VQ_11

8

Click here to load reader

description

Vem aí a festa de 1 ano do Centenas de valencianos vão ao centro da cidade manifestar contra a política do governo do estado. A governadora não apareceu Página 4 Veja o que rolou no carnaval da cidade e a entrevista com Verde, presidente da Liga das Escolas de Samba de Valença Páginas 5 e 7 Movimento Ano I n.º 11 Valença, março de 2006 [email protected] Jorge Alexandre/ A Voz de Valença

Transcript of VQ_11

Page 1: VQ_11

vale

ncaem

qu

esta

o@

yah

oo

.co

m.b

r

Centenas de valencianos vão ao centro da cidade manifestar contra a política do governo do estado. A governadora não apareceu

Página 4

Ano I n.º 11 Valença, março de 2006

Vem aí a festa de 1 ano do Valença em Questão

A volta do Carnaval

Apitaço em Valença

Veja o que rolou no carnaval da cidade e a entrevista com Verde, presidente da Liga das Escolas de Samba de Valença

Páginas 5 e 7

Jorg

e A

lexa

ndre

/ A V

oz d

e Va

lenç

aMovimento

Page 2: VQ_11

vale

ncaem

qu

esta

o@

yah

oo

.co

m.b

r

2 março de 2006 Valença em Questão

ExpedienteEdição, Reportagens, Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica: Vitor Monteiro de Castro. Mat: 2003.1.02178-12.Essa publicação, do Movimento Valença em Questão, é um Projeto Experimental de Monografia da Faculdade de Comunicação Social - Jornalismo, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).Colaboraram nesta Edição: Breno Slade, Bebeto, Carlos Latuff, Gustavo Fort, Letícia Serafim, Libório Costa, Jorge Alexandre (foto), Keylor Bronzato, Paulo Henrique e Samir Resende.Tiragem: 2.000 exemplaresImpressão: Editora Valença / Gráfica Vilaçoe-mail: [email protected]

Os textos publicados podem ser reproduzidos se citado a fonte e autoria do material. O Valença em Questão é uma publicação mensal sem fins lucrativos.

Painel do LeitorEnvie críticas, matérias, sugestões,

comentários, eventos, reclamações, etc., para o correio eletrônico valencaemquestao@ya

hoo.com.br, ou por carta para Rua Francisco Di Biasi, 26, Torres Homem, Valença-RJ, CEP 27.600-000.

Para Anunciar ou ColaborarEntrar em contato pelo correio eletrônico valencae

[email protected], com Assunto “Anúncio” ou “Colaborar”, ou ligar

para o telefone (21) 8187-7533.

Em questão...

editorial

CARTA A TODA SOCIEDADE CIVIL DO ESTADO DO RIO

O Fórum de Juventudes, grupo formado por entidades, redes e indivíduos, vem a público firmar o seu posicionamento contrário à forma como foi organizada a audiência pública de juventudes na cidade de Volta Redonda, dia nove de março, para a discussão sobre o Plano Nacional de Juventude - PNJ, na qual seriam eleitos os representantes do Estado para o Seminário Nacional de Juventude em Brasília, nos dias 30 e 31 de março de 2006.

Desde o ano de 2003 o Fórum de Juventudes vem discutindo sobre a construção de uma agenda nacional de Políticas Públicas de Juventudes. Estivemos e estamos participando ativamente de todo este movimento que acabou por gerar a Secretaria Nacional de Juventude, o Conselho nacional de Juventude e, atualmente, o processo fomentador de discussão sobre o Plano Nacional de Juventude.

A importância das audiências públicas, além da discussão sobre o texto preliminar do PNJ, reside na escolha dos 13 delegados que representarão as juventudes de cada estado em Brasília durante o Seminário. Dessa forma, é fundamental que essa representação legitime a discussão sobre o tema de forma abrangente e que contemple todo o esforço ao longo deste período já dispensado pelos grupos e fóruns acerca da temática.

Reiteramos nosso posicionamento contrário à dinâmica das audiências públicas realizadas até o momento por alguns estados brasileiros, em especial no estado do Rio de Janeiro. Não houve veiculação suficiente de informações e nem tempo hábil para que os grupos interessados pudessem se articular e participar das discussões. É importante ressaltar que, por diversas vezes, os deputados federais responsáveis (Delei, Elaine Costa e

André Costa) foram contatados para que a audiência pública de juventudes fosse realizada em consonância com diversas correntes e da forma mais democrática possível. Entretanto, isso não aconteceu.

O Fórum de Juventudes reafirma a importância da construção de espaços de democracia participativa, populares e deliberativos, onde as diferenças e singularidades possam se expressar e interferir nos rumos das Políticas Públicas de Juventudes. Todavia, assume publicamente a sua OPÇÃO em não participar dessa audiência pública, por não reconhecer em sua organização uma postura democrática de participação.

Fórum de Juventudes do Rio de Janeiro

REIVINDICAÇÃO

O principal motivo desta mensagem é uma pergunta, juntamente com uma reivindicação. Por que não recebo mais o Valença em Questão por e-mail? Em relação ao jornal, os colaboradores e o editor do jornal estão de parabéns pelo trabalho. É bem informativo, sem textos muitos complexos, de fácil entendimento e proporciona uma leitura gostosa, ao mesmo tempo bem fundamentada e descontraída. Alerta para os problemas sem pessimismo, ao contrário, propondo alternativas de participação para a melhora. Parabéns de verdade! Continuem assim, cada vez melhores.

Marcela Piedade

Régis Debray, escritor francês, certa vez escreveu que, “antigamente, quando você chegava com uma novidade a um diretor de jornal, ele piscava os olhinhos, esfregava as mãos e dizia, entusiasmado: ‘Ótimo, ótimo, vamos publicar já! Ninguém está falando nisso!’. Mas hoje, quando se chega a um diretor de jornal com uma novidade, ele faz um muxoxo de desprezo e diz: ‘Isso não vamos dar. Não interessa. Ninguém está falando nisso’ “ (KOTSCHO in DANTAS, p. 185). Temos que selecionar mais as informações, abrir novos espaços de discussão sobre temas direta e indiretamente ligados aos moradores de Valença, desmistificando essa lógica de consumo que atinge os cidadãos.

O Valença em Questão está aí justamente para quebrar essas barreiras de que o que interessa, é o que dizem que nos interessa. Estamos aqui para dizer a todos o que realmente nos interessa, o que de fato pode alterar a nossa situação social, colocar em questão o que afeta a sociedade como um todo e trilhar caminhos que possam melhorar a qualidade de vida das pessoas, de forma humana e democrática, através da implantação de políticas públicas e iniciar um grande processo de conscientização dos cidadãos, para que novas iniciativas sejam tomadas, pelas mais diversas organizações, pessoas, instituições, associações e grupos que tenham real interesse de desnudar essa ideologia dominante.

Page 3: VQ_11

vale

ncaem

qu

esta

o@

yah

oo

.co

m.b

r

Valença em Questão março de 2006 3

FÓRUM MUNDIAL DE

EDUCAÇÃO

Secretários de Muriaé (esquerda) e de Valença, no Hotel Palmeira Imperial

CAVEIRÃO NÃO !

Bloco Explosão da Biquinha

PROCURANDO COMBATER E evitar ações violentas nos espaços populares, em especial a violência policial, diversas entidades lançaram, simultaneamente em 20 países, a campanha Caveirão: diga Não! , na segunda-feira 13 de março, na Cinelândia, centro do Rio de Janeiro.

O evento contou com coleta de assinaturas para exigir do governo do Estado o fim do uso desses carros blindados da Polícia Militar em incursões em espaços populares.

Segundo os organizadores da campanha, aceitar o uso do caveirão é aceitar o discurso de que as comunidades vivem uma situação de guerra, tentando justificar as execuções sumárias e tiroteios indiscriminados. A campanha ainda vai realizar manifestações nas comunidades que sofrem com os abusos do caveirão, recolhendo assinaturas até o mês de maio, quando será entregue um abaixo-assinado para mostrar o repúdio da sociedade à atual política de segurança pública no Rio de Janeiro.

Para entrar em contato com os organizadores da campanha e participar do abaixo-assinado, entre em contato através do e-mail [email protected], pelos telefones (21) 2544-2320 ou (21) 9977-4916, ou ainda apelo endereço Avenida Beira Mar, 406, sala 1207, Centro – Rio de Janeiro – CEP 20021-900.

PROPAGANDA PAGA

BAGUNÇANDO O CORETO

EM VEZ DE ser um documento da realidade, a propaganda das 10 mil obras do governo Rosinha tem cenas de filme de ficção. Conforme reportagem do jornal O Globo de 19 de março de 2006, que encaminhou repórteres para 10 dos 92 municípios. A repoprtagem denuncia obras que não saíram do papel, foram mal feitas, estão paralisadas ou já necessitam de reparos. Ou sequer são obras, mas sim serviços de reforma ou manutenção. O valor gasto pelo governo na propaganda - veiculada na TV, rádio, jornais e outdoors - ainda não foi calculado pelo estado, segundo o secretário de comunicação, Ricardo Bruno. O levantamente do Globo revela que obras essenciais não foram priorizadas e que a velha prática política de buscar votos com asfalto prevalece: 50% das obras são de pavimentação.

O MOVIMENTO VALENÇA em Questão inicia dia 22 de abril, quando comemora um ano de publicação Valença em Questão, o projeto Bagunçando o Coreto - uma Radiola Valenciana, que consiste em tocar todos os estilos musicais trazidos pela população em seus LP´s, CD´s e fitas cassete.

O projeto é inspirado na “Radiola na Praça”, iniciativa coletiva coordenada pela ONG Recôncavo da Guanabara, iniciado em maio de 2003 em Niterói/RJ, tendo como público-alvo a expressiva parcela de universitários, comerciantes, moradores e demais freqüentadores.

O Bagunçando o Coreto acontecerá sempre aos quartos sábados de cada mês, entre 16:00h e 20:00h, na Praça Visconde do Rio Preto.

Com o decorrer do tempo, o Movimento Valença em Questão espera que durante os dias de evento, sejam incorporados outras atividades, como shows ao vivo, danças, teatro e declamação de poesia.

Venha para a praça! Traga seu som e conheça novos estilos, grupos e pessoas.

DEFENDER A EDUCAÇÃO pública como direito é a principal proposta do Fórum Mundial de Educação de Nova Iguaçu, que acontece entre os dias 23 e 26 de março. Organizado com participação de estudantes, educadores, entidades sindicais, movimentos sociais, fundações, governos, empresas, organizações não-governamentais, universidades e escolas, o Fórum terá a temática “Educação Cidadã para uma Cidade Educadora”.

Esta é a segunda edição do tema, que teve nos dias 1 a 4 de abril de 2004, em São Paulo, sua primeira edição, que contou com cerca de 100 mil participantes. Este ano o Fórum Mundial de Educação abre espaços para discussão e construção para todos os interessados em tornar realidade o sonho de uma política educativa ampla e de alcance global que inclua todas as formas de educação e as diversas manifestações culturais.

Nova Iguaçu, localizada na Baixada Fluminense do Rio de Janeiro, prepara-se para contribuir com a construção da Plataforma Mundial da Educação. Mais informações no site www.forummundialeducacao.org/ni

Page 4: VQ_11

vale

ncaem

qu

esta

o@

yah

oo

.co

m.b

r

4 março de 2006 Valença em Questão

A (quase) visita da governadora

QUE HOJE O funk é uma legítima manifestação cultural, não só do Rio de Janeiro, mas do Brasil, todos nós já estamos carecas de saber (eu mais do que os outros). E ainda, só quem já se divertiu num baile “de responsa” sabe como este é um ritual gratificante e socializador, principalmente para aqueles(as) que durante a semana não tem oportunidade de acesso à outras manifestações culturais, seja por falta de dinheiro, falta de tempo, questão de moradia e etc.Para aquele que não é familiarizado com os termos jurídicos, fique sabendo que o artigo 157, no código penal, representa o assalto à mão armada, sendo cantado em verso e prosa pelo intérprete no Rap acima descrito. Em outras músicas, MC Frank também declara a sua fidelidade e comprometimento com a facção criminosa

“Não se mexe, não se mexe/ é o bonde do 157/ não tira a mão

do volante/ não me olha e não se mexe/É o Bonde da Chatuba

do artigo 157/Vai, desce do carro/ olha pro chão/ não se move/

me dá seu importado/ que o seguro te devolve/ se liga na minha

letra/ Olha nós aí de novo/ É o Bonde da Chatuba/ só menor

periculoso. Audi, Civic, Honda, Citröen e o Corolla/ Mas se tentar

fugir/ Pá! Pum!/ tirão na bola (cabeça)/ Na Chatuba é 157. Aê

parado, ninguém se mexe... / Nosso Bonde é preparado, P.Q.P./

terror da Linha Amarela e da Avenida Brasil/ Nosso Bonde é

preparado/ Não tô de sacanagem/ Um monte de homem-bomba

no estilo do Bin Laden...”

RAP “BONDE DO 157” – Intérprete: MC Frank

carioca Comando Vermelho (CV). A opinião pessoal e a manifestação artística (?!) do cantor não são problemas meu, e, se ele está cometendo algum delito criminal (como apologia ao crime, por exemplo), quem deve tomar as devidas providências são respectivamente a polícia e a justiça.Porém, a partir do momento que - em plena manhã de uma terça-feira útil – encontro um carnaval temporão – pago com dinheiro público – bem no centro de Valença (com direito a trio elétrico e tudo) e tendo o mesmo MC Frank “157” como protagonista... recuso-me ficar calado diante deste circo e rogo o direito de fazer algumas perguntinhas:Como pode um governo que segundo seus secretários “nunca combateu tanto a criminalidade e o tráfico de drogas”, trazer pra celebrar esta política, um artista (?!) que enaltece justamente a ação contrária dos bandidos?! Como pode um governo que segundo o presidente da Alerj “nunca fez tanto pela educação. Quem está na sala de aula sabe!” (risos), deixar que os salários dos profissionais da educação fiquem congelados por mais de 10 anos, além de punir os professores que ficam doentes?! Como pode um governo que gasta uma fortuna em propaganda (mais de “10.000” obras), vir falar de estrada para Conservatória (que, aliás, já está pavimentada/paga segundo mapa do DER), principalmente depois do

asfalto “de açúcar” para Juparanã?! Como podem falar em recuperação do Casarão, quando só inauguram-se as suas ruínas?! Como podem falar em juventude, se a filha da governadora deu um golpe na discussão do Plano Nacional de Juventudes?! Estas respostas devem seguir a mesma lógica que levou o tal MC Frank a gritar efusivos “Viva Itagiba” (secretário de segurança do RJ) e “Viva Picciani” (presidente da Alerj) bem no meio dos funks que cantou em Valença.Até o nosso bem-intencionado prefeito escorregou no quiabo ao afirmar que está “junto, junto mesmo, da governadora e de Garotinho rumo à presidência do Brasil”. Não acho que o prefeito Fábio não deva assumir um posicionamento sobre seu candidato ao governo do país, é até legítimo. Só acho que, não fazendo parte (ainda) do partido de Garotinho, ele deveria esperar que todos os candidatos se apresentassem (inclusive do seu partido) para aí fazer a sua opção. Do contrário, fica parecendo que está havendo um jogo duplo, um troca-troca de interesses: a máquina do governo do estado entra com as obra$ e o prefeito entra com o apoio.Mas bonito mesmo fizeram os movimentos sociais do município. Desde o início da manhã, o Sindicato dos Profissionais em Educação (SEPE), o Movimento Sem Terra (MST), os Grêmios Estudantis, alunos e professores de diversas escolas do município,

entre outros, se armaram de faixas, cartazes e apitos para resistirem a mais essa afronta ao bolso e à sabedoria do povão. Num coro de vaias e apitos não pouparam ninguém, acompanhados pela imensa maioria dos presentes. O protesto foi tão forte que nem a filha da governadora, que veio para representá-la, fez uso do microfone. Que sirva de lição às autoridades: foi-se o tempo em que se fazia política em Valença como se faz palhaçada no picadeiro de um circo (com a devida licença da categoria dos queridos palhaços); e agora, caminhando para uma sociedade mobilizada e esclarecida, Valença verá que o “filho teu não foge à luta”. Saudações a quem tem coragem!

Samir Resende G. Souza, professor de Sociologia, filiado ao SEPE e membro do

Movimento Valença em Questão.

Page 5: VQ_11

vale

ncaem

qu

esta

o@

yah

oo

.co

m.b

r

Valença em Questão março de 2006 5

Carnaval na AvenidaCOM INICIATIVAS OBJETIVANDO re-introduzir tradições do passado que

estavam em estado de “coma”, Valença teve um carnaval que

pode ser considerado como um marco de uma mudança, que pode

trazer novamente o título de “melhor carnaval do sul do estado”.

O retorno das “Batalhas de Confetes” foi uma ação louvável e

necessária. O talento do maestro Antônio Carlos e de sua trupe

de músicos contribuiu em muito para o sucesso da iniciativa. Os

mais antigos reverenciaram intimamente a memória do grande

Baianinho “O Líder”. A ausência de público pode ser justificada

pela própria lei do “uso e desuso” das nossas tradições. Se elas

ficaram ausentes durante vários anos, toda uma geração de jovens

valencianos desconhece essa manifestação. Mas, sem dúvida, o

grande beneficiário da “formação de um novo público” em 2006 foi

o infantil, que se esbaldou no Jardim de Cima.

O VERDADEIRO CARNAVAL

Tirando a decoração de rua do artista Kareka, quem circulasse durante

o dia, não sentiria nenhum clima de folia. O único dia em que de3u pra

perceber o espírito do carnaval – espontâneo, irreverente e de rua – foi na

“Sexta das Piranhas”, onde a essência histórica das festas que originaram

o carnaval se fez presente. Interessante notar os bandos de “piranhas”

que surgiam de vários cantos da cidade, com gritos de guerra de seus

bairros de origem, lembrando os gritos dos palhaços das Folias de Reis

em suas jornadas. “Sai da frente, o BF é chapa quente!”, “Uh é MD!”

eram urrados pelas galeras, reafirmando suas identidades “bairrísticas”.

Vale acrescentar a “apropriação” feita pelas “piranhas” de Chacrinha,

que trouxeram de volta a bandeira do “Pé na Bosta”, um dos ícones do

mais legítimo carnaval de rua.

Um dos aspectos mais importantes de uma escola de samba é

o espírito comunitário e aglutinador que ela proporciona. Outra

característica importante é o processo de criação de um enredo,

desde a sua elaboração, discussão, escolha de samba, construção

de alegorias, fantasias, ensaios e todo um planejamento que se

materializa e se concretiza no desfile da avenida. Não dá para se preparar

um desfile de escola de samba de véspera ou mesmo no próprio dia. Algumas

escolas de samba valencianas precisam evoluir e buscar o apoio de suas

comunidades, além do envolvimento maior da gestão.

DESFILES NA NILO PEÇANHA

Os desfiles tiveram início no sábado com o “Bloco da Terceira Idade”,

seguido do “Bloco Afro Obatundé”, “Vermelho e Preto”, “Explosão

da Biquinha”, “Águias do Cambota” e “Bloco do Jegue”. Na segunda,

novamente os blocos de camisa passaram pela avenida: “Bloco da Saúde”,

“Experimenta”, “Bloco do Bar da Galinha”, “Bloco do Baco” e “Bloco do

Vinho”. Em entrevista a uma rádio local após o carnaval, a presidente da

ABEFE - Associação de Blocos de Embalo, Fantasia e Enredo -, Marlene

Seraphim Paineira, afirmou que estuda a transferência do horário de desfiles

dos blocos de camisa para o período da tarde em 2007.

Domingo foi o dia das escolas de samba. Antes, o “Clube da Alegria” e o

“Bloco do Crazy Horse”. A primeira escola a entrar na avenida foi a “Mocidade

Independente do Bairro de Fátima”, que veio bonita, com um enredo interessante

e bem desenvolvido. Infelizmente atravessou na harmonia e na evolução com

um problema de sonorização que atrapalhou em muito o desfile. Acabou em

quarto lugar. Logo depois veio a apresentação da campeã “Unidos do Cambota”

com um desfile impecável. O enredo “Valença de Ontem e de Hoje” foi bem

apresentado, embora da Valença de hoje pouco se falou. O domingo terminaria

com o desfile da “Mina de Ouro” que deu bolo e fez um papelão. Um desfile

quase patético, não fosse a comunidade.

Na terça, passaram o “Clube da Alegria”, “Bloco do Crazy Horse” e “Eu, Você e

a Vovó”. O desfile das escolas de samba começou com a “Acadêmicos do Dudu

Lopes” que deu o seu recado com simplicidade, conquistando o terceiro lugar,

mostrando que o “Dudu Lopes não quer abafar ninguém, só quer mostrar que

tem samba também”. Logo após veio a “Unidos da Mangueira”, com enredo

sobre Conservatória e um carnaval que merecia ter sido melhor trabalhado,

ficando na quinta colocação. Por fim, a vice-campeã “Em Cima da Hora”,

da animada e organizada comunidade de Chacrinha, fazendo bonito com

enredo em homenagem ao Rotary Clube.

SUGESTÕES PARA o próximo anoPara 2007, lanço a idéia de um concurso de “blocos de sujo” no domingo

de carnaval durante à tarde, onde os blocos seriam avaliados em quesitos

como criatividade e animação, bateria, samba e mensagem. Na terça de

carnaval, eles voltariam às ruas e seriam premiados, em dinheiro, motivando

bairros e comunidades a se organizarem e criarem seus blocos.

E deixo uma pergunta no ar. Por que acabaram os blocos de enredo?

Eles estão fazendo falta. Sem contar que são um estágio para se tornarem

escolas de samba. Quem tem competência, se estabelece. E acredito que é

possível reinventar o nosso carnaval, criativamente, com um pé no presente,

a memória no passado e o outro pé no futuro. Já disseram que quem tem

passado, tem futuro. Basta querer e fazer por onde.

Viva a Vila e a América Latina!

Libório Costa, Produtor Cultural e membro do Movimento Valença em Questão

[email protected]

Page 6: VQ_11

vale

ncaem

qu

esta

o@

yah

oo

.co

m.b

r

6 março de 2006 Valença em Questão

Vale a pena insistirSUCESSO DE BILHETERIA em todo o país, estréia em Valença o longa-metragem “Se Eu Fosse Você”, de Daniel Filho, com Tony Ramos e Glória Pires no elenco. Até aí sem muita novidade, o diferencial é saber que houve a participação de um jovem valenciano na produção e edição do making off.

Haroldo Toledo nasceu em Valença, fez Informática na FAA e morou na cidade até 2000, quando tomou coragem e resolveu correr atrás do que sempre foi sua paixão: trabalhar com cinema e tv.

- Desde adolescente sempre fui apaixonado por essa área. Mas, como em Valença não tinha acesso a nenhum curso neste campo, trabalhar com aqueles mitos da televisão parecia impossível para mim. – lembra Haroldo.

Mudou-se para o Rio e fez cursos de Edição de Vídeo. Quando soube que a novela “Terra Nostra” seria gravada na Fazenda Santa Clara, em Rio Preto, viu ali sua primeira

oportunidade. Entrou em contato com a Rede Globo e conseguiu (depois de muita insistência) autorização para apenas observar as gravações, mas foi conquistando a simpatia da equipe e acabou trabalhando voluntariamente na continuidade das cenas, durante os 3 meses que a novela foi gravada na região. Voltando para o Rio, batalhou emprego batendo de produtora em produtora, até que começou a trabalhar para a Total Entertainment, onde está até hoje.

- Sinto que a cada trabalho vou ganhando mais responsabilidade e credibilidade junto à produtora – comenta Haroldo, que tem em seu currículo filmes como “Avassaladoras”, “Sexo, Amor e Traição”, “Mais uma vez amor” e o recente “Se Eu Fosse Você”. Neste filme, era responsável pela edição e produção do making off, entrevistava o elenco, equipe e direção.

- Gostei muito de todos os meus trabalhos mas o gosto de vitória foi com o “Se Eu Fosse Você”, por ter trabalhado com o

diretor Daniel Filho, um cara que já admirava e que realizou inúmeros projetos importantes na TV brasileira. Haroldo volta regularmente a

Valença para rever a família e os amigos e sempre que está envolvido em um projeto, faz questão de divulgá-lo, colando cartazes e displays nas lojas ou sorteando brindes e ingressos em eventos da cidade. Enfim, os mitos caíram e o que parecia impossível não passa de pura realidade.

Inclusão juvenilATÉ ONDE PODE chegar a curiosidade humana? Existe meio de mensurar isto? De forma alguma. Até porque o homem é insaciável, quanto mais tem, mais quer. Essa necessidade se faz presente no universo de dúvidas de muitos jovens e, claro, saciar esta vontade acaba se tornando uma lei.

Lei disso, lei daquilo. E lá vai burduada! Esquece-se que, longe de Dudas, CPIs e pizzas, jaz uma juventude que, na era da tecnologia, é privada do acesso ao conhecimento.

Todos sabem da verdade que a tecnologia escreveu na sociedade: eu estou em tudo. E ninguém vai se assustar se caso o seu Manoel da padaria ou a dona Maria da venda resolverem inplementar um microcomputador nos seus estabelecimentos. Não dá pra fugir dessa realidade. E descobre-se assim a importância da política de inclusão digital.

Para desenvolver um potencial, aspirar um bom cargo, ter meios de pesquisa e execução de determinada tarefa, a dimensão digital tem de estar próxima, acessível, deve ser gratuita, imediata, pois o globo não vai parar e esperar que todos tenham

a consciência de que não se vive mais sem a informática.

Já estamos envoltos por grandes e pequenos exemplos de inclusão digital, que habitam nosso cotidiano e às vezes nem

percebemos. A informatização da padaria do seu Manoel e a pesquisa escolar com ajuda da internet são excelentes exemplos.

É de suma importância voltar nossa atenção a este processo de informação. Não se pode saciar a sede de conhecimento de

ninguém. Tampouco dizer “isso você pode, isso você não pode”. Já possibilitar o acesso a ferramentas que instruem, ensinam, aprimoram, ampliam horizontes, isso sim deve ser largamente estimulado.

A mocidade, entendendo que a internet não é um bicho de sete cabeças, sabendo onde pode encontrar informação de qualidade que a tornará opinante e mais envolvida com questões atuais, vai se fortalecer para suas lutas cotidianas como uma sigla não mais desconhecida que é sempre dita na TV, uma entrevista de emprego, quebra de algumas barreiras sociais, busca pela cultura, entre outras mais que constituem o guerreiro de hoje.

O dinamismo destes guerreiros é cobrado a cada dia com mais intensidade. Suprir tal cobrança é garantir um futuro eqüitativo, onde a voz do povo não vai ser facilmente superada e a juventude não será mais uma massa de manobra para os políticos profissionais.

Keylor Bronzato Nascimento, Acadêmico da FAA

[email protected]

emp

- ww

w.h

umor

tade

la.c

om.b

r

Haroldo (à esquerda abaixado) com equipe e atores

Page 7: VQ_11

vale

ncaem

qu

esta

o@

yah

oo

.co

m.b

r

Valença em Questão março de 2006 7

entrevistaentrevistaentrevistaentrevistaentr

Roberto Verde

Carnaval é uma festa que gera renda, cultura e progresso

FORMADO EM CINEMATOGRAFIA pela Universidade Cândido Mendes, Roberto Rodrigues Verde, ou simplesmente Verde como é conhecido, nasceu em Salvador, mas aos 15 anos mudou-se para o Rio de Janeiro e torce para a Mangueira no carnaval carioca. Aportou em Valença em 1982, como inspetor da Polícia Civil. Hoje é Comissário aposentado e, desde 2005, presidente da Liga das Escolas de Samba da cidade.

Também desenhista e professor de música, Verde fi l iou-se ao PCB (Partido Comunista Brasileiro) aos 17 anos, quando o partido ainda estava na clandestinidade. Entre seus ídolos, tem Luis Carlos Prestes, que conheceu na Bahia, como o maior brasileiro da história. Dia 27 de março comemora mais um ano de vida.

INSERÇÃO NO CARNAVAL

Vim pra Valença em 1982, como Inspetor de Polícia. Em 1989 comecei a participar da Associação de Escolas de Samba. Mas foi em 1992, em frente à pastelaria do Chinês, onde hoje é o Tropical, que encontrei com o então presidente da Escola de Samba do Barroso, Marquinho Minguita, que estava distribuindo o enredo da escola. Ao tomar conhecimento da sinopse do Unidos do Barroso, cujo enredo era “o que come ou não come o povo brasileiro”, lembrei da minha infância na Bahia, da minha mãe preta, Aspásia (no Sudeste conhecida como mãe de leite), que morreu quando eu tinha 9 anos. Resolvi, então, fazer o samba que acabou sendo eleito pela escola naquele ano. Dois dias depois fui procurado por outras escolas de samba para compor seus enredos e no mesmo ano um samba de minha autoria também saiu na escola do Benfica. Em 1992, o Barroso foi o campeão do carnaval valenciano do Segundo Grupo, e o Benfica campeão do Primeiro Grupo, ambos com sambas de minha autoria.

CARNAVAL 2006Esse ano não administrei muito bem porque tinha

apenas o Biúca, para entregar ofícios, mas a parte intelectual eu administrativa sozinho, e isso é muito difícil, ter que pensar sozinho a ordem do desfile, fazer a mediação entra as escolas e a prefeitura. Mas fazendo uma análise final, acho que o trabalho foi bom. Valença já teve 18 escolas desfilando no Primeiro e Segundo Grupos, e hoje tem apenas seis. Duas Escolas, a da Santa Cruz e da Biquinha, já vieram me procurar para desfilar no próximo carnaval, e isso é muito positivo, porque está

ativando novamente as Escolas. O que considero mais positivo nesse carnaval foi a organização de forma geral. Um ponto negativo que levantaria foi a falha no som e o problema com o juizado de menores, que exigia crachá de jovens com até 17 anos, dificultando a organização do evento.

VERBAS

Conseguimos junto ao prefeito um aumento da verba de cada Escola de sete para nove mil reais. Algumas Escolas ainda conseguem outros financiamentos de patrocinadores, algo muito comum em qualquer carnaval,

até mesmo para tornar viável o desfile.PRÓXIMO ANO

Ano que vem quero deixar bem claro que bloco é bloco, escola é escola. Vamos deixar os blocos tradicionais, como o da Terceira Idade abrindo os blocos e o do Clube da Alegria abrindo os desfiles das escolas.

Uma proposta, que ainda deve ser melhor discutida é a opção de tornar o carnaval de 2007 temático, em comemoração aos 150 anos da nossa cidade. Esse tipo de proposta limita a busca de patrocínios, já que o tema será específico sobre a cidade.

Outra iniciativa é fundar uma Liga Independente de Escolas de Samba, realizando parceria com a Liga Independente das Escolas de Samba (LIES) para conseguir material para as escolas. Também pretendemos formar cursos de percussão nas comunidades, já que muitos ritmistas acabam saindo em várias Escolas por falta de pessoas que saibam tocar instrumentos de percussão. Assim criamos uma independência de bateria entre as escolas.

O próximo ano, espero que seja muito melhor que o de 2006. Estamos há quase um ano do carnaval e já temos três Escolas (Chacrinha, Dudu Lopes e Cambota) com enredo definido, temos o apoio da prefeitura e estamos viabilizando a criação de uma comissão de carnaval que procure as empresas da região para ajuda

de patrocínios. Campeã do Carnaval 2006

Em re l a ção à Esco l a campeã, o que posso dizer é que foi a primeira Esco la a esco lhe r o enredo, a primeira a escolher o samba, a primeira a começar a ensaiar, a primeira a entregar o histórico.

A Unidos do Cambota mostrou organização, o

que se refletiu no desfile e no resultado do carnaval.

Page 8: VQ_11

vale

ncaem

qu

esta

o@

yah

oo

.co

m.b

r

8 março de 2006 Valença em Questão

qualéaboaqualéaboaqualéaboaqualéaboaqualéabCultura enraizada

EM NOME DO PAI (IRLANDA/GRÃ BRETANHA/EUA, 1993) Em 1974, um atentado a bomba produzido pelo IRA (Exército Republicano Irlandês) mata cinco pessoas num pub de Guilford, arredores de Londres. O jovem rebelde irlandês Gerry Conlon e três amigos são presos e condenados pelo crime. Giuseppe Conlon, pai de Gerry, tenta ajudar o filho e também é condenado, mas pede ajuda à advogada Gareth Peirce, que investiga as irregularidades do caso.

Jovem rebelde

ATITUDE.COM - TVE. SEGUNDA A SEXTA, ÀS 18:30H. Um programa para o público jovem, apresentado e feito por eles. O Atitude.com é um portal do jovem brasileiro para que ele possa se expressar, colocar sua dúvida e fazer comentários sem ser censurado.

DVD MONOBLOCO AO VIVO, 2006. Criado a partir das oficinas de percussão ministradas por Pedro Luís e A Parede a partir de 2000, o Monobloco tornou-se referência do carnaval de rua carioca, resgatando clássicos da cultura carnavalesca nacional e incorporando outros gêneros musicais brasileiros ao instrumental do samba.

Monobloco

RAIZ - MENSAL, R$ 7,20. Aborda temas que transitam por todas as vertentes da nossa cultura, indo do jongo nas comunidades quilombolas ao hip hop nas favelas cariocas, passando pela tradição oral dos griôs e das comidas típicas, atravessando a cultura digital com

suas inúmeras possibilidades, entre tantas o u t r a s manifestações que revelam a abertura temática que o componente s i m b ó l i c o

proporciona. Conta com a colaboração do Ministro da Cultura Gilberto Gil, Mestre Salustiano, Eduardo Coutinho, Hermano Vianna, Marcelo Yuka, entre outros.

Seleção de e-mails

Jovens escritoreswww.paralelos.org

CAIU NA REDE – Cora Ronai. Sabe aquele texto que nos enviam em powerpoint, com gravuras espetaculosas, música chorona, de Clarice Lispector, Luiz Fernando Veríssimo, Jorge Luiz Borges e tantos outros, mas que pelo estilo você saca, imediatamente, que eles não poderiam ter escrito aquilo? E no entanto engana um monte de gente ah, como engana!

Pois é, Cora Rónai, colunista do jornal O Globo e editora do caderno Informática Etc, pescou-os na rede e reuniu tudo em um livro, fazendo uma pequena antologia com textos 100% falsos e apócrifos. Caiu na Rede são textos que os internautas popularizaram como sendo de escritores abençoados pelos deuses.

PARALELOS É UMA espécie de confraria de escritores incuráveis e leitores ávidos em torno de um movimento, de uma articulação para estimular a produção literária em seus diversos níveis. Preencher a lacuna entre as dificuldades de mapear esta produção escondida nas gavetas e os leitores, que buscam por novas referências, é uma preocupação constante de quem pensa literatura como um processo contínuo.

Atitude Jovem