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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Lilange José de Abreu Busch A FIGURA HUMANA NO DESENHO DAS CRIANÇAS CURITIBA 2012

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Lilange José de Abreu Busch

A FIGURA HUMANA NO DESENHO DAS CRIANÇAS

CURITIBA

2012

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Lilange José de Abreu Busch

A FIGURA HUMANA NO DESENHO DAS CRIANÇAS

Trabalho apresentado como requisito parcial de nota para o curso de Pós-graduação Ensino das Artes Visuais: Práticas Pedagógicas e Linguagens Contemporâneas com o Professor Renato Torres da Universidade Tuiuti do Paraná. como requisito parcial de avaliação.

Orientadora: Camila Carpanezzi La Pastina.

CURITIBA

2012

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................6

2. O DESENHO NA EDUCAÇÃO INFANTIL...............................................................8

3. A FIGURA HUMANA NO DESENHO DAS CRIANÇAS........................................10

3.1. OS PRIMEIROS TRAÇOS..................................................................................10

3.2. O SURGIMENTO DA FIGURA HUMANA...........................................................12

3.3. O BONECO GIRINO...........................................................................................14

3.4. O BONECO PALITO...........................................................................................17

3.5. ESQUEMA..........................................................................................................19

3.6. FIGURA EM MOVIMENTO.................................................................................21

4. RESULTADOS.......................................................................................................22

5. CONCUSÃO...........................................................................................................31

6.REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS.......................................................................33

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: RAISSA 3 ANOS......................................................................................22

FIGURA 2: LUCAS 3 ANOS.......................................................................................23

FIGURA 3: NICOLAS 3 ANOS...................................................................................24

FIGURA 4: NICOLAS 3 ANOS...................................................................................25

FIGURA 5: LETICIA 3 ANOS.....................................................................................25

FIGURA 6: JOÃO 3 ANOS.........................................................................................26

FIGURA 7: TAYLOR 4 ANOS.....................................................................................27

FIGURA 8: VITÓRIA 4 ANOS.....................................................................................29

FIGURA 9: LUANA 5 ANOS...................................................................................... 28

FIGURA10: VITOR 6 ANOS.......................................................................................29

FIGURA 11: FERNANDA 8 ANOS..............................................................................30

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A realização desta experiência não seria possível se não pudesse contar com da família a colaboração dos amigos e a contribuição de grandes mestres como a minha orientadora Camila Carpanezzi La Pastina e ao coordenador Renato Torres.

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1. INTRODUÇÃO

Uma das primeiras formas reconhecíveis de expressão da criança é quando

desenham a figura humana. Está representação permanecem até os dez anos, uma

vez que os primeiros desenhos surgem por volta dos três anos de idade. Esta

expressão gráfica é vivenciada pela criança por meio dos sentidos receptores de

informação como a visão e o tato. Sendo assim, a criança demonstra com prontidão

a habilidade de expressão, tratando o desenho como uma linguagem da criança que

possibilita o desenvolvimento integral as demais instâncias do conhecimento.

Entretanto neste processo de ensino/aprendizagem surge uma questão

problemática: De que maneira estudar as passagens da figura humana com

crianças? Como a figura humana contribui no processo de ensino e aprendizagem?

Quando pensamos na figura humana e sua contribuição no processo ensino

aprendizagem, logo vem em mente como será desenvolvido este tema na prática,

estas indagações são pontos fundamentais e indispensáveis para esse enfoque em

arte que será trabalhado nesta pesquisa.

A arte é essencial na vida da criança, pois contribui profundamente no

processo ensino aprendizagem, ela está associada ao desenvolvimento expressivo

do discente, tornando-o um sujeito criativo e autônomo. Porém questões profundas

da arte como o surgimento da figura humana por meio do desenho não são

discutidos, a escola está deixando de lado o ensino da arte como um patrimônio

cultural da humanidade e sim como momentos de distração e relaxamento das

crianças.

Simplesmente entregando desenhos prontos, para reprodução e a criança

torna-se um usuário, e não um criador e como tornar-se um criador, descobrindo na

figura humana a contribuição no processo de ensino e aprendizagem na arte. Dessa

forma vários estudos foram feitos a respeito do tema como COX (1995), a qual

ressalta que por volta dos três anos, as crianças desenham a figura humana como

-se a partir da

cabeça.

A autora REILY (1986); aborda o esquema corporal, nesta etapa a criança já

deve ter conhecimento das partes do corpo. Em seguida o autor LOWENFELD

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(1977), a qual trata a criança e sua arte e as maneiras de intervenção do adulto

como, por exemplo, o estímulo da criança, o processo criador e as fases do

desenho. GALVÃO (1992) aborda as concepções do educador em relação ao

desenho e a importância da arte e o RECEI- Referencial Curricular Nacional de

Educação Infantil a qual fundamenta as concepções sobre a importância da arte

para a vida da criança, os conteúdos, a metodologia subsídios com sustância para

esta pesquisa.

A presente pesquisa é de modalidade experimental numa abordagem

qualitativa. Onde será realizada uma proposta de trabalho com crianças do ensino

particular CEI- Centro de Educação Infantil em Curitiba Liga das Senhoras Católicas.

A proposta docente será utilizada como instrumento de pesquisa à observação e

intervenção e mediação ao projeto de aula. Em seguida serão analisados os

desenhos elaborados pelas dez crianças do CEI, finalizando o estudo com as

considerações finais e sem dúvida continuar pesquisando sobre o assunto.

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2. O DESENHO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Desenhar é uma das formas mais expressivas que a criança tem uma

linguagem gráfica que inicia muito antes até mesmo da verbalização. Ela por meio

dos desenhos busca representar as pessoas, os objetos que conhece como seus

brinquedos, animais entre outros que fazem parte do seu meio.

De acordo com Reily (1989, p. 56):

Ela tem muito a expressar e pode utilizar a forma gráfica para lidar com suas emoções e com suas relações familiares, mesmo porque seu poder de linguagem verbal ainda não evoluiu para permitir-lhe expressar e elaborar verbalmente suas emoções. Dificilmente o adulto sabe o que se passa pela mente do pequeno desenhista, a não ser que durante a atividade verbalize alguma coisa espontaneamente.

Dessa forma, os adultos em sua maioria não compreendem o desenho das

crianças, em específico o educador a compreensão irá depender de sua concepção

de linguagem. E isso influenciará na expressão da criança, porém é uma

necessidade que o professor tenha conhecimentos sobre as possibilidades do

grafismo infantil uma vez que toda criança desenha.

Segundo Galvão (1992, p. 54):

Mesmo que não seja adequadamente instrumentada para tal, a criança pequena quase encontra uma maneira de deixar, nas superfícies, o registro de seus gestos: se não tiver papel, pode ser na terra, na areia ou até mesmo na parede de casa; se não tiver lápis, serve um pedaço de tijolo, uma pedra, ou uma lasca de carvão.

Para a autora desenhar constitui para criança prática de integração, visando

favorecer o desenvolvimento das capacidades criativas, a qual relaciona o ver e o

pensar, pois comunicam e atribuem sentido a sensações, sentimentos, pensamentos

e realidade.

Dessa forma a escola e o professor recebe foco quanto o desenvolvimento

de arte na pré-

possibilidade de desenvolver sua própria maneira de desenhar e estruturar figuras

durante o período pré-escolar, quando ainda está descobrindo, inventando e criando

De acordo com Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil

(1998):

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As crianças têm suas próprias impressões, ideias e interpretações sobre a produção de arte e o fazer artístico. Tais construções são elaboradas a partir de suas experiências ao longo da vida, que envolvem a relação com a produção de arte, com o mundo dos objetos e com seu próprio fazer. As crianças exploram, sentem, agem, refletem e elaboram sentidos de suas experiências. A partir daí constroem significações sobre como se faz, o que é, para que serve e sobre outros conhecimentos a respeito da arte. (RCN 1998, VIII, p. 89).

Dessa maneira, o desenvolvimento do desenho da criança na educação

infantil e parte essencial para sua iniciação de noções das formas, das estruturaras,

isto porque a criança esta experimentando todos os reflexos de percepção que tem.

Com o tempo seus desenhos vão tomando formas, isto porque a principio eles são

representação de algo, são símbolos que vão se distinguindo com o processo de

desenvolvimento da criança.

Segundo o Referencia Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998):

O desenvolvimento progressivo do desenho implica mudanças significativas que, no inicio, dizem respeito à passagem dos rabiscos iniciais da garatuja para construções cada vez mais ordenadas, fazendo surgir os primeiros símbolos. (RCN 1998, VIII, p. 92).

Sendo assim no inicio da fase das garatujas a criança começa a traçar esses

desenhos, ela simplesmente o faz pelo prazer do ato, pela representação que ela

faz, em um determinado lugar. Logo as chamadas garatujas passam a para uma

nova fase aonde os desenhos vão tomando mais formas, e ela tem mais noção dos

seus desenhos.

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3. A FIGURA HUMANA NO DESENHO DAS CRIANÇAS

3.1. Os Primeiros Traços

Segundo Reily (1989, p.

pessoais por distintas fazes com nítidas características, assim como no

desenho depende da maturação neuromotora, sócio-emocional e cognitiva.

Kellog com base em seus estudos desenvolveu um esquema ao que se

refere à evolução gráfica na criança entre os primeiros anos até cinco anos de idade.

REILY, 1980, p. 51).

Quanto ao desenvolvimento gráfico a percepção visual dos traços se faz

necessária a partir do momento em que favorece a evolução do desenho infantil.

Kellogg apud Reily (1989, p.

meio de suas próprias pesquisas gráficas. Inicialmente, ela explora diversos tipos de

riscos e ponto, linha reta, em qualquer posição, a linha curva, linhas sobrepostas,

riscos, mesmo ela somente rabiscando pelo prazer cinético dos movimentos é a

marca visual que importa.

Reily ao citar Kellog (1989, p. 52) complementa:

Percebe, inclusive, formas básicas devido à localização de massas de riscos que são percebidas como unidades, ou gestalts. Na repetição de traços circulares, em forma de X, ou mesmo num aglomerado de riscos, a criança percebe um diagrama emergente, ou seja, uma forma básica, sugerida pela massa de riscos sobrepostos.

Com a informação visual que recebe dos seus traços, a criança consegue

pelas suas percepções encontradas no próprio desenho acrescentar e aperfeiçoar

os rabiscos de forma espontânea. Dessa forma passará a desenhar um traço só

sem sobreposições e realizar variações o que Reily ao citar Kellogg (1989, p. 54)

diagramas círculos ou ovais, quadrados retângulos, triângulos, X,

Aos três anos de idade a criança em seu quadro motor

já está dissociando os movimentos do cotovelo e punho.

Como próximo passo, a criança começa a realizar as combinações de seus

diagramas favoritos. Três ou mais diagramas transformam-se em agregados, sendo

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estes as derivações do rabisco enovelado fechado e a união de formas irregulares e

cruz a qual a junção oportuniza muitas possibilidades, porém algumas crianças tem

preferência por estruturas simétricas e harmoniosas como a mandala.

Reily ao citar Kellogg (1989, p. 53), destaca a mandala como:

Uma forma significativa para criança, devido à harmonia, à simetria, à forma de organização que favorece, e, para a pesquisadora, esse conceito pode ser aplicado a uma forma quadrada também. É uma estrutura que estimula o desenho de outras formas figurativas, como o sol e posteriormente a figura humana.

Neste sentido, a autora não usa o termo mandala no sentido místico das

religiões orientais e nem no sentido da psicologia analítica, mas na harmonia e

simetria que ela pode gerar. Essa estrutura proporciona o aparecimento do sol

levando de forma rápida ao aparecimento de outros símbolos, em específico ao

nosso estudo, à figura humana. Sendo assim, a criança avança sua grafia da

mesma maneira que faz motoramente, ou seja, evolui, mas levando em

considerações o padrão motor da fase anterior.

O olhar do educador perante o desenho das crianças apoia-se em

concepções que ele possui sobre o desenho enquanto linguagem e nas suas leituras

experiências com a linguagem. Além de conhecimentos sobre as possibilidades de

grafismo infantil. Isso define o dialogo que o professora terá com a criança e seu

desenho, momento que pode ser marcado pela interação, pelo estimulo, pela

advertência, pela indiferença.

Segundo Cox (1995, p. 235):

Na educação infantil o desenho é estimulado. É geralmente considerada uma atividade muito importante, em primeiro lugar, por se julgar que desenvolva o controle motor da criança sobre o lápis ou giz de cera, e isso, facilita a construção das letras e mais tarde das figuras; em segundo lugar, junto com outras artes e atividades manuais, o desenho é tido como um meio significativo de desenvolver a imaginação e a criatividade da criança. Porém, apesar dos onipresentes desenhos infantis que enfeitam as paredes das salas de aula e os cadernos escolares, desenhar é uma atividade raramente ensinada de maneira planejada ou consciente.

Neste contexto, o papel do professor tem um papel fundamental enquanto

agente que visa pelo desenvolvimento integral da criança, intervindo no trabalho da

criança quando necessário, instigando-a a criar e desenvolver o prazer pela arte.

Dessa forma, além das características pessoais que são expressas no desenho da

criança, são instigadas conforme as oportunidades do seu meio, no caso do

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ambiente escolar a influencia tornam-

sensivelmente na relação da cri

3.2. O Surgimento da Figura Humana

Desde os tempos primitivos, os homens inventaram formas de comunicação,

para se expressarem sendo por meio de gestos, sons, imagens ou desenho. Estas

manifestações surgiram muito antes da escrita. Com as crianças não é diferente,

antes mesmo de dominar os símbolos da palavra escrita já conseguem se expressar

por meio da representação artística usando como instrumento o desenho.

Ao desenhar, a criança revela sua identidade e a visão em relação ao

desenho da figura humana tem sido destaque entre as crianças até pelo menos dez

anos de idade.

No decorrer no processo de desenvolvimento, a criança passa por diversas

etapas ou fases, e estas são marcadas por expressivas mudanças em cada uma

delas. No desenho da criança também ocorrem mudanças distintas, pois vão se

aprimorando desde o controle do ombro até os movimentos finos dos dedos. Os

rabiscos descontrolados passam a ser controlados, além de ganhar novas formas,

orientação espacial e até nomes, mesmo que o adulto não consiga decifrar.

Segundo Reily (1986, p. 16):

Os rabiscos começam a ter formas circulares, formam leques, concentram-se num ponto só ou numa área do papel. A criança explora todas as possibilidades, mas geralmente tem rabiscos prediletos que repete mais que outros [...] a criança não passa diretamente do rabisco ao desenho do homem cabeça-pernas.

Neste sentido, inicia com rabiscos descontrolados e passa a juntar as formas

e dar um significado explorando os traços preferidos, fazendo combinações até

chegar à junção de novas formas descobertas.

D

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cruzados, sendo figuras perfeitamente simétricas e harmônicas.

A base nesta estrutura possibilita o aparecimento do sol em que

inicialmente apresenta a forma de asterisco, sendo este a combinação de cruzes e

estrela, a qual influencia na posição dos braços e pernas do desenho da figura

humana.

Reily (1986, p. 16) complementa que a criança adapta a mandala para

desenvolver seu esquema corporal:

Os raios formam os braços e as pernas, com base no círculo. Os braços saem da cabeça como uma elaboração do círculo cruzado. No começo, o círculo é o homem; não a cabeça dele; e tudo mais é enfeite [...] as mãos são pequenos sóis, os olhos também.

Para a autora, nesse momento a criança não se preocupa em representar o

homem conforme as expectativas do adulto, mas por meio do equilíbrio e simetria

para simbolizar as informações que ela tem sobre o homem com base no seu

realismo, por isso nos primeiros estágios a criança representa o círculo como a

figura humana total.

símbolos por ela utilizados são caráter universal e independem da cultura da qual

elaborações gráficas, cruzes, radiais, espirais, diagramas, mandalas, sóis

manifestam em todas as crianças, pois estas fazem parte da formação humana.

Essa passagem é possível por meio das interações da criança com o ato de

desenhar e com desenhos de outras pessoas.

primeiro símbolo a ser criado pelos pequenos é o homem, uma vez que a

representação de uma pessoa seja importante nos desenhos infantis durante a

infância.

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3.3. O BONECO GIRINO

Segundo Cox (1995, p. 38), a figura humana é um dos temas mais

escolhidos pelas crianças, sendo que por volta dos três anos de idade ela passa a

representar a figura humana resumindo em cabeça e pés.

Há geralmente uma linha única envolvendo uma área aproximadamente circular que pode conter traços faciais. Essa forma é posta sobre o que parecem ser duas pernas. Os braços podem estar presentes ou não. Se estiverem ligados ao que parece ser a cabeça.

Essa primeira manifestação de desenho retratando a figura humana é

desproporcional, pois parece não haver corpo e os braços projetam-se da cabeça.

A criança por meio da evolução de seus traços começa a perceber a

diferença entre linhas retas e curvas e começa a aprender usá-las até uma definida

configuração representativa.

homem é desenhado com um círculo indicado à cabeça e duas linhas verticais, as

vez que a representação de uma pessoa seja importante nos desenhos infantis

durante a infância.

Lowenfeld (1977, p.149):

Na realidade não se explica por -ser o primeiro método que a criança usa para retratar pessoas, mas há uma concordância em geral em que a criança dessa idade não está tentando copiar um objeto visual postado a sua frente.

Neste sentido em se tratando de criança pequena, é natural este tipo de

desenho, uma vez que pode estar representando o inicio de um processo mental

ordenado.

muito frequentes a criança omite totalmente o tronco, e que erroneamente liga os

representa a figura humana completa, no mesmo sentido que representa outros

objetos, posteriormente ocorre o acréscimo de acessórios.

De acordo co Essas formas pitorescas têm sido

chamadas de cefalópodes,

elas são hommes-têtards Kopfussler -

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de-cabeça-e- oria das crianças passa por etapas, umas

com duração menor e outras com duração mais prolongada que outras. Este

processo de duração está relacionado com a fase de desenvolvimento em que a

criança se encontra.

Entretanto, surge um desafio ao tentar identificar nos desenhos de girino, as

partes que estão incluídas nessa forma de desenho, a qual tem sido discutida por

diversos pesquisadores entre eles Gibson (1969) Freeman (1975, 1980) e Arnheim

(1974). Para (Gibson, 1969; Freeman, 1075, 1980) citados por Cox (1995, p.38)

cam

Já o para o autor Arnheim (1974) o tronco não é realmente omitido. Ele

destaca que o tronco está presente no desenho, mas nem sempre está diferenciado

das demais partes do corpo.

Segundo Cox (1995, p. 38):

Algumas vezes as crianças nos dão indício gráfico desenhando um umbigo na figura [...] acontorno pode realmente ser a combinação da cabeça e do tronco, ou aparece entre as pernas da figura, sugerindo que o tronco estaria abaixo da cabeça.

Para a autora, a criança espontaneamente insere nos seus desenhos girino

um umbigo na cabeça ou entre as pernas, mas esses indícios são raros. Por mais

que as crianças nesta fase de desenvolvimento, não realizem uma indicação gráfica

não significa que não esteja presente, pois talvez somente a cabeça seja o

segmento principal de sua figura.

A criança ao desenhar a figura humana muitas das vezes insere a barriga

dentro da região da cabeça ou entre as pernas.

. Dessa forma,

surge uma forte relação entre a posição do umbigo e o tamanho da região que está

localizado.

Cox em sua pesquisa observou que o

tinham-na desenhada mais longa e os que localizaram a

crianças sabem onde esta localizada as barriga, tanto em pessoas de verdade ou

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figura convencionais especificamente cabeça e pés. (COX, 1995, p. 39),

solicitados a indicá-

(COX 1995, p. 41).

Logo as crianças em estágios de desenvolvimento posteriores, segundo Cox

(1995, p. 4

chamando de transição entre a forma de girino e a convencional, assim a

transitoriedade natural do desenho é acompanhada pela agilidade mental que se

unem a percepção do pensamento.

Cox traz exemplos de estudos de boneco realizado por diversos autores

como (Cox e Parkin, 1986), (Elizabeth Basset,1977), (Steph Osmond), (Claire

Golomb, 1973), esses estudados trazem a compreensão que o desenhista de

partes da figura humana convencional, uma vez que seja lhe fornecido as partes do

corpo prontas.

Porém de acordo com Cox (1995, p. 56), surge uma situação problema no

que tange a própria tarefa de desenhar.

A criança não seleciona necessariamente esquemas separados e distintos para cada um dos segmentos do corpo, e não inclui necessariamente todos os segmentos. Desenhistas convencionais produzem esquemas separados para representar ao menos seis partes fundamentais do corpo-cabeça,

formas para representar as mesmas partes; o tronco e a cabeça ou o tronco e as pernas podem estar combinadas em uma forma mais global; algumas partes, como os braços, podem ser completamente omitidas.

Neste contexto, mesmo que a criança tenha o conhecimento das partes do

corpo da figura humana e sua localização na hora de desenhar ela utiliza menos

elementos visuais para desenhar.

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3.4. BONECO PALITO

Dos cinco anos até a fase adulta a criança apresenta dificuldades em

desenhar objetos tridimensionais, ou seja, objetos com volume, sendo que a maioria

das partes da figura humana é tridimensional.

Segundo Cox (1995, p.27), não se entende as partes da figura humana por

todas as três dimensões:

Os braços e pernas, por exemplo, como coisas longas basicamente se entendendo em uma dimensão; as palmas das mãos são áreas planas que estendem principalmente por duas dimensões; a cabeça e o tronco são mais volumosos, estendendo-se por todas as três dimensões.

Geralmente representa a figura humana desenhando a cabeça, a qual pode

ser cabeça e corpo combinado, as pernas e talvez os braços. No desafio de

desenhar e distinguir o volume da cabeça e as partes alongadas com os braços e

pernas, ela recorre a diversas maneiras de representar cada parte do corpo.

De acordo com Cox (1995, p. 29)

dá a uma área aglomerada por uma linha de contorno) para a cabeça, mas uma

linha única para o braço ou

podem ser representadas por linha únicas para definir as partes do corpo definidas

pelo comprimento ou tendem a ser preservados para elementos como os fios de

cabelo, cordões de sapato e cílios.

As crianças, quando solicitadas a desenhar uma pessoa, principalmente na

escola em forma de desenho livre, muitas vezes se prendem em promover as

intenções do adulto, a qual a maioria reconhece um esquema simples de

representatividade da figura humana, Segundo Cox (1995, p.42), os adultos

representam a figura humana com formato de boneco palito.

Pensamos geralmente que uma cabeça, um corpo, pernas e braços são essenciais e às vezes suficientes para representar uma pessoa completa. Por convenção a cabeça é uma forma redonda e fechada e os braços e as pernas são linhas únicas ou regiões alongadas. O tronco é geralmente redondo ou oval, ou talvez uma linha vertical como uma figura de palitinho Às vezes os traços do rosto são incluídos nas figuras esquemáticas, mas geralmente não acrescentamos detalhes como as mãos e pés.

Para a autora, os adultos teriam pouca dificuldade em desenhar uma pessoa

em forma de figuras de palitinho,

contínuas, já com crianças pequenas esse tipo de desenhos é raro, uma vez que

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elas representam as partes da figura humana separadas.

Cox salienta o que a criança precisa para desenhar uma pessoa. Ela precisa

de conhecimentos além de apontar e saber identificar diversas partes da figura

humana para desenhar.

Para desenhar a figura ela tem que descobrir que partes são usualmente incluídas e que partes são opcionais, saber como cada parte é desenhada, ser capaz de lembrar todas as partes enquanto desenha e fazê-lo na ordem correta e, saber onde fica cada parte em relação a outras partes, e ser capaz de arrumar as partes em um conjunto no papel. Deve ainda ter o controle razoável sobre seus movimentos finos, de modo que os traços sigam por onde ela pretende. (COX, 1995, p.42).

Neste sentido, apesar de parecer uma tarefa simples desenhar uma figura

esquemática envolve uma intensa complexidade, uma vez que surge a necessidade

de coordenação de conhecimento e habilidades, Sendo assim, não é comum que a

criança não saiba desenhar um determinado detalhe ou aonde inseri-lo em relação a

outras partes do corpo. Além da sobrecarga de informação em pensar, resultando

muitas das vezes em parte omitida ou extinta.

Desenhar é um processo de ação criadora, que se desenvolve mediante a

percepção e reflexos intelectuais. Por isso interferir no preenchimento de lacunas de

conhecimento na criança diminuindo a sobrecarga, quem sabe a criança desenharia

selecioná-las e montá-las na ordem c

As figuras convencionais iniciais tendem a ter sua própria linha, ou limite. A

cabeça e o tronco são separados por círculos, braços e pernas são separados por

de idade as linhas são usadas para demarcar limite a uma região.

De acordo com Cox (1995, p.58):

O esboço do contorno da figura inteira (chamada de delineamento por Goodnow, 1977), ou de partes principais dela, é característica de crianças mais velhas [..], essa mudança do desenho de região limitadas para o esboço e contorno é, avanço tanto intelectual quanto artístico. A razão disso é que a criança mais velha constrói não simplesmente uma lista mental das partes a serem desenhadas, mas vários inter-relacionamentos das partes.

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Neste contexto, acontecem mudanças significativas nos desenhos de figuras

humanas das crianças, à medida que elas conseguem acrescentar outras partes do

corpo em suas regiões limitadas passa a se empenhar para obter o realismo, além

de se desenhar a figura humana participando de uma atividade.

3.5. O ESQUEMA

As crianças apresentam na idade dos sete anos em diante, uma

preocupação em desenhar formas identificáveis inserindo os objetos na página de

forma decorada e ousada sem se preocupar com as proporções anatômicas. Essas

representações muitas das vezes são adquiridas ou inventadas sem precisar de um

ensino, sendo um jeito particular de desenhar as variedades de objetos.

Neste sentido, surge a necessidade de definir o que vem a ser um esquema

que a criança escolhe como seu desenho definitivo, que ela vai usar daquele

momento em diante, modificando-

Sendo assim, os esquemas são altamente individualizados.

esquema pode conter um conceito muito rico, enquanto para outras pode ser apenas

rico em detalhes e outras com pouca elaboração. Essa diferença está atrelada à

personalidade, pelo significado emocional, pelas experiências sinestésicas, pelas

impressões táteis do objeto ou pela forma como o objeto funciona ou se comporta.

representação da figura humana em que a criança criou após várias

experimentações. Entretanto, o desenho infantil de uma figura pode sofrer

percepção do conceito da forma, desenvolve, gradualmente, símbolo de um homem,

que é continuadamente repetido, enquanto não tiver experiência particular que a

, 1977, p.184).

Dessa forma, o desenho de pessoa/figura entre uma criança e outra terá

diferença, mas por volta dos sete anos a criança desenhará símbolos reconhecíveis

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da figura humana, uma vez que ela já domina os símbolos nesta fase de

desenvolvimento.

De acordo com Lowenfeld (1997, p.184).

Ela retratará as diferentes partes do corpo, seguindo seu conhecimento ativo dessas partes. Não só haverá cabeça, corpo, braços e pernas, como também alguma das diversas características particulares. Os olhos serão diferentes do nariz, o símbolo para o nariz será diferente do usado para a boca, e também haverá cabelo e até pescoço. Usualmente, a criança inclui símbolos separados para as mãos e também para os dedos; e, ainda, um símbolo diferente para os pés.

Para o autor, nesta fase de esquema a criança inclui a maioria desses

pormenores por meio da simetria do corpo, com os dois braços, com as duas

pernas, com os dois olhos e as duas orelhas. Assim, o esquema humano é

individualizado conforme o reflexo do desenvolvimento individual.

Conforme as mudanças no esquema, às coisas não são colocadas no papel

de forma aleatória, mas passam a ser um conjunto inter-relacionado. Os desenhos

passam a receber a linha d

de base que pode ser o chão, a rua, água do mar, ou um morro, e tudo fica em cima

A criança passa a incluir em seus desenhos a

linha de base como o céu sendo representado como uma linha que fica na parte

superior da folha.

Além da linha de base a criança usa outros meios para representar as coisas

no espaço: uma delas é a forma de dobraduras, ou espelho usado para mostrar os

dois lados da rua ou uma vista de cima para baixo. Outra forma é o raio x, usado

para mostrar a parte interna de uma casa a parede apresenta um efeito de

transparência.

explícita como solo ou usar a borda inferior do papel ou deixar uma linha de solo

independe na sua posição se está de frente para o observador ou de perfil.

ue

a criança é parte de seu meio, é indicado por símbolo a que se dá o nome de linha

espacial. O que diferencia os desenhos de figuras humanas nas crianças são os

desvios de es

tamanho de partes importantes da figura, a omissão de partes, a mudança dos

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símbolos que referem a partes emocionalmente importantes, havendo uma mudança

a autora, este é um momento que retrata as

experiências da criança.

3.6. FIGURA EM MOVIMENTO

No desenho da figura humana ocorrem mudanças nos estilos de

representação, uma vez que a criança empenha-se em obter realismo e deixar seu

estilo parcelado, além do interesse em desenhar a figura participando de uma

atividade. Nesse momento surge a necessidade em desenhar as figuras humanas

tornam cada vez mais capazes de modificar suas figuras e modo a mostrá-las

Nas figuras em movimento também ocorrem mudanças na representação,

no inicio criança desenha a figura humana obedecendo a uma rigidez ligada à linha

vertical como o solo ou usar a borda inferior do papel. Cox (1995, p. 76), cita a

observações de Goodnow (1978) quanto às modificações dos desenhos da figura

humana enquanto estavam empenhadas em diversas atividades, solicitando que as

crianças desenhassem uma pessoa caminhando e uma pessoa correndo.

As mais jovens mantiveram a postura vertical em ambas as figuras e simplesmente lhe faziam as pernas bem abertas para indicar que estavam correndo. Crianças um pouco mais velhas dobravam as pernas, mas somente aos nove ou dez anos as crianças começaram realmente a alterar também o tronco das figuras.

Para o autor a diferença na idade e capacidade da criança é coerente, pois

modificar suas figuras de modo a mostrá-las em movimento com as adaptações de

pernas e troncos ou ainda colocar de perfil para acrescentar cabelos ou roupas

flutuantes depende da maturidade desta criança.

Entretanto os indícios de movimento ou que o desenho da figura humana

será movimentado pode ser representado por mais adaptações, além das

mencionadas. As crianças colocam linhas de movimento ou em uma sequencia

crianças acrescentam pouco a pouco mais detalhes a seus desenhos da figura

(COX 1995, p. 80)

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4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

O acréscimo de elementos na representação da figura humana acontece por

meio da evolução do processo de desenvolvimento da criança que podem ser

chamadas de fases, de etapas, ou de estágios. Porém serão abordados à

terminologia estágios e como eles influenciam dos desenhos da figura humana com

crianças de três a sete anos, Sendo assim, foi realizada uma amostra com dez

alunos do CEI- Centro de Educação Infantil em Curitiba Liga das Senhoras

Católicas.

Para a criança representar a figura, ela passa por um processo desde o

primeiro circulo fechado até a figura humana completa, incluindo todas as partes do

corpo. Nos estágios iniciais tornam-se comum nas figuras infantis a mudanças de

traços descontrolados para formas mais arredondadas, pois segue movimentos

naturais das mãos.

Figura 01-Raissa 3 anos

Por volta dos três anos de idade as crianças começam a desenhar círculos

fechados. Por meio dos rabiscos descontrolados, formas surgem e a criança parece

surpresa e vai transformando em formas intencionais desenvolvendo o controle em

manter estes rabiscos dentro dos limites do papel. Os que antes eram traços

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aleatórios passam a ser controlados. Esse processo de controle dá origem às

formas fechadas. Na figura da aluna Raissa os rabiscos vão ganhando forma,

surgindo os círculos fechados e ocupando os espaços possíveis.

A criança quando aprende a dominar novas formas, passam a usá-la de

maneira adequada para representar alguma parte ou local, mostrando apenas o

contorno oclusivo. gora, as partes do corpo vão se

diferenciando, assumindo funções específicas. A mão, o olho e o cérebro se tornam

DERDYK 1994, p.135).

Figura 02- Lucas 3 anos

O círculo aparece delimitando o que é dentro e o que é fora. Na figura do

aluno Lucas, o gesto foi se arredondando até a linha se fechar aparecendo o círculo

delimitando o que é dentro e fora. Nesta representação da figura humana somente a

cabeça representa o corpo como um todo.

Dada a folha para o aluno Lucas, ele usou o espaço inteiro da folha para seu

desenho com duas linhas curvas, onde da à ideia que a criança está tentando fechar

a figura. Dentro deste círculo estrutura-se uma face com dois olhos, do lado direito

uma linha na vertical para representar o olho, no lado esquerdo usa duas linhas para

representar o olho, o nariz também é uma linha na vertical, a boca são duas linhas

na horizontal.

Com as junções e combinações das formas, a criança descobre a mandala,

ela passa a perceber o instrumento o lápis como extensão da sua mão, nesse

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momento os sóis, os radiais, rosto e figuras solares e figuras humanas. É por meio

da mandala que ocorre o estimulo de formas circulares que em pouco tempo

descobre outras formas como símbolo.

De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil

(1988):

O desenvolvimento progressivo do desenho implica mudanças significativas que, no início, dizem respeito à passagem dos rabiscos iniciais da garatuja para construções cada vez mais ordenadas, fazendo surgir os primeiros símbolos. Imagens de sol, figuras humanas, animais, vegetação e carros, entre outros, são frequentes nos desenhos das crianças, reportando mais a assimilações dentro da linguagem do desenho do que a objetos naturais.

Neste sentido, com a evolução nos desenhos a criança vai dominando cada

vez mais as linhas e definindo a forma circular e proporcionando a origem de outras

figuras, como exemplo o surgimento dos sóis misturados com alguns itens que

pertencem à figura humana.

Figura 03- Nicolas 3 anos

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A criança, após conhecer a mandala, adapta e transforma em seu esquema

Na figura 03 e 04, Nicolas junta às retas e as curvas, ele desenha

abrangendo todo o espaço da folha. O sol forneceu estímulos para desenhar o

humano, conforme a figura 04 quando representa um sol e dentro deste sol inseriu

dois olhos, nariz e boca.

Figura 04- Nicolas 3 anos

Figura 05- Letícia 3 anos

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Na figura 05, o aluno faz quatro desenhos representando a figura humana. Ela

olhos, dentre a parte inferior da cabeça estão às pernas constituídas por traço único

e separadas.

Ao questionar a criança, ela fala que a primeira figura é a mãe, o segundo o

pai, a terceira a irmã e a figura menor a própria Letícia. A criança comenta muito

sobre a sua mãe, talvez seja por isto que a primeira figura seja a mãe.

Na figura 06 João desenha também representa a figura humana em forma de

boneco palito. o circulo e dentro representa os olhos o nariz e a boca, nota-se a

presença dos ombros e linhas únicas representando as mãos, a qual do lado direito

tem formato do sol e a esquerda com várias linhas. As pernas também são linhas

únicas e separadas e os pés que ganham um formato circular.

Nas explorações que as crianças realizam, elas buscam o esquema

corporal que vai se tornar definitivo. Por isso ela não se preocupa em representar o

realismo e sim como elas são sob sua ótica, como se as coisas estivessem ao seu

redor. O tamanho das figuras indica importância, mas continua procurando novas

formas. Um círculo com cabeça e duas linhas verticais como pernas é uma

representação da figura humana neste estágio, o chamado boneco-girino ou cabeça-

pés . (COX 1995, p. 50).

Figura 06- João 3 anos

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Na figura 07, Taylor representa a figura humana inserindo a cabeça, mas

pernas são linhas simples e separadas, os braços nesta imagem foram omitidos,

porém a criança já adiciona algumas letras, isso demonstra que a criança vai aos

poucos dominando outras linguagens como a escrita.

Após a criança realiza a adição dos braços e as pernas, começa a surgir

entre as pernas uma forma arredondada, a qual representa o corpo como mostra a

figura 07. Ele desenha uma forma circular para representar a cabeça onde dentro se

constitui de olhos, nariz e boca, também adiciona várias linhas na horizontal para

representar os cabelos, na parte inferior da cabeça usa uma forma mais

arredondada como corpo, desse corpo sai os braços, a qual a mão é um círculo, e

também sai às pernas com linhas únicas e os pés são círculos.

Figura 07-Taylor 4 anos

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Entretanto, para desenhar uma figura humana convencional, é preciso que a

criança coordene e reconheça todas as partes do corpo, as que são usualmente

incluídas e as que são opcionais. Mas na medida em que desenvolvem, seus

desenhos da figura humana se tornam mais diferenciados.

Figura 08- Vitória 4 anos

Figura 09- Luana 5 anos

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Na figura 09, a aluna Luana usou círculo para separar a cabeça, a qual dentro da

cabeça apresenta os olhos, nariz e a boca, também inseriu mais um detalhe as

sobrancelhas. Para representar o corpo usou a forma retângula e linhas únicas para

os braços e pernas.

A partir dos 6 anos de idade, a criança desenha uma figura humana bem

elaborada, uma vez que apresenta compreensão sobre o espaço sendo aquilo que o

cerca tendo seu corpo como referencial aparecendo figuras numa ordem aleatória,

também as figuras aparecem acima, abaixo, ou do lado. Neste período desenham

pares de linhas para limitar uma região.

Na figura 10, Vitor apresenta limites para diferenciar a cabeça, as pernas e as

mãos ganham linhas pares, embora ocorrer esse processo mais adiante nas pernas

do que nos braços. Vitor inseriu detalhes como a vestimenta e também cor para

separar vestes superior e inferior no corpo.

Aos 8 anos de idade aproximadamente, as crianças começam a prestar

atenção os troncos e começa a inserir o ombro na forma de corpo como mostra a

os ombros são fundidos formando um contorno contínuo; os braços também se

fundem no segmento do corpo. Quando a figura está vestida, a gola e os punhos

Sendo assim, este tipo de desenho é característica da criança desta idade.

Figura 10- Vitor 6 anos

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Na figura de Fernanda, ela usou um contorno contínuo para o pescoço,

ombros e braços. Isso ocorre devido a um avanço intectual artístico, pois a criança

mais velha não realiza somente uma lista das partes da figura, mas vários inter-

relacionamentos das partes.

Figura 11-12 Fernanda 8 anos

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5. CONCLUSÃO

O presente estudo partiu da importância de compreender o processo em que

a criança passa, desde os primeiros rabiscos até chegar num modelo de

representação humana convencional, sendo a linguagem do desenho uma das

primeiras manifestações da criança. Com base nas observações em sala de aula no

período de 2011 a 2012, faço uma análise do uso do desenho no pré-escolar.

A prática do desenho infantil na pré-escola ocorre de forma mais livre, porém

direcionada tornando o trabalho coerente, uma vez que o desenho é um dos

elementos que pertence à cultura da criança. Pois é por meio do desenho que

pensam, captam, sentem, transformam e poetizam.

As concepções neste estudo possibilitaram pensar no desenho infantil como

um instrumento de desenvolvimento integral da criança. Pois para que aconteça e

evolução nos seus desenhos, em específico a representação da figura humana por

isso faz necessário um desenvolvimento integral da maturação neuromotora, sócio-

emocional e cognitiva.

As crianças desde que entram na escola até os oito anos aproximadamente

não param de desenhar e sempre buscam melhorias nos seus desenhos, além de

buscar sempre a representação da figura humana convencional. Embora seja

necessário compreender que até chegar ao desenho da figura humana

convencional, ela passe por várias fases no desenho infantil.

Destaco neste processo o papel do professor sendo um eixo essencial, pois

para que consiga desenvolver seu potencial artístico dependerá das concepções

sobre a linguagem do desenho e o desenvolvimento que este profissional possui.

Muitos professores criticam ou fazem análises com base no senso comum em

relação o desenho da figura humana com as crianças, principalmente quando a

ntre três a cinco anos de idade.

Apensar do desenvolvimento individual aos cinco anos já tenha abandonado

essa forma, ridicularizando com comentários absurdos como exemplo, os braços

não saem da cabeça, ou a localização do umbigo não é entre as pernas e nem na

cabeça e assim por diante. Não se devem tirar conclusões sem antes os deixar falar

sobre seus desenhos, pois não importa se esteja faltando alguma coisa nesse

momento, uma vez que as crianças vão mudando por conta própria.

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De acordo com o desenvolvimento da criança a forma de representação da

figura humana vai evoluindo. Aos cinco anos em diante, a criança acrescenta aos

poucos os detalhes a seus desenhos, isso se dá desde o limite para cada parte do

corpo até o traçado de um contorno para o corpo inteiro. Porém nesse momento a

forma com que a criança representa a figura humana demonstra seu estilo

individual.

Neste contexto, considero de vital importância que a ação pedagógica

desenvolvida com crianças da Educação Infantil compreendendo o desenho como

uma linguagem de desenvolvimento integral da criança e a responsabilidade do

professor e a pré- escola em adotar concepções que visem o desenvolver da

criança, além de possibilitar uma revisão coerente na proposta pedagógica da

Instituição Educacional Infantil e a constante atualização na formação dos

professores.

A falta desse conhecimento impede que o professor lance mão de uma

linguagem tão valiosa quanto o desenho da criança no surgimento da figura humana

e consequentemente não o utilizando impedirá que se promova um melhor

desenvolvimento e aprendizado das mesmas.

Neste estudo foi possível estudar as passagens da figura humana com

crianças de três até os oito anos de idade aonde a criança começa com os rabiscos

descontrolados a controlados, na formação do boneco girino até chegar num modelo

de figura humana convencional.

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6. REFERÊNCIAS:

COX, Maureen. Desenho da criança. São Paulo: Martins Fontes, 1995.

GALVÃO, Izabel. Artigo: O desenho na Pré-Escola: O olhar e as expectativas do

professor. (Série Ideias, n. 14), p. 53-61, São Paulo, SP: FDE, 1992.

LOWENFELD, V. A criança e sua arte. Trad. Miguel Maillet. São Paulo: Mestre Jou, 1977.

RCN Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil: Vol. 3, Brasília: MEC, 1998.

REILY, Lúcia Helena. Atividades de artes plásticas na escola. São Paulo: Pioneira, 1986.)

REILY, Lucia. Usos da arte na pré-escola: alternativas. In: CAMARGO, Luís (org.)

Arte-educação:da pré-escola à universidade. São Paulo: Nobel, 1989.