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VIABILIDADE ECONÔMICA DA PRODUÇÃO DE BIODIESEL DE ÓLEO RESIDUAL PARA A FROTA DE MOGI GUAÇU
OLIVEIRA, Marcio H.1; RIGOLETTO, Thais P.2
RESUMO:Este trabalho teve como objetivo a determinação da viabilidade econômica da utilização de óleo residual de cozinha na frota do município de Mogi Guaçu – SP. Inicialmente realizou-se a coleta de dados relativos ao consumo mensal de óleo diesel pela frota municipal, dados estes que foram utilizados para a quantificação da real necessidade de produção. Para a determinação da viabilidade econômica cálculos de custos foram realizados levando-se em consideração uma proposta de parceria entre a Faculdade Municipal Professor Franco Montoro e a Prefeitura Municipal de Mogi Guaçu, detectando-se assim que esta viabilidade é real, e que a proposta apresentada neste trabalho atende também aos requisitos socioambientais e econômicos.
PALAVRAS-CHAVE: biodiesel, óleo residual, sustentabilidade.
ABSTRACT:The objective of this work was to determine the economic feasibility of the use of cooking oil in the fleet of the municipality of Mogi Guaçu - SP. Initially, data were collected on the monthly consumption of diesel oil by the municipal fleet, which were used to quantify the actual production need. For the determination of economic viability, cost calculations were carried out taking into account a proposal of a partnership between the Professor Franco Montoro Municipal College and the City Hall of Mogi Guaçu, thus detecting that this feasibility is real, and that the proposal presented this work also meets socio-environmental and economic requirements.
KEY WORDS: biodiesel, residual oil, sustainability.
1 Graduando em engenharia química pela faculdade municipal professor Franco Montoro – FMPFM, Mogi Guaçu – São Paulo. E-mail: [email protected] Orientadora. Professora pós-doutorada no departamento de engenharia química da faculdade municipal professor Franco Montoro - FMPFM, Mogi Guaçu – São Paulo. E-mail: [email protected]
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1. Introdução
A preocupação com o meio ambiente há tempos se tornou pauta das
discussões mundiais e a busca de fontes de energia alternativas que auxiliem
a mitigação dos efeitos nocivos trazidos pela matriz energética atual está entre
os principais focos destas discussões. As fontes de energia estão intimamente
ligadas às emissões dos gases de efeito estufa (GEE), tendo em vista que a
maior parte das emissões mundiais é para a geração de energia. Os 10
maiores emissores mundiais são responsáveis por mais de dois terços das
emissões globais (World Resourses Institute – WRI, 2015), conforme figura 1.
Figura 1 – Emissões de GEE e respectivas áreas.
Fonte: WRI, 2015.
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Sendo assim, a mudança da matriz energética mundial passa
essencialmente pela substituição dos combustíveis fósseis por fontes
renováveis de energia. Estas emitem menos GEE e podem auxiliar no
processo de mitigação dos danos ambientais causados pelas fontes não
renováveis de energia. O biodiesel pode exercer um importante papel neste
processo, pois se trata de um substituto direto do óleo diesel que é utilizado
principalmente no transporte de carga rodoviário. O biodiesel correspondeu a
37% do consumo de combustíveis líquidos em 2015 e com projeções de 37%
para 2020 e 35% para 2030 (EPE, 2007). É o terceiro combustível quando se
relaciona a emissão em ton C/TJ (tonelada de carbono por Tera-Joule, que
representa o teor de carbono por energia contida no combustível) e o conteúdo
energético dos combustíveis (Figura 2). (GAZZONI, 2012)
Figura 2 - Relação entre emissões e conteúdo energético de combustíveis.
Fonte: GAZZONI, 2012.
Comparativamente, o biodiesel, que é um combustível biodegradável,
derivado de fontes renováveis como óleos vegetais e gorduras animais (MME,
2005), contribui significativamente com as reduções dos GEE em relação ao
diesel fóssil. Ao todo, o biodiesel reduz em até 48% as emissões líquidas de
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CO (monóxido de carbono) além da redução de 100% das emissões de SOx
(óxido de enxofre), 67% de hidrocarbonetos não queimados e 47% de material
particulado (GARCIA, 2007). Contudo apresenta um leve aumento na emissão
de NOx (óxido de nitrogênio) devido ao processo de obtenção do biodiesel.
Comparando com os benefícios relacionados às reduções dos outros
poluentes sua utilização é viável. Além disso, a emissão de NOx é um
problema que pode ser corrigido com a aplicação de catalizadores específicos
no interior dos escapamentos e chaminés dos veículos e de outros
equipamentos que fizerem uso do biodiesel (BIODIESELBR, 2006). Os
percentuais das reduções nas emissões de gases com o uso de biodiesel
podem ser visualizados na Tabela 1.
Tabela 1 – Redução relativa das emissões com base no uso de biodiesel puro produzido a partir da soja (B100)
Tipos de Emissão Reduções comB100
Emissões de Hidrocarbonetos (HC) - 67%
Monóxido de Carbono (CO) - 48%
Dióxido de Carbono (CO2) - 78%
Material Particulado - 47%Óxido de Enxofre (SOx) - 100%
Fonte: GARCIA, 2007
O potencial ambiental do biodiesel pode ser notado pelos fatores: ser
produzido a partir de fontes renováveis e possibilitar reduções nas emissões
nos GEE. Mas, existe outro componente que pode aumentar ainda mais suas
externalidades positivas em relação ao meio ambiente que é a reciclagem do
óleo residual de cozinha. O consumo médio de óleo de soja no Brasil é de 19
litros de óleo per capita por ano (ABIOVE, 2016), descontando o percentual de
óleo que é absorvido pelos alimentos no qual ingerimos através de frituras e
produtos industrializados, que gira em torno de 50%. Dos 50% restantes desse
óleo, somente 2,5% é reciclado, ou seja, cerca de nove litros por pessoa, por
ano, são descartados de forma incorreta pela população contaminando águas
e solos. Desta forma, a produção de biodiesel advindo da reciclagem de óleo
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residual de cozinha se mostra uma alternativa bastante promissora do ponto
de vista ambiental (TURTELLI, 2010).
O descarte incorreto dos óleos residuais de cozinha pode trazer
consequências sérias ao meio ambiente. A baixa solubilidade do óleo em água
e sua alta taxa de dispersão em meio aquoso fazem com que o óleo
descartado de forma incorreta cause impactos de longo alcance. Devido a sua
solubilidade e biodegradabilidade serem baixas, fazem com que diminua a
quantidade de oxigênio dissolvido na água, elevando a demanda bioquímica
de oxigênio (DBO). Esse impacto eleva os custos no tratamento em até 45%.
O óleo descartado incorretamente no solo preenche os espaços que eram para
ser ocupados pelo oxigênio, causando impermeabilização do solo e o tornando
impróprio para o cultivo. Além disso, dependendo da profundidade do lençol
freático, o óleo pode causar a contaminação das reservas subterrâneas de
água. (TURTELLI, 2010).
O Brasil tem trilhado o caminho para ser um grande produtor de
biodiesel, através do Programa Nacional de Produção e uso do Biodiesel
(PNPB). Trata-se de:
(...) um programa interministerial do Governo Federal, criado
em 2004, que objetiva a implementação de forma sustentável,
tanto técnica, como econômica, da produção e uso do
biodiesel, com enfoque na inclusão social e no
desenvolvimento regional, via geração de emprego e renda”
(SAF, 2015).
Programa este que garante a demanda do biodiesel e também busca
propiciar, através do selo “Combustível Social”, a inserção da agricultura
familiar na produção de oleaginosas para a produção de biodiesel, fomentando
o desenvolvimento regional e levando renda às zonas menos abastadas.
Atualmente o PNPB através da lei 13.623/2016 instituiu a mistura de 8% de
biodiesel ao diesel fóssil a partir de março deste ano, 9% em 2018 e 10% em
2019, garantindo assim a produção de biodiesel no país.
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Outro passo importante do país no que concerne a produção de energias
renováveis e sustentáveis foi a adesão na sede da ONU em Nova York em
2015, à agenda 2030, que visa:
(...) adotar uma agenda ambiciosa com vista à erradicação da
pobreza e ao desenvolvimento econômico, social e ambiental
à escala global até 2030, conhecida como Agenda 2030 para o
Desenvolvimento Sustentável. (ONU BRASIL, 2015).
No contexto deste trabalho, destaque especial deve ser atribuído ao item
11.6 que tem como meta “até 2030, reduzir o impacto ambiental negativo per
capita das cidades, inclusive prestando especial atenção à qualidade do ar,
gestão de resíduos municipais e outros” (ONU BRASIL, 2015). Este item
reforça ainda mais o objetivo deste trabalho no que se refere a produção de
biodiesel a partir da reciclagem do óleo residual de cozinha. Esta ação
possibilitará a redução de resíduos indesejados nas redes de esgoto e,
consequentemente, nos mananciais e solos, além da redução das emissões
com a adição de biodiesel ao diesel fóssil utilizado pela frota municipal.
1.2. A reação do biodiesel
Quimicamente, a definição para o biodiesel é descrita como um éster
monoalquílico de ácidos graxos derivados de lipídeos de ocorrência natural.
Pode ser produzido, juntamente com a glicerina, pela reação de triglicerídeos
com álcool (etanol ou metanol), com o uso um catalisador ácido ou básico
(RAMOS et al., 2003). A reação responsável pela produção do biodiesel é
chamada de transesterificação, que consiste na reação de um éster e um
álcool, formando outro éster e outro álcool, como pode ser observado na figura
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Figura 3 – Reação geral de transesterificação
Fonte: MENEGHETTI et al., 2013
No caso da produção do biodiesel, os ésteres estão na forma de
triglicerídeos, assim o esquema que melhor representa a reação da formação
do biodiesel é representado na Figura 4.
Por se tratar de uma reação reversível, aplica-se um excesso de álcool
no meio de reação para elevar o rendimento dos ésteres, desconsiderando a
estequiometria da reação, que conta com três mols de álcool para cada mol de
triglicerídeo.
Figura 4 – Reação geral de transesterificação para obtenção de biodiesel
Fonte: MENEGHETTI et al., 2013
Além disso, o processo da reação como um todo passa por três etapas
consecutivas e reversíveis, formando assim, biodiesel, diglicerídeos e
monoglicerídeos, como etapas intermediárias (Figura 5). (MENEGHETTI, et
al., 2013)
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Figura 5 – Etapas reacionais envolvidas na transesterificação de triglicerídeos
Fonte: MENEGHETTI et al., 2013
Estas etapas reacionais apresentadas representam a produção de
biodiesel de uma forma generalizada. Especificamente neste estudo
trabalharemos com triglicerídeos de óleos residuais de cozinha em rota
metílica utilizando hidróxido de potássio como catalisador.
2. Metodologia
A viabilidade econômica de um projeto se mede através de ferramentas
econômicas que mensuram a capacidade de retorno financeiro do
investimento efetuado. Através dos custos dos projetos calculamos através
das ferramentas Payback Descontado, Taxa Interna de Retorno (TIR) e Valor
Presente Líquido (VPL), que são as ferramentas mais utilizadas nos processos
de avaliação de viabilidade econômica em projetos, sendo os dois últimos os
mais usuais. Há uma preferência entre os acadêmicos pela utilização da
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ferramenta VPL para a análise de projetos, mas entre os executivos, a
preferência é pelo uso da ferramenta TIR, pois apresenta os resultados de
forma percentual de acordo com o mercado financeiro, o que facilita a
visualização dos resultados (LEMES JUNIOR, et al.; 2005).
Neste trabalho consideramos a utilização do fluxo de caixa descontado
(fluxo de caixa que traz os valores futuros em valores presentes de acordo
com o valor do custo do capital), que considera os custos do capital nos
cálculos. Determinamos a taxa de 15% para este fim, pois é o valor
comumente utilizado por empresas para validação de projetos. Além de um
prazo para o retorno do capital de 3 anos que é considerado como um bom
prazo de retorno de investimentos. (LEMES JUNIOR, et al.; 2005).
Para melhor entendimento das ferramentas de análise econômica
utilizadas para a validação do projeto, fazemos uso das definições de LEMES
JUNIOR, et al.;2005:
Payback descontado: é o período de tempo em que se
recupera o investimento inicial utilizando-se do fluxo de caixa
descontado, que considera o valor do dinheiro no tempo.
Valor Presente Líquido (VPL): utiliza-se o fluxo de caixa livre
do projeto, descontando-se o custo de capital proposto no
projeto.
Taxa Interna de Retorno (TIR): é a taxa que iguala as entradas
de caixa ao valor a ser investido no projeto, ou seja, é a
determinação de uma única taxa de retorno que resume os
méritos ou deméritos do projeto.
O investimento para este projeto será a compra de uma mini usina para
a produção de biodiesel com capacidade de processamento de 300L / 8hs, de
26 reservatórios de 200L para a coleta do óleo residual e de um carrinho para
o transporte dos mesmos. (Tabela 2). Essa é a quantidade de produção de
biodiesel para consumo próprio permitido pela legislação sem a necessidade
de cadastro na Agência Nacional de Petróleo (ANP). Acima da quantidade de
0,3m³/dia seria necessário a adequação aos requisitos impostos pela ANP
para essa produção (ANP, 2014), o que elevariam os custos da produção.
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Tabela 2 – Investimentos do projeto
Investimento Quantidade ValorMini Usina PB-300 1 R$ 120.000,00Reservatórios 200L 26 R$ 2.574,00
Carrinho para reservatórios 1 R$ 450,00Total R$ 123.024,00
Fonte: Elaborado pelo autor.
Os custos de produção são divididos entre custos fixos e custos
variáveis, sendo que os custos fixos são aqueles que independem da
quantidade produzida para exercer um valor sobre o produto e contrariamente
o custo variável é aquele que depende da quantidade produzida para exercer
esse valor.
Foram avaliados como custos fixos de produção, o serviço de coleta de
óleo que será feito na cidade de Mogi Guaçu em 12 escolas estaduais e
municipais uma vez por semana (o valor unitário refere-se ao consumo médio
de diesel por veiculo de carga para o transporte do óleo coletado multiplicado
pela distância percorrida no trajeto) e a análise de qualidade do biodiesel
produzido uma vez por mês (Tabela 3). Considerando-se que a proposta
desse estudo desse estudo trata-se da constatação da viabilidade econômica
em uma parceria entre a Faculdade Municipal Franco Montoro (FMPFM) e a
Prefeitura Municipal de Mogi Guaçu (PMMG), a mão de obra seria encargo da
prefeitura.
Tabela 3: Custos fixos de produção
Custo Fixo Quantidade Valor Unitário Valor Anual
Coleta de óleo 52 R$ 101,74 R$ 5.290,27
Análise de qualidade 12 R$ 1.200,00 R$ 14.400,00
Fonte: Elaborado pelo autor
Como custos variáveis: o óleo de fritura usado, (uma vez que não há
garantia de conseguir coletar todo o óleo de cozinha usado nos postos de
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arrecadação – Quadro 1), o metanol e a soda cáustica, responsáveis pela
reação de transesterificação em rota metílica. A quantidade expressa na
Tabela 4 representa a capacidade de produção respeitando o limite de
0,3m³/dia determinados pela ANP, que serão 79,20m³/mês.
Consequentemente as quantidades de metanol e hidróxido de sódio (NaOH)
serão de 15,84m³/mês e 792kg/mês respectivamente, pois para cada litro de
óleo utilizado, necessita-se de 200ml de metanol e 10g de NaOH para que se
ocorra a reação.
Tabela 4: Custos variáveis de produção
Custo Variável Quantidade Valor Unitário Valor AnualÓleo de fritura usado (m³) 79,20 X X
Metanol (m³) 15,84 R$ 3140,00 R$ 49.737,60
NaOH (Quilos) 792 R$ 2,50 R$ 1.980,00Fonte: Elaborado pelo autor
3. Resultados e discussões
Foi considerada nos cálculos do projeto a produção de 300 litros/dia de
biodiesel, que se refere ao limite de produção para consumo próprio sem a
necessidade de cadastro junto à Agência Nacional do Petróleo de acordo com
a nota técnica SRP nº 002/2014 que diz:
(...) esta superintendência elaborou uma minuta de resolução que
estabelece os requisitos para cadastramento de produtor de
biocombustível para fim de pesquisa e para autorização para
produção de biocombustível para consumo próprio, sendo que este
novo regulamento se aplica ao exercício da atividade de produção de
uma ou mais plantas produtoras da mesma requerente supere a 0,3
m³/dia e se limite a 3,0m³/dia. (ANP, 2014)
A proposta do projeto é que a quantidade de óleo de cozinha usado
arrecadada nos pontos de coleta nas escolas consiga suprir a demanda da
produção de biodiesel programada. Mas se a quantidade não atingir o
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de venda de óleo de cozinha usado. O valor a ser pago por essa matéria prima
vai impactar diretamente os custos de produção e os resultados obtidos nos
cálculos da viabilidade econômica.
O custo do litro do óleo de cozinha usado na região de Campinas varia
entre R$ 0,90 e R$ 1,50/L, dependendo da qualidade e volume
comercializados (MFRURAL, 2017). Somando-se ao volume de óleo coletado
nas escolas do município, teremos uma queda do custo desta matéria prima.
No quadro 1, a partir dos diferentes custos do óleo de cozinha usado foi
possível calcular os custos variáveis finais que somados aos custos fixos de
produção, formam os custos totais de produção do biodiesel.
Com esses diferentes custos na obtenção do óleo de cozinha usado,
foram calculados os custos anuais da produção, o custo por litro de biodiesel e
as receitas anuais (obtidas com a economia gerada na Prefeitura Municipal de
Mogi Guaçu, com a compra de diesel para a utilização na frota municipal).
Quadro 1 – Custo do óleo de cozinha usado e custos variáveis resultantes.
Custo da Matéria Prima
Custos Variaveis Finais
R$ 0,00 R$ 52.295,76R$ 0,10 R$ 60.215,76R$ 0,20 R$ 68.135,76R$ 0,30 R$ 76.055,76R$ 0,40 R$ 83.975,76R$ 0,50 R$ 91.895,76R$ 0,60 R$ 99.815,76R$ 0,70 R$ 107.735,76R$ 0,80 R$ 115.655,76R$ 0,90 R$ 123.575,76R$ 1,00 R$ 131.495,76R$ 1,10 R$ 139.415,76R$ 1,20 R$ 147.335,76R$ 1,30 R$ 155.255,76R$ 1,40 R$ 163.175,76R$ 1,50 R$ 171.095,76R$ 1,60 R$ 179.015,76R$ 1,70 R$ 186.935,76
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A partir dos custos variáveis finais calculados, somados com os custos
fixos da produção, temos os custos totais da produção. De posse desses
dados, nos é permitido calcular as receitas anuais de acordo com a variação
dos custos da matéria prima (Quadro 2).
Quadro 2 – Receitas do projeto a partir da variação do custo da matéria prima.
Custo da Matéria Prima
Custos Anuais de Produção
Custo por litro de Biodiesel
Receitas Anuais
R$ 0,00 R$ 67.374,00 R$ 0,85 R$ 181.314,00R$ 0,10 R$ 75.294,00 R$ 0,95 R$ 173.394,00R$ 0,20 R$ 83.214,00 R$ 1,05 R$ 165.474,00R$ 0,30 R$ 91.134,00 R$ 1,15 R$ 157.554,00R$ 0,40 R$ 99.054,00 R$ 1,25 R$ 149.634,00R$ 0,50 R$ 106.974,00 R$ 1,35 R$ 141.714,00R$ 0,60 R$ 114.894,00 R$ 1,45 R$ 133.794,00R$ 0,70 R$ 122.814,00 R$ 1,55 R$ 125.874,00R$ 0,80 R$ 130.734,00 R$ 1,65 R$ 117.954,00R$ 0,90 R$ 138.654,00 R$ 1,75 R$ 110.034,00R$ 1,00 R$ 146.574,00 R$ 1,85 R$ 102.114,00R$ 1,10 R$ 154.494,00 R$ 1,95 R$ 94.194,00R$ 1,20 R$ 162.414,00 R$ 2,05 R$ 86.274,00R$ 1,30 R$ 170.334,00 R$ 2,15 R$ 78.354,00R$ 1,40 R$ 178.254,00 R$ 2,25 R$ 70.434,00R$ 1,50 R$ 186.174,00 R$ 2,35 R$ 62.514,00R$ 1,60 R$ 194.094,00 R$ 2,45 R$ 54.594,00R$ 1,70 R$ 202.014,00 R$ 2,55 R$ 46.674,00
Fonte: Elaborado pelo autor
Como podemos observar, a variação do preço da matéria prima causa
impacto substancial nos custos de produção e consequentemente nas receitas
do projeto. Desta forma, o objetivo deste projeto também passa pela
arrecadação de matéria prima ao menor custo possível, e para isso se faz
necessário um trabalho de conscientização nas escolas e comunidades para
que se tenha o melhor resultado possível.
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Sendo assim, após a obtenção dos valores das receitas anuais, é
possível calcular a viabilidade econômica do projeto com a utilização das
ferramentas de análise de projetos descritas na metodologia do trabalho.
Quadro 3 – Viabilidade do projeto.
Custo da Matéria Prima
Payback Descontado
(Anos)TIR VPL
Viabilidade do Projeto
-R$ 0,72 136% 290.956,68R$ SIM0,10R$ 0,77 129% 272.873,54R$ SIM0,20R$ 0,83 122% 254.790,39R$ SIM0,30R$ 0,89 115% 236.707,25R$ SIM0,40R$ 0,94 108% 218.624,11R$ SIM0,50R$ 1,00 101% 200.540,96R$ SIM0,60R$ 1,06 94% 182.457,82R$ SIM0,70R$ 1,12 87% 164.374,68R$ SIM0,80R$ 1,20 79% 146.291,54R$ SIM0,90R$ 1,29 72% 128.208,39R$ SIM1,00R$ 1,39 64% 110.125,25R$ SIM1,10R$ 1,50 57% 92.042,11R$ SIM1,20R$ 1,64 49% 73.958,96R$ SIM1,30R$ 1,81 41% 55.875,82R$ SIM1,40R$ 2,16 33% 37.792,68R$ SIM1,50R$ 2,45 24% 19.709,53R$ SIM1,60R$ 2,83 16% 1.626,39R$ SIM1,70R$ 3,34 7% 16.456,75-R$ NÃO
Fonte: Elaborado pelo autor
A partir dos resultados apresentados no Quadro 3, visualizamos que o
projeto é viável até o custo do óleo de cozinha atinja o valor de R$1,60. Acima
deste valor o projeto se apresenta inviável dentro das condições estabelecidas
de 3 anos para o retorno do investimento, considerado um bom prazo. O custo
do capital, que foi estabelecido uma taxa de 15%, pois segundo LEMES
JUNIOR, et al.; “estudiosos costumam afirmar que uma taxa de retorno de
12% ao ano é muito boa. Para projetos em países emergentes, como o Brasil,
as multinacionais trabalham com taxas de retorno entre 15% a 20%”. Até o
valor de R$ 1,60 de custo de matéria prima podemos observar os valores do
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payback descontado menor que 3 anos, da TIR, maior que 15% e o VPL
positivo, que são as características de aceitação do projeto. Em valores acima
de R$ 1,60, os resultados não são atendidos.
3.1- Consumo da frota municipal
Para uma análise completa da situação da viabilidade do projeto,
considerando a parceria entre a FMPFM e a PMMG, onde as estruturas físicas
a serem utilizadas para a implantação do projeto seriam as da faculdade e a
não necessidade de adaptações, devido a produção estar dentro do limite de
0,3m³/dia, faz-se necessário a verificação da quantidade de óleo diesel
consumida pela frota da prefeitura municipal de Mogi Guaçu. Analisar o
impacto desta produção no que tange a utilização do biodiesel produzido como
mistura ao diesel comprado pela prefeitura faz parte do escopo deste trabalho.
No Quadro 4 é apresentado o consumo de óleo diesel pela frota
municipal e a média durante o período considerado.
Quadro 4 – Consumo de óleo diesel pela frota municipal de Mogi Guaçu – SP
Ano Consumo (m³)
2012 386,882013 455,062014 399,252015 394,472016 215,6
Média 370,25
Fonte: Elaborado pelo autor com dados da Secretaria de Serviços Municipais (SSM – PMMG)
Para uma melhor visualização dos dados apresentados no Quadro 4,
que mostra o consumo de diesel pela frota municipal, suas variações anuais
bem como a média deste consumo é apresentado o Grafico 1.
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Gráfico 1 – Consumo de óleo diesel pela frota municipal de Mogi Guaçu – SP.
2012 2013 2014 2015 20160.00
50.00
100.00
150.00
200.00
250.00
300.00
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500.00
Consumo de Óleo Diesel Média de Consumo de Óleo Diesel
Volu
me
de ó
leo
dies
el (e
m m
³)
Fonte: Elaborado pelo autor com dados da Secretaria de Serviços Municipais (SSM – PMMG)
De acordo com os resultados apresentados no Gráfico 1 e com a
produção de biodiesel limitada a 0,3m³/dia, é possível inferir que a produção
não conseguirá suprir a demanda de óleo diesel utilizada pela frota municipal.
No entanto, a produção de 79,20m³ de biodiesel (Tabela 4) ante os 370,25m³
de diesel (Quadro 4) utilizados na frota, proporcionará uma mistura de
aproximadamente 30% de biodiesel ao diesel de petróleo (chamado de diesel
B30). Esta mistura promoverá uma redução de 21,8% das emissões de GEE.
Analogamente, se o país inteiro utilizasse o diesel B30, a redução das
emissões seria equivalente ao plantio de 372 milhões de árvores por ano,
número bastante expressivo que levaria o país a atingir as metas
apresentadas no COP21 (Conferência das Nações Unidas sobre mudança
climática). (UBRABIO, 2016)
4 – Considerações finais
A partir dos resultados obtidos com base nas condições adotadas para
este estudo é possível afirmar que há viabilidade econômica favorável para o
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projeto de produção de biodiesel a partir da utilização de óleos residuais de
cozinha. Entretanto, a viabilidade não se mostra somente no campo
econômico, mas pode ser estendida para os aspectos social e ambiental, com
a redução de emissões GEE, com a gestão de resíduos municipais, incluída na
pauta da agenda 2030, e também pela possibilidade de geração de renda para
a comunidade com a compra de óleo residual.
Como sugestão para trabalhos futuros, propõe-se a elaboração de
projetos complementares sobre o crédito de carbono e a purificação de
glicerina. Estes projetos certamente agregarão valor ao projeto original de
produção de biodiesel e poderão trazer benefícios à comunidade Guaçuana.
Além disso, permitirá que a Faculdade Municipal Franco Montoro fomente
novas linhas de pesquisa com foco para as questões econômicas, sociais e
ambientais.
5 - Referências
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BRASIL - Lei nº 13.623, de 23 de março de 2016. Altera a Lei nº 13.033, de 24 de setembro de 2014, para dispor sobre os percentuais de adição de biodiesel
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ao óleo diesel comercializado no território nacional. Diário oficial da União. Brasília, 24 de março de 2016. Seção, P.1. Disponível em:< https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/l13263.htm>. Acesso em: 02/11/2017
GARCIA, J. R. O programa nacional de produção e uso de biodiesel brasileiro e a agricultura familiar na região nordeste. (Dissertação de Mestrado) - Junior Ruiz Garcia. Unicamp – Campinas, SP: [s.n.], 2007.
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UBRABIO – Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Oleaginosas e Biodiesel. O papel do biodiesel no acordo sobre mudança no clima apresentado pelo Brasil na COP 21; Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/assuntos/ camaras-setoriais-tematicas /documentos/ camaras-setoriais/oleaginosas-e-biodiesel/ anos-anteriores/biodiesel-na-cop-21-ubrabio.pdf; Acesso em 15/11/2017.
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