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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE
ÁREA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DA SAÚDE
CURSO DE ENFERMAGEM
Andréia Silva de Aguiar
Brenda Hellen Rodrigues de Medeiros
Fernanda Moura de Aguilar
Hellen Dutra de Oliveira
ENFRENTAMENTO DA MÃE ADOLESCENTE NO
PROCESSO DA AMAMENTAÇÃO
Governador Valadares
2009
1
ANDRÉIA SILVA DE AGUIAR
BRENDA HELLEN RODRIGUES DE MEDEIROS
FERNANDA MOURA DE AGUILAR
HELLEN DUTRA DE OLIVEIRA
ENFRENTAMENTO DA MÃE ADOLESCENTE NO
PROCESSO DA AMAMENTAÇÃO
Monografia apresentada para a Área de Ciências Biológicas da Saúde da Universidade Vale do Rio Doce, como requisito para obtenção do grau de bacharel em Enfermagem. Orientadora: Profª. Késia Salvador Pereira
Governador Valadares
2009
2
ANDRÉIA SILVA DE AGUIAR
BRENDA HELLEN RODRIGUES DE MEDEIROS
FERNANDA MOURA DE AGUILAR
HELLEN DUTRA DE OLIVEIRA
ENFRENTAMENTO DA MÃE ADOLESCENTE NO PROCESSO DA AMAMENTAÇÃO
Monografia apresentada para a Área de Ciências Biológicas da Saúde da Universidade Vale do Rio Doce, como requisito para obtenção do grau de bacharel em Enfermagem.
Governador Valadares, 24 de novembro de 2009.
Banca Examinadora:
_______________________________________________ Profª. Késia Salvador Pereira – Orientadora
Universidade Vale do Rio Doce
________________________________________________ Profª. Dalila Leão de Oliveira Almeida
Universidade Vale do Rio Doce
________________________________________________ Profª. Denise Dias Cardoso
Universidade Vale do Rio Doce
________________________________________________ Profª. Eliana Maria de Oliveira Universidade Vale do Rio Doce
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Dedicamos este trabalho primeiramente a
Deus, que nos deu inteligência e força para
alcançarmos nosso objetivo, aos pais, demais
familiares, amigos e professores pelo apoio e
incentivo, possibilitando a realização desta
conquista.
4
AGRADECIMENTOS
A Deus Soberano, razão de nossa existência, que durante esta caminhada, nos deu força nos
momentos de cansaço, para que alcançássemos nossos objetivos.
Aos nossos familiares pela compreensão que mesmo na ausência nos proporcionou amor e
dedicação para nossa formação acadêmica.
À nossa orientadora Prof.ª Enf. Késia Salvador Pereira pelo apoio e incentivo, nossa eterna
gratidão.
Nossos sinceros agradecimentos umas as outras pelo carinho, paciência e companheirismo.
Levaremos momentos inesquecíveis: sorrisos e acontecimentos que nos marcaram e que
ficarão guardados para sempre na memória.
E a todos que confiaram em nosso potencial, que direta ou indiretamente nos ajudaram, não
apenas com conhecimentos teóricos, mas com palavras de consolo em momentos de angústia.
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RESUMO
Atualmente, os adolescentes iniciam a vida sexual muito cedo em busca de novas descobertas e conhecimentos, passando precocemente por essa fase. Essas descobertas, atos e os novos prazeres acabam gerando consequências irreversíveis, como uma gravidez precoce. Tal acontecimento causa inúmeras mudanças físicas e psicológicas, além de exigir da mãe maturidade suficiente para lidar com o bebê. Dentre as responsabilidades adquiridas, destaca-se o aleitamento materno exclusivo que exige não só conhecimento como também satisfação em amamentar por parte da mãe adolescente. Essa prática deve ser exclusiva até o 6º mês de vida do recém-nascido, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Contudo, existem vários fatores que interferem nessa prática com maior intensidade em mães adolescentes, pela pouca experiência e tantos novos acontecimentos vivenciados por ela. Na maioria dos casos, as adolescentes enfrentam esses problemas sem apoio familiar ou do parceiro, levando-a ter uma maturidade forçada para lidar com a situação, gerando uma desestruturação em sua vida. Portanto, o pré-natal dessa futura mãe deve ser assistido com uma maior atenção, aconselhamento e orientações direcionadas, favorecendo uma gestação saudável e posterior aleitamento materno exclusivo. Palavras-chave: Sexualidade na adolescência. Gestação precoce. Aleitamento materno exclusivo.
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ABSTRACT
Actually, young people become sexually active very early in search of new discoveries and knowledge, from early in this phase. These findings, actions and new pleasures culminate in irreversible consequences, such as early pregnancy. This event causes numerous physical and psychological changes, and require the mother's mature enough to deal with the baby. Among the responsibilities vested, stands out exclusive breastfeeding that requires not only knowledge but also satisfaction in nursing by the adolescent mother. This practice should be exclusive to the 6th month of life of the newborn, according to World Health Organization (WHO). However, there are several factors that interfere with the practice with more intensity in adolescent mothers, the little experience and many new events experienced by it. In most cases, the teenagers face these problems without family support or partner, causing them to have a maturity forced to deal with the situation, causing a disruption in your life. Therefore, prenatal care of expectant mother should be watched with greater attention, advice and guidance directed by promoting a healthy pregnancy and subsequent breastfeeding exclusively. Key-words: Sexuality in adolescence. Early pregnancy. Exclusive breastfeeding.
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LISTA DE ABREVIATURAS
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MS – Ministério da Saúde
OMS – Organização Mundial da Saúde
ONU – Organização das Nações Unidas
OPS – Organização Pan-Americana de Saúde
PHPN – Programa de Humanização no Pré-Natal, Parto e Nascimento
RN – Recém Nascido
SINASC – Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos
SOF – Sempreviva Organização Feminista
UNICEF – Fundo das Nações Unidas para Infância
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................9 2 REVISÃO DA LITERATURA ..........................................................................................12
2.1 ADOLESCÊNCIA E SEXUALIDADE.........................................................................12 2.2 GESTAÇÃO PRECOCE................................................................................................15 2.3 ALEITAMENTO MATERNO NA ADOLESCÊNCIA ................................................22 2.4 FATORES QUE INTERFEREM NA PRÁTICA DO ALEITAMENTO EM MÃES ADOLESCENTES ...............................................................................................................24
3 METODOLOGIA................................................................................................................35 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................36 REFERÊNCIAS .....................................................................................................................39
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1 INTRODUÇÃO
Segundo Osório (1992), a adolescência é definida como um período de vida na qual a
personalidade está em fase final de estruturação e a sexualidade se insere nesse processo,
como um elemento estruturador da identidade do adolescente.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), Brasil (1994), a adolescência
corresponde ao período da vida situado entre 10 e 19 anos. Os adolescentes representam 20 a
30% da população mundial, cifra que vem aumentando nas regiões urbanas dos países
emergentes. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 1991,
os adolescentes eram 20,8% da população total no Brasil e 20,4% no ano de 2000 no estado
de Minas Gerais. Logo, conforme os dados do IBGE, a população adolescente é relevante.
Ureña (1998) afirma que a discussão entre pais e adolescentes sobre o tema
sexo/sexualidade ainda é complicado, apesar do progresso social, científico e cultural. Por
outro lado, esse avanço acrescido da diminuição da idade da menarca, dentre outros, vêm
despertando os adolescentes ao início da atividade sexual precoce sem estarem preparados
para o seu exercício e suas responsabilidades.
Segundo Roveratti (2008) tal assunto é particularmente delicado não só para os
adolescentes como também para os pais, pois necessitam de maturidade e de ter revisto e
resolvido seus conceitos e preconceitos quanto à questão da sexualidade e de como a
vivenciaram em sua própria adolescência. Na realidade, quanto menos preparados estiverem
os pais para lidarem com essas questões, mais dificuldades terão para lidar com a sexualidade
de seus filhos, pois não têm diálogo ou se sentem envergonhados de falarem com eles sobre o
assunto.
Como apontam os autores Lopes e Maia (1993), esse pode ser um dos maiores motivos
para que os adolescentes venham a iniciar a sexualidade precoce. Além desse fato, cabe
ressaltar que atualmente as famílias vêm se deparando com inúmeras mensagens de apelo
sexual nos meios de comunicação. O corpo e a sexualidade têm sido usados para divulgar e
vender “desde sabão em pó até toalhas de banho”, tornando-se produto consumível. O apelo
constante da mídia, a falta de informação dentro do próprio lar, a desestruturação familiar e as
constantes mudanças no corpo que ocorrem na adolescência, desperta curiosidade e estimula
uma busca incessante, pelas novas emoções, pela descoberta dos prazeres, podendo gerar uma
gravidez precoce e indesejada.
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Através do confronto com essa realidade foi despertado um imenso interesse em
descobrir os fatores que interferem na prática da amamentação, os motivos do insucesso do
aleitamento e o que compromete adesão dessa mãe adolescente no processo da amamentação.
A delimitação do tema foi estabelecida pela elaboração do seguinte problema: Quais as
possíveis dificuldades enfrentadas pela mãe adolescente no processo da amamentação? Como
auxilio a pesquisa foram utilizados os seguintes descritores: Sexualidade na adolescência;
Gravidez precoce; Aleitamento Materno Exclusivo.
Com intuito de aprofundarmos nessa temática, houve como objetivos específicos
realizar o levantamento sobre os fatores intrínsecos e extrínsecos que interferem na adesão da
mãe-adolescente no processo da amamentação; atualizar conhecimentos através de
contribuições teóricas-científicas que tenham sido publicadas sobre o tema e, assim, analisar
os pontos relevantes do enfrentamento da mãe adolescente no processo da amamentação.
Segundo Costa (2005), a gestação durante a adolescência é um tema complexo e de
nível mundial, pois constitui um problema de grande relevância na saúde pública, somam-se
particularidades da gestação com as ocorrências biológicas e emocionais dessa fase no ciclo
vital humano.
Durante a gestação, a adolescente passa a enfrentar o papel de mãe ocasionada pela
gravidez, além de assumir e vivenciar as transformações físicas e psicológicas da própria
idade. Um dos maiores problemas que as mães adolescentes enfrentam, além de esconder a
gravidez até a fase mais adiantada impedindo uma assistência pré-natal precoce, é o
aleitamento materno, em que as mães adolescentes amamentam por menos tempo do que as
mães não-adolescentes (AMADOR et al., 1992).
Do ponto de vista psicológico e afetivo, vários autores referem-se ao ato da
amamentação como uma prática que estimula a promoção do vínculo entre mãe e filho. Tal
vínculo tem início na concepção, cresce durante a gestação e se fortalece com a amamentação,
principalmente quando iniciada precocemente, dando origem ao bem-estar, segurança e
afetividade do bebê (LAMOUNIER, 1998).
Conforme Costa (2005) o aleitamento materno depende de fatores que podem influir
positiva ou negativamente no seu sucesso. Entre eles, alguns se relacionam à mãe, como as
características de sua personalidade e sua atitude frente à situação de amamentar, grau de
instrução materna; outros se referem à criança e ao ambiente, como, por exemplo, as suas
condições de nascimento e o período pós-parto havendo também fatores circunstanciais, como
o trabalho materno e as condições habituais de vida.
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Portanto, diante do exposto, a relevância do assunto abordado justifica-se pela
realização de estágios em Centro Obstétrico e Berçário, (além do levantamento de dados
bibliográficos na literatura) onde o grupo deparou-se com mães adolescentes que
apresentavam resistência em amamentar seus bebês. Observou-se na prática a carência de
informações por parte das adolescentes, onde elas alegavam não saber ao certo sobre os
métodos contraceptivos e, muito menos, sobre a importância e os benefícios da prática do
aleitamento materno.
A partir da necessidade de estabelecer novo paradigma assistencial, na assistência
obstétrica e perinatal, em junho de 2000, o Ministério da Saúde instituiu o Programa de
Humanização no Pré-Natal, Parto e Nascimento - PHPN (SERRUYA; LAGO; CECATTI,
2004). Esse programa é importante instrumento para a organização e estruturação da
assistência e possibilita a enfermagem desempenhar o seu ofício, filosofia, estudo e pesquisas
que visem: (...) exercitar o cuidado em sua plenitude, de forma integral, em uma visão mais humanista que apresente um toque diferenciado ao ser visualizado como um comportamento interativo, como uma expressão de ser-aí-no mundo, com base em princípios morais, respeitando e considerando o ser humano em sua totalidade (WALDOW, 2004, p.12).
Como o enfermeiro é o profissional que mais estreitamente se relaciona com a mulher
durante o ciclo gravídico-puerperal e tem importante papel nos programas de educação em
saúde, durante o pré-natal, ele deve preparar a gestante para o aleitamento, para que no pós-
parto o processo de adaptação da puérpera ao aleitamento seja facilitado e tranqüilo, evitando
assim, dúvidas, dificuldades e possíveis complicações (BRASIL, 1988).
Tal acompanhamento deve visar proporcionar à mãe uma regressão mais rápida do
estado gravídico e ao lactente a garantia de crescimento e desenvolvimento sadio sendo
coerente com a política de saúde infantil, preconizada pelo Ministério da Saúde, expressada
na Constituição Federal Brasileira de 1988 Art. 196, assim como no Estatuto da Criança e do
Adolescente em seu artigo 9º que versa:
A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal igualitário às ações e serviços para sua promoção. O Poder Público, as instituições e os empregadores, propiciarão condições adequadas ao aleitamento materno, inclusive aos filhos de mães submetidas à medida privativa de liberdade (BRASIL, 1988, p. 18).
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2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 ADOLESCÊNCIA E SEXUALIDADE
Adolescência deve ser encarada como etapa crucial do processo de crescimento e
desenvolvimento cuja marca registrada é a transformação, ligada aos aspectos físicos e
psíquicos do ser humano. As alterações físicas constituem a parte da adolescência
denominada puberdade, caracterizada, principalmente, pela aceleração e desaceleração do
crescimento físico, mudança da composição corporal, eclosão hormonal envolvendo
hormônios sexuais e evolução da maturação sexual, que pode ser acompanhada através do
desenvolvimento de caracteres sexuais secundários masculinos e femininos. Evoluem
paralelamente às mudanças corporais aquelas de ordem psico-emocional e constituem
importantes características na busca da identidade, à tendência grupal, à evolução do
pensamento conceitual, à vivência temporal singular e desenvolvimento da sexualidade,
havendo nesse processo, um desencontro entre o corpo pronto para a reprodução e o psíquico
despreparado para esse evento (ROVERATTI, 2008).
A partir do nascimento de uma criança na sociedade, a família já começa a diferenciá-la sexualmente através de roupas, cores, brinquedos e objetos. Os pais sutilmente se encarregam de ir impondo, durante a infância, as diferenças entre meninos e meninas e a sociedade trata de acentuá-las mediante elementos meramente externos. Mas, a definição da identidade sexual só se dará ao longo de um complexo processo bio-psicológico e social, no qual as atitudes da família influem de maneira determinante (KNOBEL, 1992, p.22).
De acordo com Leite e Nunes (1994) os adultos, como pais e professores, têm
dificuldade em aceitar e até mesmo lidar com a sexualidade precoce, não permitindo com isso
que os jovens tenham uma fonte segura, para esclarecer suas dúvidas, seja por vergonha ou
até mesmo pelo fato de julgar desnecessário. Com isso, a adolescência torna-se um período de
desafios para o jovem e sua família, ocorrendo mudanças físicas, acompanhadas por
alterações de comportamento e sentimento.
Segundo Suplicy (1991), a questão da sexualidade mudou tão rapidamente, nas
últimas décadas, que deixou os pais meio perdidos. Antigamente, as famílias não tinham
13
muitas dúvidas em saber o que era certo ou errado; o que podiam permitir ou não. Hoje,
vivemos um momento difícil para a construção de um sistema de valores sexuais.
Outro aspecto da sexualidade abordado por Suplicy (1991) é que para lidar com a
sexualidade dos filhos, os pais necessitam se defrontar com a própria sexualidade e esta
situação pode gerar, muitas vezes, angústia, uma vez que a sexualidade dos filhos traz à tona
para muitos pais, aspectos reprimidos da própria sexualidade.
Bocardi (1997) considera que os pais sentem dificuldades em abordar as questões da
sexualidade junto aos filhos não só por constrangimento, mas também por medo de um
diálogo franco e aberto. Eles sentem receio por estarem influenciando a vida sexual de seu
filho.
Apesar da dificuldade dos pais, entendemos que é no convívio familiar, entre pessoas
que se estimam e tentam superar as dificuldades do dia a dia, que as questões de sexualidade
devem ser debatidas levando-se em conta os valores, atitudes, crenças religiosas e culturais da
família (CANO; FERRIANI, 2000).
Segundo Novaes e Vannuchip (2004), nas últimas décadas o percurso entre a infância
e a idade adulta foi profundamente modificado nas sociedades. A ampliação da escolarização
e dificuldades de implantação e permanência no mercado de trabalho acentua a dependência
dos jovens em relação aos pais, fato conhecido como “prolongamento da juventude”. Com
isso, quando surge uma gravidez inesperada, os pais das adolescentes acabam arcando com
mais uma responsabilidade, o recém-nascido.
Os autores Cano e Ferriani (2000); Novaes e Vannuchip (2004) concordam que os pais
devem superar as diferenças e debater com os filhos a sua sexualidade. Em contrapartida,
Novaes e Vannuchip (2004) citam que é nesse período que os filhos sentem certa
dependência, “liberados”, para considerar que seus pais são pessoas responsáveis pelos seus
atos.
Cabe ressaltar que atualmente as famílias vêm se deparando com inúmeras mensagens
de apelo sexual nos meios de comunicação e como apontam Lopes e Maia (1993) cujo corpo
e a sexualidade têm sido usados exaustivamente para divulgar e venderem produtos
consumíveis.
Lopes e Maia (1993) afirmam ainda que, entrar no mundo adulto, desejado e temido
ao mesmo tempo, significa para o adolescente ir, gradativamente, se desprendendo de sua
condição de criança. Esse é considerado o momento crucial na vida da adolescente, pois
constitui a etapa decisiva de um processo que começou com o crescimento.
14
Em algumas sociedades, como apontam Becker (1989); Monroy de Velasco (1988), a
transição da infância para o adulto se faz em função do critério biológico, a puberdade
simboliza a situação de estar em condição adulta e, portanto, apto para assumir novas
responsabilidades, entre elas, a gravidez precoce. Em outras, tal transição se faz
paulatinamente, sem que haja o reconhecimento social de uma fase intermediária entre a
infância e a idade adulta. Nas sociedades industrializadas, em que se fazem rigorosos os
critérios de maturidade intelectual e capacitação técnica, a adolescência é entendida como um
período em que ocorre o preparo do jovem para o ingresso, com êxito, no mundo dos adultos
(ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD, 1975).
Segundo Dolto (1990), os "rituais de passagem" constituem uma das mais importantes
tarefas do desenvolvimento e caracterizam também uma das mais polêmicas descobertas: a
sexualidade. E a explosão que tal descoberta pode resultar em situações que, certamente,
desencadeiam problemas como a gravidez na adolescência, podendo ser considerado de
âmbito social por envolver, simultaneamente, em dois fenômenos do desenvolvimento
humano: a adolescência e a gestação, além das repercussões biológicas e psicológicas que ela
acarreta.
Guimarães (1994) enfatiza que no Brasil a sexualidade precoce e a freqüente
inadequação dos serviços de saúde têm contribuído para o aumento da prevalência de
gravidez de risco e mortalidade materna. Dados do Ministério da Saúde, Brasil (1995),
apontam alta freqüência de mortalidade materna na faixa etária de 15 a 24 anos, relacionada a
complicações da gestação, parto e puerpério. Os coeficientes de mortalidade materna na faixa
de 14 a 42 anos são superiores a 130 por 100.000 nascidos vivos. Na faixa de adolescentes, os
óbitos perfazem 22,3% do total, com risco superior à faixa de 20 a 29 anos.
Diante dessa realidade, a sexualidade deve ser um tema de discussão e debate entre os
pais, educadores e profissionais de saúde, tendo como objetivo encontrar maneiras de
informar e orientar os jovens para que protelem ao máximo sua iniciação sexual; tenham
responsabilidade; auto-estima e pratiquem o sexo com segurança.
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2.2 GESTAÇÃO PRECOCE
A adolescência é um período muito distinto na vida do homem, pois é marcado por
transformações, anseios, descobertas e, em detrimento disso, há um despertar em busca de
uma ampla vida social com o propósito de se tornar parte definitiva e atuante de uma
sociedade (VÁZQUEZ et al., 1997).
Em 1985, foi instituído pela ONU o Ano Internacional da Juventude e, a partir desse,
foram desencadeadas inúmeras iniciativas em todo o mundo, visando o levantamento das
necessidades sociais dos jovens que viriam a constituir as futuras gerações de adultos no
terceiro milênio. O processo de institucionalização refletiu nas mudanças que vinham
ocorrendo quanto às expectativas sociais diante dessa etapa da vida, no sentido de ter como
primazia reservá-la aos estudos, com vistas a preparar os jovens para o ingresso ao mercado
de trabalho em melhores condições (SABÓIA, 1998).
Assim, o início de vida sexual precoce tem-se chamado a atenção dos programas
governamentais e observa-se que tal ocorrência nesse momento de transição, principalmente
corporal, em detrimento das atividades hormonais, resulta em um elevado índice de gravidez.
A problemática da gravidez na adolescência assume amplitude mundial e sugere-se a
realização de estudos regionalizados para a elaboração de programas de saúde que atendam as
reais necessidades dessa clientela (CARVALHÃES; CORRÊA, 2003; SANTOS et al., 1987).
Conforme Cavalcanti, Amorim e Santos (2001), a gestação em adolescentes apesar de
ser um fato polêmico e que tem gerado discussões atualmente em todo o mundo, não é um
acontecimento atual e esteve sempre presente na história da humanidade. Com o passar dos
anos esperava-se que a taxa de natalidade diminuísse devido à maior divulgação e acesso aos
métodos contraceptivos. Porém, esta situação não vem ocorrendo, o que a transforma em um
problema de saúde pública. Dolto (1990) relata ainda que a gravidez precoce torna-se uma
situação que sempre gera alterações: mudanças na mãe, no seu papel social, reajustamentos
interpessoais, intrapsíquicos e, quando essa ocorre principalmente na adolescência, as
alterações assumem um risco maior, pois é um período de vida em que há uma superposição
de crises vitais: a de um organismo infantil para um organismo adulto com reflexos somáticos
e psíquicos.
Silva e Sarmento (1988) consideram a maternidade na adolescência como
problemática do ponto de vista biopsicossocial e também acreditam que a adolescente não
esteja apta, emocionalmente e biologicamente para enfrentar a gravidez, o parto e o processo
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de criação de um filho, acontecendo geralmente de uma forma inesperada. Isso pode acarretar
uma série de episódios negativos que vão interferir no desenvolvimento da jovem, tais como,
rejeição familiar e restrições sociais e econômicas.
De acordo com relatório da ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD
OPS/OMS (1992), as adolescentes grávidas formam um grupo de risco tanto para elas quanto
para seus filhos: (ainda que a situação biológica não seja um presente risco) o risco é social e
psicológico, já que ocorre na maioria das vezes entre jovens com limitados recursos e com
acesso restrito aos serviços de saúde. Dessa forma, a questão da gravidez em adolescentes,
seja por falta de orientação, informação ou de acesso aos meios contraceptivos, seja pelo
contexto em que se encontra, é um problema que afeta a sociedade de uma forma geral,
acarretando uma diminuição da possibilidade de melhoria da situação sócio-econômica das
jovens e reduzindo sensivelmente as opções educacionais e profissionais.
Silva (1981) salienta o fato de que como resultado da maternidade precoce, a jovem
tem restrições quanto as suas opções educacionais e profissionais, contribuindo desta forma
para a manutenção de um estado sócio-econômico carente.
Corroborando ao autor acima, Cavalcanti, Amorim e Santos (2001) afirmam que, a
gravidez é na maioria um acontecimento inesperado, tanto para a adolescente que deseja
engravidar quanto para a que não deseja. E para Brandão (2003) a gestação deve ser encarada
necessariamente como indesejável, com conseqüências biológicas, psicológicas e sociais
negativas.
Para Costa (2005) e de acordo com a Organização Panamericana de Saúde e UNICEF
(1988) pesquisas relacionadas à gestação e à maternidade na adolescência têm mostrado alta
prevalência de iniciação sexual precoce e pouca utilização de métodos contraceptivos levando
em conseqüência o aumento da incidência de gestação não planejada entre adolescentes,
principalmente na faixa de menores de 16 anos onde o evento não foi planejado. Isso se torna
um motivo de preocupação para os profissionais de saúde, pais, educadores e toda a
sociedade, tendo em vista os prejuízos pessoais, familiares e sociais quando associado às
precárias condições de vida, famílias numerosas, com pouco acesso aos serviços e bens de
consumo, contribuindo para perpetuação do ciclo de pobreza.
Szigethy e Ruíz (2001); Trad (1999) sustentam que um dos fatores primordiais que
levam a uma gestação precoce seria a ausência de diálogo entre pais e filhos, pois se trata de
um momento de esperada instabilidade emocional, em que o suporte por parte da família,
amigos e companheiros parece ser essencial, caso contrário, pode atenuar um episódio
bastante frequente em gestantes dentro dessa faixa etária: a depressão. Os autores enfatizam
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que com frequência, são observados sintomas depressivos, principalmente durante o segundo
ou terceiro mês de gestação, os quais podem estar associados a alguns fatores estressores, tais
como, problemas com o pai do bebê, falta de apoio social, dúvidas sobre o aborto e
preocupações com o cuidado da criança.
Dias e Gomes (2000); Eisenstein e Souza (1993) concordam que o diálogo que se faz
entre pais e filhas, além de proporcionar um melhor convívio, possui uma influência
significativa na idade da iniciação sexual dos jovens e na prevenção da gravidez.
Segundo Lima (2004) a gravidez tem um sentido diferenciado em contextos sociais
diferentes. Na população de baixa renda a gestação precoce é muitas vezes percebida como
uma predestinação, levando a jovem a aceitá-la como uma fatalidade, e também pelo desejo
de ter um filho aparece mais cedo, havendo, assim, uma maior valorização desse evento. Com
base nisso, para algumas adolescentes, a gravidez faz parte do projeto de vida. Porém, para
outras, é um evento desconfortável gerando assim medo e conflitos ou acentuando os já
existentes.
Por outro lado, a gestação nem sempre se configura como uma situação problemática
na vida das adolescentes, quando vem acompanhada de apoio familiar, cumprimento das
orientações recebidas no pré-natal, suporte para prosseguir os estudos, presença do
companheiro, responsabilidade e cuidado com o bebê (SZIGETHY; RUÍZ, 2001).
Para Pinto e Silva (1998) a gestação nas adolescentes altera a rotina familiar, afeta os
compromissos pessoais e principalmente escolares, podendo até afastar definitivamente a
jovem dos estudos. Além disso, muitas delas perdem seus empregos ou são, inclusive,
expulsas de casa.
Hoffmann (1998) argumenta que o maior número de gestações na adolescência
acontece depois que as jovens já deixaram a escola, não podendo, portanto, ser consideradas
como determinantes da pobreza, mas possivelmente por ela condicionadas.
Brandão (2003) relata que a gestação precoce pode trazer desvantagens à vida escolar
e à educação dessa adolescente, pelo abandono e dificuldade de retornar à escola, o que
causaria danos, limitando-a ao seu progresso acadêmico e possibilidades de adequação ao
mercado de trabalho.
De acordo com o que foi descrito acima, nota-se que durante a gravidez, muitas
adolescentes abandonam escola e emprego. Constrangimento e pressões de diretores,
professores, colegas e pais de colegas estão entre os fatores que determinam a saída da escola
antes do nascimento do filho. Alguns pais contribuem decisivamente para esse abandono ao
preferirem esconder a situação “vexatória” da gravidez de sua filha (SOF, 1997).
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Conforme Beretta (1995) após o nascimento, a jovem mãe abandona a escola por não
ter outra saída, pois necessitam pagar pelo seu sustento e do filho. Nesse caso, diante das
dificuldades em encontrar vaga em uma creche gratuita próxima a adolescente busca o apoio
da sua família para a guarda do bebê durante sua jornada de trabalho, o que torna ainda mais
frágil e já complicada relação com o filho. No fim do dia, ir à escola diante desse contexto
torna-se uma tarefa impossível de ser cumprida. O autor afirma também que a gravidez na
adolescência um desafio social e não um problema só da adolescente, que em sua maioria,
além de estar assustada com a gravidez, fica sozinha nessa fase, porque às vezes o pai,
familiares e amigos se afastam desencadeando ainda mais conflitos.
Leal e Wall (2005) enfatizam que a gravidez precoce gera consequências sociais e
econômicas para a mãe adolescente pela dificuldade de serem empregadas por terem baixa
escolaridade, pois muitas delas não conseguem concluir os estudos, além do risco de formar
famílias mais numerosas.
Brandão (2003) retrata que é indispensável o apoio da família e do companheiro,
porém em especial nos estratos de baixa renda, significa uma diluição, ou atenuação, da
legitimidade da autoridade da mãe adolescente sobre o filho/filha.
Em contraposição, Desser (1993) afirma que na classe média a interferência da
família é vivida como crise e questionada pela adolescente, portanto, jovens oriundas de
famílias com maior poder econômico e que aceitam a gravidez podem vislumbrar a
possibilidade de completar seus estudos e retomar seu projeto de vida.
Bruschini (1996) relata que a não-continuidade dos estudos significará menor
qualificação, portanto, menos chances de competir num mercado cada vez mais exigente e
com menos ofertas, além da submissão ao trabalho informal e má remuneração.
Henriques et al. (1989) apresentam evidências de que a menor escolaridade é uma
característica geral das adolescentes que tiveram filho, independentemente de seu nível de
renda ou sua residência (áreas urbanas ou rurais). Fertilidade, em geral, apresenta uma relação
inversa com nível educacional das mulheres: mulheres sem educação formal têm, em média, o
dobro do número de filhos do que aquelas com sete ou mais anos de escolaridade (BRASIL,
1994). Boletim da SOF (1997) aponta que entre as meninas que cursaram mais de cinco anos
escolar, cinco a cada 100 engravidam antes de fazer 19 anos. Entre as meninas sem instrução,
a proporção sobe para 17 em cada 100.
Desser (1993) aborda que os rapazes quando assumem a paternidade deixam o estudo
para trabalhar, e a adolescente fica em casa cuidando do lar. Ambos visualizam claramente
que seus projetos de vida estão desfeitos. Essa nova situação traz reflexos na relação com o
19
bebê, pois pode culminar ou refletir em problemas no desempenho afetivo da maternidade e
da paternidade. A frustração decorrente dessa visão, a imaturidade para organizar a vida em
família, as dificuldades financeiras, tornam essa união pouco duradoura. Porém, a mais
significativa dentre as causas da instabilidade da união é justamente aquela que a motivou: a
pretensa autonomia econômica e emocional em relação à família de origem.
Ainda pode-se acrescentar outros ingredientes explosivos nessa relação como o
desencanto com o projeto acalentado durante a gravidez, de uma maternidade/paternidade
igualitária, a descoberta de precisar da ajuda da própria mãe no cuidado com a criança – ajuda
que fora desqualificada no projeto original de maternidade/paternidade, as alterações da vida
sexual, gerando acusações de ambas as partes de “falta de interesse” são vividas como críticas
que introduzem a separação como possibilidade concreta entre casais com, em média, 10
meses de vida conjugal (DESSER, 1993).
Bertagnon et al. (2005) alerta que a gravidez na adolescente gera muitas consequências
ruins. Os transtornos da própria fase associado às mudanças de ordem psicossocial, de ordem
médica pode levar a uma grande incidência de prematuridade e de baixo peso ao nascer até
mesmo o aborto.
De acordo com aspecto biológico, a Organização Pan-americana de Saúde - OPS,
(1992) relata que filhos de mães adolescentes têm maior probabilidade de apresentar baixo
peso ao nascer e, consequentemente, maior probabilidade de morte, do que os filhos de mães
com 20 anos ou mais. Beretta (1995) descreve que taxa de prematuridade é mais alta nesse
grupo, aumentando o risco de mortalidade perinatal. De acordo com SOF (1997) em São
Paulo, de cada mil bebês de mães adolescentes, 70 morrem antes de completar um mês.
Segundo Beretta (1995) e SOF (1997) esses riscos se devem, em grande parte, aos fatores
biológicos, tais como imaturidade fisiológica e desenvolvimento incompleto dos ossos da
pelve feminina e do útero.
Segundo Rugolo et al. (2004) o fato dos bebês serem prematuros ou com algum tipo
de problema os obrigando a ficarem internados na maternidade, possivelmente aumentem a
grande incidência de atitudes positivas das adolescentes para com seus filhos, uma vez que
neste momento delicado, em que o bebê requer cuidados especiais, carinho e atenção da mãe,
a adolescente se depara com a responsabilidade de ter um filho, o que pode até facilitar o
início do apego ao bebê.
Ao examinar alguns trabalhos, Beretta (1995); Brasil (1993); Brasil (1994); SOF
(1997) ressaltaram pelo menos seis problemas que podem afetar a saúde da mãe adolescente e
do bebê. Uma delas é a imaturidade anátomo-fisiológica da mãe, levando a prematuridade e
20
baixo peso do bebê ao nascer. A segunda é a toxemia gravídica, que aparece nos últimos três
meses de gestação e, principalmente, na primeira gravidez das jovens podendo ocorrer desde
pré-eclâmpsia, eclâmpsia, convulsão até coma e alto risco de morte de ambos. Uma terceira
complicação pode ocorrer durante o parto, o qual pode ser prematuro, demorado, com
necessidade de cesárea e com risco de ruptura do colo do útero. A quarta complicação são as
infecções urogenitais especialmente decorrentes de parto feito em más condições de assepsias.
Risco de anemia seria a quinta complicação, já que naturalmente a adolescente, em fase de
crescimento, necessita de uma boa alimentação. Na gravidez, essa necessidade se intensifica e
o seu não-atendimento pode ocasionar anemia, prematuridade no parto e baixo peso do bebê.
Finalmente, a gravidez pode ocasionar retardo do desenvolvimento uterino.
Essa intricada rede de causalidades que configura a gravidez precoce como situação de
risco à saúde (e à vida) da mãe e do bebê poderia ser menos impactante se essas adolescentes
procurassem os serviços de saúde para um adequado acompanhamento do pré-natal e do
parto/puerpério. No entanto, somente após o segundo ou terceiro mês de atraso da
menstruação, a adolescente percebe ou reconhece que está grávida (SOF 1997). Posterga a
procura pelo serviço de saúde até, pelo menos, o momento em que não possa esconder mais
seu estado chegando, em alguns casos, a procurar o serviço de saúde somente por ocasião do
nascimento do seu filho. Esse acompanhamento poderia auxiliar o enfrentamento por parte da
mãe de outro fator de risco - para ela e o bebê - igualmente ou mais importante que o
biológico: o risco socioeconômico. Acrescente-se que a decisão por procurar o serviço de
saúde pode acrescentar outras características ao problema, já que:
A consulta inicial gera grandes expectativas para a adolescente grávida, que vem carregada de dúvidas, culpas, vergonhas, temores em relação à sua capacidade reprodutiva e desconfiada de como será atendida pelo profissional (BRASIL, 1993, p. 13).
Gama et al. (2001); Kellogg, Hoffman e Taylor (1999); Roth, Hendrickson e Stowell
(1998) perceberam então que uma atenção especial deve ser dada a essas jovens, uma vez que
algumas pesquisas relatam não só os riscos sofridos pelas mães adolescentes, mas também os
que passam seus filhos. Os problemas mais frequentemente encontrados são os partos
prematuros e o baixo peso ao nascer, além de uma maior possibilidade de abuso ou
negligência no cuidado com o bebê (GUPTA; LEITE, 2001; VÁZQUEZ et al., 1997).
21
Kellong, Hoffman e Taylor (1999) chamam atenção para as possíveis complicações na
gestação e problemas de saúde do bebê ao nascer. Já Kalil e Kunz (1999) ressaltam os
problemas de aprendizagem e de comportamento dos filhos de mães adolescentes.
Carter e McGoldrick (1995) afirmam que o fato da adolescente engravidar envolve
todas as pessoas que fazem parte de sua vida, mas, sobretudo a si. Entretanto, a gravidez será
assimilada, aceita e desenvolvida na adolescente que irá enfrentar uma mudança tanto
corporal quanto emocional. Vê-se também que é justamente essa etapa na qual ocorre também
uma estruturação da identidade, ou seja, altera-se a visão de mundo a partir da infância e
inicia-se um processo de orientação para a fase adulta. A adolescente experimenta um misto
de sentimentos que vão desde a alegria da notícia da gravidez ao desespero em gerar uma
nova vida.
Para não isentar a adolescente da responsabilidade de uma gravidez não planejada, o
que se propõem é avaliar qual a repercussão desse fato, pois ela necessita de amparo e
proteção, assim como compreensão, uma vez que críticas e julgamento não a ajudarão.
Espera-se que a sociedade possa detectar essa dificuldade e auxiliar em sua prevenção. Diante
da situação, algumas alternativas em nível de conhecimento psicossocial são encontradas, tais
como: serviços educativos para aumentar o nível de conhecimento dos adolescentes, serviços
de planejamento familiar, habilidades sociais, assessoramento a adolescentes que correm o
risco da concepção, diagnóstico e tratamento de doenças sexualmente transmissíveis e
oportunidades de trabalho para esses jovens (BARROSO; BRUSCHINI, 1982; KIMMEL;
WEINER, 1998).
A adolescente grávida precisa de oportunidade para retomar e repensar seu papel
social, de cidadã, de mulher, de mãe, desenvolvendo assim uma auto-estima favorável para
que dessa fase em diante possa obter maior equilíbrio, apoio e uma melhor perspectiva de
futuro para sua vida e a de seu bebê (BERTAGNON et al., 2005).
22
2.3 ALEITAMENTO MATERNO NA ADOLESCÊNCIA
Para Almeida, Fernandes e Araújo (2004) amamentar é uma prática natural e eficaz.
Um ato cujo sucesso depende de fatores históricos, sociais, culturais e psicológicos da
puérpera e do compromisso e conhecimento técnico-científico dos profissionais de saúde
envolvidos na promoção, incentivo e apoio ao aleitamento materno.
Botelho (2005) afirma que o leite materno é o melhor alimento para o recém-nascido,
uma vez que contém todas as substâncias nutricionais de que ele necessita, pois está na
temperatura adequada, de fácil digestão, livre de impurezas, maior custo-benefício e sendo
fundamental para o crescimento e desenvolvimento físico e mental da criança. O leite humano
é adequado para o bebê e sua composição, e é a única capaz de atender a necessidade de
espécie humana: é composto por proteínas, açúcar, minerais e vitaminas, com gordura em
suspensão.
Santos et al. (1987) afirmam que a amamentação é segura para o recém-nascido tanto
bacteriológica quanto imunologicamente e é um dos fatores de proteção e de defesa contra
infecções, garantindo a imunização do RN, além de promover vínculo afetivo entre mãe e
filho, de baixo custo financeiro e auxilia na involução uterina.
Segundo estudos realizados por Rea (1990) constatou-se que a amamentação, além de
todos os benefícios para o bebê, também traz proteção futura para a mãe contra alguns tipos
de câncer como o de mama e epitelial do ovário e no período de lactação a perda de peso na
vigência da amamentação exclusiva.
Pesquisas recentes realizadas por Giugliani apud Silva (1994) afirmam que a técnica, o
posicionamento da mãe e do bebê, a pega e sucção são fatores importantes para a
transferência efetiva do leite da mama para o bebê e também para a prevenção de lesões
mamilares da mãe. Segundo o autor há vários indicadores de que uma criança está mamando
de forma eficiente e um deles é o ganho ponderal de peso satisfatório. Cabe ao profissional
que está acompanhando a nutriz avaliar a qualidade da amamentação orientando-a a esse
respeito. A posição da criança em relação à mama, por exemplo, é fundamental.
Em países em desenvolvimento, inclusive o Brasil, trabalhos têm mostrado
preocupação com a prevenção da desnutrição infantil por meio da promoção da saúde,
incentivando à amamentação, principalmente em mães adolescentes. A OMS, o UNICEF e
vários estudos destacam a necessidade e a importância de promover o aleitamento materno
exclusivo, como forma eficaz de prevenir doenças infecciosas (gastrointestinais, respiratórias
23
e otites médias), enterocolite necrotisante, retocolite ulcerativa, doença de Crohn; proteger
contra alergias tardias, diabetes mellitus insulino-dependentes, sobrepeso e disfunções
cognitivas; e favorecer o crescimento e o desenvolvimento infantil (VICTORA et al., 1987).
Gouvêa (1998) relata que nos serviços de saúde melhor organizados do Brasil, equipes
multiprofissionais trabalham a auto-estima de gestantes e puérperas adolescentes,
incentivando-as a assumirem responsabilidades pessoais e com seus bebês, fortalecendo o
vínculo mãe-filho e favorecendo a amamentação.
Audi, Correa e Latorre (2003) ressaltam que campanhas que visam informar as mães
sobre os benefícios da amamentação são importantes e devem ser comentadas. Porém,
algumas ações podem contribuir significativamente para que aumente a duração da
modalidade exclusiva e do aleitamento materno continuado. Por exemplo, capacitar
profissionais de saúde para que atuem como incentivadores da prática para que estejam aptos
a oferecer suporte às mães que amamentam ou que se preparam para tal, utilizando o pré-natal
e o banco de leite como período e local de promoção do aleitamento materno. Além disso,
devem ser direcionadas ações de promoção, proteção e apoio à amamentação, especialmente
às mães primíparas adolescentes e com escolaridade menor que segundo grau. Relatam
também que é urgente a implantação dos dez passos para o sucesso do aleitamento materno,
especialmente nos hospitais que já iniciaram política de promoção, implantando os bancos de
leite.
Entretanto, apesar dessas vantagens serem bastante conhecidas e supostamente
divulgadas, não tem sido suficientes para que ocorra a diminuição do desmame precoce.
Estudos comprovam que o desmame não tem apenas uma causa, e sim vários fatores que se
associam, entre eles: pouca idade materna, falta de conhecimento e informação, atividades
fora do lar e possíveis problemas fisiológicos da mãe e do bebê (CARVALHO et al., 2000).
24
2.4 FATORES QUE INTERFEREM NA PRÁTICA DO ALEITAMENTO EM MÃES
ADOLESCENTES
Do ponto de vista fisiológico não há nenhum comprometimento no processo da
amamentação em mães adolescentes. Guyton e Hall (1998) descrevem que o
desenvolvimento das glândulas mamárias é estimulado pelos mesmos estrogênios do ciclo
sexual mensal, que promovem o crescimento do estroma e do sistema de ductos e a
deposição de gordura para dar massa às mamas. Além disso, durante a gravidez, o tecido
granular se desenvolve completamente para a efetiva produção de leite. Para tanto, assevera
Medeiros et al. (1999):
A amamentação é uma habilidade que não é inata, mas aprendida pela observação e experiência. É necessário aquisição de habilidades entre mãe e filho, é de base essencialmente fisiológica, mas outros fatores podem contribuir ou interferir para o êxito, os aspectos psicológicos e socioculturais (MEDEIROS et al., 1999, p. 23).
Guyton e Hall (1998) afirmam que com o desenvolvimento placentário, desenvolve-
se o sistema secretor responsável pela produção do leite, o final de cada ducto mamário
ramifica-se inúmeras vezes, formando os alvéolos.
Mahan e Escott-Stump (1998) descrevem que com o trabalho de parto é
desencadeado uma dramática mudança no padrão hormonal da mãe ocorrendo uma queda
repentina nos níveis circulantes de estrogênio e progesterona e que acompanham um rápido
aumento na secreção de prolactina pela hipófise anterior da mãe. Em detrimento dessas
mudanças e outras, estabelecem um estágio para o início formal da lactação. O processo de
ejeção do leite é mediado pela ocitocina, hormônio da pituitária posterior que estimula as
células mioepiteliais da glândula mamária para contraírem, causando o movimento do leite
através do sistema de ductos para a chegada final à boca do bebê.
Após o nascimento do bebê, o nível basal da secreção de prolactina retorna, em
poucas semanas, ao nível de antes da gravidez (GUYTON; HALL, 1998). Porém, o estímulo
típico para uma contínua produção e secreção de leite é a sucção do bebê na mama da mãe
(MAHAN; ESCOTT-STUMP, 1998).
Quanto maior a frequência e duração das mamadas, mais elevado é o nível de
prolactina e de leite, consequentemente (GUERREIRO, 1990; OSTROM; FERRIS, 1993).
25
Quando o bebê suga a mama, sinais sensitivos são transmitidos através de nervos
somáticos até a medula espinhal e desta ao hipotálamo, fazendo com que a hipófise secrete
ocitocina. Esse hormônio flui pelo sangue até as mamas, onde provoca contração das células
mioepiteliais, espremendo o leite dos alvéolos para os ductos (GUYTON; HALL, 1998).
Esse processo mediado pela ocitocina também está relacionado a fatores psicossomáticos,
em outras palavras, fatores psicológicos e emocionais da mãe.
O processo do reflexo de descida do leite parece ser sensível a pequenas mudanças
nos níveis de ocitocina circulantes; as menores perturbações emocionais ou estresses
ambientais podem influenciar a facilidade com que o leite do peito é fornecido ao bebê
(MAHAN; ESCOTT-STUMP, 1998). A glândula mamária responde ao estímulo da sucção
produzindo mais leite, mas, pela deficiência do reflexo da ejeção, o leite fica retido nos seios
causando congestão e dor (GUERREIRO, 1990).
Portanto, segundo Giugliani (1994), o tamanho, a forma ou a simetria das mamas não
interferem com a capacidade de amamentar. Com o decorrer da gravidez as mamas sofrem
alterações, ficando maiores e mais pesadas, e a área à volta do mamilo (aréola) fica mais
escura e mais sensível. Algumas vezes os mamilos podem ser pequenos ou até "puxados"
para dentro (mamilos invertidos) parecendo não terem tamanho para o bebê fazer uma boa
pega. Contudo, na maior parte das vezes, essas configurações não acarretam problemas,
podendo esporadicamente dificultar o processo nos primeiros dias. O exame e tratamento
dos mamilos rasos ou invertidos não são recomendados. Esse tipo de prática é ineficaz ou até
associadas com um impacto negativo na amamentação. Algumas mães poderão apresentar
uma pele mais sensível, o que não tem importância para o aleitamento materno, e irá
resolver-se espontaneamente nas primeiras semanas após o parto.
Além desses, a prática do aleitamento materno apresenta-se influenciada por diversos
outros fatores, incluindo socioeconômicos e demográficos, como idade e escolaridade
materna, o fato da mãe trabalhar fora de casa, dentre outros. Práticas culturais também
podem influenciar, destacando-se a percepção materna sobre o ato de amamentar e suas
dificuldades, introdução de líquidos não nutritivos, uso de chupeta, mamadeiras e até mesmo
a interferência direta das avós. Tais fatores e orientações no pré-natal, condutas hospitalares
como alojamento conjunto, parto humanizado, mãe-canguru e suporte pós-parto, acabam por
determinar a duração do aleitamento materno, já que a amamentação é capaz de suprir todas
as necessidades da criança, mantendo seu crescimento e desenvolvimento dentro da
normalidade (AMADOR et al., 1992; COTRIM; VENÂNCIO; ESCUDER, 2009; FADUL;
XAVIER, 1983; VENÂNCIO et al., 2002).
26
Tamez e Silva (2002) aponta como fatores críticos relacionados à dificuldade inicial
no estabelecimento da amamentação e ao desmame precoce: a idade da mãe adolescente; sua
escolaridade; introdução precoce da mamadeira; acesso ao leite artificial; ausência do
companheiro; aceitação da gravidez; problemas com a mama e mamilo e a falta de
conhecimento do valor nutricional do leite materno Configura o fator motivação como
mentor do grau de dificuldade para a amamentação e, por outro lado, o baixo grau de
instrução como fator determinante da não adesão ou período débil ao ato.
Conforme os achados do autor supracitado, o grau de instrução materno mais elevado
parece ser um bom preditivo de sucesso na prática da amamentação exclusiva. Pesquisa
realizada por Fadul e Xavier (1983) relata que mães com menos de onze anos de
escolaridade, isto é, que interromperam os estudos antes do término do segundo grau,
apresentam maior chance de interrupção dessa prática antes dos quatro meses de vida da
criança. Essa situação parece evidenciar que as mães com formação acadêmica apresentam
maior possibilidade de receber informações acerca dos benefícios da amamentação, sofrendo
menor influência externa e rejeitando práticas que, de modo cientificamente comprovado,
prejudicam sua ocorrência. Portanto, a instrução aparece como fator determinante materno
quanto ao processo de aleitamento, pois promove à mãe autoconfiança, dando-lhe segurança
para lidar com os possíveis problemas ou desconfortos nessa prática.
É importante mencionar que a auto-estima e a confiança na qualidade do alimento
produzido interferem na crença materna de prover o alimento adequado ao filho. Almeida
(1999) ao trabalhar com questões relacionadas ao desmame, destaca que o leite fraco é uma
das construções sociais mais utilizadas como modelo explicativo para o abandono da
amamentação. Nakano (1996) em inúmeros estudos realizados em diferentes momentos
históricos, apontam para a mesma direção.
Nessa perspectiva, dois aspectos merecem destaque: o primeiro diz respeito ao fato
de mulheres de várias culturas verbalizarem o leite fraco como razão para o desmame, e o
segundo que, do ponto de vista biológico, não existe leite fraco e que são raras as
intercorrências que impossibilitam a amamentação (VINHA, 1999; CUKIER, 1984).
Almeida (1999) destaca também que a utilização do leite fraco como alegação para o
desmame tem uma secularidade, que se fundamentou no movimento higienista do século
XIX, o qual promove a amamentação por meio de ações que buscam responsabilizar a
mulher pela saúde do filho e assim culpando-a pelo desmame. Segundo Almeida, Fernandes
e Araújo (2004); Silva (1999) esse tipo de alegação por parte das mães está impregnado de
27
um pedido de ajuda latente frente às dificuldades vivenciadas no transcurso da
amamentação, às quais elas não conseguem ou não sabem como se portar.
Com relação à idade materna, Peterson e Da-vanzo (1992); Gigante, Victora e Barros
(2000) co-relacionam a idade mais jovem à menor duração do aleitamento. Essa realidade
talvez seja motivada por algumas dificuldades, como, por exemplo, um nível educacional
mais baixo, poder aquisitivo menor e, muitas vezes, o fato de serem solteiras. As
adolescentes, por sua vez, aliam muitas vezes sua própria insegurança e falta de confiança
em si mesmas para prover a alimentação para o seu bebê, à falta de apoio das próprias mães
ou familiares mais próximos, ao egocentrismo próprio dessa idade e aos problemas com a
auto-imagem, alcançando, frequentemente, um menor índice de aleitamento.
Lima e Osório (2003); Venâncio et al. (2002) também verificam que filhos de mães
com mais idade mamam por mais tempo, exclusiva ou parcialmente, em relação aos filhos de
mães mais jovens, especialmente quando essas têm maior número de filhos com história
pregressa de insucesso no aleitamento materno ou se é o primeiro filho.
Segundo Vogel (2003); Hammer, Bryson e Agras (1999) mães desmamam mais
precocemente os primogênitos e mantêm o aleitamento materno tanto mais prolongado
quanto maior o número de ordem da criança na família. A razão, quiçá estaria relacionada à
insegurança da "mãe de primeira viagem", eventualmente mais jovem, com menor grau de
instrução e menor experiência de vida. Em se tratando de ter ou não uma experiência anterior
com aleitamento materno, as mães que têm vivenciado isso de forma positiva,
provavelmente, terão mais facilidade para estabelecê-lo com os demais filhos. Parece haver
uma forte correlação entre a intenção da gestante em amamentar seu filho e a duração da
amamentação.
De acordo com Berra et al. (2003); Venâncio et al. (2002) a influência da paridade
materna na decisão aleitamento é um fator bastante discutível no meio cientifico. Alguns
estudos sugerem que as primíparas, ao mesmo tempo em que são mais propensas a iniciar o
aleitamento, costumam mantê-lo por menos tempo e, consequentemente, introduzem
precocemente os alimentos complementares. Em contraposição, parece que para multíparas,
a alimentação do filho caçula está estritamente relacionada com a vivência adquirida com
sua prole anterior.
Ramos e Almeida (2003); Ichisato e Shimo (2003); Carrascoza, Júnior e Moraes
(2005) concordam que a primiparidade é um fator de risco para o desmame precoce devido à
falta de experiência anterior. O que leva a perceber que essas mães devem receber atenção
especial no pré-natal de modo a priorizar o alto risco de desmame precoce.
28
Confirmando os relatos dos autores acima, Pontes e Silva (2002) afirmam que
período antenatal é crucial para o incentivo do aleitamento materno na adolescência. No
decorrer da fase gestacional deve ser estabelecido um vínculo entre a grávida e os
profissionais da área da saúde. Esse vínculo tem como firme propósito que a mulher possa
esclarecer dúvidas e compreender a importância de tal ato. Os autores discorrem também que
a assistência prestada pelo enfermeiro é fundamental para a prática da amamentação. Isso
porque, esse é um período muito propício para esse profissional conhecer os pais e verificar
o que conhecem sobre o aleitamento materno, identificar tabus, mitos e ainda conhecer quais
as dificuldades que relatam, bem como as apreensões, constituindo-se, portanto, um
momento imprescindível para orientação e apoio às mães adolescentes para a prática do
aleitamento materno.
De acordo com o Brasil (2004), no Brasil, mulheres de baixa renda são as que menos
procuram os serviços de pré-natal, realizam um menor número de consultas, além de iniciá-
lo tardiamente, resultando num menor índice de aleitamento materno. Porém, contradizendo
a realidade descrita e devido ao baixo poder de compra, a partir do sexto mês do filho a
prevalência do aleitamento materno se inverte. Isto é, sendo maior entre as mais pobres, fato
explicado por dificuldades econômicas, que impedem a complementação com outros
alimentos ou, até mesmo, com outros tipos de leite.
Além da não participação do pré-natal, destaca-se como fator interferente e
prejudicial e que promove o desmame precoce, conforme Carvalhães e Corrêa (2003);
Ciaccia, Ramos e Issler (2003) é a falta de apoio. Para os autores, o apoio da família e do
profissional de saúde e da sociedade é de suma importância, pois ajuda a nutriz a superar
seus medos, crenças e suas dúvidas, favorecendo um vínculo melhor entre o binômio mãe-
filho. Mães que são encorajadas e recebem um adequado apoio familiar apresentam maiores
chances de realizar a amamentação natural com sucesso, pelo menos, até o sexto mês de vida
da criança.
Silva (2003) verificou que a falta de apoio nas instituições e de condições ambientais
para a ordenha do leite, bem como a falta de berçários, permitindo a proximidade mãe-
criança, são as principais dificuldades para as mães em relação à manutenção da
amamentação.
Pesquisas realizadas por Carvalhães e Corrêa (2003) mostram que atitudes e práticas
por parte de profissionais de saúde, podem influenciar positiva ou negativamente o início da
amamentação e sua duração. Em particular, que enfermeiras e obstetras, durante o período
pré-natal, e os pediatras e a equipe de enfermagem, no período neonatal, podem incentivar a
29
amamentação e apoiar as mães, ajudando-as a iniciá-la precocemente e a adquirir
autoconfiança em sua capacidade de amamentar. Para Giugliani (1994), embora a maioria
dos pré-natalistas aconselha o aleitamento materno às mães que ainda não se decidiram,
poucos falam sobre o assunto no primeiro trimestre e muitos recomendam a
complementação com fórmulas.
Em consonância, Ciaccia, Ramos e Issler (2003) enfatizam que o próprio profissional
de saúde, entre eles o médico, pode contribuir com suas próprias atitudes para o desmame
precoce. Carvalhães e Corrêa (2003) fundamentam que os profissionais de saúde devem
estar atentos aos sinais não verbais da gestante, pois esses relatam suas emoções e podem ser
indicadores das dificuldades que a mãe adolescente enfrenta, das interpretações que ela faz
acerca de elementos interacionais em seu contexto familiar e social que podem ser
indicativos da qualidade do processo de amamentação.
Além da presença ativa de profissionais da saúde e da família, outra fonte de apoio
importantíssima para a mãe adolescente é a do companheiro. Relatos da Organização
Panamericana da Saúde (1992), o estado conjugal, têm influência negativa sobre o desmame
em mães adolescentes, pois a vida conjugal instável favorece ao desmame. Uma explicação
para esse achado seria a proposta dos peritos da OPS que, frente à gravidez e à maternidade,
a adolescente tem muitos transtornos emocionais, incapacidade de imaginar-se
desempenhando o papel de mãe, sentimento de negação, isolamento, e o pai da criança não
tem lugar em sua vida.
Concordando, Giugliani (1994) retrata que, o fato de as mães terem uma união
estável e o apoio de outras pessoas, especialmente do marido ou companheiro, parece
exercer uma influência positiva na duração do aleitamento materno. Fato esse relacionado ao
apoio social e econômico, como o emocional e o educacional parecem ser muito
importantes, sendo o companheiro a pessoa de maior peso nesses diferentes tipos de apoio.
Entretanto, a atitude positiva do pai parece exercer um maior efeito na motivação e na
capacidade da mãe para amamentar. Fergusson e Woodward (1999) estudando a
amamentação puderam afirmar que mulheres mais velhas que moram com o parceiro
amamentam por mais tempo.
Estudos realizados por Porto (1993), constataram um outro fator: as avós. A
influência das avós interfere na prática do aleitamento materno, entretanto não revelam
nenhuma associação entre o contato mais frequente das avós e a interrupção do aleitamento
materno exclusivo. Contudo, o fato de as avós, tanto maternas quanto paternas,
30
aconselharem o uso de água, chás ou leites artificiais, contribuem significativamente para o
abandono da amamentação exclusiva até o 6º mês.
Barros (1998) complementa que as avós são cuidadoras significativas no âmbito
familiar, pois cuidam dos membros da família, principalmente de filhas e noras na fase
puerperal. Seus conhecimentos são valorizados e respeitados pela sua experiência e vivência,
especialmente nos cuidados com os recém-nascidos. A opinião das avós avaliza as
experiências adquiridas aos longos dos anos podendo ser vistas como sábias e herdeiras de
um processo cumulativo de conhecimentos.
As avós participam nos cuidados às suas filhas, noras e netos em processo de
amamentação, interferindo às vezes, de modo a desestimular essa prática, quando incentivam
o uso de água, chá, leite industrializado e preparado com amido, alegando que o leite
materno é fraco e não "sustenta" a criança. Acredita-se que estas atitudes das avós estejam
relacionadas com o contexto histórico vivido por elas, que expressam uma cultura, onde a
prática da amamentação não era valorizada, ao contrário, era desestimulada. Isso reforça a
necessidade de se incluir as avós em programas de promoção do aleitamento materno para
que práticas que se tornaram obsoletas nos últimos 20 anos não continuem sendo
transmitidas às novas gerações de mães (RUSCHEL; CASTRO, 1998).
Ruschel e Castro (1998) afirmam que, assim, ao exercerem os cuidados familiares, as
avós trazem consigo os conhecimentos e experiências adquiridas durante o momento em que
viveram e aleitaram seus filhos, muitas vezes permeados por mitos, crenças, valores e tabus
enraizados e culturalmente aceitos no contexto vivido por elas.
Mesmo com a falta de apoio ou a influência errônea de determinadas figuras
relevantes na vida da mãe adolescente, Muller (1981) explica que a falta de preparo para o
momento do parto, aliado à dificuldade da maternidade em lidar com a condição dessa etapa,
torna essa experiência extremamente dolorosa e traumatizante. Além disso, há de se destacar
a necessidade do desenvolvimento de um trabalho dirigido à mulher, no sentido de prepará-
la para o parto, puerpério e amamentação, contemplando suas questões subjetivas, numa
dimensão psico-profilática. Nesse sentido, o acompanhamento da gestante, a partir do pré-
parto, se configura como uma medida importante e que deve ser implantada, em resposta a
um dos principais problemas, que na maioria das vezes, tiveram de vencer: a solidão.
A solidão e o desamparo, acrescido à falta de experiência de lidar com o bebê,
principalmente no que diz respeito à iniciação e ao estabelecimento da amamentação, é um
dos maiores problemas enfrentados pela mãe adolescente no puerpério. Muller (1981)
analisa que muitas vezes a instituição ou até mesmo Unidades de Atenção Primária não
31
oferece um suporte adequado às necessidades da mulher, e quando o faz se limita as questões
relativas ao manejo da lactação, através de uma abordagem predominantemente biologicista.
Evidencia-se a necessidade de apoio, no sentido de haver alguém capaz de escutar as suas
angústias e diminuir as ansiedades geradas pelo comportamento do bebê, que para elas
representa algo novo e desconhecido.
Segundo Vinha (1999) o puerpério representa uma importante fase de adaptação, na
qual a mulher necessita de apoio, ajuda e certos cuidados, face aos sentimentos de
insegurança, medo, conflitos e ansiedades que vivencia. Os sentimentos maternos no pós-
parto são, sem dúvida, grandes influenciadores do que irá ocorrer em relação à
amamentação. Por isso a importância de prestar atenção nas atitudes dessas mães
adolescentes nesse período.
Quanto ao tipo de parto, parece haver maior facilitação para o estabelecimento da
lactação mais precoce e efetiva no parto vaginal, uma vez que não há o fator dor incisional
ou o efeito pós-anestésico da cesárea, dificultando, portanto, as primeiras mamadas. No parto
normal, o primeiro contato mãe-filho ocorre mais precocemente, enquanto que na cesárea,
dificilmente a criança vai até a mãe antes das primeiras seis horas pós-parto, propiciando a
introdução de fórmula láctea ou glicose para o recém-nascido já no berçário e, o que é pior,
em mamadeira. Essa recomendação se fundamenta nos riscos indicativos da interferência
cirúrgica, que pode afetar a saúde da mulher no puerpério, no seu futuro obstétrico e no
sucesso do aleitamento materno (CARVALHÃES; CORRÊA, 2003; FIGUEIREDO et al.,
2004).
Num estudo feito em Pelotas, RS, em 1998, segundo Barros (1998), a duração da
amamentação foi similar entre os nascidos por parto vaginal ou cesárea emergencial, porém,
as crianças nascidas por cesárea eletiva apresentaram um risco três vezes maior de
interrupção da lactação já no primeiro mês de vida, pois as mães encontravam-se limitadas
ao contato precoce com o filho, fazendo com que haja a introdução de meios para tentar
garantir o aleitamento. Considera-se que o uso de objetos similares à mama são prejudiciais
ao recém nascido.
Karjalainen et al. (1999); Viggiano et al. (2004) ressaltam que desde meados do
século passado, vários estudos mostram que o uso da mamadeira interfere nas funções de
mastigação, sucção e deglutição, sendo capaz de alterar a musculatura dos órgãos
fonoarticulatórios e a oclusão dentária. Além disso, Tully, Bar-Hain e Bradley (1995)
afirmam que a mamadeira é considerada importante fonte de contaminação das crianças e
um dos fatores de risco para a ocorrência de otite média. Quando introduzida precocemente,
32
acredita-se que a mamadeira possa gerar "confusão de bicos", devido às diferenças existentes
entre a sucção na mama e no bico artificial.
Segundo Righard (1996) as crianças com alimentação mista (peito e mamadeira)
podem desenvolver técnica incorreta de sucção no seio. Para esse autor, algumas dessas
crianças usam a língua como pistão ao sugar o seio, comportamento usual na sucção da
mamadeira, mas não na sucção do seio. Crianças que usam mamadeira apresentam com mais
frequência comportamentos desfavoráveis a uma transferência efetiva do leite da mama.
Além da mamadeira, cabe ressaltar efeito negativo que o uso da chupeta causa sobre
a duração do aleitamento materno tem sido evidenciado por diversos estudos. Victora et al.
(1997) mostraram que o uso de chupetas parece contribuir para o desmame precoce em
grupos de mulheres que não se sentem confortáveis com a amamentação. Howard et al.
(2003), em ensaio clínico randomizado, concluíram que mães que oferecem chupeta a seus
filhos provavelmente amamentam com menos frequência e apresentam maior possibilidade
de desmamarem precocemente quando comparadas a mães que não as oferece.
Além destes, estudos realizados por Giugliani (1994); Fernandes e Lara (2006),
doenças como ingurgitamento mamário, traumas mamilares, bloqueio de ducto lactífero,
infecções mamárias e baixa produção de leite constituem importantes fatores que podem
predispor ao aparecimento de complicações da lactação. A causa mais comum de dor para
amamentar se deve a traumas mamilares por posicionamento e pega inadequada. São
problemas que se não resolvidos ou minimizados podem levar ao abandono do aleitamento.
Para Silva (1999); Nakano e Mamede (1999) o fato da mãe, muitas vezes, falhar na
amamentação, apesar de um forte desejo de efetivá-la, pode também, ser devido à falta de
acesso à orientação e ao apoio adequado de profissionais ou de pessoas mais experientes
dentro ou fora de sua família. Considerando que cada nascimento se dá em contextos não
necessariamente iguais, ou seja, diferenças de idade, de condições socioeconômicas ou de
situação conjugal da mãe, o simples fato de ter uma experiência prévia, talvez não seja
suficiente como estímulo para amamentação dos filhos subsequentes.
Nessa mesma perspectiva, Silva (1990) ressalta, em seu estudo, que a amamentação
muitas vezes é vivida como um fardo obrigatório e um desejo prazeroso, podendo esses
sentimentos dar-se de forma simultânea ou alternada. A vergonha de amamentar em público,
sentimentos ambivalentes em relação à dupla função exercida pela mama, mamoplastia e
tabus figuram com menor frequência, não deixando de ser fatores impeditivos para a
amamentação.
33
Pode-se encontrar na literatura, de forma bem definida, todos os conhecimentos sobre
a definição e as vantagens que o aleitamento materno oferece tanto para a criança quanto
para a mãe, a família e a sociedade em geral, principalmente quando é proposto
exclusivamente, no entanto diversas têm sido as interferências nesta prática o que causa um
aumento do desmame precoce (SILVA, 1999).
De acordo com Enkin et al. (2000) a amamentação é muito importante para a mãe e o
bebê e geralmente as mães que amamentam o fazem porque acreditam ser o melhor alimento
para seu filho e porque a consideram agradável e prazerosa, no entanto, muitas encontram
dificuldades e abandonam o aleitamento antes da expectativa especial.
Desde 1987, Martins Filho relata que mesmo com todos os benefícios do aleitamento
materno, muitas mães ainda não o fazem em função da falta de conhecimento por parte da
população sobre os reais benefícios, pelo processo de industrialização que leva a mãe
adolescente ao trabalho fora do lar e a ausência do apoio físico e emocional durante o
puerpério, fatores esses muitas vezes responsáveis pelo desmame precoce.
Segundo Audi, Correa e Latorre (2003) a introdução de chá, em si, exclui a criança
da modalidade exclusiva de amamentação. Além de ser um líquido não nutritivo, leva à
redução do consumo total de leite materno, aumentando o intervalo entre as mamadas e
podendo culminar com o desmame total e precoce. Por isso, é considerada uma prática
inadequada e desnecessária sob o ponto de vista biológico.
Em 1994, Leite reforça a importância dos cursos de aconselhamento em
amamentação, que foram idealizados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância
(UNICEF) em parceria com a Organização Mundial de Saúde (OMS) que tem como objetivo
valorizar a mãe adolescente como agente da amamentação, compreender e facilitar a
aplicação de habilidades de comunicação não verbal entre mãe e bebê e, ainda, prolongar o
período de amamentação exclusiva.
Por outro lado, Vieira et al. (2004); Giugliani (1994); Del Ciampo et al. (1994)
relatam que o sistema de alojamento conjunto tem como objetivo principal fortalecer o
vínculo mãe-filho e estimular a prática do aleitamento materno, porém, mesmo nos hospitais
que têm esse sistema, frequentemente, o recém-nascido, antes de ser colocado junto à sua
mãe, é levado ao berçário para os primeiros cuidados, prolongando, assim, o intervalo entre
o parto e a primeira mamada, dificultando o estabelecimento precoce do vínculo mãe-filho e
da lactação. Outro fator sabidamente promotor de maior duração do aleitamento materno é o
regime de livre-demanda, para o qual esse sistema atua como um grande facilitador.
34
Huerta e Silva (1997) afirmam que a frequência do aleitamento materno exclusivo é
maior em mães que ficam em alojamento conjunto após o parto, influenciada também pelo
tipo de parto, enquanto que o aleitamento misto é maior nas que não ficam no alojamento
conjunto, independentemente do tipo de parto. Portanto, o alojamento conjunto interfere
positivamente na amamentação, mesmo nas mães que tiveram parto cesárea, pois favorece
um maior contato mãe-filho.
Outro fator facilitador é o método mãe-canguru, que propicia maior tempo de contato
físico e afetivo entre os recém-nascidos de baixo peso e suas mães, é descrito como ação de
impacto positivo sobre a prática da amamentação. Outra ação indispensável seria uma maior
atenção dos profissionais de saúde responsáveis pela puericultura no acompanhamento das
mães e bebês incluídos nesse grupo, no sentido de incentivar e apoiar o aleitamento materno
exclusivo (VENÂNCIO, 2004).
A atuação do enfermeiro, como de toda a equipe de saúde, tem as ações centradas na
tríade promoção, prevenção e assistência, sendo as duas primeiras de maior relevância no
processo de trabalho que vai ao encontro dos princípios e diretrizes do Sistema Único de
Saúde. As ações de promoção da saúde são consideradas de grande relevância, para co-
responsabilidade e fortalecimento do vínculo na relação enfermeiro/adolescente. A promoção
da saúde permeia transversalmente todas as políticas, programas e ações da saúde, com o
desafio de constituir a integralidade e equidade. A gravidez na adolescência constitui desafio
para as políticas públicas no contexto da promoção da saúde e traz à tona questões relevantes
sobre esse problema, no momento em que há o desafio de fornecer aos adolescentes subsídios
para viver sua sexualidade de forma plena e com planejamento de anticoncepção ou
concepção, no âmbito da promoção da saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001;
BARROSO; VIEIRA; VARELA, 2003; WESTPHAL, 2006).
Para Almeida (1999) tendo em vista a importância da amamentação para a saúde da
criança e de suas mães, as ações de promoção, proteção e apoio a essa prática devem ser
incluídas em programas de governo. Estratégias devem ser traçadas para que as mães tenham
suporte teórico e emocional, podendo tomar a decisão de amamentar. Partindo-se do
princípio de que o aleitamento materno é construído a partir dos aspectos biológicos e
sociais, tais ações devem considerar que a mãe é parte de um ambiente, onde diversos fatores
podem dificultar para que o ato de amamentar seja praticado com sucesso e com duração
adequada.
35
3 METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão bibliográfica de abordagem descritiva exploratória, de
natureza básica, sobre os fatores que interferem na adesão da mãe adolescente no processo de
amamentação.
Como fonte de dados, utilizou-se sites, revistas, periódicos, livros e artigos científicos
especializados no assunto, para avaliar a vivência da mãe adolescente na faixa etária de 10 a
19 anos durante o período da amamentação dando ênfase nas dificuldades enfrentadas por elas
nessa fase. Foram utilizadas as seguintes palavras-chave: adolescente, gravidez e
amamentação.
Para coleta de dados, alguns sites de conteúdo fidedigno foram revistos como SCIELO
e BIREME, sendo todas as publicações realizadas entre os anos de 1975 a 2009. A
confiabilidade nos meios de aquisição de informações é essencial na composição de um
trabalho de revisão bibliográfica, pois, dá sustentabilidade no embasamento teórico.
36
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para a resposta à pergunta que norteou esta pesquisa referente às possíveis
dificuldades enfrentadas pela mãe adolescente no processo da amamentação, procurou-se
conceituar, primeiramente, sexualidade na adolescência, pois esse aspecto é muito incisivo no
processo de crescimento e desenvolvimento do jovem, cuja ligação está relacionada às
mudanças dos aspectos físicos e psíquicos. Na contextualização do estudo os determinantes
teóricos analisados tais como, a sexualidade, o enfrentamento da mãe adolescente no processo
de amamentação revelaram-se pertinentes aos resultados obtidos através da análise da questão
no sentido de investigar se a mãe adolescente teria uma amamentação satisfatória e adequada
devido a sua idade e falta de experiência dificultando assim o processo.
Verificou-se através dos resultados obtidos que a rejeição familiar e restrições sociais
e econômicas interferem significativamente no processo de amamentação e, isso, se deve à
imaturidade das jovens grávidas ao enfrentamento de uma situação nova e complexa. As
gestantes adultas têm mais facilidade para amamentar seus RNs, devido suas experiências e
idade; já às mães adolescentes têm mais dificuldade, pois muitas delas não têm apoio familiar,
a falta de informação e até mesmo a vergonha de ser mãe adolescente.
Nesse contexto, quanto menos preparados estiverem os pais para lidarem com essas
questões, mais dificuldades terão para lidar com a sexualidade de seus filhos, pois não têm
diálogo ou se sentem envergonhados de falarem com eles sobre o assunto.
As orientações precoces destinadas aos pais jovens feitas pelos profissionais da saúde
são consideradas de acordo com estudos, decisivas para o estabelecimento de uma
amamentação adequada, assegurando o bom desenvolvimento do bebê e proporcionando
apoio e segurança aos familiares. Devido a isso, enfatiza-se o inicio do pré-natal nos
primeiros meses de gravidez e a intervenção precoce na maternidade, através do alojamento
conjunto, sempre que possível, deve ser realizada por uma equipe multidisciplinar. Tais
orientações básicas devem ter como primissa o incentivo ao aleitamento materno, durante o
maior período possível, uma vez que as intervenções de enfermagem precoce junto às mães
adolescentes são fundamentais para estabelecer o vínculo mãe/bebê quanto à forma de
amamentação a ser empregada ainda no berçário.
É importante ressaltar que a gravidez na adolescência causa inúmeras mudanças
físicas e psicológicas, além de exigir da mãe maturidade suficiente para lidar com o bebê.
Dentre as responsabilidades adquiridas, destaca-se o aleitamento materno exclusivo que exige
37
não só conhecimento como também satisfação em amamentar por parte da mãe adolescente.
Essa prática deve ser exclusiva até o 6º mês de vida do recém-nascido, segundo a Organização
Mundial de Saúde (OMS).
Portanto, neste estudo foi enfatizado que existem vários fatores que interferem nessa
prática, com maior intensidade em mães adolescentes, pela pouca experiência e por tantos
novos acontecimentos vivenciados por ela. Na maioria dos casos, as adolescentes enfrentam
esses problemas sem apoio familiar ou do parceiro, levando-a ter uma maturidade forçada
para lidar com a situação, gerando uma desestruturação em sua vida.
Diante desses fatos deparamos com um grande desafio: prevenir a ocorrência de
gestações na adolescência intervindo junto ao adolescente de modo a oferecer subsídios para
que o protagonista dessa fase compreenda as ações desenvolvidas, conscientize-se e
modifique seu comportamento. O desafio maior é como levar um trabalho que contribua
efetivamente para a prevenção desse problema. Dessa maneira, temos muito a fazer e
descobrir o "como fazer" para que sejamos aliados e comprometidos na redução dos índices
de gravidez na adolescência.
Para Guimarães (1994); Ministério da Saúde (1993) os serviços de pré-natal de
adolescentes têm demonstrado altos índices de procura ao pré-natal no segundo trimestre da
gestação, indicando que essa população apresenta pouca sensibilidade e conscientização
quanto ao significado dos cuidados pré-natais para a própria saúde e do seu filho,
necessitando, portanto, de um investimento mais intenso da equipe no estímulo ao ingresso
precoce das adolescentes ao serviço. A gestação precoce e não planejada pode ser considerada
de risco na ausência do apoio familiar e do pré-natal e abandono do parceiro, entre outras
circunstâncias que podem levar à depressão e à perda de peso, como conseqüência de baixa
auto-estima e da falta de motivação para cuidar da saúde. Outro fator que pode interferir no
resultado neonatal está relacionado às gestantes muito jovens, com baixa idade ginecológica e
crescimento físico incompleto. Nesses casos, a recomendação é de cuidados intensivos
durante o pré-natal para assegurar o estado de saúde adequado e ganho ponderal satisfatório,
com vistas à prevenção do retardo de crescimento intra-uterino e baixo peso de nascimento.
Com isso, o ingresso da criança recém-nascida ao serviço de saúde deve ser o mais
precoce possível, segundo normas do Ministério da Saúde (1994 e 1995), com vistas à
orientação materna sobre as ações básicas de saúde e ao acompanhamento do crescimento e
desenvolvimento, medidas fundamentais para a manutenção do estado de saúde da criança. Os
resultados do presente estudo podem ser considerados satisfatórios, mas a existência de um
número significativo de ingressos tardios de crianças ao serviço e de adolescentes ao pré-natal
38
impõe a necessidade de intensificar o empenho da equipe de saúde na captação precoce e
matrícula da mãe adolescente e seu filho no serviço, com vistas a prevenir intercorrências,
reforçar os cuidados primários relacionados ao aleitamento materno e imunização, além da
oportunidade de orientar sobre o planejamento familiar e prevenção de repetição da gestação
não planejada.
É necessário que o pré-natal dessa futura mãe seja assistido com uma maior atenção,
aconselhamento e orientações direcionadas, favorecendo uma gestação saudável e posterior
aleitamento materno exclusivo e com esse acompanhamento proporcionará à mãe uma
regressão mais rápida do estado gravídico e ao lactente a garantia de crescimento e
desenvolvimento sadio.
Nesse sentido, o enfermeiro tem como principal objetivo desenvolver uma assistência
priorizando as necessidades da adolescente frente uma gravidez precoce. É função primordial
e imprescindível da enfermagem, acolher a mãe adolescente com uma atenção especial e
promover um pré-natal com qualidade, enfatizando as consequências para si e o bebê,
ressaltando a importância do aleitamento exclusivo.
Dessa forma, conclui-se que considerando todos os aspectos que envolvem a gravidez
na adolescência, o risco para um deficiente desenvolvimento biopsicossocial do bebê é
considerável. Na tentativa de diminuir esses riscos é necessário que exista maior
comprometimento dos profissionais com as diretrizes das políticas de saúde voltadas para a
promoção da saúde materna e infantil. Promover o aleitamento materno pode ser um bom
exemplo de uma política pública que envolva a família, comunidade, governos e sociedade
civil, com baixo custo e excelente impacto sobre o desenvolvimento infantil e diminuição dos
riscos de mortalidade materna.
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