Vaidade

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O orgulho é o pecado que originou todos os outros. Esse é o pecado capital dos capitais. É aquele que gera os outros. A igreja entendia que “capital” é o pecado que gera outros pecados. Homicídio não é um pecado capital, não gera nada mais, ele promove a morte e esta é o fim. A ira sim é um pecado capital ela pode gerar o homicídio. O pecado do orgulho é atribuído ao mais belo dos arcanjos, mostrando o perigo da beleza grandiosa. Todos nesta sala são bonitos. Nós aceitamos qualquer elogio e quando aceitamos inteiramente coramos, que é uma homenagem que a humildade faz a vaidade, concordando com o elogio. Eu coro quando alguém diz: você é muito bonito, então eu respondo: ah nem tanto, ou seja, fale mais, eu quero saber mais sobre isso. Lucifer foi o primeiro ser da criação que trabalhou a ideia do eu em detrimento de nós ao

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O orgulho o pecado que originou todos os outros. Esse o pecado capital dos capitais. aquele que gera os outros. A igreja entendia que capital o pecado que gera outros pecados. Homicdio no um pecado capital, no gera nada mais, ele promove a morte e esta o fim. A ira sim um pecado capital ela pode gerar o homicdio. O pecado do orgulho atribudo ao mais belo dos arcanjos, mostrando o perigo da beleza grandiosa. Todos nesta sala so bonitos. Ns aceitamos qualquer elogio e quando aceitamos inteiramente coramos, que uma homenagem que a humildade faz a vaidade, concordando com o elogio. Eu coro quando algum diz: voc muito bonito, ento eu respondo: ah nem tanto, ou seja, fale mais, eu quero saber mais sobre isso. Lucifer foi o primeiro ser da criao que trabalhou a ideia do eu em detrimento de ns ao se olhar no espelho e se achar bonito, o arcanjo portador de luz. Ao se achar bonito se achou mais do que os outros, se achou individuado, se achou a parte, a ponto de dizer eu, e ao dizer eu ele quebra o andar da criao que havia sido concebida como ns. Todos os seres criados eram ns e Lcifer se viu como eu. Ao se tornar eu se tornou to pesado que caiu. A batalha contra lcifer foi capitaneada por Miguel, cujo nome grita um ttulo divino, quem como Deus? H um livro que busca dissertar sobre esse episdio Milton poeta sculo XVII quando o diabo caiu no inferno vencido por Miguel e perguntando pelo seu auxiliar que triste, cu nunca mais... a resposta : prefiro ser senhor no inferno que servo no cu como essa frase nos seduz. Eu prefiro uma pequena congregao onde eu desfrute de liberdade para fazer o que bem entender a servir a Deus debaixo da autoridade de quem quer que seja. Essa uma vaidade universal. Num dos livros pessimistas da tradio judaica Eclesiastes lemos no capitulo 1 vaidade das vaidades, tudo vaidade. Existem categorias profissionais que so mais vaidosas que outras. Na idade mdia a vaidade era algo caracterstico da nobreza. Em nossos dias, intelectuais, jornalistas, mdicos, polticos e artistas so intrinsicamente marcados pela vaidade. Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, com que se afadiga debaixo do sol? Uma gerao vai-se, e outra gerao vem, mas a terra permanece para sempre. Eclesiastes 1:3-4 os olhos no se fartam de ver, nem os ouvidos se enchem de ouvir. Eclesiastes 1:8 O que tem sido, isso o que h de ser; e o que se tem feito, isso se tornar a fazer; nada h que seja novo debaixo do sol. Eclesiastes 1:9O Eclesiastes nos diz em outras palavras no importa a experincia que eu tenha, ela sempre ser insuficiente, no h viagem que seja definitiva, eu quero outras, no h sexo suficiente, tudo passageiro, pois passada a sensao de prazer vem novamente a necessidade e vindo eu preciso do prazer para saciar outra vez ento, tudo vaidade, tudo passageiro. Para os religiosos a vaidade um desvio no qual eu amo a um ser criado, no caso eu, ou minhas virtudes, como se elas fossem minhas. Beleza, fora, inteligncia, como se tudo me pertencesse e no fosse um dom dado por Deus como um talento que tem por finalidade ltima ajudar a outros. Ter orgulho da inteligncia dada por Deus constitui a vaidade, posto que eu a ganhei pronta e me afasta do amor do criador. Santo Anto comendo gafanhotos, mel, cavernas, morreu aos 105 anos - atacado diariamente pelo demnio. O demnio se concentrou em Anto por quase oito dcadas quando rezava o demnio o levava ao ar para o distrair, quando olhava para o crucifixo no via a imagem de Jesus, mas a de uma mulher nua, quando decidia jejuar aparecia diante de si a comida mais extraordinria que se poderia supor. E Anto resistiu a tudo. Segundo um texto apcrifo quando Antao estava prximo dos 105 anos o diabo virou as costas e disse voc venceu, pela primeira vez algum foi mais forte que eu e o demnio se retirou da caverna e ento antao caiu de joelhos e agradeceu a Deus com uma orao muito obrigado, agora eu me tornei um santo o demnio sorriu e voltou. Resistiu a todos os pecados, menos a vaidade de ter resistido aos pecados. Narciso no podia olhar para si. Nasce dai a obsesso pelo espelho. A igreja medieval dizia que havia um demnio dentro de cada espelho que nos atrai a olhar para ele venha, olhe, arrume o cabelo. A vaidade condenada na tradio judaico crista por ser uma falta de ateno ao criador. o grande problema do mundo a comparao. Sempre haver algum mais feio, mais pobre e burro que ns, mas para o nosso desgosto, sempre haver algum mais bonito, mais rico e inteligente que ns. A vaidade nos leva a compararmos aos que esto embaixo e a inveja a nos compararmos com os que esto acima. O que passa despercebido pelo orgulhoso que, tirando a rainha, todos morrero. Devemos em vida nos preparar para a morte, mas vivemos em meio a uma civilizao que afastou de todos a morte. Antigamente os velrios eram em casas, j hoje... De que adianta toda essa vaidade se vamos todos morrer? O envelhecimento, a morte um acinte contra a vaidade humana. Capela apenas de ossos ns os ossos que aqui estamos pelos vossos esperamos vora. Cemitrios antigos s o que fomos, mas sers o que somos. A vida breve, passageira. Teologia da autoajuda eixo- reabilitao da vaidade. Contraste com a ajuda que vem do alto. A autoajuda prega que o orgulho de si sinnimo de autoestima e no vaidade. Humildade falta de autoestima e essa falta um defeito, pois os que a possuem no avanam, no progridem. Eu preciso repetir at me convencer de que sou filho do rei... as pessoas que se consideram humildes so chamadas de depressivas e devem ser curadas com remdios e terapias. Amaras... logo, se eu no me amar como poderei amar a outros? Mas o amor preconizado por Jesus justamente a supresso do eu. A converso a entrega do meu eu e no a valorizao do meu ego. Ns substitumos a ideia de que o eu pecador, cado, que deve ser domesticado com jejum e oraes pela ideia de que o eu deve ser abastecido e reforado. Quem no o abastece significantemente ser infeliz. Uma das inmeras consequncias desse ensimemismo que no queremos saber de nada que no nos diga respeito. Estou cansado... eu tambm... tenho dor de cabea... tenho um tumor. Tenho um problema com os diconos e eu com os presbteros... no nos importamos com ningum. A torre de Babel um clssico da individualizao. Deus para castigar essa vaidade introduziu a confuso das lnguas cada um passou a falar uma lngua e ningum mais se entendeu, porque a vaidade leva a individualizao e eu passei a no entender os outros no apenas porque surgiram novas lnguas, mas porque olhei e me importei apenas comigo. Hoje os homens esto construindo o prdio mais alto do mundo na china que deve superar o de dubai e no azerbaijao esto fazendo o que superara o da china e o de dubai que superaram o de kualalumpir que superou o empire state que superou a torre eifel que era o monumento mais alto do mundo quando foi inaugurada. O que antes chamvamos de vaidade hoje chamamos de pujana, iniciativa ou empreendedorismo. O que est por tras? a mostra de que o meu, o meu, maior e melhor do que todos os outros. Cidades do interior se ressentem quando no h um prdio alto, quando no h um shopping grande. As crianas eram educadas para se tornarem adultas. Para isso havia punies.