VOCÊ SABE DESENHAR?: O DESENHO DA CRIANÇA E A … · Agradeço ao meu pai que somou esforços...
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
JOSÉ JORGE SANTOS SANTANA
VOCÊ SABE DESENHAR?: O DESENHO DA CRIANÇA E A RELAÇÃO COM O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO; UMA EXPERIÊNCIA NA ESCOLA ESTADUAL GOVERNADOR ROBERTO SANTOS
SALVADOR 2010
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JOSÉ JORGE SANTOS SANTANA
VOCÊ SABE DESENHAR?: O DESENHO DA CRIANÇA E A RELAÇÃO COM O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO; UMA EXPERIÊNCIA NA ESCOLA ESTADUAL GOVERNADOR ROBERTO SANTOS
Salvador
2010
Monografia apresentada ao Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia como requisito para a conclusão do curso de Pedagogia Anos Iniciais. Orientadora: Profª Cláudia Silva Santana
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JOSÉ JORGE SANTOS SANTANA VOCÊ SABE DESENHAR?: O DESENHO DA CRIANÇA E A RELAÇÃO COM O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO; UMA EXPERIÊNCIA NA ESCOLA ESTADUAL GOVERNADOR ROBERTO SANTOS
Monografia apresentada como requisito para obtenção da graduação no Curso de Pedagogia Anos Iniciais do Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia.
APROVADO EM: Salvador, / / BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________________________ Cláudia da Silva Santana Universidade do Estado da Bahia _______________________________________________________________ Patrícia Magris Universidade do Estado da Bahia _______________________________________________________________
Marilucia Magalhães Santos Universidade do Estado da Bahia
CONCEITO FINAL: ______________
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Dedico esse trabalho aos meus filhos Vítor e Cristiane, especialmente aos meus netos Alexandre, Raissa, Augusto e Enzo de modo que sirva de incentivo para que eles possam trilhar no mesmo caminho e dar continuidade a busca pelo conhecimento.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço ao Ser Supremo pelo dom da vida e a oportunidade de fazer parte deste Universo. Agradeço ao meu pai que somou esforços desde cedo para que me fosse garantida a educação escolar. Agradeço a minha esposa Val pelo companheirismo, cumplicidade, tolerância, amor e incentivo nessa caminhada. Agradeço a Deus por ter permitido o encontro com a professora Patrícia Magris. Uma pessoa ímpar, símbolo de humildade, conhecimento e competência, aliada a sua energia positiva e disposição de ajudar as pessoas. Agradeço a Profª Cláudia – minha orientadora, por me incentivar a seguir em frente e acreditar que eu seria capaz de vencer esse desafio. Agradeço a todos os colegas da turma pela força e incentivo nos momentos difíceis, com eles aprendi que à diferença fazem dos homens seres únicos e especiais. Agradeço a direção professores e funcionários da escola “Robertinho” por abrirem as portas para realização desta pesquisa e me acolherem com muito respeito e carinho. Agradeço aos alunos da turma da 4ª série, turno matutino de 2009 da escola “Robertinho”. Agradeço a todos que estiveram ao meu lado e me apoiaram durante a minha trajetória pessoal e acadêmica, seja com palavras, gestos, confiança e até mesmo o silêncio. Tudo isso contribuiu para meu fortalecimento ao enfrentar os momentos mais difíceis. Agradeço especialmente a minha amiga Fabi. Um ser humano simplesmente fantástico, uma filha que todo pai adoraria ter.
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Fig. 01 - Meu neto Alexandre e meu sobrinho Lucas numa atividade de desenho
Antes eu desenhava como Rafael, mas eu precisei de toda uma existência para aprender a desenhar como as crianças.”
Picasso
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RESUMO
Este trabalho versa sobre a influência do desenho no processo educativo e no desenvolvimento cognitivo da criança. Para tanto surgiu da seguinte questão de pesquisa: De que maneira o desenho vem sendo trabalhado na Escola Estadual Governador Roberto Santos? Os objetivos deste trabalho são: estudar o desenho como uma das modalidades da arte e sua aplicação na prática docente na referida escola; conhecer o conceito de arte, arte-educação e a importância do desenho no âmbito educacional bem como descrever a importância deste instrumento utilizado na experiência realizada na referida escola. O interesse pelo estudo surgiu após observar que a maioria das pessoas quando questionadas acerca do desenho, geralmente respondem que não sabem desenhar ou se sabe muito pouco, ignorando assim o poder de criação inato de todo ser humano. A pesquisa é qualitativa e o instrumento de coletas de dados utilizado foi a observação participante. Os resultados mostram que o desenho contribui no desenvolvimento integral da criança, além de ser um ótimo recurso para o ensino aprendizagem. Palavras chave: Desenho, Arte, Educação, Ensino, Aprendizagem.
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ABSTRACT
This paper discusses the influence of design in the educational process and cognitive development of children. For this emerged from the following research question: How does the design has been worked in the State School Governor Roberto Santos? Our research goals are: to study the drawing as one of the modes of art and its application in practice teaching in that school, have no concept of art, education and the importance of design in the educational field and to describe the importance of this instrument used in experiment conducted in that school. Interest in the study came after observing that most people when asked about the design, usually respond to or can not draw very little is known, thus ignoring the creative power inherent in every human being. The research is qualitative and the instrument of data collection used was participant observation. The results show that the design contributes to the development of the child, besides being a great resource for teaching learning.
Keywords: Design, Art, Education, Teaching, Learning.
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LISTAS DE ILUSTRAÇÕES
Fig. 01 - Meu neto Alexandre e meu sobrinho Lucas numa atividade de desenho
Fig. 02 - Desenho produzido pelo aluno Tiago Santos, da 4ª série, da Escola Estadual Governador Roberto Santos numa atividade de Cartografia.
Fig. 03 – Pinturas rupestres, disponível em: http://www.historiadetudo.com/paleolitico.JPG Acesso em: 20/01/2010
Fig. 04 - Pinturas rupestres, disponível em: http://dottacom.files.wordpress.com/2009/07/pinturas-rupestres.jpg Acesso em: 20/01/2010
Fig. 05 - Desenho produzido pela aluna Ana Cláudia, da 4ª série, da Escola Estadual Governador Roberto Santos numa atividade de Cartografia
Fig. 06 - Desenho produzido pela aluna Alice Maria, da 4ª série, da Escola Estadual Governador Roberto Santos numa atividade de Cartografia.
Fig. 07 e 08 – Gráficos demonstrativos
Fig. 09, 10, 11 e 12 Desenhos produzidos pelos alunos na atividade desenvolvida “Meu caminho predileto”. Fig. 13, 14 e 15 Desenhos produzidos pelos alunos na atividade desenvolvida “o que você daria por uma casa de chocolate”? Fig. 16 e 17 Desenhos produzidos pelos alunos na atividade desenvolvida “percurso do lixo até ser reciclado”.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 10
2 BREVE HISTÓRICO DA ARTE - Caminhando sempre ao lado do homem 13 2.1 ARTE – Brasil - Aquarela Brasileira 18
2.2 ARTE-EDUCAÇÃO – Almas gêmeas 22
2.3 A EDUCAÇÃO INFANTIL E O DESENHO - pintando o sete em sala de aula 27
3 O DESENHO DA CRIANÇA E O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO 31
3.1 DESENVOLVIMENTO COGNITIVO - rabiscando vou crescendo 31
3.2 A CAPACIDADE CRIADORA – No mundo ninguém cria, tudo se copia!? 35
4 CAMINHOS PERCORRIDOS PELA PESQUISA 39
4.1 A ESCOLA ESTADUAL GOVERNADOR ROBERTO SANTOS – onde tudo acontece 43 4.2 ATITUDE DO PROFESSOR – Mestre, quem é você? – Submisso ou rebelde? 46 4.3 A EXPERIENCIA NO ROBERTO SANTOS 47 4.3.1 Metodologia e comportamento do professor durante as atividades de arte 48 4.3.2 Materiais didáticos 50 4.3.3 Ciranda dos desenhos - a hora do recreio 51 4.3.3.1 1º bloco – meu caminho predileto 53 4.3.3.2 2º bloco – o que você daria por uma casa de chocolate 55 4.3.3.3 3º bloco – percurso do lixo até ser reciclado 57
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 59
REFERÊNCIAS
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1. INTRODUÇÃO
Fig. 02 - Desenho produzido pelo aluno Tiago Santos, da 4ª série, da Escola Estadual Governador Roberto Santos numa atividade de Cartografia.
Este trabalho trata do tema: Você sabe desenhar?: O desenho da criança e a
relação com o desenvolvimento cognitivo; uma experiência na Escola Estadual
Governador Roberto Santos.
Recordo de maneira incômoda, que quando criança antes mesmo de entrar na
escola, adorava desenhar, disputava com meus irmãos e colegas a produção do
melhor desenho. Hoje adulto, tenho muita dificuldade, e porque não dizer que não
gosto de desenhar, tal fato acontece nos dias atuais com a maioria dos adultos.
No percurso de minha experiência de vida observei, ouvi e li relatos de
questionamentos acerca do significado do desenho das crianças. Apesar do assunto
ser alvo de estudos por diversos pesquisadores de variados campos do
conhecimento, ainda assim, não se esgota o interesse de desvendar o elo que
encontra-se perdido na infância.
Considerando os aspectos acima relatados, bem como, por ser um estudante da
área educacional, despertou-me o interesse de desenvolver esse estudo,
estabelecendo uma relação entre o mundo real e o imaginário, e assim, poder
adentrar nesse mundo fantástico, expressado pela criança através de seus simples
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rabiscos. Por isso o tema dessa monografia é Você sabe desenhar?: O desenho
da criança e a relação com o desenvolvimento cognitivo; uma experiência na
Escola Estadual Governador Roberto Santos.
Nessa perspectiva, da relação da criança com o desenho e levando em conta que
muitas pesquisas revelam a fragmentação da formação docente é que nasce a
seguinte questão de pesquisa: De que maneira o desenho vem sendo
desenvolvido na Escola Estadual Governador Roberto Santos?
Este estudo tem como objetivo geral analisar como as atividades com desenhos
são desenvolvidas com alunos da classe do 5º ano do Ensino Fundamental na
Escola Estadual Governador Roberto Santos e a abordagem teórica que fundamenta
os estudos sobre a expressão de linguagem do desenho. Os objetivos específicos
são: reelaborar conceitos sobre arte e arte-educação no Brasil; avaliar se os
desenhos promovem o desenvolvimento cognitivo social; verificar a evolução da
capacidade criadora através das produções dos desenhos na Escola Estadual
Governador Roberto Santos.
O primeiro capítulo consiste em um estudo sobre arte, a origem e conceito do
termo arte-educação e do desenho no processo do desenvolvimento do ser humano,
sobretudo, através do relato dos alunos do 5º ano do ensino fundamental da Escola
Estadual Governador Roberto Santos, estabelecer uma articulação entre a teoria e
prática, acerca das experiências envolvendo o desenho vivenciadas em sala de
aula,
No segundo capítulo trata do desenho da criança e a relação com o
desenvolvimento cognitivo, fazendo um estudo da evolução das etapas do grafismo
infantil, e através desse estudo traçar o perfil de como o desenho vem sendo
trabalhado pelos professores na atualidade, especificamente na turma do 5º ano do
ensino fundamental da Escola Estadual Governador Roberto Santos.
Na terceira parte desta monografia apresento os desenhos produzidos pelos alunos
de escola supra mencionada, bem como os relatos coletados através de
questionários respondidos pelo professor e alunos acerca do assunto, onde será
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mostrado a importância e valor da utilização do desenho, e o efeito positivo
constatado no desenvolvimento das atividades.
Levando em consideração a amplitude do tema, daremos um destaque maior em
nosso estudo, a utilização do desenho como recurso eficaz em sala de aula e a
importância da atitude do professor nesse processo, atuando com comprometimento
e boa vontade para implantar o novo.
Tendo em vista que à pesquisa se caracteriza como qualitativa, o meu campo de
observação será em sala de aula da Escola Estadual Governador Roberto Santos.
Levando em conta que, enquanto estagiário, a oportunidade permite o contato direto
com os sujeitos de observação, além de possibilitar o confronto entre teoria e a
prática. A pesquisa é também bibliográfica por exigir amparo numa fundamentação
teórica através de consultas em livros, revistas, artigos. Documental por necessitar
da análise dos desenhos produzidos pelos alunos – documentos iconográficos, bem
como de campo por ter que utilizar da observação dos sujeitos objetos do nosso
estudo.
Os sujeitos desta pesquisa seram o professor e alunos da classe da 4ª série do
ensino fundamental da Escola Estadual Governador Roberto Santos, situada no
bairro do Cabula, compreendendo as idades entre 11 a 15 anos. Para a produção
deste trabalho utilizou-se como instrumentos de coleta de dados a observação
participante. Para confecção das entrevistas foi utilizado o questionário semi-
estruturado com os sujeitos envolvidos, somando um total de seis alunos e uma
docente.
Considero o cunho deste trabalho de relevância social e científica, porque ao final
desse estudo será apontado estratégias de ensino teoricamente amparada, que
possam efetivamente contribuir para o desenvolvimento integral e uma
aprendizagem significativa e contextualizada para os alunos, ressaltando a
importância da responsabilidade e comprometimento ético do professor como
mediador nesse processo. Bem como estimular o interesse e olhar sensível
relacionado ao assunto, principalmente por estudantes, professores e pesquisadores
da área educacional.
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2 BREVE HISTÓRICO DA ARTE – Caminhando sempre ao lado do homem
Fig. 03 – Pinturas rupestres, disponível em: http://www.historiadetudo.com/paleolitico.JPG Acesso em: 20/01/2010
Tendo em vista nosso estudo ter como foco a importância do desenho, e o desenho
ser uma das modalidades da área de arte, desenvolveremos um estudo sobre a arte,
e dessa maneira revelar sua importância e influência que acompanha o ser humano
desde os tempos primórdios, nas suas manifestações de linguagem e expressão.
Nesta seção serão discutidos os conceitos de arte e a sua história a partir dos
autores, Abbagnano (1982), Read (2001), Duarte Júnior (2008), Brandão (1986)
entre outros.
Conceituar a arte vem sendo ao longo dos anos alvo de vários estudiosos e
pesquisadores, para o autor (READ, 2001, p 15), “é um dos conceitos mais
indefiníveis da história do pensamento humano”. Apesar de várias respostas
apresentadas por vários sábios, jamais nenhum deles conseguiu unanimidade,
considerando que a arte sempre foi tratada como um conceito metafísico, no
entanto, sendo fundamentalmente um fenômeno orgânico.
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Sabemos que a definição de arte varia de acordo com a época e a cultura. No
sentido etimológico da palavra arte do latim “ars, artis”. No glossário do Dicionário de
Filosofia, Platão conceitua arte como:
É a do raciocínio como a própria Filosofia no seu grau mais alto, isto é, a dialética; arte é a poesia, embora a esta seja indispensável uma inspiração delirante. Arte compreende para Platão todas as atividades humanas ordenadas (inclusive a ciência) e se distingue no seu complexo, da natureza. (ABBAGNANO, 1982, p. 77).
Dessa forma, para Platão ciência e arte não tem distinção, ambas obedecem uma
ordem natural conduzidas pela capacidade humana de raciocinar e exercer suas
atividades de forma consciente, controlada e racional. Atribui em seu significado
mais amplo que arte é “todo conjunto de regras capazes de dirigir uma atividade
humana qualquer.” Defende a teoria da arte por imitação, para ele toda obra de arte
sempre imita algo, não origina da criação do artista, considera os objetos comuns
meras cópias do mundo das Formas. Platão considerava a natureza como “o real”,
enquanto que a arte era algo artificial, imita a natureza.
Em contrapartida, o filósofo Aristóteles defende que a forma deve residir na alma do
artista antes de ser transferida à matéria através de sua atividade:
Estabelece uma distinção entre vários estados mediante os quais a alma possui a verdade por afirmação ou negação. São os seguintes; arte, ciência, saber prático, filosofia, e razão intuitiva. A arte se distingue dos outros quatro na medida em que é um estado de capacidade para fazer algo, sempre que implique um curso verdadeiro de raciocínio, isto é um método. A Arte trata de algo que chega a ser. A Arte não trata do que é necessário ou do que não pode ser distinto de como é. (ABBAGNANO, 1982, p. 77).
Dessa forma, a arte é mais do que um exemplo de habilidade técnica, ela deve sua
grandeza a força criadora do artista, para ele o mérito de uma obra está na
capacidade que a obra possui de expugnar emoções. Nessa perspectiva representa
uma grande influência sobre a identificação da arte com a idéia. Em outras palavras,
da mesma forma que uma obra de arte nasce da inspiração do artista expondo suas
emoções, uma idéia surge da intuição do filósofo e ou cientista expondo sua razão.
O importante é que desde a pré-história toda manifestação da passagem do homem,
é marcada pela presença da arte, a necessidade de transformação, mudança e
adaptação ao meio em que vivia, fazia do homem um criador, seja nas gravuras
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rupestres expressos nas cavernas, seja nos utensílios utilizados por eles. A todas
essas manifestações foram atribuídos valores artísticos, fazendo parte do
desenvolvimento da mente humana e da capacidade do homem de criar
representações simbólicas da realidade, apresentando assim mesmo que
inconscientemente, um senso estético das suas criações. Pode-se afirmar que é:
Um fenômeno comum a todas as culturas – desde as mais “primitivas” às “civilizadas”, desde as mais antigas às mais atuais – é a arte. A arte do homem pré-histórico, inclusive, é tudo o que restou, integralmente, desses nossos antepassados. Qualquer cultura sempre produziu arte, seja em suas formas mais simples, como enfeitar o corpo com tinturas, seja nas formas mais sofisticadas, como o cinema em terceira dimensão, na nossa civilização. A arte nos acompanha desde as cavernas. (DUARTE JÚNIOR, 2008, p.38).
A história nos revela que as civilizações nunca retrocederam, bem como a mente
humana, uma vez tendo suas dimensões ampliadas, não volta a seu tamanho
original. Sendo assim, levando em consideração a linha do tempo compreendendo
os períodos da antiguidade à modernidade, a arte vem sendo alvo de muitos
estudos, conceitos e discussões envolvendo vários filósofos e estudiosos, tentando
encontrar respostas para as dúvidas e perguntas que permeiam o tema. Nesse
percurso a arte foi se modificando apresentando sua singularidade conforme as
influências culturais e filosóficas da época, estabelecendo a seguinte divisão por
períodos: Antiga, Medieval, Renascentista , Moderna e Contemporânea.
Uma das principais civilizações da Antiguidade foi a que se desenvolveu no Egito.
Apresentava uma organização social bastante complexa, riquíssima em suas
realizações culturais, tendo como suporte o poder da religião que orientava o povo
com o misticismo atribuído a crença de Deuses que poderiam interferir na história
humana. Além de crer numa vida após a morte, considerada mais importante do que
viviam no presente.
Dentre as diversas obras de arte desta época, as pirâmides do deserto de Gizé e a
esfinge do Faraó Quéfren, são as que mais se destacam. Mostrando as principais
características: solidez e durabilidade, sentimento de eternidade e o aspecto
misterioso impenetrável. Destaca-se também nessa época inúmeras esculturas
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representando os faraós e deuses, bem como a pintura representada nas
decorações e os desenhos na forma de escrita.
Enquanto a arte egípcia é uma arte ligada ao espírito, a arte grega liga-se à
inteligência na busca constante da perfeição. Destacam-se os principais
monumentos da arquitetura grega o Parteon de Atenas, na pintura as decorações e
ornamentações nos vasos de cerâmica, e a supremacia de suas esculturas
representadas em formas humanas nas estátuas esculpidas em mármore e
posteriormente o bronze, surgindo assim o nu feminino estampado em grupos de
figuras de modo que mantivesse a sugestão de mobilidade e beleza de todos os
ângulos que pudessem ser observadas.
Já a arte romana sofre influência da arte etrusca popular retratando a expressão da
realidade vivida e a da greco-helenística expressando um ideal de beleza. Deixando
assim um legado cultural no uso do arco e da abóbada nas construções de
Templos, Basílica, Termas, Circos,Teatro e Monumentos decorativos. Na pintura, o
mosaico foi muito utilizado na decoração dos muros e pisos da arquitetura. Na
escultura é representada pela retratação fiel das pessoas.
Após a invasão dos bárbaros e conseqüentemente a decadência do Império
Romano, as cores da natureza são exploradas representadas pelo mosaico
prevalecendo a pintura, servindo para medir a ampliação das primeiras igrejas
cristãs. Surge assim a arte cristã primitiva. Com o surgimento do novo reino
espiritual estabelecido pelos ensinamentos de Jesus Cristo, inicia-se a fase da arte
paleocristã. Simultaneamente diante do abalo do poder romano, nasce a
perseguição a Jesus e seus seguidores.
Numa ordem cronológica sucedem-se as artes Bizantina e Islâmica conforme suas
influências e singularidades da época, marcando toda a Idade Antiga.
Em 476 Roma é tomada pelos bárbaros, inicia-se assim o período histórico
conhecido por Idade Média. A principal característica, é a mudança do
comportamento humano influenciada pelo Cristianismo, a arte se volta para a
valorização do espírito, tendo Deus como centro do Universo – o teocentrismo. Ao
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final do século XI, surge a arte romântica e posteriormente no século XII surge a arte
gótica.
Na Idade Moderna, entre os anos 1300 e 1650 surge na Europa o período do
Renascimento, revivendo a antiga cultura greco-romana. Ancorado pelo ideal do
humanismo, ocorreram nesse período muitos progressos e inúmeras realizações no
campo das artes, da literatura e das ciências. Encontrando no Renascimento fonte
de inspiração e modelo de civilização. Tal característica opõe-se ao divino e ao
sobrenatural.
Dentre as diversas obras de arte desse período, destacaram-se na arquitetura as
obras do pintor, escultor e arquiteto Brunlleschi. Entre os seus principais trabalhos,
os mais importantes são a cúpula da categral de Florença e a Capela Pazzi. Na
pintura, destacaram-se: Botticelli com A Primavera e O Nascimento de Vênus;
Leonardo da Vinci com A Virgem dos Rochedos e Monalisa; Michelangelo com Teto
da Capela Sistina e a Sagrada Família; Rafael com A escola de Atenas e Madona do
Amanhã.
Paralelamente ao renascimento clássico surge o Maneirismo marcando a transição
entre o renascimento e o barroco, destacando-se várias obras no campo da
arquitetura, escultura e pintura.
No século XVI originou-se na Itália, a arte barroca espalhando-se por outros países
da Europa bem como no continente americano. É uma época marcada por conflitos
espirituais e religiosos, na tentativa angustiante de conciliar forças antagônicas.
Nas décadas e séculos que se segue sucedem-se vários períodos marcando época
e culturas com suas influências e particularidades, a saber: Neoclassismo,
Romantismo, Realismo, Impressionismo, Expressionismo, Fovismo,
Cubismo,Futurismo, Pintura Metafísica, Dadaísmo, Abstracionismo Geométrico,
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abstracionismo sensível, Concretismo, Surrealismo, Cobra, Pop Art, Op Art, Graffiti,
Interferência, Instalação e Arte Naif.1
2.1 ARTE – Brasil - Aquarela Brasileira
Fig. 04 - Pinturas rupestres, disponível em: http://dottacom.files.wordpress.com/2009/07/pinturas-rupestres.jpg Acesso em: 20/01/2010
Sendo o Brasil um país novo em relação ao resto do mundo, no que concerne a
história da arte, os estudos revelam que a arte brasileira desde a época colonial até
os dias atuais, está compreendida entre Pré-história, Arte Indígena, Arte Colonial,
Arte Holandesa, Barroco, Missão Artística Francesa, Pintura Acadêmica, Semana da
Arte Moderna, Expressionismo e Arte Primitiva.
Tal comprovação revela dúvida no que diz respeito à presença humana nas
Américas, bem como, a clara evidência de manifestações artísticas refletindo os
períodos citados comprovadamente nos diversos e valiosos sítios arqueológicos que
o Brasil possui.
Segundo as autoras Martins & Imbroisi, (2009), a equipe arquitetônica Niède
Guidon, em escavações feitas no boqueirão da Pedra Furada, no Parque Nacional
da Serra da Capivara, encontraram restos de uma fogueira e pedras lascadas,
datadas em mais de 50 mil anos. No entanto à comunidade científica se dividiu em
relação ao tema.
1 Devido à amplitude do assunto que envolve os períodos acima mencionados, um estudo aprofundado sobre os citados períodos requer busca em fontes específicas: Disponível em http://www.históriadaarte.com.br Acesso em 27/02/2010.
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Tal questão suscita a elucidação da dúvida relacionada à porta de entrada do
homem na América - se ocorreram pela travessia do estreito de Bering, entre 15 e
12 mil anos atrás, ou pela costa do Pacífico na América Latina. Atualmente algumas
descobertas foram feitas na toca do Garrincho - foram apresentados ao público
dentes com 15 mil anos, bem como pinturas dos sertões de Bastiana com datação
presumida em 40 mil anos.
As autoras Martins & Imbroisi, (2009)2, ressaltam que as mais importantes pinturas
rupestres do Brasil são as seguintes:
Pedra Pintada (PA), em 1996, a arqueóloga americana Anna Rosevelt achou
pinturas com cerca de 11.000 anos. Peruaçu (MG), tem vários estilos de pinturas
entre 2.000 a 10.000 anos. Lagoa Santa MG), pinturas de animais, conhecidas
desde 1834, têm entre 2.00 a 10.000 anos. São Raimundo Nonato (PI), vestígios
humanos de 40.000 anos e pinturas de 15.000 anos.
A arte indígena no Brasil só foram reconhecidas em pleno século XX, quando os
pensadores intelectuais da humanidade reconheceram os povos nativos como
culturas diferentes das civilizações oficiais e vislumbraram contribuições sociais e
ambientais deixadas pelos índios.
Destacando-se como maior contribuição a prática de um ser uno com a natureza
interna de si.3 Na arquitetura a Taba ou Aldeia – composta de 10 a 40 ocas –
habitação erguida com varas, fechada e coberta com palhas ou folhas. Na pintura
utilizam a pintura corporal e a arte plumária como enfeite e também como proteção
contra o sol,os insetos e os espíritos maus. A pintura corporal é função feminina, a
mulher pinta os corpos dos filhos e do marido.
Vale salientar também a utilização de plantas nativas para a confecção de cestos,
peneiras, abanos, redes para pescar e dormir, instrumentos musicais e objetos de
adornos pessoais. Bem como a cerâmica nas suas formas e decoração exterior. O
ápice dessa prática ocorreu na Ilha de Marajó.
2 MARTINS, Simone R.; IMBROISI, Margaret H. Maneirismo Disponível em: <http://www.historiadaarte.com.br/linha_do_tempo.htm>. Acesso em 04/12/2009 3 Ibdem.
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A arte Colonial inicia no ano de 1500, com a chegada de Cabral e o Brasil sendo
transformado em colônia de Portugal, constrói-se várias habitações simples, com
formato retangulares e cobertura de palha sustentada por madeiras. Essas
construções eram conhecidas como tejupares. Posteriormente aprimoram para
casas de taipa. Com as diversas expedições vindas de Portugal e suas respectivas
influências é introduzida no Brasil a Arquitetura Religiosa , caracterizada pelas
construções de capelas dirigidas pelos missionários jesuítas.
No início do século XVI o Brasil é invadido pelos holandeses, inicia-se o período da
Arte Holandesa, influenciada por artistas e cientistas trazidos pela expedição do
Conde Maurício de Nassau, entre eles o arquiteto Pieter Post que projetor e
construiu a Cidade Maurícia – atual Recife e também os palácios e prédios
administrativos. Destacaram-se também os pintores Frans Post e Abert Eckhout,
com pinturas que retratam o Brasil
Com a expansão da religião católica, o estilo barroco desenvolveu-se no Brasil
durante o século XVIII, perdurando até o início do século XIX, caracterizado por
duas linhas distintas, marcando a integração entre arquitetura, escultura, talha e
pintura. Uma linha com Antonio Francisco Lisboa – o “Aleijadinho”, com inúmeras
obras espalhadas na cidade de Ouro Preto, especialmente a Igreja de São Francisco
e o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas do Campo. E a outra
linha com Manuel da Costa Ataíde – o Mestre Ataíde. Utilizava um estilo próprio e
bem brasileiro nas pinturas em tetos de igrejas, destacando-se a pintura do teto da
igreja de São Francisco de Assis.
No início do século XIX com a vinda de D. João VI, juntamente com sua família e
sua corte para o Brasil, trazendo vários nobres e artistas, bem como vasto material
para montar a primeira gráfica brasileira. O Brasil recebe forte influência cultural
européia, intensificada com a chegada de um grupo de artistas franceses,
encarregado da fundação da Academia de Belas Artes. Esse grupo ficou conhecido
como Missão Artística Francesa.
Em meados do século XIX com o progresso da cafeicultura e conseqüentemente a
prosperidade econômica Império Brasileiro, Dom Pedro II assume o governo
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oferecendo ao país equilíbrio político e um desenvolvimento cultural mais sólido,
incentivando as letras, as ciências e as artes. Surge assim vários artistas
acadêmicos inspirados em modelos clássicos europeus, seguindo os padrões de
beleza da Academia de Belas Artes, procurando imitar os clássicos gregos na
arquitetura e os renascentistas na pintura. Dentre tantos destacam-se Pedro
Américo de Figueiredo e Melo com a pintura O Grito Do Ipiranga, Vítor Meireles de
Lima com a pintura Primeira Missa no Brasil e José Farraz de Almeida Júnior com as
pinturas Picando Fumo, O Violeiro e Leitura.
Entre os anos de 1922 a 1960 ocorreu no Brasil o período conhecido como
modernismo, distribuído em três fases. A Primeira Fase Modernista iniciando com a
Semana da Arte Moderna de 1922 a 1930. Com característica mais radical e
fortemente oposta a tudo que foi anterior, cheia de irreverência e escândalo. Período
rico em manifestos e revistas de vê vida efêmera. A Segunda Fase Modernista de
1930 a 1945, mais amena formada por grandes romancistas e poetas. Período rico
na produção poética e na prosa. A Terceira Fase Modernista, de 1945 a 1960 -
conhecida como Pós-Modernismo por diversos autores da época, que se opunha a
primeira e por isso ridicularizava com o apelido de Neoparnarsionismo. Marcado por
transformações na literatura e no cenário sócio-político brasileiro.
Sucede-se periodicamente o Expressionismo marcado por um desejo expresso e
intenso de pesquisar nossa realidade social, espiritual e cultural. A arte mergulha no
tenso panorama ideológico da época, buscando analisar as contradições vividas
pelo país e representá-las pela linguagem estética. Destacam-se no desenho Lasar
Segall, na pintura Anita Malfatti e Candido Portinari. Após o Movimento Modernista
a Arte Primitiva passou a ser valorizada, apresentando entre suas tendências o
gosto por tudo o que era genuinamente nacional.4
4 Um estudo mais aprofundado requer consulta no seguinte site: MARTINS, Simone R.; IMBROISI, Margaret H. Maneirismo Disponível em: <http://www.historiadaarte.com.br/linha_do_tempo.htm>. Acesso em 04/12/2009
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2. 2 ARTE-EDUCAÇÃO – Almas gêmeas
Fig. 05 - Desenho produzido pela aluna Ana Cláudia, da 4ª série, da Escola Estadual Governador Roberto Santos numa atividade de Cartografia
Vários autores em seus estudos enfatizam a forma que a arte vem sendo tratada ao
longo dos anos, revelando o descaso e a tentativa de relegar sempre o ensino de
arte ao segundo plano. Mas será que a arte é importante na vida do ser humano?
Será que a arte pode contribuir significativamente para o nosso desenvolvimento?
Eis algumas questões que tentaremos responder ao longo desse estudo, apesar de
na seção anterior, vimos quão necessária é arte para o homem.
Segundo Duarte Júnior, (2008, p.11), “estamos divididos e compartilhados num
mundo altamente especializado, e, se quisermos alcançar o “sucesso”, devemos
manter essa compartimentação”. Em outras palavras, o autor quer dizer que
devemos separar nossos sentimentos e emoções de nosso raciocínio e intelecçao,
ou seja, devido a influência capitalista marcada por um mundo cada vez mais
competitivo, o qual exige que devemos ser em determinados locais ou situações
racionais esquecendo os sentimentos, e em outros devemos manifestar todas as
nossas sensibilidades possíveis.
Considerando que na seção anterior já tenhamos visto alguns conceitos e
concepções da arte, enfocaremos nosso estudo para a educação. Ora, sendo a
escola um Aparelho Ideológico do Estado (ALTHUSER1983, p.68), não poderia ser
diferente - elas se encarregam de iniciar-nos na técnica de “esquartejamento mental”
(DUARTE JUNIOR, 2008, p.11). A escola transmite aos educandos conceitos
descontextualizados, impondo a visão de mundo das classes dominantes. Dentro
das salas de aula só devemos ser exclusivamente um ser pensante, nossas
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emoções ficam restritas ao horário do recreio e ou as aulas de arte e educação
física.
Duarte Júnior (2008), afirma ainda que, nessa efervescência é que surge a
expressão educação através da arte, criada por Herbert Read em 1943, sendo
posteriormente simplificada para arte-educação. Tal expressão, centra-se numa
proposta de uma educação que tenha a arte como uma de suas principais aliadas,
de modo que permita uma maior sensibilidade para com o nosso contexto. Para
melhor compreensão e entendimento é preciso fazer um estudo dos dois termos arte
e educação separadamente, e partir daí encontrar um ponto comum.
Sabemos que educação é conceituada de diversas maneiras, dependendo do
ambiente onde acontece, como acontece e de quem as descreve. Brandão (1986,
p.9) coloca que “a escola não é o único lugar em que a educação acontece e talvez
nem seja o melhor;”complementando “que o ensino escolar não é a sua única
prática e o professor profissional não é o seu único praticante”. Portanto, todo
processo de conhecimento e de aprendizagem humanos se dá pelo que é sentido e
pelo que é pensado, ou seja, as vivências e as simbolizações, tudo que vivemos
procuramos dar um significado através das palavras.
Nessa mesma linha de pensamento apresentaremos abaixo alguns conceitos de
educação nos diferentes contextos e correntes filosóficas.
A educação é a ação exercida pelas gerações adultas, sobre as gerações que não se encontrem ainda preparada para a vida social; tem por objetivo suscitar e desenvolver, na criança, certo número de estados físicos intelectuais e morais, reclamados pela sociedade política, particularmente, se destine. (DURKHEIM 1978 p. 41)
Sendo assim a educação consiste como um meio de socialização entre gerações,
Durkheim a considera como um fato social, pois ela não é feita individualmente, é o
coletivo que faz essa formação para as novas gerações.
Segundo Demo (1996), a educação não é somente uma ação de treinar o estudante,
a exercer uma atividade, mas defende a idéia que o educando vai construindo a sua
autonomia por meio da pesquisa
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Educação não é só ensinar, instruir, treinar, domesticar, é, sobretudo formar a autonomia do sujeito histórico competente, uma vez que, o educando não é o objetivo de ensino, mas sim sujeito do processo, parceiro de trabalho, trabalho este entre individualidade e solidariedade”. (DEMO, 1996, p.16).
Sendo a pedagogia o campo do conhecimento que se ocupa do estudo sistemático
da educação, conclui-se que:
educação é o conjunto das ações, processos, influências, estruturas, que intervêm no desenvolvimento humano de indivíduos e grupos na sua relação ativa com o meio natural e social, num determinado contexto de relações entre grupos e classes sociais”. (LIBÂNEO, 2005, p.30).
Vimos que os conceitos de educação convergem em vários aspectos com o conceito
de arte, que ambos se complementam e não podem ser desvinculados. Dá-se aí o
principal motivo do surgimento do termo arte-educação.
O significado da existência humana inicia do jogo entre o sentir e o simbolizar,
compreendemos o mundo a partir do que nos é ensinado pelos nossos semelhantes
através da linguagem. Portanto, tornamo-nos humanos em conseqüência de um
processo educativo utilizando a linguagem como veículo, influenciada pela cultura
adotada pela comunidade em que vivemos, adotando assim uma determinada forma
de sentir, falar, pensar, entender e agir.
Considerando que nossa postura humana é aprendida através da socialização, que
se dá basicamente pela linguagem, devemos direcionar nosso foco para esclarecer
as diferenças que existem entre linguagem e arte, salientando que a arte é um
fenômeno em todas as culturas, que a arte não é só linguagem, ela exprime
sentimentos.
Segundo (DUARTE JÚNIOR, 2008, p.45), “arte não é linguagem, pelo seguinte
motivo principal: porque suas formas não podem ser consideradas símbolos, como
são as palavras.” Complementando que “a palavra é um símbolo convencionado
para significar um conceito, uma idéia, uma coisa ou uma relação.” Ou seja, o
significado dos símbolos lingüísticos residem fora dele, enquanto que o sentido
expresso por uma obra de arte reside nela mesma.
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Portanto, vimos à diferença existente entre arte e linguagem, constatando assim que
ambas fazem parte da vida humana. A arte sendo expressa pelos sentimentos
enquanto a linguagem transmite um sistema de signos convencionados que servem
apenas como meio de comunicação. Segundo Duarte Júnior (2008, p.39). “A
linguagem é produto de uma convenção entre os homens, a fim de que seus
símbolos guardem um mesmo sentido para todos a empregarem”. Esclarecido a
questão, retornemos então ao nosso foco de estudo.
Iniciamos essa seção falando da maneira como a arte vem sendo tratada no Brasil,
levantando algumas questões que foram respondidas ao longo desse estudo, bem
como o surgimento do termo arte-educação. Chegamos à conclusão da importância,
influência e necessidade dela em nossas vidas, principalmente sua utilização como
veículo educacional.
Nesse aspecto, Duarte Júnior (2008, p.74) afirma que: “Arte-educação não deve
significar, finalmente a mera inclusão da “educação artística” nos currículos
escolares”. Complementa que arte-educação tem a ver com um modelo educacional
fundado na construção de um sentido pessoal para a vida, que seja próprio de cada
educando. Esbarramos diante de um conflito que para ser solucionado exige muita
luta e esforço dos sujeitos que estão diretamente envolvidos nesse processo. E só
assim conseguir promover uma educação de maneira lúdica e estética.
Desde 1971, quando a Lei 5.692/71 foi promulgada no Brasil, com a finalidade
básica de modernizar a estrutura educacional, muito esforço vem sendo feitos para
que o verdadeiro ensino de arte seja oficialmente implantado nos currículos,
equiparando-se as outras disciplinas. Segundo Duarte (2008, p.79), uma das
experiências acerca do emprego da arte no ensino brasileiro foi “a “Escolinha de
Arte” fundada em 1948, no Rio de Janeiro, por Augusto Rodrigues”. O autor salienta
que “no ensino oficial a arte continua relegada ao segundo plano”.
Sabemos que historicamente nosso sistema educacional sempre esteve influenciado
pelo colonizador, ou seja, nossas influências culturais foram ignoradas para ser
imposta a visão que interessa às minorias dominantes. Nosso projeto educacional
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sempre foi copiado, centrado em modelos de experiências de outras culturas, em
conseqüência disso gera-se verdadeiros descalabros educacionais.
Alguns aspectos positivos que podemos destacar da Lei 5.692/71, são: a instituição
da educação artística, e a multiplicação dos cursos de formação para arte-educador.
No entanto, a legislação no que diz respeito à educação artística, não consegue
contemplar todas as áreas abarcadas pela arte, ou seja, torna-se impossível formar
um professor que domine todas as áreas, gerando assim deficiência no
desenvolvimento do trabalho profissional do arte-educador. Duarte Júnior (2008,
p.82), aponta que: “O ideal seria, certamente, a constituição de uma equipe de
professores em que cada um se responsabilizasse por uma área específica”.
No que concerne ao ensino da arte nas escolas, tramita-se no Senado o Projeto de
Lei Nº 330, de 2006, que altera o a Lei Nº 9.394, (Lei de Diretrizes e Bases da
Educação), para dispor sobre a obrigatoriedade do ensino de música na educação
básica. Conforme trata o §2º do Art. 26 da (Lei Nº 9.394, 1996, p. 14) “O ensino da
arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação
básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos.” Acrescidos de
dois incisos: o I que determina que “a música deverá ser obrigatório, mas não
exclusivo do componente curricular. Dessa forma, entende-se que outros campos da
arte devem ser abrangidos. Sendo assim, entende-se que o desenho também não
deve ficar excluído dos conteúdos curriculares nas escolas.
Vê-se que da conscientização profissional que predominou no início do movimento Arte-Educação evoluiu-se para discussões que geraram concepções e novas metodologias para o ensino e a aprendizagem de arte nas escolas. [...] Dentre as várias propostas que estão sendo difundidas no Brasil na transição para o século XXI, destacam-se aquelas que têm se afirmado pela abrangência e por envolver ações que, sem dúvida estão interferindo na melhoria do ensino e da aprendizagem de arte. (PCNs 2001, p.30-31)
Apesar de não percebermos, a arte faz parte de nossas vidas, mesmo que
involuntariamente vivemos num mundo onde ela está presente. É lamentável que
ainda hoje a maioria das escolas – principalmente as públicas, relegam o ensino de
arte ao segundo plano, possui em seu currículo, mas não pratica. A ênfase é
simplesmente voltado para o ensino de língua portuguesa e matemática. Em
consonância a maioria dos professores, seja por falta de comprometimento ou até
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mesmo por má formação, não tentam pelo menos introduzir em suas aulas alguma
técnica que utilize de algum elemento da arte como instrumento. De modo que
possa contribuir positivamente no desenvolvimento dos alunos, bem como tornar
sua aula mais dinâmica.
2. 3 - A EDUCAÇÃO INFANTIL E O DESENHO – pintando o sete em sala de aula
Fig. 06 - Desenho produzido pela aluna Alice Maria, da 4ª série, da Escola Estadual Governador Roberto Santos numa atividade de Cartografia.
Sabemos que educação é um processo contínuo na vida do ser humano, Brandão
(1986, p.5-9), expressa muito bem quando escreve que: “ninguém escapa da
educação [ ]”. E decididamente ao longo de nossas vivências, experimentamos
várias educações, não havendo uma forma única, nem um único modelo de
educação, complementa ainda o autor, afirmando que,[ ] “a escola não é o único
lugar em que ela acontece e talvez nem seja o melhor”. Portanto sendo a Pedagogia
uma teoria prática da educação, diante da exigência da evolução social, surge à
necessidade de práticas pedagógicas na sociedade.
Dessa forma, nos seus estudos Freitas (1995, p.38), afirma que, “a educação das
crianças nas séries iniciais, as relações culturais, sociais e familiares têm uma
dimensão maior que o ato pedagógico”. Apesar do compromisso com um resultado
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escolar, que a escola prioriza e que, em geral, resulta numa padronização, estão em
jogo na educação infantil as garantias dos direitos das crianças ao bem estar, à
expressão, ao movimento, à segurança, à brincadeira, à natureza, e também ao
conhecimento produzido e a produzir.
Apresentando componentes de interesse comum, esses espaços educativos
relacionados à educação e a criança, independentemente de sua limitação etária,
necessitam, estabelecer um maior diálogo, que pode inclusive potencializar as
influências no sentido inverso do que tem se dado tradicionalmente, ou seja, da
educação infantil para a escola, já que o aluno é antes de tudo a criança em suas
múltiplas dimensões.
É válido nos remetermos para a origem do problema, principalmente no que diz
respeito à educação infantil e a situação da escola na atualidade. Em seus estudos,
Moreira (1999, p. 61-67), nos lembra “que o quintal e a rua eram os espaços que as
crianças ocupavam nos períodos em que não estavam na escola. Para as crianças
menores de sete anos, era o seu espaço de aprendizado social, rivalizando mais
tarde com a escola”. À escola ficava apenas o papel da alfabetizar e depois
introduzir a criança nas diferentes áreas de ensino.
Hoje, o trânsito tomou conta das ruas, e os edifícios ocuparam o terreno dos
quintais. As escolas maternais surgem então para atender a esta tarefa, que antes
era apenas da responsabilidade das famílias e também para preencher o espaço
vazio deixado pela ausência de ruas e quintais, bem como a socialização com
irmãos e primos. A escola ocupa assim o espaço do quintal e da rua, com a
vantagem de ter pessoal preparado para acolher e experimentar as brincadeiras,
podendo promover o desenvolvimento de forma mais adequada. A escola assim
compreendida, como o espaço de jogo de criança, onde sua fala e seu desenho
tenham o acolhimento do adulto e a troca com a fala e o desenho de outras
crianças.
Porém, as estudos estatísticos apontam que é exatamente a entrada para a escola
que marca a ruptura no desenho das crianças. Pois a escola maternal que
encontramos hoje, salvo raríssimas exceções, não corresponde à visão do teórico,
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mas ao desejo dos pais. E o desejo dos pais, está permeado pela ideologia
dominante em nossa sociedade. Esse desejo está expresso na procura de escolas
fortes. Escola forte que traduz um desejo de força, de poder. Entendida como escola
que promove mais rapidamente a alfabetização, que é socialmente compreendida
como signo de sucesso.
A escola forte é medida pela quantidade de material mimeografado contendo
exercícios repetitivos e mecânicos, que atestam a quantidade de horas que a
criança passou sentada executando-as, e que levados para casa garanta aos pais
que rapidamente a criança estará lendo e escrevendo. A criança que deixa de
desenhar ao entrar na escola, porque deixa de brincar, apenas mostra esta relação
de poder. Porque a criança está deixando uma forma de expressão que é sua para
seguir um padrão escolar imposto.
Dessa maneira, a escola despreza a linguagem natural da criança que se expressa
através do desenho e do jogo, e procura equipá-la com uma linguagem ensinada. A
mecânica da alfabetização implica que, a criança abandone sua escrita e adote uma
escrita aprendida, convencional, o problema da perda do ato de desenhar, portanto
é apenas um reflexo de um problema geral de falta de expressão dentro da escola,
nos primeiros anos escolares, o problema parece estar centrado na prioridade dada
à alfabetização, porque ocupa todo o tempo da criança na escola. Porém nos anos
seguintes o problema se agrava, e o desenho acaba ficando exprimido nas sobras
do tempo.
Buscar o desenho que ficou perdido na infância é um trabalho que exige coragem e
humildade. É fazer uma viagem em busca de seu próprio desígnio. Nos remete a
fazer uma reflexão em relação à necessidade de tentarmos estabelecer alguma
mudança da seguinte maneira:
Tudo aquilo que quisermos mudar nas crianças, devemos primeiro examinar se não é algo que é melhor mudar em nós mesmos como por exemplo nosso entusiasmo pedagógico. Talvez devêssemos dirigir esse entusiasmo pedagógico para nós mesmos. Talvez estejamos entendendo mal a necessidade pedagógica, porque ela nos recorda, de modo incômodo, que de qualquer maneira somos crianças e precisamos muitíssimo de educação. (JUNG, 1981, p.176).
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É importante que nos descubramos como sujeitos ainda capazes de criar. Se
ficarmos presos na nossa impossibilidade de seguirmos o nosso próprio desígnio, de
dizermos a nossa própria palavra, as circunstâncias não serão jamais modificadas e
o desenho ficará para sempre perdido na primeira infância. Desenhando com as
cores , com a música ou com a palavra, a criança dentro do adulto se reencontra
com seu espaço lúdico. Adulto e criança podem, então expressar seus desejos e
conflitos, e assim reconquistarem no seu traço a sua palavra.
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3 O DESENHO DA CRIANÇA E O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
Sabemos que é impossível estudar sobre o desenvolvimento cognitivo da criança,
desamparado da ótica psicológica, nesse sentido, antes de tudo devemos verificar o
sentido etimológico da palavra “cognitivo”, para assim facilitar a compreensão da
explanação do nosso estudo. Segundo Ximenes (2000, p.224), cognitivo significa:
“Relativo à cognição ou a conhecimento”.
3.1 DESENVOLVIMENTO COGNITIVO – rabiscando vou crescendo
Os estudos de Arfouilloux (1988. p.128), é interessante para nossa reflexão sobre o
desenho da criança e a relação com o desenvolvimento cognitivo. Segundo esse
autor, “brincar e desenhar é uma atividade que fascina toda criança”. Sabe-se
geralmente que a criança costuma desmanchar o seu brinquedo quando o adulto
chega, mas o desenho permanece, como as coisas escritas. É através desses
desenhos, que futuramente encontra-se traços da marca de uma história.
Primeiramente a criança desenha para si própria, como se estivesse brincando,
depois ela expressa suas representações de signos e linguagem.
Desde o início do século, quando a Psicologia da Criança se constituiu como
disciplina autônoma, teve como reconhecimento, o valor exemplar que o desenho
permite avaliar no nível do desenvolvimento psicomotor da criança. Nesse sentido
pode-se dizer que:
Interpretar o desenho da criança é dele extrair um sentido que permaneceria oculto ao mesmo tempo ao entendimento da criança e ao dos que a cercam, transcrevê-lo no registro da linguagem verbal. Isso pressupõe que além do conteúdo manifesto, o do tema representado e da narração à qual ele dá lugar, existe um conteúdo latente, de certa forma inconscientes. (ARFOUILLOUX, 1988, p. 136) .
De acordo aos estudos feitos por Lowenfeld (1977. p. 30), mesmo as crianças muito
pequenas, “que nada sabem das dificuldades técnicas, de manejo do lápis ou das
várias graduações, na dureza da grafita, podem sentir grande alegria ao fazer uma
garatuja com um lápis macio, ou com pedaço de carvão. A criança está exprimindo,
assim, sua própria importância, pelos seus próprios meios, e o contentamento que
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deriva da sua realização se torna óbvio. Concluindo assim que, essa área de estudo
encontra-se intimamente relacionada com o desenvolvimento do conceito do eu.
De acordo aos estudos de Derdyk (1989, p. 50), afirmando que, “desenhar constitui,
para a criança uma atividade integradora, que coloca em jogo as inter-relações do
ver, do pensar, do fazer e dá unidade aos domínios perceptivo, cognitivo, afetivo e
motor”. A criança desenha, entre outras tantas coisas, para divertir-se. “Um jogo que
não exige companheiros, onde a criança é dona de suas próprias regras[...]”. Nesse
jogo solitário, ela vai aprender a estar só, “aprender a só ser”. O desenho é o palco
de suas encenações, a construção de seu universo particular.
Além de características pessoais da criança, que podem definir sua preferência pelo
desenho ou por outra atividade expressiva, o gosto pelo desenhar também depende
das oportunidades oferecidas pelo meio. O desenvolvimento da criança não se dá
de forma linear, numa curva só ascendente, são comuns os retornos das formas de
atividades mais primitivas. Assim, não é motivo de preocupação o caso de crianças
que, mesmo já sendo capazes de representar nitidamente o real, vez por outra
rabiscam, ao contrário, no ato de rabiscar podem descobrir novos recursos que
enriqueçam sua representação gráfica.
Segundo Ferreira (2003, p.33), “para pensar, a criança depende de sua memória.
Seu desenho é produto de seu pensamento[ ]” logo a criança precisa de memória
para desenhar. “Ela pensa lembrando e desenha pensando. Na idade pré-escolar, a
criança pensa recordando e apóia-se em suas experiências anteriores, [ ]” para
isso, segundo Vygotsk (apud Ferreira, 2003, p. 33), “toda intenção exige participação
da memória”. A criança ao ter intenção de desenhar alguma coisa, faz isso
lembrando das figuras esquemáticas referentes a essa coisa que conseguiu
memorizar. Porém não é tão simples como parece. A memorização é um processo
complexo, a criança memoriza o que faz sentido para ela, assim os esquemas
figurativos dos objetos reais que dispõe na memória, estão carregados de
significação.
Dessa forma, Mèridieu (1993, p.9 -10) aponta em seus estudos “que gerado pelo
desenvolvimento da função simbólica na criança, a evolução do desenho depende
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intimamente da evolução da linguagem e da escrita”. Parte atraente do universo
adulto, dotada de prestígio por ser secreta, a escrita exerce uma verdadeira
fascinação sobre a criança, e isso é bem antes de ela poder traçar verdadeiros
signos. Muito cedo, ela tenta imitar a escrita dos adultos. Geralmente é entre os três
e quatros que a criança produz essa escrita fictícia, traçada em forma de dentes de
serra, e carregada para ela de uma fabulosa polissemia.
Mèredieu (1993, p. 11), afirma ainda que: “Para elas existe uma espécie de magia
em poder alinhar signos, ligá-los entre si, e estão muito conscientes de que querem
‘dizer’ e comunicar alguma coisa[...]”. Mas tarde quando a criança atinge a idade
escolar, verifica-se quase sempre uma diminuição da produção gráfica, já que a
escrita – matéria considerada mais séria – passa então a ser concorrente do
desenho. Inversamente com a escrita, a criança descobre novas possibilidades
gráficas, escrita e desenho podem então misturar-se (a criança inscreve em seu
desenho).
A criança, ao desenhar, como já tratamos anteriormente, não reproduz a imagem do
objeto que vê, de forma reflexa. Ela cria figurações para representar os objetos que
lhe transmitem sentido, e essas mesmas figuras criam novos campos de realidade.
Dessa forma, que em seus estudos Ferreira (2003, p.49), aponta que em idade pré-
escolar, a criança ao desenvolver a fala, desenvolve também o seu pensamento, e
suas ações são compatíveis com esse quadro de desenvolvimento. Evoluindo a fala
e o pensamento, a criança evolui sua atividade de desenhar. Tal evolução é
decorrente, também, da internalização das práticas sociais e dos signos.
Nos seus estudos Luquet apud Mèredieu (2003, p. 20-22), distingue quatro estágios
na evolução do grafismo infantil: Realismo fortuito: Este estágio começa por volta
dos dois anos e põe fim ao período chamado de rabisco; Realismo fracassado:
Tendo descoberto a identidade forma-objeto, a criança procura reproduzir essa
forma, sobrevindo então uma fase pontuada de fracassos e de sucessos parciais,
que ocorre entre três e quatros anos; Realismo intelectual: aos quatro anos começa
o principal estágio que irá estender-se até por volta dos dez ou doze anos. Este
período caracteriza-se pelo fato de que a criança desenha o objeto não aquilo que
vê, mais aquilo que sabe; Realismo visual: é geralmente por volta dos doze anos, e
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as vezes desde os oito ou nove, findando o desenho infantil, marcado pelo
empobrecimento do grafismo que perde o seu humor e tende a juntar-se às
produções adultas.
Embora tenha sido o primeiro a distinguir as grandes etapas do grafismo infantil,
etapas retomadas depois pela maioria dos especialistas, sem grandes modificações,
sua análise é insuficientemente explicativa. Não explica o nascimento da
representação figurativa e tampouco a passagem de um estágio a outro.
Contudo, diante dessa deficiência apontada acima, é que através dos estudos de
Ferreira (2003, p.21), coloca que vários autores discordam de Luquet, quanto ao fato
de ele considerar a criança com a intenção de chegar ao realismo do adulto e a
caracterizar como fracassada, em determinados momentos da evolução do
desenho, por não ser capaz de realizar essa intenção. Nessa concepção, a criança
fica reduzida a uma simples imitação do real.
A autora complementa afirmando que Lowenfeld e Britain (1972) também tratam a
questão da representação da realidade no desenho infantil quando estabelecem
diferentes etapas evolutivas do desenho: “etapa da garatuja, etapa pré-esquemática,
etapa esquemática, etapa do começo do realismo”. Esses mesmos autores
consideram as etapas evolutivas do desenho como um reflexo do desenvolvimento
intelectual e emocional das crianças. Conforme as crianças se relacionam mais
estreitamente com o mundo ao seu redor, vão evoluindo nos seus desenhos. Na
idade pré-escolar, que segundo os autores, corresponderia à etapa pré-
esquemática, a criança desenvolve a consciência da forma e transmite isso pelas
imagens dos seus desenhos.
Em seus estudos, os autores concluem que, os desenhos das crianças pré-
escolares apresentam essas características não porque elas possuam uma forma de
representação imatura, mas, sim, porque estão no começo de um processo mental
ordenado. Os autores afirmam que, quanto mais detalhes existirem no desenho do
pré-escolar, maior será a consciência que essa criança tem das coisas que a
rodeiam.
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3.2 A CAPACIDADE CRIADORA – “no mundo ninguém cria, tudo se copia”!?
Desenho, primeira manifestação da escrita humana. Continua sendo a primeira
forma de expressão usada pela criança. “Garatujas”, “girinos”, “sóis”, “desenhos
transparentes”, e cada vez mais próximos da forma que podemos chamar de “real”,
são as representações de como a criança lê o mundo, enxerga a vida, expressa o
que sente, a medida que vai sendo alfabetizada, a escola se encarrega de afastar a
criança desta forma de expressão e ela, como muito de nós, vai dizendo que “não
sabe desenhar”.
É comum ouvirmos as pessoas dizerem que não tem criatividade. Isso não é
verdade. Apenas em algumas pessoas ela está mais aflorada do que em outras.
Todos nós nascemos com criatividade, a diferença é o que fazemos com ela.
Conforme afirmação de Derdyk (1994. p.11-12), “todas pessoas são inatamente
criadoras independentemente de sua formação cultural, de sua atividade, de sua
origem racial ou geográfica”. Portanto esse autor complementa que, tratando-se de
educação, “a vivência entra em cena como personagem central na formação de
pessoas capacitadas a lidar com crianças”. Sabemos que os educadores são os
porta-vozes de uma visão de mundo transmissores de comportamento,
consequentemente interfere direta e indiretamente na construção de seres
individuais e sociais. Dessa forma a escola funciona como canal que operacionaliza,
dentro da sociedade, a passagem de conteúdos que representa de uma visão
cultural, regional e universal do valor humano de conhecimento. Nessa perspectiva
esbarramos num questionamento:
Como fazer o educador se instrumentalizar em relação a linguagem gráfica, afim de tornar-se sensível ao universo gráfico infantil? Esbarramos de leve na questão da formação do educador, insipiente e deficitária que nos tem sido oferecida pelo aparelho educacional, político, econômico, administrativo e cultural. Quem sabe, a partir do conhecimento da própria capacidade de desenhar, possa surgir um novo significado no encontro entre o adulto e a criança. (DERDIK, 1994. p.13).
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Nos seus estudos, Moraes (2004, p. 29), afirma que: “A busca de novos ambientes
de aprendizagem, mais adequados às necessidades de nossas crianças e ao mundo
como ele hoje se apresenta”, é algo importante e necessário que precisa ser
iniciado. Nessa ótica a autora complementa afirmando que: “esses desafios
requerem, além do nosso compromisso com a educação, toda nossa criatividade
colocada em prática na busca de soluções possíveis para os problemas enfrentados
pela humanidade.”
Segundo Moreira (1999, p.126), “só garantiremos à criança o direito de dizer a sua
palavra, de traçar o seu desenho, se investirmos em primeiro lugar na educação do
educador”. Essa afirmativa é complementada por Gadotti (1980, p.89), quando diz
que: “A palavra pedagogia exprime, como indica a sua própria etimologia, a
condução de crianças numa época em que o adulto e o próprio educador precisam
ser educados”
Vygotsk (apud Ferreira, 2003. p 41), afirma que: “Entre as questões mais
importantes da psicologia infantil e da pedagogia, estão a capacidade criadora nas
crianças, o fomento desta capacidade e sua importância para o desenvolvimento
geral e maturidade da criança” Para a criança, a arte enquanto capacidade criadora,
constitui-se como principal meio de expressão, uma vez que quando a criança
desenha e pinta ela transmite uma parte de si mesma. O autor complementa
dizendo que: [...] “Todas as formas de representação criadora encerram em si
elemento ativos”. Portanto surge a conclusão da Pedagogia, sobre a necessidade de
ampliar a experiência da criança se quisermos proporcionar-lhe base
suficientemente sólida para sua atitude criadora.
Para entender melhor esse processo, precisamos voltar a infância e estudar como o
desenvolvimento da criatividade ocorre nas crianças. O processo se manifesta
claramente nos desenhos infantis, primeiro registro concreto da expressão pessoal.
Os desenhos infantis contêm uma originalidade e um frescor de concepção que é a
própria essência da infância. As crianças menores, principalmente expressam suas
idéias pensamentos e emoções com espontaneidade, o desenho da criança é feito
de maneira mais inconsciente, sem a preocupação do que os observadores irão
pensar. A criança desenha por puro prazer. Até certa idade, ela não é limitada pelas
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barreiras exteriores que nos são impostas - as cobranças da família ou da
sociedade. O que vale é a pura expressão pessoal. Daí os desenhos serem mais
criativos. O que torna a arte expressiva é a manifestação do “eu”, e suas reações
subjetivas ao meio.
De acordo com os autores Lowenfeld e Brittain, (1977, p.53-57), o desenho infantil
passa por algumas fases de desenvolvimento que estão divididos da seguinte forma:
“Por volta dos dois anos de idade já são feitos os primeiros rabiscos. A criança está
livre das influências externas. Suas garatujas são realizadas pelo puro prazer
cinestésico, pela possibilidade de poder registrar os movimentos”. Percebe-se que
as linhas vão ficando mais controladas, conforme a criança adquire um controle
visual sobre elas. O pensamento deixa de ser cinestésico para ser imaginativo
quando a criança relacionar as garatujas a elementos do seu meio. Essas são as
primeiras manifestações de suas experiências sensoriais, e é o desenvolvimento da
base para a retenção visual.
A partir dos quatro anos, surge as primeiras experiências representativas. Ainda que
sejam ligadas as garatujas, não impedem a identificação dos elementos que estão
sendo representados. Nessa fase, o desenho é a oportunidade de a criança
organizar suas experiências, convertendo o pensamento em forma concreta. O
importante não é o aspecto externo dos desenhos, mas o processo total de criação.
Não se deve estabelecer técnicas e padrões.
Por volta dos sete anos, a criança está começando a estruturar seus processos
mentais de tal forma que pode começar a ver relações em seu ambiente. Os
desenhos são estruturais e esquematizados. Para isso, as crianças lançam mão de
perspectiva afetiva, rebatimento, visão de raio X e representação simultânea de
tempo e espaço como recursos.
Entre os nove e doze anos, a criança deixa de lado a repetição dos mesmos
símbolos. Ela adquire auto-crítica e também consciência do ambiente natural. Passa
a se preocupar com proporções e profundidades.
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Ainda de acordo com os autores, “[...] entre os doze e os quatorze anos, alguns
jovens já tem o sentimento de serem adultos, mais seus desenhos são apreciados
como algo infantil. Isso lhes causa um grande choque.” Assim, a criança se torna
muito crítica em relação aos seus trabalhos, devido a pressão que ela sente exigida
conforme aos padrões adulto de comportamento. Isso pode sufocar seus impulsos
criadores. A ânsia e crescer gera uma certa vergonha na criança em relação aos
seus desenhos. A criança não quer ser vista como criança, e sim como adulto,
merecedor de respeito perante a sociedade. Assim, a criança sente-se
envergonhada de seus desenhos ainda infantis, e acaba por reprimi-los, e reprime
sua vontade de desenhar e de se expressar livremente.
Sabemos que a importância da criatividade vai ser muito além do próprio desenho.
Por isso devemos quebrar as barreiras que nos foram impostas desde a nossa
infância. Não devemos inibir nossas idéias diferentes, nossa livre-expressão. Maior
será a criatividade de um projeto quanto mais pura for a expressão pessoal, livre das
barreiras. Somos todos diferentes uns dos outros. Não pensamos e, principalmente,
não nos expressamos da mesma forma. Devemos aceitar essas diferenças e
enfatizá-las, afim de realizar um trabalho mais autêntico.
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4 CAMINHOS PERCORRIDOS PELA PESQUISA
Neste capítulo anunciam-se os traços construídos para a abordagem metodológica,
que caracteriza o tipo de pesquisa, o campo, o sujeito, os instrumentos e como será
feita a análise.
Apesar do grande número de metodologias, segundo as autoras Lüdke e André
(2001, p.11), “ainda existe muitas dúvidas em relação ao que realmente caracteriza
uma pesquisa qualitativa”, dependo de quais termos pode ser usado, ou seja,
qualitativa, etnográfica, naturalística ou participante.
A metodologia que mais se adequou a esta pesquisa foi a investigação qualitativa
através da observação participante. Os autores Bogdan e Biklen (1982, apud
LÜDKE E ANDRÉ, 2001, p.), define pesquisa qualitativa como: “Forma de pesquisa
que tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador como
seu principal instrumento”. Dessa forma os autores apresentam cinco características
básicas que identificam esse tipo de estudo:
[...] A pesquisa qualitativa ou naturalística; Os dados coletados são predominantemente descritivos; A preocupação com o processo é muito maior do que com o produto; O “significado” que as pessoas dão às coisa e à sua vida são focos de atenção especial pelo pesquisador; A análise dos dados tende a seguir um processo indutivo. (BOGDAN E BIKLEN,
1982, apud LÜDKE E ANDRÉ, 2001, p.11-13),
Este trabalho é de abordagem qualitativa, que por meio da observação participante
busca-se analisar o trabalho do desenho na Escola Estadual Governador Roberto
Santos. Segundo as autoras Lüdke e André (1986, p. 26), “uma das vantagens da
utilização dessa técnica é a possibilidade de um contato pessoal do pesquisador
com o objeto de investigação, permitindo acompanhar “as experiências diárias dos
sujeitos e apreender o significado que atribuem à realidade e às suas ações”.
Trata-se de um estudo exploratório que aproxima-se do que denomina-se estudo de
caso, que se iniciou com a escolha do objeto de pesquisa que foi a referida escola.
O estudo de caso é o estudo de um caso, seja ele simples e específico, como o de uma professora competente de uma escola pública, ou complexo e abstrato, como o das classes de alfabetização (CA) ou o do ensino noturno. O caso é sempre bem delimitado, devendo ter seus contornos claramente definidos no desenrolar dos estudos. (Lüdke e André (1986, p. 17)
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A partir dessa afirmação, podemos entender que o caso estudado está contido numa
situação muito mais ampla. No entanto, ele se destaca por alguma particularidade,
situação peculiar que chama a atenção do pesquisador.
No início da pesquisa pensei em realizar este trabalho com 25 alunos e duas
professoras. No entanto, considerando o tempo que eu tinha para execução deste
trabalho, bem como a proximidade do final do ano letivo e os alunos estarem
fazendo prova de recuperação. O trabalho foi redirecionado para que ficasse bem
caracterizado este estudo de caso, trabalhar apenas com uma professora e seis
alunos da 4ª série do ensino fundamental da Escola Estadual Governador Roberto
Santos. De modo que o levantamento de dados aconteceu na própria instalação da
escola. Aliado as observações feitas anteriormente na oportunidade que a prática do
Estágio Supervisionado permitiu.
Nesta pesquisa, utiliza-se o método de coleta de dados, por meio da observação
participante, na qual o informante tem a possibilidade de discorrer sobre suas
experiências, a partir do foco principal proposto pelo pesquisador. Segundo as
autoras Marconi e Lakatos (2002, p. 90), a observação participante “consiste na
participação real do pesquisador com a comunidade ou grupo”, salientando que o
pesquisador “fica tão próximo quanto um membro do grupo que está estudando e
participa das atividades normais deste”.
Na segunda fase dessa pesquisa de campo foi realizado como instrumento de coleta
um questionário constando questões objetivas objetivando revelar os aspectos
relevantes da maneira como o desenho vem sendo desenvolvido na escola, bem
como qual a receptividade e influência causadas nos alunos. Nesse aspecto as
autoras Marconi e Lakatos (2002, p.98), definem questionário como “um instrumento
de coleta de dados constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser
respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador.”
Tal instrumento foi elaborado constando cinco perguntas fechadas ou “dicotômicas –
também denominadas limitadas ou de alternativas fixas” (MARCONI & LAKATOS,
p.101), e duas perguntas abertas [...] “também chamadas livres ou não limitadas,
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são as que permitem ao informante responder livremente, usando linguagem
própria, e emitir opiniões”.
Os questionários foram respondidos pelos alunos e pela professora em momento
oportuno – nos horários de intervalo. Vale ressaltar que nesse período estava
ocorrendo à semana de prova de recuperação, dessa forma não foi permitido o
contato direto com os alunos, ou seja, a própria professora se encarregou de fazer
as entrevistas com os alunos e posteriormente entregar os formulários respondidos.
Para realização das entrevistas foi elaborado um roteiro para nortear as perguntas a
serem realizadas a fim de englobar todos os objetivos da pesquisa. Foram
realizadas sete entrevistas, contendo cada uma sete perguntas. Sendo uma
entrevista para a professora e outras seis para os alunos. Não foi estipulado tempo
para as respostas.
Conforme dados levantados através dos questionários evidenciou-se que as
respostas foram unânimes positivamente nas questões de números 01, 02, 03, e 05.
A primeira questão teve como objetivo revelar a atração que os alunos tem pelo
desenho. A segunda questão teve como objetivo levantar o número de entrevistados
que se julgam capazes ou sabem desenhar. A terceira questão teve como objetivo
saber se os alunos gostam de fazer atividades com desenho em sala de aula. A
quinta questão teve como objetivo revelar a receptividade e desejo dos alunos de ter
inserido no currículo da escola aula de arte.
Quanto à quarta questão teve como objetivo levantar dados estatísticos para
quantificar o número de aulas no período semanal que foi utilizado o desenho em
sala de aula. Evidenciou-se que 33,3% responderam que tiveram duas aulas na
semana e 66.7% responderam que tiveram três aulas na semana.
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Grafico demonstrativo
33,3 66,71
2
Gráfico demonstrativo das
respostas dos alunos
0
1
2
3
Lucé
lia
Diana
Ana
Pau
la
Henrique
Vanes
sa
Joyc
e
Fig. 07 e 08 – Gráficos demonstrativos
As duas últimas questões tiveram como objetivo levantar a receptividade e
sentimento emocional que os alunos sentem quando fazem atividades com desenho
em sala de aula. As respostas foram surpreendentes, palavras como: “amor, muita
alegria, satisfação, paz, felicidade, harmonia e emoção”. Tais respostas comprovam
o prazer que a criança têm ao desenhar, bem como a importância da iniciativa por
parte do professor em propiciar o ambiente favorável para que isso ocorra.
Vale ressaltar que as respostas não correspondem com a realidade. Fato constatado
baseado na observação feita durante a prática do Estágio Supervisionado. Levando
a crer que as respostas foram induzidas, visto que os questionários foram entregues
aos alunos pela própria professora, no período em que o observador manteve-se
ausente devido ao final do ano letivo e os alunos estarem sendo submetidos à prova
de recuperação.
Quanto ao questionário destinado à professora, teve como objetivo revelar como o
desenho vem sendo trabalhado em sua prática docente, bem como saber qual sua
impressão acerca das atividades relacionadas ao desenho inclusive no período de
sua infância.
A professora em questão leciona desde 1986 na Escola Estadual Governador
Roberto Santos, declarou que desenvolve atividades envolvendo o desenho, bem
como outras atividades no ramo da arte, exemplificando “colagem e pinturas”.
Questionada sobre a importância do ensino de arte para alunos do ensino
fundamental. Respondeu positivamente, complementando “para desenvolver
habilidades”.
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Quanto ao questionamento se lembrava de algum fato e ou experiência
desenvolvida com seus alunos envolvendo arte que teria achado muito interessante.
Relatou: “a confecção de material reciclado na época da Feira Cultural, onde os
alunos desenvolveram habilidades de...”.
Na quarta pergunta questionando se na sua formação teria recebido o devido
preparo para reger uma sala de aula. Respondeu positivamente, complementando
que: “só que hoje, é necessário que ocorra uma atualização frente às mudanças”.
Na quinta questão declarou não saber desenhar, mas que gosta de desenhar,
porque “na época de escola gostava, mas não foi devidamente estimulada”.
Recordou-se que quando cursava o Ensino Fundamental “gostava de fazer revistas
em quadrinhos”.
4.1 A ESCOLA ESTADUAL GOVERNADOR ROBERTO SANTOS – onde tudo
acontece
A Escola Estadual Governador Roberto Santos se localiza no Cabula, um importante
bairro de Salvador. Em relação ao meio de transporte é um bairro privilegiado, pois
nele circulam várias linhas de ônibus que conduzem seus moradores a diversos
pontos localizados na cidade de Salvador. A escola por estar localizada no Cabula,
atende alunos dos bairros que a circundam, a exemplo Saboeiro, Narandiba,
Engomadeira, Doron, Resgate, entre outros.
A Escola Estadual Governador Roberto Santos, é de Ensino Fundamental, fundada
em 13/02/1979, amparada legalmente sob a Portaria oficial Nº 1004, publicada no
Diário Oficial do mesmo dia, situada na Avenida Silveira Martins, s/nº, no bairro do
Cabula.
Destaca-se historicamente através do seu próprio nome, que recebeu em
homenagem ao professor e ex-governador Dr. Roberto Figueiras Santos, em 1978.
Simultaneamente foram criados o Colégio Estadual Roberto Santos do 2º grau e o
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Hospital Roberto Santos. A referida escola na atualidade é conhecida popularmente
como “Robertinho” – apelido dado pela população da circunvizinhança.
A referida escola faz parte de um complexo que abarca a Creche Álvaro da Franca
Rocha, Colégio Estadual Francisco da Conceição Menezes e o Colégio Roberto
Santos do 2º Grau. Sua localização fica próximo à comunidade socialmente carente
conhecida como Timbalada e o conjunto habitacional Jerônimo Baleeiro.
Tal contexto contribui para revelar contrastes sociais e conflitantes, pois de um lado
convive uma comunidade desfavorecida, formadas por pessoas desempregadas ou
sub-empregadas com baixo poder aquisitivo – vivendo quase à margem da
sociedade. Do outro lado, retrata outra realidade bem distinta, convivem
comunidades formadas por condomínios habitacionais com completa infra-estrutura,
serviço médico, segurança e lazer.
A sua estrutura física é composta por quinze salas de aulas. No interior das mesmas
possui um televisor, dois quadros – um branco e outro de giz, cadeiras para os
alunos, uma mesa e uma cadeira para o professor e uma pequena estante. Logo na
entrada encontra-se quatro salas – distribuídas entre a direção, a vice-direção, a
coordenação e a sala dos professores – este espaço geralmente é utilizado para
descanso dos professores nos intervalos de aula, para reuniões, trabalhos
pedagógicos e alimentação.
Vale ressaltar que todas as portas e janelas dos compartimentos desta Unidade
Escolar são gradeadas com grades de ferro, deixando o ambiente parecido com o
modelo de construção adotado por estabelecimento prisional. Inclusive nos horários
do intervalo todas as salas de aulas e corredores são fechadas com cadeados.
A Escola Estadual Governador Roberto Santos funciona atualmente com cerca de
1350 alunos matriculados, distribuídos nos turnos matutino, vespertino e noturno. No
Ensino Fundamental I (1ª a 4ª série) 493, e no Ensino Fundamental II (5ª a 8ª série)
429 No turno noturno acontece o curso de Educação de Jovens e Adultos.
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Tendo em vista a escolha da referida instituição para a realização do estágio
supervisionado bem como da pesquisa de campo, foi realizada uma análise
documental do Projeto Político Pedagógico. Tal projeto direciona as atividades da
escola tendo como suporte o Sóciointeracionismo retratado no fazer pedagógico e
nos Projetos Especiais. Vale ressaltar que no cotidiano escolar é bem diferente,
percebe-se que os professores adotam distintamente o sistema tradicional.
O objetivo geral apresentado no referido projeto é nortear a equipe escolar na
execução do trabalho em direção aos bons resultados, contribuindo para que os
educandos obtenham sucesso, cresçam e assumam o papel de cidadãos
conscientes da sua função transformadora na sociedade.
A estrutura administrativa descrita no projeto é composta por uma equipe gestora
com uma diretora e três vice-diretoras, distribuídas em uma para cada turno, três
coordenadores pedagógicos, uma equipe auxiliar administrativa composta de uma
secretária e quatorze funcionários. Existem também onze funcionários para os
serviços gerais e oito vigilantes pertencentes a uma empresa terceirizada.
Conforme está descrito no projeto, a escola usa na sua prática o sistema de
seriação. Os alunos ingressam na escola com seis anos de idade. Vale salientar que
alguns destes entram pela primeira vez na escola, dessa forma a 1ª série é na
realidade uma alfabetização, devido a maioria dos alunos citados não dominarem o
código de escrita e a habilidade da leitura.
Apesar da Lei nº 11.274/2006, de 06 de fevereiro de 2006 alterar a redação do Art
32 da Lei 9.394/96 de diretrizes e Bases da Educação (LDB) dispondo ampliar o
Ensino Fundamental de oito para nove anos, com matrícula obrigatória aos seis
anos de idade. A Instituição ainda não foi incorporada os termos da referida Lei.
Nesta Instituição corpo docente é composto por 48 professores entre eles 10
lecionam nas séries iniciais (1ª a 4ª série). Segundo o Projeto Político Pedagógico
da escola, a maioria dos professores são graduados, e alguns são pós-graduados. A
supramencionada Escola adota uma linha de pensamento mesclada e indefinida –
na fala dos professores e conforme o PPP, são sócio-construtivistas. No entanto na
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prática percebe-se uma forte tendência tradicional, prevalecendo os referenciais
quantitativos aos qualitativos, valorizando os conteúdos.
Quanto às avaliações o PPP afirma que estão mais centradas na aplicação de
provas e testes ao final de cada unidade letiva. O Planejamento coletivo é realizado
quinzenalmente. Através de reuniões por grupos de séries ou por área de
conhecimento. Os docentes trabalham com conteúdos que estão relacionados com
o livro didático. No entanto a Língua Portuguesa é o eixo norteador juntamente com
a Matemática
Percebem-se dificuldades no aspecto pedagógico, conforme diagnóstico estatístico
do baixo rendimento escolar, o alto índice de repetência e a evasão, principalmente
no turno noturno. As dificuldades constatadas foram a não aplicação dos conteúdos
estudados na vida prática, falta de sentimento de pertencimento com a escola,
apatia e desinteresse pelos estudos, dificuldades na resolução de problema que
envolve raciocínio lógico, na leitura e interpretação de textos.
A supramencionada escola apresenta um alto índice de violência, sendo constante à
ocorrência de manifestações agressivas físicas e verbais. Toda essa situação gera
muitos conflitos no interior da sala de aula, obrigando ao professor interromper a
aula para mediar os conflitos e atitudes inconvenientes dos alunos
4.2 ATITUDE DO PROFESSOR – Mestre, quem é você? – submisso ou rebelde?
Conforme descrito no inicio dessa pesquisa, inquietações e dúvidas surgiram
durante o período de Estágio Supervisionado realizado nesta instituição. Tal quais
como: Como nós educadores podemos contribuir na formação destes alunos? Como
propiciar uma aprendizagem significativa de modo que possa ser aplicada em sua
vida cotidiana? Será que aliar ao conteúdo um pouco de arte produzirá um efeito
positivo na vida desses alunos?
Segundo Freire (1996, P.22), “A reflexão sobre a prática se torna uma exigência da
relação Teoria/Prática sem a qual a teoria pode ir virando blábláblá e a prática
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ativismo”. Para Dewey (1979, p.24), “a necessidade da solução de uma dúvida é o
fator básico e orientador em todo mecanismo de reflexão”. O autor considera o
pensamento reflexivo como a melhor maneira de pensar. Nesse aspecto vale a pena
refletir constantemente sobre nossa prática, pois “é na prática que a teoria é tecida”5.
Sabemos que a reflexão é coisa inata do ser humano, e quanto mais nós nos
assumimos como estamos sendo, mais nos tornaremos capazes de mudar.
Pensar certo – e saber que ensinar não é transferir conhecimento é fundamentalmente pensar certo – é uma postura exigente, difícil, às vezes penosa, que temos que assumir diante dos outros e com os outros, em face do mundo e dos fatos, ante nós mesmos. (FREIRE, 1996 p. 21).
Duarte Júnior, (2008, p.62,) aponta que “o ato de criação é um ato de rebeldia, que
nega o existente para propor o novo”. Sabemos que não é nada fácil, mas é
possível, mesmo através do ato de rebeldia encontraremos barreiras e desafios a
transpor. Portanto, com um pouco de esforço e boa vontade podemos mudar este
quadro, basta para isso criar o ambiente favorável para que verdadeiramente o
ensino-aprendizagem aconteça.
4.3 A EXPERIENCIA NO ROBERTO SANTOS
Nesta seção será feita uma análise descritiva de situações vivenciadas durante o
Estágio Supervisionado, bem como dos relatos dos sujeitos pesquisados.
Foram observadas algumas questões consideradas relevantes para este estudo
Graduando do Curso de Pedagogia que sou, um crente e apaixonado pelo desenho.
Enquanto estagiário pude perceber em algumas experiências que fiz, a alegria, o
brilho nos olhos dos alunos e principalmente o resultado positivo, tanto no que diz
respeito à disciplina quanto à melhoria de desempenho nas avaliações. Fato
constatado na medida em que sempre em minhas aulas utilizava do desenho e da
música como recurso didático associados aos conteúdos exigidos pela escola.
5ALVES, Nilda. Trajetórias e redes na formação de professores. Rio de Janeiro: D, P &
A, 1998.
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A turma observada tem a indisciplina como algo marcante, contudo, durante as
atividades os alunos ficavam na maioria das vezes atentos ao que é ensinado. Em
seus estudos Gil, (1997, p.64), afirma o seguinte: “para que haja aprendizado é
necessário que o aluno preste atenção na exposição do professor, nos textos que lê
ou nos exercícios de que participa”. Mais adiante conclue que “naturalmente, a
atenção do aluno em boa parte depende do seu grau de motivação”.
No tocante a essa afirmação, percebe-se quanto é importante utilizar de recursos na
sala de aula que motive ao aluno tanto no que diz respeito a atenção, quanto a
aprendizagem. De maneira, que o professor conseguirá melhores resultados em
relação à atenção dos alunos se considerar alguns pontos como o entusiasmo e a
aplicação da prática. (GIL, 1997, p. 64)
Outro aspecto observado, é que muitos alunos apresentam uma dificuldade extrema
de trabalhar em grupo, de falar para todos e de expressar seus sentimentos, muitas
vezes percebemos que a turma é “mecânica”, já foi condicionada a determinadas
respostas e tem um certo preconceito com o novo. Comportamento que lembra um
adestramento. Segundo o autor Duarte Jr, (2008, p. 23), “no adestramento há uma
resposta fixa a um sinal, também fixo”. Complementando que “na aprendizagem “há
a abstração do significado que os símbolos permitem. E apenas os homens constrói
símbolos.” Apontando ainda que “nossa mente é seletiva: apenas aprendemos
aquilo que percebemos com importante para a nossa existência.
As atividades mais lúdicas terminam sempre em muita bagunça, pois os alunos
estão acostumados a fazer sempre aquelas atividades parecidas, metódicas,
tradicionais. Estão sempre organizados em fileira, onde não há espaço para erros,
questionamentos, nem novas propostas.
4.3.1 Metodologia e comportamento do professor durante as atividades de arte
Em primeiro lugar vale ressaltar que não observou-se nenhuma atividade
relacionada à arte, por isso não seria possível explanar como é o comportamento da
professora perante o ensino de arte. No entanto, durante as atividades
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desenvolvidas, percebeu-se que a professora não participava, na maioria do tempo,
a mesma permanecia fora da sala e nos poucos momentos que entrava era somente
para repreender os alunos que não estavam quietos.
Os pontos que podemos ressaltar na metodologia de ensino da professora é que ela
utiliza apenas de aula expositiva.
A aula expositiva, estruturada a partir da Pedagogia Tradicional, tem sido criticada pela forma como vem sendo adotada pela grande maioria dos professores, a saber, de modo mecânico e desvinculado da prática social, produzindo uma postura autoritária do professor e inibição da participação do aluno. (VEIGA, 1995, P.46)
Entretanto, não podemos considerar que todas as aulas expositivas possui essas
características. Veiga, (1995, p. 46), aponta que “adotando uma atitude dialógica um
professor poderá ser muito dinâmico e transformador por intermédio de suas aulas
expositivas”. Dessa forma não podemos rotular essa t´cnica como tradicional e
ineficaz.
No que diz respeito ao ensino de arte, q professora em questão não trabalha com
apresentações, com música, teatro, jogos, pintura, ou qualquer outra manifestação
artística. Percebeu-se também que a turma sente muita falta disso. Mesmo sem
dizerem, fica notório que sentem falta de aprender a falar em público, a lidar com as
emoções, a trabalhar a subjetividade, a criatividade e a expressão corporal. Com
certeza se a arte fosse trabalhada em sala, não apenas como uma disciplina, mas
como uma ferramenta para o ensino de todas as outras disciplinas, os alunos se
desenvolveriam muito mais.
Outro ponto a ser ressaltado é que a professora, apesar de extremamente
autoritária, tem uma forte relação de afetividade com os alunos, conhece o cotidiano
de cada um deles, seus problemas e dificuldades específicas, tanto em relação à
família, como as próprias dificuldades no processo de aprendizagem. No entanto,
não trabalha a partir dessas deficiências na busca de soluções para os problemas,
pelo contrário, acaba ensinando como se a turma fosse totalmente homogênea.
O objetivo deste relato não é julgar o mérito ou falha da prática da professora, já que
devemos levar em conta vários fatores que somados contribuem para desencadear
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tal situação, como o contexto, a escola, a direção e a formação profissional da
docente.
Pretende-se apenas demonstrar que com um pouquinho de esforço e boa vontade,
aliado a um embasamento teórico e uma formação eficaz é possível se fazer um
trabalho de qualidade, especificamente no que diz respeito ao ensino de arte.
Possibilitando assim resgatar a capacidade de produção e expressão que estas
crianças são capazes, bem como de maneira incômoda resgatar o nosso espírito
lúdico que ficou perdido na nossa infância. Afinal, no interior de cada um de nós,
existe uma criança que clama por liberdade.
4.3.2 Materiais didáticos
Conforme foi informado acima, a professora não explora ou permite nenhuma
manifestação do ensino de arte em suas aulas. Dessa forma, torna-se impossível
observar os materiais ou recursos didáticos aplicados na disciplina arte.
Contudo, nas atividade desenvolvidas com os alunos percebeu-se que tanto a
professora quanto a administração da escola não tinham materiais didáticos que
pudessem ser utilizados na mais simples atividade de desenho, até mesmo papel
ofício foi providenciado com recursos próprio do observador. Alguns alunos possuem
caderno de desenho, os quais são utilizados para efetuar os trabalhos das datas
comemorativas, através de colagens de gravuras e textos manuscritos.
Diante do exposto, evidencia-se às dificuldades relatadas. No entanto,
estrategicamente utilizou-se o que estava alcance. Levando em consideração que
apenas quatro alunos possuíam lápis de cor, somados com mais duas de
propriedade do observador, a turma foi distribuída em pequenos grupos, solicitando
que fossem solidários entre si, socializando o material disponível para ilustrar suas
produções. Percebeu-se que apesar da resistência que os alunos demonstram em
trabalhar em grupo, esta atividade transcorreu tranquilamente, de maneira lúdica e
prazerosa, revelando assim, que o problema percebido da resistência em trabalhar
em grupo, é simplesmente a falta desta prática por iniciativa da docente.
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4.3.3 Ciranda dos desenhos – a hora do recreio
Nada mais justo que antes de iniciarmos essa apresentação conceituar a palavra
desenho. Segundo Ximenes (2000, p.305), desenho significa: “Representação de
formas por meio de linhas, pontos e manchas traçadas ou pintadas sobre uma
superfície”.
De acordo com os estudos de Derdyk, (1994, p. 78), “o desenho infantil é objeto de
estudo por parte de psicólogos, artistas e educadores”. Existem várias teorias e
interpretações a respeito da produção gráfica infantil, bem como vários enfoques
possíveis quando ela é analisada, seja pelo aspecto revelador da natureza
emocional e psíquica da criança, seja pela análise da linguagem gráfica tomada em
seus aspectos formal ou simbólico, seja pela utilização do desenho na aplicação dos
testes de inteligência ou até mesmo pela capacidade do desenho demonstrar o
desenvolvimento mental da criança.
Para penetrarmos nesse território estranho e desconhecido, precisamos
primeiramente nos apropriar de uma ligação, pois só através da nossa vivência da
linguagem, é que conseguiremos nos relacionarmos sensível e integralmente com o
universo gráfico infantil, que só poderá se concretizar na medida em que o adulto
reconhecer em si a capacidade de exercer o ato criativo.
Para agir de forma produtiva, o professor precisa ter consciência sobre o que as
crianças devam aprender. Assim, pode se guiar pelas fases do desenho e pelas
práticas criativas das crianças. Dessa forma o desenho infantil se apresenta como
meio que vai permitir ao educador construir um ambiente favorável para tal
desenvolvimento
.
É certo que o prazer encontrado pela criança no desenho deixará de existir se não
for permitida a exploração de sua função expressiva e a realização de seu potencial
criativo. Precisamos repousar as expectativas que temos do desenho da criança.
Assim como o diálogo que estabelecemos com ela a respeito de sua produção
gráfica. Nesse aspecto podemos constatar que:
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Desenhar é atividade lúdica, reunindo, como em todo jogo, o aspecto operacional e o imaginário. Todo o ato de brincar reúne esses dois aspectos que sadiamente se correspondem. A operacionalidade envolve o funcionamento físico, temporal, espacial, material, as regras; o imaginário envolve o projetar, o pensar, o idealizar, o imaginar situações. Ao desenhar, o espaço do papel se altera. (DERDYK, 1994, p.71-73)
Sendo assim, o conhecimento das etapas evolutivas do desenho infantil fornece ao
educador mais um instrumento para compreender as crianças. Somando esse
conhecimento à análise constante dos seus trabalhos, e considerando sempre o
significado mais profundo do ato de desenhar como expressão de idéias e
sentimentos, o educador poderá orientar suas ações pedagógicas relacionadas às
atividades de desenho, elaborando e colocando para a criança por meio de uma
história bem contada, de um passeio, de algo ocorrido em sala, de brincadeira, de
faz-de-conta, de jogos, de cantigas etc.
O que faz com que a criança se expresse criativamente é a liberdade física e mental.
Por esse motivo, é muito importante que o conteúdo seja acessível e significativo.
Que seja proposto de forma que a criança expresse seus pensamentos livremente,
tendo autonomia necessária para criar. Dessa forma, segundo Derdyk (1994, p.19),
“o ato e desenhar impulsiona outras manifestações, que acontecem juntas, numa
unidade indissolúvel, possibilitando uma grande caminhada pelo quintal do
imaginário”.
Segundo Pillar (1996), “ao observar o desenho de uma criança, podemos aprender
muito o seu modo de pensar e sobre as habilidades que possui”. Quando, em um
desenho, os braços de uma figura humana saem da cabeça e não do tronco, por
exemplo, significa que a criança ainda não tem construído interiormente, em seu
pensamento, o esquema corporal de uma figura humana. Isso nada tem haver com
o fato de ela não estar enxergando direito, de estar com problemas de motricidade
fina, ou ainda, de não estar apta a desenhar com destreza. Desenhar figuras
humanas possibilita a criança estruturar suas idéias sobre a figura humana.
No mesmo sentido, quando as crianças escrevem letras e algarismos espalhados,
representa o que tem construído sobre as relações espaciais, se direita/esquerda ou
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em cima/embaixo, seu pensamento ainda não está integrado como um todo, o
desenho ou a escrita refletirá a forma que ela tem de ver o mundo, e não aquela que
a maioria dos adultos considera correta.
O educador deve entender que o desenho da criança dependerá também do meio
que vive, deve também respeitar o ritmo de cada criança, a maneira como sua obra
está evoluindo, porque cada criança tem um tempo e uma maneira de internalizar
suas experiências e vivências.
Dessa forma somando conhecimento, análise e compreensão da produção infantil, o
educador perceberá o significado mais profundo do ato de criar, expressões das
idéias e dos sentimentos da criança. Considerando o prazer que a criança possa
sentir com o seu gesto, além de estar construindo sua noção espacial e
desenvolvimento em suas ações, habilidades motoras, através de todo esse
processo, o educador poderá orientar suas ações pedagógicas com relevância,
mérito e qualidade.
O trabalho de Estágio Supervisionado rendeu um vasto número de informações
relevantes a essa pesquisa. Contudo, descrevê-las em sua amplitude prejudicaria a
especificidade e o foco deste trabalho. Por esse motivo, a observação para fins de
compreensão do objeto desta pesquisa foi dividido a priori em três blocos de
desenhos.
4.3.3.1 - 1º bloco – meu caminho predileto
09 10
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11 12
Fig. 09, 10, 11 e 126
Entender o espaço permite-nos pensar criticamente e lutar contra a dominação e
desigualdade social, além de possibilitar a reconstrução desse espaço tendo em
vista a transformação da sociedade. Em linhas gerais podemos dizer que falar em
espaço é essencial. Pois ao estudá-lo estaremos construindo um conceito sobre
aquilo que nos cerca. È perceber o lugar que moro e sua relevância na minha vida, a
minha casa, minha escola, minha rua, meu país. É fugir dos conceitos prontos e
engessados e passar a tomar consciência de que nem tudo que vimos é o que
realmente deveríamos enxergar.
Diante do que foi enfatizado acima, podemos dizer que a leitura de mapas é de
extrema relevância para a formação da criança, pois partindo dessa leitura a mesma
pode situar-se no espaço, entendendo sua vida, sua escola, seu bairro como partes
integrantes de um todo, um mundo que a modifica e que é por ela também
modificado.
No entanto faz-se necessário para dar conta ao estudo de Geografia delimitar o
espaço geográfico. Segundo Callai, (2000, p. 86), “Estes níveis são o local, o
regional, o nacional o global. As regras podem ser gerais, os interesses universais,
mas concretamente se materializam em algum lugar específico”. Pois
simultaneamente ao mundo global, concretizam-se as coisas da vida as relações
sociais nos lugares específicos
6 Desenhos produzidos pelos alunos: Monique Oliveira, Anderson Silva, Natércio e Maiara Santos da 4ª série do Ensino Fundamental da Escola Estadual Governador Roberto Santos, na atividade desenvolvida “meu caminho predileto”.
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É de suma importância, nesse processo que se busque reconhecer os vínculos
afetivos que ligam as pessoas aos lugares. “Isto resgata a questão da identidade e a
dimensão de pertencimento”, (CALLAI, 2000, P.86). A autora complementa ainda
que “compreender o lugar em que vive, permite ao sujeito conhecer sua história e
conseguir entender as coisas que ali acontecem”.
Levando em conta as considerações acima, decidiu-se desenvolver à atividade
denominada “meu caminho predileto”, que consistia no aluno desenhar numa folha
de papel o caminho de sua casa ao local que mais gosta de freqüentar. Nessa
atividade, os foram distribuídos em pequenos grupos para fazer um desenho do
caminho que percorrem de suas casas até um lugar predileto. Muitos alunos fizeram
o caminho até a praia, até a praça, até a Lan house, até a escola, etc.
O desenvolver da atividade se deu de forma tranqüila, no entanto, percebeu-se que
muitos alunos apresentaram uma dificuldade de realizar a atividade pelo fato de que
muitos não tinham se quer a vontade de desenhar, de pintar, de expressar seus
sentimentos naquele papel. Demonstrando assim um sinal de apatia e tédio
relacionado à escola, bem como, total desânimo e desinteresse pelos conteúdos
ensinados. Levando a crer que já estavam acostumados as repetidas atividades,
negando assim tudo que é novo. Devido principalmente não estarem sendo
explorados nas suas capacidades de um modo geral.
4.3.3.2 - 2º bloco – o que você daria por uma casa de chocolate
13
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14 15
Fig. 13,14 e 157
Com a finalidade de explorar o potencial que os alunos são capazes de expressar
utiliza-se os diversos instrumentos de linguagem. Para tal utilizou-se de e uma
provocação a partir da narração oral da história “João e Maria”, e a pergunta o que
você daria por uma casa de chocolate? Essa atividade demonstrou que os alunos
têm uma grande dificuldade na leitura e na escrita, por isso tivemos que narrar a
história e explicá-la, mostrando seus pontos mais importantes e suscitando nos
mesmos a curiosidade para recriá-la. Logo após a maioria deles utilizaram-se do
desenho para manifestar suas expressões. “Desenhar é conhecer, é apropriar-se”.
(DERDYK, 199, p.24).
Nesse sentido vale ressaltar a afirmação de Derdyk (1994, p.20-29), que “o desenho
como linguagem para a arte, para a ciência e para a técnica, é um instrumento de
conhecimento, possuindo grande capacidade de abrangência como meio de
comunicação e de expressão”. Complementando ainda que “o desenho reclama a
sua autonomia e sua capacidade de abrangência como um meio de comunicação,
expressão e conhecimento”.
7 Desenhos produzidos pelos alunos: Cristiele Silva, Joyce Lima Silva e Alexandre Santos Silva da 4ª série do Ensino Fundamental da Escola Estadual Governador Roberto Santos, na atividade desenvolvida “o que você daria por uma casa de chocolate?”
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4.3.3.3 – 3º bloco – percurso do lixo até ser reciclado
Fig. 16 Fig. 178
De acordo com as propostas dos Parâmetros Curriculares Nacionais é de suma
importância que seja trabalhado nas escolas os temas transversais, dessa forma,
sendo a reciclagem um assunto contido nos referidos temas. Resolveu-se
desenvolver um trabalho com os alunos com a temática reciclagem do lixo. Foi
solicitado aos alunos que desenhasse o percurso que o lixo faz até ser reciclado,
observando o processo de reciclagem exposto na aula anterior.
Todos alunos fizeram a atividade, alguns deles além de desenhar escreveram
pequenos textos revelando suas impressões e experiências acerca do assunto.
Foi possível perceber também nas atividades desenvolvidas, que os alunos não
vêem aquilo como algo pertencente à aula, tanto que um aluno perguntou – “que
horas faríamos o dever”?
Tal comportamento revela que diante do condicionamento que os alunos estão
sendo submetidos, tornam-se resistentes a toda e qualquer inovação. Exigindo
assim, muita sensibilidade e paciência do professor para compreender o desenrolar
deste processo, e aos poucos introduzir as inovações pedagógicas tão necessárias
para o desenvolvimento do ensino-aprendizagem.
8 Desenhos produzidos pelas alunas: Cristiele Silva e Daiane da 4ª série do Ensino Fundamental da Escola Estadual Governador Roberto Santos, na atividade desenvolvida “percurso do lixo até ser reciclado”.
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Dessa forma, ao contato com conteúdos próprios do lugar onde se vive, sua gente,
sua história, sua identidade trazem para os alunos fragmentos de sua próprias vidas
e de suas relações com o lugar, aproximando-os das questões locais, possibilitando
assim o resgate ou nascimento da noção de pertencimento. Essa aproximação
sujeito/lugar no ensino será tanto mais significativo quanto os conteúdos passados
descontextualizados.
Com estas simples atividades, percebeu-se que com um pouco de boa vontade e
criatividade podemos fazer a diferença. Que independente de classe social e
econômica escola pública ou privada, o público é o mesmo, todos são crianças
capazes, sedentos por uma oportunidade de falar sua voz, cantar seu canto, brincar,
correr, gritar e nos desafiar o tempo todo clamando por limites.
Enfim, cabe a nós educadores exercitar um olhar sensível capaz de identificar o que
esses pequeninos precisam, e dar-lhes com amor, dedicação, responsabilidade e
comprometimento a possibilidade de aprender a ser alguém na vida, valorizando
seus sonhos e lutando por oportunidades.
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4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho versou sobre o papel do desenho no processo educativo das crianças.
Para tanto partiu da seguinte questão de pesquisa: De que maneira o desenho vem
sendo desenvolvido na Escola Estadual Governador Roberto Santos?
Partindo desta questão consultamos autores como Abbagnano, Althusser,
Arfouilloux, Brandão, Dewey, Derdyk, Duarte Jr, Durkheeim, Freire, Ferreira, Gadotti,
Libâneo, Lowenfeld, Lüdke e André, Mêredieu, Moreira e outros para compreensão e
análise desta problemática, além disso, ilustramos situações com a experiência
vivenciada ao longo do processo.
Foi através dessa experiência que pude chegar a algumas constatações que não se
esgotam. O trabalho com desenho em sala de aula realmente constitui-se um
recurso eficiente para o trabalho com crianças, desde o início da escolarização. Para
que isto aconteça, basta que seja propiciado o ambiente favorável.
O que percebi com essa pesquisa foi que o uso dos desenhos não superou
totalmente os problemas apontados, mas pôde amenizá-los. Possibilitando ao aluno
uma melhor compreensão de assuntos complexos ditos através da linguagem
verbal.
Essa pesquisa não pretende chamar a atenção para o uso do desenho como a cura
para as dificuldades de aprendizagem. Apenas como mais um recurso
importantíssimo pela sua eficiência e praticidade demonstrada em sala de aula.
A sala de aula deve ser um campo favorável para essa abertura. O desenho
representado pela expressão numa simples folha de papel, permite que isso
aconteça, pois motiva os alunos a se interessarem pelos conteúdos aplicados,
estimulando-os a expressarem o que já sabem e a executarem as tarefas com
autonomia.
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Seja em forma de garatujas, sois, girinos, rabiscos e até mesmo o mais complexo
desenho feito pela criança. São as representações de como a criança lê o mundo,
enxerga a vida, expressa o que sente, mas, à medida que vai sendo alfabetizada, a
escola se encarrega de afastar a criança desta forma de expressão e ela, como
muito de nós, vai dizendo que “não sabe desenhar”, não sabe pintar”, “não sabe
cantar”.
Lamentavelmente, podemos constatar esta dura realidade que vem acontecendo em
nossas escolas, perpetuando esta prática, seja por falta de comprometimento ou
despreparo profissional da maioria dos professores, ou até mesmo por descaso da
coordenação e direção da escola.
Diante do fato, faz-se necessário adotar medidas que possam efetivamente mudar
este quadro. É preciso que ocorra um estreitamento entre a Universidade e a escola,
de maneira que possam juntos criar projetos de intervenção e colocá-los em prática,
conscientizando e capacitando os profissionais da educação, possibilitando assim
agir de maneira produtiva, construindo um ambiente favorável para o
desenvolvimento do ensino de arte, articulada com outras disciplinas.
Alguns fatores contribuíram para a escolha desse tema, entre eles a minha
autobiografia e a trajetória e experiência como estagiário na Escola Estadual
Governador Roberto Santos, bem como a participação em projetos seminários,
oficinas e grupos de estudos. Pois esses elementos levaram a perceber a
importância da utilização do desenho como recurso eficaz na sala de aula.
Vale ressaltar que o tema da pesquisa não se encerra nessas considerações, uma
vez que o conhecimento é vivo e dinâmico, gerando novas perspectivas, dúvidas e
inquietações que exigem novas respostas e buscas. Dessa maneira
conseqüentemente demandando a continuidade do processo investigativo em uma
outra instância.
Dessa forma, só garantiremos à criança o direito de dizer a sua palavra, de traçar o
seu desenho, de expressar seus sentimentos se investirmos em primeiro lugar na
educação do educador. Essa afirmativa é amparada por Gadotti (1980, p. 89)
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quando diz que: “A palavra pedagogia exprime, como indica a sua etimologia, a
condução de crianças numa época em que o adulto e o próprio educador precisam
ser educados”.
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REFERÊNCIAS
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DURKHEIM, Émilie. Educação e Sociologia. São Paulo: Melhoramento, 1978.
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FREITAS, Luís C. Teoria Pedagógica: Limites e possibilidades. Série Idéias. São Paulo: F.D.E. 1995. FERREIRA, Sueli. Imaginação e Linguagem no Desenho da Criança. 3 ed. São Paulo: Papirus, 2003.
GADOTI,Moacir. Educação e Poder: Introdução a pedagogia do conflito. São Paulo: Cortez, 1980.
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XIMENES, Sérgio. Mini-dicionário da Língua Portuguesa. 2 ed. reform. São Paulo: Ediouro, 2000.
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APÊNDICE
PRIMEIRO PLANO AULA
TEMA: Meu caminho predileto.
DURAÇÃO: Aproximadamente 2 horas.
CONTEÚDO: Desenho, pintura, espaço, localização e representação.
ÁREAS DO CONHECIMENTO: Artes / Geografia.
PROCEDIMENTOS
Entregar a cada aluno uma folha de papel e material de pintura.
Pedir que os alunos desenhem o caminho de suas casas até o lugar que eles
mais gostam (lugar predileto).
Explicar que o desenho deve conter uma legenda, identificando os locais
percorridos.
Pedir que os alunos apresentem seus desenhos.
Discutir sobre as impressões acerca da atividade, explanando alguns
conceitos sobre cartografia, deixando claro que o processo de mapeamento
do caminho da casa até o lugar que mais gostam é um exemplo do desenho
de um mapa.
RECURSOS UTILIZADOS
Papel A4
Lápis de cor e giz de cera
Lápis preto
AVALIAÇÃO
Processual, a partir da participação e apresentação da atividade.
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SEGUNDO PLANO DE AULA
TEMA: “trocando as bolas”
DURAÇÃO: Aproximadamente 2 horas.
CONTEÚDO: Leitura / escrita / Desenho, pintura.
ÁREAS DO CONHECIMENTO: Artes / Língua Portuguesa.
PROCEDIMENTOS
Entregar aos alunos a história “Pra vencer certas pessoas” de Ruth Rocha.
Fazer a leitura para os alunos (os mesmos devem ir acompanhando a leitura).
Pedir que os alunos pensem em um novo enredo a partir da história original.
Pedir que eles escrevam a história que pensaram, fazendo ilustrações e
pintando-as.
Solicitar que aqueles que quiserem apresentem suas novas histórias aos
colegas.
RECURSOS UTILIZADOS
Texto
Papel A4
Lápis de cor e giz de cera
Lápis preto
AVALIAÇÃO
Processual, a partir da participação, confecção e apresentação da atividade.
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - DEDC I CURSO DE PEDAGOGIA ANOS INICIAIS
Titulo da Pesquisa: O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA E A RELAÇÃO COM O
DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
Nome do (a) Pesquisador (a): JOSÉ JORGE SANTOS SANTANA
Nome do (a) Orientador (a): PROFª CLÁUDIA SILVA SANTANA
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você esta sendo convidada (o) a participar desta pesquisa. Ao aceitar, estará
permitindo a utilização dos dados aqui fornecidos para fins de análise. Você tem
liberdade de se recusar a participar e ainda de se recusar a continuar participando
em qualquer fase da pesquisa, sem qualquer prejuízo pessoal.
Todas as informações coletadas neste estudo são estritamente confidenciais, você
não precisará se identificar. Somente (o) pesquisador terá acesso as suas
informações e após o registro destas o documento será arquivado por um ano e em
seguida destruído.
Tendo em vista os itens acima apresentados, eu, de forma livre e esclarecida,
manifesto meu consentimento em participar da pesquisa, deixando aqui minha
assinatura.
_________________________________ Salvador, de de 2009
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – Campus I DISCIPLINA: TCC II GRADUANDO: JOSÉ JORGE SANTOS SANTANA ORIENTADORA: PROFª CLÁUDIA SILVA SANTANA
QUESTIONÁRIO DE LEVANTAMENTOS DE DADOS PARA PESQUISA Nome:______________________________________________________________________ Leciona desde:___________ Instituição onde leciona: ______________________________________ Série:___________ Formação profissional:________________________________________________________ 1. Você desenvolve com os alunos da sua turma atividades com desenho ou algum outro ramo da arte? ( )SIM ( ) NÃO Se sim quais?________________________________________________________________ 2. Você acha importante o ensino de arte para alunos do ensino fundamental? ( )SIM ( ) NÃO Se sim, por quê? _____________________________________________________________ 3. Você lembra de algum fato e ou experiência que tenha feito com seus alunos envolvendo atividades de arte, que achou muito interessante? Se possível relate: _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4. Você acha que na sua formação recebeu o devido preparo para reger uma sala de aula? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5. Você sabe desenhar? ( )SIM ( )NÃO 6. Você gosta de desenhar? ( )SIM ( )NÃO Por que?___________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ 7. Você recorda de alguma atividade de desenho que já fez quando cursava o Ensino Fundamental? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – Campus I DISCIPLINA: TCC II GRADUANDO: JOSÉ JORGE SANTOS SANTANA ORIENTADORA: PROFª CLÁUDIA SILVA SANTANA
QUESTIONÁRIO DE LEVANTAMENTOS DE DADOS PARA PESQUISA Nome:_____________________________________________ Idade: ______________ Escola onde estuda: __________________________________ Série:______________ 1. Você gosta de desenhar? ( ) SIM ( ) NÃO 2. Você sabe desenhar? ( )SIM ( )NÃO 3. Você gosta de fazer atividades com desenhos em sala de aula? ( )SIM ( )NÃO 4. Você lembra quantas vezes na semana faz alguma atividade de desenho em sala de aula? 01( ) 02( ) 03( ) Nenhuma( ) 5. Você gostaria que na escola que estuda tivesse aula de artes? ( )SIM ( )NÃO 6. Vocês podem descrever (falar) o que sentiram quando fizeram a atividade “Meu caminho predileto” na aula de geografia. _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 7. O que você sente quando desenha? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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