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O livro é a porta que se abre para a realização do homem.

Jair Lot Vieira

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THOMAS MORE

Utopiaa Tradução: Luís de Andrade

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A Utopia Thomas More

Tradução: Luís de Andrade

1ª Edição 2014

© desta tradução: Edipro Edições Profissionais Ltda. – CNPJ nº 47.640.982/0001-40

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida ou trans-mitida de qualquer forma ou por quaisquer meios, eletrônicos ou mecânicos, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer sistema de armazenamento e recuperação de informações, sem permissão por escrito do Editor.

Editores: Jair Lot Vieira e Maíra Lot Vieira MicalesCoordenação editorial: Fernanda Godoy TarcinalliEditoração: Alexandre Rudyard BenevidesRevisão da tradução: Mariana CamargoRevisão: Francimeire Leme Coelho e Wânia MilanezDiagramação e Arte: Karine Moreto Massoca e Renata Oliveira

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

More, Thomas, Sir, Santo 1478-1535.A Utopia / Thomas More / tradução de Luís de Andrade – São Paulo: EDIPRO, 2014 (Clás-

sicos Edipro).

Título original: De Optimo Reipublicae Statu deque Nova Insula Utopia.ISBN 978-85-7283-827-6

1. Política I. Título II. Série.

94-2372 CDU-321-07

Índices para catálogo sistemático:1. Utopias : Ciências Políticas : 321-07

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Sumário

IntroduçãoO homem e a obra ................................................................................... 7

A UtopiaDa comunicação de Raphael Hitlodeu ............................................... 11

Livro primeiro .......................................................................................... 13Livro segundo ........................................................................................... 47

Das cidades, e particularmente de Amaurota ..................................... 50Dos magistrados ....................................................................................... 52Das artes e dos ofícios ............................................................................. 53Das relações mútuas entre os cidadãos ................................................ 58Das viagens dos utopianos ..................................................................... 62Dos escravos .............................................................................................. 79Da guerra ................................................................................................... 87Das religiões .............................................................................................. 96

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IntroduçãoO homem e a obra

Lida ao longo dos séculos, Utopia – De optimo Reipublicae statu deque Nova Insula (A Utopia – Sobre o melhor Estado de uma República e a

Nova Ilha Utopia) é a obra mais conhecida de Th omas More. Um público tão amplo quanto diverso, nos gostos e na cultura, tem conferido à obra as mais distintas interpretações. Assim, a cada nova leitura, o desafi o lançado pelo autor no seu tempo prolonga-se e estende-se à nossa época, prometen-do agir no futuro.

Em 1520, Robert Whittinton1 assim se refere ao autor de A Utopia:

Th omas More é um homem de espírito admirável e singular erudição. É um homem de muitas virtudes raras […] como não conheço outro. Pois onde está o homem […] de igual benignidade, modéstia e afabilidade? E, consoante o tempo exige, excelente na alegria e nos recreios e, outras vezes, de profunda gravidade; o que se poderia chamar: um homem para qualquer tempo.

Profetizava assim, o gramático inglês, a contemporaneidade do pensamen-to de More com o homem do fi nal do século XX.

1. Apud MOSER, Fernando de Mello. Th omas More e os caminhos da perfeição humana. Lis-boa: Editora Vega, 1982. p. 12.

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8 • A Utopia

Londrino, nascido de pais provenientes da mesma cidade, em 1477 ou 1478 (não há precisão na data), pertencia à nova classe urbana em ascensão. Isso explica a visão citadina evidenciada em A Utopia: transpôs Londres para Amaurota (capital do Estado da Utopia), assim como transpôs a Inglaterra para a própria ilha fantástica por ele criada. De educação esmerada, iniciou seus estudos na prestigiosa instituição St. Anthony’s, passando por Oxford e Lincoln’s Inn, em Londres. Após a formatura em Direito, recolheu-se na Cartuxa de Londres2 para meditar sobre sua vocação. Optou pela vida de leigo, casando-se por duas vezes: primeiramente com Jane Colt e, tendo en-viuvado, uniu-se posteriormente a Alice Middleton. Do primeiro casamento nasceram quatro fi lhos: Margareth, Elizabeth, Cecily e John.

Incumbido de diversas missões diplomáticas e comerciais, na sua primeira estada em Flandres escreveu, em latim, A Utopia. Ironicamente, justifi cou a opção pela língua latina à inglesa, dizendo que isso limitaria o número de leitores àqueles que pudessem efetivamente compreender a complexidade das ideias ali expressas. Como chanceler do reino, foi o primeiro plebeu a ascen-der a tão alto cargo. Em 1521 foi feito cavaleiro. Em 1532 começa a cair em des-graça, opondo-se não ao rei Henrique VIII, mas ao rompimento desse com o papa. Th omas More recusa-se a assistir à cerimônia de coroação de Ana Bolena e a assinar a Lei da Sucessão. Acusado de alta traição, foi preso e decapitado em 6 de julho de 1535. Na prisão, o caráter humanista de More cedeu lugar ao religioso contrito, revelado nas obras por ele então escritas. Ao morrer, teria dito: Morro servidor fi el do rei, mas de Deus em primeiro lugar.

Com esta brevíssima introdução, pretendeu-se apresentar ao público um perfi l do autor de A Utopia: leigo, corajoso e disciplinado; cidadão, cumpri-dor e consciente; cristão, plenamente realizado, na pluralidade dos seus ta-lentos, como homem entre os homens e como homem perante Deus.

Em A Utopia (1518), o caminho da perfeição é um caminho político. Simbolicamente, A Utopia é a antítese da Inglaterra. A ilha de Utopus e a ilha

2. A “Cartuxa de Londres” (London Charterhouse) foi um monastério da Ordem dos Car-tuxos entre o período de 1371-1537. Durante a segunda metade do século XIV, os mon-ges cartuxos foram presenteados pelo rei da Inglaterra, Eduardo III, com terras nobres, nas quais encontrava-se o solar de Blemond. Entretanto, no século XVI, com a dissolução dos mosteiros, o rei Henrique VIII retomou a terra para a posse da coroa, doando-a para Th omas Wriothesley, primeiro Conde de Southampton. Atualmente, o local é denomina-do Bloomsbury Square, um dos principais pontos turísticos de Londres. (N.E.)

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Introdução • 9

de More se entrechocam. Trata-se de uma fábula na qual estão inseridos os princípios de uma sociedade humana perfeita. Sociedade essa fundamental-mente racional que, por si só, constitui-se em uma referência crítica aos males e injustiças que deveriam ser corrigidos. A análise da obra, através dos sécu-los, tem levado os pensadores por caminhos diametralmente opostos. Assim, enquanto Comte confi ou a A Utopia a tarefa de melhorar as instituições políticas e de desenvolver as ideias científi cas, Marx e Engels consideraram utopistas as formas que o socialismo tinha assumido, contrapondo a elas o so-cialismo científi co, que prevê a transformação infalível do sistema capitalista em sistema comunista, mas excluindo qualquer previsão sobre a forma que a sociedade coletiva poderá assumir.

Karl Mannheim, ao contrário, considerou A Utopia uma obra destinada a ter uma existência concreta, em contraste com a ideologia, que não conse-guiria nunca se realizar. A Utopia seria, nesse sentido, o fundamento de toda uma renovação social.

Em geral, pode-se dizer que a referida obra representa uma proposta de correção ou a integração ideal de um sistema político, social ou religioso existente. Essa correção pode permanecer, como muitas vezes aconteceu e acontece, no estado de simples aspiração ou sonho genético, resolvendo-se em uma espécie de evasão da realidade vivida. Mas pode também acontecer que A Utopia se torne uma força de transformação da realidade em ato e assu-ma corpo e consistência sufi cientes para se transformar em autêntica vontade inovadora e encontrar os meios da inovação.