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“ E naquela terra encharcada e fumegante, naquela umidade quente e lodosa, começou a minhocar, a esfervilhar, a crescer, um mundo, uma coisa viva, umageração, que parecia brotar espontânea, ali mesmo, daquele lameiro, e multiplicar-se como larvas no esterco.” (...)

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Cortiço: João Romão e BertolezaRita Baiana e FirmoJerônimo e D. PiedadePombinha e D. Isabel

Bruno e LeocádiaAlbinoMachona

Senhorinha

Sobrado: Miranda e Estela

Zulmirinha

Henrique

Botelho

Personagens

João da CostaLéoni

Augusta Carne Mole

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Ano de publicação 1890Gênero: Romance experimental ou Romance detese pesquisa + criação literária protesto⇒ ⇒e crítica social Romance de espaço/massas cenas⇒coletivas: pátio das lavadeiras, casade pasto, domingos de pagode e samba, lutasentre os dois cortiços e contra a políciaCorrente/estilo: Naturalismo

Naturalismo darwinismo, ⇒ determinismo:* Fixação nos aspectos patológicos/”doentios”do ser humano [sexualidade exagerada,homossexualismo]* Antropomorfismo (cortiço), zoomorfismo(animalização), fitomorfismo (personagens

⇒ equiparação a animais e vegetais)

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Foco narrativo ⇒ 3ª- pessoa –Narrador onisciente/observador:olhar panorâmico, perspectiva doalto;

Estrutura linear: princípio, meio,clímax e desfecho (irônico – JoãoRomão “abolicionista”);

Tempo: décadas finais do IIReinado, período da imigraçãoestrangeira, transformação do Riode Janeiro (modernização)

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Espaço: Microcosmo de umasociedade: Cortiço – Horizontal: (povo –coletivo - pobreza) Sobrado – Vertical (burguesia– individual - riqueza);

Atenção: os espaços físicos(sobrado X cortiço)são diferentes, mas a misériamoral/vícios são os mesmos – adiferença é apenas na classesocial/físico;

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Temática * Denúncia do código social vigente

crítica ao capitalismo brutal⇒* Herança negativa da colonizaçãoportuguesa estrutura social ⇒

perversa* João Romão: ascensão social ⇒enriquecimento criminoso/arrivismo* Homem lobo do homem ⇒superexploração do trabalho,fervilhamento dos instintos ser⇒humano animalizado

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“Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas.Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada sete horas de chumbo. “ (...)

“A roupa lavada, que ficara de véspera nos coradouros, umedecia o ar e punha-lhe um farto acre de sabão ordinário. As pedras do chão, esbranquiçadas no lugar da lavagem e em alguns pontos azuladas pelo anil, mostravam uma palidez grisalha e triste, feita de acumulações de espumas secas.Entretanto, das portas surgiam cabeças congestionadas de sono; ouviam-se amplos bocejos, fortes como o marulhar das ondas; pigarreava-se grosso por toda a parte; começavam as xícaras a tilintar; o cheiro quente do café aquecia, suplantando todos os outros”. (...)

Trechos:

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“Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas. “ (...)

“Sentia-se naquela fermentação sangüínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra.” (...)

“ Uma transformação, lenta e profunda, operava-se nele, dia a dia, hora a hora, reviscerando-lhe o corpo e alando-lhe os sentidos, num trabalho misterioso e surdo de crisálida. A sua energia afrouxava lentamente: fazia-se contemplativo e amoroso. A vida americana e a natureza do Brasil patenteavam-lhe agora aspectos imprevistos e sedutores que o comoviam; esquecia-se dos seus primitivos sonhos de ambição; para idealizar felicidades novas, picantes e violentas; tornava-se liberal, imprevidente e franco, mais amigo de gastar que de guardar; adquiria desejos, tomava gosto aos prazeres, e volvia-se preguiçoso resignando-se, vencido, às imposições do sol e do calor, muralha de fogo com que o espírito eternamente revoltado do último tamóio entrincheirou a pátria contra os conquistadores aventureiros. E assim, pouco a pouco, se foram reformando todos os seus hábitos singelos de aldeão português: e Jerônimo abrasileirou-se.

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“Pombinha arfava, relutando; mas o atrito daquelas duas grossas pomas irrequietas sobre seu mesquinho peito de donzela impúbere e o roçar vertiginoso daqueles cabelos ásperos e crespos nas estações mais sensitivas da sua feminilidade, acabaram por foguear-lhe a pólvora do sangue, desertando-lhe a razão ao rebate dos sentidos.Agora, espolinhava-se toda, cerrando os dentes, fremindo-lhe a carne em crispações de espasmo; ao passo que a outra, por cima, doida de luxúria, irracional, feroz, revoluteava, em corcovos de égua, bufando e relinchando.”

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E Leocádia olhou para os lados, assegurando-se de que estavam a sós. Henrique, sem largar o coelho, atirou-se sobre ela, que o conteve: — Espera! preciso tirar a saia; está encharcada! — Não faz mal! segredou ele, impaciente no seu desejo. — Pode-me vir um corrimento! E sacou fora a saia de lã grossa, deixando ver duas pernas, que a camisa a custo só cobria até o joelho, grossas, maciças, de uma brancura levemente rósea e toda marcada de mordeduras de pulgas e mosquitos. — Avia-te! Anda! apressou ela, lançando-se de costas ao chão e arregaçando a fralda até a cintura; as coxas abertas. O estudante atirou-se, sôfrego, sentindo-lhe a frescura da sua carne de lavadeira, mas sem largar as pernas do coelho. Passou-se um instante de silêncio entre os dois, em que as folhas secas do chão rangeram e farfalharam. — Olha! pediu ela, faz-me um filho, que eu preciso alugar-me de ama-de-leite... Agora estão pagando muito bem as amas! A Augusta Carne-Mole, nesta última barriga, tomou conta de um pequeno ai na casa de uma família de tratamento, que lhe dava setenta mil-réis por mês!... E muito bom passadio!... Sua garrafa de vinho todos os dias!... Se me arranjares um filho dou-te outra vez o coelho! E o pobre brutinho, cujas pernas o estudante não largava, começou a queixar-se dos repelões que recebia cada vez mais acelerados. — Olha que matas o bichinho! reclamou a lavadeira. Não batas assim com ele! mas não o soltes, hein! Ia dizer ainda alguma coisa, mas acudiu-lhe o espasmo e ela fechou os olhos e pôs-se a dar com a cabeça de um lado para o outro, rilhando os dentes.

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"Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu chegando aqui. Ela era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas de fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras, era a palmeira virginal e esquiva que se não torce a nenhuma outra planta; era o veneno e era o açúcar gostoso, era o sapoti mais doce que o mel e era a castanha do caju, que abre feridas com o seu azeite de fogo; e/a era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, e muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo dele, assanhando-lhe os desejos, acordando-lhe as fibras, embambecidas pela saudade de terra, picando-lhe as artérias, para lhe cuspir dentro da sangue uma centelha daquele amor setentrional, uma nota daquela música feita de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de cantáridas que zumbam em tomo da Rita Baiana o espalhavam-se pelo ar numa fosforescência afrodisíaca."

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"A negra, imóvel, cercada de escamas e tripas de peixe, com uma das mãos espalmada no chão e com a outra segurando a faca de cozinha, olhou aterrada para eles, sem pestanejar. Os policiais, vendo que ela se não despachava, desembainharam os sabres. Bertoleza então, erguendo-se com ímpeto de anta bravia, recuou de um salto, e entes que alguém conseguisse alcançá-la, já de um só golpe certeiro e fundo rasgara o ventre de lado a lodo.

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E depois emborcou para a frente, rungindo e esfocinhando moribunda numa lameira de sangue. João Romão fugira até o canto mais escuro do armazém, tapando o rosto com os mãos.

Nesse momento parava à porta da rua uma carruagem. Era uma comissão de abolicionistas que vinha, de casaca, trazer-lhe respeitosamente o diploma de sócio benemérito.“

F I M

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Samba do Cortiço

Se você não tá lembradoDá licença eu vou contarAli onde agora estáAquele cortiço vastoEra um grande terrenoLogo atrás de um sobradoFoi ali, seu moço Que Romão e BertolezaComeçaram a juntar riquezaMas um dia nem é bom de se Lembrar, apareceu a políciaPra Bertoleza buscarJoão Romão para acertar as coisasA amiga resolveu denunciarQue tristeza, que a pobre mulher sentiaPor instinto que ironia,Preferiu se suicidar!E hoje ao ler a obra Naturalista sim.Pra não esquecer nós cantamos assim:

Refrão: É o Naturalismo chagas SociaisTratando os personagens como meros animais.É o Naturalismo chagas Sociaismisérias e adultérios, muitas taras sexuais