Informativo Especial60º Conad #2

Vitória (ES)Agosto de 2015

Com a apresentação da ban-da Congo São Sebastião de Taquaruçu (Cariacica), teve início, na quinta-feira (13),

o 60º Conselho das Associações Docentes do ANDES-SN. O encontro acontece na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em Vitória (ES) de quinta (13) a domingo (16), com o tema central “Atualização da luta em defesa dos direitos dos trabalhadores, da liberdade de organização sindical dos docentes para enfrentar a mer-cantilização da educação".

Após a apresentação cultural, a mesa da Plenária de Abertura foi composta por representantes da dire-toria do ANDES-SN, da Adufes - SSind, da CSP-Conlutas, Sinasefe, Sintufes, Mosap, Sinait, Anfip e do Diretor do Centro de Ciências Econômicas e Jurídicas da Ufes – onde ocorre o encontro.

Solidariedade e apoioDeclarações de apoio e solidarieda-

de à luta dos docentes marcaram as falas das entidades que compuseram a mesa de abertura do Conad, que destacaram ainda o importante pa-pel que o ANDES-SN tem na luta em defesa dos direitos dos trabalhadores.

Paulo Barela, da coordenação da CSP-Conlutas, ressaltou o prota-gonismo do Sindicato Nacional na construção da luta dos trabalhado-res e no fortalecimento da unidade do Fórum dos Servidores Públicos Federais (SPF). Barela lembrou a im-portância de construção nos estados dos atos do dia 18 de agosto, chamado pelo Fórum dos SPF, bem como do fortalecimento e da ampliação da mobilização para barrar os ataques aos direitos dos trabalhadores, que

devem se aprofundar. “É importante que os participantes do Conad saiam daqui preparados para enfrentar essa dura conjuntura”, afirmou.

Responsabilidades O presidente do ANDES-SN, Paulo

Rizzo, encerrou a plenária destacando o papel importante do 60° Conad para a atualização dos planos de lutas do Sindicato Nacional, e também enquanto conselho fiscal, que avalia as contas do ANDES-SN, no sentido de fortalecer a entidade para os enfrentamentos do segundo semestre.

Rizzo relembrou ainda que desde o início do ano, a base do ANDES-SN está envolvida em greves e mobilizações e vem apresentando resultados positi-vos tanto na ampliação de conquistas quanto na contenção de ataques a direitos históricos dos trabalhadores. Ele citou como exemplos as greves dos docentes das Estaduais do Ceará, Para-ná, Amapá, Pará, Bahia, já encerradas

com conquistas, do Rio Grande do Norte e Paraíba, ainda em curso, e a luta dos docentes federais, em greve desde 28 de maio.

“Não vamos discutir as contas em qualquer conjuntura, mas os efeitos da recessão e dos ajustes fiscais também na arrecadação do sindicato, que é exclusivamente a mensalidade dos sindicalizados. Na mesma medida em que aumentam as nossas lutas, vimos uma ten-dência, diante da crise posta, de redução da arrecadação do sindica-to. E nós temos o papel de pensar, solidariamente, o ANDES-SN no seu conjunto. Não basta só aprovar as contas e previsões orçamentárias, é necessário que discutamos a fundo como garantiremos a sustentação desta entidade, na perspectiva de ampliar as nossas lutas e as nos-sas contribuições para as lutas do conjunto da classe trabalhadora”, destacou.

Plenária de Abertura ressalta a importância do 60º Conad

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Redação: Bruna Homrich, Liana Coll, Renata Maffezoli, Giselle Pereira // Edição e Fotos: Renata Maffezoli MTb 37322 // Diagramação: Paola Rodrigues

Banda de Congo São Sebastião apresenta cultura capixaba no60°Conad“Quebra, quebra gabiroba. Quero ver quebrar Quebra lá, que eu quebro cá, Quero ver quebrar”

Essa foi parte de uma das letras entoadas pela Banda de Congo de São Sebastião de Taguaru-çu, localizada no município de

Cariacica – Grande Vitória, durante apresentação do 60° Conad, na Ufes. O grupo tem cerca de 30 anos de história e conta com participação de 31 componentes entre dançarinas, instrumentistas e mestres. Uma das dançarinas, Fabiana Siqueira, defi-ciente visual, chamou a atenção na apresentação por sua saia rodada, mostrando toda beleza da música e da dança folclórica, característica das regiões do Espírito Santo.

A relação de Fabiana com o con-go começou cedo. Filha do mestre Valdeci Ferreira, desde criança ela recebeu da sua mãe alguns símbolos da cultura tradicional do Congo: uma

casaca, máscaras e saias rodadas. São objetos que, além de serem usados em algumas apresentações, ela produz de forma artesanal e os comercializa durante as festas e congadas.

A banda se reúne uma vez por mês na sede da pequena comunidade de Taguaruçu. “No espaço fazemos ensaios, conversamos sobre os pro-blemas locais, produzimos alguns produtos e discutimos agendas de apresentações. O grupo faz parte da minha vida, da minha história e das raízes da cultura capixaba. Participar desse espaço é um desafio muito en-riquecedor”, conta Fabiana, que ficou cega após uma grave doença quando tinha apenas 7 anos de idade.

Instrumentos musicais

O Congo é um gênero musical brasileiro, típico do litoral capixaba. Os principais instrumentos são o tambor de congo, bumbo ou caixa, casaca ou reco-reco, cuíca, cho-calho, triângulo e apito (utilizado pelo mestre no início e término das toa-das). Tradição herdada dos escravos – o Congado são

festas em louvor a Nossa Senhora do Rosário, São Benedito, Santa Efigênia e São Sebastião. As canções falam do cotidiano dos ancestrais negros, que envolve a lida na roça, as pescas, o amor, a morte.

Atualmente, além do lado religioso e folclórico, o Congo Capixaba e seus instrumentos musicais típicos também influenciam bandas de música popular brasileiras, que associam outros ins-trumentos ao ritmo, como a guitarra e o baixo.

De acordo com Comissão Espírito-Santense de Folclore, existem mais de sessenta bandas de congo em atividade no estado, mostrando que a cultura capixaba está viva na memória popular.

História e resistênciaO Congado é umas das manifesta-

ções mais antigas do Brasil. Existe há pelo menos 350 anos, e vem conse-guindo resistir a novas gerações. “Ele traz valores muito importantes para vivermos numa sociedade mais justa, como mais solidariedade. As festas trazem sempre a questão de uma ex-periência de comunidade, onde o que mais vivemos hoje é o individualismo desenfreado”, destacou a dançarina de Congo, Fabiana Siqueira.

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Universidade e Sociedade aborda ataques aos direitos sociais

A primeira manhã do 60º Conad do ANDES-SN foi marcada, também, pelo lançamento da 56ª edição da revista Uni-versidade e Sociedade. Na quinta-feira (13), a publicação semestral do ANDES-SN, que neste número traz o tema

‘Contrarreforma: retirada de direitos, violências e criminalizações’, foi apresentada aos docentes presentes no evento. Liliane Macha-do, integrante do Grupo de Trabalho de Comunicação e Artes do ANDES-SN (GTCA) e uma das responsáveis pela revista, explicou que os artigos publicados avaliam as investidas do Estado contra a universidade e os direitos dos trabalhadores. “Os artigos permitem ter uma visão mais ampla de como tem se efetivado a chamada contrarreforma. Além dos artigos, temos um ensaio fotográfico mostrando as ações do Estado de criminalização dos movimentos sociais”, antecipou Liliane.

Outro ponto ressaltado pela professora é a homenagem que a publicação traz ao escritor uruguaio Eduardo Galeano, falecido este ano. Para ela, trata-se de um dos maiores escritores latino--americanos. A revista traz trechos de obras de Galeano retirada do “Livro dos Abraços” e da obra “Veias Abertas da América Latina”.

Uma entrevista com o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, Guilherme Boulos, também é destacada como um dos pontos ímpares da revista. “Trabalhamos a questão do direito à cidade, quais são as investidas contra esse direito e como podemos tentar solucionar essas questões”, concluiu Liliane.

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Nem dia 16 nem dia 20, o lugar do Sindicato Nacional é na defesa da autonomia e fortalecimento da classe

trabalhadora. Essa análise foi reafir-mada em quase todas as falas durante a Plenária do Tema 1 “Movimento Docente e Conjuntura: avaliação da atuação do ANDES-SN frente às ações estabelecidas no 34º Congresso”, que atualizou a análise de conjuntura da entidade. O debate ocorreu na tarde de quinta-feira (13), primeiro dia do 60º Conad. Foram apresentados cinco textos de apoio para a discussão.

Diversas intervenções reafirmaram que o ANDES-SN vem acertando no fortalecimento da mobilização e em sua atuação nos diversos espaços aglutinadores da luta dos quais par-ticipa, como o Espaço de Unidade de Ação, a CSP-Conlutas e o Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais. Destacaram ainda relevância nos últimos meses da atua-ção do Sindicato Nacional no processo de reorganização e autonomia da luta da classe trabalhadora, conforme ava-liou e encaminhou o 34º Congresso do ANDES-SN, realizado em fevereiro.

O fortalecimento dos atos nos

estados chamados pelo Fórum dos SPF para terça-feira (18), no âmbito do funcionalismo federal, e a neces-sidade de empenho na organização dos encontros preparatórios ao II Encontro Nacional de Educação, ain-da em 2015, e a realização do II ENE em 2016, como forma de denunciar amplamente à sociedade o desmonte de educação pública, também foram apontados como estratégias de ação da entidade para o próximo período.

Segundo Olgaíses Maués, diretora do ANDES-SN que presidiu a mesa da plenária do Tema I, a intensificação dos ataques aos direitos dos trabalhadores

60°Conad reafirma papel do ANDES-SN: fortalecer a unidade na luta dos trabalhadores

nos últimos meses torna necessária a atualização da análise de conjun-tura aprovada no 34º Congresso do ANDES-SN.

“A conjuntura já se mostra diferente do momento em que tivemos o Con-gresso no início do ano. Então, mais do que nunca, há a necessidade de uma atualização. A gente nota que um dos pontos colocados foi exatamente a questão das manifestações que vão ocorrer agora esse mês. E que essas duas manifestações – 16 e 20 – tra-zem um pouco de como a sociedade brasileira está se colocando, sem o aprofundamento da questão. Não há uma análise política da situação. Acho que essa análise política foi trazida aqui nas falas e ela vai com certeza nortear os debates que vão acontecer nos próximos três dias”, comentou, em referência aos grupos de trabalho e plenárias de atualização dos planos de lutas que ocorrerão nesta sexta e sábado.

Para Olgaíses, a plenária foi muito importante porque evidenciou a po-sição do ANDES-SN, através do texto apresentado pela diretoria e das falas de vários sindicalizados, no sentido de que a solução não é mobilização conservadora nem o apoio ao gover-no, “mas que a solução é outra, é no sentido de lutar pelos direitos dos trabalhadores”, completou.