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[email protected] Mais de 70 funcionários demitidos em janeiro na Confecção Água Fria. O pior: sem receber os últimos salários e valores referentes à rescisão contratual. Páginas 4 e 5 Ano I n.º 10 Valença, fevereiro de 2006 Entrevista MC FAEL, DO grupo de rap valenciano Conseqüentes solta o verbo pra falar de Hip Hop em Valença. Página 7 Para receber as edições antigas do Valença em Questão, envie-nos um e-mail Cinema nos Bairros Página 6 Demissão em massa

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Para receber as edições antigas do Valença em Questão, envie-nos um e-mail Mais de 70 funcionários demitidos em janeiro na Confecção Água Fria. O pior: sem receber os últimos salários e valores referentes à rescisão contratual. Páginas 4 e 5 MC F AEL , DO grupo de rap valenciano Conseqüentes solta o verbo pra falar de Hip Hop em Valença. Página 7 Ano I n.º 10 Valença, fevereiro de 2006 [email protected] Página 6

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Mais de 70 funcionários demitidos em janeiro na Confecção Água Fria. O pior: sem receber os últimos salários e valores referentes à

rescisão contratual.Páginas 4 e 5

Ano I n.º 10 Valença, fevereiro de 2006

EntrevistaMC FAEL, DO grupo de rap valenciano

Conseqüentes solta o verbo pra falar de Hip Hop em Valença.

Página 7

Para receber as edições antigas do Valença em Questão, envie-nos um e-mail

Cinema nos Bairros

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2 fevereiro de 2006 Valença em Questão

ExpedienteEdição, Reportagens, Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica: Vitor Monteiro de Castro. Mat: 2003.1.02178-12.Essa publicação, do Movimento Valença em Questão, é um Projeto Experimental de Monografia da Faculdade de Comunicação Social - Jornalismo, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).Colaboraram nesta Edição: Carlos Alberto Oliveira, Faber Paganoto Araújo, Gustavo Fort, Marcel, Rafael Monteiro de Castro, Samir Resende, Letícia Serafim.Tiragem: 2.000 exemplaresImpressão: Editora Valença / Gráfica Vilaçoe-mail: [email protected]

Os textos publicados podem ser reproduzidos se citado a fonte e autoria do material. O Valença em Questão é uma publicação mensal sem fins lucrativos.

Painel do LeitorEnvie críticas, matérias, sugestões,

comentários, eventos, reclamações, etc., para o correio eletrônico

[email protected], ou por carta para Rua Francisco Di Biasi, 26, Torres Homem, Valença-RJ, CEP 27.600-000.

Para Anunciar ou ColaborarEntrar em contato pelo correio eletrônico [email protected],

com Assunto “Anúncio” ou “Colaborar”, ou ligar

para o telefone (21) 8187-7533.

CARTA DE AGRADECIMENTO

Após ler a carta, recebida por e-mail, do movimento “Valença em Questão”, comecei a refletir melhor da grande importância do trabalho realizado por todos vocês.

Nós do Palmeira Imperial passamos um ano de muitos investimentos e muito trabalho, mesmo assim de alguma forma tentamos colaborar com o Movimento Valença em Questão, não da maneira que mereciam, mas por outro lado ajudamos a completar um pouco deste exemplar trabalho, fazendo nosso dever de casa e com a certeza de ter colaborado com a nossa amada cidade.

Mas o importante a ressaltar é que essa carta de agradecimentos, sem nenhuma dúvida, é de todos os valencianos para o Valença em Questão, sejam os conscientes ou inconscientes e os que ficam às margens do conhecimento para as verdadeiras soluções, buscando um caminho menos indolor nos ombros de nossa sociedade.

Finalizando, desejamos a todos vocês que o ano de 2006 seja um marco no avanço dentro do campo das idéias e ações, mas principalmente com a participação do poder público e privado ao qual nos colocamos à inteira disposição no que for possível para somar.

Um abraço da Família do Hotel Palmeira Imperial

Amarílio Carvalho Machado

REMOÇÃO NA PASSAGEM

No dia nove de fevereiro, a justiça determinou a saída de várias famílias da Passagem, para reintegrar a posse de terras que são/eram do Exército. O problema é que essas famílias

Em questão...

moravam no local há mais de 40 anos e já tinham suas casas construídas. Desde o dia nove, as famílias estão no CIEP de Chacrinha, aguardando uma posição da prefeitura para remanejá-los para outro local.

Sabemos que as terras pertencem ao Exército e que há 40 anos atrás essas famílias deveriam ser avisadas e impedidas de construir seus lares no local. Porém, após todo esse tempo não acho que a solução para isso seja despejá-los e retirar-lhes sua história, seus valores, um pedaço de suas vidas.

Sinceramente, legalmente não sei se eles têm o direito de permanecer nas terras e cabe à justiça decidir isso. Mas em nome da sensatez, peço às autoridades competentes que revejam suas decisões quanto a essa questão, já que um erro não justifica o outro. Vamos impedir que outras famílias se instalem nessas terras, mas não vamos despejar estas famílias que já estão instaladas a 40 anos no local, sob a pena de cometermos uma irracionalidade.

Rafael Monteiro de Castro

LIMPEZA DAS RUAS

Ao lado de minha casa (Rua Dom Rodolfo Pena no Bairro de Fátima) existe uma lixeira constantemente cheia. Gostaria de saber quem é o responsável, na prefeitura, para poder reclamar e pedir uma solução. Em tempo, que fim levou a limpeza de nossas ruas?

Felipe

editorialDEZ EDIÇÕES DO Valença em Questão. O que se iniciou como apenas um projeto de monografia, que poderia durar apenas uma edição, hoje nem pensa em parar de circular. Pelo contrário, a idéia é aumentar ainda mais a circulação da publicação, que além da impressa, também chega a leitores pela internet, com um cadastro de quase mil leitores eletrônicos. Isso sem contar as pessoas que acessam o site Valença Virtual, que também disponibiliza nossa edição.

Além da publicação, o Movimento Valença em Questão vem realizando diversas atividades em prol de políticas públicas para juventude, de geração de renda e de conscientização da população da sua importância nas decisões de nossa cidade. O Cinema nos bairros, que já passou por quatro localidades, tem feito grande sucesso, com participação estimulante do público. Além disso, o segundo Festival de inverno de Valença foi colocado em pauta pelo Movimento Valença em Questão para a sociedade discutir sobre a sua confecção, de forma democrática.

A publicação Valença em Questão está aí, cada vez mais madura, para servir de voz a todos os valencianos.

Um grande abraço e uma ótima leitura.

Diferente do que saiu publicado na edição anterior, o músico Atier não ministra aulas para a secretaria de Cultura de Valença. Segundo ele, este projeto não existe mais. Atualmente o músico dá aulas no Rotary Club, no Colégio Osvaldo Terra e em Consevatória.

Errata

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Valença em Questão fevereiro de 2006 3

SAMBA NA BIQUINHAMEIO AMBIENTEBUSCAR AÇÕES DE sustentabilidade no campo para Valença foi a temática principal do encontro dia três de fevereiro no Hotel Palmeira Imperial, entre os secretários de Agricultura e Meio Ambiente de Muriaé (MG), Francisco Ofeni, e de Valença, Paulo Roberto Mendes. O Movimento Valença em Questão esteve presente.

Debatidas várias iniciativas para possíveis parcerias entrem as duas cidades, em especial de geração de renda e desenvolvimento sustentável no campo, Ofeni se mostrou empolgado com Valença e seu potencial turístico e econômico. Segundo ele, Valença é “uma cidade privilegiada, pois conjuga bem a riqueza ecológica com patrimônio histórico”, perfil ideal para o avanço do turismo.

Uma das idéias que saiu deste encontro foi a necessidade de Valença diversificar a sua vocação agropecuária, principalmente com iniciativas ligadas às lavouras do café, que outrora foram nossa grande vocação econômica, aproveitando justamente todo o potencial que a mística do Vale do Ciclo do Café nos proporciona. Outra linha de ação ressaltada pela Secretaria

de Agricultura de Valença foi o incentivo e a capacitação dos produtores de leite, lembrando do grande potencial da pecuária leiteira no município.

Ao final do encontro ficou acertado um seminário sobre

agronegócio, desenvolvido pela Secretaria de Agropecuária de Muriaé no município de Valença, com data ainda a definir.

O BLOCO EXPLOSÃO da Biquinha anima as noites do bairro, com ensaios em frente ao colégio Daura dos Santos. Os moradores da localidade comparecem em massa para apoiar o bloco e se divertir. O apoio do público é fundamental para o sucesso do bloco, afirma Maxuel, intéprete do Explosão da Biquinha. O bloco, organizado por Dalvina, Eliane e Ligia, que são moradoras da Biquinha, tem no enredo deste ano a temática da magia do circo, de autoria do compositor Kaka.

O MOVIMENTO VALENÇA em Questão vai realizar, no mês de março, o Projeto Sorriso Nota 10, com doação de 200 kits, contendo cada um pasta, fio e escova dental, estojo para guardar a escova e uma toalha. Os kits foram doados pela Petrobrás – Petróleo Brasileiro S/A, através do Departamento de Tecnologia da Informação.

Em parceria com a Secretaria de Educação, foram escolhidas duas Escolas, uma no Bairro da Passagem e outra na Serra da Glória para distribuição dos kits. Também está sendo acertada uma parceria com a Faculdade de Odontologia de Valença para que no dia da distribuição, alunos da faculdade possam orientar os jovens sobre higiene bucal. As doações serão em março.

SORRISO NOTA 10

CERTEZA DE FUTURO

O MOVIMENTO CERTEZA de Futuro, que procura melhorar a qualidade de vida dos valencianos, está realizando periodicamente o Projeto Caminhada no Contorno. A proposta é orientar as pessoas que fazem caminhadas na Avenida do Contorno sobre a prática saudável do esporte, mostrando os benefícios adquiridos a curto e longo prazos. O projeto já foi aplicado três vezes, sempre de sete às nove da manhã, sob a supervisão do professor de Educação Física Tiago Farany Pinto. Segundo Juninho, coordenador do Movimento, já foram atendidas cerca de 800 pessoas e a próxima aplicação será dia 13 de março. Mais informações no blog do MCF -www.movimentocertezadefuturo.blogspot.com -, pelo e-mail [email protected], ou pelo tel: (24) 9824 3591.

CONCURSO DE CARTASPromovido anualmente pela União Postal Universal

(UPU), sediado em Berna, na Suíça, o Concurso Internacional de Redação de Cartas para Jovens objetiva desenvolver a habilidade de composição

dos jovens, contribuir para o estreitamento de relaçãos internacionais e aprimorar a comunicação escrita. Participam estudantes de 9 a 15 anos de idade de 66 países-membros da UPU previamente selecionados nas etapas nacionais.No Brasil, este Concurso é desenvolvido em duas fases: estadual e nacional. A participação se dá por meio das escolas (rede pública e privada), que selecionam, entre as redações de seus alunos, as duas melhores cartas para representá-las. O tema do 34º concurso é Carta ao meu personagem de contos de fadas favorito. As inscrições vão até 24 de março. Então agite sua escola para participar desse concurso. Leia o regulamento completo em www.correios.gov.br

Bloco Explosão da Biquinha

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4 fevereiro de 2006 Valença em Questão

II FestIVal - Participação de todos

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BUSCANDO A MAIOR participação popular na confecção do II FestIVal - Festival de Inverno de Valença, o Movimento Valença em Questão, integrante da Rede Jovem Valenciana, apresentou o pré-projeto do FestIVal no dia três de fevereiro, na Casa Lea Pentagna. Aberto à toda sociedade, a exposição teve

presentes desde músicos, professores e jornalistas a aposentados, advogados, estudantes e políticos, totalizando mais de 30 pessoas.

O membro do Movimento Valença em Questão, Carlos Alberto, Bebeto, apresentou a Rede Jovem Valenciana, sua missão, objetivos, membros e metodologia

de atuação. A proposta da Rede é articular as várias instituições e pessoas para realização de ações unificadas em Valença. Após essa apresentação, foi mostrada a programação sugerida pelo Movimento Valença em Questão, seguido de um debate com sugestões dos presentes, além de dividir algumas comissões

organizadoras durante o fórum.O projeto do II FestIVal consiste

em realizar um leque de atividades culturais entre os dias 17 e 23 de julho, no Jardim de Cima, Catedral, Mirante da Serra dos Mascates (torre), Rua dos Mineiros, Cine Glória, avenida Nilo Peçanha e rua Padre Luna.

Com atrações musicais, festival gastronômico, danças, poesias, teatro, cinema, atividades esportivas e exposições do que Valença possui, a segunda edição pretende marcar de vez este festival como um evento da cidade. A primeira edição, no Adro da Catedral, em julho de 2005, foi um sucesso, apesar da pouca divulgação.

Para realizarmos um evento ainda melhor, contamos com sua colaboração. Dia 17 de fevereiro, às oito da noite, teremos o segundo encontro, também na Casa Léa Pentagna, para continuar discutindo a programação do FestIVal - Valença se encontra aqui.

Maracutaia em ValençaSER DEMITIDO DEPOIS de anos de trabalho, já não é nada bom. Pior ainda é não receber seus últimos salários (referentes a dezembro de 2005 e 13º salário) e valores referentes à rescisão do contrato de trabalho (aviso-prévio, férias proporcionais, 13º salário proporcional e multa do fundo de garantia). Infelizmente foi isso que aconteceu com mais de 70 funcionários da Confecção Água Fria no dia dois de janeiro de 2006. Extratos da Caixa Econômica Federal comprovam ainda que não houve depósito do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). E sem a emissão da Rescisão Contratual, os funcionários também ficaram impedidos de retirar o Seguro Desemprego. Nem mesmo a baixa na Carteira de Trabalho, praxe em demissões, foi realizada.

Revoltados com a situação, cerca de 30 funcionários dos 72 demitidos realizaram uma manifestação dia dois de fevereiro em frente à confecção para exigir seus direitos. Durante a manifestação, ninguém responsável veio falar com os ex-funcionários a respeito. A empresa continua funcionando, só parando as atividades do setor de produção,

com todos empregados demitidos. Há informações que a e m p r e s a p r e t e n d e criar uma cooperativa, e que está totalmente endividada.

O ex-funcionário X., que t raba l hou q u a s e dez anos como costureiro, diz que a manifestação é para chamar a atenção da sociedade para o problema. “Não é justo trabalhar durante anos e no fim das contas não receber nossos direitos”, afirma. O ex-funcionário Y. informou que o “dono da empresa, José Carlos, alegou que não pagou por falta de dinheiro”. Os funcionários sabem que a firma enfrenta problemas graves de endividamento, mas se sentem no direito de receber os valores devidos.

O senhor José Carlos, indicado como dono da empresa Confecção Água Fria não foi encontrado pelo Valença em Questão, que se coloca à disposição para eventuais explicações sobre o ocorrido.

Colaboraram Gustavo Fort e Rafael Monteiro

Os ex-funcionários pediram para não serem identificados, com medo de preconceito em outros empregos que possam vir a se candidatar.

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Valença em Questão fevereiro de 2006 5

Do sindicalismo ao ativismo social

Faber Paganoto Araújo, geógrafo, professor do Colégio

Pedro II no Rio de Janeiro

[email protected]

VIVEMOS ATUALMENTE UMA realidade bastante diferente da que vivíamos num passado recente. A velocidade das inovações e das reviravoltas mundiais é cada vez maior e assusta até mesmo os menos conservadores. Nunca se chegou a um consenso a respeito do nome mais apropriado para expressar essa nova realidade: alguns preferem a denominação de ‘aldeia global’, outros, ‘internacionalização do capital’, mas foi o termo ‘globalização’ que virou figurinha fácil nos jornais e revistas de todo o planeta.

Este processo, embora historicamente não seja recente, sofreu forte impulso a partir da Segunda Guerra Mundial e, em particular, depois de meados da década de 70. Nesse período, verificou-se um aumento da concentração e centralização do capital, com a formação de oligopólios internacionais em importantes setores, o que gerou a internacionalização da produção em cadeias produtivas. As empresas capitalistas formadas neste processo detêm tamanho poder que uma decisão pontual de uma delas pode ultrapassar as fronteiras nacionais e afetar a economia de todos os países.

Nesta conjuntura, desencadeou-se uma revolução técnico-científica, baseada na informação, na automação e na microeletrônica dos processos produtivos, liberando grande massa de t raba lhado res , p r inc ipa lmente aqueles cujo trabalho era rotineiro e repetitivo. Nas linhas de montagem o trabalho humano pouco a pouco passou a ser executado pela inteligência artificial dos robôs - a longo prazo muito mais econômicos. Assim, novos processos de trabalho surgem, onde o ‘cronômetro’ e a produção em série e de massa são substituídos, gradativamente, pela flexibilização da produção, por novos padrões de busca de produtividade, por novas formas de adequação da produção à lógica do mercado.

Todas essas mudanças têm impacto direto nos direitos do trabalho que passaram a ser desregulamentados, precarizados, flexibilizados, de maneira a dotar o capital do instrumento necessário para adequar-se à nova fase. Direitos e conquistas históricas dos trabalhadores são substituídos e eliminados do mundo da produção. Vivenciamos hoje uma subproletarização intensificada, presente na expansão do trabalho parcial, temporário, precário, subcontratado,

terceirizado, que marcam a sociedade dual no capitalismo avançado. O resultado mais brutal dessas transformações é a expansão, sem precedentes do desemprego estrutural, que atinge o mundo em escala global.

Este processo aparece com maior intensidade nos grandes centros urbanos do Brasil, mas nem por isso deixa de ter impacto em cidades de menor porte. Nas últimas semanas Valença viveu intensamente algumas das conseqüências disto que chamamos globalização, quando viu a Confecção Água Fria fechar as portas, colocando na rua mais de 70 trabalhadores, com o agravante de não lhes ter pago aquilo que tinham direito.

Reverter a globalização evitando suas conseqüências está muito além do que qualquer um de nós conseguiria individualmente, embora coletivamente torne-se mais fácil tirar um pouco do gosto amargo que ela nos deixa na boca. E

aqui surge um outro problema: o símbolo maior da organização coletiva dos trabalhadores - o sindicato - está cada vez mais e n f r a q u e c i d o . O motivo desse enfraquecimento é inerente ao processo: com cada vez mais pessoas desempregadas, torna-se quase impossível negociar melhores salários ou usar o direito de greve como pressão, já que muita gente toparia ocupar a sua vaga para ganhar o seu salário.

O quadro não é muito alentador, mas devemos

tomá-lo como lição. Se enquanto trabalhadores há pouco que possamos fazer, enquanto cidadãos ainda há muito. A mobilização da sociedade é fundamental para a garantia dos direitos fundamentais que vez ou outra tentam nos tirar. Fiscalize as ações dos vereadores, compareça às sessões na Câmara Municipal, sindicalize-se dentro da sua profissão, atue em Organizações Não-Governamentais, conheça movimentos sociais atuantes na sua cidade, divulgue e apóie grêmios estudantis e se sua escola ainda não tem um, articule-se com outros jovens e faça-o existir. Mexa-se: enquanto você está aí parado tem muita gente lá fora querendo fazer alguma coisa pra mudar.

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6 fevereiro de 2006 Valença em Questão

Para ver e dançarMAIS DE 500 pessoas, nas últimas quatro semanas, assistiram ao Cinema nos Bairros, projeto do Movimento Valença em Questão e da Frente Popular por Políticas Públicas para Juventude. Além de cinema, tem apresentações de break (dança de rua) e rap, com a dupla Fael e Júnior. As exibições foram no Colégio Osvaldo Terra (Getúlio Vargas), Colégio Daura dos Santos (Biquinha), Colégio Padre Sebastião (Santa Cruz) e CIEP de Chacrinha.

O pessoal da Frente por Políticas para a Juventude trabalha arduamente. Desde a liberação do local, divulgação da exibição nas ruas e rádios até a montagem do equipamento de imagem e som. Mas nada que se compare ao prazer de ver a alegria nos rostos das pessoas ali presentes, em sua maioria crianças e adolescentes.

O projeto continua em mais seis localidades, encerrando sua primeira etapa dia sete de abril, com manifestação no centro da cidade para a divulgação do resultado das eleições dos grêmios estudantis formados em Valença, uma iniciativa da campanha Agora é Grêmio!, também da Frente Popular.

E digo primeira etapa do Cinema nos Bairros, porque o sucesso tem sido tanto, que não dá mais pra parar em abril. Vamos nessa pessoal, cultura pra geral!

Fotos do Cinema nos Bairros no Colégio Daura dos Santos, no bairro da Biquinha. Rap com Conseqüentes, break com Hip Hop cultura de Paz e a exibição do filme

Uma onda no Ar. E o melhor, de graça. Texto de Bebeto

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Valença em Questão fevereiro de 2006 7

entrevistaentrevistaentrevistaentrevistaentrConseqüentes

Acredite nas pequenas atitudes, são através delas que mudamos

nossa cidade

RAFAEL MONTEIRO, OU simplesmente MC Fael, vem junto com seu companheiro de rap, Júnior, que formam o grupo Conseqüentes, abalando o pessoal no Cinema nos Bairros, junto com o grupo Hip Hop Cultura de Paz (H2CP) dançando break. Atualmente estuda filosofia na Universidade Federal do Rio de Janeiro, além de membro do Movimento Valença em Questão.

CULTURA HIP-HOP

A cultura Hip-Hop surgiu na Jamaica, mas se expandiu mesmo nos guetos dos Estados Unidos. Lideranças negras buscando terminar com as brigas de gangues, utilizaram o break, o rap e o graffiti para canalizar a energia das pessoas, transformando brigas em batalhas de break (dança), vandalismo em arte popular (graffiti, que são os desenhos nas paredes) e indignação em poesia (rap). Dos Estados Unidos esta cultura se espalhou para o mundo.

HIP HOP EM VALENÇA

Tudo começou com a idéia de Paulinho Graveto de criar um grupo de Rap. Hoje ele está em Campos dos Goitacazes, fazendo Ciências Sociais na Universidade do Norte Fluminense, cantando pelos bailes da cidade. Ele também cantou no Hutus, maior evento de Hip-Hop da América Latina. Em 1999, juntamos eu e Graveto com Paulo César (PC) para formar o grupo Consequentes. Além do rap, criamos o Movimento Hip Hop Organizado de Valença (MH2OV), que propagava a cultura Hip-Hop e promovia projetos sócio-políticos-culturais para a população valenciana.

HISTÓRIA DO MH2OVRealizamos uma palestra na Serra da Glória junto à

Associação de Moradores sobre a ALCA (Área de Livre Comércio das Américas), informando e manifestando contra a submissão brasileira aos interesses dos Estados Unidos, no dia sete de setembro de 2000. Também mantivemos um Fanzine mensal durante um ano e aulas de break para a comunidade do bairro da Passagem. Os Conseqüentes se apresentaram no Rio de Janeiro, Três Rios, Rio das Flores e, claro, Valença.

HIP HOP HOJE

Hoje olho o movimento como algo muito importante, que deu muitos frutos. O principal é o grupo Hip-Hop Cultura de Paz (H2CP), um grupo de Break que vem promovendo oficinas de dança em Valença, com dificuldades (principalmente de local), mas está firme na luta.

H2CPEsse grupo surg iu a par t i r do

Maxwel, que freqüentava as aulas na Passagem com o Jagal, o professor que trazíamos do Rio de Janeiro. Na época pagávamos a passagem, ele dormia na casa de alguém do movimento e sempre demonstrou a maior disposição. Hoje somos gratos a ele.

O MH2OV, pela postura que tinha e pela falta de experiência dos seus integrantes na época acabou ficando limitado e não conseguiu abarcar toda a sociedade valenciana, não conseguindo transformar Valença sozinho. Hoje o Valença em Questão é um movimento, para mim, com condições de fazer a transformação que o MH2OV pretendia. Falta apenas agregar mais moradores f ixos de Valença na luta, pois hoje muitos são estudantes em cidades próximas.

CINEMA NOS BAIRROS

O cinema nos bairros é um projeto dá hora, que leva entretenimento e informação de qualidade para as comunidades que geralmente não tem esse tipo de lazer. O Hip-Hop está sendo muito bem recebido, a galera está se amarrando no break e o rap, apesar da galera ainda não estar tão acostumada com esse tipo de música, a maioria se amarra nas letras. E o Cinema, sem comentários, Uma

Onda no Ar é o filme feito pra entrar depois do Hip-Hop.

VOCÊS CANTAM MÚSICAS DE AUTORIA PRÓPRIA?

Todas as nossas músicas são de autoria própria. Talvez, porque as letras de rap são muito

pessoais e se referem ao que você sente em determinada época. As letras refletem um pedaço da nossa história.

OFICINAS

Nós temos a intenção de realizar oficinas, mas depende de vários fatores, como conseguir espaço e de uma turma disposta a ensinar que esteja em Valença. Eu estudo filosofia no Rio de Janeiro e estou em Valença aos finais de semana, mas tenho muita fé que Maxwel, Cavernoso

e Sapão (do grupo H2CP) vão conseguir criar essa oficina de Hip-Hop.

RECADO

Acredite nas pequenas atitudes, porque é transformando seu amigo, sua família, seu bairro, que nós mudamos nossa cidade. Pois, depois de seu feito, o mundo em que vive jamais será o mesmo.

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8 fevereiro de 2006 Valença em Questão

qualéaboaqualéaboaqualéaboaqualéaboaqualéabRevista Jovem

Troca de experiênciaswww.overmundo.com.br

Imprensa em Debate

ROMPENDO A CERCA – A História do MST, de Sue Branford e Jan Rocha. O livro Rompendo a Cerca, das jornalistas Sue Branford e Jan Rocha, tem o intuito de apresentar o MST como algo digno e humano, explorando o seu surgimento, sua evolução e contextualizando-o com outros tantos movimentos de diversos países e épocas. Ao acompanharem o cotidiano dos sem-terra por dezoito meses, as autoras analisam a realidade destes militantes, dos conflitos às festas, construindo uma narrativa sensível e dando voz aos protagonistas desse quadro. Prefácio de José Arbex Jr. Vencedor do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos na categoria “livro-reportagem” em 2004.

OVERMUNDO PRETENDE SER uma rede de trocas de artigos, vídeos, músicas e agendas culturais. Foi lançado em fevereiro de 2006 para atacar de frente um grave problema do atual cenário cultural brasileiro: a produção é cada vez maior, mas só uma mínima

parcela do que é produzido consegue ser divulgada ou distribuída para o público. Aproveitando todas as possibilidades colaborativas da internet, o Overmundo vai propor uma nova forma de gerar conhecimento sobre as múltiplas vertentes de nossa cultura contemporânea, na qual imprensa e sociedade se relacionarão em novo modelo.

O lado Humano do MST

VOLTADA PARA A área de educação e comunicação, a Revista Viração nasceu para unir os jovens e adolescentes de todo Brasil em torno de alguns princípios, como a defesa dos direitos humanos, à educação, à paz e à solidariedade entre os povos, à pluralidade étnica e racial. Sem fins lucrativos, a Vira é um projeto social impresso da organização não-governamental Associação de Apoio a Meninas e Meninos da Região Sé (www.aacrianca.org.br), que possui um Centro de Defesa da Criança e Adolescente e outros projetos voltados para crianças e adolescentes.

NOTÍCIAS DE UMA GUERRA PARTICULAR. Kátia Lund e João Moreira Salles retratam o cotidiano dos moradores e traficantes do morro da Dona Marta, no Rio de Janeiro. Resultado de dois anos de entrevistas (entre 1997 e 1998) com personagens que estão de alguma forma envolvidos ou vêem de perto a rotina do tráfico, o documentário contrapõe a todo o momento as falas de traficantes, dos policiais e dos moradores.

Notícias de uma Guerra Particular traz cenas desconcertantes, como o garoto de dez anos que diz ter prazer em estar perto da morte, o policial que se orgulha em matar, e as crianças que sabem de cor os nomes das armas e suas siglas. O documentário ganhou, entre outros, o prêmio de Melhor Documentário Brasileiro e o Prêmio Quanta, ambos no festival É Tudo Verdade.

Notícias de Uma Guerra

OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA, TERÇAS, ÀS 22:30H. É a versão televisiva do site criado pelo Labjor - laboratório de estudos avançados em jornalismo da Unicamp - que pretende acompanhar o desempenho da mídia brasileira. É uma entidade civil, não-governamental, não-corporativa e não-partidária

MORO NO BRASIL - FAROFA CARIOCA. O grupo Farofa Carioca foi o revelador do grande Seu Jorge e uma das grandes sensações do Free Jazz Festival em 1997. Neste CD estão temas cheios de suíngue brasuca e boas letras, casos de “Menino da Central”, “A Lei da Bala” e “Moro no Brasil”.

Farofa Musical