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INTERPRETAÇÃO /1º Regra: OPOSIÇÃO Um ponto que deve ser observado nas poesias, charges e narrativas é o contraste de ideias/ imagens/conceitos/ sentimentos. Todo o percurso interpretativo parte daí. É esperado de um bom leitor que perceba o diferente naquilo que lê. As meninas. Diego Velázquez 1. Assinale a alternativa em que o texto literário apresenta o mesmo recurso. a) Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal Por te cruzarmos, quantas mães choraram. (Fernando Pessoa) b) Eu faço versos como quem chora De desalento, de desencanto Fecha o seu livro se por agora Não tens motivo nenhum de pranto (Manuel Bandeira) c) Uma flor ainda desbotada ilude a polícia, rompe o asfalto. Façam completo silêncio, paralisem os negócios, Garanto que uma flor nasceu. (Carlos Drummond) d) Mamãe vestida de rendas Tocava piano no caos. Uma noite abriu as asas Cansada de tanto som (Murilo Mendes) e) Pus o meu sonho num navio e o navio em cima do mar; – depois, abri o mar com as mãos, para o meu sonho naufragar (Cecília Meireles) Mal secreto Se a cólera que espuma, a dor que mora N’alma, e destrói cada ilusão que nasce, Tudo o que punge, tudo o que devora O coração, no rosto se estampasse; Se se pudesse, o espírito que chora, Ver através da máscara da face, Quanta gente, talvez, que inveja agora Nos causa, então piedade nos causasse! Quanta gente que ri, talvez, consigo Guarda um atroz, recôndito inimigo, Como invisível chaga cancerosa! Quanta gente que ri, talvez existe, Cuja ventura única consiste Em parecer aos outros venturosa! CORREIA, R. In: PATRIOTA, M. Para compreender Raimundo Correia. Brasília: Alhambra, 1995. 2. Coerente com a proposta parnasiana de cuidado formal e racionalidade na condução temática, o soneto de Raimundo Correia reflete sobre a forma como as emoções do indivíduo são julgadas em sociedade. Na concepção do eu lírico, esse julgamento revela que

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INTERPRETAÇÃO /1º Regra: OPOSIÇÃO

Um ponto que deve ser observado nas poesias, charges e narrativas é o contraste de ideias/ imagens/conceitos/ sentimentos. Todo o percurso interpretativo parte daí. É esperado de um bom leitor que perceba o diferente naquilo que lê.

As meninas. Diego Velázquez

1. Assinale a alternativa em que o texto literário apresenta o mesmo recurso.

a) Ó mar salgado, quanto do teu salSão lágrimas de PortugalPor te cruzarmos, quantas mães choraram.(Fernando Pessoa)

b) Eu faço versos como quem choraDe desalento, de desencantoFecha o seu livro se por agoraNão tens motivo nenhum de pranto(Manuel Bandeira)

c) Uma flor ainda desbotadailude a polícia, rompe o asfalto.Façam completo silêncio, paralisem os negócios,Garanto que uma flor nasceu.(Carlos Drummond)

d) Mamãe vestida de rendasTocava piano no caos.Uma noite abriu as asasCansada de tanto som(Murilo Mendes)

e) Pus o meu sonho num navioe o navio em cima do mar;– depois, abri o mar com as mãos,para o meu sonho naufragar(Cecília Meireles)

Mal secretoSe a cólera que espuma, a dor que mora N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,Tudo o que punge, tudo o que devoraO coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse, o espírito que chora,Ver através da máscara da face,Quanta gente, talvez, que inveja agoraNos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigoGuarda um atroz, recôndito inimigo,Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,Cuja ventura única consisteEm parecer aos outros venturosa!CORREIA, R. In: PATRIOTA, M. Para compreender Raimundo Correia. Brasília: Alhambra, 1995.2. Coerente com a proposta parnasiana de cuidado formal e racionalidade na condução temática, o soneto de Raimundo Correia reflete sobre a forma como as emoções do indivíduo são julgadas em sociedade. Na concepção do eu lírico, esse julgamento revela queA) a necessidade de ser socialmente aceito leva o indivíduo a agir de forma dissimulada.B) o sofrimento íntimo torna-se mais ameno quando compartilhado por um grupo social.C) a capacidade de perdoar e aceitar as diferenças neutraliza o sentimento de inveja.D) o instinto de solidariedade conduz o indivíduo a apiedar-se do próximo.E) a transfiguração da angústia em alegria é um artifício nocivo ao convívio social.

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3. Para a construção dessa mensagem, o agente publicitário serviu-se, dentre outros recursos, do emprego de uma linguagem figurada, a ironia, (afirma, conscientemente, o contrário do que diz) realçada na expressão:a) “Seja vivo”.b) “Não às drogas”c) “Use drogas”d) “Boa aparência”e) “Sim à vida”.

Uma das cenas mais conhecidas é “A criação de Adão”. Para esses pesquisadores ela representaria o cérebro num corte sagital, como se pode observar nas figuras a seguir.

4. Nessa obra, ao abordar o trabalho infantil, Kuczynskiego usa sua arte paraA) difundir a origem de marcantes diferenças sociais.B) estabelecer uma postura proativa da sociedade.C) provocar a reflexão sobre essa realidade. D) propor alternativas para solucionar esse problema.E) retratar como a questão é enfrentada em vários países do mundo.

CAULOS. Disponível em: www.caulos.com. Acesso em: 24 set. 2011.5. O cartum faz uma crítica social. A figura destacada está em oposição às outras e representa a A) opressão das minorias sociais.B) carência de recursos tecnológicos. C) falta de liberdade de expressão. D) defesa da qualificação profissional. E) reação ao controle do pensamento coletivo.

Disponível em: <http://expressaocaruaru.blogspot.com>.

Acesso em: 22 maio 2012.

7. O recurso expressivo empregado pelo autor do anúncio contra o cigarro utiliza como relação semântica:a) a oposição.b) a analogia.c) o paradoxo.d) a adição.e) a probabilidade

POEMA OBSCENO

Façam a festacantem e dancemque eu faço o poema duroo poema-murrosujocomo a miséria brasileiraNão se detenham:façam a festaBethânia MartinhoClementinaEstação Primeira de Mangueira Salgueirogente de Vila Isabel e Madureiratodosfaçama nossa festaenquanto eu soco este pilãoeste surdopoemaque não toca no rádioque o povo não cantará(mas que nasce dele)Não se prestará a análises estruturalistasNão entrará nas antologias oficiaisObscenocomo o salário de um trabalhador aposentadoo poema terá o destino dos que habitam o lado escuro do país– e espreitam.(GULLAR, F. Toda poesia. São Paulo: Círculo do Livro, s. d. p. 338.)

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8. O adjetivo “obsceno”, presente no título e no poema, refere-seA) à permissividade característica de festas populares como o carnaval.B) ao tom de poemas de Gullar, proibidos de figurar em antologias oficiais.C) à situação dos que habitam o lado escuro do país.D) à denúncia de uma condição social.E) à indignação para com a corrupção política do país.

Demora“O Ministério da Saúde calcula que em janeiro já poderá deflagrar o programa emergencial de saúde para os ianomâmis, em Rondônia. Até lá os mosquitos transmissores da malária estão proibidos de picar os índios”

Folha de São Paulo

9. Com base no texto e considerando a intenção de seu redator, depreende-se que:a) há uma posição crítica e irônica do jornal com relação ao prazo proposto pelo Ministério da Saúde.b) existe forte crítica aos meios de deflagração das doenças indígenas em Rondônia.c) é percebido um tom de sarcasmo e de elogio à atitude tomada pelo Ministério de Saúde para solucionar o problema dos ianomâmis.d) por motivos políticos, os índios são defendidos pelo jornal em tom de deboche.e) os índios de Rondônia merecem o respeito e a admiração do Ministério da Saúde, por isso foi criado um programa emergencial para salvar os índios do Brasil.

EcologiaNum tá fácil, malandro,A natureza tá ficando desarvorada.Cacaso10. O principal traço cômico deste poema é obtidoA) pelo coloquialismo do verbo.B) pelo rebaixamento do leitor.C) pela exploração da rima imperfeita interna.D) pela oposição entre o título e a matéria do poema.E) pela exploração do duplo sentido.

Acerca dessa imagem, avalie as afirmações a seguir.I. Trata-se de uma imagem da arte moderna brasileira.II. A obra refere-se a uma nova linguagem das artes visuais: a fotografia.III. Com essa imagem, é possível estabelecer um debate sobre os suportes e técnicas de criação visual.IV. Com essa imagem, é possível estabelecer um debate com os alunos sobre representação e apresentação visual.É correto o que se afirma emA) I e II, apenas.B) I e IV, apenas.C) II e III, apenas.D) III e IV, apenas.E) I, II, III e IV.

11. O diálogo entre as amigas permite compreender a concepção de uma das meninas sobre conversa literária. Assinale os traços que, nesse diálogo, correspondam a essa concepção de elaboração literária. a) a repetição de palavras e a falta de vírgula, que fazem

o texto fluir. b) ausência de pausas, que torna a apresentação das

frases mais sintética. c) o conteúdo vago e a sonoridade recorrente, que impe-

dem o texto de fluir. d) os trechos longos das falas com muitas orações, que

tornam o texto sintético. e) ausência de exclamações e pontos-finais, que provocam o sentido metafórico.

Das irmãsos meus irmãos sujando-sena lamae eis-me aqui cercadade alvura e enxovais

eles se provocando e provandodo fogoe eu aqui fechadaprovendo a comida

eles se lambuzando e arrotandona mesae eu a temperadaservindo, contida

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os meus irmãos jogando-sena camae eis-me afiançadapor dote e marido

QUEIROZ, S. O sacro ofício. Belo Horizonte: Comunicação, 1980.

12. O poema de Sonia Queiroz apresenta uma voz lírica feminina que contrapõe o estilo de vida do homem ao modelo reservado à mulher. Nessa contraposição, ela conclui que

A) a mulher deve conservar uma assepsia que adistingue de homens, que podem se jogar na lama.B) a palavra “fogo” é uma metáfora que remete ao ato de cozinhar, tarefa destinada às mulheres.C) a luta pela igualdade entre os gêneros depende da ascensão financeira e social das mulheres.D) a cama, como sua “alvura e enxovais”, é um símbolo da fragilidade feminina no espaço doméstico.E) os papéis sociais destinados aos gêneros produzem efeitos e graus de autorrealização desiguais.

13. O uso do vocábulo inglês now (agora) no lugar dos algarismos que representam as horas no relógio pode ser compreendido como:a) sendo destituído de motivação objetiva autêntica.b) uma sobreposição da dimensão objetiva do tempo sobre sua dimensão subjetiva.c) uma representação do caráter ao mesmo tempo momentâneo e fugaz do tempo, pois cada minuto é sempre o “agora” apesar de sua incessante transitoriedade.d) uma ambiguidade, pois cada minuto que passa não retorna jamais. Portanto, o tempo decorrido é sempre ele mesmo e o seu oposto, ou seja, o minuto que passa é ao mesmo tempo presente e passado.e) uma forma de traduzir a angústia do “eterno retorno” que caracteriza o tempo e que se manifesta na forma circular do mostrador do relógio, ou seja,

quanto mais o ponteiro caminha para frente mais ele retorna ao ponto de partida. Portanto, o “agora” é sempre “antes”.

14. Charge é um estilo de ilustração caricatural, cuja finalidade é satirizar algum fato atual ou específico. Na figura acima, o objetivo do chargista é o de:a) apontar os policiais como milicianos que atuam nos morros cariocas.b) ilustrar o processo de pacificação das favelas da cidade do Rio de Janeiro.c) sugerir que o contingente policial carioca contribui para o tráfico de drogas na cidade.d) demonstrar a falta de recursos da polícia para combatero crime nas favelas.e) fazer uma crítica político-social da intervenção do Estado nas favelas brasileiras.

O sedutor médio

Vamos juntarNossas rendas eexpectativas de vidaquerida,o que me dizes?Ter 2, 3 filhose ser meio felizes?VERISSIMO, L. F. Poesia numa hora dessas?! Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.

15. No poema O sedutor médio, é possível reconhecer a presença de posições críticasA) nos três primeiros versos, em que “juntar expectativas de vida” significa que, juntos, os cônjuges poderiam viver mais, o que faz do casamento uma convenção benéfica.B) na mensagem veiculada pelo poema, em que os valores da sociedade são ironizados, o que é acentuado pelo uso do adjetivo “médio” no título e do advérbio “meio” no verso final.

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C) no verso “e ser meio felizes?”, em que “meio” é sinônimo de metade, ou seja, no casamento, apenas um dos cônjuges se sentiria realizado.D) nos dois primeiros versos, em que “juntar rendas” indica que o sujeito poético passa por

dificuldades financeiras e almeja os rendimentos da mulher.E) no título, em que o adjetivo “médio” qualifica o sujeito poético como desinteressante ao sexo oposto e inábil em termos de conquistas amorosas.