Características e Gerações Do Webjornalismo

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Características e gerações do Webjornalismo: análise dos aspectos tecnológicos, editoriais e funcionais. * Thiara Luiza da Rocha Reges Faculdade São Francisco de Barreiras – FASB Índice 1 INTRODUÇÃO ........................ 3 1.1 Problematização ...................... 5 1.2 Objetivos: geral e específicos ................ 6 1.3 Metodologia ......................... 6 2 INTERNET .......................... 9 2.1 Jornalismo na internet .................... 13 2.1.1 Jornalismo Eletrônico ................... 15 2.1.2 Jornalismo Digital ..................... 16 2.1.3 Ciberjornalismo ...................... 18 2.1.4 Jornalismo Online ..................... 22 2.1.5 Webjornalismo ....................... 25 2.2 Diferentes e tão iguais .................... 28 3 WEBJORNALISMO ..................... 32 3.1 Do transpositivo ao banco de dados ............. 33 3.2 Elementos .......................... 37 3.2.1 Hipertextualidade ..................... 38 3.2.2 Multimidialidade ..................... 43 * Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo da FASB, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Comunicação Social.

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Características e Gerações Do Webjornalismo

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  • Caractersticas e geraes doWebjornalismo: anlise dos aspectostecnolgicos, editoriais e funcionais.

    Thiara Luiza da Rocha RegesFaculdade So Francisco de Barreiras FASB

    ndice1 INTRODUO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31.1 Problematizao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51.2 Objetivos: geral e especficos . . . . . . . . . . . . . . . . 61.3 Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 INTERNET . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92.1 Jornalismo na internet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132.1.1 Jornalismo Eletrnico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152.1.2 Jornalismo Digital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 162.1.3 Ciberjornalismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 182.1.4 Jornalismo Online . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 222.1.5 Webjornalismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 252.2 Diferentes e to iguais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 283 WEBJORNALISMO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 323.1 Do transpositivo ao banco de dados . . . . . . . . . . . . . 333.2 Elementos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 373.2.1 Hipertextualidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 383.2.2 Multimidialidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

    Monografia apresentada Coordenao do Curso de Comunicao Social comHabilitao em Jornalismo da FASB, como requisito parcial para obteno do grau deBacharel em Comunicao Social.

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    3.2.3 Interatividade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 443.2.4 Personalizao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 453.2.5 Memria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 493.2.6 Banco de Dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 503.2.7 Jornalismo Colaborativo . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

    4 ANLISE DOS ASPECTOS TECNOLGICOS, EDITORI-AIS E FUNCIONAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

    4.1 Quanto s geraes e seus elementos . . . . . . . . . . . . 544.1.1 Revista Piau . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 544.1.2 Jornal Nova Fronteira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 594.1.3 ESPN Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 634.1.4 CMI Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 694.1.5 Quadro Resumo da Anlise dos Aspectos Tecnolgicos,

    Editoriais e Funcionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 764.2 Elementos para uma avaliao comparativa . . . . . . . . . 76CONSIDERAES FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84REFERNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88APNDICES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94

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  • Caractersticas e geraes do Webjornalismo 3

    ESTE TRABALHO tem por objetivo discutir as prticas jornalsticasna Internet a partir da noo de webjornalismo e suas caracters-ticas e divises. A escolha do tema justifica-se pela efervescncia comque as relaes comerciais e sociais se do na Internet, proporcionandouma abduo entre as teorias e a prtica jornalstica no novo veculo.Estudar este fenmeno contribui na construo de teorias que possamdefini-la. Para tal, procuramos analisar os elementos essenciais quecompem cada gerao do webjornalismo, usando como parmetroquatro plataformas distintas que se aproximassem das definies j es-tabelecidas para cada gerao. Esta anlise parte de uma abordagemacerca das nomenclaturas utilizadas para definir o jornalismo na Inter-net de modo a estabelecer um elo com a histria. Na sequncia sodestacadas as particularidades de cada elemento das geraes do Web-jornalismo. Por fim, so apresentados os resultados acerca das platafor-mas analisadas, sendo possvel perceber tendncias impostas pelas no-vas tecnologias, alm de estabelecer novos critrios balizadores paraclassificao da atividade jornalstica na Internet.

    Palavras-Chave: Internet, Webjornalismo, Jornalismo e Tecnolo-gia.

    1 INTRODUO

    Internet: rede de computadores de alcance mundial, formada por in-meras e diferentes mquinas interconectadas em todo o mundo, que en-tre si trocam informaes na forma de arquivos de textos, sons e ima-gens digitalizadas, software1, correspondncias, newsgroup2, etc. Qua-

    1 (inf) Conjunto dos procedimentos, regras e mtodos de programao e explo-rao de computadores e equipamentos de um sistema informtico. Sequncia deinstrues codificadas que, quando acessadas devidamente, fazem com que o com-putador execute determinadas funes. Parte no-tangvel da mquina. Diz-se tam-bm programa de computador, ou conjunto de programas. (RABAA & BARBOSA,2001, p.688)

    2 (int) Em port., grupo de notcias. Coletnea de ttulos de notcias que circulamna usanet, tanto de carter tcnico como geral, dispostos de modo a permitir que ousurio selecione as de seu interesse. Funciona como um quadro de avisos e permitea troca de mensagens entre as pessoas que o freqentam. Os nomes dos newsgroups

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    tro dcadas de inovaes tecnolgicas e hoje a Internet comporta en-tretenimento, servios, comrcio e tambm o jornalismo. De sites eportais a blogs, a atividade jornalstica tem lugar de destaque na In-ternet. E so vrios os fatores, dentre os quais destacaramos o baixoinvestimento, comparado a outros veculos, e a liberdade editorial; au-mento gradativo no nmero de acessos e investimentos pblico-privadosem incluso digital. Porm, por emergncia das atividades comerci-ais, a atividade jornalstica na Internet ainda suscita muitas dvidas, acomear pelas nomenclaturas, definies e aplicaes, que interferemna prtica tanto do fazer jornalismo e do seu processamento, quanto narecepo pelos internautas.

    As discusses acerca das nomenclaturas compem o segundo cap-tulo desta monografia que tem por objetivo central discutir as prticasjornalsticas na Internet a partir da noo de uma dessas nomenclaturas,o Webjornalismo, fazendo para isso, levantamento de suas caractersti-cas e divises. Parte-se das nomenclaturas como forma de entender oprocesso de produo atual sem perder o elo com a histria, que apesarde recente, j passou por vrias redefinies.

    Cabe esclarecer que um acompanhamento da linha do tempo decomo a atividade jornalstica evoluiu nos ltimos anos no suficientepara entender o fenmeno Internet. Um estudo mais completo devecompreender anlises tcnicas e sociolgicas acerca da relao de inter-ao entre produtor, mquina e receptor, que esto mais intensas, e porvezes, sendo difcil distinguir o papel exato de cada um na construo dainformao. Neste estudo buscamos um diagnstico tendo por base ape-nas os aspectos tecnolgicos, em funo da delimitao proposta para oobjeto de pesquisa, de modo a compreender como as novas tecnologiasutilizadas no fazer jornalismo exercem influncia na prtica profissionaldestinada a Internet, sendo determinantes na gerao de tendncias di-versas para a rea.

    No que tange as geraes do Webjornalismo, pesquisadores defen-dem a existncia de quatro geraes, distintas entre si, e sequenciais.Cada gerao possui particularidades, sendo a terceira e quarta geraesas mais recentes e desenvolvidas atualmente. Na terceira, destacam-secinco elementos essenciais: hipertextualidade, multimidialidade, inter-

    costumam ser compostos de partes separadas por pontos, de acordo com o assunto deque tratam. (RABAA & BARBOSA, 2001, p.508)

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    atividade, memria e personalizao. J na quarta gerao processoainda em construo , temos o banco de dados e o jornalismo colabora-tivo. Tais estruturas so apresentadas como o ideal para o jornalismo naInternet. Entretanto, seria possvel afirmar que no possuir um ou maiselementos da gerao a qual pertence implicaria em descredibilizaoda plataforma?

    Estabelecer um padro de produo para a Internet pode representartanto uma tentativa de fortalecer grandes monoplios da comunicao,com maior poder de investimentos financeiros, como j acontece com asmdias tradicionais, ou pode representar ainda uma forma de sanar dvi-das acerca das rotinas produtivas, potencializando o veculo do ponto devista da credibilidade de informaes. Desde j, possvel ressaltar quenotoriamente a Internet um veculo inovador que possibilita liberdadecriativa tanto na construo de notcias como nas estruturas, no sendopor acaso, a grande utilizao de novas e ousadas ferramentas comoblogs e redes sociais.

    1.1 Problematizao

    Murad (apud CANAVILHAS, 1999, p.2) afirma que o conceito de jor-nalismo encontra-se relacionado ao veculo, o suporte tcnico que per-mite a difuso das notcias, tendo-se ento os termos jornalismo im-presso, telejornalismo e radiojornalismo. Com a Internet, seguiu-se amesma linha para se chegar ao conceito Webjornalismo.

    Entretanto, outras nomenclaturas vem sendo adotadas desde o inciodas atividades do jornalismo no universo digital, em meados dos anos90, com a utilizao da Internet para fins comerciais. o caso de jor-nalismo digital, jornalismo eletrnico, jornalismo on-line e ciberjorna-lismo. No h dvidas de que todas as nomenclaturas tratam de jorna-lismo na Internet, porm as diferenas na arquitetura, estrutura da not-cia, no layout e no fazer jornalismo entre os sites e portais, nacionaise internacionais, revelam com clareza as fragilidades das classificaesdo veculo, que vo alm das limitaes socioeconmicas do processode incluso digital.

    Os estudos recentes sobre jornalismo na Internet abrem espao para

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    uma no padronizao, possibilitando que o mesmo se classifique comoprimeira, segunda, terceira e quarta geraes de acordo com o nvel deintegralizao das caractersticas definidas para a atividade no meio e ouso de novas tecnologias, classificao esta que ser retomada no Cap-tulo 3 deste estudo monogrfico. Partindo do principio lgico de umaescala evolutiva, seria a primeira gerao o ponto inicial e a quartagerao o atual estgio considerado como o padro ideal para prticajornalstica na Internet.

    importante ressaltar que a liberdade criativa proporcionada pelaInternet permite uma maior flexibilizao quanto forma de oferecerprodutos e servios em relao s demais mdias. Deste modo, pos-svel analisar o universo de prticas jornalsticas na Internet a partirda noo de Webjornalismo, suas caractersticas e divises, de formaa contemplar as interaes possveis e efetivas com o internauta?

    1.2 Objetivos: geral e especficos

    O principal objetivo deste estudo discutir as prticas jornalsticas naInternet a partir da noo de Webjornalismo e suas caractersticas edivises. Para tanto, e seguindo uma ordem de desenvolvimento dapesquisa, procuramos verificar a multiplicidade de plataformas tecnol-gicas e jornalsticas nas diferentes fases do Webjornalismo. A partirdesse ponto que se torna possvel identificar os aspectos da evoluotecnolgica que interferem na identidade das prticas jornalsticas naInternet. Por fim, propomos analisar comparativamente a estrutura dainformao jornalstica das diferentes fases do Webjornalismo.

    1.3 Metodologia

    Definir a metodologia de trabalho , talvez, a parte mais importante deuma pesquisa cientfica. De acordo com Lago & Benetti (2007, p.17)a metodologia orienta a pesquisa para uma concreta adequao entreteoria, problematizao, objeto e mtodo.

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    O pesquisador, em sua permanente vigilncia epistemol-gica, precisa ter, ao mesmo tempo, uma profunda perceposobre a singularidade de seu objeto e um indiscutvel com-promisso com a legitimidade dos resultados da pesquisa.Neste difcil arranjo, preciso ter sensibilidade para en-contrar o mtodo mais adequado quela investigao emparticular, respeitando os critrios que a cincia estabelecepara validar o trabalho acadmico. (LAGO & BENETTI,2007, p. 17)

    Quando o tema da pesquisa perpassa pela nova e complexa mdiaInternet, o pesquisador em muitos casos recai sobre a busca pela iden-tidade discursiva, visto as particularidades comunicacionais que a redelhe oferece. Adghirni & Moraes (2007, p.241) destaca que esse pro-cesso suscita questionamentos como o emprego das ferramentas webna prtica jornalstica, a adaptao para a rede das funes do jorna-lismo, as formas de narrar, a identidade do jornalista, entre outros.

    Deste modo, para responder aos questionamentos da pesquisa pro-posta, que em termos gerais coincide com os questionamentos levan-tados por Adghirni & Moraes (2007, p.242), seguimos o modelo demetodologia hbrido do Grupo de Pesquisa em Jornalismo On-line GJOL, da Faculdade de Comunicao da Universidade Federal da Ba-hia. Nesta metodologia, o pesquisador segue trs etapas: 1) Revisopreliminar da bibliografia e anlise de organizaes jornalsticas; 2) For-mulao de hipteses e estudo de caso; e 3) Elaborao de categorias deanlise e processamentos dos dados coletados. (MACHADO & PAL-CIOS, 2007, p.201)

    Na primeira etapa, desenvolvida nos Captulos 2 e 3 desta mono-grafia, foi realizada reviso bibliogrfica dos dois pilares desse estudo:a Internet e as prticas jornalsticas presentes neste veculo. Foram ana-lisadas vrias fontes, desde estudos mais antigos, aos mais recentes, fru-tos da expanso e crescimento da Internet no processo de comunicaosocial.

    Em relao s quatros geraes do Webjornalismo, que compema segunda etapa da pesquisa quanto hiptese e estudo de caso ,procuramos analisar de forma tcnica a presena de certas caractersti-cas que definem a evoluo do jornalismo na Internet, gerao a gera-o. A escolha das plataformas a serem analisadas se deu principal-

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    mente atravs da aproximao de exemplos prticos com a definioterica, de autores que compem ncleos de pesquisa nacional, reunidosdurante pesquisa exploratria. Segundo estes estudos, o Webjornalismopassa por evolues, perceptveis atravs de uso de novas tecnologias,saindo de um ambiente de mera digitalizao de informaes para autilizao de banco de dados e o exerccio do jornalismo colaborativo.

    No desenvolvimento da pesquisa emprica foram escolhidas entoas quatro plataformas: para primeira gerao do Webjornalismo, o siteda Revista Piau, (www.revistapiaui.com.br/); para segunda ge-rao do Webjornalismo, o site do Jornal Nova Fronteira (www.jornalnovafronteira.com.br/); para terceira gerao do Webjornalismo,o portal ESPN Brasil (http://espnbrasil.terra.com.br/agora); e para a quarta gerao do Webjornalismo, o site CMI Brasil (www.midiaindependente.org/). Os critrios de escolha foram respecti-vamente: plataforma site, com textos digitalizados na integra do im-presso, campos para acesso disponveis apenas para assinantes da re-vista; plataforma site, produo de notcias local (Barreiras Bahia),textos publicados no impresso e no online com a mesma estrutura; pla-taforma portal, especializada em notcias do mundo esportivo, que com-pe um grupo empresarial produtor de contedo tambm para uma re-vista, uma emissora de rdio e dois canais de televiso por assinatura,com possibilidades de utilizao dos recursos multimdia na plataformaweb, e que possui contedos produzidos exclusivamente para Internet;site colaborativo, consolidado, que possui vrias redes interconectadas,com grupos de produo de notcias em diversas partes do Brasil e doMundo.

    Dada a escolha das plataformas, a pesquisa segue por dois momen-tos contemplando assim a terceira etapa da pesquisa: forma de co-leta e anlise dos dados. O primeiro momento composto por ob-servao individual das plataformas com vistas a averiguar o uso dascaractersticas, assim descriminadas: 1) Hipertextualidade; 2) Multimi-dialidade; 3) Interatividade; 4) Memria; 5) Personalizao; 6) Utiliza-o de Bases de Dados; e 7)Jornalismo Colaborativo. Para comple-mentar esse processo, foi encaminhado, via e-mail, questionrio paraos jornalistas/editores responsveis por cada plataforma analisada, comobjetivo de obter maiores informaes sobre a adaptao do profissionaljornalista s novas tecnologias utilizadas para o fazer jornalismo na In-

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    www.revistapiaui.com.br/www.jornalnovafronteira.com.br/http://espnbrasil.terra.com.br/agorawww.midiaindependente.org/www.midiaindependente.org/

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    ternet; os motivos da utilizao ou no das caractersticas do Webjorna-lismo; informaes quanto a interao com os internautas. Esses ques-tionamentos permitem entender o uso de ferramentas tecnolgicas nocontexto da produo jornalstica. A primeira etapa de anlise ser a-presentada no Captulo 4, de forma detalhada e tambm, de forma maiscompacta, atravs de quadro resumo.

    Cabe destacar que os contatos para encaminhamento dos question-rios foram mantidos atravs dos e-mails disponveis em cada platafor-ma. Porm, apenas dois contatos foram de fatos respondidos com a efe-tivao do questionrio: Revista Piau e Jornal Nova Fronteira. O por-tal ESPN Brasil no disponibiliza seo Contatos como comumenteencontramos nas plataformas jornalsticas na Internet. Foram feitas ten-tativas de contato direto atravs do Twitter da ESPN e do Blog de JosTrajano, diretor de jornalismo da ESPN Brasil, ambos sem sucesso. Nocaso da CMI Brasil, fora encaminhado e-mail para todos os endereosdisponveis na seo Contatos, porm no obtemos resposta.

    No segundo momento da anlise, as plataformas foram observadasde modo comparativo, com objetivo de confirmar a presena de outrascaractersticas relevantes ao processo de construo de informaes naInternet. Em destaques nesta comparao esto as relaes de Intera-tividade, assim como a Usabilidade das plataformas.

    2 INTERNET

    O Ibope/Nielsen registrou em dezembro de 2009 um total de 67,5 mi-lhes de internautas no Brasil. Em setembro, eram 66,3 milhes. Istorepresenta um crescimento de 1,2 milho de novos brasileiros e brasilei-ras com mais de 16 anos na Internet, em apenas trs meses. O Brasil o5o pas com o maior nmero de conexes Internet. O tempo mdio denavegao em julho de 2009 foi de 48 horas e 26 minutos. Segundoa Fundao Getlio Vargas (FGV) so 60 milhes de computadoresem uso, devendo chegar a 100 milhes em 2012 (TO BE GUARANY,2010). Mais do que nmeros e estatsticas a Internet representa o rompi-mento de barreiras fsicas, que provocam incertezas e polmicas desdeseu surgimento.

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    Em um perodo de acelerao da tecnologia de comuni-cao, a Internet desafiou previses e trouxe consigo muitassurpresas. Mais fenmeno que fatos, dizia-se tal comoocorrera com os telefones celulares. Tambm se declara-va que ela era o equivalente, nas comunicaes, fron-teira desbravada no Oeste. Rapidamente deixou para trsa fsica e desenvolveu uma psicologia prpria, como haviafeito o desbravamento da fronteira, e o que veio a ser cha-mado de sua ecologia, palavra nova nos estudos de co-municao. De forma mais auspiciosa, em 1997 comeoua ser tratada como paradigma, palavra que j estivera namoda. (BRIGGS & BURKE, 2006, p.300)

    Contudo, a rede de comunicao, hoje amplamente conhecida prin-cipalmente pela gerao Y3, teve suas origens em 1969, com a Arpanet,rede de computadores montada para garantir a comunicao emergen-cial caso os Estados Unidos fossem atacados pela Unio Sovitica, du-rante a Guerra Fria. Tal rede foi desenvolvida pela Advanced ResearchProjects Agency (ARPA), esta, formada em 1958 pelo Departamento deDefesa dos Estados Unidos. A ARPA era composta pelo InformationProcessing Techniques Office (IPTO), e foi este o departamento que fi-cou responsvel pelo desenvolvimento da Arpanet.

    O IPTO era formado basicamente por acadmicos e cientistas dacomputao que visavam o desenvolvimento da pesquisa interativa decomputao no pas.

    Para montar uma rede interativa de computadores, o IPTOvaleu-se de uma tecnologia revolucionria de transmissode telecomunicaes, a comutao por pacote, desenvolvi-da independentemente por Paul Baran na Rand Corporation

    3 Gerao Y ou Generation Y, apareceu pela primeira vez em um artigo do pe-ridico Advertising Age de agosto de 1993. O escopo dos nascidos nesta gerao representado pelo intervalo de 1982 at o incio do sculo XXI, porm as datasespecficas ainda so imprecisas. [...] Uma das principais caractersticas dessa geraodiz respeito ao relacionamento com as novas mdias. Mais do que qualquer geraoprecedente, os Y esto cercados por tecnologia em todas as partes, eles conectam-seao mundo pelos sinais da Internet e o digital faz parte de suas vidas desde a infncia. Oque rege a experincia on-line, fluda, hipermdia, sem razes. (CARA, 2008, p.75)

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  • Caractersticas e geraes do Webjornalismo 11

    (um centro de pesquisa californiano que frequentementetrabalhava para o Pentgono) e por Donald Davies no Bri-tish National Physical Laboratory. (CASTELLS, 2003,p.14)

    O sistema foi aplicado na Arpanet e os primeiros ns da rede em1969 estavam em universidades norte-americanas. A rede era descen-tralizada e flexvel o suficiente para resistir a um ataque nuclear, mesmoeste no sendo o objetivo real do desenvolvimento da Arpanet. O pr-ximo passo da pesquisa do IPTO foi tornar possvel a conexo da redeArpanet a outras redes, o que criou o conceito uma rede de redes. VintCerf, Steve Crocker e Jon Postel, todos cientistas da computao, divi-dem o protocolo de controle de transmisso (TCP) apresentado anosantes por um grupo de pesquisa francs em duas partes, acrescentandoum protocolo intra-rede (IP), gerando assim o protocolo TCP/IP que utilizado ainda hoje para operar a comunicao da Internet.

    Entre 1975 e 1990, a Arpanet passa por transferncia de rgo ad-ministrador; criada a MILNET, rede independente de uso militar; aArpanet torna-se a ARPA-INTERNET, dedicada s pesquisas, mas logofica obsoleta. Em 1990, com a maioria dos computadores tendo seu pro-tocolo TCP/IP aps financiamento do Departamento de Defesa dosEstados Unidos aos fabricantes a Internet torna-se privada. A partirde ento, o crescimento constante.

    O que permitiu Internet abarcar o mundo todo foi o de-senvolvimento da www. Esta uma aplicao de compar-tilhamento de informao desenvolvida em 1990 por umprogramador ingls, Tim Berners-Lee, que trabalhava noCERN, o Laboratrio Europeu para a Fsica de Partculasbaseado em Genebra. Embora o prprio Berners-Lee notivesse conscincia disso (Berners-Lee, 1999, p.5), seu tra-balho continuava uma longa tradio de ideias e projetostcnicos que, meio sculo antes, buscara a possibilidade deassociar fontes de informao atravs da computao inter-ativa. [...] Foi Berners-Lee, porm, que transformou to-dos esses sonhos em realidade, desenvolvendo o programaEnquire que havia escrito em 1980. Teve, claro, a van-tagem decisiva de que a Internet j existia, encontrando

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    apoio nela e se valendo de poder computacional descentra-lizado atravs de estaes de trabalho: agora utopias po-diam se materializar. [...] Em colaborao com RobertCailliau, Berners-Lee construiu um programa navegador/e-ditor em dezembro de 1990, e chamou esse sistema de hi-pertexto de world wide web, a rede mundial. (CASTELLS,2003, p. 17 e 18)

    Cabe nesta histria um pequeno adendo, a contribuio dos hackers4

    no desenvolvimento de plataformas cada vez mais claras e acessveis aogrande pblico, inicialmente formado em sua maioria por estudantes.Os Laboratrios Bell, criadores do sistema operacional UNIX, liber-aram em 1974 para as universidades o cdigo-fonte5 da plataforma, per-mitindo inclusive alteraes. Logo os estudantes se tornaram grandesgnios na manipulao da linguagem computacional, sendo respons-veis pela criao de um programa que estabelecia a comunicao en-tre computadores. Esse fato influenciou diretamente o movimento dafonte aberta, uma tentativa dos usurios da UNIX de manter livre oacesso s informaes de softwares. E a tentativa deu resultado: em1991, Linus Torvalds, um estudante de 22 anos, desenvolveu o sistemaoperacional Linux, e disponibilizou gratuitamente pela Internet para queoutros hackers o aperfeioassem e devolvessem para a Internet.

    Essa cultura estudantil adotou a interconexo de computa-dores como um instrumento da livre comunicao, e, nocaso de suas manifestaes mais polticas [...], como uminstrumento de liberao, que, junto com o computadorpessoal, daria s pessoas o poder da informao, que lhes

    4 A cultura hacker, a meu ver, diz respeito ao conjunto de valores e crenas queemergiu das redes de programadores de computador que interagiram on-line em tornode sua colaborao em projetos autonomamente definidos de programao criativa(LEVY apud CASTELLS, 2003, p.38)

    5 Cdigo-fonte so as linhas de programao que formam um software em suaforma original. Inicialmente, um programador "escreve"o programa em uma certalinguagem como C++ ou Visual Basic. Com o cdigo-fonte de um programaem mos, um programador de sistema pode alterar a forma como esse soft fun-ciona, adicionar recursos, remover outros enfim, adaptar o soft s suas neces-sidades. Disponvel em www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u7618.shtml. Acesso 23 de abril de 2010.

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    www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u7618.shtmlwww1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u7618.shtml

  • Caractersticas e geraes do Webjornalismo 13

    permitiria se libertar tanto dos governos quanto das corpo-raes. (CASTELLS, 2003, p.26)

    Avanando para alm do que conta a maioria dos livros sobre ahistria da Internet, Castells (2003, p.19), destaca que a rede nasceuda improvvel interseo da big scince6, da pesquisa militar e da culturaliterria. O objetivo da IPTO era receber financiamento para o desen-volvimento da pesquisa em computao, pesquisa essa audaciosa paraa poca, e que as empresas, nem do setor privado to pouco do pblico,se interessavam em custear. No estamos aqui desconsiderando a ori-entao militar da pesquisa e o papel do Departamento de Defesa. evidente que sem os mesmos no seria possvel que os cientistas de-senvolvessem a rede, por no dispor de recursos financeiros e fsicosnecessrios.

    Entretanto, destaca-se como estratgia mais relevante para o sucessoda pesquisa, a autonomia administrativa e criativa dada ao departamentopara o desenvolvimento das atividades computacionais. A Internet sedesenvolveu num ambiente seguro, propiciado por recursos pblicos epesquisa orientada para misso, mas que no sufocava a liberdade depensamento e inovao. (CASTELLS, 2003, p.24).

    2.1 Jornalismo na internet

    O uso do veculo Internet para prticas jornalsticas comeou h poucomais de duas dcadas, mas j passou por vrias transformaes de formanada linear. Junior (apud PEREIRA, 2003, p.12), destaca que a histriado jornalismo on-line pode ser dividida em trs estgios: transpositivo,perceptivo e hipermiditico. Cada uma dessas etapas marcada pelaevoluo no uso de tecnologias que a Internet comporta. No incio, ossites dedicavam-se digitalizao dos produtos do impresso. medidaque os profissionais foram se capacitando para uso da Internet, os sitescomearam a destacar profissionais que se dedicassem a produo decontedo exclusivo para web, chegando at o terceiro estgio, com aintensificao do uso de recursos multimdia e hipertextualidade.

    6 Big Science refere-se s investigaes cientficas que envolvem projetos vultu-osos e caros, geralmente financiados pelo governo. (CASTELLS, 2003, p.19)

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  • 14 Thiara Luiza da Rocha Reges

    O primeiro site de notcias na rede, o Chicago Tribune, foi criadoem 1992 nos Estados Unidos, um ano aps o lanamento da WWW.Quanto produo especifica de notcias, o primeiro foi o tambmnorte-americano The Wall Street journal que, em maro de 1995, lanouo Personal journal. Cada assinante recebia matrias personalizadas deacordo com as informaes disponibilizadas no momento do cadastro.Em linhas gerais, sites e portais jornalsticos norte-americanos surgirama partir da evoluo dos sites de busca.

    No Brasil, o jornalismo na Internet toma forma em 1995, quando oJornal do Brasil lana seu site. O jornal O Globo e a agncia de notciasAgncia Estado, do Grupo Estado, tambm lanaram a verso eletrnicade suas publicaes, ajudando no ponta-p do jornalismo na Internet nopas. Ferrari (2008, p.27) ressalta que os tradicionais grupos de mdiado Brasil, como as Organizaes Globo, o Grupo Estado e a EditoraAbril, se mantm como os maiores conglomerados de mdia do pas,tanto em audincia quanto em receita com publicidade. Estes gruposdetem o controle de sites, portais e blogs, podendo informalmente serchamados de bares da Internet brasileira.

    A agilidade no desenvolvimento de plataformas jornalsticas na In-ternet no segue a linha evolutiva apontada por Junior (apud PEREIRA,2003, p.12). O que se percebe que as empresas entraram no jogo, jo-gando, fazendo e aprendendo ao fazer, com algumas tentativas desas-trosas. Esse um dos fatores que explicaria o fato de existem platafor-mas jornalsticas em diferentes nveis de aproveitamento tecnolgico.Pereira (2003, p.13) destaca ainda razes econmicas como a desva-lorizao cambial do real em 1999; o fim da bolha especulativa dasempresas ponto-com; demisses ou remanejamento de jornalistas dasredaes.

    Percebe-se aqui a existncia de um trip relevante para entender ojornalismo na Internet: tecnologia, o profissional e impactos sociais.Nesta pesquisa no vamos nos aprofundar no debate das implicaeseconmicas favorveis ou no ao uso da Internet para fins jornalsticose comerciais, to pouco nas mudanas do perfil profissional para ade-quao, principalmente, as novas tecnologias.

    Neste ponto da monografia buscamos maior aprofundamento no ter-ceiro pilar da Internet, a tecnologia. Para tanto vamos analisar as no-menclaturas utilizadas para definir a prtica jornalstica na Internet, co-

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  • Caractersticas e geraes do Webjornalismo 15

    mo forma de identificar como as caractersticas e demais aspectos tec-nolgicos interferem na definio da identidade das produes dire-cionadas a essa mdia.

    2.1.1 Jornalismo Eletrnico

    O conceito de que para existir uma boa comunicao basta que o emis-sor transmita uma informao, de forma clara e concisa, atravs deum canal comum, a um receptor especfico, no mais suficiente paradar conta desse fenmeno que molda, sem precedentes, a vida em so-ciedade. J nos anos 30, Bertold Brecht (1932, citado por ENZENS-BERGER, 1978, p. 50) defendia que o ouvinte no se limitasse aescutar, mas tambm falasse, no ficasse isolado, mas relacionado.(PRIMO, 2003, p.21)

    O que Brecht apontava desde aquela poca, e que hoje abre vriosleques de debate, a possibilidade de interao social mediada pormeios de comunicao, que neste caso deixam de exercer a funo demeros distribuidores de informao. O que cabe aqui ressaltar quetanto a interao mediada por meios tradicionais (como rdio, televiso,livro, telefone, etc.), como tambm, mediada por computadores, e porque no por celular, possuem em comum a utilizao de um dispositivoeletrnico como elo da relao.

    Em se tratando de meios de comunicao, o eletrnico est atrelado tecnologia, no sentido de aprimoramento e evoluo, sendo o pontode partida o telgrafo, como destaca Briggs & Burke (2006, p.137):

    A telegrafia foi o primeiro grande avano da rea de eletri-cidade, descrita em 1889 pelo primeiro-ministro britnico,o marqus de Salisbury, como uma estranha e fascinantedescoberta que tivera influncia direta na natureza morale intelectual e nas aes da humanidade. Ela havia re-unido toda a humanidade em um grande nvel, em que sepodia ver [sic] tudo que feito e ouvir tudo que dito, ejulgar cada poltica adotada no exato momento em que oseventos aconteciam.

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  • 16 Thiara Luiza da Rocha Reges

    inegvel que mesmo com a ampla difuso, principalmente do r-dio e da televiso, o computador se destaca como o dispositivo eletrni-co da nova era, essencialmente pelas relaes de interao j propor-cionadas desde sua interligao atravs das redes. Neste caso, o dis-positivo depende da tecnologia da informao para ampliar seu poderde conexo social. O acesso a Internet atravs do computador vem nasltimas dcadas re-formulando relaes sociais e comerciais, e passa aFigurar no cenrio o entretenimento, o e-commerce, as redes sociais eas prticas jornalsticas.

    Quanto s atividades jornalsticas, pesquisadores tem apresentadoteses nos ltimos anos buscando esclarecer os elementos essenciais daatividade, perpassando tambm pelo campo das nomenclaturas e defini-es. Segundo Mielniczuk (2003, p.2 e 3), em linhas gerais, observa-seque autores norte-americanos utilizam o termo jornalismo online ou jor-nalismo digital, j os autores de lngua espanhola preferem o termo jor-nalismo eletrnico. Apesar de reconhecida relevncia destes autores,priorizaremos nesta pesquisa as definies de pesquisadores brasileiros,salvo quando as excees se fizerem indispensveis.

    No que compete conceituao no mbito especfico do fazer jor-nalismo, o Jornalismo Eletrnico a prtica jornalstica em ambienteseletrnicos. Vale ressaltar que esta seria a forma mais abrangente, vistoque o jornalismo na Internet, independente da nomenclatura, faz uso deferramentas eletrnicas. A partir de tal definio, possvel subentenderque qualquer atividade jornalstica que dependa de utenslios eletrni-cos, pode ser classificada como Jornalismo Eletrnico. J quanto apli-cabilidade, de acordo com a definio acima, to ampla que mesmoao tentar delimitar apenas ao veculo Internet no possvel apresentaras caractersticas do fazer jornalstico, nem no que tange a arquitetura elayout da pgina, nem estrutura da notcia e relaes com o pblico.

    2.1.2 Jornalismo Digital

    Antes de apresentar o conceito e caractersticas do Jornalismo Digital,cabe aqui esclarecimentos dos termos virtual e digital, visto que, se-

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  • Caractersticas e geraes do Webjornalismo 17

    gundo Lvy (1999, p.46), a digitalizao o fundamento tcnico davirtualidade.

    A palavra virtual pode ser entendida em ao menos trssentidos: o primeiro, tcnico, ligado informtica, um se-gundo corrente e um terceiro filosfico. O fascnio susci-tado pela realidade virtual decorre em boa parte da con-fuso entre esses trs sentidos. Na acepo filosfica, vir-tual aquilo que existe apenas em potncia e no em ato, ocampo de foras e de problemas que tende a resolver-se emuma atualizao. [...] Mas no uso corrente, a palavra vir-tual muitas vezes empregada para significar a irrealidade enquanto a realidade pressupe uma efetivao mate-rial, uma presena tangvel. (LVY, 1999, p.47)

    A parte tcnica do virtual fica por conta do digital, traduo de in-formaes em cdigo binrio formado por combinaes de 0 e 1. Nosentido corrente da palavra, o cdigo binrio inacessvel aos seres hu-manos e apenas podemos acompanh-lo atravs das atualizaes, o queo qualifica pertencente ao campo virtual. Levy (1999, p.48) comple-menta que os cdigos de computador atualizam-se em alguns lugares,agora ou mais tarde, em textos legveis, imagens visveis sobre tela oupapel, sons audveis na atmosfera.

    Vale ressaltar que alm da quantidade de informaes que podemser digitalizadas, possvel tambm a produo diretamente no for-mato binrio, e principalmente, o processo, tanto no ato da virtualizaocomo no ato de restituio, feito de forma rpida com alto nvel depreciso. O computador, suporte fsico pelo qual essas aes tornam-se possveis, passa, portanto, a ser parte integrante da construo doJornalismo digital.

    A diferena entre o Jornalismo Assistido por Computadorese o Jornalismo Digital consiste em que, no primeiro caso,o computador entra como um elemento auxiliar para a pro-duo das informaes enquanto que, no segundo, o com-putador constitui a prpria plataforma para todas as etapasdo processo de produo e circulao dos contedos jor-nalsticos. (MACHADO apud MOHERDAUI, 2008, p.2)

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  • 18 Thiara Luiza da Rocha Reges

    Pela possibilidade de traduzir em nmeros informaes em vriosformatos, o conceito de Jornalismo digital est atrelado ao uso de tec-nologias digitais, tanto na captura, como no processamento e dissemi-nao da informao. Entra neste contexto desde o mais simples recursocomo um pendrive at smartphones. comum tambm aplicar a termi-nologia Jornalismo Multimdia, justamente por permitir a manipulaode arquivos de textos, som e imagem.

    A digitalizao da informao faz desaparecer o meio fsi-co, instaurando uma nova forma de fazer jornalismo, a qualpressupe atualizao instantnea dos bits na forma de tex-tos, grficos, imagens, animaes, udio, vdeo os re-cursos da multimdia. Com a digitalizao, o jornalismose renova dando sequncia ao movimento de evoluo dosmeios de comunicao, movimento esse diretamente asso-ciado ao desenvolvimento e dinmica das cidades. (BAR-BOSA, 2002, p.11)

    2.1.3 Ciberjornalismo

    As prticas jornalsticas na Internet ganharam fora quando passaram aexplorar as potencialidades do ciberespao. Segundo Dreves (s/d, p.2)a questo do desenvolvimento jornalstico neste ciberespao est di-retamente ligado com a tecnologia e adaptao das informaes, aoveculo miditico. Porm antes de evoluir no debate acerca das prticasjornalistas preciso entender o ciberespao. Dentre todas as definies,a que mais se destaca a apresentada do Pierre Lvy:

    Eu defino o ciberespao como o espao de comunicaoaberto pela interconexo mundial dos computadores e dasmemrias dos computadores. Essa definio inclui o con-junto dos sistemas de comunicao eletrnicos (a inclu-dos os conjuntos de rede hertzianas e telefnicas clssicas),na medida em que transmitem informaes provenientesde fontes digitais ou destinadas digitalizao. Insisto na

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  • Caractersticas e geraes do Webjornalismo 19

    codificao digital, pois ela condiciona o carter plstico,fluido, calculvel com preciso e tratvel em tempo real,hipertextual, interativo e, resumindo, virtual da informaoque , parece-me, a marca distintiva do ciberespao. Essenovo meio tem a vocao de colocar em sinergia e inter-facear todos os dispositivos de criao de informao, degravao, de comunicao e de simulao. A perspectiva dadigitalizao geral das informaes provavelmente tornaro ciberespao o principal canal de comunicao e suportede memria da humanidade a partir do prximo sculo.(LEVY, 1999, p. 92 e 93).

    Para Santi (2009, p. 184), o prefixo ciber, faz referncia cibern-tica, sendo ento o ciberespao um ambiente hipottico povoado porelementos da eletrnica e informtica.

    A concepo de Lemos (1997) diz que o ciberespao podeser entendido a partir de duas perspectivas: como o lu-gar onde estamos quando entramos num ambiente virtual(realidade virtual), e como o conjunto de redes de computa-dores, interligadas ou no, em todo o planeta (BBS, video-textos, Internet...). Para o autor, porm estamos cami-nhando para uma interligao total dessas duas concepesdo cyberespao, pois segundo ele as redes vo se interligarentre si e, ao mesmo tempo, permitir a interao por mun-dos virtuais em trs dimenses. O cyberespao assimuma entidade real, parte vital da cybercultura planetria queest crescendo sob os nossos olhos, aponta Lemos (1997).(SANTI, 2009, p.184)

    A grosso modo o ciberespao pode ser dividido em web e ambientesmarginais. Essa distino acontece porque a web possui uma inter-face mais clara e com amplas possibilidades de interatividade. Jung-blut (2004, p.115) destaca que na web que podemos experimentar asensao mais intensa de estarmos, em certo sentido, viajando ciberes-pacialmente, isso, devido principalmente ao uso do hipertexto.

    A integrao do contedo, da conectividade e da interaohumana na Web permite a criao de redes por palavras,

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    por imagens, por documentos e pela lgica que as interliga.No que o texto simplesmente se torne hipertexto, ligadointernamente por supernotas de rodap; o texto se torna arede que conecta o usurio a todos os recursos de palavras:pessoas, organizaes, informaes, servios. Ele forneceo contexto, a comunidade e as conexes de navegao quedefinem o ciberespao. (KAHIN apud JUNGBLUT, 2004,p. 115)

    Quanto aos ambientes marginais no possvel uma melhor delimi-tao. Estes se expandem a cada dia. Destacando os principais teramosos que permitem localizao e transferncia de arquivos (ftp, archie,gopher, etc.), os que permitem o uso remoto, por simulao, de umcomputador distante, neste caso os sistemas telnet7 e os que permitema comunicao, de forma sncrona ou assncrona, entre os usurios darede.

    A partir do ciberespao surgem ramificaes como cibercultura, ci-berpunk, cibercidades8 e ciberjornalismo. Este , portanto, toda a ativi-dade jornalstica realizada no ciberespao, ou com auxlio das ferra-mentas disponibilizadas neste mesmo ambiente. Dentro da estruturatecnolgica oferecida pelo ciberespao possvel explorar jornalistica-mente as caractersticas de multimidialidade, interatividade, hipertex-

    7 Telnet is a network protocol and is commonly used to refer to an application thatuses that protocol. The application is used to connect to remote computers, usually viatcp port 23. Most often, you will be telneting to a unix like server system or perhapsa simple network device such as a switch. (www.telnet.org/htm/faq.htm)(Telnet um protocolo de rede e normalmente usada para se referir a uma aplicaode uso deste protocolo. A aplicao usada para conectar computadores remotos,normalmente via TCP porta 23. Mais frequentemente, voc poder se telconectar aum unix como servidor de sistema ou talvez um padro de rede simples como com umswitch.)

    8 O termo cyber remete digital, virtual, tecnologia e informtica. Associado acidades representa projetos que buscam a devida apropriao social das novas tec-nologias, de forma igualitria. Quando pensamos em cibercultura, busca-se retrataro comportamento da sociedade vigente, que se desenvolve rodeada de tecnologia, comsuas tribos e os hackers. Estes, por sua vez impulsionaram um movimento, iniciadoem 1980, quando o escritor de fico cientfica Bruce Bethke sofreu um ataque dehackers. O lanamento do livro Cyberpunk! de Bethke, tinha a inteno de inven-tar um neologismo que exprimisse a justaposio de atitudes punk e alta tecnologia.(FERNANDES, 2009, p.18)

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    www.telnet.org/htm/faq.htm

  • Caractersticas e geraes do Webjornalismo 21

    tualidade, personalizao e memria, que sero melhor definidas nocaptulo 3 desta monografia. Tendo este perfil, investigadores comoSalaverra (2005, p.21) defendem que o ciberperiodismo ou ciberjorna-lismo a terminologia mais apropriada para essa forma de jornalismo,tambm denominada jornalismo digital, jornalismo online, jornalismomultimdia e jornalismo eletrnico. (BARBOSA, 2005, p.1)

    Vale ressaltar que seria insuficiente apresentar essas definies semesclarecer que o ciberespao um ambiente que passa por constantesmutaes. As mudanas ocorrem em todos os componentes do ciberes-pao, os seres humanos, as informaes, as redes fsicas de computa-dores e os programas.

    A Internet no uma coisa estvel, no uma tecnolo-gia pronta. uma como uma cidade que est em per-manente construo e cuja a vida dos prdios extrema-mente efmera. No Ciberespao, o que no presente, oque no novidade, arcaico, talvez objeto da arqueolo-gia. So tantas coisas novas que para aprend-las faz-senecessrio esquecer. [. . . ] Na verdade, muitos navegadoresdo Ciberespao no parecem preocupados com registro ememria histrica. So mais ligados s memrias artifici-ais, importantes para o acesso e a manipulao da infor-mao. Mantm-se registros eletrnicos do saldo bancrio,da produo, dos acontecimentos, mais por exigncia deum mundo concreto, que funciona baseado em um mod-elo anterior ao Ciberespao. O Ciberespao pode at reterregistros histricos em suas entranhas, mas, para seus usu-rios, o que significativo o que circula na superfcie ef-mera das telas: a informao atualizada. (FRANCO apudJUNGBLUT, 2004, p.113)

    Apesar do poder de memorizao do ciberespao, e sua ligao comas tecnologias intelectuais9, arisco-me a dizer que at o momento o

    9 O ciberespao apia muitas tecnologias intelectuais que desenvolvem a memria(atravs de bases de dados, hiperdocumentos, Web), a imaginao (atravs de simu-laes visuais interativas), raciocnio (atravs de inteligncia artificial, sistemas espe-ciais, simulaes), percepo (atravs de imagens computadas de dados e telepresenageneralizada) e criao (palavras, imagens, msica e processadores de espaos virtu-ais). (LEVY, 2008, p. 165)

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  • 22 Thiara Luiza da Rocha Reges

    seu principal destaque, tem sido a informao momentnea e as atua-lizaes constantes, denotando agilidade, o que nos faz lembrar que ociberespao cada vez mais transitrio e inconstante.

    2.1.4 Jornalismo Online

    Escritor e jornalista, o alemo Otto Groth10 um dos precursores dojornalismo. Segundo Groth o jornal primeiramente obra cultural e,portanto, uma realidade de sentido (FIDALGO, 2004, p. 2). Para terjornal, portanto, preciso ter uma ideia do que jornal, e o que a de-termina o homem, j que o produto ser destinado a ele. O autoracrescenta ainda que independente da sua forma de materializao (im-presso, rdio ou televiso e Internet) a essncia ou identidade, ou seja, aideia que a sociedade tem de jornal, ou jornalismo, se mantm a mesma.

    Dito isto, afirmada a natureza ideal do jornal enquanto cria-o cultural, no levanta qualquer problema considerar ojornalismo online como jornalismo. Se h jornalismo im-presso, radiofnico e televisivo, tambm h jornalismo on-line. Trata-se apenas de uma diferente materializao deuma realidade ideal. Podemos at considerar que um mes-mo jornal pode ter diferentes materializaes, e alis issoque acontece com muito jornalismo online, que consisteapenas numa materializao de jornais que se concretiza-vam anteriormente em outros suportes, impressos, radiof-nicos ou televisivos. (FIDALDO, 2004, p.3)

    Como forma de determinar o jornal ideal, Groth (apud FIDALDO,2004, p.2) destaca algumas caractersticas como sendo essenciais paraqualquer jornal, independente da materializao, sendo essas: a perio-dicidade, universalidade, atualidade e publicidade. Debruamo-nos

    10 (1875 a 1965) Nascido em Schlettstadt, Alemanha. Como professor e pes-quisador foi um discpulo de Max Weber e dedicou-se ao ensino de Cincias em Jor-nalismo do Instituto de Jornalismo, em Munique (Mnchner Instituts fr Zeitungswis-senschaft). Seu trabalho, de particular relevncia, cabido ao espao dos meios im-pressos e ultrapassado, no plano do desenvolvimento terico, pelas linhas circunviz-inhas de cincias da comunicao. (INFOAMERICA.ORG)

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  • Caractersticas e geraes do Webjornalismo 23

    aqui sobre a periodicidade, fator que ressalta a relevncia e sentido dotermo online aplicado a prtica jornalstica na Internet.

    Para que o produto se configure como jornalismo, precisa existiruma repetio da marca do jornal atravs dos textos, linha editorial,e tambm identidade visual da empresa, ou seja, precisa haver uma re-gularidade de publicaes, seja essa diria, semanal, quinzenal, etc. En-tretanto, a essncia do jornal no est na repetio, mas sim na aproxi-mao com a realidade do receptor do produto. Otto Groth (FIDALGO,2004, p.4) destaca que o diferencial no est na regularidade da perio-dicidade, no estabelecimento de intervalos exatos entre uma edio eoutra, mas sim na possibilidade de aproximar a notcia com o momentodo acontecimento que a gerou.

    Sem dvida que a grande vantagem do jornalismo radiof-nico relativamente imprensa e televiso de a sua pe-riodicidade ser muito superior e de se aproximar mais doideal da simultaneidade. O slogan de uma rdio noticiosaportuguesa Se est a acontecer, voc precisa de saberexprime bem esta noo de periodicidade levada s lti-mas consequncias, de produzir uma manifestao do jor-nal sempre que a actualidade noticiosa assim o exija. (FI-DALDO, 2004, p.4)

    A Internet, porm, quebra essa hegemonia do rdio medida queela no precisa esperar o horrio do prximo boletim de notcias paradivulgar a informao. Outro fator que ela rompe com a temporali-dade por permitir que o leitor molde os seus horrios e acompanhe aosacontecimentos, sem perder uma informao por estar longe do veculoou com o mesmo desligado.

    O destinatrio pode conciliar no jornalismo online o queno pode fazer no jornalismo radiofnico, que conjugarda melhor forma, ou do modo que lhe for mais conveniente,a periodicidade acrescida da informao com os hbitosdiscretos de obter informao a intervalos regulares. Acres-ce neste ponto que o jornalismo online pode manter conti-nuamente acessveis as sucessivas edies de um jornal, oque obviamente a rdio e a televiso no podem fazer, e

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    dar uma profundidade temporal nica ao desenvolvimentonoticioso de determinado evento. (FIDALDO, 2004, p.4 e5)

    O termo online, aplicado a Internet, vem corroborar com a defesade que o que se pratica neste veculo sim jornalismo, e que apesar daliberdade de plataformas e criao, o produto final conserva as carac-tersticas da forma-jornal e o elo com a histria construda pelo jorna-lismo. Rabaa & Barbosa (2001, p.523 e 524), apresenta as seguintesdefinies:

    On-line: (inf11) Em port., em linha. 1. Diz-se dos dis-positivos perifricos que esto sob controle direto de umaunidade central de processamento ou em comunicao comela. Oposto de off-line. 2. Diz-se da possibilidade de inter-ao entre um usurio e um computador. Caracterstica docomputador ou de qualquer equipamento que esteja prontopara funcionar ou em funcionamento.

    (inf, int12, tc13) 1. Diz-se da transmisso, em tempo real dequalquer informao via computador. 2. Diz-se do com-putador ou qualquer perifrico funcionando em rede. 3. P.ext., diz-se da informao disponvel em uma rede. 4. P.ext., diz-se do usurio que est naquele momento conec-tado a uma rede.

    (tc) Estado em que se encontra o equipamento ou terminalquando efetua transmisso ou recepo de uma mensagemque produzida naquele momento, e no registrada pre-viamente, em fita ou qualquer outro suporte, para posteriortransmisso. Usa-se tb sem o hfen: online.

    Aproximando o termo online de jornalismo, tem-se a ideia de agi-lidade e instantaneidade, atravs de uma conexo em tempo real, infor-maes atuais e de relevncia para o contexto social. Palcios (apud

    11 inf = informtica12 int = Internet13 tc = telecomunicaes

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  • Caractersticas e geraes do Webjornalismo 25

    DREVES, s/d, p.2) ressalta que trata-se de um ambiente comunica-cional e informacional onde alm das funes tradicionais de emis-so e recepo transpostas dos meios de comunicao preexistentes,colocam-se os fatores de demanda (ao invs de emisso) e acesso (aoinvs de recepo) no contedo informativo.

    Esclarecendo qualquer duvida que possa existir quanto ao uso dostermos digital e online, apesar de ambos serem usados para nomearo jornalismo praticado na rede, o primeiro se refere ao suporte de trans-misso, enquanto que o segundo diz respeito forma de circulao dasnotcias. Quanto s caractersticas do fazer jornalismo, cabe ressaltaras disparidades entre os vrios ncleos de pesquisa e pesquisadores naescolha do termo a ser empregado, o que vem a provocar incoernciasquanto s particularidades da atividade. Se for levado em consideraoo significado literal do nome deduz-se, pelo menos, que exista produode notcias exclusivas para a Internet e no apenas a digitalizao dasmatrias produzidas para outros veculos.

    2.1.5 Webjornalismo

    Quando Murad (apud Canavilhas, 1999, p.2) diz que o conceito do jor-nalismo est atrelado ao suporte tcnico, definindo o Webjornalismocomo nomenclatura para o fazer jornalismo na Internet, mais precisa-mente na plataforma www (ou web), faz parecer que estamos lidandocom algo simples. Pertencente ao ciberespao, a web ganhou destaquepela aplicao da linguagem de hipertexto (HTML), que torna a in-terface mais usual a pessoas sem nenhum conhecimento especfico decdigos ou outros comandos de informtica. Neste caso podemos en-tender que como forma de jornalismo mais recente, o Webjornalismo a modalidade na qual as novas tecnologias j no so consideradasapenas como ferramentas, mas, sim, como constitutivas dessa prticajornalstica. (BARBOSA, 2005, p. 2)

    No Webjornalismo, o uso das novas tecnologias configura-se comobase, tanto para o emissor (site) como para o receptor (webleitor).Considera-se como informao webjornalstica relatos descritivos, in-terpretativos e opinativos da realidade contempornea, que se caracteri-

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  • 26 Thiara Luiza da Rocha Reges

    zam pela articulao de recursos da linguagem hipermiditica em maiorou menor grau de sofisticao (ALZAMORA, 2004, p.1). Apesar deWebjornalismo estar relacionado web, o termo s comeou a ser uti-lizado quando passou a haver um melhor aproveitamento das potencia-lidades da plataforma. Iniciativas empresariais e editoriais mudaram deestratgia e ultrapassaram a ideia de digitalizao dos formatos tradi-cionais, aprofundando no uso de recursos multimdia e hipertexto.

    Sobre as atividades jornalsticas na web,

    Bardoel e Deuze (2000), apontam quatro elementos: in-teratividade, customizao de contedo, hipertextualidadee multimidialidade. Palacios (1999), com a mesma preo-cupao, estabelece cinco caractersticas: multimidialida-de/convergncia, interatividade, hipertextualidade, perso-nalizao e memria (SANTI, 2009, p.185).

    Cabe ressaltar que alguns estudos nacionais [BARBOSA, 2005; MA-CHADO, 2008; MIELNICZUK, 2001; MIELNICZUK, 2003; SANTI, 2009]dividem a evoluo do Webjornalismo em trs, quatro e at cinco fases,e as caractersticas acima corresponderiam ao Webjornalismo de ter-ceira gerao. As particularidades de cada fase, assim como suas ca-ractersticas sero discutidas no captulo 3 desta monografia. O que relevante ressaltar neste ponto como o jornalismo na web altera noapenas a relao dos profissionais com o produto, mas tambm a relaodo leitor com o jornalismo.

    A criao da World Wide Web, anunciada pelo engenheirobritnico Tim Bernes Lee, no incio dos anos 90, mudouas relaes dos leitores com os jornais, dos jornais com osjornalistas e dos jornalistas com a rede. Do ponto de vistados leitores, a web ampliou a participao na produo decontedo. Do ponto de vista da produo jornalstica, al-terou o conceito de notcia. Do ponto de vista empresarial,mudou a distribuio e a circulao de informao. (MO-HERDAUI, 2008, p.4)

    A teoria matemtica da informao, como mostra a Figura 01,sofre interferncias com a Internet. O que se percebe que no ciberes-pao as relaes em torno da informao possuem um ciclo ininter-rupto, e a todo o momento, uma notcia pode ganhar novas verses. O

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  • Caractersticas e geraes do Webjornalismo 27

    processo de construo continuo, e envolve jornalistas, fontes e we-bleitores/usurios.

    Diferentemente das formas anteriores de jornalismo que ne-cessitam ser distribudas seja atravs da circulao (pa-pel impresso) seja pela difuso de ondas, o jornalismo di-gital precisa ser acessado pelo leitor/usurio. O texto estl posto como uma unidade que deve ser construda se-gundo um formato multilinear propiciado pelo hipertexto, oqual permite a organizao da narrativa jornalstica em dife-rentes nveis ou blocos de texto aliando alm de imagensestticas, vdeos, animaes e udio, que so ligados entresi pelo link como o elemento constitutivo e inovador parao hipertexto digital, uma escrita marcada pela supresso delimites de espao e de tempo. (BARBOSA, 2002, p.14)

    Em linhas gerais, a interatividade permite que o usurio opine, e-logie e critique, colabore com sugestes e, principalmente construa asnotcias, o que, quando bem aplicado e apurado, ajuda a explorar osenso crtico da populao. A customizao de contedo, ou perso-nalizao, fortalece a relao entre canal e receptor ao permitir que omesmo se reconhea no produto final. O hipertextualidade abre umleque de possibilidades, levando o usurio ao aprofundamento atravsde links. A multimidialidade transmite uma mesma informao em for-matos diferentes (udio, vdeo, imagem esttica ou texto), proporcio-nando novas formas de leitura. J a memria rompe a barreira de es-pao e tempo, deixando disponvel ao usurio, informaes publicadasnos momentos em que o usurio no estava conectado a rede.

    Esclarecemos, porm, que ao apresentar as caractersticas do Web-jornalismo e suas potencialidades, no se trata de enumerar justificativaspara balizar a afirmao de que as atividades jornalsticas na Internet es-to configurando o novo jornalismo, ou que as mdias tradicionais estocom os dias contados.

    (...) Entendido o movimento de constituio de novos for-matos mediticos no como um processo evolucionrio li-near de superao de suportes anteriores por suportes no-vos, mas como uma articulao complexa e dinmica de

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    diversos formatos jornalsticos, em diversos suportes, emconvivncia e complementao no espao meditico, ascaractersticas do jornalismo na Web aparecem majoritari-amente como Continuidades e Potencializaes e no, ne-cessariamente, como Rupturas com relao ao jornalismopraticado em suportes anteriores. Com efeito, possvel ar-gumentar-se que as caractersticas elencadas anteriormentecomo constituintes do jornalismo na Web podem, de umaforma ou de outra, ser encontradas em suportes jornalsti-cos anteriores, como o impresso, o rdio, a TV, o CD-Rom.(PALACIOS apud BARBOSA, 2002, p. 16)

    FIGURA 01 Teoria Matemtica da Informao

    2.2 Diferentes e to iguais

    Escolher o nome de um filho no tarefa fcil: precisa saber primeiroqual o significado, que pode variar de acordo com a origem e influn-cias at da numerologia (para os crdulos), alm de ser um nome para

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  • Caractersticas e geraes do Webjornalismo 29

    toda vida, sendo relevante haver uma identificao com as caractersti-cas fsicas, e porque no, psicolgicas da criana.

    Desde o incio das atividades jornalsticas na Internet, pesquisadoresse esforam na construo de definies, nomenclaturas e caractersti-cas que comportem a efervescia da nova mdia.

    Sem dvida, no se pode desconhecer que a fundamen-tal tarefa epistemolgica concentra-se na elaborao de umconceito e sua conseqente sntese, entretanto, esse obje-tivo s se d a conhecer atravs de uma forma que, su-perando todas as caractersticas mimticas do fenmeno,permite que o conheamos ou o identifiquemos pelos no-mes que o sintetizam. Ou seja, o ato de nomear tende asuperar toda relao arbitrria entre um significante em re-misso para um significado. (FERRARA, 2008, p.25)

    Abre-se aqui um parntese para o esclarecimento do sentido de novamdia, como um mix entre o novo e velho, tanto quanto ao produtocomo aos receptores deste, como elementos complementares. Mano-vich (apud DALMONTE, 2007, p.2) destaca que os velhos dadosso representaes da realidade visual e da experincia humana, isto ,imagens, narrativas baseadas em textos e audiovisuais o que normal-mente compreendemos como cultura. Os novos dados so dadosdigitais. Percebe-se nova mdia como a possibilidade de reinventar ojornalismo no que tange ao uso de mais recursos estticos, novas es-tratgias para veiculao de informaes e as relaes com o receptorda mensagem.

    As nomenclaturas mais aplicadas ao jornalismo na Internet oscilamentre jornalismo eletrnico, jornalismo digital ou multimdia, ciberjor-nalismo, jornalismo online e Webjornalismo. E todas essas nomencla-turas so tentativas de elucidao da diversidade encontrada no fazerjornalismo na Internet, pela qual, diariamente jornalistas mantm roti-nas produtivas, atentos a possibilidades e modificaes em seus for-matos. As particularidades de cada nomenclatura apresentada acima seentrelaam, o que leva a concluso que no se trata de prticas dife-rentes, mas sim, de informaes que se moldaram com tempo e hoje secomplementam.

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    Mielniczuk (2003, p.5) apresenta, atravs de uma representao gr-fica em forma de superposio de esferas (Figura 02), a delimitao dasterminologias acima identificadas, afirmando que o Webjornalismo estcontido no jornalismo online, que por sua vez est contido no ciberjor-nalismo, e este no jornalismo digital, estando todos contidos no jorna-lismo eletrnico, que seria o mais abrangente das formas de jornalismona Internet.

    FIGURA 02 Esferas que ilustram a delimitao das terminologias.(Mielniczuk, 2003, p.5)

    Alm do sentido atribudo prpria representao, Mielniczuk(2003, p.5) complementa que,

    As definies apresentadas assemelham-se a esferas con-cntricas que fazem o recorte de delimitaes. Como jfoi referido, estas definies aplicam-se tanto ao mbito daproduo quanto ao da disseminao das informaes jor-nalsticas. Um aspecto importante que elas no so exclu-dentes, ocorre sim que as prticas e os produtos elabora-

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  • Caractersticas e geraes do Webjornalismo 31

    dos perpassam e enquadram-se de forma concomitante emdistintas esferas.

    Visto de tal forma, tem-se a impresso que as dvidas quanto aojornalismo na Internet esto sanadas. Entretanto, relevante ressaltarque no se trata apenas de definies, mas de um novo fazer jornalismo,que rompe com a temporalidade e as noes de espao fsico, e renovao sentido de mass media, j que a audincia na Internet no pode serentendida como uma massa composta por pessoas fsicas que no seconhecem, que esto separadas umas das outras no espao e que tmpouca ou nenhuma possibilidade de exercer uma ao ou uma influnciarecprocas (WOLF apud PEREIRA, 2003, p.57)

    A nomenclatura ideal para a prtica jornalista na Internet devecontemplar no apenas aspectos tecnolgicos como a plataforma e aspossibilidades nela dispostas. A Internet apresenta-se como mdia re-volucionria pelo poder de estabelecer relaes todos-todos, enquantoas demais mdias ainda esto no processo um-um ou um-todos.

    Ao abordarmos a dinmica social da comunicao, nos de-paramos com a necessidade de dominar uma gama de defi-nies que, se por um lado resultam de uma nomenclaturatcnica, por outro, decorrem de contextos sociais, oscilandoentre usos e expectativas. Nesse nterim, a definio denovas mdias pode nos conduzir tanto a um debate acercada construo social do conceito, bem como percepode sua transitoriedade, decorrente da mutabilidade das tec-nologias, o que nos conduz dualidade velhas/novas m-dias. (DALMONTE, 2007, p.1)

    Trata-se de um processo de transio, onde apesar dos inmerosacessos a Internet ainda busca, perante o pblico, a confirmao de suaidentidade jornalstica. Historicamente, todos os veculos passaram poressa fase.

    O jornalismo impresso, por exemplo, foi considerado, atmeados da dcada de 60, um gnero literrio. J o nasci-mento do rdio foi saudado como o de uma oitava arte,

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    tanto que a preocupao esttica foi dominante nos primei-ros estudos sobre o meio. Da mesma forma, o jornalistaCarlos Chagas (1997: 336) afirma que a televiso, intro-duzida no Brasil na dcada de 1950, comeou como umabrincadeira de gente rica, sem nenhum compromisso como jornalismo. (PEREIRA, 2003, p.56)

    O primeiro ponto a se destacar o veculo. Nestes quase vinte anosde prtica jornalstica na Internet com vrias incertezas principalmentequanto s nomenclaturas, no que tange as caractersticas essenciais daatividade, autores parecem concordar com a aplicabilidade de cincos e-lementos: multimidialidade/convergncia, interatividade, hipertextuali-dade, personalizao e memria. Fidalgo (2004, p.8) destaca, porm,que a desatualizao ou a no atualizao peridica da informaojornalstica online constitui mesmo causa de descredibilizao. Se hmeio que exija permanente atualizao a informao jornalstica vei-culada na Internet. Seguindo pensamento anlogo, Canavilhas (1999,p.4) afirma que a utilizao do som consome largura de banda, mas,indubitavelmente, acrescenta credibilidade e objetividade notcia. Se-gundo os autores, cada parte essencial para montar o quebra-cabea,no podendo, portanto, dissociar a aplicabilidade de tais caractersticas.

    3 WEBJORNALISMO

    Recente e em constante processo de transformaes, o fazer jornals-tico na Internet uma realidade da sociedade contempornea, e porisso ainda carece de definies que esclaream sua identidade, prin-cipalmente ante aos receptores dessa informao. No que diz respeito nomenclatura, as pesquisas do Grupo de Pesquisa em Jornalismo On-Line (GJOL) da Faculdade de Comunicao da Universidade Federal daBahia (UFBA), da qual fazem parte Marcos Palacios e Andr Lemos,fortaleceram o uso de Webjornalismo como a terminologia capaz dedescrever este fenmeno.

    Este captulo objetiva o aprofundamento terico nas particularida-des do Webjornalismo, no que tange as fases evolutivas e as caracters-ticas que definem a atividade jornalstica na Internet. No decorrer da

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    exposio, perceber-se- a enorme variedade de abordagens e ramifi-caes que balizam o jornalismo na Internet, mas que juntas buscam oque seria o ideal da atividade na nova mdia. Esse passeio pelos elemen-tos do Webjornalismo, alm de reforar os esforos dos pesquisadoresem estabelecer a identidade da atividade, nortear a anlise desta mono-grafia.

    Primeiramente, destaca-se a evoluo da atividade jornalstica naInternet, atravs da potencializao do uso da plataforma HTML e odesenvolvimento de novas ferramentas tecnolgicas que exercem in-fluncias diretas, tanto na produo jornalstica como na recepo dasinformaes.

    Avanando na discusso, far-se- um detalhamento de cada ele-mento que compem a terceira e a quarta gerao do Webjornalismo.Hipertextualidade, multimidialidade, interatividade, personalizao ememria, estes da terceira gerao, e banco de dados e jornalismo co-laborativo, da quarta gerao. As descries seguiro o perfil de apre-sentao das definies gerais de cada elemento, sem o aprofundamentoem debates que possam suscitar dvidas no momento da anlise, vistoque cada elemento pode passar por adaptaes, de forma individual,mas que comprometem o fazer como um todo.

    3.1 Do transpositivo ao banco de dados

    Como forma de entender as relaes dentro do Webjornalismo, pesqui-sadores [BARBOSA, 2005; MACHADO, 2008; MIELNICZUK, 2001;MIELNICZUK, 2003; SANTI, 2009] dividiram-no em fases, de acordocom a explorao dos elementos tecnolgicos. Para Marshall McLuhan,o contedo de qualquer mdia sempre uma antiga mdia que foi subs-tituda (CANAVILHAS, 1999, p.1). Na Internet essa relao fica claraquando analisada a evoluo da atividade jornalstica em cada geraodo Webjornalismo, sendo atualmente quatro ou cinco geraes, a de-pender da anlise do pesquisador.

    Em trabalho de 2008, Schwingel (2008:56) prope siste-matizar os processos de produo no ciberjornalismo em 5fases: A) Experincias pioneiras final dos anos 60 com

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    o envio de informao via fax, clipping via telnet, e prove-dores Internet de acesso restrito a clientes. B) Experinciasde primeira gerao a partir de 1992 e os produtos sotranspostos do impresso para a web. C) Experincias de se-gunda gerao a partir de 1995 e os produtos permanecemvinculados ao modelo metforico do veculo impresso. Oprocesso de produo passa a apresentar algumas funesdistintas do impresso. D) Experincias de terceira gerao a partir de 1999 e os produtos vo se autonomizando domodelo do impresso. Os sistemas de gesto de contedoscomeam a ser utilizados, com a utilizao de banco de da-dos integrados ao produto. E) Experincias ciberjornalsti-cas a partir de 2002, com o uso de banco de dados integra-dos, de sistemas de produo de contedos e a incorporaodo usurio na produo atravs do jornalismo colaborativo.(MACHADO, 2008, p.5)

    A primeira gerao do Webjornalismo, ou perodo transpositivo,ocupa-se da transposio, integral, de parte do contedo produzido paraveculos impressos. No h nenhuma adequao do texto para a m-dia, no se contrata jornalistas, nem treina-os, para trabalhar com onovo ambiente, e as atualizaes acontecem de acordo com ritmo dasredaes, 24 horas no caso de jornais dirios. Trata-se de uma tentativatmida de entrar no ciberespao.

    Assim, nesse modelo ainda em prtica por alguns jornais, visvel uma ausncia de agregao significativa de recursospossibilitados pela tecnologia da Internet. No raro, princi-palmente no comeo da era dos jornais online, observava-seque a verso colocada na rede era, por vezes, apenas par-cial, com algumas sees, da que era publicada no formatoem papel. (SILVA JR. apud DALMONTE, 2005, p.5)

    Cabe destacar neste ponto o medo da mdia impressa de que o pbli-co trocasse o papel pelo computador, o que transformava a pgina daweb em um propulsor publicitrio, tentando conquistar mais assinantespara o jornal ou revista. Ainda hoje possvel encontrar sites que

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  • Caractersticas e geraes do Webjornalismo 35

    disponibilizam contedo com a seguinte frase: Leia a matria na inte-gra na edio impressa do jornal. Exemplos so o www.atarde.com.br, da Bahia, e o www.folha.com.br, de So Paulo. Mesmo que aestratgia tenha funcionado por um perodo, tornou-se rapidamente umtiro-no-p, porque o usurio ficava com a informao incompleta. ParaDreves, (s/d, p.3) foi este medo que fez com que a produo informa-tiva jornalstica brasileira demorasse mais para comear a criar as suascaractersticas.

    A partir de 1995, mesmo ainda atrelados ao modelo de produodo impresso, as redaes comeam a ser ocupadas por jornalistas de-dicados a Internet, com explorao de novas ferramentas, produo decontedo exclusivo para a mdia, mesmo que ainda de forma incipiente.Na segunda gerao do Webjornalismo, ou perodo perceptivo, sitesocupavam-se principalmente do aproveitamento dos textos.

    Nesta fase, mesmo ainda sendo meras cpias do impressopara a Web, comeam a surgir links com chamadas paranotcias de fatos que acontecem no perodo entre as edi-es; o e-mail passa a ser utilizado como uma possibili-dade de comunicao entre jornalista e leitor ou entre osleitores, atravs de fruns de debates; a elaborao das not-cias passa a explorar os recursos oferecidos pelo hipertexto.A tendncia ainda era a existncia de produtos vincula-dos no s ao modelo do jornal impresso, mas tambms empresas jornalsticas cuja credibilidade e rentabilidadeestavam associadas ao jornalismo impresso. (MIELNIC-ZUCK, 2001, p.2)

    Percebendo a potencialidade e facilidades de negcios proporciona-das pela mdia, empresas partem para o lanamento de produtos exclu-sivos para a Internet (algumas at, sem vnculo com empresas de mdiatradicionais, principalmente por no ser necessrio passar por processode licitao junto aos rgos de regulao governamental). Nasce a ter-ceira gerao do Webjornalismo, ou perodo hipermiditico. SegundoSanti (2009, p.186) a fuso, em 1996, entre Microsoft e NBC, uma em-presa de informtica e a outra de comunicao, o melhor exemplodeste perodo: O www.msnbc.com talvez tenha sido o pioneiro site de

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    www.atarde.com.brwww.atarde.com.brwww.folha.com.brwww.msnbc.com

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    jornalismo que no surgiu como decorrncia da tradio e da experin-cia do jornalismo impresso.

    nesta fase que se percebe a utilizao dos cinco elementos, citadosanteriormente: multimidialidade/convergncia, interatividade, hipertex-tualidade, personalizao e memria.

    Nos produtos jornalsticos dessa etapa, possvel observartentativas de, efetivamente, explorar e aplicar as potencia-lidades oferecidas pela web para fins jornalsticos. Nesseestgio, entre outras possibilidades, os produtos jornalsti-cos apresentam recursos em multimdia, como sons e ani-maes, que enriquecem a narrativa jornalstica; oferecemrecursos de interatividade, como chats com a participaode personalidades pblicas, enquetes, fruns de discusses;disponibilizam opes para a conFigurao do produto deacordo com interesses pessoais de cada leitor/usurio; apre-sentam a utilizao do hipertexto no apenas como um re-curso de organizao das informaes da edio, mas tam-bm comeam a empreg-lo na narrativa de fatos. (MIEL-NICZUCK apud DALMONTE, 2005, p.6)

    Em 2004 nova transformao, agora com a incorporao do bancode dados. A quarta gerao do Webjornalismo proporcionada poravanos na programao dos cdigos fonte que permitem uma maiorrelao notcia e usurio, medida que novas pginas so criadas me-diante solicitao do usurio em naveg-las. A nova marca do Web-jornalismo est em mais flexibilidade nas estruturas. Para Santi (2009,p.187) na quarta gerao que ocorre a efetiva industrializao dosprocessos jornalsticos para a web que at ento eram elaborados deforma intuitiva e artesanal. A abertura de espaos para maior partici-pao do internauta acaba por provocar um distanciamento profissionaldo contedo produzido, de modo que,

    Em um sistema automatizado de produo no Webjorna-lismo, caracterstico de sua quarta gerao, o controle doprocesso parece se encontrar na elaborao de sua arquite-tura da informao, j que em todas as demais etapas ha possibilidade de incorporao do usurio. A publicao

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    aberta e o desenvolvimento colaborativo que caracterizamo Webjornalismo a partir de ento, parecem representar,principalmente para o jornalista, a perda do controle doprocesso de produo de informaes no ciberespao (MA-CHADO apud SANTI, 2009, p.187)

    possvel desde j ressaltar a no-linearidade no processo evolutivofase-a-fase. O que teoricamente se apresenta de forma cadenciada, naprtica construiu-se sob a influncia de fatores externos como, capitalpara investimento na Internet e conhecimento tcnico dos profissionaisdiretamente envolvidos. No caso especfico Brasil, podemos citar aindaa desvalorizao do real em 1999 que pegou desprevenida a maioria dasempresas endividadas em dlar, o fim da bolha especulativa das empre-sas ponto-com, enxugamento nas redaes, e priorizao da quantidadeem tempo real em detrimento da qualidade.

    A reaco dos media ao paradigma emergente, acabou porse revelar, inicialmente, precipitada e desajustada face nova realidade. A ausncia de uma noo clara de quaiseram as novas regras do jogo, conduziram o fenmeno jor-nalstico a uma experimentao superficial do novo meio,desaproveitando todas as potencialidades latentes. A meratransposio de contedos jornalsticos para a rede sho-velware como se fosse um suporte de papel, foi a provaevidente que faltou conscincia e conhecimento para do-minar o desafio electrnico. Este ainda um problema quepersiste, (...)the ink isnt dry yet como faz questo de no-tar Jeff Boulter, mas h, no entanto, sinais claros que jorna-listas e redaces tm consolidado a construo das notciaaos pressupostos multimdia. (NUNES, 2005, p.1)

    3.2 Elementos

    Neste captulo fazemos uma reflexo sobre conceitos e funcionalidadede cada elemento que compe a terceira e quarta geraes do Web-

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    jornalismo, sendo hipertextualidade, multimidialidade, interatividade,personalizao, memria, banco de dados e jornalismo colaborativo.

    Cabe salientar que cada elemento possui caractersticas particulares,no necessariamente interligadas umas com as outras, de modo que cadaelemento pode ser analisado de forma separada, como comumente temsido feito. Nesta pesquisa, apesar do contedo a seguir apresentar ape-nas caractersticas gerais sem grande aprofundamento terico, busca-sea compreenso da relevncia de cada elemento, e os possveis impactosque a ausncia dos mesmos pode causar.

    3.2.1 Hipertextualidade

    A primeira das caractersticas do Webjornalismo a ser destacada, a hi-pertextualidade, pode ser entendida como base que proporciona as re-laes jornalista mquina leitor jornalista, possibilitando perfeitoencadeamento das funes de multimidialidade e interatividade. As re-laes de hipertextualidade se intensificaram com a tecnologia, sendoutilizada desde 1990 com os Compact-Disc Read Only Memory, os CD-ROM. Lvy (1999, p.55) destaca que independente do contedo da m-dias, quem consulta um CD-ROM navega pelas informaes, passade uma pgina-tela ou de um sequncia animada para outra indicandocom um simples gesto os temas de interesse ou as linhas de leitura quedeseja seguir.

    A terminologia hipertexto foi criada nos anos 60 por Theo-dor H. Nelson, e refere-se a uma modalidade textual nova,a eletrnica. Como ele mesmo explica: com hipertexto,refiro-me a uma escrita no seqencial, a um texto que sebifurca, que permite que o leitor eleja e leia melhor numatela interativa. De acordo com a noo popular, trata-sede uma srie de blocos de textos conectados entre si pornexos, que formam diferentes itinerrios para o usurio. Ohipertexto, [...], implica um texto composto de fragmentosde texto [...] e os nexos eletrnicos que os conectam entresi (LANDOW apud DALMONTE, 2005, p.7)

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    Lvy (1999, p.56) esclarece que os hiperdocumentos ou hipertextos(considerando neste caso texto em sua expresso mais ampla que in-clui imagens e sons) podem ser encontrados tambm fora do ambientedas tecnologias da informao, como no caso de uma biblioteca. Nessecaso, a ligao entre os volumes mantida pelas remisses, as notas dep de pgina, as citaes e as bibliografias. Fichrios e catlogos cons-tituem os instrumentos de navegao global na biblioteca.

    O conceito de hipertexto enquanto forma de escrita no-linear, combifurcaes em rede, se amplia quando Landow (apud DALMONTE,2005, p.8) apresenta as caractersticas prprias do campo:

    INTERTEXTUALIDADE O hipertexto seria, essencial-mente, um sistema intertextual, enfatizando uma intertex-tualidade que ficaria limitada nos textos em livros. As refe-rncias feitas a outros textos potencializada no hipertextoatravs do recurso do link, que realiza as conexes entresos blocos de textos (Mielniczuck & Palcios, 2001, p.4).

    MULTIVOCALIDADE est associada idia de polifo-nia de Bakhtin, que sustenta a possibilidade de coexistn-cia de diversas vozes na narrativa literria. em termos dehipertextualidade, ele aponta para uma qualidade impor-tante deste meio de informao: o hipertexto no permiteuma nica voz tirnica. Mas sim, a voz sempre a que e-mana da experincia combinada do enfoque do momento,da lexia 8 que um est lendo e da narrativa em perptua for-mao segundo o prprio trajeto da leitura (Landow, 1995,p.23).

    DESCENTRALIZAO Esta caracterstica refere-se aofato de que, ao contrrio dos textos impressos que propemum centro, oferecem uma ordem para a leitura (que podeou no ser obedecida pelo leitor), o hipertexto enquantouma malha de blocos de textos interconectados oferece apossibilidade de movimentos de descentramento e recen-tramento contnuos. o leitor, atravs dos seus caminhosde leitura, que vai elegendo temporariamente os sucessivoscentros.

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    RIZOMA um conceito desenvolvido por Deleuze eGuatarri, no livro intitulado Mil Plats. Os autores utilizama metfora de um tipo de vegetao aqutica, que se desen-volve na superfcie da gua, no possuindo tronco ou caule,ela totalmente ramificada. Segundo Landow (1997) o ri-zoma ope-se a idia de hierarquia, pois ao contrrio da es-trutura de uma rvore, um rizoma, em tese, pode conectarqualquer ponto a qualquer outro ponto, oferecendo muitoscomeos e muitos fins.

    INTRATEXTUALIDADE - Esta caracterstica citada porLandow (1995, p. 53) e refere-se s ligaes internas es-tabelecidas entre lxias dentro do mesmo sistema ou site(Mielniczuck & Palcios, 2001, p.4).

    Cabe esclarecer que o texto jornalstico construdo atravs da co-leta de informaes sobre um tema especfico, linear, hierarquizada, queleva em considerao a veracidade dos fatos e os valores-notcia. Ohipertexto, por sua vez, a possibilidade de co-criao de uma infor-mao, a medida que dada ao leitor a liberdade de escolher a sequn-cia de sua leitura, usando para isso dos recursos tecnolgicos, ligaesde estruturas em rede, atravs de links. O leitor assume, portanto, apostura participativa ao optar no direcionamento de sua leitura.

    O navegador pode tornar-se autor de maneira mais pro-funda do que ao percorrer uma rede preestabelecida: aoparticipar da estruturao de um texto. No apenas ir es-colher quais links preexistentes sero usados, mas ir criarnovos links, que tero um sentido para ele e que no terosido pensados pelo criador do hiperdocumento. H sis-temas igualmente capazes de gravar os percursos e reforar(tornar mais visveis, por exemplo) ou enfraquecer os linksde acordo com a forma pela qual so percorridos pela co-munidade de navegadores. Finalmente, os leitores podemno apenas modificar os links, mas tambm acrescentar oumodificar ns (textos, imagens, etc.), conectar um hiper-documento a outro e dessa forma transformar em um nicodocumento dois hipertextos que antes eram separados ou,

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    de acordo com o ponto de vista, traar links hipertextuaisentre um grande nmero de documentos (LVY, 1999, 57)

    O hipertexto atribui ao texto a caracterstica de constante produo,um ciclo produtivo de forma ininterrupta, que proporciona a leitura no-linear, fator que dimensiona o texto digital. Tanto a construo como arecepo dos produtos jornalsticos na Internet esto critrio do leitor.

    3.2.1.1 Pirmide Invertida e Pirmide Deitada

    Comumente as prticas jornalsticas so regidas por manuais deredao que objetivam uma escrita padro, que atinja o seu propsito deinformar. Desde meados de 400 anos antes de Cristo, Plato, Aristte-les e Pitgoras j iniciavam uma narrativa destacando logo no incio ospontos fundamentais da temtica. Esse perfil foi seguido ao longo dosanos e em 1861, durante a Guerra Civil nos Estados Unidos, jornalistasforam forados a perceber a relevncia dessa estrutura por dificuldadesde comunicao alm dos custos, os problemas tcnicos de se comu-nicar atravs de telgrafos, fez com que reprteres construssem suasnotcias a partir dos acontecimentos mais relevantes.

    Tem-se ento o modelo de pirmide invertida. Fazendo refern-cia as grandes pirmides do Egito, ao invert-la, a base, que sustentaa pirmide, passa a Figurar como o topo. Assim funciona o sistema dapirmide invertida no Jornalismo, que est assentado no trip: 1) Base o lide, que introduz o assunto; 2) Corpo o desenvolvimento damatria, onde se trata do tema proposto; e 3) Fecho corresponde aocume da pirmide, de preferncia apontando para o futuro (JORGE,2006, p. 1 e 2).

    O modelo de pirmide invertida aplicada ao jornalismo na Inter-net conserva o princpio de leitura no-linear do hipertexto. Apesar deaparentemente encadeada, como as informaes mais importantes danotcia esto dispostas logo no primeiro pargrafo (ou bloco), o leitorfica livre pra escolher uma prxima leitura ou o aprofundamento desta,se for do seu interesse. Jorge (2006, p.13) destaca ainda que para au-tores como Jakob Nielsen, considerado o papa da usabilidade na rede,a pirmide invertida o modelo mais usual e recomendado.

    Na web, a pirmide invertida tornou-se ainda mais impor-

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    tante desde que os estudos apontaram que os usurios norolam o texto, ento eles frequentemente lem apenas aparte de cima da matria. Leitores muito interessados even-tualmente usam as setas de rolagem para ir at o fim e obtertodos os detalhes. (NIELSEN apud JORGE, 2006, p.13)

    Apesar de comprovada a eficincia deste modelo, autores como Ra-mon Salaverria consideram-na uma tcnica limitadora quando se falade outros gneros jornalsticos que podem tirar partido das potenciali-dades do hipertexto (CANAVILHAS, 2006, p.7). A nova proposta dearquitetura, prope uma construo textual em nveis de informao,dispondo de recursos estilsticos e maior aproveitamento dos recursosmultimdia, possibilitando a construo diversificada do Webjornalismoa cada nova notcia.

    O modelo, que Canavilhas (2006, p. 15) denomina pirmide deitada,seguindo os mesmo preceitos para a definio da pirmide invertida,possui quatro nveis de leitura:

    A Unidade Base o lead responder ao essencial: Oqu, Quando, Quem e Onde. Este texto inicial pode seruma notcia de ltima hora que, dependendo dos desen-volvimentos, pode evoluir ou no para um formato maiselaborado. O Nvel de Explicao responde ao Por Que ao Como, completando a informao essencial sobre oacontecimento. No Nvel de Contextualizao oferecidamais informao em formato textual, vdeo, som ou in-fografia animada sobre cada um dos Ws. O Nvel deExplorao, o ltimo, liga a notcia ao arquivo da publi-cao ou a arquivos externos. Da mesma forma que aquebra dos limites fsicos na web possibilita a utilizaode um espao praticamente ilimitado para disponibiliza-o de material noticioso, sob os mais variados formatos(multi)mediticos, abre-se a possibilidade de disponibiliza-o online de todas a informao anteriormente produzidae armazenada, atravs de arquivos digitais, com sistemassofisticados de indexao e recuperao de informao(PALCIOS apud CANAVILHAS, 2006, p.16)

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  • Caractersticas e geraes do Webjornalismo 43

    3.2.2 Multimidialidade

    Seguindo a tendncia de leitura no-linear do jornalismo na Internet,os recursos de udio, vdeo e imagens compe o que convencionouchamar-se de multimdia. Para Lvy (1999, p.63), o termo multi-mdia significa, em princpio, aquilo que emprega diversos suportes oudiversos veculos de comunicao. Mas, segundo o autor, o termo vemsendo aplicado de forma errada, para representar duas tendncias con-temporneas: a multimodalidade e a integrao digital.

    Lvy (1999, p.63) destaca que quando uma informao apresen-tada em mais de um suporte, sendo textos, imagens e udio, temos por-tanto, uma informao multimodal pois afeta mais de um sentido hu-mano (a viso, a audio, o tato, as sensaes proprioceptivas). Emsegundo lugar, a palavra multimdia remete ao movimento geral dedigitalizao que diz respeito, de forma mais imediata ou distante, sdiferentes mdias (LVY, 1999, p.65).

    O correto emprego do termo multimdia, segundo ao autor, remeteao uso de distintas mdias como forma de promover uma mesma infor-mao, como se, por exemplo, o filme Avatar filme de fico sucessode bilheterias em 2010 originasse simultaneamente um desenho ani-mando, jogos de videogame, e utenslios como camisetas, chaveiros eoutros.

    Mas se desejamos designar de maneira clara a conflunciade mdias separadas em direo mesma rede digital in-tegrada, deveramos usar de preferncia a palavra unim-dia. O termo multimdia pode induzir ao erro, j que pare-ce indicar uma variedade de suportes ou canais, ao passoque a tendncia de fundo vai, ao contrrio, rumo inter-conexo e integrao. (LEVY, 1999, p. 65)

    Na prtica, a introduo de elementos no textuais no jornalismo naInternet, exige uma mudana de postura da rotina de produzir e con-sumir informaes. O jornalista passa a ser um produtor de contedosmultimdia de cariz jornalstico webjornalista. Por sua vez, o uti-lizador do servio no pode ser identificado apenas como leitor, teles-pectador ou ouvinte j que a webnotcia integra elementos multimdia,

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    exigindo uma "leitura"multilinear (CANAVILHAS apud DREVES,s/d, p.5).

    Quanto a no-linearidade desta narrativa, os elementos multimdiaprovocam no receptor a sensao de participao na produo das in-formaes. A todo momento, o status de espectador e de produtor semisturam. Esta estrutura narrativa exige uma maior concentrao doutilizador na notcia, mas esse precisamente o objectivo do Webjor-nalismo: um jornalismo participado por via da interaco entre emissore receptor (CANAVILHAS, 1999, p.4).

    3.2.3 Interatividade

    Defendida por muitos como o maior feito da Internet, o termo inter-atividade que emerge com a indstria informtica ao mostrar-seto amplo, torna-se vago (PRIMO, 2009, p. 21). Seria equivocado afir-mar que a interatividade surgiu com a Internet. Nas mdias tradicionais possvel perceber facilmente exemplos de relao jornalista x recep-tor quando o jornal publica as cartas de leitor, ou quando o ouvinte pedea sua msica favorita ao locutor, ou ainda quando se escolhe o filme quepassar na TV durante a programao da madrugada.

    Apesar da relao com as mdias tradicionais, possvel afirmar quea interao um dos conceitos de base da comunicao mediada porcomputador (PRIMO, 2009, p.21). O que cabe esclarecer so as for-mas que essa interao acontece, e de que como seus efeitos interferemno fenmeno comunicacional estabelecido na Internet.

    Para simplificar, e evitar uma imensa lista com dezenas detipos e sub-tipos, pude observar dois grandes grupos de pro-cessos interativos mediados por computador. O primeiro,que chamei de interao reativa, caracteriza-se pelas trocasmais automatizadas, processos de simples ao e reao.Podemos considerar que tanto um intercmbio entre doisbancos de dados quanto o uso do programa Gimp por umestudante so exemplos de interao reativa. Ora, as tro-cas encontram-se previstas. Mas existem intercmbios nosquais pouco ou nada est definido a priori. Um bate-papo

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    entre amigos no MSN, uma negociao comercial via Sky-pe e at