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ANÁLISE DE CUSTOS 2017 – Prof. Scherrer MARGEM DE SEGURANÇA (MS) E GRAU DE ALAVANCAGEM OPERACIONAL (GAO) – TEXTO COM EXEMPLIFICAÇÕES MARGEM DE SEGURANÇA A margem de segurança nada mais é que a indicação da quantidade que pode ser reduzida na produção, até o ponto em que a empresa não tenha prejuízo financeiro em suas operações. Visto desta forma, ainda que simples, a MS (margem de segurança) está intimamente relacionada com o PEC (Ponto de Equilíbrio Contábil), pois é exatamente o PEC que indica a quantidade que, produzida e vendida, gera receita em volume monetário suficiente (exclusivamente) para cobrir TODOS seus gastos, não ensejando lucro, mas também não ocasionando prejuízo. Para uma melhor visualização, acompanhemos o exemplo a seguir e sua resolução: Consideremos que uma determinada empresa opere no PEC, com a produção de 30.000 unidades e que esteja produzindo 50.000 unidades. A pergunta que se faz é: qual a porcentagem de redução possível no volume de produção, sem que a empresa tenha prejuízo? A resposta é simples: a) O “excedente” de produção em relação ao PEC é de 20.000 unidades. b) A relação percentual desse “excedente” com o volume atual de produção (50.000 unidades) é de 40%, assim obtido: 20.000 / 50.000 = 0,40 (ou 40%). c) Conclusão: a MS em que a empresa opera é de 40%. Em outras palavras, a empresa pode reduzir seu volume de produção em até 40%, sem que incorra em prejuízo. Vale lembrar que, similarmente ao PEC, a margem de segurança pode ser calculada em relação aos demais pontos de equilíbrio (PEE e PEF), considerando que as quantidades (e porcentagens) não serão as mesmas, dadas as naturezas também diferentes de tais pontos de equilíbrio. Sintetizando as temáticas de “Ponto de Equilíbrio e Margem de Segurança”, apresentamos um exercício consolidado, como forma de fixação dos conceitos

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ANÁLISE DE CUSTOS 2017 – Prof. Scherrer

MARGEM DE SEGURANÇA (MS) E GRAU DE ALAVANCAGEM OPERACIONAL (GAO) – TEXTO COM EXEMPLIFICAÇÕES

MARGEM DE SEGURANÇAA margem de segurança nada mais é que a indicação da quantidade que pode

ser reduzida na produção, até o ponto em que a empresa não tenha prejuízo financeiro em suas operações.

Visto desta forma, ainda que simples, a MS (margem de segurança) está intimamente relacionada com o PEC (Ponto de Equilíbrio Contábil), pois é exatamente o PEC que indica a quantidade que, produzida e vendida, gera receita em volume monetário suficiente (exclusivamente) para cobrir TODOS seus gastos, não ensejando lucro, mas também não ocasionando prejuízo.

Para uma melhor visualização, acompanhemos o exemplo a seguir e sua resolução:

Consideremos que uma determinada empresa opere no PEC, com a produção de 30.000 unidades e que esteja produzindo 50.000 unidades. A pergunta que se faz é: qual a porcentagem de redução possível no volume de produção, sem que a empresa tenha prejuízo?

A resposta é simples:a) O “excedente” de produção em relação ao PEC é de 20.000 unidades.b) A relação percentual desse “excedente” com o volume atual de produção

(50.000 unidades) é de 40%, assim obtido: 20.000 / 50.000 = 0,40 (ou 40%).c) Conclusão: a MS em que a empresa opera é de 40%. Em outras palavras, a

empresa pode reduzir seu volume de produção em até 40%, sem que incorra em prejuízo.

Vale lembrar que, similarmente ao PEC, a margem de segurança pode ser calculada em relação aos demais pontos de equilíbrio (PEE e PEF), considerando que as quantidades (e porcentagens) não serão as mesmas, dadas as naturezas também diferentes de tais pontos de equilíbrio.

Sintetizando as temáticas de “Ponto de Equilíbrio e Margem de Segurança”, apresentamos um exercício consolidado, como forma de fixação dos conceitos aprendidos.

GRAU DE ALVANCAGEM OPERACIONALA alavancagem envolve o uso de custos fixos para aumentar os retornos. Seu

uso na estrutura de capital da empresa tem o potencial de aumentar seu retorno e risco. Alavancagem e Estrutura de Capital são conceitos estreitamente relacionados e que são ligados às decisões de orçamento de capital, através do custo de capital. Esses conceitos podem ser usados para minimizar os custos de capital da empresa e maximizar a riqueza de seus proprietários. A alavancagem resulta do uso de ativos de recursos de custo fixo para aumentar os retornos aos proprietários da empresa. Geralmente, aumentos na

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alavancagem resultam em um crescimento no retorno e no risco, ao passo que diminuições na alavancagem resultam em uma diminuição no retorno e no risco.A Estrutura de Capital é a combinação da dívida de longo prazo e o capital próprio, mantidos pelas empresas. Em outras palavras, é o quociente: capital de terceiros e capital próprio. O montante da alavancagem na estrutura de capital da empresa pode alterar significativamente seu valor, ao afetar o retorno e o risco. Diferentemente de algumas causas de risco, a administração tem o controle quase completo sobre o risco introduzido através do uso da alavancagem. Os três tipos básicos de alavancagem podem ser melhor definidos com relação às demonstrações de resultados da empresa, na forma de demonstração geral de resultados. Esses tipos são:

Alavancagem Operacional: se preocupa com a relação entre as vendas da empresa e seus lucros, antes dos juros e do imposto de renda, ou LAJIR (LAJIR é um rótulo descritivo para lucro: o lucro operacional);

Alavancagem Financeira: se preocupa com o relacionamento entre a LAJIR da empresa e seus resultados por ação sobre ações ordinárias (Lucro por Ação – LPA);

Alavancagem Total: se preocupa com o relacionamento entre as receitas de vendas da empresa e o LPA.

A forma de demonstração geral de resultados pode seguir a indicada na tabela abaixo:

Alavancagem Operacional

Receita de Vendas

Alavancagem total

Menos: custo dos produtosLucro BrutoMenos: despesas operacionaisLucro antes dos juros e imposto de renda (LAJIR)

AlavancagemFinanceira

Menos: jurosLucro líquido antes do imposto de rendaMenos: imposto de rendaLucro líquido após o imposto de rendaMenos: Dividendos de ações preferenciaisLucro disponível para os acionistas de ações ordináriasLucro por ação (LPA)

Fonte: Princípios da Administração Financeira – Lawrence J. Gitman

Os conceitos da alavancagem são embasados no conceito de ponto de equilíbrio, através da demonstração dos efeitos dos custos fixos nas operações da empresa. Mudanças nos custos operacionais fixos afetam a alavancagem operacional significativamente. Empresas podem, algumas vezes, incorrer em custos operacionais fixos em vez de custos operacionais variáveis.

Por exemplo, uma empresa poderia fazer pagamentos de leasing em valor constante, em vez de pagamentos correspondentes a uma percentagem de vendas

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específica. Ou ela poderia remunerar representantes de vendas com salário fixo e bônus em vez de comissão sobre uma base percentual de vendas pura.

Segue um exemplo dos efeitos das mudanças nos custos operacionais fixos, na alavancagem operacional.

Em física, o conceito de alavancagem decorre do uso de uma alavanca para levantar um objeto pesado com o uso de uma pequena força. No mundo dos negócios, um alto grau de alavancagem operacional indica que um pequeno crescimento percentual nas vendas provocará um crescimento percentual maior no lucro.

O efeito de alavancagem ocorre devido ao fato de os custos fixos serem distribuídos por um maior volume de produção, fazendo com que o custo total de cada unidade produzida seja reduzido. O grau de alavancagem operacional (GAO) é medido pela comparação entre a variação percentual do lucro e a variação percentual na quantidade vendida. Assim, temos: GAO = %lucro / %quantidade.

Para um breve estudo acadêmico do GAO, analisemos o seguinte exemplo:Suponhamos que o salão “Tesoura Feliz” esteja localizado num espaço e que sua capacidade máxima seja de seis cadeiras para um volume também máximo de 1.500 cortes mensais, cujo valor unitário do corte é de $ 20,00.Os custos variáveis são somente a comissão paga aos cabelereiros, à razão de $ 8,00/unidade; os custos fixos estão assim distribuídos:

1) Salário fixo dos cabelereiros (6 x 350,00) :..................... $ 2.100,002) Aluguel mensal:.............................................................. $ 1.600,003) Pessoal de apoio:............................................................ $ 2.000,004) Outros custos:................................................................. $ 1.500,00

Naquele mês, o total de cortes foi da ordem de 800 (oitocentos). Com esses dados, vamos calcular o lucro quando o salão tiver um movimento mensal de 1.000 cortes.

Antes de iniciarmos propriamente dito o cálculo do GAO, entendamos dois conceitos fundamentais: a) margem de contribuição; b) ponto de equilíbrio (contábil). Margem de contribuição é a diferença entre a receita e os custos/despesas variáveis.Ponto de equilíbrio contábil é a quantidade vendida, cuja receita total é igual aos custos e despesas (fixos e variáveis), onde o lucro é ZERO. É obtido pela divisão dos custos e despesas fixas pela margem de contribuição unitária.

Localizados a margem de contribuição e o ponto de equilíbrio do exemplo acima, poderemos, então, calcular o Grau de Alavancagem Operacional. Para calcular o GAO a partir da quantidade, usaremos a seguinte equação: GAO = Qx(P – V)/{Qx(P-V)-F}, onde:Q = é a quantidade na qual queremos calcular o lucro;P = é o preço de venda unitário;V = é o custo variável unitário;F = são os custos fixos totais.

Analogamente, o GAO pode ser obtido a partir do valor das receitas. Para tanto, utilizaremos a seguinte equação: GAO = {R – (VxQ)}/{R – (VxQ)- F}, onde:R = representa a receita total; mantidas as identificações anteriores.

RESOLUÇÃOPasso 1 – identificando o lucro, considerando 800 cortes/mês:Para calcular o lucro, consideremos:

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Receita 16.000,00(-) Custos Variáveis 6.400,00(-) Despesas fixas 7.200,00LUCRO 2.400,00Passo 2 – identificando o lucro, considerando 1.000 cortes/mês:Receita 20.000,00(-) Custos Variáveis 8.000,00(-) Despesas fixas 7.200,00LUCRO 4.800,00CALCULANDO O GAO = % do lucro / % da quantidade.Se o lucro passou de 2.400,00 para 4.800,00, a porcentagem é de 100,0% Se a quantidade passou de 800 para 1.000 cortes, a porcentagem é de 25,0% (1.000 – 800 = 200 cortes acrescidos).Aplicando a fórmula do GAO: 100% / 25% = 4,0