Parágrafo Único - A AASU somente será extinta quando não estiver

cumprindo os objetivos deste Estatuto.

CAPÍTULO VII

DA REFORMA DO ESTATUTO E DA DISSOLUÇÃO

Art. 34 - Este estatuto poderá ser reformulado, no todo ou em parte, por deliberação

da Assembléia Geral Extraordinária, especialmente convocada para este fim, sendo

exigido o voto concorde de dois terços dos presentes à Assembléia, não podendo

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esta deliberar, em primeira convocação, sem a maioria absoluta dos associados, ou

com pelo menos de um terço nas convocações seguintes.

Art. 35 - A dissolução da AASU ocorrerá segundo disposto no art. 31 deste estatuto.

CAPÍTULO VIII

DA DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 36 - Os casos omissos neste estatuto serão resolvidos pela diretoria , e

referendados pela Assembléia Geral.

Art. 37 – A AASU criará uma sede própria para o seu funcionamento, tendo como

endereço provisório à Rua dos Eucaliptos, 145, Bairro Estados Unidos, Cep:- 38017-

380, nesta cidade de Uberaba, Minas Gerais.

Art. 38 - O presente estatuto foi reformulado e aprovado na Assembléia Geral de 25

de abril de 2008 e entra em vigor na data de sua inscrição no registro de pessoas

jurídicas, averbando-se a este registro todas as alterações por que passar.

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Anexo B - Diretorias da Associação dos Assistentes Sociais de Uberaba:

Gestão junho/1993 / maio/1995

Presidente: Eloísa Nunes Pereira

Vice-presidente: Luciana Martins Rodrigues

Primeira secretária: Dircy da Silva

Segunda secretária:Maria Helena Finholdt Ângelo

Primeira tesoureira: Vanda Aparecida Macedo

Segunda tesoureira:Mônica Massako Yamauchi

Conselho fiscal: Maria Helena Soares Pires Liporaci

Conselho fiscal: Zélia de Oliveira Barbosa

Conselho fiscal: Marli Alves de Carvalho

Gestão junho/1995 / maio/1996

Presidente: Gilda Crosara da Silva

Vice-presidente: Maria Cristina Cunha

Primeira secretária: Teresa Cristina Silva Gomes

Segunda secretária: Ana Maria Salge Recife (SMS)

Primeiro tesoureiro: Naide Maria Silvério (HE/DRH)

Segundo tesoureiro: Silvânia Eurípida da Silva (CAPS)

Conselho fiscal: Joaquim de Freitas Pascoal Casa do Menino)

Conselho fiscal: Zélia de Oliveira Barboza (SMS)

Conselho fiscal: Ana Márcia Mendes Ferreira (Tribunal)

Gestão junho/1996 / maio/1997

Presidente: Maria Cristina A. Brito

Vice-presidente: Zélia de Oliveira Barbosa

Primeira secretária: Maria Cristina Strama

Segunda secretária: Mariangélica Rodrigues da Cunha

Primeira tesoureira: Ana Claudia Bertanha

Segunda tesoureira: Teresa Cristina Silva Gomes

Conselho fiscal: Karen Aguiar

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Conselho fiscal: Joaquim de Freitas Pascoal

Conselho fiscal: Edna Maria de Souza

Gestão junho/1997 / maio/1998

Presidente: Zélia de Oliveira Barbosa

Vice-presidente: Mariangélica Rodrigues da Cunha

Primeira secretária: Dilce Batista Ribeiro

Segunda secretária: Karen Aguiar

Primeira tesoureira: Teresa Cristina Silva Gomes

Segunda tesoureira: Ana Claudia Bertanha

Conselho fiscal: Joaquim de Freitas Pascoal

Conselho fiscal: Maria Cristina A. Brito

Conselho fiscal: Silva Eurípida da Silva

Gestão maio/2001 – maio/2003

Presidente: Vanda Aparecida Franco Macedo

Vice-Presidente: Verena Conti

1º Secretário: Taritha Nasser Marçal

2º Séc. retalio: Neuza Batista de Vasconcelos

1º Tesoureiro: Zélia de Oliveira Barbosa

2 º Tesoureiro: Vânia Helena Guarato Bragato

Conselho Fiscal: 1º Conselheiro: (a) Karen Cardoso Aguiar

2º Conselheiro: Maria Flávia de Castro Menezes

3º Conselheiro: Mônica Massako Yamauchi

Gestão maio/2003 – set/2005

Presidente: Valquíria Alves Mariano

Vice-Presidente: Ivone Aparecida Vieira Silva

Page 123: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

1º Secretário: Carine Mendes de Abreu

2º Secretário: Patrícia Mendes da Silva

1º Tesoureiro: Benedita Carla Izaías Alves

2 º Tesoureiro: Karem Cardoso Aguiar

1ºConselheiro: Juliana dos Santos

2º Conselheiro: Luciana Castro Alves

3º Conselheiro: Vanilda Aparecida do Vale

Gestão set/2005 – maio/2007: (posse em setembro/05).

Presidente: Wanderley César Pedrosa

Vice Presidente: Mirna Aparecida de Oliveira Jaeger

1ª Secretária: Viviane Alves de Oliveira Barboza

2ª Secretária: Mareai Carvalho Silveira

1ª Tesoureira: Maria Jus tina Silvério Silva

2ª Tesoureira: Fernanda Fátima de Oliveira

Conselheiro Fiscal: Zélia de Oliveira Barbosa

Conselheiro Fiscal: Márcia Cristina Freitas Silva

Conselheiro Fiscal: Ajanete Ferreira de Jesus

Conselheiro Fiscal: Gilda Crozara da Silva

Conselheiro Fiscal: Ivone Aparecida Vieira

Conselheiro Fiscal: Kelle Alves de Oliveira

Gestão maio/2007 – maio/2008:

“Fortalecendo a categoria- Consolidando o projeto ético-político”

Diretoria:

Presidente Zélia de Oliveira Barbosa

Vice-presidente Mariana Furtado Arantes

1ª secretária Viviane Alves de Oliveira Barboza

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2ª secretária Ivone Aparecida Vieira da Silva

1º tesoureiro Ana Carolina Pontes Ros;

2º tesoureiro Kelle Alves Souza

Conselho Fiscal

Angélica Maria da Silva

Maíla Rezende Villa Luiz

Mirna Nunes da Silveira Souza

Sônia Helena Vitorino Garcez

Valdelaine Cristina Lourenço Borges Ramos

Valquíria Alves Mariano

Gestão maio/2008 – maio/2009: “Fortalecendo a categoria- Consolidando o

projeto ético-político”

Diretoria: recomposta em Assembléia Geral, por substituição de membros.

Presidente Zélia de Oliveira Barbosa

Vice-presidente Mariana Furtado Arantes

1º Secretário Maíla Rezende Vilela Luiz

2º Secretário Mirna Nunes da Silveira Souza

1º tesoureiro Cristiano Boaventura Abreu

2º Tesoureiro Zenaíde Marques Sobrinho

Conselho Fiscal

Angélica Maria da Silva

Sônia Helena Vitorino Garcez

Ana Carolina Pontes Ros

Valdelaine Cristina Lourenço Borges Ramos

Ivone Aparecida Vieira da Silva

Josiane Cristina Costa

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Anexo C - Artigo de Jornal (06/maio/1983).

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Anexo D – Doc. referente aos Anais do I Encontro dos Assistentes Sociais em Uberaba – 1990.

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Anexo E – Relação dos Profissionais que participaram do I Encontro de Assistentes Sociais de Uberaba.

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Anexo F – Carta à população – refere-se a Lei que regulamenta a Profissão .

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Anexo G – Artigo de Jornal – refere-se a prática ilegal da profissão.

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Anexo H – Ofício da AASU à Secretária de Trabalho e Ação Social, informando os profissionais que iriam trabalhar na implantação da LOAS no município, representando a Associação.

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Anexo I – Carta ao Reitor da UNIUBE

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Anexo J – Carta aos profissionais do Município, sobre o Dia do Assistente Social: Trás um pouco da história do Serviço Social no Município.

Page 133: ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL ...

Anexo L – Certificado de participação na construção do Plano de Participação Popular, com objetivo de elaboração da Lei de Diretrizes Orçamentárias para o Município.