UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta...

63
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE UNIDADE ACADÊMICA ESPECIALIZADA EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS IDIANA DE MACÊDO BARBOSA MACAÍBA/RN-BRASIL AGOSTO 2020

Transcript of UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta...

Page 1: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

UNIDADE ACADÊMICA ESPECIALIZADA EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL

UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO

DE QUEIJOS

IDIANA DE MACÊDO BARBOSA

MACAÍBA/RN-BRASIL

AGOSTO – 2020

Page 2: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

2

IDIANA DE MACÊDO BARBOSA

UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO

DE QUEIJOS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Produção Animal (PPGPA) da

Unidade Acadêmica Especializada em Ciências

Agrárias da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte (UFRN) como exigência para conclusão do

Mestrado em Produção Animal.

Orientador: Prof. Dr. Adriano Henrique do

Nascimento Rangel.

Coorientadora: Drª. Katya Anaya Jacinto

MACAÍBA/RN-BRASIL

AGOSTO 2020

Page 3: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

3

IDIANA DE MACÊDO BARBOSA

UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Produção Animal (PPGPA) da

Unidade Acadêmica Especializada em Ciências

Agrárias da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte (UFRN) como exigência para conclusão do

Mestrado e obtenção do título de Mestre em Produção

Animal.

Aprovada em: 12/08/2020

Banca Examinadora:

________________________________________________________

Prof. Dr. Adriano Henrique do Nascimento Rangel

Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias (UAECIA-UFRN)

Orientador

________________________________________________________

Profª. Drª. Katya Anaya Jacinto

Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi (FACISA-UFRN)

Membro externo ao programa de Pós-graduação em Produção Animal

_________________________________________________________

Profª. Drª. Cláudia Souza Macêdo

Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias (UAECIA-UFRN)

Membro externo ao programa de Pós-graduação em Produção Animal

Page 4: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

4

_________________________________________________________

Prof. Dr. Cleube Andrade Boari

Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFV JM)

Membro externo ao programa de Pós-graduação em Produção Animal

_________________________________________________________

Dr. Josemir Araújo Neves

Pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN)

Membro externo ao programa de Pós-graduação em Produção Animal

MACAÍBA/RN- BRASIL

AGOSTO - 2020

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas – SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof.

Rodolfo Helinski - Escola Agrícola de Jundiaí – EAJ

Barbosa, Idiana de Macedo.

Utilização do colostro bovino na produção de queijos / Idiana de Macedo Barbosa. - 2020.

63f.: il.

Dissertação (Mestrado) Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Unidade Acadêmica

Especializada em Ciências Agrárias, Programa de Pós-graduação em Produção Animal, Macaíba,

RN, 2020.

Orientador: Dr. Adriano Henrique do Nascimento Rangel.

Coorientador: Dra. Katya Anaya Jacinto.

1. Avaliação Sensorial - Dissertação. 2. Bromatologia - Dissertação. 3. Derivado Lácteo -

Dissertação. 4. Maturação - Dissertação. I. Rangel, Adriano Henrique do Nascimento. II. Jacinto,

Katya Anaya. III. Título.

RN/UF/BSPRH CDU 664

Elaborado por Valéria Maria Lima da Silva - CRB-15/451

Page 5: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

5

AGRADECIMENTOS

A Deus pela coragem, fé e determinação a me concedido para enfrentar todos os

obstáculos que tive durante a seleção, no percurso do mestrado e em todos os momentos da

minha vida.

Ao meu esposo pelo incentivo a me dedicado para continuar minha vida acadêmica,

sempre trilhando em busca de melhorias e aperfeiçoamento na carreira profissional e por

sempre me apoiar e acreditar no meu potencial.

Aos meus pais, pelos valores e pela educação e a toda minha família.

Ao meu orientador Adriano Rangel pela oportunidade concedida e por acreditar em minha

pesquisa.

A minha coorientadora Katya Anaya por toda orientação e colaboração neste estudo.

Ao Senhor. Marcio Oliveira por ter disponibilizado sua propriedade para que pudéssemos

fazer as coletas de colostro e o leite para elaboração de todos os testes experimentais. A

toda equipe de funcionários do sitio propriedade São Miguel em especial a Elane Souza e

Jéssica pelas ordenhas para coleta do colostro.

Aos meus colegas de trabalho Nkarthe Guerra, Joana D‟arc, Lucivânia Navarro e Thiago

Dutra pelo apoio em todos os momentos que precisei de ajuda e orientações em

determinadas atividades.

Ao meu grande amigo Mário Cavalcante por toda colaboração na Unidade de

Processamento de Laticínios UPL/EAJ e no laboratório com auxílio em algumas análises

físico-químicas, seu apoio foi fundamental para essa pesquisa.

Ao meu amigo Emerson Gabriel por todo apoio, colaboração e alertas durante o mestrado.

A professora Cláudia Souza Macêdo por todas as contribuições nesta pesquisa.

Page 6: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

6

Aos professores, Stela Antas e Luiz Borba pelas contribuições para o trabalho.

A querida professora Lisandra Murmann por todo apoio e incentivo.

A Dr. Josemir Araújo Neves pela cooperação na pesquisa.

Ao coordenador do curso técnico em agroindústria professor Robson Rogério Pessoa

Coelho pelo apoio.

A equipe do Laboratório de Qualidade do Leite (LABOLEITE), pelo apoio nos diferentes

momentos da execução da pesquisa.

A Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias-UFRN, a esta tenho toda honra

e gratidão.

A todos que contribuíram de alguma forma para a realização deste trabalho.

Page 7: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

7

O Senhor é quem dá sabedoria; de sua

boca procedem o conhecimento e o

discernimento.

Provérbios 2:6

Page 8: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

8

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO GERAL .................................................................................................... 9

2. REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................... 14

2.1 Colostro: definição e aspectos gerais ........................................................................ 14

2.2 Características físico-químicas do colostro ............................................................... 16

2.2.1 Ação das Imunoglobulinas (Igs) ............................................................................ 17

2.3 Regulamentação do uso do colostro na alimentação humana ................................... 18

2.4 Parâmetros de qualidade do leite ............................................................................... 18

2.5 Queijo fresco e maturado........................................................................................... 20

2.5.1 Processo de maturação ........................................................................................... 21

REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 22

3. AVALIAÇÃO QUÍMICA, INSTRUMENTAL E SENSORIAL NA ACEITAÇÃO

DE QUEIJOS COM ADIÇÃO DE COLOSTRO

BOVINO..............................................................................................................................27

1.0 INTRODUÇÃO............................................................................................................30

2.0 MATERIAL E MÉTODOS.........................................................................................30

2.1 Obtenção do leite, colostro e insumos.....................................................................30

2.2 Definição de grupos experimentais.........................................................................31

2.3 Análises físico-químicas do leite e colostro utilizados para fabricação dos

queijos..................................................................................................................................32

2.4 Elaboração dos queijos frescos e maturados com e sem adição de colostro bovino...

.......................................................................................................................................32

2.5 Avaliação da composição química de queijos frescos e maturados........................33

2.6 Análise colorimétrica..............................................................................................37

2.7 Análise de perfil de textura.....................................................................................37

2.8 Rendimento: relação de litros de leite e colostro para produção de um Kg de

queijo....................................................................................................................................38

2.9 Análises microbiológicas higiênico-sanitárias como prévia para realização das

análises sensoriais.................................................................................................................38

Page 9: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

9

2.10 Análise sensorial.....................................................................................................38

2.11 Análises estatísticas................................................................................................39

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES.................................................................................39

4. CONCLUSÃO................................................................................................................52

REFERÊNCIAS.................................................................................................................52

APÊNDICES........................................................................................................................57

APÊNCICE A.......................................................................................................................58

APÊNCICE B.......................................................................................................................59

APÊNCICE C.......................................................................................................................60

APÊNCICE D.......................................................................................................................61

APÊNDICE E.......................................................................................................................62

Page 10: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

10

LISTA DE QUADRO

Quadro 1:.............................................................................................................................15

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Fluxograma de produção dos queijos frescos com diferentes adições de colostro.

..............................................................................................................................................33

Figura 2: Rendimentos de queijos frescos com diferentes adições de colostro

bovino...................................................................................................................................49

Figura 3: Fluxograma de produção e análise dos queijos frescos e maturados do

experimento..........................................................................................................................59

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Parâmetros de composição físico-química e qualidade microbiológica do leite

cru refrigerado......................................................................................................................19

Tabela 2: Teores médios da composição físico-química do leite e colostro bovino da raça

Jersey....................................................................................................................................40

Tabela 3: Composição físico-química dos queijos com diferentes níveis de colostro bovino

(0, 15, 20 e 25%) maturados por 10, 20, 30 e 40 dias (Média ± DP, n=20).........................41

Tabela 4: Parâmetros físico-químicos de acidez, pH e atividade de água (Aw) dos queijos

fabricados com diferentes níveis de colostro bovino (0, 15, 20 e 25%) maturados por 10,

20, 30 e 40 dias (média ± DP).............................................................................................44

Tabela 5: Carboidrato total e energia metabolizável total de queijos controles e

maturados.............................................................................................................................46

Tabela 6: Determinações de coloração nas amostras de queijos (média ±

DP)........................................................................................................................................47

Tabela 7: Determinações instrumentais do perfil de textura dos queijos (média ± DP).....48

Tabela 8: Escores médios atribuídos aos parâmetros de aparência, cor aroma, textura,

sabor e avaliação global (escala hedônica de 9 pontos) e intenção de compra (escala de 5

pontos) para queijos frescos com diferentes teores de adição de colostro (média ± DP,

n=93)....................................................................................................................................50

Tabela 9: Aceitabilidade dos queijos com diferentes adições de

colostro.................................................................................................................................51

Page 11: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

11

RESUMO

Esta pesquisa foi conduzida com o objetivo de desenvolver queijos frescos e maturados

com a adição de diferentes níveis de colostro bovino. Para a produção dos queijos frescos e

maturados foram utilizadas diferentes proporções de colostro (0, 15, 20 e 25%) de vacas da

raça Jersey. A maturação foi realizada por 10, 20, 30 e 40 dias, à temperatura de 5 ºC e

umidade relativa do ar de 75%. Foi determinada a cracterização físico-química do leite e

colostro. Os queijos foram avaliados quanto à concentração de lipídios, proteínas, sólidos

totais, gordura no extrato seco, cinzas, umidade, pH, atividade da água eacidez titulável,

além da determinação de cor, perfil de textura, análise microbiológica e avaliação

sensorial. Os queijos controles com 20 e 30 dias de maturação e as amostras com 15% de

colostro maturados por 30 e 40 dias foram classificados como queijos de média umidade

(35,0-45,9 g/100g). Os queijos com adição de colostro maturados por 20 dias, as amostras

controle e com 20 e 25% de colostro maturadas por 30 e 40 dias foram determinadas como

queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as

amostras controle e os tratamentos com 20 e 30 dias de maturação foram classificadas

como queijos gordos (45,0 a 59,9 g/100g). Os demais queijos e seus respectivos

tratamentos foram classificados como queijos semigordos (25,0 e 44,9 g/100g). A

formulação com 20% de colostro maturado por 10 dias foi classificada como queijo magro

(10,0 e 24,9 g/100g). O teor de cinzas foi maior nas formulações com a adição de colostro

maturado por 40, 20 e 30 dias, respectivamente. A adição de 20 e 25% de colostro aos

queijos frescos aumentou o pH. A acidez dos queijos foi baixa. Os queijos apresentaram

rendimento, com média de 6,08 a 7,57 L de mistura de leite e colostro para a produção de

um quilo de queijo. Portanto, a inserção do colostro para aplicação na produção de queijos

se mostrou uma alternativa viável do ponto de vista da tecnologia de produção utilizada e

da aceitação sensorial.

Palavras-chave: Avaliação sensorial; Bromatologia; Derivado lácteo; Maturação.

Page 12: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

12

ABSTRACT

This research was conducted with the objective of developing fresh and aged cheeses with

the addition of different levels of bovine colostrum. For the production of fresh and

matured cheeses, different proportions of colostrum (0, 15, 20 and 25%) from Jersey cows

were used. Maturation was carried out for 10, 20, 30 and 40 days, at a temperature of 5 ºC

and relative humidity of 75%. The physicochemical characterization of milk and colostrum

was determined. The cheeses were evaluated for the concentration of lipids, proteins, total

solids, fat in the dry extract, ash, moisture, pH, water activity and titratable acidity, in

addition to color determination, texture profile, microbiological analysis and sensory

evaluation. Control cheeses with 20 and 30 days of maturation and samples with 15%

colostrum matured for 30 and 40 days were classified as medium moisture cheeses (35,0-

45,9 g/100g). The cheeses with the addition of colostrum matured for 20 days, the control

samples and with 20 and 25% of colostrum matured for 30 and 40 days were determined as

high moisture cheeses (46,0 to 54,9 g/100g). As for the fat content in the dry extract, the

control samples of treatments with 20 and 30 days of maturation were classified as fatty

cheeses (45.0 to 59.9 g / 100g). The other cheeses and their respective treatments were

classified as semi-fat cheeses (25,0 and 44,9 g/100g). The formulation with 20% colostrum

matured for 10 days was classified as lean cheese (10,0 and 24,9 g/100g). The ash content

was higher in the formulations with the addition of colostrum matured for 40, 20 and 30

days, respectively. The addition of 20 and 25% colostrum to fresh cheeses increased the

pH. The acidity of the cheeses was low. The cheeses showed an average yield of 6.08 to

7,57 L of mixture of milk and colostrum for the production of one kilogram of cheese.

Therefore, the insertion of colostrum for application in cheese production proved to be a

viable alternative from the point of view of the production technology used and the sensory

acceptance.

Keywords: Sensory evaluation; Bromatology; Dairy product; Maturation.

Page 13: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

13

1 INTRODUÇÃO GERAL

O Regulamento de Inspeção Sanitária de produtos de Origem Animal (RISPOA) de

2017 define o colostro como o produto da ordenha obtido após o parto e enquanto

estiverem presentes os elementos que o caracterizam. Contudo, na literatura são

encontradas várias definições de colostro como citado por Adar et al. (2012) o colostro é o

fluído secretado até, aproximadamente, 72 horas após o nascimento de mamíferos, que

diferentemente do leite maduro, contém componentes bioativos em maiores quantidades,

incluindo fatores de crescimento, imunoglobulinas, lactoperoxidase, lisozima, lactoferrina,

nucleosídeos, vitaminas, peptídeos e oligossacarídeos, que são de extrema relevância para

a saúde humana.

Conforme a Instrução Normativa (IN) 77 do Ministério da Agricultura Pecuária e

Abastecimento (MAPA) de 2018, no artigo 5º é proibido o envio a qualquer

estabelecimento industrial o leite de fêmeas que, independentemente da espécie: III -

estejam no último mês de gestação ou na fase colostral. Porém, pesquisas vêm sendo

realizadas no Brasil, tendo em vista, que outros países já utilizam o colostro na alimentação

humana. Algumas características nutricionais do colostro se apresentam com percentuais

de proteínas, gorduras, cinzas e sólidos totais superiores ao leite, o que proporciona

potencialidade para ser estudado e beneficiado para uso na dieta humana (SAALFELD et

al., 2012).

Normalmente, o colostro produzido gera um excedente que acaba sendo desprezado

(AZEVEDO; DUARTE, 2014). No entanto, já existem alguns produtos que utilizam o

colostro como alimento base e misturado a outros ingredientes tanto na forma líquida

quanto liofilizada, direcionados para a alimentação humana, entretanto, a utilização destes

produtos não é uma realidade quando se refere ao mercado brasileiro (DZICK et al., 2017).

Assim, estudos como aqueles realizados por realizados por Saalfeld et al. (2012), que

buscam a adição de colostro em derivados lácteos, surgem como forma de agregar valor

econômico e nutricional a produtos alimentícios, e os componentes do colostro podem

contribuir com benefícios à saúde advindos dos seus compostos bioativos.

Desta forma, o desenvolvimento de queijos frescos e maturados com adição de

colostro, aponta para a tendência atual de busca por alimentos que possam contribuir com a

saúde das pessoas, além de evitar os desperdícios vinculados à produção excessiva de

colostro em grandes fazendas leiteiras.

Page 14: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

14

O queijo é um dos derivados lácteos cuja produção e composição pode ser

beneficiada pela incorporação de colostro. A associação do leite e colostro visa o aumento

no rendimento de queijos devido a uma quantidade mais elevada no teor de sólidos totais,

bem como a agregação de benefícios nutricionais no produto final. A aplicação do colostro

a um produto salgado, como o queijo, surge como alternativa de inovação na área de

lácteos, pois os estudos que se propuseram a aplicar colostro em formulações alimentícias,

em sua maioria, desenvolvem produtos doces, como sorvetes (Mouton, Aryana, 2015).

Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Queijo (ABIQ), o consumo de

queijos no Brasil, estimado em 5,5 quilos por habitante ao ano, quando comparado com a

Argentina, onde a média é de 11,5 quilos por habitante ao ano. A produção brasileira de

queijo apresentou crescimento nos últimos anos, fato que esteve diretamente relacionado à

melhora de renda do brasileiro que passou a consumir mais leite e derivados (PITHAN et

al., 2017).

Considerando tais aspectos, esta pesquisa teve por objetivo desenvolver queijos

frescos e maturados com diferentes percentuais de adições de colostro bovino, caracterizá-

los quanto aos parâmetros físico-químicos, bem como determinar a formulação mais aceita

sensorialmente, com vistas ao estímulo para aproveitamento do colostro na alimentação

humana. Embora seja atualmente proibido, tendo-se em vista o valor nutritivo do colostro,

não se pode descartar o seu potencial uso para a nutrição humana e para a produção de

derivados. Esta pesquisa foi conduzida com o objetivo de se definir outros potenciais de

utilização do colostro, que não apenas o seu fornecimento ao recém-nascido.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Colostro: definição e aspectos gerais

A primeira secreção da glândula mamária após o parto é conhecida como colostro,

sua composição muda significativamente nos primeiros dias se diferenciando do leite

maduro (RATHE et al., 2014), sobretudo no que diz respeito à quantidade de componentes

bioativos (ADAR et al., 2012).

O colostro possui um percentual elevado de nutrientes, anticorpos e fatores de

crescimento necessários para o desenvolvimento, defesa imunológica do recém-nascido.

Sua ampla variedade de anticorpos (imunoglobulinas) e componentes antimicrobianos

Page 15: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

15

(lactoferrina, lisozima, citosina e lactoperoxidase) fornece imunidade passiva para o

recém-nascido (CONNEELY et al., 2014). Além de conter muitos nutrientes essenciais em

concentrações superiores àquelas geralmente encontradas no leite, o colostro constitui-se

de uma rica fonte de carotenóides e vitaminas, que têm redução durante os primeiros dias

de lactação e se estabilizam após aproximadamente 5 dias (MCGRATH et al., 2016).O

colostro tem despertado interesse na alimentação humana pelos benefícios relacionados à

proteção imunológica proporcionada pela presença da IgA, imunoglobulina que adere à

mucosa intestinal funcionando como uma capa protetora evitando a colonização de

microrganismos patogênicos (DZICK et al., 2017). Borad e Singh (2018) resumiram as

propriedades do colostro bovino e suas possíveis aplicações baseadas em alegações

científicas (Quadro 1), recomendando sua utilização como alimento funcional.

Quadro 1. Aplicações do uso do colostro bovino como suplementação.

Uso do

colostro em

forma de pó e

suplementação

Aplicações

Autores

Suplementação

com colostro

Melhora o desempenho dos atletas com

imunidade aprimorada contra o estresse de

treinamento e competição intensa.

Buckley e Scammell

(2000)

Pó comercial de

colostro bovino

concentrado (60

g dia por 8

meses)

Melhorar o desempenho atlético e a recuperação;

e melhora da massa corporal magra.

Antonio et al. (2001);

Kerksick et al. (2007)

Suplementação

com colostro

Eficaz contra mucosite induzida por

quimioterapia; gastroenterite viral; lesões

intestinais induzidas por drogas anti-

inflamatórias não esteróides; grande variedade

de distúrbios intestinais, incluindo doença

inflamatória intestinal e danos nos tecidos

intestinais.

Howarth et al. (1996);

Sarker et al. (1998);

Playford et al. (1999);

Khan et al. (2002)

Page 16: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

16

Quadro 1. Aplicações do uso do colostro bovino como suplementação.

Continuação

2.2 Características físico-químicas do colostro

O colostro é a primeira secreção produzida pela glândula mamária após o parto, e é

conhecido por ser um líquido abundante em gordura, proteínas, imunoglobulinas, agentes

microbianos e fatores de crescimento, responsáveis por auxiliar o sistema imunológico e o

desenvolvimento gastrointestinal da cria (BLUM e HAMMON, 2000). A concentração de

lactose é baixa e muda de maneira inversa para outros constituintes como gordura, proteína

e cinzas (KEHOE et al., 2007). Em geral, o teor de lactose atinge uma concentração

normal dentro de 7 dias após o parto (MCGRATH et al., 2016). A concentração de caseína

é maior no colostro do que no leite (MADSEN et al., 2004).

O pH do colostro é inferior quando comparado ao do leite (MCCARTHY; SINGH,

2009). Pode variar de 6,0 a 6,61. Essse fato está relacionado ao aumento da concentração

das proteínas do colostro (MCGRATH et al., 2016).

Em estudos realizados por Saalfeld et al. (2012) foram observados teores de acidez

superiores no colostro (26 a 48 ºD) quando comparado ao leite (14 a 18 ºD). Sendo

provável que acidez mais elevada seja devido aos sólidos não gordurosos como: albumina,

caseínas e fosfatos. As concentrações de fosfatos e de caseínas são as mais importantes, de

maneira que a acidez será maior quanto maior o conteúdo proteico do colostro. Nardone et

al. (1997), também observaram uma maior acidez titulável para o colostro do que o leite e

relataram uma correlação positiva com o teor de proteínas.

Uso do

colostro em

forma de pó e

suplementação

Aplicações

Autores

Colostro

Eficácia do colostro na profilaxia da gripe.

Cesarone et al. (2007)

Capacidade de recuperação e auxílio no

desenvolvimento do tecido ósseo.

Borad; Singh (2018)

Pode contribuir para ganho de força na parte

inferior do corpo, além de diminuir a reabsorção

óssea em idosos.

Du Ming et al; Duff et

al. (2014).

Page 17: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

17

2.2.1 Ação das Imunoglobulinas (Igs)

O sistema antimicrobiano das secreções lácteas bovinas é formado pelas

imunoglobulinas (Igs), lactoferrina, lactoperoxidase e lisozima. As Igs são anticorpos

sintetizados pela glândula mamária em resposta a estímulos imunogênicos ou antigênicos,

como por exemplo, bactérias e vírus. O colostro bovino é uma fonte de Igs, as quais

conferem imunidade passiva ao recém-nascido, auxiliando no desenvolvimento do seu

sistema imune (LILIUS; MARNILA, 2001).

As imunoglobulinas (Igs) são o principal fator antimicrobiano do colostro

compreendendo 70 a 80% da proteína total e sendo, portanto, muito superior ao percentual

de imunoglobulinas no leite, em comparação com 1 e 2% da proteína total do leite

(BORAD; SINGH, 2018). Existem 5 Igs em mamíferos, as quais se classificam com base

em suas estruturas e atividades biológicas; nomeadamente, IgG, IgA, IgM, IgD e IgE.O

colostro apresenta em sua composição uma série de componentes bioativos, entre eles,

fatores de crescimento como IGF-1, antimicrobianos como a lactoferrina, além de agentes

imunológicos como lactoglobulinas, transferrina e citocinas (SATYARAJ et al., 2013). As

Igs do colostro são importantes para o bezerro recém-nascido para proteger contra

infecções microbianas. A IgG aumenta a imunidade sistêmica, enquanto IgG1 fornece

proteção contra uma vasta gama de toxinas bacterianas. Os componentes das IgA e IgM

constituem de 10 a 15% do total de Igs, enquanto IgE e IgD estão presentes como traços. A

IgA está envolvida principalmente com imunidade, exercendo um papel importante na

proteção contra infecções gastrointestinais (BORAD; SINGH, 2018). As IgM são os

maiores anticorpos e os primeiros a serem produzidos em reposta a infecções (DANG et

al., 2009).

De acordo com Buttar et al. (2017) a lactoferrina é uma proteína abundante no

colostro e no leite materno. É considerada a principal proteína encontrada no soro do leite

de todos os mamíferos, atuando na prevenção de câncer de pulmão, bexiga, colón, esôfago

e língua, (MANZONI, 2016). Assim como a lactoferrina, a lisozima é uma enzima

presente em abundância no colostro bovino, atua como uma barreira bactericida destruindo

a integridade da parede externa das bactérias em conjunto com outros agentes bactericidas

presentes no colostro (RIBEIRO et al., 2016). Já a lactoperoxidase (LP), é um fator da

imunidade inata sintetizada e liberada pelas células epiteliais alveolares, desempenhando

um papel importante na proteção da glândula mamária lactante e do trato intestinal de

Page 18: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

18

recém-nascido contra micro-organismos patogênicos (KUMAR; BHATIA, 1995).

2.3 Regulamentação do uso do colostro na alimentação humana

No Brasil, a utilização do colostro para a alimentação humana era proibida, conforme

parágrafo único do art. 479 do Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos

de Origem Animal (RIISPOA, 1952). Porém a pesquisadora Mara Helena Saalfeld enviou

um relatório técnico ao MAPA e a ANVISA sobre uso de colostro e derivados do mesmo

para alimentação humana, o qual foi produzido a partir de pesquisas realizadas pela

Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Sul (Relatório

Técnico para MAPA e ANVISA). Em 2007, a pesquisadora Mara Helena Saalfeld recebeu

o Prêmio Tecnologia Social da Fundação Banco do Brasil, Petrobras e Unesco, com o

trabalho de silagem de colostro para alimentação de terneiros, reaproveitando nutrientes

antes descartados e investigou a inclusão da matéria-prima bovina na alimentação humana.

O esforço do seu trabalho contribuiu para que, em março de 2017, o governo federal

emitisse o decreto nº 9.013, eliminando o termo proibição ao aproveitamento de colostro

para consumo dos seres humanos (SAALFELD, 2016).

Entretanto uma atualização ocorrida em 2017 no referido regulamento, artigo 236,

que define o colostro como o produto da ordenha obtido após o parto e enquanto estiverem

presentes os elementos que o caracterizam. No artigo 501, além dos casos previstos no art.

497, considera-se impróprio para qualquer tipo de aproveitamento o leite cru, quando: IV –

revele presença de colostro (RIISPOA, 2017). Porém, pesquisas vêm sendo realizadas no

Brasil com a inserção de colostro bovino em derivados lácteos como (bebidas lácteas e

manteiga) e outros produtos de panificação (Saalfeld et al., 2012). Além de iogurte grego

com adição de colostro, estudo este conduzido por Silva, (2019).

Apesar de seus numerosos benefícios imunológicos, o colostro ainda é um alimento

subutilizado na indústria de laticínios. O uso de colostro ou qualquer um dos seus

ingredientes em alimentos lácteos funcionais é ainda muito limitado devido à resistência do

consumidor e sua alta perecibilidade, esforços relevantes foram desenvolvidos para o

processamento do colostro, a fim de obter uma solução estável e produto disponível

(AYAR et al., 2016).

A utilização do colostro na alimentação humana é um hábito tradicional na Índia,

país onde as vacas são consideradas um animal sagrado, sendo comum a distribuição junto

Page 19: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

19

com o leite, seu consumo está associado ao tratamento dos sintomas de gripe em idosos,

constatando benefícios a saúde com a adoção deste alimento rico em compostos bioativos

(CONTE; SCARANTINO, 2013).

Conforme Borad e Singh (2018), poliaminas e peptídeos bioativos derivados de

proteínas do colostro renovaram o interesse de nutricionistas, bioquímicos e tecnólogos em

explorar o potencial terapêutico completo do colostro. Os autores ainda relatam que com

isso as preparações de colostro como um complemento nutricional ideal e um novo

ingrediente para o desenvolvimento de alimentos funcionais.

2.4 Parâmetros de qualidade do leite

O leite é essencial à alimentação humana, sendo produzido em todo o mundo. A

importância do leite sob o ponto de vista nutricional se deve a qualidade de suas proteínas,

que são divididas em caseínas (α1, α2, β, γ e k) e proteínas do soro (albumina, α-

lactoalbumina, β-lactoglobulina, imunoglobulinas e proteose-peptonas), além do seu

elevado teor em cálcio, fósforo, magnésio, vitamina A, riboflavina e niacina (MENEZES et

al., 2014). A cadeia agroindustrial do leite é reconhecida como uma das mais importantes

do agronegócio nacional sob a ótica social e econômica, estando presente em todo o

território nacional com papel relevante no suprimento de alimentos, geração de empregos e

de renda para a população (SILVA et al., 2017). O leite cru refrigerado deve apresentar

padrões estabelecidos que atendam a Instrução Normativa nº 76, conforme apresentado na

Tabela 1.

Tabela 1. Parâmetros de composição físico-química e qualidade microbiológica do leite

cru refrigerado.

Parâmetros Valores mínimos Valores máximos

Gordura (g/100g) 3,0 -

Proteína (g/100g) 2,9 -

Lactose anidra (g/100g) 4,3 -

Sólidos não gordurosos 8,4 -

Sólidos totais (g/100g) 11,4 -

Índice crioscópico (Hº) -0,530 -0,550

Acidez titulável (g de ácido

láctico/mL)

0,14 0,18

Fonte: (BRASIL, 2018).

Page 20: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

20

Tabela 1. Parâmetros de composição físico-química e qualidade microbiológica do leite

cru refrigerado.

Continuação

Fonte: (BRASIL, 2018).

O leite é constituído por uma série de componentes como água, lipídios, proteínas,

carboidratos e micronutrientes que o tornam um importante substrato para a multiplicação

dos micro-organismos. A contaminação microbiana do leite pode se dar por duas vias: a

endógena e a exógena, variando qualitativa e quantitativamente de acordo com as

condições de higiene existentes. Nesse sentido, os parâmetros de controle de qualidade do

leite são de fundamental importância para aquisição da matéria prima conforme os padrões

exigidos pela legislação vigente e que contribua com a sanidade e beneficiamento do leite

para elaboração dos derivados lácteos (MENEZES et al., 2014).

Quanto aos critérios microbiológicos, o monitoramento estabelecido é a contagem de

enterobactérias, coliformes a 45ºC e salmonela, conforme estabelecido pela IN 76 e

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2001).

2.5 Queijo fresco e maturado

Os queijos podem ser definidos, segundo a Portaria nº 146 do Ministério da

Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), como um produto fresco ou maturado

obtido por separação parcial do soro do leite ou leite reconstituído (integral, parcial ou

totalmente desnatado), ou de soros lácteos, coagulados pela ação física do coalho, de

enzimas específicas, de bactérias específicas, de ácidos orgânicos, isolados ou combinados,

todos de qualidade adequadas para uso alimentar, com ou sem adição de substâncias

alimentícias, especiarias, condimentos, aditivos especificamente indicados, substâncias

aromatizantes e matérias corantes. Queijo fresco é o que está pronto para o consumo logo

após a sua fabricação e queijo maturado é aquele produto que passou por reações

bioquímicas e físicas necessárias e características da sua variedade (BRASIL, 1996).

Parâmetros Valores mínimos Valores máximos

Densidade relativa (g/mL a 15 ºC) 1.028 1.034

Contagem de células somáticas

(CCS/mL)

- 500.000

Contagem padrão em placas (UFC/mL) - 900.000

Page 21: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

21

A Portaria nº 146 classifica os queijos de acordo com o conteúdo de matéria gorda no

extrato seco recebendo as seguintes denominações:

Extra Gordo ou Duplo Creme: quando contenham o mínimo de 60%;

Gordos: quando contenham entre 45,0 e 59,9%;

Semigordo: quando contenham entre 25,0 e 44,9%;

Magros: quando contenham entre 10,0 e 24,9%;

Desnatados: quando contenham menos de 10,0%.

Os queijos, também, podem ser classificados quanto ao teor de umidade em

percentagem, segundo a Portaria nº 146 pode ser de baixa, média, alta e até muito alta

umidade, conforme descrito abaixo:

Queijos de baixa umidade (geralmente conhecidos como queijo de massa

dura): umidade de até 35,9%;

Queijos de média umidade (geralmente conhecidos como queijo de massa

semidura) umidade entre 36,0 e 45,9%;

Queijos de alta umidade (geralmente conhecido como de massa branda ou

“macios”), umidade entre 46,0 e 54,9%;

Queijos de muita alta umidade (geralmente conhecidos como de massa

branda ou “mole”): umidade não inferior a 55,0%.

Queijo é um produto lácteo produzido em grande variedade tanto de sabor quanto de

forma em todo o mundo. Na produção de queijos, a preocupação principal baseia-se na

qualidade e no rendimento do produto, uma vez que a maximização do aproveitamento da

matéria-prima conduzirá a eficiência produtiva da atividade. Dessa forma, o rendimento e a

qualidade dos produtos lácteos são dependentes da composição e das especificidades

tecnológicas empregadas ao leite. Como principal componente do leite, a proteína é o que

apresenta maior influência quando o leite é submetido a tratamentos térmicos (BRASIL et

al., 2015).

2.5.1 Processo de maturação

Page 22: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

22

A maturação de queijos é a fase em que ocorrem as transformações físicas,

bioquímicas e microbiológicas que se processam no interior da massa, sob a ação de

enzimas lipolíticas e proteolíticas, a maior parte de origem microbiana, sendo um

fenômeno bastante complexo que varia entre diferentes tipos de queijos. O processo de

maturação depende de fatores como temperatura e umidade do ambiente, teor de sal, pH e

composição química da coalhada e da microbiota residual da mesma. (MARTINS, 2006).

As principais reações bioquímicas que ocorrem no queijo durante a maturação são:

glicólise, proteólise, lipólise, sendo que as duas últimas afetam a textura, sabor e aroma

finais do produto (ORDÓNEZ, 2005). As proteinases e peptidases das bactérias ácido

láticas (BAL) são essenciais para a maturação de queijos (SPADOTI; DORNELLAS;

ROIG, 2005).

Dos três principais eventos bioquímicos na maturação de queijos, a proteólise é o

mais complexo e em maior grau de importância. É a principal responsável pela passagem

de uma textura dura e de consistência “borrachenta” na coalhada fresca a um corpo de

massa flexível, liso, macio e sabor característico de um queijo curado (FOX;

MCSWEENEY, 1998; COSTA JÚNIOR, et al., 2014.). Além de influenciar a suavidade,

também tem papel importante no desenvolvimento de sabor por meio da liberação de

aminoácidos e peptídeos (KATSUDA et al., 2019). Produtos lácteos com proteínas de alta

qualidade e possibilidades de transformação tecnológica e fermentação apresenta uma

fonte ideal para peptídeos bioativos que, em geral, representam uma alternativa promissora

para medicamentos convencionais devido ao fato de que efeitos colaterais são atualmente

desconhecidos. Peptídeos bioativos estão presentes em como uma parte inativa e intacta

das proteínas, que são ativadas somente através da hidrólise de proteínas, a qual ocorre

durante a transformação tecnológica, processos de fermentação e durante a digestão

gastrintestinal (EGGER; MÉNARD, 2017).

REFERÊNCIAS

ADAR, T. et al. Oral administration of immunoglobulin G‐enhanced colostrum alleviates

insulin resistance and liver injury and is associated with alterations in natural killer T cells.

Clinical & Experimental Immunology, v. 167, n. 2, p. 252-260, 2012.

AYAR, A.; SICRAMAZ, H.; CETIN, I. The Effect of Bovine Colostrum on the Lactic

Flora of Yogurt and Kefir. JSM Biotechnology & Biomedical Engineering, v. 3, n. 4, p.

1062, 2016.

Page 23: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

23

ANTONIO, J. et al. The effects of bovine colostrum supplementation on body composition

and exercise performance in active men and women. Nutrition, v. 17, n. 3, p. 243 – 247,

2001.

AZEVEDO, R. A.; DUARTE, E. R. Aspectos microbiológicos do colostro bovino em

diferentes técnicas de conservação e armazenamento: uma revisão. Revista electrónica de

Veterinaria. v. 15, n. 06, 2014.

BORAD, S.G.; SINGH, A. K. Colostrum immunoglobulins: Processing, preservation and

application aspects. International Dairy Journal, v. 85, p.201-210, 2018.

BUCKLEY, J.D.; SCAMMELL, A.W. Uma dieta de colostro melhora o desempenho

atlético? Revista Brasileira de Ciência Animal, v.13, p. 312 – 315, 2000.

BLUM, J. W; HAMMON, H. Colostrum effects on the gastrointestinal tract, and on

nutritional, endocrine and metabolic parameters in neonatal calves. Livestock Production

Science. v. 66, n. 2, p.151-159, 2000.Doi

BRASIL. Diário Oficial da União. Portaria nº 146 de 7 de março de 1996. Aprova os

regulamentos técnicos de identidade e qualidade dos produtos lácteos. Brasília. 11 de

março de 1996.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa 76 de

26 de novembro de 2018. Dispõe sobre regulamentos técnicos que fixam a identidade e as

características de qualidade que devem apresentar o leite cru refrigerado, o leite

pasteurizado e o leite pasteurizado tipo A. Diário Oficial da União, Brasília, Seção 1, 30

nov. 2018.

BRASIL, R. B. et al. Estrutura e estabilidade das micelas de caseína do leite bovino.

Revista Ciência Animal, v. 25, n. 2, p. 71-80, 2015.

BRASIL. Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal

(RISPOA). Decreto nº 9.013, de 29 de março de 2017. Decreta o Capítulo III da Inspeção

Industrial e Sanitária de Leite e Derivados. Diário Oficial da República Federativa do

Brasil, Brasília, 29 de mar. de 2017.

BRASIL. Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal –

(RIISPOA). Decreto nº 30.691, de 29 de março de 1952. Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento (MAPA). Departamento Nacional de Inspeção de Produtos de

Origem Animal. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, P. 154,

1952.

BUTTAR, H. S. et al. Health benefits of bovine colostrum in children and adults. Dairy in

human health and disease across the lifespan, p. 30-20, 2017.

CESARONE, M. R. et al. Prevention of influenza episodes with colostrum compared with

vaccination in healthy and high-risk cardiovascular subjects: the epidemiologic study inSan

Valentino. Clinical and Applied Thrombosis, v. 13, n. 2, p. 30-136, 2007. DOI:

10.1177/1076029606295957.

Page 24: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

24

CONNEELY, M. et al. Effect of feeding colostrum at different volumes and subsequent

numberof transition milk feeds on the serum immunoglobulin G concentration and health

status of dairy calves. Journal of Dairy Science, v. 97, p.6991-7000, 2014.

CONTE, F.; SCARANTINO, S. A study on the quality of bovine colostrum: physical,

chemical and safety assessment. International Food Research Journal, 20(2): 925-931

2013.

COSTA JÚNIOR, et al. Maturação de queijo minas artesanal da microrregião campo das

vertentes e os efeitos dos períodos secos e chuvosos. Revista Instituto Laticínios

Cândido Tostes, Juiz de Fora, v. 69, n. 2, p. 111-120, 2014. DOI: 10.14295/2238-

6416.v69i2.326.

DANG, A. K.; KAPILA, S.; Changes in colostrum of Murrah buffaloes after calving.

Tropical Animal Health and Production, v.41, p. 1213–1217, 2009.

DU MINGI et al. Protective effects of bovine colostrum acid proteins on bone loss of

ovariectomized rats and the ingredients identification. Molecular Nutrition Food

Research, v .55, p. 220–228, 2011.

DUFF, W. R. D. et al. The Effect of Bovine Colostrum Supplementation in Older Adults

During Resistance Training. International Journal of Sport Nutrition and Exercise

Metabolism, v.24, p.276 -285, 2014.

DZIK, S. et al. Properties of bovine colostrum and the possibilities of use. Polish Annals

of Medicine, 2017.

EGGER, Lotti; MÉNARD Olivia. Update on bioactive peptides after milk and cheese

digestion. Current Opinion in Food Science, v.14, p, 116–121, 2017.

FOX, P. F.; McSWEENEY, P. L. H. Chemistry and biochemistry of cheese and fermented

milks. In: ______. Dairy chemistry and biochemistry. London: Blackie Academic &

Professional, cap. 10, p. 403-418, 1998.

HOWARTH, G. S. et al. Milk growth factors enriched from cheese whey ameliorate

intestinal damage by methotrexate when administered orally to rats. Journal of Nutrition,

v. 126, p. 2519, 1996.

KATSUDA, M. S. et al. Aceitação sensorial de queijo minas padrão com teor de sódio

reduzido. In: Tópicos em Ciências e Tecnologia de Alimentos: Resultados de Pesquisas

Acadêmicas, ed. Blucher, v.4. p. 313-334. 2019. ISBN: 9788580393538, DOI

10.5151/9788580393538-12

KHAN, Z. et al. Use of the „nutriceutical‟, bovine colostrum, for the treatment of distal

colitis: Results from aninitial study. Aliment Pharmacol Ther, v. 16, p. 1917-1922, 2002.

KERKSICK, C.M.C. et al. Impact of differing protein sources and a creatine containing

nutritional formula after 12 weeks of resistance training. Nutrition, v. 23, p. 647-656,

2007.

Page 25: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

25

KEHOE, S. I.; JAYARAO, B. M.; HEINRICHS, A. J. Uma pesquisa da composição de

colostro bovino e práticas de manejo de colostro em fazendas de Pensilvânia. Journal

Dairy Science, v. 90, p.4108–4116, 2007.

KUMAR, R.; BHATIA, K. L. Purification, crystallization and preliminary X-ray 564

crystallographic analysis of lactoperoxidase from buffalo milk. Acta Crystallographica

D, v. 51, p.1094–1096, 1995.

LILIUS, E. M.; MARNILA, P. The role of colostral antibodies in prevention of microbial

infections. Current Opinion in Infectious Diseases, v. 14, p. 295-300, 2001.

MARTINS, J. M. Características físico-químicas e microbiológicas durante a

maturação do queijo Minas artesanal da região do serro. Viçosa: UFV, p. 158, 2006.

MADSEN, B. D. et al. Propriedades físicas de secreções mamárias em relação a

modificações químicas durante a transição de colostro a leite. Journal of Dairy Research,

v.71, p. 263–272, 2004.

MCGRATH, B. A; PATRICK F.; F.; MCSWEENEY, P. L. H.; KELLY, A. L.

Composition and properties of bovine colostrum: a review. Dairy Science & Technology.

DOI 10.1007/s13594-015-0258-x, v. 96, p.96:133–158, 2016.

MCCARTHY, O. J.; SINGH, K. Propriedades físico-químicas do leite: Química láctea

avançada, Springer, New York, v. 3, ed. 3, 2009.

MANZONI, P. Clinical Benefits of Lactoferrin for Infants and Children. J Pediatr, v.173,

p.43-52, 2016.

MENEZES et al.; Microbiota e conservação do leite. Revista Eletronica em Gestão,

Educação e Tecnologia Ambiental. ed. especial, v. 18, p. 76-89, 2014.

MOUTON, E.; ARYANA, K. Influence of Colostrum on the Characteristics of Ice

Cream. Food and Nutrition Sciences, v. 6 , p.480-484, 2015.

NARDONE, A. LACETERA, N., BERNABUCCI, U.;RONCHI, B. Composição do

colostro de novilhas leiteiras expostas a altas temperaturas do ar no final da gestação e

no período pós- parto precoce. Journal Dairy Science, v. 80, p.838–844, 1997.

ORDONEZ, J.A. Tecnologia de Alimentos. Alimentos de origem animal. Porto Alegre:

Artmed, ed. 1, v.2, 2005.

PITHAN, R. O. S.; Carlos BUENO, R. F. B.; SÁ, P. B. Z. R. Aspectos relativos à

produção de soro de leite no Brasil, 2007-2016. Informações Econômicas, v. 47, n. 2,

2017.

PLAYFORD, R. J. et al. Bovine colostrum is a health food supplement which prevents

NSAID induced gut damage. Gut, v. 44, p. 653-658, 1999.

Page 26: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

26

RATHE, M. et al. A. Clinical applications of bovine colostrum therapy: a systematic

review. Nutrition Reviews, v. 72 n.4 p. 237–254, 2014.

RIBEIRO, T. F. et al. RODA DE CONVERSA: MITOS E VERDADES SOBRE O

COLOSTRO. Revista da Universidade Vale do Rio Verde, Três Corações, v. 14, n. 1,

p. 24-33, 2016.

SAAD, K. et al. Effects of bovine colostrum on recurrent respiratory tract infections and

diarrhea in children. Medicine, v. 95, n. 37, p.175-185, set. 2016. Doi:

http://dx.doi.org/10.1097/md.0000000000004560

SAALFELD, M. H et al. Colostro: A redescoberta de um alimento saudável, nutritivo e

com potencial probiótico. Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável, v. 5, n. 2,

p. 18-24, 2012.

SAALFELD, M. H. A redescoberta de um alimento saudável, nutritivo e com potencial

probiótico. 2016. 72 slides Disponível em: https://www2.camara.leg.br/atividade-

legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/capadr/audiencias-publicas/audiencias-

publicas-2016/audiencia-publica-23-8-2016. Acesso 05 de outubro de 2020.

SAALFELD, M. H. Relatório Técnico para MAPA e ANVISA sobre uso de colostro e

derivados de colostro bovino para alimentação humana. Disponível em https://transforma.fbb.org.br/storage/socialtecnologies/268/files/RELATORIO%20COLOS

TRO%20ALIMENTACAO%20HUMANA%20%20MAPA%20E%20ANVISA%20FINA.

pdf. Acesso em 15 de agosto de 2018.

SARKER, S. A. et al. Successful treatment of rotavirus diarrhea in children with

immunoglobulin from immunized bovine colostrum. The Pediatric Infectious Disease

Journal, 17 (12), p. 1149-1154, 1998.

SATYARAJ, E. et al. Supplementation of diets with bovine colostrum influences immune

function in dogs. British Journal of Nutrition, p. 1-6, 2013.

SILVA, Emerson Gabriel dos Santos Oliveira. Caracterização do colostro bovino e sua

utilização na produção de iogurte tipo grego. Dissertação (Mestrado em Produção

Animal) - Escola Agrícola de Jundiaí, Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

Natal, 77f, 2019.

SILVA, A. M. et al. Conjuntura da pecuária leiteira no Brasil: Bovinocultura leiteira,

cadeia produtiva, agronegócio. Nutritime Revista Eletrônica, v.14, n.1, p. 4954-4958,

2017. ISSN: 1983-9006.

SPADOTI, L. M.; DORNELLAS, J. R. F.; ROIG, S. M. Proteolysis of prato type cheese

produced using ultrafiltration. Scientia Agricola, Piracicaba, v. 62, n. 3, p. 235- 239, 2005.

Page 27: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

27

Artigo

3. AVALIAÇÃO QUÍMICA, INSTRUMENTAL E SENSORIAL NA ACEITAÇÃO

DE QUEIJOS COM ADIÇÃO DE COLOSTRO BOVINO.

Page 28: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

28

RESUMO

O colostro caracteriza-se por apresentar percentuais de proteínas, gorduras, cinzas e sólidos

totais superiores ao leite, o que proporciona potencialidade para ser estudado para uso na

dieta humana, sobretudo na perspectiva atual de busca por alimentos com apelo de

saudabilidade. Portanto, visando o estímulo ao consumo de colostro e derivados lácteos com

adição de colostro, esta pesquisa foi realizada com o objetivo de desenvolver queijos frescos

e maturados com diferentes níveis de colostro bovino, realizar a sua caracterização físico-

química e avaliar sensorialmente a formulação mais aceita. Para elaboração dos queijos

frescos e maturados foram empregados leite e colostro ambos de vacas da raça Jersey. A

adição de colostro foi realizada ao nível de 15%, 20% e 25% do volume total. O tempo de

maturação variou entre 0, 10, 20, 30 e 40 dias. Foi realizada a caracterização físico-química

do leite e colostro. Os queijos foram avaliados quanto a composição centesimal, cor, perfil

de textura, rendimento em L/Kg, análise microbiológica e avaliação sensorial. A adição de

colostro favoreceu para alta umidade (46,0-54,9%) na maioria dos queijos produzidos, baixa

acidez e pH entre 5,03-6,23 e atividade de água de 0,94-0,99. Os queijos apresentaram

média luminosidade com predominância da cor amarelo. Foi observada uma tendência na

redução do valor de firmeza nos queijos com os maiores níveis de adição de colostro. Todas

as formulações de queijos avaliadas obtiveram Índice de Aceitabilidade acima de 70% para

todos os parâmetros sensoriais, inferindo uma boa aceitabilidade dos mesmos. Os queijos

apresentaram potencial para serem inseridos no uso da alimentação humana como forma de

aproveitamento do colostro excedente da produção. Sendo que, outros estudos se faz

necessário para avaliar a possível presença de compostos bioativos advindo do colostro nos

queijos.

Palavras-chave: Derivado lácteo; Composição centesimal; Cor; Perfil de textura; Avaliação

sensorial.

Page 29: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

29

ABSTRACT

Colostrum is characterized by having percentages of proteins, fats, ash and total solids

higher than milk, which provides the potential to be studied for use in the human diet,

especially in the current perspective of searching for foods with a healthy appeal. Therefore,

aiming to stimulate the consumption of colostrum and dairy derivatives with the addition of

colostrum, this research was carried out with the objective of developing fresh and matured

cheeses with different levels of bovine colostrum, carrying out its physical-chemical

characterization and sensorially evaluating the formulation more accepted. Milk and

colostrum were used to prepare fresh and matured cheeses, both from Jersey cows.

Colostrum was added at the level of 15%, 20% and 25% of the total volume. The maturation

time varied between 0, 10, 20, 30 and 40 days. The physical-chemical characterization of

milk and colostrum was carried out. The cheeses were evaluated for their chemical

composition, color, texture profile, yield in L / Kg, microbiological analysis and sensory

evaluation. The addition of colostrum favored high humidity (46,0-54,9%) in most cheeses

produced, low acidity and pH between 5,03-6,23 and water activity of 0,94-0,99. The

cheeses showed medium luminosity with a predominance of yellow color. There was a

tendency to reduce the firmness value in cheeses with the highest levels of colostrum

addition. All evaluated cheese formulations obtained an Acceptability Index above 70% for

all sensory parameters, inferring a good acceptability of them. The cheeses had the potential

to be included in the use of human food as a way of making use of the excess colostrum in

production. Other studies are necessary to evaluate the possible presence of bioactive

compounds from colostrum in cheeses.

Keywords: Dairy product; Centesimal composition; Color; Texture profile; Sensory

evaluation.

Page 30: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

30

1 INTRODUÇÃO

O colostro é a secreção produzida pela glândula mamária imediatamente após o parto

(MCGRATH et al., 2016). Além de conter muitos nutrientes essenciais em concentrações

superiores àquelas geralmente encontradas no leite maduro, constitui-se como uma rica fonte

de vitamina A com concentrações relativamente altas de caseínas e albuminas (FOLEY;

OTTERBY, 1978; MCGRATH et al., 2016). O que o diferencia do leite é a quantidade de

componentes bioativos (ADAR et al., 2012).

A exigência por alimentos mais saudáveis cresce a cada dia, com isso, aspectos

importantes relacionados à saúde dos consumidores é um desafio para a busca de alimentos

mais nutritivos e que beneficiem o sistema fisiológico e metabólico dos seres humanos. As

empresas de alimentos estão desenvolvendo suas linhas de produtos com foco principal na

promoção da saúde das pessoas (BELTRÃO et al., 2017). Nesse sentido alguns produtos à

base de colostro bovino foram desenvolvidos e já são comercializados como suplementos

alimentares em países como Nova Zelândia, Estados Unidos, Europa e China (CAO et al.,

2007).

Na área de desenvolvimento de produtos lácteos, a elaboração de queijos com adição

de colostro surge como uma inovação, além de propiciar possíveis benefícios advindos de

um queijo misto de leite e colostro. Assim, elaborar um derivado lácteo misto e caracterizá-

lo quanto aos aspectos físico-químicos permite fornecer informações importantes para área

de lácteos e inovação tecnológica no Brasil.

Nesse sentido, esta pesquisa foi conduzida com o objetivo de desenvolver queijos

frescos e maturados com adição de diferentes níveis de colostro bovino e realizar a sua

caracterização físico-química, instrumental, bem como avaliar a formulação mais aceita

sensorialmente.

2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Obtenção do leite e colostro

O leite e o colostro foram coletados em uma fazenda comercial localizada no

município de São Gonçalo do Amarante - Rio Grande do Norte, Brasil, entre os meses de

janeiro a novembro de 2019. O grupo experimental foi composto por 62 animais, sendo 30

primíparas e 32 multíparas da raça Jersey, manejadas em sistema Compost Barn. O colostro

Page 31: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

31

bovino de terceira ordenha com (24 horas) após o parto foi coletado em garrafas plástica

com capacidade de um litro, etiquetada e acondicionadas em caixas isotérmicas a uma

temperatura de 4 a 5 ºC, posteriormente foi transportado para o Laboratório de Qualidade do

Leite (LABOLEITE), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no Campus

Macaíba, onde foi congelado a temperatura de (-18 ºC). Para realização das análises físico-

químicas e elaboração dos queijos o colostro foi descongelado em câmara fria em

temperatura de refrigeração de 5 ºC.

2.2 Definição de grupos experimentais

Para elaboração dos queijos frescos e maturados, foram preparados cinco tratamentos

com amostra controle em cada um, sendo esta com 100% de leite, e três níveis de adição de

colostro 15, 20 e 25%.

Queijos Frescos (F)

F0, F15, F20 e F25, (queijos controle e com adição de 15, 20 e 25% de colostro

respectivamente).

Queijos Maturados por 10 dias (D)

D0, D15, D20 e D25 (queijos controle e com adição de 15, 20 e 25% de colostro

respectivamente).

Queijos Maturados por 20 dias (V)

V0, V15, V 20 e V25 (queijos controle e com adição de 15, 20 e 25% de colostro

respectivamente).

Queijos Maturados por 30 dias (T)

T0, T15, T20 e T25(queijos controle e com adição de 15, 20 e 25% de colostro

respectivamente).

Queijos Maturados por 40 dias (Q)

Q0, Q15, Q20 e Q25 (queijos controle e com adição de 15, 20 e 25% de colostro

respectivamente).

2.3 Análises físico-químicas do leite e colostro utilizados para fabricação dos queijos

O leite e o colostro foram submetidos a análises para a determinação de gordura,

proteína total, lactose, caseína, sólidos totais e extrato seco desengordurado em instrumento

Page 32: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

32

de absorção infravermelha (Dairy Spect®, Bentley Instruments Inc, Chaska, Minnesota,

USA). O pH das amostras de leite e colostro foi aferido com o auxílio de um medidor de pH

digital (Lucadema, São José do Rio Preto-SP, Brasil). A determinação de acidez foi aferida

de acordo com as normas do Instituto Adolfo Lutz (2008), com auxílio do Acidímetro de

Dornic (CAP-LAB, Ipiranga-SP, Brasil), o resultado foi expresso em g de ácido láctico/100

mL.

2.4 Elaboração dos queijos frescos e maturados com e sem adição de colostro bovino

Para o processamento térmico, foram utilizadas misturas de leite e colostro bovino nas

proporções 100:0, 85:15, 80:20 e 75:25 (v:v, leite:colostro), as quais, foram submetidas à

temperatura de 60 ºC por 45 min., conforme processo realizado por Das e Seth (2017).

Em seguida, as misturas foram arrefecidas a 37 °C para adição dos ingredientes, sendo

acrescentada a cultura láctea mista (Lactoccocus lactis subsp. Lactococcus lactis subsp.

cremoris, Streptococcus salivarius subsp. thermophilus) na proporção de (0,6 mL/10 litros),

seguido de repouso por 30 min. para ativar a cultura láctea. Posteriormente, foram

acrescentados o cloreto de cálcio e a enzima (coalho), com posterior homogeneização,

seguida de coagulação, sob repouso por 40 a 60 minutos. A massa foi então cortada no

sentido vertical e horizontal com posterior mexedura e aquecimento a 45 ± 1°C para manter

as bactérias lácticas, seguido das etapas de dessoramento, salga (0,9 % de cloreto de sódio),

enformagem (em formas com dessoradores) e prensagem em prensa manual. Após 1h de

prensagem, foi realizada a viragem dos queijos, sendo repetidas mais duas viragens no

tempo total de prensagem que durou em média 4 horas. Os queijos frescos foram embalados

a vácuo no dia seguinte após fabricação.

Na etapa de maturação os queijos foram desenformados e acondicionados em bandejas

plásticas, armazenadas em câmara fria a 5 °C e com umidade relativa do ar a 75%, sendo

realizada a viragem dos mesmos diariamente para a formação uniforme da casca e para que

a própria secagem do queijo ocorresse de maneira homogênea. Os tempos de maturação

empregados foram de 10, 20, 30 e 40 dias. Após completarem a fase de maturação proposta

os queijos foram embalados a vácuo. A Figura 1 apresenta as etapas do processo de

fabricação dos queijos.

As etapas de produção dos queijos seguiram as normas da Instrução Normativa nº. 146

(BRASIL, 1996). O fluxograma de produção pode ser observado na Figura 1.

Page 33: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

33

Figura 1. Fluxograma de produção dos queijos frescos com diferentes adições de colostro.

2.5 Avaliação da composição química de queijos frescos e maturados

Proteína

A análise de proteína foi baseada no procedimento de Kjeldahl (AOAC, 1970). O fator

de conversão utilizado foi 6,38 sendo este, específico para proteínas de produtos lácteos.

Sólidos totais

Acondicionamento (5 ºC)

Embalagem a vácuo

Desenformagem

Prensagem/ viragem

Enformagem

Salga (0,9%)

Dessoragem

Mexedura e aquecimento (45 ºC)

Verificação do ponto da coalhada

Coagulação (40 - 50 min.)

Adição de cultura láctea (repouso por 30 min.)

Arrefecimento (37 ºC)

Tratamento térmico (60ºC/45 min)

Preparo das Formulações (0, 15, 20 e 25%) de colostro

Leite e colostro filtrados

Page 34: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

34

As análises foram realizadas com base nas normas do Instituto Adolfo Lutz (2008).

Cadinhos previamente higienizados e codificados foram colocados em estufa (Lucadema,

São José do Rio Preto-SP, Brasil) a 105 ºC por duas horas. Após esfriar em dessecador

foram pesados e adicionados 3g de amostra. Em seguida, levados a estufa a 105 ºC durante 6

horas. Depois de esfriar em dessecador foram repesados. A percentagem de sólidos totais foi

dada pela seguinte equação:

100× )(

1001

2

P

RPST

(1)

Onde, ST é a percentagem de sólidos totais (%), P1 é o peso inicial da amostra (g), P2

representa o somatório dos pesos do cadinho e da amostra (g) e R o repeso (g).

Gordura

Para análise de gordura foi utilizado o método butirómetrico conforme a Instrução

Normativa nº 68, emitida pelo Mapa, de 2006 (BRASIL, 2006), sendo necessário realizar

algumas adaptações na metodologia. Para isso, 3g de amostra de queijo macerado foram

pesados no Butirômetro de Gerber apropriado para análise de queijo, e adicionados 9 mL de

água destilada em temperatura ambiente, em seguida foram transferidos 10 mL de ácido

sulfúrico, e 1mL de álcool isoamílico e realizada a limpeza da borda do butirômetro com

papel toalha. Depois de acoplada a rolha e cuidadosa vedação, os butirômetros foram

agitados vagarosamente até a diluição total da amostra. Em seguida foram colocados em

Centrifuga modelo 08 BT, capacidade para 08 butirômetros (ITR-KCEN, Porto Alegre-RS,

Brasil) por 10 min. a 1200 rpm. Os resultados expressos em porcentagem de gordura foram

calculados de acordo com as leituras obtidas nos butirômetros.

Gordura no extrato seco total (GES)

A gordura no extrato seco total é expressa em porcentagem, o resultado foi

determinado por meio do cálculo da seguinte equação:

(2)

Page 35: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

35

Onde, G é o nº de g de gordura por cento m/v, ST é o nº de g de sólidos totais m/v,

(IAL, 2008).

Cinzas

A análise de cinzas foi obtida com base nas normas do Instituto Adolfo Lutz (2008).

Cadinhos previamente higienizados e identificados foram colocados em estufa ((Lucadema,

São José do Rio Preto-SP, Brasil), por uma hora. Após esfriar em dessecador, foram pesados

e adicionados 3g de amostra. Em seguida foram submetidos a mufla (Quimis, Diadema-SP,

Brasil) a 600 ºC por 4 horas e depois de esfriar, repesados. O percentual de cinzas foi dado

pela seguinte equação:

100×B

RCCi

(3)

Onde Ci significa teor de cinzas (%), R peso do cadinho (g), B amostra (g) e C repeso

(g).

Umidade

Consiste na secagem de uma alíquota da amostra, a uma temperatura determinada

(105 ºC), até massa constante e pesagem para determinação da perda de massa de umidade e

voláteis. Foram colocadas cápsulas de porcelana identificadas na estufa durante uma hora a

temperatura de 105 ºC, após esse período as cápsulas foram transferidas para um dessecador.

Identificadas às cápsulas, seguiu-se com a pesagem em balança analítica. Pesou-se 3g da

amostra diretamente nas cápsulas, as quais em seguida foram levadas à estufa (Lucadema,

São José do Rio Preto-SP, Brasil), a 105 ºC, a primeira pesagem foi realizada com 6 horas,

seguido de tal procedimento até atingir o peso constante que durou 24 horas (IAL,2008).

(4)

Onde, PC = peso do cadinho, PA = peso do cadinho mais amostra, PF = peso final.

100×PA

PFPAPCU

Page 36: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

36

pH

A determinação de pH ocorreu por meio de pHmetro digital (Lucadema, São José do

Rio Preto-SP, Brasil), calibrado previamente com soluções tampão pH 4,0 e 7,0, de acordo

com as normas do Instituto Adolfo Lutz (2008).

Acidez em ácido láctico

A determinação de acidez foi aferida de acordo com as normas do Instituto Adolfo

Lutz (2008). Aproximadamente 10 g da amostra foi pesada e transferida para um balão

volumétrico de 100 mL, o volume foi completado com álcool a 95%, neutro, ficando em

contato por 6 horas. As amostras foram filtradas e tomadas alíquotas de 10 mL, adicionado

de 5 gotas da solução de fenolftaleína foram tituladas com solução de hidróxido de sódio 0,1

M, até coloração rósea com auxílio do Acidímetro de Dornic (CAP-LAB). A porcentagem

de ácido láctico por cento m/m foi dada pela seguinte equação:

(5)

Onde V = n° de mL de solução de hidróxido de sódio 0,1 M gasto na titulação, f =

fator da solução de hidróxido de sódio 0,1 M, A = n° de g da alíquota da amostra usado na

titulação.

Carboidrato (CHO)

O carboidrato foi cálculo pela formula a seguir:

(6)

Sendo CHO o teor de carboidrato, U o teor de umidade, G o teor de gordura, P o teor

de proteína e Ci o teor de cinzas (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 20 08).

Energia metabolizável total (EMT)

Page 37: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

37

A energia metabolizável total foi calculada pelos fatores de conversão de Atwater,

conforme a formula a seguir:

(7)

Onde EMT energia metabolizável total, P o teor de proteína, 4 o teor de carboidrato e

9 o teor de gordura (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 2008).

Atividade de água

A atividade de água das amostras foi verificada em triplicata, de maneira direta,

através do equipamento (LabSwift-Novasina, Piracicaba-SP, Brasil). Adicionaram-se as

amostras em cápsulas, colocando-as diretamente no aparelho, com posterior leitura.

2.6 Análise colorimétrica

A cor dos queijos foi analisada por método instrumental, com uso de colorímetro

modelo ACR-1023® (Instrutherm, São Paulo, Brasil), no sistema RGB e convertido em

CIELAB pelo programa OpenRGB®

(Logicol, Itália). Foram realizadas leituras das

coordenadas L*, que expressa luminosidade da cor (L* = 0, preto; L* = 100, branco), sendo

que a* e b* referem-se às coordenadadas de cromaticidade a* representa o grau de variação

entre o verde e o vermelho (a* negativo = verde; a* positivo = vermelho), e b*, que expressa

tonalidade entre azul e amarelo (b* negativo = azul; b* positivo = amarelo) (PATHARE et

al., 2013). As leituras da colorimetria foram realizadas no centro geométrico dos queijos em

triplicata com o aparelho previamente calibrado.

2.7 Análise de perfil de textura

A análise do perfil de textura (Texture Profile Analysis - TPA) foi realizada em

texturômetro universal (TA-XT plus, Stable MicroSystems, Inglaterra) equipado com

software Exponent Stable MicroSystems integrado, com utilização da sonda P-36R. Foram

analisados os parâmetros de firmeza, coesividade, mastigabilidade e resiliência. Para cada

amostra foram realizadas quatro repetições.

A firmeza instrumental é definida como o pico positivo de força durante o primeiro

ciclo de compressão. A mastigabilidade é o tempo necessário para mastigar a amostra a uma

Page 38: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

38

taxa constante de aplicação de força para reduzi-la a uma consistência adequada à

deglutição. A coesividade é a extensão que o material pode ser deformado antes da ruptura.

Resiliência é a propriedade que caracteriza a facilidade que um corpo tem de retornar a

forma original, depois de sofrer compressão elástica (CIVILLE; SZCZESNIAK, 1973;

BAYER et al., 2019).

2.8 Rendimento: relação de litros de leite e colostro para produção de um Kg de queijo.

Os rendimentos resultantes da elaboração dos queijos foram mensurados pela relação

entre a quantidade de litros de leite necessários para a fabricação de um quilograma de

queijo L/Kg, ou seja, dividiu-se a quantidade total de leite utilizada pela produção final

obtida em quilos (GRACIOLI et al.; 2013).

2.9 Análises microbiológicas higiênico-sanitárias como prévia para realização das

análises sensoriais.

As diferentes formulações da mistura de (leite: colostro) foram submetidas às análises

de coliformes totais e termotolerantes (NMP/g) após o processo de pasteurização para

verificar a qualidade higiênico sanitária após a pasteurização (BRASIL, 2019).

As diferentes formulações de queijos frescos foram submetidas às análises de

coliformes termotolerantes (NMP/ g), bolores e leveduras, estafilococos coagulase positiva

(Staphylococcus aureus), Listeria monocytogenes e Salmonella spp. (APHA, 2005). Os

resultados avaliados tiveram como embasamento a Portaria n° 146 (BRASIL, 1996), a

Resolução RDC12/2001 (BRASIL, 2001), a Instrução Normativa nº 60 de 23 de dezembro

de 2019, a Resolução RDC 331/2019, ambas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária

para determinação da qualidade microbiológica de queijos.

2.10 Análise sensorial

Testes sensoriais hedônicos foram realizados por um painel de 93 provadores,

voluntários não treinados de ambos os gêneros, os quais foram recrutados dentre discentes e

servidores da Escola Agrícola de Jundiaí- EAJ/UFRN, no município de Macaíba-RN.

Os avaliadores que aceitaram participar da analise sensorial, receberam o termo de

consentimento livre esclarecido (TCLE) contendo os objetivos e procedimentos do estudo.

Page 39: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

39

Os testes aconteceram em cabines individuais nos horários de 08:30 às 12:00 horas, e os

parâmetros avaliadas foram aparência, cor, aroma, textura, sabor e aceitação global, com

emprego de escala hedônica de 9 pontos, variando de desgostei muitíssimo (1) a gostei

muitíssimo (9). As amostras de queijos frescos foram servidas em copos plásticos de 50 mL,

e oferecidos biscoito do tipo „água e sal‟ e água em temperatura ambiente para que o

participante pudesse fazer a limpeza do palato entre a avaliação das amostras.

Os queijos também foram avaliados quanto à intenção de compra. Para isso, na mesma

ficha da avaliação sensorial, foi apresentada uma escala de cinco pontos (5 = certamente

compraria, 1 = certamente não compraria) numérica e nominal.

Para o Índice de Aceitabilidade (IA) foi levado em consideração a determinação de

Dutcosky (2013), que classifica um produto com boa aceitabilidade quando as médias dos

valores das propriedades sensoriais são superiores a 70%.

( )

(9)

Onde: IA= Índice de Aceitabilidade; M= média aritmética das notas atribuídas ao parâmetro;

maior nota= maior nota atribuída pelos provadores ao parâmetro em análise.

2.11 Análises estatísticas

As médias e desvios padrões foram calculados a partir dos resultados experimentais

alcançados. As diferenças entre grupos foram determinadas através da análise de variância

(ANOVA), com auxílio do software R, versão 3.5.0, utilizando o pacote “Agricolae”,

complementada pelo teste de Tukey com nível de 5% de significância.

O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado com quatro tratamentos e três

repetições das análises físico-químicas e instrumentais. Os dados de composição foram

submetidos à análise de variância (ANOVA), complementada pelo teste de Tukey (p <

0,05), com auxílio do software SAS versão 9.0 (SAS, Carolina do Norte, Estados Unidos).

Os resultados dos testes de aceitabilidade dos atributos sensoriais e intenção de compra

foram avaliados mediante teste de Dunnet, que comparou os tratamentos com adição de

colostro com a amostra controle.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Page 40: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

40

Nesta pesquisa, foi utilizado o colostro de terceira ordenha para elaboração dos queijos

devido a sua estabilidade térmica, tendo em vista que, outros testes foram realizados com

colostro de segunda ordenha e este não suportou o tratamento térmico de 60º/45 minutos.

O leite utilizado para fabricação dos queijos apresentou composição físico-química

dentro dos padrões legais determinados pela Instrução Normativa nº 76 (IN 76) do

Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), conforme observado na

Tabela 2.

Tabela 2. Teores médios da composição físico-química do leite e colostro bovino da raça

Jersey.

Composição Leite Jersey Colostro

Gordura (% m/v)

Proteína (% m/v)

Lactose (% m/v)

Caseína (% m/v)

SNG (% m/v)

ST (% m/v)

5,40 ± 0,01a

3,87 ± 0,01b

5,34 ± 0,01a

3,02 ± 0,01b

10,02 ± 0,01b

15,42 ± 0,01a

4,05 ± 0,01b

15,20 ± 0,01a

1,48 ± 0,01b

12,07 ± 0,01a

17,46 ± 0,14a

21,52 ± 0,01b

Acidez (g ác. lático/100 mL)

pH

0,18 ± 0,01b

6,80 ± 0,01a

0,25 ± 0,01a

6,40 ± 0,01b

SNG: Sólidos não gordurosos; ST: Sólidos totais. Médias com letras distintas na mesma

linha diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05).

Os valores médios da composição do colostro são mais elevados quando comprados

com leite, exceto a lactose que em oposição aos demais componentes, apresentou menor

concentração. Estudos realizados por Conte e Scarantino (2013) relataram que há um

aumento gradual nos valores de lactose no decorrer da lactação. Sobczuk-Szul et al. (2013)

encontraram 23,34% para sólidos não gordurosos em colostro de vacas Jersey, valor superior

ao encontrado neste estudo para este componente (17,46%). Morrill et al. (2012) observaram

valores de 23% para sólidos totais no colostro de vacas Jersey, os quais são ligeiramente

superiores àqueles encontrados neste trabalho (21,52 %).

Em relação ao teor de proteínas, Oliveira e colaboradores (2018) relatam que a sua

elevada concentração no colostro está relacionada a maior quantidade de caseína e

imunoglobulinas, essas imunoglobulinas possuem a função de proteger o bezerro de diversas

doenças, até que seu organismo seja capaz de desenvolver suas próprias células de defesa.

As médias de pH e acidez aferidas no colostro foram de 6,4 e 0,25% de ácido láctico,

respectivamente. O pH deste estudo foi maior do que o encontrado por Saalfeld et al. (2012)

com pH de 6,29, já o valor de acidez foi semelhante àquele que os autores reportaram para

colostro com 24 horas pós-parto (0,25 g de ácido láctico/100 mL). Esta acidez

Page 41: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

41

provavelmente tem relação com os sólidos não gordurosos como: albumina, caseínas e

fosfatos, de maneira que a acidez será mais elevada quanto maior o conteúdo proteico do

colostro (SAALFELD et al., 2012). Nardone et al. (1997) também observaram uma maior

acidez titulável para o colostro em relação ao leite e relataram uma correlação positiva com

o teor de proteína. A Tabela 3 apresenta a composição físico-química dos queijos fabricados

neste experimento.

Tabela 3. Composição físico-química dos queijos com diferentes níveis de colostro bovino

(0, 15, 20 e 25%) maturados por 10, 20, 30 e 40 dias (Média ± DP, n=20).

Tratamentos Umidade

(g/100g)

Cinzas

(g/100g)

GES

(g/100g)

Proteínas

(g/100g)

F0 47,52 ± 0,16i 2,95 ± 0,00

ij 41,09 ± 5,52

bc 22,24 ± 0,21

a

D0 46,59 ± 0,29ij 3,53 ± 0,05

efgh 31,00 ± 1,91

fghi 25,48 ± 0,57

a

V0 44,77± 0,11k 3,34 ± 0,06

ghi 47,36 ± 0,98

ab 23,06 ± 1,32

a

T0 37,15 ±0,45m

2,86 ± 0,12j 50,23 ± 1,39

a 20,92 ± 0,28

a

Q0 49,1± 0,171h 3,96 ± 0,04

cde 32,60 ± 0,19

efghi 23,97 ± 0,49

a

F15 56,98 ± 0,22b 3,44 ± 0,01

fgh 26,24 ± 1,33

hij 25,30 ± 0,16

a

D15 51,00 ± 0,13f 3,32

± 0,08

ghi 32,58 ± 0,08

efghi 23,45 ± 017

a

V15 52,41 ± 0,41de

3,63 ± 0,01defgh

38,40 ± 0,96cde

26,07 ± 2,40a

T15 43,33 ± 0,56l 4,33 ± 0,17

bc 33,31 ± 2,81

defgh 24,98 ± 0,77

a

Q15 45,99 ± 0,19j 4,92

± 0,02

a 26,87

± 1,32

hij 24,0 ± 0,49

a

F20 63,22 ± 0,16a 3,21 ± 0,02

hij 31,56 ± 1,52

efghi 24,66 ± 0,25

a

D20 54,58 ± 0,11c 4,01

± 0,09

cd 21,21 ± 0,65

j 23,45 ± 0,33

a

V20 47,48 ± 0,37i 3,85 ± 0,03

def 35,65 ± 0,34

cdefg 25,58 ± 0,05

a

T20 50,53 ± 0,38fg

3,69 ± 0,05 j 37,17 ± 1,87

cdef 23,04 ± 0,45

a

Q20 49,42 ± 0,11h 3,84

± 0,09

def 35,13 ± 0,29

cdefg 25,40 ± 0,23

a

F25 57,13 ± 0,69b 3,23± 0,12

hij 40,29 ± 3,89

bcd 24,73 ± 1,51

a

D25 53,06± 0,12d 3,45 ± 0,02

ghj 32,68 ± 3,18

efghi 23,83 ± 0,63

a

V25 51,49 ± 0,14ef

4,90 ± 0,55a 25,42 ± 3,16

ij 23,22 ± 0,25

a

T25 49,95 ± 0,07gh

4,51± 0,02ab

34,74 ± 4,16cdefg

21,52 ± 0,64a

Q25 51,31 ± 0,27f 3,53 ± 0,01

efgh 29,65 ± 1,18

ghi 25,0 ± 0,44

a

0 (controle), 15, 20 e 25 (Queijos com adição de 15, 20 e 25% de colostro respectivamente). F- Fresco;

D- maturado por 10 dias; V- maturado por 20 dias; T- maturado por 30 dias; Q- maturado por 40 dias.

GES- Gordura no Extrato Seco Total. Médias com letras distintas na mesma coluna diferem entre si

pelo teste de Tukey (p<0,05).

Conforme a composição físico-química dos queijos fabricados neste experimento, os

resultados de umidade (Tabela 3) variaram de 63,22 a 37,15 as formulações de queijos

frescos com 15, 20 e 25% de colostro, respectivamente, foram classificadas como queijos de

muito alta umidade, por apresentarem umidade superior a 55,0%. Porém a amostra controle

do tratamento fresco e todas as formulações dos queijos maturados por 10 dias obtiveram

Page 42: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

42

teores variando de 46,0 a 54,9%, sendo, portanto, classificados como queijos de alta

umidade (BRASIL, 1996). Houve diferenças (p<0,05) de umidade entre as amostras

conforme o nível de colostro adicionado e o tempo de maturação.

Os queijos controles maturados por 20 e 30 dias e as amostras com 15% de colostro,

maturadas por 30 e 40 dias, respectivamente (Tabela 3), estão dentro dos padrões para

queijos de média umidade, com percentual dentro dos limites de 35,0 a 45,9%. No entanto,

os queijos com adição de colostro, maturados por 20 dias, e as amostras com 20 e 25 % de

colostro com maturação de 30 e 40 dias, e a amostra controle com 40 dias, se caracterizaram

como queijos de alta umidade (46,0 a 54,9%) (BRASIL, 1996).

O teor de umidade nos queijos está diretamente ligado ao tempo de maturação, à

pressão da prensagem e ao tipo de salga aplicado. Queijos com pouco tempo de maturação

tendem a ser mais úmidos do que queijos com tempo de maturação maior (LOUVATEL;

DEGENHARDT, 2016). Roig et al. (2003) e Santos et al. (2011) ao avaliarem a

caracterização físico-química de queijo de coalho produzido com leite de vaca observaram

que a alta umidade dos queijos se devia à maior presença de proteínas do soro desnaturadas,

decorrentes do uso do calor no processo de pasteurização. Ao analisar o índice de umidade

neste estudo, este efeito pode ter ocorrido nas formulações dos queijos com adição de

colostro que obtiveram os teores de umidade mais elevados. Outra explicação para a

diferença na umidade dos queijos, de acordo Souza e Saad (2009) e Santos et al. (2011),

estaria relacionada ao pH, pois a concentração de íons de hidrogênio leva à redução das

forças repulsivas e consequente aumento da agregação das micelas de caseína, o que pode

explicar a menor retenção de umidade nos queijos controle.

Os tratamentos com adição de 15 e 25% de colostro, maturados por 40, 20 e 30 dias

(Q15, V25 e T25), apresentaram os maiores valores de cinzas, sendo observado que a adição

de colostro e o processo de maturação promoveram maior concentração deste componente.

Foram verificadas diferenças significativas (p<0,05) entre as diferentes adições de colostro,

bem como dos tratamentos testados (p<0,05). As amostras de queijos com adição de

colostro, apresentaram teor médio superior àqueles encontrados por Assunção et al. (2018),

que verificaram médias de 3,02 a 3,24% de cinzas em queijos de coalho.

Os queijos controles frescos maturados por 20 e 30 dias foram os que apresentaram os

maiores percentuais de GES com diferenças significativas (p<0,05) entre os tratamentos. A

amostra de queijo com 20% de colostro maturado por 10 dias apresentou menor teor de

lipídios e consequentemente isso refletiu no resultado de GES, que foi de 21,21 %, sendo o

menor percentual de todos os tratamentos para este componente. Assim, essa amostra foi

Page 43: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

43

classificada como queijo magro, que contém entre 10,0 e 24,9 % de gordura (BRASIL,

1996). As amostras controles dos tratamentos com 20 e 30 dias de maturação se

classificaram como queijos gordos, por apresentaram gordura no extrato seco dentro dos

limites de 45,0 a 59,9 %. Os demais queijos Controles fresco, maturados por 10 e 40 dias

com 20% de colostro fresco, e os maturado por 20, 30 e 40 dias, respectivamente, além de

todos os tratamentos com 15 e 25% de colostro, se classificaram como dentro dos critérios

para queijos semigordos, que incluem queijos com matéria gorda no extrato seco entre 25,0

e 44,9% (BRASIL, 1996).

Foi observado que a adição de colostro não influenciou para o aumento de GES dos

queijos produzidos. Este padrão de análise de GES é uma maneira mais eficiente de avaliar a

gordura quando expressa em relação ao extrato seco total (EST) devido a variações que

possam vir a ocorrer com a perda de umidade (EMBRAPA, 2018).

Isto pode ser justificado pelo alto teor de gordura (5,40 %) do leite que foi utilizado

para elaboração dos queijos, que resultou em um nível mais elevado deste componente nos

queijos controles, enquanto que a adição de colostro, pelo mesmo possuir menor teor de

gordura (4,05 %) que o leite utilizado, contribuiu para um menor teor de gordura nos queijos

com adição de colostro.

Conforme Foley e Otterby (1978), a gordura do colostro bovino pode variar em

relação ao número de ordenhas para valores de 6,7 % pós-parto, 5,4 % com 24 horas e 3,9 %

com 72 horas. Os teores de gordura encontrados por Raimondo et al., (2009) em vacas da

raça Jersey nos primeiros três dias de lactação, oscilaram de 1,35 ± 1,17 g/dL entre 1 e 2

dias de lactação e 3,09 ± 2,19 g/dL nos primeiros três dias de lactação. Portanto, acredita-se

que a variação de gordura foi responsável pela redução nos percentuais de lipídeos nos

queijos com adição de colostro.

A redução do índice de lipídios observada nos queijos com adição de colostro pode ser

justificada pelo teor de lipídios encontrado no leite in natura utilizado na fabricação dos

queijos que obteve média de 5,4% enquanto o percentual deste componente no colostro de

24 horas foi de 4,05%. Como também pela obtenção e formação da coalhada mais frágil, que

segundo Sousa et al., (2014), afetam a habilidade de reter gordura, influenciando a

composição centesimal.

Os teores de proteínas das formulações de queijos não diferiram estatisticamente,

embora o percentual tenha sido ligeiramente inferiores nas amostras sem adição de colostro.

Isto pode ser justificado pelo maior teor de proteínas do soro contidos no colostro e menor

proporção deste no leite (SGARBIERI, 2004). Sendo assim, a adição de colostro leva ao

Page 44: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

44

aumento do teor de proteínas, apesar de não ter sido observada diferença significativa. Estes

dados corroboram com o estudo de Silva (2019) em iogurte tipo grego elaborado com

diferentes níveis de colostro, o autor observou elevação gradual do índice de proteína, porém

as diferenças não foram estatisticamente significativas. Ainda segundo o mesmo autor, o

enriquecimento do leite com adição de colostro pode favorecer a produção de derivados

lácteos com maior concentração proteica. A Tabela 4 a seguir expõe os resultados de acidez

titulável, pH e atividade de água dos queijos.

Tabela 4. Parâmetros físico-químicos de acidez, pH e atividade de água (Aw) dos queijos

fabricados com diferentes níveis de colostro bovino (0, 15, 20 e 25%) maturados por 10, 20,

30 e 40 dias (média ± DP).

0 (controle), 15, 20 e 25 (Queijos com adição de 15, 20 e 25% de colostro respectivamente). F- Fresco; D-

maturado por 10 dias; V- maturado por 20 dias; T- maturado por 30 dias; Q- maturado por 40 dias. Médias

com letras distintas na mesma coluna diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05).

A acidez titulável, expressa em percentual de ácido láctico (Tabela 4) apresentou

valores baixos (0,02% a 0,08%), diferente dos valores encontrados no trabalho de Sousa et

al., (2014) para queijo de coalho (0,12 a 1,01%). O mesmo autor ressalta que, a acidez

Tratamentos PARÂMETROS

Acidez (g/100g) pH Aw

F0 0,04 ± 0,00bcd

5,39 ± 0,02ghi

0,95 ± 0,01bc

D0 0,04 ± 0,01bcd

5,65 ± 0,08bcd

0,95 ± 0,01bc

V0 0,05 ± 0,00 abcd

5,50 ± 0,02efg

0,99 ± 0,01a

T0 0,05 ± 0,01abc

5,18 ± 0,02k 0,97 ± 0,00

abc

Q0 0,08 ± 0,01a

5,22 ± 0,02jk

0,97 ± 0,00abc

F15 0,03 ± 0,01 cd

5,61 ± 0,09cd

0,96 ± 0,01abc

D15 0,02 ± 0,00d

5,24 ± 0,03jk

0,95 ± 0,02abc

V15 0,03 ± 0,01cd

5,68 ± 0,00bc

0,96 ± 0,01abc

T15 0,06 ± 0,01ab

5,55 ± 0,01def

0,98 ± 0,00ab

Q15 0,08 ± 0,01a 5,30 ± 0,02

ij 0,94 ± 0,01

c

F20 0,04 ± 0,00bcd

5,73 ± 0,01 ghi

0,97 ± 0,01abc

D20 0,04 ± 0,02abcd

5,57 ± 0,03 cde

0,96 ± 0,00abc

V20 0,02 ± 0,00d 5,48 ± 0,02

efg 0,97 ± 0,02

abc

T20 0,06 ± 0,01abc

5,36 ± 0,01

hi 0,98 ± 0,00

ab

Q20 0,03 ± 0,01cd

5,03 ± 0,01 lm

0,96 ± 0,02abc

F25 0,02 ± 0,00d 6,23 ± 0,01

a 0,95 ± 0,03

bc

D25 0,04 ± 0,01bcd

5,14 ± 0,01kl

0,95 ± 0,01bc

V25 0,02 ± 0,00d 5,46 ± 0,00

fgh 0,96 ± 0,00

abc

T25 0,05 ± 0,00abcd

5,61 ± 0,02cd

0,98 ± 0,00ab

Q25 0,03 ± 0,01bcd

5,02 ± 0,01m

0,95 ± 0,01bc

Page 45: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

45

decorrente da produção de ácido lático tem influência direta no pH e na expulsão de soro da

massa durante a fabricação. Além disso, a acidez é um parâmetro que pode influenciar a

textura de queijos (MAMEDE et al., 2010), a atividade microbiana e a maturação (SOUSA

et al., 2014). Sendo assim, a baixa acidez titulável observada nesse estudo reflete nos valores

de pH encontrados nas formulações dos queijos.

As médias de pH dos queijos (Tabela 4), variaram de 5,02 a 6,23, para as amostras

com 25% de colostro maturado por 40 dias e fresco, respectivamente. No tratamento dos

queijos frescos (F0, F15, F20 e F25), o pH aumentou gradativamente à medida em que se

aumentou o percentual de colostro. O que pode ter sido ocasionado pela ação antimicrobiana

do colostro que possivelmente afetou a ação das bactérias lácticas adicionadas aos queijos,

bem como a quantidade de cultura láctea mista adicionada nas formulações que pode não ter

sido o suficiente para exercer a função de uma melhor fermentação. O que se faz necessário

um estudo mais completo para analisar a ação das bactérias lácticas no processo

fermentativo dos queijos com adição de colostro.

Sabe-se que, queijos que apresentam índices elevados de atividade de água são mais

suscetíveis ao elevado desenvolvimento microbiano (SOUSA et al., 2014), portanto a

atividade é inversamente proporcional à durabilidade dos queijos. Neste estudo observaram-

se valores de atividade de água entre 0,94 a 0,99 (p<0,05).

A lactose é o principal carboidrato encontrado no leite. É constituída por dois

monossacarídeos, glicose e galactose, caracterizando um dissacarídeo. Na indústria de

alimentos a lactose merece destaque na fabricação de iogurtes e queijos (fermentação da

lactose), a qual é essencial na obtenção de produtos lácteos fermentados (ORDÓÑEZ,

2005).

A Tabela 5 apresenta os resultados de carboidratos e energia metabolizável total que

variaram de 0 a 10,26 e 203,58 a 409,96, respectivamente. Houve variações nos valores de

CHO e EMT. Os queijos com 15 e 25% de colostro maturado por 40 e 20 dias,

respectivamente, obtiveram os maiores percentuais de carboidratos, o que provavelmente

pode ter ocorrido devido à baixa fermentação dos queijos, isto também pode ser observado

pela análise de acidez e que possivelmente pode ter sido influenciada pela ação

antimicrobiana do colostro.

Considerando-se os fatores de conversão de Atwater observou-se que os queijos com

adição de colostro apresentaram menor energia metabolizável total do que os queijos

controles, variação esta que pode ser compreendida pela redução do teor de gordura nas

formulações de queijos com adição de colostro.

Page 46: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

46

Tabela 5. Carboidrato Total e Energia Metabolizável Total de queijos controles e

maturados.

0 (controle), 15, 20 e 25 (Queijos com adição de 15, 20 e 25% de colostro

respectivamente). F- Fresco; D- maturado por 10 dias; V- maturado por 20 dias; T-

maturado por 30 dias; Q- maturado por 40 dias.

Foi verificado que a variação do teor de colostro na fabricação de queijos resultou em

modificações nas características de cor dos produtos finais (Tabela 6). Em geral os queijos

desse estudo apresentaram média luminosidade (L*), com predominância da cor amarelo

(b*) sobre o componente verde (a*). Assim os queijos foram caracterizados como branco e

amarelo, se assemelhando as características de queijo coalho.

Os valores de luminosidade L* variaram de 38,24 a 83,44. O valor de a* negativo

representa a intensidade da cor verde, enquanto o valor positivo remete à cor vermelho. Os

valores de b* variaram de 7,61 a 34,04, representam a intensidade da cor amarelo.

Tratamentos CHO

(g/100g)

EMT

(Kcal g/100g)

F0 5,63

306,42

D0 7,74 282,82

V0 2,17 340,86

T0 5,07 409,96

Q0 5,97

272,76

F15 2,90 205,22

D15 6,23

262,72

V15 0 269,25

T15 7,94 301,01

Q15 10,26 270,51

F20 0 203,58

D20 8,30 213,94

V20 4,76 286,33

T20 3,58 278,92

Q20 3,34 276,96

F25 0 254,89

D25 4,33 250,61

V25

T25

8,06

6,69

236,09

268,81

Q25 5,33 254,79

Page 47: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

47

Tabela 6. Determinações de coloração nas amostras de queijos (média ± DP).

QUEIJOS L* a* b*

F0

D0

V0

T0

Q0

65,80 ± 7,87

bcde

62,38 ± 1,89cde

64,65 ± 3,13bcde

68,55 ± 0,45bcd

75,66 ± 0,66ab

-6,83 ± 8,78

b

-5,57 ± 5,13

b

7,21 ± 8,62ab

-3,60 ± 2,54b

-7,76 ± 1,91b

17,04 ± 5,68abcdef

19,01 ± 4,50abcdef

17,83 ± 12,65abcdef

25,86 ± 1,39abcde

30,73 ± 0,65abcd

F15

D15

V15

T15

Q15

62,76 ± 0,86

cde

59,77 ± 0,86de

63,26 ± 3,30 cde

39,61 ± 8,33

f

64,48 ± 0,40

bcde

1,49 ± 5,22

ab

-7,53 ± 1,36b

-10,28 ± 3,60

b

19,93 ± 16,25a

2,16 ± 51,49

ab

20,09 ± 1,88

abcdef

23,69 ± 0,27

abcdef

15,30 ± 1,54cdef

15,04 ± 9,20cdef

31,49 ± 1,80abc

F20

D20

V20

T20

Q20

63,53 ± 1,84

bcde

83,44 ± 1,03

a

66,51 ± 2,52

bcde

61,81 ± 10,89de

68,79 ± 1,07bcd

-15,06 ± 6,09

b

-5,39 ± 4,22

b

-8,60 ± 0,92

b

-0,82 ± 16,04ab

7,04 ± 0,79ab

16,70 ± 3,26

bcdef

26,99 ± 3,92abcde

25,25 ± 4,38abcde

12,80 ± 14,10ef

34,04 ± 2,71

a

F25

D25

V25

T25

Q25

55,43 ± 0,87

e

74,16 ± 0,51abc

64,68 ± 1,88bcde

38,24 ± 4,32f

70,41 ± 0,51bcd

-4,10 ± 6,24

b

0,02 ± 4,00

ab

3,69 ± 6,07

ab

5,93 ± 6,98

ab

1,89 ± 9,43

ab

14,07 ± 3,81

def

33,66 ± 0,01ab

24,82 ± 1,04abcde

7,61 ± 3,51f

26,06 ± 1,29 abcde

0 (controle), 15, 20 e 25 (Queijos com adição de 15, 20 e 25% de colostro respectivamente). F- Fresco; D-

maturado por 10 dias; V- maturado por 20 dias; T- maturado por 30 dias; Q- maturado por 40 dias. Médias

com letras distintas na mesma coluna diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05).

Conforme Fontan (2013) a textura dos queijos está relacionada com a composição e

com os processos de maturação. A Tabela 7 apresenta os resultados da análise instrumental

do perfil de textura dos queijos. No parâmetro de firmeza, a amostra controle e com 15% de

colostro maturado por 30 dias apresentaram aumento (p<0,05). Foi observada uma tendência

na redução do valor de firmeza nos queijos com os maiores níveis de adição de colostro. O

que provavelmente está ligado à umidade mais elevada, onde manteve mais água em sua

matriz, tornando-se os sólidos mais dispersos e a estrutura menos firme.

Perreira et al. (2002) estudaram a correlação entre a textura instrumental e sensorial de

diversos queijos análogos comerciais e foi verificado que queijos com baixo teor de umidade

foram em geral os mais firmes. Tais achados ratificam o resultado observado neste trabalho,

uma vez que, o queijo controle com menor percentual de umidade (47,52%) foi o que obteve

maior firmeza, enquanto os queijos com adição de colostro apresentaram maior teor de

umidade e menor firmeza.

Page 48: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

48

Tabela 7. Determinações instrumentais do perfil de textura dos queijos (média ± DP).

0 (controle), 15, 20 e 25 (Queijos com adição de 15, 20 e 25% de colostro respectivamente). F- Fresco; D-

maturado por 10 dias; V- maturado por 20 dias; T- maturado por 30 dias; Q- maturado por 40 dias. Médias

com letras distintas na mesma coluna diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05).

A coesividade, por definição física, é a quantidade de energia necessária para romper a

estrutura interna do produto e, sensorialmente, é tida como o grau com que uma substância é

comprimida entre os dentes antes de se romper (BOURNE, 2002). Este parâmetro variou de

0,19 a 0,75, sendo o queijo controle fresco o que apresentou valor estatisticamente menor

que os demais. Alguns dos valores encontrados nesta pesquisa se aproximam do trabalho de

Andrade et al. (2007), ao avaliarem queijos de coalho processados de forma industrial e

artesanal, encontraram resultados que variaram de 0,59 a 0,67 e 0,49 a 0,65,

respectivamente.

Os queijos controle fresco, com 15% de colostro maturado por 30 dias e o controle

maturado por dez dias (F0, T15 e D0), respectivamente, obtiveram maior mastigabilidade

(p<0,05). Conforme os resultados obtidos para este parâmetro é possível observar que os

PARÂMETROS

Tratamentos Firmeza Coesividade

Mastigabilidade

Resiliência

F0 58,99 ± 6,51bcd

0,60 ± 0,06bcd

35,89 ± 6,96 abc

0,28 ± 0,03c

D0 65,20 ± 8,64 abc

0,61 ± 0,05bcd

40,09 ± 6,56a 0,29 ± 0,04

c

V0 50,03 ± 8,08cde

0,55 ± 0,03cde

27,41 ± 5,00bcde

0,22 ± 0,03c

T0 80,85 ± 5,18a 0,19 ± 0,06

i 17,95 ± 7,29

defgh 0,87 ± 0,38

ab

Q0 46,02 ± 4,53def

0,61 ± 0,04bcd

28,14 ± 3,69bcd

0,20 ± 0,02c

F15 33,44 ± 3,25 efghi

0,56 ± 0,03cde

18,62 ± 1,15defgh

0,31 ± 0,06c

D15 42,87 ± 4,82 defg 0,53 ± 0,05

def 22,76 ± 3,82

cdefg 0,32 ± 0,08

c

V15 26,37 ± 1,20 ghij

0,50 ± 0,02defg

13,22 ± 0,81fgh

0,44 ± 0,27bc

T15 69,71 ± 21,05ab

0,66 ± 0,03abc

46,59 ± 15,79a 0,27 ± 0,04

c

Q15 39,21 ± 6,91efgh

0,34 ± 0,06h 13,39 ± 4,37

fgh 0,39 ± 0,13

c

F20 11,75 ± 1,26j

0,40 ± 0,08gh

4,68 ± 0,80h 0,39 ± 0,18

c

D20 51,07 ± 4,5cde

0,51 ± 0,04defg

25,68 ± 3,72cdef

0,45 ± 0,18bc

V20 45,34 ± 7,06 def

0,57 ± 0,04cde

25,64 ± 2,79 cdef

0,22 ± 0,02c

T20 18,83 ± 6,14 ij

0,70 ± 0,05ab

13,40 ± 5,25fgh

0,24 ± 0,03c

Q20 27,58 ± 2,26fghij

0,45 ± 0,03efgh

12,56 ± 1,57fgh

0,40 ± 0,53bc

F25 16,46 ± 1,86ij 0,55 ± 0,02

cde 8,99 ± 1,03

gh 0,23 ± 0,04

c

D25 23,51 ± 1,69hij

0,55± 0,06cde

12,93 ± 2,22fgh

0,25 ± 0,11c

V25 24,24 ± 4,96hij

0,57 ± 0,04cde

13,84 ± 3,53efgh

0,22 ± 0,03c

T25 23,06 ± 6,93hij

0,75 ± 0,07a 17,10 ± 4,44

defgh 0,33 ± 0,12

c

Q25 23,34 ± 3,24hij

0,41 ± 0,03fgh

9,46 ± 0,69gh

1,14 ± 0,23a

Page 49: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

49

queijos com maiores quantidades de adições de colostro se caracterizou como menos firme.

Este fenômeno, possivelmente, pode estar associado ao teor de umidade mais elevado, pois,

segundo explica Fontan (2013), a água atua juntamente com a gordura como um lubrificante

entre os agregados de caseína. Assim, a redução no teor de umidade resulta em um aumento

da dureza do queijo, consequentemente, eleva a firmeza e a mastigação.

De acordo com Chevanan et al. (2006), citado por Yuanrong et al. (2016) a resiliência,

se refere ao grau em que o queijo recupera sua forma original durante o processo de

mastigação. A formulação controle maturado por 30 dias, e com 25% de colostro maturado

por 40 dias apresentaram maior resiliência (0,87 e 1,14) respectivamente.

Quanto ao rendimento, este se dá pelas cifras de transição dos sólidos totais e gordura

do leite para o queijo. Quanto melhor for a relação gordura/caseína no leite mais preciso será

o rendimento (FURTADO, 2005). A Figura 2 apresenta o rendimento dos queijos,

calculados em litros por quilograma (L/Kg), ou seja, o rendimento será melhor quanto

menor for à quantidade de leite utilizada para fabricar um kg de queijo, sendo alcançado

neste estudo o menor volume de 6,08 litros de leite e colostro para produção de um Kg de

queijo. Os queijos frescos com 20 e 25% de colostro apresentaram o melhor rendimento em

L/Kg, houve diferença estatística (p<0,05) entre as demais amostras.

Os queijos maturados possuem outras razões, pelas quais são mais associadas ao

manejo dos queijos e ao ambiente de maturação que acabam interferindo no rendimento, por

essa razão foram calculados apenas os rendimentos dos queijos frescos.

Figura 2. Rendimentos de queijos frescos com diferentes adições de colostro bovino.

Figura 1: Médias dos rendimentos dos queijos L/kg com diferentes percentuais de colostro. F0 (controle), F15,

F20 e F25 (Queijos com adição de 15, 20 e 25% de colostro respectivamente). Amostras identificadas com

letras distintas diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05).

Page 50: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

50

Todos os queijos produzidos neste experimento com tecnologia de produção

semelhante ao processamento de queijo coalho apresentaram relação da quantidade de leite e

colostro abaixo de 10 litros do volume total para cada quilo de queijo produzido, que indica

bom rendimento quando comparado com a literatura. De acordo com Dutra (2017), o

rendimento médio para a fabricação do queijo coalho pelo processo tradicional fica entre

10,5 e 12,5 litros de leite por quilograma de queijo.

Os padrões microbiológicos das amostras de leite, colostro e dos queijos produzidos,

atenderam aos critérios exigidos pela RDC12/2001 (BRASIL, 2001) e Portaria n° 146 do

MAPA (BRASIL, 1996), além da RDC 331/2019 e a Instrução Normativa 60/2019

(BRASIL, 2019), sendo para queijos com umidade superior a 46%. Portanto, os resultados

atestam a qualidade das matérias primas utilizadas, bem como, o controle de pasteurização e

cuidados higiênico-sanitários na manipulação durante todo o processo de fabricação dos

queijos.

Na Tabela 8 são apresentadas as notas atribuídas pelo painel sensorial dos queijos

frescos produzidos com diferentes adições de colostro bovino. As notas para os parâmetros

de aparência e cor variaram de 7,67 a 8,10, e 7,54 a 7,81, respectivamente, não apresentando

diferenças estatísticas (p<0,05) destes atributos entre as amostras. As médias dos escores

atribuídos aos queijos correspondem a 8 (gostei muito) e 7 (gostei moderadamente).

Tabela 8. Escores médios atribuídos aos parâmetros de aparência, cor aroma, textura, sabor

e avaliação global (escala hedônica de 9 pontos) e intenção de compra (escala de 5 pontos)

para queijos frescos com diferentes teores de adição de colostro (média ± DP, n=93).

ATRIBUTOS F0 F15 F20 F25

Aparência 8,10 ± 0,99

a 7,67

± 1,34

a 7,86

± 1,09

a 7,75

± 1,22

a

Cor 7,81 ± 1,31

a 7,54

± 1,26

a 7,73

± 1,17

a 7,64

± 1,38

a

Aroma 7,52 ± 1,40

a 6,76

± 1,63

b 7,07

± 1,46

b 7,12

± 1,62

b

Textura 7,83 ± 1,16

a 6.98

± 1,97

b 6.98

± 1,74

b 7,36

± 1,61

b

Sabor 7,90 ± 1,32

a 6,63

± 1,96

b 6,47

± 1,93

b 7,07

± 1,80

b

Avaliação global 7,72 ± 1,02

a 7,08

± 1,52

b 6,94

± 1,56

b 7,41

± 1,40

b

Intenção de compra 4,38 ± 0,94

a 3,49

± 1,16

b 3,50 ± 1,17

b 3,79

± 1,28

b

0 (controle), 15, 20 e 25 (Queijos com adição de 15, 20 e 25% de colostro respectivamente). F- queijo fresco

Médias com letras distintas na mesma linha diferem entre si pelo Teste de Dunnet (p<0,05).

O queijo controle obteve maiores médias para aroma (7,52), textura (7,83) e sabor

(7,90), sendo as mesmas significativamente superiores às das demais formulações de queijos

com adição de colostro. Provavelmente, em virtude desses parâmetros, o queijo controle

obteve média de avaliação global (7,72) significativamente maior de que a avaliação global

Page 51: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

51

aferida para as amostras adicionadas de colostro. É válido ressaltar que apesar das diferenças

estatísticas, é possível observar que o queijo com 25% de colostro foi a amostra que mais se

aproximou das notas atribuídas ao queijo controle.

Os resultados de intenção de compra mostram que, a maior média (4,38) corresponde

ao queijo controle, diferindo significativamente (p<0,05) das demais formulações. Dentre os

queijos com adição de colostro, atribuiu-se a maior média (3,79) para amostra com 25% de

colostro, apesar de não haver diferença estatística entre as médias. Porém, a formulação com

15% de colostro, obteve menor interesse por parte dos avaliadores na maioria dos atributos

sensoriais analisados, bem como na intenção de compra. Na Tabela 9 é apresentado o Índice

de Aceitabilidade (IA) dos queijos.

Tabela 9. Aceitabilidade dos queijos com diferentes adições de colostro.

PARÂMETROS F0 (%) F15(%) F20 (%) F25 (%)

Aparência 90,08 85,30 87,33 86,14

Cor 86,85 83,87 85,90 84,94

Aroma 83,63 75,14 78,49 79,21

Textura 87,09 75,12 77,65 81,83

Sabor 87,81 73,71 71,92 78,61

Avaliação global 86,97 78,73 77,18 82,43 Q0 (controle), Q15, Q20 e Q25 (Queijos com adição de 15, 20 e 25% de colostro respectivamente).

F- Fresco.

A amostra controle obteve os maiores IA para todos os atributos avaliados. Porém

dentre os queijos com adição de colostro, a formulação com 25% de colostro foi a que

obteve os maiores IA, exceto para os atributos de aparência e cor, em que os maiores IA

foram para a amostra com 20% de colostro.

Levando em consideração a determinação de Dutcosky (2013), de que um produto

com boa aceitabilidade é aquele que apresenta valores médios de IA superiores a 70% para

os atributos sensoriais analisados, observou-se que todas as formulações de queijos

avaliadas obtiveram IA satisfatório, visto que atingiram IA maior que 70% para todos os

parâmetros sensoriais, inferindo uma boa aceitabilidade dos mesmos.

A boa aceitação de produtos adicionados de colostro já havia sido reportada

previamente: Saalfeld et al. (2012) relataram boa aprovação em bebidas lácteas enriquecidas

com silagem de colostro. Silva (2019) reportou boa aceitação dos julgadores em relação a

iogurte tipo grego com adição de colostro, bem como Mouton e Aryana (2015), que

analisaram a influência do colostro nas características do sorvete, recomendando tal

aplicação.

Page 52: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

52

Considerando que uma parte do colostro produzido pelas vacas, acaba sendo um

subproduto excedente nas fazendas leiteiras, um dos desafios é a destinação da produção

excedente diária de colostro e a falta de tecnologias de processamento e preservação de

produtos (BORAD; SINGH, 2018), com base na avaliação global e na intenção de compra

dos queijos frescos analisado neste estudo, é possível especular que todos os queijos

elaborados com adição de colostro, com destaque para amostra do queijo fresco com 25% de

colostro, apresentaram potencial para serem usufruídos no uso da alimentação humana como

forma de aproveitamento do colostro excedente da produção. Além do beneficiamento de

uma matéria prima pouco explorada comercialmente no Brasil, através da realização de

estudos complementares posteriores, será possível agregar aos queijos o apelo de saúde

conferida pelos benefícios que advindos dos componentes bioativos presentes no colostro.

4. CONCLUSÃO

As análises físico-químicas e instrumentais auxiliaram na caracterização dos queijos

desenvolvidos em que foram observadas algumas diferenças quanto à classificação de

umidade e gordura, bem como para a consistência e cor dos queijos. A adição de colostro

nos queijos influenciou no aumento da umidade, pH e menor firmeza.

Todos os queijos alcançaram aceitação sensorial satisfatória, com índice de

aceitabilidade acima de 70% para todos os atributos avaliados. Dentre os queijos com adição

de colostro, o queijo com adição de 25% de colostro apresentou os maiores escores para os

parâmetros de aroma, textura, sabor, avaliação global e intenção de compra.

Sendo assim, conclui-se que este estudo contribui para o conhecimento do uso de

colostro na elaboração e enriquecimento de derivado lácteo destinado a alimentação

humana, uma vez que a utilização de colostro é pouco conhecida culturalmente no Brasil.

Além disso, os resultados encontrados apontam para um produto com apelo inovador no

Brasil, fortalecendo a pesquisa em busca de tecnologias e inovações para uso desta matéria-

prima, que ainda é subutilizada e desperdiçada devido ao excedente de produção.

REFERÊNCIAS

Page 53: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

53

ADAR, T. et al. Oral administration of immunoglobulin G‐enhanced colostrum alleviates

insulin resistance and liver injury and is associated with alterations in natural killer T cells.

Clinical & Experimental Immunology, v. 167, n. 2, p. 252-260, 2012.

ANDRADE, A. A. et al. Medidas instrumentais de cor e textura em queijo de coalho. In:

Congresso Latino America de analista de alimentos. LACEN, Anais, n.15, Fortaleza, 2007.

APHA, AWWA. Standard methods for the examination of water and wastewater. 21th

edition. Washington D.C. American Public Health Association, p.953, 2005.

ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALITICAL CHEMISTS - AOAC. 1970. Official

methods of analysis. 11.ed. Washington D.C. 1015p.

ASSUNÇÃO, M. V. A. et al. Elaboração e avaliação físico-química de queijo coalho

condimentado artesanal no sertão sergipano. Interfaces Científicas - Saúde e Ambiente,

v.7, n.1, p. 79 – 86, 2018.

BAYER, V. M. L. et al. Treinamento para perfil de textura sensorial em pães. Higiene

Alimentar, v. 33 p. 288-289, 2019.

BELTRÃO, F. A. S. et al. Caracterização físico química de queijo tipo “chevrotin”

simbiótico. Engenharia Ambiental, v. 14, n. 1, p. 128-136, 2017.

BORAD, S.G.; SINGH, A. K. Colostrum immunoglobulins: Processing, preservation and

application aspects. International Dairy Journal, v. 85, p.201-210, 2018.

BOURNE, M. Food Texture and Viscosity: Concept and Measurement. 2 ed. Elsevier

Science & Technology Books, p. 416, 2002.

BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária.

Portaria nº 146 de 7 de março de 1996. Aprova os regulamentos técnicos de identidade e

qualidade dos produtos lácteos. Diário Oficial da União, Brasília, 1996.

BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária.

Instrução Normativa n° 68 de 12 de dezembro de 2006. Oficializa Métodos Analíticos

Oficiais Físico-Químicos, para controle de leite e produtos Lácteos. Diário Oficial da

República Federativa do Brasil. Brasília, 2006.

BRASIL. Ministério da Agricultura e abastecimento. Instrução Normativa n° 30, de 26 de

junho de 2001. Aprova os regulamentos técnicos de identidade e qualidade de manteiga da

terra ou manteiga de garrafa; queijo coalho e queijo de manteiga. Diário Oficial da União,

Brasília, 2001.

BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária.

Instrução Normativa n° 60 de 23 de dezembro de 2019. Estabelece as listas de padrões

microbiológicos para alimentos prontos para oferta ao consumidor. Diário Oficial da

União, Brasília, Seção 1, p. 133, 23 dez. 2019.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa 76 de

26 de novembro de 2018. Dispõe sobre regulamentos técnicos que fixam a identidade e as

Page 54: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

54

características de qualidade que devem apresentar o leite cru refrigerado, o leite pasteurizado

e o leite pasteurizado tipo A. Diário Oficial da União, Brasília, Seção 1, 2018.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Resolução RDC nº 331, de

23 de dezembro de 2019. Aprova o Regulamento Técnico sobre Padrões Microbiológicos

para Alimentos. Diário Oficial da União, Brasília, Seção 1, p. 96, 2019.

CAO, J.; WANG, X.; ZHENG, H. Comparative studies on thermoresistance of protein G-

binding region and antigen determinant region of immunoglobulin G in acidic colostral

whey. Food and Agricultural Immunology, v. 18, 476 n. 1, p.17-30, 2007.

CIVILLE, G. V.; SZCZESNIAK, A. S. Guidelines to training a texture profile panel.

Journal of Texture Studies, v. 4, p. 204-223, 1973.

CHEVANAN, N. et al. "Efeito do cálcio e fósforo, lactose residual e proporção de sal /

umidade nas propriedades texturais do queijo cheddar durante o amadurecimento", Journal

of Texture Studies, vol. 37, n. 6, pp. 711–730, 2006.

CONTE, F.; SCARANTINO, S. A study on the quality of bovine colostrum: physical,

chemical and safety assessment. International Food Research Journal 20(2): p. 925-931

2013.

DAS, Anamika; SETH, Raman. Studies on quality attributes of skimmed colostrum powder.

International Journal of Chemical Studies. p. 17-20, 2017.

DUTCOSKY, S. D. Análise sensorial de alimentos. 4. ed. Curitiba: Champagnat, p. 531,

2013.

DUTRA, E.R.P. Fundamentos básicos da produção de queijos. Juiz de Fora: Templo,

2017. 160p.

EMBRAPA. Validação e transferência da tecnologia do queijo coalho caprino maturado e

defumado. Selene Daiha Benevides et al. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, p.

22, 2018. ISSN 1679-6543; 152

FOLEY, J. A.; OTTERBY, D. E. Availability, storage, treatment, composition, and feeding

value of surplus colostrum: a review. Journal of Dairy Science, v. 61, p. 1033-1060, 1978.

FONTAN, Gabrielle Cardoso Reis. Queijo de coalho light: produção, caracterização

físico-química, sensorial e reológica. Tese (Programa de Pós-graduação em Ciência e

Tecnologia de Alimentos) - Universidade Federal de Viçosa, 86f, 2013.

FURTADO, M. M. Principais problemas dos queijos: causas e prevenção. São Paulo:

Fonte Comunicações e Editora, p.200, 2005.

GRACIOLI, F.; LEHN, D. N.; SOUZA, C. F. V. Análise comparativa de custo e rendimento

da fabricação de queijo tipo camembert e queijo colonial em pequena escala. Revista

destaques acadêmicos, v. 5, n. 4, p. 15-30, 2013.

Page 55: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

55

INSTITUTO ADOLF LUTZ. Métodos Físico-químicos para análise de alimentos. 4ª ed.

São Paulo: IAL, 2008.

LOUVATEL, K; DEGENHARDT, R. Caracterização bromatológica de queijos coloniais

produzidos no distrito de Santa Lúcia, município de Ouro, SC. Anais da III Jornada

Integrada em Biologia, Universidade do Oeste de Santa Catarina: Unoesc, 37-46, 2016.

ISSN 2358-0992.

MAMEDE, M. E. D. O. et al. Estudo das características sensoriais e da composição química

de queijo de Coalho industrializado. Revista Instituto Adolfo Lutz. São Paulo. v. 69,

p.364-370, 2010.

MCGRATH, B. A. et al. Composition and properties of bovine colostrum: a review. Dairy

Science& Technol, v. 96, p.96:133–158, 2016. DOI 10.1007/s13594-015-0258-x

MOUTON, E.; ARYANA, K. Influence of Colostrum on the Characteristics of Ice

Cream. Food and Nutrition Sciences, v. 6 , p.480-484, 2015.

MORRILL, K. M. et al. Nationwide evaluation of quality and composition of colostrum on

dairy farms in the United States. Journal of Dairy Science, Champaign, v. 95, P.3997-

4005, 2012.

NARDONE, A. LACETERA, N., BERNABUCCI, U.; RONCHI, B. Composição do

colostro de novilhas leiteiras expostas a altas temperaturas do ar no final da gestação e

no período pós-parto precoce. Journal Dairy Science, v. 80, p.838–844, 1997.

OLIVEIRA, E. N. A. et al. Caracterização de queijos artesanais comercializados em

municípios do Ceará. E-xacta, v. 11, n. 2, p. 55-62, 2018. DOI:

10.18674/exacta.v11i2.2493.

ORDONEZ, J.A. Tecnologia de Alimentos. Alimentos de origem animal. Porto Alegre:

Artmed, ed. 1, v.2, 2005.

PATHARE, P. B.; OPARA, U. L.; AL-SAID, F. AL.J. Colour Measurement and Analysis in

Fresh and Processed Foods: A Review. Food Bioprocess Technol, v. 6, p.36-60, 2013.

PEREIRA, R. B.; BENNETT, R. J.; LUCKMAN, M. S. Correlation of sensory and

instrumental texture evaluation in cheese analogues. The Australian Journal of Dairy

Technology, v. 57, n. 2, p. 154, 2002.

ROIG, S.; NARIMATSU, A.; DORNELAS, J. R. F.; SPADOTI, L. M.; PIZAIA, P.D.M.

Ciência Tecnologia de Alimentos. 23: p.177-82, 2003.

SANTOS, B. M. et al. Caracterização físico-química e sensorial de queijo de coalho

produzido com mistura de leite de cabra e de leite de vaca. Revista Instituto Adolfo Lutz,

v.70, n. 3, p. 302-310, 2011.

SAALFELD, M.H et al. Colostro: A redescoberta de um alimento saudável, nutritivo e com

potencial probiótico. Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável, v. 5, n. 2, p. 18-

24, 2012.

Page 56: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

56

SILVA, Emerson Gabriel dos Santos Oliveira. Caracterização do colostro bovino e sua

utilização na produção de iogurte tipo grego. Dissertação (Mestrado em Produção

Animal) - Escola Agrícola de Jundiaí, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal,

77f, 2019.

SOBCZUK-SZUL, M.; WIELGOZ-GROTH, Z.; WRONSKI, M.; RZEMIENIEWSKI, A.

Changes in the bioactive protein concentrations in the bovine colostrum of Jersey and

Polish Holstein–Friesian cows. Turkish Journal of Veterinary and Animal Sciences.

v.37, p.43-49, 2013.

SOUZA, C. H. B.; SAAD, S.M.I. Viability of lactobacillus acidophilus La-5 added solely or

in co-culture with a yoghurt starter culture and implications on physical-chemical and

related properties of Minas fresh cheese during storage. LWT Food Science and

Technology, v. 42:633–40, 2009.

SOUZA, C. H. B.; SAAD, S.M.I. Viability of lactobacillus acidophilus La-5 added solely or

in co-culture with a yoghurt starter culture and implications on physical-chemical and

related properties of Minas fresh cheese during storage. LWT Food Science and

Technology, v. 42:633–40, 2009.

YUANRONG, Z.; ZHENMIN, L.; BEIHONG, M. Análise do perfil de textura de queijo

fatiado em relação a composição química e temperatura de armazenamento. Journal of

Chemistry, p.10, 2016. ID 8690380.

SGARBIERI, Valdemiro Carlos. Propriedades fisiológicas-funcionais das proteínas do soro

de leite. Revista Nutrição, 17(4), p.397-409, 2004.

RAIMONDO, R. F. S. et al. Teores de proteína, gordura e sólidos totais no leite de vacas da

raça Jersey criadas no Estado de São Paulo durante o primeiro mês de lactação. Revista

Brasileira de Pesquisa Veterinária e Zootecnia, v. 46, n. 5, p. 355-362, 2009.

Page 57: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

57

APÊNDICES

Page 58: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

58

APÊNDICE A - Grupos Experimentais

Para elaboração dos queijos, os grupos experimentais foram formados com diferentes

concentrações de colostro bovino, conforme formulações descritas abaixo.

F0 – 0% de adição de colostro

F15 – 15% de adição de colostro

F20 – 20% de adição de colostro Frescos

F25 – 25% de adição de colostro

D0- 0% de adição de colostro

D15-15% de adição de colostro

D20- 20% de adição de colostro Maturados por 10 dias

D25- 25% de adição de colostro

V0- 0% de adição de colostro

V15- 15% de adição de colostro

V20- 20% de adição de colostro Maturados por 20 dias

V25- 25% de adição de colostro

T0- 0% de adição de colostro

T15- 15% de adição de colostro

T20- 20% de adição de colostro Maturados por 30 dias

T25- 25% de adição de colostro

Q0- 0% de adição de colostro

Q15- 15% de adição de colostro

Q20- 20% de adição de colostro Maturados por 40 dias

Q25- 25% de adição de colostro

Page 59: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

59

APÊNDICE B - Delineamento da Pesquisa

Fluxograma de produção e análise dos queijos frescos e maturados do experimento.

Figura 3: Fluxograma de produção e análise dos queijos frescos e maturados do experimento

Pasteurização (60 °C / 45 min.)

Fabricação dos queijos

Análises físico-

químicas

Análises

microbiológicas

Análise

sensorial

Queijos frescos Queijos maturados (10,

20, 30 e 40 dias)

Análises

microbiológicas das

misturas

(leite:colostro v/v)

Análises físico-

químicas

Leite e colostro filtrados (60

°C / 45 min.)

Preparo das formulações

100% leite

(Controle) 15 % de

colostro (v/v)

20 % de

colostro (v/v)

25 % de

colostro (v/v)

Sólidos Totais; Extrato Seco

Desengordurado; Lipídios;

Gordura no Extrato Seco

Total; Proteínas; Umidade;

Cinzas e pH.

Análises físico-

químicas do leite e

do colostro de

forma individual

Page 60: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

60

APÊNDICE C - Detalhamento do Delineamento experimental da pesquisa

1ª Etapa: O leite e o colostro bovino in natura foram misturados de acordo com as

proporções 100:0, 85:15, 80:20 e 75:25 (v:v, leite: colostro), as quais, foram submetidas à

temperatura de 60 ºC por 45 minutos. Posteriormente, as amostra das formulações foram

submetidas às análises microbiológicas de coliformes totais e termotolerantes para aferir a

qualidade das matérias prima. Os queijos foram fabricados seguindo as etapas de elaboração

de queijos de coalho: após a pasteurização as formulações foram inoculadas com cultura

láctea mista Lactoccocus lactis subsp. Lactococcus lactis subsp. cremoris, Streptococcus

salivarius subsp. thermophilus permanecendo por 30 min. de repouso para ativação da

cultura. Adição da enzima renina (coalho) com repouso de 40 a 50 min. para coagulação,

corte da massa, mexedura, aquecimento a 45 ºC, dessoragem, salga direto na massa,

prensagem por 4h, acondicionamento em câmara fria, embalagem a vácuo para os queijos

frescos. Para os maturados eles permanecem acondicionados na câmara fria para maturação

em temperatura de 5 °C e umidade relativa do ar a 75% nos tempos de 10, 20, 30 e 40 sendo

os queijos virados diariamente, à medida que completaram o tempo de maturação os queijos

foram embalados a vácuo.

2ª Etapa: Após 24 horas das etapas de fabricação dos queijos frescos, e completados

os períodos de maturação de cada tratamento, os queijos foram caracterizados através de

análises físico-químicas de todos os tratamentos e as análises microbiológicas dos queijos

frescos.

3ª Etapa: Após resultados das análises microbiológicas os queijos frescos foram

submetidos à análise sensorial.

Page 61: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

61

APÊNDICE D – Imagens das atividades realizadas para os testes e fabricação dos queijos

Figura 4: Pasteurização Figura 5: Resfriamento do leite:colostro

Fonte: Arquivo próprio Fonte: Arquivo próprio

Figura 6: Adição do coalho Figura 7: Ponto do corte da massa

Fonte: Arquivo próprio Fonte: Arquivo próprio

Figura 8: Mexedura e aquecimento da massa Figura 9: Prensagem dos queijos

Fonte: Arquivo próprio Fonte: Arquivo próprio

Page 62: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

62

APÊNDICE E – Imagens dos queijos frescos e maturados com diferentes adições de

colostro

Figura 10: queijos frescos após prensagem Figura 11: queijos frescos

Fonte: próprio autor Fonte: próprio autor

Legenda: Legenda:

A-Controle A-Controle

B-15% de colostro B-15% de colostro

C-20% de colostro C-20% de colostro

D-25% de colostro D-25% de colostro

Figura 12: queijos com 10 dias de maturação Figura 13: queijos com 20 dias de maturação

Fonte: próprio autor Fonte: próprio autor

Legenda: Legenda:

A-Controle A-Controle

B-15% de colostro B-15% de colostro

C-20% de colostro C-20% de colostro

D-25% de colostro D-25% de colostro

Figura 14: queijos com 30 dias de maturação Figura 15: queijos com 40 dias de maturação

Fonte: próprio autor Fonte: próprio autor

Legenda: Legenda:

A-Controle A-Controle

B-15% de colostro B-15% de colostro

C-20% de colostro C-20% de colostro

D-25% de colostro D-25% de colostro

Page 63: UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO BOVINO NA PRODUÇÃO DE QUEIJOS · 2021. 1. 10. · queijos de alta umidade (46,0 a 54,9 g/100g). Quanto ao teor de gordura no extrato seco, as amostras controle

63