Viagens na minha terra

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Almeida Garret Viagens na minha terra

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Almeida Garret

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José Batista da Silva Leitão de Almeida Garrett foi um importante poeta e romancista português do século XIX. É considerado um dos mais importantes escritores do romantismo português.

Vida Artística  Nasceu na cidade do Porto (Portugal) em 1799 e morreu em 1854, na cidade de

Lisboa. Seus romances possuíam um forte caráter dramático. Participou também da política, escrevendo sobre este tema. Produziu textos históricos, críticos e diplomáticos.

Possuía um talento flexível para escrever, imprimindo em suas obras uma notável individualidade, elegância e originalidade.

Embora tenha se dedicado a vários gêneros literários, foi na poesia e no teatro que mais ganhou destaque. Suas obras “Camões” e “Frei Luis de Sousa” ganharam grande importância no mundo literário.

Até os dias atuais é um dos escritores, do século XIX, mais lidos em Portugal. Influenciou as gerações futuras da literatura portuguesa.

Biografia:

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Para entender os conflitos pelos quais o autor se depara, e que são a base de toda a sua crítica e tese, é primordial compreender a fase Histórica que Portugal vivencia na época descrita – A Revolução Liberal.

De um modo geral, as Ideias liberais surgiram em oposição à monarquia absoluta, ao mercantilismo, e às diversas formas de ortodoxia religiosa e clericalismo. Isso levou o clero a declarar que a revolução era “inimiga do trono e do altar”. Em Portugal, o patriotismo identificava se com o anti liberalismo e tradicionalismo católico, assim qualquer  tendência progressista era considerada como anti nacional.

Nesta época havia uma disputa politico-ideológica entre os Conservadores (Absolutistas) e os Liberais (Constitucionais) que foi antecedida por uma grande crise (invasões francesas napoleônicas e crise do colonialismo no Brasil o qual fora elevado a condição de Reino Unido a Portugal após a Vinda da Família Real).

A Situação portuguesa se agrava, e em 1830 culminou com uma Guerra Civil (pela reação Monárquica Absolutista que não aceitava as restrições ao poder régio) em que opunham-se Partido Constitucionalista (liderado pela Rainha D.ª Maria II e o Imperador D. Pedro I) e o Partido Tradicionalista (liderado por D. Miguel I), terminando com a vitoria Liberal.

Contexto Histórico:

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A obra foi publicada originalmente em folhetins na Revista Universal Lisbonense entre 1845 e 1846, sendo editada em livro apenas em 1846. Tida como obra única no Romantismo português por sua estrutura e linguagem inovadoras, Viagens na minha terra é um marco para a moderna prosa portuguesa e um importante documento de referência para entender a decadência do império português.

Classificação da Obra:  Romance Histórico.

Almeida Garrett faz crítica ao modo de produção da Literatura Romântica, não se considerando um autor romântico, pois esse estilo é, por ele, visto como uma Incoerência Inexplicável ["A sociedade é materialista; e a literatura, que é a expressão da sociedade, é toda excessivamente e abundantemente espiritualista."].

Ação principal: O autor resolve fazer uma viagem de Lisboa a Santarém de comboio, com a intenção de conhecer as ricas várzeas de Ribatejo, e assim saudar do alto cume a mais histórica e monumental das vilas de Portugal.

Análise da obra:

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Viagens na Minha Terra, pode ser considerado um romance contemporâneo. Um livro difícil de enquadrar em gênero literário, pelo hibridismo que apresenta,pois é composto de relatos autobiográficos, anotações da viagem que o autor realiza, crônica histórica e social, reflexões literárias e filosóficas, além de Novela sentimental (utilizada no final da obra como base para uma conclusão baseada em comparações – Frade x Barão; Faces do progresso). além da viagem que de fato acontece, paralelamente o autor conta um romance sentimental.

O conteúdo da obra, parte, como já foi dito, de um fato real, uma viagem que Garrett fez a Santarém e que teve o cuidado de situar no tempo. Além da viagem real, Garrett, faz nas suas divagações, várias viagens paralelas. Tantas e tais viagens, que numa delas o leva justamente, e pela mão de um companheiro de itinerário, a centrar-se no drama sentimental de Carlos e a”menina dos rouxinóis”: Joaninha.

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O que sabemos a respeito das outras personagens (incluindo seus pensamentos e sentimentos), ou nos é passado através dela mesma, ou através de outra personagem que conta algo ao narrador (em Viagens temos Frei Dinis contando o drama de Carlos e Joaninha). Essas informações podem ser, ainda, inferências feitas pelo narrador-protagonista.

As personagens de "Viagens na Minha Terra" funcionam como uma visão simbólica de Portugal, buscando-se através disso as causas da decadência do Império Português. O final do drama, que culmina na morte de Joaninha e na fuga de Carlos para tornar-se barão, representa a própria crise de valores em que o apego à materialidade e ao imediatismo acaba por fechar um ciclo de mutações de caráter duvidoso e instável.

Temos, então, as seguintes personagens e suas possíveis interpretações simbólicas dentro da obra:

Carlos: é um homem instável que não consegue se decidir sobre suas relações amorosas, podendo ser ligado às características biográficas do próprio Almeida Garrett.

Georgina: namorada inglesa de Carlos, é a estrangeira de visão ingênua, que escolhe a reclusão religiosa como justificativa para não participar dos dilemas e conflitos históricos que motivaram sua decepção amorosa.

Joaninha: prima e amada de Carlos. Meiga e singela, é a típica heroína campestre do Romantismo. Simboliza uma visão ingênua de Portugal, que não se sustenta diante da realidade histórica.

D. Francisca: velha cega avó de Joaninha. Mostra-nos a imprudência e a falta de planejamento com que Portugal se colocava no governo dos liberalistas, levando a nação à decadência.

Frei Dinis: é a própria tradição calcada num passado histórico glorioso, que no entanto, não é mais capaz de justificar-se sem uma revisão de valores e de perspectivas.

Análise dos Personagens:

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Quanto a seu estilo, Garrett insere-se num período de transição entre a estética de inspiração classicista e os ideais românticos. Desta maneira, em sua obra, o sentimentalismo romântico divide espaço com o equilíbrio e os ideais iluministas. O subjetivismo, o predomínio das emoções e o individualismo são cerceados por uma linguagem refinada, por um intenso apuro formal e, especialmente, pela preocupação com a realidade portuguesa. E tais características são claramente visíveis em Viagens na minha terra, obra que tem sua influência na "literatura de viagem", em voga no século XVIII e início do século XIX. Nesta obra de Garrett, o narrador, que também é autor, nos relata sua viagem - verídica - de Lisboa a Santarém. Conforme sua jornada progride, o narrador decepciona-se cada vez mais com o que observa: decadência, atraso e abandono. Numa prosa fluida, espontânea e aparentemente despretensiosa, que visa a cooptar o leitor constantemente, fazendo uso de vocativos, comenta os lugares por onde passa, entre uma reflexão e outra: critica o atraso tecnológico do país, a literatura que falseia a realidade, as más condições das estradas e hospedarias, o modo como os homens públicos dirigem o país, enfim, divaga sobre diversos temas, cheio de ironias, para então perceber que não cumprira seu objetivo.

Essa obra também introduz algo inédito na literatura mundial: a "narrativa dentro da narrativa", ao também relatar a história de amor entre dois jovens - Joaninha e Carlos. Joaninha representa a típica heroína romântica - íntegra, fiel ao seu amor - e Carlos é o jovem liberal e progressista, muito semelhante, nesse sentido, ao próprio Garrett. Há também um outro personagem, de caracteres e ações negativas: o atormentado frei Dinis, que representa o conservadorismo e o apego à antiga estrutura do Portugal decadente.

Escola Literária: