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VI Encontro Estadual sobre a Lei Maria da Penha -
Violências contra as mulheres e as interfaces com a
saúde: contextos e desafios atuais
Profª. Drª. Maria Angélica Carvalho Andrade
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA EM DEBATE
❖ A mortalidade materna é uma das mais graves violação
dos direitos humanos das mulheres, por ser uma tragédia
evitável em 92% dos casos, e por ocorrer principalmente
nos países em desenvolvimento.
MORTALIDADE MATERNA NO
MUNDO E NO BRASIL
MORTALIDADE MATERNA NO
MUNDO E NO BRASIL
❖ Em 1990, estudo da Organização das Nações Unidas
(ONU) estimou que aproximadamente 585.000
mulheres morreram vítimas de complicações ligadas ao
ciclo gravídico-puerperal. Apenas 5% delas viviam em
países desenvolvidos;
❖ Os países membros da Organização das Nações
Unidas (ONU), após analisar os problemas mais graves
do mundo e traçar metas a serem cumpridas até 2015,
assinaram um acordo, em 2000, denominado Objetivos
de Desenvolvimento do Milênio (ODM). São oito
objetivos, e o quinto refere-se à melhoria da saúde das
gestantes, cuja meta era reduzir a taxa de mortalidade
materna em três quartos, entre 1990 e 2015. Fonte: Brasil (2007)
OBJETIVOS DO MILÊNIO
(ODM)
➢ ODM 5 - “Melhorar a saúde das gestantes”
➢ META 6 DO ODM 5 - Reduzir em ¾ entre 1990 e 2015 a
taxa de mortalidade materna
• De 140 mortes por 100.000 NV no ano 2000, para 35
mortes em 2015;
• Hoje estamos em 60 óbitos por 100 mil nascidos.
MORTALIDADE MATERNA NO
MUNDO E NO BRASIL
❖ Em 2017, os dados da Organização Mundial de Saúde
(OMS) revelam que cerca de 830 mulheres morrem
diariamente no mundo por complicações relacionadas
com a gravidez e o parto;
❖ Segundo o Ministério da Saúde (MS), a mortalidade
materna no Brasil caiu 58% entre 1990 e 2015, de 143
para 60 óbitos maternos por 100 mil nascidos vivos.
Levando em consideração os dados de 2010 e 2015,
sendo o último ano ainda com dados preliminares, a
proporção da mortalidade materna diminuiu de 12%,
saindo de 67,9 para 60 óbitos por 100 mil nascidos.
Fonte: Brasil (2017)
❖ Ainda no século XXI, mulheres saudáveis morrem
em consequência de uma gravidez;
❖A gestante vem a falecer, quase sempre, de causas
preveníveis e evitáveis;
❖ A morte de uma mulher por complicações da
gravidez, parto e puerpério é um dos mais sensíveis
indicadores das condições de vida da população e
reflete, principalmente. A desarticulação,
desorganização e qualidade inadequada da
assistência de saúde prestada durante esse período;
❖A assistência oportuna e adequada pode evitar a
maioria das mortes.Fonte: Tanaka (2010)
MORTALIDADE MATERNA NO
MUNDO E NO BRASIL
❖ “Para alcançar o Objetivo de Desenvolvimento
do Milênio 5, faz-se necessária uma mudança
de paradigma no que concerne à concepção da
morte materna como um problema de saúde,
pois ela é naturalizada pela população e
banalizada como evento importante de saúde.
Dessa forma, se ela não for vista como uma
questão de Direitos Humanos, isto é, a mulher
ter direito de ter seu filho e continuarem ambos
(mãe e filho) vivos, a mortalidade materna não
diminuirá”.Fonte: Tanaka (2010)
MORTALIDADE MATERNA NO
MUNDO E NO BRASIL
CONCEITO DE MORTE
MATERNA
❖Morte Materna é a morte de uma mulher durante a
gestação ou dentro de um período de 42 dias após o
término da gestação, independentemente da duração ou
localização da gestação, devido a qualquer causa
relacionada à gravidez ou por ela agravada, ou por
medidas em relação a ela, mas não devido a causas
acidentais ou incidentais.
❖Morte Materna Tardia é a morte de uma mulher por
causas obstétricas diretas ou indiretas, entre 42 dias e um
ano após o término da gravidez.
❖Morte Materna Relacionada à Gravidez: é a morte de
uma mulher enquanto grávida, ou até 42 dias após o
término da gravidez, qualquer que tenha sido a causa
desse desfecho. Fonte: Brasil
(2007)
❖ As causas de óbito materno são divididas em dois grupos:
❖ Causas obstétricas diretas: doenças e complicações que
somente ocorrem devido á presença da gestação ou a
intervenções, negligência ou tratamento incorreto. São elas:
doenças hipertensivas específicas da gestação (DHEG), as
hemorragias ligadas à gestação, como descolamento
prematuro de placenta, atonia uterina, placenta prévia,
infecções puerperais, embolias amnio caseosas, abortos, etc.;
❖ Causas obstétricas indiretas: doenças que têm seu curso
alterado, ou mesmo o seu aparecimento devido à presença do
estado gestacional, e não são provocadas por causas
obstétricas diretas, mas agravadas pela gestação. São elas:
diabetes melitus, hipertensão crônica, nefropatias, etc.
Fonte: Brasil (2007)
MORTALIDADE MATERNA NO
BRASIL
❖ “A redução da mortalidade materna e neonatal
no Brasil é ainda um desafio para os serviços
de saúde e a sociedade como um todo. As altas
taxas encontradas se configuram como uma
violação dos direitos humanos de mulheres
e crianças e um grave problema de saúde
pública, atingindo desigualmente as regiões
brasileiras com maior prevalência entre
mulheres e crianças das classes sociais com
menor ingresso e acesso aos bens sociais”.
Fonte: Brasil (2007)
MORTALIDADE MATERNA NO
BRASIL
Racismo Institucional: o índice de mortalidade materna em
mulheres negras é 7,4 vezes maior do que em mulheres brancas.
❖ No Brasil, as quatro principais causas de morte materna são as
obstétricas diretas. Elas correspondem a 70% das causas de óbito
materno, na seguinte ordem de freqüência: DHEG, hemorragias,
infecções puerperais e complicações de abortos;
❖ A DHEG é a causa mais freqüente de morte materna no mundo.
Essa doença não é prevenível, mas pode ser evitada;
❖ As hemorragias estão bastante ligadas ao manejo do parto. O abuso
de cesarianas está associado à inserção anormal da placenta e
acretismo placentário. Outras causas relevantes de quadros
hemorrágicos são as ocorridas no quarto período, isto é, após a
dequitação da placenta. Essas hemorragias são devidas à atonia ou
hipotonia uterina, restos placentários e hematoma da ferida cirúrgica.
Essas causas estão mais significativamente relacionadas à cesariana.
❖ As infecções puerperais e as complicações por aborto estão
diretamente relacionadas ás questões de assistência à mulher.
Fonte: Tanaka (2010)
MORTALIDADE MATERNA NO
BRASIL
❖ No Brasil dois fatores dificultam o real monitoramento do nível
e da tendência da mortalidade materna: a subinformação e o
subregistro das declarações das causas de óbitos.
❖ A subinformação: resulta do preenchimento incorreto das
declarações de óbitos, quando se omite que a morte teve causa
relacionada à gestação, ao parto e ao puerpério. Isso ocorre
pelo desconhecimento dos médicos quanto ao correto
preenchimento das declarações de óbito e quanto à relevância
desse documento como fonte de dados de saúde;
❖ O subregistro: é a omissão do registro de óbitos em cartório,
seja pela dificuldade de acesso aos cartórios, pela existência de
cemitérios irregulares ou à falta de informação da população
quanto á importância da declaração de óbito como instrumento
de cidadania.Fonte: Brasil (2007)
MORTALIDADE MATERNA NO
BRASIL
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
Parto e Nascimento no Brasil➢ O cenário reflete a complexidade histórico-social e
econômico-cultural do Brasil;
➢ Discriminação de gênero e deslocamento do protagonismo
e autonomia da mulher e família;
➢ Parto como procedimento majoritariamente médico - 88%
(Brasil, 2013);
➢ Violência institucional → violência obstétrica;
➢ Desrespeito à lei do acompanhante (Lei nº 11.108/2005) e
da vinculação à maternidade (Lei nº 11.634/2007);
➢ Intensa medicalização do parto e nascimento: 98% de
nascimentos hospitalares e 57% de cirurgias cesarianas
(BRASIL, 2013);
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
Parto e Nascimento no Brasil
➢ Asfixia intraparto: grande parte dos óbitos infantis
ocorrem no primeiro dia de vida;
➢ Avanços tecnológicos nas práticas, mas sem (ou com
pouco uso) das evidências científicas;
➢ Intervenções desnecessárias e dolorosas: imobilização
no leito, jejum, ocitocina, toques vaginais frequentes e
manobras perineais, amniotomia, Kristeller, episiotomia:
“parirás com dor”;
➢ Ausência de equipe multiprofissional: enfermeiras
obstétricas/obstetrizes, doulas.
O Paradoxo Perinatal: fazendo mais e
conseguindo menos
Fonte: Diniz (2009)
➢ Ter um profissional habilitado na assistência ao parto
é essencial, mas no caso brasileiro não tem sido
suficiente, devido à freqüente falta de adesão a
protocolos baseados em evidências para o manejo de
gravidezes de alto risco;
➢ O problema da falta e o problema do excesso - No
Brasil, na assistência ao parto podemos conviver com
o pior dos dois mundos: o adoecimento e a morte por
falta de tecnologia apropriada, e o adoecimento e a
morte por excesso de tecnologia inapropriada.
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
PARADOXO PERINATAL
BRASILEIRO
➢ MORTALIDADE INFANTIL E MATERNA ELEVADAS
• Causas evitáveis por ações de saúde;
• Asfixia intraparto: 25% dos óbitos infantis (RIPSA, 2009);
➢ INTENSA MEDICALIZAÇÃO DO NASCIMENTO
• 98% partos hospitalares;
• 88% por médicos;
• 52% cesariana (BRASIL, 2010);
➢ AVANÇOS TECNOLÓGICOS, PORÉM PRÁTICAS SEM
RESPALDO CIENTÍFICO
• Banalização da cesariana;
• Parto com intervenções desnecessárias que
comprometem sua fisiologia.
O PROCESSO DE CIRURGIFICAÇÃO REPRODUTIVA
Fonte: Diniz (2009)
➢ As cesáreas bem indicadas são um componente
essencial do cuidado obstétrico e devem estar
devidamente disponíveis para se conseguir baixar as
taxas de mortalidade materna e neonatal;
➢ Uma percentagem entre 5% e 15% do total de partos
parece conseguir os melhores resultados para a
saúde de mulheres e bebês;
➢ O potencial impacto negativo da cesárea por
indicações não-médicas sobre os bebês,
principalmente a epidemia de nascimentos pré-
termos.
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
O Brasil é o país com o maior índice
de cesáreas do mundo!
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
Tipos de Partos no Brasil
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
Tipos de Partos no Brasil
OBSTÁCULOS PARA REDUÇÃO DA
MORTE MATERNA
➢ Assistência de má qualidade (pré-natal, parto
e puerpério);
➢Naturalização da morte;
➢Peregrinação – Mendicância por uma
assistência;
➢Via de Parto.
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
Tecnocracia➢ Uma sociedade pós-industrial organizada ao redor de
uma ideologia de “progresso” pelo desenvolvimento de
altas tecnologias;
➢ Alicerçou o modelo hegemônico de assistência ao partoe nascimento no Brasil.
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
O Modelo Tecnocrático
➢ Separação mente corpo. ➢ O corpo como uma
máquina.
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
O Modelo Tecnocrático do Parto
➢ O corpo
feminino como
uma máquina
defeituosa.
➢ O hospital
como fábrica;
➢ O bebê como
produto;
➢ A tecnologia
como
superior.
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
Peregrinação,
Internação
precoce
Litotomia prolongada
Puxos dirigidos
inadequados
Hipotensão materna
Hipoperfusão
placentária
Hipóxia fetal
Bradicardia ou desaceleração fetal
Cesárea
de
urgência
RN na UTI
neonatal
com asfixia
Período expulsivo
prolongado
Ocitocina EV
altas doses
Gentilmente cedido por : Lucas Barbosa
Ambiência inadequada,
sala de parto precoce
Solidão, sem acompanhante,
jejum, imobilizada,
sem conforto para dor
Amniotomia Fórceps +
epsiotomia +
Kristeller
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
Intervenções no Trabalho de Parto
Episiotomia
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
Intervenções no Trabalho de Parto
LitotomiaKristeller
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
Ausência do
Acompanhante
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
➢ Qualquer conduta, ato ou omissão
por profissional de saúde, tanto em
público como privado, que direta ou
indiretamente leva à apropriação
indevida dos processos corporais e
reprodutivos das mulheres;
➢ Expressa-se em tratamento
desumano, no abuso da
medicalização e na patologização
dos processos naturais, levando à
perda da autonomia e da capacidade
de decidir livremente sobre seu corpo
e sexualidade, impactando
negativamente a qualidade de vida de
mulheres.
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
➢Corpo feminino comonecessitado de correção,disciplina, tutela, controle(abordagem correcional);
➢Sexo como sujo, necessitadode punição (tutela religiosa daspráticas e políticas públicas);
➢Limpo x sujo, superior xinferior, primitivo x civilizado,decente x indecente, seguro xinseguro;
➢Solidariedade x Cumplicidadeinstitucional - profissionais egestores.
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
➢ Redução da capacidade de se
defender e de buscar ajuda em
situações de risco à saúde;
➢ Stress pós-traumático e
depressão pós-parto;
➢ Sequelas físicas de intervenções
arriscadas e invasivas;
➢ Riscos aumentados associados
ao excesso de intervenções
"correcionais”;
Fonte: Estudos de near miss (Rance e Sandall, 2013)
No parto normal, deve existir
uma razão válida para
interferir no processo natural.
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
…MAS,
PRECISA
DE
CUIDADOS!
ISTO NOS COLOCA UM DESAFIO:
➢Manter ou introduzir apenas as
rotinas comprovadamente
eficazes.
Fonte: Enkin, Keirse, Renfrew & Neilson (1995)
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
Professor Archibald Leman Cochrane,
CBE FRCP FFCM, (1909 - 1988)
Cochrane Collaboration: Archie
Cochrane, pesquisador Britânico
considerado um dos maiores
contribuidores para o
desenvolvimento da
epidemiologia
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
'Effectiveness and Efficiency: random
reflections on health services'
1972
Archie Cochrane denuncia a ignorância
coletiva sobre os efeitos das ações em
saúde.
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
O PARTO FISIOLÓGICO OU ESPONTÂNEO
Fonte: Diniz (2009)
»Definição:
➢Um Parto Normal ou Fisiológico é aquele
iniciado espontaneamente, conduzido
espontaneamente, e que se encerra
espontaneamente,sem drogas ou cirurgias;
➢Trata-se de um fenômeno raro no Brasil.
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
O PARTO FISIOLÓGICO E SUA PESSIMIZAÇÃO
Fonte: Diniz (2009)
➢No Brasil, além do parto espontâneo
ser percebido pelos profissionais como
mais arriscado para o bebê, também é
tido como mais arriscado para a
própria mãe, sendo associado a danos
sexuais irreversíveis.
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
PARTO E NASCIMENTO
SEGUROS E HUMANIZADOS
➢ Promoção da saúde infantil e
materna;
➢ Prevenção da morbidade e
mortalidade evitáveis;
➢ Normalidade do processo de parto e
nascimento;
➢ Protagonismo e autonomia da
mulher;
➢ Não causar dano;
➢ Responsabilidade ética;
➢ Cuidado centrado na mulher, no
bebê e na família;
➢ Parto como evento fisiológico e
social.
Mudança de
Paradigma
REDE CEGONHA: POR QUÊ?
➢ Apesar dos esforços para melhorar a Saúde Materno-Infantil, tais
como:
• Programa de Humanização do Parto e Nascimento (PHPN) – 2000;
• Pacto pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal – 2004;
• Agenda de Atenção Integral à Saúde da Criança – 2005;
• Compromisso para Acelerar a Redução da Desigualdade na Região
Nordeste e Amazônia Legal – 2009.
➢ Ainda persistem:
• Elevadas Taxas de Morbi-Mortalidade Materna e Infantil, sobretudo
a Neonatal;
• Rede de atenção fragmentada e pouco resolutiva;
• Modelo inadequado de atenção, não respeitando as evidências
científicas e os direitos da mulher e da criança.
Rede Cegonha
Fomento de espaços
coletivos -Fórum Rede
Cegonha
Incorporação das boas práticas de atenção e gestão
Mudança nas estruturas/ambientes
que atendem parto
Planejamento, monitoramento e
avaliação
Fortalecimento da rede -
compromissos, pactuações e
incentivos
Acolhimento e classificação de risco, ampliação do acesso e melhoria da qualidade do PRÉ-NATAL
Vinculação da gestante à unidade de referência e ao transporte seguro
Boas práticas e segurança na atenção ao PARTO E NASCIMENTO (campo dos direitos humanos)
Atenção à saúde das crianças de 0 a 24 meses com qualidade e resolutividade
Acesso ao PLANEJAMENTO REPRODUTIVO dentro de uma política mais ampla de atenção integral à saúde da mulher e à saúde da criança
MORTE MATERNA COMO QUESTÃO DO ESTADO
BRASILEIRO
REDE CEGONHA -
DIRETRIZES
1. Portaria nº 1459, de 24 de Junho de 2011 - Institui a Rede Cegonha;
2. Portaria nº 1.473, de 24 de Junho de 2011 - Institui os Comitês Gestores, Grupos Executivos, Grupos Transversais e os
Comitês de Mobilização Social e de Especialistas dos compromissos prioritários de governo organizados por meio de
Redes Temáticas de Atenção à Saúde.
3. Portaria nº 650, de 5 de outubro de 2011 - Dispõe sobre os Planos de Ação Regional (PAR);
4. Portaria nº 2.351, de 5 de outubro de 2011 -Altera a Portaria nº 1.459/GM/MS, de 24 de junho de 2011, que institui, no
âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), a Rede Cegonha.
5. MP 577 de 2012 que estabelece o apoio a deslocamento (revogada em Maio de 2012)
6. Portaria nº 1020, de 29 de maio de 2013 - Institui as diretrizes para a organização da Atenção à Saúde na Gestação de
Alto Risco e define os critérios para a implantação e habilitação dos serviços de referência à Atenção à Saúde na
Gestação de Alto Risco, incluída a Casa de Gestante, Bebê e Puérpera (CGBP);
7. Portaria nº 904, de 29 de maio de 2013 - Estabelece diretrizes para implantação e habilitação de Centro de Parto
Normal (CPN, e dispõe sobre os respectivos incentivos financeiros de investimento, custeio e custeio mensal.
8. Portaria nº 930, de 10 de maio de 2012 - Define as diretrizes e objetivos para a organização da atenção integral e
humanizada ao recém-nascido grave ou potencialmente grave e os critérios de classificação e habilitação de leitos de
Unidade Neonatal no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
9. Portaria nº 371, de 7 de maio de 2014 - Institui diretrizes para a organização da atenção integral e humanizada ao
recém-nascido (RN) no Sistema Único de Saúde(SUS).
10. Portaria GM/MS nº 961, de 22 de maio de 2013 - Inclui e altera valores dos procedimentos relacionados aos Bancos de
Leite Humano e estabelece recursos financeiros do Bloco da Atenção de Média e Alta Complexidade a serem
incorporados ao limite financeiro de Média e Alta Complexidade dos Estados, Distrito Federal e Municípios;
11. Portaria GM/MS nº 1153, de de 22 de maio de 2013 - Redefine os critérios de habilitação da Iniciativa Hospital Amigo da
Criança (IHAC).
REDE CEGONHA -
MARCO LEGAL
❖ Toda mulher deve ter o direito deescolher sua fonte primária desuporte para o parto.
❖ Pode ser seu companheiro, suamãe, outro membro da família, umamigo ou uma doula.
❖ Enfermeiras, médicos e parteirasdevem respeitar esta escolha.
APOIO DURANTE O PARTO
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
❖ A característica central do apoio
ao parto e ao nascimento é a
promessa de que a parturiente
não será deixada, em momento
algum, sem a possibilidade
deste suporte.
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
APOIO DURANTE O PARTO
POSIÇÃO VERTICAL – EFEITO DA GRAVIDADE
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
POSIÇÃO VERTICAL – DESCOMPRESSÃO DOS
GRANDES VASOS
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
❖ Retropulsão sacro-coccígea
❖ Alavanca nas articulações dos quadris
❖ Aumenta-se o diâmetro antero-posterior em 2cm e transverso em 1cm (BORELLE & FERUSTROM, 1957);
❖ Aumenta-se os diâmetros do canal de parto em 28% (RUSSELL, 1969).
POSIÇÃO VERTICAL – DIÂMETRO DO CANAL DE
PARTO
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
POSIÇÃO VERTICAL – ÂNGULO DE ENCAIXE
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
❖ Aumento da reserva expiratória pela
descompressão do diafragma;
❖ Melhores resultados.
POSIÇÃO VERTICAL – VENTILAÇÃO PULMONAR E
EQUILÍBRIO ÁCIDO-BÁSICO
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
Uso de posição vertical ou lateral comparado com
posição supina ou litotomia está associada com:
❖Segundo estágio mais curto (5.4 minutes, IC 95% 3.9–6.9);
❖Menos partos vaginais assistidos (OR 0.82, IC 0.69–0.98);
❖Menos episiotomias (OR 0.73, IC 0.64–0.84);
❖Menos relato de dor grave (OR 0.59, IC 0.41–0.83);
❖Menos padrões anormais de FCF (OR 0.31, IC 0.11–0.91);
❖Mais lacerações perineais (OR 1.30, IC 1.09–1.54);
❖Sangramento > 500 mL (OR 1.76, IC 1.34–3.32).
Fonte: GUPTA, J. K., HOFMEYR, G. J. The Cochrane Library, issue 1. Oxford: Update software, 2006.
POSIÇÃO NO PARTO
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
➢Evitar a episiotomia de rotina!
DURANTE O PARTO…
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
➢ Não previne os traumas cerebrais da criança;
➢ Não previne a asfixia perinatal, mas diminui asegunda fase;
➢ Não previne as lacerações de 3º e 4º graus;
➢ Não previne a incontinência e o prolapsouterino ou vaginal.
A EPISIOTOMIA DE ROTINA…
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
A EPISIOTOMIA DEVE SER CONSIDERADA
SOMENTE NOS CASOS:
1. Parto vaginal complicado (parto pélvico, distócia de
ombro, parto com fórceps, extração a vácuo ou ventosa
obstétrica);
2. Cicatrizes de mutilação dos genitais femininos ou de
lacerações de terceiro ou quarto grau mal curados;
sofrimento fetal.
OMS – ORGANIZACION MUNDIAL DE LA SALUD.Integrated Management of Pregnancy and Childbirth.
Manejo de las complicaciones del embarazo e el parto: Guía para obstetrices y médicos. Ginebra: OMS , 2002. 438 p.
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
• PPP equipado;
• Privacidade;
• Atitude respeitosa;
• Redução de luminosidade e ruídos
desnecessários;
• Evento como centro do cuidado.
AMBIÊNCIA
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
PERÍODO SENSÍVEL
✓É uma condição física e psicológica da mãe
caracterizada pela presença de uma maior
sensibilidade para interagir com seu recém-
nascido e formar um vínculo com ele,
desenvolvendo-se gradualmente e
principalmente no final da gravidez,
persistindo por algumas semanas após o
nascimento.
A FORMAÇÃO DO VÍNCULO
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
MORTALIDADE MATERNA NO
BRASIL
❖ “Quando uma mulher morre como conseqüência da
gestação, parto ou puerpério, dever-se-ia interrogar onde
começou a se construir esta morte. Qual a sua história de
vida e a cadeia de eventos sociais e biológicos que
levaram à morte? Sem dúvida, as disparidades na
distribuição da renda e no acesso à infra-estrutura dos
bens e serviços da sociedade estão diretamente
relacionadas com a experiência de vida da população
menos privilegiada e da mais favorecida, não permitindo
que se efetive a igualdade das mulheres perante a morte,
impedindo que a maioria possa ter uma morte "não-
antecipada", interrompendo suas vidas antes da hora, em
plena capacidade reprodutiva e produtiva”.
Fonte: Albuquerque et al. (1998)
“É inaceitável que o cidadão brasileiro jánasça tendo os seus direitos e os da suamãe desrespeitados”.
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
OBRIGADA!