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Valdeck Almeida de Jesus Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2009 Segunda Edição São Paulo-SP 2012

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Valdeck Almeida de Jesus

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus - 2009

Segunda Edição

São Paulo-SP 2012

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PREFÁCIO

A 5.ª edição do Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus

vem coroar de êxito uma louvável iniciativa criada em

2005 por seu idealizador, que parecia ecoar

democraticamente a todos os amantes do lirismo: “Poetas,

seresteiros, trovadores, namorados, correi! É chegada a

hora de escrever e cantar!”, tal qual a música Lunik 9, de

Gilberto Gil. E os poetas começaram a chegar. A cada ano

mais poetas, mais poemas. Nesta 5.ª edição, já era uma

multidão deles, de escritores, anônimos ou não, a entornar

poesia no projeto desta Antologia de 2009 (para nossa

felicidade, virão outras). Isto significa que o amor à

palavra escrita está longe de morrer. A palavra que liberta,

que emociona, que exorciza, que dá forma aos mais

abstratos sentimentos e ideais não deve e não pode

permanecer oculta.

Infelizmente, as páginas deste livro não seriam

suficientes para abrigar todos os poemas enviados, e, por

esta razão, fez-se necessária uma rigorosa seleção. Mas o

que importa, neste projeto que a cada ano se repete e se

agiganta, é a oportunidade que ele representa para

aqueles que sonham ter seus trabalhos publicados. Afinal,

toda poesia engavetada se sufoca. Poesia é para ganhar

mundo. E é isso o que acontece a cada página virada de

um livro.

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O trabalho do escritor e organizador Valdeck

Almeida de Jesus merece aplausos e admiração. Com esta

iniciativa, ele vem despertando, descobrindo e

promovendo grandes talentos, além de desenvolver um

belo movimento em torno da literatura. Valdeck abriu uma

porta preciosa para os artesãos e amantes da palavra,

principalmente para aqueles que não podem ainda arcar

com a onerosa publicação de suas obras. Para os

participantes desta Antologia, uma generosa oportunidade;

para os leitores, uma agradável leitura, repleta de lirismo,

paixão, clamores e criatividade.

Ivonete Almeida de Jesus

Pedagoga e Gestora Educacional

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O concurso premiou os dez primeiros colocados e incluiu Herbert Sena Silva, vencedor do XIII Concurso de Poesias da Arcádia (Aracaju-SE) 1° Colocado: Alexandre Tarlei (São Paulo) Poesia: Sou negro 2° Colocado: Dora Oliveira (Ipatinga-MG) Poesia: Retrato da República 3° Colocado: Vanessa Ratton (Guarujá-SP) Poesia: Cidinha 4° Colocado: Fátima Venutti (Blumenau-SC) Poesia: Mortalha 5° Colocado: Lílian Porto Silva (Niterói-RJ) Poesia: Faz de conta 6° Colocado: Jussára C. Godinho (Caxias do Sul-RS) Poesia: Dia da Consciência Negra: Indignação 7° Colocado: André Sesti Diefenbach (Porto Alegre-RS) Poesia: Farrapos 8º Colocado: Gabriel Fernando Gómez (Buenos Aires, Argentina) Poesia: Infidelidade 9° Colocado: Valéria Victorino Valle (Anápolis-GO) Poesia: Sou Drumundo 10° Colocado: Carolina Bottura (Belo Horizonte-MG) Poesia: Pré-matura

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Os poetas abaixo relacionados foram agraciados com a menção honrosa: Anna Luisa Traiano Mundt (Rio de Janeiro-RJ) Poesia: Realidade Cassiane Schimidt (Gaspar-SC) Poesia: Prematuro Cibele Garcia (Santos-SP) Poesia: Separação Duílio Henrique Kuster Cid (Vitória-ES) Poesia: Naufrago na urbe Eliana Cristina Hencklein (Descalvado-SP) Poesia: Para escrever... Elias Antunes (Goiânia-GO) Poesia: Da realidade Erik de Carvalho Alvarenga (Vargínia-MG) Poesia: Poleiro pobre Fábio Daflon (Vitória-ES) Poesia: Agripina Fabrício Martines Alves (São Paulo-SP) Poesia: Soneto bissexualmente indeciso Gabriel Rolim de Oliveira (Porto Alegre-RS) Poesia: Palhaçadas vazias Geraldo José Sant’Anna (Bebedouro-SP) Poesia: Ébano Grigório Rocha (Salvador-BA) Poesia: Mortalha

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Isaac Soares de Souza (Pompéia-SP) Poesia: Mundo Karlla Caroline de Oliveira Souza (Jataí-GO) Poesia: Atual dilema shakespeariano Ney Cohen (Belém-PA) Poesia: Esse lixo Rodney Caetano (Curitiba-PR) Poesia: Poema gene Roque Aloísio Weschenfelder (Santa Rosa-RS) Poesia: Alva poesia Rosana Rezende Telles Vaz Diniz (Volta Redonda-RJ) Poesia: Domingo, dia no que não pode Silvana Sampaio (Vitória-ES) Poesia: Moto – perpétuo Sílvia Nascimento (São José do Rio Preto-SP) Poesia: Luta vã Virgínia Marília Candeias Santos Mareco (Alcáçovas, Portugal) Poesia: Falar ou calar?

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Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado pelos poros a luz faz revelar uma penumbra no quarto, cada pelo e curva que desgovernam olhos e coração fazendo-me perder na emoção teus cabelos quais torrentes de cascata teus tesouros escondidos em densas matas despertam-me da minha escuridão farta e levam-me para clareiras e relvas onde o sol se avista e ilumina meus pensamentos inertes nas trevas Adail José de Almeida escreve desde cedo e aprecia os sonetos, formato que marca suas poesias líricas. É funcionário público. Prefere escrever à mão, por acreditar ser este um hábito mais autêntico.

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Paredes Em meio a estes Arranha-céus de luzes ofuscantes Minha mente vagueia Por entre paredes de tijolos descobertos Que choram de miséria. Paredes vizinhas, coladas Separadas por finas vielas tortas Cheias de sonhos e fantasias. Paredes tristes, Amedrontadas com o terror Da vida que vivem sem querer. Com essa vida Que se leva nestas paredes Só mesmo mergulhando na cerveja Com uma única forma de alegria. O samba, música esta Que enche nossa alma De alegria e esperanças Fazendo-nos esquecer Dos prédios lá fora. Adalberto Caldas Marques nasceu no subúrbio do Rio de Janeiro. É bacharel em Ciências Contábeis. Tem textos publicados em diversos sites literários e participação em algumas antologias. Foi selecionado para participar das 55.ª e 56.ª Antologias de Poetas Brasileiros Contemporâneos da CBJE; da Antologia Sensualidade em Prosa & Verso; e também da Antologia do Concurso Literário Valdeck Almeida de Jesus, edição 2008.

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Fotografia Luz e sombra Nas obras do tempo Outras luzes, novas matizes A vida é policrômica E se revela a partir do teu olhar É o teu foco que diferencia No desvelo de tua alma O que é céu e o que é mar Mas, se emolduramos a vida Para guardá-la na gaveta, É quando assopramos a poeira Com nosso hálito quente Em nostalgia Que a velha chama reacende E nos impulsiona para o futuro Então descobrimos Que os sonhos não realizados Ainda dormem misturados Às cores de uma fotografia. Adersen Chrestani é natural de Maximiliano de Almeida–RS. Filho de pequenos agricultores, formou-se em Direito pela UNICRUZ (Universidade de Cruz Alta) em 1994, e desde então exerce a advocacia. Tem 6 poemas de sua autoria publicados no jornal Zero Hora, do Rio Grande do Sul (Grupo RBS), na página Almanaque Gaúcho.

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Fome Deixe-me comer seu sorriso Passando a língua em volta dos lábios Como um touro faminto Como saboreiam o saber os sábios Deixe-me comer seus olhos E ver-me através do palato Mastigando como um famigerado As imagens que me tornam falho Tempere minha língua Com o sal de sua saliva Alterando a respiração do meu temperamento Eletricismos no vão das palavras Extraem reações da nossa lavra E dormem os anjos exaustos de excitamento. Alessandro Caldas Pina, 31 anos, é jornalista graduado pelo Centro Universitário da Bahia – FIB (Salvador-BA), músico e escritor. Como jornalista, tem atuado em diversas áreas, como assessoria de imprensa, rádio e jornalismo digital. Mantém, há cerca de três anos, o blog Vinil Digital (www.vinildigital.com), no qual escreve sobre cultura. Pelo blog já entrevistou nomes importantes, como a jornalista e doutora em Comunicação Malu Fontes.

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Sou negro Vou arrebentar as correntes do preconceito Vou andar pela cidade cantando em nagô saudando Xangô sem medo do sangue sem medo da dor Vou pedir a benção pro meu orixá Vou pro cais, pra ladeira jogar capoeira Meu mestre foi Bimba que saiu da rua e fez na Bahia sua academia No Rio de Janeiro o palco da bola surgia Pastinha jogando angola Sou negro, sou forte não sou só mais um Sou negro guerreiro sou filho de Ogum Exijo igualdade eu quero a verdade Me chamo Zumbi, o rei dos palmares Sou negro de fé de paz e AXÉ! Alexandre Tarlei é natural de São Paulo. Aos 16 anos começou a escrever. Amante da leitura, espelhava-se em alguns mestres que admirava, como Thiago de Mello, Vinícius de Moraes, Chico Buarque de Holanda, entre outros. Teve sua poesia 14 de Maio publicada no livro “RACISMO: São Paulo fala”, organizado pela Secretaria de Estado da Cultura, em novembro de 2008.

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Retrato na Parede Essa fotografia na parede é antiga, como antigas são as lembranças boas de um tempo que passou. Ela me dói, mas é uma dor amiga. Ou talvez será saudade das pessoas que o instante feliz eternizou? Essa fotografia antiga na moldura onde sobram sorrisos e abraços comemorando um dia de alegria, deixou-se desbotar pela amargura, quando não mais se ouviram os passos de quem naquela imagem ainda sorria. Deixe ficar a foto do passado no lugar onde há muitos, muitos anos, alguns de nós ainda são lembrados, pois seu lugar na parede está marcado, por tantos sonhos, ilusões e planos que também acabaram desbotados. Amaury Nicolini, carioca, 68 anos. Redator publicitário. Tem diversos títulos publicados pela Fundação Gutenberg (Senai-RJ), abrangendo poesia, prosa e temas técnicos. Participa ainda de várias antologias de poesia contemporânea.

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Pedaços do todo Em cada linha, um desafio, Em cada cena, um novo aprendizado, Em cada sorriso, um mistério... Em cada desamor, um recomeço... Em cada certeza, um descanso, Em cada beijo, a sedução... Em cada afago, o cheiro da paixão... Em cada “eu te amo” quebra-se uma ilusão, Em cada caminho, novas recompensas. Em cada novo olhar: uma esperança... Em cada chegada, uma lágrima, Em cada partida, o cheiro da alvorada, Em cada novo dia, a perpetuação dos sonhos... Em cada ventania, a permanência do que somos: Sentimento puro... Ana Catarina Lins de Albuquerque Sento-Sé Martinelli Braga é natural de Salvador-BA. Graduanda de História na Universidade Católica do Salvador. Formou-se em inglês pela ACBEU e estuda francês na Aliança Francesa. Em 2009, concluiu seu primeiro livro de poemas: “A menina de sapatos vermelhos”.

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Estações Gosto de vê-los assim Como o sol que brilha Nas manhãs de primavera Sentir o perfume que exala pelo ar Num misto de alegria e saudade Gosto de vê-los assim Bailando pelos jardins Nas tardes mornas de outono Ouvir a música suave do canto de pássaros Que ecoa pela fresta da janela Gosto de vê-los assim Sob o sol de verão Contemplando o azul do céu Deixar o calor penetrar-lhes o corpo Suado de caminhar pelas ruas Gosto de vê-los assim Nos dias frios de inverno Caminhando de mãos dadas Aquecer o coração com doces palavras Num sussurro de confidências apaixonadas Ana Maria de Souza Lopes é natural de Juiz de Fora. Nos anos 70, formou-se em Pedagogia pela Faculdade de Educação da UFJF. Lecionar em escolas públicas e o contato com crianças lhe permitiram praticar o repertório das histórias contadas pelos pais, ao redor da mesa de jantar. Após a aposentadoria, Ana decidiu escrever a história da família e iniciou uma aventura literária, dando o primeiro passo num mundo ainda desconhecido.