Vidas

10

Click here to load reader

Transcript of Vidas

Page 1: Vidas

1

Vidas Minúsculas – cartografando viveres infantis1

Janete Marcia do Nascimento

Luciana Alves Pinto

Encontrar é achar, é capturar, é roubar, mas

não há método para achar, só uma longa

preparação. Roubar é o contrário de plagiar,

copiar, imitar ou fazer como. A captura é

sempre uma dupla-captura, o roubo, um duplo-

roubo, e é isto o que faz não algo de mútuo,

mas um bloco assimétrico, uma evolução a-

paralela, núpcias sempre “fora” e “entre”.

Gilles Deleuze e Claire Parnet, Dialogos.

1. Súmula

Oficina criada visando tematizar Vida. Objetiva elaborar e

desenvolver atividades de leitura e escrita que possibilitem

pensar, repensar e expressar a compreensão das crianças sobre

Vida. Este o primeiro desejo. O processo de invenção e criação

de múltiplos sentidos de vida, o segundo. A utilização desses

signos como disparadores para a escrita de vida de cada um, o

terceiro. Potencializar a escrita do minúsculo, dos detalhes,

raridades de uma vida, através de biografemas, o desafio.

Conhecer e explorar as histórias de vida das crianças, desejando

possíveis encontros na troca de experiências, objetos, vivências

cotidianas, na busca do detalhe, do minúsculo, que muitas vezes, passa

desapercebido aos olhos que, mesmo curiosamente atentos,

Biografemas

Biografematizar em meio aos

corpos que se produzem

artistadamente por escritas

vívidas. Uma oficina de

escritura biografemática,

implicada por disparadores do

pensamento, o que significa

escrever os detalhes de uma

vida, raridades que passam

despercebidas ou que ainda não

foram significadas e partilhadas

no plano cognitivo. Transformar

detalhes insignificantes (sem

significação prévia) em signos

de escrita. Utilizar estes signos

de escrita. Utilizar estes signos

(aqueles que podem encantar)

como disparadores de um novo

texto, ou seja, da escrita de uma

vida em experimentação e que,

portanto, é produzida na

potência da invenção de

sentidos. Trata-se da invenção

de conectores entre ficção e

realidade, entre imaginário e

história biográfica

(DALAROSA, 2011, p.22-23).

1 Esta oficina foi desenvolvida com duas turmas de 3º Ano / Anos Iniciais do Ensino Fundamental, no ano de 2011, na

Escola Municipal André Zenere no município de Toledo / Paraná, pelas autoras acima citadas.

Page 2: Vidas

2

descuidam-se, às vezes, das intensidades cotidianas.

2. Disparadores principais: Cartografando vidas minúsculas

em meio às oficinas – sentidos de vida

De como tudo se passou. Vidas Minúsculas. Fevereiro, 2011,

manhã de quarta-feira, trinta faces, amedrontadas, assustadas,

felizes, amadas, expostas, escondidas, atentas, desconectadas,

descuidadas, emocionadas, apáticas, audaciosas, nervosas,

tranqüilas, tristes, vivas, mortificadas! Uma face, e entre faces,

um misto de susto, desafio e esperança. Retrato de uma sala de

aula, relatos da vida de professora. Na sala em frente, o mesmo

quadro se desenha, repete, insiste, repele, pouco difere. O que há

em comum? Escrileitoras numa tentativa desenfreada de

conhecer, escrever em meio à vida; Vida que se desenha sob os

olhares dos sujeitos. Vazio! Na bagagem, dois textos serviriam

como norte: Pistas para o método cartográfico e Estratégias

biográficas. Como descobrir o que se esconde por trás de cada

rosto, expressão, gesto? “Vidas Minúsculas”, tentativas de

biografemas de vidas. Conhecer, reconhecer a vida de cada

criança, pesquisar vidas, ler vidas, pois trata-se de escrever os

detalhes de uma vida, transformando esses detalhes

insignificantes em signos de escrita e esses signos num novo

texto possível, produzido na potência da invenção dos sentidos,

mediante ficção e realidade. No desejo de reinvenção do eu que

escreve.

Passou-se, enfim, a habitar um território que até então não

existia, com a cautela necessária a quem lida com o

desconhecido; Explorá-lo através dos olhares, das escutas, da

sensibilidade, da percepção de cada movimento. E a cada novo

dia, novos afetos se constatarem naquilo que a todos afetava.

Metamorfose

Ao fazer parte do grupo de

pesquisas “Escrileituras: um

modo de ler-escrever em meio à

vida” sinto que o que ocorreu na

minha vida e na vida das

crianças com as quais trabalho

foi uma metamorfose. E como

diria Raul Seixas “Eu prefiro ser

essa metamorfose ambulante”.

Sair lendo/escrevendo em meio

à vida, produzindo e sofrendo

metamorfoses, metaforseando

(Diário de Bordo – Professora

Luciana Alves Pinto).

Entretanto, o gesto nunca é

totalmente o que parece estar

sendo. Apenas insinua algo do

qual seu portador pouco sabe

(COSTA, 2011, p.133).

A leitura biografemática faz

irromper a figura do leitor, não

como curioso empírico, mas

como ator de uma escritura que

já é ela mesma, a realização de

uma vida possível (COSTA,

2011, p.133).

Rizoma

Mundo-rizoma, lido como uma

verdadeira maquínica de

enosamentos, de linhas duras,

flexíveis e de fuga. O rizoma

como uma verdadeira

comunidade, uma comunidade

pura, sem extremos ou pólos que

sejam fixos por natureza,

destituindo-nos da possibilidade

de ancorar modos de agir,

pensar e sentir em nenhuma

espécie de ser ou substância

TRINDADE E FONSECA

(2009, p.165).

Page 3: Vidas

3

Sofria-se dos mesmos sofrimentos. As descobertas estabelecem

elos. Os rizomas foram surgindo das intensidades vividas

minusculamente, marcados por sua singularidade, vivendo num

pluralismo de fato, onde todos os lugares são possíveis, onde as

multiplicidades convivem e criam novas dimensões, onde o

sujeito deixa de representar a vida e se apresenta. Os mapas de

vidas se cartografam infinitamente!

3. Propostas de criação

Escrita de palavras;

Escrita de frases;

Escrita de conceitos;

Produção pictórica expressando conceitos de vida;

Escrita de texto, contando sua história de vida;

Escrita de diários;

Escrita de biografemas;

Fazedura de livro.

4. Objetivos atravessantes

Desejar, pensar, inventar, criar, interpretar, pesquisar,

vivenciar, discutir, elaborar sua compreensão, seus conceitos de

vida;

Produzir cartazes (pinturas individuais sobre conceitos de

vida);

Possibilitar leituras coletivas e conversações sobre as

relações sociais, papéis sociais, participação social, convivência

em grupos distintos, etc.

Transformar detalhes insignificantes (sem significação

prévia) em signos de escrita;

Tornar a escrita uma necessidade de reinvenção do eu que

Desejo

O desejo permeia o campo

social, tanto em práticas

imediatas, quanto em projetos

muito ambiciosos. Por não

querer me atrapalhar com

definições complicadas, eu

proporia denominar desejo a

todas as formas de vontade de

inventar uma outra sociedade,

outra percepção do mundo,

outros sistemas de valores

(GUATTARI; ROLNIK, 1986,

p.125).

Leituras minúsculas

Ler a escrita no quadro de giz.

Ler os trechos dos livros

didáticos. Ler as tarefas de casa.

Ler a expressão da professora.

Ler as regras da escola. Ler os

poemas no Dia das Mães.

Interpretar. Conviver. Ler obras

de arte. Ler os livros da

professora. Dar um lar aos livros

bonitos, novos cheirosos,

velhos, usados, comprados no

Page 4: Vidas

4

escreve;

Produzir livro gigante de textos da turma, vinculando

produção pictórica e produção escrita.

Primeiro desejo

Conversações:

Quando ouvimos a palavra “vida” do que lembramos?

Que outras palavras poderiam nos remeter a idéia do que

seja vida?

Que sentidos perpassam essas palavras?

Escritas:

Escrever uma palavra que represente o significado da

palavra vida para você.

Atribuir sentidos a essa palavra.

Pesquisar o significado dessa palavra no dicionário;

O significado da palavra no dicionário tem o mesmo

significado que a palavra expressa para você? No que difere? No

que se assemelha? Por quê?

Por meio de um desenho, expressar os sentidos da palavra

vida.

Sobre o imaginário e a história biográfica;

Segundo desejo

Conversações:

A respeito da vida de cada um;

Em que a palavra escolhida por você e os sentidos

atribuídos para ela tem relação com a sua vida? E com outras

sebo, trazidos de casa, das casas.

Inventar casas pra eles no

armário. Sentir saudades do

Alice (no país das maravilhas).

Entrar na bolsa amarela.

Conhecer o cosmos com o

Pequeno Príncipe. Viajar para

um castelo do terror. Conhecer

monstros horripilantes. Ler o

diário das invenções de

Leonardo Da Vinci. Conhecer o

menino marrom e seu amigo cor

de rosa. Ler as alegrias das

crianças ao ler, ouvir, contar e

escrever uma história. Sentir

saudades de ler. Ver algumas

crianças aprender a ler.

Escrever. Desenhar. Pintar.

Fazer livros. Refazer histórias.

Desenhar as histórias prontas.

Mostrar desenhos e

contar/escrever/ler as histórias

que eles contam. Ler desejos de

ler. Emocionar-se com leituras

primeiras. Viver as histórias. Ser

o minúsculo das vidas que se

desenham para mim. Olhar as

leituras e gostar delas. Abrir

envelopes com livros. Conhecer

os livros das crianças.

Compartilhar a alegria de quem

recebeu livros pelo correio. Ler

vida! Escrita! Leitura! Ler

juntos os livros que se tem!

Contar que o numero de livros ta

engordando (como as vontades

da Raquel – na Bolsa Amarela).

Ver crianças trazer os livros para

ler na hora do recreio! Emoção!

(Diário de Bordo, professora

Janete Marcia do Nascimento).

Histórias de vidas!

Como atender a cada ser

indivíduo, com sua história de

vida, seus bons e maus

Page 5: Vidas

5

vidas que não a sua?

Escritas:

Expressões de vida através do desenho, da pintura, da colagem,

da arte;

Reescritas de sentidos pesquisados para a palavra vida.

Terceiro desejo

Conversações:

Pesquisar objetos, documentos, arquivos, fotografias para

estimular o resgate da memória da história de vida;

Narrativas orais de vida, utilizando os materiais pesquisados;

Buscar detalhes, através de entrevista com familiares (um dia,

um momento, um acontecimento, um desejo, um cheiro, um sabor,

uma dor, algo sem significação prévia);

5. Leituras

Livro “Diário da bruxa Onilda”;

Livro “Diário das invenções de Leonardo da Vinci”.

Biografias de autores conhecidos e admirados pelos alunos;

Textos sobre histórias de vidas criadas pelas crianças;

Escritas das Crianças:

Escrita em diários (cenas do cotidiano, segredos, desejos

conscientes e inconscientes);

Produção de texto sobre história de vida;

Criação de desenhos que expressem a vida;

Montagem de painel sobre a vida.

momentos, seus acertos, suas

esperanças e desencantos, e

cumprir com todas as obrigações

e normas impostas pelo

“sistema”? Luta diária?

Questionamento diário? Dúvida

diária? Busca diária? (Diário de

Bordo – Professora Luciana

Alves Pinto).

Vívidos e vividos

Saudades do Alice: Um aluno

que ama livros, comentando

sobre o livro “Alice no país das

maravilhas”, que lemos inteiro,

juntos, durante as aulas, duas

vezes, de tanto que as crianças

gostaram:

__ Professora, eu tô com uma

saudade do Alice!

__ Você está com saudades de

quem?

__ Do Alice, aquele seu livro

lindo que nós lemos juntos,

lembra? Traz ele de novo, pra

morar mais uns tempos no nosso

armário? (Diário de Bordo –

relato de um aluno sobre a

experiência de ler Alice no país

das maravilhas). (Diário de

Bordo, professora Janete Marcia

do Nascimento)

A prática biografemática, volta-

se para aquilo que é mais

comum, para o potente que se

entranha no ordinário, para as

imprecisões do rosto, uma

espécie de etnologia do

minúsculo, um inventário de

banalidades (COSTA, 2011,

p.35).

Page 6: Vidas

6

6. Desafio

Conversações:

Sobre o minúsculo, o insignificante, inventário de banalidades;

Sobre os fatos e acontecimentos, detalhes e raridades da trajetória de

vida, escritos do diário;

6.1. Leituras

Leitura de fragmentos dos diários dos estudantes;

Leitura de biografias de autores conhecidos e admirados pelos

estudantes;

Leitura de textos das histórias de vida dos estudantes;

Conversações:

O que há de comum nos textos lidos?

O que difere um texto do outro?

Que detalhes, semelhanças ou diferenças se pode observar?

Escrituras

Criação de outras possibilidades de escrita para a sua vida;

Invenção de novos sentidos e vidas;

Escrita de biografema da história de vida de um colega, ou

personagem (invenção de conectores entre ficção e realidade, entre o

imaginário e história biográfica, fabulação);

7. Considerações das autoras

Oficinar sugere aqui, o desejo de estudar sentidos de vida, de

criar possibilidades de pesquisas e de atividades que captar

intensidades vivenciadas pelas crianças, da tentativa de

Trata-se do modo como nos

apropriamos de uma vida, não

somente interpretando-a de

maneiras inusitadas, como,

sobretudo, reinventando-a a

partir daquilo que a esta vida se

mostrava até então irrelevante

(OLIVEIRA, apud COSTA,

2010, p.35).

O biografema faz daquele que lê

e escreve uma vida o próprio

dramaturgo desta vida. O que

ele registra não é a verdade

desta vida, mas a verdade de um

encontro com esta vida. (...)

Sendo eminentemente um traço

de encontro, o biografema

envolveria: 1) falar do outro em

mim e 2) falar de mim, no outro

(COSTA, 2011, p.13).

Contradições

Acompanhar processos,

cartografar, tornar-se parte,

respeitar individualidades, criar

um coletivo, estar aberto para

novos pontos de vista, novas

experiências, habitar o território

existencial, ter afeto com o local

de trabalho, com os envolvidos,

cartografar...

Como reagir quando ouvir:

__Você está se envolvendo

demais com seus alunos, com

seu trabalho, isso pode lhe

prejudicar! Pense nisso! (Diário

de Bordo – Professora Luciana

Alves Pinto)

Page 7: Vidas

7

compreender processos de criação através de desenhos, pintura,

escrita, leitura, da reinvenção de sentidos referentes à vida.

Trata-se de um convite, de um desejo, a novas possibilidades de

pensamento. Destacam-se fragmentos dos diários de bordo das

autoras, diálogos vívido-vividos em sala de aula durante as

atividades desenvolvidas nesta oficina.

7.1 Das vidas e seus sentidos

O que é vida? Por que elaborar e desenvolver uma oficina com o

tema vida? O que move sentimentos, intensidades, curiosidades

sobre a mera constatação de que se está vivo em meio a tantas

vidas que se entrelaçam todos os dias na escola? Na sala de aula,

a cada pedaço de tempo durante uma ou muitas manhãs, os

nervos se afloram na tentativa de reconstruir laços afetivos, de

convivência, de ânimo e por vezes, de desânimo pela

responsabilidade que se tem como professoras sobre as vidas

que se nos entregam, todos os dias. O que dizer sobre a vida

escolar de crianças tão pequenas? Como definir, perante as

crianças as muitas vidas das quais todos nós estamos

constituídos e repletos de normas de convivência em todos os

grupos aos quais pertencemos? Como definir uma vida que

adentra a sala de aula e sobre a qual pouco ainda se sabe? O que

dizer do brilho nos olhos das crianças ao observar, dia a dia o

nascimento da vida das sementes de vegetais nos experimentos

que se fazem nas aulas de ciências? Como compreender a

curiosidade das crianças pelas vidas que se conhece juntos, nos

diversos livros para os quais criou-se o hábito de adentrar para

viagens inusitadas durante o ano inteiro? Muitas são as

perguntas.

Vidas minúsculas e minuciosas

Crianças pequenas. Faixa etária

de sete a nove anos. Algumas

com onze, doze anos. Vários são

os motivos para o atraso na vida

escolar: características

familiares, mudanças

geográficas, morte ou doença

dos pais. Abandono de uma das

partes. Nova formação familiar.

Falta de casa para morar. Irmãos

separados pelas separações dos

pais. Sofrimento pela ausência

dos membros da família. Mães

que não aceitam os filhos, a

gravidez, a condição em que

foram gerados. Imaturidade.

Insegurança. Medo.

Desconhecimento sobre os

cuidados infantis. Filhos e avós!

Vida marital precoce.

Desemprego. Subemprego.

Condições precárias de

sobrevivência. Mortes por

violência na família. Carências

afetivas. Amor pela escola.

Admiração pela professora.

Necessidade de chamar atenção

para si. Crianças bonitas.

Falantes. Silenciosas.

Entusiasmadas. Apáticas.

Famintas. Bem cuidadas.

Desorganizadas. Limpas. Mal

cuidadas. Cansadas. Sonolentas.

Vivas!

Page 8: Vidas

8

É possível que se pudessem elaborar inúmeras respostas,

igualmente questionadoras. Costa (2010)2, ao questionar “e a

gente entra numa vida como?” dirá, através de Alain Robbe-

Grillet em Por um novo romance, ao comentar a obra do escritor

Robert Pinget, que: “Trata-se de possíveis que erram pelos

cantos – de vidas possíveis, literaturas possíveis”. É possível,

pois, que nas inúmeras possibilidades de dar sentido à palavra

vida, se possam considerar os encontros que se dão, diariamente

através dos conteúdos, atividades, brincadeiras, olhares e

encantamentos que se oferecem a cada dia, por crianças únicas,

com olhares ávidos por experimentar outros conceitos de vida.

Seguindo e analisando a forma de escrita do citado crítico, esta é

compreendida como “breves pedaços de realidade

decomposta”, ligadas por um só princípio, que ele chamará de

vida – que para Pinget – “não estaria no desenrolar das cenas,

no seu enredo ou na narrativa de acontecimentos, mas no que

acontece desde que o romance inventa para si uma origem”.

Entende-se então, segundo Costa, que “se a vida começa por um

‘eu nasci...’, é porque a partir daí, dessa invenção, tudo se

bifurca, toda uma coleção de inícios possíveis que se abre a

partir desse primeiro enunciado... vida, numa escritura, seria, ela

mesma um vir a ser. Na oficina Vida pôde-se observar o

nascimento de um conjunto de possibilidades. Novos elos que se

constituem das intensidades do vívido e do vivido. Talvez aqui

seja o lugar e agora seja o momento de escrevermos sobre Vidas

que não são nossas. Mas que se encontram entrelaçadas às

nossas pelas possibilidades dos encontros que ainda nascem das

atividades que se compartilha, diariamente. Escrever, portanto,

dar-se-á num gesto desconfortavelmente confuso, pelo medo de

agonizar. De não dar conta de expressar, no espaço físico dos

parágrafos e das páginas que se findam, as intensidades dos

sentidos de vida que se construíram durante esta oficina.

Vida

Quando um bebe nasce começa

uma vida! (Luana – aluna do 3°

Ano B: 2011).

2 COSTA, 2010, p.47.

Page 9: Vidas

9

Observa-se, no entanto, que as atividades desenvolvidas na

oficina, puderam criar para as crianças, sentidos de Vida

referentes às suas vivências fundamentais como amor, amizade,

carinho, as coisas que gostam de fazer, como brincar, ler, aulas

de educação física, hora do recreio, enfim. As coisas mais

fundamentais que vivenciam no dia a dia, tanto na escola quanto

em casa, em suas diversas outras Vidas.

8. Referências

AQUINO, Julio Groppa e CORAZZA, Sandra (Orgs.). Abecedário educação da diferença.

Campinas, SP: Papirus, 2009.

BARK, Jaspre. Diário das invenções de Leonardo Da Vinci. São Paulo: Ciranda Cultural,

2009.

BOJUNGA, Lygia. A bolsa amarela. 33ª Ed. Rio de Janeiro: Ed. Casa Lygia Bojunga, 2003.

COSTA, Luciano Bedin da. Estratégias biográficas: biografema com Barthes, Deleuze,

Nietzsche e Henry Miller/Luciano Bedin da Costa, Porto Alegre: Sulina, 2011.

________________________. O destino não pode esperar ou o que dizer de uma vida. In:

FONSECA, Tania Mara Galli e COSTA, Luciano Bedin (Orgs.). Vidas do Fora –

habitantes do silêncio. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2010.

DALAROSA, Patrícia. Apud: Heuser, Ester Maria Dreher (org.) Caderno de Notas 1: projeto,

notas & ressonâncias. Cuiabá: EdUFMT, 2011. 120 p.

KASTRUP, Virginia. Pistas do método da cartografia: Pesquisa-intervenção e produção de

subjetividade / Orgs. Eduardo Passos, Virgínia Kastrup e Liliana da Escóssia. – Porto

Alegre: Sulina, 2009. 207 p.

OLIVEIRA, Marcos da Rocha. Biografemática do homo quotidianus: o senhor educador –

Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-graduação em Educação, Universidade

Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre: 2010.

Page 10: Vidas

10

SABUDA, Robert. Alice no país das maravilhas. / Lewis Carrol; [adaptação] Roberto Sabuda;

(Trad. Cynthia Costa.) São Paulo: Publifolhinha, 2010.

ROLNIK, Suely; GUATTARI, Félix. Cartografias do desejo. Editora Vozes, Petrópolis,

1986.

ZIRALDO, O menino marrom. São Paulo: Melhoramentos, 2009.