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Página | 1 24 de Abril de 2017 Análise de Investimentos Relatório Setorial Veículos e Autopeças Veículos e Autopeças: Saindo da crise Os fabricantes de veículos e autopeças viveram uma forte crise entre 2014 e 2016, que parece estar acabando. O volume de veículos produzidos no Brasil, que cresceu 127,2% entre 2002 e 2013, caiu 41,9% nos três anos seguintes. Com isso, toda a cadeia de produção do setor foi comprometida, desde a siderurgia até as montadoras, passando pelos fabricantes de autopeças. Porém, a boa notícia é que no primeiro trimestre de 2017 a produção deu um salto de 24,0% e as vendas de veículos nacionais aumentaram 3,4% (dados da Anfavea). Com isso, as previsões da própria associação dos fabricantes são de que no ano tenhamos crescimentos de 11,9% na produção, 4,0% nas vendas no mercado interno e 7,2% nas exportações de veículos. Apesar do cenário mais positivo para o ano, é importante destacar que os números das empresas do setor ainda serão fracos no 1T17, com as expectativas positivas se concentrando na segunda metade do ano. Com a melhoria das perspectivas para a indústria automobilística nacional, revisamos as projeções da Marcopolo, Randon e Tupy, alterando os Preço Justos e uma recomendação. Para Marcopolo, elevamos nosso Preço Justo de R$ 2,20 para R$ 2,50 por ação, alterando a recomendação de Venda para Manutenção. Aumentamos ligeiramente o Preço Justo da Randon de R$ 4,60 para R$ 4,80 por ação, mas mantivemos nossa recomendação de Manutenção. Para as ações da Tupy, mantivemos nossa recomendação de Compra e ajustamos o Preço Justo de R$ 21,00 para R$ 21,50 por ação. Os problemas dos últimos anos: A crise econômica que se abateu sobre o Brasil desde meados de 2014, impactou severamente a indústria automobilística. As vendas de veículos no país haviam subido fortemente nos anos anteriores, em função do crescimento do emprego e da renda, mas também dos muitos incentivos de crédito e redução de impostos que o governo promoveu. Porém, nos últimos três anos houve uma brutal desaceleração na produção e nas vendas no mercado interno, com o aumento das exportações compensando muito pouco estas perdas. Entre 2002 e 2013, a produção nacional de veículos aumentou num ritmo alucinante, com crescimento médio anual de 7,7%. Ao lado disso, as empresas do setor, das montadoras às siderúrgicas, investiram fortemente se preparando para um ciclo ainda maior de crescimento, o que aumentou a crise do setor quando esta expectativa não se confirmou. As incertezas políticas, os desequilíbrios macroeconômicos, o fim dos incentivos fiscais e as restrições ao crédito foram os principais motivos que levaram às fortes contrações na produção de veículos de 15,3% em 2014, 22,8% no ano seguinte e 11,2% em 2016. A queda nos três anos somou 41,9%. Luiz Francisco Caetano, CNPI* [email protected] +55 11 2172-2563 Disclosure e certificação do analista estão localizados na última página deste relatório.

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24 de Abril de 2017

Análise de Investimentos

Relatório Setorial

Veículos e Autopeças

Veículos e Autopeças: Saindo da crise

Os fabricantes de veículos e autopeças viveram uma forte crise entre 2014 e 2016, que parece

estar acabando. O volume de veículos produzidos no Brasil, que cresceu 127,2% entre 2002 e

2013, caiu 41,9% nos três anos seguintes. Com isso, toda a cadeia de produção do setor foi

comprometida, desde a siderurgia até as montadoras, passando pelos fabricantes de

autopeças. Porém, a boa notícia é que no primeiro trimestre de 2017 a produção deu um salto

de 24,0% e as vendas de veículos nacionais aumentaram 3,4% (dados da Anfavea). Com isso, as

previsões da própria associação dos fabricantes são de que no ano tenhamos crescimentos de

11,9% na produção, 4,0% nas vendas no mercado interno e 7,2% nas exportações de veículos.

Apesar do cenário mais positivo para o ano, é importante destacar que os números das

empresas do setor ainda serão fracos no 1T17, com as expectativas positivas se concentrando

na segunda metade do ano.

Com a melhoria das perspectivas para a indústria automobilística nacional, revisamos as

projeções da Marcopolo, Randon e Tupy, alterando os Preço Justos e uma recomendação.

Para Marcopolo, elevamos nosso Preço Justo de R$ 2,20 para R$ 2,50 por ação, alterando a

recomendação de Venda para Manutenção.

Aumentamos ligeiramente o Preço Justo da Randon de R$ 4,60 para R$ 4,80 por ação, mas

mantivemos nossa recomendação de Manutenção.

Para as ações da Tupy, mantivemos nossa recomendação de Compra e ajustamos o Preço Justo

de R$ 21,00 para R$ 21,50 por ação.

Os problemas dos últimos anos: A crise econômica que se abateu sobre o Brasil desde meados

de 2014, impactou severamente a indústria automobilística. As vendas de veículos no país

haviam subido fortemente nos anos anteriores, em função do crescimento do emprego e da

renda, mas também dos muitos incentivos de crédito e redução de impostos que o governo

promoveu. Porém, nos últimos três anos houve uma brutal desaceleração na produção e nas

vendas no mercado interno, com o aumento das exportações compensando muito pouco estas

perdas.

Entre 2002 e 2013, a produção nacional de veículos aumentou num ritmo alucinante, com

crescimento médio anual de 7,7%. Ao lado disso, as empresas do setor, das montadoras às

siderúrgicas, investiram fortemente se preparando para um ciclo ainda maior de crescimento, o

que aumentou a crise do setor quando esta expectativa não se confirmou.

As incertezas políticas, os desequilíbrios macroeconômicos, o fim dos incentivos fiscais e as

restrições ao crédito foram os principais motivos que levaram às fortes contrações na produção

de veículos de 15,3% em 2014, 22,8% no ano seguinte e 11,2% em 2016. A queda nos três anos

somou 41,9%.

Luiz Francisco Caetano, CNPI*

[email protected]

+55 11 2172-2563

Disclosure e certificação do analista estão localizados na última página

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Análise de Investimentos

Relatório Setorial

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2014

2015

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MIl

Ve

ícu

los

Fonte: Anfavea

Produção nacional de veículos voltou a crescer: A indústria automobilística brasileira ensaia uma

retomada neste início de ano. Comparado ao mês anterior, o volume de veículos produzido em

janeiro/2017 cresceu 17,5%, em fevereiro houve um salto de 39,0% e em março o incremento

alcançou 18,1%. Com isso, a produção total no primeiro trimestre/17 subiu 24,0% comparado ao

1T16. Mesmo que a demanda interna ainda esteja sem vigor e a produção seja principalmente

destinada à exportação, o efeito deste crescimento é positivo em toda a cadeia produtiva da

indústria.

Produção de VeículosUnidades Mar/16 Mar/17 Var. 3M16 3M17 Var.

Veículos leves 191.515 227.108 18,6% 472.231 589.983 24,9%

Automóveis 164.022 198.927 21,3% 410.567 518.517 26,3%

Comerciais leves 27.493 28.181 2,5% 61.664 71.466 15,9%

Caminhões 5.661 5.952 5,1% 15.136 15.748 4,0%

Ônibus 1.654 1.686 1,9% 4.339 4.113 -5,2%

Rodoviário 661 398 -39,8% 1.136 1.030 -9,3%

Urbano 993 1.288 29,7% 3.203 3.083 -3,7%

Total 198.830 234.746 18,1% 491.706 609.844 24,0%

Fonte: Anfavea

As exportações continuam sendo o ponto forte da indústria automobilística brasileira neste ano.

Em março/17, as exportações de veículos geraram uma receita de US$ 1,3 bilhão, valor que foi

57,4% maior que em março/16 e 11,3% superior ao mês anterior. No acumulado do trimestre, as

receitas de exportação somaram US$ 3,3 bilhões, sendo 51,5% maiores que em 2016. O número

de autoveículos exportados no 1T17 foi 69,7% superior ao de igual período do ano passado.

Neste cenário, as projeções da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores

(Anfavea) são de que em 2017 a produção total de veículos suba 11,9%, os licenciamentos

aumentem 4,0% e as exportações tenham um crescimento de 7,2%.

Figura 1: Produção Anual de Veículos

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Análise de Investimentos

Relatório Setorial

Veículos e Autopeças

Estes números nos fazem mais otimistas quanto à recuperação do setor em 2017. Naturalmente,

as vendas no mercado interno vão se recuperar mais lentamente, mas o volume de exportações,

como já verificado no 1T17, deve garantir um crescimento robusto no volume de veículos

produzidos, beneficiando toda a cadeia de produção do setor. Acreditamos que no segundo

semestre a demanda interna deve reagir com mais vigor.

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24 de Abril de 2017

Análise de Investimentos

Relatório Setorial

Veículos e Autopeças

Marcopolo Randon Tupy

Código POMO4 RAPT4 TUPY3

Recomendação Manutenção Manutenção Compra

Preço Justo 2,50 4,80 21,50

Cotação 2,40 4,63 15,00

Potencial 4,3% 3,8% 43,3%

Retorno 1 dia -2,1% 1,3% 1,4%

Retorno 1 ano -14,6% 34,2% -14,4%

Últimos 12 meses 7,6% 55,9% -14,4%

Valor de Mercado 2.220 1.601 5.081

Marcopolo Randon Tupy

2015 2.739 3.099 3.427

2016 2.574 2.624 3.255

2017E 3.097 2.779 3.190

2018E 3.279 3.189 3.515

2015 213 162 596

2016 354 143 418

2017E 44 180 467

2018E 175 233 535

2015 89 -25 220

2016 223 -67 -181

2017E 40 23 87

2018E 132 62 131

Indices Financeiros Marcopolo Randon Tupy

2015 17,4% 20,7% 19,0%

2016 12,7% 19,9% 14,3%

2017E 11,5% 20,7% 17,0%

2018E 15,1% 20,8% 16,9%

2015 7,8% 5,2% 17,4%

2016 13,7% 5,4% 12,9%

2017E 1,4% 6,5% 14,6%

2018E 5,3% 7,3% 15,2%

2015 3,3% -0,8% 6,4%

2016 8,6% -2,6% -5,6%

2017E 1,3% 0,8% 2,7%

2018E 4,0% 2,0% 3,7%

2015 5,5x 8,4x 1,6x

2016 2,4x 4,3x 1,6x

2017E 20,2x 3,0x 1,4x

2018E 5,0x 1,9x 1,2x

2015 4,9% - 6,4%

2016 12,1% - -

2017E 2,2% 1,6% 2,7%

2018E 6,9% 4,2% 3,7%

Principais Múltiplos Marcopolo Randon Tupy

2015 17,9 - 12,2

2016 10,4 - -

2017E 55,4 70,5 24,8

2018E 16,8 25,7 16,5

2015 11,7x 7,4x 6,2x

2016 9,1x 10,6x 5,8x

2017E 69,0x 10,5x 6,0x

2018E 12,7x 6,9x 5,2x

2015 97,6% - 107,0%

2016 53,2% - -

2017E 50,0% 30,0% 229,2%

2018E 50,0% 30,0% 110,0%

2015 5,4% - 4,0%

2016 5,1% - 5,8%

2017E 0,9% 0,4% 9,2%

2018E 3,0% 1,2% 10,2%

2015 0,9 0,5 1,1

2016 1,3 0,8 0,9

2017E 1,2 1,1 1,3

2018E 1,2 1,1 1,3

VE/EBITDA

Payout

Retorno Dividendo

Cotação/VPA

Margem Bruta

Margem EBITDA

Margem Líquida

Divida Líq./EBITDA

ROE

Preço / Lucro

Setor de Veículos e Autopeças

Dados Econômicos e Financeiros

Receita Líquida

EBITDA

Lucro Líquido

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24 de Abril de 2017

Análise de Investimentos

Relatório Setorial

Veículos e Autopeças

Marcopolo

A crise na indústria automobilística impactou especialmente a venda de ônibus nos três últimos

anos. Apesar disso, a Marcopolo conseguiu se manter lucrativa e com uma boa situação

financeira.

Neste início de ano, a produção de ônibus caiu em janeiro e fevereiro, mas em março houve

um salto no volume produzido de urbanos, segundo a Anfavea. As vendas totais, no entanto,

continuaram em queda no trimestre, o que deve impactar negativamente os resultados da

Marcopolo no período.

As principais questões a se observar para a Marcopolo nos próximos meses são as seguintes:

• A empresa deve apresentar prejuízo no 1T17;

• O resultado do 2T17 também deverá ser fraco, mas positivo;

• O nível de ociosidade está muito elevado (50%), o que impacta os custos neste

momento. No entanto, numa recuperação da demanda a empresa vai se beneficiar

bastante, com menores custos e maior produtividade;

• A venda de ações da New Flyer e uma pequena emissão de ações permitiram uma

redução do endividamento em 2016. Porém, neste início de ano deverá ocorrer um

aumento da dívida líquida devido à menor geração de caixa;

• Esperamos que as vendas no mercado interno voltem a crescer no segundo

semestre/2017, com um bom desempenho também nas unidades no exterior;

• A Polomex, controlada que opera no México, deve ser o destaque entre as unidades

da Marcopolo no exterior em 2017;

• Revisamos nossas projeções para Marcopolo e aumentamos o Preço Justo para

POMO4 de R$ 2,20 para R$ 2,50 por ação. Elevamos a recomendação de POMO4 de

Venda para Manutenção. Consideramos que as notícias ruins do setor já estão

precificadas e não vemos mais espaço de queda para a ação.

O que esperar para o restante do ano: O mercado para os fabricantes de ônibus no Brasil

continua difícil. A produção, que caiu 53,9% entre 2013 e 2016, continuou fraca no 1T17, quando

apresentou redução de 34,2%.

Ainda no mercado interno, segundo dados da Fabus, as vendas da Marcopolo no primeiro

bimestre de 2017 somaram 1.175 unidades, volume 22,1% menor que em igual período do ano

passado.

Esta retração do mercado é devido à recessão na economia brasileira, que afetou a renda e o

emprego, reduzindo as viagens intermunicipais e interestaduais. Além disso, nos últimos anos as

passagens de avião caíram muito em termos reais, atraindo viajantes de ônibus em trechos

maiores.

Neste ambiente difícil, estimamos que a Marcopolo terá resultados muito ruins no primeiro

semestre do ano, especialmente no 1T17. Esperamos que no segundo semestre a empresa possa

mostrar crescimento de vendas e lucro, fechando o ano com um resultado baixo, mas positivo.

Luiz Francisco Caetano, CNPI*

[email protected]

+55 11 2172-2563

Disclosure e certificação do analista estão localizados na última página

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24 de Abril de 2017

Análise de Investimentos

Relatório Setorial

Veículos e Autopeças

Para confirmar este mercado fraco no 1T17, a Marcopolo esteve em férias coletivas até o dia 23

de janeiro e voltou a produzir por duas semanas em março. Além de poucos pedidos a empresa

está enfrentando a falta de chassis, porque as montadoras também concederam férias e ficaram

sem estoques.

A carteira de pedidos, no entanto, está um pouco melhor que no mesmo período do ano

passado. Em 2016, neste mesmo período, a carteira era de somente três semanas e agora chega

a 60 dias. Além disso, a empresa já está recebendo um volume crescente de consultas de

possíveis compradores, o que é prenúncio de vendas melhores nos próximos meses.

Nas unidades do exterior, o destaque deste ano deve ser a Polomex (México). Esta unidade

usava apenas chassis de uma única montadora e agora usará de outras empresas, o que deve

abrir novos mercados. A Polomex já teve uma participação de 20% (atualmente tem 12%) no

mercado mexicano e poderá voltar à posição anterior no médio prazo. Vale dizer que esta

empresa só vende para o mercado interno, não exportando para os Estados Unidos. Portanto,

não estará sujeita à uma eventual tarifa americana sobre as importações do México

Situação do setor é ainda ruim: As vendas de ônibus no Brasil ainda continuam caindo em 2017.

Os volumes de ônibus vendidos no mercado interno tiveram reduções de 15,1% em fevereiro e

outros 13,1% em marco. Com isso, o volume vendido no 1T17 ficou 34,2% menor que em igual

período de 2016.

As vendas de ônibus já vêm caindo desde 2014 (16,5%), seguindo em queda em 2015 (38,9%) e

também em 2016 (33,5%). Em síntese, o volume vendido anual de ônibus no mercado interno

caiu 66,1% entre 2013 e 2016.

Por outro lado, o volume de exportações tem crescido, compensando parte das perdas de vendas

no mercado interno. O volume de ônibus exportados em 2016 aumentou 33,3%, isso depois de

crescer 10,9% em 2015. No primeiro trimestre 2017, estas exportações aumentaram 3,9%, com

incrementos de 5,7% em rodoviários e 3,0% nos urbanos.

Produção e Vendas de Ônibus

1T16 1T17 Var.

Produção 4.339 4.113 -5,2%

Vendas - Merc. Interno 2.719 1.789 -34,2%

Exportações 1.574 1.636 3,9%

Merc. Interno + Exportações 4.293 3.425 -20,2%

Fonte: Anfavea

No total, somando vendas no mercado interno e externo, os volumes comercializados de ônibus

caíram 19,2%, 29,3% e 13,2% em 2014, 2015 e 2015, respectivamente. Assim, entre 2013 e 2016,

as vendas destes veículos caíram 50,4%. No 1T17, a queda no total de vendas foi de 20,2%.

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Análise de Investimentos

Relatório Setorial

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mar

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Mil

Ve

ícu

los/

s

Mercado Interno Exportações

Fonte: Anfavea

Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus (Fabus), a produção de carroçarias de

suas associadas caiu 22,1% no primeiro bimestre de 2016, comparado ao mesmo período de

2016. A Marcopolo teve uma redução (15,7%) de produção inferior às outras empresas,

principalmente com a redução da produção de ônibus urbanos na Marcopolo Rio, que produziu

137 unidades no 2M2017, equivalente a 22,3% do total consolidado.

Vendas de Ônibus por Empresa

2M17 2M16 Var.

Marcopolo (1) 614 728 -15,7%

Outras 561 780 -28,1%

Total 1.175 1.508 -22,1%

Fonte: Fabus

(1) Inclui a Marcopolo Rio e a Neobus

Estes números evidenciam que o desempenho da Marcopolo no 1T17 não será positivo. A

produção e, muito provavelmente, as vendas serão consideravelmente menores que no 1T16.

Vale lembrar que no 1T16. A empresa deve divulgar seus números do 1T17 no dia 8 de maio

após o encerramento do pregão.

As ações da New Flyer: Em setembro de 2016, a Marcopolo vendeu parte de sua participação na

New Flyer. Foram vendidas 4,5 milhões de ações (7,4% do capital) da New Flyer Industries Inc.

por 181,8 milhões de dólares canadenses, equivalente R$ 449,1 milhões no dia da operação.

Após a venda, a Marcopolo ainda continua sendo a maior acionista da New Flyer com uma

participação de 10,8% do capital ou 6.587.834 ações. Estas ações valem ações em bolsa R$ 772

milhões, considerando as cotações de 20/abril, valor equivalente a 35% do valor de mercado da

Marcopolo.

Figura 1: Vendas Totais de Ônibus

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24 de Abril de 2017

Análise de Investimentos

Relatório Setorial

Veículos e Autopeças

A empresa diz que não pretende vender uma participação adicional e que a negociação do ano

passado, foi suficiente para colocar sua liquidez no ponto desejado. Apesar dessa afirmação, não

se pode deixar de considerar uma venda de ações da New Flyer como opção de capitalização

para a Marcopolo, além de ser também importante mensurar esta posição na composição do

valor da empresa.

Vale lembrar que a New Flyer é a maior fabricante de ônibus da América do Norte, com quatro

fábricas nos Estados Unidos e Canadá. A empresa faturou US$ 2,3 bilhões no ano fiscal

2015/2016 (cresceu 47,8%), tendo obtido um lucro líquido de US$ 125 milhões, sendo 131,7%

superior ao período anterior.

Uma situação financeira confortável, apesar da crise: Apesar da crise vivida pelo setor, que se

reflete na forte queda na geração operacional de caixa da empresa, a Marcopolo continua tendo

uma boa situação financeira.

Para melhorar sua capitalização, além da venda de uma parte da posição na New Flyer, a

Marcopolo também fez uma pequena emissão de ações. Em novembro/2016, foram emitidas

16,2 milhões de ações preferenciais, totalizando a capitalização de R$ 43,7 milhões. O preço das

ações foi de R$ 2,70.

Com isso, a Marcopolo encerrou 2016 com um endividamento bruto de R$ 2,3 bilhões, que ficou

7,1% menor que em dezembro/2015. O caixa no ano cresceu 5,5%, contribuindo para que a

dívida líquida de R$ 859 milhões tivesse uma queda de 22,6% em relação ao final de 2015.

Porém, como houve uma forte queda de EBITDA no ano (39,8%), a relação dívida líquida

total/EBITDA subiu de 3,1x em 2015 para 4,0x. Considerando apenas o segmento industrial, a

relação dívida líquida/EBITDA é de apenas 0,7x.

Vale destacar que 71% da dívida líquida consolidada da Marcopolo é do segmento financeiro

(Banco Moneo), que apenas capta recursos do BNDES e os repassa para os compradores dos

ônibus da Marcopolo. Estes recursos têm com garantia a alienação dos bens adquiridos.

Marcopolo - Composição do Endividamento

Industrial Financeiro Consolidado

R$ milhões 2015 2016 Var. 2015 2016 Var. 2015 2016 Var.

Curto Prazo 691 651 -5,7% 275 274 -0,2% 965 925 -4,2%

Longo Prazo 1.065 995 -6,6% 445 379 -14,7% 1.510 1.374 -9,0%

Dívida Bruta 1.756 1.646 -6,3% 719 653 -9,2% 2.475 2.299 -7,1%

Caixa 1.346 1.395 3,7% 19 45 134,3% 1.365 1.440 5,5%

Dívida Líquida 410 250 -38,8% 700 608 -13,1% 1.110 859 -22,6%

Fonte: Marcopolo

Os números operacionais fracos de 2016: A Marcopolo sofreu bastante com a recessão no Brasil

no ano passado. Suas vendas no mercado interno caíram 37,6%, em parte compensadas pelo

aumento de 21,0% nas exportações e receitas das unidades no exterior. As menores vendas no

mercado de maior retorno levaram a uma forte queda na margem bruta (4,7 pontos

percentuais). Porém, a negociação das ações da New Flyer durante o 3T16 geraram um ganho

contábil de R$ 226 milhões, contabilizado como “Outras Receitas Operacionais”, e permitiram o

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24 de Abril de 2017

Análise de Investimentos

Relatório Setorial

Veículos e Autopeças

aumento do EBITDA e do lucro líquido no ano. Sem este ganho extraordinário, o resultado teria

sido próximo de zero em 2016.

Marcopolo - Resultados Anuais

R$ milhões 2015 2016 Var.

Receita Líquida 2.739 2.574 -6,0%

- Receita no Brasil 1.264 788 -37,6%

- Exportações e Receita no Exterior 1.476 1.786 21,0%

Lucro Bruto 476 326 -31,6%

Margem Bruta 17,4% 12,7% -4,7 pp

EBITDA 213 354 66,4%

Margem EBITDA 7,8% 13,7% 6,0 pp

Lucro Líquido 89 223 149,7%

Fonte: Marcopolo

Os resultados da empresa no 4T16 mostraram crescimento da receita, mas com queda forte de

margens, na comparação com o mesmo período de 2015. Em relação ao trimestre anterior,

também houve aumento do faturamento, mas com manutenção das margens operacionais. Não

se pode esquecer que o forte resultado positivo no 3T16 ocorreu devido aos ganhos obtidos com

a alienação de ações da New Flyer.

A fraca rentabilidade operacional no 4T16 levou ao prejuízo líquido de R$ 8 milhões (R$ 0,01 por

ação), contra lucros de R$ 178 milhões (R$ 0,20/ação) no trimestre anterior e R$ 10 milhões (US$

0,01/ação) no 4T15.

Marcopolo - Resultados Trimestrais

R$ milhões 4T15 3T16 4T16 4T16/3T16 4T16/4T15

Receita Líquida 787 708 818 15,5% 3,9%

- Receita no Brasil 307 179 222 24,2% -27,6%

- Exportações e Receita no Exterior 480 529 596 12,5% 24,0%

Lucro Bruto 149 78 89 14,8% -40,0%

Margem Bruta 18,9% 11,0% 10,9% -0,1 pp -8,0 pp

EBITDA 47 294 11 -96,1% -75,7%

Margem EBITDA 6,0% 41,6% 1,4% -40,2 pp -4,6 pp

Lucro Líquido 10 178 -8 - -

Fonte: Marcopolo

No 4T16, a Marcopolo vendeu um total de 2.637 unidades, volume que foi 0,1% acima daquele

verificado no mesmo período de 2015. A recessão brasileira, que vem impactando fortemente as

vendas da indústria automobilística, levou a uma redução de 35,6% do volume negociado no

mercado interno. O pequeno crescimento nas vendas totais no 4T16, em relação ao mesmo

período de 2015, foi conseguido com a elevação das exportações de unidades completas (42,9%)

e veículos desmontados (371,4%).

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24 de Abril de 2017

Análise de Investimentos

Relatório Setorial

Veículos e Autopeças

Marcopolo - Vendas Trimestrais

4T15 3T16 4T16 4T16/3T16 4T16/4T15

- Mercado Interno 1.563 1.223 1.006 -17,7% -35,6%

- Exportações 639 964 913 -5,3% 42,9%

- KD's Exportados 7 36 33 -8,3% 371,4%

Total das Unidades do Brasil 2.195 2.151 1.886 -12,3% -14,1%

Total Unidades do Exterior 440 550 751 36,5% 70,7%

Total Marcopolo 2.635 2.701 2.637 -2,4% 0,1%

Fonte: Marcopolo

No 4T16 a Marcopolo conseguiu manter sua participação no mercado nacional de ônibus,

refletindo ainda a consolidação da Neobus a partir de agosto. A participação total da empresa

moveu-se de 49,1% no 3T16 para 49,2% no 4T16. No entanto, as participações dos ônibus

rodoviários e urbanos tiveram pequenas quedas, 0,3 pp e 1,6 pp, respectivamente. Porém,

houve um salto na participação no mercado dos micro-ônibus, que subiu de 46,0% para 52,8%,

compensando as perdas nos outros produtos.

Além do aumento nas vendas para mercados de menor retorno, as margens operacionais no

4T16 foram impactadas pela valorização do real, pelos reflexos da consolidação da Neobus, a

dificuldade nos repasses de preços e também por maiores gastos destinados à fidelização de

clientes. Com tudo isso, no 4T16 o lucro bruto caiu 40,0% e o EBITDA foi 75,7% menor que no

4T15.

O resultado do trimestre também foi negativamente impactado por um volume maior de

despesas resultantes da consolidação da Neobus. Entre estas, houve a contabilização de R$ 9

milhões, principalmente por impairment na operação da Neobus.

Outro fator negativo no resultado do 4T16 foram as despesas financeiras líquidas de R$ 4

milhões, contra resultados positivos de R$ 8 milhões no mesmo período de 2015 e R$ 9 milhões

no trimestre anterior.

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24 de Abril de 2017

Análise de Investimentos

Relatório Setorial

Veículos e Autopeças

Marcopolo (POMO4) - Principais Acionistas

Acionista Participação

Fundação Petrobras de Seguridade 14,27%

T Rowe Price Group Inc 6,03%

JPMorgan Chase & Co 4,26%

BTG Pactual Holding 2,96%

Dimensional Fund Advisors Lp 2,58%

Vanguard Group 2,47%

BTG Pactual WM Gestão de Recursos 1,71%

Franklin Resources 1,29%

BTH Pactual Global Asset Mgmnt 1,21%

Fil Limited 1,03%

Blackrock 0,91%

Marcopolo 0,85%

Dupont Capital Management 0,76%

Bellpart Participações 0,69%

Franklin Advisers Inc 0,62%

Danske Bank A/S 0,61%

Una Capital 0,57%

Quatrinvest Adm. de Recursos 0,52%

Fator Administracão de Recursos 0,51%

Wellington Management Group LLC 0,50%

Geração Futuro Corretora 0,43%

Texas Teacher Retirement System 0,41%

California Public Emp - Calpers 0,38%

Driehaus Capital Management LLC 0,37%

Trilha Investimentos 0,36%

Eaton Vance Corp 0,28%

BNY Mellon 0,26%

Fundpartner Solutions 0,26%

Itavera Gestão de Recursos 0,24%

Van Eck Associates Corporation 0,23%

BB Gestão de Recursos DTVM 0,22%

Davos Participações 0,22%

Schroder Invest Mgmt Brasil 0,20%

Outros 51,79%

100,00%

Fonte: Bloomberg

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24 de Abril de 2017

Análise de Investimentos

Relatório Setorial

Veículos e Autopeças

Randon

A recessão no Brasil, que afetou fortemente a indústria automobilística, continua prejudicando

as vendas de implementos rodoviários e autopeças, que são os principais segmentos da

Randon. Com isso, a empresa que sofreu prejuízos nos dois últimos anos, ainda deve mostrar

resultados fracos em 2017.

Os principais pontos de atenção para a Randon nos próximos meses são os seguintes:

• A empresa está estimando para 2017 uma receita líquida de R$ 2,8 bilhões, valor 6,7%

maior que no ano passado;

• A produção total da indústria automobilística brasileira (dados da Anfavea) aumentou

24,0% no primeiro trimestre de 2017.

• As projeções são de que a produção de veículos no Brasil cresça 11,9% neste, o que é

positivo para a área de autopeças da empresa;

• O volume vendido de implementos rodoviários teve queda de 18,8% no 1T17 (dados

da Fenabrave), isso depois de ter caído 21,1% em 2016;

• Resultado no 1T17 da Randon deve ser negativo;

• Em 2016, a Randon contabilizou um elevado volume de despesas não recorrentes (R$

109 milhões – equivalentes a 76,7% do EBITDA no período), que não devem se repetir

neste ano.

• A expectativa otimista para safra brasileira em 2016, com crescimento de 21,8% na

produção de grãos, é positiva para a demanda dos produtos da Randon;

• Atualizamos nossas projeções para Randon, considerando o cenário difícil da indústria

automobilística, que esperamos seja revertido ainda este ano. Com isso, elevamos

nosso Preço Justo para Randon de R$ 4,60 para R$ 4,80 por ação, mas mantivemos

nossa recomendação de Manutenção;

O que esperar em 2017: A situação dos setores que a Randon atua foi muito difícil nos últimos

anos, levando a empresa a prejuízos em 2015 e 2016. Este início de ano continua sendo

complicado, com forte queda nas vendas de implementos rodoviários, mas alguma recuperação

em autopeças.

Para o restante do ano vemos uma recuperação muito lenta nos implementos, com crescimento

mais acelerado do segmento de autopeças, em função da elevação na produção nacional de

veículos. Acreditamos que a empresa deve voltar a obter resultados positivos no segundo

semestre, fechando o ano com um pequeno lucro, diferente dos prejuízos dos dois últimos anos.

Mesmo em um ambiente ainda difícil, é positiva a informação de que a carteira de pedidos da

empresa neste momento está em 60 dias, com volumes 10% maiores que no mesmo período de

2016.

Este resultado positivo que estimamos para o ano será possível por um faturamento melhor,

margens crescentes e a expectativa que a empresa tenha despesas não recorrentes menores que

no ano passado. Em 2016, a Randon contabilizou R$ 109 milhões em não recorrentes, valor

Luiz Francisco Caetano, CNPI*

[email protected]

+55 11 2172-2563

Disclosure e certificação do analista estão localizados na última página

deste relatório.

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24 de Abril de 2017

Análise de Investimentos

Relatório Setorial

Veículos e Autopeças

equivalente a 76,7% do EBITDA anual. Os principais itens foram custos de reestruturação (R$ 44

milhões), hedge accounting (R$ 26 milhões) e impairment (R$ 20 milhões).

A venda de vagões foi muito importante nos últimos anos, para contrapor à queda nos volumes

dos outros produtos. Porém, neste ano a participação dos vagões deve diminuir em muito,

sendo que esperamos vendas de apenas 700 unidades, uma queda de 55,8% em relação ao 2016.

Por conta dos ajustes feitos nos custos e despesas, as margens da Randon podem ser fortemente

crescentes, na medida que a empresa venha a ter vendas melhores. Exemplo disso é que a

empresa teve apenas uma pequena queda de margem bruta em 2016 (0,8 pp), quando perdeu

15,3% no faturamento, e também as despesas operacionais ajustadas caíram 22,4% em relação a

2015. Vale lembrar que durante a crise a Randon foi obrigada a cortar 40% do seu quadro de

pessoal.

Com os ajustes realizados, a Randon poderá realmente crescer muito sem investimentos

adicionais num momento de retomada do mercado. Atualmente a área de implementos tem

uma ociosidade de 45% e em autopeças este percentual sobe para 50%.

Dificuldades dos setores foco da Randon: A queda nas vendas de autopeças e implementos

rodoviários foi bastante severa nesta crise. Vale destacar que os segmentos de veículos e

implementos (menos vagões) somado a autopeças representaram 80,3% do faturamento da

Randon em 2016.

Segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores

(Sindipeças), o faturamento do setor em 2016 caiu 4,4%, depois de ter despencado 17,7% em

2015. Os primeiros números de 2017 mostram um forte crescimento nas vendas no mercado

interno e exportações, coerente com a recuperação na produção de veículos. Para o ano, o

Sindipeças espera um crescimento de 2,7% no faturamento do setor, com aumento de 6,0% das

exportações e diminuição de 3,0% das importações.

Nos implementos rodoviários, conforme dados da Associação Nacional dos Fabricantes de

Implementos Rodoviários (Anfir), em 2016 as unidades vendidas no mercado interno de

reboques, semirreboques e carrocerias sobre chassis caíram 29,8%, com o aumento das

exportações (18,9%) compensando parte disso. No primeiro trimestre de 2017, a Anfir já

informou que a venda de implementos caiu 26,8%, com alta de 29,3% das exportações.

O setor de implementos também está sofrendo com o aumento da permissão do transporte nos

chamados “rodotrens” (grandes carretas duplas), que passou de 74 toneladas para 91 t. Isso vai

reduzir custos para os transportadores, mas como a regulamentação não foi clara, esta

postergando vendas neste início de ano, justamente na safra de cana, segmento que é o maior

consumidor deste tipo de carretas.

Além dos problemas regulatórios, a crise levou à constituição de uma frota ociosa expressiva de

caminhões e implementos, que deve estar na casa dos 20%, aproximadamente. Essa frota ociosa

deve diminuir nos próximos meses, com o sucateamento e canibalização destes equipamentos e

com a retomada na demanda por transporte.

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24 de Abril de 2017

Análise de Investimentos

Relatório Setorial

Veículos e Autopeças

As vendas de vagões foram muito importantes para a Randon em 2015 e 2016, contrapondo-se

aos problemas dos outros segmentos. Em 2015, a Randon vendeu 1.999 vagões, quantidade

47,2% superior ao ano anterior, mais que caiu 20,8% em 2016 (1.584 unidades). As vendas da

Randon em 2016 representaram 40,6% da indústria de vagões. As vendas de vagões

representaram 14,2% da receita líquida consolidada da Randon em 2016 (18,3% em 2015). Para

2017, segundo a Associação Brasileira para a Indústria Ferroviária (Abifer), o volume de vagões

produzidos no Brasil deve cair 41,1% para 2,3 mil unidades, vindo de 3,9 mil no ano anterior.

Como se pode ver pelos números citados acima, é esperada uma melhoria expressiva no setor de

autopeças, calcada principalmente no crescimento das exportações de veículos. No entanto, o

mercado de implementos rodoviários, mais focado no mercado interno, deve reagir bem mais

lentamente. Porém, a excelente safra que deve ser colhida este ano, a queda nas taxas de juros

e a retomada de projetos de infraestrutura pode acelerar a retomada na venda de implementos.

Guidance 2017: A Randon tem expectativas até positivas para 2017, projetando crescimento do

faturamento total, mas queda nas receitas no exterior.

A empresa espera que sua receita líquida em 2017 atinja R$ 2,8 bilhões, valor 6,7% maior que o

valor alcançado em 2016. Este crescimento deve vir da recuperação das vendas no mercado no

segundo semestre do ano.

As receitas no exterior (exportações + faturamento de unidades fora do Brasil) em 2017 devem

somar US$ 240 milhões, uma queda de 9,5% em relação ao ano passado.

Os investimentos em 2017 deverão crescer 131,5%, considerando a possibilidade da reativação

da unidade de São Paulo, que está parada desde o início do ano passado. Sem isso que essa

unidade volte à operação, o total a ser investido deve cair sensivelmente.

Randon - Guidance

2016 (1) 2017E Var.

Receita Líquida - R$ milhões 2.624 2.800 6,7%

Receitas no Exterior - US$ milhões 265 240 -9,5%

Investimentos - R$ milhões 43 100 131,3%

Fonte: Randon

(1) Valores realizados

Outro prejuízo: Em 2016, a Randon sofreu uma queda 15,3% em sua receita líquida

consolidada, em função da forte redução de vendas no mercado interno. Com isso,

ocorreram reduções expressivas no lucro bruto (18,7%) e de 11,8% no EBITDA, que

somou R$ 143 milhões. Apesar dos cortes de custos, que permitiram praticamente

manter inalteradas suas margens operacionais, a empresa encerrou o ano com um

resultado negativo de R$ 67 milhões (R$ 0,19 por ação), que foi 172,9% maior que o

prejuízo do ano anterior.

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Página | 15

24 de Abril de 2017

Análise de Investimentos

Relatório Setorial

Veículos e Autopeças

Randon - Resultados Anuais

R$ milhões 2015 2016 Var.

Receita Líquida 3.099 2.624 -15,3%

Lucro Bruto 641 521 -18,7%

Margem Bruta 20,7% 19,9% -0,8 pp

EBITDA Ajustado 162 143 -11,8%

Margem EBITDA 5,2% 5,4% 0,2 pp

Lucro Líquido -25 -67 172,9%

Fonte: Randon

No 4T16, a Randon teve queda de receita e margens, comparado ao mesmo trimestre

de 2015, levando a outro resultado negativo. O prejuízo líquido no trimestre foi de R$ 48

milhões (R$ 0,14 por ação), 130,9% maior que a perda verificada no 4T15.

Randon - Resultados Trimestrais

R$ milhões 4T15 3T16 4T16 4T16/3T16 4T16/4T15

Receita Líquida 815 570 622 9,1% -23,6%

Lucro Bruto 159 112 115 3,1% -27,4%

Margem Bruta 19,5% 19,7% 18,6% -1,1 pp -1,0 pp

EBITDA Ajustado 21 48 1 -97,8% -95,2%

Margem EBITDA 2,6% 8,4% 0,2% -8,2 pp -2,5 pp

Lucro Líquido -21 -16 -48 202,6% 130,9%

Fonte: Randon

A Randon teve reduções nas vendas da maioria de seus produtos no 4T16, com

destaque para os Vagões (-47,2%) e Veículos Rebocados (-14,6%). A queda nas vendas

de vagões foi muito importante, porque este segmento “segurou” a receita em

trimestres anteriores.

As reduções de vendas em implementos rodoviários e autopeças pode ser explicada

pela retração no volume de automóveis produzidos pela indústria nacional no ano

passado.

No segmento de fundidos, foi muito positivo notar o crescimento em volume no 4T16

(59,6%), que também havia ocorrido no 3T16, quando houve incremento de 47,0%,

sempre comparando com os mesmos períodos de 2015.

As vendas no mercado externo têm sido muito importantes para a Randon mitigar as

quedas no volume vendido no Brasil. No 4T16, as exportações somaram US$ 40 milhões

(20,8% da receita consolidada), valor 7,6% maior que no mesmo trimestre do ano

anterior.

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24 de Abril de 2017

Análise de Investimentos

Relatório Setorial

Veículos e Autopeças

A redução de custos e despesas permitiu nos últimos trimestres a Randon manter suas

margens. No 4T16, apesar da queda de 23,6% na receita líquida, a margem bruta caiu

apenas 1,0 ponto percentual.

Mesmo com uma queda de 14,5% nas despesas operacionais, o EBITDA sofreu uma

redução de 95,2%. No entanto, se ajustarmos o EBITDA retirando efeitos não

recorrentes (despesas de reestruturação, provisões, baixas de ativos e impairment), seu

valor sobe para R$ 29 milhões no 4T16 (margem de 4,7%) e R$ 252 milhões no ano

(9,5%).

Um ponto positivo no 4T16 foi o resultado financeiro líquido positivo em R$ 0,4 milhão,

contra um número negativo de R$ 13,4 milhões no 4T15, devido ao crescimento de

30,6% nas receitas financeiras.

A dívida líquida consolidada da Randon ao final de 2016 era de R$ 613 milhões, 56,2%

menor que no 4T15. Desta dívida, R$ 228 milhões se referem ao Banco Randon. A

relação dívida líquida total/EBITDA era de 4,3x no 4T16 (8,4x no 4T15). Sem as

operações do Banco e utilizando o EBITDA ajustado, a relação com a dívida líquida fica

em 1,6x.

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24 de Abril de 2017

Análise de Investimentos

Relatório Setorial

Veículos e Autopeças

Randon (RAPT4) - Principais Acionistas

Acionista Participação

Dramd Participações e Adm. 21,24%

Alaska Investimentos Ltda 5,69%

Fama Investimentos 5,12%

Guepardo Investimentos 4,87%

Previ 4,51%

Boston Company Asset Mgmt LLC 4,29%

Dimensional Fund Advisors LP 3,46%

Vanguard Group 2,14%

Caixa Econômica Federal 1,61%

Randon S/A Implementos e Participações 1,50%

Fmr LLC 1,33%

Dnb Asa 1,08%

Santander Rio Asset Management 1,07%

M Square Investimentos 0,99%

Caisse De Depot Et Placeme 0,88%

Canadian Imperial Bank Of Commerce 0,75%

CIBC Global Asset Management 0,75%

Jupiter Inv Mgmt Group Ltd 0,62%

Lacan Invest. e Participações 0,55%

Sparta Administradora de Recursos 0,54%

BRZ Investimentos 0,46%

California Public Emp - Calpers 0,45%

Votorantim Asset Mgmt DTVM 0,44%

Itau Unibanco Holding 0,44%

Kinea Investimentos 0,42%

Santander Asset Management Lux 0,40%

BNY Mellon 0,39%

Maps Investment Management Co 0,39%

Atena Capital Gestao de Recursos 0,38%

Alquity Investment Management 0,38%

Blackrock 0,38%

Voya Investment Management LLC 0,37%

Ram (Lux) Systematic Funds 0,36%

BB Gestao de Recursos DTVM 0,35%

Victory Capital Management Inc 0,35%

Barclays Plc 0,35%

Mirae Asset Global Inv (Usa) LLC 0,34%

Reliance Asset Management 0,28%

Meta Asset Management 0,27%

BBM Gestão de Recursos 0,26%

Eaton Vance Corp 0,26%

Mcap Investimentos 0,25%

Outros 29,04%

100,00%

Fonte: Bloomberg

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24 de Abril de 2017

Análise de Investimentos

Relatório Setorial

Veículos e Autopeças

Tupy

A recuperação nas vendas de veículos pesados no mercado americano e brasileiro em 2017

pode ser um sinal de bons resultados para a empresa, depois do prejuízo no ano passado.

Além disso, os investidores da Tupy devem ser beneficiados por uma generosa distribuição de

proventos. Com isso, vemos a ação como bastante atrativa, mesmo em um mercado difícil

como de autopeças.

É importante estar atento aos seguintes pontos relativos à Tupy nos próximos meses:

• A retomada dos investimentos em infraestrutura e mineração na América do Norte é o

principal driver para o crescimento nas vendas da empresa;

• A elevação da produção nacional de veículos comerciais leves, caminhões e ônibus no

1T17 foi uma boa notícia para Tupy, podendo indicar uma recuperação de suas vendas

no mercado interno;

• O risco da imposição de uma tarifa pelos Estados Unidos para as importações do

México parece ter diminuído, mas continua uma preocupação, mesmo que a Tupy não

tenha concorrentes no mercado americano;

• A empresa já anunciou que vai pagar neste ano proventos no valor de R$ 200 milhões

(R$ 1,39 por ação) em parcelas trimestrais, permitindo um retorno de 9,3% para os

acionistas, considerando a cotação atual;

• Tendo em vista a expectativa de um cenário mais positivo para empresa este ano,

elevamos nosso Preço Justo para TUPY de R$ 21,00 para R$ 21,50 por ação, sem

alterar nossa recomendação de Compra. Vale destacar que nos últimos doze meses

esta ação caiu 14,4% enquanto o Ibovespa subiu 18,9%.

O que esperar para este ano: O cenário começou bastante “nublado” para a Tupy em 2017, mas

começa a clarear. As dúvidas vinham da possibilidade da imposição de tarifas pelo governo dos

Estados Unidos para importação de componentes automotivos do México, a redução na

produção de veículos pesados na América do Norte e também a persistência da crise na indústria

automobilística Brasil.

No mercado norte-americano há um discreto otimismo por parte dos fabricantes de caminhões e

veículos off-road, esperando que os investimentos em infraestrutura e mineração possam

continuar aquecendo seu mercado. No Brasil, impulsionada pelo forte crescimento das

importações, a produção de caminhões, ônibus e comerciais leves ensaia uma pequena

recuperação ou, pelo menos, uma estabilização na queda que já dura três anos.

Portanto, já no 1T17 a Tupy deve apresentar aumento em suas vendas no exterior e estabilidade

no mercado interno. No entanto, o crescimento nas vendas físicas no exterior não vai se

converter em elevações substanciais da receita, em função da valorização do real. A taxa média

de câmbio no 1T17 (R$ 3,1451/dólar) ficou 19,4% abaixo da verificada no mesmo período de

2016 (R$ 3,9022). Porém, esperamos que as margens de rentabilidade da operação sejam

positivamente impactadas pelo maior volume de vendas e receitas e a melhor diluição do custo

fixo.

Luiz Francisco Caetano, CNPI*

[email protected]

+55 11 2172-2563

Disclosure e certificação do analista estão localizados na última página

deste relatório.

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24 de Abril de 2017

Análise de Investimentos

Relatório Setorial

Veículos e Autopeças

A questão de uma “taxa de fronteira” com o México, parece adormecida nos EUA. Conscientes

dos enormes problemas que a adoção da taxa poderia trazer para sua economia, as autoridades

americanas parecem menos dispostas a adotá-la. Um bom exemplo dos problemas desta taxa é

o caso da Tupy. A empresa compra matérias-primas nos EUA para suas fábricas no México e

depois vende seus produtos, que vão compor os motores dos carros fabricados pelas montadoras

americanas. Além disso, como a Tupy não tem concorrentes americanos, a imposição de uma

tarifa de importação apenas iria elevar o preço dos carros americanos.

Há ainda uma questão importante para a Tupy, que é possibilidade da venda de suas ações por

parte do BNDES. No ano passado esta possibilidade foi muito comentada, prejudicando a TUPY3

em bolsa, dado que os investidores ficaram preocupados com a ocorrência de um “excesso de

ações” que poderia deprimir a cotação. Não cremos que o BNDESpar teria pressa em vender sua

participação (28,2% do capital) e não vemos o preço atual como atrativo para a operação. Nossa

crença de que o preço não é atrativo vem do bom potencial de valorização que vemos para a

TUPY3 (43,3%). Além disso, verificarmos que o preço em que foram vendidas as ações na

capitalização realizada em 2013 (R$ 17,50 nominal - R$ 26,40 corrigido pelo CDI) é bem superior

a cotação atual em bolsa.

Por fim, os investidores neste ano poderão contar com um excelente retorno através dos

proventos já definidos pela empresa, cujo primeiro pagamento pode ser divulgado por ocasião da

publicação dos resultados do 1T17, que vai ocorrer no dia 15 de maio.

Produção de veículos - Retomada no Brasil e estabilidade nos Estados Unidos: A Tupy é uma

empresa focada no setor automotivo (93,9% da receita em 2016), vendendo principalmente para

o mercado externo (83,3% no ano passado). No mercado externo, a empresa atua vendendo a

partir das unidades do Brasil (50% das vendas no exterior) ou das unidades localizadas no

México. As fábricas do México destinam praticamente a totalidade de sua produção o mercado

dos Estados Unidos. Por esta razão, os condicionantes mais importantes para a receita da Tupy

estão no exterior, principalmente no mercado de veículos comercias e off-roads, que

representaram 65,6% da receita em 2016.

Nos Estados Unidos, a venda de carros e caminhonetes em 2016 atingiu 17,5 milhões de

unidades (crescimento de 0,5%), isso após seis anos seguidos de crescimento, segundo dados da

National Automobile Dealers Association (NADA). A venda total de caminhões caiu 10,9%, em

função da redução de 22,6% dos pesados, já que os leves cresceram 3,5%.

Para 2017, a NADA prevê que a venda de veículos novos nos EUA vai diminuir 2,1% para 17,1

milhões de unidades. Isso deve ocorrer por conta do aumento da taxa de juros e uma grande

quantidade veículos usados proveniente de leasing, que podem ser mais atraentes para os

consumidores. A expectativa dos fabricantes de caminhões é de haja estabilidade ou um

pequeno crescimento nas vendas em 2017, com o setor de construção puxando as vendas.

Por outro lado, a indústria automobilística brasileira viveu uma grande crise nos últimos dois

anos, mas parece que estar saindo dela. Para os produtos que mais usam produtos da Tupy

(veículos comerciais leves, caminhões e ônibus) houve uma redução somada na produção destes

itens de 8,2% em 2016, isso depois da queda de 36,1% em 2015. Porém, no 1T17 já tivemos um

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24 de Abril de 2017

Análise de Investimentos

Relatório Setorial

Veículos e Autopeças

salto de 12,6% nos volumes produzidos destes itens (dados Anfavea). Este aumento na produção

decorre principalmente da elevação das exportações, já que o mercado interno continua fraco.

Para o restante do ano, se as expectativas positivas se confirmarem (redução dos juros, retomada

dos projetos de infraestrutura e melhora geral da economia), a demanda no mercado interno

para o segmento automobilístico mais relevante para a Tupy deve crescer.

Os produtos hidráulicos são responsáveis por uma parcela menor do faturamento da Tupy (6,1%

do total em 2016), com vendas principalmente no Brasil (60,6% do faturamento da área), tendo

seu desempenho muito afetado pela crise na construção civil nacional. Para 2017, as

expectativas de retomada na construção civil ainda não se confirmaram. Um exemplo disso é

que as vendas de cimento no mercado interno no 1T17 caíram 8,0% em relação ao mesmo

período do ano passado, de acordo com dados do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento

(Snic).

Proventos - Excelente retorno esperado este ano: A Tupy tem uma boa política de remuneração

aos seus acionistas. Nos últimos cinco anos, a empresa pagou um total de R$ 286,3 milhões aos

acionistas, equivalente a R$ 1,99 por ação. O valor dos proventos pagos foi igual a 102,0% do

resultado líquido obtido no período.

Em 2016, a Tupy pagou um total de R$ 100 milhões, na forma de juros sobre o capital próprio,

equivalente a R$ 0,70 por ação, mesmo a empresa apresentando um resultado líquido negativo

de R$ 181 milhões (R$ 1,26/ação).

Para este ano, a diretoria já anunciou que deve distribuir R$ 200 milhões (R$ 1,39 por ação) em

quatro parcelas trimestrais. Este total representa 229,2% do lucro que projetamos para Tupy no

ano.

O valor total do provento que deverá ser pago em 2017 é equivalente a 9,2% da cotação de

TUPY3 em 20/abril. Este percentual é um excelente retorno para o acionista, considerando que

as projeções dos economistas indicam que o juro no Brasil deve terminar o ano em 8,5% (Boletim

Focus de 13/abril/17). Em 2016, o provento pago representou um retorno de 5,4% em relação à

cotação média do ano.

Resultados fracos no ano passado: Em 2016, a Tupy sofreu com a crise da indústria

automobilística nacional, que limitou vendas e impactou margens. No ano, a receita líquida de

R$ 3,3 bilhões ficou praticamente igual à de 2015 (+0,3%). Porém, com vendas menores em

mercado mais rentáveis, a margem bruta caiu 5,7 pontos percentuais, com o EBITDA de R$ 339

milhões ficando 43,3% menor que no ano anterior. Além dos problemas operacionais, a

contabilização do impairment no valor de R$ 228 milhões levou ao prejuízo a R$ 181 milhões (R$

1,26/ação).

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Análise de Investimentos

Relatório Setorial

Veículos e Autopeças

Tupy - Resultados AnuaisR$ milhões 2015 2016 Var.

Receita Líquida 3.247 3.255 0,3%

Lucro Bruto 650 465 -28,5%

Margem Bruta 20,0% 14,3% -5,7 pp

EBITDA Ajustado 598 339 -43,3%

Margem EBITDA 18,4% 10,4% -8,0 pp

Resultado Financeiro 15 -52 -458,9%

Lucro Líquido 220 -181 -182,4%

Fonte: Tupy

No 4T16, os resultados da Tupy foram fracos, com queda de preços e margens, mas foi a

contabilização de um alto valor de impairment que levou ao elevado prejuízo apresentado no

período.

A Tupy teve um prejuízo líquido de R$ 179 milhões (R$ 1,24 por ação) no 4T16, contra resultados

positivos de R$ 9 milhões (R$ 0,06/ação) no trimestre anterior e R$ 38 milhões (R$ 0,06/ação) no

4T15.

No 4T16, as vendas da Tupy continuaram muito impactadas pela continuação do fraco

desempenho da indústria automobilística brasileira. As vendas destinadas ao setor no trimestre

foram 19,3% menores que no 3T16 e 6,0% inferiores ao 4T15. Os volumes vendidos no exterior,

cresceram 8,7% comparado ao 3T16 e 7,3% em relação ao 4T16, o que não foi suficiente para

compensar as perdas no mercado interno.

A maioria das vendas da Tupy são destinadas ao mercado externo. No 4T16, as receitas de

exportações e aquelas obtidas pelas unidades no exterior representaram 84,3% do faturamento

total (85,9% no 4T16). Com isso, a empresa sofreu com a valorização do real, que na média do

trimestre foi de 14,3% entre o 4T16 e o 4T15. Assim, o preço médio das vendas do segmento

automotivo para o exterior caiu 17,5% e 26,4% em hidráulica, comparado ao 4T15. No mercado

interno, houve crescimento de preços de um digito em relação ao 4T15, mas redução em relação

ao trimestre anterior.

Esta combinação de fatores levou a uma diminuição de 10,3% na receita do 4T16 (R$ 782

milhões), que foi 10,3% menor que no mesmo período de 2015.

As vendas totais da Tupy no 4T16 foram divididas entre a América do Norte (63,1%), América

Latina (16,4%), Europa (13,3%) e as outras regiões com 7,2%. Em relação ao trimestre anterior,

houve aumento na concentração das vendas na América do Norte, com queda nas outras

regiões.

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Análise de Investimentos

Relatório Setorial

Veículos e Autopeças

Tupy - Receitas, Vendas e Preços 3T16 2T16 Var. 3T15 Var.

Receitas - R$ milhões

Mercado Interno 144,9 137,4 5,4% 141,7 2,2%

- Automotivo 115,7 107,0 8,1% 115,5 0,2%

- Hidráulica 29,1 30,4 -4,1% 26,2 11,2%

Mercado Externo 618,2 713,3 -13,3% 714,2 -13,4%

- Automotivo 597,6 689,9 -13,4% 697,7 -14,4%

- Hidráulica 20,6 23,3 -11,6% 16,5 25,3%

RECEITA TOTAL 763,0 850,7 -10,3% 855,9 -10,9%

Vendas - mil toneladas

Mercado Interno 26,3 24,3 8,3% 27,9 -5,8%

- Automotivo 22,0 20,1 9,1% 24,2 -9,2%

- Hidráulica 4,3 4,1 4,5% 3,7 16,1%

Mercado Externo 92,4 105,3 -12,3% 93,7 -1,4%

- Automotivo 88,6 101,5 -12,7% 90,6 -2,2%

- Hidráulica 3,8 3,8 -1,2% 3,1 23,8%

VENDAS TOTAIS 118,6 129,6 -8,5% 121,6 -2,4%

Preço Médio - R$ mil/tonelada

Mercado Interno 5,5 5,7 -2,7% 5,1 8,5%

- Automotivo 5,3 5,3 -0,9% 4,8 10,3%

- Hidráulica 6,8 7,4 -8,2% 7,1 -4,2%

Mercado Externo 6,7 6,8 -1,2% 7,6 -12,2%

- Automotivo 6,7 6,8 -0,8% 7,7 -12,4%

- Hidráulica 5,4 6,1 -10,5% 5,4 1,2%

Fonte: Tupy

A Tupy tem avançado bastante no corte de custos e despesas operacionais, mas que ainda foram

insuficientes para compensar a redução nas vendas. No 4T16, o custo dos produtos vendidos

caiu 5,3%, para uma queda de 10,3% na receita. O principal item em que a empresa conseguiu

uma redução maior de custos foi em Mão de Obra, com queda de 17,3%. Por outro lado,

ocorreram aumentos importantes em Energia (19,3%) e Materiais de Manutenção (10,4%).

As despesas operacionais tiveram uma queda expressiva (5,5%), comparado ao 4T15, mas pouco

também para impactar positivamente o EBITDA.

No 4T16, o resultado financeiro da Tupy foi beneficiado por um alto volume de Variações

Monetárias positivas (R$ 21 milhões), por conta valorização do real. Dessa forma, as despesas

financeiras líquidas do período ficam 70,1% menores que no 4T15.

A dívida líquida da empresa ao final do 4T16 era de R$ 688 milhões, que caiu 3,8% no trimestre e

28,2% durante o ano. A relação dívida líquida/EBITDA era de 1,6x no final de 2016, igual à de

dezembro/2015.

É interessante notar que mesmo com os fracos resultados do ano, a Tupy conseguiu reduzir

consideravelmente seu endividamento. Uma das razões para isso foi a diminuição de 15,5% nos

investimentos, que no ano somaram R$ 132 milhões.

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24 de Abril de 2017

Análise de Investimentos

Relatório Setorial

Veículos e Autopeças

Tupy (TUPY3) - Principais AcionistasAcionista Participação

BNDES Participações 28,19%

Previ 26,19%

Unicredit Spa 10,65%

Telos Fundação Embratel 6,81%

Norges Bank 3,17%

Vinci Equities Gestora de Recursos 1,67%

Vanguard Group 1,09%

Oceana Inv. Admin. Cart. Valores 1,07%

Fator Administracao de Recursos 0,68%

BTG Pactual Wm Gestão de Recursos 0,66%

Arx Investimentos 0,67%

Ashmore Group Plc 0,61%

Equitas Admin. Fundos Inv. 0,51%

Credit Agricole Groupe 0,46%

Franklin Templeton Inv Brasil 0,46%

Spinell i Sa CVMC/Brazil 0,42%

Vintage Investimentos 0,39%

Kapitalo Investimenos 0,38%

Pacifico Gestão de Recursos Ltda 0,36%

Sparinvest 0,33%

Studio Investimentos Adm. 0,29%

Arx Investimentos 0,25%

Fides Asset Management 0,25%

California Public Emp - Calpers 0,25%

BB Gestão de Recursos 0,23%

Pinebridge Investments Lp 0,22%

Outros 13,74%

100,00%

Fonte: Bloomberg

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24 de Abril de 2017

Análise de Investimentos

Relatório Setorial

Veículos e Autopeças

DISCLAIMER

EQUIPE

Parâmetros do Rating da Ação Nossos parâmetros de rating levam em consideração o potencial de valorização da ação, do mercado, aqui refletido pelo Índice Bovespa, e um prêmio, adotado neste caso como a taxa de juro real no Brasil, e se necessário ponderação do analista. Dessa forma teremos: Compra: Quando a expectativa do analista para a valorização da ação for superior ao potencial de valorização do Índice Bovespa, mais o prêmio. Neutro: Quando a expectativa do analista para a valorização da ação for em linha com o potencial de valorização do Índice Bovespa, mais o prêmio. Venda: Quando a expectativa do analista para a valorização da ação for inferior ao potencial de valorização do Índice

Bovespa, mais o prêmio.

Este relatório foi preparado pela Planner Corretora e está sendo fornecido exclusivamente com o objetivo de informar. As informações, opiniões, estimativas e projeções referem-se à data presente e estão sujeitas às mudanças como resultado de alterações nas condições de mercado, sem aviso prévio. As informações utilizadas neste relatório foram obtidas das companhias analisadas e de fontes públicas, que acreditamos confiáveis e de boa fé. Contudo, não foram independentemente conferidas e nenhuma garantia, expressa ou implícita, é dada sobre sua exatidão. Nenhuma parte deste relatório pode ser copiada ou redistribuída sem prévio consentimento da Planner Corretora de Valores. (*) Conforme o artigo 16, parágrafo único, da ICVM 483, declaro ser inteiramente responsável pelas informações e afirmações contidas neste relatório de análise. Declaração do(s) analista(s) de valores mobiliários (de investimento), nos termos do art. 17 da ICVM 4 83 O(s) analista(s) de valores mobiliários (de investimento) envolvido(s) na elaboração deste relatório declara(m) que as recomendações contidas neste refletem exclusivamente sua(s) opinião (ões) pessoal(is) sobre a companhia e seus valores mobiliários e foram elaboradas de forma independente e autônoma, inclusive em relação à Planner Corretora e demais empresas do Grupo. Declaração do empregador do analista, nos termos do art. 18 da ICVM 483 A Planner Corretora e demais empresas do Grupo declaram que podem ser remuneradas por serviços prestados à(s) companhia(s) analisada(s) neste relatório.

Cristiano de Barros Caris

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Karoline Sartin Borges

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Mario Roberto Mariante, CNPI

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Luiz Francisco Caetano, CNPI

[email protected]

Victor Luiz de Figueiredo Martins, CNPI

[email protected]

Ricardo Tadeu Martins, CNPI

[email protected]