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EVANGELHO DO DIA E HOMILIA (LECTIO DIVINA) REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM XXIX DOMINGO DO TEMPO COMUM -ANO C ORAÇÃO PERSEVERANTE Uma das invocações mais antigas que dirigimos ao coração de Deus é o "Deus in adjutorium meum intende" do velho latim, que dizemos em vernáculo: "Vinde, ó Deus, em minha ajuda". Com essa simpática invocação, de sabor caracteristicamente bíblico, abrimos cada hora da oração litúrgica e começamos a reza do terço. Pois bem, o nome "Josué" significa exatamente "Deus ajuda".

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EVANGELHO DO DIA E HOMILIA(LECTIO DIVINA)

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CMXXIX DOMINGO DO TEMPO COMUM -ANO C

ORAÇÃO PERSEVERANTEUma das invocações mais antigas que dirigimos ao coração de Deus é o

"Deus in adjutorium meum intende" do velho latim, que dizemos em vernáculo: "Vinde, ó Deus, em minha ajuda".

Com essa simpática invocação, de sabor caracteristicamente bíblico, abrimos cada hora da oração litúrgica e começamos a reza do terço. Pois bem, o nome "Josué" significa exatamente "Deus ajuda".

E Deus ajudou muitas vezes a Josué. Inclusive de maneira prodigiosa no embate que ele teve de suportar com os amalecitas no tempo da vida nômade do deserto. Essa tribo vivia de defender os pequenos oásis da região do Sinai, para garantir o sustento de seus rebanhos, e praticava violentos assaltos contra as tribos inimigas que encontrava pelo caminho. O livro do Êxodo, nesse estilo

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épico próprio de um povo que se via prodigiosamente dirigido por Deus na sua aventurosa história, nos narra o encontro dos amalecitas com o povo de Moisés.

"Os amalecitas vieram combater com os filhos de Israel em Rafidim" , é como começa a narração do episódio (Ex 17,8). E prossegue contando que Moisés mandou a Josué que chefiasse um grupo de homens para enfrentar o inimigo, enquanto ele ficaria rezando no alto da colina, acompanhado por Aarão e Hur. E aí se viu a intervenção clara de Deus. Enquanto Moisés ficava de mãos erguidas para o alto, os homens de Josué venciam. Quando ele se cansava e abaixava as mãos, venciam os amalecitas. E, quando o cansaço de Moisés se tornou irresistivel, puseram uma pedra junto dele para ele se sentar, enquanto Aarão e Hur lhe sustentavam os braços levantados, até que o combate chegou ao fim, colJ1 a vitória dos filhos de Israel ( cfr Ibid. , 9-13).

É a oração perseverante que aí aparece, atraindo a ajuda de Deus. Pois "é

preciso orar sempre, sem jamais desanimar". Como ensinou Jesus no Evangelho (Lc 18, 1 ). Justamente para inculcar essa verdade, é que Jesus contou uma pequena parábola.

Disse que havia em certa cidade um juiz que não temia a Deus nem respeitava os direitos dos homens. Na mesma cidade havia uma pobre viúva que estava sendo prejudicada por um homem mau. Como acontece hoje com tanta frequência.

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Ela recorreu ao juiz para que lhe fizesse justiça. Mas o homem era realmente mau, e sempre se recusava a atendê-la. Ela, porém, não desanimou. E tanto insistiu, que um dia o juiz, apesar de não temer a Deus nem respeitar os homens, resolveu por fim atendê-la. E solucionou o seu caso (cfr Ibid., 2-5).

Se esse juiz iníquo - concluiu Jesus - diante das insistências da pobre viúva,

resolveu atendê-Ia, muito mais o Pai do céu há de atender a seus filhos que a Ele recorrerem com perseverança (cfr v v 6-8).

Nesse lugar aparece uma frase que parece ser uma reflexão pessoal do evangelista: "Quando vier o Filho do homem, encontrará fé na terra?" Como se dissesse que, por falta de perseverança na oração, os homens irão perdendo a fé.

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A perseverança é, sem dúvida, uma das condições essenciais da oração. Além da fé, da confiança e da humildade. Mas, se bem analisarmos, não se trata de uma insistência para dobrar a vontade de Deus para nosso lado. É antes um esclarecer nossa vontade à luz da vontade de Deus. Quem reza se aproxima de Deus. E Ele é a luz do nosso caminho.

Essa luz nos vai mostrando, cada vez mais, o que está faltando em nossa vida para merecermos ser atendidos por Deus. O Pai do céu jamais fecha os ouvidos à nossa prece. O que acontece é que nem sempre sabemos sintonizar nossa vontade com a sua divina vontade. E muitas vezes pedimos aquilo que não é bom para nossa verdadeira felicidade.

Se insistirmos na oração bem feita, a sabedoria de Deus nos vai penetrando pouco a pouco, até descobrirmos o que é realmente bom para nós. Isso vale sobretudo para descobrirmos o caminho da vida que devemos seguir. Enquanto o ardente jovem Agostinho se entregava a todas as experiências de filosofias e de comportamentos, sem nunca chegar a ser feliz, Mônica, sua piedosa mãe, rezava incansavelmente por ele. Até que ele achou seu caminho: a fé cristã e o batismo, recebido das mãos de Santo Ambrósio, em Milão, na Vigília da Páscoa do ano de 387. Por esse caminho caminhou Agostinho com tanta fidelidade, que se tornou um mestre de fé e santidade para toda a Igreja.

LEITURAS do XXIX Domingo do Tempo Comum -Ano C: 1a) Ex 17, 8-13 2a) 2Tm 3, 14-4, 2 3a)Lc18,1-8

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REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CMXXIX DOMINGO DO TEMPO COMUM -ANO C

ORAÇÃO PERSEVERANTE – XXIX DOMINGO DO TC https://youtu.be/ukOHKoS9BHUhttps://www.youtube.com/watch?v=ukOHKoS9BHU&feature=youtu.be

TERRA SANTA - CAMINHANDO NA ESTRADA DE JESUS - COM PADRE LUCAS – DEZEMBRO DE 2016 -https://www.youtube.com/watch?v=s7GOxQfhbSk

ORAÇÃO PERSEVERANTE – XXIX DOMINGO DO TC https://youtu.be/ukOHKoS9BHUhttps://www.youtube.com/watch?v=ukOHKoS9BHU&feature=youtu.be

ORAÇÃO PERSEVERANTE – XXIX DOMINGO DO TC

ORAÇÃO PERSEVERANTE – XXIX DOMINGO DO TC

https://youtu.be/ukOHKoS9BHU 

TERRA SANTA - CAMINHANDO NA ESTRADA DE JESUS - COM PADRE LUCAS – DEZEMBRO DE 2016 - htt...YOUTUBE.COM

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ORAÇÃO PERSEVERANTE – XXIX DOMINGO DO TC

EVANGELHO DO DIA E HOMILIA(LECTIO DIVINA)

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

XXIX DOMINGO DO TEMPO COMUM -ANO C1) OraçãoDeus de poder e misericórdia, afastai de nós todo obstáculo para que, inteiramente disponíveis, nos dediquemos ao vosso serviço. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho (Lucas 18, 1-8)Naquele tempo, Propôs-lhes Jesus uma parábola para mostrar que é necessário orar sempre sem jamais deixar de fazê-lo.

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Havia em certa cidade um juiz que não temia a Deus, nem respeitava pessoa alguma. Na mesma cidade vivia também uma viúva que vinha com frequência à sua presença para dizer-lhe: Faze-me justiça contra o meu adversário. Ele, porém, por muito tempo não o quis.

Por fim, refletiu consigo: Eu não temo a Deus nem respeito os homens; todavia, porque esta viúva me importuna, far-lhe-ei justiça, senão ela não cessará de me molestar. Prosseguiu o Senhor: Ouvis o que diz este juiz injusto? Por acaso não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que estão clamando por ele dia e noite? Porventura tardará em socorrê-los? Digo-vos que em breve lhes fará justiça. Mas, quando vier o Filho do Homem, acaso achará fé sobre a terra? - Palavra da salvação.

3) Reflexão* O Evangelho de hoje traz um outro assunto muito caro a Lucas, a saber, a oração. É a segunda vez que Lucas traz palavras de Jesus para ensinar como rezar. Na primeira vez (Lc 11,1-13), ensinou o Pai-Nosso e, por meio de comparações e parábolas, ensinou que devemos rezar com insistência sem esmorecer. Agora, nesta segunda vez (Lc 18,1-8), ele recorre novamente a uma parábola tirada da vida para ensinar a insistência na oração. É a parábola da viúva que incômoda o juiz sem moral. A maneira de apresentar a parábola é muito didática. Primeiro, Lucas dá uma breve introdução que serve como chave de leitura. Em seguida, Jesus conta a parábola. No fim, o próprio Jesus faz a aplicação.* Lucas 18,1: A introdução. Lucas introduz a parábola com a seguinte frase: "Contou-lhes ainda uma parábola para mostrar a necessidade de orar sempre,

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sem jamais desanimar". A recomendação para “orar sem desanimar” aparece muitas vezes no Novo Testamento (1 Tes 5,17; Rm 12,12; Ef 6,18; etc). Este é um traço característico da espiritualidade das primeiras comunidades cristãs.

* Lucas 18,2-5: A parábola. Em seguida, Jesus traz dois personagens da vida real: um juiz sem consideração por Deus e sem consideração para com as pessoas, e uma viúva que luta pelos seus direitos junto do juiz.

O simples fato de Jesus trazer estes dois personagens revela a consciência crítica que ele tinha da sociedade do seu tempo. A parábola apresenta o povo pobre lutando no tribunal pelos seus direitos. O juiz resolve atender à viúva e fazer-lhe justiça. O motivo é este: ficar livre da chateação da viúva e não ser esbofeteado por ela. Motivo bem interesseiro. Mas a viúva conseguiu o que ela queria! Este é o fato da vida diária, usado por Jesus para ensinar como rezar.

* Lucas 18,6-8: A aplicação. Jesus aplica a parábola: "Escutem o que está dizendo esse juiz injusto. E Deus não faria justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele? Será que vai fazê-los esperar? Eu lhes declaro que Deus fará justiça para eles, e bem depressa”. Se não fosse Jesus, nós não teríamos tido a coragem de comparar Deus com um Juiz ateu sem moral! No fim, Jesus expressa uma dúvida: "Mas, o Filho do Homem, quando vier, será que vai

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encontrar a fé sobre a terra?" Ou seja, será que vamos ter a coragem de esperar, de ter paciência, mesmo que Deus demore em atender?

* Jesus orante. Os primeiros cristãos conservaram uma imagem de Jesus orante, em contato permanente com o Pai. De fato, a respiração da vida de Jesus era fazer a vontade do Pai (Jo 5,19). Jesus rezava muito e insistia, para que o povo e seus discípulos também rezassem. Pois é no confronto com Deus, que a verdade aparece e que a pessoa se encontra consigo mesma em toda a sua realidade e humildade. Lucas é o evangelista que mais nos informa sobre a vida de oração de Jesus. Ele apresenta Jesus em constante oração. Eis alguns dos momentos em que Jesus aparece rezando. Você pode completar a lista:

* Aos doze anos de idade, ele vai no Templo, na Casa do Pai (Lc 2,46-50).* Na hora de ser batizado e de assumir a missão, ele reza (Lc 3,21).* Na hora de iniciar a missão, passa quarenta dias no deserto (Lc 4,1-2).* Na hora da tentação, ele enfrenta o diabo com textos da Escritura (Lc 4,3-12).* Jesus tem o costume de participar das celebrações nas sinagogas aos sábados (Lc 4,16)* Procura a solidão do deserto para rezar ( Lc 5,16; 9,18).

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* Na véspera de escolher os doze Apóstolos, passa a noite em oração (Lc 6,12).

* Reza antes das refeições (Lc 9,16; 24,30).* Na hora de fazer levantamento da realidade e de falar da sua paixão, ele reza (Lc 9,18).

* Na crise, sobe o Monte para rezar e é transfigurado enquanto reza (Lc 9,28).* Diante da revelação do Evangelho aos pequenos, ele diz: “Pai eu te agradeço!” (Lc 10,21)

* Rezando, desperta nos apóstolos vontade de rezar (Lc 11,1).* Rezou por Pedro para ele não desfalecer na fé (Lc 22,32).

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* Celebra a Ceia Pascal com seus discípulos (Lc 22,7-14).* No Horto das Oliveiras, ele reza, mesmo suando sangue (Lc 22,41-42).* Na angústia da agonia pede aos amigos para rezar com ele (Lc 22,40.46).* Na hora de ser pregado na cruz, pede perdão pelos carrascos (Lc 23,34).

* Na hora da morte, ele diz: "Em tuas mãos entrego meu espírito!" (Lc 23,46; Sl 31,6)* Jesus morre soltando o grito do pobre (Lc 23,46).

* Esta longa lista mostra o seguinte. Para Jesus, a oração estava intimamente ligada à vida, aos fatos concretos, às decisões que devia tomar.

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Para poder ser fiel ao projeto do Pai, ele buscava ficar a sós com ele. Escutá-lo. Nos momentos difíceis e decisivos de sua vida, Jesus rezava os Salmos. Como todo judeu piedoso, conhecia-os de memória. A recitação dos Salmos não matou nele a criatividade. Pelo contrário. Jesus chegou a fazer um salmo que ele transmitiu para nós. É o Pai Nosso. Sua vida era uma oração permanente: "Eu a cada momento faço o que o Pai me mostra para fazer!" (Jo 5,19.30) A ele se aplica o que diz o Salmo: "Eu sou oração!" (Sl 109,4)

4) Para um confronto pessoal

1. Tem gente que diz que não sabe rezar, mas conversa com Deus o dia todo. Você conhece pessoas assim? Conte. Há muitas maneiras do povo hoje expressar a sua devoção e oração. Quais?

2. O que estas duas parábolas nos ensinam sobre a oração? O que elas nos ensinam sobre a maneira de ver a vida e as pessoas?

5) Oração finalFeliz quem teme o Senhor e muito se alegra nos seus mandamentos. Poderosa sobre a terra será sua descendência, a posteridade dos justos será abençoada. (Sl 111, 1-2)LEITURAS do XXIX Domingo do Tempo Comum -Ano C: 1a) Ex 17, 8-13 2a) 2Tm 3, 14-4, 2 3a)Lc18,1-8