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Ano IV, nº 34, Valença, 2008 O jogo político Edição especial Eleições 2008

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Edição especial Eleições 2008 Ano IV, nº 34, Valença, 2008

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Ano IV, nº 34, Valença, 2008

O jogo político

Edição especial Eleições 2008

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Editorial2 Ano IV, nº 34, Valença, 2008

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<<<<<Projeto Gráfico e Capa: Thiago XistoJornalista Responsável: Vitor Monteiro de CastroConselho Editorial: Bebeto, Letícia Serafim e Vitor Monteiro de CastroColaboraram nesta edição: Ana Reis, Danilo Neves Serafim, Felipe Duque, Kátia Berckowicz, Marcelle Sales, Marianna Araujo, Rafael Monteiro, Samir Resende, Sanger Nogueira.Tiragem: 2000 exemplares - Impressão: Gráfica RioflorenseO Valença em Questão circula no município de Valença, arredores e Rio de Janeiro, além de enviado via correio eletrônico.

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Endereço para correspondência: Rua Coronel João Rufino, 11, sala 702, edifício Panorama, Valença-RJ – CEP 27600-000. Contatos: [email protected], [email protected] (Bebeto), [email protected] (Letícia) e [email protected] (Vitor). Ou pelos telefones (24) 2453-4888 (Recados) e (21) 8187 7533 (Vitor).

Estamos próximos a mais uma eleição municipal. Na tentativa de colaborar para o processo democrático, o Valença em Questão se propôs a entrevistar os candidatos à prefeitura de Valença. Nesta edição especial, apresentamos as entrevistas, em ordem alfabética, de Afonso Diniz, Álvaro Cabral, Vicente Guedes e Vivili Marques. Foi cedido o mesmo espaço aos candidatos (duas páginas), conforme dita a norma eleitoral. As entrevistas foram realizadas por membros do Movimento Valença em Questão durante o mês de setembro. Não foi feita entrevista com o candidato Tadeu pois o grupo não o reconhece como candidato de fato, já que mesmo “candidato”, apoiava um concorrente abertamente.

Além das entrevistas, alguns textos analíticos da conjuntura municipal fazem parte desta edição especial. Compuseram esse time Sanger Nogueira, Felipe Duque, Danilo Vieira Serafim, Paulo Roberto Figueira Leal, Edgar do Cavaco e Rafael Monteiro. A proposta dos textos é mostrar à população valenciana alguns pontos de vista, que possam vir a contribuir no processo eleitoral.

O Valença em Questão não apóia nenhum dos candidatos, seja ao cargo de prefeito ou de vereadores, e seus membros votam em quem decidirem, sem qualquer vínculo “partidário” com o grupo. Em nosso blog foi solicitado algumas vezes que nos pronunciássemos a favor “do nosso candidato”, como se houvesse. Se fosse o caso, estaria claro tanto em nosso blog como em nossas páginas impressas.

Reconhecemos enquanto grupo apenas que a disputa eleitoral em nossa cidade faz parte de uma disputa de poder que ultrapassa os interesses da população. Exemplos claros disso foram as recentes renúncias às candidaturas de Fábio Vieira e Luiz Antonio, que demonstraram no mínimo um desrespeito aos seus eleitores, e também ao processo eleitoral. Faltou consideração e explicação à sociedade valenciana.

Alguns eleitores também se exaltam. É o que tem acontecido em nosso blog, com um exagero de comentários, muitos repetidos em todas as postagens, fazendo “campanha política”, se é que isso possa ser considerado como tal. Alguns beiram ao exagero, tentam ser ofensivos – muitos conseguem – com alguns candidatos e até mesmo com os outros comentaristas do blog. A política adotada por nós é não censurar nenhum tipo de comentário, deixar que as discussões por si só se resolvam. E também para abrir espaços para discussão, onde todos podem defender seus pontos de vista. Em caso de exagero, podemos excluir algum comentário – coisa que ainda não aconteceu.

No blog ainda, realizamos primeiro uma pesquisa com todos os concorrentes antes das renúncias. Motivo para bastante discussão. Após as renúncias, iniciamos uma nova enquete com os quatro candidatos: Afonso, Álvaro, Vicente e Vivili. Quem ainda não votou e manifestar interesse, é só acessar nossa página na internet (www.blogdovq.blogspot.com). Também no blog, outros textos podem ser lidos e debatidos, ampliando a discussão nesse período eleitoral.

Quem tiver interesse em escrever algo para o blog, pode também nos enviar por email, que publicamos, com a devida identificação, e conquanto que não contenha propaganda eleitoral. O blog está aberto também para manifestações dos candidatos que renunciaram, para que possam esclarecer os reais motivos à sociedade, e dirimir os eventuais boatos que venham a surgir pelas ruas da nossa cidade.

O Valença em Questão espera uma eleição limpa, e deseja boa sorte aos candidatos. E principalmente que os eleitos se preocupem mais com Valença do que historicamente os nossos prefeitos e vereadores vêm se preocupando.

Uma boa leitura e uma ótima reflexão sobre as eleições. Até uma visita em nosso blog, ou na próxima edição, em outubro, já com os nomes dos eleitos.

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Cadê a política?No dia 20 de setembro tivemos um

exemplo de como a política valenciana é decidida não no espaço público, através de debates ou nas eleições. Já há algum tempo, nossa política vem sendo decidida nos bastidores, nas madrugadas, na utili-zação excessiva do poder econômico.

Como explicar que, faltando duas se-manas para a eleição, um forte aspirante ao cargo de prefeito desiste da campa-nha? Vocês conseguem elaborar alguma? Fico imaginando aqueles que, realmente, acreditavam na capacidade do ex-candi-dato de conduzir o desenvolvimento de Valença por quatro anos.

O “realmente” do parágrafo anterior exclui, conseqüentemente, os cabos eleitorais. Essas pessoas venderam sua autonomia de pensamento em troca do

dinheiro. São eles agora que vão falar bem do candidato do “povo”. O que antes fazia parte das promessas do Luiz Antô-nio, vai passar, como num passe de mági-ca, a ser parte do discurso do candidato Álvaro Cabral. Percebam as mudanças das placas eleitorais e a proporção de cabos eleitorais entre os concorrentes ao cargo de prefeito.

Vamos ficar com as pessoas do “re-almente”. O que elas vão fazer? Vão se convencer que o Luiz Antônio tem a auto-ridade para fazê-los votar no Álvaro? Vão anular o voto? Tentarão olhar com novos olhos para o Vicente Guedes?

Todos esses três caminhos nos levam para a pergunta: são os valencianos que estão decidindo a política do nosso mu-nicípio? Em outras palavras: os nossos

candidatos a prefeito estão preocupados com a nossa opinião ou com as pessoas que financiam as suas campanhas?

O caso de Valença mostra que eles estão preocupados com os financiadores das campanhas. Não possuem nenhuma autonomia, são marionetes no teatro dos fantoches. Por que então não fazemos uma campanha intitulada “fora inter-mediários”? Vamos chamar um Picciani e um Graciosa para disputarem a eleição, já que eles, infelizmente, comandam a política de nosso município. Pelo menos não vamos perder tempo com marionetes e vamos assistir aos “verdadeiros” atores desta novela, péssima, da política de Valença.

Sanger Nogueira, professor de História da rede pública de ensino

A algumas semanas das eleições uma cidade no interior do Estado de Rio de Janeiro chama a atenção de todos pela sua peculiaridade. Um a um os candidatos vão desistindo de concorrer ao cargo de governante dessa pacata cidade que possui um pouco mais de 70 mil habitantes. O povo observa incrédulo a essa situação totalmente à margem desse processo e repleto de questionamentos e teorias conspiratórias.

Candidatos a vereadores ficam órfãos, aspirantes a cargos comissionados se lamuriam, um clima sinistro ronda a chamada “Princesinha da Serra”. Em Conservatória escuta-se rumores de alianças contra o “forasteiro”. Em Juparanã atribui-se a retirada daqueles por pendengas judiciais. Em Parapeúna se fala de derrotas assumidas. No distrito de Santa Isabel concluem que há falta de dinheiro nos investimentos de campanha. Já em Pentagna fala-se em acordos com comerciantes. Afinal, o que há?

Escassez de emprego, cultura , educação, saúde e transparência oriunda de décadas de exploração por uma pequena elite dominante orientam a cidade a um possível colapso. Resta

aguardamos o desfecho dessa trama que pode ser a “messianização” dos candidatos que ainda restam ou a mobilização popular negativa ou positiva por parte das massas. A negativa teria como conseqüência um aumento generalizado da violência por parte da camada menos abastada (jovens, principalmente) contra a classe média valenciana e a elite dominante da cidade. Essas duas últimas se caracterizam principalmente pelo seu grau de dependência, sendo a classe média como alicerce do poder da elite impondo aos mais humildes uma estigmatização que os deixa à parte da sociedade em todas as faixas etárias e atividades “culturais” da cidade.

Como se pode atestar, alguns atos antes tidos como bizarros começam a ser “cotidianizados” como: assaltos, invasões domiciliares, brigas entre pessoas de classes diferentes e até assassinatos. Tudo isso reflexo de anos de opressão por esse pequeno grupo de estabelecidos que se utilizam de mecanismos como a Igreja, Escolas, fofocas apreciativas em meios de comunicação locais, troca de favores, dentre outros para submeter os explorados. Essa mobilização negativa viria justamente formar gangues juvenis

na cidade assemelhando-se a muitas cidades pequenas da América Latina que sofreram um processo parecido com Valença.

Por outro lado, a mobilização positiva seria um clima de insatisfação por parte do povo que orientasse a uma junção de todos os explorados como camponeses, profissionais da educação e trabalhadores do comércio. O resultado disso seria algo mais profundo como o ocorrido em Oaxaca no México (união de diversos setores contra uma repressão imposta pelo Estado aos professores) ou apenas uma coisa mais branda com uma conscientização coletiva que desembocaria em apenas alguns atos paliativos.

Cabe a nós aguardamos o final dessas eleições que influenciará diretamente a sociedade valenciana. A elite agora deposita toda sua confiança nos últimos candidatos para que esses angariem votos em torno de suas falácias e da personificação de “mudança”, quando afinal são só “mais do mesmo”.

Felipe Duque, graduando de História (UFF) e Pedagogia (UNIRIO)

E agora?

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Afonso DinizInício da vida políticaFui muito influenciado pelo Padre

Argemiro no momento em que ele estava organizando os movimentos católicos de juventude da Igreja. A Igreja Católica, nessa época, tinha dois lados: o lado do padre Argemiro, mais ligado com os movimentos rurais, e a perspectiva do Padre Barreira, mais ligado aos proprietários de ter-ras. Com o golpe militar de 1964, te-mos a desmobilização de todas essas organizações católicas. Existia até o boato de que o padre Argemiro fosse comunista, o que causava temor aos proprietários rurais.

Eu vi o padre Argemiro sendo preso várias vezes pela Ditadura. Com o fim da Ditadura, o padre Argemiro funda o Sindicato dos Trabalhadores Rurais. Depois de alguns anos no sindicato, eu vou pra cidade de Niterói durante a gestão do prefeito Sílvio Picanço onde tomo contato com a política partidária da esquerda. Em 1988 volto pra Valença e curso a faculdade de Direito e começo a advogar na Justiça do Trabalho.

Todas as minhas candidaturas vieram como uma tarefa do partido. A premissa da Comissão Nacional do Partido era que onde tivesse um di-retório, o partido lançaria candidato a prefeito. O nosso partido sabe que não chegará ao poder através do voto. Temos que aproveitar o momento para levar para a sociedade as suas propos-tas e crescer dentro do município. O único partido limpo, que faz as coisas com seriedade é o PCB.

Se a proposta da candidatura é le-var para a sociedade as propostas do partido, por que o senhor se recusou a participar do debate promovido pelo CONCIDADE?

Essa é a minha quinta eleição em Valença. Eu nunca deixei de participar de nenhum debate em todas essas elei-ções. No entanto, percebi que o debate do CONCIDADE era um palanque para a candidatura do Vicente Guedes. Ele só saiu do cargo de prefeito porque não poderia permanecer, ele não é cidadão valenciano.

Nesse sentido, se você participa

do debate, você está aceitando uma pessoa que não é de Valença. Nós sabemos que esse candidato vem bancado pelo sistema (José Gracio-sa, Moreira Franco, Sérgio Cabral) baseado no uso do poder econômico, na politicagem que nós conhecemos. Isso é muito ruim pra sociedade valen-ciana e o PCB faz parte da sociedade valenciana.

O CONCIDADE também não faz parte da sociedade valenciana?

Sim, com certeza. Tanto é que fui lá explicar porquê não participaria. Se o Plano Diretor da cidade não é o melhor possível, sei da dificuldade de se fazer um Plano Diretor em nossa cidade. A grande questão é saber se a sociedade valenciana quer esse candidato banca-do por todo esse sistema. Eu acredito que não participar do debate foi um ato certo porque, se não fosse isso, nunca o Jornal Local, que é um jornal que tem uma credibilidade, iria falar das propostas do PCB para Valença. Pra efeito de campanha, a nossa candi-datura se beneficiou com a minha não participação no debate.

Sobre seu programa de governoA principal questão de nossa ci-

dade é o desenvolvimento, já que a miséria está crescendo a olhos vistos. Valença não tem necessidade de ter população de rua. Para se ter desen-volvimento é necessário: melhores estradas e uma política que não deixe o dinheiro sair de Valença. Tanto a Normandy quanto a Viação Barra do Piraí não emplacam seus ônibus aqui em Valença, ou seja, nem o IPVA delas ficam aqui em Valença. Mesma coisa com os supermercados e as grandes lojas. Elas deixam de circular o dinhei-ro em nossa cidade.

A nossa cidade hoje sobrevive atra-vés do pagamento da Faculdade Dom André Arcoverde, dos salários dos aposentados e do pagamento da Pre-feitura. A privatização da água e do lixo são exemplos de como o dinheiro público não fica na nossa cidade.

Qual seria a proposta para manter o dinheiro em nossa cidade?

Nós começaríamos com a questão do transporte. Vamos discutir junto com a sociedade e com a empresa o estabelecimento de um preço justo, abaixo do que é praticado hoje em dia. Vamos criar as linhas rodoviárias rurais onde a prefeitura vai subsidiar o custo da passagem. É bom que se comente o abandono que se encontra o meio rural em Valença. A prefeitura vai abrir essas novas linhas.

Transporte de estudantesNosso governo vai partir da pre-

missa do aluno passar o dia inteiro na escola. O transporte escolar é uma obrigação da prefeitura. Eu rei-tero, no meu governo, a gratuidade do transporte para alunos e para os idosos.

Pensando nas escolas em horário integral, teremos uma demanda de novas escolas, aumento dos gastos e do número de profissionais do ensino no município. Como será essa contratação?

No meu governo só vai ter funcioná-rio aprovado em concurso público. Em relação aos funcionários contratados, temos que sentar com eles para ver uma solução. Não podemos eliminá-los, pois todos nós sabemos que eles contam com esse dinheiro no final do mês. Teríamos que ver quantos contratados estão trabalhando na prefeitura atualmente, a qual firma eles pertencem. O que não vamos fazer é colocá-los na rua.

Salário dos professoresVamos ter uma gestão conjunta

com o Sindicato dos Professores. Nosso partido tem como objetivo o fortalecimento dos sindicatos. Nosso governo vai buscar recursos junto à Brasília para aumentar o salário dos professores. Queremos também o funcionamento das creches 24 horas por dia. Vocês sabem que os nossos governantes não querem a instrução do povo, eles fabricam a miséria para se beneficiar com isso.

A declaração de bens que o senhor entregou ao Tribunal Regional Elei-

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Afonso Diniztoral constando o patrimônio de um carro do ano de 1982 no valor de 200 reais é procedente?

O que consta no site do Tribunal Regional Eleitoral é a pura verdade. Viver como advogado numa cidade como Valença não é coisa fácil. Como estou na justiça do trabalho, o prazo médio para uma audiência é cerca de um ano e meio. Dando o exemplo do meu filho, que faz graduação em Direi-to na UFRJ. Isso consome uma despesa enorme o que dificulta a criação de um patrimônio.

Teria algum tipo de restrição ao recebimento de apoio de empresas?

Nos não aceitaríamos as contri-buições de empresas que tenham pretensões de favorecimentos após as eleições. Na eleição passada nós já havíamos recusado a contribuição da Cia. da Água para a nossa campanha. Preferimos manter uma campanha modesta do que aceitar contribuições desse tipo de empresa.

Ganhando a eleição, como compor a máquina pública?

No dia seguinte da eleição estare-mos sentando junto com a direção es-tadual e nacional do PCB para compor os quadros da administração munici-pal. Existem dois partidos que seriam chamados para compor o governo: o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e o Partido Socialista dos Trabalhado-res Unificados (PSTU). A aliança com o Partido dos Trabalhadores (PT) é uma questão a ser discutida. Devemos ob-servar também que existem pessoas muito gabaritadas, mas que não estão filiadas a nenhum partido político.

A q u e s t ã o h a b i t a c i o n a l e m Valença

Eu acho que não existe um percentual especificado, no orçamento de Valença, para investir em política habitacional. Nosso projeto consiste na construção de casas populares no centro da cidade. Isso possibilita que a prefeitura não gaste di-nheiro com a infra-estrutura interna: cap-tação de água e rede elétrica. A prefeitura vai gastar dinheiro com a desapropriação do terreno material e mão de obra.

Temos que puxar o assentamento da Varginha para essas novas habi-tações. É claro que, se tiver recursos orçamentários, nós vamos aumentar o número de casas na Varginha. Não só isso como aumentar o número de alunos na escola e melhorar a infra-estrutura do local.

Qual o projeto político para as juventudes?

Vamos estimular programas de inclusão digital para os jovens. Te-mos que diversificar mais os gostos musicais dos jovens através de dias dedicados a um determinado estilo de música. A rua dos mineiros é um ótimo ponto para intervenções culturais

“Nós, alunos do Colégio Marieta Lopes Ielpo, localizado no bairro de João Bonito, observamos os se-guintes problemas no loteamento Santa Lúcia: falta de calçamento, falta de iluminação pública, falta de capeamento, falta de coleta sele-tiva. Perguntamos ao candidato, se eleito, quais serão as providências a serem tomadas sobre as questões relatadas” *

Esse loteamento citado é totalmen-te irregular. A prefeitura vai buscar junto ao proprietário para que ele faça aquilo que é sua obrigação: cal-çamento, praças. O que não pode é a população sair de casa e voltar com pés sujos de barro. É nossa intenção que o transporte público rode no bairro. Vamos também resolver a questão da iluminação através de diálogo com a Light. A coleta seletiva de lixo é uma obrigação da prefeitura frente a todos os problemas com o meio ambiente que assistimos pela televisão. O serviço de lixo não será privatizado, ficará a cargo da prefeitura. Eu queria deixar uma mensagem pros alunos da Marieta que conversem mais com os pais já que o futuro é de vocês. Não fiquem desa-nimados com os picaretas da política e procurem o melhor candidato.

*pergunta enviada pelos alunos do nono ano do Colégio Marieta Lopes Ielpo.

Dados do candidato

Nome na urna eletrônica:AFONSO DINIZ

Número:21

Grau de instrução:Superior completo

Ocupação:Advogado

Partido:PCB - Partido Comunista Brasileiro - (21)

Coligação:Sem coligação

Valor dos bens declarados:R$ 200,00

Vice-prefeito:José Geraldo Mariano

Fonte: Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Rio de Janeiro

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Álvaro Cabral6

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Vida Política Antes de ingressar na vida política, for-

mei em Medicina em Valença, no início dos anos 80, trabalhei por muitos anos como mé-dico voluntário ao lado da Irmã Albina, com quem fundei uma “farmacinha” popular. Depois, passei a atender em centros espíri-tas. Participei, ao lado de Rogério Fort, da criação do Lar Mei Mei, em funcionamento até hoje no bairro da Água Fria. Saí a can-didato ao cargo de vereador nas eleições de 1988, pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PDT), após recusar muitos convites durante quase 10 anos. Na época, já muito próximo de grupo do Luiz Antônio, por questões de fidelidade partidária, me identifiquei total-mente com o estatuto do PDT, em especial no tocante à educação e ao reparo dos direi-tos das minorias.

Como prefeito, em 1993, fui o primeiro a nomear negros para cargos de secretariado (nas áreas do “Esporte e Lazer”, “Bem Estar Social” e “Educação”) e criei a primeira esco-la para crianças e jovens especiais, que logo se tornou referência em educação em todo O Estado. Governei todo o meu mandato com a Câmara dos Vereadores contra mim, o que dificultou a implementação de vários projetos – ainda assim conseguir fazer 27 km de rede de água. Tentei romper com as políticas de troca de favores em Valença, ao passar a primeira parte do meu mandato reestruturando e saneando o setor admi-nistrativo da Prefeitura. Para acabar com a política “do varejo”, criei a Secretaria de Bem Estar Social, que, através de cadastro e avaliações, garantia à população caren-te algum tipo de benefício, como cestas básicas. Outros obstáculos à minha gestão foram a inflação, que muito prejudicava os pequenos municípios e o “boicote” de parte do funcionalismo público, ligado a grupos político fortes, como o do ex-prefeito de Va-lença, Fernando Graça.

Na sua gestão, houve dois episódios mui-to polêmicos. Um foi de o funcionalismo receber em praça pública e o outro, quan-do você saiu e o funcionalismo ficou três meses sem receber e a cidade ficou também três meses sem coleta do lixo

O Fernando Graça me falou, quando me chamou a uma conversa particular, que eu não chegaria a seis meses de Governo. Durante os quatro anos do meu mandato, aprendi muito com a política da “oposição” e de “boicote” que fizeram contra mim. As-sim que fui eleito, constatei que o Fernando havia contratado em torno de 500 funcioná-rios. Ele fez isso esperando sair vencedor nas

urnas e depois de eleito, demitiria o grupo. Mas como eu ganhei as eleições, eu teria que demitir esse pessoal. E o critério? Pensei, te-nho que ter contato com essa “turma”, tem que causar um impacto pra todos entende-rem que mudou, que o negócio agora seria diferente. E forçar de certa forma as pessoas a se demitirem. Pra pagar esse pessoal e in-denizar, uns e outros, não havia dinheiro. Ti-nha gente de Barra do Piraí que nunca tinha pisado na Prefeitura e recebia por aqui. Com o funcionalismo em praça pública consegui identificar 150 funcionários lotados apenas na Rodoviária. E como fazer pra identificar quem trabalhava e quem não trabalhava? Não foi pra intimidação, mas sim um ato chocante. Porque mais ou menos 20% se de-mitiram. Assim que eu ganhei, todo mundo brigava por uma vassoura, pra mostrar que trabalhava e não perder o emprego. Na pra-ça, eu fui separando uma turminha que era o time que nunca trabalhou. Muitos disse-ram que trabalhariam em qualquer função, então eu disse: “Olha aqui, nossa cidade tá feia, suja, desacreditada. Vão começar na Rua dos Mineiros?” Responderam que sim, então começaram a limpar tudo.

E no final do mandato, o que houve?Quando chegou no final do Governo,

quando eu lancei um candidato a reeleição, eu tinha mais de 60% de aceitação. Aí o que acontece, quando eu indiquei o Manoel Macedo, era um empresário, não era um homem do povão, era fraco. Aí o Fernandão voltou a candidato e pelo PSDB! Marcelo Alencar, PSDB do Governo do Estado; no Go-verno Federal, Fernando Henrique, do PSDB. O Zé Graciosa na época também estava mui-to ligado ao PSDB e ao Alencar. Então, qual foi a estratégia deles? O ICMS vem do Esta-do. Fundo de Participação vem do Governo Federal. Os dois são PSDB, nós temos um candidato aqui. No período de eleição, não repassavam o ICMS. Bloqueavam o Fundo.

Levei 3 anos e 9 meses, dobrei o salário do funcionário, tripliquei o salário do pro-fessor, investi 37% em Educação quando na verdade tinha que investir 25%. Nunca hou-ve atraso e justamente no período da elei-ção, pô?! O Marcelo Alencar com a cara cheia de uísque, disse que eu, quando éramos do PDT, não quis sair com ele pro PSDB e que não teria “colher de chá”, ainda mais que ele disse ter um acordo lá com o “Deputado”, que era o “Zé”, porque o Zé tinha interesse em reeleger o Fernando.

Com o ICMS que não vinha, começou a atrasar o funcionalismo, e o Fernando agindo também com o conhecido boicote

dos funcionários que permaneceram nos quadros da Prefeitura, fiéis a ele. Dentro do Planejamento, tive que trazer o Esquadrão de Bomba do Rio de Janeiro pra desmontar uma bomba que colocaram no pátio da Pre-feitura.. . era boicote pra tudo quanto era lado.... e aí eles começaram, limpeza pública, 5 meses, 4 meses pra terminar o Governo, os funcionários não obedeciam aos secretários. Eu tive que cobrar mais do pessoal que esta-va do meu lado, que ficaram porque ganha-vam mais do que na época do Fernando. Eu criei a imagem da limpeza na cidade e eles queriam, politicamente, queimar a minha imagem. Mas só nos últimos meses ficava claro que havia algo por trás, porque se eu fosse um mal gestor, teria atrasado um ano inteiro ou mais.

Educação em Valença Hoje nós temos um problema que é um

grande desinteresse do jovem, com atraso, evasão, professor desestimulado e falta de conteúdo programático e pedagógico ade-quado aos jovens e à realidade do mundo. Nós temos uma distorção entre a série e a idade do aluno. Alguns deles têm que traba-lhar, aí já ficam desestimulados, porque teve políticas aqui que fecharam escolas na zona rural. É preciso investir para que o aluno se interesse mais pela Educação e o profissio-nal se sentir mais valorizado, melhorando a questão salarial. Eu tive essa visão tanto que eu dobrei o salário do professor no primeiro ano de Governo, mas não fiz politicagem com isso. Reformamos todas as escolas e ainda fiz mais quatro escolas, uma delas para criança especial que ninguém nunca tinha pensado nesse lado.

Resolvi criar uma escola municipal para crianças especiais para obrigar todo pre-feito, depois de mim, ter que dar psicólogo, professor, pedagogo, médico, psiquiatra, en-fim, toda aquela infra-estrutura que precisa uma criança especial e merenda escolar! Ter estrutura pra funcionar, tanto que eu infor-matizei, 13, 14 anos atrás. Era uma escola de referência aqui no Estado. Hoje é o contrário, tá sem merenda, sem apoio, a última pintura quem deu fui eu, quando inaugurei.

No campo da educação tem dois grandes nomes que eu admiro: Darcy Ribeiro e Cris-tóvam Buarque. O Darcy foi um cara que es-tava à frente da época dele. Se hoje os CIEPs estivessem funcionando em horário integral, teríamos menos jovens nas ruas. Lógico que tem que ter uma infra-estrutura.

Fiz mestrado em educação e fui estudar as políticas na área da educação aqui no país. Minha visão é de que a educação é a mola-

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Dados do candidato

Nome na urna eletrônica:DR. ÁLVARO

Número:10

Grau de instrução:Superior completo

Ocupação:Médico

Partido:PRB - Partido Republicano Brasileiro - (10)

Coligação:PRB / DEM / PTC

Valor dos bens declarados:R$ 219.000,00

Vice-prefeito:Aderly Valente

Fonte: Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Rio de Janeiro

Álvaro CabralAno IV nº 34, Valença, 2008

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mestra. Nos países que dão certo, tudo é a educação, a educação continuada. O profes-sor hoje tem que entender que ele é mais um orientador do estudo, no ato de selecionar o que é bom e o que não bom. É dar a visão dele sobre aquele assunto, contando aí, a sua ex-periência, que é o que o jovem não tem.

Eu vou criar um site do Professor para que eles possam fazer intercâmbio. Eu acho que pelo menos um dia da semana o professor não teria que dar aula, seria pra ele se capa-citar, ter aula à distância. A cada capacita-ção, o professor tem que ter uma pontuação pra ganhar mais, sempre incentivando. E também aumentar o número de bibliotecas na cidade.

Penso em criar um pós-Ensino Médio Téc-nico, para levar o jovem para o mercado de trabalho, orientando como ser empreende-dor, a usar as novas tecnologias, da internet. Com uma Agência Municipal de Desenvolvi-mento, que signifique fomento ao desenvol-vimento aos pequenos empreendedores, aos produtores e também ao comércio.

Agricultura e o homem do campo Eu vou criar um programa voltado ao ho-

mem do campo. Porque hoje a idade do ho-mem do campo é de 50, 60 anos de idade, por-que os jovens estão na cidade. Assim vai falir, vai acabar. Então você tem que colocar o currículo nas escolas rurais, com as questões voltadas ao agronegócio, à questões que são do pequeno produtor, que é a vivência deles lá e pra manter o cara lá. Hoje temos muitas políticas públicas pra isso, tem o PRONAF [Programa Nacional de Desenvolvimento da Agricultura Familiar], o Plano Safra [da Agri-cultura Familiar], O PRONAF estimula a com-plementação de renda pro homem do campo e mexe com a questão da alimentação. O es-toque hoje do Brasil é de 1,6 milhão de tone-lada de alimento; o Governo do Lula quer jo-gar pra 9 milhões de toneladas de alimento. Então eles estão estimulando muito isso aí, muito recurso por causa dessa questão.

Eu trouxe um modelo de Agricultura Or-gânica para Valença, que ninguém sabia o que era isso. Hoje o mundo inteiro fala nisso, os produtos orgânicos são mais valoriza-dos. Teve Encontro Regional de Agricultura Orgânica, há 15 anos atrás. Eu sabia que ia incomodar o Waldir Moraes, os pecuaristas, que acham que a agricultura não existe, que o mundo não precisa de alimento! O próprio pessoal da pecuária que me criticava não achava solução pro sangue que saía de toda matança do matadouro do Waldir Moraes que poluía o rio da cachoeira de Pentagna. A solução veio da Agricultura Orgânica. Meu

secretário foi ao Rio, importou um programa da Igreja Católica no qual se previa o reapro-veitamento do sangue como adubo orgâni-co para a agricultura. Acabou a poluição do rio. Então foi um tapa de luva no pessoal que criticava isso aí.

SaúdeTemos que trazer novas referências para

o Município. No Hospital Escola, nós temos vocação para o ensino, temos que ter pes-quisa. A minha intenção é trazer Traumo-Or-topedia-Buco-Maxilo, UTI Neonatal, investir na área de medicina vascular e uma outra é trazer medicina hiperbárica, que é tratar várias doenças com oxigênio a 100% em um ambiente enclausurado.

Habitação O Governo do Estado tem projetos de

habitação. Governo Federal, também. Tem o Plano Nacional de Habitação. Tem o Ha-bitar Brasil 1, Habitar Brasil 2, Pró-Moradia, Agro-Vilas e projeto de reforma em casa de família de baixa renda. Eu vou buscar esses recursos todos. Habitar Brasil 1 no Vadinho Fonseca, eu já fiz esse. Montar projetos e ter um político forte, pra liberar, que eu tenho, que é o Senador Crivella. Então, estamos com a faca e o queijo na mão pra poder tra-zer projetos de moradia.

Ocupação Gisele LimaAquilo ali chama-se imbróglio. Imbróglio

que o Luiz Antônio e o Fábio Vieira causaram ali. Porque o projeto quem começou fui eu, eu comecei a terraplanagem pra construção de casa popular, montei o projeto, perdi o Governo. O Paulo César (secretário de Obras e engenheiro) levou pro Fernando, que não tocou aquilo. Levou pro Luiz Antônio e ele tocou pra frente. Algumas casas foram im-plantadas ali, mas de péssima qualidade. Aí a Rosinha e o Garotinho, quando aqui es-tiveram, disseram que já haviam mandado dinheiro pra lá, mas que não sabiam o que tinha sido feito. Aí o Fábio “autorizou” o pes-soal a invadir, veio gente da Baixada Flumi-nense, um imbróglio, tá um rolo danado, ali tem que fazer projeto de moradia, reavaliar, uns invadiram outros foram sorteados. O déficit habitacional no Município é enorme, a minha idéia é de 300 a 500 casas por ano para uma política habitacional.

Virou um grande ícone de luta pela ha-bitação, não pode ser simplesmente igno-rado

Como o prefeito de Rio das Flores falou que aquilo ali virou uma favela, ofendendo as pessoas que estão ali e ofendendo aos moradores da Varginha.

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Vicente Guedes8

Ano IV, nº 34 Valença, 2008

Início na vida políticaFui prefeito em Rio das Flôres por três

mandatos. Quando fui reeleito e deixei a prefeitura em abril de 2008 para concorrer às eleições em Valença. Principalmente nessa segunda gestão, procuramos adotar um modelo de administração de gestão participativa e transparente e tendo como um dos principais pilares o planejamento, a transparência e a participação da popu-lação. Foi baseado nesses três eixos que governamos Rio das Flôres nesses últimos sete anos. Tudo que foi realizado lá nesse período, foi feito atendendo aos anseios e desejos da população.

Qual o caminho para descobrirmos

uma nova vocação econômica em Valença? Nosso problema é a falta de atualiza-

ção do parque tecnológico. Esse parque não foi atualizado na área de manufatura-dos têxtil. Isso acarreta um custo de produ-ção elevadíssimo. Acho que é um segmento que pode ser reativado. Temos que difundir a idéia da questão das confecções, como tem em Petrópolis um grande turismo de negocio em função da malharia; como em Friburgo tem um pólo de moda íntima. Nós podemos fazer da Nilo Peçanha um grande centro comercial. Falta talvez uma cadeia de ações, que integre poder público, incluir aí a melhoria na questão da logística, me-lhorar os acessos, melhorar a questão da tecnologia da informação, uma série de fatores.

Eu acho que Valença tem potencial para se tornar um centro de referencia em saú-de. Temos aí uma faculdade de medicina. Valença já tem uma grande população na terceira idade, e é uma cidade atrativa. Se tivermos um serviço de excelência em ge-riatria, geriontologia, isso é muito impor-tante.

Na área de serviço, a gente pensa em discutir a questão de um pólo tecnológico. Na área rural, eu vou estar reunido na Em-brapa com o setor produtivo para discutir-mos a tecnologia de produção na área da pecuária, a questão de transferência de embrião. Temos terra para a produção dos biocombustíveis. Tem que ter uma política industrial, porque nós não temos. Não te-mos uma política de formação de mão de obra, de ensino profissionalizante. E nós temos que fortalecer as micros e pequenas empresas do município. Não adianta atrair uma confecção, por exemplo, que vá gerar 400 empregos, porque nós não temos mão

de obra qualificada. Então acaba por de-sempregar as pequenas. Nós estamos aqui no eixo Rio x São Paulo x Belo Horizonte, que produz quase 60% de tudo que se pro-duz no Brasil, nós temos que ter a compe-tência necessária para atrair investimen-tos para o município. Hoje o que qualquer empresário quer é a mão de obra qualifica-da, preparada.

Como trabalhar a questão da política agrária se as terras continuam concen-tradas nas mãos de poucos?

Essa é uma questão extremamente complexa. Não dá pra dizer que há uma solução em curto prazo. Porque os grandes latifundiários, que não possuem o recurso para investir, ou eles buscam parceiros que possam ser investidores nessa área ou en-tão eles vão ter que buscar os pequenos parceiros, arrendando a propriedade e re-cebendo como pagamento a produção. O que existe também, ainda que seja um gru-po menor, são as pequenas propriedades da agricultura familiar, nós precisamos é criar um programa de regularização des-sas propriedades. Muitas vezes eles ficam impossibilitados de obter financiamento por problemas com titularidade da área. Eu não tenho uma solução a curto prazo pra solucionar esse problema. Eu acho que futuramente, o próprio Ministério do De-senvolvimento Agrário vai acabar vendo a questão dessas terras ociosas e está lá na Constituição muito claro, a questão da fun-ção social da terra.

Qual a resolução para você da Ocupação Gisele Lima, na Varginha?

A primeira coisa que tem que se fazer é dar uma definição, a questão da regula-rização e urbanização. Eu construí 450 ca-sas em Rio das Flores e nunca indiquei um morador. Lá nós tínhamos uma comissão para decidir de acordo com os critérios es-tabelecidos. E agora nós temos o Conselho Municipal de Habitação de Interesse So-cial. Minha função é construir as casas e o conselho seleciona as famílias. Nisso é que é importante a participação da população.

Inclusive eu fui mal interpretado e me preocupou muito, porque no meu enten-dimento estão querendo favelizar aquela região. As construções naquela região mais acima, em áreas que não se conseguiria li-cenciamento ambiental, não sou contra, mas acho que tinha que dar uma solução para aquelas famílias.

Amanhã pode correr risco de desaba-mento e vitimar uma família, se não forem tomada as medidas necessárias. Até porque qualquer empreendimento que a prefeitu-ra desejar fazer com financiamento federal hoje, de habitação popular, a primeira coisa que tem que ver é se aquela área vai aten-der as exigências da legislação ambiental. Se não, não conseguimos financiamento. Mas tem que ser urbanizada.

A Varginha não seria um ponto inicial para discutirmos habitação em Valença?

Temos que concluir aquilo que não está concluído. E dar solução para aquilo que foi pactuado e não está sendo cumprindo. Se foi pactuado que tem que se construir mais 40 casas, vamos construir as 40 casas. Eu es-tou tentando dialogar, mas não estou con-seguindo, por conta da politicagem. Eu não consigo estabelecer um diálogo com eles, já tentei ir lá umas três vezes e não consegui. E é gozado, porque, sem querer desmere-cer ninguém, eu sou o único candidato que tem uma política habitacional. Nesses sete anos, entreguei 270 casas, reformei 420. Dessas 270, boa parte com energia solar. Já que não conseguiram entregar essas, eu quero ir lá mostrar a experiência. Ajudar. Mas não consigo diálogo.

Como é o seu diálogo com os movimentos sociais?

A gente vem de uma linha progressista, de esquerda. Meu irmão (Padre Medoro) que é uma pessoa que me ajuda muito, tem esse cunho socialista. Então eu posso dizer que nos contatos que eu tive com grupos, que foram em reuniões isoladas, nosso en-tendimento foi muito bom. Com a questão do trabalho da terra, com esse pessoal con-segui dialogar. Estive no mutirão, no Vale do Sol. Estou com uma reunião marcada no Vargas, atendendo aquelas demandas que já colocaram, a questão da mecanização, do apoio para insumo, numa política de gestão de comercialização. Isso tudo nós já discutimos e foi muito produtivo. Eles no-taram que nós temos uma experiência. Em Rio das Flores tinha um programa que se chamava ‘nossa terra – quem produz mais, vive melhor’, que é um programa que nós queremos trazer pra cá, que nós ganhamos inclusive um premio em Cuba, que foi um programa de educação para a saúde, por-que a gente ajudava esses trabalhadores a produzir e eles produziam em quantidade, e mandávamos um pouco para as escolas

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Dados do candidato

Nome na urna eletrônica:VICENTE GUEDES

Número:20

Grau de instrução:Superior incompleto

Ocupação:Servidor Público Estadual

Partido:PSC - Partido Social Cristão - (20)

Coligação:PSL / PD do B / PTN / PTB / PP / PMN / PSC

Valor dos bens declarados:R$ 228.208,76

Vice-prefeito:Dilma Dantas

Fonte: Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Rio de Janeiro

Vicente GuedesAno IV nº 34, Valença, 2008

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e as crianças bem alimentadas tinham um desenvolvimento melhor.

EducaçãoSe eu for eleito, vou ser eleito por quatro

anos. Então é possível criar um programa de escola integral com a duração de três anos, por exemplo. Como é um programa, não se pode contratar um professor pra um programa. Você não sabe se esse programa vai continuar. Então, nós teríamos meca-nismos de contratar as pessoas por prazo determinado. Se isso se consolida, nós te-mos outro caminho que é trabalhar parce-rias para estabelecer esse projeto.

A primeira coisa, no entanto, é revisar essa concepção de escola integral. A ques-tão da rede física vai ter que ser reavalia-da, até porque é um sonho meu e da dona Dilma, construir nesses quatro anos pelo menos duas escolas rurais. Não é escola na zona rural não, é escola rural, com toda uma filosofia para a área rural, inclusive na área cultural. Aí entraria também essa questão de horário integral. Mas não é uma escola de 1ª a 4ª série, é uma escola que a principio a gente levaria até a 8ª série e na possibilidade de um convênio com o gover-no do estado, de estender um segundo grau profissionalizante. Talvez até uma parceria com a FAA. Porque a FAA também tem que se voltar para o povo, eu acho ela um pou-co de costas para nossa realidade. Assim como o governo, a FAA está aí para atender a população.

Em relação à FAA, há interesse em se discutir o seu estatuto ou torná-la pública?

Meu sonho, não sei se consigo, é torná-la uma instituição pública. Não foi criada a UENF por articulação política? Nós temos um vice-governador que é da nossa região. Não estou falando que vou fazer, mas vou me articular para isso. Ela teria que passar por uma reestruturação. Independente desta discussão, conversei com o Pezão em Conservatória e discutimos sobre levar um pólo do SEDERJ para Conservatória e talvez para Valença também. Oferecer cursos que não tem na FAA. Há essa oportunidade de trazer a UAB (Universidade Aberta do Bra-sil) também. Há a idéia de trazer uns dois ou três CVT (Centro Vocacional Tecnológico) para Valença.

Quanto à questão da privatização da água, qual vai ser sua postura?

Vou rever tudo. Cumprir o que está no plano diretor. Acredito que pra resolver essa questão vai ser necessário um inves-timento na ordem de 40 milhões de reais. O ultimo planejamento em abastecimento de água foi na gestão do Benjamim Ielpo e Luis Jannuzzi. Não temos um plano diretor de abastecimento.

Como pensar geração de emprego e renda e qualificação profissional para a juventude ?

Temos que ter programa de qualificação profissional. Tornar nossas escolas atrati-vas para os alunos e professores. Dona Dil-ma está desenvolvendo um projeto na área de cultura que vai interessar à juventude. Há também a questão do esporte, do lazer. A idéia é trabalhar com o Ministério do Es-porte, fazer aqui uma boa pista de atletis-mo. Eu acho que Valença tem um potencial de se tornar referência de cultura. E temos que criar critérios para a doação de bolsas para a FAA pela prefeitura.

Para encerrar, as grandes contrapo-sições da sua candidatura são o fato de você não ser Valenciano, e a outra foi o escândalo do cargo na Alerj, e agora das terras do Julio Vito.

Os contracheques dos três jornais, são três contracheques diferentes. Só posso dizer que aquilo é falso, não tem um jorna-lismo responsável. Sou funcionário da Alerj, mas não sou fantasma e nem marajá. En-trei na Assembléia com prova interna, an-terior à Constituição de 88 quando se podia ingressar em serviço público sem concurso. Entrei na época em que o Fernando Miguel foi deputado, não na época do Graciosa, como foi dito. Quanto à questão do Julio Vito o que aconteceu foi que ele tinha um teto de terra que ele poderia ser proprietá-rio e ele quis ser proprietário demais. Nós trabalhávamos na Santa Rosa e ele pediu a um grupo de funcionários que requeressem, não comprassem, posse do INCRA. Passado um período, houve um incêndio no cartório e a justiça federal se manifestou para que se houvesse interesse em dar continuidade à posse daquelas terras que se manifestas-se. Ninguém se manifestou, entendeu-se que ninguém seria proprietário. Quando for chamado a depor, vou dizer que nunca fui ao Pará, nunca declarei um palmo de terra lá. Quero dizer que houve uma frau-de, como foi fraudado não serei leviano de antecipar. Mas é fraude.

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Vivili MarquesO que a levou a ser candidata e

qual seu histórico político?Bem, entrei na política em 96. Fui

convidada pelo então prefeito Fernan-do Graça a me candidatar a vereadora, para complementar a porcentagem de mulheres para a chapa.

Fui então participando do processo e vendo como as coisas desencadea-vam. Naquele primeiro momento fui candidata e não pedi nenhum voto, devolvi todos os 5 mil santinhos ao ‘seu’ Fernando, porque eu entendia que se ele me deu e eu não gastei, eu tinha que devolver. E obtive 98 votos.

Daí eu pensei: se existem 98 pesso-as que acreditam em você, sem fazer campanha, me despertou. a vontade de ser prefeita de Valença, essa von-tade brotou no meu coração, porque dessa forma eu vou conseguir fazer as coisas caminharem com justiça, trans-parência e responsabilidade.

E continuei minha caminhada po-lítica sendo candidata a vereadora também em 2000 e 2004. Até que em 2007 o deputado Edson Albertassi fez o convite para eu ser candidata à prefeitura. Daí acreditei que meu trabalho estava sendo valorizado. Trabalhei na cultura, quando o Miú-ra me convidou para que eu estivesse à frente do casarão. Depois fui orien-tar o Onça a cortar árvores em Valen-ça.

Até que fui convidada para a pro-moção social e comecei a desenvolver o Cemapo (Centro Municipal de Assis-tência à População de Rua). Conse-gui fazer o projeto junto ao Centro Espírita. E tentei disponibilizar jun-to à prefeitura os profissionais qua-lificados para o funcionamento do Centro e infelizmente esse projeto não foi levado adiante, por conta da política, porque eu seria candidata a vereadora.

Como é feito o financiamento da sua campanha?

Ainda bem que não temos esse rio verde que se apresenta nas outras candidaturas. Porque esses empre-sários que investem, investem com o

intuito de receber algo em troca futu-ramente, uma contrapartida. A minha campanha é financiada através de colaborações das pessoas, os carros de som são amigos, as pessoas se ofe-recem para caminhar junto comigo. Que acreditam que nossa candidatura é uma luz no fim do túnel. Quem tam-bém nos ajuda é o deputado Edson Al-bertassi.

Qual o seu programa sobre educação?

Eu sou professora, pedagoga, psico-pedagoga. A primeira atitude pra mim é reabrir as escolas de zona rural, mas não aceito de forma alguma turmas multiseriadas. Mas já me questiona-ram que eu iria gastar muito, porque eu iria ter quatro professoras por tur-ma dando aula para dois ou três cada. E eu não vejo isso como gasto, vejo como investimento. E outra, eu não posso tratar os alunos da zona rural de forma diferente dos que o da zona urbana.

Na Associação Evangélica no Espa-ço de Jesus criamos uma escola que eu fui diretora e minha primeira pre-ocupação foi dizer que a escola pre-cisava de um pediatra, de um fisiote-rapeuta, de um fonoaudiólogo e uma nutricionista, e as creches hoje não oferecem nada disso, nem orientador pedagógico!

É necessário investir em escolas de tempo integral, porque é a possibili-dade das mães deixarem os filhos se-guros. Já que as mulheres em Valença têm grande facilidade de conseguir emprego, como faxineira, para tomar conta de criança e etc.

Também tem esse plano de carreira aceito agora, que tem que ser revisto. Porque daqui a alguns anos estare-mos ganhando um salário de novo. E junto com o plano de carreira tem que ser revisto o regimento. Nós mon-tamos um projeto que é o Escola da Família, que tem como objetivo abrir as escolas aos sábados e domingos e também nas férias de 8 as 17 horas. E qual é o gasto disso pra prefeitura? É só a equipe, e os benefícios são todos pra sociedade. E verba tem, estadual

e federal, mas são perdidas por irres-ponsabilidade. Não adianta ser ami-go do presidente, do governador, já ter sido prefeito e não querer fazer, falta vontade e amor que eles não tem. E eu posso garantir que isso eu tenho. E é possível se governar com transparência, com responsabilida-de, com amor, porque nós amamos esse povo.

E os projetos para a saúde de nossa cidade?

Cada real investido na saúde vai ser por uma saúde de qualidade, e que ao invés de construir é melhor dar qualidade àqueles que já existem com profissionais de qualidade e com equipamento para eles exercerem um bom trabalho. Porque ficamos na de-pendência do funcionamento dos pos-tos, que pouco funcionam, mas que na nossa gestão vão funcionar todos os dias 24 horas.

Em relação à falta de trabalho em Valença, quais são as soluções apon-tadas por você? Uma de nossas ações é o primeiro emprego, reduzindo taxas para aqueles que empregarem jovens. Vamos fazer investimentos também na área de esporte, cultura e lazer. Que hoje os governantes encaram isso apenas como um gasto e não obser-vam que isso resgata os jovens, que é na verdade um investimento.

Pretendo também criar escolas profissionalizantes e fazer parcerias com a FAA para aproveitar o potencial dela. Temos em Valença uma grande diversidade cultural e isso não é apro-veitado, não se investe nisso. É um descaso! Vamos formar uma secreta-ria de juventude e uma coordenadoria das associações de moradores porque são eles que conhecem a fundo todas as necessidades de cada bairro.

Vou provar que uma Vivili sem so-brenome - o que parece ser essencial em Valença é de qual família você é – é capaz de fazer uma gestão da me-lhor forma para o povo, sendo ela to-talmente democrática, e fazer Valen-ça voltar ao desenvolvimento. Meus secretários serão aqueles que serão bons para o povo, com o prazo de seis

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Ano IV nº 34, Valença, 2008

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Dados do candidato

Nome na urna eletrônica:VIVILI

Número:28

Grau de instrução:Superior completo

Ocupação:Professora de Ensino Fundamental

Partido:PRTB - Partido Renovador Trabalhista Brasileiro - (28)

Coligação:Sem Coligação

Valor dos bens declarados:R$ 60.000,00

Vice-prefeito:Zezinho

Fonte: Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Rio de Janeiro

Vivili Marquesmeses para mostrar serviço. Porque a precariedade dos serviços é culpa tan-to dos gestores quanto dos secretá-rios, que são postos lá não porque são bons e sim por conchavo. Meu compro-misso é com o povo, não sou técnica e nem tenho que ser técnica, tenho que ser gestora. Os técnicos serão meus secretários.

Qual o seu projeto em relação à Fundação Educacional Dom André Arcoverde?

Lei pra mim é pra ser cumprida, tem que se fazer valer o estatuto e o regimento da FAA. Nós vamos sentar e conversar com os dirigentes da Funda-ção e mostrar para eles a importância da FAA para o povo. E o povo só tem a ganhar, pois vamos agir sem politica-gem e sem jogo de interesses.

Quais devem ser as formas de investimentos para que Valença encontre sua vocação econômica?

Nós vamos direcionar para todas as áreas possíveis, principalmente a agrícola. Vamos investir muito nas zo-nas rurais e proporcionar um meio de geração de renda a eles. Nós também somos a segunda maior bacia leiteira do estado. O secretário de agricultura vai ser indicação dos próprios agricul-tores.

Nós vamos fazer valer o plano dire-tor para habitação e conversaremos com esses grandes latifundiários para saber quais medidas devem ser toma-das. Vamos investir também no patri-mônio cultural da cidade, nos nossos monumentos que estão destruídos. O casarão, por exemplo, serve de base de apoio para placa de candidatos, nunca vou colocar uma placa minha lá. É um desrespeito!

Qual seu projeto habitacional para a cidade e em especial sobre a ocupação Gisele Lima, na Varginha?

Uma coisa que sempre me preocu-pou foi a não continuidade das obras de um governo para o outro. Com esse olhar, a partir de primeiro de janeiro tudo o que não foi feito nós vamos fazer lá. Sabemos que em outubro foram liberados 117 mil reais para o termino das casas populares do Va-

dim Fonseca, e até hoje nada. É falta de respeito! Não tem compromisso, não tem transparência com as verbas públicas. Não se investe no sanea-mento, em estrutura, em nada. A le-gislação diz que é responsabilidade do município o saneamento básico, e eu vou cumprir a lei. Nós queremos propor um êxodo urbano, dando con-dições necessárias para as pessoas no campo. Queremos agrovilas, com estrutura. Só que não vou dar nada, porque quando é dado não se valori-za. Vou fazer um financiamento das casas.

Como você vê a privatização dos

serviços públicos, como a água e o lixo por exemplo?

Tudo que é terceirizado objetiva o lucro. E nós vamos voltar a dar caráter publico aos serviços, porque havendo lucro, esse lucro volta para a popula-ção e não vai para as mãos de empre-sários.

Deixe uma mensagem final para os leitores do Valença em Questão

Vamos buscar a felicidade do povo valenciano. Eu quero fazer o povo va-lenciano voltar a sorrir.

E se for da vontade de Deus eu vou fazer como prefeita, com muito res-peito e seriedade, esse povo feliz de novo. Porque não estamos disputan-do uma eleição, estamos disputando uma geração, porque através das mu-danças que vamos realizar mudará a vida de toda essa geração que esta sem perspectiva. Que Deus abençoe a mim e aos outro candidatos para que possam fazer uma campanha justa e com amor.

É como eu falo para vocês jovens: oportunidades na vida nós não po-demos perder, pode ser qual ela for, abrace ela, faça o que esta no seu co-ração. E como isso já estava no meu coração e como eu creio num deus que tudo é em seu tempo, vi que essa era a minha hora. No meio desses que já tiveram suas oportunidades, eu possa vir a ser candidata para dar uma pers-pectiva aos jovens e à cidade. Sempre com justiça, respeito e transparência, que é o que o povo precisa.

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12Ano IV, nº 34 Valença, 2008

Teoricamente, quando se tem um quadro eleitoral tão polarizado, ou seja, com algumas candidaturas com possibilidade de vitória, a regra de pen-samento é que essas candidaturas bro-tem de setores diferentes da sociedade, além de divergirem na linha ideológica e prática.

Espantosamente não é o que ocorre em Valença. As quatro candidaturas que tinham potencial vitorioso são todas do campo conservador, regidas pelo per-sonalismo, em que o próprio candidato ou seu grupo político já participou das esferas de poder do município. Em nada contribuíram para o desenvolvimento da localidade, apenas acentuaram a exploração da classe trabalhadora, fa-zendo com que Valença seja um grande bolsão de pobreza e um claro exemplo das políticas assistencialistas e per-sonalistas com objetivo de se manter como classe dominante e se perpetua-rem no poder.

Devido a essa falsa polarização, o que mais percebemos nesse momen-to pré-eleitoral em Valença é a lógica do voto no “menos pior”. O que é por demais perigoso, porque nem sempre o “menos pior” é o melhor; ou ainda, o “menos pior” pode ser tornar o pior num futuro bem próximo, já que há uma li-nha muito tênue que os separa.

A pequena diferença entre estes can-didatos está clara com as renúncias que estamos presenciando. Recheadas de obscuridade e provando mais uma vez que a força do capital desrespeita e oprime as pessoas, essas candidaturas não foram construídas através de um programa voltado para as necessidades da população, e sim com objetivo único de exercer um projeto de poder voltado para o interesse particular e dos grupos que estão fraudando o processo eleito-ral em Valença. Processo este viciado, marcado pela compra de votos, pela an-tidemocracia, pela despolitização e pela falta de programas e iniciativas concre-tas e emancipadoras para o município e classe trabalhadora valenciana.

Vale fazer uma ressalva que não existem somente essas candidaturas. Há de se levar em conta também as candidaturas com menos recursos, que aparecem menos, que por motivos ób-vios, não fazem parte do mecanismo de cooptação burguesa. Talvez essas candidaturas possam aparecer com uma nova possibilidade e uma nova perspectiva de se fazer política em Va-lença, mostrando viável uma nova al-ternativa, ou não.

Está óbvio que Valença não precisa mais de personagens que vão solucionar pessoalmente toda a problemática que envolve o município. Enquanto essa po-lítica personalista que sempre nos en-volveu continuar, não encontraremos soluções viáveis para a juventude, para o campesinato, para o desemprego, para habitação, enfim, para tan-tas demandas so-ciais que se fazem presentes hoje em nosso município.

Portanto, é fundamental que abandonemos os personagens (já que por trás deles há um forte grupo político) e as pro-messas eleitorei-ras e nos atenha-mos na questão programática e no histórico político dos candidatos. Pois, a partir do programa teremos a sensibilidade de perceber qual o comprometimen-to dos candidatos com as verdadei-ras necessidades que o município

Reflexões eleitorais

e a sociedade apresentam. E, obser-vando o histórico poderemos analisar o que eles já realizaram ou deixaram de realizar em Valença. Uma Valença que precisa de uma revolução política para tomar um caminho de mudanças estruturais com desenvolvimento al-ternativo para a construção de uma sociedade justa, democrática, frater-na, sem exploração do homem pelo ho-mem, focalizando sempre no caminho anticapitalista.

Pois tanto em Valença, como no Bra-sil, na América Latina e no mundo não há espaço para a conciliação de classes!

Danilo Neves Vieira Serafim, estudante de Direito da FAA

015, pede pra sair!!!

É a tropa da política em Valença

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Num intervalo de poucos dias, dois dos principais candidatos à Prefeitura de Valença desistiram da disputa. Com os abandonos de Fábio Vieira e de Luiz Antônio (que, diga-se de passagem, de-vem explicações públicas mais pormeno-rizadas dos motivos das desistências), novamente o jogo eleitoral valenciano parece concentrar-se majoritariamente em apenas dois pólos. Com todo o res-peito às demais candidaturas para além destes dois pólos (candidaturas tão le-gítimas quanto quaisquer outras), nes-te momento nenhuma pesquisa aponta uma zebra que leve à vitória algum dos candidatos com menor visibilidade no processo eleitoral.

Não tenho a menor pretensão de emi-tir aqui um juízo de valor sobre qualquer candidatura – o espaço que me foi fran-queado no Valença em Questão deve ser utilizado para discutir questões que julgo socialmente relevantes, mais do que para apresentar minhas preferên-cias políticas. E uma questão que julgo absolutamente relevante, reforçada pe-las recentes desistências, é a recorrên-cia com que a política de Valença acaba desaguando na surrada fórmula “nós” contra “eles”, “amigos” contra “inimi-gos”, “grupo A” contra “grupo B”.

Depois de décadas em que dois gru-pos políticos – capitaneados por Fer-nando Graça e Luiz Antônio (ou nomes por eles apoiados, como José Graciosa e Álvaro Cabral) – praticamente mo-nopolizaram a política valenciana, as eleições de 2008 pareciam ter como no-vidade o fato de que pelo menos quatro candidaturas insinuavam-se minima-mente competitivas.

Mesmo com escassez de nomes no-vos (todos estes quatro principais can-

didatos já tinham sido ou eram então prefeitos, aqui ou alhures) e mesmo com escassez de práticas eleitorais efetiva-mente renovadoras, um cenário eleito-ral com muitas candidaturas compe-titivas permitia antever que a disputa traria alguma possibilidade de discus-são sobre a cidade. Uma campanha com muitos candidatos competitivos - neces-sitando de diferenciação, precisando falar aos mais variados segmentos so-ciais, demandando uma multiplicação de foros de debate – talvez permitisse que o município finalmente refletisse sobre temas fundamentais.

Muitos pensavam (mesmo aqueles que não viam tantas diferenças assim entre os candidatos) que, bem ou mal, tinha acabado uma era em que a políti-ca valenciana operava apenas por nega-ção: dado que um eleitor considerava o “grupo A” pior, votava no “grupo B”, tido como menos ruim. Numerosas eleições em Valença definiram-se por esta lógica – uma lógica pouco afirmativa e pouco politizante, baseada numa simplifica-ção das complexidades e das possibili-dades da política.

Esta era não acabou. Mais uma vez a eleição valenciana transforma-se num jogo com pouca diversidade. Mais uma vez as candidaturas principais constro-em motes discursivos centrados na de-núncia do suposto desastre que seria a vitória do outro lado – e deixam de lado a real discussão sobre como tirar o mu-nicípio do buraco. Mais uma vez a políti-ca valenciana apresenta-se em contras-tes de preto e branco: desconsideram-se os milhares de tons intermediários que permitem, no sempre bem-vindo exercí-

cio do dissenso, a produção de consen-sos mínimos.

E, mais grave, reitera-se a prática de uma campanha com baixa participação da sociedade civil, com baixa densidade de debates ideológicos, mas com inten-sa presença da claque remunerada e com gastos certamente difíceis de justi-ficar nas prestações de contas (por falar nisso: de onde vem o dinheiro?). É pena, talvez estejamos perdendo uma boa oportunidade.

Longe de ser um artigo derrotista, a presente argumentação tenta apenas chamar a atenção para o fato de que não se consolida uma boa democracia só com eleições. Elas são indispensá-veis, necessárias, mas não suficientes. Precisamos de vida cívica. Precisamos de uma sociedade disposta a criar solu-ções – seja cobrando do Poder Público, seja atuando na esfera pública.

Precisamos de bons prefeitos e bons vereadores, mas precisamos igualmen-te de cidadãos que não negligenciem es-paços de participação na vida coletiva. Que os eleitos no dia 5 de outubro, quais-quer que sejam, recebam da sociedade não um cheque em branco e a autoriza-ção para governar junto aos “amigos” e contra os “inimigos”. Que recebam a ad-vertência de que foram eleitos para ad-ministrar Valença – e de que pelo povo organizado deste município serão devi-damente acompanhados e cobrados.

Paulo Roberto Figueira Leal, doutor em Ciência Política e professor da UFJF

E a velha lógica binária se reinstala na política

valenciana

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Dupla eliminação no paredão das eleições em Valença

14Ano IV, nº 34 Valença, 2008

Senhores, já vou logo avisando: Sou daqueles que sempre disse “política não é pra mim”. Mas agora, dessa vez, logo dessa vez, essa fatídica vez, vou ter que me manifestar. Ah se vou!

Lembro que quando era criança, via nas aulas de história algo sobre ditadura, diretas e um monte de outras coisas que só fui entender anos depois. Vi até um vídeo em que as pesso-as iam às ruas e pintavam a cara, gritavam até ficar roucos, saiam escondidos de madrugada, e por fim, eram presos e só deixavam o xilindró com a assinatura do papai ou da mamãe. Bons tempos. Mas onde será que foi parar essa gente? Cadê a revolução?

(Sendo realista, acho que a galera dessa época ou já mor-reu, ou se aposentou, ou conseguiu um bom emprego público, em comissão, e estão mais uma vez “de rabo preso” como se diz na roça. E sendo mais realista ainda, os caras-pintadas que obrigaram o Collor a renunciar, aqui em Valença não te-riam o menor trabalho né?)

É hora de ocupar o Jardim de Cima e avançar contra os des-mandos dessa eleição. ABAIXO A DITADURA! DIRETAS JÁ! Será que só eu estou vendo que da eleição do dia cinco, a única coisa que será útil é aquele comprovante pra apresentar caso passemos em um concurso público*?

(*Repito: Se, e somente se, você encontrar uma vaga que não esteja preenchida por cargo comissionado, parente de político, ou candidato recebendo em casa para concorrer às eleições)

Essa eleição já está no papo, e independente de quem ven-ça, o perdedor já está certo. Sabe quem é? É VOCE IDIOTA!!!

O dinheiro te venceu, e diga o que disser, mais uma vez você pagou mico. Você agüentou o horário político, assistiu ao pés-simo debate da radio, ficou que nem uma samambaia na rua dos mineiros discutindo a conjuntura política da cidade, foi feito de idiota, e ainda assim vai acordar cedo, entrar na fila, faltar o futebol de domingo, e no fim, mico, micão, uma com-pleta anedota.

Fico imaginando, se já era a intenção ser uma piada, por-que não deixaram o Silvio Santos se candidatar em 90? Pelo menos teríamos o Lombardi como Ministro da Casa Civil e a consciência de que estamos em um grande palco, onde a per-gunta “Quem quer dinheiro” não estaria tão banalizada como está por ai. Juro que por vezes o programa do Ratinho é bem mais limpo que certas reuniões na casa legislativa. Apesar dos pesares, tem muita gente que ainda acha que a porta de espe-rança vai se abrir, trazendo prosperidade, saúde, emprego e dignidade.

Se você é desses, eu não sou! A “praça” deixou de ser nos-sa há muito tempo, e mal temos emprego, hospital, faculdade (sic), e se continuar assim, vai faltar até candidato. E pros pró-ximos quatro anos, sabe o que resta pro povo? O Paulo Silvino da Praça é Nossa, com seu oportuno açucareiro.

Enquanto os homens do baú brigam pela audiência, torço para que no dia cinco, você e seus familiares tenham um Do-mingo legal, se é que isso é possível.

Edgar do Cavaco, compositor e engenheiro nas horas vagas

* Créditos a Boris Casoy, âncora da TV Bandeirantes

Isso é uma vergonha!*

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Ano IV nº 34, Valença, 2008

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Em comentários em nosso blog, alguns dizem que fomos comprados, que esta-mos de um lado ou de outro, e outras afirmações falsas. A nossa postura é não censurar esse tipo de comentário, para que os leitores possam, por si só, discernir o que acharem que é mais próximo da realidade.

Em postagem do dia 24, essa “irritação” de alguns leitores se tornou mais ácida. A postagem versa sobre a não assinatura de compromissos com a educação pro-duzido pelo Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação – SEPE, que enviou a todos os candidatos um documento. Até a data do fechamento dessa edição, ne-nhum outro candidato se manifestou para assinar o documento.

A reclamação é de que, ao indicar que apenas um candidato tivesse assinado, estaríamos o apoiando. Mentira. Nosso desejo, e do SEPE, era de que todos assi-nassem o documento e registrassem em cartório, para que se tornasse oficial. Se-ria uma forma de pressão para exigir ações do candidato eleito.

Após a assinatura de um dos candidatos, o SEPE voltou a enviar o documento aos candidatos, para relembrá-los. No caso especial de um dos candidatos, ele foi procurado pessoalmente em um comício, e o coordenador de sua campanha se ne-gou a receber o documento. Isso é lamentável.

A postagem no blog e a divulgação de tais fatos está longe de se manifestar como apoio ao candidato, mas como meio de pressão para que os outros também se pronunciem a respeito. Mais do que enviar o documento e solicitar a assinatura, os candidatos foram procurados mais de uma vez para isso, para que fossem lem-brados e não pudessem, agora, dizer que não sabiam de nada.

Nos comentários, afirmam que fomos vendidos para o candidato que assinou, e o motivo seria que o outro candidato foi o melhor prefeito em relação à educação. Pode ter sido, mas o texto não versa sobre isso. Outro disse que é mentira, que inventamos a negativa do coordenador da campanha. O motivo, já indicado por outro anônimo, seria que estaríamos ganhando dinheiro da campanha de deter-minado candidato.

Se algum candidato tiver a audácia de nos oferecer qualquer tipo de vantagem, faremos questão de retratar o caso aqui – no jornal e no blog – porque seria algo muito despropositado. Os candidatos não são bobos a ponto de colocarem suas candidaturas em risco com isso. Eles sabem quem são as pessoas propícias a rece-ber esse tipo de “afago”.

Outro anônimo (eles são maioria no blog) discute a qualidade do documento, argumentando que o projeto de um dos candidatos é melhor do que o documento enviado pelo SEPE. Ótimo, mas o que não impede a assinatura. Ou ao menos uma justificativa.

Esperamos que quando este jornal estiver impresso, os outros candidatos já te-nham se pronunciado a respeito e assinado o documento que trata da educação municipal. Como a maioria dos comentários se baseia na emoção e no calor das eleições, entendemos as expressões grosseiras, impropriedades e as ofensas. E es-tamos tranqüilos em nossa consciência.

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16 Ano IV, nº 34, Valença, 2008

Você sabia?

Atividade PlenáriaÉ a ação do vereador nas votações

e discussões em plenário – onde são travados os grandes debates. É ali também que ele se posiciona politica-mente, através de pronunciamentos. Vota os projetos de lei e defende suas propostas.

Ação Partidária Cada vereador é eleito por um parti-

do. Por isso mesmo tem que se manter em sintonia com seus dirigentes, lide-ranças e correligionários. Reuniões de bancada, de diretório e mesmo de discussão de estratégias exigem muito do parlamentar na condução de seus trabalhos legislativos.

Acesse o Blog do VQ

atualizações diárias

www.blogdovq.blogspot.com

Atividade de Gabinete É no seu gabinete uma sala apro-

priada o que o vereador recebe seus eleitores. Tem acesso às sugestões, às críticas, às reivindicações que di-zem respeito ao seu desempenho e a sua região. É do gabinete, também, que ele aciona seus contatos – tele-fônicos ou pessoais – com as bases ou com o governo.

Membro das Comissões Cada vereador integra uma ou

mais comissões permanentes da Casa, onde são apreciados os pro-jetos específicos da área a que se dedica essa comissão. Existem tam-

De acordo com Tribunal Superior Eleitoral, desde 1997 não há mais nenhuma diferença entre o eleitor anular o voto ou escolher a tecla “branco”. Isso porque a Lei nº 9.504 (Lei das Eleições) foi modificada, definindo que são considerados “válidos apenas os votos dados a candidatos regularmente inscritos e às legendas partidárias”. Assim, não são computados nem os votos brancos e nem os votos nulos, tanto para cargos majoritários (presidentes, governadores e prefeitos) quanto para os proporcionais (senadores, deputados e vereadores). Querendo votar nulo, basta digitar um número de prefeito/vereador que não consta no registro de candidatos e apertar a tecla CONFIRMA. Para votar em branco, basta apertar a tecla BRANCO.

É possível ter aceso à lista completa dos candidatos a vereadores e dos candidatos a prefeito de Valença pelo site do Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Rio de Janeiro. Além dos nomes e números, é possívil ver detalhes como o valor dos bens declarados pelos candidatos e a coligação que ele participa. O site do TRE-RJ é www.tre-rj.gov.br.

O que faz um vereador?bém comissões temporárias, criadas para assuntos específicos, com prazo previsto de atuação.

Elo com o Governo O vereador é quem cuida do re-

lacionamento com suas bases, com os eleitores da sua região – com o governo, reivindicando melhorias, encaminhando soluções, elaborando e acompanhando projetos. Ele é o elo de ligação do governo com povo.