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A REDE JOVEM Valenciana, formada por grupos jovens da cidade decidiu reali- zar o 1º Festival de Inverno de Valença para alavancar o desenvolvimento eco- nômico, cultural e social da cidade. O evento contou com apresentações de arte, dança, teatro, música, cinema e artesanato, com destaque da Orquestra Popular da Escola de Música Villa Lobos e a exibição do filme Dois Perdidos Numa Noite Suja, com a presença do diretor José Joffily no Cine Glória. Página 3. Ano I n.º 4 Valença, agosto de 2005 Veja como foi o 1º Festival de Inverno de Valença Promoções VQ MUNIZ SODRÉ, PROFESSOR da Universidade Federal do Rio de Janeiro, autor de diver- sos livros sobre mídia brasileira e cultura urbana, recebeu o Valença em Ques- tão na própria UFRJ. Durante a conversa, falou sobre o papel da mídia e sobre o ex- cesso de informação que assola a socieda- de. Segundo ele, essa grande quantidade de dados da imprensa é prejudicial à assi- milação pela população. Página 7 Valença em Questão Valença em Questão [email protected] O VALENÇA EM QUESTÃO continua a parceria com a Vídeo Avenida, oferecendo 50% de desconto na locação de DVDs nacionais. E uma nova parceria com a Miriam Lajes, recebendo um desconto especial para quem levar a publicação. Aproveite! Página 8 Entrevista Música para todos os gostos. Iniciando com Orquestra Villa Lobos, passando por Chorinho e Bossa Nova, e terminando com Blues. Conselho Municipal de Juventude Receba a publicação pela internet. É só mandar um email para [email protected] O VALENÇA EM QUESTÃO trata nesta edição da proposta que a Rede Jovem Valenciana irá apresentar à sociedade e poder público, para juntos, poderem mudar a realidade sócio-eco- nômico-política da cidade. Um dos membros da Rede Jovem Valenciana, Samir Resende, enviou um texto explicativo sobre o funciona- mento dos Conselhos Municipais, em espe- cial o de Juventude. A criação deste Conselho para a cidade, e principalmente para a juventude valenciana, é primordial para o desenvolvimento. Na conjun- tura política em que vivemos, a parceria entre o poder público e a sociedade civil é funda- mental para uma fiscalização das aplicações governamentais e também para um direcionamento desse montante para as reais necessidades da população. Páginas 4 e 5.

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Veja como foi o 1º Festival de Inverno de Valença Entrevista Ano I n.º 4 Valença, agosto de 2005 Receba a publicação pela internet. É só mandar um email para [email protected] O V ALENÇA EM Q UESTÃO continua a parceria com a Vídeo Avenida, oferecendo 50% de desconto na locação de DVDs nacionais. E uma nova parceria com a Miriam Lajes, recebendo um desconto especial para quem levar a publicação. Aproveite! Página 8

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A REDE JOVEM Valenciana, formada porgrupos jovens da cidade decidiu reali-zar o 1º Festival de Inverno de Valençapara alavancar o desenvolvimento eco-nômico, cultural e social da cidade. Oevento contou com apresentações dearte, dança, teatro, música, cinema eartesanato, com destaque da OrquestraPopular da Escola de Música Villa Lobose a exibição do filme Dois Perdidos NumaNoite Suja, com a presença do diretor JoséJoffily no Cine Glória. Página 3.

Ano I n.º 4 Valença, agosto de 2005

Veja como foi o 1º Festival de Inverno de Valença

Promoções VQ

MUNIZ SODRÉ, PROFESSOR da UniversidadeFederal do Rio de Janeiro, autor de diver-sos livros sobre mídia brasileira e culturaurbana, recebeu o Valença em Ques-tão na própria UFRJ. Durante a conversa,falou sobre o papel da mídia e sobre o ex-cesso de informação que assola a socieda-de. Segundo ele, essa grande quantidadede dados da imprensa é prejudicial à assi-milação pela população. Página 7

Valença em QuestãoValença em Questão

[email protected]

O VALENÇA EM QUESTÃO continua a parceriacom a Vídeo Avenida, oferecendo 50% dedesconto na locação de DVDs nacionais. Euma nova parceria com a Miriam Lajes,recebendo um desconto especial para quemlevar a publicação. Aproveite! Página 8

Entrevista

Música para todos os gostos.Iniciando com Orquestra Villa Lobos,

passando por Chorinho e BossaNova, e terminando com Blues.

Conselho Municipalde Juventude

Receba a publicação pela internet. É só mandar um email para

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O VALENÇA EM QUESTÃO trata nesta edição daproposta que a Rede Jovem Valenciana iráapresentar à sociedade e poder público, parajuntos, poderem mudar a realidade sócio-eco-nômico-política da cidade. Um dos membrosda Rede Jovem Valenciana, Samir Resende,enviou um texto explicativo sobre o funciona-mento dos Conselhos Municipais, em espe-cial o de Juventude.

A criação deste Conselho para a cidade, eprincipalmente para a juventude valenciana, éprimordial para o desenvolvimento. Na conjun-tura política em que vivemos, a parceria entreo poder público e a sociedade civil é funda-mental para uma fiscalização das aplicaçõesgovernamentais e também para umdirecionamento desse montante para as reaisnecessidades da população. Páginas 4 e 5.

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2 agosto de 2005 Valença em Questão

editorial

ExpedienteEdição, Reportagens, Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica:Vitor Monteiro de Castro. Mat: 2003.1.02178-12. Participaramdesta edição Carlos Alberto F. de Oliveira, Erasmo de OliveiraCastro, Faber Paganoto e Samir Resende; Fotografias André Camiloe Gustavo Fort.Essa publicação, do Movimento Valença em Questão, é um ProjetoExperimental de Monografia da Faculdade de Comunicação Social -Jornalismo, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).Tiragem: 1.000 exemplaresImpressão: Gráfica PC Duboc Ltda. (24)2453-4222

Painel do LeitorEnvie críticas, matérias, sugestões,

comentários, eventos, reclamações, etc.,para o correio eletrônico

[email protected], oupor carta para Rua Francisco Di Biasi, 26,

Torres Homem, Valença-RJ, CEP 27.600-000.

Para Anunciar ou ColaborarEntrar em contato pelo correio eletrônico

[email protected],com Assunto “Anúncio” ou “Colaborar”, ou ligar

para o telefone (21) 9505-6656.

O MOVIMENTO VALENÇA em Questão, membroda Rede Jovem Valenciana se mostrou para asociedade valenciana como um movimento sé-rio e de ação, com o 1º Festival de Inverno deValença. Foram muitas as dificuldades em daresse passo, mas todas foram superadas pelaunião do grupo e pela vontade de melhorarnossa cidade. E o mais importante é que essefoi apenas o primeiro passo. Agora estamosmais do que nunca motivados para continuarmostrando a Valença que existem soluçõesquando se trabalha em conjunto buscando ummesmo objetivo.

Para quem não assiste o cotidiano do grupo,pode parecer que pouco é feito. Mas quandoaparecemos, é porque muito já foi feito nosbastidores. E muito ainda está por vir.

Esta edição está especial. Além da coberturado Festival de Inverno, temos mais pessoasparticipando. Isto é gratificante, já que o nos-so objetivo é estar cada vez mais representan-do as visões da sociedade valenciana. O pro-fessor Faber Paganoto continua com a gente,mostrando um misto de revolta e busca desoluções para a política nacional. O leitorErasmo de Oliveira, que recebeu diversos elo-gios do público, nos dá novamente o prazer deseu texto repleto de mensagens positivas e dereflexão.

Também colaborou nosso parceiro da RedeJovem Valenciana, o sociólogo Samir Resende,que discorre sobre os Conselhos Municipais,sendo ele um dos responsáveis da Frente Jo-vem pela Criação do Conselho Municipal de Ju-ventude em Valença, proposta da Rede Jovem.

Em tempos de crise política, quando a gran-de mídia abusa de seu poder para fins própri-os e lucrativos, conversamos com Muniz Sodré,professor da Escola de Comunicação da UFRJ,que analisa com seu conhecimento e experi-ência, como somos afetados pelas informações.

Como continuamos acreditando que o espí-rito da juventude é a maior força para reali-zar mudanças e se entregar totalmente às cau-sas que acreditam. Porém sabemos que ape-nas a iniciativa não é o suficiente, é preciso tertambém experiência de vida, que estamos ad-quirindo, mas também aproveitando de nos-sos parceiros de espíritos juvenis, que acredi-tam nessa idéia de transformação.

Até a próxima edição e nos despedimos comum trecho de “Uma Carta à Juventude”, escri-to pelo revolucionário russo Leon Trotsky:

“Freqüentemente, observamos como os jo-vens entusiastas, ao dar uma cabeçada naparede, convertem-se em sábios oportunistas;como ultraesquerdistas desenganados passamem curto tempo a ser burocratas conservado-res, assim como pessoas fora da lei se corri-gem e se convertem em excelentes policiais.Adquirir conhecimento e experiência e ao mes-mo tempo não dissipar o espírito lutador, oauto-sacrifício revolucionário e a disposição deir até o final, esta é a tarefa da educação e daauto-educação da juventude revolucionária”.

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Festival de InvernoA Rede Jovem Valenciana realizou o 1º Festival de Inverno da cidade. Com

muita música, artesanato, teatro, artes, cinema e dança, a populaçãovalenciana comprovou a força que um grupo decidido possui

SEXTA E SÁBADO, dias 22 e 23 de julho, Valença presenciou seu 1º Festival de Inverno. Organizado pela RedeJovem Valenciana, o evento contou com diversas atividades culturais, propiciando à população um final desemana diferente e rico em atrações. Destaque para a participação da Orquestra Popular da Escola de MúsicaVilla-Lobos, que abriu o Festival com um repertório animando a platéia que compareceu em peso na Catedral.Após a Orquestra, ainda foi apresentado show de Bossa Nova, Samba e Chorinho no Adro da igreja.

No sábado, a animação começou cedo. Pela manhã, o Colégio Benjamin Guimarães abriu suas portas parao público com exposições de artes plásticas e fotografia. O artesanato naladeira da Rua dos Mineiros às 9 da manhã já apresentava seus traba-lhos e permaneceu durante todo o dia. Ainda na parte da manhã, abanda do Colégio Sagrado Coração de Jesus e Instituto de EducaçãoDeputado Luis Pinto, e a fanfarra da Fundação Dom André Arcoverdefizeram suas apresentações no Adro da Catedral.

Na parte da tarde ocorreu a exibição do filme “2 Perdidos Numa NoiteSuja”, no Cine Glória, com uma palestra após a mostra com o diretor dolonga, José Joffily. Ele discorreu sobre o filme, falou sobre o cinema naci-onal e, através da participação do público, comentousobre as possibilidades de uma maior participação docinema em Valença.

Enquanto isso, no Adro da Catedral vários grupos serevezavam. Com Mestre Sid, capoeira e Jongo, com omovimento Hip Hop Cultura de Paz (H2CP), apresenta-ção de Break (dança de rua) e desenho de um grafitena quadra do Colégio Benjamin Guimarães.

Mais ao entardecer, o grupo de dança VivArte apre-sentou vários tipos de dança para o público, dentro doPavilhão Leoni. Após, os vários gru-pos de teatro encenaram para umpúblico atento e que compareceuem massa. No final dessas apre-sentações, iniciaram-se os showsmusicais, primeiro com BocaKiusa, depois com Jean, Douglase Ângela, e para finalizar o grupocarioca BebadoBlues, com a par-ticipação es-pecial deMarcelo dog r u p ovalencianoDelta Mood.

Membros da Rede Jovem Valenciana

O cineasta José Joffily, na mesa com Wilson Fort e Samir Resende

Banda defanfarra do

CSCJ e IEDLP

BebadoBlues com Marcelo do Delta MoodO público que pretigiou o Festival

Orquestra Popular da Villa-Lobos Grupo Amigos do Choro

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4 agosto de 2005 Valença em Questão

Os Conselhos Municipais e as novasexperiências de Políticas Públicas

Os Conselhos são fundamentais na ampliação da Democracia

São essas ações a chave para a incorporação participativa debrasileiros e brasileiras, numa hora em que “política” é assunto tão

desprezado pela grande maioria.

NO ÚLTIMO DIA dois de agosto,enquanto assistíamos mais umcapítulo dessa novela que setornou a CPI no Congresso Na-cional, era homologado peloPresidente Lula no Planalto oConselho Nacional de Ju-ventude: um espaço deinterlocução entre governo esociedade civil no debate depolíticas para a juventude. Se-gundo o próprio Presidente, “adistância entre a sociedade quesomos e o país que queremos,encontra na juventude brasi-leira um de seus canais de ex-pressão mais urgentes e pro-missores”. Mas por ora, qual arelação disso com a nossa re-alidade aqui na Valença tãobela e hospitaleira?

Infelizmente, a realidade dajuventude valenciana não émuito diferente da realidadedos milhões de jovens brasi-leiros que sofrem com o de-semprego, com a fome, a vi-olência, a delinqüência entreoutras coisas. Quiçá nossa si-tuação seja até pior, pois se-gundo observações mais per-tinentes, em Valença, a faltade oportunidades é notória

se comparada há uma épo-ca áurea da nossa História(que não queremos que fi-que encadernada pra sem-pre nos livros). Porém, sóapontar deficiências não é atarefa mais intel igente enem o foco de debate desteartigo.

NA SOCIEDADE POLÍTICA quetemos atualmente é neces-sário aperfeiçoarmos diaria-mente certos modelos de re-presentação, no intuito deregularmos melhor a auto-gestão da própria sociedade;devemos testar novas alter-nativas administrativas con-t ra o imobi l i smo e a

corrupção; abordar questõespor diferentes ópticas; e osConselhos Municipais sãoferramentas fundamentaisdessa nova metodologia.

Um dos papéis dos Conse-lhos é o de trazer para den-tro do Governo, de forma re-gulada, problemas latentesna sociedade. É certo quecada conselheiro terá umacontribuição diferenciada,refletindo preocupações dosegmento que representa.Algumas vezes, essas contri-buições expressarão posi-ções antagônicas. Noutras,serão visões complementa-res. Mas é nessa possibilida-de de construção de um con-

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senso, através de um amplo leque de inte-resses e de alternativas, que reside a rique-za da gestão participativa.

Esse processo exige que os governos es-tejam preparados para manterem-se arti-culados com a sociedade civil, desenhan-do, em con junto, uma agenda quepotencialize a capacidade de realização dobem comum. São múltiplas as formas deinteração entre governo e sociedade civil.De sofisticadas pesquisas de opinião aoinsubstituível contato pessoal. Mas o des-taque especial é certamente dos Conselhose Comissões, colegiados em que represen-tantes do governo e da sociedade civil dis-cutem os temas da cidade. É esse, por ex-celência, o espaço institucional para mani-festações e entendimentos.

O Conselho Municipal de JuventudeCOMJUVE

NORMALMENTE, A INICIATIVA para criação dosConselhos parte diretamente do Poder Exe-cutivo, no caso de Valença, o Gabinete doPrefeito. Outra forma de criação é via Po-der Legislativo, seja por Projeto de Leiapresentado por algum vereador(a); ouainda, por projeto de iniciativa popular apartir de abaixo assinado representativoe /ou ou t ra fo rma cons t i t u c i ona l demobilização. Estes Conselhos contam comgabinete, pessoal e verbas públicas paraserem direcionadas ao tema-objeto perti-nente.

Um aspecto importante é o da formaçãodestes Conselhos. Em primeiro lugar, épreciso garantir espaço para órgãos pú-blicos e entidades da sociedade civil quese ocupam do tema (no caso, o da juven-tude), que tenham um histórico de traba-lho e de mil itância. Outro aspecto é ogerencial que deve garantir que o Conse-lho tenha um bom entendimento com a ad-

* Sociólogo, professor da Rede Estadual de Ensino

(RJ) e membro da Rede Jovem Valenciana.

ministração pública. Isto significa conhe-cer processos, competências, dinâmicapa ra tomada de dec i são e pa raimplementação de políticas públicas, deforma a construir um ambiente propíciopara negociações.

É necessário que a implementação doConselho Municipal da Juventude (bemcomo de outros conselhos pertinentes)advenha de uma demanda social represen-tativa e seja exercida por aspiração legíti-ma - não só dos jovens – mas de todo oconjunto da sociedade valenciana. Essa éuma proposta possível e palatável paranós, basta organizarmos e planejarmosessa ação.

Atribuições do COMJUVE

O Conselho Municipal de Juventude(COMJUVE) tem em suas atribuições:

• Assessorar os poderes públicos munici-pais na formulação de diretrizes da ação go-vernamental;

• Promover estudos e pesquisas sobre arealidade socioeconômica juvenil local;

• Avaliar a Política Municipal de Juventudee assegurar que ela seja conduzida por meiodo reconhecimento dos direitos e das capa-cidades dos jovens e da ampliação da parti-cipação cidadã, entre outras.

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6 agosto de 2005 Valença em Questão

De bem com a vida

Dúvida de professorFaber Paganoto Araújo *

* Geógrafo pela UFRJ, Professor do Colégio Pedro II.

DIRCEU É O grande mandante do esquema de distribuiçãode dinheiro na Câmara e Lula sabia de tudo. Quando o PTassumiu o poder em janeiro de 2003, Dirceu declarouque o partido teria um projeto de governo de 20 anospara o país. Todo o esquema que deflagrou a crise políti-ca já fazia parte da estratégia do projeto de levar Dirceuao Planalto em 2010, dando continuidade ao governo de8 anos de Lula, tido como certo.

As coisas não saíram como haviam sido planejadas.Murphy é implacável inclusive na política. O PT mostrouque é corrupto, como todos os outros sempre foram. Opartido que levou 25 anos para chegar ao topo da políticanacional virou a casaca e deixou-se envolver na imundiceque povoa os corredores de Brasília, herdando a práticacotidiana da roubalheira, comum aos outros partidos. Ogrande problema é que no PT estava depositada a espe-rança e a confiança de milhões de brasileiros.

E pra piorar a situação, a direita se mostrou covarde aponto de me enojar. Em entrevista concedida no Paláciode Versailles, na França, o presidente Lula admitiu a exis-tência de um caixa dois na campanha presidencial de 2002.Todo mundo sabe que existe, todo mundo sabe que nãopode existir. Mas a gente naturaliza, todo mundo faz, coi-sa à toa, deixa pra lá. É a famosa inversão de valores. Asociedade está mesmo perdida. Mas o que eu dizia é que

o presidente assumiu a existência do caixa dois. Isso égrave e poderia ter sido usado pela direita como indicativode crime de responsabilidade com o intuito de tirar osdireitos políticos do presidente. Mas não foi. Ninguémparece querer atingir o presidente. Nenhum deputado,nenhum senador, nem mesmo a Globo.

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim,reuniu os parlamentares e disse que o melhor a ser feitoé deixar a coisa como está porque as eleições já estãochegando e a imagem do PT já foi desgastada o suficien-te para que o partido seja escorraçado nas urnas. Algocomo “vamos deixar o povo julgar o presidente”.

Das duas uma: ou a direita tem o rabo tão preso a pon-to de preferir não mexer mais nessa lama pra não sairsuja da história também ou está morrendo de medo derachar o país. Sim, porque se a direita pedir o impedimen-to político de Lula, o presidente vai conclamar sua baseeleitoral popular para ir às ruas dar-lhe apoio. E isso vaipolarizar a sociedade. Uma sociedade polarizada apavoraas classes dominantes deste país.

Resumo da ópera: está todo mundo envolvido nessasujeira que é a política no Brasil. E o que eu faço quandoum aluno me pergunta em quem ele deve votar nas pró-ximas eleições? Um professor deve dar o exemplo. Ora,mas os políticos também não deveriam? O que eu res-pondo? Eu não sei. Alguém sabe?

TALVEZ VOCÊ JÁ tenha ouvido esta história, apesar disso, nãoposso deixar de citá-la, pois o momento é oportuno. Certavez um homem muito mal-humorado vivia reclamando detudo e de todos. Ninguém podia chegar perto ou se quertentar uma conversa amigável, pois tamanha era sua revoltacom a sua condição de vida que a agressão era sem dúvidainevitável. A busca pelo culpado por sua infelicidade tornou-se uma obsessão. Todos poderiam ouvir à distância suasreclamações, culpando o mundo e até mesmo a Deus, quelhe impusera uma cruz muita pesada e não lhe deu forçassuficientes para suportá-la.

Então, Deus em sua infinita bondade e compaixão, o con-duz até o vale das cruzes e lhe disse: “Veja com teus própri-os olhos e escolha você mesmo tua cruz” Assim o mal-humorado o fez: caminhou durante horas pelo vale em bus-ca da cruz ideal. Teve a oportunidade de visualizar todas,tocar em cada uma, sentir seu peso, descobrir sua composi-ção, medir seu tamanho e espessura, mas nenhuma lheparecia estar de acordo com suas forças. Desapontado, coma fisionomia abatida, demonstrando cansaço, acredita terque se conformar com a que lhe foi dada anteriormente.Logo, começa a dar os primeiros passos em direção a suacasa, quando de repente ele percebe algo brilhando, refle-tindo os raios do sol. Sua ansiedade faz com que caminherapidamente em direção ao objeto reluzente. Para sua sur-presa era uma linda cruz dourada, pequenina, capaz de serconduzida na palma da mão. Então o mal-humorado exultoucom alegria. Encontrei! Encontrei o que tanto procurava! En-contrei a cruz ideal! Meu senhor e meu Deus, dê-me, por

favor, esta cruz! Com certeza terei forças suficientes paracarregá-la. “Então, Deus lhe disse: Meu querido filho, foiexatamente esta que havia lhe dado e que ao longo de tuavida renegastes.”

Essa introdução serve para pensarmos em porque perde-mos tanto tempo de nossas vidas reclamando, julgando, con-denando? Nosso nível de insatisfação com besteiras do coti-diano nos tornam infelizes, mal-humorados, bloqueando nos-sas emoções. Basta uma olhada no espelho para dar início auma crítica perversa, capaz de nos levar a depressão, noscondenando a um comportamento de profundo isolamento.Poderia ter cabelos lisos e não ondulados, loiros e não casta-nhos, ter 10 cm a mais em minha altura e que tal 15 kg amenos? E a idade, ah meus 15 anos! Imaginem quantaspessoas vivem as margens do descaso do poder público, daomissão da sociedade, condenados à miséria pela falta deinclusão social, sem empregos, sem direito a educação, saú-de, moradia digna. Perceba que bem próximo de nós exis-tem milhares de pessoas com forças escassas, impossibilita-dos de conduzirem suas cruzes enquanto as nossas podemser conduzidas na palma de nossas mãos. Antes de seautocondenar, experimente agradecer, substitua a indiferen-ça pela solidariedade, a rejeição por um caloroso abraço, adescrença pela fé e esperança. Acredite, o universo conspiraa nosso favor. Viva plenamente de bem com a vida! Lembre-se, Deus nos fez a sua imagem e semelhança, portanto so-mos perfeitos.

Erasmo de Oliveira [email protected]

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Muniz Sodré

O EXCESSO DE INFORMAÇÃO NA TV,RÁDIOS, JORNAIS, INTERNET, NÃO

SIGNIFICA CONHECIMENTO

TODA VEZ QUE VOCÊ COMUNICA UMACOISA, DEIXA DE COMUNICAR OUTRA

BAHIANO, JORNALISTA, escritor eprofessor-titular da UniversidadeFederal do Rio de Janeiro e da Uni-versidade Federal Fluminense,Muniz Sodré analisa como anda amídia no Brasil. Autor de 26 livros,com mestrado em Sociologia daInformação e pós-doutorado em

Sociologia e Antropologia, ambos na França e doutoradoem Letras aqui no Brasil, também já foi tradutor e é espe-cialista em mídia televisiva e cultura urbana no Brasil, tra-tando de temas relacionados à cultura negra como diver-sidade e racismo. Além das aulas realiza conferências noexterior, em países como Espanha, França, Itália, Portu-gal, Canadá e Estados Unidos.

SOLUÇÃO PARA A MÍDIA: É preciso criar um mercado de umnovo tipo de jornalismo de produção visual, rádio, impres-so e internet que não dependa da grande mídia, que nãodependa da grande publicidade, apesar de todo jornal de-pender de publicidade, mas que seja de uma publicidadelocal. Ao mesmotempo deve re-fletir os interes-ses do grupo etambém destruir essas representações que a grande mídiafaz desses grupos sociais. Não basta você formar o fotó-grafo ou o repórter, o diferencial é a perspectiva de ensinaro jovem a ler, de ver o que está nas entrelinhas, ver qual éa mensagem, mesmo em um programa inocente. Toda vezque você comunica uma coisa, deixa de comunicar outra, omecanismo é esse, de exclusão. A idéia é se indagar sobrea exclusão sob a forma que se dá o incluído.

A MÍDIA HOJE: Toda a tentativa que a mídia teve parafazer comunicação comunitária acaba num esforço indus-trial. No Rio de Janeiro, quando se vai para a Zona Norte,o que acontece ali interessa muito pouco à mídia. Só inte-ressa dependendo de onde aconteça: se for onde a classemédia está, interessa de algum modo. É impressionante aquantidade de gente que é assassinada e não apareceuma nota em jornal. Isso ocorre também com os proble-mas dos bairros e das comunidades que não dão grandemídia. A mídia está apenas preocupada em evitar o ver-melho no seu balanço contábil, preocupada com o que aselites acham e as preocupações da classe média que com-pra o jornal. O povo só aparece na grande mídia em pro-gramas popularescos, que são representações grotescasda existência deles. Embora seja o povo que veja a televi-são, que assista novela, do ponto de vista de imagem elesestão realmente excluídos.

INFORMAÇÃO: As pessoas são maciçamente informadas,são super informadas. O problema é saber o que é infor-mação. O problema é a informação em excesso o tempointeiro, na televisão, nas rádios, nos jornais, na Internet,mas isso não significa conhecimento. Durante minha vidafui redator de revista, de jornal, e fazia traduções. Certavez fiz a tradução de um artigo americano sobre a evolu-ção tecnológica que levou o homem à lua. Eu seria inca-paz de dizer que houve qualquer progresso científico apartir do que eu li, aquilo não significava nada para mim.

Talvez para um tecnólogo, para um físico, mas para mimera um conhecimento improdutivo, era simplesmente ummanejo de informações. Uma coisa fica e você esquecerápido. É a mesma coisa com a informação, é mais umaadministração, uma gestão de população na cidade. A in-formação está aí para gerir as pessoas, para controlar,mais do que para produzir conhecimento ou orientar poli-ticamente as pessoas. A informação faz parte de uma novaestratégia de gestão dos mecanismos de poder. O podertalvez esteja exatamente no excesso de informação. Vocêsabe que com excesso você não digere bem nada, tudoem excesso faz mal. É preciso muito cuidado com todosos excesso, inclusive na informação.

INTERNET: É tanta informação que você se perde. É umainformação mais de vertigem do que de conhecimento.Quando você mergulha na Internet a sensação é de quepode ir a qualquer lugar, pode saber qualquer coisa, lê arti-gos, livros, o sentimento é de embriaguez. A Internet dáessa sensação, só que é muito rápido, mas a percepçãodaquilo não é tão rápida. O problema é o longo prazo con-tra o curto prazo, nós estamos saindo da regra do longoprazo e privilegiando o curto prazo. A Internet, essas co-municações rápidas são todos dispositivos de curto prazo,enquanto que a cabeça das pessoas está no longo prazo.

INTERFERÊNCIA MIDIÁTICA: Não acredito que a mídia façaa cabeça no sentido de que você vai votar em candidatotal. Ela pode dizer que você vai fazer sua escolha a partirde outras variáveis, mas sem dúvida nenhuma ela vaicriar o cenário, o programa, o ambiente, a paisagem parao seu candidato e você vai escolher tendo a paisagemque os grupos sociais ratificam, seus amigos, a família,as pessoas que pensam como você. Ela cria esses cená-rios e as pessoas se movimentam nesses sinais imaginá-rios. E esses sinais estão todos articulados com o merca-do e com essa velocidade, com o curto prazo. O grandeproblema, acho, é essa questão do curto prazo, acelera-do mais ainda pela Internet. Você não tem tempo deassimilar as informações. O grande acontecimento daInternet é o clic. Se com a TV você já exerce um podercom o controle remoto, na Internet esse controle é ain-da maior, você tem muito mais canais. E o acontecimen-to real ali dentro é esse clic.

MÍDIA E ESCOLAS: Não há mais lugar para a crítica hoje.Porque ela pede um distanciamento entre você e o obje-

to. E a mídaestá presentena sua vida, naTV, Internet, ci-nema. É neces-

sário o distanciamento crítico para produzir outra coisa,que só é possível pela educação. Por outro lado, a educa-ção que desconhece esse envolvimento da mídia vira es-sas velhas escolas de educação que ainda estão preocu-padas com a pedagogia, com a didática, a pregação doprofessor, o modelo prisional da escola, os currículos. Amídia veio abalar esse modelo da escola, sem espaço parao diálogo. É extremamente importante para as escolasessa presença da mídia, mas ao mesmo tempo a mídiatraz seu poder, traz seu controle, traz sua dominação.

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8 agosto de 2005 Valença em Questão

TV abertaOBSERVATÓIRO DA IMPRENSA - TERÇA,TVE, ÀS 22:30H - O Observatórioda Imprensa é a versão televisivado site criado pelo Labjor - labora-tório de estudos avançados emjornalismo da Unicamp - que pre-tende acompanhar o desempenhoda mídia brasileira. É uma entida-de civil, não-governamental, não-corporativa e não-partidária.

O Observatório da Imprensa éum programa interativo e seu pú-blico é de formadores de opinião.Os telespectadores participam dodebate, ao vivo, por telefone e fax.O público vota, pela Internet, emuma pesquisa sobre o tema do pro-grama.

culturalculturalculturalculturalculturalcultural

Site

PublicaçãoBRASIL DE FATO - semanal. R$ 2,00.Com a editoria de José ArbexJúnior, também editor da CarosAmigos, esse jornal procura mos-trar o que não é veiculado pelagrande mídia nacional.

O QUE É ISSO, COMPANHEIRO? (BRA-SIL) 1997 – Em1964, um golpe mi-litar derruba o go-verno democráticobrasileiro e, após al-guns anos de mani-festações políticas,é promulgado emdezembro de 1968o Ato Constitucio-nal nº 5, que nadamais era que o gol-pe dentro do golpe,pois acabava coma liberdade de im-prensa e os direi-tos civis. Neste pe-ríodo vários estu-dantes abraçam a luta armada,entrando na clandestinidade.

Seqüestro em setembro

P A R T I N D O D A C E N A em queMarighela é emboscado e exe-cutado no meio da rua, por po-liciais comandados pelo delega-do Sérgio Paranhos Fleury, emSão Paulo, na noite de 4 de no-vembro de 1969, Emiliano Josétraça o perfil do revolucionáriobrasileiro que se tornou o ini-migo número um da ditaduramilitar inaugurada com o golpede 1964.

Dividido em três partes, o li-vro descreve todo o horror ex-perimentado pelo país naqueleperíodo de prisões, suplícios,desaparecimentos e mortes. Etoda a operação montada pelapolícia para chegar a Marighela,que a ditadura preferiu fosse

O inimigo da ditaduraeliminadoe nãoa p r i s i o -nado.

A i n d are la ta av ida dorevolucio-n á r i odesde ai n f â n c i aa té suaj o r n a d ap o l í t i c ade m i l i -tante doPCB, dedeputadofederal ede guerrilheiro.

Em 1969 militantes do MR-8 ela-boram um plano para se-qüestrar o embaixadordos Estados Unidos (AlanArkin) para trocá-lo porprisioneiros políticos, queeram torturados nos po-rões da ditadura. um gru-po de jovens realiza o se-questro do embaixadorcomo forma de pressio-nar o governo a atendersuas exigências. Dirigidopor Bruno Barreto e comFernanda Torres,Matheus Natchergaele,Pedro Cardoso, CláudiaAbreu, Luiz FernandoGuimarães e Alan Arkin

no elenco. Recebeu uma indica-ção ao Oscar.

Baseado na obrahomônima de

Fernando Gabeira.

Carlos Marighela, oinimigo número um da

ditadura militar, deEmiliano José. Ed. Sol e

Chuva.NAMORANDO A

ROSA - VÁRIOS

(2005) - Umahomenagem aRosinha deValença, organi-

zada por Maria Bethania e parti-cipação de Chico Buarque, BebelGilberto, Yvonne Lara, DelcioCarvalho, Yamandú, Alcione,Martinho da Vila, Turíbio Santos,Joanna, Miúcha, HermetoPascoal e Caetano Veloso.

Música

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