Genética e Biotecnologia Aplicada ao Melhoramento Genético ...
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ CURSO DE PÓS...
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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU
BIOSSEGURIDADE EM UM PROGRAMA DE MELHORAMENTO ZOOTECNICO DA AVICULTURA
Aluno: Carlos Felipe Staub
Trabalho de conclusão de curso apresentado como parte das exigências para a conclusão do curso de pós-graduação em produção de aves e suínos.
CASTRO-PR 2008
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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU
BIOSSEGURIDADE EM UM PROGRAMA DE MELHORAMENTO ZOOTECNICO DA AVICULTURA
Aluno: Carlos Felipe Staub
Trabalho de conclusão de curso apresentado como parte das exigências para a conclusão do curso de pós-graduação em produção de aves e suínos.
CASTRO-PR 2008
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Epígrafe
“Pouco conhecimento faz com que as criaturas se sintam orgulhosas,
Muito conhecimento, que se sintam humildes.
É assim que as espigas sem grãos erguem desdenhosamente a cabeça
para o céu, enquanto que as cheias se baixam para a terra, sua mãe!”
Leonardo da Vinci
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Dedicatória
A Deus, Senhor de tudo que existe.
À minha mãe, pilar de amor, dedicação e caráter.
À minha noiva, sempre carinhosa e compreensiva.
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Índice
1 Introdução _____________________________________________________________6
2 Biosseguridade __________________________________________________________8
2.1 Conceito e Nomenclatura Apropriada___________________________________8 2.1.1 Axênico________________________________________________________11 2.1.2 Gnotobiótico ____________________________________________________11 2.1.3 Livre de Patógenos Específicos (SPF – Specific Pathogen Free) ___________11 2.1.4 Mínimo de Doenças ______________________________________________12 2.1.5 Alto Status de Saúde (High Health Status)_____________________________12
2.2 Componentes da Biosseguridade ______________________________________13 2.2.1 Isolamento______________________________________________________14 2.2.2 Controle de Tráfico / Fluxo ________________________________________16 2.2.3 Higienização ____________________________________________________21 2.2.4 Quarentena, Vacinação e Medicação _________________________________25
2.3 Monitoramento_____________________________________________________27 2.3.1 Erradicação/Controle de Doenças____________________________________29 2.3.2 Auditoria e Atualização ___________________________________________30 2.3.3 Educação Continuada _____________________________________________31
3 Qualidade Total na Agricultura ___________________________________________32
3.1 Filosofia da Qualidade Total na Agricultura ____________________________35
3.2 Conceitos de Qualidade Total na Agricultura ___________________________36 3.2.1 Conceito tradicional ______________________________________________36 3.2.2 Conceito moderno________________________________________________36
3.3 Qualidade Alimentar ________________________________________________38
4 Procedimentos de Biosseguridade na Criação de Frangos no Sistema Agroecológico 40
4.1 Sistema de produção agroecológico ____________________________________40
4.2 Aspectos básicos de biosseguridade ____________________________________42
4.3 Principais fatores a considerar ________________________________________42 4.3.1 Localização _____________________________________________________42 4.3.2 Aquisição dos pintos______________________________________________44 4.3.3 Procedimentos no manejo__________________________________________44 4.3.4 Procedimentos de criação __________________________________________45
5 Aspectos de Biosseguridade para Plantéis de Matrizes de Corte __________________47
5.1 Distâncias mínimas recomendadas entre granjas_________________________47
5.2 Introdução do material genético na granja ______________________________47
5.3 Cuidados com ração e água___________________________________________48
5.4 Manejo sanitário ___________________________________________________48
5
5.4.1 Limpeza e desinfecção das instalações________________________________48 5.4.2 Controle de vetores _______________________________________________49 5.4.3 Destino das aves mortas ___________________________________________50
6 Restrição de Aditivos Artificiais nas Rações__________________________________50
7 Principais Doenças Avícolas ______________________________________________54
7.1 Influenza Aviária de Alta Patogenicidade_______________________________57
7.2 Doença de Newcastle _____________________________________________57
8.0 Elaboração do roteiro de inspeção _____________________________________58
8.1 Sugestão para a implementação de um roteiro para diagnóstico e controle de pontos críticos_________________________________________________________59
8.2 Sugestão para o grupo de coordenação do trabalho ______________________59
8.3 Vetores de contaminação_____________________________________________60
8.4 Microbiologia ______________________________________________________60
8.5 Contaminação cruzada ______________________________________________61
8.6 Rastreabilidade ____________________________________________________61
9.0 Conclusão ___________________________________________________________63
10. Referências Bibliográficas ______________________________________________64
10.1 Bibliografias ______________________________________________________64
10.2 Web Sites ________________________________________________________64
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1 Introdução
O tremendo crescimento e modernização mundial da indústria avícola nas últimas
duas décadas tornou claro e evidente a necessidade de uma maior e mais detalhada atenção
no que diz respeito á saúde dos plantéis. (-http://www.avisite.com.br 25/06/2007 18:23)
Principalmente porque o crescimento desta indústria está baseado em um grande
aumento no tamanho dos sistemas de produção (granjas ou complexos de granjas e núcleos)
com um conseqüente grande aumento na densidade animal em uma determinada área
geográfica. Isto se traduz em uma situação ideal para a multiplicação e disseminação de
vários patógenos de aves (vírus e bactérias principalmente) e a ocorrência de surtos de
enfermidades que acarretam elevados prejuízos econômicos. (-http://www.avisite.com.br
25/06/2007 18:23)
Um outro aspecto muitíssimo importante na indústria avícola é a preocupação com
a saúde pública. Ou seja, os consumidores finais de produtos avícolas e podem ser
acometidos por enfermidades causadas por patógenos (bactérias principalmente) presentes
nestes produtos. Estes patógenos podem contaminar o produto final de várias maneiras,
desde a via vertical, da mãe para a progênie, passando pela contaminação horizontal
durante As fases de cria e engorda (frango) e/ou contaminação horizontal durante o
processamento no frigorífico. -(AGROCERES ROSS, 1995),
A única maneira de manter rebanhos comerciais livres ou controlados no que diz
respeito à presença de agentes de enfermidades de impacto econômico na produtividade
e/ou perigosos para a saúde pública (zoonoses) é através da utilização de um programa de
biosseguridade que deverá contemplar todos os aspectos gerais da medicina veterinária
preventiva bem com conter aspectos exclusivos direcionados a cada sistema de produção
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em particular.O presente artigo tem como objetivo geral discutir resumidamente as
principais filosofias e conceitos técnicos básicos de programas de biosseguridade para
programas de melhoramento genético de aves de corte e sistemas de produção de frangos
de corte. -(AGROCERES ROSS, 1995),
A grande maioria dos conceitos discutidos são totalmente indicados para qualquer
nível da pirâmide de produção de aves de corte.
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2 Biosseguridade
2.1 Conceito e Nomenclatura Apropriada
Biosseguridade é uma palavra relativamente nova em nosso vocabulário e é
encontrada em muito poucos dicionários.
Em seu sentido geral ela significa o estabelecimento de um nível de segurança de
seres vivos por intermédio da diminuição do risco de ocorrência de enfermidades agudas
e/ou crônicas em uma determinada população. -(AGROCERES ROSS, 1995)
Este conceito geral é aplicável à populações de qualquer espécie animal bem como
para a espécie humana. -(AGROCERES ROSS, 1995)
Em produção de aves, um programa de biosseguridade significa o desenvolvimento
e implementação de um conjunto de políticas e normas operacionais rígidas que terão a
função de proteger os rebanhos contra a introdução de qualquer tipo de agentes infecciosos,
sejam eles vírus, bactérias, fungos e/ou parasitas. Uma vez que ocorra uma quebra na
biosseguridade de um sistema de produção e determinado patógeno(s) contamina(m) o(s)
rebanho(s) é necessário que o programa de biosseguridade seja redesenhado e adaptado à
nova situação de saúde do sistema em questão. Isto é, se for econômica, técnica e
legalmente possível conviver com os agentes infecciosos agora presentes no sistema, o
programa de biosseguridade deverá preconizar normas (e.g., novas vacinas, diferente fluxo
de produção, separação das fases de produção, etc. . . , etc. . . ) que possibilitem o máximo
controle da multiplicação e disseminação destes agentes bem como um mínimo impacto na
produtividade do rebanho. -(SESTI, LAC, 1996)
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Biosseguridade é um conceito técnico, ou ainda, uma filosofia técnica aplicada à
saúde de seres vivos, e no presente caso, a rebanhos da moderna avicultura industrial. -
(SESTI, LAC, 1996)
Pela especificidade e ao mesmo tempo abrangência de sua conceituação técnica, o
termo biosseguridade torna-se muito mais apropriado quando o assunto for saúde animal.
Certas ditas "expressões técnicas" as quais vem sendo utilizadas há muitas décadas, tais
como: "manejo sanitário", "controle sanitário", "sanidade animal", "sanidade avícola",
"barreira sanitária", "programa sanitário", "programa de sanidade" e "sanidade de rebanho",
entre muitas outras variações, tornam-se irrelevantes e sem sentido quando as comparamos
com o conceito e filosofia de biosseguridade e seus termos correlatos. -(SESTI, LAC,
1996)
Senão, vejamos as definições literais destes termos (Novo Dicionário da Língua
Portuguesa - Aurélio Buarque de Holanda Ferreira - 1a Edição, 15a Impressão - Editora
Nova Fronteira, Rio de Janeiro, RJ, Brasil - página 1268):
Sanidade. [Do lat. Sanitate.]
S.f. 1. Qualidade ou estado de são. 2. Salubridade;
higiene. 3. Normalidade física ou psíquica.
Sanitário. [Do fr. Sanitaire.]
Adj.1. Relativo à saúde ou à higiene. 2. Relativo a, ou
próprio de banheiro (1): louça sanitária. V. água -a, aparelho -, bacia - a, e vaso
-. S.m. 3. V. banheiro (2).
Tais expressões não expressam a idéia e conceito de saúde animal e medicina
veterinária preventiva (ambos claramente relacionados com programas de biosseguridade
para sistemas de produção animal) e deveriam ser substituídas por outras mais
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cientificamente apropriadas e esclarecedoras tais como: "manejo sanitário", "controle
sanitário" substituídas por “normas de biosseguridade”; "sanidade animal" substituída por
“saúde animal” ou “saúde das aves”; "sanidade avícola" substituída por “saúde avícola”;
"barreira sanitária" substituída por “norma de biosseguridade” ou “barreira de saúde
animal”; "programa sanitário", "programa de sanidade" substituídas por “programa de
biosseguridade” e "sanidade de rebanho" substituída por “saúde de rebanho”. -
(AGROCERES ROSS, 1995),
Um dos exemplos mais típicos de expressões tecnicamente não apropriadas é o
muito conhecido "Vazio Sanitário" o qual, embora seja largamente utilizado, não tem
sentido como conjunto de palavras e é impossível de ser definido como tal. -
(AGROCERES ROSS, 1995),
Certamente, a grande maioria dos médicos veterinários que trabalham na avicultura sabem que esta expressão significa um determinado período de tempo (dias, semanas, meses), após a retirada de um lote de aves e realizada completa limpeza e desinfecção, durante o qual a(s) instalação(ões) fica(m) completamente vazia(s), sem a presença de qualquer espécie animal. Com absoluta certeza existem outros termos mais apropriados e corretos para expressar este mesmo procedimento de biosseguridade, como por exemplo: vazio das instalações, descanso das instalações, intervalo entre lotes. (-http://www.cnpsa.embrapa.br/publicações/anais/18/05/2007 18:32)
A medicina veterinária, assim como todas as outras ciências correlatas da área biomédica, está em constante evolução não somente sob o ponto de vista técnico mas igualmente sob o ponto de vista filosófico. É essencial que os profissionais desta área saibam reconhecer esta evolução e adaptar-se rapidamente à mesma. Somente deste agindo deste modo é que estes profissionais terão amplas condições de implementar e operacionalizar novos conceitos e procedimentos técnicos a medida que os mesmos forem sendo desenvolvidos e validados.
(http://www.cnpsa.embrapa.br/publicações/anais/18/05/2007 18:32)
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2.1.1 Axênico
Este é um animal totalmente livre de qualquer infecção por microrganismos. Essa
terminologia também é sinônimo de um “animal livre de germes”. Obviamente é uma
condição impossível de ser alcançada em condições normais de criação e muito difícil de
ser realizada em condições de laboratório. -(EMBRAPA, 1998)
2.1.2 Gnotobiótico
Esse termo descreve um animal criado de maneira especial, de modo que sua
microflora e microfauna são perfeitamente conhecidas. Normalmente, seria um animal
nascido livre de germes e então infectado com um ou mais microrganismos conhecidos. -
(EMBRAPA, 1998)
2.1.3 Livre de Patógenos Específicos (SPF – Specific Pathogen Free)
Essa terminologia é normalmente aplicada para aqueles animais utilizados em
pesquisa ou para população inicial. Primeiramente, esses animais poderiam talvez ser
axênicos, para então serem colocados em um meio ambiente não-estéril, no qual seriam
contaminados por uma variedades de microrgamnismos, classificados como de flora
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normal. No entanto, esses animais não alojariam alguns agentes patpogênicos específicos e,
portanto seriam considerados livres de tais patógenos. Tal condição é válida somente para
aqueles patógenos que são monitorados periodicamente. -(EMBRAPA, 1998)
2.1.4 Mínimo de Doenças
Animais nessa categoria podem ser considerados como sinônimos de SPF, mas de
uma maneira geral, essa terminologia tem sido associada com animais livres das principais
doenças infecciosas, porém cursando com um ou outro patógeno conhecido. Esse é na
verdade o termo que causa mais confusão para os produtores, pois eles esperam que os
animais sejam livres de todas as doenças. Para que um animal seja classificado como
“mínimo de doenças”, é ética e tecnicamente essencial que se declare quais as doenças que
estão ausentes, bem como as doenças presentes nos animais e/ou sistema de produção. -
(EMBRAPA, 1998)
2.1.5 Alto Status de Saúde (High Health Status)
Essa denominação descreve um rebanho com um nível de saúde reconhecido por
meio da ausência das principais doenças infecciosas de grande impacto econômico. Essas
enfermidades podem varias de região para região e deveriam, de maneira geral, ser
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definidas pelo médico veterinário da granja com base nos dados de desempenho produtivo
dos animais afetados pelas enfermidades. -(SESTI, LAC, 1996)
2.2 Componentes da Biosseguridade
Como relatado acima, biosseguridade são procedimentos desenhados para
principalmente prevenir a entrada e a disseminação de enfermidades em um sistema de
produção de aves. Isto é alcançado via mantença de o menor fluxo possível de organismos
biológicos (vírus, bactérias, parasitas, fungos, roedores, animais silvestres, pessoas, etc...)
através das divisas do sistema de produção.Nenhum programa de prevenção de doenças
será efetivo sem este procedimento básico. -(AGROCERES ROSS, 1995)
Biosseguridade tem basicamente oito componentes principais que funcionam como
elos de uma corrente. Ou seja, um programa de biosseguridade somente alcançará pleno
sucesso quando todos os elos desta corrente estiverem firmemente unidos uns aos outros.
Cada um destes elos necessita permanente manutenção e revisão para evitar-se pontos de
enfraquecimentos na corrente e conseqüente falha na biosseguridade do sistema (Figura 1).
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FIGURA 1 - A cadeia de componentes básicos de um programa de biosseguridade.
Fonte-(-http://www.cnpsa.embrapa.br/publicações/anais/18/05/2007 18:32)
2.2.1 Isolamento
Refere-se ao confinamento dos animais dentro de uma área controlada. Localização
do sistema de produção é o fator mais importante para a prevenção da ocorrência de
algumas doenças, principalmente aquelas transmitidas pelo ar (aerossóis, poeira, etc. . . ). O
sistema de produção deverá ser localizado com base em informações sobre: densidade
animal da área (deve ser a menor possível); tipo de produção (cria/recria/produção juntos
ou cada uma das fases separadas; incubatório; e granja de engorda de frangos); clima
(variações de temperatura durante as estações do ano): ventos predominantes na região, os
quais podem determinar a que distâncias certos agentes patogênicos podem ser
transmitidos; existência de barreiras físicas naturais (morros, florestas naturais, etc. . . ).
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(-http://www.cnpsa.embrapa.br/publicações/anais/18/05/2007 18:32)
A construção de cercas perimetrais (para cada núcleo e para toda a área da granja na
caso de aves) e a colocação de avisos de "entrada proibida" são muito importantes para o
controle do isolamento do rebanho. Além dos avisos de "entrada proibida" também devem
ser colocados avisos na entrada principal do sistema de produção que informem claramente
que as aves alojadas neste sistema são criadas sob um rígido programa de biosseguridade e
que visitas não oficialmente autorizadas são totalmente proibidas. -(SESTI, LAC, 1996)
As cercas perimetrais das instalações deverão ser totalmente à prova de pessoas e
animais domésticos e silvestres. Os galpões devem ser telados com telas à prova de
pássaros silvestres e roedores. -(SESTI, LAC, 1996)
É recomendável a implantação de barreiras físicas (plantação de árvores) ao redor
de cada núcleo. No entanto, é muito importante que esta barreira seja grande o suficiente
para verdadeiramente agir como uma barreira. Ou seja, meia dúzia de linhas de árvores
apenas não pode ser considerada uma barreira eficaz. Uma sugestão, seria a plantação de
uma barreira de árvores de rápido crescimento (pinus ou eucaliptus) com um largura de
aproximadamente 50 metros. As linhas devem ser desencontradas para não permitir
passagem direta de vento por entre as árvores. -(AGROCERES ROSS, 1995)
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2.2.2 Controle de Tráfico / Fluxo
Refere-se ao controle do tráfico e direção do fluxo de animais, pessoas entrando ou
saindo do sistema de produção. Em sistemas de produção de aves este fluxo deve,
idealmente, obedecer ao conceito de "áreas limpas" e "áreas sujas" (Figura 2).
FIGURA 2 - Conceito de "áreas limpas" e "áreas sujas" em sistemas de produção de aves de corte (matrizes pesadas). Fonte: -(AGROCERES ROSS, 1995)
Todas as pessoas, veículos, máquinas e equipamentos entrando na granja deverão
entrar pela área de apoio central após seguir todos os procedimentos de banho, troca de
roupa, limpeza e desinfecção e dirigir-se a um dos núcleos de aves através da "estrada
limpa" ou "área limpa". Após a visita, estes veículos e pessoas retornam ao apoio central
através da "estrada suja" ou "área suja". Se porventura outro núcleo tiver que ser visitado,
todo o procedimento será repetido. -(AGROCERES ROSS, 1995),
O trânsito de animais dentro do sistema de produção deverá sempre seguir a
hierarquia do material genético pertencente ao sistema, ou seja, este trânsito deverá ser
sempre, sem exceções, do topo para a base da pirâmide de produção (Figura 3). Esta
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política é mandatória para animais pertencentes ao próprio sistema e/ou para animais
vindos de fora (lotes avós e/ou matrizes de reposição).
FIGURA 3 - Pirâmide genética e de fluxo de produção de em avicultura de corte (matrizes pesadas) dividida em diversos níveis da hierarquia do programa de melhoramento genético: Nível 1. é o ápice da pirâmide (GP = Granja de Pedigree). E é o nível onde os rebanhos das linhas puras (Elite) são mantidos para sua própria reprodução e melhoramento genético. Os ovos destas linhas puras são incubados no incubatório de bisavós; Nível 2. consiste de rebanhos onde é realizada a multiplicação de avós através do cruzamento de bisavós. No incubatório de bisavós podemos ter o nascimento de linhas puras, bisavós e avós; Nível 3. onde é realizada a multiplicação de matrizes através do cruzamento de diferentes linhas de avós. No incubatório de avós nascem as matrizes; Nível 4. Onde é realizada a produção de frangos de corte. No incubatório de matrizes nascem os frangos de engorda; Nível 5. Consiste nas chamadas granjas de frango, onde serão engordados e terminados para abate aqueles frangos nascidos no incubatório de matrizes (Nível 4). – Fonte: (AGROCERES ROSS, 1995),
O poder multiplicador de enfermidades transmitidas verticalmente de uma pirâmide
de produção em um sistema de produção de aves domésticas de corte é imenso (Tabela 1).
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TABELA 1 - Poder multiplicador da pirâmide de produção de aves domésticas
Níveis da Pirâmide de Produção Poder Multiplicador 1- Granja de Pedigree (linhas puras) → 1 e 10 (linha genética pura) ↓ ↓ 2- Granja e Incubatório de Bisavós → 150 Bisavós ↓ ↓ 3- Granja e Incubatório de Avós→ 6.000 Avós ↓ ↓ 4- Granja e Incubatório de Matrizes→ 294.000 Matrizes ↓ ↓ 5- Granja de Frangos de Corte→ 40.000.000 Frangos de Corte ↓ ↓ 6- CONSUMIDOR FINAL→ 67 mil ton de carne de frango Fonte : -(AGROCERES ROSS, 1995),
No topo da pirâmide (nível 1) encontra-se a granja de melhoramento genético e
multiplicação de linhas genéricas puras (linhas macho e fêmea). Normalmente, em
programas de melhoramento genético de matrizes pesadas, cada uma destas populações de
linhas puras estão divididas em vários grupos de acasalamento consistidos cada um de um
macho e 10 fêmeas. Durante o período (normalmente 68 semanas) em que as aves de um
destes grupos está contribuindo (ovos férteis) para o programa de melhoramento genético,
aproximadamente 15 bisavós são produzidas por cada fêmea de linha pura do grupo de
acasalamento, totalizando um número de 150 bisavós (nível 2). Cada uma destas, durante
sua vida reprodutiva normal, irá produzir em torno de 40 avós o que perfazerá um total de 6
mil avós (nível 3). Do mesmo modo, estas avós irão multiplicar e produzir um total de 294
mil matrizes pesadas (49 matrizes por avó; nível 4) as quais por sua vez produzirão
aproximadamente 40 milhões de frangos de corte (143 pintos de um dia por matriz menos
4% de mortalidade até o abate; nível 5). Ao abate destes frangos, serão produzidas em torno
de 67 mil toneladas de carne de frango (peso vivo médio ao abate de 2,4 kg com 70% de
rendimento de carcaça; nível 6). (SESTI, LAC, 1996)
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É portanto, bastante evidente que qualquer microorganismo patogênico sendo
transmitido verticalmente ao longo desta pirâmide de produção poderá causar grandes
prejuízos econômicos aos produtores e indústria. Além disso, se o patógeno transmitido
verticalmente for de importância na saúde pública (zoonoses; e.g., salmonelas), as perdas
para o mercado avícola poderão ser multiplicadas várias vezes pelo impacto da opinião
pública e diminuição do consumo de produtos avícolas. (SESTI, LAC, 1996)
Um período de tempo longe do contato com aves e outros animais domésticos,
laboratórios veterinários e frigoríficos deve, obrigatoriamente, ser obedecido por todos
aqueles "não funcionários" que estarão adentrando o sistema de produção e entrando em
contato direto com as aves. Um mínimo de 48 horas é recomendado. O importante é que
durante este tempo de descanso a pessoa tome pelo menos dois banhos completos e troque
toda a roupa pelo menos duas vezes. Aqueles que porventura tenham estado em contato
com um rebanho suspeito de estar contaminado com ou sem sintomatologia clínica
deverão, dependendo da enfermidade presente no rebanho visitado anteriormente, passar
por um período de descanso de 72 a 120 horas antes de visitarem outro sistema de
produção. Alguns outros aspectos também muito importantes com relação ao fluxo de
pessoas são: (SESTI, LAC, 1996)
• Manter registro escrito de todos os visitantes. Este registro deve conter a data e
motivo da visita, data do último contato do visitante com qualquer espécie de aves e
data do último contato com laboratórios veterinários de diagnóstico;
• Sempre ter contato com animais mais jovens primeiro (lotes, núcleos);
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• Nunca visitar um lote sem problemas após visitar outro lote suspeito de estar
doente;
• Nunca visitar mais de dois/três núcleos/lotes por dia;
• Nunca visitar sistemas de produção de espécies animais diferentes no mesmo dia;
• Nunca visitar qualquer sistema de produção sem um planejamento detalhado das
tarefas que serão executadas durante a visita para que esta seja a mais rápida e
objetiva possível;
• Visitas sociais jamais devem ser admitidas em qualquer sistema de produção.
Granjas de aves ou de suínos não são, sob qualquer hipótese, locais de passatempo e
visitas não técnicas e/ou comerciais;
• Qualquer funcionário de um sistema de produção deve ter autoridade para barrar a
entrada de qualquer visitante sem a devida permissão;
• Funcionários do sistema de produção são proibidos, por força de contrato de
trabalho específico, de possuírem em suas casas galinhas de fundo de quintal e
qualquer outra espécie de aves, seja ornamental ou seja doméstica;
• Seguir estritamente os procedimentos de limpeza e desinfecção preconizados para o
fluxo de pessoas, veículos, materiais e equipamentos.
Todos os veículos utilizados em um sistema de produção (caminhões, camionetas,
tratores, etc. . . ) devem, idealmente, serem exclusivos para cada sistema de produção.
Veículos externos são proibidos de adentrar o perímetro interno das granjas, bem como
motoristas externos não podem entrar em contato direto com animais (aves) e funcionários
do sistema. -(EMBRAPA, 1998)
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2.2.3 Higienização
Refere-se aos procedimentos de limpeza e desinfecção recomendados para o sistema
de produção, bem como para o programa de controle de vetores e disposição de animais
mortos. (-http://www.cnpsa.embrapa.br/publicações/anais/18/05/2007 18:32)
A redução da carga microbiana (também conhecida por "pressão de infecção") nas
instalações e ambiente do sistema de produção irá diminuir em muito o risco de ocorrência
de doenças no rebanho. Além disso, a realização rotineira de um processo de higienização
detalhado e efetivo é condição "sine qua non" não só para a mantença de um alto nível de
saúde no rebanho como também para a erradicação de enfermidades presentes no sistema.
(-http://www.eps.ufsc.br 25/06/2007 17:45)
Todas as pessoas adentrando o sistema de produção deverão tomar banho e trocar
toda a roupa na entrada principal do sistema de produção, geralmente chamada de apoio
central. No caso de granjas de aves, um segundo banho e muda de roupa deverá ocorrer no
área de apoio do núcleo a ser visitado. À saída do núcleo, outro banho deverá ser tomado e
a roupa a ser vestida será aquela que foi utilizada no trânsito até o núcleo.
(http://www.eps.ufsc.br 25/06/2007 17:45)
Todo e qualquer veículo (caminhões, tratores, etc. . . ), materiais de consumo
(caixas, material de construção para manutenção das instalações, etc. . .) e equipamentos
(seringas, comedouros, etc. . . ) devem ser totalmente limpos e desinfetados no apoio
central do sistema de produção e novamente à entrada de cada núcleo. Recomenda-se a
construção de um sistema de fumigação à entrada principal da granja e à entrada de cada
núcleo. (-http://www.eps.ufsc.br 25/06/2007 17:45)
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Para veículos que tenham estado em áreas externas ao sistema de produção,
recomenda-se um período de descanso de 812 horas ao sol após completa limpeza com
água e detergente seguida por desinfecção. (-http://www.eps.ufsc.br 25/06/2007 17:45)
A atividade letal de desinfetantes contra vírus, bactérias, fungos e parasitas irá
depender de sua composição química e composição estrutural do microorganismo a ser
eliminado. Para escolher-se o produto desinfetante a ser utilizado, as seguintes importantes
características devem ser analisadas:
• Custo;
• Eficácia espectro de ação contra os diferentes tipos de microorganismos;
• Atividade na presença de matéria orgânica. Embora às vezes ocorra, nunca se deve
desinfetar qualquer tipo de superfície que contenha matéria orgânica. Para isto,
deve-se lavar as superfícies completamente com detergente antes da desinfecção;
• Toxicidade para homens e animais;
• Atividade residual;
• Corrosividade para tecidos e metais;
• Atividade na presença de sabão (detergente);
• Solubilidade (acidez, alcalinidade, pH);
• Tempo de contato necessário para uma efetiva desinfecção. Nenhum desinfetante
age instantaneamente. Todos eles necessitam de algum tempo de contato com o
microorganismo para eliminá-lo. -(AGROCERES ROSS, 1995)
Investigações científicas conduzidas em vários países da América e Europa
demonstram claramente que o alimento administrado aos animais pode ser uma maiores,
senão a maior (para alguns patógenos em particular), fonte de contaminação de rebanhos de
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aves domésticas comerciais (Salmonella, Clostridium, E. coli, etc. . . ). Estatísticas
disponíveis mostram que aproximadamente 4% de todas as matérias primas utilizadas em
rações de aves estão contaminadas com algum sorotipo (patogênico ou não) de salmonela.
Portanto, é praticamente impossível implementar um controle da contaminação por
salmonelas em rebanhos de suínos e aves sem a implementação conjunta de procedimentos
técnicos efetivos de desinfecção de matérias primas e/ou rações prontas. -(AGROCERES
ROSS, 1995)
Um controle consistente e efetivo da contaminação por salmonelas em rações e
matérias primas é dependente da habilidade de descontaminar o alimento e prevenir sua
recontaminação. Vários produtos comerciais contendo ácidos orgânicos (principalmente os
ácidos propiônico e fórmico e seus sais) com ou sem a presença de formaldeído tem sido
usado com sucesso para reduzir a contaminação bacteriana no alimento de aves e suínos.
Estes produtos podem inclusive ajudar a prevenir a recontaminação do alimento na fábrica
de ração e durante o transporte e armazenamento. Existem ainda outros produtos
comerciais a base de ácidos orgânicos os quais ainda possuem aldeídos, terpenos naturais e
surfactantes. Estas substâncias podem ter um efeito sinergístico na atividade bactericida do
produto comercial. -(EMBRAPA, 1998)
Tradicionalmente, o controle de salmonela em rações de aves tem sido tentado
através de processos de fabricação de rações, como por exemplo, a peletização. Entretanto,
o tempo de exposição à temperatura padrão de peletização (alguns segundos a 65 a75 oC)
não permite, sob qualquer hipótese, uma descontaminação total bem como não evita a
multiplicação de células bacterianas ainda presentes no alimento após a peletização. Além
disso, a recontaminação do alimento quando de sua passagem pelo resfriador pode
facilmente ocorrer. -(EMBRAPA, 1998)
24
Para uma total descontaminação do alimento deve ser utilizada uma combinação de
temperatura, umidade e tempo de exposição ao calor. Um exemplo desta combinação é o
processo de tratamento térmico da ração utilizado pela Agroceres Ross para
descontaminação de todas as rações para aves produzidas na fábrica de seu sistema de
produção: Temperatura de 85ºC, mínimo, umidade relativa 15 a 17% e o tempo de
exposição de 12 minutos no mínimo. -(AGROCERES ROSS, 1995)
Este tratamento, quando apropriadamente realizado, assegura a eliminação total de
enterobactérias e salmonelas. Além disso, o alimento descontaminado deve ser submetido a
um rigoroso programa de biosseguridade para a prevenção da recontaminação durante o
período pós-tratamento (armazenamento na fábrica de ração, carregamento no caminhão,
transporte até a granja, descarregamento na granja e armazenamento na granja) até o
momento da ingestão de alimento pelas aves. -(AGROCERES ROSS, 1995)
Sistemas de desinfecção de água via produtos químicos (e.g., cloro), via raios ultra-
violeta, ou adição de ácidos orgânicos devem ser implementados para prevenir a introdução
de vários patógenos via água de bebida (influenza, doença de Newcastle, Pasteurela,
Salmonella, etc. . . ). -(AGROCERES ROSS, 1995)
Roedores, pássaros silvestres, insetos (e.g., moscas, cascudinho) e mamíferos
silvestres e domésticos constituem um importante reservatório de patógenos para aves.
Estes animais são um grande risco de entrada de agentes de enfermidades nos rebanhos via
eliminação direta do agente no meio ambiente e conseqüente contaminação lateral. -
(AGROCERES ROSS, 1995)
Todas as instalações devem ser à prova de roedores e pássaros e um efetivo
programa de eliminação e controle de roedores e insetos deve ser implementado.
25
Carcaças de animais mortos dentro do sistema de produção constituem também um grande
risco de entrada de enfermidades nos rebanhos, seja via a atração de vetores (insetos,
roedores, etc. . . ) e/ou pelo aumento da pressão e infecção ambiental com uma conseqüente
quebra no equilíbrio com a imunidade de rebanho. A melhor maneira de se dispor de
animais mortos é via incineração. Se o método não é disponível, é necessária a construção
de fossas sépticas no perímetro das instalações. -(AGROCERES ROSS, 1995)
2.2.4 Quarentena, Vacinação e Medicação
Referem-se aos processos mais diretos de controle e prevenção de enfermidades.
Quarentena é o período de observação clínica e investigações diagnósticas, realizado em
um local afastado do sistema de alojamento definitivo dos animais, durante o qual o animal
é observado e testado para a presença de determinadas enfermidades. (SESTI, LAC, 1996)
Somente após o período de quarentena é que os animais seriam introduzidos no
local definitivo de alojamento. Em aves, o conceito muda um pouco na prática. Na
realidade, em lotes de bisavós, avós e/ou matrizes de corte pode-se considerar toda a fase
de cria e recria (0 a 2022 semanas de idade) das aves como uma quarentena. Pois a
qualquer momento durante este período, se o lote for confirmado como positivo para certos
patógenos (e.g., Micoplasma gallisepticum / synoviae, Salmonela pullorum / gallinarum /
enteritidis / typhimurium) não será permitido que ele entre em produção e o lote será
abatido e substituído. Já para lotes de aves importadas, o período de quarentena poderá,
dependendo das exigência legais, passar por sua definição clássica mencionada acima. A
duração de uma quarentena pode variar bastante dependendo da enfermidade a ser
prevenida e dos testes diagnósticos disponíveis. (SESTI, LAC, 1996)
26
Programas de vacinação são parte muito importante de qualquer programa de
biosseguridade. As vacinas a serem utilizadas irão variar muito de acordo com a
região e o tipo de sistema de produção em questão. No entanto, alguns aspectos
são essenciais para desenhar-se um programa de vacinação efetivo e tecnicamente
correto para aves:
• Bom conhecimento da epidemiologia e patogenia das enfermidades de importância
econômica e de saúde pública;
• Pressão de infecção destas enfermidades na região onde serão alojados os animais;
• Utilizar o menor número possível de diferentes tipos de vacinas e jamais utilizar
vacinas desnecessárias ou de necessidade duvidosa, não comprovada
cientificamente. Isto só é benéfico para os laboratórios que as produzem;
• Utilizar sempre vacinas produzidas por laboratórios idôneos e que possuam bom
controle de qualidade do produto final;
• Nenhum tipo de vacina utilizada em aves previne em 100% a infecção e
colonização do animal pelos agentes etiológicos das enfermidades;
• Mesmo para aquelas vacinas capazes de conferir um alto nível de proteção, muito
desta efetividade é geralmente perdida através erros cometidos durante o
armazenamento e administração das vacinas;
• Existem enfermidades emergentes contra as quais não existem vacinas disponíveis;
• Sempre ocorrerá o aparecimento de cepas variantes de um mesmo patógeno, contra
as quais as vacinas disponíveis podem conferir muito pouca ou nenhuma proteção.
(SESTI, LAC, 1996)
27
Em sistemas de produção de aves de reprodução (bisavós, avós e/ou matrizes de
corte) existe uma certa quantidade de tipos de vacinas consideradas "obrigatórias" no
Brasil, (e.g., doença de Marek, bouba, coccidiose, bronquite infecciosa, doença de
Newcastle, doença de Gumboro e encéfalomielite aviária). É essencial verificar-se antes da
utilização de qualquer vacina, se o uso da mesma não é controlado oficialmente pelo
Ministério da Agricultura.
(-http://www.agricultura.gov.br/ 20/06/2007 14:23)
Medicações em doses terapêuticas são excelentes ferramentas no controle de surtos
de enfermidades bacterianas e/ou na prevenção de problemas bacterianos secundários em
surtos de doenças virais. Mas, devem ser consideradas procedi mentos emergenciais dentro
de um programa de biosseguridade. Além disso, o uso indiscriminado de antibióticos em
doses terapêuticas irá propiciar o aparecimento / seleção de cepas de microorganismos
resistentes à cada droga em particular. O uso de antibióticos como medida preventiva em
pintos de um dia de idade é totalmente contra indicado, salvo em situações epidemiológicas
emergenciais.
(-http://www.agricultura.gov.br/ 20/06/2007 14:23)
2.3 Monitoramento
Refere-se aos procedimentos diagnósticos realizados rotineiramente nos rebanhos
com o objetivo de confirmar a presença ou ausência de determinados patógenos e também
para a avaliação da imunidade conferida pelas vacinas aplicadas. Os principais objetivos:
28
• Estabelecer e registrar o nível atual de saúde do rebanho;
• Assegurar a efetividade do programa de vacinas;
• Estabelecer a efetividade do programa de bioseguridade;
• Disparar um processo efetivo de investigação quando um problema é detectado;
• Obedecer legislação em vigor (e.g., Plano Nacional de Sanidade Avícola-PNSA).
Existem várias maneiras de se monitorar a efetividade de um programa de
biosseguridade. A utilização de dados de desempenho dos rebanhos tais como: mortalidade,
índices de produtividade e condenações ao abate; são de valor para o monitoramento. É
necessário lembrar que estes dados podem ser também afetados por fatores de manejo e
nutrição. O nível de saúde dos rebanhos deve ser monitorado através de testes de sorologia,
bacteriologia e, quando possível, virologia. Deve-se também monitorar todos os outros
possíveis meios de contaminação do rebanho tais como, água (presença de coliformes
fecais, análise físico-química), alimento (presença de enterobactérias e salmonelas) e
funcionários do sistema (presença de salmonelas em suabes retais).
(-http://www.agricultura.gov.br/ 20/06/2007 14:23)
Os principais meios diagnósticos de monitoramento da saúde do rebanho são:
1. inspeções clínicas de rotina e visitas veterinárias aos rebanhos;
2. sorologias, Soroaglutinação Rápida, ELISA, e HI (inibição da hemoaglutinação);
3. bacteriologia em amostras coletadas dos animais e do meio-ambiente;
4. cultivo virológico em cultura de células de embrião de galinha;
5. PCR Polymerase Chain Reaction = Reação em Cadeia da Polimerase, para detecção de
segmentos específicos do genoma de um determinado patógeno em amostras coletadas
29
diretamente do animal, ou amostras de cultura bacteriana ou ainda de amostras ambientais e
de alimento.
(-http://www.agricultura.gov.br/ 20/06/2007 14:23)
Um programa de biosseguridade efetivo deve portanto, conter um programa de
amostragem para monitoramento sorológico e bacteriológico dos rebanhos.
Algumas principais enfermidades a serem monitoradas sorologicamente no Brasil
são:
• Soroconversão vacinal (bronquite infecciosa, doença de Newcastle, doença de
Gumboro, encéfalomielite aviária, anemia infecciosa das galinhas);
• Micoplasmas gallisepticum e synoviae; Salmonella pullorum, enteritidis e
typhimurium;
• Síndrome da queda da postura; anemia infecciosa das galinhas; pneumovírus
aviário; vírus da leucose aviária; influenza (recomendável quando o rebanho recebe
aves de reposição importadas); reticuloendoteliose.
(-http://www.agricultura.gov.br/ 20/06/2007 14:23)
2.3.1 Erradicação/Controle de Doenças
Refere-se ao fato de que, em determinadas situações, o programa de biosseguridade
pode ser modificado e adaptado com o objetivo de erradicação ou controle de
enfermidade(s) presente(s) nos rebanhos ou nos sistemas de produção. Nestas situações as
30
normas de monitoramento da saúde do rebanho (testes diagnósticos a serem utilizados)
deverão ser direcionadas para os patógenos a serem erradicados ou controlados. Além
disso, as normas de biosseguridade para fluxo de pessoal, veículos e equipamentos, limpeza
e desinfecção das instalações deverão ser adaptadas baseadas nas informações da
epidemiologia e patogenia dos agentes em questão. -(EMBRAPA, 1998)
Exemplos de doenças bacterianas que podem ser erradicadas são as micoplasmoses
e salmoneloses aviárias. -(EMBRAPA, 1998),
2.3.2 Auditoria e Atualização
Referem-se aos procedimentos de monitorização dos aspectos operacionais de um
programa de biosseguridade, bem como a necessidade de permanente atualização dos
procedimentos. -(EMBRAPA, 1998)
De uma maneira geral, programas de biosseguridade são elaborados por médicos
veterinários os quais não serão aqueles a implantarem o programa operacionalmente.
Normalmente, os responsáveis pela implantação e operacionalização do programa de
biosseguridade são os técnicos e funcionários envolvidos com a produção dos rebanhos do
sistema. Portanto, é essencial que os aspectos operacionais do programa sejam
rotineiramente auditados para se ter certeza de que todas as normas estão implantadas
apropriadamente e para evitar-se o surgimento e perpetuação de erros de rotina. Ou seja,
erros que não percebidos por aqueles envolvidos com as tarefas de rotina. -(EMBRAPA,
1998),
Aspectos básicos da auditoria do programa de biosseguridade:
31
• Ser realizadas por médicos veterinários treinados para tal. De preferência por
aqueles que estiveram envolvidos na elaboração do programa;
• Direcionada a todos os pontos chave do sistema: instalações dos animais
(isolamento, infra-estrutura, etc. . . ); alimento pronto e suas matérias primas;
incubatórios; e qualidade do sistema e práticas de transporte;
• Datas das auditorias não devem seguir uma rotina nem devem ser anunciadas com
antecedência;
• Deve ser criado um sistema de "escore de biosseguridade " que permita acompanhar
a evolução do trabalho daqueles responsáveis pelo sistema sendo auditado.
(SESTI, LAC, 1996)
2.3.3 Educação Continuada
Refere-se ao processo permanente de treinamento e educação em biosseguridade de
todos aqueles envolvidos com o sistema de produção. Pessoas são os elementos chave para
o sucesso de um programa de biosseguridade. Todos, indistintamente, devem entender
perfeitamente porque biosseguridade é importante e com fazê-la. Este entendimento deve,
obrigatoriamente, começar pelo mais altos níveis administrativos do sistema (presidente e
diretoria), passar por todas as outras áreas gerenciais (técnicas e comerciais) e descer até os
níveis operacionais mais simples do sistema de produção. É evidente que o nível de
argumentação e complexidade técnica deve ser adaptado para o nível cultural daqueles em
treinamento, mas sempre deixando bem claro a importância da biosseguridade e a
32
importância de cada um em implementá-la para a sobrevivência da empresa. (SESTI, LAC,
1996)
A educação continuada deve ser realizada sob a forma de palestras (duas a três ao
ano) com amplo uso de modernos recursos audiovisuais. É muito importante incentivar a
participação da audiência para que todos possam expressar claramente como eles vêem
biosseguridade em sua rotina de trabalho do dia a dia. De maneira rápida, mas enfática,
todos os principais aspectos de um programa de biosseguridade devem ser relembrados
nestes treinamentos. -(AGROCERES ROSS, 1995)
Um programa de biosseguridade pode ser comparado com um programa de
qualidade total, ou seja, ambos exigem muita disciplina, constante treinamento e,
principalmente, mudança comportamental de todos envolvidos. -(AGROCERES ROSS,
1995)
3 Qualidade Total na Agricultura
Atualmente, com o fim da economia planificada e a implantação, em todos os
continentes, da economia de mercado e a queda de barreiras comerciais, o mundo tem
experimentado um grande avanço das doutrinas liberais. Veja alguns fatos já
desencadeados na década de oitenta: a China criou suas primeiras leis para
empreendimentos conjuntos; a União Soviética e a Europa Oriental iniciaram profundas
mudanças políticas para fomentar a cooperação tecnológica e a integração econômica com
o resto do mundo; os Estados Unidos mudaram suas leis antitruste e instituíram mais de
vinte centros universitários para pesquisas conjuntas.
33
(-http://www.agricultura.gov.br/ 20/06/2007 14:23)
Além disso, surgiram os fortes blocos econômicos, como o Nafta (Estados Unidos,
Canadá e México) e o Mercosul (Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina) que, juntamente
com a União Européia (ex-Comunidade Econômica Européia) e os chamados Tigres
Asiáticos (Coréia, Taiwan, Singapura e Hong-Kong), determinarão o desenvolvimento
político, econômico e social de seus integrantes, onde cada qual se desenvolverá
proporcionalmente ao seu poder de competição.
(-http://www.avisite.com.br 25/06/2007 18:23)
Isto significa, basicamente, que há uma exigência de qualidade a quem produz e
comercializa, cuja competitividade não pode se limitar ao fator preço. Portanto, qualidade,
produtividade e competitividade são valores reais no mundo de hoje e representam motivo
de profundas mudanças que afetam empresas e nações. Esta preocupação agora se volta
para a Agricultura que, por sua vez, continua tendo importante participação na solução dos
grandes problemas do Brasil, por proporcionar maior distribuição de renda e expressiva
oferta de empregos, que são fatores essenciais para a estabilidade política e econômica do
País.
(-http://www.avisite.com.br 25/06/2007 18:23)
Na agricultura, como em qualquer outro setor, a qualidade adequada, é fator
decisivo para a permanência nos mercados. Isto implica em cumprir exigências
fitossanitárias, limites de tolerância de resíduos tóxicos, padrões dos compradores
referentes a cor, nível de defeitos, calibre, grau de maturação, sabor, além das
características das embalagens. Os fatos demonstram que qualidade não custa
necessariamente mais. Os gastos em Qualidade Total (qualidade de processo e qualidade de
34
produto) geram economia em matéria-prima (insumos), em tempo de produção, em
retrabalho e em perdas de produto e, como resultante, pode-se ainda praticar preços mais
baixos.
(-http://www.avisite.com.br 25/06/2007 18:23)
No Japão, Europa, Estados Unidos, Tigres Asiáticos e também no Brasil, a GQT
mostra excelentes resultados, especificamente na área industrial e de serviços. Porém, não
se dispõe de notícias acerca de sucesso da GQT na Agricultura e nem sequer de sua
aplicação nesse campo de atividade econômica. O Prof. Miyauchi da JUSE, afirmou que a
Qualidade Total não é aplicável à agricultura japonesa devido ao fato que as empresas da
área são muito pequenas, de tipo familiar; já o Prof. Kano da Universidade de Tokyo,
manifestou que sendo a agricultura japonesa muito protegida pelo governo, não existe
estímulo para competitividade entre elas, o que levaria ao desinteresse por programas deste
tipo. Por outro lado, as revisões bibliográficas feitas, não foram capazes de localizar artigos
sobre Qualidade Total na Agricultura.
(-http://www.avisite.com.br 25/06/2007 18:23)
"País agrícola por extensão e por vocação, o Brasil está em ótimas condições de
colocar-se em posição destacada a nível mundial neste setor, através do uso das poderosas
ferramentas da GQT que, se bem implementado, parece ser um caminho novo e cheio de
boas perspectivas de sucesso. Seus excelentes resultados na indústria se deverão repetir na
agricultura, sempre que seja feito um trabalho de revisão, adaptação e reformulação dos
conceitos e das técnicas aplicáveis, já que os processos que envolvem a matéria viva são
bem diferentes aos relacionados com a matéria inerte com a qual trabalha a indústria. Por
exemplo, os produtos fabris são produzidos em ambientes controlados, são desenhados pelo
homem e carecem de poder de reprodução. Entretanto, os produtos agropecuários "in
35
natura" (plantas e animais) se desenvolvem, geralmente, em ambientes com fatores
fortemente variáveis (elementos climáticos e bióticos); eles não foram criados pelo homem,
exceto detalhes incorporados por métodos genéticos e, no entanto, tem o poder de nascer,
crescer, desenvolver, reproduzir e morrer", é o que afirma o prof. José A. Bonilla em seu
livro "Qualidade Total na Agricultura: Fundamentos e Aplicações", 1994.
(-http://www.eps.ufsc.br 25/06/2007 17:45)
3.1 Filosofia da Qualidade Total na Agricultura
A filosofia da Qualidade Total na Agricultura deve ser centrada nas necessidades
do seu principal cliente interno que é o agricultor cooperado. Desta forma, as cooperativas
devem identificar as necessidades dos produtores rurais e procurar atendê-las bem, a um
custo tolerável, sendo que ao produtor rural compete atender às necessidades da sociedade,
produzindo o bem almejado pelo consumidor, com qualidade e a um preço compatível com
o seu poder aquisitivo, sempre levando em consideração as classes sociais menos
favorecidas.
(-http://www.eps.ufsc.br 25/06/2007 17:45)
Portanto, não basta aprender as técnicas de Qualidade Total e simplesmente
aplicálas nas entidades de apoio ao setor agropecuário.
(-http://www.eps.ufsc.br 25/06/2007 17:45)
As culturas oriental, européia e americana, cientes desta situação, vêm conseguindo
excelentes resultados e conquistando mercados pelo mundo afora.
(-http://www.eps.ufsc.br 25/06/2007 17:45)
36
3.2 Conceitos de Qualidade Total na Agricultura
Será visto agora uma diferenciação entre o conceito tradicional de qualidade na
agricultura e agricultura de qualidade.
(-http://www.eps.ufsc.br 25/06/2007 17:45)
3.2.1 Conceito tradicional
Este conceito entende a palavra qualidade como associada a certas manifestações
físicas mensuráveis no produto, ou pelo menos, detectáveis sensorialmente, todas elas
capazes de atestar algum efeito benéfico ou positivo. Por exemplo: tamanho, peso e aspecto
exterior dos produtos hortifrutigranjeiros. Sabor do café. Percentagem de sacarose em
beterraba ou cana-de-açúcar. Percentagem de gordura no leite. Produtividade de cereais em
kg/ha. Produtividade de vacas leiteiras (kg de leite/vaca/ano). Conteúdo proteínico de
produtos tais como, carne ou trigo.
(-http://www.eps.ufsc.br 25/06/2007 17:45)
3.2.2 Conceito moderno
Este conceito entende a palavra qualidade no seu sentido amplo e dinâmico. Em
princípio, ele está ligado à satisfação total do consumidor. Esta satisfação é alcançada
através da eliminação de fatores que não agradam ao consumidor, detectados pela pesquisa
de mercado, e também através da antecipação das necessidades do consumidor.
(-http://www.eps.ufsc.br 25/06/2007 17:45)
37
Na verdade, por se tratar de Qualidade Total, ela deve envolver o conjunto integrado pelo
produto e seu contexto, o que inclui todo o processo produtivo correspondente. Isto
significa que o mais importante é o conteúdo do processo global e não apenas algumas de
suas manifestações isoladas.
(-http://www.eps.ufsc.br 25/06/2007 17:45)
Os princípios básicos da Qualidade Total são aplicáveis em qualquer área, seja
na indústria, em serviços ou na agricultura. Mas, para um ótimo aproveitamento em termos
de aplicação prática e efetiva, é necessário que a orientação relativa à formação de recursos
humanos seja desenvolvida contemplando dois aspectos diferentes. O primeiro, refere-se
especificamente à agricultura e sua problemática relacionada com a implantação da
qualidade total. este aspecto é denominado agricultura de qualidade. O segundo refere-se à
metodologia básica da qualidade total, só que estreitamente combinada com as
características próprias da área, de modo que as aplicações didáticas correspondam às
atividades agronômicas e veterinárias; este aspecto é denominado qualidade na agricultura".
(-http://www.eps.ufsc.br 25/06/2007 17:45)
A idéia principal a considerar é que a proposta envolve uma interação dinâmica
entre os dois elementos principais, a agricultura e a qualidade. Porém, o fato real a nível
nacional e mundial é que esta adequação da metodologia da qualidade total à agricultura é
praticamente inexistente.
(-http://www.eps.ufsc.br 25/06/2007 17:45)
É certa a necessidade de se adequar os conceitos da Qualidade Total existentes
na indústria, para que se possa melhor abordar a Qualidade Total na Agricultura, abrindo
panoramas amplos e profundos.
(-http://www.eps.ufsc.br 25/06/2007 17:45)
38
Neste marco referencial, esta tese surge como uma contribuição inicial que, se
devidamente direcionada, pode se transformar numa ferramenta útil para permitir o
desenvolvimento rápido e equilibrado da agricultura nacional, de modo que o bem estar
social, apoiado no sólido tripé da produtividade, da qualidade e da responsabilidade
comunitária, seja uma autêntica realidade.
(-http://www.eps.ufsc.br 25/06/2007 17:45)
Mas para que isso seja uma manifestação concreta e visível, é necessário que todos
aqueles que, de uma maneira ou outra, estejam engajados na agricultura, se conscientizem
de que Qualidade Total é o caminho a percorrer para sobreviver e prosperar num mundo
cada vez mais complexo e dinâmico, onde já não se pode esperar que as coisas aconteçam
para depois agir sobre elas. O que se deve fazer é antecipar os acontecimentos.
(-http://www.eps.ufsc.br 25/06/2007 17:45)
3.3 Qualidade Alimentar
Um desafio para a humanidade, a qualidade alimentar requer mais do que leis e
rígidas inspeções governamentais. Ela se origina da educação, fazendo da prevenção um
hábito. -(SESTI, LAC, 1996)
Segurança e qualidade são dimensões inseparáveis em todas as fases da cadeia
alimentar, embora tenham diferentes significados. Para o produtor, obter qualidade com
segurança pode ser entendido como "produzir um alimento sem defeitos aparentes, com
mínimo risco de perder a produção por pragas e doenças". Já para o industrial, qualidade
com segurança pode implicar em "manter as características dentro de limites permissíveis
para os padrões tradicionais internos, atendendo à legislação vigente na fabricação e na
39
distribuição" e, finalmente para o consumidor, qualidade com segurança pode ser "adquirir
um produto que satisfaça suas necessidades com relação a sabor, textura, odor, valor
nutritivo, conteúdo de aditivos e higiene, mantendo mínimo o perigo de adoecer por
consumir o alimento". -(SESTI, LAC, 1996)
No cultivo e na criação, a negligência em relação à biosseguridade geralmente
compromete a produtividade, a qualidade e a segurança resultante. Já o uso indiscriminado
e exagerado de defensivos pa ra controle de pragas e de doenças prejudicam a segurança
dos alimentos derivados para o consumo humano e põem em risco o equilíbrio de
ecossistemas. Perdas de quantidades e de qualidade, assim como o aumento do risco de
contaminação do alimento, multiplicam-se durante todas as demais fases da cadeia pela
inobservância de boas práticas de manufatura, que estendem-se ao transporte,
armazenamento e distribuição. -(SESTI, LAC, 1996)
Notadamente nas fases finais de manuseio, preparação e preservação que antecedem
a ingestão do alimento, a falta de práticas adequadas de higiene geralmente destroem o
esforço realizado e o êxito obtido na construção da qualidade e da segurança do alimento
em fases anteriores da cadeia. -(EMBRAPA, 1998)
"O consumidor espera, portanto, ao adquirir um alimento, que ele seja confiável,
inócuo para a saúde, nutritivo, saboroso, agradável à visão, acondicionado e rotulado
adequadamente e comercializado de maneira atrativa. Também espera que o alimento, o
recipiente, a embalagem, as instruções contidas no rótulo e toda a informação que
acompanha o produto, cumpram com os requisitos determinados por legislação própria,
específica para o mercado no qual é comercializado" -(EMBRAPA, 1998
40
4 Procedimentos de Biosseguridade na Criação de Frangos no Sistema Agroecológico
É recomendável que todo sistema de produção respeite os recursos naturais e tenha
por objetivo auto-sustentação, com vistas a preservar a biodiversidade dos ecossistemas,
bem como a saúde do consumidor e a obtenção de um produto de alta qualidade. -(SESTI,
LAC, 1996)
O sistema de produção intensivo de aves contribui de maneira indispensável para o
suprimento de proteínas, atendendo satisfatoriamente à demanda do mercado consumidor.
No entanto, uma parcela desse mercado tem demonstrado interesse em consumir alimentos
com características diferenciadas, optando por produtos menos industrializados, voltados
para a produção agroecológica e está disposta, num primeiro momento, a pagar um preço
maior por essas características. -(SESTI, LAC, 1996)
A avicultura alternativa está se expandindo de forma vertiginosa em inúmeras
regiões do país, mesmo naquelas com alta concentração de produção industrial. Esta
publicação tem como objetivo disponibilizar informações que orientem quanto aos
procedimentos de biosseguridade para criação de frangos no sistema agroecológico. -
(SESTI, LAC, 1996)
4.1 Sistema de produção agroecológico
No sistema agroecológico de produção de aves busca-se produzir alimentos
saudáveis, de elevado valor nutricional e isentos de contaminantes, preservando a
biodiversidade em que e insere o sistema produtivo. Para tanto, faz-se necessário adotar
41
práticas de produção menos agressivas, que otimizem o uso de recursos naturais, tendo por
objetivo a auto-sustentação. -(SESTI, LAC, 1996)
É fundamental para a adoção desse sistema de produção, a redução do emprego dos
insumos artificiais, sem a presença de aditivos e/ou estimulantes. O sistema deve respeitar o
bem-estar animal, dispor de instalações funcionais e confortáveis com alto nível higiênico
em todo o processo criatório. Deve ainda adotar medidas preventivas para o controle de
afecções nos rebanhos avícolas, respeitando as normas de saúde pública vigentes. -(SESTI,
LAC, 1996)
O controle de infecções que afetem a saúde de um plantel, seja no regime intensivo
ou no extensivo, deve priorizar a saúde da avicultura como um todo, visando a obtenção de
melhores resultados de produção e a viabilidade do setor em âmbito regional e nacional. -
(SESTI, LAC, 1996)
A característica de rusticidade que se preconiza nas linhagens coloniais, não exclui a
possibilidade de que essas aves adoeçam, tanto apresentando sinais clínicos, quanto sem
sintomas visíveis. Aves portadoras de patógenos podem causar perdas à produção e
comprometer a segurança do lote e dos plantéis circunvizinhos. Uma vez inserida na
produção avícola nacional, a produção colonial deve estar comprometida com a "saúde"
desse setor produtivo. -(SESTI, LAC, 1996)
42
4.2 Aspectos básicos de biosseguridade
Compreende-se por biosseguridade a implantação de medidas aplicadas em todos os
segmentos da criação das aves, objetivando diminuir o risco de infecções, minimizar a
contaminação do ecossistema e resguardar a saúde do consumidor do produto. -
(EMBRAPA, 1998),
4.3 Principais fatores a considerar
As condições de produção, e a rusticidade das linhagens coloniais, propiciam a
essas aves maior resistência à manifestação de sinais clínicos para determinadas doenças. É
importante salientar que mesmo não apresentando sintomas, muitas vezes, as aves podem
estar infectadas e permanecerem portadoras de determinados agentes patogênicos, sem
apresentar os sintomas característicos da enfermidade, mas capazes de contaminar aves
sadias. -(EMBRAPA, 1998)
Com o objetivo de preservar a saúde dos plantéis avícolas, algumas normas devem
ser observadas quanto à localização de criações de aves coloniais e ao manejo sanitário
dessa produção, conforme descritos a seguir. -(EMBRAPA, 1998)
4.3.1 Localização
Os cuidados de biosseguridade devem iniciar na escolha do local onde será
conduzida a criação. Protegido de ventos, com pouca declividade e boa drenagem, deve
permitir fácil acesso à entrada das aves e insumos e à saída das aves para comercialização.
43
O local escolhido para fixar o aviário e piquetes deve ser tranqüilo e distante de
outros plantéis avícolas, delimitado por cercas de segurança, com um único acesso para
evitar que as aves se afastem do local de criação, bem como para coibir o livre trânsito de
pessoas, veículos e outros animais. -(EMBRAPA, 1998)
O plantio de árvores que propiciem bom sombreamento, presença de matas naturais
e elevações topográficas servem de barreiras sanitárias naturais. -(EMBRAPA, 1998)
Com base em normas já estabelecidas, alguns cuidados devem ser seguidos ao ser
projetado um plantel de aves coloniais. Atualmente, contamos com o Ofício Circular
DOI/DIPOA No 007/99 que trata do registro do produto "Frango Caipira ou Colonial". -
(EMBRAPA, 1998)
A exemplo da normatização já existente para produções avícolas destinadas à
reprodução e produção comercial de aves em confinamento, a criação de aves coloniais
deverá respeitar normas com o objetivo de resguardar o controle da saúde do plantel avícola
nacional. -(EMBRAPA, 1998)
Com base na Instrução Normativa no 04/1998 do Ministério da Agricultura (MA),
para plantéis de reprodução e produção comercial, algumas distâncias mínimas entre o
aviário de aves coloniais e outros estabelecimentos já devem ser observadas quando da sua
implantação. O aviário, deverá ser localizado a uma distância mínima de 5.000 metros tanto
de uma fábrica de ração como de um abatedouro. -(EMBRAPA, 1998)
Estabelecimentos avícolas de produção de frangos coloniais são considerados de
controle eventual, quais sejam os produtores de frangos de corte (engorda) para produção
comercial de carnes. Até o momento não existem normas específicas que regulamentem
distâncias mínimas entre um plantel de aves coloniais e outros plantéis avícolas. No
entanto, recomenda-se respeitar uma distância mínima de 5.000 metros entre plantéis de
44
reprodução industrial intensiva e o aviário colonial. Observar uma distância mínima de 500
metros, entre os limites periféricos da propriedade. -(EMBRAPA, 1998)
4.3.2 Aquisição dos pintos
A aquisição de pintos para a criação no sistema colonial deve ser feita de
incubatórios livres de micoplasmas, aspergilose e salmonelas, provenientes de matrizes de
raças específicas para criação extensiva com altos níveis de anticorpos contra as principais
enfermidades como: a Doença de Gumboro, Bronquite Infecciosa das Galinhas, Doença de
Newcastle, Encefalomielite Aviária, Coriza Infecciosa e Varíola Aviária. Todos os pintos
devem ser vacinados, ainda no incubatório, contra a doença de Marek. -(EMBRAPA, 1998)
4.3.3 Procedimentos no manejo
A adoção de estratégias para reduzir os riscos de infecção nos plantéis é
imprescindível tanto para a proteção das aves criadas no sistema agroecológico, com
características de produção e genéticas que propiciam maior rusticidade, como para
resguardar a saúde das demais produções avícolas. -(EMBRAPA, 1998)
O frango colonial requer um tempo mínimo aproximado de 85 dias de alojamento e
acesso a pastoreio. Devido a essas condições, deve-se fazer o vazio das instalações de pelo
menos 21 dias entre um alojamento e outro, após a limpeza e desinfecção do abrigo e
realizar o remanejamento dos piquetes. -(EMBRAPA, 1998)
Os frangos devem ser criados no sistema "todos dentro todos fora" ou seja, alojar
aves de mesma idade e procedência no mesmo abrigo até o abate. -(EMBRAPA, 1998)
45
Especial atenção deve ser dada à qualidade da água a ser fornecida às aves. Essa
deve ser limpa e livre de microorganismos patogênicos. A água de bebida das aves deve
estar a uma temperatura aproximada de 21oC e ser fornecida abundantemente. -
(EMBRAPA, 1998)
4.3.4 Procedimentos de criação
No sistema agroecológico, o controle de doenças deve ser feito através do uso de
vacinas e, principalmente, pela implantação de técnicas de produção que priorizem a
biosseguridade em todos os estágios da vida das aves. Os frangos criados nesse sistema
permanecem um período maior na propriedade, motivo pelo qual é necessário que o
Médico Veterinário, responsável pela produção, determine a situação epidemiológica e
sanitária da região e estabeleça o esquema de vacinação necessário para o plantel. -
(EMBRAPA, 1998)
As chamadas doenças da produção manifestam-se com mais freqüência nas aves
criadas em confinamento, devido ao manejo e às características das linhagens do sistema
intensivo. -(EMBRAPA, 1998)
Enfermidades como a Doença de Gumboro, Doença de Newcastle, Bronquite
Infecciosa das Aves e Varíola Aviária são controladas através da vacinação. Salmoneloses,
micoplasmoses e a Doença de Newcastle são enfermidades de controle obrigatório.
Medidas de restrições ao trânsito (veículos, pessoas e/ou animais), objetivando o controle
de enfermidades e a obrigatoriedade da vacinação contra Doença de Newcastle e de outras
doenças que coloquem em risco o plantel avícola nacional e a saúde pública, poderão ser
46
estabelecidas pelo MA quando se fizer necessário. (-
http://www.cnpsa.embrapa.br/publicações/anais/18/05/2007 18:32)
Aves criadas em sistemas que propiciem maior contato com o solo apresentam com
freqüência, problemas de parasitoses. A coccidiose é uma enfermidade causada por
protozoários que acarreta lesões na mucosa intestinal, reduzindo a absorção dos alimentos,
causando elevadas perdas à produção. A ocorrência dessa enfermidade pode ser evitada
através da vacinação dos pintos nos primeiros dias de idade. -(EMBRAPA, 1998)
O combate às verminoses requer redobrada atenção às normas de biosseguridade e
eliminação das possíveis fontes contaminantes (água contaminada, elevada concentração de
fezes e contaminantes no meio ambiente). A fitoterapia, ou seja o tratamento através do uso
de plantas com propriedades medicinais, tem sido utilizado nas criações agroecológicas. -
(EMBRAPA, 1998)
A utilização de antimicrobianos para o combate à enfermidades, em plantéis que
pleiteiam a obtenção do certificado de produto agroecológico, deve respeitar as diretrizes
estabelecidas na portaria do MA no 505 de 16/10/1998. De modo geral, é proibido o uso de
medicamentos convencionais, exceto para garantir a saúde ou quando houver risco de vida
para os animais, na inexistência de substituto permitido, poder-se-ão usar medicamentos
convencionais. Nesse caso, é obrigatório comunicar à certificadora o uso desses
medicamentos, bem como registrar a sua administração. O período de carência, estipulado
na bula do produto a ser cumprido, deverá ser multiplicado pelo fator três (três vezes o
período recomendado), podendo ainda ser ampliado de acordo com a instrução da
certificadora.
(-http://www.agricultura.gov.br/ 20/06/2007 14:23)
47
5 Aspectos de Biosseguridade para Plantéis de Matri zes de Corte
A granja deve estar situada em local tranqüilo e distante de outras criações,
protegida por barreiras naturais e físicas:
5.1 Distâncias mínimas recomendadas entre granjas
Estão determinadas na Instrução Normativa no 4/1998 do Ministério da Agricultura
(MA), as distâncias mínimas a serem observadas entre a granja de matriz e outros
estabelecimentos (Tabela 2).
TABELA 2 – Distâncias mínimas recomendadas
Distância entre Granja e Abatedouro 5.000 m Distância entre Bisavozeiro e Avozeiro 5.000 m Distância entre Matrizeiros 3.000 m Distância entre Núcleos e Limites Periféricos da Propriedade 100 m Distância entre Núcleo e Estrada Vicinal 500 m Distância entre Núcleos de Diferentes Idades 500 m Distância entre Recria e Produção 500 m
Fonte: -(AGROCERES ROSS, 1995)
A distância mínima entre aviários do mesmo núcleo, é o dobro da largura dos aviários.
5.2 Introdução do material genético na granja
O preço do pinto de um dia corresponde a 17% do custo total de produção o que
reforça a necessidade de adquirir o material genético, de fornecedores idôneos, que primem
pela qualidade sanitária e produtiva da linhagem a ser adquirida. -(AGROCERES
ROSS,1994)
48
5.3 Cuidados com ração e água
É fundamental primar pela qualidade nutricional e microbiológica das rações.
Ingredientes como farinhas de carne, vísceras, penas, ossos e peixes, têm apresentado alta
freqüência de contaminação com agentes patogênicos, por isso, recomenda-se não adicionar
esses produtos à ração. A peletização contribui para reduzir a contaminação das rações.
A água da granja deve ser captada numa caixa d´água central para posterior distribuição,
precisa ser abundante, limpa, fresca e isenta de patógenos. Deve ser monitorada e, se
necessário, tratada. A cloração é feita pela adição de 1 a 3 ppm de Cloro na água de bebida.
É importante ressaltar que a água usada para vacinações das aves, não pode ser clorada. -
(AGROCERES ROSS, 1995)
5.4 Manejo sanitário
É fundamental implantar o sistema de criação de lotes com idade única no mesmo
núcleo. Diariamente, proceder a limpeza dos bebedouros, retirada de aves mortas e
machucadas. -(AGROCERES ROSS, 1995)
5.4.1 Limpeza e desinfecção das instalações
Proceder diariamente limpeza e desinfecção, de banheiros (pela manhã e a tarde) e
na sala de ovos (após a saída dos ovos do dia), bem como os equipamentos existentes nos
respectivos locais. -(EMBRAPA, 1998)
49
Nos aviários com aves alojadas, remover a poeira de telas, ninhos e lâmpadas, pelo
menos uma vez por semana e limpar os bebedouros diariamente. -(SESTI, LAC, 1996)
Após a saída do lote, limpar imediatamente os aviários, desmontar os
equipamentos e retirar a cama. -(SESTI, LAC, 1996)
Antes de retirá-la, deve-se umedecê-la para diminuir a formação de poeira.
Comedouros e silos deverão ser esvaziados e as sobras de ração eliminadas.
Todos os equipamentos móveis deverão ser retirados, lavados e desinfectados.
Varrer o aviário e limpar os equipamentos, passar lança chamas no piso e muretas,
para queimar as penas restante. Na seqüência, lavar piso, paredes, teto, vigas e cortinas,
com água sob pressão. -(AGROCERES ROSS, 1995)
Limpar e desinfectar as calçadas externas, silo, caixa d´água e tubulações. Após a
secagem, proceder a desinfecção do aviário e a recolocação da cama e equipamentos.
Para finalizar, fumigar o aviário, deixando-o totalmente fechado, por 24 horas.
Recomenda-se fazer vazio sanitário de, no mínimo, 15 dias antes de alojar outro
lote. -(AGROCERES ROSS, 1995)
Os desinfetantes mais utilizados no processo de desinfecção são: Formol, Iodo,
Amônia Quaternária, Fenóis, Cresóis e Cloro. É recomendado fazer o rodízio periódico do
princípio ativo. -(AGROCERES ROSS, 1995)
5.4.2 Controle de vetores
Aviários e locais para armazenamento de alimentos ou ovos, devem ser mantidos
livres de insetos e roedores. Quanto mais limpo e organizado o setor, menor a multiplicação
de ratos e moscas. Manter o esterco seco, reduz a proliferação de moscas e a utilização de
50
proteções de tela nas aberturas, evita o acesso de ratos e pássaros. -(AGROCERES ROSS,
1995)
5.4.3 Destino das aves mortas
As aves mortas deverão ser incineradas, enterradas em fossa séptica revestida e
coberta por laje de concreto ou utilizadas na compostagem. Da mesma forma, dar correto
destino aos demais resíduos da produção (estercos, restos de ovos, embalagens). -
(AGROCERES ROSS, 1995)
6 Restrição de Aditivos Artificiais nas Rações
Podemos esperar mudanças de desempenho zootécnico em lotes de frangos sendo
alimentados com rações sem aditivos antibióticos e/ou agentes anticoccidianos. Isto já está
sendo percebido em larga escala em alguns países da Europa, onde a grande maioria destes
aditivos já foi banida da alimentação de frangos de corte.
(-http://www.eps.ufsc.br 25/06/2007 17:45)
Aditivos antibióticos foram introduzidos na alimentação das aves principalmente em
função dos benefícios zootécnicos observados no desempenho, como melhoria da
conversão alimentar, do ganho de peso e menores taxas de mortalidade. Estes aditivos
antibióticos são absorvidos de maneira mínima no intestino e não têm ação sistêmica direta
no organismo das aves. Portanto, o risco de resíduos na carne, observado o período de
retirada apropriado, praticamente inexiste. São incorporados às rações em doses muito
baixas, indo agir no intestino das aves principalmente via:
51
• Redução direta da população de alguns tipos de bactérias comensais do trato
intestinal (por exemplo, clostridium);
• Alteração (desequilíbrio) da flora geral do intestino e conseqüente inibição do
crescimento de alguns tipos de microorganismos indesejáveis.
(-http://www.eps.ufsc.br 25/06/2007 17:45)
A ação destas substâncias se dá principalmente pelo controle do desafio bacteriano
entérico sub-clínico e pela redução ocasional de doença clínica evidente. Uma das doenças
clínicas controladas mais eficazmente é a enterite necrótica (causada pelo Clostridium
perfringem).
(-http://www.eps.ufsc.br 25/06/2007 17:45)
Além disso, os antibióticos aditivos de ração aumentam a disponibilidade de nutrientes
a serem absorvidos pelas aves, bem como ampliam a variedade de matérias-primas
possíveis de serem utilizadas como ingredientes para a ração animal.
(-http://www.cnpsa.embrapa.br/publicações/anais/18/05/2007 18:32)
A principal razão alegada para o banimento do uso de aditivos antibióticos em
rações animais é a possibilidade de aparecimento de microorganismos resistentes a estes
antibióticos. Estes microorganismos eventualmente contaminariam humanos e não
poderiam ser combatidos com os mesmos antibióticos ou, mesmo, com drogas de estrutura
e função similares ao antibiótico fornecido aos animais. É muito importante ressaltar que as
extensas e detalhadas análises epidemiológicas realizadas nos Estados Unidos e em vários
países da Europa (tanto por organizações governamentais quanto por empresas privadas)
falharam em associar científica e definitivamente o aparecimento de microorganismos
resistentes a determinados antibióticos com a utilização destes mesmos produtos ou
52
similares como aditivos em rações de animais comercialmente explorados pelo homem
(principalmente aves e suínos). Portanto, a decisão de banimento dos aditivos antibióticos
nas rações de aves com base na transferência de resistência bacteriana a antibióticos de
animais para o homem é, até este momento, totalmente carente de comprovação científica
irrefutável. -(AGROCERES ROSS, 1995)
Sem dúvida, a principal conseqüência clínica da retirada destes aditivos antibióticos
da ração de frangos é um aumento na incidência de enterite necrótica (tanto clínica quanto
sub-clínica) - que será maior quanto maior for a utilização de ingredientes alternativos na
ração (trigo, triguilho, sorgo, etc. etc.), além de milho e farelo de soja. Este fato já é
observado em alguns países da Europa e também no Brasil. -(AGROCERES ROSS, 1995)
De um modo geral indicam claramente que a retirada destes aditivos da alimentação
dos frangos resultará nas seguintes perdas (abate às 6 semanas):
• Menor peso final;
• Maior coeficiente de variação de peso dentro do lote;
• Pior conversão alimentar;
• Aumento na taxa de mortalidade final.
Uma série de produtos, de uma maneira geral intitulados de "orgânicos", tem sido
desenvolvida e disponibilizada no mercado na tentativa de substituir os aditivos antibióticos
e agentes anticoccidianos. Entre os principais temos:
Vacinas vivas contra a coccidiose;
• Ácidos orgânicos;
53
• Probióticos;
• Prebióticos;
• Produtos naturais (extratos de plantas, temperos naturais, óleos essenciais);
• Enzimas digestivas;
• Complexos minerais orgânicos.
-(AGROCERES ROSS, 1995)
Os resultados conseguidos com a utilização destes produtos (isoladamente ou em
combinação), em substituição aos aditivos antibióticos, têm sido muito variáveis e, de um
modo geral, os melhores resultados alcançados por estes produtos ainda estão aquém de
bons resultados obtidos com aditivos antibióticos e anticoccidianos.
-(AGROCERES ROSS, 1995)
Portanto, as grande conseqüências do banimento dos aditivos antibióticos e
anticoccidianos da alimentação de frangos de corte serão uma queda do desempenho
zootécnico dos rebanhos e um significativo aumento no custo de produção. Além disso,
uma grande parte do potencial genético das modernas linhagens de corte será perdido, pois
não haverá condições apropriadas para a ave expressá-lo ao máximo. Quanto a este aspecto,
algumas empresas de genética já estão trabalhando para o futuro e realizando o processo de
seleção genética das linhas puras em condições livres de aditivos antibióticos e deste modo,
direcionando a seleção de indivíduos mais aptos a estas condições específicas. -
(EMBRAPA, 1998)
Outro aspecto muito importante a ser lembrado é o direto relacionamento entre
qualidade do sistema de criação e obtenção de bons resultados com produtos substitutivos
dos aditivos antibióticos e anticoccidianos. Ou seja, os melhores resultados sempre serão
54
alcançados naqueles sistemas de produção com bom nível de saúde de rebanho, rígido
programa de biosseguridade e manejo, instalações (meio ambiente apropriado) e
equipamentos adequados. -(EMBRAPA, 1998)
7 Principais Doenças Avícolas
A possibilidade de prevenção ou controle de determinada enfermidade irá depender,
entre outros fatores, da situação de infra-estrutura (tipo de instalações; localização: dos
galpões , incubatório , fábrica de ração, etc. etc.), da situação epidemiológica específica de
cada sistema de produção e da região onde estão localizados, da disponibilidade de vacinas
efetivas e aprovadas legalmente, da existência de programas de biosseguridade efetivos,
etc. -(EMBRAPA, 1998)
Sem dúvida nenhuma, aquelas doenças (viroses principalmente) que cursam
agudamente com alta mortalidade, são bastante difíceis de serem controladas durante a fase
aguda da infecção. Na maioria das vezes não há o que fazer para controlar um surto agudo
de certas viroses. Por exemplo: durante um surto de Doença de Gumboro causado pela cepa
viral G11, não há qualquer procedimento realmente efetivo que possa ser implantado para
controlar a mortalidade e as perdas que ainda ocorrerão no lote afetado, mesmo após
passado o pico de mortalidade. Outro exemplo típico seria um surto de Doença de
Newcastle causado por uma cepa viral velogênica viscerotrópica e/ou neurotrópica.
Também neste caso nada pode ser feito para controle da mortalidade. Felizmente esta
doença está sob controle no Brasil e estes tipos de cepas da Doença de Newcastle são
consideradas, neste momento, como erradicadas da avicultura industrial brasileira. As
perdas econômicas advindas de surtos de ambas as viroses podem ser prevenidas com
55
programas de vacinação apropriados, os quais apresentam excelente relação
custo/benefício. Outras viroses importantes sob o ponto de vista de perdas econômicas
(Pneumovirose Aviária, Síndrome da Queda da Postura, Anemia Infecciosa das Galinhas,
etc.), também podem ser efetivamente controladas via programas de vacinação. -(SESTI,
LAC, 1996)
Existem dois tipos de doenças bacterianas (oficialmente listadas no PNSA - Plano
Nacional de Sanidade Avícola) que são consideradas de difícil (e caro) controle e/ou
prevenção. São as micoplasmoses (causadas pelos Micoplasma gallisepticum [MG] e
synoviae [MS]) e as salmoneloses aviárias (causadas pelos sorotipos Salmonela enteritidis
[SE], typhimurium [ST], gallinarum [SG] e pullorum [SP]). Embora não existam
estatísticas (oficiais ou não) confiáveis publicadas sobre a prevalência destas enfermidades
nos plantéis das aviculturas de corte e postura no Brasil, informações extra-oficiais de
muitos médicos veterinários (de campo, de laboratórios de diagnóstico, de integrações, de
empresas privadas de avicultura ou de várias outras empresas da área) indicam que a
situação epidemiológica destas doenças é a seguinte:Micoplasmoses por MG - poucos
plantéis (corte e postura) são positivos; por MS - grande maioria dos plantéis (corte e
postura) são positivos. Salmoneloses por SG e SP - muito poucos plantéis (corte e postura)
são positivos; por ST - poucos plantéis (menos de corte e mais de postura) são positivos;
por SE - muitos plantéis (corte e postura) são positivos. -(SESTI, LAC, 1996)
Embora na grande maioria dos casos não cause infecção clínica nas aves (com
exceção de algumas poucas cepas mais patogênicas para pintos durante a primeira semana
de idade) a Salmonela enteritidis é hoje um dos agentes mais importantes de toxi-infecções
de origem alimentar em humanos em praticamente todos os países do mundo que
consumam produtos avícolas e tenham programas de monitoramento e estatísticas
56
confiáveis. Portanto, o controle ou erradicação deste agente em plantéis avícolas é uma
questão de saúde pública, já que frangos contaminados (seja vertical ou lateralmente)
enviados ao abate irão produzir carcaças (carne de frango) contaminadas. -(SESTI, LAC,
1996).
Qualquer empresa exportadora de produtos avícolas sabe perfeitamente que todos os países
importadores exigem produtos livres de salmonela. O isolamento de salmonela (qualquer
sorotipo, tenha ou não impacto na saúde pública), por ocasião do monitoramento de cargas
de produtos avícolas pelos importadores é motivo de devolução imediata dos produtos e,
não raras vezes, cancelamento da importação. -(SESTI, LAC, 1996)
O controle das salmoneloses e micoplasmoses nos sistema de produção avícola é
difícil, não por que seja muito exigente em tecnologia, mas sim por que exige
investimentos em equipamentos, instalações e educação permanente de todos envolvidos.
Por exemplo, qualquer empresa que objetive reduzir significativamente ou mesmo erradicar
salmonelas de seus plantéis avícolas deverá, sem sombra de dúvida, implantar um
protocolo realmente efetivo tecnicamente (existem vários protocolos que são erroneamente
considerados efetivos) de descontaminação da ração pronta a ser fornecida às aves. O
alimento das aves é (junto com a transmissão vertical desde os reprodutores) uma das mais
importantes vias de contaminação dos rebanhos. Além disso, existem também disponíveis
no mercado brasileiro vacinas para o controle das micoplasmoses e salmoneloses aviárias. -
(SESTI, LAC, 1996)
57
7.1 Influenza Aviária de Alta Patogenicidade
Influenza Aviária de alta patogenicidade (IAAP) - Esta é uma enfermidade
sistêmica viral de aves domésticas, extremamente infecciosa e de alta transmissibilidade,
que causa altas taxas de mortalidade e enorme prejuízo econômico para a avicultura
industrial. Foi primeiramente descrita na Itália em 1878 quando foi então chamada de
"Praga das Aves". Hoje, esta doença é denominada de Influenza Aviária de Alta
Patogenicidade (IAAP). Em 1901 foi descoberto que a "Praga Aviária" era causada por
vírus. (-http://www.eps.ufsc.br 25/06/2007 17:45)
Entretanto, foi somente em 1955 que o vírus foi identificado como um vírus de
influenza. Desde então, centenas de vírus causadores de Influenza Aviária têm sido isolados
de aves ao redor do mundo. Alguns destes vírus causam uma enfermidade de média ou
baixa virulência ou mesmo não causam qualquer sintomatologia. No entanto, alguns tipos
destes vírus causam a IAAP com taxas de mortalidade as quais freqüentemente alcançam
100% em lotes afetados. Além disto, um efetivo controle desta enfermidade exigirá o abate
preventivo das aves de todos os sistemas de produção próximos do foco e de todos aqueles
lotes apenas suspeitos de estarem contaminados. (-http://www.eps.ufsc.br 25/06/2007
17:45)
7.2 Doença de Newcastle
Doença de Newcastle viscerotrópica / neurotrópica velogênica (DN) - Enquanto a
IAAP ocorre de maneira muito pouco freqüente, a DN é enzoótica em algumas partes do
58
mundo e um perigo permanente para a maioria das aves criadas comercialmente,
principalmente aquelas de sistemas criatórios não organizados e de fundo de quintal. Em
países em desenvolvimento através da Ásia, África, América Central e algumas partes da
América do Sul, a DN causa perdas significativas na população de criações comerciais de
fundo de quintal as quais, nestes países, representam uma importante fonte de renda e de
alimento para a população. (-http://www.eps.ufsc.br 25/06/2007 17:45)
8.0 Elaboração do roteiro de inspeção
1. Determinar os objetivos da empresa e em função deles a importância de cada ponto
crítico. Neste sentido, pode-se afirmar que cada empresa terá o seu roteiro em
função dos seus objetivos.
2. Sempre envolver as pessoas de cada setor na elaboração do roteiro. Sem isto não
teremos co-responsabilidade e comprometimento.
3. O sentido do roteiro deve ser da Área Limpa para a Área Suja.
4. A ênfase deve ser dada na solução do problema e não apenas no diagnóstico.
5. O objetivo nunca deve ser achar culpados. As pessoas ficarão com medo de se
expor e não ajudarão na solução dos problemas.
6. O roteiro deve ser claro e objetivo, centrado nos pontos críticos do processo. Deve
ser feito por área ou setores facilmente identificáveis (por células de produção).
7. De preferência ter uma grade com os pontos críticos ou ter um roteiro escrito.
8. Sempre dar retorno (Feedback) a todas as pessoas envolvidas. (-
http://www.eps.ufsc.br 25/06/2007 17:45)
59
8.1 Sugestão para a implementação de um roteiro para diagnóstico e controle de pontos críticos
1. Estabelecer os objetivos (metas).
2. Formar uma equipe:
A participação deve ser ampla, especialmente na discussão e avaliação dos pontos
críticos. Se bem conduzida, esta etapa, servirá como uma excelente oportunidade de
treinamento: “qualidade se produz e não se controla”. As pessoas devem estar identificadas
com o problema e devem querer assumir a responsabilidade para si.
3. Descrever os processos e elaborar os roteiros, eventualmente, dos manuais.
4. Estabelecer controles (plano de ação). Sempre procurar agir na causa.
5. Estabelecer planos corretivos.
6. Revisar constantemente. Este processo deve funcionar como uma espécie de PDCA.
É um processo de melhoria contínua.
7. Feedback. (-http://www.eps.ufsc.br 25/06/2007 17:45)
8.2 Sugestão para o grupo de coordenação do trabalho
• Um organizador/coordenador;
• Especialistas da produção;
• Especialista em processos;
• Microbiologista;
• Nutricionista;
60
• Operários envolvidos; (-http://www.eps.ufsc.br 25/06/2007 17:45)
8.3 Vetores de contaminação
Os vetores de contaminação são pontos críticos de processo e muitas vezes não
há muito para fazer. Os principais são:
1. Ar: O ideal seria pressurizar as áreas limpas, impedindo o ar contaminado;
2. Água: A água é inimiga número um, por ser condição para desenvolvimento de
microorganismos e, por conseqüência, causa perda de produtos. Por isto, a água na
fábrica de rações deve ser evitada ao máximo. Cuidado com goteiras e infiltrações;
3. Animais: Devem ser evitados e controlados;
4. Pessoas: As pessoas são vetores importantes de contaminação. Por isto, o
treinamento e a educação são indispensáveis. As pessoas precisam cuidar das suas
roupas (especialmente calçados) e conhecerem bem os conceitos de área limpa e
área suja. Deve-se ter ferramentas e equipamentos separados para áreas limpas e
para áreas sujas; (-http://www.eps.ufsc.br 25/06/2007 17:45)
8.4 Microbiologia
. É preciso treinar e educar as pessoas para que se crie uma consciência
microbiológica na fábrica. Como tudo na fábrica, a microbiologia precisa ser controlada
baseada em dados. Deve-se pesquisar pontos críticos de contaminação e de
recontaminação, pesquisar alternativas de descontaminação (tratamentos térmicos, uso de
ácidos orgânicos, desinfetantes, etc), tudo baseado em fatos e dados. A intensidade e a
61
perfeição da limpeza nos diferentes setores (silos, moegas, máquinas, etc) deve ser avaliada
com suabes. (-http://www.eps.ufsc.br 25/06/2007 17:45)
8.5 Contaminação cruzada
1. Ensilamento de macro e micro-elementos;
2. Vazamentos em registros, caixas e comportas;
3. Transportadores;
4. Silos, pulmões e reservatórios mal projetados;
5. Acerto de rotas manualmente e/ou má sinalização de rotas;
6. Tempos de esvaziamento de rotas controladas manualmente;
7. Dosagem errada;
8. Troca de embalagens e de rótulos;
9. Falta ou má identificação dos silos, de pilhas, etc.
(-http://www.eps.ufsc.br 25/06/2007 17:45)
8.6 Rastreabilidade
Os clientes são cada vez mais exigentes e ecológicos, portanto exigirão respostas
firmes e convincentes sobre os processos produtivos e de como garantir produtos de
qualidade. Por esta razão, conceitos como a “rastreabilidade total” deverão estar presentes
ao projetar e/ou remodelar processos. (-http://www.eps.ufsc.br 25/06/2007 17:45)
Rastreabilidade nada mais é do que criar a condição de poder saber ou conseguir
localizar todo e qualquer ingrediente ao longo da cadeia que envolve o processo de
produção de ração, desde a compra dos ingredientes até o consumo final (na recepção, na
62
estocagem, na mistura, na expedição e no consumidor final). (-http://www.eps.ufsc.br
25/06/2007 17:45)
63
9.0 Conclusão
Surtos de doenças podem causar perdas econômicas substanciais à avicultura e
suinocultura intensivamente exploradas devido principalmente à:
• Efeitos diretos e indiretos na produção;
• Qualidade e aceitabilidade de reprodutores (avós e matrizes) pelos produtores;
• Qualidade e aceitabilidade do produto final (carne de aves) pelos consumidores
finais.
Procedimentos de biosseguridade com qualidade total, os quais são efetivos em
proteger os rebanhos, são relativamente baratos para serem implantados. Além disso,
podem ser extremamente efetivos em manter bons níveis de produtividade e em facilitar a
comercialização e a confiança dos consumidores nos produtos finais.
O futuro sucesso e prosperidade das modernas avicultura industrial dependerá em
grande parte da efetividade e qualidade dos programas de biosseguridade implementados.
Estes terão a tarefa de lidar com os novos desafios e requerimentos técnicos originados por
surtos de enfermidades endêmicas e epidêmicas.
O aspecto mais importante na implantação, operacionalização e manutenção de um
programa de biosseguridade é a disciplina de todos aqueles envolvidos em todos os passos.
Uma única pessoa parte de um grupo de apenas um único elo da corrente de biosseguridade
(Figura 1) a qual não tenha a disciplina e o treinamento apropriado é mais do que suficiente
para causar a falha do programa e, conseqüentemente, perda de todo o investimento
realizado.
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10. Referências Bibliográficas
10.1 Bibliografias
-AGROCERES ROSS, Melhoramento Genético de Aves S.A - Manual de Biosseguridade, 1995, Rio Claro, SP, Brasil.
-SESTI, LAC – Biosseguridade na Disseminação do Material Genético, Anais XV PANVET Congresso Pan-americano de Ciências Veterinárias, 21 a 25 de Outubro de 1996, Campo Grande, MS, Seminário S11, páginas S11-21 a S11-28.
-EMBRAPA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Suinocultura Intensiva,
Capítulo 18 Luiz A.C. Sesti, Brasília, 1998, páginas 317 a 333.
10.2 Web Sites -http://www.cnpsa.embrapa.br/publicações/anais/ -http://www.agricultura.gov.br -http://www.avestruz.com.br -http://www.avisite.com.br -http://www.eps.ufsc.br