UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ...

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ COORDENAÇÃO DE ENGENHARIA FLORESTAL CÂMPUS DOIS VIZINHOS DAVID DE OLIVEIRA MASSON PROPAGAÇÃO VEGETATIVA NA PRODUÇÃO DE MUDAS DE ESPINHEIRA-SANTA (Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek) TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO II DOIS VIZINHOS 2017

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

COORDENAÇÃO DE ENGENHARIA FLORESTAL

CÂMPUS DOIS VIZINHOS

DAVID DE OLIVEIRA MASSON

PROPAGAÇÃO VEGETATIVA NA PRODUÇÃO DE MUDAS DE

ESPINHEIRA-SANTA (Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek)

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO II

DOIS VIZINHOS

2017

DAVID OLIVEIRA MASSON

PROPAGAÇÃO VEGETATIVA NA PRODUÇÃO DE MUDAS DE

ESPINHEIRA-SANTA (Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek)

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado à disciplina de Trabalho

de Conclusão de Curso II, do Curso de

Engenharia Florestal da Universidade

Tecnológica Federal do Paraná, como

requisito parcial para obtenção do titulo

de Engenheiro Florestal.

Orientador: Profa. Dra. Daniela Macedo

de Lima

DOIS VIZINHOS

2017

TERMO DE APROVAÇÃO

PROPAGAÇÃO VEGETATIVA NA PRODUÇÃO DE MUDAS DE ESPINHEIRA-

SANTA (Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek)

por

DAVID DE OLIVEIRA MASSON

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi apresentado em 20 de novembro de 2017

como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia Florestal.

O candidato foi arguido pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo

assinados. Após deliberação, a Banca Examinadora considerou o trabalho aprovado.

__________________________________

Profª. Drª. Daniela Macedo de Lima

Orientadora

___________________________________

Profª. Drª. Dalva Paulus (UTFPR)

Membro titular (UTFPR)

___________________________________

Prof. Dr. Gilmar Antônio Nava (UTFPR)

Membro titular (UTFPR)

___________________________________

Profª. Drª. Patrícia Fernandes (UTFPR)

Membro titular (UTFPR)

O termo de aprovação assinado encontra-se na coordenação do curso

Ministério da Educação

Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Câmpus Dois Vizinhos

Curso de Engenharia Florestal

RESUMO

A espinheira santa (Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek) é uma espécie da

família Celasrtraceae, e se destaca pelo seu crescente uso na medicina

popular, e farmacêutica, principalmente para controle de doenças estomacais.

Porém, devido ao interesse comercial da espécie, tem crescido ações

antrópicas exploratórias sob a mesma, que diminuem cada vez mais sua

ocorrência no habitat natural. Este trabalho objetivou avaliar diferentes doses

de ácido indol-butírico (AIB), no enraizamento de estacas e alporques na

fazenda experimental da Universidade Tecnológica Federal do Paraná,

Campus Dois Vizinhos. Estacas originadas de ramos semilenhosos foram

preparados e tratados com AIB (0, 1.500, 3.000 mg L-1), permanecendo em

casa de sombra sob irrigação constante, e avaliadas ao final de 90 dias. Os

alporques foram realizados em ramos da parte superior da copa de plantas

adultas de espinheira-santa, os quais foram desfolhados parcialmente,

anelados, e submetidos a diferentes doses de AIB (0, 1.500, 3.000 mg L-1). Aos

seis meses os alporques foram destacados da planta-matriz para serem

submetidos à avaliação. Os dados foram submetidos ao teste de comparação

de médias de Tukey (p = 0,05). Houve baixa porcentagem de enraizamento

para alporquia, porém, em relação à presença de calos, foi observada

diferença significativa entre os tratamentos, havendo maiores porcentagens na

testemunha (70%), o que poderia indicar um futuro enraizamento nesses

ramos. Também foi constatado diferença significativa em relação à presença

de alporques vivos nas concentrações de 1500 (56,66%), 3000 mg L-1

(46,66%), e testemunha (26,66%), quais demonstram que a espécie possui

dificuldade no enraizamento. Em relação à estaquia, não foi observado

enraizamento em nenhum dos tratamentos utilizados, entretanto, houve alta

porcentagem de estacas vivas na concentração de 3000 mg L-1 (80%), 1500

mg L-1 (75%) e testemunha (72,5%), sendo necessário maior tempo de

acondicionamento no substrato, devido a espécie ser considerada de difícil

enraizamento.

Palavras-chave: auxina, enraizamento, propagação vegetativa.

ABSTRACT

The espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart. Ex Reissek) is a species of the

family Celasrtraceae, and stands out for its growing use in folk medicine, and

pharmaceutical, mainly for the control of stomach diseases. However, due to

the commercial interest of the species, there has been anthropogenic

exploratory actions under it, which increasingly decrease its occurrence in the

natural habitat. This work aimed to evaluate different doses of indole-butyric

acid (IBA) in the rooting of cuttings and alporques at the experimental farm of

the Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Dois Vizinhos.

Cuttings originating from semilenous branches were prepared and treated with

IBA (0, 1,500, 3,000 mg L-1), remaining in the shade under constant irrigation,

and evaluated at the end of 90 days. The alpores were harvested in upper

crown branches of adult plants of espinheira-santa, which were partially

defoliated, ringed, and submitted to different doses of IBA (0, 1,500, 3,000 mg

L-1). At six months the alporques were detached from the mother plant to be

submitted to the evaluation. The data were submitted to the Tukey averages

comparison test (p = 0.05). There was a low percentage of rooting for alporquia,

however, in relation to the presence of calluses, a significant difference between

treatments was observed, with higher percentages in the control (70%), which

could indicate a future rooting in these branches. It was also observed a

significant difference in relation to the presence of live alporques at

concentrations of 1500 (56.66%), 3000 mg L-1 (46.66%), and control (26.66%),

which demonstrate that the species possesses difficulty in rooting. However,

there was a high percentage of live cuttings in the concentration of 3000 mg L-1

(80%), 1500 mg L-1 (75%) and control (72, 5%), requiring a longer storage time

in the substrate, because the species is considered to be difficult to rooting.

Keywords: auxin, rooting, vegetative rooting.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Localização do experimento na fazenda experimental da UTFPR,

Câmpus Dois Vizinhos. .................................................................................... 25

Figura 2: Croqui do plantio de espinheira-santa na fazenda experimental de

ensino e pesquisa da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, campus

Dois Vizinhos, Dois Vizinhos – PR, 2017. ........................................................ 26

Figura 3: Plantio de espinheira-santa na área experimental de ensino e

pesquisa da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, câmpus Dois

Vizinhos, Dois Vizinhos – PR, 2017. ................................................................ 27

Figura 4: Alporque e identificação. Universidade Tecnológica Federal do

Paraná, câmpus Dois Vizinhos, Dois Vizinhos – PR, 2017. ............................. 28

Figura 5: Comprimento das estacas. Universidade Tecnológica Federal do

Paraná, câmpus Dois Vizinhos, Dois Vizinhos – PR, 2017. ............................. 29

Figura 6: Tratamento das estacas em solução de AIB. Universidade

Tecnológica Federal do Paraná, câmpus Dois Vizinhos, Dois Vizinhos – PR,

2017. ................................................................................................................ 30

Figura 7: Enraizamento do alporque de espinheira-santa avaliado 180 dias

após a implantação. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, câmpus

Dois Vizinhos, Dois Vizinhos – PR, 2017. ........................................................ 33

Figura 8: Alporque de espinheira-santa com calos avaliado 180 dias após a

implantação. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, câmpus Dois

Vizinhos, Dois Vizinhos – PR, 2017. ................................................................ 35

Figura 9: Estaca semilenhosas de Espinheira-santa com inicio de formação de

calos avaliada 90 dias após a implantação. Universidade Tecnológica Federal

do Paraná, câmpus Dois Vizinhos, Dois Vizinhos – PR, 2017. ........................ 41

Figura 10: Estacas semilenhosas vivas de espinheira-santa avaliadas 90 dias

após a implantação. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, câmpus

Dois Vizinhos, Dois Vizinhos – PR, 2017. ........................................................ 43

Figura 11: Estacas semilenhosas vivas e com folhas de espinheira-santa

avaliadas 90 dias após a implantação. Universidade Tecnológica Federal do

Paraná, câmpus Dois Vizinhos, Dois Vizinhos – PR, 2017. ............................. 44

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Porcentagens de enraizamento (AE%), calos (AC%), sobrevivência

(AV%), número de raízes (NR), e comprimento de raízes (CR), em alporques

de Maytenus ilicifolia submetidos a diferentes concentrações de AIB, Dois

Vizinhos, PR, 2017. .......................................................................................... 32

Tabela 2: Porcentagens de calos (EC%), sobrevivência (EV%), e mortas

(EM%) em estacas de Maytenus ilicifolia submetidos a diferentes

concentrações de AIB, Dois Vizinhos, PR, 2017............... ............................... 38

SUMÁRIO

RESUMO ..................................................................................................................................... 4

ABSTRACT ................................................................................................................................. 5

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 10

2. OBJETIVOS ...................................................................................................................... 12

2.1 Objetivo Geral ........................................................................................................... 12

2.2 Objetivos Específicos ............................................................................................... 12

3. JUSTIFICATIVA ................................................................................................................ 12

4. REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................................... 13

4.1 Caracterização da espécie ...................................................................................... 13

4.2 Ocorrência e localização da espécie ..................................................................... 14

4.3 Constituintes químicos e atividades farmacológicas de M. Ilicifolia ................. 16

4.4 Propagação sexuada em M. Ilicifolia ..................................................................... 17

4.5 Propagação vegetativa em M. Ilicifolia .................................................................. 18

4.6 Alporquia .................................................................................................................... 19

4.7 Estaquia ..................................................................................................................... 20

4.8 Fatores que influenciam no enraizamento de estacas ....................................... 21

4.9 Auxina (AIB) .............................................................................................................. 23

4.10 Substrato .................................................................................................................... 24

5. METODOLOGIA ............................................................................................................... 25

5.1 Descrição da área do estudo .................................................................................. 25

5.2 Alporquia .................................................................................................................... 25

5.4 Estaquia ..................................................................................................................... 28

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................... 31

6.1 Alporquia .................................................................................................................... 31

6.2 Estaquia ..................................................................................................................... 38

7. CONCLUSÃO ................................................................................................................... 45

8. REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 46

10

1. INTRODUÇÃO

A família Celastraceae se distribui principalmente entre zonas tropicais, e

subtropicais (SOUZA & LORENZI, 2005), e entre as espécies da família, Maytenus

ilicifolia Mart. ex Reiss, se destaca por ser a mais a mais popular, sendo chamada

popularmente de espinheira-santa, maiteno, cancerosa, cancorosa, cancorosa-de-

sete-espinhos, salva-vidas, coromilho-do-campo, tendo distribuição nos estados do

Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além de ser

encontrada no Paraguai, Uruguai e Argentina, estando normalmente presente no

sub-bosque da Floresta Ombrófila Mista (CARVALHO-OKANO & LEITÃO-FILHO,

2004).

A espinheira-santa é subarbusto de altura entre dois a cinco metros. Possui

folhas pontiagudas, medindo 12 a 15 centímetros, e tem grande importância no

combate a problemas do sistema digestório, endócrino e urinário, sendo muito

conhecida na medicina popular (LORENZI & MATOS, 2008). A espécie possui

diversas propriedades medicinais, sendo utilizada principalmente no combate a

gastrite e úlceras gástricas, sendo reconhecidos seus efeitos benéficos pela CEME

(Central de Medicamentos) do Ministério da Saúde brasileiro (CARLINI, 1988).

O alto valor medicinal da espinheira-santa tem levado a uma intensa ação

antrópica nas populações naturais, acarretando, pelo extrativismo predatório, a

erosão genética da espécie. Ela foi considerada, portanto, como prioritária para

conservação (SCHEFFER, 2004). Com a crescente utilização da espécie por

populações tradicionais, e pela indústria farmacêutica, tem aumentado sua

exploração no sub-bosque da Floresta Ombrófila Mista, gerando extrativismo

predatório, aumentando a erosão genética. Devido a essa condição, a espécie está

sendo alvo de projetos que visem sua conservação (SCHEFFER, 2004).

A espinheira-santa pode ser propagada seja por via sexuada (sementes), ou

assexuada (rebentos nascidos das raízes, alporquia, mergulhia, estacas e

micropropagação), tendo a propagação vegetativa vantagens quanto à conservação

das características genéticas das plantas-matrizes, maior uniformidade e

precocidade de produção (PEREIRA, 1998; SILVA JÚNIOR & OSAIDA, 2006;

HARTMANN et al., 1997).

11

A alporquia, também chamada de mergulhia aérea, é uma técnica de

propagação, que visa estimular o desenvolvimento de raízes seja no caule principal,

ou em um ramo de uma planta, sendo esse envolvido em uma porção de terra, em

um plástico umedecido, podendo ser utilizado reguladores vegetais para estimulo a

formação de raízes. Para que ocorra o enraizamento, é feito um anelamento no

ramo, interrompendo o fluxo descendente de seiva, em seguida, o ramo é envolvido

com o substrato umedecido. Após o enraizamento, o ramo é destacado da planta-

matriz (ARAÚJO et al., 2004). A alporquia possui diversas vantagens comparadas à

estaquia, entre eles, apresenta alto percentual de enraizamento, e exige menos

infraestrutura para sua realização (CASTRO & SILVEIRA, 2003).

A estaquia é uma técnica que promove o enraizamento de determinadas

partes de uma planta, como forma de conservar as características da planta-mãe.

Essa técnica é considerada uma das principais técnicas de propagação vegetativa

utilizadas atualmente para espécies frutíferas, ornamentais, hortícolas e florestais. A

sua grande vantagem reside em preservar com fidelidade as características da

planta fornecedora do material, e sua multiplicação fica sujeita a quantidade de

multiplicações que a planta-mãe suporta (CARVALHO et al., 2007). A estaquia se

apresenta como uma técnica viável para propagação de espinheira-santa, pois

diminui a variabilidade, e o tempo de obtenção de mudas que um plantio de

sementes ocasiona (SILVA, 1999). Porém, há escassez de informações referentes a

utilização dessa técnica na propagação de espinheira-santa, e a dificuldade de

enraizamento da espécie, aumentam as necessidades de estudos acerca dessa

técnica (LIMA et al., 2009).

Entre o grupo das auxinas, o ácido indolbutírico (AIB) vem sendo muito

utilizado para induzir o enraizamento adventício, pois apresenta diversas vantagens,

entre elas, não possui toxicidade para a maioria das plantas, mesmo em altas doses,

além de ser menos sujeita a degradação biológica, e ter alta fotoestabilidade (PIRES

& BIASI, 2003).

12

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Avaliar o efeito de diferentes concentrações de ácido indolbutírico (AIB) no

enraizamento de (Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek) pelas técnicas de alporquia, e

estaquia.

2.2 Objetivos Específicos

Estudar o desenvolvimento de raízes em presença e ausência de auxina;

Avaliar o enraizamento de estacas e alporques de espinheira santa sob

diferentes concentrações de AIB;

Verificar a eficiência de diferentes técnicas de propagação vegetativa na

produção de mudas de espinheira santa através da porcentagem de

enraizamento;

3. JUSTIFICATIVA

A espinheira-santa possui conhecidas propriedades medicinais, e isso lhe

confere grande atenção por empresas farmacêuticas, gerando produção de diversos

fitoterápicos com base nos compostos da espinheira-santa. Devido o alto valor

medicinal da espécie, a ação antrópica sobre as populações naturais, visando o

extrativismo predatório, acabou gerando sua erosão genética, e atualmente seus

exemplares se restringem a pequenos povoamentos, portanto, a espécie se torna

importante para projetos que visem sua conservação.

Apesar da espécie estar em crescente utilização na indústria farmacêutica,

ainda são escassas as informações relativas à sua propagação.

A propagação de espinheira-santa pode ser realizada através de

micropropagação e alporquia, tendo uma baixa taxa de enraizamento quando

propagada via estaquia. Portanto, avaliar o potencial de diferentes técnicas de

propagação da espécie, visando sua conservação, é fundamental para aliar sua

exploração sustentável, e a conservação ex situ ou in situ.

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4. REVISÃO DE LITERATURA

4.1 Caracterização da espécie

A espinheira-santa, (Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek), pertence à família

Celastraceae. O gênero Maytenus apresenta 77 espécies, dentre as quais, somente

6 se encontram na região sub-tropical, sendo entre elas, a M. ilicifolia (CARVALHO-

OKANO, 1992). A espécie possui grande utilização na medicina seja convencional,

ou farmacêutica. M. ilicifolia é muito utilizada por comunidades tradicionais, ou

indígenas, especialmente na Argentina, Paraguai, Uruguai, e também na região sul

do Brasil, com efeitos cicatrizantes, analgésicos, prevenção de úlceras, e

afrodisíacos (ALONSO, 1998).

Porém, ao longo do tempo, a espécie ficou realmente conhecida por ser

importante no tratamento de doenças ou problemas gástricos, sendo inclusive, muito

receitada pela medicina convencional (STELLFELD, 1934). Na década de 70

diversos trabalhos comprovaram o efeito anti-neoplásico de M. ilicifolia, porém, os

trabalhos não tiveram sequência (MONACHE, 1972). No ano de 1988, a hoje extinta,

Central de Medicamentos (CEME), comprovou os efeitos benéficos que a M. ilicifolia

possui em tratamentos anti-úlcera gástrica, difundindo ainda mais na época sua

utilização (CARLINI, 1988). Após esse período diversas pesquisas buscaram

comprovar os efeitos da infusão da folha da espécie, no tratamento de doenças

principalmente gástricas. Foi demonstrado que a infusão de M. ilicifolia além de

aumentar o pH do suco gástrico também alivia problemas relacionados a úlcera

gástrica (SOUZA FORMIGONI et al., 1991).

Na última década, o Brasil buscou algo inédito até então, patentear um

remédio fabricado em território nacional, tendo o medicamento em sua composição

extratos de M. ilicifolia. Porém, estudos também demonstraram que outras espécies

do gênero Maytenus também apresentarem efeitos medicinais semelhantes a

Maytenus Ilicifolia, possibilitando uma maior gama de espécies para as indústrias

farmacêuticas (GONZALEZ et al., 2001). Portanto, através da medicina popular há

cada vez mais atenção das empresas farmacêuticas por esses conhecimentos

14

sendo o mesmo responsável por toda popularidade da espinheira-santa

(FARNSWORTH,1988).

A M. ilicifolia mede em média cinco metros de altura, tendo ramos desde a

sua base, podendo ser um sub-arbusto ou árvore. Possui ramos glabros, folhas

congestas, coriáceas, com nervura evidente na face abaxial. Característica marcante

da espécie, sua folha pode ter ou não espinhos, seja um ou muitos, dispostos de

forma regular ou irregular, estando normalmente mais presentes na metade apical

dos semi-limbos. A espécie apresenta frutos avermelhados do tipo cápsula, tendo

inflorescências em fascículos multrifloros (CARVALHO-OKANO, 1992).

A espécie possui flores monóclinas, porém, possuem comportamento de

flores diclinas (SCHEFFER, 2001), apresentando em algumas flores, estames

sésseis, de cor parda, colados ao ovário. As flores atuam funcionalmente como

pistiladas, pois seus frutos são abundantes e não possuem sinais do perianto na

parte apical. Já as demais flores, podem possuir estames maiores, com coloração

amarelo, e o ovário ínfero, é suposto que essas flores têm como função doar pólen,

além de ser chamativas a insetos para a polinização, principalmente porque na

antese se encontra néctar (CARVALHO-OKANO, 1992).

Quanto a florescimento, a espécie floresce no começo da primavera e se

alonga até o final do verão. Nos meses de novembro, dezembro e janeiro ocorre à

frutificação. A espécie apresenta frutos do tipo cápsula, tendo inflorescências em

fascículos multrifloros. (CARVALHO-OKANO, 1992).

É importante ressaltar que através de observações, foi identificado que a

frutificação só é encontrada em indivíduos que permanecem pelo menos parte do

dia, sob insolação direta, porém, a frutificação pode ser desuniforme (CARVALHO-

OKANO, 1992; SCHEFFER, 2001).

Segundo Rosa (1994), suas sementes são ortodoxas, e quando armazenadas

fora da câmara fria, são facilmente deterioradas. A dispersão é do tipo zoocórica,

sendo normalmente realizada por aves (TABARELLI et al., 1993).

4.2 Ocorrência e localização da espécie

Sua ocorrência é delimitada pela região Sul do Brasil, abrangendo também

países vizinhos, como Paraguai, Uruguai e Argentina. A espécie é encontrada no

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sub-bosque da Floresta Ombrófila Mista, enquanto na Floresta Ombrófila Densa, a

M. ilicifolia é encontrada somente em regiões de maior altitude (KLEIN, 1968;

TABARELLI et al., 1993).

A espécie se desenvolve bem em locais sombreados, semi-sombreados, ou

também a pleno sol, exigindo solos úmidos para melhor desenvolvimento (ROSA,

1994).

Os indivíduos que desenvolvem a pleno sol, normalmente apresentam valores

superiores de polifenóis, e taninos quando comparado a indivíduos que se

desenvolveram em ambientes com menor incidência luminosa. Porém, quando

analisado os teores de potássio, boro e nitrogênio, os mesmos são mais abundantes

em indivíduos desenvolvidos em ambientes sombreados, como no sub-bosque da

floresta. Quanto ao número de espinhos, os mesmos são mais encontrados em

indivíduos que foram desenvolvidos em ambientes sombreados (RADOMSKI, 1998).

Ao observar a variabilidade genética da espécie, foi constatado que indivíduos

presentes em formações florestais semelhantes, mesmo sendo a muitos quilômetros

de distância, possuem maior aproximação genética, enquanto indivíduos que se

desenvolveram em formações diferentes, mas com pequena proximidade

geográfica, apresentam maior variabilidade (BITTENCOURT, 2000).

Em estudo realizado por Scheffer (2001), verificando o cruzamento e a

diversidade gênica da espécie, observou altos valores de cruzamento da espécie,

constatando a alta alogamia de M. ilicifolia. Ainda segundo a autora, a espécie

apresenta altos valores de heterozigosidades, e locos polimórficos, e comprovando

que a espécie possui variabilidade alta dentro da população, e não entre

populações.

Espécies vegetais que tem como característica desenvolver em ambientes

mais estabelecidos, com elevado estágio sucessional, apresentam baixa

estruturação genética, o qual é encontrado em M. ilicifolia, principalmente em

populações mais próximas no sub-bosque da floresta (CARVALHO-OKANO, 1992).

Em experimento realizado por Rachwal et al. (2002), mudas de espinheira-

santa plantadas em sub-bosque denso de um remanescente florestal, acabaram não

tendo um bom desenvolvimento, demonstrando que a espécie pode sofrer ao menos

no inicio do seu desenvolvimento, com sombreamentos excessivos.

16

Encontra-se de forma geral, M. ilicifolia em ambientes com menor densidade

de espécies, normalmente em beira de rios, ou afloramentos rochosos. Quando

presente no ambiente é encontrado com alta densidade entre os indivíduos, em uma

área relativamente pequena. A espécie possui adaptação a baixa fertilidade, solos

com pH baixo, ou solos pedregosos. (KLEIN, 1968).

Devido ao comportamento da espécie, de ser encontrada geralmente em

ambientes com menor diversidade vegetal, sendo observadas em parcelas

pequenas do terreno, com alta densidade na população, e estarem associadas a

locais que já foram muito explorados por ações antrópicas, ocasionaram a entrada

da espécie na lista de espécies ameaçadas de extinção, principalmente no Paraná

(SEMA/GTZ, 1995).

4.3 Constituintes químicos e atividades farmacológicas de M. Ilicifolia

Nas folhas de espinheira-santa são encontrados flavonoides heterosídicos

(TIBERTI et al., 2006), taninos das classes epicatequina, catequina e epicatequina

(PESSUTO, 2006).

Segundo Pessuto (2006) nos extratos de espinheira-santa se encontram

taninos cujas concentrações variam conforme a localização da espécie, interferindo

diretamente nos teores desses principalmente nas folhas. Também são encontrados

estigmasterol, vitamina E, fitol, ácido docecanoico e acetato geranila.

Os taninos são utilizados desde muito antigamente, principalmente devido a

sua capacidade em resistir ao calor, e água. Em frutos, em conjunto com as

proteínas, agem formando um complexo, quais atuam de forma eficaz contra

insetos, bactérias e fungos (SANTOS & MELLO, 2004).

Quanto ao potencial farmacológico, os taninos podem atuar como

antioxidante (inibindo radicais livres), e a sua capacidade de reter íons metálicos,

entre eles alumínio, cobre, etc. Em contato com a pele humana, o tanino age como

uma proteção natural contra a entrada de organismos nocivos (SANTOS & MELLO,

2004).

Dentre as principais atividades farmacológicas da espécie, destaca-se a

anticulcerogênica. Essa característica está relacionada aos triterpenos e aos

17

polifenóis presentes na espécie. Negri (2007) relata que fatores climáticos, edáficos,

e relacionados ao manejo, atuam diretamente sobre os teores desses elementos.

Estudos realizados em cobais comprovaram a eficácia da espinheira-santa

em combater ulceras estomacais, demonstrando que as substâncias presentes em

suas folhas, reduzem significativamente o número de úlceras, além de aumentar os

níveis de pH do sulco gástrico (SOUSA-FORMIGONI et al., 1991).

Porém, estudos realizados também relataram haver uma relação entre

extratos de espinheira-santa com atividades abortivas, principalmente reduzindo o

número total de embriões, interferindo na atividade estrogênica, interferindo na

formação do embrião (SOUSA-FORMIGONI et al., 1991).

Extratos de espinheira-santa também foram capazes de inibir em até 75% as

atividades mutagênicas de células de ratos. Dentre os fatores, o composto

pristimerina, encontrado em suas folhas, foi indicado para tratamentos de atividades

mutagênicas (MONTANARI; BEVILAQUA, 2002).

Por fim, foi constatada a presença de quercetina-3-O-glicosídeo no extrato de

espinheira-santa, sendo esse o grande responsável por atuar como anti-inflamatório

em estudos feitos em laboratório (MONTANARI; BEVILAQUA, 2002). Estudos feitos

também objetivaram verificar a atividade ortoprotetora em ratos de laboratório, que

após serem tratados com M. ilicifolia, não apresentaram ação ortoprotetora em

lesões (KASSE et al., 2008).

4.4 Propagação sexuada em M. Ilicifolia

A propagação de plantas, geralmente é realizada por meio da semeadura. A

semeadura apresenta algumas desvantagens em relação aos demais métodos de

propagação, principalmente relacionadas á alta variabilidade genética dos indivíduos

gerados, o que não é interessante em plantios comerciais.

Outra desvantagem da semeadura é o tempo necessário para que as

sementes saiam do período juvenil, ou seja, período improdutivo, e normalmente,

quando ocorre a maturação fisiológica, há alta quantidade de sementes

improdutivas.

18

A propagação vegetativa de espinheira-santa pode ser feita por semeadura,

rebentos nascidos das raízes, estacas caulinares, ou através dos métodos de

estaquia, e microprogação (VIDAL & VIDAL, 2000).

A propagação por semeadura é a mais utilizada até então para espécie, as

sementes podem ser colhidas quando o fruto se abre espontaneamente, pois,

quando isso ocorre, as sementes estão maduras, apresentando coloração marrom, e

tegument brilhoso, e nesse momento, as sementes que são semeadas apresentam

maior porcentagem de pegamento (VIDAL & VIDAL, 2000).

Segundo Silva Junior e Osaida (2006), houve maior porcentagem de

germinação das sementes de espinheira-santa quando foram semeadas em

bandejas de isopor, utilizando substrato organo-mineral.

A semeadura apresenta algumas desvantagens em relação aos demais

métodos, entre eles: alta variabilidade, e diferenciação do material de origem,

características essas que dependendo do uso final das mudas, terá grande

importância (PEREIRA, 1998).

Entretanto, na propagação vegetativa, os indivíduos apresentam as mesmas

características da planta-mãe (HARTMANN et al., 1997).

4.5 Propagação vegetativa em M. Ilicifolia

A propagação vegetativa de espinheira santa pode ser realizada por

semeadura, rebentos nascidos de raízes, estacas caulinares, ou através dos

métodos de estaquia, e micropropagação (VIDAL & VIDAL, 2000).

A propagação assexuada tem como objetivo a reprodução de indivíduos

geneticamente idênticos à planta-mãe. Isso ocorre devido à totipotência, ou seja, a

capacidade que cada célula tem de replicar uma nova planta, devido a informações

contidas no núcleo de cada célula. Os novos indivíduos são então, denominados

clones (GRAÇA & TAVARES, 2000).

Dentre as vantagens da utilização de técnicas como estaquia, alporquia, entre

outros, é o fato da garantia genética que terão os indivíduos gerados. Isso acarreta,

em maior produção, e reduz a quantidade de problemas ocasionados pela

variabilidade entre os indivíduos. (OLIVEIRA et al., 2003).

19

4.6 Alporquia

Uma das técnicas de multiplicação assexuada, a alporquia ou mergulhia

aérea, é muito usada para propagação vegetal, porém, há poucos relatos dessa

técnica para algumas espécies. No meio cientifico, a técnica já foi descrita por

diversos autores, principalmente para espécies frutíferas, como a mangueira, caju,

Ficus, e muitas espécies ornamentais (SIQUEIRA, 1998).

Esta foi uma das primeiras técnicas a serem utilizadas para propagação de

espécies com difícil enraizamento, há relatos de uso da técnica no milênio passado

na China. Pode ser também conhecida por marcottage, nome de origem francesa,

qual principalmente nos séculos XVII e XVIII a alporquia teve grande importância na

jardinagem. Para realização da técnica, primeiramente, é selecionado um ramo, de 1

a 3 cm de diâmetro, de uma planta já adulta. Posteriormente, é feito o anelamento

do ramo, de 3 a 5 cm de largura, retirando primeiramente a casca, através de um

objeto cortante (canevete, estilete). Após, a parte onde foi feito o anelamento é

coberta com solo úmido, ou algum material que possa manter a umidade interna no

alporque, normalmente esfagno, ou mistura de esterco com serragem (SIQUEIRA,

1998). Deve ser selecionado um ramo que não esteja podado, em uma planta

lenhosa. O material deve ser preso através de um plástico, e geralmente ocorre o

enraizamento após o segundo mês.

Com o substrato úmido, ocorrerá à formação das raízes, os quais devem ser

retiradas com muito cuidado, e devem ser replantadas o mais rápido possível,

principalmente quando ainda estão com pequeno sistema radicular (BROWSE,

1979). O ramo é destacado da planta-mãe, e este dará origem a uma nova planta.

Segundo Siqueira (1998), a formação de raízes ocorre com ajuda de fitohormônios,

e através do anelamento do ramo, pois elementos importantes para o

desenvolvimento, como carboidratos, e substâncias geradas nas folhas e gemas,

são transferidos diretamente ao alporque.

O xilema continua normalmente abastecendo a região com água e minerais.

Normalmente, na alporquia se utiliza como substrato, um musgo denominado

esfagno, este é desidratado, e obtido através de indivíduos do gênero Sphagnum,

muito presentes em pântanos, é um produto leve, com grande capacidade de reter

umidade (até 25 vezes o seu peso), além de ter alta porosidade. Esse substrato tem

20

pH baixo, em torno de 3,0 a 4,0, e possui pouca quantidade de minerais. A sua

utilização contribui com plantas que possuem dificuldade principalmente no

enraizamento. (JANICK, 1963).

A alporquia apresenta algumas vantagens em relação ao método de

propagação por estaquia, entre elas, a alta taxa de enraizamento, inclusive em

espécies de difícil enraizamento e é uma técnica que independe da infraestrutura

(CASTRO & SILVEIRA, 2003). Porém, a alporquia também possui algumas

desvantagens em relação aos demais métodos, como a danificação da planta-mãe

quando se obtêm um grande número de alporques, e também é um método que

necessita de muito cuidado tanto com a planta-matriz, como também com a retirada

dos alporques (MARTINS et al., 2002).

4.7 Estaquia

A estaquia é uma técnica de propagação vegetativa muito utilizada em

propagação clonal. Essa técnica se baseia no uso de determinadas partes da planta

como raízes, ramos, folhas, e fascículos, que com condições favoráveis para seu

desenvolvimento, origina uma planta com características idênticas a planta-mãe

(PAIVA; GOMES, 1993).

Essa técnica só é realizada devido à capacidade de totipotência celular, onde

de uma única célula é possível se originar um novo individuo independente. A

técnica de estaquia ganhou espaço principalmente para corrigir a grande

variabilidade de plantios por sementes, o tempo de formação de mudas, que

geralmente é prolongado, e desuniforme, e a preservação de determinadas

características de interesse. Portanto, o uso da estaquia permite a obtenção de

plantios mais uniformes, e mais produtivos (FACHINELLO et al., 2005).

Porém, a estaquia apresenta alguns problemas, tais como o maior custo

operacional relacionado a mão-de-obra, maior suscetibilidade a doenças, menor

estreitamento genético, maior vulnerabilidade a questões ambientais, além de

mesmo com condições favoráveis ao desenvolvimento, muitas estacas são perdidas

devido à má formação de raízes adventícias nas estacas, afetando a absorção de

água e de nutrientes, tão vitais ao estabelecimento inicial (MARINHO et al., 2007).

21

Estacas podem ser entendidas como qualquer segmento da planta, que

possua alguma gema, que dará origem a uma planta independente. Podemos

encontrar três tipos de estacas: radiciais, foliares, e caulinares. De maneira geral, as

estacas caulinares são mais utilizadas, principalmente pela sua facilidade na

obtenção, eficiência na formação de mudas, e disponibilidade em maior escala. As

estacas caulinares são divididas conforme a lignificação de seus tecidos de três

formas: semilenhosas, lenhosas, e herbáceas (AGUIRRE, 2012).

Quando não é possível o controle das variabilidades ambientais, ou se busca

maior rusticidade do material, o indicado é a utilização de estacas lenhosas ou

semilhenhosas, que conforme possuem maior lignificação dos tecidos, apresentaram

maiores resistências à temperatura, e escassez hídrica. Porém, por possuírem maior

espessura do esclerênquima, é frequente o baixa enraizamento desse tipo de

estacas (PAIVA; GOMES, 1993).

São escassos os trabalhos envolvendo a propagação vegetativa de

espinheira-santa via estaquia. Montanari Jr. et al. (2004) relatam que o uso de

estacas provenientes de galhos para propagação da espinheira-santa se apresenta

pouco eficiente, tendo baixa porcentagem de enraizamento, aliada ainda a escassez

de informações sobre a produção de mudas da espécie. Em estudo feito por Lima et

al. (2008), houve maior porcentagem de enraizamento de estacas semilenhosas

quando comparado com estacas herbáceas, além de menor porcentagem de

mortalidade, porém, o uso de fitohormônios (ANA e AIB) no enraizamento não foi

eficaz. Os autores ainda observaram que o uso de fibra de coco como substrato

favoreceu o enraizamento de estacas de espinheira-santa.

Em estudo realizado por Lima et al. (2009), objetivando verificar a influência

da coleta de estacas em diferentes épocas do ano, foi observado que o verão foi a

melhor estação para a coleta de estacas de espinheira-santa, também constatou-se

que o uso de diferentes concentrações de AIB não foi eficaz no estimulo do

enraizamento.

4.8 Fatores que influenciam no enraizamento de estacas

A formação radicial varia por espécie, estação do ano, e estado vegetativo.

Porém, determinadas espécies podem enraizar durante o ano todo, independendo

22

das estações do ano. Possivelmente essa variação está relacionada à atividade

cambial, teor de inibidores do enraizamento, e concentração de carboidratos, que

variam de acordo com as condições estacionais e de coleta do material

(ALVARENGA & CARVALHO, 1983).

A taxa fotossintética, que fornece energia para a formação das estacas, e

para a formação do tecido radicial, está relacionada ao fornecimento de luz às

estacas, e consequente qualidade do material. Fatores quantitativos e qualitativos da

luz podem afetar a planta-mãe ao ativar ou inibir alguns cofatores do enraizamento,

e aumentar ou reduzir a presença do ácido indolacético (ALVARENGA &

CARVALHO, 1983).

Também é possível observar as variações de resposta de estacas lenhosas e

herbáceas ao estimulo luminoso. Geralmente, estacas com menor lignificação,

respondem mais favoráveis a condições de maior luminosidade, já estacas lenhosas

aumentam o enraizamento com a menor incidência luminosa. É necessário que a

intensidade luminosa, esteja de acordo com a maior produção e armazenamento de

carboidratos, em comparação a sua absorção pela respiração (BIASI et al., 2000).

As variações também podem ser decorrentes dos diferentes genótipos do

material, pois o crescimento da planta é decorrente das suas características

genéticas e as condições ambientais que são fornecidas as estacas. As respostas

do genótipo às diferentes condições ambientais apresentam um grande problema

para a propagação clonal, pois acarretam em maior taxa de mortalidade de estacas

decorrentes às pequenas oscilações ambientais impostas. Portanto, uma seleção e

multiplicação adequada de um genótipo de interesse são fundamentais para

obtenção de material de qualidade (BETTIOL NETO et al., 2006)

A idade da planta-mãe afeta grandemente o enraizamento das estacas,

normalmente, plantas em crescimento juvenil, geram estacas com maior taxa de

enraizamento, pois suas células tem maior capacidade em retornar a condição de

meristema, já em plantas adultas, geralmente fornecem estacas com alguma

dificuldade no enraizamento, pois, apresentam constituintes químicos e anatômicos

que atuam como um inibidor na formação radicial (BETTIOL NETO et al., 2006).

A variação também é decorrente do local de retirada dessa estaca, estacas

apicais possuem maior atividade meristemática, e produzem maiores quantidades

de auxina, e são mais suscetíveis aos estresses hídricos. Já em estacas basais, há

23

uma maior quantidade do esclerênquima, o que diminui as perdas de água por

evaporação, porém, este pode atuar também como uma barreira para a formação

inicial das raízes. Outra vantagem aliada ao uso de estacas basais é decorrente da

maior presença de carboidratos, que fornecem energia para às diversas atividades

no desenvolvimento inicial do tecido em formação (BITENCOURT et al., 2009).

O diâmetro das estacas está relacionado à sua taxa de sobrevivência, pois de

forme geral, 75% de massa da estaca é composta por carboidratos, e esses atuam

de maneira fundamental no fornecimento de energia às atividades metabólicas.

Outro fator de influência na sobrevivência das estacas é a presença de folhas. As

folhas são fontes de carboidratos, amidos, compostos fenólicos, e possuem a

capacidade de sintetizar auxina que exercem influência no enraizamento

(BITENCOURT et al., 2009).

4.9 Auxina (AIB)

Algumas plantas tem apresentado grande dificuldade no enraizamento, e isso

é atribuído tanto a fatores endógenos, como também exógenos.

Tentando melhorar o enraizamento principalmente dessas espécies,

atualmente é cada vez mais frequente a utilização dos reguladores de crescimento

(MAYER, 2001).

Entre os grupos mais utilizados de reguladores de crescimento, as auxinas se

destacam por atuarem no comprimento, como também no número de raízes,

especialmente em plantas de difícil enraizamento. As auxinas possuem a

capacidade de estimular a síntese do etileno, ele por sua vez age no interior das

células vegetal, e aumenta a porcentagem de emissão de raízes (NOBERTO et al.,

2001).

É importante que ocorra um equilíbrio endógeno entre os hormônios de

promoção de raízes, e os inibidores, havendo um balanço hormonal, a falta desse

equilíbrio, pode afetar não apenas no resultado, mas também ao vegetal.

Normalmente, para que ocorra esse equilíbrio é necessário aplicar hormônios

sintéticos, como por exemplo, o ácido indolbutírico (AIB ), o qual age para aumentar

os níveis de auxina no tecido vegetal, além de serem fotoestáveis, com ação

localizada, e pouco sensíveis á degradação biológica (PASQUAL et al., 2001).

24

As auxinas agem, primeiramente, nas células dos meristemas primários e

secundário, para que haja divisão celular e aumento da quantidade de células no

tecido, para que posteriormente, haja formação de raízes, que são provenientes da

diferenciação celular, e devido a alterações morfogenéticas (POTESCH et al., 1972).

4.10 Substrato

Entende-se como substrato, o material sólido, que pode ser origem natural,

residual ou de síntese, orgânico, ou mineral, que permite a fixação das raízes das

plantas. Algumas propriedades dos substratos são importantes, entre elas, baixo

custo, alta absorção hídrica, ausência de patógenos, pH neutro, boa aeração e

drenagem, além de ter baixa densidade, facilitando o crescimento radicial

(CAVALLARI et al., 1992).

São encontrados diversos tipos de substratos, sua forma, seja isolado ou em

mistura, varia conforme a espécie que se está utilizando, o objetivo do plantio, e às

condições hídricas impostas. É necessário o conhecimento da composição química,

e física desse substrato, para que haja compatibilidade com as exigências de cada

espécie (CAVALLARI et al., 1992).

O substrato deve fornecer água, nutrientes e oxigênio, para que haja um bom

desenvolvimento das raízes, além de atuar como elemento estrutural a parte aérea

em desenvolvimento do alporque, gerando plantas com qualidade (LIMA et al.,

2010). Para que isso ocorra, o substrato deverá ser avaliado quanto a suas

características químicas, e físicas, principalmente em relação à densidade,

porosidade, potencial de retenção de água, capacidade de troca de cátions e

nutrientes (GOMES & SILVA 2004).

A vermiculita é um tipo de argila do grupo filossilactos, originada de rochas

ígneas, especialmente onde é abundante a presença do feldspato. Tem como

predominância em sua composição o magnésio, o ferro e o silicato de alumínio. É

muito utilizada como substrato para a produção de estacas por sua alta capacidade

de retenção hídrica, e boa aeração, porém, é de baixa estabilidade dimensional

quando comparada aos demais substratos. Pode ser utilizada em bandejas

multicelulares, ou sacos de polietileno, na forma pura ou misturada com outros

substratos (MARTINS et al., 2011). Lima (2008) buscando avaliar o efeito de

25

diferentes substratos no enraizamento de espinheira santa, utilizou esfagno, fibra de

casca de coco e vermiculita em alporques de espinheira santa, verificando maiores

porcentagens de enraizamento em substrato fibra de casca de coco (49,17%), e

vermiculita (26,67%).

5. METODOLOGIA

5.1 Descrição da área do estudo

A região de Dois Vizinhos está situada geomorfologicamente no terceiro

planalto paranaense ou planalto de Guarapuava na região sudoeste do estado do

Paraná, com altitude média de 520 m, latitude de 25º44” sul e longitude de 53º04

Oeste (POSSENTI et al., 2007). O clima é classificado como Cfa, com média da

temperatura anual de 2013 de 19,3°C, (ALVARES et al., 2013).

5.2 Alporquia

O experimento foi conduzido de março a outubro (2017) em plantio localizado

na horta da área experimental de ensino e pesquisa da Universidade Tecnológica

Federal do Paraná, campus Dois Vizinhos, especificamente ao lado da horticultura, e

em casa de sombra, no Viveiro de Espécies Florestais da UTFPR (Figura 1).

Figura 1: Localização do experimento na fazenda experimental da UTFPR, Câmpus Dois Vizinhos.

Fonte: Adaptação do Google Earth Pro 2017.

26

No plantio de espinheira santa estão presentes na área 57 indivíduos,

distribuídos em 6 linhas, contendo número variado de plantas por linha (Figura 2) As

plantas são provindas de Santa Maria, e foram implantadas por meio de sementes

em outubro de 2011 pela responsável da unidade de extensão e pesquisa (UNEPE)

Horticultura Prof. Dra. Dalva Paulus (figura 3). Em março (2017) selecionou-se

ramos semi-lenhosos da parte aérea das plantas de espinheira-santa, com

comprimento superior a 50 cm e diâmetro superior a 1,5 cm, os quais encontravam-

se visualmente sadios e sem ataque de microrganismos ou xilófagos. Foram

selecionadas 11 plantas na área, evitando plantas com baixa quantidade de ramos,

ou com baixo vigor.

Figura 2: Croqui do plantio de espinheira-santa na fazenda experimental de ensino e pesquisa da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, campus Dois Vizinhos, Dois Vizinhos – PR, 2017.

Fonte: O autor, 2017.

27

Figura 3: Plantio de espinheira-santa na área experimental de ensino e pesquisa da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, câmpus Dois Vizinhos, 2017.

Fonte: O autor, 2017.

Após a escolha dos ramos, o mesmo foi desfolhado na área selecionada para

inserção do alporque, nesta mesma região o ramo foi anelado com canivete, e

aplicado diferentes concentração de AIB (0, 1500 e 3000 mg L-1). Posteriormente,

recobriu-se essa região com vermiculita umedecida, e plástico transparente,

facilitando a visualização de umidade e enraizamento no alporque, prendendo-se

com barbante suas extremidades, com a identificação através de placa de alumínio

(Figura 4).

28

Figura 4: Alporque e identificação. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, câmpus Dois Vizinhos, 2017.

Fonte: O autor, 2017.

Os alporques se distribuíram em cada planta através de 3 tratamentos, e 3

repetições. Quando necessário, se utilizou uma seringa para aplicação de água nos

alporques, evitando o ressecamento. O delineamento experimental foi inteiramente

casualizado, com 3 tratamentos, e 3 repetições, sendo 9 alporques por planta,

totalizando 99 alporques em toda área, distribuídos em 11 plantas.

Mensalmente foram feitas avaliações visuais nos alporques, objetivando

constatar a presença de raízes. Após seis meses da implantação foi realizado o

destacamento dos alporques da planta, avaliou-se a porcentagem de enraizamento

dos alporques, número de raízes por alporque, comprimento médio de raízes,

porcentagem de alporques com calos, porcentagem de alporques vivos (sem calos e

raízes), e porcentagem de alporques mortos.

5.4 Estaquia

Em relação à propagação via estacas, as mesmas foram retiradas de

indivíduos (sem alporque) do mesmo plantio onde se realizou a técnica de

29

propagação por alporquia, sendo posteriormente, levados a casa de sombra no

viveiro florestal. Os ramos semilenhosos de espinheira-santa foram coletados em

julho (2017) retirando-se estacas caulinares em comprimento de 10 cm, pelo corte

em bisel na base (Figura 5), permanecendo-se um par de folhas com superfície

reduzida à metade na região apical, totalizando 120 estacas.

Figura 5: Comprimento das estacas. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, câmpus Dois Vizinhos, 2017.

Fonte: O autor, 2017.

As estacas foram tratadas com soluções hidroalcoólicas (50% v/v) de AIB em

três concentrações (0, 1.500 e 3.000 mg L -1), mantendo-se a base das estacas por

dez segundos em cada concentração (Figura 6). O plantio foi feito em tubetes de

140 mm, com 120 cm3, preenchidos com substrato tipo vermiculita de granulometria

fina. Foram utilizadas 120 estacas, em delineamento experimental inteiramente

casualizado, com 3 tratamentos, e 4 repetições de 10 estacas por parcela. As

estacas foram mantidas em casa de sombra, com irrigação constante (3 vezes ao

dia), porém, no terceiro mês de plantio foi necessária a transferência dessas estacas

para uma estufa com irrigação automática, devido a falta de água no viveiro de

mudas florestais.

30

Figura 6: Tratamento das estacas em solução de AIB. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, câmpus Dois Vizinhos, 2017.

Fonte: O autor, 2017.

Após três meses do plantio de estacas foram avaliados os seguintes

parâmetros: porcentagem de estacas enraizadas (estacas com ao menos uma raiz,

e com ou sem presença de calos), número médio de raízes por estaca, comprimento

médio de raízes (cm), porcentagem de estacas vivas (estacas sem calos e raízes),

com calos (estacas com calos, porém sem a formação de raízes), e mortas (estacas

com necrose parcial ou total).

Após o levantamento dos dados, foi realizada a tabulação em Excel 2010, e

posteriormente obtidas as médias e dos coeficientes de variação em relação aos

tipos de tratamentos utilizados Após analise de variância dos dados, os mesmo

foram submetidos ao teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro para

comparação das médias.

Os dados foram previamente submetidos ao teste de normalidade de

Lilliefors, realizando-se a transformação para todas as variáveis avaliadas por raiz

de x+1 . Os dados foram submetidos à análise de variância e ao teste de

comparação de médias de Tukey (p = 0,05).

31

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1 Alporquia

De modo geral, verificou-se que a média de enraizamento foi baixa (6,66 ±

3,33) em todas as concentrações testadas (Tabela 1), não havendo diferença

significativa entre as concentrações testadas para AIB, o que pode indicar que

outros fatores foram responsáveis pelo enraizamento, como a umidade mantida pelo

substrato vermiculita (Figura 7). Cabe salientar que não foi observado florescimento

das plantas com alporques, o que não pode ser usado para justificar a falta de

enraizamento.

Segundo Silva Júnior (2003), o enraizamento dos alporques de espinheira-

santa deve ocorrer 40 dias após a sua implantação, o que não foi observado no

presente estudo, e divergente dos resultados obtidos por Lima (2008), que também

constatou baixo enraizamento dos alporques de espinheira-santa (1,11%), ou

ausência de enraizamento, sobre diferentes concentrações de ácido indol butírico

(IBA) e diferentes substratos. A presença de tecidos mais lignificados no período de

outono\inverno, podem ter dificultado o surgimento de raízes nos alporques

analisados, já no verão, período em que a planta se encontra em maior atividade

metabólica, e os ramos estão menos lignificados esse desenvolvimento poderia ter

sido facilitado (FACHINELLO et al., 1995).

32

Tabela 1: Porcentagens de alporques enraizados (AE%), número de raízes (NR), comprimento de raízes (CR), alporques com calos (AC%), e alporques vivos (AV%) em alporques de Maytenus Ilicifolia submetidos a diferentes concentrações de AIB, Dois Vizinhos, PR, 2017.

__________________________________________________________________________

Tratamentos AE (%) NR CR AC (%) AV (%)

0 3,33 ns 0,33 ns 0,08 ns 70 a 26,66 b

1500 6,66 ns 1,33 ns 0,26 ns 36,66 b 56,66 a

3000 6,66 ns 11,33 ns 0,51 ns 46,66 ab 46,66 ab

Média 5,55 4,33 0,28 51,10 43,33

CV (%) 50 50 38 5 10

*Médias seguidas de mesma letra não diferem significativamente entre si, ao nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey (P ≤0,05).

ns não foi significativo a 5% de probabilidade.

33

Figura 7: Enraizamento do alporque de espinheira-santa avaliado 180 dias após a implantação. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, câmpus Dois Vizinhos, 2017.

Fonte: O autor, 2017.

As concentrações de AIB não foram determinantes para a indução do

enraizamento dos alporques de espinheira-santa, o que difere de trabalhos como

Bitencourt; Mayer; Zuffellato-Ribas (2007) que verificaram que o uso do AIB

aumentou para 80% a porcentagem de alporques enraizados de ginkgo (Ginkgo

biloba). Porém, alguns trabalhos relataram que a presença do AIB não foi eficiente

para aumento das porcentagens de enraizamento, Leite et al. (2007) verificaram o

uso do AIB nas concentrações de 2,46, 4,92 e 9,84 mM para pequizeiro (Caryocar

brasiliense) e constataram baixas taxas de enraizamento.

Segundo Hartmann et al. (2002), o baixo enraizamento pode estar

relacionado a fatores intrínsecos ao material vegetal, como a época de coleta das

estacas, concentração de hormônios, e a idade da planta, e fatores exógenos, como

o tipo de substrato utilizado, luz, temperatura, e estação do ano.

Dessa forma, testar diferentes épocas do ano no enraizamento de alporques

de espinheira-santa é fundamental para entender seu comportamento e determinar

critérios para essa técnica.

34

Almeida et al. (2004) estudaram o efeito de diferentes doses de AIB (0, 1000,

3000, 5000 e 7000 mg.kg -1), e diferentes estações do ano (outono e primavera), no

enraizamento de alporques de Dovyalis sp (Salicaceae) e observaram que no

outono, o número de raízes foi superior do encontrado na primavera. Em relação às

plantas de espinheira-santa não foi observado o mesmo efeito quanto à estação do

ano, principalmente devido o baixo número de alporques enraizados. Mantovani et

al. (2010), observaram que através do uso de AIB, o surgimento de sinais

rizogênicos nos alporques de urucum (Bixa orellana L.), Bixaceae, se deram 10 dias

após sua aplicação, o surgimento de raízes após 20 dias, e em grande proporção

após 30 dias, com seu destacamento em 40 dias, demonstrando estreita relação

entre a presença e ausência de AIB na proporção de raízes formadas na espécie.

O enraizamento dos alporques também é dependente de fatores intrínsecos

ligados à planta, dentre eles, os nutrientes via xilema, proporção de água,

compostos sintetizados nas folhas, e nutrientes disponíveis, são diretamente

relacionados ao desenvolvimento radicial (HARTMANN et al., 2002). De acordo com

Fachinello et al. (1995) a idade da planta matriz influência no enraizamento pois

plantas mais juvenis possuem tecidos menos lignificados, e consequentemente

maior possibilidade de formar raízes. Ainda segundo o autor, tecidos com maior

lignificação dificultam a emissão de raízes, pois funcionam como uma barreira física,

e diminuem a possibilidade de diferenciação celular. A espinheira-santa possui um

crescimento lento, atingindo a fase adulta no sexto ano em diante, idade essa que

se encontram os indivíduos de espinheira-santa plantados no Câmpus Dois

Vizinhos, e utilizada para a alporquia, portanto, esse fator não explicaria o baixo

enraizamento e número de raízes nos alporque, haja visto que essas plantas ainda

estão no momento de transição da fase juvenil para a fase adulta, portanto deveriam

aumentar as chances de enraizamento dos alporques.

Não houve diferença significativa entre os tratamentos para as concentrações

de AIB no comprimento das raízes de espinheira-santa (Tabela 1). Uma alta

proporção de raízes por alporque é fundamental para garantir a viabilidade da

técnica de alporquia, e proporcionar o sucesso na instalação do pomar, pois haverá

maiores taxas de pegamento por planta (FRANCO et al., 2005). Devido ao pequeno

tamanho das raízes formadas, acredita-se que seja necessário para resultados mais

35

expressivos, um maior tempo de permanência dos alporques no ramo, ou a

utilização de diferentes concentrações de AIB, pois, estudos sobre a propagação

vegetativa de espinheira-santa ainda são pioneiros.

A indução de calos nos alporques foi mais intensa quando não houve a

presença do AIB (figura 8), sendo os calos encontrados em 70% dos alporques

(Tabela 1), havendo diferença estatística significativa entre os tratamentos. A

presença de AIB nas duas concentrações (1500 e 3000 mg L-1) interferiu

negativamente na presença de calos (36,66 e 46,66%) respectivamente.

Figura 8: Alporque de espinheira-santa com calos avaliado 180 dias após a implantação. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, câmpus Dois Vizinhos, 2017.

Fonte: O autor, 2017.

O anelamento dos ramos proporciona maior concentração de carboidratos

nessa área, o que favorece o surgimento de raízes e calos (ARAÚJO et al., 2004). O

uso de vermiculita como substrato pode exercer importante papel na formação dos

calos, pois esse substrato proporciona maior retenção de umidade na área do

36

anelamento, e maior aeração, dessa forma, ocorre o estimulo da divisão celular

(FURLANI & FERNANDES JUNIOR, 2004).

Diversas variáveis afetam no enraizamento dos alporques, a idade da planta

matriz, condições fisiológicas, estado nutricional, condições climáticas, e

concentrações de hormônios são fatores decisivos. O calo forma-se quando ocorre

alguma lesão nos tecidos do xilema e floema, sendo posteriormente cicatrizados por

células parenquimatosas, geralmente desorganizadas e com diferentes lignificações

(FACHINELLO et al., 1994). Segundo Martins (1998), as raízes adventícias podem

ser originárias de calos presentes nos alporques em determinadas espécies, porém,

a sua presença em grandes quantidades podem prejudicar a formação de raízes,

pois a calogênese e rizogênese não são dependentes.

Os calos encontrados em espinheira-santa apresentam coloração

amarronzada e superfície saliente (Figura 8). A presença de calos não propiciou no

tempo analisado o estimulo na formação de raízes, pois não foi observada a

presença de raízes em alporques com calos. Lima (2008), estudando diferentes

doses de auxina no enraizamento de alporques de espinheira-santa observou a

presença de calos na maioria dos alporques vivos, porém, após 365 dias, não foi

constatado o enraizamento nesses alporques, demonstrando que essa relação não

é dependente. A presença de calos pode estar relacionada com a maior

concentração de carboidratos nos ramos, pois sua proporção é aumentada após o

período de frutificação (janeiro) da espécie. A maior proporção de alporques com

calos pode ser evidência que é necessário maior tempo de permanência dos

alporques para que haja o desenvolvimento radicular, como afirmado por Hamann

(1998), que relata que a presença de calos nos alporques pode ser um futuro indício

da formação de raízes.

Em relação à porcentagem de alporques vivos, houve diferença significativa

entre os tratamentos. A porcentagem de alporques vivos (sem calos e raízes) foi

superior nas concentrações de 1500 (56,66%) e 3000 mg L-1 (46,66%), em relação a

testemunha (26,66%) (Tabela 1). A menor presença de alporques vivos na

testemunha pode ser explicada pelo surgimento de calos mais rapidamente que os

demais tratamentos. A presença do AIB não favoreceu o surgimento de calos e

raízes nesses alporques, porém, como demonstrado na tabela 2, havia maior

37

proporção de alporques enraizados quando comparados com a testemunha,

portanto, o maior tempo de permanência dos alporques vivos na planta poderia

proporcionar maiores taxas de enraizamento, porém, em estudo realizado por Lima

(2008), as taxa de sobrevivência em alporques de espinheira-santa sobre diferentes

concentrações AIB e substratos, foram baixos (10% e 1,67%), decorrente

principalmente ao tempo de permanência dos alporques a campo (365 dias), e o

anelamento dos ramos. A sobrevivência dos alporques está diretamente relacionada

com a manutenção da umidade na área do anelamento, a sanidade da planta, e a

seu estádio fisiológico (CASTRO & SILVEIRA, 2003).

Não foi observada mortalidade em nenhum dos tratamentos verificados. A

presença de alporques vivos, mesmo que sem calos e raízes, 180 dias após

implantação, são indícios que foram utilizados ramos pouco tenros, com maior

quantidade de reserva de nutrientes orgânicos e inorgânicos.

No verão ocorrem maiores taxas de crescimento e quantidade de carboidratos

nos ramos, além de estarem menos lignificados o que aumenta as chances do

surgimento de raízes, devido serem uma barreira física para a diferenciação celular,

porém, nessa época do ano ocorrem maiores perdas por transpiração devido à

elevada temperatura. Entretanto, o enraizamento pode ser limitado em tecidos

tenros, pois esses possuem menor proporção de nutrientes orgânicos e inorgânicos

(NICOLOSO, FORTUNATO & FOGAÇA, 1999). Mas segundo Lima (2008), a

presença de reservas nesses ramos não limita o enraizamento, pois o próprio

anelamento realizado nos ramos favorece o surgimento de carboidratos decorrentes

da ação fotossintética. Devido ao anelamento dos ramos e realização dos alporques

no período outono\inverno, e a maior presença de alporques vivos, pode-se

constatar que nesse momento apesar dos tecidos estarem mais lignificados, ainda

há reservas suficientes para a manutenção da área anelada. Os alporques foram

umedecidos sempre que se constatou queda de umidade, o que é imprescindível

para a sua sobrevivência.

38

6.2 Estaquia

Aos 90 dias após o plantio das estacas, a análise estatistica demonstrou que

nenhum tratamento foi capaz de provocar o enraizamento em Maytenus ilicifolia.

Alguns fatores podem explicar a falta de enraizamento encontrado como a própria

dificuldade natural da espécie no enraizamento de estacas é um fator limitante,

necessitando de muito tempo de permanência sob condições controladas para que

haja ainda assim, um baixo percentual de raizes emitidas, ou seja, o tempo de

permanência em casa-de-vegetação (90 dias), também pode ter sido suficiente para

que a espécie inciasse o processo de diferenciação celular e emissão radicular.

Também deve-se considerar a coleta realizada no inverno\2017, que possivelmente

favoreceu a presença de estacas mais lignificadas, cujos tecidos de sustentação são

um obstáculo para a emissão de primórdios radiculares incapazes de ultrapassar o

tecido mais lignificado, mesmo realizando o corte em bisel na base das estacas para

facilitar a emissão de raizes.

Tabela 2: Porcentagens de estacas com calos (EC%), estacas vivas (EV%), e estacas mortas (EM%) em estacas de Maytenus Ilicifolia submetidos a diferentes concentrações de AIB, Dois Vizinhos, PR, 2017.

__________________________________________________________________________

Tratamentos EC (%) EV (%) EM (%)

0 7,5 ns 72,5 ns 20 ns

1500 0 ns 75 ns 25 ns

3000 2,5 ns 80 ns 17,5 ns

Média 3,33 75,83 20,83 ns

CV (%) 52 10 28

*Médias seguidas de mesma letra não diferem significativamente entre si, ao nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey (P ≤0,05).

ns não foi significativo a 5% de probabilidade.

O resultado diverge do encontrado por Silva (1999), que estudando o

enraizamento de outra espécie da Espinheira-santa (Maytenus aquifolia), encontrou

39

após 180 dias, enraizamento de (19,79%) em estacas testemunha no outono, e

maiores porcentagens de enraizamento no verão (21,87%).

Lima (2008) avaliando o enraizamento de estacas de Maytenus ilicifolia, sob

diferentes estações do ano, concentrações de ácido indol butírico (IBA), e formas de

aplicação (talco e solução), não verificou o enraizamento de estacas mantidas 180

dias em casa-de-vegetação, porém, também observou baixas taxas de

enraizamento nas demais estações do ano. O enraizamento se deu em maior

porcentagem no verão, seja na testemunha sob aplicação de talco (58,34%), e nas

concentrações de 1500 (56,78%), e 3000 mgL-1 (54,17%) após 365 dias de

permanência em casa-de-vegetação. A autora atribuiu a maior porcentagem de

enraizamento devido a poda realizada seis meses antes da coleta das estacas, pois

Alfenas et al. (2004), relata que essa atividade permite a indução de brotações

juvenis, que podem ser usadas de forma mais efetiva para o enraizamento. Porém,

Silva (1999) verificou que o enraizamento em Espinheira-santa ocorre em maior

porcentagem no inverno (51,04%). Ziantonio et al. (2003) avaliando diferentes

concentrações de AIB no enraizamento de estacas de espinheira-santa, observeram

que na ausência do regulador, o enraizamento foi superior (66,7%).

A espécie M. ilicifolia pode ser considerada de difícil enraizamento, e apesar

da presença do AIB, alguns outros fatores irão influenciar no enraizamento da

espécie, seja na presença de cofatores internos as estacas que induzem o

enraizamento, ou fatores ligados a sanidade da planta matriz, época do ano, e tipo

de estaca utilizada (WEAVER, 1986; FACHINELLO et al., 2005). O estudo realizado

por Lima (2008) demonstrou que mesmo após 365 dias de permanência em casa-

de-vegetação, a espécie não apresenta porcentagens de enraizamento suficientes

para sua produção a nível comercial, além de ser observado em estacas da espécie

um anel esclerenquimático no córtex caulinar, que atua como uma barreira mecânica

para a formação de raiz. Quando mantida a pleno sol, a Espinheira-santa aumenta a

quantidade de taninos, polifenóis totais e polifenóis não tanantes, a presença de

polifenóis como o ácido clorogênico, floroglucinol e catecol podem aumentar o

enraizamento, ao reduzirem inibidores do enraizamento, principalmente o AIA-

oxidase (LIMA, 2008). Porém, apesar das plantas-matrizes utilizadas no presente

estudo estarem sob tais condições, não houve comprovação de tal afirmação.

40

Em algumas espécies a dificuldade de enraizamento por meio da propagação

vegetativa já foi comprovada Lopes (1997) avaliando o uso da estaquia em cajazeira

(Spondias mombin L.) e umbu-cajazeira (Spondias spp), sem uso de regulador de

crescimento, não verificou nenhum enraizamento de estacas de cajazeira, e apenas

26% em umbu-cajazeira. Rodrigues et al. (2017), avaliando diferentes substratos no

enraizamento de Camarão-vermelho (Justicia brandegeana), verificou ausência de

enraizamento nos substratos orgânico comercial e fibra de coco, e 50% em

vermiculita, e apesar da espécie não apresentar barreiras anatômicas para a

emissão de raiz, a mesma é considerada de difícil enraizamento.

Em relação a presença de calos nas estacas, não foi observada diferença

significativa entre os tratamentos, havendo baixo percentual de calos em todos os

tratamentos (Tabela 2), sendo a concentração de 1500 mg L-1 a única a não

apresentar nenhuma estaca com calos, seguida da concentração de 3000 mg L-1

(2,5%), e testemunha (7,5%) (figura 9). A razão da baixa porcentagem de calos,

pode ser explicada pela superioridade de estacas vivas obtidas. Em estacas de M.

ilicifolia, Lima (2008), observou relação entre concentrações de AIB, épocas do ano

e formas de aplicação em relação a presença de calos, obtendo maiores

porcentagens de estacas com calos no verão (26,56%), na concentração de 3000

mg L-1 de AIB, 180 dias após plantio.

O corte realizado na base das estacas, gera lesão nos tecidos do xilema e

floema, a cicatrização gera aumento na concentração de suberina, e diminui a perda

de água nesta região. Após esse processo, pode ocorrer a formação desordenadas

de células parenquimáticas dando origem aos calos (SALVADOR, 2011). Ao

estudar anatomicamente estacas de espinheira-santa (Maytenus muelleri

Schwacke), Lima et al. (2011) observaram uma camada de fibras e

braquiesclereídes continuas que atuaram como uma barreira para o enraizamento

da espécie.

A formação de raízes originada em calos pode ocorrer em algumas espécies,

porém essa relação é independente (HARTMANN et al., 2002). A própria presença

da auxina pode favorecer o surgimento de calo na base das estacas (ROCHA et al.,

1988). Porém, Antunes et al., (2000), ao analisarem o enraizamento de estacas de

amora-preta (Rubus sp.), observaram co-relação entre o enraizamento e a presença

41

de calos, e Salvador (2011) em estacas de Pinheira (Annona squamosa L.), também

verificou o surgimento de primórdios radiculares através de calos cicatriciais.

A formação radicial nas estacas pode surgir através da forma direta, quando

as raízes são formadas próximas ao sistema vascular, e é frequentemente

encontrada em espécies de fácil enraizamento, e através da forma indireta, onde os

principios radiculares se originam dos calos e se conectam com o sistema vascular,

forma essa, que geralmente é encontrada em espécies de difícil enraizamento.

Porém, em determinadas espécies as células dos calos não possuem capacidade

em formar raízes, mesmo com a indução através de fitohormônios (HARTMANN et

al., 2002). Segundo Lima et al. (2011) em espinheira santa (Maytenus muelleri

Schwacke), os primórdios radiculares são orginados externamente ao xilema, a partir

do câmbio ou perciclo.

Figura 9: Estaca semilenhosas de Espinheira-santa com inicio de formação de calos avaliada 90 dias após a implantação. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, câmpus Dois Vizinhos, 2017.

Fonte: O autor, 2017

42

De modo geral, a taxa de sobreviviência dos três tratamentos pode ser

considerada elevada (Tabela 2), não havendo diferença significativa entre eles,

sendo a concentração de 3000 mg L-1 a maior porcentagem de estacas vivas (80%),

seguida da concentração de 1500 mg L-1 (75%), e testemunha (72,5%).

Apesar da alta porcentagem de sobrevivência das estacas, não houve

totipotencialidade dos tecidos para enraizarem (Figura 10). A Espinheira-santa

possui capacidade de manter as estacas vivas por longos períodos, porém, sem que

haja o enraizamento (ALVES, 2015). Lima (2008), obteve maiores porcentagens de

estacas vivas 180 dias após inicio do experimento, do que aos 365 dias, seja devido

ao enraizamento ou a mortalidade ocorrida nesse período, demonstrando que

devido a ausência do enraizamento a longo prazo, a estaca tende a perder suas

reservas nutritivas e consequentemente acaba morrendo. A presença de folhas nas

estacas até o momento avaliado, possivelmente contribuiu para que houvesse

maiores porcentagens de estacas vivas, pois Lima (2008), observou alta mortalidade

em estacas de M. ilicifolia em diferentes estações do ano, possivelmente pela perda

de folhas até 90 dias após o inicio do experimento. Abreu et al. (2003) utilizando

diferentes concentrações de ácido indolibutírico (AIB) em cipó-puca (Cissus

sicyoides), espécie muito utilizada na medicina popular, foi observado que a maior

concentração de AIB (160 mg\l) teve efeito significativo no enraizamento de estacas

da espécie.

43

Figura 10: Estacas semilenhosas vivas de espinheira-santa avaliadas 90 dias após a implantação. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, câmpus Dois Vizinhos, 2017.

Fonte: O autor, 2017.

.

Em relação a mortalidade de estacas, não foi observada diferença estatistica

entre os tratamentos (Tabela 2), sendo a maior porcentagem de estacas mortas na

concentração de 1500 mg L-1 (25%), testemunha (20%), e 3000 mg L-1 (17,5%)

respectivamente.

As concentrações de reservas nutritivas orgânicas e inorgânicas que

sustentam o desenvolvimento da estaca, podem ter sido insuficiente, devido a

retirada de estacas da parte mais apical dos ramos. Oberservou-se mortalidade

apenas nas estacas em que não haviam mais pares de folhas (Figura 11).

44

Figura 11: Estacas semilenhosas vivas e com folhas de espinheira-santa avaliadas 90 dias após a implantação. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, câmpus Dois Vizinhos, 2017.

Fonte: O autor, 2017.

Porém, o resultado difere do encontrado por Alves (2015), que avaliando o

enraizamento de Maytenus aquifolium Mart através do ácido indolibutírico (IBA), em

diferentes concentrações (0 mg L-1, 250 mg L-1 ,500 mg L-1 , 750 mg L-1 ,1000 mg L-

1), observou mortalidade de todas as estacas após cinco semanas do inicio do

experimento, havendo sobrevivência apenas das testemunhas (30%). Dessa forma,

devido a dificuldade no enraizamento da espécie, seria necessário maior tempo de

permanência em casa-de-vegetação para que se pudesse observar o acréscimo ou

decréscimo na mortalidade total das estacas, principalmente devido a senescência

foliar. Geralmente as estacas basais apresentam maiores porcentagens de

enrazaimento, devido a maior presença de reservas nutritivas.

45

7. CONCLUSÃO

As diferentes concentrações de AIB utilizadas não demonstraram efeito em

relação ao enraizamento de M.ilicifolia através da técnica de alporquia. Foi

observado grande número de alporques com calos, o que pode ser indicio de futuro

enraizamento. Também constatou-se elevada porcentagem de alporques vivos, com

a área anelada sem calos e enraizamento, e justificam a dificuldade da espécie no

enraizamento. Dessa forma, a alporquia não se mostrou viável para a propagação

vegetativa de espinheira santa no tempo analisado.

As concentrações de AIB aplicadas não foram eficientes na indução radicial

de estacas semi-lenhosas de M. ilicifolia aos 90 dias após o plantio. Devido o alto

índice de estacas vivas de M. ilicifolia Mart ex Reiss. sugere-se um novo estudo

mantendo estacas semi-lenhosas nas concentrações utilizadas, porém, com maior

tempo de permanência no leito de enraizamento, entretanto, a espécie é

considerada de difícil enraizamento.

46

8. REFERÊNCIAS

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