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MANAUS (AM) AVALIAÇÃO 217 VI. AVALIAÇÃO DO PMF/PSF POR GESTORES, PROFISSIONAIS DAS ESF E FAMÍLIAS USUÁRIAS 1. AVALIAÇÃO DOS GESTORES A avaliação dos gestores entrevistados sobre os pontos negativos e positivos do PSF em Manaus não foi uniforme. Alguns consideraram que não existiam pontos negativos ou que eram tão fáceis de resolver que não constituiriam dificuldades. O principal problema assinalado foi a baixa institucionalidade do programa definida como a falta de integração ao interior da SEMSA que estabelecia paralelismo de ações, “duas redes, duas coordenações”, mas o gestor municipal considerou que a integração com a rede tradicional e o estabelecimento de comando único eram obstáculos passíveis de remoção. Como ponto fraco foi apontada também a ausência de sistema de informação para acompanhamento epidemiológico das doenças e indicadores de saúde da população. Este ponto foi ressaltado como fragilidade que poderia tornar o programa vulnerável no futuro por não ter indicadores para comparar e acompanhar as mudanças. Para a sua resolução foi considerado necessário criar sistema informatizado. Dentre os pontos positivos os gestores salientaram a alta aceitação do programa por parte da comunidade, do Conselho Municipal de Saúde e dos profissionais das ESF. A motivação dos profissionais permitia uma perspectiva otimista de melhorar a atuação do programa. Características dessa motivação seriam a integração das equipes, a vontade de trabalhar “desde o agente até o médico, constituindo essa família que se fez dentro do programa”. Considerando o agente como “representante da comunidade na Casa de Saúde” a integração médico, agente e comunidade foi valorizada como ponto positivo e muito importante para o desenvolvimento do PSF. Outro aspecto mencionado como de grande relevância e inovador foi a própria proposta do PMF/PSF como meio de oferecer atenção básica à população: “esta estratégia foi pensada por alguém muito inteligente cansado de tentar mudar o sistema tradicional pois o que o PMF/PSF faz poderia ser feito dentro da unidade tradicional se fosse outra a mentalidade”. O grande diferencial seria a saída das equipes das unidades de saúde para os domicílios. “É um programa simples mas com uma alta complexidade. É uma estrutura pequena, com uma equipe pequena, mas com objetivos muito ambiciosos e precisa de apoio para produzir uma mudança efetiva nas condições de saúde e de atendimento da população manauense”.

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MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 217

VI. AVALIAÇÃO DO PMF/PSF POR GESTORES, PROFISSIONAIS

DAS ESF E FAMÍLIAS USUÁRIAS

1. AVALIAÇÃO DOS GESTORES

A avaliação dos gestores entrevistados sobre os pontos negativos e positivos do PSF em

Manaus não foi uniforme. Alguns consideraram que não existiam pontos negativos ou que

eram tão fáceis de resolver que não constituiriam dificuldades. O principal problema

assinalado foi a baixa institucionalidade do programa definida como a falta de integração

ao interior da SEMSA que estabelecia paralelismo de ações, “duas redes, duas

coordenações”, mas o gestor municipal considerou que a integração com a rede tradicional

e o estabelecimento de comando único eram obstáculos passíveis de remoção.

Como ponto fraco foi apontada também a ausência de sistema de informação para

acompanhamento epidemiológico das doenças e indicadores de saúde da população. Este

ponto foi ressaltado como fragilidade que poderia tornar o programa vulnerável no futuro

por não ter indicadores para comparar e acompanhar as mudanças. Para a sua resolução foi

considerado necessário criar sistema informatizado.

Dentre os pontos positivos os gestores salientaram a alta aceitação do programa por parte

da comunidade, do Conselho Municipal de Saúde e dos profissionais das ESF. A

motivação dos profissionais permitia uma perspectiva otimista de melhorar a atuação do

programa. Características dessa motivação seriam a integração das equipes, a vontade de

trabalhar “desde o agente até o médico, constituindo essa família que se fez dentro do

programa”. Considerando o agente como “representante da comunidade na Casa de

Saúde” a integração médico, agente e comunidade foi valorizada como ponto positivo e

muito importante para o desenvolvimento do PSF.

Outro aspecto mencionado como de grande relevância e inovador foi a própria proposta do

PMF/PSF como meio de oferecer atenção básica à população: “esta estratégia foi pensada

por alguém muito inteligente cansado de tentar mudar o sistema tradicional pois o que o

PMF/PSF faz poderia ser feito dentro da unidade tradicional se fosse outra a

mentalidade”. O grande diferencial seria a saída das equipes das unidades de saúde para os

domicílios. “É um programa simples mas com uma alta complexidade. É uma estrutura

pequena, com uma equipe pequena, mas com objetivos muito ambiciosos e precisa de

apoio para produzir uma mudança efetiva nas condições de saúde e de atendimento da

população manauense”.

MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 218

Neste sentido, destacou-se a ampliação do acesso da população à assistência médica.

Foram relatados casos de alguns moradores que nunca haviam tido qualquer tipo de

contato com esse profissional antes da implantação do programa. O PMF/PSF possibilitou

prestar assistência em locais anteriormente desprovidos de qualquer tipo de atenção à

saúde.

Uma das grandes vantagens apontadas pela coordenação municipal do programa referiu-se

à dimensão “social”, entendida como a realização por parte da ESF de ações que

transcendem o campo da saúde stricto sensu. O profissional de saúde da família passou a

ser referência para a população em assuntos relativos ao esgotamento sanitário, violência

doméstica, entre outros: “O médico é como se fosse um vice-prefeito daquela comunidade.

E essa é a grande vantagem do programa”. Neste sentido, o programa teria contribuído

para a melhoria da qualidade de vida da população assistida ao proporcionar aumento da

cobertura vacinal, redução da mortalidade infantil e conscientização sobre noções de

higiene e prevenção de doenças.

A reorganização da demanda foi apontada como outro ponto positivo da implantação do

PMF/PSF. Na opinião de um dos coordenadores o usuário passou a ter no médico do

programa e nas Casas de Saúde seu primeiro referencial, em contraposição à relação

anteriormente estabelecida com o hospital. O resgate da relação médico-paciente, na

perspectiva de uma atenção integral à saúde, também seria uma das maiores vantagens do

programa.

Na percepção dos gestores, haveria perspectivas de mudar o perfil de saúde dos habitantes

de Manaus desde que as ações fossem implementadas em maior escala, retirando do

PMF/PSF a característica de ser “amostra dos programas”.

Perguntados quanto à repercussão sobre a assistência e ao impacto do PMF/PSF sobre

alguns indicadores de saúde os gestores fizeram, em geral avaliações positivas. A relação

de afirmativas do quadro abaixo foi apresentada a sete gestores municipais da SEMSA

entrevistados.

As opiniões dos gestores basearam-se em suas percepções de mudança e avaliação quanto

às potencialidades do PSF. Todos os gestores apontaram um alto impacto do programa na

ampliação do acesso da população à atenção à saúde, aumento da cobertura vacinal,

aumento no número de consultas médicas por habitante e maior resolutividade do sistema

público de saúde. Um dos coordenadores observou que o impacto sobre a ampliação do

MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 219

acesso da população à saúde ainda era regular visto que a cobertura do PSF/PMF era de

cerca de 50% da população total do município.

Embora avaliassem os resultados como positivos, não houve consenso entre os gestores

entrevistados quanto à intensidade do impacto do PSF/PMF na: melhoria da qualidade da

atenção prestada, mudança no perfil epidemiológico em decorrência da redução de

doenças, redução da mortalidade infantil, redução da mortalidade materna, aumento da

cobertura de pré-natal e no aumento do número de consultas de enfermagem. Para estes

aspectos o impacto foi considerado por parte dos gestores como médio e para outros como

alto. Quanto ao impacto do PMF/PSF na redução da mortalidade infantil, o Secretário

Municipal de Saúde considerou o resultado médio pois a redução da mortalidade infantil

envolveria um conjunto de fatores dentre os quais a ampliação do saneamento básico. O

impacto sobre a redução da mortalidade materna foi considerado como médio e alto pela

maioria dos gestores devido à provável ampliação da cobertura de pré-natal. Em relação ao

aumento no número de consultas de enfermagem parte dos gestores considerou o resultado

médio devido à incorporação recente destes profissionais nas ESF.

Em relação às outras repercussões interrogadas, as avaliações do conjunto dos gestores

foram menos positivas. Na opinião dos gestores o programa exerceu médio impacto sobre

o aumento da satisfação dos usuários com o sistema público de saúde. O impacto do

PSF/PMF no aumento do número de pacientes referenciados e efetivamente atendidos foi

considerado baixo e médio segundo a opinião dos gestores.

Não foi possível agrupar as respostas segundo a avaliação da maioria dos gestores quanto

ao impacto do PSF/PMF na redução da pressão da demanda sobre serviços de emergência

e no número de atendimentos por pessoal de nível médio. As avaliações variaram desde as

que apontaram que o programa não apresentara impacto, como no caso da redução da

pressão sobre os serviços de urgência e emergência, até aquelas que consideraram que o

PSF/PMF tivera um alto impacto sobre os indicadores apresentados. No que se refere ao

aumento no número de atendimentos por pessoal de nível médio, parte dos gestores,

inclusive o Secretário Municipal de Saúde, avaliou que o PSF teve baixo impacto.

MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 220

Quadro 57 – Opinião dos gestores da Secretaria Municipal de Saúde entrevistados

quanto ao impacto do PSF/PMF em Manaus (AM), 2002

Impacto sobre Sem Baixo Médio Alto Não

sabe

Ampliação do acesso da população à atenção à saúde X

Melhoria da qualidade da atenção prestada X X

Redução da pressão da demanda sobre serviços de emergência X X

Mudança no perfil epidemiológico em decorrência da redução de

doenças X X

Redução da mortalidade infantil X X

Aumento da cobertura vacinal X

Redução da mortalidade materna X X

Aumento no número de consultas médicas por habitante X

Aumento no número de consultas de enfermagem X X

Aumento no número de atendimentos por pessoal de nível médio X X X

Aumento da cobertura de pré-natal X X

Aumento no número pacientes referenciados e efetivamente

atendidos X X

Redução do número de internações hospitalares X X

Maior satisfação dos usuários com o sistema público de saúde X

Maior resolutividade do sistema público de saúde X

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

2. AVALIAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DAS ESF

Foi solicitado a uma amostra de 376 profissionais das ESF, englobando as distintas

categorias (médicos, odontólogos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e ACS), que

avaliassem alguns aspectos referentes ao processo de implantação do PMF/PSF em

Manaus, bem como identificassem livremente um fator positivo e outro negativo de sua

experiência de trabalho no programa.

A avaliação consistiu na concordância ou não com aspectos relacionados à ampliação do

acesso promovida pelo PMF/PSF, modelo assistencial introduzido pelo programa,

integração do programa à rede de serviços de saúde, possíveis inovações e dificuldades

enfrentadas. Para os ACS e auxiliares de enfermagem foi solicitado ainda que avaliassem

com que freqüência se deparavam com alguns possíveis obstáculos na realização de suas

atividades.

Os resultados destas avaliações foram agrupados por categoria profissional e ao final

busca-se proceder a uma sucinta análise da correlação entre as diversas percepções.

Profissionais de nível superior

As percepções dos 56 profissionais de nível superior sobre os resultados de seus trabalhos

e o alcance de alguns objetivos do PMF/PSF foram, em geral, semelhantes entre as três

categorias profissionais. Os aspectos positivos mais assinalados foram a ampliação do

MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 221

acesso e a configuração do programa como porta de entrada para o sistema de saúde. As

dificuldades mais mencionadas foram relativas à integração do programa na rede de

serviços de saúde e ao impacto da precariedade das condições de vida da população no

processo de trabalho.

O grau de concordância de médicos e odontólogos em relação à ampliação do acesso de

novas parcelas da população aos serviços de saúde promovida pelo PMF/PSF foi bastante

elevado (71 e 86%, respectivamente), sendo um pouco menor entre os enfermeiros (67%).

Observou-se que no conjunto de profissionais de nível superior apenas um médico

discordou completamente desta afirmação. Isto foi compatível com a percepção de grande

parte destes profissionais (médicos – 61%; enfermeiros – 52% e odontólogos – 43%) que

discordaram da afirmação de que o PMF/PSF tinha ainda uma pequena área de

abrangência.

A maior parte dos médicos e enfermeiros concordou muito com a avaliação de que a USF

tornou-se porta de entrada do sistema enquanto entre os odontólogos a maioria concordou

parcialmente. Nenhum profissional discordou dessa idéia. No entanto, observou-se que

uma parcela significativa dos enfermeiros (48%) concordou em parte com o fato de a

população ainda procurar primeiro a rede convencional de atenção básica ou hospitalar.

Mesmo entre médicos e odontólogos alguns profissionais consideraram que a população

procurava a rede convencional de atenção básica ou hospitalar em primeiro lugar (11 e

14%, respectivamente).

Em relação à integração do PMF/PSF à rede, cerca da metade dos profissionais de nível

superior concordou em parte com a assertiva de que a ESF contava com um sistema de

referência e contra-referência que permite ampliar a confiança no trabalho e na

resolutividade da atenção básica. Outra parcela de profissionais (30%) discordou deste

aspecto e apenas um profissional concordou muito com a existência de um sistema de

referência e contra-referência para o PMF/PSF.

Um obstáculo ao trabalho desenvolvido pelas ESF pôde ser inferido do alto grau de

concordância quanto à persistência da demanda da população por atendimento médico,

pressionando as ESF para o atendimento da demanda espontânea. Apenas quatro dos 56

profissionais de nível superior discordaram desta afirmativa.

MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 222

A percepção quanto à resolutividade do PMF/PSF, expressa na oferta de recursos

adequados ao enfrentamento dos problemas de saúde na comunidade, teve concordância

parcial da maior parte dos médicos (86%), enfermeiros (71%) e odontólogos (100%).

Houve concordância parcial dos diversos profissionais de nível superior com a assertiva de

que a população sentia-se esclarecida sobre os cuidados rotineiros com a saúde. Apenas

uma pequena parcela concordou plenamente e uma minoria discordou por completo desse

aspecto.

Quanto à interferência da condição socioeconômica da população na qualidade da atenção

prestada, a esmagadora maioria dos profissionais concordou inteiramente que os fatores

socioeconômicos prevaleceram sobre a qualidade da atenção, prejudicando a melhoria da

qualidade de vida. Nenhum dos profissionais discordou desta noção.

Quadro 58 – Percepção dos médicos sobre o PMF/PSF, Manaus (AM), 2002

Percepção sobre PMF/PSF Concorda

muito

Concorda

em parte

Não concorda Não

respondeu

Total

N % N % N % N % N %

A ESF ampliou o acesso de novas parcelas da

população aos serviços de saúde no município

20 71,4 6 21,4 1 3,6 1 3,6 28 100,0

A USF tornou-se a porta de entrada do sistema de

atenção à saúde

18 64,3 8 28,6 - - 2 7,1 28 100,0

A população ainda procura primeiro a rede

convencional ou hospitalar

3 10,7 11 39,3 13 46,4 1 3,6 28 100,0

O PSF tem uma área de abrangência ainda pequena 5 17,9 5 17,9 17 60,7 1 3,6 28 100,0

A ESF conta com um sistema de referência e

contra-referência que permite ampliar a confiança

no trabalho e na resolutividade da rede básica

1 3,6 14 50,0 11 39,3 2 7,1 28 100,0

A população ainda tem uma forte demanda por

atendimento médico, pressionando a ESF para o

atendimento da demanda espontânea

21 75,0 3 10,7 3 10,7 1 3,6 28 100,0

A ESF oferece recursos adequados para ao

enfrentamento dos problemas de saúde na

comunidade

1 3,6 24 85,7 1 3,6 2 7,1 28 100,0

A população se sente esclarecida sobre cuidados

rotineiros com a saúde

5 17,9 20 71,4 2 7,1 1 3,6 28 100,0

Os fatores socioeconômicos que determinam a

condição de carência da comunidade ainda

prevalecem sobre a qualidade da atenção,

prejudicando a melhoria da qualidade de vida

22 78,6 5 17,9 - - 1 3,6 28 100,0

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 223

Quadro 59 – Percepção dos odontólogos sobre o PMF/PSF, Manaus (AM), 2002

Percepção sobre PMF/PSF Concorda

muito

Concorda

em parte

Não

concorda

Não

respondeu

Total

N % N % N % N % N %

A ESF ampliou o acesso de novas parcelas da

população aos serviços de saúde no município

6 85,7 1 14,3 - - - - 7 100,0

A USF tornou-se a porta de entrada do sistema de

atenção à saúde

2 28,6 4 57,1 - - 1 14,3 7 100,0

A população ainda procura primeiro a rede

convencional ou hospitalar

1 14,3 3 42,9 2 28,6 1 14,3 7 100,0

O PSF tem uma área de abrangência ainda

pequena

2 28,6 1 14,3 3 42,9 1 14,3 7 100,0

A ESF conta com um sistema de referência e

contra-referência que permite ampliar a confiança

no trabalho e na resolutividade da rede básica

2 28,6 5 71,4 - - - - 7 100,0

A população ainda tem uma forte demanda por

atendimento médico, pressionando a ESF para o

atendimento da demanda espontânea

5 71,4 2 28,6 - - - - 7 100,0

A ESF oferece recursos adequados para o

enfrentamento dos problemas de saúde na

comunidade

- - 7 100,0 - - - - 7 100,0

A população se sente esclarecida sobre cuidados

rotineiros com a saúde

2 28,6 5 71,4 - - - - 7 100,0

Os fatores socioeconômicos que determinam a

condição de carência da comunidade ainda

prevalecem sobre a qualidade da atenção,

prejudicando a melhoria da qualidade de vida.

5 71,4 1 14,3 - - 1 14,3 7 100,0

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 224

Quadro 60 – Percepção dos enfermeiros sobre o PMF/PSF, Manaus (AM), 2002

Percepção sobre PMF/PSF Concorda

muito

Concorda

em parte

Não

concorda

Não

respondeu

Total

N % N % N % N % N %

A ESF ampliou o acesso de novas

parcelas da população aos serviços de

saúde no município

14 66,7 6 28,6 - - 1 4,8 21 100,0

A USF tornou-se a porta de entrada do

sistema de atenção à saúde

11 52,4 8 38,1 - - 2 9,5 21 100,0

A população ainda procura primeiro a

rede convencional ou hospitalar

3 14,3 10 47,6 7 33,3 1 4,8 21 100,0

O PSF tem uma área de abrangência

ainda pequena

3 14,3 6 28,6 11 52,4 1 4,8 21 100,0

A ESF conta com um sistema de

referência e contra-referência que permite

ampliar a confiança no trabalho e na

resolutividade da rede básica

4 19,0 9 42,9 6 28,6 2 9,5 21 100,0

A população ainda tem uma forte

demanda por atendimento médico,

pressionando a ESF para o atendimento

da demanda espontânea

14 66,7 5 23,8 1 4,8 1 4,8 21 100,0

A ESF oferece recursos adequados para o

enfrentamento dos problemas de saúde na

comunidade

1 4,8 15 71,4 4 19,0 1 4,8 21 100,0

A população se sente esclarecida sobre

cuidados rotineiros com a saúde

6 28,6 10 47,6 4 19,0 1 4,8 21 100,0

Os fatores socioeconômicos que

determinam a condição de carência da

comunidade ainda prevalecem sobre a

qualidade da atenção, prejudicando a

melhoria da qualidade de vida

12 57,1 8 38,1 - - 1 4,8 21 100,0

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

Aos 56 profissionais de nível superior das ESF de Manaus foi solicitado que comentassem

livremente um fator positivo e um fator negativo de sua experiência no PMF/PSF. Do

conjunto desses profissionais, em torno de 11% não responderam ao fator positivo e 14%

ao fator negativo.

A experiência de trabalho no PMF/PSF tinha vários aspectos positivos na avaliação dos

profissionais de nível superior em Manaus. Foram assinalados com maior freqüência

mudanças no modelo de atenção e assuntos relacionados ao estreitamento de vínculos com

a população tais como a possibilidade de conhecer os problemas da população (que

engloba visitas domiciliares, trabalhar diretamente com a população e o acompanhamento

realizado pela ESF) e o bom relacionamento, entrosamento e satisfação da população.

Em primeiro lugar na freqüência das respostas apareceu a atenção à saúde prestada pelo

programa (mudanças de hábitos, prevenção, promoção e melhoria da qualidade de vida da

população). Para os odontólogos, este fator estava em segundo lugar, sendo o primeiro a

MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 225

possibilidade de conhecer os problemas da população aspecto que, ocupou a segunda

posição na classificação dos enfermeiros e a terceira na dos médicos.

O vínculo com a população foi destacado em terceiro lugar pelo conjunto de profissionais

de nível superior – mas, em segundo na classificação dos médicos – enquanto que o

trabalho em equipe figurou em quarto lugar. Os odontólogos não referiram o trabalho em

equipe como uma experiência positiva no PMF/PSF.

Os profissionais de nível superior assinalaram ainda, com maior freqüência, o bom

atendimento e a eficiência das ESF (5o lugar) e, juntos em sexto lugar, a possibilidade de

trabalhar com pessoas pobres, o controle de doenças e a redução da demanda nos demais

serviços de saúde. Para os enfermeiros e odontólogos a possibilidade de trabalhar com

pessoas pobres sequer foi citada como experiência positiva, ocupando a quinta posição na

classificação feita pelos médicos.

Quadro 61 – Percepção dos profissionais de nível superior sobre fatores positivos da

experiência de trabalho no PMF/PSF, Manaus (AM), 2002

Experiência positiva Posição na percepção dos profissionais de nível

superior

Total Médicos Enfermeiros Odontólogos

Atenção à saúde, Mudança de hábitos; Prevenção;

Promoção; Melhorar a qualidade de vida da

população

1o 1o 1o 2o

Possibilidade de conhecer os problemas da

população; Visitas domiciliares; Trabalhar

diretamente com a população; Acompanhamento

2o 3o 2o 1o

Vínculo com a população; Bom relacionamento;

Entrosamento; Satisfação da população 3o 2o 3o 2o

Bom ambiente de trabalho; Entrosamento com

outros profissionais; Vínculo com outros

profissionais; Trabalho em equipe

4o 4o 3o -

Bom atendimento; Acesso fácil ao atendimento;

Atendimento organizado; Eficiência da equipe 5o 6o 5o 4o

Possibilidade de trabalhar com pessoas pobres 6o 5o - -

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

As experiências negativas assinaladas com maior freqüência foram: precariedade das

condições de trabalho, dificuldades de integração à rede de serviços de saúde e acesso a

outros níveis de assistência, pequena valorização do trabalho pela comunidade e pelos

serviços de saúde, e a precariedade das condições socioeconômicas da população

cadastrada.

A falta de estrutura física foi o aspecto com maior destaque para o conjunto de

profissionais de nível superior, sendo que na avaliação dos médicos ocupou o segundo

lugar.

MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 226

Os médicos, consideraram, em primeiro lugar, como fator negativo as dificuldades na

referência para os outros níveis de atenção do sistema de saúde enquanto as dificuldades na

contra-referência apareceram na segunda posição, ao lado da falta de estrutura física. Sem

dúvida, são os médicos que lidam mais diretamente com a necessidade de encaminhar

pacientes para outros níveis de complexidade do sistema de saúde.

Em relação às condições socioeconômicas da população, houve grande freqüência de

respostas considerando como aspecto negativo do trabalho no PMF/PSF a impossibilidade

de ajudar as famílias carentes em face do grau de pobreza da população (2o lugar para

enfermeiros e odontólogos) e a falta de saneamento básico.

A menção à interferência política no programa também foi recorrente entre os enfermeiros,

ocupando o terceiro lugar das respostas ao lado da falta de saneamento e das reclamações

da população. Apenas os médicos, entre os profissionais de nível superior, não apontaram a

questão política como experiência negativa no PMF/PSF.

A resistência da população ao programa e ao novo modelo assistencial e assuntos

relacionados a pouca valorização do trabalho apareceram com freqüência na opinião dos

profissionais de nível superior. Esta baixa valorização procederia, na opinião destes

profissionais, dos níveis hierárquicos superiores e incluiria a falta de apoio e de assessoria.

Quadro 62 – Percepção dos profissionais de nível superior sobre a fatores negativos

da experiência de trabalho no PMF/PSF, Manaus (AM), 2002

Experiência negativa Posição na percepção dos profissionais de

nível superior

Total Médicos Enfermeiros Odontólogos

Falta de estrutura física; Falta de unidades próprias; Falta de

espaço físico; Falta de consultórios; Falta de laboratório de

apoio

1o 2o 1o 1o

Dificuldades na referência; Dificuldades no encaminhamento

aos especialistas 2o 1o - -

Impossibilidade de ajudar as famílias carentes; Pobreza da

população 3o 4o 2o 2o

Dificuldades na contra-referência 4o 2o - -

Falta de saneamento básico 5o 8o 3o 2o

Falta de valorização (das autoridades, dos superiores); Falta

de apoio; Falta de assessoria 6o 5o 6o -

Resistência da população ao programa ao novo modelo de

atenção à saúde 7o 5o - 2o

Falta de condições para dar atendimento; Programa não está

totalmente funcionando 8o 7o - 2o

Interferência política 9o - 3o 2o

Reclamações da população 10o 9o 3o -

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 227

Auxiliares de enfermagem

Foi perguntado a 59 auxiliares de enfermagem que trabalhavam no PMF/PSF de Manaus

com que freqüência estes se deparavam com alguns obstáculos ao desempenho de suas

atividades no programa. Para 61% desses profissionais a forte demanda por atendimento

médico foi o obstáculo mais freqüente. A gravidade dos riscos sociais no âmbito da

comunidade também foi considerado como obstáculo muito freqüente na opinião de 42%

dos auxiliares de enfermagem.

Para 29% dos auxiliares, a grande densidade populacional em relação ao padrão

normatizado pelo programa constituiu um obstáculo muito freqüente, mas para outros 25%

este fator não dificultava o desenvolvimento de suas atividades. A baixa mobilização dos

usuários para participar das atividades foi considerada muito freqüente por 29% dos

auxiliares de enfermagem enquanto que o uso inadequado dos serviços de saúde foi muito

freqüente para 24% dos respondentes.

Entre os fatores que os auxiliares de enfermagem informaram constituírem-se em

obstáculos pouco freqüentes destacaram-se a fragilidade dos vínculos com a comunidade

(34%), o difícil acesso dos profissionais ao território (31%) e a baixa mobilização da

comunidade para participar dos CLS.

Parte dos auxiliares de enfermagem (22%) considerou que a quantidade excessiva de

membros individuais nos grupos familiares era um obstáculo pouco freqüente no

desempenho de suas atividades enquanto que o mesmo número avaliou que este fator não

dificultava o desenvolvimento do PMF/PSF. O mesmo ocorreu em relação à inadequação

do planejamento e programação das atividades.

Apareceu como obstáculo pouco freqüente ou que não dificultava a realização das

atividades, a fragilidade de vínculos no interior da equipe na avaliação de 29 e 31% dos

auxiliares de enfermagem respectivamente.

Mais de 30% dos auxiliares de enfermagem consideraram que a rotativilidade dos

profissionais dificultava o desempenho de suas atividades.

Os percentuais de auxiliares de enfermagem que não avaliaram cada aspecto variaram

entre o mínimo de 22% e um máximo de 34%.

MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 228

Quadro 63 – Percepção dos auxiliares de enfermagem sobre fatores que dificultam o

desempenho de suas atividades, Manaus (AM), 2002

Dificuldades Muito

freqüente

Pouco

freqüente

Não

dificulta

Não sabe Não

respondeu

Total

N % N % N % N % N % N %

Forte demanda por atendimento

médico

36 61,0 4 6,8 6 10,2 - - 13 22,0 59 100,0

Gravidade dos riscos sociais no

âmbito da comunidade

25 42,4 8 13,6 10 16,9 - - 16 27,1 59 100,0

Grande densidade populacional

em relação ao padrão do

programa

17 28,9 10 16,9 15 25,4 2 3,4 15 25,4 59 100,0

Baixa mobilização dos usuários

para participar das atividades

17 28,8 12 20,3 8 13,6 2 3,4 20 33,9 59 100,0

Uso inadequado dos serviços de

saúde

14 23,7 8 13,6 11 18,6 4 6,8 22 37,3 59 100,0

Baixa mobilização da

comunidade para participar nos

CLS

13 22,0 14 23,7 6 10,2 6 10,2 20 33,9 59 100,0

Difícil acesso dos profissionais

ao território

10 16,9 18 30,6 16 27,1 1 1,7 14 23,7 59 100,0

Quantidade excessiva de

membros individuais nos grupos

familiares

9 15,3 13 22,0 13 22,0 4 6,8 20 33,9 59 100,0

Rotatividade dos profissionais 8 13,6 10 16,9 18 30,5 3 5,1 20 33,9 59 100,0

Fragilidade dos vínculos com a

comunidade

6 10,2 20 33,9 15 25,4 - - 18 30,5 59 100,0

Inadequação do planejamento e

programação das atividades

5 8,5 16 27,1 16 27,1 3 5,1 19 32,2 59 100,0

Fragilidade dos vínculos dentro

da equipe

4 6,8 17 28,8 18 30,5 3 5,1 17 28,8 59 100,0

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

Foi também solicitado aos auxiliares de enfermagem que avaliassem alguns aspectos

relacionados aos resultados de seus trabalhos e o alcance de alguns dos objetivos do

PMF/PSF, por meio da concordância ou não com afirmações sobre o programa. As

avaliações em torno do acesso foram bastante positivas, mas pontos relacionados com a

integração da rede e com o próprio desenho do modelo assistencial sugeriram dificuldades.

O percentual de não respostas entre os auxiliares de enfermagem foi de 17% para o fator

positivo e 25% para o fator negativo.

Em relação à acessibilidade promovida pelo PMF/PSF, 51% dos respondentes avaliaram

que o programa ampliou o acesso de novas parcelas populacionais aos serviços de saúde e

apenas 2 não concordaram que o acesso melhorou.

O impacto do PMF/PSF no modelo de atenção à saúde no município foi percebido de

diferentes maneiras pelos auxiliares de enfermagem. Cerca de 75% destes profissionais

concordaram muito que o PMF/PSF se concentrou em áreas pobres e apenas um

profissional discordou desta proposição. Por outro lado, 41% concordaram parcialmente

MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 229

que o programa substituiu as unidades básicas tradicionais de saúde, enquanto 39%

concordaram muito com esta afirmativa.

A configuração da USF como porta de entrada do sistema, expressa na assertiva de que a

população procurava primeiro a USF, obteve elevado grau de concordância de 61% dos

auxiliares de enfermagem. No entanto, as avaliações desses profissionais se dividiram

sobre a afirmação que a população procurava primeiramente os hospitais ou unidades de

saúde tradicionais: 34% concordaram parcialmente, 20% concordaram muito e 25% não

concordaram. Cerca de 40% dos auxiliares de enfermagem concordaram em parte que as

USF substituíram a rede básica tradicional e 39% concordaram muito.

A resolutividade do programa e seu impacto nos demais níveis do sistema foram, avaliados

de forma positiva na medida em que 51% dos auxiliares de enfermagem concordaram

muito e 37% concordaram parcialmente com a afirmativa de que a população atendida pelo

programa procurava menos os serviços hospitalares e especializados. Apenas 7%

discordaram de que o PMF/PSF produziu diminuição na procura da população por serviços

de maior complexidade.

As opiniões se dividiram quando o assunto foi avaliar se o PMF/PSF cumpria na prática as

funções de pronto-atendimento: 37% discordaram enquanto 34% concordaram em parte e

20% concordaram muito, o que sugere diferenças entre a organização do processo de

trabalho das ESF vis-à-vis a normatização do programa.

Apesar dos obstáculos mencionados anteriormente, a grande maioria dos auxiliares de

enfermagem (75%) discordou da afirmação de que o PMF/PSF não tinha importância na

atenção à saúde do município.

Duas dificuldades sobressaíram no grau de concordância com as afirmativas de que o

programa atraia a população vizinha, o que sobrecarregava o atendimento e na resistência

da população alvo às ações das USF. Houve alta taxa de concordância sobre a atração da

população vizinha (63%) entre os auxiliares de enfermagem mas as opiniões se dividiram

em relação à segunda afirmativa: 34% discordaram de que a população alvo resistiria às

ações das USF ao passo que outros 34% concordaram em parte e 19% concordaram muito.

Quanto à afirmativa de que o PMF/PSF atua articulado aos demais programas de saúde

existentes, 41% dos auxiliares de enfermagem concordaram muito e 39% concordaram

parcialmente. Houve também alto grau de concordância desses profissionais em relação ao

MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 230

fato de o programa favorecer a atuação intersetorial no município: 49% concordaram muito

e 29% concordaram em parte.

Quadro 64 – Percepção dos auxiliares de enfermagem sobre o PMF/PSF, Manaus

(AM), 2002

Percepção sobre PMF/PSF Concorda

muito

Concorda

em parte

Não

concorda

Não sabe Não

respondeu

Total

N % N % N % N % N % N %

Ampliou o acesso de novas

parcelas da população

30 50,8 15 25,4 2 3,4 4 6,8 8 13,6 59 100,0

Concentra-se em áreas pobres 44 74,6 12 20,3 1 1,7 - - 2 3,4 59 100,0

Substitui as unidades básicas

tradicionais de saúde

23 39,0 24 40,6 9 15,3 - - 3 5,1 59 100,0

População procura a USF

primeiro

36 61,0 10 16,9 6 10,2 - - 7 11,9 100,0

População primeiro procura

hospitais ou unidades

tradicionais de saúde

12 20,3 20 33,9 15 25,4 4 6,8 8 13,6 59 100,0

A população atendida procura

menos os serviços hospitalares

e especializados

30 50,8 22 37,3 4 6,8 - - 3 5,1 59 100,0

Cumpre na prática as funções

de pronto atendimento

12 20,3 20 33,9 22 37,3 - - 5 8,5 59 100,0

Não tem importância na

atenção à saúde do município

3 5,1 3 5,1 44 74,6 2 3,4 7 11,9 59 100,0

Atrai a população vizinha que

sobrecarrega o atendimento

37 62,7 10 16,9 4 6,8 2 3,4 6 10,2 59 100,0

População alvo resiste às ações

das USF

11 18,6 20 33,9 20 33,9 1 1,7 7 11,9 59 100,0

Atua articulado aos programas

de saúde existentes no

município

24 40,7 23 39,0 5 8,5 1 1,7 6 10,2 59 100,0

Favorece ação intersetorial no

município

29 49,2 17 28,8 3 5,1 5 8,5 5 8,5 59 100,0

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

Aos 59 auxiliares de enfermagem foi solicitado que indicassem livremente um fator

positivo e um fator negativo de sua experiência de trabalho no PMF/PSF. Vários pontos

positivos foram listados, destacando-se em primeiro lugar a possibilidade de ajudar,

informar e educar a população sobre a saúde, o que, de certa forma, coincidiu com o

principal fator positivo mencionado pelos profissionais de nível superior. Os auxiliares de

enfermagem apontaram ainda, com muita freqüência, a possibilidade de conhecer os

problemas da população (incluindo visita domiciliar, aprender com a população, conhecer

os problemas in loco e trabalhar diretamente com a população) e a possibilidade de

trabalhar com pessoas pobres. O trabalho e entrosamento da equipe ocupou o quarto lugar

na percepção dos auxiliares de enfermagem quanto à experiência positiva no programa,

enquanto o controle de doenças, que envolve o acompanhamento de doentes e a

continuidade do tratamento dividiu o quinto lugar com o bom atendimento dado pela ESF.

MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 231

Quadro 65 – Percepção dos auxiliares de enfermagem sobre fatores positivos da

experiência de trabalho no PMF/PSF, Manaus (AM), 2002

Experiência positiva Posição na percepção dos

auxiliares de enfermagem

Possibilidade de ajudar, informar, educar a população sobre a saúde;

Mudança de hábitos; Prevenção; Promoção 1o

Possibilidade de conhecer os problemas da população; visita domiciliar;

Aprender com a população; Conhecer os problemas in loco; Trabalhar

diretamente com a população

2o

Possibilidade de trabalhar com as pessoas pobres 3o

Trabalho em equipe; Bom entrosamento da equipe; União da equipe 4o

Controle de doenças (hipertensão, diabetes, preventivo, etc.);

Acompanhamento de doentes; Continuidade do tratamento 5o

Pronto atendimento dado pela ESF; Bom atendimento dado pela ESF;

Qualidade das consultas; Eficiência da equipe 5o

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

Entre os fatores negativos, a resistência da população ao programa e ao novo modelo

assistencial apresentaram a maior freqüência de menções do conjunto de auxiliares de

enfermagem. Em seguida, apareceram a falta de estrutura física e a falta de saneamento

básico. A descaracterização do programa com prevalência da medicina curativa dividiu o

quarto lugar com outros itens na listagem de experiências negativas do PMF/PSF. Um

aspecto também bastante mencionado estava relacionado com as condições de trabalho,

sobretudo a percepção de que o programa não estava totalmente funcionando e faltavam as

condições necessárias para prestar um bom atendimento. Falta de material, de

medicamentos e vacinas também foram freqüentes nas respostas dos auxiliares de

enfermagem bem como o insuficiente preparo de alguns profissionais.

Quadro 66 – Percepção dos auxiliares de enfermagem sobre fatores negativos da

experiência de trabalho no PMF/PSF, Manaus (AM), 2002

Experiência negativa Posição na percepção dos

auxiliares de enfermagem

Resistência; Hostilidade da população; Pessoas que não valorizam a

informação recebida 1o

Falta de estrutura física; Falta de consultórios; Falta de local para as atividades

com as famílias; Falta de local próprio; Falta de espaço físico 2o

Falta de saneamento básico 3o

Descaracterização do programa; Prevalência da medicina curativa 4o

Falta de condições para dar atendimento; Condições precárias de trabalho; Não

poder resolver todos os casos; Programa não está totalmente funcionando 4o

Falta de preparo de alguns profissionais 4o

Falta de material; Inadequação do material (para curativo, papel, etc.) 4o

Reclamações da população; Ser visto pela população como culpado pelos

problemas de atendimento e de falta de material 4o

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 232

Agentes comunitários de saúde

Foi solicitado a 261 ACS das ESF que apontassem com que freqüência alguns fatores

dificultavam o desempenho de suas atividades. Estes profissionais destacaram como

obstáculos muito freqüentes forte demanda por atendimento médico (66%); gravidade dos

riscos sociais no âmbito da comunidade (35%); grande densidade populacional em relação

ao padrão do programa (33%); baixa mobilização dos usuários para participar das

atividades propostas pela ESF (30%) e baixa mobilização da comunidade para participar

nos Conselhos Locais de Saúde (29%).

Para os ACS, os fatores que não dificultavam seu desempenho foram: fragilidade dos

vínculos dentro da equipe (56%) e a fragilidade dos vínculos com a comunidade (56%); o

difícil acesso ao território por falta de arruamento, o isolamento de algumas residências,

acidentes geográficos (45%); a rotatividade dos profissionais (36%) e o uso inadequado

dos serviços de saúde (32%).

A inadequação do processo de planejamento e programação das atividades foi um aspecto

que 28% dos ACS consideraram não dificultar o desenvolvimento do seu trabalho e foi

considerado como um obstáculo pouco freqüente para outros 27%.

As avaliações se dividiram na pergunta sobre com que freqüência a quantidade excessiva

de membros individuais nos grupos familiares dificultava o desenvolvimento do trabalho.

Enquanto para 26% dos ACS este aspecto não constituía um obstáculo, outros 24%

acreditavam que era uma dificuldade pouco freqüente e 23% avaliaram-no como muito

freqüente. Tal fato pode estar relacionado com diferenças na composição familiar entre as

áreas das ESF.

O índice de não respostas variou entre um mínimo de 14% e um máximo de 27%.

MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 233

Quadro 67 – Percepção dos agentes comunitários de saúde sobre fatores que

dificultam o desempenho de suas atividades, Manaus (AM), 2002

Dificuldades Muito

freqüente

Pouco

freqüente

Não

dificulta

Não sabe Não

respondeu

Total

N % N % N % N % N % N %

Forte demanda por

atendimento médico

173 66,3 24 9,2 22 8,4 - - 42 16,1 261 100,0

Gravidade dos riscos

sociais no âmbito da

comunidade

90 34,5 64 24,5 63 24,1 8 3,1 36 13,8 261 100,0

Grande densidade

populacional em relação ao

padrão do programa

85 32,6 43 16,5 78 29,9 4 1,5 51 19,5 261 100,0

Baixa mobilização dos

usuários para participar das

atividades

78 29,9 73 28,0 51 19,5 3 1,1 56 21,5 261 100,0

Baixa mobilização da

comunidade para participar

nos CLS

76 29,1 64 24,5 41 15,7 26 10,0 54 20,7 261 100,0

Quantidade excessiva de

membros individuais nos

grupos familiares

61 23,4 63 24,1 67 25,7 9 3,4 61 23,4 261 100,0

Difícil acesso dos

profissionais ao território

41 15,7 48 18,4 116 44,5 9 3,4 47 18,0 261 100,0

Uso inadequado dos

serviços de saúde

42 16,1 59 22,6 84 32,2 17 6,5 59 22,6 261 100,0

Inadequação do

planejamento e

programação das atividades

20 7,7 70 26,8 74 28,3 26 10,0 71 27,2 261 100,0

Rotatividade dos

profissionais

42 16,1 44 16,9 93 35,5 14 5,4 68 26,1 261 100,0

Fragilidade dos vínculos

dentro da equipe

11 4,2 33 12,6 145 55,6 10 3,8 62 23,8 261 100,0

Fragilidade dos vínculos

com a comunidade

18 6,9 29 11,1 145 55,6 5 1,9 64 24,5 261 100,0

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

A percepção dos 261 ACS pesquisados sobre os resultados de seus trabalhos e alcance de

alguns dos objetivos do PMF/PSF foi, de modo geral, positiva. Ao mesmo tempo, houve

um reconhecimento de algumas dificuldades no desenvolvimento da estratégia do

PMF/PSF.

Nos aspectos relacionados à acessibilidade do programa, houve predominância de

avaliações positivas por parte dos ACS: 54% concordaram muito que o PMF/PSF ampliou

o acesso de novas parcelas da população aos serviços de saúde no município. Tais

assertivas foram compatíveis com o alto grau de concordância dos ACS (53%) de que a

população procurava primeiro a Unidade da Saúde da Família, configurando-se como porta

de entrada prioritária ao sistema local de saúde. Por outro lado, cerca de 68% dos ACS

perceberam que o PMF/PSF concentrava-se em áreas pobres ou periféricas do município.

Embora 31% dos respondentes discordassem da afirmativa de que a população procurava

MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 234

primeiro os hospitais ou as unidades tradicionais de saúde, 38% concordaram em parte.

Esta percepção ratificou, de certo modo, a divisão dos ACS quanto à concordância com as

afirmativas de que o PMF/PSF substituira as unidades básicas tradicionais de saúde no

atendimento da população e que depois da implantação do programa a população atendida

procurava menos os serviços hospitalares e especializados: 44% concordaram em parte que

o programa substituiu a rede básica tradicional enquanto 31% concordaram muito; e 45%

concordaram muito que ocorreu diminuição da procura por serviços especializados e

hospitalares ao passo que 36% concordaram em parte.

Ainda em relação ao modelo assistencial implantado pelo PMF/PSF, houve uma polaridade

de opiniões dos ACS sobre a afirmação de que o programa cumpria na prática a função de

pronto atendimento: 36% dos ACS concordaram em parte e 35% discordaram dessa

avaliação. Este dissenso pode ser atribuído à autonomia das ESF na definição das

atividades e às diferenças na organização do processo de trabalho, de cada equipe não

obstante as diretrizes do programa.

Foi alto o grau de discordância (72%) dos ACS sobre a afirmação de que o programa não

tinha importância na atenção à saúde do município, contrastando com os menos de 10%

que concordaram muito com essa assertiva.

Um aspecto positivo associado à integração do PMF/PSF à rede esteve presente na

afirmativa de que o programa atuava de modo articulado com os programas de saúde

existentes na rede, sobre o que 43% dos ACS concordara muito 29% concordaram em

parte e apenas 5% discordaram.

Diferentes opiniões se manifestaram em relação às resistências da população alvo às ações

das ESF: 35% dos ACS concordaram em parte 22% discordaram totalmente, 21%

concordaram muito com essa afirmação.

Os ACS concordaram muito (56%) com o fato do PMF/PSF atrair a população vizinha

sobrecarregando o atendimento; 22% concordaram em parte com esta afirmação.

Uma inovação que o programa pretende introduzir refere-se à intersetorialidade, aspecto

sobre o qual 45% dos ACS concordaram muito enquanto 25% concordaram em parte e

menos de 7% não concordaram.

MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 235

Quadro 68 – Percepção dos agentes comunitários de saúde sobre o PMF/PSF,

Manaus (AM), 2002

Percepção sobre PMF/PSF Concorda

muito

Concorda

em parte

Não

concorda

Não sabe Não

respondeu

Total

N % N % N % N % N % N %

Ampliou o acesso de novas

parcelas da população

141 54,0 50 19,2 15 5,7 25 9,6 30 11,5 261 100,0

Concentra-se em áreas

pobres

178 68,2 56 21,5 10 3,8 - - 17 6,5 261 100,0

Substitui as unidades básicas

tradicionais de saúde

81 31,0 115 44,1 39 14,9 2 0,8 24 9,2 261 100,0

População procura a USF

primeiro

138 52,8 38 14,6 29 11,1 14 5,4 42 16,1 261 100,0

População primeiro procura

hospitais ou unidades

tradicionais de saúde

48 18,4 99 37,9 82 31,4 6 2,3 26 10,0 261 100,0

A população atendida

procura menos os serviços

hospitalares e especializados

116 44,5 94 36,0 28 10,7 - - 23 8,8 261 100,0

Cumpre na prática as

funções de pronto

atendimento

47 18,0 93 35,7 91 34,9 3 1,1 27 10,3 261 100,0

Não tem importância na

atenção à saúde do

município

24 9,2 15 5,7 189 72,4 2 0,8 31 11,9 261 100,0

População alvo resiste às

ações das USF

54 20,7 90 34,5 58 22,2 22 8,4 37 14,2 261 100,0

Atrai a população vizinha

que sobrecarrega o

atendimento

145 55,6 57 21,8 24 9,2 8 3,1 27 10,3 261 100,0

Atua articulado aos

programas de saúde

existentes no município

112 42,9 76 29,1 13 5,0 24 9,2 36 13,8 261 100,0

Favorece ação intersetorial

no município

117 44,9 66 25,3 18 6,9 27 10,3 33 12,6 261 100,0

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

Na identificação de fatores positivos e negativos de suas experiências de trabalho no

PMF/PSF, cerca de 22% dos ACS não anotaram ao fator positivo enquanto 27% não

mencionaram o fator negativo.

Muitos foram os fatores positivos apontados por esses profissionais. De modo semelhante

à avaliação dos auxiliares de enfermagem, na classificação dos ACS figurou em primeiro

lugar a possibilidade de ajudar, informar e educar a população sobre a saúde, envolvendo

mudanças de hábitos e ênfase nas ações de prevenção e promoção. Em seguida apareceu a

possibilidade de conhecer os problemas da comunidade ao trabalhar diretamente com a

população, seguida da oportunidade de aprendizado proporcionada pelo PMF/PSF que foi

mencionada tanto quanto o controle e acompanhamento de doenças como diabetes e

hipertensão. Em quinto lugar foi apontado o trabalho em equipe, envolvendo o bom

MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 236

entrosamento e a união da ESF e em sexto lugar a formação de grupos (gestantes,

hipertensos) e seu acompanhamento.

Quadro 69 – Percepção dos profissionais de nível elementar – ACS quanto ao fator

positivo da experiência de trabalho no PMF/PSF, Manaus (AM), 2002

Experiência positiva Posição na

percepção dos ACS

Possibilidade de ajudar, informar, educar a população sobre a saúde; Mudança de

hábitos; Prevenção; Promoção 1o

Possibilidade de conhecer os problemas da população; Visitas domiciliares; Trabalhar

diretamente com a população 2o

Aprender (com os colegas, com leituras, troca de experiência, etc.) 3o

Controle de doenças (hipertensão, diabetes, preventivo, etc.); Acompanhamento de

doentes; Continuidade do tratamento 3o

Trabalho em equipe; Bom entrosamento da equipe; União da equipe 5o

Formação de grupos (idosos, gestantes, etc.); Acompanhamento dessas pessoas 6o

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

Quanto ao fator negativo, houve forte concordância dos agentes comunitários de saúde

com a avaliação dos auxiliares de enfermagem. A falta de estrutura física ficou em

primeiro lugar na percepção dos ACS, seguida de perto pela resistência e hostilidade da

população ao trabalho desenvolvido no PMF/PSF. O valor dos salários apareceu em

terceiro lugar no conjunto dos fatores negativos mencionados e aspectos relacionados à

falta de material e de medicamentos ocuparam o quarto e o quinto lugares.

As reclamações da população, considerando-os responsáveis pelos problemas de

atendimento, foram também apontadas pelos ACS como um dos principais fatores

negativos da experiência de trabalho no PMF/PSF.

Quadro 70 – Percepção dos agentes comunitários de saúde sobre fatores negativos da

experiência de trabalho no PMF/PSF, Manaus (AM), 2002

Experiência negativa Posição na

percepção dos ACS

Falta de estrutura física; Falta de consultórios; Falta de local para as atividades com as

famílias; Falta de local próprio; Falta de espaço físico; Falta de laboratório de apoio 1o

Resistência da população ao programa; Hostilidade da população; Pessoas que não

valorizam a informação recebida 2o

Valor do salário 3o

Falta de material; Inadequação do material (para curativo, papel, etc.) 4o

Falta de medicamentos, e vacinas 5o

Reclamações da população; Ser visto pela população como culpado pelos problemas

de atendimento e de falta de material 6o

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

Em linhas gerais, pode-se dizer que as avaliações das trê categorias de profissionais se

aproximaram e foram bastante positivas nos aspectos da ampliação do acesso da população

aos serviços, estabelecimento de vínculos com a comunidade e desenvolvimento do

trabalho em equipe propiciados pelo PMF/PSF. Houve uma tendência a identificar o

MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 237

programa como porta de entrada para o sistema local de saúde, ainda que parte dos

entrevistados avaliasse que a população ainda procurava primeiramente a rede básica

tradicional ou a hospitalar.

A não integração do programa à rede de serviços de saúde e ausência de referência para

outros níveis de atenção foram apontados como as grandes dificuldades do PMF/PSF,

restringindo a resolutividade da assistência prestada.

Da mesma forma, a precariedade das condições de vida da população foi assinalada como

um obstáculo à efetividade das ações de saúde das ESF, limitando o alcance do programa.

A não valorização do trabalho no PMF/PSF foi um aspecto comum na avaliação do

conjunto dos profissionais. Para os de nível superior, esta não valorização adviria,

sobretudo, dos níveis hierárquicos superiores e se expressaria na falta de apoio técnico-

político e de assessoria para a realização das atividades. Na opinião de auxiliares de

enfermagem e ACS, a não valorização seria proveniente do não reconhecimento por parte

de segmentos da população do trabalho desenvolvido e da freqüente responsabilização

desses profissionais pelas falhas do programa e do próprio sistema de saúde como um todo.

Os ACS queixaram-se também de baixos salários.

Uma unanimidade entre as várias categorias de profissionais foi a falta de adequadas

condições de trabalho, relacionada tanto com a estrutura física das USF quanto com a falta

de materiais e medicamentos básicos.

Outros aspectos ressaltados pelo conjunto dos integrantes das USF foram a forte demanda

da população por atendimento médico, sobretudo em termos de pronto-atendimento, e a

sobrecarga imposta pela população não adscrita ao programa, que com freqüência procura

as USF em busca de assistência.

3. AVALIAÇÃO DAS FAMÍLIAS

As 241 famílias entrevistadas consideraram, em sua maioria (81%), que depois que o

PMF/PSF foi criado as condições de saúde do bairro melhoraram, cerca de 15% avaliaram

que estas não se modificaram e na opinião de apenas 2 famílias (0,8%), moradoras das

áreas sob responsabilidade das equipes 01 e 05, as condições de saúde na localidade

haviam piorado. As avaliações mais positivas em relação ao bom resultado da

implementação do PMF/PSF nas condições de saúde do bairro em que residem foram das

famílias adscritas às equipes 02 (87%), 04 (97%), 06 (97%) e 07 (93%) enquanto as

MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 238

famílias vinculadas, principalmente à equipe 01, e também às equipes 03 e 08 foram as

que, relativamente, mais consideraram que as condições de saúde do bairro não haviam

sido modificadas pelo PMF/PSF.

Os entrevistados foram mais críticos em relação à interferência do PMF/PSF nas condições

de saúde de suas famílias pois 67% consideraram que estas haviam melhorado a partir do

funcionamento do programa, 31% avaliaram que as condições de saúde de suas famílias

permaneceram iguais e três famílias (1%), vinculadas às equipes 01, 02 e 08, informaram

que haviam piorado. As avaliações mais positivas das conseqüências do PMF/PSF sobre as

condições de saúde de suas famílias foram dos moradores nas áreas sob responsabilidade

das equipes 04 (77%) e 06 (90%) enquanto aquelas que mais consideraram,

proporcionalmente, que a saúde de suas famílias se modificara estavam adscritas às

equipes 01 (43%), 05 (37%) e, principalmente, 08 (57%).

Mais da metade das famílias entrevistadas (60%) avaliou que com a criação do PMF/PSF

passaram a procurar menos serviços hospitalares e especialistas, cerca de 25%

consideraram que a demanda por estes serviços permanecera igual e 14% que aumentou.

Estas últimas concentravam-se nas equipes 01 e 05, nas quais cerca de 27% das famílias de

cada área consideraram que procuravam mais hospitais e especialistas assim como na

equipe 08 (23%), embora em todas as áreas, excetuando-se a sob responsabilidade da

equipe 07, existiram entre 2 e 8 famílias que opinaram que a procura por hospitais e

especialistas aumentou. As famílias que informaram precisar menos de serviços

hospitalares ou especialistas desde a criação do PMF/PSF concentraram-se nas áreas sob

responsabilidade das equipes 02 (70%) e 04 (78%) e as que mais consideraram,

proporcionalmente, não ter ocorrido nenhuma mudança neste aspecto estavam adscritas às

equipes 01, 03, 07 e 08.

Para analisar melhor este item foi considerada como avaliação negativa a soma das

famílias que informaram que a demanda por hospitais e especialistas aumentara e as que

declararam que esta procura não havia sido modificada com a implantação do PMF/PSF,

opinião de 39% do total das famílias entrevistadas. Os percentuais de avaliação negativa

foram superiores à média entre as famílias adscritas às equipes 01 (57%), 03 (40%), 05

(43%) e 08 (57%), e inferiores à média nas famílias vinculadas às equipes 02 (30%), 04

(23%), 06 (33%) e 07 (30%).

Embora em percentual menor, 54% das famílias também consideraram que depois da

criação do PMF/PSF procuram menos serviços de urgência/emergência. Ao redor de 30%

MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 239

das famílias informaram não ter ocorrido mudança nesse aspecto e 14% avaliaram que

procuram mais serviços de emergência. Estas últimas estavam vinculadas, principalmente,

às equipes 01 (30%), 05 (23%) e 08 (20%). As áreas que apresentaram maiores percentuais

de famílias que com a implantação do PMF/PSF passaram a demandar menos serviços de

urgência e emergência estavam sob responsabilidade das equipes 02, 04 e 07 enquanto as

famílias para as quais a procura de serviços de emergência não se alterou estavam

concentradas nas áreas das equipes 03 e 08.

Com a implantação do PMF/PSF o atendimento nos casos de doenças melhorou muito para

44% e melhorou um pouco para 38% das famílias entrevistadas em Manaus, congregando

82% das famílias que consideraram ter melhorado a assistência aos doentes. Por outro

lado, 15% das famílias consideraram que o atendimento em caso de doença não melhorou

e 2% que havia piorado. Estas últimas quatro famílias relacionavam-se com as equipes 01

(2), 02 (1) e 05 (1). As avaliações mais positivas foram de famílias adscritas às equipes 04

(55%), 06 (73%) e 07 (64%) que consideraram que a assistência nos casos de doenças

melhorara muito com a criação do PMF/PSF. As famílias vinculadas às equipes 03 e 08

foram as que, proporcionalmente, mais mencionaram que a assistência ao doente melhorou

um pouco, respectivamente, 47% e 50%. As famílias que mais consideraram que o

atendimento em caso de doença não melhorou residiam nas áreas sob responsabilidade das

equipes 01 (33%), 03, 05 e 08 (opinião de 20% das famílias em cada).

Considerando o conjunto dos cinco itens de avaliação foi possível verificar coerências e

contradições entre a característica assinalada pela Coordenação Municipal do PMF/PSF de

ser a equipe bem sucedida ou com dificuldades e as opiniões das famílias atendidas.

Embora a Coordenação considerasse a equipe 01 como bem sucedida as famílias

entrevistadas apresentaram percentuais de avaliação positiva abaixo da média do conjunto

das equipes nos cinco itens, além de incluir famílias que achavam que as condições de

saúde do bairro e de sua família tinham piorado assim como a assistência em caso de

doença, e que a demanda por assistência em hospitais, com especialistas e nos serviços de

urgência/emergência tinham aumentado. A soma das famílias entrevistadas que

consideraram que a procura por hospitais e especialistas aumentou com aquelas que

avaliaram que a demanda por estes serviços não se modificou atingiu a taxa mais elevada

(57%) entre todas as equipes.

Por sua vez as famílias adscritas à equipe 02, considerada como apresentando dificuldades

pela Coordenação Municipal, avaliaram todos os itens com percentuais positivos acima da

MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 240

média embora existissem entrevistados que consideraram que as condições de saúde de

suas famílias e a assistência ao doente haviam piorado assim como que a demanda por

hospitais e especialistas aumentaram depois da implantação do PMF/PSF.

As famílias sob responsabilidade da equipe 03, também indicada pela Coordenação

Municipal como uma ESF com dificuldades, manifestaram percentuais próximos à média

de avaliação positiva da implantação do PMF/PSF nas condições de saúde de seus

integrantes e na diminuição da demanda por hospitais e especialistas todavia foi mais

crítica quanto à melhora das condições de saúde do bairro assim como na diminuição da

procura por serviços de emergência e mais positiva que a média em relação a assistência

em caso de doenças.

A avaliação da Coordenação Municipal que considerou a equipe 04 como bem sucedida foi

reiterada pelas famílias a ela adscritas que avaliaram com percentuais acima da média

todos os itens. Embora algumas famílias tenham informado que a procura por hospitais e

especialistas aumentou depois da criação do PMF/PSF, a soma das porcentagens de

famílias que informaram que aumentou a demanda por hospitais e especialistas com as que

declararam que a procura por estes serviços e profissionais manteve-se igual foi a menor

(23%) entre todas as equipes.

A opinião das famílias vinculadas à equipe 05 foi coerente com a definição feita pela

Coordenação Municipal do PMF/PSF de ser uma equipe com dificuldades na medida em

que excetuando-se o item de melhoria das condições de saúde do bairro que obteve um

percentual de respostas positivas similar à media, os demais itens foram avaliados de

maneira mais crítica, inclusive por famílias que consideraram que a assistência em caso de

doença piorara.

A coerência entre a avaliação da Coordenação Municipal do programa e as famílias

usuárias também ocorreu em relação à equipe 06, bem sucedida na opinião da coordenação

e com porcentagens de opiniões positivas das famílias bem acima da média do conjunto

das equipes em todos os itens exceto em relação à diminuição da demanda por serviços de

emergência em que a taxa é apenas discretamente superior à média.

No caso da equipe 07 considerada pela Coordenação Municipal como apresentando

dificuldades as famílias a ela vinculadas manifestaram-se de forma bem positiva em todos

os itens com percentuais acima da média e, inclusive, esta foi a única equipe em que

nenhuma família manifestou piora nas condições de saúde do bairro ou da família ou no

MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 241

atendimento aos doentes nem aumento na demanda por hospitais, especialistas ou serviços

de emergência.

A avaliação da Coordenação Municipal da equipe 08, caracterizada como bem sucedida,

não foi ratificada pelas famílias que manifestaram-se com percentuais bem menores de

positividade em relação à media em todos os itens exceto a assistência aos doentes que

recebeu porcentagem de respostas positivas discretamente inferior à média. Adscritas a

esta equipe estavam famílias que consideraram que a saúde de seus integrantes piorou e a

soma das famílias que opinaram que a procura por hospitais e especialistas aumentou com

aquelas que avaliaram que a demanda por estes serviços não se modificou atingiu a taxa

mais elevada (57%) entre todas as equipes.

Quadro 71 – Avaliação positiva das famílias sobre condições de saúde, diminuição da

demanda de hospitais, especialistas e serviços de emergência, e assistência

em caso de doença depois da implantação do PMF/PSF, Manaus (AM),

2002

Equipe Característica Condições

saúde bairro

melhoraram

Condições

saúde

família

melhoraram

Demanda de

hospitais e

especialistas

diminuíram

Demanda

serviços de

emergência

diminuiu (1)

Assistência ao

doente

melhorou

muito e um

pouco

Todas as equipes 80,0 66,5 **60,2 54,4 82,1

01 Bem sucedida *53,4 *50,1 **40,0 40,0 *56,7

02 Com dificuldades 86,6 *70,0 **70,0 66,6 *83,4

03 Com dificuldades 73,4 66,7 **60,0 53,3 76,7

04 Bem sucedida 96,8 77,4 **77,4 67,8 93,6

05 Com dificuldades *80,0 63,3 **56,6 50,0 *76,7

06 Bem sucedida 96,7 90,0 **66,7 56,6 93,3

07 Com dificuldades 93,3 76,7 66,7 63,4 96,3

08 Bem sucedida 66,6 *36,7 **43,4 36,7 80,0

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

* Existência de famílias que declararam que as condições de saúde do bairro ou de sua família ou que o

atendimento em caso de doença pioraram depois da implantação do PMF/PSF.

** Existência de famílias que declararam que depois da implantação do PMF/PSF procuram mais hospitais e

serviços de emergência.

(1) Em todas as equipes existiram famílias que informaram procurar mais serviços de urgência e emergência

depois da implantação do PMF/PSF.

Foi solicitado aos entrevistados que comparassem o atendimento recebido nas USF com o

prestado anteriormente em Postos ou Centros de Saúde. Um pouco mais da metade das

famílias (125) afirmou que antes do PMF/PSF existiam unidades de saúde no bairro ou

comunidade, concentradas nas áreas das equipes 03, 04, 06, 07 e 08. Poucas famílias (uma

ou duas) adscritas às equipes 01 e 02 e nenhuma vinculada à equipe 05 informaram a

existência anterior de unidades de saúde na localidade.

MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 242

Entre as famílias que confirmaram a existência de postos ou centros de saúde antes da

implementação do programa, pouco mais da metade (67) eram atendidas com freqüência

nestas unidades mas nenhuma delas estava vinculada às equipes 01, 02 e 05. Entre as

famílias que moravam nas áreas sob responsabilidade das equipes 03 e 04 predominaram

as que eram atendidas com pouca freqüência nos postos ou centros de saúde, situação

oposta a verificada entre as famílias adscritas às equipes 06, 07 e 08.

A avaliação comparativa entre o atendimento prestado pela USF e os centros e postos de

saúde das 67 famílias entrevistadas que anteriormente ao PMF/PSF utilizavam com

freqüência as unidades básicas tradicionais foi favorável ao programa: 32 famílias (48%)

consideraram que o atendimento na USF era melhor, 20 famílias (30%) opinaram que era

igual e 15 famílias (22%) informaram que o atendimento era pior que o recebido em

centros e postos de saúde. Nas famílias vinculadas a equipe 03 predominou a opinião que a

atenção da ESF era pior que a dos centros e postos. As famílias sob responsabilidade da

equipe 04 manifestaram de forma equivalente que o atendimento era melhor e que o

atendimento era igual nos dois tipos de unidades. Nas famílias adscritas às equipes 06 e 07

predominaram as que consideraram que a assistência no PMF/PSF era melhor que a

recebida nas unidades básicas tradicionais. Entre as famílias moradoras da área da equipe

08 as respostas que consideraram o atendimento na USF melhor e as que referiram ser pior

foram equivalentes.

As 67 famílias que informaram que antes da existência do PMF/PSF na localidade eram

atendidas com freqüência em postos ou centros de saúde existentes no bairro foram

solicitadas a realizar uma avaliação comparativa entre os dois tipos de serviços de saúde

em relação a nove itens. A participação da ESF nas atividades do bairro foi considerada

melhor por 58% dos entrevistados, igual por 19% e pior por 22% das famílias. A avaliação

positiva da ESF predominou entre as famílias atendidas pelas equipes 04, 06 e 08,

respectivamente 82%, 77% e 64%. As famílias que consideraram que a participação da

ESF nas atividades do bairro era pior que a dos profissionais das unidades de atenção

básica freqüentadas anteriormente concentraram-se na equipe 03 (58%). Nas famílias

adscritas à equipe 07 embora a avaliação positiva congregasse maior número de respostas

(44%), 31% consideraram que a participação da ESF nas atividades do bairro era igual a da

equipe dos centros e postos de saúde e 25% afirmaram ser pior. Entre as famílias

vinculadas à equipe 08 27% consideraram que o envolvimento da ESF nas atividades do

bairro era pior que o dos profissionais de saúde da rede básica tradicional.

MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 243

As famílias entrevistadas avaliaram que a atuação da USF era melhor (67%) que os centros

ou postos de saúde existentes anteriormente quanto ao conhecimento dos problemas da

comunidade embora 19% tenham afirmado ser pior neste aspecto e 12% consideraram ser

igual. A predominância de avaliação positiva das ESF sobre o conhecimento dos

problemas da comunidade foi verificada entre as famílias adscritas às equipes 04 (91%), 06

(71%), 07 (56%) e 08 (73%) mas 24% das famílias moradoras na área da equipe 06

afirmaram que o conhecimento era igual e 25% das que estavam sob responsabilidade da

equipe 07 avaliaram que era pior. Entre as famílias vinculadas à equipe 03 as opiniões se

dividiram entre as que consideraram que ESF conhecia melhor os problemas da

comunidade e as que avaliaram como pior.

O conhecimento técnico dos profissionais de saúde para interferir nos problemas foi

avaliado como melhor (46%), igual (28%) e pior (22%) na USF que nos centros e postos

de saúde existentes anteriormente. A avaliação negativa do conhecimento técnico da ESF

predominou entre as famílias adscritas à equipe 03 (50%) enquanto a maioria das famílias

vinculadas às equipes 04 (55%), 06 (59%) e 08 (55%) considerou o conhecimento técnico

das ESF melhor. As famílias atendidas pela equipe 07 avaliaram como melhor (44%), igual

(31%) e pior (19%) o conhecimento técnico para interferir nos problemas da ESF em

relação ao das unidades de atenção básica que freqüentavam antes da existência do

PMF/PSF no bairro.

O senso de responsabilidade dos profissionais das ESF em relação aos moradores do bairro

foi considerado como maior por 60% das famílias entrevistadas que puderam realizar a

avaliação comparativa entre as USF e as unidades básicas de saúde. No entanto, 21% das

famílias informaram que as duas equipes de profissionais eram iguais na responsabilidade

em relação aos moradores do bairro, opinião compartilhada por 24% das famílias adscritas

à equipe 06 e 25% das famílias vinculadas à equipe 07. Os entrevistados que informaram

perceber como pior a responsabilidade da ESF em relação aos habitantes da localidade

comparativamente às equipes dos centros e postos de saúde representaram 18% do total de

famílias concentradas principalmente na equipe 03 (50%) e na equipe 07 (31%).

Na comparação da facilidade em obter consulta agendada 54% das famílias consideraram

que na USF era mais fácil mas 28% afirmaram que era pior e 15% que era igual a

verificada nos centros e postos de saúde que existiam no bairro anteriormente. A avaliação

negativa da USF em relação à facilidade de obtenção de consulta marcada foi

predominante entre as famílias adscritas à equipe 03 (58%) assim como a avaliação

MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 244

positiva foi a posição da maioria das famílias da equipe 06 (56%). Nas demais equipes,

embora com predomínio de famílias que consideravam mais fácil obter consulta quando

estava marcada na USF que nas unidades tradicionais de atenção básica, outras opiniões

também foram assinaladas com freqüência. Nas famílias adscritas à equipe 04, 45%

consideraram ser melhor na USF mas 36% avaliaram como igual e 18% como pior. Nas

áreas sob responsabilidade da equipe 07, 56% informaram ser melhor e 31% ser pior e

entre as famílias vinculadas à equipe 08, 54% percebiam ser mais fácil obter consulta

agendada na USF enquanto 36% afirmaram ser mais difícil.

O quadro se modifica quando as famílias avaliaram a facilidade de obter consulta sem

marcar na USF em relação ao que acontecia nos centros e postos de saúde que

freqüentavam antes da implantação do PMF/PSF no bairro. Menos da metade das famílias

entrevistadas (43%) afirmaram que na USF era mais fácil obter consulta não agendada,

enquanto 24% informaram ser igual e 31% consideraram ser pior. Neste aspecto também

as famílias adscritas à equipe 03 foram as que concentraram a avaliação negativa da USF –

67% consideraram que na USF era mais difícil conseguir consulta quando não estava

marcada do que nas unidades básicas que existiam anteriormente no bairro, embora 25%

das famílias vinculadas a essa equipe apresentassem avaliação positiva da USF nesse

aspecto. As famílias sob responsabilidade da equipe 04 dividiram-se entre as opiniões que

na USF a facilidade em obter consulta sem agendamento era maior (46%) e era igual

(46%) ao que acontecia antes nos centros e postos de saúde. Embora com predominância

da avaliação positiva da USF (41%) as famílias vinculadas à equipe 06 consideraram

também que na USF era igual (29%) e na USF era pior (29%) que nas unidades

tradicionais de atenção básica. A equipe 07 foi predominantemente avaliada de forma

positiva (56%) e a equipe 08 foi considerada ser tanto melhor (46%) quanto pior (46%) no

que diz respeito à facilidade de obter consulta sem agendamento prévio.

As 67 famílias entrevistadas que freqüentavam postos e centros de saúde regularmente

antes da criação da USF no bairro dividiram-se quanto à avaliação das condições da USF

para oferecer um bom atendimento à população: 45% consideraram que eram melhores,

34% iguais e 19% piores. A avaliação negativa da USF predominou entre as famílias

adscritas à equipe 03 (58%), a avaliação positiva foi preponderante entre as famílias

vinculadas à equipe 07 (56%) e a avaliação de equivalência – as condições para oferecer

bom atendimento eram iguais na USF e nas unidades básicas de saúde – foi mais freqüente

nas famílias sob responsabilidade da equipe 08 (55%). As famílias moradoras nas áreas das

MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 245

equipes 04 e 07 dividiram-se entre as que consideraram que a USF tinha melhores

condições de dar bom atendimento e as que avaliaram que as condições eram iguais

(respectivamente, 46% e 47%).

Em relação à obtenção de medicamentos a maior parte das famílias avaliou que a

facilidade era igual na USF (42%) e nos centros e postos de saúde, enquanto 39%

consideraram ser mais fácil obter medicamentos na USF e 16% consideraram ser mais

difícil. As famílias adscritas à equipe 03 acompanharam a opinião predominante no

conjunto das famílias entrevistadas assinalando ser igual (42%) a facilidade de obtenção de

medicamentos nos dois tipos de unidades mas a avaliação negativa da USF neste aspecto

foi o mais elevado (33%). Apenas as famílias vinculadas à equipe 04 avaliaram que na

USF era mais fácil (55%) obter medicamentos enquanto nas famílias sob a

responsabilidade das equipe 06 e 08 as opiniões dividiram-se entre ser mais fácil na USF e

ser igual (respectivamente, 42% e 46%) na USF e nos centros e postos de saúde. Metade

das famílias adscritas à equipe 07 considerou que a facilidade de obtenção de

medicamentos era igual.

A obtenção de outros serviços e benefícios como cestas de alimentos e leite foi avaliado

por um número reduzido de famílias pois a maior parte (49%) declarou não saber informar.

Cerca de 27% das famílias consideraram que na USF era mais fácil, 19% opinaram ser

igual e 5% avaliaram que na USF era mais difícil obter esses outros benefícios do que nos

centros e postos de saúde que freqüentavam anteriormente. Essas também foram as

opiniões das famílias quando analisadas segundo as equipes às quais estavam vinculadas

sobressaindo as famílias sob responsabilidade das equipes 04 e 07 que consideraram ser

mais fácil a obtenção de benefícios na USF do que em unidades tradicionais de atenção

básica à saúde (respectivamente, 64% e 37%) e as famílias adscritas à equipe 08 que

avaliaram ser mais difícil (55%).

De modo geral, a USF foi considerada melhor pelas famílias entrevistadas do que os

centros e postos de saúde freqüentados anteriormente excetuando-se os aspectos

relacionados à facilidade de obtenção de medicamentos – que a maior parte das famílias

considerou ser igual entre os dois tipos de unidades de saúde – e a facilidade de obtenção

de outros serviços e benefícios que a maior parte das famílias não soube comparar. No

entanto, podem ser observadas variações entre as opiniões positivas das famílias sobre a

USF: enquanto 67% das famílias declararam que as ESF conheciam melhor os problemas

da comunidade e 60% que tinham maior responsabilidade em relação aos moradores do

MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 246

bairro, menos da metade avaliou que a ESF tinha maior conhecimento técnico para

interferir nos problemas (46%) e que era mais fácil obter consulta na USF sem marcar

(43%).

Quadro 72 – Avaliação comparativa entre a Unidade de Saúde da Família e centros

ou postos de saúde anteriormente existentes em relação a aspectos

selecionados por famílias usuárias do PMF/PSF, Manaus (AM), 2002

Avaliação da USF em relação aos centros e postos

de saúde anteriormente existentes

Melhor Igual Pior Não sabe

N % N % N % N %

Participação nas atividades do bairro 39 58,2 13 19,4 15 22,4 - -

Conhecimento dos problemas da comunidade 45 67,2 8 11,9 13 19,4 1 1,5

Conhecimento técnico para interferir nos problemas 31 46,2 19 28,4 15 22,4 2 3,0

Responsabilidade em relação aos moradores do bairro 40 59,7 14 20,9 12 17,9 1 1,5

Facilidade de obter consulta quando está marcada 36 53,7 10 14,9 19 28,4 2 3,0

Facilidade de obter consulta sem marcar 29 43,3 16 23,9 21 31,1 1 1,5

Condições de oferecer bom atendimento 30 44,8 23 34,3 13 19,4 1 1,5

Facilidade de obtenção de medicamentos 26 38,8 28 41,8 11 16,4 2 3,0

Facilidade de obtenção de outros serviços (cestas

básicas, leite, etc.)

18 26,9 13 19,4 3 4,5 33 49,2

Total* 294 48,8 144 23,9 122 20,2 43 7,1

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

* Foram consideradas 67 famílias entrevistadas que utilizavam com freqüência postos ou centros de saúde

existentes no bairro antes da instalação da USF e o percentual calculado entre a possibilidade total de

respostas (67 x 9 aspectos avaliados = 603 opiniões).

A análise das famílias entrevistadas segundo a ESF a que estavam adscritas identificou que

a atenção à saúde ofertada pela equipe 03 foi considerada, de maneira geral, pior que a

recebida em postos e centros de saúde anteriormente existentes no bairro, corroborando a

avaliação feita pela coordenação municipal do PMF/PSF. Embora as famílias vinculadas às

equipes 04 e 06 também ratificassem a avaliação realizada pela coordenação municipal do

programa, manifestando-se no geral que a atenção à saúde era melhor na USF que nas

unidades tradicionais de atenção básica essa opinião foi atenuada, principalmente em

relação à equipe 06, por mais de 30% das famílias que consideraram, no conjunto dos

aspectos selecionados, a USF como igual ou pior aos centros e postos de saúde

freqüentados anteriormente. As famílias sob responsabilidade da equipe 07 também

corroboraram a avaliação da coordenação municipal do PMF/PSF que a considerou como

uma equipe com dificuldades pois do conjunto de aspectos da atenção à saúde, menos da

metade foi considerado melhor na USF e percentual equivalente foi considerado igual ou

pior. E as famílias adscritas à equipe 08 também atenuaram a caracterização de bem

sucedida feita pela coordenação municipal do programa ao manifestarem em mais de 40%

MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 247

opiniões que avaliaram como igual ou pior a atenção recebida na USF em relação à

oferecida pelos centros e postos de saúde.1

Quadro 73 – Síntese da avaliação dos serviços prestados na USF em comparação aos

postos ou centros de saúde por famílias em que pelo menos um integrante

era atendido com freqüência em centros ou postos de saúde existentes no

bairro antes da criação da USF por equipe, Manaus (AM), 2002

Equipe Avaliação da

coordenação

municipal

PMF/PSF

Avaliação da USF em relação aos centros e postos de saúde

anteriormente existentes sobre todos os aspectos selecionados*

Melhor Igual Pior Não sabe

N % N % N % N %

03 Com dificuldades 28 25,9 16 14,8 52 48,2 12 11,1

04 Bem sucedida 62 62,6 25 25,3 8 8,1 4 4,1

06 Bem sucedida 84 54,9 45 29,4 13 8,5 11 7,2

07 Com dificuldades 69 47,9 36 25,0 30 20,8 9 6,3

08 Bem sucedida 51 51,6 22 22,2 19 19,1 7 7,1

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

* Em cada equipe foram consideradas o total de famílias entrevistadas que utilizavam com freqüência postos

ou centros de saúde existentes no bairro antes da instalação da USF e o percentual calculado entre a

possibilidade total de respostas (n famílias x 9 aspectos avaliados).

A avaliação sobre atividades e serviços prestados na Unidade de Saúde da Família e

utilizados pelas 241 famílias entrevistadas em Manaus foi maioritariamente boa, em ordem

decrescente, em relação a: atendimento médico (78%), recepção (66%), triagem (59%),

acesso ao atendimento médico (56%), atendimento de enfermagem (56%) e

encaminhamento para outros serviços (54%). Nenhuma atividade foi avaliada pela maioria

das famílias como ruim, opinião mais assinalada no acesso ao atendimento médico (15%).

As atividades que mais da metade das famílias afirmaram não serem realizadas pelas USF

e que, portanto, não puderam avaliar foram: exames laboratoriais (69%), acesso ao

atendimento odontológico (66%), atendimento odontológico (66%). Também foram

mencionadas as atividades do teste do pezinho (32%) e exame preventivo de câncer de

colo uterino (31%).

Muitas atividades, as famílias informaram não saber avaliar entre as quais algumas que

além de integrarem o leque de ações da atenção básica são priorizadas no PMF/PSF,

segundo informações dos gestores. Em ordem decrescente de porcentagem de famílias que

não souberam a avaliar, as atividades foram: planejamento familiar (77%), programa de

leite (77%), acompanhamento de pré-natal (75%), teste do pezinho (64%),

________________________ 1 Os quadros de avaliação das famílias específicos para cada equipe encontram-se no anexo 5.

MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 248

acompanhamento do crescimento e desenvolvimento das crianças (63%), curativos (62%),

exame preventivo de câncer de colo de útero (54%), vacinação (53%) e inalação (52%).2

Quadro 74 – Avaliação das famílias quanto a qualidade de atividades e serviços

prestados na USF (em %), Manaus (AM), 2002

Serviços ou atividades Bom Regular Ruim Não tem a

atividade

Não sabe

Recepção 66,1 12,0 2,9 1,2 17,8

Triagem 59,3 6,2 2,1 2,1 30,3

Acesso ao atendimento médico 56,0 15,8 15,8 0,4 12,0

Atendimento médico 78,4 5,0 2,5 0,4 13,7

Acesso ao atendimento odontológico 5,4 1,7 4,6 66,3 22,0

Atendimento odontológico 7,5 0,8 0,4 66,0 25,3

Atendimento de enfermagem 56,0 4,6 1,7 4,6 33,2

Acompanhamento crescimento e desenvolvimento 27,4 3,7 1,7 4,6 62,6

Curativos 28,6 2,9 2,5 4,1 61,9

Encaminhamento para outros serviços 54,4 3,7 3,3 0,8 37,8

Inalação 41,1 1,2 2,1 3,3 52,3

Laboratório (exames) 3,3 0,4 - 68,5 27,8

Teste do pézinho 2,9 0,4 - 32,4 64,3

Planejamento familiar 10,0 1,2 0,8 10,8 77,2

Pré-natal 17,4 0,8 0,8 6,2 74,6

Exame preventivo 13,3 0,8 0,4 31,1 54,4

Programa de leite 2,5 0,4 0,8 19,1 77,2

Vacinação 40,2 1,2 0,8 4,6 53,2

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

Perguntados se, de modo geral, estavam satisfeitos ou não com o PMF/PSF as respostas

foram: 73% estavam satisfeitos, 15% estavam mais ou menos satisfeitos e 11% não

estavam satisfeitos com o PMF/PSF. Mas, 69% consideraram que o PMF/PSF deveria

realizar mudanças enquanto 31% opinaram que deveria permanecer funcionando tal como

estava e 74% assinalaram que o PMF/PSF precisava oferecer novas atividades enquanto

26% achavam não ser necessária a oferta de outras atividades.

A satisfação das famílias atendidas pelo PMF/PSF variou segundo as equipes responsáveis

por seu atendimento observando-se elevados percentuais de respostas satisfatórias entre as

famílias adscritas às equipes 02 (93%), 06 (93%) e 07 (90%) e percentuais

proporcionalmente maiores de famílias insatisfeitas com o programa naquelas vinculadas

às equipes 01 (30%) e 03 (20%). Embora com predomínio de famílias satisfeitas com o

PMF/PSF, as que moravam nas áreas das equipes 01, 03, 04, 05 e 08 apresentaram

percentuais mais baixos de famílias satisfeitas (entre 50 e 68%) e percentuais mais altos de

famílias que informaram estarem mais ou menos satisfeitas ou insatisfeitas (entre 32 e

50%).

________________________ 2 A avaliação das famílias sobre as atividades realizadas nas USF segundo as ESF às quais estavam adscritas

encontra-se no anexo 6.

MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 249

Os entrevistados foram solicitados a expressar-se livremente sobre aspectos positivos (“o

que o(a) senhor(a) mais gosta no PMF/PSF?”) e sobre aspectos negativos (“o que o(a)

senhor(a) não gosta no PMF/PSF?”). Oitenta e duas famílias (34%) entrevistadas em

Manaus manifestaram que não havia nada de que não gostassem no programa e 6% não

responderam. As opiniões desfavoráveis concentraram-se nos aspectos relativos à

dificuldades de acesso ao atendimento e marcação de consultas (53 entrevistados, 22%),

aos profissionais de nível superior englobando opiniões sobre falta de especialistas,

número baixo de profissionais existentes, tipos de atendimento oferecidos e qualidade do

atendimento (28 entrevistados, 12%), acesso aos serviços de saúde e de emergência (19

entrevistados, 8%) e pontos relacionados com agentes comunitários de saúde (18

entrevistados, 8%). Foram pouco mencionados (por duas ou três famílias) os aspectos

relacionados com orientação e prevenção, e aos equipamentos e recursos materiais.

Dificuldades no acesso a medicamentos e exames laboratoriais foram mencionadas por 16

famílias (7%), falta de humanização no atendimento por 5 famílias (2%) e sobre as

condições físicas e de localização da unidade por 10 famílias (4%).

Tabela 117 – Opiniões desfavoráveis ao PMF/PSF das famílias entrevistadas, Manaus

(AM), 2002

Opiniões desfavoráveis ao PMF/PSF N %

Não tem nada que não gosta 82 34,0

Acesso ao atendimento e marcação de consultas 53 22,2

Relacionado com profissionais de nível superior 28 11,6

Acesso aos serviços de saúde e de emergência 19 7,9

Relacionado com ACS 18 7,5

Acesso a medicamentos e exames laboratoriais 16 6,6

Condições físicas e de localização da unidade de saúde 10 4,1

Falta de humanização no atendimento 5 2,1

Equipamentos e recursos materiais 3 1,2

Orientação e prevenção 2 0,8

Outros 2 0,8

Não respondeu 14 5,8

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

Obs.: A soma dos valores absolutos e relativos ultrapassa o total de 241 domicílios e os 100%,

respectivamente, porque a questão que deu origem a tabela admite mais de uma resposta.

Na análise das opiniões desfavoráveis sobre PMF/PSF entre as famílias entrevistadas

segundo a ESF às quais estavam adscritas pode-se observar maior satisfação com o

programa naquelas que habitavam áreas sob a responsabilidade da equipe 06: 67%

responderam que não havia nada de que não gostassem no PMF/PSF. Nenhuma equipe

concentrou maior freqüência de opiniões desfavoráveis sobre mais de um aspecto avaliado.

Os demais aspectos desfavoráveis assinalados evidenciaram a insatisfação de cerca de

metade das famílias vinculadas à equipe 08 em relação ao acesso ao atendimento e

MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 250

marcação de consultas. A análise das características que não foram mencionadas como

problemas em algumas equipes ou que foram assinaladas por percentual reduzido das

famílias adscritas evidenciaria, hipoteticamente, a maior satisfação das famílias ou a

ausência de dificuldades naquele aspecto.

Quadro 75 – Opiniões desfavoráveis ao PMF/PSF das famílias entrevistadas segundo

ESF de adscrição, Manaus (AM), 2002

Opiniões desfavoráveis Mais freqüente Menos freqüente

Equipe % famílias Não

mencionado

Equipe % famílias

Não tem nada de que não gosta 06 66,7 - 03 10,0

Acesso ao atendimento e marcação de

consultas

08 46,7 - 06 6,7

Relacionado com ACS 03 23,3 02,06,08 04 3,2

Relacionado com profissionais de nível

superior

02 23,3 06,07 3,3

Acesso a outros serviços de saúde e de

emergência

01 16,7 02,07 05 3,3

Acesso a medicamentos e exames

laboratoriais

04 12,9 05 08 3,3

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

Dentre as opiniões favoráveis ao PMF/PSF observa-se que a maior parte (cerca de 20% das

respostas) esteve relacionada com a humanização do atendimento e com aspectos

relacionados aos profissionais de nível superior que englobaram opiniões sobre a

qualidade do atendimento do profissional, assiduidade e as relações interpessoais. A seguir,

em ordem decrescente, foram assinaladas pelas famílias atividades dos agentes

comunitários de saúde (31 entrevistados, 13%) e o acesso ao atendimento, marcação de

consultas e encaminhamentos (12 entrevistados, 12%). O acesso aos medicamentos e

exames laboratoriais foi mencionado favoravelmente por 18 entrevistados (8%), a visita

domiciliar por 24 entrevistados (10%), orientação e prevenção por 14 entrevistados (6%) e

programas e atividades realizadas agrupando opiniões referentes ao tratamento,

acompanhamento e cuidado com doentes, gestantes, idosos, adolescentes, etc. foram

mencionados por 6 entrevistados (3%). Cerca de 7% dos entrevistados não responderam a

pergunta, 5% mencionaram que “não tem nada de que goste mais” e 4% que “não gostam

de nada”.

MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 251

Tabela 118 – Opiniões favoráveis ao PMF/PSF das famílias entrevistadas, Manaus

(AM), 2002

Opiniões favoráveis ao PSF N %

Relacionado com profissionais de nível superior 63 26,1

Humanização do atendimento 54 22,4

Relacionado com ACS 31 12,9

Acesso ao atendimento, marcação de consultas e encaminhamento 30 12,4

Visita domiciliar 24 10,0

Acesso a medicamentos e exames laboratoriais 18 7,5

Orientação e prevenção 14 5,8

Não tem nada que gosta mais 12 5,0

Não gosta de nada 9 3,7

Programas e atividades realizadas 6 2,5

Outros 4 1,7

Não respondeu 17 7,1

Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ

Obs.: A soma dos valores absolutos e relativos ultrapassa o total de 241 domicílios e os 100%,

respectivamente, porque a questão que deu origem a tabela admite mais de uma resposta.

Na análise das opiniões favoráveis sobre PMF/PSF entre as famílias entrevistadas segundo

a ESF às quais estavam adscritas pode-se observar maior insatisfação com o programa

naquelas que habitavam áreas sob a responsabilidade da equipe 03: 17% responderam que

não havia nada de que gostassem mais ou que não gostavam de nada no PMF/PSF. A

equipe 08 concentrou maior freqüência de opiniões favoráveis sobre três aspectos

avaliados embora com percentuais inferiores a 15%. As equipes 01, 02 e 05 concentraram

maior freqüência de opiniões favoráveis sobre outros dois aspectos, alguns deles

mencionados por 40% das famílias – a humanização do atendimento na equipe 02 e

aspectos relacionados com profissionais de nível superior na equipe 05. A análise das

características que não foram mencionadas como positivas em algumas equipes ou que

foram assinaladas por percentual reduzido das famílias adscritas evidenciariam,

hipoteticamente, a menor satisfação das famílias ou a presença de dificuldades naquele

aspecto.

MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 252

Quadro 76 – Opiniões favoráveis ao PMF/PSF das famílias entrevistadas segundo

ESF de adscrição, Manaus (AM), 2002

Opiniões favoráveis Mais freqüente Menos freqüente

Equipe % famílias Não

mencionado

Equipe % famílias

Humanização do atendimento 02 40,0 - 08 6,7

Relacionado com profissionais de nível

superior

05 40,0 - 08 10,0

Relacionado com ACS 06 30,0 - 04 3,2

Acesso ao atendimento e marcação de

consultas

04 19,4 - 02 3,3

Não tem nada de que goste mais e não

gosta de nada

03 16,7 05 07 3,3

Visita domiciliar 02,08 16,7 01 03,07 6,7

Orientação e prevenção 01,08 16,7 04,05,07 02,06 3,3

Acesso a medicamentos e exames

laboratoriais

01,05,08 10,0 - 02 3,3

Consultados sobre mudanças que deveriam ser realizadas no PMF/PSF 166 propostas

foram informadas. A maior parte (60 entrevistados) referiram-se aos profissionais das ESF

sugerindo: aumento do número de profissionais, inclusão de especialistas na ESF

(ginecologista, pediatra), ampliação do espectro de atividades realizadas pelos ACS,

humanizar o atendimento e maior resolutividade da atenção à saúde. A seguir, as propostas

concentraram-se na ampliação do acesso ao atendimento e marcação de consultas (40

propostas), visitas domiciliares (24 propostas), acesso aos medicamentos e exames

laboratoriais (18 propostas), equipamentos e recursos materiais (17 propostas), nas

condições físicas e de localização da USF (17 propostas) e acesso aos serviços de

emergência (14 propostas). Quase todos os tipos de propostas, foram assinalados por

famílias de todas as equipes selecionadas exceto o acesso aos serviços de emergência não

mencionado por famílias das equipes 02 e 05, equipamentos e recursos materiais não

mencionado por famílias da equipe 03 e visitas domiciliares não mencionado por famílias

da equipe 06. Um entrevistado, adscrito à equipe 01, apresentou a proposta de “acabar com

o PMF/PSF”.

Nas famílias adscritas às equipes 06 e 07 mais da metade opinou que o PMF/PSF deveria

ser mantido tal como estava, sem apresentar propostas de mudança, opinião que foi

minoritária (13%) entre as famílias da equipe 08 que apresentaram maior número (26) de

propostas de mudanças no programa junto com as famílias vinculadas às equipes 01 e 04

(25). O maior número de sugestões sobre os profissionais das ESF foi realizado por

famílias sob responsabilidade da equipe 03 (11). As famílias adscritas à equipe 08

apresentaram maior número de propostas relativas ao acesso tanto ao atendimento e

marcação de consultas (11) quanto aos medicamentos e exames laboratoriais (5); as

MANAUS (AM) – AVALIAÇÃO 253

famílias vinculadas à equipe 05 apresentaram 7 propostas sobre as visitas domiciliares;

equipamentos e recursos materiais foram assinalados por maior número de famílias da

equipe 04 (4 propostas); as condições físicas e de localização da USF foram mais

mencionados por famílias adscritas à equipe 06 (4 propostas) e propostas sobre o acesso

aos serviços de emergência concentraram-se nas famílias da equipe 01 (5 propostas).

Em relação às novas atividades que as USF deveriam oferecer foram apresentadas 177

sugestões, originárias principalmente das famílias adscritas às equipes 03 (27 sugestões),

08 (26 sugestões) e 02 (23 sugestões). A maior parte das sugestões foram referentes aos

profissionais de nível superior (39% do total de sugestões apresentadas) como inclusão de

médicos especialistas, outros profissionais de nível superior e ampliação da abrangência de

atuação de profissionais existentes; a maior parte oriunda das famílias adscritas às equipes

03 e 04. Quarenta e três medidas (24%) referiram a criação de novos serviços de saúde ou

novas atividades para a ESF apresentadas, principalmente, por famílias vinculadas à equipe

02. A realização de exames laboratoriais foi sugerida 29 vezes (16%) e atividades de

prevenção, promoção de saúde e educação em saúde 22 vezes (12%), ambas com maior

freqüência por famílias sob responsabilidade da equipe 08. Quinze sugestões foram

relativas ao acesso a medicamentos, seis referiram o acesso a serviços de emergência e

tanto aspectos da humanização do atendimento quanto das visitas domiciliares receberam

duas menções. Doze entrevistados consideraram ser necessário que as USF ofertassem

novas atividades mas não apresentaram sugestões específicas.