Webjornalismo hiperlocal: proposta de linha do tempo dos ... · deu-se o nome de jornalismo on-line...

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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Joinville - SC – 2 a 8/09/2018 1 Webjornalismo hiperlocal: proposta de linha do tempo dos veículos on-line do Tocantins 1 Liana Vidigal ROCHA 2 Universidade Federal do Tocantins, Palmas, TO RESUMO O objetivo desta pesquisa é traçar o percurso histórico de sites jornalísticos tocantinenses por meio da criação de uma linha do tempo cronológica. Além disso, o artigo visa registrar as principais informações referentes aos veículos, observando em qual fase do webjornalismo se encontram e quais se destacam ao longo desse percurso histórico. Para esta pesquisa, de caráter descritivo e com observação sistemática (planejada), foram selecionados 21 sites jornalísticos presentes de norte a sul do Estado. Conclui-se que a maioria dos veículos tocantinenses foi criada a partir do ano 2000, sobretudo, na segunda metade da década, cerca de 10 anos depois da chegada da internet ao Brasil. Deste modo observou-se ainda que todos têm no hiperlocalismo a base para a divulgação das notícias. PALAVRAS-CHAVE: Webjornalismo; Hiperlocalismo; Linha do Tempo; Mídia On- line; Tocantins. Webjornalismo e hiperlocalidade Apesar de ter sido criado na década de 1960, nos Estados Unidos, as iniciativas com a internet só começaram no Brasil em 1987. Na época, pesquisadores e representantes do Governo e da Embratel se reuniram para discutir quais fins a rede teria e quem seria responsável por explorar o serviço. No ano seguinte, CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) ligam-se às redes internacionais Bitnet e Hepnet. Em 1989, é a vez da UFRJ e da UFRGS fazerem parte da rede. No ano de 1992, é instalada “a primeira espinha dorsal conectada à internet” 3 no país. Essa rede pioneira era formada por centros de pesquisa brasileiros, universidades e organizações não-governamentais. Na época, houve um esforço para a implantação do serviço, sobretudo, em função da Rio-92, evento mundial que discutiu o futuro do meio ambiente e da sustentabilidade. Contudo, apenas três anos mais tarde, o Governo decide pela exploração comercial da internet que ficaria a cargo da Embratel e da RNP (Rede 1 Trabalho apresentado no GP Geografias da Comunicação, XVIII Encontro dos Grupos de Pesquisas em Comunicação, evento componente do 41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. 2 Docente do Curso de Jornalismo e do Programa de Pós-graduação em Comunicação e Sociedade da Universidade Federal do Tocantins. Líder do Grupo de Pesquisa Jornalismo e Multimídia, do CNPq. E-mail: [email protected].

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Webjornalismo hiperlocal: proposta de linha do tempo dos veículos on-line do

Tocantins 1

Liana Vidigal ROCHA2

Universidade Federal do Tocantins, Palmas, TO

RESUMO

O objetivo desta pesquisa é traçar o percurso histórico de sites jornalísticos tocantinenses

por meio da criação de uma linha do tempo cronológica. Além disso, o artigo visa registrar

as principais informações referentes aos veículos, observando em qual fase do

webjornalismo se encontram e quais se destacam ao longo desse percurso histórico. Para

esta pesquisa, de caráter descritivo e com observação sistemática (planejada), foram

selecionados 21 sites jornalísticos presentes de norte a sul do Estado. Conclui-se que a

maioria dos veículos tocantinenses foi criada a partir do ano 2000, sobretudo, na segunda

metade da década, cerca de 10 anos depois da chegada da internet ao Brasil. Deste modo

observou-se ainda que todos têm no hiperlocalismo a base para a divulgação das notícias.

PALAVRAS-CHAVE: Webjornalismo; Hiperlocalismo; Linha do Tempo; Mídia On-

line; Tocantins.

Webjornalismo e hiperlocalidade

Apesar de ter sido criado na década de 1960, nos Estados Unidos, as iniciativas

com a internet só começaram no Brasil em 1987. Na época, pesquisadores e

representantes do Governo e da Embratel se reuniram para discutir quais fins a rede teria

e quem seria responsável por explorar o serviço. No ano seguinte, CNPq (Conselho

Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e Fapesp (Fundação de Amparo

à Pesquisa do Estado de São Paulo) ligam-se às redes internacionais Bitnet e Hepnet. Em

1989, é a vez da UFRJ e da UFRGS fazerem parte da rede.

No ano de 1992, é instalada “a primeira espinha dorsal conectada à internet”3 no

país. Essa rede pioneira era formada por centros de pesquisa brasileiros, universidades e

organizações não-governamentais. Na época, houve um esforço para a implantação do

serviço, sobretudo, em função da Rio-92, evento mundial que discutiu o futuro do meio

ambiente e da sustentabilidade. Contudo, apenas três anos mais tarde, o Governo decide

pela exploração comercial da internet que ficaria a cargo da Embratel e da RNP (Rede

1 Trabalho apresentado no GP Geografias da Comunicação, XVIII Encontro dos Grupos de Pesquisas em Comunicação,

evento componente do 41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. 2 Docente do Curso de Jornalismo e do Programa de Pós-graduação em Comunicação e Sociedade da Universidade

Federal do Tocantins. Líder do Grupo de Pesquisa Jornalismo e Multimídia, do CNPq. E-mail: [email protected].

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Nacional de Pesquisas). Nesse mesmo ano, surgem os primeiros provedores de internet e

o primeiro veículo jornalístico em versão digital: o Jornal do Brasil.

Na sequência, surgem outros veículos jornalísticos on-line, como Agência Estado

(1995) e o Universo Online (1996). Em apenas dois anos a internet já estava consolidada

no país e, em 1998, já contava com 1,5 milhão de internautas (BALDESSAR, 2009, p.

4). No ano seguinte, é criado o primeiro serviço gratuito de e-mail que receberia o nome

de Zipmail e, em menos de seis meses de funcionamento, já tinha cadastrado um milhão

de usuários.

No final dos anos de 1990, O Yahoo! Brasil começa a operar no país. O grupo

IDG lança o canal IDG Now! cuja equipe de jornalistas produzia conteúdo em tempo real.

Outro momento importante acontece em 1999 quando a empresa Telefônica compra o

ZAZ e cria o Terra Networks que viria a ser um dos mais importantes portais jornalísticos

brasileiro. Nessa mesma época, a rádio Jovem Pan dá início às transmissões via web.

Já no século XXI, o destaque é a chegada da banda larga no Brasil, o que permitiu

o lançamento, por exemplo, de provedores gratuitos, como o IG, considerado também o

primeiro webjornal nativo, ou seja, criado e produzido exclusivamente para a internet

brasileira. Em setembro de 2006, as Organizações Globo lançam o portal de notícias G1.

Apesar de já disponibilizar sites de outros veículos jornalísticos na web (Globo.com), a

empresa viu a necessidade de oferecer ao usuário informações de caráter multimídia

reunidas em um mesmo espaço.

As novidades vindas com esse ambiente comunicacional fizeram com que sua

adoção e aceitação acontecessem de forma mais rápida. Em pouco tempo, os veículos

impressos, sobretudo os jornais, migraram para o novo meio sem que alterações

importantes fossem feitas, como no design e na linguagem. Segundo Canavilhas (1999),

deu-se o nome de jornalismo on-line à “simples transposição dos velhos jornalismos

escrito, radiofônico e televisivo”.

Entretanto, ao longo dos anos, outros termos foram cunhados para definir essa

nova configuração do jornalismo, tais como: jornalismo digital, jornalismo na internet,

ciberjornalismo e webjornalismo. Esse último começa a ser utilizado “pelo fato de

apresentar interação internauta-notícia através de elementos multimídia, como imagem e

áudio, oferecendo ao consumidor uma leitura não-linear” (ROCHA, 2015, p. 46).

Essas modificações sobre o termo surgem a partir do momento que também são

definidas as fases (gerações ou estágios) do webjornalismo. A primeira a ser identificada

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pelos pesquisadores diz respeito à fase da reprodução, quando o conteúdo das edições

impressas era transposto de forma sequencial e sem imagens, pois as redações

jornalísticas não dispunham de recursos dedicados exclusivamente à edição digital.

A segunda fase do webjornalismo recebeu o nome de metáfora (ou percepção),

que está relacionada à introdução do hipertexto e a incorporação de elementos

audiovisuais, caracterizando-se como a etapa cuja configuração física do jornal digital

desprende-se da versão impressa. A terceira fase foi da incrementação dos conteúdos

multimídia - recursos de animação e som -, além de interatividade por meio de fóruns,

chats e enquetes. O hipertexto ganhou força e passou a ser utilizado na narração dos fatos.

Os bancos de dados se tornaram também mais um diferencial dos produtos online.

Já a quarta fase está ligada à web 2.0 e à base de dados, que é caracterizada pela

prática do jornalismo participativo. Foram criadas plataformas colaborativas, permitindo

assim a participação mais efetiva do usuário. Essa fase tem as bases de dados como

definidoras da estrutura e da organização, bem como da composição e da apresentação

dos conteúdos.

Por fim, a quinta fase é marcada pelo jornalismo desenvolvido para mídias

móveis. Apoiado na inovação e na renovação, seus pontos fundamentais são o processo

de produção de conteúdo, o formato, a linguagem, a edição, a circulação (e a

recirculação), a recepção e o consumo (BARBOSA, 2013, p. 33). Essa é, portanto, a fase

da convergência, da mobilidade e do hiperlocalismo.

O hiperlocalismo “pode ser entendido como a tendência do jornalismo em

explorar temas e discussões de interesse local organizado por regiões, cidades ou bairros”

(ROCHA, 2015, p. 56). Apesar de não ser recente - os jornais impressos norte-

americanos, em pleno século XIX, adotaram o noticiário local - essa prática tornou-se

mais evidente e presente com o advento da internet.

O hiperlocalismo caracteriza-se pela existência de modelos que buscam oferecer

informação e criar serviços que auxiliem comunidades locais a prosperar. De acordo com

Camponez (2011, p. 40), o jornalismo hiperlocal tem como objetivo explorar “as

mentalidades, hábitos, modos de viver, níveis de vida, preocupações culturais e sociais”

de uma determinada região.

São mídias que promovem o engajamento comunitário - seja pela

participação na geração de conteúdo ou pelo ativismo subsidiado pelas

matérias – e também buscam a “energia” e suporte financeiro

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necessários na própria comunidade. [...] o hiperlocalismo não existe

como um ponto fixo em nenhuma escala. É um composto de medidas

em diferentes parâmetros como a geografia e o engajamento cívico

(BALDESSAR ET AL, 2011, p. 6).

Segundo estudo desenvolvido por Metzgar, Kurpius e Rowley, em 2009, e citado

por Baldessar et al (2011), foi possível estabelecer seis diretrizes para as mídias

hiperlocais. A saber: a) são oriundas da internet; b) a produção de notícias é original; c)

apresenta orientações para a comunidade a qual se destina; d) procura preencher vazios

detectados na cobertura de assuntos pertinentes à região; e) promove e incentiva a

participação do leitor/cidadão e f) possui bases geográficas. Portanto é a partir dessas

diretrizes que esta pesquisa se desenvolve, visto que as publicações on-line existentes no

Tocantins fazem parte do segmento que investe na cultura local, fazendo contraponto aos

veículos de âmbito nacional e/ou internacional.

A mídia no Tocantins nasceu oficialmente, em 1989, a partir do poder público

com a criação da Comunicatins (Companhia de Comunicação do Estado do Tocantins),

tendo o governo do Estado como acionista majoritário (ROCHA, SOARES E ARAÚJO,

2014). Já o setor privado é dominado pela Organização Jaime Câmara (OJC), grupo

originalmente nascido em Goiânia, mas que sempre atuou no então norte goiano.

Fundado em 1979 para atender ao norte goiano, O Jornal do Tocantins

circulou no formato tabloide até 1981, quando foi fechado sob alegação

de inviabilidade econômica e falta de profissionais dispostos a atuar na

região. Seu retorno só ocorreria com a criação do estado, ressurgindo

em formato standard, inicialmente com 12 páginas (ROCHA, SOARES

E ARAÚJO, 2014, p. 175).

No decorrer dos anos, o Jornal do Tocantins se consolidou como o principal jornal

impresso do estado. No ano 2000, o veículo passa a contar com uma versão on-line e, em

2010, relança o site oferecendo informações além do conteúdo impresso. Ao longo do

Estado, outros sites começaram a fazer parte do ciberespaço, como o Portal O Norte

(Araguaína), Cock1 (Gurupi), TocNotícias (Tocantinópolis), Centro Norte Notícias

(Pedro Afonso), apenas para citar alguns deles.

É importante destacar que esta pesquisa se trata de um desdobramento da

investigação iniciada em 2015 no projeto “A mídia regional na era on-line: mapeamento

dos sites e blogs jornalísticos no Estado do Tocantins, que tinha como objetivo principal

identificar e mapear os veículos de comunicação presentes no Estado. O passo seguinte

foi criar um site que servisse como banco de dados para armazenar e disponibilizar as

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informações coletadas. O resultado pode ser conferido no seguinte endereço:

www.midiatocantins.com.br.

Portanto, a partir desse levantamento, pode-se perceber que atualmente o

Tocantins possui 85 sites jornalísticos4 distribuídos pelas oito microrregiões que

compõem o Estado. Nesse sentido, fez-se necessário apurar o percurso histórico dos

principais veículos on-line tocantinenses, visto que o segmento se consolidou como uma

das principais formas de informação por parte do público, além de apresentar-se como

alternativa no mercado de trabalho para os estudantes que se formam na área da

Comunicação.

Para ilustrar a coleta dos dados, foi criada uma linha do tempo em ordem

cronológica alimentada com as principais informações a respeito do surgimento dos

veículos, ou seja, a partir da criação do Estado, passando pela implantação da internet no

Brasil até chegar nos primeiros sites jornalísticos criados no Tocantins. Vale ressaltar que

a linha do tempo é um tipo de narrativa muito utilizada no meio on-line geralmente para

esclarecer fatos que ocorreram há algum tempo ou com um volume considerável de

dados.

Material e Métodos

A pesquisa científica é constituída por fases distintas que vão desde a formulação

do problema, a escolha do objeto até a apresentação dos resultados. Para um melhor

desenvolvimento do processo, é necessário explicar sobre os procedimentos adotados

nesta investigação.

Apesar da luta por um Tocantins emancipado remontar ao início do século XIX e

ser associada à figura do militar Teotônio Segurado, a separação do norte de Goiás da

antiga capitania aconteceu somente em 1988 com a promulgação da Constituição Federal.

“O caput do artigo 13º fala que o Tocantins efetivamente passou por três etapas: criação,

eleição e instalação” (NASCIMENTO, 2013, p. 49). Deste modo, há também três datas

históricas relevantes: i) 05 de outubro de 1988 (criação); ii) 15 de novembro de 1988

(primeira eleição) e iii) 1º de janeiro de 1989 (dia da instalação).

Com base nessas informações, foi possível determinar o início e o fim do percurso

histórico dos veículos on-line tocantinenses. No caso, a data escolhida para a captação

4 Dados obtidos em maio de 2018.

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dos dados foi 1º de janeiro de 1989 por representar o período da efetiva instalação do

Estado. Em relação à data final, foi escolhido o dia 31 de dezembro de 2016 por ser o

último dia do ano e por representar o fechamento de um ciclo anual.

Entende-se que essa pesquisa é de caráter descritivo (MARCONI e LAKATOS,

2009), visto que faz o registro, a descrição, a análise e a interpretação de determinados

fenômenos, no caso, os sites jornalísticos do Tocantins. Em relação aos procedimentos,

foi feita uma pesquisa bibliográfica sobre os seguintes assuntos: webjornalismo,

hiperlocalismo e mídia tocantinense. A documentação direta é do tipo intensiva, ou seja,

por meio de uma observação sistemática (planejada) e não-participante, na qual a

pesquisadora limitou-se a observar os fatos. Neste caso, os veículos selecionados.

Sobre a coleta dos dados, é possível dizer que a catalogação dos veículos on-line

já foi iniciada no projeto “A mídia regional na era on-line: estudo e mapeamento dos

veículos de comunicação no Estado do Tocantins”, cujos objetivos eram identificar,

mapear, catalogar e disponibilizar as informações dos veículos jornalísticos existentes no

Tocantins e inseridos no Mapa da Mídia no Tocantins (www.midiatocantins.com.br).

Nesse primeiro projeto, todas as mídias (impressa, eletrônica e digital) foram

identificadas. Agora a intenção foi traçar o percurso histórico dos principais veículos on-

line de caráter jornalístico a fim de perceber não apenas quantos meios existem, mas

principalmente quais foram os pioneiros e sua natureza (nativa, impressa ou eletrônica).

Para esta pesquisa foram selecionados os seguintes veículos: a) Voz do Bico

(Augustinópolis); b) Jornal do Tocantins (Palmas); c) Portal Cléber Toledo (Palmas); d)

Portal O Norte (Araguaína); e) Folha do Bico (Araguatins); f) O Jornal (Palmas); g) Toc

Notícias (Tocantinópolis); h) Conexão Tocantins (Palmas); i) Cock 1 (Gurupi); j) T1

Notícias (Palmas); k) Gurupi Online (Gurupi); l) Portal Benício (Paraíso); m) Portal CNN

(Pedro Afonso); n) Araguaína Notícias (Araguaína); o) Mira Jornal (Miracema); p)

Guaraí Notícias (Guaraí); q) Rede TO (Palmas); r) G1 Tocantins (Palmas); s) Portal do

Tocantins (Gurupi); t) Norte Agropecuário (Palmas); u) Jornal Cidade (Porto Nacional).

Destaca-se que a intenção desta pesquisa era também contemplar todas as

microrregiões que compõem o Estado para se ter uma ideia de quando a informação on-

line passou a ser explorada na localidade. No entanto, dois veículos – Portal do Sudeste

(Dianópolis) e Portal Maciel (Goiatins) não forneceram as informações e, por este motivo,

não foram inseridos na linha do tempo.

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Como citado anteriormente, a criação do Estado ficou definido como o primeiro

item da Linha do Tempo e o início da exploração comercial da internet no Brasil como o

segundo item. Na sequência, foram coletados dados diretamente dos sites a fim de

entender um pouco da trajetória histórica de cada um. De posse das informações, o passo

seguinte foi redigir os textos para abastecer a linha do tempo. Esse tipo de narrativa é

muito utilizado no webjornalismo (ver figura 01), pois auxilia na compreensão de fatos

históricos por parte do público de forma objetiva e didática. A linha do tempo é

considerada também um tipo de infografia criada para auxiliar no contexto de um fato a

partir de narrativas temporais.

Figura 01: Linha do Tempo sobre a história da Internet

Fonte: UOL

Para a criação da linha do tempo, foram testadas diferentes plataformas, como

Timeglider, Timerime e MyHistro. Contudo, a que mais atendeu às necessidades foi o

site Timetoast (www.timestoast.com). A ferramenta permitiu criar narrativas interativas

e hipertextuais, duas das principais características ligadas ao webjornalismo. Além disso,

foi possível inserir fotos e ilustrações que ajudam a identificar os sites selecionados. Cada

texto contém, em média, 500 caracteres, o número máximo permitido na exposição de

cada evento, acompanhado pela URL do veículo. É importante explicar que as datas

foram inseridas de acordo com as informações obtidas junto aos veículos. No entanto,

quando havia a imprecisão do dia, foi escolhido o primeiro dia do mês como data

representativa para a criação.

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Já as imagens foram capturadas diretamente do site oficial dos veículos com o

auxílio do aplicativo FireShot, disponível na Chrome Store. A imagem que ilustra o

primeiro item – a Instalação do Estado – foi obtida no portal de Turismo do Estado do

Tocantins (www.turismo.to.gov.br) e devidamente creditada no final do texto. Já a

imagem do segundo item – Internet Comercial – foi obtida junto ao banco gratuito de

imagens chamado Pixabay (www.pixabay.com).

Na fase final da pesquisa, foram inseridas informações sobre os veículos surgidos

entre os anos de 2011 e 2016 mais os dados sobre a Voz do Bico, surgido em 1997, a fim

de complementar a linha do tempo. Além disso, foi feita uma análise do material coletado

com a expectativa de entender quantos e quais veículos são nativos do meio e quantos

surgiram a partir de versões impressas ou eletrônicas. Para completar, os sites

selecionados foram observados e associados às fases do webjornalismo.

A Linha do Tempo

Neste item são apresentadas as informações obtidas junto aos veículos

jornalísticos on-line e que compõem a linha do tempo final. Abaixo segue o print do

material (figura 02) já disponibilizado na plataforma Timetoast.

Figura 02: Linha do Tempo do Webjornalismo Tocantinense

Fonte: http://www.timetoast.com/timelines/1575265

Ao clicar em cada uma das ilustrações, abre-se uma caixa de texto contendo as

principais informações referentes aos webjornais hiperlocais tocantinenses. Abaixo segue

o print de um texto (figura 03) e, na sequência, todos os textos produzidos sobre o

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percurso histórico dos sites de jornalismo selecionados para esta pesquisa e organizados

em ordem cronológica.

Figura 03: Texto informativo

Fonte: http://www.timetoast.com/timelines/1575265

1989 – Instalação do Estado

Apesar de ter sido criado em 05 de outubro de 1988, já havia no Tocantins um movimento

separatista que lutava pelo desmembramento do Estado desde o século XIX, liderado por

Teotônio Segurado. Contudo, a instalação da nova unidade federativa acontece somente

em 1º de janeiro de 1989, tendo a capital Palmas sido inaugurada em maio de 1990,

recebendo definitivamente a sede do Governo.

1995 – Internet comercial

A internet foi criada em 1969 pelos norte-americanos, sendo utilizada principalmente para

fins militares. Durante mais de duas décadas esteve também a serviços de universidades

e pesquisadores até que, no início dos anos de 1990, começou a ser comercializada. No

brasil, a internet chega em 1995 e com ela aparecem novas possibilidades, como os blogs

e sites de notícias que modificaram a forma de se fazer Jornalismo.

1997 – Voz do Bico

Em 1982, Anderson Dias da Silva criou o jornal Folha do Interior durante a emancipação

de Augustinópolis. Em 1994, o nome do veículo foi alterado para Folha do Bico e, em

1997, é criada a versão on-line. Nesse mesmo período passa a ser administrado por Paulo

Palmares que estava no projeto desde 1987. O Voz do Bico é considerado um dos mais

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importantes veículos do extremo norte do Tocantins, levando informação para a região

do Bico do Papagaio. [http://www.vozdobico.com.br/]

2000 – Jornal do Tocantins

O site do Jornal do Tocantins foi lançado no ano 2000, porém sofreu poucas melhorias

ao longo dos anos até que 2010, após uma significativa modificação, foi relançado. Em

2014, o veículo começou a trabalhar com recursos multimídias, explorando assim uma

das principais potencialidades do meio além de investir em um conteúdo mais

interativo. Em 2016, o site sofreu modificações novamente quando foram incorporadas

novas editorias e um novo design, mais moderno e atrativo.

[http://www.jornaldotocantins.com.br/]

2005 – Portal CT

Em 12 de março de 2005, o jornalista Cleber Toledo criou o blog de notícias que levava

o seu nome. Atualizado diariamente com informações sobre política em sua maioria, o

produto cresceu e acabou sendo transformado em um site composto por diferentes

editorias. Em 2007, o veículo passa por uma reformulação e ganha uma nova

nomenclatura: Portal Cleber Toledo. Além disso, conteúdos multimídia passaram a ser

disponibilizados ao internauta. Dois anos mais tarde, o portal muda novamente e passa a

ser chamado de Portal CT. [http://www.clebertoledo.com.br/]

2005 – Portal O Norte

Tony Veras cria o jornal O Norte em 15 de Abril de 1999, em Araguaína. A versão on-

line surgiria apenas em 2005. Em um primeiro momento, o veículo fazia apenas a

transposição do jornal impresso para a internet, mas, em agosto de 2010, ganha uma nova

versão, passando a se chamar Portal O Norte. O veículo publica notícias locais,

abrangendo ainda o norte do Tocantins, o sul do Pará, do Maranhão e também do Piauí.

[http://www.portalonorte.com.br/]

2006 – Folha do Bico

Fundada em janeiro de 2006, na cidade de Araguatins, a Folha do Bico produz notícias

voltadas para a região do Bico do Papagaio, localizado no extremo norte do Tocantins. O

conteúdo é voltado principalmente para assuntos ligados à política, economia, cotidiano

e meio ambiente. O site da Folha do Bico é composto por seis editorias: Bico do Papagaio,

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Tocantins, Pará, Maranhão, Geral e Coluna Social, que são atualizadas diariamente com

exceção desta última. [http://www.folhadobico.com.br/]

2007 – O Jornal

A versão impressa de O Jornal foi fundada em 6 de janeiro de 1989, em Miranorte, pelo

jornalista Salomão Wenceslau. Entretanto, a versão on-line surgiu apenas em abril de

2007 durante um evento para apresentar o novo veículo. A proposta era a de um produto

com design moderno, de fácil acesso, mas mantendo a mesma qualidade do impresso. Em

julho de 2009, O Jornal se une à Rádio Cultura de Miracema do Norte (AM 1480 KHZ),

constituindo-se assim no Grupo de Comunicação O Jornal. [www.ojornal.net]

2007 – Toc Notícias

Em 19 de maio de 2007, quatro amigos residentes em Tocantinópolis, na região do Bico

do Papagaio, decidem criar um canal no YouTube para protestar contra os problemas da

cidade. Com o nome de Toc Notícias (abreviação de Tocantins Notícias), o canal

começou a ser conhecido na internet e ganhou importância junto ao público local. Raeulan

Pereira, um dos idealizadores, decide criar o Blog Toc Notícias para publicar informações

locais baseadas na demanda da população. Em 2008, o blog passa a ser administrado por

Roberlan Barbosa da Silva e, em 2011, é transformado em site.

[http://www.tocnoticias.com.br]

2007 – Conexão Tocantins

Com o objetivo de cobrir os fatos ligados ao Estado, o site Conexão Tocantins é lançado

em 12 de julho de 2007 pelo jornalista Umberto Salvador. O veículo se considera “um

arquivo permanente da história de personalidades políticas, empresariais e culturais”.

Após dez anos de existência, o Conexão Tocantins conta com 17 editorias sobre assuntos

diversificados, como: Economia, Meio Ambiente, Cultura, Ciência & Tecnologia,

Polícia, Saúde e Política. [http://conexaoto.com.br/]

2008 - Cock 1

Considerado um dos veículos mais antigos do Tocantins, o jornal impresso Cocktail

surgiu em janeiro de 1990, em Gurupi. A princípio com características de revista, o

produto não abordava os assuntos da cidade, mas sim temas ligados a anúncios, eventos

e lazer. Em 1991, já com aspecto de jornal, passa a circular em Palmas. A partir dos anos

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2000, o jornal vive um momento financeiro bom, mas perde qualidade editorial e leitores.

Em 2008, o Cocktail Online é lançado com linha editorial independente da versão

impressa. Em 2015, passa a se chamar Cock 1. [http://cock1.com.br/]

2008 – T1 Notícias

A jornalista Roberta Tum criou, em junho de 2008, o blog da Tum com três editorias:

Minha Opinião, Café Online e Vitrine Viva. Com assuntos voltados, sobretudo, para a

política regional, em 29 de março de 2009, o blog ganha status de site e passa a ter o nome

completo da profissional e 12 editorias, como Opinião, Polícia, Curtas, Ação Parlamentar,

Em Debate e Especiais. No dia 30 de julho de 2012, o site se transforma em Portal T1

Notícias e passa a ter 21 editorias, o que mostra a sua preocupação em oferecer uma

diversidade maior de assuntos para o público tocantinense.

[https://www.t1noticias.com.br/]

2008 – Gurupi Online

No dia 07 de outubro de 2008, é criado o portal Gurupi Online com o objetivo de fazer

uma cobertura jornalística sobre a cidade e os municípios da região. Com editorias

voltadas para o Agronegócio, Esporte, Meio Ambiente, Política, Educação entre outros,

o veículo ainda disponibiliza cinco rádios on-line e informações sobre Brasil, Tocantins

e o Mundo Universitário. [http://www.gurupionline.com.br/jornalismo/]

2008 – Portal Benício

O Portal Benício foi criado em março de 2008, na cidade de Paraíso do Tocantins. Com

o slogan “Compromisso com a verdade”, o site aposta na veiculação de notícias sobre o

Tocantins com destaque para Palmas, Araguaína, Gurupi, Porto Nacional, Paraíso,

Guaraí, além do Vale do Araguaia. O portal oferece ao internauta conteúdo em diferentes

formatos como texto, vídeo e fotografias. Destaca-se a nuvem de tags na home page que

facilita a busca pelas informações. [http://www.portalbenicio.com.br/]

2010 – Portal CNN

No ano de 2009, o jornalista Fred Alves criou o jornal impresso chamado Centro Norte

Notícias em Pedro Afonso. De circulação mensal, o veículo tinha como objetivo levar

informação para as cidades próximas, como Bom Jesus do Tocantins, Tupirama, Santa

Maria do Tocantins, Centenário, Recursolândia, Guaraí, Itacajá, Rio Sono, Fortaleza do

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Tabocão, Colméia, além de Miranorte, Miracema e Palmas. Em fevereiro de 2010, o

jornal ganha uma versão on-line, consolidando-se como um dos principais veículos da

região. [http://www.centronortenoticias.com.br/]

2010 – Araguaína Notícias

Fundado em 25 de novembro de 2010, o Araguaína Notícias é considerado um dos

primeiros webjornais do município. Com o foco no noticiário regional, o veículo publica

conteúdo voltado para Política, Economia, Educação, Entretenimento, Polícia e

Empregos. Com design moderno e de fácil navegação, o Araguaína Notícias se destaca

pela seção intitulada Colunas na qual são publicadas opiniões sobre os assuntos mais

relevantes ligados, sobretudo, ao Tocantins. [http://araguainanoticias.com.br/]

2011 – Mira Jornal

O impresso Mira Jornal foi lançado no dia 1º de maio de 1992 e somente em junho de

2011 ganhou uma versão on-line ainda de forma experimental. Em 2013, o site se

consolida e, no ano seguinte, passa por uma remodelação na qual é instituída a atual home

page. O Mira Jornal publica informações variadas que vão desde Política passando por

Tecnologia e Meio Ambiente. O veículo disponibiliza a seção Boca no Trombone, um

espaço para os leitores de expressarem. [http://www.mirajornal.com/]

2012 – Guaraí Notícias

Lançado em março de 2012, o Guaraí Notícias tem como proposta noticiar sobre os

principais acontecimentos ocorridos no Tocantins e no município tanto que mantém duas

editorias específicas: Câmara dos Vereadores e Prefeitura Municipal. Além disso, o

veículo aposta na participação do internauta por meio das Enquetes e mantém perfis em

mídias sociais (Facebook, Instagram e YouTube) e um programa de rádio veiculado na

emissora comunitária de Guaraí, Rádio Ativa FM (87,9Mhz).

[https://www.guarainoticias.com.br/]

2013 – Rede TO

O site Rede Tocantins de Notícias, mais conhecido como Rede TO, foi lançado em março

de 2013, em Palmas. Composto por editorias que abordam variados assuntos, o veículo

tem o foco voltado para os temas que envolvem o Estado do Tocantins. O Rede TO, desde

a criação, apostou na participação do internauta, por meio de Enquetes e na seção Galeria,

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na qual publica vídeos do YouTube que viralizaram na internet.

[http://www.redeto.com.br/]

2013 – G1 Tocantins

O G1 foi criado pelas Organizações Globo em 2006 e somente em 2010 passou a atuar

em conjunto com as afiliadas da Rede Globo de Produções. No Tocantins, o G1 foi

lançado em 28 de junho de 2013, tendo como proposta noticiar os principais fatos

ocorridos no Estado. A página segue as diretrizes da versão nacional e agrega em seu

conteúdo os vídeos dos telejornais locais, como o Jornal Anhanguera 1ª e 2ª Edições.

[http://g1.globo.com/to/tocantins/]

2014 – Portal do Tocantins

O veículo foi fundado em 2014, em Gurupi, região sul do Estado. A equipe é formada

editores, jornalistas e colaboradores que escrevem sobre saúde, esportes, artes e educação.

O Portal aposta ainda na publicação de notícias voltadas para o entretenimento, polícia e

mundo. O destaque é a seção de Arquivo no qual o internauta pode acessar o conteúdo já

publicado no site, pesquisando pelo mês e pelo dia. [http://www.portaldotocantins.com/]

2015 – Norte Agropecuário

O site Norte Agropecuário surgiu no dia 02 de fevereiro de 2015 é e um dos poucos

veículos on-line especializados em pecuária e agricultura presentes no Estado do

Tocantins. A sua proposta é levar informações para o produtor rural, mas também servir

como um espaço para a divulgação de produtos e serviços de instituições e empresas

ligadas ao agronegócio. O site oferece ao público informações em diferentes formatos,

como: Rádio NorteAgroTO, TV NorteAgroTo e Click Rural.

[http://www.norteagropecuario.com.br/]

2016 – Jornal Cidade

O Jornal Cidade foi fundado em 01 de novembro de 2016, em Porto Nacional. A proposta

do veículo é fazer um jornalismo mais interativo, contando com a participação do leitor

e investindo no design e na diversidade de canais de difusão, como Facebook, Twitter e

Google +. O foco das notícias é mostrar o que mais de relevante acontece no Tocantins,

no Brasil e no mundo, priorizando temas de interesse público.

[http://www.jctocantins.com.br/]

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Algumas considerações

O objetivo principal dessa pesquisa era traçar o percurso histórico dos sites

jornalísticos presentes no Tocantins a partir da instalação do Estado, em 1989, chegando

até o ano de 2016. Para tanto, foi necessário fazer o levantamento de informações que

auxiliassem na construção da linha do tempo sobre o webjornalismo tocantinense. Ao

longo de 18 meses, foram captadas informações junto aos veículos selecionados, tendo

como ponto de partida o Mapa da Mídia no Tocantins.

Com os dados em mãos foi possível chegar às seguintes conclusões, relacionando-

as com os objetivos propostos:

i) A maioria dos veículos transita entre as cincos fases do webjornalismo descritas

na Introdução deste relatório. Observou-se que os veículos ainda reproduzem material de

outras fontes, como assessorias de comunicação de instituições (Polícia Civil, Governo

do Estado, Prefeituras etc) o que remete à primeira fase nomeada de Transposição; Notou-

se que os veículos se esforçam para explorar as principais potencialidades da internet

(hipertextualidade, interatividade e multimidialidade) ao contextualizar o conteúdo, abrir

espaço para os internautas se expressarem e publicar galerias de fotos, gráficos e vídeos,

características ligadas às demais fases do webjornalismo. Por fim, ao valorizarem o

conteúdo local/regional, os veículos também se encaixam na quinta fase referente ao

hiperlocalismo.

ii) A criação da linha do tempo permitiu observar que a maioria dos veículos

tocantinenses foi criada a partir do ano 2000, sobretudo, na segunda metade da década.

Isso mostra que a mídia on-line no Estado começou a se consolidar apenas 10 anos depois

da chegada da Internet ao Brasil. Outra particularidade que chama a atenção é o fato dos

veículos priorizarem as informações generalistas, ou seja, divulgarem notícias ligadas aos

principais fatos ocorridos, no Brasil, no mundo e na região sem aprofundar temas únicos,

como Economia, Meio Ambiente ou Esporte. Nesse sentido, o site Norte Agropecuário

desponta como a exceção, pois se dedica a informar sobre agricultura e pecuária,

configurando-se no jornalismo especializado.

iii) Em relação à origem, observou-se que, dos 21 sites selecionados, 08 (oito)

surgiram a partir do meio impresso enquanto 13 (treze) são nativos, isto é, foram criados

já na própria Internet. É possível citar os seguintes veículos oriundos do impresso: Jornal

do Tocantins, Voz do Bico, O Jornal, Portal O Norte, Cock 1, Folha do Bico, Mira Jornal

e Centro Norte Notícias. Já os nativos são: Portal CT, Toc Notícias, Conexão Tocantins,

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T1 Notícias, Gurupi Online, Portal Benício, Araguaína Notícias, Guaraí Notícias, Rede

TO, G1 Tocantins, Portal do Tocantins, Norte Agropecuário e Jornal Cidade. Sobre este

último veículo, vale destacar uma curiosidade: primeiro foi criado o site, em novembro

de 2016, e depois surgiu a versão impressa, em abril de 2017.

Entre os veículos que tiveram maior destaque, ao longo desses anos, destacam-se

Voz do Bico, G1 Tocantins e Norte Agropecuário. O primeiro por ter sido criado logo

após a chegada da internet no Brasil, apostando no meio on-line como forma de levar

informação ao público; o segundo por pertencer a um conglomerado de comunicação

(Organizações Globo), porém explorando a informação de proximidade e o terceiro por

investir na segmentação como diferencial para conquistar uma determinada parcela do

público consumidor de informação on-line.

Portanto, conclui-se que os sites jornalísticos selecionados para esta linha do tempo

apresentam as principais características do webjornalismo, sendo que todos têm no

hiperlocalismo a base para a divulgação das notícias. A presença desses veículos reforça

a relevância da informação de proximidade por meio do jornalismo, atendendo

principalmente às necessidades do público local. Essa diversidade de produtos

jornalísticos on-line mostra também a importância que a Internet ganhou ao se consolidar

como um dos meios de comunicação mais consumidos da atualidade, sobretudo, em

função da velocidade e do baixo custo de manutenção.

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