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VII. AVALIAÇÃO DO PSF POR GESTORES, PROFISSIONAIS DAS ESF E FAMÍLIAS USUÁRIAS 1. AVALIAÇÃO DOS GESTORES Avaliação dos gestores quanto às condições necessárias para implantação, dificuldades, vantagens e inovações Os gestores entrevistados consideraram como ponto mais positivo do PSF a possibilidade de concretizar novo modelo assistencial. A satisfação de ver implementada uma nova concepção de atendimento “levando a assistência para aquele que mais precisa, identificando, famílias de risco, enfrentando um dos maiores desafios para quem trabalha na área de saúde pública, que é realmente trabalhar o princípio da eqüidade.” A busca de equidade, a constituição de vínculos e a humanização da assistência seriam os principais fatores motivadores para o desenvolvimento da estratégia saúde da família. Para o secretário municipal de saúde a principal vantagem do PSF era a capacidade potencial do Saúde da Família como indutor da reorientação do modelo assistencial. “Induz processos de mudanças e interfere na lógica prévia do sistema, que vai desde a relação com o usuário do serviço, a questão dos profissionais, obrigando as instituições a repensarem o seus processos de trabalho.” Em Vitória, consolidou e deu agilidade no processo de organização do sistema do município. Na opinião do gestor local a experiência estaria consolidada e seria difícil ocorrer retrocesso: “no ponto onde chegou seria muito complicado desmontar, a não ser que haja um processo geral no País que reivindique isso”. A coordenação local considerava que o PSF ampliou a legitimidade do SUS: a população passou a acreditar um pouco mais no Sistema Único de Saúde ... A população passou a ver profissionais interessados na vida dela, preocupados com a saúde dela. ” Para tal teria também contribuído a possibilidade de atendimento domiciliar proporcionada pelo PSF. Pessoas que estavam acamadas, abandonadas dentro de casa, que a família não tinha condições de levar à unidade de saúde para tomar uma vacina, fazer uma consulta ... agora podem ser atendidas em casa.As principais dificuldades seriam de integração da rede e de qualificação do profissional para prestar atenção integral. Na opinião do secretário municipal, um grande fator limitante era a habilitação do município apenas na gestão básica, não sendo o gestor da rede secundária, nem dispondo de serviços ambulatoriais de média e alta complexidade.

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VII. AVALIAÇÃO DO PSF POR GESTORES, PROFISSIONAIS DAS

ESF E FAMÍLIAS USUÁRIAS

1. AVALIAÇÃO DOS GESTORES

Avaliação dos gestores quanto às condições necessárias para implantação, dificuldades,

vantagens e inovações

Os gestores entrevistados consideraram como ponto mais positivo do PSF a possibilidade de

concretizar novo modelo assistencial. A satisfação de ver implementada uma nova concepção

de atendimento “levando a assistência para aquele que mais precisa, identificando, famílias

de risco, enfrentando um dos maiores desafios para quem trabalha na área de saúde pública,

que é realmente trabalhar o princípio da eqüidade.”

A busca de equidade, a constituição de vínculos e a humanização da assistência seriam os

principais fatores motivadores para o desenvolvimento da estratégia saúde da família.

Para o secretário municipal de saúde a principal vantagem do PSF era a capacidade potencial

do Saúde da Família como indutor da reorientação do modelo assistencial. “Induz processos

de mudanças e interfere na lógica prévia do sistema, que vai desde a relação com o usuário

do serviço, a questão dos profissionais, obrigando as instituições a repensarem o seus

processos de trabalho.” Em Vitória, consolidou e deu agilidade no processo de organização

do sistema do município. Na opinião do gestor local a experiência estaria consolidada e seria

difícil ocorrer retrocesso: “no ponto onde chegou seria muito complicado desmontar, a não

ser que haja um processo geral no País que reivindique isso”.

A coordenação local considerava que o PSF ampliou a legitimidade do SUS: a população

passou a acreditar um pouco mais no Sistema Único de Saúde ... A população passou a ver

profissionais interessados na vida dela, preocupados com a saúde dela.” Para tal teria

também contribuído a possibilidade de atendimento domiciliar proporcionada pelo PSF.

“Pessoas que estavam acamadas, abandonadas dentro de casa, que a família não tinha

condições de levar à unidade de saúde para tomar uma vacina, fazer uma consulta ... agora

podem ser atendidas em casa.”

As principais dificuldades seriam de integração da rede e de qualificação do profissional para

prestar atenção integral. Na opinião do secretário municipal, um grande fator limitante era a

habilitação do município apenas na gestão básica, não sendo o gestor da rede secundária, nem

dispondo de serviços ambulatoriais de média e alta complexidade.

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 266

Como ponto fraco foi assinalado também o excessivo número de famílias por ESF

preconizado pelo MS, especialmente para grandes centros urbanos, quantidade esta que

inviabilizaria uma atenção adequada aos grupos prioritários articulado ao acolhimento e

atendimento da demanda espontânea. Em 2002 pretendia-se reduzir o número de famílias

adscritas de 750 para 600 por ESF.

Um dos nós críticos era a qualificação dos profissionais para atender todas as novas

demandas do Programa. Na opinião da coordenação havia a necessidade de um investimento

maior nos Pólos de Capacitação dos Estados além da criação de um incentivo para a

formação de pólos municipais.

Outra importante dificuldade para expandir o PSF, na opinião dos gestores locais, era

resolver as questões trabalhistas de contratação de recursos humanos. Em Vitória com o

esgotamento da possibilidade de renovação dos contratos temporários após três anos

encontrava-se em um impasse.

Questões corporativas de disputa de campo de atuação de médicos com enfermagem eram

outra fator limitante para o desenvolvimento do Saúde da Família. Os gestores locais

reivindicavam uma atuação mais efetiva do Ministério da Saúde neste aspecto.

Percepção dos gestores quanto ao impacto do PSF

A avaliação dos gestores quanto à repercussão sobre a assistência e ao impacto do PSF sobre

alguns indicadores de saúde foi em geral positiva. A relação de afirmativas mostradas no

quadro a seguir foi apresentada a sete dos gestores municipais da SMS entrevistados.

As opiniões dos gestores basearam-se em suas percepções de mudança e em avaliação quanto

às potencialidades do PSF. Todos os gestores apontaram um alto impacto do programa na

ampliação do acesso da população à atenção à saúde, redução da mortalidade infantil,

aumento da cobertura vacinal, redução da mortalidade materna, aumento no número de

consultas de enfermagem, aumento no número de atendimentos por pessoal de nível médio,

aumento da cobertura de pré-natal e maior resolutividade do sistema público de saúde.

Embora avaliassem os resultados como positivos, não houve unanimidade entre os gestores

entrevistados quanto à intensidade do impacto do PSF na: melhoria da qualidade da atenção

prestada, mudança no perfil epidemiológico em decorrência da redução de doenças, no

aumento no número de consultas médicas por habitante e maior satisfação dos usuários com o

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 267

sistema público de saúde. Para estes aspectos o impacto da avaliação dos gestores variou

entre médio e alto.

No que se refere ao aumento no número de paciente referenciados e efetivamente atendidos,

parte dos gestores considerou o impacto médio e parte não soube responder. A maioria dos

gestores também não soube avaliar o impacto do PSF quanto à redução do número de

internações hospitalares.

Em relação ao impacto do PSF na redução da pressão da demanda sobre serviços de

emergência a avaliação foi menos positiva, variando entre baixo e médio segundo a opinião

dos gestores. Para o secretário municipal a forma de organização do sistema é que vai

determinar a pressão da demanda, ocasionando sua redução ou aumento.

Quadro 73 – Opinião dos gestores SUS entrevistados quanto ao impacto do PSF em

Vitória (ES), abril 2002

Impacto sobre Sem Baixo Médio Alto Não

sabe

Ampliação do acesso da população à atenção à saúde X

Melhoria da qualidade da atenção prestada X X

Redução da pressão da demanda sobre serviços de emergência X X

Mudança no perfil epidemiológico em decorrência da redução doenças X X

Redução da mortalidade infantil X

Aumento da cobertura vacinal X

Redução da mortalidade materna X

Aumento no número de consultas médicas por habitante X X

Aumento no número de consultas de enfermagem X

Aumento no número de atendimentos por pessoal de nível médio X

Aumento da cobertura de pré-natal X

Aumento no número de paciente referenciados e efetivamente atendidos X X

Redução do número de internações hospitalares X

Maior satisfação dos usuários com o sistema público de saúde X X

Maior resolutividade do sistema público de saúde X

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

2. AVALIAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DAS ESF

Foi solicitado a um conjunto de 341 profissionais das ESF, englobando as distintas categorias

(médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e ACS), que avaliassem alguns aspectos

referentes ao processo de implantação do PSF em Vitória, bem como identificassem

livremente um fator positivo e outro negativo de sua experiência de trabalho no programa.

A avaliação consistiu na concordância ou não com aspectos relacionados à ampliação do

acesso promovida pelo PSF, ao modelo assistencial introduzido pelo programa, à integração

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 268

do programa à rede de serviços de saúde, a possíveis inovações e dificuldades enfrentadas.

Para os ACS e auxiliares de enfermagem foi solicitado ainda que avaliassem com que

freqüência se deparavam com alguns possíveis obstáculos na realização de suas atividades.

Os resultados destas avaliações foram agrupados por categoria profissional e ao final busca-

se proceder a uma sucinta análise da correlação entre as diversas percepções.

Profissionais de nível superior

A maior parte dos 63 médicos e enfermeiros do PSF entrevistados em Vitória concordaram

muito que o programa ampliou o acesso de novas parcelas da população aos serviços de

saúde no município (64,5 e 65,7%, respectivamente), sendo que apenas 3 destes profissionais

não concordaram que tenha ocorrido esta ampliação.

Opiniões diferenciadas foram expressas em relação ao impacto do PSF na reorganização da

atenção à saúde no município. Cerca de 65% dos médicos concordaram muito que a USF

tornou-se a porta de entrada do sistema de saúde municipal e 32% concordaram em parte,

enquanto que entre os enfermeiros, estes percentuais corresponderam a 75% dos que

concordaram muito e 25% dos que concordaram em parte. Nenhum profissional de nível

superior discordou que a USF tenha se tornado a porta de entrada do SUS municipal.

Apesar desta avaliação, chama atenção o fato de que cerca de 45% dos médicos e 44% dos

enfermeiros concordaram em parte que a população ainda procura primeiro a rede

convencional ou hospitalar, embora um percentual bastante próximo (42% dos médicos e

41% dos enfermeiros) não tenham concordado com a afirmativa de que a população tem a

rede convencional ou hospitalar ainda como primeira referência.

Em torno de 52% dos médicos e 56% dos enfermeiros concordaram em parte que o PSF tem

uma área de abrangência ainda pequena. No entanto, 32% dos médicos não concordaram

com esta afirmação, percentual um pouco mais elevado entre os enfermeiros (22%). Ainda

assim, 13% dos médicos e 19% dos enfermeiros concordaram muito que a área de

abrangência do PSF é ainda pequena.

Dificuldades com o sistema de referência e contra-referência podem ser percebidas frente ao

grande percentual de profissionais de nível superior (65% dos médicos e 59% dos

enfermeiros) que não concordaram com a afirmativa de que a ESF conta com um sistema de

referência e contra-referência que permite ampliar a confiança no trabalho e na resolutividade

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 269

da rede básica. Apenas um médico concordou muito com esta assertiva e entre os

enfermeiros este percentual foi de 0%.

Para a maioria dos profissionais de nível superior do PSF de Vitória, a população ainda tem

uma forte demanda por atendimento médico, pressionando a equipe para o atendimento da

demanda espontânea: 81% dos médicos concordaram muito e 13% em parte com esta

afirmativa enquanto entre os enfermeiros, 88% concordaram muito e 9% em parte. Do

conjunto de profissionais de nível superior apenas um médico não concordou com a

afirmativa e dois profissionais não responderam à questão.

A percepção quanto à resolutividade do PSF, expressa na oferta de recursos adequados ao

enfrentamento dos problemas de saúde na comunidade, teve concordância parcial de 61% dos

médicos e 78% dos enfermeiros.

Da mesma forma, houve concordância parcial entre os médicos (52%) e boa parte dos

enfermeiros (91%) com a assertiva de que a população se sente esclarecida sobre cuidados

rotineiros com a saúde. No entanto, 20% dos médicos não concordaram que a população se

sinta esclarecida enquanto que 26% dos médicos e 6% dos enfermeiros concordaram muito

com este aspecto.

A determinação dos fatores socioeconômicos na condição de carência da comunidade e sua

prevalência sobre a qualidade da atenção é um aspecto com o qual a maioria dos profissionais

de nível superior concordaram: 65% dos médicos concordaram muito e 29% em parte com

esta assertiva enquanto que entre os enfermeiros estes percentuais foram de 63% entre os que

concordaram muito e 34% dos concordaram em parte que os fatores socioeconômicos que

determinam a condição de carência da comunidade ainda prevalecem sobre a qualidade da

atenção, prejudicando a melhoria da qualidade de vida. Apenas um médico não concordou

com esta questão e dois profissionais não responderam.

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 270

Quadro 74 – Percepção dos Médicos sobre o PSF, Vitória (ES), 2002

Percepção sobre o PSF Concorda

muito

Concorda

em parte

Não

concorda

Não

respondeu

Total

N % N % N % N % N %

A ESF ampliou o acesso de novas parcelas da

população aos serviços de saúde no município 20 64,5 8 25,8 2 6,5 1 3,2 31 100,0

A USF tornou-se a porta de entrada do sistema

de atenção 20 64,5 10 32,3 - - 1 3,2 31 100,0

A população ainda procura primeiro a rede

convencional ou hospitalar 3 9,7 14 45,2 13 41,9 1 3,2 31 100,0

O PSF tem uma área de abrangência ainda

pequena 4 12,9 16 51,6 10 32,3 1 3,2 31 100,0

A ESF conta com um sistema de referência e

contra-referência que permite ampliar a

confiança no trabalho e na resolutividade da rede

básica

1 3,2 9 29,1 20 64,5 1 3,2 31 100,0

A população ainda tem uma forte demanda por

atendimento médico, pressionando a ESF para o

atendimento da demanda espontânea

25 80,7 4 12,9 1 3,2 1 3,2 31 100,0

A ESF oferece recursos adequados ao

enfrentamento dos problemas de saúde na

comunidade

7 22,6 19 61,2 4 12,9 1 3,2 31 100,0

A população se sente esclarecida sobre cuidados

rotineiros com a saúde 8 25,8 16 51,6 6 19,4 1 3,2 31 100,0

Os fatores socioeconômicos que determinam a

condição de carência da comunidade ainda

prevalecem sobre a qualidade da atenção,

prejudicando a melhoria da qualidade de vida

20 64,5 9 29,1 1 3,2 1 3,2 31 100,0

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 271

Quadro 75 – Percepção dos Enfermeiros sobre o PSF, Vitória (ES), 2002

Percepção sobre o PSF Concorda

muito

Concorda

em parte

Não

concorda

Não

respondeu

Total

N % N % N % N % N %

A ESF ampliou o acesso de novas parcelas

da população aos serviços de saúde no

município

21 65,7 9 28,1 1 3,1 1 3,1 32 100,0

A USF tornou-se a porta de entrada do

sistema de atenção 24 75,0 8 25,0 - - - - 32 100,0

A população ainda procura primeiro a rede

convencional ou hospitalar 4 12,5 14 43,8 13 40,6 1 3,1 32 100,0

O PSF tem uma área de abrangência ainda

pequena 6 18,8 18 56,2 7 21,9 1 3,1 32 100,0

A ESF conta com um sistema de referência e

contra-referência que permite ampliar a

confiança no trabalho e na resolutividade da

rede básica

- - 11 34,4 19 59,3 2 6,3 32 100,0

A população ainda tem uma forte demanda

por atendimento médico, pressionando a ESF

para o atendimento da demanda espontânea

28 87,5 3 9,4 - - 1 3,1 32 100,0

A ESF oferece recursos adequados ao

enfrentamento dos problemas de saúde na

comunidade

5 15,6 25 78,1 2 6,3 - - 32 100,0

A população se sente esclarecida sobre

cuidados rotineiros com a saúde 2 6,3 29 90,6 - - 1 3,1 32 100,0

Os fatores socioeconômicos que determinam

a condição de carência da comunidade ainda

prevalecem sobre a qualidade da atenção,

prejudicando a melhoria da qualidade de vida

20 62,5 11 34,4 - - 1 3,1 32 100,0

FONTE: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

Aos 63 profissionais de nível superior das ESF de Vitória foi solicitado que comentassem

livremente um fator positivo e outro negativo de sua experiência de trabalho no PSF. Do

conjunto destes profissionais, apenas 6,3% não responderam à questão.

Em relação aos aspectos positivos, os mais destacados eram aqueles referentes a mudanças no

modelo de atenção à saúde e nas práticas sanitárias, a relação com a população adscrita e no

interior da própria equipe e a resolutividade do programa.

A primeira menção do conjunto de profissionais de nível superior foi a atenção à saúde

prestada pelo PSF (o que inclui mudanças de hábitos, prevenção e promoção da saúde e

melhoria da qualidade de vida), sendo esta questão a segunda mais mencionada pelos

médicos. Para estes profissionais, o aspecto positivo mais destacado foi o vínculo com a

população, terceira menção entre os enfermeiros.

A possibilidade de conhecer os problemas da população e de trabalhar diretamente com ela,

realizando visitas domiciliares e acompanhando seu cotidiano foi outro aspecto bastante

destacado pelos profissionais de nível superior, sobretudo enfermeiros.

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 272

Em quarto lugar em número de menções sobre fatores positivos do PSF apareceram

aspectos relacionados ao trabalho em equipe (bom ambiente de trabalho; entrosamento com

outros profissionais; vínculo com outros profissionais).

Outros pontos positivos destacados pelo conjunto de profissionais de nível superior foram: o

crescimento profissional e valorização pessoal e profissional; os resultados e a resolutividade

do programa e a receptividade, participação e interesse da população adscrita.

Quadro 76 – Percepção dos profissionais de nível superior sobre fatores positivos de sua

experiência de trabalho no PSF, Vitória (ES), 2002

Experiência positiva Posição na percepção dos profissionais

de nível superior

Total Médico Enfermeiro

Atenção à saúde; Mudança de hábitos; Prevenção; Promoção;

Melhorar a qualidade de vida da população 1º 2º 1º

Vínculo com a população; Bom relacionamento; Entrosamento;

Satisfação da população 2º 1º 3º

Possibilidade de conhecer os problemas da população; Visitas

domiciliares; Trabalhar diretamente com a população;

Acompanhamento

3º 3º 2º

Bom ambiente de trabalho; Entrosamento com outros profissionais;

Vínculo com outros profissionais; Trabalho em equipe 4º 4º 4º

Crescimento profissional ; Valorização pessoal e profissional 5º 7º 4º

Resolução; Resultados; Resolutividade 6º 6º 5º

Receptividade; População participativa, interessada 7º 5º -

FONTE: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

Dentre os aspectos negativos, os mais destacados pelos profissionais de nível superior

estavam relacionados à precariedade das condições de trabalho, sobretudo falta de estrutura

física e de laboratório de apoio e sobrecarga de trabalho; dificuldades de referência e contra-

referência e falta de capacitação e treinamento.

A falta de estrutura física recebeu o maior número de menções por parte de enfermeiros e

ocupou a quarta posição na avaliação dos médicos. Para estes últimos, o aspecto negativo

mais mencionado foi a sobrecarga de trabalho e a carga horária rígida do programa, questão

também assinalada por enfermeiros, ainda que em menor proporção. Associado de certa

forma a este ponto está o número excessivo de famílias por ESF, o que implica numa

demanda muito maior que a capacidade de atender. Esta foi a segunda menção dos médicos.

A demanda espontânea também foi um ponto bastante assinalado pelo conjunto de

profissionais de nível superior.

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 273

Outros aspectos negativos da experiência no PSF que mereceram destaque na avaliação

destes profissionais foram o valor do salário e as dificuldades na referência e na contra-

referência.

Uma questão bastante assinalada pelos enfermeiros do programa foi a falta de

regulamentação da portaria municipal que normatiza as ações destes profissionais, sendo este

um ponto nevrálgico nos conflitos e resistências do PSF com a categoria médica no estado.

Este aspecto foi o terceiro mais mencionado na avaliação dos enfermeiros sobre fatores

negativos de sua experiência de trabalho no PSF em Vitória.

Quadro 77 – Percepção dos profissionais de nível superior sobre fatores negativos de

sua experiência de trabalho no PSF, Vitória (ES), 2002

Experiência negativa Posição na percepção dos profissionais de

nível superior

Total Médico Enfermeiro

Falta de estrutura física; Falta de unidade própria; Falta de espaço

físico; Falta de consultório; Falta de laboratório de apoio 1º 4º 1º

Falta de treinamento; Falta de reciclagem; Falta de capacitação 2º 6º 2º

Sobrecarga de trabalho; Carga horária rígida 3º 1º 4º

Demanda espontânea; Demanda não programada 4º 4º 6º

Valor do salário 4º 2º 8º

Demanda muito maior que a capacidade de atender; Número

excessivo de famílias 6º 2º 9º

Dificuldades na referência; Dificuldades no encaminhamento aos

especialistas 6º 6º 4º

Dificuldades na contra-referência 8º 6º 6º

Falta de regulamentação da portaria municipal que normatiza as

ações dos enfermeiros 8º 9º 3º

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

Auxiliares de enfermagem

Foi perguntado a 76 auxiliares de enfermagem que trabalhavam no PSF de Vitória com que

freqüência estes se deparavam com alguns obstáculos ao desempenho de suas atividades no

programa. As respostas obtidas dão noção das principais dificuldades enfrentadas pelos

profissionais no trabalho desenvolvido.

A forte demanda por atendimento médico é um obstáculo muito freqüente para a maioria dos

auxiliares de enfermagem (79%). Apenas menos de 4% dos entrevistados informaram que

esta era uma dificuldade pouco freqüente (2,6%) ou que não dificultava o desempenho de

suas atividades (1,3%) e pouco mais de 17% não souberam ou não quiseram responder.

A grande densidade populacional em relação ao padrão do programa foi considerada uma

dificuldade muito freqüente para cerca de 53% dos auxiliares de enfermagem. O percentual

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 274

de profissionais que avaliaram este aspecto como pouco freqüente (7%) ou que não

dificulta (9%) ficou em torno de 16%. O número de auxiliares que não responderam

correspondeu a cerca de 32% dos entrevistados.

Parte dos auxiliares de enfermagem avaliou que a gravidade dos riscos sociais no âmbito da

comunidade é muito freqüente (46%), mas um número significativo de profissionais

considerou pouco freqüente (20%) ou que não dificulta o desempenho das atividades do

programa (16%). Pouco menos de 20% não respondeu à questão.

Para cerca de 33% dos auxiliares de enfermagem do PSF de Vitória, o uso inadequado dos

serviços de saúde é um obstáculo muito freqüente. No entanto, 25% avaliaram como um

aspecto pouco freqüente e 8% consideraram que o uso inadequado dos serviços de saúde não

dificulta o desempenho de suas atividades profissionais. O percentual de não respostas girou

em torno de 34%.

Avaliação semelhante recebeu o item referente à quantidade excessiva de membros

individuais nos grupos familiares: cerca de 32% dos auxiliares avaliaram como obstáculo

muito freqüente, 25% como pouco freqüente e menos de 4% como fator que não dificulta

suas atividades. O percentual de não respostas foi de quase 40%.

As opiniões dos auxiliares de enfermagem quanto à baixa mobilização dos usuários para

participar das atividades se dividiram entre aqueles que consideraram que este é um obstáculo

muito freqüente (25%), pouco freqüente (26%) ou não dificulta (12%). O percentual de não

respostas foi de cerca de 37%.

A baixa mobilização da comunidade para participar nos CLS foi avaliada como muito

freqüente por 21% dos auxiliares de enfermagem. No entanto, para 24% esta é uma

dificuldade pouco freqüente e para 14,5% não dificulta o trabalho. O percentual de auxiliares

que não respondeu foi superior a 40%.

Em relação à inadequação do planejamento e programação das atividades, menos de 15%

avaliou que este é um obstáculo muito freqüente enquanto que para 21% é pouco freqüente

ou, na opinião de 12%, não dificulta o trabalho desenvolvido. Chama atenção o elevado

percentual de profissionais que não responderam a esta questão (cerca de 53%).

As avaliações mais positivas dos auxiliares de enfermagem do PSF de Vitória foram em

relação a: fragilidade de vínculos com a comunidade; rotatividade dos profissionais;

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 275

fragilidade dos vínculos dentro da equipe e dificuldade de acesso dos profissionais ao

território.

Cerca de 21% dos auxiliares de enfermagem considerou que a fragilidade dos vínculos com a

comunidade não dificulta o desempenho de suas atividades e mais de 30% avaliaram que este

é um obstáculo pouco freqüente. Apesar disto, 12% informaram que a fragilidade dos

vínculos com a comunidade é um obstáculo muito freqüente. Cerca de 37% dos profissionais

não responderam a esta questão.

Para 21% dos auxiliares, a rotatividade dos profissionais não dificulta o desempenho de suas

atividades e 25% disseram que este é um obstáculo pouco freqüente. Cerca de 17% é que

avaliou como um obstáculo muito freqüente enquanto que mais de 36% não responderam à

questão.

A maior parte dos auxiliares de enfermagem (51%) avaliou positivamente os vínculos dentro

da equipe: enquanto 29% informou que a fragilidade de vínculos dentro da equipe não

dificulta o desempenho de suas atividades, pouco mais de 22% declarou que este aspecto é

pouco freqüente. Apenas menos de 7% informaram que esta é uma dificuldade muito

freqüente no programa. O percentual de não respostas foi superior a 42%.

Também o acesso dos profissionais ao território foi avaliado de forma positiva pelos

auxiliares de enfermagem: 29% consideraram a dificuldade de acesso dos profissionais ao

território como um aspecto que não dificulta o trabalho e 25% como obstáculo pouco

freqüente. O percentual dos auxiliares que informaram que este é um obstáculo muito

freqüente foi de cerca de 18% enquanto que o número dos que não responderam equivaleu a

quase 28%.

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 276

Quadro 78 – Percepção dos auxiliares de enfermagem sobre fatores que dificultam o

desempenho de suas atividades, Vitória (ES), 2002

Dificuldades Muito

freqüente

Pouco

freqüente

Não dificulta Não sabe/Não

respondeu

Total

N % N % N % N % N %

Forte demanda por

atendimento médico 60 79,0 2 2,6 1 1,3 13 17,1 76 100,0

Grande densidade

populacional em relação ao

padrão do programa

40 52,6 5 6,6 7 9,2 24 31,6 76 100,0

Gravidade riscos sociais no

âmbito da comunidade 35 46,1 15 19,7 12 15,8 14 18,4 76 100,0

Uso inadequado dos serviços

de saúde 25 32,9 19 25,0 6 7,9 26 34,2 76 100,0

Quantidade excessiva de

membros individuais nos

grupos familiares

24 31,6 19 25,0 3 3,9 30 39,5 76 100,0

Baixa mobilização dos

usuários para participar das

atividades

19 25,0 20 26,3 9 11,8 28 36,7 76 100,0

Baixa mobilização da

comunidade para participar

nos CLS

16 21,1 18 23,7 11 14,5 31 40,7 76 100,0

Inadequação do planejamento

e programação das atividades 11 14,5 16 21,1 9 11,8 40 52,6 76 100,0

Fragilidade dos vínculos com

a comunidade 9 11,8 23 30,3 16 21,1 28 36,8 76 100,0

Rotatividade dos profissionais 13 17,1 19 25,0 16 21,1 28 36,8 76 100,0

Fragilidade dos vínculos

dentro da equipe 5 6,6 17 22,4 22 28,9 32 42,1 76 100,0

Difícil acesso dos

profissionais ao território 14 18,4 19 25,0 22 29,0 21 27,6 76 100,0

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

Ao mesmo conjunto de 76 auxiliares de enfermagem do PSF em Vitória, foi solicitado que

também avaliassem alguns aspectos relacionados aos resultados de seus trabalhos e o alcance

de alguns dos objetivos do PSF, por meio da concordância ou não com afirmações sobre o

programa.

Em relação à acessibilidade do PSF, menos da metade dos auxiliares de enfermagem

concordou muito com a afirmativa de que o programa ampliou o acesso de novas parcelas

populacionais aos serviços de saúde enquanto que 22% concordaram em parte e cerca de 7%

discordou. Mais de 22 dos profissionais não responderam à questão.

Para pouco mais de 38% dos entrevistados, o PSF concentra-se em áreas pobres da cidade,

percentual próximo ao dos que não concordaram (33%). Cerca de 20% dos auxiliares

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 277

concordaram em parte que o programa está concentrado nas áreas pobres da cidade e

menos de 10% não responderam.

As avaliações dos auxiliares de enfermagem quanto a aspectos relacionados à reorganização

dos serviços e reorientação da demanda foram heterogêneas. Quase metade dos entrevistados

concordaram muito que o PSF substitui as unidades básicas tradicionais de saúde enquanto

menos de 30% concordaram em parte e cerca de 10% não concordaram com esta assertiva. O

percentual de não respostas foi de 13%.

Um percentual mais elevado concordou muito (65%) que a população primeiro procura a

USF ao mesmo tempo em que cerca de 20% concordaram muito. Apenas cinco auxiliares de

enfermagem (7%) não concordaram que a população procura a USF primeiro e 9% não

responderam.

Esta avaliação não é confirmada quando os auxiliares de enfermagem foram solicitados a

avaliar se a população primeiro procura hospitais ou unidades tradicionais de saúde: 25%

concordaram muito, 32% concordaram em parte e 22,4 não concordaram que a população

primeiro procura hospitais ou unidades tradicionais de saúde. Pouco mais de 21% dos

entrevistados não responderam à questão.

Quanto ao fato de que a população atendida procura menos os serviços hospitalares e

especializados, 40% concordaram muito e 30% concordaram em parte, mas quase 20% não

concordaram que com o PSF a população procure menos os serviços hospitalares e

especializados. O número dos auxiliares que não responderam à questão correspondeu a 11%.

Se 29% dos entrevistados concordaram muito que o PSF cumpre na prática as funções de

pronto atendimento, outros 38% concordaram em parte e 25% não concordaram com esta

assertiva. Cerca de 8% não responderam à questão.

A importância que o PSF assume no sistema de saúde municipal pode ser ilustrada pelo

elevado percentual (80%) de auxiliares de enfermagem que não concordaram que o

programa não tem importância na saúde do município. Apenas oito profissionais

concordaram com esta assertiva: menos de 7% concordaram muito e 4% concordaram em

parte. O percentual de não respostas foi de 9%.

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 278

Metade dos entrevistados concordou muito que o PSF atrai a população vizinha que

sobrecarrega o atendimento e 22% concordaram em parte. Em torno de 17% não concordou

com esta sobrecarga e 11% não responderam.

Excetuando-se os que não responderam à questão (18%), os auxiliares de enfermagem

dividiram-se entre os que não concordaram (41%) que a população alvo resiste às ações das

USF e aqueles que concordaram muito (18%) ou concordaram em parte (22%).

As avaliações dos auxiliares de enfermagem acerca de duas inovações do PSF foram

favoráveis: quase metade (47%) concordou muito e 24% concordou em parte que o PSF atua

articulado aos programas de saúde existentes no município. Menos de 10% discordou desta

afirmativa e quase 20% não respondeu.

Em relação ao favorecimento de ações intersetoriais, 40% concordaram muito e 26%

concordaram em parte. Pouco mais de 10% não concordaram que o PSF favorece ações

intersetoriais no município e 24% não responderam à questão.

Quadro 79 – Percepção dos auxiliares de enfermagem sobre o PSF, Vitória (ES), 2002

Percepção sobre PSF Concorda

muito

Concorda em

parte

Não

concorda

Não sabe/Não

respondeu

Total

N % N % N % N % N %

Ampliou o acesso de novas

parcelas da população 37 48,6 17 22,4 5 6,6 17 22,4 76 100,0

Concentra-se em áreas pobres 29 38,2 15 19,7 25 32,9 7 9,2 76 100,0

Substitui as unidades básicas

tradicionais de saúde 37 48,7 22 28,9 7 9,2 10 13,2 76 100,0

População procura a USF primeiro 49 64,5 15 19,7 5 6,6 7 9,2 76 100,0

População primeiro procura

hospitais ou unidades tradicionais

de saúde

19 25,0 24 31,5 17 22,4 16 21,1 76 100,0

A população atendida procura

menos os serviços hospitalares e

especializados

30 39,5 23 30,3 15 19,7 8 10,5 76 100,0

Cumpre na prática as funções de

pronto atendimento 22 28,9 29 38,2 19 25,0 6 7,9 76 100,0

Não tem importância na atenção à

saúde do município 5 6,6 3 3,9 61 80,3 7 9,2 76 100,0

Atrai a população vizinha que

sobrecarrega o atendimento 38 50,0 17 22,4 13 17,1 8 10,5 76 100,0

População alvo resiste às ações

das USF 14 18,4 17 22,4 31 40,8 14 18,4 76 100,0

Atua articulado aos programas de

saúde existentes no município 36 47,4 18 23,7 7 9,2 15 19,7 76 100,0

Favorece ação intersetorial no

município 30 39,5 20 26,3 8 10,5 18 23,7 76 100,0

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 279

Foi ainda solicitado aos auxiliares de enfermagem que comentassem livremente um fato

positivo e outro negativo de sua experiência de trabalho no PSF. O percentual de não

respostas foi elevado: 29% para o aspecto positivo e 33% para o negativo.

Entre os aspectos positivos, os mais destacados foram aqueles relacionados a mudanças nas

práticas profissionais. Em primeiro lugar na freqüência de menções apareceu a possibilidade

de ajudar, informar, educar a população sobre a saúde, seguida do trabalho direto com a

população, o que inclui a possibilidade de conhecer os problemas e o trabalho em equipe. A

valorização, pela população, do trabalho desenvolvido e possibilidade de trabalhar com a

população pobre também foram outros dos cinco fatores positivos mais destacados pelos

auxiliares.

Quadro 80 – Percepção dos auxiliares de enfermagem sobre fatores positivos da

experiência de trabalho no PSF, Vitória (ES), 2002

Experiência positiva Posição na percepção dos

auxiliares de enfermagem

Possibilidade de ajudar, informar, educar a população sobre a saúde; Mudança de

hábitos; Prevenção; Promoção 1º

Possibilidade de conhecer os problemas da população; visita domiciliar; Aprender

com a população; Conhecer os problemas in loco; Fazer visitas domiciliares;

Trabalhar diretamente com a população

Trabalho em equipe; Bom entrosamento da equipe; União da equipe 2º

Ligação forte com a população; Reconhecimento pela população do trabalho

realizado; Bom relacionamento com a população; Valorização do trabalho pela

população

Possibilidade de trabalhar com as pessoas pobres 5º

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

Quanto aos fatores negativos, a sobrecarga do programa em termos da demanda muito maior

que a capacidade de atendimento e o número excessivo de famílias foi o aspecto mais

destacado pelo conjunto dos auxiliares de enfermagem entrevistados.

Também a falta de estrutura física do programa recebeu muitas menções na avaliação destes

profissionais. Em terceiro lugar na freqüência dos aspectos negativos mencionados, apareceu

a falta de treinamento e de reciclagem, demonstrando que a capacitação merece maior

atenção por parte dos gestores.

Outros aspectos negativos mais mencionados pelos auxiliares contrariam as avaliações

referentes aos aspectos positivos. A resistência e hostilidade da população ao programa, as

reclamações da população e a falta de entrosamento na equipe figuraram entre os quarto e

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 280

quinto aspectos com maior freqüência na menção dos auxiliares de enfermagem do PSF de

Vitória.

Quadro 81 – Percepção dos auxiliares de enfermagem sobre fatores negativos da

experiência de trabalho no PSF, Vitória (ES), 2002

Experiência negativa Posição na percepção dos

auxiliares de enfermagem

Demanda muito maior que a capacidade de atender; Número excessivo de

famílias 1º

Falta de estrutura física; Falta de consultórios; Falta de local para as

programações com as famílias; Falta de local próprio; Falta de espaço físico;

Falta de laboratório de apoio

Falta de treinamento; Falta de reciclagem 3º

Resistência da população ao Programa; Hostilidade da população; Pessoas que

não valorizam a informação recebida 4º

Falta de entrosamento na equipe; Desentendimento na equipe; Postura superior

dos médicos 5º

Reclamações da população; Ser visto pela população como culpado pelos

problemas de atendimento e de falta de material 5º

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

Agentes comunitários de saúde

Foi solicitado a 202 agentes comunitários do PSF de Vitória que avaliassem alguns aspectos

relacionados ao programa, bem como comentassem livremente um aspecto positivo e outro

negativo de sua experiência de trabalho.

Solicitou-se que os ACS avaliassem com que freqüência se deparavam com alguns obstáculos

ao desempenho de suas atividades. Para a maioria dos ACS, a forte demanda por atendimento

médico era um obstáculo muito freqüente (77%), enquanto que 15% avaliaram como pouco

freqüente e 6% como um aspecto que não dificulta o desempenho de suas atividades.

O uso inadequado dos serviços de saúde apareceu como um obstáculo muito freqüente para

46% dos ACS, pouco freqüente para 20% e não dificulta o trabalho na opinião de 23%. O

percentual dos que não souberam ou não responderam foi de 11%.

A grande densidade populacional em relação ao padrão do programa foi considerada um

obstáculo muito freqüente para 42% dos ACS, mas a maior parte destes profissionais

considerou que este é um fator pouco freqüente (13%) e que não dificulta o desempenho das

atividades.

Para 40% dos ACS, a baixa mobilização da comunidade para participar nos CLS é uma

dificuldade muito freqüente. No entanto, cerca de 33% avaliaram-na como pouco freqüente e

cerca de 20% informaram que não dificulta o desempenho de suas atividades.

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 281

Na avaliação de 35% dos ACS, a gravidade dos riscos sociais no âmbito da comunidade

foi considerada muito freqüente, embora a maioria tenha avaliado como pouco freqüente

(23%) e não dificulta (37%).

Cerca de 29% do conjunto de ACS entrevistados avaliaram a baixa mobilização dos usuários

para participar das atividades do programa como obstáculo muito freqüente. Entretanto, para

41% este foi considerado um obstáculo pouco freqüente enquanto que 21% declararam que

não dificulta o desempenho de suas atividades.

A quantidade excessiva de membros individuais nos grupos familiares não dificulta o

desempenho das atividades na avaliação de 36% dos ACS. Outros 24% avaliaram que esta é

uma dificuldade pouco freqüente enquanto que cerca de 27% avaliaram como muito

freqüente. Mais de 14% não souberam ou não responderam à questão.

Avaliação semelhante recebeu o item sobre rotatividade dos profissionais. Para 36% , este é

um aspecto que não dificulta o trabalho e para 28% é pouco freqüente. Mas para cerca de

23% este é um obstáculo muito freqüente ao desempenho de suas atividades. O percentual de

não respostas foi de quase 14%.

Dentre os ACS entrevistados, a maioria avaliou que a inadequação do planejamento e

programação das atividades não dificulta (53%) ou é um obstáculo pouco freqüente (25%).

No entanto, na avaliação de 14%, este foi considerado um obstáculo muito freqüente. Cerca

de 15% não souberam ou não responderam à questão.

As avaliações dos ACS quanto ao estabelecimento de vínculos com a comunidade foram

positivas: 53% informaram que a fragilidade dos vínculos com a comunidade não dificulta

seu trabalho no PSF e 20% disseram que esta é uma dificuldade pouco freqüente. Menos de

8% avaliaram este aspecto como muito freqüente. Os ACS que não souberam ou não

responderam à questão eqüivaleram a cerca de 20% dos entrevistados.

Também os vínculos dentro da equipe receberam avaliações positivas dos ACS. Para 54% a

fragilidade dos vínculos dentro da equipe não dificulta seu desempenho profissional e 21%

opinaram que esta é uma dificuldade pouco freqüente. Apenas para 6% dos ACS, a

fragilidade dos vínculos dentro da equipe constitui um obstáculo muito freqüente. Em torno

de 20% dos ACS não souberam ou não responderam à questão.

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 282

Para a maioria dos ACS entrevistados(74%), o difícil acesso dos profissionais ao território

não configura numa dificuldade ao desempenho de suas atividades. para 13% este é um

obstáculo pouco freqüente enquanto que 9% declararam que é muito freqüente.

Quadro 82 – Percepção dos agentes comunitários de saúde sobre fatores que dificultam

o desempenho de suas atividades, Vitória (ES), 2002

Dificuldades Muito

Freqüente

Pouco

Freqüente

Não

Dificulta

Não Sabe Não

Respondeu

Total

N % N % N % N % N % N %

Forte demanda por

atendimento médico 156 77,3 31 15,3 13 6,4 - - 2 1,0 202 100,0

Uso inadequado dos

serviços de saúde 92 45,5 41 20,3 46 22,8 9 4,5 14 6,9 202 100,0

Grande densidade

populacional em relação ao

padrão do programa

84 41,5 26 12,9 80 39,6 6 3,0 6 3,0 202 100,0

Baixa mobilização da

comunidade para participar

nos CLS

81 40,0 66 32,7 38 18,8 10 5,0 7 3,5 202 100,0

Gravidade dos riscos

sociais no âmbito da

comunidade

71 35,1 47 23,3 74 36,6 9 4,5 1 0,5 202 100,0

Baixa mobilização dos

usuários para participar das

atividades

58 28,7 82 40,5 43 21,3 9 4,5 10 5,0 202 100,0

Quantidade excessiva de

membros individuais nos

grupos familiares

54 26,7 49 24,3 72 35,7 15 7,4 12 5,9 202 100,0

Rotatividade dos

profissionais 46 22,8 56 27,7 72 35,7 14 6,9 14 6,9 202 100,0

Inadequação do

planejamento e

programação das

atividades

28 13,9 50 24,8 94 46,5 16 7,9 14 6,9 202 100,0

Fragilidade dos vínculos

com a comunidade 16 7,9 40 19,8 107 53,0 13 6,4 26 12,9 202 100,0

Fragilidade dos vínculos

dentro da equipe 12 5,9 42 20,8 108 53,5 22 10,9 18 8,9 202 100,0

Difícil acesso dos

profissionais ao território 18 8,9 27 13,4 149 73,7 5 2,5 3 1,5 202 100,0

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

Também foi solicitado aos 202 ACS que respondessem qual seu grau de concordância com

alguns aspectos relacionados ao PSF de Vitória.

As avaliações destes profissionais sobre a acessibilidade do programa foram bastante

positivas: cerca de 57% concordaram muito que o PSF ampliou o acesso de novas parcelas da

população e quase 26% concordaram em parte. Apenas 4,5% discordaram que houve esta

ampliação. O percentual de ACS que não souberam ou não responderam foi de 13%

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 283

Mais de 24% dos entrevistados concordaram muito que o PSF concentra-se em áreas

pobres do município mais a maioria concordou em parte (28%) ou não concordou (45%) com

esta afirmativa.

O impacto produzido pelo PSF no sistema local de saúde pode ser inferido, entre outros itens,

da afirmativa de que o programa substitui as unidades básicas tradicionais de saúde.

Concordaram muito 49% enquanto 44% concordaram em parte. Apenas 5% não concordaram

que houve substituição das unidades básicas tradicionais pelo PSF.

Foi alto o percentual de ACS que concordaram muito que a população procura a USF

primeiro (72%). Cerca de 22% concordaram em parte e apenas 2% não concordaram. No

entanto, quando solicitados a avaliar a afirmativa de que a população primeiro procura

hospitais ou unidades tradicionais de saúde, as opiniões dos ACS não confirmaram a

tendência verificada no item anterior: 18% concordaram muito e 39% concordaram em parte

que a primeira unidade de saúde procura pela população seja hospitais ou unidades

especializadas enquanto o percentual dos que não concordaram foi de 35%.

Cerca de 39% dos ACS concordaram muito que a população atendida procura menos os

serviços hospitalares e especializados e 45% concordaram em parte, ao contrário dos 13%

que não concordaram com a afirmativa.

Dos 202 ACS entrevistados, 40% concordaram em parte que o PSF cumpre na prática as

funções de pronto-atendimento, enquanto que um quarto concordou muito. No entanto 33%

não concordaram com esta assertiva.

A importância do PSF na atenção à saúde do município de Vitória pode ser confirmada,

segundo a opinião dos ACS, pelo elevado percentual de profissionais (85%) que não

concordaram com a sentença “o programa não tem importância na atenção à saúde no

município”. Cerca de 7% concordaram em parte e outros 6% concordaram muito.

Enquanto 43% dos entrevistados concordaram em parte que a população alvo resiste às ações

das USF e 14% concordaram muito, um percentual considerável (38%) não concordaram

com a afirmativa.

Quase 51% dos ACS concordaram muito que o PSF atrai a população vizinha que

sobrecarrega o atendimento e 12% concordaram em parte mas 30 não concordaram com esta

assertiva.

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 284

As avaliações dos ACS quanto a aspectos relacionados à articulação do PSF com outros

programas de saúde existentes no município foram positivas: 61% concordaram muito que o

PSF atua articulado com outros programas e 30% concordaram em parte. Apenas 2%

discordaram desta afirmativa.

Também o fato de que o PSF favorece o desenvolvimento de ações intersetoriais no

município foi avaliado de forma positiva pelos ACS: 53% concordaram muito, 29%

concordaram em parte e 8% não concordaram. O percentual de ACS que não souberam ou

não responderam à questão foi de 11%.

Quadro 83 – Percepção dos agentes comunitários de saúde sobre o PSF, Vitória (ES),

2002

Percepção sobre PSF Concorda

muito

Concorda

em parte

Não

concorda

Não sabe Não

respondeu

Total

N % N % N % N % N % N %

Ampliou o acesso de novas

parcelas da população 115 56,9 52 25,7 9 4,5 20 9,9 6 3,0 202 100,0

Concentra-se em áreas pobres 49 24,3 57 28,2 91 45,0 2 1,0 3 1,5 202 100,0

Substitui as unidades básicas

tradicionais de saúde 99 49,0 89 44,1 10 5,0 1 0,5 3 1,5 202 100,0

População procura a USF

primeiro 145 71,7 45 22,3 4 2,0 3 1,5 5 2,5 202 100,0

População primeiro procura

hospitais ou unidades

tradicionais de saúde

36 17,8 78 38,7 71 35,1 12 5,9 5 2,5 202 100,0

A população atendida procura

menos os serviços hospitalares e

especializados

79 39,1 91 45,0 26 12,9 4 2,0 2 1,0 202 100,0

Cumpre na prática as funções de

pronto atendimento 50 24,8 81 40,0 67 33,2 2 1,0 2 1,0 202 100,0

Não tem importância na atenção

à saúde do município 13 6,4 14 6,9 171 84,7 1 0,5 3 1,5 202 100,0

População alvo resiste às ações

das USF 28 13,9 87 43,0 76 37,6 5 2,5 6 3,0 202 100,0

Atrai a população vizinha que

sobrecarrega o atendimento 103 50,9 24 11,9 61 30,2 6 3,0 8 4,0 202 100,0

Atua articulado aos programas de

saúde existentes no município 123 60,9 59 29,2 4 2,0 11 5,4 5 2,5 202 100,0

Favorece ação intersetorial no

município 106 52,5 58 28,7 16 7,9 14 6,9 8 4,0 202 100,0

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

Solicitados a comentar livremente um fato positivo e outro negativo de sua experiência de

trabalho no PSF, os ACS destacaram uma série de questões, sendo relativamente pequenos os

percentuais dos que não responderam: 2,5% para o fato positivo e 5,4% para o negativo.

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 285

Em relação aos aspectos positivos mais mencionados pelos ACS sobressaem aqueles

vinculados a mudanças nas práticas sanitárias, à relação com a população e ao trabalho em

equipe.

Em primeiro lugar na freqüência das menções dos ACS apareceram aspectos relativos ao

modelo de atenção à saúde (mudança de hábitos, prevenção e promoção, melhoria da

qualidade de vida). A seguir, o aspecto mais mencionado foi a possibilidade de conhecer os

problemas e trabalhar diretamente com a população enquanto o terceiro lugar foi ocupado

pela avaliação de que o PSF favorece o controle de doenças. A receptividade e interesse da

população e o trabalho em equipe foram outros dos aspectos positivos mais relatados pelos

ACS.

Quadro 84 – Percepção dos agentes comunitários de saúde quanto a fatores positivos da

experiência de trabalho no PSF, Vitória (ES), 2002

Experiência positiva Posição na percepção dos ACS

Atenção à saúde; Mudança de hábitos; Prevenção; Promoção; Melhorar a

qualidade de vida da população 1º

Possibilidade de conhecer os problemas da população; Visitas

domiciliares; Trabalhar diretamente com a população; Acompanhamento 2º

Controle de doenças (programas) 3º

Receptividade; População participativa, interessada 4º

Bom ambiente de trabalho; Entrosamento com outros profissionais;

Vínculo com outros profissionais; Trabalho em equipe 5º

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

Quanto aos fatores negativos da experiência de trabalho no PSF, os mais mencionados pelos

ACS foram o valor do salário; a falta de estrutura física do programa e a sobrecarga de

trabalho. Também mereceram destaque, no conjunto de aspectos relatados pelos ACS, a

demanda muito maior que a capacidade de atender e as reclamações da população, que

muitas vezes cobram dos agentes a solução de problemas acima de sua competência

profissional.

Quadro 85 – Percepção dos agentes comunitários de saúde quanto a fatores negativos

da experiência de trabalho no PSF, Vitória (ES), 2002

Experiência negativa Posição na percepção dos ACS

Valor do salário 1º

Falta de estrutura física; Falta de unidade própria;falta de espaço físico;

Falta de consultório; Falta de laboratório de apoio 2º

Sobrecarga de trabalho; Carga horária rígida 3º

Demanda muito maior que a capacidade de atender; Número excessivo de

famílias 4º

Reclamações da população; Ser visto como bode expiatório 5º

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 286

Pode-se dizer que as avaliações dos profissionais das diversas categorias que compõem as

equipes do PSF em Vitória foram concordantes em muitos aspectos.

As opiniões do conjunto destes profissionais em torno da ampliação do acesso promovida

pelo programa foram, em geral, positivas, ainda que com menor ênfase entre os auxiliares de

enfermagem.

A avaliação de que o PSF se constitui porta de entrada do sistema local de saúde foi positiva

entre os profissionais de nível superior, sobretudo enfermeiros. Também auxiliares de

enfermagem e ACS avaliaram, em sua maioria, que a população procura primeiro a USF. No

entanto, esta tendência parece ser contraposta pelo número de profissionais, sejam os de nível

superior, sejam os auxiliares e ACS, que concordou, ao menos em parte, que a população

ainda procura primeiro a rede convencional ou hospitalar.

Aspectos relativos a mudanças no modelo de atenção e nas práticas de saúde também

receberam avaliações favoráveis por parte das várias categorias profissionais, figurando,

inclusive, em primeiro lugar nas menções de fatores positivos do PSF de quase todas as

categorias, à exceção dos médicos para quem estes aspectos ocuparam o segundo lugar.

O estabelecimento de vínculos com a população foi outro ganho do PSF que mereceu

destaque entre as opiniões dos profissionais. Vale dizer que este aspecto foi o mais destacado

pelo conjunto dos médicos entrevistados quanto a fatores positivos de sua experiência de

trabalho no programa.

Também o trabalho interdisciplinar e o bom entrosamento no interior da equipe foram alvo de

opiniões positivas por parte de todas as categorias profissionais, sendo um aspecto dos mais

destacados no que tange a aspectos positivos do PSF. No entanto, entre os auxiliares de

enfermagem a falta de entrosamento da equipe figurou também entre os cincos fatores

negativos mais mencionados.

Apesar destes aspectos positivos, pontos frágeis do PSF foram destacados pelos profissionais

das diversas categorias. A sobrecarga de trabalho em geral e sua expressão em questões

específicas tais como a carga horária, a quantidade excessiva de membros individuais nos

grupos familiares e a demanda muito maior do que a capacidade de atendimento do programa

foram sinalizadas por todas as categorias profissionais.

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 287

A falta de estrutura física do programa também foi bastante referenciada pelos

profissionais, aparecendo em destaque entre os fatores negativos da experiência de trabalho

no PSF.

Boa parte dos profissionais entrevistados concordou que as condições socioeconômicas da

população interferem negativamente no alcance das ações do PSF, restringindo sua

resolutividade.

A integralidade da assistência no que diz respeito à existência de um sistema de referência e

contra-referência com o qual as ESF podem contar foi considerado um ponto frágil do

programa na avaliação dos profissionais de nível superior, sobretudo dos enfermeiros,

figurando entre os principais destaques acerca dos pontos negativos do programa.

O valor dos salários foi visto como ponto negativo por parte dos profissionais de nível

superior, sobretudo médicos, e pelos ACS.

Falta de treinamento e reciclagem foram aspectos ressaltados pelos auxiliares de enfermagem

e ACS, os quais também salientaram as reclamações da população, que os vêem com

freqüência como culpados pelos problemas de atendimento e de falta de material como

aspectos vulneráveis que o PSF em Vitória precisa enfrentar.

3. AVALIAÇÃO DAS FAMÍLIAS

Cerca de dois terços (68%) das 240 famílias entrevistadas em Vitória consideraram que após

a criação do PSF, as condições de saúde do bairro melhoraram, 15% avaliaram que estas não

se modificaram e na opinião de vinte e três famílias (10%), das quais destacam-se moradoras

das áreas sob responsabilidade das equipes 01 (5), 06 (5), 07 (4) e 08 (7), as condições de

saúde na localidade haviam piorado. As avaliações positivas em relação ao bom resultado da

implementação do PSF nas condições de saúde do bairro em que residem foram mais

elevadas entre famílias adscritas às equipes 02 (83%), 05 (77%) e 03 (73%) e entre famílias

vinculadas às equipes bem sucedidas (70%), do que entre aquelas vinculadas às equipes com

dificuldades (66%). As opiniões negativas e as que não identificaram mudanças nas

condições de saúde do bairro predominaram entre famílias vinculadas às equipes 08 (43%),

01 (33%), 07 (30%) e 04 (30%). Não se observou diferenças importantes quanto às opiniões

negativas (as condições de saúde do bairro pioraram) entre equipes com dificuldades e bem

sucedidas. Dezoito entrevistados (8%) declararam não saber avaliar.

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 288

Os entrevistados foram levemente mais críticos em relação à interferência do PSF nas

condições de saúde de suas famílias: 64% consideraram que estas haviam melhorado a partir

do funcionamento do programa, 24% avaliaram que as condições de saúde de suas famílias

permaneceram iguais e 7%, vinculadas às equipes 01 (5), 06 (1), 07 (4) e 08 (7), informaram

haver piorado. As avaliações mais positivas das conseqüências do PSF sobre as condições de

saúde de suas famílias foram dos moradores nas áreas sob responsabilidade das equipes 02 e

03 (73% para cada), e das famílias adscritas às equipes bem sucedidas (65%). As famílias que

mais consideraram, proporcionalmente, que a saúde de suas famílias não se modificara ou

que piorara estavam adscritas às equipes 08 (43%) e 06 (37%), e às equipes com dificuldades

(38%).

Um pouco mais da metade das famílias entrevistadas (56%) avaliou que com a criação do

PSF passou a procurar menos serviços hospitalares e especialistas, cerca de 28%

consideraram que a demanda por estes serviços permaneceu igual e 10% que aumentou. Estas

últimas concentravam-se nas equipes 07 e 08 (27% para cada) e em proporção levemente

superior entre as adscritas às equipes com dificuldades (15%). As famílias que informaram

precisar menos de serviços hospitalares ou especialistas desde a criação do PSF

concentraram-se nas áreas sob responsabilidade das equipes 02 (70%), 05 (70%) e 01 (63%)

e estavam vinculadas, em maior proporção, às equipes bem sucedidas (63%). Quase metade

(43%) das famílias sob a responsabilidade da equipe 03 e da equipe 06 (40%) consideraram

não ter ocorrido nenhuma mudança neste aspecto. Essa avaliação foi similar entre as famílias

das áreas de abrangência das equipes bem sucedidas e aquelas das equipes com dificuldades.

Para analisar melhor este item foi considerada como avaliação negativa a soma das famílias

que informaram que a demanda por hospitais e especialistas aumentara e as que declararam

que esta procura não havia sido modificada com a implantação do PSF, opinião de 38% do

total das famílias entrevistadas. Os percentuais de avaliação negativa foram superiores à

média entre as famílias adscritas às equipes 07 (50%), 08 (47%), 03 (43%) e 06 (40%) e entre

as famílias vinculadas às equipes com dificuldades (43%).

Cerca de 58% das famílias entrevistadas também consideraram que depois da criação do PSF

procuram menos serviços de urgência/emergência, percentual similar ao das famílias que

informaram procurar menos serviços hospitalares e especializados. Ao redor de 28% das

famílias informaram não ter ocorrido mudança nesse aspecto e 10% avaliaram que procuram

mais serviços de emergência. Estas últimas estavam vinculadas, principalmente, às equipes

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 289

08 (30%), 07 (20%) e 01 (17%), e em maior proporção entre as famílias sob

responsabilidade das equipes com dificuldades (15%). As áreas que apresentaram maiores

percentuais de famílias que com a implantação do PSF passaram a demandar menos serviços

de urgência e emergência estavam sob responsabilidade das equipes 02 (73%), 01 (70%) e 05

(67%) – avaliação que predominou entre as famílias adscritas às equipes bem sucedidas

(66%). As famílias para as quais a procura de serviços de emergência não se alterou estavam

concentradas nas áreas das equipes 06 (43%), 03 (40%) e 04 (33%) e apresentaram

proporções equivalentes tanto nas equipes consideradas bem sucedidas como as consideradas

com dificuldades (28%).

Com a implantação do PSF o atendimento nos casos de doença melhorou muito para 43% das

famílias e melhorou um pouco para 26% das famílias, congregando 69% das famílias que

consideraram ter melhorado a assistência aos doentes. Por outro lado, 18% das famílias

consideraram que o atendimento em caso de doença não melhorou e 7% que havia piorado.

Estas últimas relacionavam-se com as equipes 01 (3), 02 (2), 04 (1), 05 (1), 06 (1), 07 (4) e

08 (5). Os percentuais de opinião negativa foram levemente mais elevados entre famílias

vinculadas às equipes com dificuldades (8%). Entre as famílias adscritas às equipes 06

(37%), 07 (37%) e 08 (23%) observaram-se percentuais bem abaixo da média de avaliações

mais positivas, isto é, de famílias que consideraram que a assistência nos casos de doenças

melhorara muito com a criação do PSF. No entanto, a opinião bem positiva das famílias

apresentou percentuais similares para as equipes bem sucedidas (45%) e para as equipes com

dificuldades (42%). As famílias vinculadas às equipes 06 (47%), 02 e 05 (37% para cada)

foram as que, proporcionalmente, mais mencionaram que a assistência ao doente melhorou

um pouco. As famílias que mais consideraram que o atendimento em caso de doença não

melhorou residiam nas áreas sob responsabilidade das equipes 01 e 07 (27% para cada).

Considerando o conjunto dos cinco itens de avaliação foi possível verificar coerências e

contradições entre as características assinaladas por gestores municipais do PSF que, a partir

de critérios indicados pela pesquisa, consideraram ser a equipe bem sucedida ou com

dificuldades, e as opiniões das famílias atendidas. Para o conjunto de critérios as opiniões das

famílias adscritas às ESF assinaladas pelos gestores como bem sucedidas foram, em geral,

mais positivas. No entanto, na análise de cada equipe dessemelhanças da avaliação dos

gestores foram observadas.

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 290

Embora a equipe 01 fosse considerada como bem sucedida, as famílias entrevistadas

apresentaram percentuais de avaliação positiva abaixo da média do conjunto das equipes para

os itens que avaliam a melhora das condições de saúde do bairro, melhora das condições de

saúde da família e melhora no atendimento em caso de doença, além de incluir famílias que

achavam que houve uma piora para estes itens após a implantação do PSF. Por outro lado,

apresentou os percentuais de avaliação positiva entre os mais elevados para redução da

demanda de serviços de urgência e emergência depois da implantação do PSF.

As famílias adscritas à equipe 02, considerada como bem sucedida, avaliaram todos os itens

com percentuais positivos acima da média como também nenhuma família apontou que as

condições de saúde do bairro e as condições de saúde da família haviam piorado, revelando

coerência entre a avaliação dos gestores municipais do programa e as famílias usuárias.

Quanto à melhora no atendimento em caso de doença a taxa de avaliação foi a mais elevada

(83%). Em todas variáveis as taxas de avaliação positiva foram as mais elevadas de todas as

equipes.

As famílias sob responsabilidade da equipe 03 não corroboraram integralmente a avaliação de

com dificuldades atribuída pelos gestores municipais, manifestando percentuais acima da

média de avaliação positiva da implantação do PSF nos itens de melhora nas condições de

saúde do bairro e melhora nas condições de saúde da família. Por outro lado, os índices de

avaliação positiva para demanda de hospitais e especialistas, demanda de serviços de

urgência e emergência e melhora do atendimento em caso de doença estiveram abaixo da

média em relação a todas as equipes, se aproximando da classificação dos gestores.

A seleção da equipe 04 como bem sucedida foi reiterada pelas famílias a ela adscritas que

avaliaram com percentuais acima da média quatro dos cinco itens, sendo o percentual que

avalia a melhora nas condições de saúde do bairro o único levemente abaixo da média.

Nenhuma família informou procurar mais por serviços de urgência e emergência depois da

implementação do PSF.

A opinião das famílias vinculadas à equipe 05 foi contraditória com a sua inclusão entre as

equipes com dificuldades pois em todos os cinco itens as famílias avaliaram positivamente a

equipe com percentuais acima da média. Na avaliação das famílias quanto se melhorou muito

e melhorou um pouco o atendimento em caso de doença depois da implementação do PSF, o

percentual foi mais elevado de todos (83%).

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 291

As famílias não corroboraram também integralmente a percepção dos gestores em relação

a equipe 06, considerada bem sucedida, pois em dois dos cinco itens os percentuais de

opiniões positivas foram inferiores à média. Os percentuais de famílias que afirmaram

procurar mais ou igual por hospitais e especialistas e por serviços de urgência e emergência

foram superiores à média (40% e 43%, respectivamente). Quanto ao atendimento em caso de

doenças depois do PSF, o percentual de famílias que afirmaram ter melhorado muito e

melhorado um pouco foi o mais elevado entre todas as equipes (83%).

No caso da equipe 07 também a opinião das famílias corroborou totalmente a avaliação dos

gestores municipais que a consideraram como apresentando dificuldades. Todos os itens

obtiveram percentuais de avaliação positiva abaixo da média como também o item que avalia

maior procura por hospitais e especialistas apresentou o mais elevado percentual entre todas

as equipes (27%).

A avaliação dos gestores municipais da equipe 08, caracterizada como com dificuldades, foi

integralmente ratificada pelas famílias que apontaram percentuais de avaliação positiva

abaixo da média em todos os itens e apresentaram os menores percentuais de avaliação

positiva para quatro dos cinco itens. Também apresentou os maiores índices de famílias que

afirmaram que as condições de saúde do bairro e as condições de saúde da família pioraram

(23%, para ambas).

Portanto, as avaliações das famílias e dos gestores municipais coincidiram em relação a

quatro equipes – duas consideradas bem sucedidas e duas com dificuldades; foram

contraditórias em relação a duas equipes – uma bem sucedida e outra com dificuldades; e

apresentaram, parcialmente, contradições ou similaridades em relação às outras duas equipes

– uma bem sucedida e uma com dificuldades.

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 292

Quadro 86 – Avaliação positiva das famílias (%) sobre condições de saúde, demanda de

hospitais, especialistas e serviços de emergência, e assistência em caso de

doença depois da implantação do PSF, Vitória (ES), 2002

Equipe Característica Condições de

saúde bairro

melhoraram

Condições de

saúde da

família

melhoraram

Demanda de

hospitais e

especialistas

diminuíram

Demanda

serviços de

emergência

diminuiu

Assistência

ao doente

melhorou

muito e um

pouco

Todas as equipes 67,9 63,7 56,3 57,5 69,1

01 Bem sucedidas *60,0 *60,0 63,3 70,0 *60,0

02 83,3 73,4 70,0 73,3 *83,4

04 *66,7 66,7 60,0 63,3 *70,0

06 *70,0 *60,1 60,0 56,7 *83,4

Total bem sucedidas 70,0 65,0 63,3 65,8 74,2

03 Com dificuldades 73,3 73,4 40,0 43,3 66,7

05 *76,7 66,7 70,0 66,7 *83,4

07 *63,3 *60,0 43,3 50,0 *56,7

08 *50,0 *50,1 43,3 36,7 *50,0

Total com dificuldades 65,8 62,5 49,2 49,2 64,2

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

* Existência de famílias que declararam que as condições de saúde do bairro ou de sua família ou que o

atendimento em caso de doença pioraram depois da implantação do PSF.

Foi solicitado aos entrevistados que comparassem o atendimento recebido nas USF com o

prestado anteriormente em Postos ou Centros de Saúde, 53% (127 famílias) afirmaram que

antes da criação do PSF existiam unidades de saúde no bairro ou comunidade e 41% (49

famílias) informaram não existir. Nenhuma família adscrita à equipe 02 informou existir

unidades de atenção básica antes da implantação da USF. Doze entrevistados (5%) não

sabiam informar e duas pessoas não responderam a pergunta.

Entre as famílias que confirmaram a existência de postos ou centros de saúde antes da

implementação do programa, 60% (76) eram atendidas com freqüência nestas unidades, 38%

(48) eram atendidas com pouca freqüência, dois não sabiam informar e um entrevistado não

respondeu a pergunta. Entre as famílias que moravam nas áreas sob responsabilidade da

equipe 04 e das equipes consideradas bem sucedidas predominaram as que eram atendidas

com freqüência nos postos ou centros de saúde, enquanto as famílias que eram atendidas com

pouca freqüência estavam em maior número na área de abrangência da equipe 08 e entre as

equipes consideradas como com dificuldades.

A avaliação comparativa entre o atendimento prestado pela USF e os centros e postos de

saúde das 76 famílias entrevistadas que anteriormente ao PSF utilizavam com freqüência as

unidades básicas tradicionais foi, em geral, favorável ao programa, embora as manifestações

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 293

apresentassem diversas nuanças: 50% das famílias (38) consideraram que o atendimento

na USF era melhor, 18% das famílias (14) opinaram que era igual e 32%famílias (24)

informaram que era pior. As avaliações negativas apresentaram índices mais elevados entre

as famílias vinculadas às equipes 06 (50%) e 05 (47%). Nas famílias vinculadas às equipes

01, 03, 07 e 08 e entre as equipes com dificuldades (51%) predominou a opinião favorável à

USF enquanto nas famílias residentes na área de abrangência da equipe 04 (33%) e nas

adscritas como bem sucedidas (24%) observou-se proporção superior à média da opinião que

a atenção da ESF era igual a recebida em centros ou postos de saúde.

As 76 famílias que informaram que antes da existência do PSF eram atendidas com

freqüência em postos ou centros de saúde existentes no bairro foram solicitadas a realizar

uma avaliação comparativa de nove itens entre os dois tipos de serviços de saúde apresentado

no quadro a seguir. A participação da ESF nas atividades do bairro foi considerada melhor

por 53% dos entrevistados, igual por 15% e pior por 20% dos entrevistados. As famílias

adscritas às equipes consideradas como com dificuldades consideraram, em proporção

levemente maior (16%), que a participação da ESF nas atividades do bairro igual a dos

profissionais das unidades de atenção básica freqüentadas anteriormente e a avaliação

positiva da USF foi, proporcionalmente, mais elevada entre as famílias adscritas às equipes

consideradas como bem sucedidas (58%). Nove entrevistados (12%) não souberam avaliar e

somente um não respondeu a pergunta.

Percentual mais elevado de famílias entrevistadas avaliou que a atuação da USF era melhor

(55%) que os centros ou postos de saúde existentes anteriormente quanto ao conhecimento

dos problemas da comunidade, aspecto que 17% consideraram ser igual nos dois tipos de

serviços de saúde e 15% consideraram pior. Predominância de avaliação positiva sobre o

conhecimento dos problemas da comunidade da ESF foi verificada entre as famílias adscritas

às equipes bem sucedidas (63%), já as famílias adscritas às equipes com dificuldades

consideraram, em proporção superior à média, ser igual (21%). Entre os entrevistados

atendidos com freqüência em postos ou centros de saúde, 12% não souberam avaliar este

item.

A constituição do vínculo também pode ser analisada a partir da confiança que as famílias

têm nas ESF quanto ao seu conhecimento técnico para interferir nos problemas de saúde.

Este aspecto foi avaliado como melhor na USF que nos centros e postos de saúde existentes

anteriormente por 54% das famílias entrevistadas, igual por 12% e pior por 16%. A avaliação

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 294

negativa do conhecimento técnico da ESF em relação aos profissionais das unidades

tradicionais de atenção básica foi feita por doze famílias, vinculadas às equipes 01 (2), 05 (4),

07 (3) e 08 (3), predominando portanto entre as famílias adscritas às equipes com

dificuldades (23%). Treze famílias entrevistadas (18%) não souberam avaliar este item.

Da mesma forma, o senso de responsabilidade dos profissionais das ESF em relação aos

moradores do bairro foi considerado como melhor por 54% das famílias entrevistadas que

puderam realizar a avaliação comparativa entre as USF e as unidades básicas de saúde. Cerca

de 12% das famílias informaram que as duas equipes de profissionais eram iguais na

responsabilidade em relação aos moradores do bairro e 16% das famílias avaliaram como

pior, estas últimas em proporção superior à média entre as famílias adscritas às equipes com

dificuldades (21%). Doze entrevistados (16%) não sabiam informar e dois não responderam à

pergunta.

Outro grupo de percepções analisadas refere-se ao potencial antagonismo entre os desejos e

as necessidades de receber consultas por parte da população e a perspectiva dos profissionais

de atuarem no campo da promoção da saúde. Foi solicitado às famílias entrevistadas que

avaliassem se na USF era melhor, igual ou pior do que no posto ou centro de saúde em que

eram anteriormente atendidas obter consulta previamente agendada e obtê-la sem agendar. Na

comparação, 57% das famílias consideraram que na USF era mais fácil obter consulta

agendada, 16% afirmaram que era igual e 22% afirmaram ser pior que a verificada nos

centros e postos de saúde que existiam no bairro anteriormente e em proporção levemente

superior entre as famílias adscritas às equipes com dificuldades (23%). A avaliação

equivalente dos dois tipos de serviços de saúde em relação à facilidade de obtenção de

consulta marcada foi realizada por doze famílias, adscritas às equipes 01 (5), 04 (1), 05 (2),

07 (2) e 08 (2), e em proporção levemente superior à média entre as famílias vinculadas às

equipes bem sucedidas (18%).

O quadro se modifica quando as famílias avaliaram a facilidade de obter consulta sem marcar

na USF em relação ao que acontecia nos centros e postos de saúde que freqüentavam antes da

implantação do PSF no bairro. Das famílias entrevistadas, 36% afirmaram que na USF era

mais fácil obter consulta não agendada, 34% consideraram ser pior e 24% informaram ser

igual. A avaliação negativa da USF neste aspecto foi manifestada, ligeiramente em maior

proporção, por famílias sob responsabilidade das equipes com dificuldades (35%). As

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 295

proporções de avaliações positivas (39%) e de avaliações de equivalência (24%) da USF

foram mais elevadas entre as famílias adscritas às equipes bem sucedidas.

Entre as 76 famílias entrevistadas que freqüentavam Postos e Centros de Saúde regularmente

antes da criação da USF no bairro, 49% consideraram que as condições da USF no bairro

para oferecer um bom atendimento à população eram melhores, 30% piores do que as

oferecidas nas unidades tradicionais de atenção básica e 17% iguais. A avaliação negativa da

USF foi realizada, em maior proporção, pelas famílias adscritas às equipes com dificuldades

(33%).

Em relação à obtenção de medicamentos, 45% das famílias avaliaram ser mais fácil obtê-los

na USF que nos centros e postos de saúde, enquanto 34% consideraram ser igual e 18%

informaram ser mais difícil obter medicamentos na USF. A avaliação positiva da USF neste

aspecto foi mais elevada nas famílias adscritas às equipes bem sucedidas (49%). A avaliação

equivalente foi superior à média entre famílias sob responsabilidade das equipes com

dificuldades (42%) e a avaliação negativa entre as famílias das áreas das equipes bem

sucedidas (27%).

Obtenção de outros serviços e benefícios como cestas de alimentos e leite não pode ser

avaliado, pois a maioria das famílias (78%) declarou não saber informar.

De modo geral, a USF foi avaliada pelas famílias entrevistadas como melhor do que os

centros e postos de saúde freqüentados anteriormente excetuando-se o aspecto relacionado à

facilidade de obtenção de consulta sem marcar. As taxas de avaliação positiva da USF

variaram segundo o aspecto analisado e mais da metade dos entrevistados avaliaram ser

melhor: a facilidade de obter consulta anteriormente marcada (57%), o conhecimento da ESF

dos problemas do bairro (55%), o conhecimento técnico para interferir nos problemas (54%),

a responsabilidade da ESF em relação aos moradores do bairro (54%) e a participação da ESF

nas atividades do bairro (53%). As condições de oferecer um bom atendimento e a facilidade

de obter consulta sem agendamento prévio foram os aspectos com maiores taxas de avaliação

negativa da USF/ESF, com 30% e 34% respectivamente.

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 296

Quadro 87 – Avaliação comparativa entre a unidade de Saúde da Família e centros ou

postos de saúde anteriormente existentes em relação a aspectos selecionados

por famílias usuárias do PSF, Vitória (ES), 2002

Avaliação da USF em relação aos centros e postos

de saúde anteriormente existentes

Melhor Igual Pior Não sabe/

Não resp.

N % N % N % N %

Participação nas atividades do bairro 40 52,7 11 14,5 15 19,7 10 13,1

Conhecimento dos problemas da comunidade 42 55,3 13 17,1 11 14,5 10 13,1

Conhecimento técnico para interferir nos problemas 41 54,0 9 11,8 12 15,8 14 18,4

Responsabilidade em relação aos moradores do

bairro 41 54,0 9 11,8 12 15,8 14 18,4

Facilidade de obter consulta quando está marcada 43 56,6 12 15,8 17 22,4 4 5,2

Facilidade de obter consulta sem marcar 27 35,5 18 23,7 26 34,2 5 6,6

Condições de dar bom atendimento 37 48,7 13 17,1 23 30,3 3 3,9

Facilidade de obtenção de medicamentos 34 44,8 26 34,2 14 18,4 2 2,6

Facilidade de obtenção de outros serviços (cestas

básicas, leite, etc.) 9 11,8 1 1,3 5 6,6 61 80,3

Total* 314 45,9 112 16,4 135 19,7 123 17,9

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

* Foram consideradas 76 famílias entrevistadas que utilizavam com freqüência postos ou centros de saúde

existentes no bairro antes da instalação da USF e o percentual calculado entre a possibilidade total de respostas

(76 x 9 aspectos avaliados = 684 opiniões).

Para todas as atividades selecionadas as avaliações das equipes assinaladas como bem

sucedidas pelos gestores foram mais positivas do que entre as famílias adscritas às equipes de

saúde da família com dificuldades. Destaca-se os aspectos responsabilidade em relação aos

moradores do bairro (66%), conhecimento técnico para interferir nos problemas (64%) e

conhecimento dos problemas da comunidade (63%).

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 297

Quadro 88 – Avaliação comparativa entre a Unidade de Saúde da Família e centros ou

postos de saúde anteriormente existentes em relação a aspectos selecionados

pelas famílias entrevistadas segundo grupos de equipes selecionadas, Vitória

(ES), 2002

Serviços e atividades

selecionadas

Equipes bem sucedidas Equipes com dificuldades

Melhor Igual Pior Não sabe

Não resp.

Melhor Igual Pior Não sabe

Não resp.

Participação nas atividades do

bairro 57,6 12,1 9,1 12,1 48,8 16,3 4,7 13,9

Conhecimento dos problemas

da comunidade 63,3 12,1 12,1 12,1 48,8 20,9 16,3 13,9

Conhecimento técnico para

interferir nos problemas 63,6 9,1 6,1 21,2 46,5 13,9 23,3 16,2

Responsabilidade em relação

aos moradores do bairro 66,7 12,1 9,1 12,1 44,2 11,6 20,9 23,3

Facilidade de obter consulta

quando está marcada 60,6 18,2 21,2 0,0 53,5 13,9 23,3 9,4

Facilidade de obter consulta

sem marcar 39,4 24,2 33,3 3,0 32,6 23,3 34,9 9,2

Condições de oferecer bom

atendimento 51,5 15,2 27,3 6,1 46,5 18,6 32,6 2,3

Facilidade de obtenção de

medicamentos 48,5 24,2 27,3 0,0 41,8 41,9 11,6 4,6

Facilidade de obtenção de

outros serviços (cestas básicas,

leite, etc.)

6,1 0,0 9,1 84,8 16,3 2,3 4,7 76,7

Total (n) 151 42 54 50 163 70 81 73

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

Considerando-se o conjunto de respostas para todos os aspectos avaliados, as famílias

adscritas às ESF consideradas bem sucedidas avaliaram a atuação da ESF/USF de modo mais

positivo do que a média das famílias. Metade das famílias adscritas às ESF bem sucedidas

consideraram a atuação da ESF melhor do que as unidades básicas que utilizavam

anteriormente. As piores avaliações da atenção à saúde ofertada por ESF foi realizada pelas

famílias adscritas à equipe 01 (25%), que apresentou o maior índice de avaliação negativa e a

equipe 05 que apresentou a menor proporção de avaliação positiva (37%).

Ainda assim, as famílias vinculadas à equipe 01 corroboraram parcialmente a avaliação dos

gestores municipais que a consideraram como bem sucedida pois manifestaram uma

avaliação positiva da USF em taxa superior à média do conjunto das equipes (48%).

As famílias adscritas à equipe 03 não ratificaram a avaliação dos gestores municipais, pois

56%, proporção bem acima da média, considerou-a melhor, como também nenhuma família

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 298

avaliou como pior a USF em relação ao centros e postos de saúde anteriormente existentes

no bairro.

A avaliação dos gestores da equipe 04 considerando-a como bem sucedida foi confirmada

pelas famílias a ela adscritas e revelada pela taxa de avaliação positiva (50%) superior à

média e pelas taxas de equivalência (11%) e de avaliação negativa (14%) inferiores à média

de todas as equipes. Por outro lado destaca-se o elevado índice de famílias que não souberam

avaliar (24%).

A equipe 05 foi avaliada negativamente pelas famílias a ela adscritas com taxa de

positividade (37%) inferior à média e com taxa de equivalência (28%) superior à média,

concordando com a opinião dos gestores municipais. Esta equipe apresentou o maior índice

de famílias que não souberam avaliar (26%).

As famílias da área de abrangência da equipe 06 ratificaram a avaliação dos gestores

municipais que a considerou como bem sucedida, apresentando a maior taxa de positividade

(67%) entre todas as equipes, taxa de equivalência nula e percentuais de manifestações

negativas (17%) inferiores à média.

Para as famílias adscritas à equipe 07, considerada como com dificuldades pelos gestores, a

USF é melhor em relação aos centros e postos de saúde anteriormente existentes,

apresentando taxa de positividade (47%) levemente superior à média de todas as equipes.

Por outro lado, as taxas de equivalência (21%) e de negatividade (23%) foram superiores à

média de todas as equipes corroborando com a opinião dos gestores.

A opinião dos gestores foi parcialmente confirmada pelas famílias adscritas à equipe 08,

considerada como com dificuldades. Sua taxa de positividade (47%) foi levemente superior à

média, contudo o percentual de famílias que informaram ser pior a USF em relação aos

centros e postos de saúde anteriormente existentes foi superior à média e um dos mais

elevados (23%).

Em síntese, as famílias entrevistadas que realizaram a avaliação comparativa entre USF e

centros ou postos de saúde corroboraram integralmente a avaliação dos gestores municipais

de quatro equipes – duas bem sucedidas (04 e 06) e três com dificuldades (05, 07 e 08),

discordaram da avaliação no caso da equipe 03 considerada como apresentando dificuldades.

Considerando os grupos de equipes selecionadas em seu conjunto, as famílias ratificaram a

avaliação dos gestores municipais; em geral as ESF consideradas bem sucedidas

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 299

apresentaram avaliações mais positivas e as consideradas com dificuldades apresentaram

avaliações menos positivas.

Quadro 89 – Síntese da avaliação comparativa entre a USF e centros ou postos de saúde

anteriormente existentes sobre aspectos selecionados por famílias usuárias

do PSF* segundo equipe de adscrição e conjunto de equipes selecionadas,

Vitória (ES), 2002

Equipe Característica Avaliação da USF em relação aos centros e postos de saúde

anteriormente existentes sobre todos os aspectos selecionados**

Melhor Igual Pior Não sabe

N % N % N % N %

Todas as equipes 314 45,9 112 16,4 135 19,7 111 16,2

01 Bem sucedidas 69 48,3 26 18,2 36 25,2 12 8,4

04 70 50,0 16 11,4 20 14,3 34 24,3

06 12 66,7 00 0,0 03 16,7 03 16,7

Equipes bem sucedidas 151 50,2 42 14,0 59 19,6 49 16,3

03 Com dificuldades 10 55,6 05 27,8 00 0,0 03 16,7

05 48 36,9 23 17,7 25 19,2 34 26,2

07 55 47,0 25 21,4 27 23,1 10 8,5

08 50 46,7 17 15,9 25 23,4 15 14,0

Equipes com dificuldades 163 43,8 70 18,8 77 20,7 62 16,7

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

* Famílias usuárias do PSF em que pelo menos um de seus integrantes era atendido com freqüência em postos

ou centros de saúde existentes na localidade antes da implantação do PSF.

** Em cada equipe foram consideradas o total de respostas de famílias entrevistadas que utilizavam com

freqüência postos ou centros de saúde existentes no bairro antes da instalação da USF para todos os aspectos

selecionados e o percentual calculado entre a possibilidade total de respostas para cada avaliação.

A avaliação das famílias entrevistadas sobre as atividades e os serviços prestados na Unidade

de Saúde da Família foi realizada em Vitória, solicitando-se que opinassem, para cada item

de uma lista de 18 atividades, se a qualidade era boa, regular ou ruim. Existiam ainda duas

alternativas: “não tem o serviço/ não realiza a atividade” e “não sabe”. Para dez das dezoito

atividades listadas apresentadas a seguir, 50% ou mais das famílias entrevistadas informaram

a inexistência do serviço e/ou não saber avaliar.

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 300

Quadro 90 – Avaliação das famílias quanto à qualidade de atividades e serviços

prestados na USF (em %), Vitória (ES), 2002

Serviços ou atividades Bom Regular Ruim Não tem a

atividade

Não sabe

N % N % N % N % N %

Recepção 148 61,7 53 22,1 26 10,8 1 0,4 12 5,0

Triagem 107 44,6 35 14,6 19 7,9 23 9,6 56 23,3

Agendar consulta médica 101 42,1 37 15,4 79 32,9 3 1,3 20 8,3

Atendimento médico 187 77,9 16 6,7 12 5,0 1 0,4 24 10,0

Agendar consulta odontológica 36 15,0 12 5,0 54 22,5 74 30,8 64 26,7

Atendimento odontológico 67 27,9 5 2,1 2 0,8 75 31,3 91 37,9

Atendimento de enfermagem 154 64,2 34 14,2 7 2,9 2 0,8 43 17,9

Acompanhamento cresc. e desenv 70 29,2 8 3,3 2 0,8 32 13,3 128 53,4

Curativos 78 32,5 4 1,7 4 1,7 37 15,4 117 48,7

Encaminhamento para outros serviços 123 51,2 28 11,7 36 15,0 6 2,5 47 19,6

Inalação 80 33,3 3 1,3 1 0,4 43 17,9 113 47,1

Laboratório (exames) 54 22,5 4 1,7 4 1,7 115 47,8 63 26,3

Teste do pezinho 22 9,2 2 0,8 2 0,8 49 20,4 165 68,8

Planejamento familiar 44 18,3 4 1,7 1 0,4 36 15,0 155 64,6

Pré-natal 42 17,5 2 0,8 - - 34 14,2 162 67,5

Exame preventivo 135 56,1 9 3,8 15 6,3 5 2,1 76 31,7

Programa de leite 14 5,8 - - - - 42 17,5 184 76,7

Vacinação 168 70,0 3 1,3 1 0,4 18 7,5 50 20,8

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

Na análise a seguir, foram contempladas apenas as atividades que puderam ser analisadas por

50% ou mais das famílias entrevistadas. Deste modo, a avaliação sobre a qualidade destas

atividades realizadas na USF considerou o percentual de respostas (bom, regular e ruim) entre

o total de famílias que souberam ou puderam realizar a avaliação. Ou seja, o percentual foi

calculado subtraindo do total de respostas as ‘não sabe’ e “não tem o serviço/ não realiza a

atividade”.

Entre as atividades analisadas, sete foram avaliadas pela maioria das famílias como de boa

qualidade, em ordem decrescente: vacinação (98%), atendimento médico (87%), exame

preventivo (85%), atendimento de enfermagem (79%), recepção (67%), encaminhamento

para outros serviços (66%) e recepção (65%). O agendamento da consulta médica foi o

serviço pior avaliado: apenas 47% das famílias consideraram bom e 36% das famílias

consideraram como ruim, maior taxa dentro do grupo de atividades avaliado.

A atividade de triagem que, junto com a recepção, influencia a percepção de humanização do

atendimento, foi avaliada como boa por cerca de dois terços das famílias pesquisadas,

contudo em proporção inferior do que em outros grandes centros urbanos estudados. Em

Camaragibe e Aracaju 70% ou mais das famílias consideraram a atividade de boa qualidade e

80% ou mais das famílias de Palmas, Manaus e Brasília manifestaram essa avaliação.

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 301

Quadro 91 – Avaliação das famílias quanto à qualidade de atividades e serviços

prestados* na USF (%), Vitória (ES), 2002

Serviços ou atividades Bom Regular Ruim Total

N % N % N % N %

Atendimento médico 187 87,0 16 7,4 12 5,6 215 100,0

Vacinação** 168 97,7 3 1,7 1 0,6 172 100,0

Atendimento de enfermagem 154 78,9 34 17,4 7 3,6 195 100,0

Recepção 148 65,2 53 23,3 26 11,5 227 100,0

Exame preventivo** 135 85,0 9 5,7 15 9,4 159 100,0

Encaminhamento para outros serviços** 123 66,0 28 15,0 36 19,3 187 100,0

Triagem** 107 66,5 35 21,7 19 11,8 161 100,0

Agendar consulta médica 101 46,5 37 17,1 79 36,4 217 100,0

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

*Foram considerados as atividades e serviços para as quais mais de 50% dos entrevistados soube avaliar e o

percentual calculado entre estes.

**Vinte por cento (20%) ou mais não souberam responder.

As atividades que a maioria das famílias afirmaram não ser realizadas pelas USF e que,

portanto, não puderam avaliar foram: exames laboratoriais (48%), agendamento de consulta

odontológica e o próprio atendimento odontológico (31%, cada). Também foram

mencionadas como inexistentes as atividades do teste do pezinho (20%), inalação e programa

de leite (18%, cada).

Muitas atividades as famílias informaram não saber avaliar entre as quais algumas que além

de integrarem o leque de ações da atenção básica são priorizadas no PSF, segundo

informações dos gestores. Em ordem decrescente de porcentagem de famílias que não

souberam avaliar, as atividades foram: programa de leite (77%), teste do pezinho (69%),

acompanhamento de pré-natal (68%), planejamento familiar (65%), acompanhamento do

crescimento e desenvolvimento das crianças (55%) e curativos (49%) e inalação (47%).1

1 A avaliação das famílias sobre as atividades realizadas nas USF segundo as ESF às quais estavam adscritas

encontra-se no anexo

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 302

Quadro 92 – Avaliação das famílias quanto à qualidade de atividades e serviços

prestados* na USF (em %), Vitória (ES), 2002

Serviços ou atividades Bom Regular Ruim Não tem a

atividade

Não sabe

N % N % N % N % N %

Acesso ao atendimento odontológico 36 15,0 12 5,0 54 22,5 74 30,8 64 26,7

Atendimento odontológico 67 27,9 5 2,1 2 0,8 75 31,3 91 37,9

Acompanhamento cresc. e desenv. 70 29,2 8 3,3 2 0,8 32 13,3 128 53,4

Curativos 78 32,5 4 1,7 4 1,7 37 15,4 117 48,7

Inalação 80 33,3 3 1,3 1 0,4 43 17,9 113 47,1

Laboratório (exames) 54 22,5 4 1,7 4 1,7 115 47,8 63 26,3

Teste do pezinho 22 9,2 2 0,8 2 0,8 49 20,4 165 68,8

Planejamento familiar 44 18,3 4 1,7 1 0,4 36 15,0 155 64,6

Pré-natal 42 17,5 2 0,8 _ _ 34 14,2 162 67,5

Programa de leite 14 5,8 _ _ _ _ 42 17,5 184 76,7

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

*Foram listadas as atividades e serviços para as quais mais de 50% dos entrevistados não souberam avaliar.

Para analisar a opinião das famílias entrevistadas sobre a qualidade das atividades realizadas

na USF segundo conjuntos de equipes selecionadas como bem sucedidas ou apresentando

dificuldades foi estruturado um quadro com as avaliações positivas (bom) apenas para as

atividades que puderam ser analisadas.

As famílias sob responsabilidade das equipes bem sucedidas assinalaram avaliações mais

positivas e superiores à média em sete das oito atividades selecionadas: atendimento médico

e exame preventivo (90%, cada), atendimento de enfermagem (82%), triagem e

encaminhamento para outros serviços (71%, cada), recepção (67%) e agendamento de

consulta médica (47%). Somente vacinação apresentou avaliação positiva (96%) levemente

abaixo da média.

As equipes com dificuldades apresentaram percentuais menores de avaliação positiva como

também inferiores a média em sete das oito atividades analisadas. Destaca-se vacinação

(99%), única atividade que apresentou percentual mais elevado que a média.

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 303

Quadro 93 – Atividades e serviços prestados* nas USF considerados de boa

qualidade** pelas famílias entrevistadas segundo grupos de equipes

selecionadas, Vitória (ES), 2002

Serviços ou atividades Todas as equipes Equipes bem

sucedidas

Equipes com

dificuldades

N % N % N %

Recepção 148 65,2 78 67,2 70 63,1

Triagem 107 66,5 55 71,4 52 61,9

Agendar consulta médica 101 46,5 55 47,4 46 44,7

Atendimento médico 187 86,9 104 90,4 83 83,0

Atendimento de enfermagem 154 78,9 81 81,8 73 76,0

Encaminhamento para outros serviços 123 65,8 70 71,4 53 59,6

Exame preventivo 135 84,9 81 90,0 54 78,3

Vacinação 168 97,7 81 96,4 87 98,9

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

*Foram considerados as atividades e serviços para as quais mais de 50% dos entrevistados soube avaliar.

**Dados calculados a partir da subtração dos valores atribuídos a “não tem o serviço/ não realiza a atividade” e

“não sabe”.

Perguntados se, de modo geral, estavam satisfeitos ou não com o PSF as respostas foram:

70% estavam satisfeitos, 15% estavam mais ou menos satisfeitos e 11% não estavam

satisfeitos com o PSF. As famílias adscritas às equipes avaliadas como bem sucedidas

disseram estar mais satisfeitas (74%) do que as adscritas às equipes com dificuldades (67%),

estas últimas apresentando o maior índice de insatisfação (15%). Setenta e sete por cento ou

mais das famílias adscritas às equipes 02 (87%), 03 (77%), 04 (77%), 05 (80%) e 06 (77%)

disseram estar satisfeitos. A insatisfação foi mais acentuada entre as famílias vinculadas à

equipe 08 (37%).

Contudo, 51% das famílias consideraram que deveriam ser realizadas modificações no PSF

enquanto 45% opinaram que deveria permanecer funcionando tal como estava. Perguntados

sobre a oferta de serviços, 61% assinalaram que o PSF não precisava oferecer novas

atividades enquanto 35% manifestaram ser necessário oferecer outras atividades.

Nas entrevistas realizadas com as famílias, solicitava-se que expressassem livremente o que

mais gostavam no PSF. Os aspectos mencionados foram reunidos em alguns grupos: o acesso

ao atendimento reuniu opiniões sobre facilidade de marcar consulta, facilidade de obter

consulta ou atendimento quando necessário, tempo de espera reduzido, etc; o grupo

relacionado com os profissionais de nível superior englobou opiniões sobre boa qualidade do

atendimento, profissional atencioso, “que examina antes de dar a receita”, a humanização do

atendimento incluiu atendimento tratamento respeitoso, atencioso, educado por parte dos

diversos integrantes da ESF; outro grupo referiu às atividades realizadas pelo ACS; o

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 304

relacionamento estabelecido com as famílias e as conseqüências dessas atividades no

estado de saúde e visitas domiciliares constituiu um grupo separado incluindo visitas

realizadas por outros integrantes das ESF.

Dentre as opiniões favoráveis ao PSF observa-se que a maior parte (cerca de 18% das

respostas) esteve relacionada aos profissionais de nível superior, as quais englobaram

manifestações sobre a boa qualidade do atendimento do profissional, assiduidade e relações

interpessoais. No entanto, mesmo sendo o aspecto positivo mencionado por maior proporção

de famílias, foi também o aspecto considerado como o segundo mais desfavorável no PSF,

mostrando a importância conferida pelas famílias para a relação com os profissionais de

saúde na sua avaliação da atenção prestada.

A seguir, em ordem decrescente, foram assinaladas pelas famílias como aspecto positivo:

humanização do atendimento (15%), atividades dos agentes comunitários de saúde e visita

domiciliar (12% para cada). Acesso ao atendimento, marcação de consulta e encaminhamento

foi mencionado favoravelmente por 26 entrevistados (11%), acesso aos medicamentos e

exames laboratoriais por 18 entrevistados (8%) e programas e atividades realizadas por 15

entrevistados (6%). Oito por cento dos entrevistados mencionaram que “não gostam de nada”

e 4% que “não tem nada de que goste mais”.

Tabela 146 – Opiniões favoráveis ao PSF das famílias entrevistadas, Vitória (ES), 2002

Opiniões favoráveis ao PSF N %

Relacionado com profissionais de nível superior 42 17,5

Humanização do atendimento 36 15,0

Relacionado com agentes comunitários de saúde 29 12,1

Visita domiciliar 28 11,7

Acesso ao atendimento, marcação de consultas e encaminhamentos 26 10,8

Não gosta de nada 20 8,3

Acesso a medicamentos e exames laboratoriais 18 7,5

Programas e atividades realizadas 15 6,3

Orientação e prevenção 13 5,4

Outros 10 4,2

Não tem nada que gosta mais 10 4,2

Não respondeu 20 8,3

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

Obs.: A soma dos valores absolutos e relativos ultrapassa o total de 240 domicílios e os 100%, respectivamente,

porque a questão que deu origem a tabela admite mais de uma resposta.

Na análise das opiniões favoráveis sobre PSF entre as famílias entrevistadas segundo a ESF à

qual estavam adscritas pode-se observar que a satisfação em relação aos profissionais de

nível superior foi mencionada em maior proporção entre as famílias adscritas às equipes 03,

07 e 08 (27% para cada). A opiniões favoráveis relacionadas à humanização do atendimento

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 305

foi o ponto positivo mais mencionado entre aquelas adscritas às equipes 05 (27%) e 06

(23%). Agentes comunitários foi o aspecto mencionado, em maior proporção, pelas famílias

adscritas às equipes 01 (17%) e 06 (17%); visitas domiciliares foram mencionados por maior

número de famílias vinculadas às equipes 02 e 07 (20% para cada). Acesso ao atendimento,

marcação de consultas e encaminhamentos obteve maior freqüência de opiniões favoráveis

entre as famílias adscritas à equipe 01 (20%) e acesso aos medicamentos e exames

laboratoriais por famílias sob responsabilidade das equipes 04 e 06 (13% para cada). Todas as

equipes mencionaram diversos aspectos favoráveis.

As equipes 03 e 07 destacaram-se por menções mais elevadas de aspectos favoráveis –

relacionado humanização do atendimento (20%) e com os profissionais de nível superior

(27%) no caso da equipe 03, e relacionado com os profissionais de nível superior (27%) e

visita domiciliar (20%) no caso da equipe 07.

A análise das opiniões de famílias segundo grupos de equipes selecionadas como bem

sucedidas e apresentando dificuldades mostrou que as famílias adscritas às equipes avaliadas

pelos gestores como com dificuldades, mencionaram com maior freqüência pontos positivos

e pontos negativos do PSF, do que as famílias adscritas às equipes bem sucedidas.

O número de manifestações de satisfação foi levemente superior entre famílias vinculadas às

equipes com dificuldades (123 menções positivas) do que entre as equipes bem sucedidas

(114 menções positivas). Entre as equipes bem sucedidas os pontos positivos mais

mencionados foram: humanização do atendimento (20 menções positivas), agentes

comunitários de saúde (17 menções positivas) e acesso ao atendimento, marcação de

consultas e encaminhamentos (15 menções positivas). Entre as equipes com dificuldades os

aspectos positivos mais mencionados foram: profissionais de nível superior (28 menções

positivas), humanização do atendimento (16 menções positivas) e visitas domiciliares (15

menções positivas).

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 306

Tabela 147 – Opiniões favoráveis ao PSF das famílias entrevistadas segundo grupos

de equipes selecionadas, Vitória (ES), 2002

Opiniões favoráveis ao PSF Todas as

equipes

Equipes bem

sucedidas

Equipes com

dificuldades

N % N % N %

Relacionado com profissionais de nível superior 42 17,5 14 11,7 28 23,3

Humanização do atendimento 36 15,0 20 16,7 16 13,3

Relacionado com agentes comunitários de saúde 29 12,1 17 14,2 12 10,0

Visita domiciliar 28 11,7 13 10,8 15 12,5

Acesso ao atendimento, marcação de consultas e

encaminhamentos 26 10,8 15 12,5 11 9,2

Não gosta de nada 20 8,3 9 7,5 11 9,2

Acesso a medicamentos e exames laboratoriais 18 7,5 10 8,3 8 6,7

Programas e atividades realizadas 15 6,3 7 5,8 8 6,7

Orientação e prevenção 13 5,4 6 5,0 7 5,8

Outros 10 4,2 3 2,5 7 5,8

Não tem nada que gosta mais 10 4,2 7 5,8 3 2,5

Não respondeu 20 8,3 9 7,5 11 9,2

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

Obs.: A soma dos valores absolutos e relativos ultrapassa o total de 240 domicílios e os 100%, respectivamente,

porque a questão que deu origem a tabela admite mais de uma resposta.

Perguntados sobre os aspectos negativos do PSF, 33% das famílias mencionaram que não tem

nada que não gostem no PSF. As opiniões desfavoráveis concentraram-se nos aspectos

relativos às dificuldades de acesso ao atendimento e marcação de consultas (27%), à falta de

humanização no atendimento e aos profissionais de nível superior (10% para cada). As

condições físicas e de localização da Unidade foram mencionadas ainda por 5% das famílias

entrevistadas e os demais aspectos – relacionados com acesso aos medicamentos e exames

laboratoriais, acesso aos serviços de emergência, outros e ACS – foram assinalados por 2 a

4% das famílias entrevistadas.

Tabela 148 – Opiniões desfavoráveis ao PSF das famílias entrevistadas, Vitória (ES),

2002

Opiniões desfavoráveis ao PSF N %

Não tem nada que não gosta 78 32,5

Acesso ao atendimento e marcação de consultas 64 26,7

Relacionado com profissionais de nível superior 25 10,4

Falta de humanização no atendimento 25 10,4

Condições físicas e de localização da unidade de saúde 12 5,0

Acesso a medicamentos e exames laboratoriais 10 4,2

Acesso aos serviços de saúde e de emergência 7 2,9

Outros 7 2,9

Relacionado com agentes comunitários de saúde 4 1,7

Não respondeu 19 7,9

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

Obs.: A soma dos valores absolutos e relativos ultrapassa o total de 240 domicílios e os 100%, respectivamente,

porque a questão que deu origem a tabela admite mais de uma resposta.

Na análise das opiniões desfavoráveis sobre o PSF entre as famílias entrevistadas segundo a

ESF a que estavam adscritas pode-se observar maior satisfação com o programa naquelas sob

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 307

a responsabilidade das equipes 02 e 04, pois em maior número responderam que não havia

nada de que não gostassem no PSF (53% para cada). As famílias vinculadas às equipes

01(43%), 08 (43%) e 07 (37%) mencionaram maior número de aspectos desfavoráveis sobre

acesso ao atendimento e marcação de consultas e as famílias vinculadas às equipes 02 (17%)

e 08 (13%) mencionaram maior número de aspectos negativos sobre profissionais de nível

superior. O maior índice das opiniões desfavoráveis sobre falta de humanização no

atendimento foram assinaladas por famílias adscritas às equipes 05 (27%), 04 e 06 (23% para

cada).

As famílias residentes nas áreas de abrangência das equipes com dificuldades mencionaram

maior número de aspectos desfavoráveis ao PSF (85 menções) do que as famílias vinculadas

às equipes bem sucedidas (69 menções). Estas últimas assinalaram em maior proporção não

haver nada de que não gostassem no programa (38%). Percentual similar de famílias adscritas

a equipes bem sucedidas e com dificuldades indicaram como desfavorável o acesso ao

atendimento e marcação de consultas (26% e 28%, respectivamente) e aspectos relacionados

com profissionais de nível superior (10% e 11%, respectivamente). Outro dos três aspectos

mais mencionados referiu-se à humanização no atendimento tanto para equipes com

dificuldades (12%) quanto para as equipes bem sucedidas (9%).

Tabela 149 – Opiniões desfavoráveis ao PSF das famílias entrevistadas segundo grupos

de equipes selecionadas, Vitória (ES), 2002

Opiniões desfavoráveis ao PSF Todas as

equipes

Equipes bem

sucedidas

Equipes com

dificuldades

N % N % N %

Não tem nada que não gosta 78 32,5 46 38,3 32 26,7

Acesso ao atendimento e marcação de consultas 64 26,7 31 25,8 33 27,5

Relacionado com profissionais de nível superior 25 10,4 12 10,0 13 10,8

Falta de humanização no atendimento 25 10,4 11 9,2 14 11,7

Condições físicas e de localização da unidade de saúde 12 5,0 3 2,5 9 7,5

Acesso a medicamentos e exames laboratoriais 10 4,2 3 2,5 7 5,8

Acesso aos serviços de saúde e de emergência 7 2,9 3 2,5 4 3,3

Outros 7 2,9 5 4,2 2 1,7

Relacionado com agentes comunitários de saúde 4 1,7 1 0,8 3 2,5

Não respondeu 19 7,9 8 6,7 11 9,2

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

Obs.: A soma dos valores absolutos e relativos ultrapassa o total de 240 domicílios e os 100%, respectivamente,

porque a questão que deu origem a tabela admite mais de uma resposta.

Consultados sobre mudanças que deveriam ser realizadas no PSF 45% das famílias

entrevistadas responderam que o PSF não necessitava de mudanças. Destacou-se a equipe 04,

na qual 73% das famílias consideraram que o PSF não deveria ser modificado, opinião

também mais acentuada entre as famílias vinculadas às equipes bem sucedidas (53%).

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 308

Cinqüenta e um por cento das famílias responderam que o PSF necessitava de mudanças.

As famílias que mais assinalaram esta necessidade residiam na área de abrangência das

equipes 08 (83%) e 01 (73%) e em proporção maior nas equipes selecionadas como com

dificuldades (56%).

Os entrevistados que afirmaram haver necessidade de realizar mudanças referiram com maior

freqüência aspectos relacionados a: profissionais da ESF (51% dos informantes que achavam

que o PSF deveria mudar) e ao acesso ao atendimento e marcação de consultas (30%). A

seguir, as propostas concentraram-se nas condições físicas e de localização da USF (7%), no

acesso aos medicamentos e exames laboratoriais e no acesso aos serviços de emergência (6%

para cada).

Aspectos relativos a profissionais de nível superior concentraram-se nas equipes 08 (14

menções), 01 (11 menções), 05 e 07 ( 9 menções cada) e os relativos à necessidade de

mudanças em relação ao acesso ao atendimento e marcação de consulta concentraram-se nas

equipes 01 (9 menções), 07 e 08 (7 menções cada).

As famílias adscritas à equipe 08 apresentaram, proporcionalmente, maior número de

propostas (30 propostas) enquanto as vinculadas à equipe 04 assinalaram menor número (8

propostas).

O aspecto acesso ao atendimento e marcação de consulta apresentou o mesmo número de

menções de mudança tanto entre as famílias adscritas às equipes bem sucedidas quanto as

adscritas às equipes com dificuldades (18 menções cada). As famílias das áreas de

abrangência das equipes com dificuldades realizaram o maior número de menções para o

aspecto relacionado condições físicas e de localização da USF (6 de 9 menções). Acesso aos

serviços de emergência foi o aspecto mais mencionado entre as famílias adscritas às equipes

bem sucedidas (5 de 7 menções).

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 309

Tabela 150 – Propostas de mudanças apresentadas por famílias entrevistadas que

consideraram que o PSF deve mudar segundo grupos de equipes

selecionadas, Vitória (ES), 2002

Grupos de propostas de mudanças Todas as equipes Equipes bem

sucedidas

Equipes com

dificuldades

N % N % N %

Profissionais das ESF 62 50,8 27 49,1 35 52,2

Acesso ao atendimento e marcação de consultas 36 29,5 18 32,7 18 32,7

Condições físicas e de localização da USF 9 7,4 3 5,5 6 8,9

Acesso a medicamentos e exames laboratoriais 7 5,7 3 5,5 4 5,9

Acesso aos serviços de emergência 7 5,7 5 9,1 2 2,9

Outros 5 4,1 2 3,6 3 4,5

Visitas domiciliares 4 3,3 2 3,6 2 2,9

Equipamentos e recursos materiais1 3 2,5 1 1,8 2 2,9

Não respondeu 3 2,5 1 1,8 2 2,9

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

Obs.: A soma dos valores absolutos e relativos ultrapassa o total de entrevistados que consideraram que o PSF

deveria mudar e os 100%, respectivamente, porque a questão que deu origem a tabela admite mais de uma

resposta.

Perguntados sobre propostas de atividades, cerca de 61% das famílias entrevistadas em

Vitória declararam que a USF não deveria oferecer novas atividades, opinião que prevaleceu

entre as famílias adscritas às equipes 04 (97%), 02 (87%), 05 (83%)e 06 (83%). Nas famílias

vinculadas às equipes 08 (67%), 01 (63%) e 03 (53%) predominou a opinião de que a USF

deveria oferecer novas atividades e as famílias sob a responsabilidade da equipe 07

dividiram-se igualmente entre as duas opiniões. As 85 famílias que indicaram a necessidade

das USF realizarem novas atividades apresentaram 77 sugestões, originárias principalmente

das famílias adscritas às equipes 01 (21 sugestões por 19 famílias adscritas que achavam que

a USF deveria realizar novas atividades) e 08 (20 sugestões por 20 famílias). As famílias que

apresentaram menor número de sugestões residiam nas áreas das equipes 02 (3 propostas por

4 famílias) e 04 (1 sugestões por 1 famílias). Embora aprovassem a necessidade de novas

atividades, quinze famílias entrevistadas não fizeram sugestões.

O maior número de sugestões foi referente aos profissionais de nível superior (39% das

famílias que opinaram que a USF deveria oferecer novas atividades). Doze por cento das

famílias indicaram a realização de exames laboratoriais, 11% assinalaram ações de

promoção, prevenção e educação em saúde e 9% assinalaram acesso a serviços de

emergência e sugeriram novos serviços (diversos).

As famílias sob a responsabilidade das equipes com dificuldades apresentaram maior número

de sugestões de novas atividades que as USF deveriam oferecer (47 propostas) do que as

VITÓRIA (ES) – AVALIAÇÃO DO PSF 310

equipes bem sucedidas (30 propostas). Os aspectos mais mencionados pelas equipes bem

sucedidas foram: profissionais de nível superior (35%), acesso aos serviços de emergência

(17%), aspectos relacionados com ações de prevenção, promoção e educação em saúde e

novos serviços (14% cada). As famílias vinculadas às equipes com dificuldades,

proporcionalmente, referiram mais aspectos relativos a: profissionais de nível superior (41%),

exames laboratoriais (13%) e ações de prevenção, promoção e educação em saúde (9%).

Tabela 151 – Propostas de atividades apresentadas por famílias entrevistadas que

consideraram que a USF deve oferecer novas atividades segundo grupos de

equipes selecionadas, Vitória (ES), 2002

Grupos de propostas de mudanças Todas as

equipes

Equipes bem

sucedidas

Equipes com

dificuldades

N % N % N %

Profissionais de nível superior 33 38,8 10 34,5 23 41,1

Exames laboratoriais 10 11,8 3 10,3 7 12,5

Ações de promoção, prevenção e educação em saúde 9 1,6 4 13,8 5 8,9

Novos serviços 8 9,4 4 13,8 4 7,1

Acesso a serviços de emergência 8 9,4 5 17,2 3 5,4

Acesso ao atendimento e marcação de consultas 3 3,5 0 0,0 3 5,4

Outras atividades 3 3,5 2 6,9 1 1,8

Humanização do atendimento 2 2,4 2 6,9 0 0,0

Visitas domiciliares 1 1,2 0 0,0 1 1,8

Não respondeu 15 17,6 2 6,9 13 23,2

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

Obs.: A soma dos valores absolutos e relativos ultrapassa o total de entrevistados que consideraram que o PSF

deveria mudar e os 100%, respectivamente, porque a questão que deu origem a tabela admite mais de uma

resposta.