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1 Vii JORNADA DO GERAR - “RETÓRICA E EDUCAÇÃO: A ARGUMENTAÇÃO COMO INSTRUMENTO DO PENSAR E DO AGIR” Rafael, Escola de Atenas, 1509-11

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Vii JORNADA DO GERAR - “RETÓRICA E EDUCAÇÃO:

A ARGUMENTAÇÃO COMO INSTRUMENTO

DO PENSAR E DO AGIR”

Rafael,EscoladeAtenas,1509-11

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Vii JORNADA DO GERAR - “RETÓRICA E EDUCAÇÃO:

A ARGUMENTAÇÃO COMO INSTRUMENTO

DO PENSAR E DO AGIR”

Caderno de Resumos e Programação

Patrocínio

Data: 05 de maio de 2016

Horário: 9 às 17h30min

Local: Auditório da Faculdade Messiânica

R. Humberto I, 612 - Vila Mariana, São Paulo - SP

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4SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO.............................................................6 Lineide do Lago Salvador Mosca CONFERÊNCIA Linguagem e complexidade.... ...........................................9 Maximina M. Freire MESA REDONDA RETÓRICA E EDUCAÇÃO: DA TRADIÇÃO CLÁSSICA ÀS AGORAS DIGITAIS CONTEMPORÂNEAS...............11 Aspectos da educação da juventude em Cícero.............11 Adriano Scatolin Argumentação e Educação: pensar e agir nas redes sociais por meio da prática de escrita..............................12 Ana Lúcia Tinoco Cabral Retórica e Aprendizagem: uma proposta de multiletramentos...............................................................16 Michel Marcelo de França

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5CONFERÊNCIA Philosophía como educação: a paideía de Isócrates......20 Marcos Sidnei Pagotto-Euzébio MESA REDONDA A PERSUASÃO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM.............................................................23 Interpretação e argumentação sobre sentidos de democracia no discurso de sujeitos que frequentam o Ensino Médio....................................................................23 Soraya Maria Romano Pacífico Deliberação íntima: manifestações discursivas na Pedagogia da Esperança, de Paulo Freire.................................................................................26 Paulo Frederico Homero Júnior A aplicação das teorias de Perelman e de Grácio no ciclo da pesquisa-ação: uma possibilidade de análise das situações argumentativas no âmbito educacional.......................................................................28 Camila Alderete Capitani

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6APRESENTAÇÃO

Desde os primórdios de nossa civilização, a Retórica esteve

comprometida com a função do docere, ensinar, que não se separava do movere, sensibilizar e do delectare, deleitar, visto que a formação do cidadão ocupava o centro das preocupações. A informatividade ou o saber não eram exclusivos e dominantes, mas envolviam a emoção e os sentimentos, assim como o prazer e a agradabilidade.

A Retórica nunca pretendeu estabelecer um conhecimento científico, pois perderia a sua própria essência e seu caráter universalizante, revelado na capacidade de ocupar-se de diversos tipos de manifestações, incluindo-se o domínio da ação, das coisas contingentes. Ela se encontra em pleno campo da práxis, tomando-se o discurso como ação sobre o outro e sobre o mundo.

Assim sendo, a argumentação, que está no cerne da retórica, não se limita à racionalidade, expandindo-se para muito além da racionalidade em seu estado puro, uma vez que o seu âmbito é o do provável, do possível, do incerto e do discrepante, daí ser o domínio próprio da opinião e das relações intersubjetivas, em que cabe considerar as diferenças presentes nos participantes da interlocução. Há que se considerar sempre essa perspectiva da comunicação, na qual são procurados os melhores meios de persuasão e, na concepção aristotélica, os meios capazes de persuadir em cada caso. Os estudos do discurso, compreendendo-se os estudos enunciativos, os pragmáticos e os sociointerativos, se beneficiaram grandemente dessa flexibilidade com que Aristóteles examinou as situações de interação do homem na linguagem. Confirma isto, entre outros elementos, a noção de oportunidade, o kairós, que está na base da escolha das estratégias que convém adotar para alcançar os propósitos que se tem em mente.

O tema da presente Jornada, que dá destaque à Educação, aponta esse caráter mediador da argumentação, ao tomá-la como instrumento do pensar e do agir, aos quais poderíamos acrescentar o sentir, uma vez que a presença tensiva das paixões impregna os domínios discursivos das várias práticas sociais. Por toda essa abrangência, pode-se dizer que o domínio da retórica estando em pleno campo do conflito, da discrepância, é de natureza política, na

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7acepção com que é tratada na retórica antiga. De fato, a maior parte das decisões são de caráter institucional e se subordinam a uma entidade maior, tal como o Estado. Nesse terreno, os discursos se contrapõem e disputam posições hegemônicas, num verdadeiro jogo de forças.

Numa comunidade argumentativa, tal como a visão democrática sugere, leva-se em conta o fato de que, conjugando-se as forças da racionalidade e da razoabilidade, adentra-se o domínio do preferível, das hierarquias e dos valores, cabendo o convencer e o persuadir, num trabalho de troca e, muitas vezes, de mediação, exigindo um esforço colaborativo das partes em questão.

A presente Jornada tem como formato nos dois períodos, manhã e tarde, uma conferência e uma mesa, com três preletores. São, portanto, oito exposições que compõem o quadro da Programação: a conferência de abertura da parte da manhã apontará a complexidade do fenômeno da linguagem por seu caráter dinâmico, sujeita que é a incertezas e imprevisibilidades, reportando-se ao ato de pensar também em sua complexidade. Segue-se uma mesa-redonda que, partindo dos parâmetros da antiguidade quanto à formação do jovem, dá um salto para a modernidade apontando a atual situação, em que os jovens mostram a sua força argumentativa nas redes sociais, e propondo novas formas de multiletramentos com estudos na área de tecnologias digitais de Informação e Comunicação, numa relação interdisciplinar com as áreas envolvidas no processo educacional. Na parte da tarde, abre a sessão a segunda conferência que, partindo da concepção de philosophía tal como compreendida na Paideía, de Isócrates, em cotejo com a concepção platônica, leva a reflexões contemporâneas acerca do pensar e do educar. Segue-se uma mesa-redonda voltada para questões acerca da persuasão no processo de ensino-aprendizagem. A primeira exposição enfatiza o elo entre interpretação e argumentação, tomando como campo de observação o uso do conceito de democracia por estudantes do ensino médio; a segunda exposição, partindo da fundamentação de Aristóteles e entrando na teoria da argumentação procedente de Perelman e outros nomes da Nova Retórica, trata da deliberação íntima, examinando-a num livro de memórias de Paulo Freire, a Pedagogia da Esperança; a terceira exposição enfatiza as noções

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8de negociação e conflito e comenta as estratégias retóricas de aproximação/distanciamento, aplicando-as ao âmbito educacional e ilustrando-as com O Mercador de Veneza, de William Shakespeare.

Retemos, como fundamental, o caráter de luta e embate, que sempre caracterizou a retórica desde os seus primórdios e que a mantém viva e renovada nas situações complexas que envolvem as sociedades contemporâneas. Vale, portanto, à pena repensar o que constitui a racionalidade hoje, quais valores estão subjacentes aos diversos fazeres, quais distorções ocorrem e a incapacidade de lidar com elas. Igualmente, que papel a atividade retórico-argumentativa desempenha na sociedade e sua contribuição para o desenvolvimento da cidadania, valor altamente almejado em nossos dias.

LINEIDE DO LAGO SALVADOR MOSCA

Coordenadora do GERAR

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9PROGRAMAÇÃO

MANHÃ

09h: Abertura Prof. Dra. Lineide do Lago Salvador Mosca 09h10min:

CONFERËNCIA LINGUAGEM E COMPLEXIDADE

Prof. Dra. Maximina Freire (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP/LAEL)

Muitas são as formas de estudar e pesquisar a/sobre

linguagem; porém os vários viéses e perspectivas de investigação levam à constatação de que se trata de um sistema – um sistema vivo, aberto, sensível a contínuas mudanças geradas pelo contexto e suas marcas espaço-temporais, históricas, sociais e geográficas e pelas alterações deles decorrentes. Essa percepção sugere um detalhamento da noção de sistema, com suas características, propriedades e relações; ou seja, de sua natureza complexa. Refiro-me à linguagem, de uma perspectiva sistêmico-complexa que, por seu caráter rizotômico, continuamente liga e religa partes − entre si e ao todo, como em uma relação hologramática −, conforme padrões de possibilidades (não de certezas), os quais delineiam um vir-a-ser linguístico dinâmico, exposto ao sabor de uma entropia global e local, e ao poder de uma capacidade de autopoiese. É sob o prisma da complexidade que, na linguagem, todo e partes são indissociáveis e devem ser considerados, ao mesmo tempo, em sua tessitura e emergências. Para concebê-la complexa impõe-se superar a perplexidade do não reducionismo à mera soma de partes e admitir a simultaneidade de determinações, acasos, imprevisibilidades, regras e exceções. Para concebê-la complexa, a linguagem precisa ser ecologicamente compreendida em sua não-fragmentação, recursividade e incompletude, com fronteiras

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10movediças que se constituem em e são constituídas por um pensar igualmente complexo. Essa percepção de linguagem sob um olhar complexo e complexificador constitui o foco de minha apresentação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MORIN, E. A via para o futuro da humanidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013.

________. A religação dos saberes: o desafio do século XXI. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010.

________. Ciência com consciência. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008.

________. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.

TESCAROLO, R. A escola como sistema complexo: a ação, o poder e o sagrado. São Paulo: Escrituras. 2005.

SÚMULA CURRICULAR

Maximina M. Freire possui graduação em Letras e Pedagogia, mestrado em Linguística Aplicada ao Ensino de Línguas (PUCSP) e doutorado em Educação (Ontario Institute For Studies In Education, University of Toronto). É Professor Assistente Doutor na PUCSP, atuando nas áreas de Linguística Aplicada, Educação, Tecnologia Educacional e Educação a Distância, nos temas: formação de professores em/para contextos presenciais e digitais; ambientes e interfaces digitais de ensino-aprendizagem; CALL; CMC; educação a distância; abordagem hermenêutico-fenomenológica de pesquisa; ensino-aprendizagem de idiomas; ensino-aprendizagem e formação de professores para fins específicos, complexidade e transdisciplinaridade. No período compreendido entre 2003 e 2005, foi presidente da Associação de Linguística Aplicada do Brasil

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11(ALAB). É líder do Grupo de Pesquisa sobre a Abordagem Hermenêutico-Fenomenológica e Complexidade - GPeAHFC (www.gpeahf.pro.br) -, cadastrado no Diretório CNPq. É também membro permanente da Comissão Científica da International Conference on Information Communication Technologies in Education, ICICTE, Hellenic National Commision for UNESCO, Greece.

10h: INTERVALO

10h15min:

MESA REDONDA

RETÓRICA E EDUCAÇÃO: DA TRADIÇÃO CLÁSSICA

ÀS ÁGORAS DIGITAIS CONTEMPORÂNEAS Moderadora: Prof. Dra. Lineide do Lago Salvador Mosca

Exposição 1 ASPECTOS DA EDUCAÇÃO DA JUVENTUDE EM CÍCERO

Prof. Dr. Adriano Scatolin (DLCV - USP)

Embora não se possa dizer que Cícero tenha sido um

professor, seja de oratória, retórica ou filosofia, observa-se em sua obra, em diferentes gêneros, a preocupação com a formação da juventude de sua época. O objetivo desta palestra é apresentar as diferentes faces de tal preocupação, tendo como ponto de partida as observações do próprio Cícero em sua correspondência.

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12REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

PATTERSON & POWELL. Cicero the Advocate. Oxford: Oxford University Press, 2004.

STEEL, C. Reading Cicero. London: Duckworth, 2006.

STROH, W. Taxis und Taktik — Ciceros Gerichtsreden. Stuttgart: B. G. Teubner, 1975.

SÚMULA CURRICULAR Adriano Scatolin é formado em Latim pela Universidade de São Paulo, começou suas pesquisas acadêmicas em 1997, quando obteve uma bolsa para estudar e traduzir a obra De Satyrica Graëcorum poësi et Romanorum satira (1605), do erudito suíço Isaac Casaubon. Levou o mesmo tema para o mestrado, que concluiu em 2003. No doutorado, concluído em 2009, dedicou-se ao estudo e tradução do De oratore (55 a.C.), de Cícero. No pós-doutorado (2012/13), enfim, dedicou-se ao estudo da retórica da polêmica entre os antigos. Atualmente, dedica-se à elaboração da primeira tradução completa em português desta última obra. 10h45min:

Exposição 2 ARGUMENTAÇÃO E EDUCAÇÃO: PENSAR E AGIR NAS REDES SOCIAIS POR MEIO DA PRÁTICA DE ESCRITA

Prof. Dra. Ana Lúcia Tinoco Cabral (Universidade Cruzeiro do Sul – UNICSUL - SP)

Ao fim do Ensino Médio, espera-se que os jovens estejam

preparados para enfrentar situações problemas e tomar decisões;

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13que sejam capazes de selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados e construir argumentação consistente, elaborando propostas de intervenção na realidade; que estejam, enfim, preparados para pensar e agir no mundo. Nesse contexto, a escrita como instrumento para a argumentação constitui um objetivo central do ensino de língua materna. Na contramão dessas expectativas, exames nacionais e internacionais atestam as dificuldades que estudantes, nos diferentes níveis de ensino, apresentam para a produção textual. Costuma-se atribuir as razões desse problema às práticas sociais em mídias digitais. SMS, WhatsApp, Facebook, Blog tornaram-se os vilões: afirma-se que os jovens não sabem mais escrever porque essas mídias prejudicam o desenvolvimento da sua competência escritora. Procuraremos mostrar, neste trabalho, que essa é uma ideia equivocada. Analisaremos Blogs desenvolvidos por jovens adolescentes para a discussão de problemas concernentes à sua vivência. A abordagem teórica proposta nas análises associa os postulados de Ducrot (1980) de que a argumentação está presente na língua, a qual lhe concede os meios e lhe impõe os limites, mas considera também que as escolhas linguísticas estão a serviço de um querer dizer de um sujeito que atua em interação (Koch, 2004), está inserido em determinado quadro enunciativo, numa relação intersubjetiva (Kerbrat-Orecchioni, [1980] 1997), e é, portanto, produtor de textos. As análises explorarão as estratégias de organização textuais em articulação com as escolhas linguísticas utilizadas pelos jovens para conferir força argumentativa a suas manifestações nas redes sociais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADAM, Jean-Michel. A Linguística Textual: introdução à análise textual dos discursos. Trad. Maria das Graças Soares Rodrigues, João Gomes da Silva Neto, Luis Passeggi, Eulália Vera Lúcia Fraga Leurquin. 2. Ed. Revista e aumentada. São Paulo: Cortez, 2011.

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14ANSCOMBRE, Jean-Claude ; DUCROT, Oswald. L’argumentation dans la langue. Liège: Mardaga, 1997.

CABRAL, Ana Lúcia Tinoco. A força das palavras. São Paulo: Contexto, 2010.

_______. Enunciação e escrita acadêmica na área jurídica: subjetividade, intersubjetividade e argumentação. In: SPARANO, Magalí; VARGAS, Maria Valíria A. M. Enunciação, subjetividade e práticas de linguagem: revisitando Benveniste. São Paulo: Paulistana, 2011, p 92-110.

________. O conceito de plano de texto: contribuições para o processo de planejamento da produção escrita. In: Revista Linha D’ Água. Número 26 - 2 segundo semestre de 2013. Programa de Pós-graduação em Filologia e em Língua Portuguesa - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, - Universidade de São Paulo. p.241-259. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/linhadagua/index>.

CHUY, Maria. e RONDELLI, Fabienne. Traitement des contraintes linguistiques et cognitives dans la construction de la cohérence textuelle. In: Traitement des contraintes de la production d’écrits: aspects linguistiques et psychologiques. Langages, n.177, mars 2010. Paris: Larousse, 2010, p.83-111.

COIRIER, Pierre; GAONAC’H, Daniel & PASSERAULT, Jean-Michel. Psycholinguistique textuelle – une approche cognitive de la compréhension et de la production des texts. Paris: Armand Colin, 1996.

DUCROT, Oswald. Le dire et le dit. Paris: Minuit, 1984.

FAYOL, Michel.; FOULIN, Jean-Noël, MAGGIO, Séverine; LÉTÉ, Bernard. Towards a Dynamic Approach of How Children and Adults Manage Text Production. IN: GRIGORENKO, E.L.; MAMBRINO, E.; PREISS, D. D. (Eds.) Writing a mosaico of new perspectives. New York, London: Psychology Press/Taylor & Francis Group, 2012, p.141-158.

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15KELLOGG, Ronald e Whiteford, Alison. The Development of Writing Expertise. IN: GRIGORENKO, E.L. ; MAMBRINO, E.; PREISS, D. D. (Eds.) Writing a mosaic of new perspectives. New York, London: Psychology Press/Taylor & Francis Group, 2012, p. 109-124.

KERBRAT-ORECCHIONI, Catherine. L’énonciation. Paris: Armand Colin, [1980] 1997.

KOCH, Ingedore Villaça. Introdução à Lingüística Textual. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

MARQUESI, Sueli Cristina e CABRAL, Ana Lúcia Tinoco. Enunciação e Práticas Discursivas na Universidade: uma reflexão sobre dificuldades de escrita. In: MICHELETTI, G (org.). Enunciação e Gêneros Discursivos. São Paulo: Cortez, 2008, p.148-172.

MOLITOR-LÜBBERT, Sylvie. A escrita como um processo mental e lingüístico. In: Weisser, H. P. e Koch, I. G. V. (org.). Linguística Textual: perspectivas alemãs. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2009, p.121-165.

SPARANO, Magalí ; GEBARA, Ana Elvira Luciano; CABRAL, Ana Lúcia Tinoco; CARVALHO, Helba; CURY, Beth. Gêneros Textuais construindo sentidos e planejando a escrita. São Paulo: Terracota, 2012.

SÚMULA CURRICULAR

Ana Lúcia Tinoco Cabral é Doutora em Língua Portuguesa pela PUC-SP (2005). Realizou pesquisa de pós-doutoramento na EHESS (Paris-França - 2007-2008). É professora titular da Universidade Cruzeiro do Sul, atuando no Mestrado em Linguística. Suas pesquisas focalizam principalmente os seguintes temas: linguagem argumentativa, interação verbal escrita, linguagem jurídica, polidez linguística e uso da linguagem em práticas educativas a distância.

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1611h15min:

Exposição 3

RETÓRICA E APRENDIZAGEM: UMA PROPOSTA DE MULTILETRAMENTOS

Prof. Dr. Michel Marcelo de França (Centro Universitário São Camilo/ GERAR)

Fundamentada na pesquisa de doutoramento deste autor, este trabalho visa à apresentação da aplicação dos resultados obtidos na construção de uma proposta metodológica à produção de material didático para o ensino de língua portuguesa. Tal propositura está embasada sob construtos teóricos oriundos da Retórica & Argumentação (MOSCA, 1997; PERELMAN, 2005), Semióticas (BRAIT 2006/ 2010; PEREZ, 2004; SANTAELLA, 1983/1999) e (GREIMAS, 1989; PEIRCE, 1997; ROMANINI, 2013) e Linguística Aplicada (BOLTER, 2002; IEDEMA, MARCUSCHI, 2000/2005), em especial, no que versa sobre os estudos na área de TDIC (Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação) voltadas à educação. Nesse sentido, nosso objetivo é promover o desenvolvimento de uma proposta de multiletramentos a partir da relação interdisciplinar entre as diferentes áreas do conhecimento apresentadas. Tendo como base a observação do cenário educacional brasileiro contemporâneo, especialmente, sobrea as questões relacionadas ao ensino de vernáculo, nota-se a necessidade iminente de ruptura com os modelos tradicionais dessas práticas, em detrimento de novas affordances educomunicativos que contemplem a multiplicidade de fenômenos micro e macrodiscursivos, ora praticados nas diferentes esferas do conhecimento por meio de múltiplas ferramentas comunicacionais, de modo a promover o engajamento e empoderamento dos indivíduos nas práticas sociais letradas da cibercultura, ressemiotizando a aprendizagem.

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17REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBALADEJO, T. Configurações retóricas do discurso jornalístico digital. In: SACRAMENTO, Igor; LOPES, Fernanda L. Retórica e Mídia. Florianópolis: Insular, 2009.

ARISTÓTELES. Retórica das paixões. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

BAKHTIN, M. M. Os gêneros do discurso. Estética da criação verbal. Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2003, (Original, 1979), p. 261-306.

BRAIT, B. Tramas verbo-visuais da linguagem. In: BRAIT, B. Literatura e outras linguagens. São Paulo: Contexto, 2010, p. 193-214.

FREIRE, M. M. Formação tecnológica de professores: problematizando, refletindo, buscando... In: SOTO, U; MAYRINK, M. F.; GREGOLIN, I. (Orgs.) Linguagem, educação e virtualidade: experiências e reflexões. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009.

IEDEMA, R. A. M. Multimodality, resemiotization: extending the analysis of discourse as multi-semiotic practice. Visual Communication, v. 2, n.1, 2003, p. 29 – 57.

LAKOFF, Robin Tolman. A necessidade da teoria e método interdisciplinares na Análise do Discurso. In: ________. The handbook of Discourse Analysis. SCHRIFFIN, Débora; TANNEN, Débora; HEIDI, Hamilton (coord.). Blackwell Publishing, 2008 [2001]. Disponível em: <http://gerar-usp.org/docsgerar/LineideLakoff.pdf>. Acesso em: 21 out. 2010.

LISZKA, J. J. A General Introduction to the Semeiotic of Charles Sanders Peirce. Bloomington and Indianapolis, Indiana University Press, 1996.

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18MEYER, Michel. A unidade retórica e seus componentes: éthos, páthos, lógos. In: _______. A Retórica. São Paulo: Ática, 2007, cap. 2.

MOSCA, Lineide Salvador. Velhas e Novas Retóricas: convergência e desdobramentos. In: _______ (org.). Retóricas de Ontem e de Hoje. São Paulo: Humanitas Editora FFLCH/USP, 1997.

PEIRCE, C. S. Semiótica. (Trad.) São Paulo: Ed. Perspectiva, 1997.

PERELMAN, Chaim. Tratado de argumentação: a nova retórica. Tradução Maria E. Galvão. São Paulo. Martins Fontes, 1999.

ROJO, R. Letramentos múltiplos, escola e inclusão social. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.

ROMANINI, V. A contribuição de Peirce para a Teoria da Comunicação. In: Diez autores clave para comprender la comunicación como metadisciplina (ed. Oropeza, Gustavo Garduño), Universidad Autonoma del Estado de Mexico, no prelo.

SANTAELLA, L. O que é Semiótica. 15ª edição, São Paulo: Ed. Brasiliense, 1999.

SÚMULA CURRICULAR Michel Marcelo de França é Doutor pela FFLCH/USP com estudos também desenvolvidos na ECA/USP. É Mestre pela PUC/SP - LAEL, Departamento de Linguística Aplicada e Estudos da linguagem na área de Tecnologia e Educação. Foi aluno especial do programa de pós-graduação da UNICAMP - IEL, Instituto de Estudos Linguísticos na área de Letramento Digital. Possui extensão pela FIA, Fundação Instituto de Administração, na área de Gestão e Mediação Educacional na era digital e pela Fundação Getúlio Vargas, FGV na área de Ciências e Tecnologias, sendo graduado em Letras - Port./ Inglês pela FATEMA. Áreas de atuação profissional: Linguagem e Códigos, Tecnologia e Educação. Atua

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19como professor em cursos de Educação Básica, graduação, pós-graduação e cursos de capacitação e formação de professores nas áreas de linguagem e Novas Tecnologias de Informação. Possui projetos na área de desenvolvimento de materiais para ambientes virtuais de aprendizagem pautados por teorias da Análise do Discurso, da Retórica e Semióticas. Atualmente é professor conteudista na disciplina de Comunicação e Expressão no Centro Universitário São Camilo e professor de Leitura e Produção de texto na FECAF - Faculdade Capital Federal.

11h45min – COMENTÁRIOS E QUESTÕES 12h - INTERVALO

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20TARDE

14h: Abertura Prof. Dra. Lineide do Lago Salvador Mosca 14h10min:

CONFERÊNCIA

PHILOSOPHÍA COMO EDUCAÇÃO: A PAIDEÍA DE ISÓCRATES

Prof. Dr. Marcos Sidnei Pagotto-Enzébio (Faculdade de Educação – FE - USP)

A ideia é apresentar a concepção de philosophía de Isócrates em contraponto às pretensões platônicas e distante de uma relativamente comum e imediata associação de seu pensamento à atividade retórica. De fato, Isócrates nunca usou o termo rhetoriké em suas obras, optando sempre por philosophia. A partir dessa constatação, pretende-se aproximar o modelo de philosophía proposto por Isócrates do paradigma educacional, ou paidêutico, em contraste com o modelo matemático, ou geométrico, de Platão. Por fim, esperamos poder indicar o quanto a pretensão isocrática soa familiar à algumas linhas de força do pensamento contemporâneo, por seu caráter antiessencialista e antifundacionista.

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21REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ISOCRATE. Discours. Trad. G. Mathieu et A. Brémond, Paris, Les Belles Lettres, 1928 (Vol. I: Contre Euthynous, Contre Callimakhos, Contre Lokhites, Sur L'Atellage, Trapézitique, Éginétique, A Démonicos, Contre les Sophistes, Héléne, Busiris) 1961 (Vol. II: Panégyrique, Plataïque, A Nicoclés, Nicoclés, Evagoras, Archidamos, e Vol. III: Sur la Paix, Aréopagitique, Sur L'Échange) , 1962 (Vol. VI: Philippe, Panathenaïque, Lettres, Fragments). Edição Bilíngüe.

ISOCRATES. Trad. G. Norlin. The Loeb Classical Library. Harvard University Press, London, William Heinemann Ltd., 1954 (3 vol.).

ISÓCRATES. Discursos. Trad. J. M. Guzmán Hermida, Madrid, Ed. Gredos, 1979 (Vol. I: Contra Eutino, Recurso Contra Calímaco, Contra Loquites, Sobre el Tronco de Caballos, Sobre un Asunto Bancario, Eginético, A Demónico, Contra los Sofistas, Elogio de Helena, Busiris, Panegírico, Plateense, A Nicocles, Nicocles, Evágoras, Arquidamo - e Vol. II: Sobre a Paz, Areopagítico, Sobre el Cambio de Fortunas/Antídosis, Filipo, Panatenaico, Cartas).

PLATÃO. Eutidemo. Trad. Carlos Alberto Nunes. Pará: Editora da Universidade do Pará, 1980.

PLATÃO. Fedro. Trad. Carlos Alberto Nunes. Pará: Editora da Universidade do Pará, 1980.

CÍCERO. Do Orador. Trad. Adriano Scatolin. In: A invenção no Do orador de Cícero: um estudo à luz de Ad Familiares I, 9, 23. Tese de doutorado, 2009.

DIXSAUT, M. Isocrate contre des Sophistes sans Sophistique. In: Le Plaisir de Parler: Études de Sophistique Comparée. Org. Barbara Cassin. Paris: Les Éditions de Minuit, 1986.

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22JAEGER, W. Paidéia - A Formação do Homem Grego. Trad. A. M. Parreira. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 1995.

JOHNSON, R. A Note on the Number of Isocrates' Pupils. The American Journal of Philology, 105, 1957.

__________. Isocrates' Methods of Teaching. The American Journal of Philology, 80, 1959.

MAGALHÃES-VILHENA, V. de. O Problema de Sócrates - O Sócrates Histórico e o Sócrates de Platão. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1984.

MARROU, H. I. História da Educação na Antiguidade. Trad. Mário Leônidas Casanova. São Paulo: Ed. Herder/E.P.U., 1975.

POWER, E. A. Class Size and Pedagogy in Isocrates’ School. History of Education Quarterly, vol 6, no. 4 (Winter, 1966).

ROSCALLA, Fabio. Strategie Letterarie a Confronto: Isocrate e Platone. Atheneum, Pavia, 1998.

SCHIAPPA, E. Did Plato Coin Rhetorikê? American Journal of Philology, 111, 1990.

_________, Isocrates' Philosophia and Contemporary Pragmatism. In: Rhetoric, Sophistry, Pragmatism. Ed. by Steven Mailloux, Cambridge University Press, 1995.

TOO, Yun Lee. The Rhetoric of Identity in Isocrates: text, power and pedagogy. Cambridge, 1995.

SÚMULA CURRICULAR

Marcos Sidnei Pagotto-Euzebio é graduado em Filosofia (FFLCH-USP) e Mestre e Doutor em Educação (FEUSP). É professor na FEUSP.

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2315h:

MESA REDONDA

A PERSUASÃO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Moderadora: Prof. Dra. Lineide do Lago Salvador Mosca

Exposição 1 INTERPRETAÇÃO E ARGUMENTAÇÃO SOBRE SENTIDOS DE DEMOCRACIA

NO DISCURSO DE SUJEITOS QUE FREQUENTAM O ENSINO MÉDIO Prof. Dra. Soraya Maria Romano Pacífico

(Universidade São Paulo – Campus Ribeirão Preto – USP)

Este trabalho fundamenta-se na Análise do Discurso pecheuxtiana e objetiva investigar como se dá a constituição dos sujeitos e dos sentidos, no Ensino Médio, quando a questão é a argumentação sobre democracia, no atual cenário brasileiro. De acordo com o referencial teórico que embasa o trabalho, há uma relação de poder implicada nas produções discursivas, o que nos leva a dizer que, principalmente, nas práticas argumentativas tal relação fica mais acirrada. Isso porque, conforme entendemos, para argumentar o sujeito precisa realizar gestos de interpretação; todavia, como aponta Pêcheux (1997), não são todos os sujeitos que têm acesso à interpretação. Essa relação de interdição aos sentidos pode ser observada no contexto escolar, em que os sentidos nem sempre podem ser disputados, pois o poder de determinados interlocutores (diretores, professores, autores de livros didáticos, jornalistas que têm seus textos circulando no material didático) silencia a construção de sentidos daqueles a quem é dado apenas o direito de repetir o que pode e deve ser dito. Com base nisso, analisaremos produções textuais escritas por sujeitos-alunos do Ensino Médio, de escolas públicas e particulares,

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24a fim de analisar como eles, que se preparam para o vestibular, posicionam-se sobre o tema proposto. A seleção dos sujeitos justifica-se pelo fato de que, nos vestibulares, o texto dissertativo-argumentativo constitui a principal proposta de redação. Com os resultados, pretendemos refletir se o sujeito, que cumpriu a etapa básica de escolarização, está preparado para argumentar e como ele coloca em funcionamento essa prática discursiva.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARISTÓTELES. Retórica. Trad. Manuel Alexandre Júnior, Paulo Farmhouse Alberto e Abel do Nascimento Pena. 2. ed. rev. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda, 2005.

FERREIRA, Maria Cristina Leandro. Nas trilhas do discursivo: a propósito de leitura, sentido e interpretação. In: ORLANDI, Eni P. (Org.) A leitura e os leitores. Campinas: Pontes, 1998. p. 201-208.

FIORIN, José Luiz. Argumentação. São Paulo: Contexto, 2015.

LEMES, Noemi. Argumentação, livro didático e discurso jornalístico: vozes que se cruzam na disputa pelo dizer e silenciar. Ribeirão Preto, 2013. 115f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, 2013.

MOSCA, Lineide do Lago Salvador (Org.). Retóricas de ontem e de hoje. São Paulo: Humanitas Editora, 1999.

OLIVEIRA, Luciano Amaral. Argumentação e discurso homonormativo. In: SELLA, Aparecida F.; BUSSE, Sanimar; CORBARI, Alcione T. (Orgs.). Argumentação e texto: revisitando conceitos, propondo análises. Campinas: Pontes; Cascavel: Edunioeste, 2012. p. 145-164.

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25ORLANDI, Eni P. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. Campinas: Pontes, 1996.

______. As Formas do Silêncio: no movimento dos sentidos. 4. ed. Campinas: Editora da UNICAMP, 1997.

______. Discurso e texto: formulação e circulação dos sentidos. Campinas: Pontes, 2001.

PACÍFICO, Soraya Maria Romano. Argumentação e autoria nas redações de universitários: discurso e silêncio. Curitiba: Appris, 2012.

PÊCHEUX, Michel. Análise automática do discurso. In: GADET, Françoise; HAK, Tony. (Orgs.). Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. Campinas: Editora da UNICAMP, 1993.

______. Semântica e Discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. 2. ed. Campinas: Editora da UNICAMP, 1995.

______. Ler o arquivo hoje. In: ORLANDI, Eni P. (Org.). Gestos de leitura: da história no discurso. Campinas: Editora da UNICAMP, 1997.

PLANTIN, Christian. A argumentação: história, teorias, perspectivas. Trad. Marcos Marcionilo. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

SÚMULA CURRICULAR

Soraya Maria Romano Pacífico, formada em Letras, Mestre em Linguística e Língua Portuguesa- UNESP/Araraquara; Doutora em Ciências -FFCLRP/USP; Pós-Doutorado pela UNESP/Araraquara. Docente do Departamento de Educação, Informação e Comunicação, no curso de Pedagogia da FFCLRP/USP e nos Programas de Pós-Graduação em Psicologia e de Pós-Graduação em Educação, da FFCLRP/USP. Desenvolve pesquisas sobre

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26Leitura, Escrita, Argumentação e Autoria. Autora e organizadora de vários livros sobre essas temáticas. Líder do grupo de pesquisa Discurso e Memória: nos movimentos do sujeito. Membro do grupo de pesquisa Estudos de Linguagem, Argumentação e Discurso - ELAD, da Universidade Estadual de Santa Cruz-Ilhéus.

15h30min – INTERVALO

Exposição 2

DELIBERAÇÃO ÍNTIMA: MANIFESTAÇÕES DISCURSIVAS

NA PEDAGOGIA DA ESPERANÇA, DE PAULO FREIRE

Prof. Me. Paulo Frederico Homero Júnior (Doutorando, Faculdade de Economia e Administração –

FEA/USP)

Aristóteles identifica três espécies de provas de persuasão fornecidas pelo discurso, que residem no caráter moral do orador (ethos), ou no modo como se dispõe o ouvinte (pathos), ou no próprio discurso, pelo que este demonstra ou parece demonstrar (logos). Perelman, por sua vez, aponta como central na retórica a noção de auditório, ou seja, o público a quem se deseja persuadir ou convencer, mas reconhece que se pode argumentar também consigo mesmo, numa deliberação íntima. Neste trabalho, analiso um excerto de Pedagogia da Esperança: um reencontro com a Pedagogia do Oprimido, de Paulo Freire, livro no qual o autor rememora as vivências que o conduziram à elaboração de sua obra de maior prestígio, Pedagogia do Oprimido, e relata suas experiências com a repercussão dela. Em Pedagogia da Esperança, Paulo Freire parece se dirigir a dois auditórios distintos: os admiradores de sua obra, aos quais busca sensibilizar através de um relato em tom intimista, e a seus críticos, cujos argumentos são refutados em diversas passagens. No trecho analisado, tanto o

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27ethos como o pathos são mobilizados para sensibilizar o auditório, mas é através do logos que se podem identificar as manifestações discursivas da deliberação íntima. O caráter do texto analisado, sendo um excerto de um livro de memórias, permite vislumbrar elementos dos processos de deliberação íntima e compreender que mesmo nesta há uma relação de alteridade: ao questionar a si próprio, o indivíduo se apropria do discurso do outro para, a partir de tais questionamentos, reconstruir o entendimento de si.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARISTÓTELES. Retórica. 2. ed. Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 2005.

FREIRE, P. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. Disponível em: <http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/paulofreire/paulo_freire_pedagogia_da_esperanca.pdf>. Acesso em: 11 mar. 2016.

PERELMAN, C. Lógica Jurídica: Nova Retórica. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

__________.; OLBRECHTS-TYTECA, L. Tratado da Argumentação: A Nova Retórica. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

SÚMULA CURRICULAR Paulo Frederico Homero Junior é Bacharel em Ciências Contábeis (UFRGS), Mestre e doutorando em Controladoria e Contabilidade (FEA/USP). Possui experiência no setor público e em atividades de docência. Seus interesses de pesquisa incluem regulação contábil, epistemologia e educação em contabilidade. Em sua pesquisa de doutorado, investiga a convergência brasileira às normas internacionais de contabilidade sob uma ótica discursiva, analisando as alterações ocorridas na ordem do discurso do campo da regulação contábil brasileira durante este processo.

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28Exposição 3

A APLICAÇÃO DAS TEORIAS DE PERELMAN E DE GRÁCIO NO CICLO DA PESQUISA-AÇÃO:

UMA POSSIBILIDADE DE ANÁLISE DAS SITUAÇÕES ARGUMENTATIVAS

NO ÂMBITO EDUCACIONAL Prof. Me. Camila Alderete Capitani

(Colégio São Bento, Doutoranda, DLCH-USP/ GERAR) A presente apresentação visa a demonstrar como as teorias de Perelman e de Grácio, respectivamente sobre as estratégias argumentativas e a situação argumentativa, puderam ser aplicadas dentro do ciclo da pesquisa-ação realizada por nós em 2013, na área educacional, em uma pesquisa de mestrado. Observaremos como este professor, que também ocupa o papel de orador, conforme concepção de Reboul, emprega na situação argumentativa em questão as diversas estratégias argumentativas, ao longo de sua ação pedagógica, para desencadear nesse auditório/aluno a adesão às teses que lhes são apresentadas. Para essa finalidade, serão utilizados dois trechos de aulas consecutivas, a respeito dos conceitos de “convencer” e “persuadir”, em que é possível verificar de que maneira o discurso desse orador/professor vai sendo constantemente readaptado, replanejado em função do auditório/aluno. Demonstrar como a aplicação dessas teorias ocorreu na pesquisa-ação tornou-se pertinente porque nos permite apontar como é possível criar condições técnico-científicas para que o professor revise sua prática pedagógica diária de maneira investigativa.

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29REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARISTÓTELES. Retórica. Trad. e notas de Manuel Alexandre Júnior et alii. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2012.

CAPITANI, Camila Alderete. A operacionalização das teorias de Perelman e de Grácio no ciclo da pesquisa-ação: uma possibilidade de análise das situações argumentativas em sala de aula. 112f. Dissertação de Mestrado – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015.

GRÁCIO, Rui. Para uma teoria geral da argumentação: questões teóricas e aplicações didáticas. 20120,446 f. Tese de Doutorado – Instituto de Ciências Sociais, Universidade do Minho, Lisboa, 2010.

__________. Perspectivismo e Argumentação. Coimbra: Grácio Editor, 2013.

__________. Teorias da Argumentação. Coimbra: Grácio Editor, 2012.

__________. A interacção argumentativa. Coimbra: Grácio Editor, 2010.

MEYER, Michel. A retórica. Trad. Marly N. Peres. São Paulo: Ática, 2007 [2004].

MOSCA, Lineide do Lago Salvador (org.). Retóricas de ontem e de hoje. 3ª ed. São Paulo: Humanitas, 2004 [1997].

______. (org.). Discurso, argumentação e produção de sentido. São Paulo: Humanitas, 2006.

PERELMAN, Chaïm. Retóricas. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004 [1989].

______; OLBRECHTS-TYTECA, Lucie. Tratado da argumentação. A nova retórica. Trad. Maria Ermantina de A. P. Galvão. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005 [1958].

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30______. O império retórico. Trad. Fernando Trindade e Rui Alexandre Grácio. Portugal: Edições Asa,

PLANTIN, Christian. A argumentação: histórias, teorias, perspectivas. Trad. Marcos Marcionilo. São Paulo: Parábola Editorial, 2008 [2005].

__________. A argumentação. Trad. Rui Alexandre Grácio e Martina Matozzi. Coimbra: Grácio Editor, 2010 [1996].

REBOUL, Olivier. Introdução à retórica. Trad. Ivone Castilho Benedetti. São Paulo: Martins Fontes, 2004 [1991].

TRIPP, David. Pesquisa-ação: uma introdução metodológica. In: Educação e Pesquisa. São Paulo: USP, 2005, v.3, n.3, p.443 - 466.

SÚMULA CURRICULAR Camila Alderete Capitani é doutoranda em Letras pelo Programa de Filologia e Língua Portuguesa da USP, Mestre em Letras pela USP (2015), Licenciada em Língua Portuguesa/ Inglesa (2010), Membro do Grupo de Estudos de Retórica e Argumentação (GERAR) pertencente ao núcleo do discurso pedagógico, professora da Prima Escola Montessori de São Paulo e do Departamento de Chinês do Colégio de São Bento e autora do livro “Situações Argumentativas em Sala de Aula: uma operacionalização das teorias de Perelman e de Grácio no ciclo da pesquisa-ação” publicado pela Grácio Editor. Contato: [email protected]. 16h30min – COMENTÁRIOS E QUESTÕES 17h30min - ENCERRAMENTO Prof. Dra. Lineide do Lago Salvador Mosca

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32PÓS-GRADUAÇÃOEMFILOLOGIAELÍNGUAPORTUGUESA

REITOR:Prof.Dr.MarcoAntonioZagoVICE-REITOR:Prof.Dr.VahanAgopyan

FACULDADEDEFILOSOFIA,LETRASECIÊNCIASHUMANASDIRETOR:Prof.Dr.SérgioFrançaAdornodeAbreu

VICE-DIRETOR:Prof.Dr.JoãoRobertoGomesdeFaria

DEPARTAMENTODELETRASCLÁSSICASEVERNÁCULASCHEFE:Prof.Dra.MarliQuadrosLeiteSUPLENTE:Prof.Dr.PauloMartins

COMISSÃOORGANIZADORACoordenadora:

Prof.Dra.LineidedoLagoSalvadorMoscaProf.Me.CamilaAldereteCapitani(Doutoranda)Prof.DanielaLassodelaVega(Mestranda)Prof.Dra.ElizabeteEnzHubertProf.EmilsonJoséBento(Doutorando)Prof.MariadeFátimaRolembergBorelli(Mestranda)Prof.Me.FranciscoLeite(Doutorando) Colaboração:Prof.Dr.IsaarSoaresdeCarvalho;Prof.Me.JoãoMen(Doutorando);Prof.Dr.MichelMarcelodeFrança;Prof.Me.WilliamTeixeiradaSilva.