Valor local edição 24 Janeiro 2014

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Valor Local Jornal Valor Local • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 9 • 24 Janeiro 2014 • Preço 1 cêntimo ACISMA Há cada vez mais aviários degradados na região Págs. 8, 9 e 10 Carregado: Emigrante vítima de esquema de burlas na Inglaterra Pág. 4 Francisco João Silva reconduzido como presidente da Fenacam Pág. 16 Novo aumento da tarifa de resíudos em Azambuja é possibilidade Pág. 15 Foto Rui Almeida

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Valor LocalJornal Valor Local • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 9 • 24 Janeiro 2014 • Preço 1 cêntimo

AC

ISM

A

Há cada vezmais aviáriosdegradadosna região

Págs. 8, 9 e 10

Carregado:Emigrante vítimade esquemade burlasna Inglaterra

Pág. 4

FranciscoJoão Silvareconduzidocomo presidenteda Fenacam

Pág. 16

Novo aumentoda tarifade resíudosem Azambujaé possibilidade

Pág. 15

Foto Rui Almeida

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2 Valor Localwww.ACISMA.org

Ficha técnica: Valor Local, Jornal de informação regional, sede de redacção e administração: Quinta da Mina 2050-273 Azam-buja; telefones: 263 047 625, 96 197 13 23 correio electrónico: [email protected]; Site: www.valorlocal.pt • Propriedade e Editor:Associação Co-mércio e Indústria do Município de Azambuja (ACISMA); Quinta da Mina 2050-273 Azambuja. NIPC 502 648 724 • correio electrónico:[email protected] • Director: Miguel António Rodrigues CP 3351 • Colaboradores: Sílvia Agostinho CO-1198, Vera Galamba CP 6781, JoséMachado Pereira, Daniel Claro, Rui Alves Veloso, Miguel Ouro, Nuno Vicente, Cátia Carmo, Dina Patrício • Paginação, Grafismo e Montagem: MiltonAlmeida: [email protected] • Fotografia: José Júlio Cachado • Serviços Administrativos e Departamento Comercial: telefones: 263 047 625,96 049 10 83 correio electrónico: [email protected] • N.º de Registo ERC: 126362, Depósito legal: 359672/13 Impressão: Gráfica doMinho, Rua Cidade do Porto –Complexo Industrial Grunding, bloco 5, fracção D, 4710-306 Braga • Tiragem: 4000 exemplares

O Orçamento do Estado para 2014 (OE 2014 - Lei n.º 83-C/2013, de 31 de dezembro, artigo 171.º),altera várias normas do Código dos Regimes Contributivos do Sistema Previdencial de SegurançaSocial.

Comunicação da admissão de trabalhadores

Assim, relativamente à comunicação da admissão de trabalhadores à segurança social, esta obrigaçãopassa a ser cumprida exclusivamente pela Internet, no portal da segurança social direta, exceto relativa-mente aos trabalhadores do serviço doméstico, cuja comunicação pode ser efetuada através de qualquermeio escrito. Por outro lado, as pessoas singulares que tenham ao seu serviço apenas um trabalhador, passam a estarobrigadas a apresentar declaração exclusivamente por transmissão eletrónica de dados.

Prestação com caráter de regularidade

Por outro lado, clarifica-se o conceito de regularidade, relevante para efeitos de determinação da base deincidência contributiva, ou seja, das prestações atribuídas pelas entidades empregadoras sujeitas a con-tribuições para a segurança social. Assim, passa a considerar-se que uma prestação tem caráter de regularidade quando, para além de cons-tituir direito do trabalhador, por se encontrar pré-estabelecida segundo critérios objetivos e gerais, aindaque condicionais, por forma a que este possa contar com o seu recebimento, a sua concessão tenha lugarcom uma frequência igual ou inferior a cinco anos. Na sua redação atual, a norma não refere qualquer pe-ríodo mínimo relativo à concessão da prestação. Ou seja, uma prestação que cumpra estes requisitos e seja atribuída, no mínimo, de cinco em cinco anospassa a ser considerada regular. Já não será regular se for atribuída de seis em seis anos.

Trabalhadores Independentes

Nos termos da redação atual do Código, são abrangidos pelo regime geral dos trabalhadores independen-tes os cônjuges das pessoas singulares que exerçam atividade profissional por conta própria, desde quea atividade profissional em causa seja exercida por ambos com caráter de regularidade e de permanência.A proposta governamental alarga a sua aplicação às pessoas que vivem em união de facto. Por outro lado, é restringido o conceito de entidade contratante. De acordo com a redação atual, são con-sideradas entidades contratantes as pessoas coletivas e as pessoas singulares com atividade empresarialque no mesmo ano civil beneficiem de pelo menos 80% do valor total da atividade de trabalhador inde-pendente. De acordo com a proposta, a qualidade de entidade contratante apenas será apurada relativamente aostrabalhadores independentes que se encontrem sujeitos ao cumprimento da obrigação de contribuir e te-nham um rendimento anual obtido com prestação de serviços de montante igual ou superior a seis vezeso valor do IAS, o que se traduz num rendimento de 2.515,32 euros. Por outro lado, os trabalhadores independentes que tenham auferido menos de 2.515,32 euros passam aestar isentos de contribuições para a segurança social. (Fonte: Boletim Empresarial)

OE 2014 Regime simplificado em IRS sofre alterações

O Orçamento do Estado para 2014 (OE 2014 - Lei n.º 83-C/2013, de 31 de dezembro, artigos 175.º, 177.º)veio introduzir algumas alterações ao regime de tributação simplificado de tributação em IRS dos traba-lhadores independentes, ou seja, no âmbito da categoria B. Uma das alterações prende-se com o aumento do limite a partir do qual os contribuintes deixam de estarabrangidos pelo regime simplificado de tributação. Assim, ficam abrangidos por este regime, caso não optem pelo regime de contabilidade organizada, ossujeitos passivos que no exercício da sua atividade, não tenham ultrapassado no período de tributaçãoimediatamente anterior um montante anual ilíquido de rendimentos da categoria B de 200.000 euros. An-teriormente esse limite era de 150.000 euros. Outra alteração diz respeito aos coeficientes aplicáveis a este regime, que na prática implicam um alarga-mento da base tributável. Assim, são os seguintes os coeficientes aplicáveis aos rendimentos a seguir discriminados: - vendas de mercadorias e produtos, e prestações de serviços no âmbito de atividades hoteleiras e simi-lares, restauração e bebidas – 0,15 (anteriormente era 0,20); - rendimentos de atividades profissionais tais como advogados, arquitetos, engenheiros, médicos, artistas,desenhadores, escultores, contabilistas, economistas, etc. – 0,75 (mantém-se); - rendimentos provenientes de contratos que tenham por objeto a cessão ou utilização temporária da pro-priedade intelectual ou industrial ou a prestação de informações respeitantes a uma experiência adquiridano setor industrial, comercial ou científico – 0,95 (anteriormente era de 0,75); - rendimentos de capitais imputáveis a atividades geradoras de rendimentos empresariais e profissionais– 0,95 (anteriormente era de 0,75); - rendimentos provenientes do resultado positivo de rendimentos prediais - 0,95 (hoje é de 0,75); - rendimentos provenientes do saldo positivo das mais e menos-valias e dos restantes incrementos patri-moniais - 0,95 (anteriormente era de 0,75); - subsídios destinados à exploração – 0,10 (anteriormente era de 0,20).

De referir que, até 31 de janeiro de 2014, os sujeitos passivos do IRS enquadrados no regime simplificadoda categoria B podem livremente optar pelo regime da contabilidade organizada.

(Fonte: Boletim Empresarial)

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Em finais de 2012, Rosa Moitas,residente no Carregado, Alen-

quer, e duas amigas decidiramlançar-se numa aventura que viriaa deixar um travo amargo. Alicia-das pela possibilidade de virem aauferir um bom ordenado em In-glaterra deixaram-se ludibriar porum esquema de burlas a emigran-tes, através de uma pretensaagência de emprego. Este é umfenómeno para o qual as autorida-des têm vindo a alertar, no entan-to, este novo conto do vigário con-tinua a proliferar, tendo em conta odesejo de uma vida melhor lá fora,de muitos portugueses, devido àcrise.Rosa Moitas conta que uma amiga(de seu nome Célia) lhe falou napossibilidade de emigrarem, dadoque estavam desempregadas.Após vários contactos, através deum blogue, com Tânia, emigranteportuguesa que não conheciam,mas que estaria a viver na Ingla-terra há um ano, com casa e a ga-nhar duas mil libras por mês, rapi-damente foram convencidas aemigrar para aquele país, parairem trabalhar numa clínica quedaria assistência a idosos. “Estava tudo a correr bem até quenuma quinta-feira nos ligam a di-zer que teríamos de embarcar naquarta-feira seguinte, caso contrá-rio iriam a Espanha buscar outras

pessoas e ainda tínhamos de ar-ranjar uma terceira pessoa paranos acompanhar porque o senhorda agência de emprego apenascontratava três pessoas de cadavez. Tivemos de comprar os bilhe-tes à pressa. Falei na oportunida-de à minha amiga Rute, que acei-tou. No entanto, só nos enviaramos contratos no dia em que embar-cámos, nem tivemos tempo de osler, aliás as minhas amigas já iama caminho do aeroporto quandochegaram os emails”, relata Rosa

Moitas. Uma vez em Londres, tiveram deesperar quatro horas no aeroporto,até que Tânia e Armindo ligados àsuposta agência de emprego asviessem buscar. Entretanto tinhamaproveitado para ler os contratos.“A Rute disse logo que não ia as-sinar o contrato, que se tratava deuma subempreitada a recibos ver-des, sem que estivesse escrito oordenado e os horários de traba-lho, e eu também fiquei de péatrás”, conta ao mesmo tempo

que mostra a cópia do contratoque ainda mantém e no qual sepode ler que em caso de rescisãoteriam de pagar um montante va-riável entre as 2500 e as 3500 li-bras de indemnização, tendo emconta que o contrato seria de trêsanos. Não só o contrato lhes mereceudesconfiança, como o facto de Tâ-nia e Armindo terem forjado umcurrículo completamente falso dastrês amigas. Rosa Moitas mostrou-nos o mesmo – “Colocaram dados

que não correspondem de todo, étudo completamente falso”. Pode-mos constatar que entre outrascoisas está escrito que desempe-nhou funções em casas de saúdee lares, factos que não correspon-dem à verdade. Foram entretantolevadas para um escritório, ondeum inglês lhes fez diversas per-guntas, à partida seria o responsá-vel da clínica que as contrataria.“Perguntou-nos se sabíamos imo-bilizar um doente, eu disse quenão, e a minha amiga também.Apesar de sabermos que o nossotrabalho seria numa clínica, antes,não nos foi pedida experiência.” Durante a conversa que mantive-ram com o inglês, os ânimos exal-taram-se e Rute acusou Tânia delhes ter mentido, a que se soma acircunstância de ter pedido a cadauma das três amigas “250 eurospara serem entregues a um conta-bilista que passaria a tratar da ‘es-crita’ de cada uma”. “O inglês cha-mou Tânia e quis saber por quenão tínhamos experiência. A Tâniaquis bater na Rute dizendo nadater a ver com os currículos falsos”. Nesta altura, Rosa Moitas confes-sa que teve “muito medo” – “Esta-va metida numa situação inacredi-tável. Quis ir embora com a Rute.A Célia preferiu ficar apesar detudo aquilo ser muito estranho. ATânia ainda nos propôs arranjar

um quarto para ficarmos mas re-cusámos. Abandonámos o local, ecompletamente perdidas em Lon-dres, percorremos muitas ruas de-sesperadas e a chorar. Não con-seguíamos encontrar um quarto.O que nos salvou foi a circunstân-cia de a Rute se ter lembrado deum casal amigo que nos acolheuem casa, porque senão ficávamosna rua.”Depois desta aventura, Rosa Moi-tas ainda permaneceu em Londresmais um mês na esperança de en-contrar um outro trabalho, mas de-sistiu. “ A dada altura, fiquei doen-te, o meu sistema nervoso colap-sou. Fiquei abalada. Consegui en-trar em contacto com a Célia, queacabou por ir trabalhar para umrestaurante a lavar pratos, contou-me que a Tânia ainda tinha ficadocom ela no carro. Não chegou a irpara nenhuma clínica. Possivel-mente, a Tânia quis livrar-se delaporque comigo e com a Rute forado esquema, teve medo de serdenunciada, na minha opinião”.Rosa ainda foi ao consulado por-tuguês onde todos os dias che-gam casos de portugueses ludi-briados por estas redes. “Conta-ram-me que há muitos emigrantesa chorarem na estação que vãopara lá, como nós fomos. Não seio que aconteceria se por acasonão desistíssemos de tudo aquilo.”

Ia ganhar duas mil libras para Inglaterra

Rosa Moitas foi vítima de burla

No dia 11 de Janeiro, o pro-jecto “Viver na Lezíria” quis

assinalar um ano de existênciacom uma experiência em Ca-sais dos Britos, onde cerca deuma centena de participantes fi-cou a conhecer a comunidadecasaleira, no que respeita aos

seus usos e costumes. A tardecomeçou com um almoço àbase de torricado e sopa casa-leira.A iniciativa compreendia aindasaber um pouco mais acercados casaleiros. Em meados doséculo XIX vindos de outras pa-

ragens acabaram por vir habitaras terras situadas na proximida-de da vila de Azambuja, nos lo-cais hoje designados por ca-sais, mais concretamente Ca-sais dos Britos. Estas comuni-dades viviam muito isoladasapenas se deslocando a Azam-

Um ano de “Viver na Lezíria”buja para os funerais e em casode consultas no médico. Estesfactos foram narrados pela vozde Sebastião Mateus Arenque,durante a iniciativa, que proce-deu ao longo da sua vida à re-colha de elementos da cultura eetnografia locais.

Também foi ele que deu a co-nhecer a origem do torricadoquando antigamente os homensdo campo levavam pão duropara o trabalho, que depois bar-ravam com azeite e alho, co-mendo-o com bacalhau. Hojeeste é um prato típico de Azam-buja e pretexto para muitas al-moçaradas como foi o caso dapatrocinada no dia 11 pelo “Vi-ver na Lezíria”.

Este projecto tem dado a co-nhecer aspectos das vivênciasribatejanas aos azambujenses esegundo Anabela Cruces, dina-mizadora do mesmo, o balançonão podia ser “mais positivo”.Um sentimento partilhado pelospresentes, nomeadamente, ospresidentes das juntas de fre-guesia de Azambuja e Aveirasde Baixo que sublinharam osméritos do projecto.

É fundamental ouvir o azeite a estalar no pão

Rosa Moitas temeu pela sua segurança

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Há cerca de um ano atrás, oalenquerense Frederico Ro-

geiro idealizou um plano de revita-lização da baixa de Alenquer como fecho da rua Triana ao trânsito econsequente conversão da viapara uso pedonal. O projecto temtido ampla divulgação nas redessociais e há poucas semanaschegou mesmo a reunião de Câ-mara com uma aceitação razoávelpor parte das diferentes bancadaspartidárias. A sua apresentaçãopública teve lugar no dia 11 de Ja-neiro na Biblioteca Municipal deAlenquer numa iniciativa organiza-da pela CDU.Em declarações ao Valor Local,Frederico Rogeiro refere que aideia nasceu da constatação deque o comércio está pelas ruas daamargura e que por isso urgia fa-zer algo, intervindo não apenas naRua Triana, mas também na RuaSacadura Cabral e Largo PalmiraBastos, no fundo o corredor co-mercial da vila, “com a criação deum centro polarizador e atractivo”. “Imaginei reverter não só para usopedonal essas localizações mastambém calcetá-las com calçadaportuguesa, valorizando o espaçopúblico, com arborização e ban-cos de jardim”, refere; acrescen-tando: “A maioria dos passeiosnão permite que as pessoas an-dem lado a lado”.Se essa é ou não a solução para

atrair mais público para o comér-cio tradicional, salienta que nãotem “referências específicas” masé da opinião de que “noutras vilase cidades do país qualquer sedede concelho tem este tipo de es-paços, os quais funcionam”. Oalenquerense também não deitoucontas aos custos que este pro-jecto poderia comportar. Algo tam-bém notado pela vereadora do Ur-banismo, Dora Pereira, que sa-lienta – “Sem a devida fundamen-tação técnica e respetivos estudosde custo/benefício não se podeaferir convenientemente a viabili-dade do mesmo. Aquando daapresentação do estudo, em sedede reunião de câmara e tambémna apresentação que decorreu nopassado sábado, não foi apresen-tada qualquer estimativa de cus-tos. Informação que é fundamen-tal para analisar a viabilidade fi-nanceira da ideia. No entanto, pro-

curaremos, através dos nossosserviços, fazer um levantamentodos custos associados.”Ainda no âmbito do plano em cau-sa, e num cenário ideal, FredericoRogeiro gostaria que a circulaçãona vila se fizesse maioritariamentea pé, com os automobilistas a dei-xarem os veículos num dos par-ques de estacionamento existen-tes à saída de Alenquer.“O planoprevê ainda a organização de ou-tros parques como o do mercadomunicipal que está completamen-te desordenado, assim como, o daChemina que poderia ganhar lu-gares”. Quanto ao trânsito e fechadas asartérias Triana e Sacadura Cabral,passará a efectuar-se por um cir-cuito que compreende o ladooposto do rio. “O trânsito da RuaTriana passa para a Avenida dosBombeiros, e o trânsito da Saca-dura Cabral privilegia a constru-ção de uma ponte entre a bibliote-ca e a Chemina que desembocaránuma avenida a construir que faráa ligação com a Avenida dosGuerras, chegando depois ao Lar-go Espírito Santo e Largo PalmiraBastos” Nesta componente, DoraPereira responde: “O corte deruas poderá ser um instrumentode reorganização territorial mastem de estar enquadrado numapolítica ampla e holística.”No fim de contas, Frederico Ro-geiro acredita que o plano “podesignificar uma oportunidade”, masdiz que não “promete um lugar no

céu” a quem espere que o mesmopossa salvar o comércio. Ouvimos alguns comerciantes daRua Triana sobre esta possibilida-de, Tiago Joaquinito que possuiuma das lojas mais antigas, ondevende material para a prática dedesporto, acredita que a requalifi-cação preconizada neste planodaria “melhores condições”. Massegundo afirma esta é uma dis-cussão que já tem vários anos.“Não há dinheiro para se colocarem prática”, é o que todos dizem.Por outro lado, critica a colocaçãode pilaretes apenas em algumaspartes da rua. “Há quem opte porestacionar o carro à porta do meuestabelecimento, já me lembrei decolocar uns manequins no pas-seio”, ironiza.Por seu turno, Dália Ferreira quegere uma loja de gifts e decora-ção, que se encontra há três anosna Rua Triana, depois de váriosanos numa localização junto aomercado, também concorda queuma remodelação da artéria emcausa “seria algo benéfico”, por-que “Alenquer está a morrer aospoucos, tem de se fazer algumacoisa, mas não basta fechar aotrânsito, tem de se tornar a ruamais gira e apelativa”. Ao lado síntese do estudo sobreas potencialidades do comérciode Alenquer levada a cabo pelaequipa de Carlos Ribeiro, a pedi-do da Associação de Comércio eIndústria do Concelho de Alen-quer.

Cidadão apresentaplano de reordenamentoda baixa de Alenquer

Estudo sobre o comérciode Alenquer

Sem âncoras comerciais fortes e comum espaço público concebido a partir

do automóvel, configurando uma imageme um uso muito estradal e pouco urbano, aárea central de Alenquer apresentava, nasconclusões do estudo de Urbanismo Co-mercial iniciado em 2006, enormes fragili-dades. Mas o potencial instalado e as perspectivas de evolução de al-gumas variáveis externas, como a futura instalação do aeroporto naOta, permitiram desenhar horizontes optimistas e perspectivar mudan-ças significativas que acabaram por não acontecer.A Equipa de Estudo na ocasião considerou o processo de progressivametropolização de Alenquer no plano urbanístico e comercial como umfactor – chave na avaliação de potencial da sua área central e na defi-nição de estratégias visando uma maior competitividade territorial e em-presarial. Era um facto que a plena inserção na área de influência deLisboa nas práticas de abastecimento das famílias e das empresas, ob-rigava a cidade e o seu centro a repensar-se e a reposicionar-se faceaos novos factores concorrenciais e aos desafios criados pela nova es-cala. Nem todos os elementos eram negativos na avaliação inicial. Exis-tiam mesmo pontos de partida que precisavam apenas de ver reforça-das as suas potencialidades como era o caso da elevada densidade ediversidade comercial e do forte sentido identitário presente no comér-cio local. Também os factores urbanísticos e patrimoniais, consideradosde uma forma genérica, concorriam para esse potencial instalado a servalorizado. Mas alguns elementos do quadro de análise não resistiama uma avaliação um pouco mais rigorosa tais como: o comércio muitoconfinado ao eixo tradicional Triana-Sacadura Cabral; a marcada ina-dequação do espaço público à função comercial na vila baixa, com des-qualificação de largos e frentes de rio, dificuldades de estacionamentoe subjugação dos consumidores aos automóveis nos pavimentos e cir-culação. A oferta de base local com a representação de grandes mar-cas, no produto ou no serviço, mas não no estabelecimento, sendo apresença do franchising quase inexistente; as acessibilidades comenormes dificuldades; o estacionamento com saturação e com zonasde grande conflito; o excesso de aposta por parte dos comerciantes emsegmentos intermédios e um fraco posicionamento em sectores daclientela mais especializados; a desvalorização dos segmentos mais jo-vens da clientela potencial; a coabitação de áreas de degradação urba-nística com pólos comerciais importantes; a existência de numero ex-cessivamente elevado de lojas com fraca qualidade de imagem e compreços pouco competitivos; a presença de recursos humanos poucoqualificados sem perspectivas práticas para melhorarem a sua espe-cialização e profissionalização.Este quadro-diagnóstico marcado por grandes debilidades esteve nabase de uma estratégia de recuperação, de revalorização e de requali-ficação que foi na ocasião desenhada com grande optimismo conside-rando, apesar de tudo, o potencial interno mas também os factores ex-ternos que radicavam na instalação do novo aeroporto internacional deLisboa na Ota e consequentemente no aumento do turismo e dos ser-viços periféricos ao equipamento aeroportuário.Nesta medida, para a estratégia de desenvolvimento, foram valorizadosvários eixos de progressão entre os quais a frente ribeirinha elegendoo rio como um elemento forte de identificação e estruturação urbana,mesmo considerando – o maltratado pela artificialização brutal a quefoi sujeito, tendo-o transformado num canal regularizado com margensbetonizadas. Na vila baixa a modernidade e adequação do comércio às exigênciasdos consumidores deveria basear-se ainda na valorização das frentesde rio e no diálogo urbanístico fácil entre a vila e a água, com reforçoda vertente ambiental e da melhoria significativa das condições de cir-culação a pé e de bicicleta. Além do comercial, um elemento de grandespotencialidades seria a arquitectura industrial, muito presente na mar-gem direita, num “lado industrial” em contraponto com o “lado comer-cial”. A sinalização da Moagem, da Chemina e da Romeira, como umpercurso de património cultural que ajudasse a compreender o processode industrialização português, justificaria uma valorização orientada querpara a visita de estudantes e turistas, quer para a auto-estima dos resi-dentes e manutenção viva do património identitário da vila.Finalmente na proposta deveria ainda ser considerado o alongamentoda área urbana e o seu desdobramento pela margem direita, introdu-zindo elementos fortes nos extremos setentrional e meridional, tendopor modelo o “mall” americano, por forma a permitir e favorecer o alon-gamento das deslocações mediante a criação de “âncoras” nos extre-mos.

Carlos RibeiroCaixa de Mitos – Agência para a Inovação Social |

Co-coordenador do Estudo Global de Urbanismo Comercial da área central de Alenquerpt.linkedin.com/in/carlosvalentimribeiro

Cidadão de Alenquer espera que o seu planopossa ser aproveitado

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Teve início no dia 15 de Janeiro,a operação “Censos Sénior

2014” que vai decorrer em todo opaís levada a cabo pelos militaresda GNR, e que visa apurar casosde idosos que vivem sozinhos ouem situação de isolamento. A GNRvai procurar sensibilizá-los para si-tuações de potenciais crimes. Assituações mais precárias vão sersinalizadas e depois encaminha-das para instituições de solidarie-dade social.Foi nestas condições que o casode Alfredo, de 63 anos, foi detec-tado. Vive sozinho na zona doMonte Gordo em Vila Franca deXira, numa encosta bastante isola-da. Depois de vários anos emigra-do na Suíça, onde conheceu umlado da vida que em nada se rela-ciona com o actual, veio viver parauma casa sem luz nem água noseu concelho. Passa os dias numainstituição vocacionada para a ter-ceira idade, mas de noite regressaa casa. Uma habitação que hápouco tempo se encontrava degra-dada mas que foi recuperada com

a ajuda de um grupo de voluntaria-do que semanalmente ajuda osmais necessitados no concelho deVila Franca de Xira.Incompatibilizado com a família,Alfredo que aparenta ter mais ida-de que a actual, já se habituou aviver nas actuais condições, atéporque não tem água nem luz, so-correndo-se à noite de uma pe-quena lamparina. Todas as sema-nas, o grupo de voluntários traz-lhealimentação. Sobrevive com 178euros. Quando se lhe fala na pos-sibilidade de ir para um lar, respon-de prontamente – “Prefiro estar so-zinho, à minha vontade”. Paraalém do grupo de voluntários, nãorecebe mais visitas.Outro espectro é o dos idosos quevivem sós por opção, não necessi-tando para já de uma instituiçãoque os acolha, como é o caso deAlbertina Alves Oliveira, residenteno concelho do Cadaval. Comquase 83 anos, sempre habitou naaldeia de Boiça do Louro.Quando era jovem, quis ser pro-fessora mas os pais não deixaram.

Foi um sonho que ficou por con-cretizar. “Gostava muito da escola.Frequentei a primária de Figueiros,e a professora queria que eu se-guisse em frente, mas tive de ir tra-balhar para o campo. Sempre gos-tei muito de ler e de escrever.Aprendi tanta coisa de Geografia,de História e de Português”. Aindahoje, diz, que escreve cartas paraas pessoas, ao mesmo tempoque, desencanta do fundo de um

saco duas verdadeiras relíquias –o livro de leitura da 4ª classe e aGramática. As obras remontam a1941 e encontram-se em bom es-tado. Albertina tem muitas saudades dotempo em que os filhos eram maisnovos, sendo que é visitada comregularidade pela família. Com asua idade, consegue movimentar-se com alguma dificuldade, masnão pensa em ir para um lar, em-

bora sofra com a solidão – “Os vi-zinhos pouco me ajudam. No outrodia, estava aqui sozinha, e come-çou a chover dentro de casa. En-tretanto, caí e bati com a cabeça.Vi-me negra para me conseguir le-vantar”. Apesar de não ter medode estar sozinha, pede sempre auma vizinha para que esteja ao péde si quando toma banho, poisteme que lhe aconteça algo. “Porvezes sinto uma grande ansieda-

de, parece que me sinto mal ou docoração ou da cabeça. Noutra noi-te, fiquei muito afligida, parecia queia morrer”. Sobre a solidão que en-frenta, mostra , no entanto, umaposição um pouco fria: “É triste es-tar só, mas também não gosto deacompanhamentos”. Quando temnecessidade de falar com os fami-liares, tem telefone e telemóvel elá vai matando as saudades dosque lhe são mais próximos.

“Operação Censos Sénior 2014”

Idosos que vivem sós e isolados

0s bombeiros de azambuja ben-zeram no passado dia 19 de

Janeiro duas novas viaturas. Umacomparticipada pele Estado, a ou-tra adquirida pela associação coma ajuda de alguns mecenas. A cor-

poração soprou 82 velas no mêsde Janeiro.A cerimónia que contou com a pre-sença do ministro da administra-ção interna, Miguel Macedo, serviutambém para homenagear alguns

soldados da paz, pelos serviçosprestados à corporação presididapor André Salema.Neste encontro, foram ainda en-tregues 8 capacetes aos bombei-ros, oferta das juntas de Freguesiada sua área de influência: VilaNova da Rainha, Vale do Paraíso,Aveiras de Baixo e Aveiras deCima, e Azambuja. Uma ofertaque teve “um custo de 250 eurospor capacete”, ou seja com algumpeso no cofre daquelas autar-quias. A Câmara de Azambujatambém comparticipou estas ofer-tas.Com uma sala completamentecheia, a grande maioria dos dis-cursos serviu para elogiar as polí-ticas do actual ministro, com o re-presentante da Liga dos Bombei-ros, a considerar Miguel Macedo,como “o melhor ministro da Admi-

nistração Interna desde 1974”, nãodeixando contudo de reivindicar a“agilização de procedimentos nospagamentos aos bombeiros”.Na mesma linha, o presidente daassociação azambujense, AndréSalema destacou a linha e a polí-tica do ministério. Num discursoonde não faltaram elogios, Salemasaudou o ministro “por ter tido acoragem de iniciar a actual refor-ma politica” sendo que “é da maiselementar a justiça, reconhecerque foram feitas transformaçõesmuito importantes na área da pro-teção civil, especialmente no que

concerne à actuação dos bombei-ros portugueses”.Aproveitando a presença do Minis-tro da Administração Interna queapadrinhou esta visita, a Liga deBombeiros Portugueses ofereceuo crachá ao município de Azambu-ja e aos bombeiros voluntários.Luís de Sousa, presidente da câ-mara azambujense, destacou “ahonra pela distinção”, lembrandoque a autarquia que preside foi“pioneira na realização dos GIPs(Grupos de Intervenção Perma-nente) em todo o país”. Luís deSousa vincou, ainda, a necessida-

de de haver um maior envolvimen-to das populações na vida cívicadestas instituições, ao mesmotempo que lembrou que a áreageográfica do concelho com umavasta área florestal e muitas em-presas de logística “dão muito tra-balho aos soldados da paz.”Já Miguel Macedo, enalteceu otrabalho dos bombeiros e do mu-nicípio de Azambuja, lembrandoentre outras questões a necessi-dade de se continuar a apostar naformação dos soldados da paz,sendo que essa é uma das priori-dades para 2014.

Bombeiros de Azambuja ganham viaturas no aniversário

Seminário da Associação Portuguesade Pragas Urbanas

AAssociação Portuguesa de Pragas Urbanas, cuja sede nacional é em Aveiras de Cima, promove no pró-ximo dia 24 de Fevereiro na Exposalão, na Batalha, um seminário focado, em parte na ausência de le-

gislação no sector.António Conceição, presidente da associação, lamenta que o governo até à data não tenha criado legislaçãopara os profissionais do sector, tendo em conta que “nesta altura toda a gente pode fazer desinfestações”.“Não há rei nem roque”, ilustra “A própria associação é que tem feito cursos de formação sem que haja le-gislação”.Para o responsável, esta é uma matéria que não tem sido devidamente equacionada pelos decisores, e che-ga a ser preocupante colocando muitas vezes problemas de saúde publica.Segundo António Conceição, a ausência de um técnico especializado nestas empresas, pode colocar emcausa a saúde pública, em última instância. O presidente refere que há falta de formação no tratamento dosprodutos utilizados, e muitas vezes chega a existir alguma negligência: “Aplicam os produtos de manhã, e àtarde vão dar de comer ao gado nos locais em causa”.O presidente vinca que há mais de quatro anos que a associação entregou na Direcção Geral de Saúde umaproposta para formalizar alguns procedimentos, “mas até agora, nada se concretizou”, refere salientandoque o assunto tem ficado esquecido nos ministérios portugueses, mas em Bruxelas a situação é diferente.Conta António Conceição, que já foi entregue ao Parlamento Europeu uma proposta de lei, que deverá pro-duzir efeitos em breve no espaço comunitário. Todavia e até lá, o engenheiro alerta para a ausência de pro-fissionais qualificados a manusear matérias complexas e perigosas.A Associação Portuguesa de Pragas Urbanas nasceu no dia 29 de Junho de 2007 e veio preencher um es-paço de defesa do controlo de pragas urbanas e do meio ambiente.Com cerca de 40 associados, “a asso-ciação tem como um dos objectivos dignificar o sector na formação e acreditação perante os consumidorese a sociedade.”

Ministro junto dos elementos da corporaçãodurante o protocolo

Alfredo chegou a trabalharem hotéis de 5 estrelas na Suiça

Albertina ainda guarda os livrosda escola primária

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7Valor Local InstantâneosRetratos da nossa terraO presidente e o Pai NatalO antigo presidente da Câ-mara Municipal do Cartaxo,Paulo Varanda, perguntouna última reunião do execu-tivo ao actual presidente,Pedro Ribeiro, pelo paradei-ro de um forno micro-ondas.Aparentemente, o eletrodo-méstico estaria na escolados Casais de Lagartos eterá desaparecido.Pedro Ribeiro que prometeu“investigar” o misterioso de-saparecimento do objecto,já se tinha encontrado como Pai Natal em Dezembropara que toda a frota de ele-trodomésticos fosse renova-da com a ajuda do velhote de barbas brancas. Questionado pelo Pai Natal, Pe-dro Ribeiro ter-se-á queixado que a divida de 63 milhões de euros, nem lhe dei-xa margem para pagar cafés.

Parque infantil sem “pedra”O “Parque” como éconhecido em Azam-buja, tem afinal onome de “Parque In-fantil Cardoso Bote-lho”. Este é o nomede um antigo presi-dente da Câmara deAzambuja. Há muitosanos, que está aolado da capela a pe-dra que homenageiao homem. Dir-se-iamesmo que está lá hátantos anos, quantoso local existe. É que por ali passaram inúmeras gerações de miúdos, que alibrincaram, mas que nunca ligaram à pedra. Certo é que o local precisa de umarequalificação e por conseguinte a pedra recolocada no seu devido lugar.

Faça-nos chegar as situações que mais o preocupam. Contacte-nos poremail: [email protected]

Terra Velhinha é um grupo do facebook que pretende reviver asmemórias de Azambuja através de fotos, vídeos, histórias e do-cumentos diversos que evocam a identidade local.

Terra Velhinha

Três Violinos do RFCCAPublicada por Miguel Ouro, 18/08/13Foto de Rancho Folclórico Ceifeiras e Campinos de Azambuja Três Violinos do RFCCA com João Alves, António Carlos e AntónioMateus

Quadro dos fadistas de AzambujaPublicada por Inês Magalhães, 25/08/13Foto de Inês Magalhães Quadro dos fadistas de Azambuja. De cima para baixo da es-querda para a direita: Mª do Carmo, Maria Do Céu Corça, LurdesAmador, Ana Maria (Toureira),Xico Pimenta, José Miguel Amador eJosé Manuel Sardo

Baile no Pavilhão da CaridadePublicada por Inês Magalhães; 25/08/13Baile no Pavilhão da Caridade construído por ocasião da Feira deem 12/06/71

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8 Valor LocalDestaque

Nos últimos anos tem-se as-sistido ao proliferar de uni-

dades de abate de animais de-volutas; e algumas em estadode degradação tal que não dei-xam de se fazer notar na paisa-gem sobretudo tendo em contaa ruralidade na qual estão, mui-tas vezes, inseridas. O sectoravícola é um dos que tem deixa-do este traço na paisagem comcada vez mais persistência. Oaperto das normas higiénico-sa-nitárias motivado pelas crisesavícolas dos últimos anos, a quese soma as condicionantes docontexto de crise económicamais o jogo das grandes super-fícies junto dos pequenos produ-tores tem deixado sem grandemargem de manobra estes em-presários. O sector dos aviários já foi dosmais promissores, mas agorasão cada vez menos as empre-sas a apostar na criação e co-mercialização de aves. O consu-mo aumentou mas há dados re-centes que têm arrasado com ospequenos produtores.Cristiano Cordeiro, da empresaMorgado e Cordeiro Lda, locali-zada no concelho de Azambuja,é um dos empresários que já

teve de fechar um dos seus pa-vilhões, na zona de Casais deVale de Fornos, que permanececom um ar mais ou menos aban-donado, mas que ainda servecomo armazém. Consciente deque a realidade do fecho deaviários comporta impactes am-bientais tem procurado manter aárea em volta tratada “com alimpeza das ervas, e uma pintu-ra do edifício para breve”. “Anossa intenção é que sirva deapoio a uma outra área que te-mos relacionada com os bovi-nos”, acrescenta.O empresário conhece, ainda, ocaso de um outro empresário domesmo ramo, seu vizinho, quetambém possui pavilhões aban-donados. “Não tinha integraçãocom empresas a jusante e comonão possuía condições desistiu.Também possui pavilhões aban-donados”. A Morgado e Cordeiro lda é umadas que faz produção de ani-mais para a Avipronto, (tambémcom instalações em Azambuja)possuindo actualmente quatropavilhões; sendo que a produ-ção anual é de 540 mil aves. Há32 anos que está no mercado, etambém já viu melhores dias.

Sobre o sector é da opinião deque “não falta quem queira apa-recer para produzir, mas a reali-dade é que existem dois gran-

des grupos que dominam o mer-cado e que ditam as suas leis,nomeadamente, a Lusiaves e aValouro, a primeira estava ligada

à Interaves (Alenquer), mas ab-dicou da mesma, com isso, e se-gundo julgo saber a produção defrangos daquela empresa des-

ceu bastante”. No que se refere ao controlo hi-giénico-sanitário dá conta queestá a tentar adaptar-se aos

Estrangulamentos do mercado e aperto das normas de higiene e saúde

Há mais Aviários encerrados e degradados

Frango do campo da Interaves conhece boa exportação

Pavilhão avícola desactivado da empresa Morgado e Cordeiro

Pavilhão degradado no Cartaxo fica perto de uma urbanização

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pressupostos da lei. “É absurdoo tempo que demoram a conce-der-nos uma licença por parteda Agência Portuguesa do Am-biente. Aguardo desde 2007.Agora, pediram mais um estudode impacte ambiental”. “Somosconstantemente fiscalizados pe-los inspectores da InspecçãoGeral do Ambiente e do Ordena-mento do Território (IGAOT),quando existe uma ou outra ex-ploração na zona que está com-pletamente à margem da lei, quea inspecção desconhece, emque os frangos não são contro-lados e postos no mercado”. Em Aveiras de Cima, encontra-mos a exploração de José Fran-cisco Rêgo que encara algumasdas mesmas dificuldades. Tam-bém trabalha para a Interaves,que lhe fornece os pintos e a fa-rinha, 30 a 45 dias depois, de-volve àquela empresa os fran-gos já constituídos, destinadosao abate e comercialização. Possui nove pavilhões, um delesem Aveiras de Cima, onde esti-vemos à conversa com o mes-mo que nos garantiu que é cadavez mais difícil manter-se nomercado. “Reduzimos custos,assim como, a mão-de-obra. Aaposta foi no sentido da moder-nização pois só assim nos con-seguimos manter. Mas nestesector sobrevive-se. Um frangocusta hoje, nos supermecados,o mesmo que há 10 anos atrás-um euro e meio. Isto quando os

custos aumentam e estamos àmercê das integrações e dasgrandes superfícies”, destaca.Por outro lado, também salientaas fiscalizações constantes e àsemelhança de Cristiano Cordei-ro refere que “há outros que tra-balham ilegalmente e que porisso não pagam multas, quandono meu caso ando constante-mente a pagar inspecções, cer-tificados, tudo e mais algumacoisa”. O empresário que produz, aomesmo tempo, no total dos pavi-lhões 360 mil frangos, diz ga-nhar 20 cêntimos em cada um,tirando os gastos com tudo oque diz respeito à exploração re-vela que “pouco se conseguecom este negócio”, “Mas se ago-ra me virasse para os patos oupara os perus tinha de mudar ointerior das instalações e issosignificaria um custo acrescido”.Por outro lado, salienta que osgrupos que estão a jusante doseu jogam muito com “os valo-res da farinha e do milho, e comisso condicionam fortemente omercado”. Por fim concretiza:“Este sector devia unir-se e fa-zer o que o do sector dos porcosfez, o preço daquela carne tevede aumentar para dar para todosos que estão antes do consumi-dor final. Para que não seja sóum ou dois a ganhar com isto”.No concelho de Alenquer, en-contra-se uma das principaisempresas do sector, a Interaves,

cujo director Fernando Rodri-gues, é o responsável por cercade 130 postos de trabalho direc-tos. O mercado também se temmostrado implacável com a suaempresa, e a rota definiu-se emtorno da produção de codorni-zes (80 por cento para exporta-ção); ovos de codorniz, e frangodo campo. “A diferenciação é ocaminho, estamos a vender bas-tante frango campestre para An-gola”. As crises aviárias condi-cionaram fortemente o mercado,mas salienta à nossa reporta-gem que conseguiu sobreviver“graças à credibilidade e à qua-lidade”. “Mas perdemos muitíssi-mo dinheiro”, não deixa de notar. Um dos aviários da região cujaactividade encerrou recente-mente encontra-se na freguesiade Abrigada, Alenquer. Trata-seda Avipor com vários pavilhõeslocalizados perto da Serra deMontejunto. A verificar-se um to-tal abandono, em poucos anos,a questão poderá trazer impac-tes ambientais que se revelarãopouco interessantes dada a pro-ximidade a uma zona de paisa-gem protegida. Fonte desta em-presa revelou que “os custos ul-trapassavam os benefícios, osector foi muito afectado com aconcentração em dois grandesgrupos, que também passarama produzir pintos, e deixámos deter clientes”. Esta empresa em-pregava cerca de uma dúzia detrabalhadores.

9Valor Local Destaque

Modernização do sector é peça chave

Manuel Lima, da Federação Portuguesa das Associações Avícolas, refere que de facto têm fechadomuitas unidades avícolas, o que “não quer dizer que o sector diminuiu a sua capacidade produtiva”,

até porque “a produção nacional de carne de aves aumentou em 2011 e 2012 e estabilizou em 2013”.No seu entender, os desafios actuais do sector passam pelas actuais incertezas em relação à evoluçãodo custo da alimentação animal; o estatuto sanitário das produções; a alteração dos hábitos alimentares;a agressividade comercial das cadeias de distribuição à custa de preços baixos em produtos básicoscomo o frango e os ovos, e a situação económica e financeira do país”.Considera, ainda, que é fundamental que os produtores “tenham a noção exacta das exigências demercado, das capacidades produtivas do país, da oferta de produto já existente e do modo de finan-ciamento dos mercados. Produzir só fará sentido se estiver assegurado o escoamento das produções”.

Foto Rui Almeida

Processo de engorda de pintos pode ir até 45 dias

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10 Valor LocalDestaque

Na grande maioria dos conce-lhos da região, é raro não

assistir à degradação de antigasunidades avícolas ou matadou-ros na generalidade abandona-dos com consequente degrada-ção da paisagem ou outras con-sequências. Segundo Pedro Carteiro daQuercus, o impacte visual é umadas consequências, mas tam-bém porque em parte não sesabe “de que forma os referidosaviários foram desactivados”.“Podem permanecer, ainda, nasinstalações produtos sanitárioscomo desinfectantes, antibióti-cos, no fundo resíduos perigososque podem por vandalismo porvirtude de causas naturais (porexemplo temporais) serem verti-dos para o ambiente, Também énecessário observar em que cir-cunstâncias os resíduos de pro-dução (estrume ou efluentes) fo-ram deixados no local. Pois po-dem vir a escorrer para linhas deágua”. Por outro lado, “os pró-prios edifícios, principalmente, osmais antigos devem ser desman-telados tendo em conta que asrespectivas coberturas podemconter amianto”.No entender do engenheiro doambiente, Manuel Duarte Pinhei-ro, ouvido pelo Valor Local, liga-do à empresa “Inovação e Pro-jectos em Ambiente”, que se temdedicado à elaboração de avalia-ções de impacte ambiental paraeste género de estruturas, a le-gislação quanto ao fim de vidados aviários ainda “tem um cami-

nho para fazer”. “No caso das pe-dreiras, a lei de bases do am-biente obriga à reposição da pai-sagem como se apresentava an-tes. A nossa legislação tem res-ponsabilidade civil, ambiental eos aviários e outro género de ma-tadouros não estão contempla-dos. O princípio da legislaçãoestá lá mas a regulamentaçãonão existe. Possivelmente, have-rá mais possibilidades em casosde paisagem protegida. Poder-se-ia optar por alguma camufla-gem do local com a criação debarreiras vegetais”, e dá umexemplo de uma boa adequaçãodeste tipo de espaços – “NaFrança, por exemplo, de uma an-tigo aviário fizeram um espaço depaintball”. Em alguns estudos de impacteambiental consultados na inter-net, podemos verificar, a título deexemplo, que o referente ao aviá-rio José Baptista Carvalho Filhos,em Rio Maior, elaborado em2011, ressalva que “após as ope-rações de desmantelamento dainstalação avícola na área de in-tervenção seja reposto o uso quelhe é previsto no âmbito do orde-namento do território municipal”.Quisemos saber junto das câma-ras municipais se a questão doabandono das instalações avíco-las seria ou não uma preocupa-ção tendo em conta não apenasa questão ambiental, mas tam-bém a necessidade de dar o me-lhor uso a terrenos naquelas con-dições para efeitos de PDM ououtros. No caso do município de

Alenquer, é dito que a “Câmaraem questões ambientais possuiuma grande proximidade com osagentes económicos; e assegu-ra, em termos do controlo do edi-ficado, o ordenamento do territó-rio de acordo com os instrumen-tos que lhe estão afectos”, massem concretizar se há algo pen-sado no âmbito da questão emcausa. O município elenca umasérie de legislação para enfatizarque cumpre o que está na lei.“Todo o mais é da responsabili-dade da Administração Central”,acrescenta.Igualmente lacónica é a Câmarade Azambuja. O número de pa-vilhões pertencentes a aviáriosdesactivados é uma realidade,nomeadamente, na zona de Valede Fornos, mas também em VilaNova da Rainha, mas de acordocom os serviços camarários “nãohá notícias de abandono de qual-quer actividade pecuária”. No en-tanto, alertada pela nossa repor-tagem, a Câmara de Azambujaacrescenta que “vai agora iniciarum processo sobre estas estrutu-ras devolutas prometendo paraMarço as suas conclusões”. Contactámos igualmente o muni-cípio de Benavente, que referiunão ter conhecimento de pavi-lhões devolutos. Esta autarquiaresponde, que “há uma preocu-pação com os impactes ambien-tais causados por este tipo de es-truturas, e a sua localização, ten-do em conta a proximidade emrelação a aglomerados habitacio-nais”. O município do Cartaxo

também foi contactado, e refereque após publicação do PDM em1998, “não foram licenciadas no-vas edificações para as activida-des avícolas e matadouros. Estemunicípio, ao contrário dos res-tantes, consegue identificar “a lo-

calização de oito instalações des-tinadas à avicultura”; e por con-seguinte apontar que “apenasduas se encontram a laborar”,tendo em conta os estudos decaracterização de revisão doPDM. Por outro lado, há dois ma-

tadouros desactivados. No casoem que se verifique o abandonodestas actividades, o municípioadmite que “actualmente não temnenhum plano de acção por for-ma a colmatar os impactes queesta situação comporta”.

Pavilhões abandonadosdegradam paisagem

Foto Rui Almeida

Foto Rui Almeida

Aspecto das instalações abandonadas no final da década de oitenta

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VIRTUDES

Marta Magalhães, 21 anosGosto de morar nas Virtudes porque é um sítio calmo, mas consideroque algumas promessas não foram cumpridas: como o alcatroar da es-trada, que atualmente é de terra batida, que liga a Azambuja às Virtudes.Também faz falta um multibanco.

Luís de Sousa, 50 anosAs Virtudes oferecem uma boa qua-lidade de vida, aliada à natureza,mas está muito dependente da fre-guesia de Azambuja e às vezes pa-rece uma aldeia esquecida. Faz faltauma sede de apoio social à popula-ção, o alcatroamento da estrada docampo, bem como a ciclovia prome-tida há tantos anos.

CASAIS DA LAGOA

Carlos Caetano, 70 anos

Sempre morei aqui e gosto de cá estar. Temos uma delegação da Juntade Freguesia que tem multibanco e casas de banho, mas sem papel hi-giénico e produto para lavar as mãos. Antes tinha, agora não tem nada.

Frank Pingo, 57 anosNão há muita coisa que faça falta. Costumo utilizar a delegação da Juntade Freguesia para tratar da papelada e fazer o IRS. A localidade carecede diversões para os miúdos. Seria bom se arranjassem o parque da es-cola para as crianças irem para lá brincar de vez em quando.

AVEIRAS DE BAIXO

Filipe Pedro Carapinha, 74 anosDestaco a falta de algumas actividades voltadas para a Cultura. Haviauma banda de música, um grupo de teatro e rancho folclórico, mas tudoacabou há mais de 10 anos. Até a escola fechou. Lembro-me desta terrater cinco tabernas, agora só existe um café. Também faz falta um poucomais de limpeza nas ruas.

António Jorge Mateus, 45 anosÉ um local calmo. Há necessidade de mais espaços para as criançasbrincarem. Penso que seria necessário apostar-se no reforço da segu-rança pois já houve vários casos de assaltos.

O autarca responde:

O presidente da junta de freguesia de Aveiras de Baixo, Carlos Va-lada, em resposta às questões dos fregueses enfatiza que a faltade luz em Casais da Lagoa tem sido uma das reclamações frequen-tes. Carlos Valada diz que esse assunto está devidamente docu-mentado, e que já falou com a Câmara e com a EDP. Ao que tudoindica, a iluminação pública, desliga-se junto às escolas quandochove. Segundo o autarca, a EDP, está a verificar “o mistério” masaté à data não houve progressos.Outra das questões relaciona-se com a velocidade excessiva na es-trada nacional 366. A via que atravessa a localidade de Aveiras deBaixo está debaixo de olho das autoridades, mas segundo CarlosValada, a colocação de lombas, poderia ser uma alternativa. Con-tudo, essa questão carece de autorização da “Estradas de Portu-gal”. Todavia, há uma ainda outra alternativa: “A estrada tem semá-

foros de controle de velocidade. Se estes fossem colocados maisperto no núcleo urbano poderiam fazer a diferença” salienta o au-tarca. Contudo, um dos sinais está desligado, e segundo Valada,isso deveu-se à reclamação de um munícipe, que alertou para ofacto de o local ser isolado, e por isso proporcionar “ alguma facili-dade de assaltos”. Em relação à estrada que liga as Virtudes à Azambuja, e a sua ne-cessidade de alcatroamento, “a mesma tem uma grande importân-cia para todos os fregueses das Virtudes, pela proximidade que oscolocaria em relação à sede de concelho. No entanto, esta não foie pelos vistos não será uma prioridade da Câmara Municipal deAzambuja, já que no seu plano de actividades para 2014, nem noPPI (plano plurianual de investimentos), coloca a construção, oupelo menos o melhoramento da mesma”, aponta Valada. No queconcerne à necessidade de um multibanco naquela localidade dizestar a contactar “entidades bancárias para aferir da disponibilidadede colocação do mesmo”.O presidente da junta refere que o parque infantil de Casais da La-goa “poderá ser usado nos dias em que a associação de moradoresabre a escola para as suas actividades”. Já no que se refere “à faltade papel higiénico e sabão nas casas de banho tal deve-se ao factodo mesmo serem furtados regularmente.”Carlos Valada reconhece que a deficiente limpeza das ruas de Avei-ras de Baixo “é uma verdade devido à falta de pessoal da junta”.“Temos imensa dificuldade em recrutar pessoas através do centrode emprego, solicitámos um orçamento a empresas da especiali-dade para solucionarmos a situação.”

Freguesia luta conta a desertificação

A Freguesia de Aveiras de Baixo há muito que luta contra a deser-tificação das suas localidades. Este é um problema que preocupanão só os autarcas, como a população de Aveiras de Baixo, Casaisda Lagoa e Virtudes.Durante a reportagem do Valor Local, ouvimos com frequência anecessidade de se encontrar formas de revitalizar as respectivaslocalidades, “algo que é possível, mas terá de ter o empenho de to-dos”. Só a sede de freguesia perdeu nos últimos anos, a escola, agoratransformada em Centro de Interpretação Ambiental, dois cafés euma mercearia. Estas são perdas importantes, que na opinião dopresidente da Junta, poderiam significar maior oferta para a popu-lação.Carlos Valada salienta por isso, e num exercício de comparação,que “o núcleo urbano de Aveiras de Baixo precisava mais do que ode Manique do Intendente de uma reabilitação urbana”, vincandoque em breve falará com a Câmara para se encontrar uma soluçãopara tal.O presidente da Junta vinca igualmente a necessidade de se che-gar a consensos com alguns proprietários, nomeadamente, com os“Condes de Aveiras” que são os proprietários do palácio que se si-tua mesmo no centro da localidade.Numa pequena volta pelas ruelas de Aveiras de Baixo, o autarcamostrou uma série de casas desabitadas. Umas devolutas, outrasnem por isso. Neste último caso, os proprietários não se mostramdisponíveis para as alugar (já que possuem, em alguns casos, re-sidência noutros pontos da freguesia e do concelho) inviabilizandocom isso o fomentar de algum acréscimo populacional na sede defreguesia.Uma situação que não se tem verificado por exemplo nas outras lo-calidades. Em Casais da Lagoa, tem-se verificado, nos últimosanos, alguma procura de casas. Todavia com a crise instalada naconstrução civil, essa procura baixou consideravelmente. As restri-ções do PDM também abrandaram a fixação de novos moradores.Já em Virtudes, o problema é outro. Com o comboio à porta, os no-vos moradores daquela aldeia que trabalham fora, usam a localida-de como dormitório. “A prova disso são os dois cafés, que encerrame abrem alternadamente.”

11Valor Local Freguesia em destaque

As falhas de luz em Casais daLagoa, a necessidade de me-lhor sinalização na estradaque atravessa Aveiras de Bai-xo e o combate à desertifica-ção em Aveira de Baixo foramalguns dos temas em maisuma reportagem pelas fre-guesias. Ainda em destaque,entre outros temas, a associa-ção das Virtudes que quer le-var mais longe a sua feira me-dieval. Cátia Carmo

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12 Valor LocalFreguesia em destaque

Quem vive em Aveiras de Bai-xo há mais de 50 anos lem-

bra-se de ver cinco tabernas naterra. Agora, fruto da crise e do en-velhecimento populacional, só umsobrevive. Ângela Filipe, a proprie-tária do estabelecimento, não estáfeliz por não ter concorrência. Mui-to pelo contrário.Recentemente, os outros dois ca-fés que existiam na freguesia en-cerraram. Ângela Filipe tinha,além do café, uma pequena mer-cearia que também teve de fecharas portas. As pessoas não têm di-nheiro e abdicam de muita coisa.Sobrevivo com quem vem defora”, explica Ângela Filipe ao Va-lor Local.A crise também tem mudado oshábitos dos consumidores. A pro-prietária já vende poucos bens ali-mentares. Só o tabaco ainda temsaída; e foi esta tendência que a

levou a fechar a mercearia.“Os poucos clientes que tinha pe-diam fiado e queixavam-se dospreços altos. As pessoas prefe-riam sair da terrinha e ir a Azam-buja ou Aveiras de Cima compraro detergente ou um pacote de salporque era mais barato”, recordaa proprietária do único café deAveiras de Baixo.O negócio de Ângela começou aenfrentar problemas nos últimosdois anos. Na opinião da proprie-tária, a zona precisava de eventose actividades que dessem maisvida aos comércio e à comunida-de.“Se tivesse capital investia aqui.Gosto disto, é um sítio bom e tran-quilo para se viver”, acrescentaÂngela Filipe, com esperança deque estão para vir dias melhorespara o seu negócio e para Aveirasde Baixo.

Só um café sobrevive em Aveiras de Baixo

Associação Cultural e Recrea-tiva de Virtudes está bem en-

raizada na vida da localidade. Acolectividade que tem como pon-to alto a Feira Medieval centra asua actividade na secção de ca-minheiros, na ginástica, e noCross das Virtudes que tem tidosuscitado uma interessante ade-são, com a realização de provasno calendário nacional da compe-tiçãoRui Lopes, o presidente da asso-ciação, explicou ao Valor Localque todos os fins do mês, há umencontro de caminheiros, que fa-zem uso das boas condições dalocalidade, nomeadamente da

Mata da Virtudes, para o exercí-cio físico e para a camaradagem.O presidente destaca que antesda associação, já o anterior presi-dente, Joaquim Júlio, “se dedica-va às caminhadas, e todas elasfora da localidade, porque nãoexistia tradição de as fazer emVirtudes. Mais tarde essa cami-nhada veio para as Virtudes háonze anos atras.”Para além do desporto, a asso-ciação tem uma grande importân-cia na Feira Medieval da localida-de. Rui Lopes salienta que no anopassado, houve uma mudançasignificativa no que toca à organi-zação do certame com a aposta

nos cenários e na recriação histó-rica, o que trouxe à festa um outro“sabor”.”Uma mais-valia que con-sidera importante continuar a pro-mover, pois isso fará toda a dife-rença em termos turísticos, e atéem termos financeiros porque foidas festas que mais gosto nosdeu, e isso também se reflectiunos lucros que foram maiores”Lopes destaca igualmente amais-valia do Convento das Virtu-des que, agora, recuperado “temoutra apresentação”.Por outro lado, a Associação Cul-tural e Recreativa de Virtudes,possui um espaço onde duranteas festas realiza algumas refei-

ções. Rui Lopes lembra que fo-ram os próprios membros da co-lectividade que ajudaram na obra,algo que valeu a pena, até porqueo espaço tem agora uma cozinhagrande, e uma sala com uma ca-pacidade significativa para aco-lher refeições de grupo e festas.Questionado sobre o facto de nãoabrir um restaurante nas instala-ções da colectividade, Rui Lopesdestacou que isso poderia chocarcom os poucos cafés existentes.O presidente prefere fazer janta-res de grupo, quando solicitado,como foi o exemplo da Junta deFreguesia de Aveiras de Baixo,que ali fez o seu jantar de natal.

Associação das Virtudes com provas no cross nacional

José Figueiredo tem 77 anos,mora em Azambuja e todos os

dias se desloca até à Mata Nacio-nal das Virtudes para correr du-rante mais de uma hora. É assimhá 20 anos. Cuida da mata comose fosse sua e recolhe donativospara ajudar a fazer a limpeza dolocal com 233 hectares. A autar-quia não garante a manutençãoda mata, que está a cargo da Au-toridade Florestal Nacional.“Pus ali um balde para as pes-soas colocarem o lixo e peço aquem costuma correr para me da-rem algum dinheiro, o que quise-rem e puderem, para me ajuda-rem a adquirir o material de limpe-za. Costumam dar entre dois acinco euros e eu também contri-buo”, explica José Figueiredo aoValor Local.A mata das Virtudes, já é a suasegunda casa. Faz parte da sua

rotina diária e a idade não o impe-de de fazer o que mais gosta,nem nos dias de chuva. E os pi-nheiros, sobreiros e eucaliptos,que ocupam 28% da mata, sãouma preciosa ajuda. “Tambémcorro quando está a chover. Nor-malmente venho de carro logo demanhã cedo e leio o jornal, paraver se a chuva acalma. Depoisvou correr, mesmo que esteja achover. Com as árvores da mataquase nem sentimos a água”,conta o atleta.Quando tem companhia, semprede pessoas mais novas que tam-bém utilizam a mata para praticardesporto, até costuma alargar otempo de treino para conviver.Mas não é só na mata das Virtu-des que José Figueiredo corre. Oatleta mais antigo de Azambujagosta de competir e participa emprovas por todo o país.

“Normalmente sou sempre o maisvelho das provas e nunca fico emúltimo lugar. No dia em que ficarem último, desisto”, afirma JoséFigueiredo. Apesar de o desportoainda ser grande parte da suavida aos 77 anos, o atleta revelaque não tem cuidados especiaiscom a alimentação. “Como detudo. Só não fumo, já deixei os ci-garros há alguns anos”, recorda.A mata onde José Figueiredo hojecorre foi uma das primeiras a sersemeada pelo Rei D. Dinis e játeve o nome de Pinhal do Rei.Distingue-se por ter cerca de 90espécies diferentes de eucaliptos,segundo o Instituto de Conserva-ção da Natureza e das Flores.Além da marcha e da corrida, ospasseios a pé, de bicicleta e pi-queniques também são ativida-des frequentes na Mata Nacionaldas Virtudes.

O mais antigo corredor limpamata das Virtudes

O atleta não falha as suas corridas na mata

Presidente da colectividade quer continuar ainvestir na feira medieval

A localidade já teve 5 tabernas

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13Valor Local Cultura

A terra de Aveiras de Baixo nasceupara a portugalidade em 1207,pela carta de aforamento dada aosmoradores por D. Sancho I. Nas-cia como unidade autónoma con-celhia de administração e circuns-crição local e como terra senhoria-da à infanta D. Sancha sua filha,ou Santa Sancha, para muitos. Portal contexto epocal medievo, a ter-ra senhorial de Aveiras de Baixoacabou por nascer sob o signo dahonradez e da fidelidade ao com-promisso e à força da palavradada. Eça de Queirós no romancehistórico «A Ilustre Casa de Rami-res», resgatou do esquecimento aintenção de D. Sancho I fazer desua filha D. Sancha a primeira Se-nhora da terra de Aveiras, como defacto fez com o foral de 1207. É nocontexto da guerra civil senhorialentre D. Afonso II e suas irmãs,Sancha, Teresa e Mafalda, a quemo rei D. Afonso II, seu irmão, retira-ra as terras em dote e as determi-nações deixadas em testamentopor D. Sancho I, contexto bem re-latado e romanceado, que valesempre a pena recordar:O velho Tructesindo Ramires, nasala de armas de Santa Ireneia,conversava com seu filho Louren-ço e seu primo D. Garcia Viegas, oSabedor, de aprestos de guerra. Guerra! Por quê? Acaso pelos cer-ros arraianos corriam, ligeiros en-tre o arvoredo, almogávares mou-ros? Não! Mas desgraçadamente,naquela terra já remida e cristã,em breve se cruzariam, umas con-tra outras, nobres lanças portugue-sas, (...) entre as discórdias deAfonso II e de seus irmãos porcausa do testamento de El-Rei seupai, D. Sancho I. (...) Já os infantesD. Pedro e D. Fernando, esbulha-dos, andavam por França e Leão.Já com eles abandonara o Reinoo forte primo dos Ramires, Gonça-lo Mendes de Sousa, chefe mag-nífico da casa dos Sousas. E ago-ra, encerradas nos castelos deMontemor e de Esgueira, as se-

nhoras infantas, D. Teresa e D.Sancha, negavam a D. Afonso osenhorio real sobre as vilas, forta-lezas, herdades e mosteiros, quetão copiosamente lhes doara El-Rei seu pai. Ora, antes de morrerno Alcáçar de Coimbra, o SenhorD. Sancho suplicara a TructesindoMendes Ramires, seu colaço e Al-feres-Mor, por ele armado Cavalei-ro em Lorvão, que sempre lhe ser-visse e defendesse a filha amadaentre todas, a Infanta D. Sancha,senhora de Aveiras. Assim o jurara o leal Rico-homemjunto do leito onde, nos braços doBispo de Coimbra e do Prior doHospital sustentando a candeia,agonizava, vestido de burel comoum penitente, o vencedor de Sil-ves... Mas eis que rompe a feracontenda entre Afonso II, aspera-mente cioso da sua autoridade deRei – e as Infantas, orgulhosas,impelidas à resistência pelos frei-res do Templo e pelos Prelados aquem D. Sancho legara tão vastospedaços do Reino! ImediatamenteAlenquer e os arredores doutroscastelos são devastados pela hos-te real que recolhia das Navas deTolosa. Então D. Sancha e D. Te-resa apelam para El-Rei de Leão,que entra com seu filho D. Fernan-do por terras de Portugal a socor-rer as donas oprimidas. E neste lance o tio Duarte, no seu“Castelo de Santa Ireneia”, interpe-lava com soberbo garbo o Alferes-Mor de Sancho I. Que farás tu, mais velho dos Ramires?Se ao pendão leonês juntas o teuTraís o preito que deves ao Rei vivo!Mas se as Infantas deixas indefesasTraís a jura que destes ao Rei morto!...Esta dúvida, porém, não angustia-ra a alma desse Tructesindo rudee leal. (...) Nessa noite, apenas re-cebera pelo irmão do Alcaide deAveiras, disfarçado em beguino,um aflito recado da senhora D.Sancha – ordenava a seu filhoLourenço que, ao primeiro arrebol,com quinze lanças, cinquenta ho-

mens de pé da sua mercê e qua-renta besteiros, corresse sobreMontemor. Ele no entanto dariaalarido – e em dois dias entraria acampo com os parentes de solar,um troço mais rijo de Cavaleirosacontiados e de frecheiros, para sejuntar a seu primo, o Sousão, quena vanguarda dos leoneses desciade Alva-do-Douro. Depois logo de madrugada o pen-dão dos Ramires, o Açor negro emcampo escarlate, se plantara dian-te das barreiras gateadas; e aolado, no chão, amarrado à hastepor uma tira de couro, reluzia o ve-lho emblema senhorial, o sonoro efundo caldeirão polido. Por todo oCastelo se apressavam os servi-çais, despendurando as cervilhei-ras, arrastando com fragor pelaslajes os pesados saios de malhasde ferro. Nos pátios os armeirosaguçavam ascumas, amaciavam adureza das grevas e coxotes comcamadas de estopa. Já o adaíl, naucharia, arrolara as rações devianda para os dois quentes diasda arrancada. E por todas as cer-canias de Santa Ireneia, na doçurada tarde, os atambores mouriscos,abafados no arvoredo, tararã! tara-rã! ou mais vivos nos cabeços, ra-tatã! ratatã! convocavam os Cava-leiros de soldo e a peonagem damesnada dos Ramires. No entanto, o irmão do alcaide,sempre disfarçado em beguino, devolta ao castelo de Aveiras com aboa nova de prestes socorros,transpunha ligeiramente a levadiçada cárcova. [E aqui, para alegrar tão sombriasvésperas de guerra, o tio Duarte,no seu Poemeto,engastara umasorte galante: À moça, que na fonte enchia a bilha, O frade rouba um beijo e diz Amén! A moça, furiosa, gritou: - Fu! Fu! vi-lão! E o beguino, assobiando, ali-geirou as sandálias pelo córre-go90, na sombra das altas faias,enquanto que por todo o frescovale, até Santa Maria de Craque-

de, os atambores mouriscos, tara-rã! ratatã! convocavam a mesnadados Ramires, na doçura da tar-de...]O imenso Castelo de Santa Ireneia(...) e a mesnada dos Ramires aapetrechar, sem que faltasse umaração nos alforges, ou uma gar-runcha nos caixotes, sobre o dorsodas mulas! Mas (...) já moverapara fora do Castelo o troço deLourenço Ramires, em socorro deMontemor, com um vistoso coris-car de capelos e lanças em tornoao pendão tendido. E caminhando nos ladrilhos sono-ros, desde a lareira até o arco daporta cerrado por uma cortina decouro, Tructesindo, com a brancabarba espalhada sobre os braçoscruzados, escutava Mendo Pais,que, na confiança de parente eamigo, jornadeara sem homens dasua mercê, cingindo apenas porcima do brial de lã cinzenta uma es-pada curta e um punhal sarraceno. Açodado e coberto de pó correraMendo Pais desde Coimbra parasuplicar ao sogro em nome do Reie dos preitos jurados, que se nãobandeasse com os de Leão e comas senhoras Infantas. E já desen-rolara ante o velho todos os funda-mentos invocados contra elas pe-los doutos Notários da Cúria – asresoluções do Concilio de Toledo!a bula do Apóstolo de Roma, Ale-xandre! o velho foro dos Visigo-dos!... De resto, que injúria fizeraàs senhoras Infantas seu real ir-mão, para assim chamarem hos-tes Leonesas a terras de Portugal?Nenhuma! Nem Regedoria nemrenda dos castelos e vilas da doa-ção de D. Sancho lhes negava osenhor D. Afonso. O Rei de Portu-gal só queria que nenhum palmode chão português, baldio ou mu-rado, jazesse fora de seu senhorioreal. Escasso e ávido, El-Rei D.Afonso?... Mas não entregara eleà senhora D. Sancha oito mil mo-rabitinos de ouro? E a gratidão dairmã fora o Leonês passando a

raia e logo caídos os castelos for-mosos de Ulgoso, de Contrasta,de Urros e de Lanhoselo! O maisvelho da casa dos Sousas, Gonça-lo Mendes, não se encontrara aolado dos Cavaleiros da Cruz najornada das Navas, mas lá andavaem recado das Infantas, comomouro, talando terra portuguesadesde Aguiar até Miranda! E já pe-los cerros de Além-Douro aparece-ra o pendão renegado das trezearruelas – e por trás, farejando, aalcateia dos Castros! Carregadaameaça, e de armas cristãs, opri-mindo o Reino – quando aindaMoabitas e Agarenos corriam à ré-dea solta pelos campos do Sul!...E o honrado Senhor de Santa Ire-neia, que tão rijamente ajudara afazer o Reino, não o deveria de-certo desfazer arrancando dele ospedaços melhores para monges epara donas rebeldes! - Assim, comarremessados passos, exclamaraMendo Pais, tão acalorado do es-forço e da emoção, que duas ve-zes encheu de vinho uma concade pau e de um trago a despejou.Depois, limpando a boca às costasda mão trémula: - Ide por certo a Montemor, senhorTructesindo Ramires! Mas em re-cado de paz e boa avença, per-suadir vossa senhora D. Sancha eas Senhoras Infantas que voltemhonradamente a quem hoje con-tam por seu pai e seu Rei! O enorme senhor de Santa Ireneiaparara, pousando no genro osolhos duros, sob a ruga das so-brancelhas, hirsutas e brancascomo sarças em manhã de geada: - Irei a Montemor, Mendo Pais,mas levar o meu sangue e o dosmeus para que justiça logre quemjustiça tem. Então Mendo Pais, amargurado,ante a heróica teima: - Maior dó, maior dó! Será bomsangue de Ricos-homens vertidopor más desforras... Senhor Truc-tesindo Ramires, sabei que emCanta-Pedra vos espera Lopo de

Baião, o Bastardo, para vos tolhera passagem com cem lanças! Tructesindo ergueu a vasta face –com um riso tão soberbo e claroque os alões rosnaram torvamen-te, e, acordando, o falcão esticou aasa lenta: - Boa nova e de boa esperança! E,dizei, senhor Mordomo-Mor da Cú-ria, tão de feição e certa, assim matrazeis para me intimidar? - Para vos intimidar?... Nem o Se-nhor Arcanjo S. Miguel vos intimi-daria descendo do céu com toda asua hoste e a sua espada de lume!De sobra o Rei, Senhor Tructesin-do Ramires. Mas casei na vossacasa. E já que nesta lide não sereispor mim bem ajudado, quero, aomenos, que sejais bem avisado. O velho Tructesindo bateu as pal-mas para chamar os sergentes: -Bem, bem, a cear, pois! À ceia,Frei Múnio!... E vós, Mendo Pais,deixai receios. - Se deixo! Não vos pode vir danoque me anseie de cem lanças, deduzentas, que vos surjam a cami-nho. E, enquanto o monge enrolava oseu pergaminho, se acercava damesa – Mendo Pais ajuntou comtristeza, desafivelando vagarosa-mente o cinturão da espada: - Sóum cuidado me pesa. E é que,nesta jornada, senhor meu sogro,ides ficar de mal com o Reino ecom o Rei. - Filho e amigo! De mal ficarei como Reino e como Rei, mas de bemcom a honra e comigo!E como conclusão a este trecho docapítulo I de «A Ilustre Casa deRamires» de que a última frase éexemplar – de mal ficarei com oReino e com o Rei, mas de bemcom a honra e comigo! Transmitealém dos valores da cultura e damentalidade do homem medievale porque não princípios humanosgerais que desejaríamos intempo-rais, de hoje e de sempre.

José Machado PereiraHistoriador/Museólogo

Aveiras de Baixo na obra de Eça de Queirós

Conta a lenda de Nossa Se-nhora do Paraíso que, andan-

do um cabreiro apascentando oseu gado na encosta noroeste dolugar do “Vale do Paraíso” ou“Vale do Piso”, ao notar que osanimais ficavam parados e berra-vam junto a um Sobreiro (ou Oli-veira), foi ver o porquê do estra-nho acontecimento.Ao chegar, verifica que numa tocada respectiva árvore se encontra-va uma pequenina imagem commuito esplendor o que logo imagi-nou tratar-se de um milagre divinoa sua aparição.Pegando na imagem junto ao seupeito resolveu ir meter o gado nocurral e foi leva-la ao pároco deAveiras de Cima para que a santi-nha ficasse no seu lugar certo, aigreja da paróquia.Divulgou o sucedido no lugar e nooutro dia o povo quis certificar-sedo milagre e metem pernas ao ca-minho até Aveiras de Cima para

ver a Santinha.O povo junto ao pároco ficou es-pantado ao aperceber-se que aimagem já lá não estava e perantea admiração geral, voltaram emprocissão, rezando, para venerá-la no local da sua aparição. À che-gada, qual não foi o seu espantoa imagem tinha voltado ao seu lu-gar primitivo. Todos chamaram milagre aoacontecimento e já não tiraram aimagem dali, fazendo-lhe umaprotecção e com candeia acesade noite, era ali o lugar onde opovo rezava e que raramente adeixavam sem companhia.Por iniciativa de uma irmã da “Or-dem das Comendadeiras de San-tos”, que tinha mandado construiraqui habitação própria no lugarpor volta dos anos de 1490, man-dou-se cortar a árvore deixandoapenas o cepo com a toca comoaltar e ali mandou construir umacapelinha em 1555 e por ali ficou

muitos anos de que não há a cer-teza.Pelos factos, tudo leva a quererque a lenda só foi divulgada umpouco antes da feitoria da respec-tiva capelinha, em terrenos quelhes pertenciam. Esta senhora re-cebia muitas vezes em sua casaEl-Rei D. João II (suspeitava oPovo da sua grande proximidade)e foi numa destas visitas no dia 9de Março de 1493 que se deuaqui o encontro com CristóvãoColombo, que veio dar a boa novaao Rei do seu feito de descobrir ochamado novo Mundo.Mais tarde, as suas duas netas,mais conhecidas no lugar pelasMouras, bem feitoras do povo dolugar, por serem as suas terrasdadas a foro, eram muito devotasà Santa, e resolveram juntar-se àvontade do povo de fazer umaigreja para recolher a Santidade eos seus habitantes ficarem maisprotegidos das intempéries uma

vez que tinham de fazer a sua ve-neração na rua.Deitaram mãos à obra, o que le-vou vários anos, mas no ano de1671 tinham a sua vontade con-cretizada da sua Igreja receberNossa Senhora.Por curiosidade, tenho-vos a dizer,que o Altar-Mor está precisamenteno sítio onde se encontrava a ca-pelinha e que o cepo da toca ain-da há poucos anos se encontravacomo vestígio original da citadalenda.Cabe-me agora a mim as citadasdúvidas que acima revelei.Este lugar antes de ser Vale doParaíso era denominado pelonome de Vale do Piso e na dataimprevisível da lenda fica a dúvidase foi o nome do lugar que deu onome à Santa “Senhora do Paraí-so” ou se foi o nome da Santa“Paraíso” como evocação ao sa-grado, o Céu por exemplo, ou osossego do povoado que modifi-

cou o nome primitivo do lugar.Ainda há outra versão, talvez amais correcta, que o nome sedeve à Comendadeira por dizerque aqui era o “Vale do Paraíso”.Segunda dúvida está, se a árvoreque a lenda conta, seria um so-breiro ou uma oliveira, dado que olocal tinha um olival que eu aindaconheci com árvores muito velhi-nhas e de troncos muito grossossinal de séculos de existência.A nossa igreja no seu interior édigna de ser visitada por ter a tra-ça primitiva e onde se encontramdois túmulos subterrâneos que sejulga ser das respectivas Mourase no seu exterior tem tido altera-ções dignas de relevo devido aotrabalho das Comissões que porlá tem passado.A nossa festa anual também sedeve ao trabalho dos nossos ir-mãos que por lá têm servido,mantendo-a como dia consagradoà nossa Padroeira, Senhora do

Paraíso, o dia 18 de Dezembro decada ano, desde 1820 (anterior-mente era a15 de Agosto e foi al-terada a data porque as colheitasainda não estavam vendidas e di-nheiro fazia falta) e só foi interrom-pida em 1917 devido à morte deum soldado da nossa terra na 1ªgrande guerra Mundial em Fran-ça.Também podemos dar graças aNossa Senhora, a nossa festa nãoser interrompida durante a guerracolonial em virtude dos soldadosdesta freguesia, e tantos foram osque lá prestaram serviço pudes-sem voltar a ver as ruas da nossaterra, engalanadas para receber abênção da nossa Padroeira,O nosso povo tem orgulho de teruma Confraria Eclesiástica comcerca de quinhentos anos de exis-tência, talvez a mais velha, ou úni-ca, em Portugal.

Romeu Pereira da Silva

“Nossa Senhora do Paraíso”

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14 Valor LocalPolítica

Oaumento da taxa de resíduosdo concelho de Azambuja foi

adiado. A medida que é uma dasparcelas da factura da água pagapelos consumidores azambujen-ses, (da responsabilidade da Câ-mara e não da Águas da Azam-buja), previa um aumento de7,5%, o que equivaleria a umamédia mensal de 20 cêntimos emcada factura.A proposta que esteve em análisena reunião de câmara do dia 21de Janeiro acabou por ser retiradaapós o pedido de mais esclareci-mentos por parte do vereador daColigação Pelo Futuro da NossaTerra, António Jorge Lopes. Deacordo com o vereador “é neces-sário verificar se este aumento é

mesmo necessário” por isso pediuuma série de documentos à autar-quia que quando verificados “po-derão inclusivamente ditar quenão será preciso qualquer aumen-to das tarifas”.António Jorge Lopes lembrou, en-tretanto, que nos últimos anos ataxa subiu “10% em 2010, 75%em alguns casos em 2012” e ago-ra a previsão é de um aumento de7,5% ; e em 2015, novamente,7,5%. “Estes são valores que de-vem ser analisados”, até porque overeador acredita que os custoscom os serviços têm baixado, epor isso, este aumento não farásentido.Face aos pedidos do vereador,António Jorge Lopes, o presidente

da Câmara, Luís de Sousa, con-cordou em retirar a proposta. Con-tudo, o presidente da Câmara pe-diu ao vereador para que analiserapidamente os documentos pedi-dos, para que a proposta entre ra-pidamente em vigor. Está marca-da para o próximo dia quatro deFevereiro, uma nova reunião deCâmara e consequentementeuma nova discussão sobre o as-sunto.Também David Mendes, vereadorda CDU, lamentou mais este au-mento, vincando que na sua opi-nião a politica seguida pelas autar-quias no que toca ao abasteci-mento de águas, na sua opinião“prejudica ainda mais os consumi-dores.”

Já antes, no início da reunião, omunícipe Daniel Claro, tambémmembro da associação de consu-midores de água do concelho, ha-

via apelado ao adiamento da vo-tação da proposta apelidando oargumento apresentado como“mentiroso”. “Desafio qualquer

técnico incluindo a ERSAR a dizerque legalmente a Câmara é obri-gada a aumentar”.

Miguel António Rodrigues

Facturas da água em Azambuja

Adiado, para já, aumento da taxade resíduos

Os membros da Coligação PelaNossa Terra (CPNT) pediram

esclarecimentos à Direcção Geraldas Autarquias Locais (DGAL) so-bre o que consideram ser “um des-respeito” por parte do executivo daCâmara de Alenquer quanto auma deliberação da Câmara acer-

ca do protocolo para os transpor-tes escolares em vigor duranteeste ano lectivo que terminará emJunho de 2014.De acordo com Nuno Coelho, elei-to na Câmara pela coligação, foiaprovado um protocolo em reuniãode Câmara de 9 de Setembro, por

unanimidade, que contemplava opagamento de 58 cêntimos porquilómetro às juntas que efectuamaquele serviço. Já em Novembro,e com Pedro Folgado, na presi-dência da autarquia, é comunicadoàs juntas que o valor é para man-ter. No entanto, tudo se altera em

Dezembro último, quando por de-cisão gestionária, o valor é dimi-nuído em 15 cêntimos passandopara 43 cêntimos, num ofício assi-nado pelo vereador da Educação,Rui Costa. No entender da coligação, trata-sede uma decisão administrativa quevai contra a lei, “num desrespeitopelas deliberações e instituições,sendo que o executivo maioritáriodo PS não tem competência nemautoridade para proceder a estadeliberação nos termos que o fize-ram”, tendo em conta que este tipode deliberações é da competênciada Câmara e da Assembleia Muni-cipal. Na exposição enviada àDGAL, a coligação procura saberse de alguma forma o vice-presi-dente podia mexer no acordado,até porque de acordo com o queestá na lei tal não se pode verificar.Confrontado com o teor das acu-sações, o vereador Rui Costa, ou-vido pelo Valor Local, reconheceque “o processo poderá não tersido conduzido da melhor forma a

nível administrativo”. O vice-presi-dente refere que os valores para otransporte escolar foram alteradosna sequência de uma data de reu-niões com o gabinete de planea-mento estratégico, tendo-se che-gado ao valor de 43 cêntimos porquilómetro. Sobre a questão de oassunto não ter subido a discus-são nos órgãos deliberativo e exe-cutivo mostra-se mais agastadocom a “confusão lançada” do quecom o cumprimento do que apeli-da de “requisito formal”.

Entretanto Rui Costa chegou àconclusão de que afinal os valoresainda não se encontravam ajusta-dos e terá chegado a um novo va-lor: 50 cêntimos por quilómetro.Diz o vereador que “algumas des-pesas não tinham sido contempla-das porque foram enviadas à pos-teriori pelas juntas”.“Esta é para já a proposta em cimada mesa e que será discutida emreunião do executivo municipal”,assegura.

Sílvia Agostinho

CPNT acusa Rui Costa de desrespeitar decisões

Tarifas de água voltaram a protagonizar mais uma reunião de Câmara

Rui Costa no centro das críticas

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15Valor Local Política

Omistério dos processos desa-parecidos da Câmara Munici-

pal de Azambuja ainda está longede terminar. Há um mês, foi anun-ciado o desaparecimento de 13processos, que se tinham alegada-mente perdido, entre a saída doanterior vereador com o pelourodas obras, José Manuel Pratas,

mandato de 2005 a 2009 e a to-mada de posse do executivo se-guinte. Ora esses processos rea-pareceram recentemente, e a opo-sição interrogou o actual presiden-te da Câmara sobre onde tinhamandado os mesmos. Pelo meio conseguiu-se descobrirque os processos estavam relacio-

nados com obras e licenciamentosconforme avançámos em primeiramão, e agora o presidente da Câ-mara anunciou a constituição deuma comissão de inquérito paradescobrir onde estiveram os docu-mentos.A comissão é agora composta pelavereadora Maria João Canilho, da

coligação Pelo Futuro da NossaTerra, pelo vereador David Mendesda CDU e pelo vereador do PS,Silvino Lúcio.A informação foi avançada em reu-nião de câmara pelo presidenteLuís de Sousa, que contudo nãoestabeleceu prazos para as primei-ras conclusões.

Apiscina exterior do Cartaxopoderá não abrir no próximo

Verão. A informação foi avança-da pelo presidente da CâmaraMunicipal do Cartaxo, Pedro Ri-beiro, na última reunião do exe-cutivo. Segundo o autarca, res-pondendo a uma pergunta do ve-reador do PSD, Vasco Cunha,em causa estão “os montantesrelacionados com a recuperaçãode alguma maquinaria e dos pró-

prios tanques.”O equipamento está, nesta altu-ra, de acordo com o autarca“muito degradado”. A Câmaraestá a fazer algumas consultas,até porque as piscinas precisamde uma intervenção de fundo. Osprimeiros orçamentos não sãofavoráveis à Câmara do Cartaxo,que apresenta uma dívida no va-lor de 63 milhões. De acordo com o presidente da

autarquia, as obras têm um valorestimado entre os 150 e os 200mil euros, um valor incomportá-vel para a Câmara nesta altura.Este são valores que resultamde uma vistoria técnica de váriasempresas especializadas, queverificaram toda a maquinaria,desde os tanques às bombas etubagens.Segundo os técnicos, as duaspiscinas (coberta e descoberta)

já precisam de equipamentos no-vos. Este é um assunto quepreocupa Pedro Ribeiro. A situa-ção é de tal forma grave que deacordo com o autarca “não deve-rá abrir no Verão”.O presidente da Câmara consi-dera urgente uma tomada de po-sição sobre o assunto. Para tal,refere, que em breve a questãodeverá ser analisada por todosem reunião de câmara.

Piscina exterior do Cartaxoem risco de não abrir

As chuvadas das últimas se-manas colocaram a Câmara

do Cartaxo em alerta. De acordocom o presidente da câmara, Pe-dro Ribeiro, algumas estradas da-quele concelho que se encontra-vam referenciadas, estão agorabastante piores.O presidente da Câmara diz nãoquerer agudizar os problemasque possam advir dos pisos de-gradados e por isso assumiu emreunião do executivo que já man-dou adquirir 25 toneladas de mas-sas betuminosas para as primei-ras impressões. Todavia e dadoque a saúde financeira da autar-quia não é das melhores, Pedro

Ribeiro diz estar consciente deque com esta decisão “poder cor-rer o risco de entrar em incumpri-mento no que toca à lei dos com-promissos”.O presidente da Câmara diz que

na sua opinião “esta é uma deci-são de interesse público, até por-que nos últimos dias tem sidodado conhecimento de situaçõesrelacionadas com pneus furadose jantes estragadas”.

Mas o mau tempo tem feito outrosestragos. Os serviços da autar-quia detectaram algumas casasem risco, e em alguns dos casos“torna-se difícil convencer as pes-soas a sair”. O caso da derrocadana Ereira podia ter causado víti-mas, e como tal as preocupaçõesaumentaram. Pedro Ribeiro, diz-se preocupado com o número decasas devolutas e degradadas noconcelho. O autarca informou quejá pediu a colaboração das juntasde freguesia e dos organismos deprotecção civil, como os bombei-ros e policias, no sentido de iden-tificar as situações mais preocu-pantes.

Derrocadas colocamCartaxo em estado de alerta

Carenciado recebe cabazde líder do PS

Francisco Vieira, de 52 anos, queixou-se ao Secretario Geral do Par-tido Socialista das actuais condições de vida da sua família. As

queixas foram feitas durante a passagem de António José Seguro peloconcelho de Azambuja, no passado dia 18 de Dezembro e mereceramuma menção no discurso de natal do líder do PS. Agora, recebeu umcabaz de alimentos de Seguro.Francisco Vieira vive com um ordenado de 500 euros, que não dá paraas despesas. Funcionário de uma cadeia de lojas, Francisco Viera temde fazer contas todos os dias, especialmente quanto tem a esposa de-sempregada, sendo que o seu ordenado é o que vale à família de qua-tro pessoas.Com dois filhos, um deles com um grau de deficiência de 95%, Fran-cisco Viera, diz que o dia-a-dia não é fácil: “Tira-se de um lado, e colo-ca-se noutro”.Com uma renda de casa no Vale da Pedra, a rondar os 300 euros, pou-co sobra para a família. Mas isto, refere, “é o panorama do país” sa-lientando que “há uma grande diferença entre os grandes ordenadose o povo tem ordenados de miséria”, vincando que tem inclusive a aju-da da mãe “que tem uma reforma pequena mas sempre ajuda na ali-mentação dos miúdos”.De forma simbólica, olíder do PS, fez chegarà concelhia socialistade Azambuja um ca-baz com alguns produ-tos alimentares paradar a Francisco Vieira.O cabaz, foi entregueesta terça-feira ao seudestinatário, pelo exe-cutivo socialista. Umaacção que não deixouFrancisco Viera indife-rente, que agradeceu ofacto do líder do PS oter escutado.

Ainda os processos desaparecidos

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Francisco João Silva, presi-dente da direcção da Caixa

Agrícola de Azambuja, foi ree-leito para o cargo de presidenteda Federação Nacional dasCaixas de Crédito AgrícolaMútuo (FENACAM) numa ceri-mónia que teve lugar na FeiraInternacional de Lisboa, no dia14 de Janeiro, com a presençada ministra das Finanças, MariaLuís Albuquerque.No seu discurso, o também co-mendador enfatizou a boa saúdefinanceira do banco a nível nacio-nal, que tem “conseguido excelen-tes rácios sem qualquer apoio ex-traordinário do Estado”, tendo emconta o clima de crise económica.O objectivo para os próximos qua-tro anos do seu mandato, até2018, é o de “pôr a Caixa Agrícolacomo o melhor banco a operarnas nossas terras”, no âmbito dapolítica de proximidade daquelainstituição bancária no país. Francisco João Silva identificoutambém alguns dos seus objecti-vos durante o próximo quadriéniocomo, e a nível institucional, a re-forma do regime jurídico do ban-co; a necessidade de formação

técnica e de reciclagem dos mem-bros dos órgãos sociais. Por outrolado, a caixa agrícola também pre-tende “apoiar os clientes e asso-ciados no que concerne ao aces-so aos fundos comunitários com acriação de um gabinete para estafinalidade”, focou. Uma das novidades será tambémos “Credito Agrícola Awards” des-tinados a eleger “o melhor projectonacional; o melhor projecto agríco-la; o melhor projecto agro-indus-trial; o melhor projecto jovem agri-cultor; e o melhor projecto na áreada Economia Social”. Ainda nacomponente da atribuição de pré-mios, a caixa agrícola também de-verá instituir a atribuição de umgalardão “às três caixas com me-lhor desempenho anual, indepen-dentemente, da sua dimensão,através de um júri e de uma per-sonalidade portuguesa de reco-nhecido mérito”, frisou FranciscoJoão Silva. Por último, o instituirde uma confraria do Crédito Agrí-cola “para divulgação das activida-des” do banco.Nesta cerimónia, Maria Luís Albu-querque, ministra das Finanças,enumerou as diferentes virtualida-

des do programa de assistência fi-nanceira, que de acordo com assuas palavras permitirá a Portugalentrar num novo ciclo, após 17 deMaio deste ano. “Muitos já se es-queceram que há três anos está-vamos na bancarrota, mas conse-guimos progressos, entre 2010 e

2013 como a diminuição da des-pesa pública em 12 por cento”. Noque respeita ao sector bancário, eperante uma plateia que contavacom a presença de muitos ele-mentos ligados a instituições da-quele tipo, a governante focou que“os bancos portugueses estão

mais capitalizados e apresentamuma boa liquidez financeira paraque o investimento privado possaser relançado”. De referir que acompanham Fran-cisco João Silva na direcção daFenacam: Arnaldo Santos da cai-xa agrícola do Ribatejo Norte (Tor-

res Novas); César Ferreira da cai-xa de Vagos, e ainda João Saúdee António Louça das caixas de Al-bufeira e São Teotónio, respecti-vamente. João Evangelista, dacaixa de Lafões (São Pedro doSul) é o novo presidente da mesada assembleia geral.

Francisco João Silva reeleito para novo mandato na Fenacam

“Colocar a Caixa Agrícola comoo melhor banco das nossas terras”

Ministra das Finaças desejou votos de bom mandato a Francisco João Silva