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CMARA DOS DEPUTADOSDIRETORIA DE RECURSOSHUMANOS
CENTRO DE FORMAO, TREINAMENTO E APERFEIOAMENTOPROGRAMA DE PS-GRADUAO
VITAL LOPES CORDEIRO
A INFLUNCIA POLTICA DA MAONARIA
NO PERODO DA PR-INDEPENDNCIA DO BRASIL
Braslia-DF2008
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CENTRO DE FORMAO, TREINAMENTO E APERFEIOAMENTO
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CMARA DOS DEPUTADOSDIRETORIA DE RECURSOSHUMANOS
CENTRO DE FORMAO, TREINAMENTO E APERFEIOAMENTO
PROGRAMA DE PS-GRADUAO
VITAL LOPES CORDEIRO
A INFLUNCIA POLTICA DA MAONARIANO PERODO DA PR-INDEPENDNCIA DO BRASIL
Monografia apresentada ao Programa de Ps-Graduao do Centro de Formao,Treinamento e Aperfeioamento da Cmarados Deputados CEFOR, como parte dasexigncias do curso de Especializao em
Instituies e Processos Polticos doLegislativo.
Orientador: Casimiro Pedro da Silva Neto
Braslia-DF2008
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Autorizo a divulgao do texto completo no stio da Cmara dos Deputados e areproduototal ou parcial, exclusivamente, para fins acadmicos e cientficos.
Assinatura: ____________________________
Data____/____/____
Cordeiro, Vital Lopes.A influncia poltica da maonaria no perodo da pr-independncia do Brasil
[manuscrito] / Vital Lopes Cordeiro. -- 2008.79 f.
Orientador: Casimiro Pedro da Silva Neto.Impresso por computador.Monografia (especializao) -- Centro de Formao, Treinamento e
Aperfeioamento (Cefor), da Cmara dos Deputados, Curso de Especializao emInstituies e Processos Polticos do Legislativo, 2008.
1. Maonaria. 2. Independncia do Brasil (1822). I. Ttulo.
CDU 061.236
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FOLHA DE APROVAO
Monografia:
A INFLUNCIA POLTICA DA MAONARIA
NO PERODO DA PR-INDEPENDNCIA DO BRASIL
Monografia apresentada ao Programa de Ps-Graduao do Centro de Formao,Treinamento e Aperfeioamento da Cmara dos Deputados CEFOR, como parte dasexigncias do curso de Especializao em Instituies e Processos Polticos do Legislativo.
1. Semestre / 2008
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________Orientador: Prof. Casimiro Pedro da Silva Neto
_______________________________________________________Examinador: Prof. Antnio Teixeira de Barros
Braslia, 11 de fevereiro de 2008.
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A chave do futuro , pois, a liberdade, princpiomaravilhoso que senhoreia as tendncias do nossoesprito, que esclarece os instintos do nossocorao, fecunda o nosso trabalho, depura asnossaspaixes, ilustra asnossas crenas, alimentaos nossos esforos, que confraterniza todos oshomens pelo amor, pela dedicao, pelo sacrifcio,que engrandece as naes, pela atividade, pelapaz, pela justia e pela instruo. O princpio dofuturo a democracia.
Rui Barbosa
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Dedico
minha me(inmemorian). mpar exemplo.Essncia deminha existncia.
minha mulher, Aurenir,pelo sono perdidona penumbra do quarto, enquantoo orvalho da manh sedissipava anteo claro
do rei maior, o sol, queanunciava mais umdia.
Aosmeus queridosfilhos, CristieeAlexandre,
depersonalidades fortes, diferentes, pormmeigos, carinhososeamveis.
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Agradecimentos
Agradecimento especial aomeugrandeMestre, amigoeorientador Casimiro PedrodaSilvaNeto,pela sua disposioemajudar na escolhadealgumasfontes deleitura, conversar ecorrigir cada texto
escritoeredigido, tambmpela sua condiointelectual efirmezanasobservaes pertinentes aocensurar meuserrosesugerir caminhosdepesquisa. Sua orientao foi preponderanteemmomento
vivido. Sua amizadefoi essencial emarcantedurantea orientao o quemefezficar mais confianteemmimmesmo. Obrigado, Mestre!
Noseria vivel a realizao destetrabalhosemrecorrer competenteeexpressivaorientaometodolgica do professor Antnio Teixeira deBarros. Pois, comele, foi possvel perceber o real objetivo
da disciplina Pesquisa Cientfica, esclarecendo assim, a idia principal do tema escolhido, paraaelaborao do projeto, bemcomo definir ospontosessenciais na buscadesoluopararesponder asquestesapresentadas.
colega Ftima Paes Loureiro, pelo incentivo ecorreo ortogrfica destetrabalho. prezada ChefedeGabineteda Lideranado Partido SocialistaBrasileiro, Magda Suely Rosa
Oyo Valentin, pelo incentivo minha inscrio no Curso deEspecializao eliberao paraassistir saulas duranteo horrio detrabalho.
Ao Prezadssimo amigo demuitosanoseChefedeSecretaria da Lideranado Partido SocialistaBrasileiro, lvaro Cabral, pelo apoio eincentivo, comas minhasdesculpasnosmomentos deausncia
para estudos, bemcomo pela confiana eamizadedispensada.AoDeputado Federal amigoeirmoGonzaga Patriota, pela fraternal amizadeeapoio
dispensadosa mimdurantetodo o tempoqueconvivemosemseu gabinete, bemcomo a todososdemais
colegasdegabinete, pela preocupao, incentivo eaceitao decadacircunstncia queseapresentavaduranteo incio demeu curso. Umfraternal abrao a todos. Administrao da CmaradosDeputados, por ter proporcionado a mimea todososmeus
colegasdesala, condiesfuncionais quepermitirama nossa participao no Curso dePs-GraduaoEspecializaoemInstituies eProcessosPolticos do Legislativo.
Aosmeus novosamigosecolegasdetrabalhoedesala deaula quetiverammuita pacincia emmeouvir sobreassuntos queeramimportantespara mimepor ter compartilhadodeseussonhosedesafios
forammuitoseemocionantes. Agradeo comsincera emoo egostosa saudadepela solidariedade,carinho, amizadeealegria constante. Foramdezoitomeses muitoprodutivos, decrescimento intelectual e
aprendizagemrecproca.Commuita emoo eresponsabilidadeagradeo entusiasmado esensibilizadoa oportunidadede
ter sidoescolhidocomo RepresentantedeTurma peranteo Centro deFormao, Treinamento eAperfeioamento Cefor, daCmara dosDeputados. Agradeotambm, pela oportunidadedeter sido
eleitopara representar osnobres colegasjuntoaoColegiado da CmaradosDeputados. Foi muitogratificanteehonroso.
AosIrmosHenrique(chefeda biblioteca) do GrandeOrientedo Brasil eSrgio DominguezRozas, peloapoio nabusca defontes depesquisa.
Emespecial, aosmestres CarlosRicardo Caichiolo, RicardoJ osPereira Rodrigues, AntnioTeixeiradeBarros, CasimiroPedroda Silva Neto, Amandino TeixeiraNunesJ unior, Erivan da Silva
Raposo, J lio RobertodeSouza Pinto, Newton TavaresFilho, Yara LopesDepieri (Diretorado Centro deFormao, Treinamento eAperfeioamento), eaos servidores RicardoDiaseRicardoSenna, pela
dedicaopessoal naelaboraodoscontedos disciplinares, pelasaulasepelashorasdispensadasaonosso aprendizadoeainda pela metodologia aplicada eacompanhamento pedaggico. Nolia, pela
simpatia epresteza. Sinceros agradecimentospela amizadeconstruda.Enfim, a todos quedealguma maneira facilitaramnossostrabalhoseestudos, abraofraterno
comespecial sentimento depaz, amor, fraternidade, sadeeprosperidade.
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RESUMO
Esta pesquisa tem por objetivo analisar a influncia poltica da Maonaria no perodo da Pr-Independncia do Brasil. Para tanto, utilizou-se de reviso bibliogrfica acerca do tema
proposto, lanando mo da contribuio de vrios autores que tratam do tema, bem como dabiografia dos principais nomes manicos do perodo, e ainda, breve histrico dos principaismeios de comunicao utilizados para propagar os ideais manicos, que por sua vezfundavam-se nos ideais liberais liberdade, igualdade e fraternidade. A maonaria no BrasilImprio era tratada de forma oculta, secreta, organizando-se em associaes comerciais que,no fundo, serviam de fachada para as atividades manicas. Notou-se que os ideaisrevolucionrios da Frana no final do sculo XVIII atuaram de forma decisiva no processo daIndependncia do Brasil, porm, estes ideais foram postos em prtica no Brasil Imprio porintermdio dos maons, que por sua vez eram compostos da incipiente elite agrria brasileira
que tinha condies de estudar no exterior, sobretudo na Frana. Outro ponto que chama aateno no decorrer do estudo o fato de que a maonaria esteve presente em vriosprocessos revolucionrios em prol da independncia das colnias europias na Amrica. Amaonaria portuguesa e a brasileira, sobretudo, teve papel decisivo no processo deindependncia do Brasil. Tem-se como resultados que a maonaria teve forte influncia sobreo processo que antecedeu a Independncia do Brasil, que se concretizou com o famoso Gritodo Ipiranga proferido por Dom Pedro s margens do Ipiranga, seja pelos ideais defendidos,social e politicamente, bem como por suas bases econmicas, no perodo, dominantes.
Palavras-chave: Maonaria, Independncia do Brasil, Grito do Ipiranga, Dom Pedro.
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ABSTRACT
This research has for objective to analyze the influence politics of the Masonry in the periodof daily pay independence of Brazil. For in such a way, it was used of bibliographicalrevision concerning the considered subject, launching hand of the contribution of someauthors who deal with the subject, as well asof thebiography of the main masonry names ofthe period, and still, soon historical of the main medias used to propagate the ideals of themasonry, that in turn established in the liberal ideals - freedom, equalityand fraternity. Themasonry in Brazil Empire was treated to occult, private form, organizing itself in tradeassociations that, in thedeep one, served of faade for the masonics activities. It noticed thatideals revolutionary of France in end of century XVIII had acted of formdecisive in processof Independenceof Brazil, however, this ideals had been ranks in practical in Brazil Empire
for intermediary of maons, that in turn they were composites of the incipient Brazilianagrarian elite who had conditions to study in the exterior, over all in France. Another pointthat calls the attention in elapsing of the study is the fact of that the masonry was present insome revolutionary processes in favor of the independence of the colonies of the Europe inAmerica. The Portuguese masonry and the Brazilian, over all, had decisive paper in theprocess of independenceof Brazil. As it hasbeen resulted thatthemasonry hadfort influenceontheprocess that it preceded of Independenceof Brazil, thatif materializewith thefamousShout of Ipiranga pronounced for Dom Peter to the edges of the Ipiranga, either for thedefended ideals, social and politically, as well as for its economic bases, in the period,dominant.
Key-words: Masonry, Independenceof Brazil, Shout, DomPedro.
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LISTA DE IMAGENS
IMAGEM 1 Templo Manico (Interior da Grande Loja Manica do D. Federal) ....... 73
IMAGEM 2 Templo Manico (Interior da Grande Loja Manica de Londres) ........... 73
IMAGEM 3 Manuel deArruda Cmara ........................................................................ 74
IMAGEM 4 Hiplito J osda Costa ................................................................................. 74
IMAGEM 5 - J osClementePereira ................................................................................. 75
IMAGEM 5.1 J osClementePereira ............................................................................... 75
IMAGEM 6 - J osBonifcio deAndrada eSilva .............................................................. 76
IMAGEM 7 J oaquim Gonalves Ledo ............................................................................ 77
IMAGEM 8 D. Leopoldina ............................................................................................... 77
IMAGEM 9 J ornal Revrbero Constitucional Fluminense(Capa Fac-Simile) .......... 78
IMAGEM 10 DomPedro I............................................................................................... 79
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SUMRIO
INTRODUO ................................................................................................................ 11
1CONTEXTO HISTRICO ...................................................................................... 161.1O queMaonaria? ...................................................................................................... 171.2Origem............................................................................................................................ 181.3A Participao na Europa ena Amrica ................................................................ 192A MAONARIA NO BRASIL ................................................................................ 222.1As Primeiras Reunies................................................................................................ 232.2As Adversidades deI nstalao no Pas................................................................... 242.3O Fechamento das Lojas ............................................................................................ 272.4As Divergncias Ideolgicas ePolticas ............................................................. 28
2.5A Influncia deMaonsnaIndependncia ................................................................... 322.5.1Manuel deArruda Cmara ................................................................................ 332.5.2DomingosJ osMartins....................................................................................... 342.5.3Hiplito J osda Costa....................................................................................... 342.5.4J osClementePereira ........................................................................................ 362.5.5J osBonifcio deAndrada eSilva ..................................................................... 372.5.6J osIncio Ribeiro deAbreueLima (PadreRoma) ......................................... 382.5.7J oaquimGonalves Ledo ................................................................................... 382.6A Imprensa eos Principais J ornais ................................................................... 40
2.6.1 O Revrbero Constitucional Fluminense........................................................... 412.6.2O Macaco Brasileiro .......................................................................................... 432.6.3A Malagueta ....................................................................................................... 432.6.4Regulador Baslico-Luso .................................................................................... 443PRINCI PAIS MOMENTOS Pr-Independncia ................................... 453.1A RevoluoPernambucana .............................................................................. 463.2 O Fico................................................................................................................... 503.3 O Manifesto deDomPedro ............................................................................... 523.4 D. Pedro ea Maonaria ..................................................................................... 52
4 CONSIDERAES FINAIS ...................................................................... 55REFERNCIAS BIBL IOGRFICAS .......................................................... 57ANEXO A ........................................................................................................ 60ANEXO B ........................................................................................................ 61ANEXO C ........................................................................................................ 62ANEXO D ........................................................................................................ 65ANEXO E ........................................................................................................ 66ANEXO F ........................................................................................................ 67
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INTRODUO
[...] porqueo Amor da Ptria heo mesmo Amor da
Nao, edaConstituio: seesta proclamouLiberdade, IgualdadeeConfraternidadeningumse
deverecolher a silncio ...
(O SACRISTO DE TAMBI, In ReverberoConstitucional Fluminense)
A maonaria um assunto recorrente ao longo do tempo quando tratada como
uma instituio de marcante participao e influncia na poltica. A organizao mereceu o
respeito e a admirao dos mais diversos segmentos da humanidade, independentemente de
raa ou continente, desde os seus primeiros atos constitutivos at os dias de hoje.
A sua atuao significativamente considerada como forte, pois age
objetivamente e de forma reservada. Sempre foi assim nos momentos onde a mesma teve
necessidade de intervir, quer atravs da instituio, quer atravs de seus membros. Tanto
verdade que, na histria da poltica brasileira, vrios autores defendem a idia de que a
maonaria teve relevante participao nas lutas pela emancipao poltica, principalmente na
Proclamao da Independncia do Brasil. Castellani afirma que foi, assim, feita aindependncia com o pleno conhecimento de D. Joo e com a participao efetiva de D.
Pedro, amparado pelo trabalho da maonaria, que se tornara, na poca, uma forte corrente
poltica1.
Assim, o tema objeto de anlise desse trabalho ser a influncia poltica da
maonaria na independncia do Brasil. considerado de importncia relevante,
principalmente por estar inserido entre os marcos da Histria do Brasil.
Mesmo sabendo que o assunto polmico, inclusive com uma literatura
especfica, continua sendo bastante atraente, merecendo outras investigaes e anlise crtica
mais aprofundada.
Dentro desta contextualizao, a pergunta-problema a ser respondida :
Qual a influncia poltica que a Maonaria teria exercido no perodo
considerado como da pr-independncia do Brasil ?
1 CASTELLANI, Jos.A ao secreta damaonaria napolticamundial. 2. ed., So Paulo: Landmark, 2007.
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Dessa maneira, para responder pergunta acima formulada, objetivar-se-
responder algumas questes consideradas de suma importncia, pois quanto mais se
aprofunda no assunto, mais uma contribuio para que outros estudiosos do mesmo tema
possam enriquecer a literatura j existente.
Portanto, o objetivo geral deste trabalho foi o de analisar os fatores que
contriburam para detectar a influncia poltica da maonaria no processo de Independncia
do Brasil. Os objetivos especficos esto relacionados com os principais momentos em que a
Independncia teve influncia da maonaria. Nesse aspecto, colocar em evidncia a efetiva
participao da instituio manica e de seus membros no processo de busca da liberdade e
constituio da Nao primordial para responder aos questionamentos inseridos no incio
desse trabalho.
Ao aprofundar essa discusso possibilita-se, ao final do trabalho, o
desenvolvimento de outros estudos semelhantes no campo das instituies e processos
polticos do legislativo.
Quanto metodologia empregada foi utilizado o mtodo histrico-descritivo com
o intuito de investigar os fatos relacionados ao tema proposto, suas possveis projees e
influncias no processo de independncia e tambm na sociedade civil. Para o levantamento
do problema, a identificao dos objetivos e suas respectivas descries, bem como para
determinao da metodologia da pesquisa, foi adotado o mtodo de Duarte e Barros 2.
Foram utilizados trs tipos de pesquisa para o desenvolvimento do trabalho:
a) a bibliogrfica, constituda principalmente de artigos cientfico e livros do
acervo da Coordenao de Biblioteca/CEDI;
b) a documental, que se encontrava sob a guarda do museu do Grande Oriente do
Brasil; e
c) de discursos e artigos publicados nos cadernos da imprensa da poca.
2 DUARTE, Jorge; BARROS, Antnio. (orgs.). M todos e Tcnicas de Pesquisa em Comunicao, 2. ed., So Paulo:Atlas, 2006.
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A pesquisa qualitativa3, na medida em que apresenta um estudo em que os dados
a serem apresentados so oriundos de fontes qualitativas (bibliogrficas), considerando-se,
ainda, que a pesquisa, tanto no aspecto bibliogrfico como de campo, obedeceu aos seguintes
procedimentos:
Delimitou-se, inicialmente, o tema, levando-se em considerao o interesse, a
disponibilidade de tempo, dificuldades a serem encontradas e sua aplicao
prtica. Nesse sentido, foram avaliados possibilidade e o campo necessrios
para obteno dos dados e foi elaborada uma lista de assuntos a investigar;
Prioritariamente, elegeram-se os aspectos que seriam considerados e os que
seriam desprezados na adoo dos rumos da pesquisa, tais como histrico,
conceitos, pesquisa sobre discurso, sobre linguagem e outros. E assim, para
desenvolv-la, definiu-se o critrio a ser estabelecido para o processo de
investigao.
De posse da documentao necessria foram feitas as devidas leituras,
oportunidade em que foi objeto de anlises detalhadas tudo que se relacionava ao tema.
Aps esses passos foi realizada a classificao do material necessrio ao
desenvolvimento da monografia. Os dados coletados ficaram dispostos em fichas
bibliogrficas.
Aps a coleta dos dados e leitura crtica e interpretativa das fontes foram
observados os critrios utilizados por cada autor no que se refere disposio dos assuntos
tratados sobre o tema em anlise. Assim sendo, conseguiu-se ter uma noo de como foram
separadas as etapas no processo e que envolveram as fases de desenvolvimento do estudo.
Aps a organizao das fichas, foram realizadas anotaes das consideraes e
comentrios pertinentes e expostos por cada autor ou membro que integrava a instituio
poca, durante as discusses, debates ou reunies objetivando relacion-las entre si e com os
fatos propostos na inteno de alcanar o objeto da pesquisa. Dessa forma, foi possvel
desenvolver uma anlise fundamentada e exposio de consideraes pessoais.
3 MARCONI, Marina Andrade; LAKATOS, Eva Maria.Fundamentos daMetodologia Cientfica. So Paulo: Atlas, 2003.
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Encerrada a fase de levantamento, leitura, anlise, interpretao e classificao
dos documentos, foi realizado o trabalho de escrita da pesquisa, com inseres de dados e
formulaes tericas visando ao atendimento dos objetivos propostos.
No se pode deixar de mencionar que a pesquisa que ora se realiza tem o seu
desenvolvimento carregado de implicaes polticas do perodo. O foco utilizado para o tema
provoca vises diferentes das relaes pessoais e institucionais na luta poltica de ento. No
se pretende, ao enfocar discusses acadmicas, separar conflitos a existentes dos confrontos
polticos simultneos. No entanto, s vezes, podem ser percebidos como camadas diferentes
das renhidas e radicais disputas ocorridas no conturbado perodo analisado.
Ao longo do estudo, na contextualizao e argumentao, realizou-se uma
abordagem histrica do assunto, com estudo focado principalmente no sentido de detectar
momentos que versaram sobre a influncia poltica da maonaria no incio do sculo XIX
com reflexos diretos na Independncia do Brasil. Nesse sentido, o trabalho tem a seguinte
diviso:
No primeiro captulo fez-se um breve contexto histrico; o que a instituio,
a origem da maonaria e sua participao no cenrio mundial, desde as pocas
mais remotas, incluindo a Europa e a Amrica.
No segundo captulo aborda-se a Maonaria no Brasil, a partir das primeiras
reunies; suas adversidades por ocasio de sua instalao no pas; as
divergncias de seus seguidores, tanto ideolgicas quanto polticas e at
culturais; apresenta a influncia dos principais jornais da poca e ainda o
fechamento de algumas lojas por questes diversas. Essa parte fundamenta a
resposta a um dos problemas do projeto: Qual foi a influncia poltica damaonaria para o processo de Independncia do Brasil?
No terceiro captulo, apresenta-se uma cronologia dos principais momentos
pr-independncia, com os acontecimentos que vo delinear uma importante
contribuio para responder outro problema: Revoluo Pernambucana, O
Fico, D. Pedro e o seu ingresso na Maonaria e o Grito do Ipiranga, bem como
o Manifesto de D. Pedro.
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Finalmente, cabe esclarecer que, nesse estudo, optou-se por no se fazer citaes
extensivas e indicaes bibliogrficas ao que se constitui matria consensual na historiografia
brasileira. No obstante, algumas leituras mais recentes ou que se destacam do conjunto so
devidamente localizadas.
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1 CONTEXTO HISTRICO
A independncia , ento, o atrativoprincipal dosquese
dispema analisar a histria da maonaria no Brasil. E por isso que, entretodososacontecimentosondehouveparticipaodemaons, ela a mais mistificada ...
(CASTELLANI, 1993)
Entende-se que a Maonaria no possui leis gerais nem livro santo que a definam
ou obriguem todo o maom atravs do mundo; no sendo uma religio, no tem dogmas. Em
cada pas e ao longo dos sculos, estatutos numerosos se promulgaram e fizeram f para
comunidades diferentes no tempo e nos costumes. Mas isso no obsta a que a Maonaria
possua certo nmero de princpios bsicos, aceito por todos os irmos em todas as partes do
globo. essa aceitao, alis, que torna possvel a fraternidade universal dos maons e a sua
condio de grande famlia no seio da humanidade, sem que, no entanto, exista uma potncia
manica escala mundial nem um Gro-Mestre, tipo Papa, que centralize o pensamento e a
ao da Ordem4.
O nome maonaria vem provavelmente do francs "Maonnerie", que significa
uma construo qualquer, feita por um pedreiro, o "maom". A Maonaria ter assim, comoobjetivo essencial, a edificao de qualquer coisa. O maom, o pedreiro-livre em vernculo
portugus, ser, portanto, o construtor, o que trabalha para erguer um edifcio5.
A maonaria admite que o homem e a sociedade so suscetveis de melhoria, so
passveis de aperfeioamento. Por outras palavras, aceita e promove a transformao do ser
humano e das sociedades em que vive. Mas, para alm da solidariedade e da justia, no
define os meios rigorosos por que essa transformao se h de fazer nem os modelos exatos
em que ela possa desembocar. Nada h, por exemplo, no seio da Maonaria, que faa rejeitar
uma sociedade de tipo socialista ou liberal. O que lhe importa um homem melhor dentro de
uma sociedade melhor6.
Dos ideais de justia e solidariedade humanas levados at as ltimas
conseqncias, resulta naturalmente o de ser a Maonaria uma instituio aclassista e anti-
4
FIGUEIREDO, Luis. O que a maonaria?Disponvel em: http://www.maconaria.net/whatis.shtml,Acesso em 2 jan.2008.5 Ibidem.6 Idem.
http://www.maconaria.net/whatis.shtml,http://www.maconaria.net/whatis.shtml,http://www.getpdf.com/http://www.maconaria.net/whatis.shtml, -
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classista, englobando representantes de todos os grupos sociais que, como maons, devem
tentar esquecer a sua integrao de classe e comportarem-se como iguais. "A Maonaria honra
igualmente o trabalho intelectual e o trabalho manual", conforme estipulava a Constituio
manica de 1926.
Segundo o site Maonaria, dentre os requisitos para se ser maom, exige-se alm
dos formais condies morais e intelectuais, bem como se exercer uma profisso honesta que
assegure meios de subsistncia. verdade que a exigncia de se possuir a instruo necessria
para compreender os fins da Ordem exclui, desde logo, os analfabetos e grande parte das
massas populares (em Portugal, entenda-se). E verdade tambm que a maioria dos maons
proveio e continua a provir dos grupos burgueses.
Mas isso se deve apenas s condies histricas em que todas as sociedades tm
vivido nos ltimos 200 anos. medida que as classes trabalhadoras vo atingindo mais
elevado nvel social e cultural, assim o nmero de maons delas oriundo tende a aumentar
paralelamente. Em Maonarias de pases como a Gr-Bretanha, a Frana ou a Holanda, o
carter aclassista da Ordem Manica nota-se com muito maior intensidade do que em
Portugal ou na Espanha7.
1.1O queMaonaria?
A Maonaria tem recebido vrias definies no decorrer dos tempos. Nesse
sentido, de acordo com os rituais da Grande Loja Manica do Distrito Federal (IMAGEM 1)
a Ordem Manica : [...] uma associao de homens sbios e virtuosos, que se consideram
Irmos entre si e cujo fim viver em perfeita igualdade, intimamente unidos por laos derecproca estima, confiana e amizade, estimulando-se uns aos outros, na prtica das
virtudes8.
E afirma tambm a Grande Loja do Distrito Federal ser um sistema de Moral,
velado por alegorias e ilustrado por smbolos.
7 FIGUEIREDO, Luis. O que a maonaria?Disponvel em: http://www.maconaria.net/whatis.shtml,Acesso em 2 jan.2008.
8 GRANDE LOJA MANICA DO DISTRITO FEDERAL, Ritual, 2007.
http://www.maconaria.net/whatis.shtml,http://www.maconaria.net/whatis.shtml,http://www.getpdf.com/http://www.maconaria.net/whatis.shtml, -
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1.2Origem
A origem da maonaria remonta ao sculo XVI e aponta ligaes com a religio, a
poltica e o trabalho. Vidal9 descreve cinco grandes teorias existentes para a explicao do
surgimento da maonaria: 1) a teoria megaltica10 sugere que a existncia das reunies
manicas j podiam ser evidenciada por volta dos anos 7100 a.C. e refere-se aos maons
como sabedores de astronomia e esoterismo; 2)a teoria egpcia11 aponta que a origem est no
Egito Antigo, envolvendo conhecimentos de manufatura e esoterismo; 3)a teoria inicitica12
descreve a maonaria como uma sociedade ritualstica, de cultos pagos e esotricos; 4) a
teoria templria13 vincula a maonaria aos cavaleiros da ordem militar que, mesmo aps ter
sido desfeita, continuou a ser difundida pelos chamados templrios; e 5) a teoria medieval, a
qual afirma que os maons eram pedreiros e reuniam-se em lojas em razo do ofcio que
exerciam. Nesse sentido, Vidal apresenta, dentro da teoria medieval, o exemplo de pedreiros:
Na Inglaterra, por exemplo, os pedreiros se agrupavam em grmios queresguardavam zelosamente os saberes do seu ofcio, ensinavam sua arte apenas
para pessoas escolhidas e se reuniam para descansar em cabanas, que acabaramrecebendo o nome de loja manica. At onde sabemos, esses agrupamentosde carter trabalhista um dos seus objetivos era burlar os regulamentos (OldCharges) que fixavam lucros mximos pelo trabalho de construo estavamtambm submetidos a uma regulamentao moral, muito similar, por certo,quela que vigorava em outros grmios medievais14.
Considerando essa ltima teoria, foi na transmisso entre a Idade Mdia e a
Moderna que a maonaria adquiriu carter social, moral e poltico, aceitando pessoas
qualificadas social e culturalmente, mas que no eram obrigatoriamente pedreiros e
9 VIDAL, Csar.Os maons- a sociedadesecreta mais influenteda histria. Rio de Janeiro: Ediouro, 200610 De acordo com essa teoria, portanto, o saber manico remontaria pr-histria e foi conservado no seio das associaes
de sbios astrnomos, que, antes do Dilvio Universal, o teriam levado para o Oriente, onde esta peculiar explicao das
origens da maonaria situa duas teorias que, como pode-se ver, so mais antigas. Fala-se daquelas que ligam o nascimentoda maonaria construo do Templo de Salomo e aos cavaleiros templrios, separados por nada menos que dois mil eduzentos anos (Vidal, 2006, p. 14).
11 Para Vidal (2006, p. 16), [...] essa teoria de enorme interesse para o historiador, no porque mostre as verdadeiras razesda maonaria, mas porque aponta para a origem que a maonaria, historicamente, afirma possuir. Tratar-se-ia de umaorigem esotrica, ligada aos cultos iniciticos e ocultistas, assentados no seio do paganismo, e impregnada de interpretaesespirituais que se chocam frontalmente com a mensagem contida na Bblia.
12 Segundo Vidal (2006, p. 17), Esta origem ocultista explicaria, sempre segundo o maom Paine, o fato de que os maons,para se protegerem da Igreja crist, sempre tenham falado de modo mstico. Seu carter de religio pag solar era seusegredo, especialmente nos pases catlicos. Paine cita as simbologias das distintas lojas manicas, trechos dascerimnias de iniciao da maonaria e, inclusive, seu calendrio....
13 Ainda segundo Vidal (2006, p. 19), De acordo com a mesma, a sabedoria ocultista expressa na construo do Templo dorei Salomo teria sido descoberta no sculo XII pelos cavaleiros templrios. A ordem dos templrios teria sido dissolvida
por deciso papal em um episdio no qual a maonaria veria a luta milenar entre a Liz e as trevas; mas sua sabedoria noteria desaparecido com a ordem: alguns templrios teriam conservado esses conhecimentos iniciticos especialmenteaqueles que emigraram para a Esccia em busca de refgio - formando, com o passar dos sculos, a maonaria.
14 VIDAL, Csar.Os maons- a sociedade secreta mais influente da histria. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006.
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construtores15,16. Esse fato possibilitou que a maonaria participasse de movimentos de cunho
social e cultural, no sentido de garantir os direitos humanos. Foi assim que em 1717 nasceu
oficialmente a Primeira Grande Loja (IMAGEM 2), sendo que no dia 24 de junho, como fora
marcado, as quatro Lojas reuniram-se e criaram The Premier Grand Lodge (a Primeira
Grande Loja), em Londres...17.
Por outro lado, aquela Grande Loja pode ser considerada um marco na histria da
maonaria, pois cria uma hierarquia que foi entendida como necessria e aponta um novo
caminho para a sociedade manica, especialmente a partir da criao das primeiras
Constituies manicas18.
1.3A Participao na Europa ena Amrica
A partir de ento a maonaria passa a ser disseminada pela Europa e deixa de ser
composta somente por artesos e pedreiros, mas tambm pelos nobres. Na Rssia, a
maonaria foi percebida como relevante politicamente por Catarina II, a qual passou a apoiar
e valorizar os maons, tendo sido posteriormente apoiada por eles em sua ascenso ao trono 19.
A Holanda reagiu diferente, por medo do domnio que as lojas manicas poderiam ter em
detrimento hegemonia do cristianismo20.
A Frana foi influenciada pela maonaria medida que a Revoluo que
patrocinou teve grande participao dos maons poca e, com a figura de Napoleo
Bonaparte, a maonaria desempenhou papel ativo na poltica francesa aps a Revoluo.
A relao da Revoluo Francesa com a maonaria merece destaque, pois exerceu
um papel muito importante, gerando grande influncia cultural, poltica e social nos pases
mais desenvolvidos da Europa. A Revoluo Francesa o marco das revolues ocorridas
com a participao da maonaria. A trplice divisa Liberdade, Igualdade e Fraternidade que
hoje adotada pela maonaria, tem sua origem com a frase que se usava na Revoluo
15 Ibidem.16 CASTELLANI, Jos.A ao secreta damaonaria napolticamundial. 2. ed., So Paulo: Landmark, 2007.17
CASTELLANI, Jos.A ao secreta damaonaria napolticamundial. 2. ed., So Paulo: Landmark, 2007.18 Ibidem.19 Idem.20 Idem.
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Francesa Libert, galit ou la Mort(Liberdade, Igualdade ou a Morte). O lema oficial
depois seriaLibert, galit, Fraternit(Liberdade, Igualdade, Fraternidade) [...]21.
Para Castellani22
, na Itlia h semelhana no sentido revolucionrio advindo darevoluo francesa e do incentivo dado pelos maons a esse sentimento de liberdade. A idia
de proclamar a repblica italiana, dificultada com a tomada por Napoleo III, seguida das
invases austracas e dos Bourbons, findou na unificao do pas. Uma questo principal que
emergiu na Itlia refere-se insero de maons no alto clero, que poderia ser considerada
uma afronta Igreja e poderia facilitar uma derrubada.
Na Espanha, a maonaria teve incio com soldados espanhis iniciados na Frana,
mas a presena marcante da maonaria ocorreu por ocasio da Revoluo Francesa e do
interesse de Napoleo em invadir as terras espanholas. Nesse sentido, as lojas manicas
fundadas tinham como objetivo propagar o pensamento napolenico e parece ter sido o nico
pas europeu no qual a maonaria subserviu de tal modo s doutrinas polticas, que os
revolucionrios no eram os maons, mas todos anti-manicos23.
Ainda segundo Castellani, o envolvimento da maonaria na poltica foi muito
mais presente nas Amricas que na Europa, especialmente pelo fato de muitos pases
americanos serem colnias e buscarem emancipao24. Fato corroborado ao se perceber que a
maonaria esteve presente em vrios movimentos pr-independncia na Amrica, inclusive
nos Estados Unidos da Amrica.
Nos Estados Unidos da Amrica, a maonaria ajudou na independncia do pas,
inclusive com apoio francs. Ainda hoje o papel da maonaria forte na Amrica do Norte,
especialmente nos Estados Unidos25.Com relao Amrica Central e do Sul, a participao
manica na poltica tambm girou em torno das independncias dos pases. O apoiorequerido era no sentido da Frana, Inglaterra e Estados Unidos ajudarem as colnias da
Amrica a se emanciparem. Com esse propsito principal, surgiu a primeira loja manica na
Argentina, tendo sido criada tambm em outros pases posteriormente.
21 Idem.22
CASTELLANI, Jos.A ao secreta damaonaria napolticamundial. 2. ed., So Paulo: Landmark, 2007.23 VIDAL, Csar.Os maons- a sociedade secreta mais influente da histria. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006.24 Ibidem.25 Idem.
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Iniciado ento na Argentina, esse processo revolucionrio estendeu-se s outras
colnias, com alguns personagens em comum, que viajavam pela Amrica auxiliando outros
Irmos que estavam na mesma luta. Assim, a Bolvia, o Chile, o Peru, a Venezuela, a
Colmbia, o Equador e o Panam foram palcos de aes da maonaria no sentido de libert-
los da soberania espanhola. A loja difundida foi a Lautaro que circulou secretamente por
cada pas com esse objetivo. No Brasil, como se ver adiante, a Proclamao da
Independncia tambm foi marcada por personagens e atos manicos26.
26 VIDAL, Csar.Os maons- a sociedade secreta mais influente da histria. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006.
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2 A MAONARIA NO BRASIL
A independncia doBrasil era a metaespecfica dos
fundadores doGrandeOrienteelogo todos elesdedicaram-sea consegui-la, embora o processo
emancipador, nosmeiosmanicosj tivessesidoiniciado antes de17dejunho de1822.
Jos Castellani
A Maonaria no Brasil tem sua histria relacionada com os grandes momentos em
que o pas atravessou ao longo do Imprio e Repblica. A leitura dos diversos autores
pesquisados mostra que a maonaria sempre esteve presente nos acontecimentos polticos,
demonstrando uma participao efetiva.
Reforando esta correlao entre o vanguardismo poltico e a maonaria no Brasil,
basta ver que os primeiros pensamentos revoltosos contra a metrpole surgiram da
permanncia de estudantes brasileiros na Frana.
Para tanto, tem-se que a cidade de Montpellier, localizada no sul da Frana, foi
muito procurada por estudantes estrangeiros, j que a sua Universidade sempre foi importante
centro de estudos. L, a Faculdade de Medicina destacou-se na preferncia dos brasileiros,conforme relato do Instituto Histrico e Geogrfico Brasileiro. Quinze brasileiros estudaram
em Montpellier, entre 1767 e 1793. Entre esses, Manuel de Arruda Cmara, fundador do
Arepago do Itamb, Jos Joaquim Maia e Barbalho, Jos lvares Maciel e Domingos Vidal
Barbosa. O primeiro foi o precursor da Conjurao Mineira, o segundo, o incentivador, e o
terceiro, um ativista secundrio27.
Nesta perspectiva, observa-se que a maonaria esteve, ainda que de forma oculta,
sempre presente nos fatos histrico-polticos da poca, pois, no ano de 1802, o capito-mor de
Olinda, Francisco de Paula Cavalcante de Albuquerque, fundou na cidade do Cabo (provncia
de Pernambuco), no Engenho de Suassuna, de sua propriedade, a Academia de Suassuna. E
no Recife, foi instalada pelo padre Joo Ribeiro Pessoa, a Academia do Paraso, tendo como
secretrio, o monsenhor Muniz Tavares, associaes estas que em verdade eram polticas e
secretas, fundadas sob os preceitos manicos nas quais eram ensinadas as novas doutrinas
27 Histria da Maonaria Brasileira. Disponvel em: http://www.glojars.org.br/institucional/historia_brasileira.htm.Acesso em 03 jan. 2008.
http://www.glojars.org.br/institucional/historia_brasileira.htm.http://www.getpdf.com/http://www.glojars.org.br/institucional/historia_brasileira.htm. -
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republicana oriundas da turbulenta e revolucionria Frana do sculo XVIII, com seus ideais
de liberdade, igualdade e fraternidade.
Um fato histrico que refora a importncia da maonaria no Brasil no incio dosculo XIX a inusitada resposta do ento Prncipe Regente D. Joo ao receber uma lista dos
maons que deveriam ser presos, dizendo, diante do tamanho da lista, que foram estes que
me salvaram28.
Outro exemplo da importncia da maonaria no Brasil observada quando da
partida da famlia real para Portugal deixando no Brasil um prncipe regente cercado de
maons, que constituam poca a elite econmica e pensante do pas. O prncipe fora
aprovado em assemblia manica, sendo iniciado em agosto de 1822 e recebido o nome
simblico de Guatimozin e em poucos dias fora aprovado para o grau de Mestre Maom da
loja Comrcio e Artes29.
2.1As Primeiras Reunies
O ideal humano sempre voltado para as finalidades filantrpicas e humanitrias,levou essa instituio a se qualificar para servir de testemunho como uma entidade voltada
para os interesses da humanidade. Ideal que esteve sempre presente nos movimentos
libertrios mais importantes do sculo XVIII e incio do sculo XIX.
de se observar que no final do sculo XVIII o Brasil possua agrupamentos
secretos, com caractersticas manicas, funcionando como clubes, ou mesmo academias, e
que na realidade no eram lojas manicas, mas tinha a participao de lideranas manicas.
o caso, por exemplo, do famoso Arepago de Itamb, localizado entre os estados de
Pernambuco e Paraba, fundado em 1796, por M anuel de Arruda Cmara, ex-frade
carmelita e mdico pela Faculdade de Montpelier, na Frana.
ocasio teve-se tambm a Academia de Suassuna, em 1802. Nesse sentido, h
quem diga, sem mostrar onde e quando, existiram outras lojas antes do final do sculo XVIII,
porm descabido de provas, razo por que se deixa de mencionar.
28 Breve Resumo Histrico da Maonaria no Brasil. Disponvel em: http://www.mercuri.com.br/gm-historicodamaconaria.html Acesso em 03 jan. 2008.
29 Ibidem.
http://www.mercuri.com.br/gm-http://www.getpdf.com/http://www.mercuri.com.br/gm- -
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O embasamento histrico prende-se ao fato de que o primeiro templo manico
do mundo, o da Grande Loja de Londres, s apareceu em 1776, portanto, no faz sentido ou
pouco provvel assegurar que no Brasil, j antes de 1800, existissem templos manicos. O
que a historiografia nos mostra que a primeira loja brasileira de que se tem conhecimento
surgiu na Bahia, em 17 de julho de 1797, na Fragata Francesa La Preneuse, cujo nome foi
dado de Cavaleiro da Luz e foi fundada pelo comandante Larcher, Jos Borges de Barros e
o Tenente Hermgenes Aguiar Pantoja30.
Segundo consta, d-se o destaque para a primeira Loja Manica regular do
Brasil, a que se denominou Reunio, fundada em 1801, no Rio de Janeiro, que tinha fins
puramente poltico-sociais31, a qual era filiada ao Oriente da Ilha da Frana. Dois anos mais
tarde, o Grande Oriente Lusitano, ou seja, de Portugal, desejando propagar no Brasil a
verdadeira doutrina manica, nomeou trs delegados com poderes para criar mais lojas no
Rio de Janeiro, ento surgiram as lojas Constncia e Filantropia. Estas, na realidade,
foram as primeiras Lojas que foram fundadas puramente com finalidades polticas e que
tiveram uma extraordinria participao na independncia do Brasil, principalmente pela
grande atuao de seus membros, pois os mesmos eram todos envolvidos com os
acontecimentos polticos da poca.
Em seguida, no ano de 1813, os maons ativos nas duas lojas existentes na Bahia
resolveram fundar uma terceira, para viabilizar legalmente a criao da primeira federao
manica no Brasil. No mesmo ano, instalaram em Salvador, o Grande Oriente Brasileiro,
sendo proclamado Gro-Mestre, Antonio Carlos Ribeiro de Andrada, desde ento nota-se que
o crescimento da maonaria no Brasil se d de forma contnua32.
2.2As Adversidades deI nstalao no Pas
Posteriormente, foram fundadas lojas em vrias provncias, destacando as das
provncias da Bahia, de Pernambuco e do Rio de Janeiro, sob os auspcios do Grande Oriente
Lusitano e do Grande Oriente da Frana. Destaca-se tambm a Loja Virtude e Razo,
30 CARVALHO, Assis. Itamb - Bero Herico da Maonaria no Brasil. edio. Londrina-PR: Editora Manica A
Trolha Ltda, 1996.31 COSTA, Frederico Guilherme.Histria daMaonaria Brasileira. Londrina-PR: Editora A Trolha, 1993.32 Histria da Maonaria Brasileira. Disponvel em: http://www.glojars.org.br/institucional/historia_brasileira.htm
Acesso em 03 jan. 2008.
http://www.glojars.org.br/institucional/historia_brasileira.htmhttp://www.getpdf.com/http://www.glojars.org.br/institucional/historia_brasileira.htm -
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fundada em 1802, na Bahia e que foi fechada em funo de perseguio das autoridades
daquela provncia, principalmente sob o governo do Conde dos Arcos. A partir dos anos
subseqentes, vieram outras lojas, das quais citam-se o ano de fundao e outros
acontecimentos relacionados a seguir:
1804: Fundao das Lojas Constncia e Filantropia;
1806: Fechamento, pela ao do Conde dos Arcos, das Lojas Constncia e
Filantropia;
1807: Criao da Loja Virtude e Razo Restaurada, sucessora da Virtude e
Razo;
1809: Fundao, em Pernambuco, da Loja Regenerao;
1812: Fundao da Loja Distintiva, em So Gonalo da Praia Grande
(Niteri);
1813: Instalao, na Bahia, da Loja Unio;
1813: Fundao de uma Obedincia efmera e sem suporte legal. Neste caso
especfico alguns consideram como o primeiro Grande Oriente Brasileiro
constituda por trs Lojas da Bahia e uma do Rio de Janeiro;
1815: Fundao, no Rio de Janeiro, da Loja Comrcio e Artes;
1818: Expedio do Alvar de 30 de maro, proibindo o funcionamento das
sociedades secretas, o que provocou a suspenso pelo menos aparentemente,
dos trabalhos manicos em todas as provncias.
1821: Reinstalao da Loja Comrcio e Artes, no Rio de Janeiro;
1822: Em 17 de junho: fundao do Grande Oriente do Brasil.
Em Pernambuco, a maonaria tambm se apresentava bastante pujante, contando,
em 1816, com lojas muito prsperas como a Restaurao, a Patriotismo, a Guatimozin
que seria a precursora, por mudana de ttulo, em 1821, da Loja 6 de maro de 1817, em
homenagem Revoluo Pernambucana.
Dentro do perodo histrico proposto nesta pesquisa, isto , de 1817 a 1822, no
se poderia deixar de enfatizar um fato registrado nos anais da instituio, no ano de 1815, que
foi a fundao da loja manica Comrcio e Artes, na rua da Pedreira da Glria, na casa do
Dr. Vahia. A histria registra que fora nesta loja que comeara o verdadeiro piv da histriada Independncia do Brasil.
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Porm, esta mesma loja viria a ser proibida de funcionar, assim como todas as
outras lojas e entidades que funcionassem secretamente, em virtude da expedio do Alvar
datado de 30 de maro de 1818, que suspendia todos os seus trabalhos. A partir da, essas
instituies passaram a ser perseguidas e fechadas pela polcia imperial, pois as mesmas
haviam passado a funcionar mais secretamente ainda. Em virtude desses fatos esta loja deixou
de funcionar regularmente. Porm, foi novamente instalada em 24 de junho de 1821, ainda, na
casa do Capito de Mar e Guerra Jos Domingues de Atade Moncorvo. Residncia que ficava
Rua do Fogo esquina com a Rua das Violas, no Rio de Janeiro. Desde ento esta Loja
comeou a funcionar normalmente.
A esta sociedade secreta se reuniu a maioria dos homens importantes da Corte
(Rio de Janeiro) e Provncia do Rio de Janeiro, a ponto do seu nmero de membros ser to
grande que, no comeo de 1822, foi necessrio fazer uma diviso, criando assim, mais duas
lojas eminentemente polticas, intituladas Unio e Tranqilidade e Esperana de Niteri.
Aps a criao dessas lojas, e mais a Comrcio e Artes foram constitudas as trs mais
importantes lojas do Rio de Janeiro, que originaram ento o Grande Oriente do Brasil.
A partir da, os principais nomes que integravam a maonaria no Brasil levaram
para suas lojas a mesma tendncia poltica que discutiam nas reunies da primeira loja, ouseja, Comrcio e Artes. Jos Castellani33 diz, sem medo de errar, que no se pode escrever
a histria do Brasil independente, sem entrar na Histria do Grande Oriente do Brasil.
O percurso da histria da maonaria naquele perodo marcado por inmeras
conturbaes que vieram a deix-las em situao de defesa. No princpio do sculo XIX
reuniam-se secretamente, camuflada em instituies de ensino e estudos culturais e sociais.
Os participantes destas entidades que se reuniam secretamente eram personagensde importncia relevante da Corte do Rio de Janeiro e das provncias de So Paulo,
Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro. Aos membros dessas lojas somavam-se outros que
vinham da Europa, principalmente de Portugal, alm dos que iam estudar naquele continente,
quando retornavam, quase sempre na condio de iniciados, eram convidados pelos que j
participavam dessas instituies, para fazer parte do grupo manico34.
33 CASTELLANI, Jos.A ao secreta damaonaria napolticamundial. 2. ed., So Paulo: Landmark, 2007.34 FERREIRA, Tito Lvio & FERREIRA, Manoel Rodrigues.A maonaria naindependncia brasileira II , 2. ed.,: Editora
Grfica Biblos Ltda, 1962.
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2.3O Fechamentodas InstituiesSecretas
Segundo Carvalho35, o "Abalo ssmico" que foi a Revoluo Pernambucana
desestruturou os alicerces do trono. Dom Joo VI sentiu o peso da revolta dos brasileiros e
tentou, atravs de seu Ministro, Tomaz Antonio de Vila Nova Portugal, barrar os passos da
Maonaria em terras Brasileiras. Em 30 de maro de 1818, ele assina o Alvar, que
estabelecia:
[...] sou servido declarar por criminosas e proibidas, todas e quaisquersociedades secretas, de qualquer denominao que elas sejam, ou com os nomese formas j conhecidas ou debaixo de qualquer nome ou forma que de novodisponha ou imagine; pois que todas e quaisquer, devero ser consideradas, deagora em diante, como feitas para conselho e Confederao contra a Lei e o
Estado (ANEXO II).
A revoluo de 1817 levou o Rei a considerar a maonaria como crime de lesa-
ptria, sendo, portanto, tais crimes, punidos com a pena de morte. Isto , os maons estavam
enquadrados naquele Alvar (ANEXO II), como criminosos, sujeitos a pena de morte. Com
base nesse Alvar, a Loja "Comrcio e Artes", do Rio de Janeiro, fundada em 15 de novembro
de 1815 abateu suas Colunas36.
Essa loja, tem para os maons, uma grande importncia pois seus membros
permaneceram unidos, mesmo sem ela funcionar normalmente, reabrindo suas portas, quando
se amainava o "Vendaval Pernambucano". Eram seus Membros Fundadores: Antnio
Marques de Correia de Aguiar; Francisco Mendes Ribeiro; Jos Cardozo Neto; Jos Incio
Albernaz; Joaquim Ferreira Junior; Felipe Contuxa; Andr Avelino, Custdio Peixoto Soares
e Antonio Jos Lana.
Em 24 de junho de 1821, ela foi reinstalada, na residncia do Capito de Mar e
Guerra - Jos Domingos Athayde Moncorvo - com um novo ttulo distintivo: loja "Comrcioe Artes na Idade do Ouro". Como j dissemos, ela serviu de base para a fundao do Grande
Oriente Brasileiro, em 17 de junho de 1822. Quatro meses depois, ela subdividiu-se em trs
lojas. Ela, prprio, "Esperana de Niteri", "Unio e Tranqilidade". Essas trs Lojas ainda se
mantm em plena atividade37.
35 CARVALHO, Assis. I tamb - Bero Herico da Maonaria no Brasil. Editora Manica A TROLHA, Londrina,
1996.36 CARVALHO, Assis. I tamb - Bero Herico da Maonaria no Brasil. Editora Manica A TROLHA, Londrina,1996.
37 Idem.
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Mas os sacrifcios dos Irmos revolucionrios da Revoluo Pernambucana, no
haviam sido em vo. Os idealistas (mas no revolucionrios) maons do Rio de Janeiro, que
viviam sombra da Corte, como velhos e bons cortesos - J os Bonifcio de Andrada e
Silva; J oaquim Gonalves Ldo, J os Clemente Pereira; Major Manoel dos Santos
Portugal, Major Albino dos Santos Pereira; Major Pedra Jos da Costa Barros; Frei Sampaio;
cnegoJ anurio daCunhaBarbosa; o Padre Belchior Pinheiro de Oliveira e o prprioDom
Pedro I , fizeram a Independncia do Brasil. Mas uma independncia pr-fabricada para
acalmar os nimos dos brasileiros - um tanto quanto exaltados. O sete de setembro, assim
como o nove, do mesmo setembro - o primeiro s margens do riacho Ipiranga, nas periferias
de So Paulo e o segundo dentro do Grande Oriente Brasileiro - foram apenas paliativos, para
acomodar os maons mais ativos, como os citados acima, e alguns profanos descontentes.
2.4 As DivergnciasIdeolgicas ePolticas
Internamente, a maonaria era na poca composta por duas correntes, a
vermelha e a azul. A loja Comrcio e Artes crescia bastante em nmero de membros,
portanto, merecendo ser transformada em trs lojas, e assim foi feito38.
Vale dizer que naquela poca as instituies que se reuniam secretamente eram
muito perseguidas e, em razo disso as suas diretorias foram formadas atravs de critrios
rgidos, de forma que os nomes de projeo no deviam figurar no primeiro escalo de
diretoria das lojas, com uma razo simples: no atrair para as lojas as vistas das autoridades
contrrias ao funcionamento dessas instituies39.
A questo da independncia do Brasil vinha sendo tratada com mais fervor desde
a revoluo pernambucana de 1817 e logo a seguir com a revoluo do Porto de 1820, em
Lisboa. Com a queda da monarquia absolutista em 24 de agosto de 1820 em Portugal,
completada no Brasil em 26 de fevereiro de 1821, caiu a monarquia absolutista, foram
implantadas reformas polticas, sociais e econmicas e por isso podemos considerar realmente
como uma autntica revoluo liberal em Portugal com reflexos nas provncias do Brasil.
38 FERREIRA, Tito Lvio: FERREIRA, Manoel Rodrigues. A maonaria na independncia brasileira, 2. ed., Vol. II,s/lugar : Editora Grfica Biblos Ltda, 1962.
39 Ibidem.
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Nesse novo regime ora inaugurado, surge uma dificuldade que era como o
governo da grande nao portuguesa administraria dois reinos, o do Brasil e o de Portugal.
nesse ponto que entra em ao as foras manicas antagnicas. Elas eram de foras polticas
opostas: a Vermelha defendendo o seu ponto de vista republicano e a Azul defendendo o
seu ponto de vista monrquico constitucional e parlamentar. Cada uma delas querendo que
sua forma de governo se sobressasse, regendo a sua filosofia e a sua teoria poltica a ser
desenvolvida.
Naquele instante, as Cortes de Lisboa estavam dominadas pela maonaria
Vermelha, em perfeita consonncia com a maonaria Vermelha do Brasil, que pretendiam
retirar do Brasil o prncipe regente D. Pedro de Alcntara, para assim anular mais um
elemento da Casa de Bragana, do outro lado do Atlntico, embora o pretexto usado para que
ele retornasse foi o de concluso dos estudos.
Com o advento dos decretos ns 124 e 12540, que objetivavam resolver o
problema, favorecendo a maonaria Vermelha no Brasil, entregava tambm as provncias
do Brasil maonaria Vermelha, que organizaria o seu governo41. que a pretensa sujeio
s Cortes Portuguesas teria mais ainda o objetivo de garantir as provncias nas mos dos
republicanos, e que cada provncia passaria a constituir um Estado republicano independente.
A chegada dos citados decretos ao Rio de Janeiro, puseram em ao
imediatamente a maonaria Azul que se organizou em torno de D. Pedro, de forma que o
mesmo ficou fortalecido e em condies de agir com mais segurana e determinao.
A maonaria Vermelha esperava que os decretos fossem executados e
cumpridos imediatamente, porm diante da reao da maonaria Azul e da opinio
monarquista do povo, favorvel a D. Pedro, a maonaria Vermelha recuou e omitiu-se,resistindo passivamente. No entanto, pouco tempo depois comeou a instigar os motins em
todo o Rio de Janeiro42.
Quando D. Pedro resolveu ficar e ordenou que o Decreto n 124 no fosse
cumprido, ele declarou-se em estado de rebelio contra as Cortes de Lisboa. Com apoio
40 Decretos de 29 de setembro de 1821, originrios das cortes de Lisboa, o primeiro reorganizando os governos das
provncias e o segundo exigindo o imediato retorno do prncipe regente a Portugal.41 FERREIRA, Tito Lvio; FERREIRA, Manoel Rodrigues. A maonaria na independncia brasileira, 2. ed., Vol. II,s/lugar : Editora Grfica Biblos Ltda, 1962.
42 Ibidem.
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explcito de Jos Bonifcio e da Maonaria Azul, ele organiza um governo forte, tendo
respaldo principalmente da provncia de So Paulo que era predominantemente Azul43.
Com esta nova situao teria ele de tomar algumas medidas, e a primeira delas foireunir novamente as provncias do Brasil, pois era inegvel o caos existente. Havia provncias
que j tinham se declarado independente, como foi o caso da de Minas Gerais, porm algumas
provncias do Norte ainda eram dominadas pela maonaria Vermelha e prestavam
obedincia s Cortes de Lisboa. Na provncia do Rio de Janeiro, o Senado da Cmara
Municipal estava nas mos de maons pertencentes maonaria Vermelha, como por
exemplo, Jos Clemente e Gonalves Ledo. Nessa oportunidade, somente So Paulo dava
apoio irrestrito e integralmente a um governo forte na figura do prncipe regente D. Pedro que
se instalara com apoio de Jos Bonifcio, que era da corrente da maonaria Azul.
Em virtude do caos em que as Cortes de Lisboa lanaram o Brasil, D. Pedro e Jos
Bonifcio tiveram de patrocinar novamente a idia de um pas unido e organizado poltico e
socialmente. E assim foi feito, com Jos Bonifcio e D. Pedro I comearam a percorrer as
provncias no sentido de buscar adeso ao governo implantado em terras brasileiras44.
Cabe esclarecer que nesse perodo de dezembro de 1821 a janeiro de 1822,
quando as foras divergentes da maonaria mais se enfrentaram, poderiam ter ocorrido
conflitos sangrentos, como aconteceu em outros pases. Por exemplo, na Revoluo Francesa
e na Amrica Espanhola a questo era resolvida de modo mais radical, ou seja, em situaes
de extrema violncia como a guilhotina e pelotes de execuo. No Brasil nada disso
aconteceu. Pois mesmo se enfrentando com objetivos opostos, deram demonstrao de
coragem, civismo e de humanidade como poucos j o fizeram. Ressalta-se que nem um lado
nem outro quiseram percorrer por esta trilha de conduta que viesse ao extremo.
Observa-se que a maonaria Vermelha poderia fazer com que chegassem
inmeras tropas estrangeiras para combater a maonaria Azul e vencer a batalha de forma
radical utilizando-se a fora, mas para isso derramariam muito sangue patriota. Por isso, no
permitiu que nenhum soldado estrangeiro viesse ao Brasil com essa finalidade.
43 SILVA NETO, Casimiro Pedro da.A Construo da Democracia Sntese histrica dos grandes momentos da Cmarados Deputados das Assemblias Nacionais Constituintes e do Congresso Nacional. Cmara dos Deputados, Braslia, 2003.
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Ainda segundo os autores, quando os Irmos maons precisavam enfrentar-se,
deixavam as armas carem de suas mos e desistiam abandonando seus maiores desejos,
permitindo-se que a deciso fosse a que mais contemplasse o desejo geral. No se tem
conhecimento de batalha em que as foras da maonaria brasileira utilizassem meios extremos
no sentido de atacar a outra corrente45.
A luta desses abnegados homens, tanto da maonaria Vermelha, quanto da
Azul, era de panfletos, de propaganda, de tablides, de intriga, e de bastidores. Era comum
naquele tempo surgirem pela manh panfletos jogados e distribudos pelas ruas da cidade,
bem como muros pichados, com aluso aos membros da outra faco. Nesta poca foram
criados vrios jornais com intuito de divulgarem manifestaes de membros de cada lado.
Destarte, as Cortes de Lisboa sentiram-se frustradas. Haviam perdido uma batalha
ideolgica importante. O Brasil era Azul. Portugal era todo-poderoso com a maonaria
Vermelha e D. Joo VI seu prisioneiro. No Brasil, era exatamente o contrrio, D. Pedro
com o apoio da maonaria Azul era o todo-poderoso naquele instante.
A relutncia das Cortes de Lisboa em aceitar o Brasil dessa forma no meio da
Nao Portuguesa, inegavelmente era o incio da separao dos Reinos. As Cortes desejavam
isso e a maonaria Vermelha continuava a insistir, embora isoladamente, pois queria a
repblica. A maonaria Azul, de origem inglesa, era vista por ela como um perigo
segurana da Nao Portuguesa que era toda dominada pela maonaria Vermelha, esta
oriunda da Frana.
Estava mais uma vez aberta a luta de duas faces manicas. Porm o Brasil
colocava mesa de negociao um acordo, at porque no pretendia deixar de pertencer
Nao Portuguesa. Vale lembrar que esse acordo era nas bases elaboradas por Jos Bonifcionas suas Instrues aos deputados paulistas, no dia 09 de outubro de 1821.
De acordo com Casimiro Neto46, em 5 de outubro de 1821, o Prncipe Regente
poca, D. Pedro de Alcntara, expediu sua Proclamao aos povos do Brasil. Nesse sentido,
sobre as tendncias do povo independncia do Brasil. Torna pblica sua fidelidade
44 FERREIRA, Tito Lvio; FERREIRA, Manoel Rodrigues. A maonaria na independncia brasileira, 2. ed., Vol. II,
s/lugar : Editora Grfica Biblos Ltda, 1962.45 Ibidem.46 SILVA NETO, Casimiro Pedro da.A Construo da Democracia Sntese histrica dos grandes momentos da Cmara
dos Deputados da Assemblias Nacionais Constituintes e do Congresso Nacional. Cmara dos Deputados, Braslia, 2003.
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religio, ao Rei D. Joo VI e Constituio Portuguesa, estando pronto a morrer por estas e
declarando guerra aos anticonstitucionais e aos perturbadores do sossego pblico.
A volta do Prncipe Regente D. Pedro de Alcntara era fortemente exigida pelasCortes Portuguesas. Em funo do alto prestgio que o Prncipe possua, surgiu a grande
dvida se ficava no Brasil ou se obedecia s ordens vindas de Portugal. Nesse perodo chega
ao Rio de Janeiro o navio de guerra Infante D. Sebastio, que tinha a misso de lev-lo a
Portugal.
2.5A Influncia deMaonsnaIndependncia
Merecem ser citados alguns dos principais nomes de figuras manicas que
compuseram as direes das trs lojas mais importantes, criadas da diviso das correntes Azul
e Vermelha, e mais alguns membros que tambm surgiram como sendo peas importantes na
luta pela Independncia do Brasil.
Na Loja Comrcio e Artes a sua diretoria foi assim composta: Venervel,
Manoel dos Santos Portugal; Primeiro Vigilante, Thomaz Jos Tinoco de Almeida; SegundoVigilante, Domingos Ribeiro Guimares Peixoto; Orador frei Francisco de Santa Tereza de
Jesus Sampaio; Secretrio,Domingos Alves Branco Muniz Barreto e Tesoureiro, Antnio
Jos de Sousa. O cnego J anurio da Cunha Barbosae o capito Joo Mendes Viana,
ficaram nesta Loja.
Na Loja Esperana de Niteri, a sua primeira diretoria foi assim composta:
Venervel, Pedro Jos da Costa Barros; Primeiro Vigilante, Jos Joaquim de Gouveia;
Segundo Vigilante, Jos Maria da Silva Bittencourt; Orador J os J os Vahia; Secretrio,Joo Antnio Maduro e Tesoureiro, Joo da Silva Lomba; J os Bonifcio de Andrada e
Silva e Francisco das Chagas Ribeiro ficaram filiados nesta Loja.
Na loja Unio e Tranqilidade, a sua primeira diretoria foi assim composta:
Venervel, Albino dos Santos Pereira; Primeiro Vigilante, Jos Joaquim de Gouveia; Segundo
Vigilante, Joaquim Valrio Tavares; Orador, J os Clemente Pereira (IMAGEM 5.1);
Secretrio, Jos Domingos de Athayde Moncorvo e Tesoureiro, Jos Cardoso Netto. Nesta
loja filiou-seJ oaquim Gonalves Ldo.
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A primeira diretoria da Alta Administrao do Grande Oriente do Brasil ficou
constituda por integrantes das trs lojas:
Gro-Mestre:J osBonifcio deAndrada eSilva (Pitgoras); Delegado do Gro-Mestre: marechal Joaquim de Oliveira Alvarez;
Primeiro Grande Vigilante:J oaquim Gonalves Ldo(Diderot);
Segundo Grande Vigilante: capito Joo Mendes Viana (Graccho);
Grande Orador: cnegoJ anurio daCunhaBarbosa (Kant);
Grande Secretrio: capito Manoel Jos de Oliveira (Bolvar);
Grande Chanceler: Francisco das Chagas Ribeiro (Adamastor);
Promotor Fiscal: coronel Francisco Luiz Pereira da Nbrega;
Grande Cobridor: Joo da Rocha;
Grande Experto: Joaquim Jos de Carvalho.
2.5.1 Manuel deArruda Cmara
Na histria da Revoluo Pernambucana tem que se dar destaque a personagens
que tiveram participao de grande destaque e entre eles podemos citarManuel deArruda
Cmara (IMAGEM 3).
Nascido em Pombal, Paraba, no ano de 1752, Manuel de Arruda Cmara era
mdico e naturalista, alm de frade carmelita (Frei Manuel do Corao de Jesus), tendo
professado, como tal, em Goiana, Pernambuco, em 1783.
Estudou em Coimbra, iniciando seus estudos em filosofia e medicina. Teve de
interromp-los por tecer comentrios e fazer manifestaes a favor da Revoluo Francesa.
Em seguida passou a estudar na Frana, onde concluiu seu curso de medicina, na Faculdade
de Montpelier.
Manuel de Arruda Cmara defendia ideais liberais e republicanos, sendo um
grande propagador, embasado no que havia convivido, aprendido e defendido na Frana, em
seus tempos de estudos naquele pas. Desde esse tempo j tinha tendncia de liberdade e
liberalidade. Aos 44 anos fundou o Arepago de Itamb, em 1796.
Sobre sua atuao em reunies secretas e reservadas merece a alcunha de ser o
percussor e preparador da Revoluo Pernambucana de 1817, juntamente com outros
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abnegados defensores de um Brasil livre da explorao portuguesa. Fato este considerado
como sendo um preldio para a arrancada rumo Independncia do Brasil47.
2.5.2DomingosJ osMartins
Iniciado na Maonaria em Londres, tendo como padrinhos Francisco de Miranda e
Hiplito Jos da Costa, ambos de grande participao na maonaria europia, o maom
Domingos J os Martins, foi o grande chefe da Revoluo Pernambucana de 1817. Ele
defendia as tendncias nacionalista e republicana.
Nascido em Cachoeiro do Itapemirim, Esprito Santo, em 1781, Domingos Jos
Martins foi morar em Recife, onde trabalhou como comerciante. Por ser um maom atuante e
de grande prestgio, era em sua casa no Recife ou em seu engenho no Cabo, que ocorriam as
reunies no sentido de se implantar a repblica em Pernambuco. Essa revoluo obteve
sucesso devido ao fato de ter o apoio popular.
Em 8 de maro, com a instalao do governo republicano, Domingos Jos Martins
foi escolhido para ser o representante do comrcio perante o governo, tendo em vista ser oproprietrio de uma firma importadora e exportadora e gozar de bastante conhecimento, tanto
no Brasil quanto na Europa.
Domingos Martins foi executado na Bahia, aps responder processo sumrio,
tendo em vista ter participado da resistncia s tropas do Governador Conde dos Arcos, em 20
de maio de 1817. Juntamente com ele foram executadas mais outras 42 pessoas entre civis e
militares, bem como algumas pertencentes ao clero48.
2.5.3Hiplito J osda Costa
Hip1ito J os da Costa Pereira Furtado de Mendona (IMAGEM 4) foi o
patriarca da imprensa brasileira e o mais autntico dos intelectuais brasileiros da chamada
poca das luzes, alm de grande vulto da independncia. Nascido em 13 de agosto de 1774,
na Colnia de Sacramento, no Rio da Prata (hoje Uruguai), e falecido em Kensington, a 11 de
47 CASTELLANI, Jos.Os maons naindependncia doBrasil. Londrina: Ed. Manica A Trolha 1993.48 Ibidem.
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setembro de 1823, fez os cursos preparatrios no Rio de Janeiro e formou-se em Coimbra,
com apenas 24 anos49.
Em 1798 foi encarregado de importante misso nos Estados Unidos da Amricado Norte, para estudar questes econmicas relacionadas ao desenvolvimento material do
Brasil (cultura de rvores nativas, tabaco, algodo, cana, formao de pastagens, pesca da
baleia, etc.).
Conforme consta no seu Dirio de Viagem, mandado copiar do manuscrito
existente na Biblioteca de vora, por Alceu Amoroso Lima e s publicado em 1955,
desempenhou-se muito bem na misso. Foi iniciado na Maonaria em Filadlfia (EUA) nesse
perodo e teve bastante participao nos movimentos da poca.
Foi nomeado para a Imprensa Real, em 1801, empreendendo nova viagem ao
exterior, desta vez Frana e Inglaterra, sendo preso, ao regressar a Lisboa, por seu
envolvimento com um grupo de maons importantes e influentes da poca.
Segundo Castellani50, Hiplito Jos da Costa foi preso e penou durante trs anos
nos crceres da negra inquisio portuguesa, mesmo assim, no abandonou suas idias e nem
culpou seus companheiros maons, porm conseguiu fugir em 1805, refugiando-se em
Londres, onde passou a viver como professor e tradutor.
Em maro de 1808, em Londres, entrou para a Loja Antiquity e foi um dos
fundadores da Royal Invernes, em 1814.
Foi secretrio de Assuntos do Exterior do Freemason's Hall e Gro-Mestre da
provncia de Rutland; estreitou relaes com o general Miranda e conheceu o Conde de
Sussex, filho de George III, o mais importante dos maons.
Em 1812, percebendo o potencial e liderana comercial do senhor Domingos Jos
Martins, entre no Brasil e nos pases da Europa, apadrinhou o mesmo na maonaria. Este seu
afilhado viria a ser o chefe da Revoluo Pernambucana de 1817.
49 CASTELLANI, Jos.Os maons naindependncia doBrasil. Londrina: Ed. Manica A Trolha 1993.50 Idem.
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Ainda segundo Castellani51, a partir de 1808 comeou a publicar o Correio
Braziliense, ou Armazm Literrio, cuja publicao s fora interrompida em 1823, aps a
independncia do Brasil. Nascia a o primeiro jornal brasileiro. Nesse mesmo ano de 1808, era
fundada no Brasil a Imprensa Oficial. Imprensa essa que s publicava o que a monarquia
desejava que se publicasse.
O Correio Braziliense no foi, apenas, o primeiro rgo da imprensa brasileira,
ainda que publicado no exterior mas, principalmente o mais completo veculo de informao e
anlise da situao poltica e social de Portugal e do Brasil, poca com a preconizao de
uma verdadeira reforma de base para nosso pas. Bateu-se, ento, pela necessidade de
construo de uma rede de estradas, tambm a utilizao de matrias primas no fabrico de
manufaturas, propiciando a formao e expanso do mercado interna, pela abolio da
escravatura e pela transferncia da capital para o interior e pela adoo de uma poltica
imigratria que aproveitasse, de preferncia, artesos e tcnicos52.
Foi nomeado Cnsul Geral do Brasil em Londres por sua brilhante atuao em
benefcio da Ptria, mas faleceu antes que a notcia da nomeao houvesse chegado ao seu
conhecimento, em 11 de setembro de 1823. Foi um dos maiores nomes de nossa histria,
apesar de ter sido esquecido pela maioria dos historiadores. Foi tambm o nico que teve queenfrentar os pavores da vergonhosa inquisio por pertencer maonaria, que lhe deu o ideal
de lutar por um Brasil livre. Dele disse Roquete Pinto: Nasceu e morreu fora da terra do
Brasil, mas sempre viveu por ela53.
2.5.4J osClementePereira
Nascido em 1787, em Portugal, e falecido no Rio de Janeiro, em 1854, Jos
Clemente Pereira (IMAGEM 5) foi senador do Imprio e um dos grandes vultos de nossa
independncia.
Bacharelou-se em direito pela Universidade de Coimbra, vindo para o Brasil
depois da vinda da famlia real portuguesa, radicando-se no Rio de Janeiro, onde se tornou
51
CASTELLANI, Jos.Os maons naindependncia doBrasil. Londrina: Ed. Manica A Trolha 1993.52 Ibidem.53 Ibidem.53 Idem.
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lder do comrcio portugus54. Foi nomeado juiz de fora na Praia Grande (hoje Niteri) e
depois desembargador da Relao.
Maom dos mais ativos aderiu ao movimento do Fico, liderado por JoaquimGonalves Ldo, Janurio da Cunha Barbosa e Jos Joaquim da Rocha. Nessa poca era
presidente do Senado da Cmara55.
Embora sendo portugus, assim como outros nascidos naquele pas, participou
intensamente de todo o movimento emancipador brasileiro.
2.5.5J osBonifcio deAndrada eSilva
J osBonifcio deAndrada eSilva (IMAGEM 6) foi cientista, poltico, ministro
de Estado e primeiro Gro-Mestre do Grande Oriente do Brasil. Nascido em Santos, So
Paulo, em 13 de junho de 1763, e falecido em Niteri, em 6 de abril de 1838.
Fez seus primeiros estudos em So Paulo, indo, em 1783, para Coimbra, estudar
Cincias Naturais, viajando, depois, por toda a Europa e realizando estgios em universidades
e fundaes da Frana, Itlia, Alemanha, Dinamarca e Sucia, de 1790 a 1800.
Foi o primeiro catedrtico de Metalurgia da Universidade de Coimbra, em 1801, e
pertenceu a diversas entidades cientficas da Europa; descreveu doze novos minerais e, em
sua homenagem, foi dado o nome de andradita a uma variedade clcioferrosa da granada.
Era um homem bastante culto, falando e escrevendo correntemente em francs,
ingls, alemo, grego e latim. Por ocasio da invaso francesa em Portugal comandou, no
posto de tenente-coronel, o Corpo Acadmico, que resistiu ocupao.
Somente em 1819 retornaria ao Brasil, ingressando na poltica, que lhe daria o
destaque que a cincia no lhe deu.
Em 1821 foi vice-presidente da Junta Governativa de So Paulo; em 24 de
dezembro de 1821 era redigido o ofcio dos paulistas, por Jos Bonifcio e assinado pela
55 CASTELLANI, Jos.Os maons naindependncia doBrasil. Londrina: Ed. Manica A Trolha 1993.
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Junta56. A partir da precipitaram-se os acontecimentos que culminariam com a
Independncia.
Jos Bonifcio chegava ao Rio no dia 18 de janeiro, nove dias aps o Fico eassumindo o Ministrio dos Negcios do Reino e Estrangeiros.
2.5.6J osIncio Ribeiro deAbreueLima (PadreRoma)
Foi mrtir da Revoluo Republicana de 1817. Nascido em Pernambuco, em 1768
e fuzilado em 181757
.
J osIncio Ribeiro deAbreu eLima ingressou na Ordem do Carmelo mas, logo
depois, abandonou a clausura. Recebeu a alcunha de padre Roma, por ter estudado na capital
italiana.
Foi companheiro de Domingos Jos Martins, lder da Revoluo republicana que,
em 8 de maro de 1817 instalou o governo republicano em Recife, aps depor o governador
Caetano Pinto de Miranda Montenegro. Aps a vitria do movimento e a implantao dogoverno republicano, o padre Roma recebeu a misso de sublevar as provncias da Bahia e de
Alagoas. Entretanto, foi preso ao desembarcar em Salvador, tendo sido sumariamente
fuzilado, no Campo da Plvora, por determinao do Conde dos Arcos, Marcos de Noronha e
Brito. Como todos os principais nomes da Revoluo de 1817, o padre Roma era maom.
2.5.7 J oaquimGonalves Ldo
Nascido em 1781, no Rio de Janeiro, e falecido em 1846, J oaquim Gonalves
Ldo (IMAGEM 7) foi um dos maiores maons brasileiros de sua poca, por ter participado
ativamente do movimento emancipatrio brasileiro.
Joaquim Gonalves Ldo estudou em Coimbra, iniciando o curso de medicina,
mas no chegando a conclu-lo. Ao retornar ao Brasil, empregou-se como escriturrio na
56 FERREIRA, Tito Lvio & FERREIRA, Manoel Rodrigues.A maonaria naindependncia brasileira II , 2. ed.,: EditoraGrfica Biblos Ltda, 1962.
57 CASTELLANI, Jos, op. Cit.
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contadoria dos Arsenais Reais do Exrcito. Colocar-se-ia, depois, destemidamente, frente do
movimento emancipador, lutando desabridamente pela independncia e fazendo da Maonaria
o centro incrementador das idias de liberdade58.
A 15 de setembro de 1821, funda, juntamente com o cnego Janurio da Cunha
Barbosa, o Revrbero Constitucional Fluminense, jornal que teve a mais extraordinria
importncia no movimento libertador, pois contribuiu para a formao de uma conscincia
brasileira, despertando a alma da nacionalidade.
Gonalves Ldo foi membro destacado da loja Comrcio e Artes e do Clube da
Resistncia e, em 1821, organizou uma revolta republicana, com o auxlio do Brigadeiro
Felisherto Caldeira Brant (futuro Marqus de Barbacena) e do Almirante Rodrigo Pinto
Guedes. Fracassada a conspirao, a loja Comrcio e Artes foi fechada e os maons
perseguidos tenazmente59.
Entretanto, ele continuava aglutinando os maons em torno do ideal de liberdade
da Ptria. Assim, sigilosamente, reergueram as colunas da Comrcio e Artes, a 24 de junho de
1821, instalando-a na casa do Capito Domingos de Ataide Moncorvo.
Posteriormente, com o crescimento da Loja, ela foi instalada em outro local (Rua
Nova do Conde, n. 4) e seus principais prceres eram:J oaquim Gonalves Ldo,J anurio
daCunhaBarbosa, BrigadeiroDomingos Alves Branco Muniz Barreto, Marechal Joaquim
de Oliveira Alves, Capito de Mar e Guerra Domingos deAtaide Moncorvo, Capito Jos
Mendes Viana, Tenente Coronel Manoel dos Santos Portugal, Tenente-Coronel Francisco de
Paula Vasconcelos, Manoel Joaquim de Menezes, Major Jos Maria Bittencourt, Jos Caetano
Gomes e Albino dos Santos Pereira.
O ttulo de Defensor Perptuo dado ao Prncipe Regente D. Pedro a 13 de maio
de 1822, foi obra do grupo de Joaquim Gonalves Ldo, por proposta de Domingos Alves
Branco Muniz Barreto, em sesso da Loja Comrcio e Artes, conquistando-se, assim, o
Prncipe, para a causa do Brasil.
O Fico, de 9 de janeiro de 1822, quando o Prncipe Regente, desobedecendo os
decretos ns 124 e 125 das Cortes Portuguesas, resolveu ficar no Brasil, foi obra exclusiva da
58 CASTELLANI, Jos.Os maons naindependncia doBrasil. Londrina: Ed. Manica A Trolha 1993.59 Ibidem.
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Maonaria Brasileira e, principalmente, de Joaquim Gonalves Ldo, Janurio da Cunha
Barbosa e Jos Joaquim da Rocha.
A 17 de junho de 1822, Gonalves Ldo foi um dos fundadores do GrandeOriente do Brasil e, apesar de ser o lder incontestvel da maonaria brasileira, trabalhou para
que o cargo de Gro-Mestre fosse exercido por Jos Bonifcio, reservando para si,
modestamente o cargo de Primeiro Grande Vigilante.
No dia 2 de agosto de 1822, por proposta de Jos Bonifcio, deu entrada, no
Grande Oriente do Brasil, a proposta de iniciao do Prncipe D. Pedro de Alcntara, que foi
aprovada, sendo ele iniciado no mesmo dia e elevado a Mestre j trs dias depois.
A 22 de agosto, por influncia do grupo de Gonalves Ldo, o prncipe regente
era indicado para exercer o Gro-Mestrado60, numa manobra poltica de fundamental
importncia para o advento da independncia. Com a eleio do Prncipe, Jos Bonifcio
passou a atuar na condio de Gro-Mestre Adjunto, o que o deixou bastante magoado.
Joaquim Gonalves Ldo foi quem dirigiu os trabalhos no dia 9 de setembro de
1822, em sesso do Grande Oriente, quando D. Pedro era aclamado Imperador do Brasil. O
mesmo retornara ao Rio de Janeiro logo aps o Grito do Ipiranga para tomar posse no cargo
de Gro-Mestre. No dia seguinte era feita uma proclamao ao povo, redigida por Ldo.
2.6A I mprensa eos Principais J ornais
A imprensa desempenhou papel importante em favor da Independncia do Brasil.
Com a volta da famlia real a Portugal a censura foi extinta, surgindo ento, a partir de agostode 1821, vrios jornais tais como o Revrbero Constitucional Fluminense, O Espelho, A
Malagueta, O Macaco Brasileiro, O Regulador Baslico-Luso depois Regulador
Brasileiro, no Rio de Janeiro e o Dirio Constitucional, na Bahia.
Todos estes jornais voltados preponderantemente para os debates polticos,
primeiramente com o foco dirigido permanncia de D. Pedro I no Brasil e depois
redirecionando as suas linhas de atuao para a independncia. Essas linhas de atuao eram
60 CASTELLANI, Jos.Os maons naindependncia doBrasil. Londrina: Ed. Manica A Trolha 1993.
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embasadas de acordo com o pensamento de seus criadores, pois havia os que defendiam a
idia de independncia e havia os que embasados nesse prisma, surgiam como opositores ao
pensamento daqueles.
A proliferao desse meio de comunicao aconteceu principalmente em funo
de que at aquela presente data a imprensa estava sob censura e que as principais discusses
polticas ocorriam em recintos manicos, pois os seus membros se reuniam secretamente
para discutirem temas de relevncia para o momento em que o Brasil passava.
Nesse perodo foram acirrados os nimos entre as faces existentes,
principalmente porque era no meio manico em que as maiores lideranas governamentais
pertenciam e era notrio o conflito de opinies. Havia jornalistas e maons que escreviam de
diversas maneiras, valendo-se de pseudnimos, com o propsito de disfarar suas opinies.
2.6.1Revrbero Constitucional Fluminense
O Revrbero Constitucional Fluminense (IMAGEM 9) fundado em 15 de
setembro de 1821, pelo maom Joaquim Gonalves Ledo e pelo tambm maom, CnegoJanurio da Cunha Barbosa, defendia idias democratas e a autonomia do Brasil, pregava a
liberdade atravs da representao, principalmente com a convocao de uma assemblia
constituinte.
Foi o primeiro jornal independente do governo no Rio de Janeiro. A
independncia do Brasil era sua bandeira, porm sem grandes laos com Portugal. Mesmo
assim, publicava artigos de Lisboa, Paris e Londres. Sua marca registrada eram os artigos
doutrinrios, que criaram fora juntamente com a evoluo da independncia. Inicialmente
circulava sema