Vida após a morte

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01 ! " # $ %& ’ ( Em todos os tempos e em todas as civilizações encontramos a crença na vida após a morte, na medida em que o ser humano, que fora criado para viver eternamente, nunca aceitou seu próprio ocaso. No Egito a crença da vida após a morte estava arraigada em todas as classes sociais. Vários cemitérios ao longo do rio Nilo, pertencentes a comunidades do período pré-histórico, foram escavados desde 1894, e as tumbas encontradas, algumas das quais foram datadas como sendo do quinto milênio antes de Cristo, demonstram a arraigada crença da vida após a morte. Nestas tumbas foram encontrados com os corpos equipamentos de pedra, armas de pedra, utensílios, ornamentos pessoais, os quais serviriam para auxiliar a partida do falecido para o mundo do além. Para os egípcios, nada era mais importante do que alcançar a vida eterna, e tudo era feito para alcançá-la, desde rituais de feitiçaria a embalsamento e construção de ricas tumbas. Os caixões, por vezes, tinham uma porta falsa para que o morto pudesse sair com facilidade para o mundo do além. Eles acreditavam que além do corpo físico cada pessoa possuía um “ka”, ou seja, uma força de vida que continuava após a morte e que precisaria de todos os instrumentos que se tinha em vida, bem como de um corpo, razão da mumificação ou embalsamento. O “ka” se unia ao “ba” (personalidade da pessoa), e juntos faziam a jornada para a eternidade, onde os mortos ressuscitavam como “akh” (espírito). Assim, não é de admirar que diversas tumbas reais foram encontradas com inúmeros utensílios de ouro, ferramentas, ornamentos, armas, mobílias, e até mesmo diversos empregados mortos, os quais foram trancados na tumba ainda com vida, a fim de que continuassem a servir seu senhor no mundo do além. De acordo com os historiadores os sumérios acreditavam que a alma entrava no “kur”, uma espécie de inferno, no qual vagaria sem objetivo. Civilizações como Assíria e Babilônia também são tidas como possuidoras de crença na vida após a morte, para as quais com a morte a alma seguia para o “arallu”, que era um mundo subterrâneo, e a ele ficavam presos, com demônios vigiando a fronteira entre a vida e a morte.

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Em todos os tempos e em todas as civilizações encontramos a crença na vida após a morte, na medida em que o ser humano, que fora criado para viver eternamente, nunca aceitou seu próprio ocaso.

No Egito a crença da vida após a morte estava arraigada em todas as classes sociais. Vários cemitérios ao longo do rio Nilo, pertencentes a comunidades do período pré-histórico, foram escavados desde 1894, e as tumbas encontradas, algumas das quais foram datadas como sendo do quinto milênio antes de Cristo, demonstram a arraigada crença da vida após a morte. Nestas tumbas foram encontrados com os corpos equipamentos de pedra, armas de pedra, utensílios, ornamentos pessoais, os quais serviriam para auxiliar a partida do falecido para o mundo do além.

Para os egípcios, nada era mais importante do que alcançar a vida eterna, e tudo era feito para alcançá-la, desde rituais de feitiçaria a embalsamento e construção de ricas tumbas. Os caixões, por vezes, tinham uma porta falsa para que o morto pudesse sair com facilidade para o mundo do além. Eles acreditavam que além do corpo físico cada pessoa possuía um “ka”, ou seja, uma força de

vida que continuava após a morte e que precisaria de todos os instrumentos que se tinha em vida, bem como de um corpo, razão da mumificação ou embalsamento. O “ka” se unia ao “ba” (personalidade da pessoa), e juntos faziam a jornada para a eternidade, onde os mortos ressuscitavam como “akh” (espírito).

Assim, não é de admirar que diversas tumbas reais foram encontradas com inúmeros utensílios de ouro, ferramentas, ornamentos, armas, mobílias, e atémesmo diversos empregados mortos, os quais foram trancados na tumba ainda com vida, a fim de que continuassem a servir seu senhor no mundo do além.

De acordo com os historiadores os sumérios acreditavam que a alma entrava no “kur”, uma espécie de inferno, no qual vagaria sem objetivo.

Civilizações como Assíria e Babilônia também são tidas como possuidoras de crença na vida após a morte, para as quais com a morte a alma seguia para o “arallu”, que era um mundo subterrâneo, e a ele ficavam presos, com demônios vigiando a fronteira entre a vida e a morte.

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Os fenícios, assim como os egípcios, sepultavam seus mortos com os utensílios pessoais, o que, segundo alguns, eram mais do que indícios na crença da vida após a morte.

Os gregos também acreditavam na regeneração do ser humano após a morte, crença essa que também exposta nos pensamentos filosóficos de Sócrates, Platão e Pitágoras, dentre outros. O hinduísmo, o jainismo e o budismo também trouxeram consigo a doutrina da reencarnação e da vida após a morte. Na Europa antiga também os druidas possuíam crença semelhante. Mesmo na antiga Roma a crença da vida após a morte exercia influência na sociedade.

Essa crença de vida após a morte era conhecida na Antiguidade como ‘palingenesia” (palin = novo; gêneses = nascimento). Por essa crença, o espírito retornaria ao corpo tantas vezes quantas fossem necessárias para o crescimento e melhoramento do ser.

As culturas modernas, em sua quase totalidade, acreditam igualmente em alguma forma de vida após a morte. Diversas novelas, filmes, livros e revistas trazem em seu bojo a crença na imortalidade da alma e na vida após a morte, e com sucesso atingem todas as classes sociais.

Milhares de pessoas têm sido atraídas ao espiritismo, sobretudo em busca do “ conforto” obtido com a crença na vida após a morte e a possibilidade de receberem mensagens e conselhos de familiares falecidos através da

incorporação em médiuns, da materialização ou de vozes.

No Brasil não é diferente. Diversas revistas de destaque nacional jáabordaram o tema do espiritismo, inclusive como matéria de capa. A revista Veja, em sua edição de 11/05/2005, foi uma delas. Nesta edição (p.112 e seguintes), afirmou que o espiritismo tinha se tornado a religião de 40 milhões de brasileiros, com base em dados da Federação Espírita Brasileira, e que embora apenas 2% da população se definisse como espírita perante os censos oficiais, na prática a maioria da população acrescentava à sua religião os ensinos e crenças espíritas. Afirmou ainda a conceituada revista que “ todas as religiões, sem exceção, enxergam na morte o início de outro tipo de existência, que começaria pela sobrevivência de uma parte da essência humana – chame-se a ela de alma, espírito ou qualquer outro nome. A crença na vida após a morte éuniversal.” Certamente esqueceu-se da religião adventista ao redigir tal assertiva.

Entre nós, tanto os índios como os escravos trazidos da África acreditavam na vida após a morte e na comunicação com os mortos. Assim, o recebimento das doutrinas de Allan Kardec, pseudônimo com que ficou conhecido o pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail(1804-1869), não encontrou resistência nas terras tupiniquins.

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A mesma revista, em sua edição de 19/12/2001, que trouxe como matéria de capa “ a fé que move o Brasil” , afirmou que a crença na vida após a morte entre os que possuíam curso superior alcançava 70%, entre os que possuíam nível médio 61%, entre os que tinham apenas entre a 5ª e 8ª séries 58%, e 58% entre os analfabetos ou com escolaridade até a 4ªsérie. Somente 14% da população, segundo a revista, acreditava que a morte é o fim da existência.

O espiritismo também foi matéria especial na edição de 26/07/2000 da referida revista, que demonstrou, dentre outras coisas, o considerável número de pessoas importantes, cultas e influentes no meio político, militar, social, musical e esportivo, as quais seguem como regra de vida e de fé o espiritismo. A reportagem demonstrou que elite é quase toda espírita.

Multidões, tanto de cultos como de incultos, ricos e pobres, continuam na busca de conselhos e conforto de seus familiares e amigos falecidos, através dos médiuns.

A VOZ DE DEUS

A Bíblia nos ensina que “ formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente”(Gen. 2:7).

O verbo “ soprou” , neshemah, denota que Deus é a própria Fonte da vida. Ao refletir sobre o tema declarou Jó: “ ...o sopro [neshemah] do Todo-poderoso me dá vida.” (Jó 33:4). Assim, ausente o neshemah divino, não há vida, ao contrário, há morte. De acordo com as Escrituras Sagradas a imortalidade é um atributo pertencente única e exclusivamente a Deus.

Vemos, portanto, que o homem, após receber o neshemah de Deus tornou-se alma (nephesh) vivente. Assim, ele não tem uma alma, ele é uma alma. Quando “ alma” é considerada como sinônimo de “ ser” então se obtém o significado bíblico de nephesh.

A palavra hebraica ruach ocorre 377 no Velho Testamento e com freqüência étraduzida por espírito, vento, ou fôlego (Gen. 6:17; 7:22; 8:1; Ecl. 3:18 e 21). Étambém usada para descrever o Espírito de Deus (Isaías 63:10). Ao se referir ao homem, porém, nunca na Bíblia a palavra ruach significa uma entidade inteligente capaz de existir autonomamente separada do corpo físico. Também neshemah, de acordo com as Escrituras, não possui “ vida” autônoma apartada do corpo.

As Escrituras Sagradas ensinam que os animais possuem o mesmo fôlego de vida (neshemah): “ Porque o que sucede aos filhos dos homens sucede aos animais; o mesmo lhes sucede: como morre um, assim morre o outro, todos têm o mesmo fôlego de vida, e nenhuma vantagem tem o homem sobre os animais; porque tudo évaidade. Todos vão para o mesmo lugar; todos procedem do pó e ao pó tornarão.”(Ecl. 3:19-20).

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Disse Deus a Adão e Eva no Jardim do Éden: “ ...da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” (Gen. 2:17). A imortalidade era um presente do Criador condicionado à estrita obediência aos Seus conselhos, e nossos primeiros pais deixaram-se levar pelo engano do “ pai da mentira” que, usando o corpo da serpente, disse-lhes: “ Écerto que não morrereis” (Gen. 3:4). Após a desobediência do primeiro casal Deus determinou que a raça humana, após cumprir seus dias, voltaria ao pó de onde saíra. Mesmo assim, quantos têm preferido acreditar nas palavras de Satanás desprezando o “ assim diz o Senhor” .

O sábio Salomão em suas inspiradas reflexões concluiu pelo Espírito de Deus: “ Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem cousa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, porque a sua memória jaz no esquecimento. Amor, ódio e inveja para eles já pereceram; para sempre não têm eles parte em cousa alguma do que se faz debaixo do sol...Tudo quanto te vier àmão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque no além, para onde tu vais, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma.”(Ecl. 9:5-6,10). Ainda sobre a morte ensina Salomão: “ ...e o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu.” (Ecl. 12:7).

O salmista, por sua vez, concluiu sobre a morte dos homens: “ Sai-lhes o espírito [ruach], e eles tornam ao pó; nesse mesmo dia, perecem todos os seus desígnios.” (Salmos 146:4). ������ ����������� �������������� � ���� ���!��������������"�# ��� $ � ��� �%&����'�� (��

A Bíblia se refere à morte como um “ sono” (Deuteronômio 31:16; II Samuel 7:12; I Reis 11:43; Jó 14:10,12; Daniel 12:2; S. João 11:11, 12; I Coríntios 15:51; I Tessalonicenses 4:13-17). A morte, portanto, é tão-somente um período de descanso, após o qual o Senhor chamaráos Seus eleitos para a vida eterna e os ímpios para a destruição final.

O apóstolo Paulo, exortando seu amigo Timóteo, relembra o ensino bíblico de que Deus é “ o único que possui imortalidade” (I Tim. 6:16). E o Senhor Jesus Cristo certa feita declarou: “ Porque assim como o Pai tem vida em si mesmo, também concedeu ao Filho ter vida em si mesmo.” (João 5:26). Nessa mesma ocasião declarou o Salvador: “ Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo.” (João 5:28,29). A Bíblia ensina que na vinda de Cristo os justos receberão a imortalidade (I Tes. 4:13-17; I Cor. 52-55; Dan. 12:2).

A fim de afastar Seu povo das artimanhas satânicas Deus o proibiu expressamente de consultar os mortos, punindo tal prática com a morte (Lev. 19:31; 20:6 e 27; Deut. 18:10-12).

Alertando para os enganos do inimigo no tocante à crença da vida após a morte escreveu Ellen White: “ A doutrina da imortalidade natural, a princípio tomada emprestada à filosofia pagã, e incorporada à fé cristã durante as trevas da grande apostasia, tem suplantado a verdade tão claramente ensinada nas Escrituras, de

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que “ os mortos não sabem coisa nenhuma” . Multidões têm chegado a crer que os espíritos dos mortos é que são os “ espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação” . ... Os anjos decaídos... aparecem como mensageiros do mundo dos espíritos. Ao mesmo tempo em que professam trazer os vivos em comunicação com os mortos, o príncipe do mal sobre eles exerce sua influência fascinante. Ele tem poder para fazer surgir perante os homens a aparência de seus amigos falecidos. A contrafação éperfeita; a expressão familiar, as palavras, o tom da voz, são reproduzidos com maravilhosa exatidão. Muitos são consolados com a afirmativa de que seus queridos estão gozando a ventura celestial; e, sem suspeita de perigo, dão ouvidos a “ espíritos enganadores, e doutrinas de demônios” . ... Aquele que, perante Cristo, no deserto da tentação, pôde aparecer vestido com o resplendor dos serafins celestiais, vem aos homens da maneira mais atrativa, como anjo de luz. ... Muitos serão defrontados por espíritos de demônios personificando parentes ou amigos queridos, e declarando as mais perigosas heresias. Estes visitantes apelarão para os nossos mais ternos sentimentos de simpatia, efetuando prodígios para apoiarem suas pretensões. Devemos estar preparados para resistir a eles com a verdade bíblica de que os mortos nada sabem, e de que os que desta maneira aparecem são espíritos de demônios.” (O Grande Conflito, cap. 34, p. 551-562).

Que Deus nos abençoe e nos capacite a fim de que estejamos firmados em Sua Palavra, para instruir aqueles que propagam a crença da vida após a morte, e repelir os enganos do inimigo e com um irrefutável “Está escrito!”.