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0 UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E APLICADAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS O PAPEL DAS COMPETÊNCIAS TECNOLÓGICAS NO SURGIMENTO DAS NOVAS ORGANIZAÇÕES DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO SIDNEI AUGUSTO MASCARENHAS SÃO PAULO 2013

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E APLICADAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS

O PAPEL DAS COMPETÊNCIAS TECNOLÓGICAS NO SURGIMENTO DAS

NOVAS ORGANIZAÇÕES DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

SIDNEI AUGUSTO MASCARENHAS

SÃO PAULO

2013

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SIDNEI AUGUSTO MASCARENHAS

O PAPEL DAS COMPETÊNCIAS TECNOLÓGICAS NO SURGIMENTO DAS

NOVAS ORGANIZAÇÕES DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em

Administração de Empresas da Universidade

Presbiteriana Mackenzie para a obtenção do título de

Doutor em Administração de Empresas.

Orientadora: Professora Dra. Dimária Silva e Meirelles

São Paulo

2013

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Ficha catalográfica

M395p Mascarenhas, Sidnei Augusto

O papel das competências tecnológicas no surgimento das novas organizações de tecnologia

da informação / Sidnei Augusto Mascarenhas - 2013.

181 f.: 30 cm

Doutorado (Doutorado em Administração de Empresas) – Universidade Presbiteriana

Mackenzie, São Paulo, 2013.

Orientação: Prof. Dr. Dimária Silva e Meirelles

Bibliografia: f. 114-124

1. Competência tecnológica 2.Capacidade 3. Surgimento de novas organizações I. Título.

CDD 658.4012

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Reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie

Professor Dr. Benedito Guimarães Aguiar Neto

Decano de Pesquisa e Pós-Graduação

Professor Dr. Moisés Ari Zilber

Diretor do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas

Professor Dr. Sérgio Lex

Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Administração de Empresas

Professora Dra. Darcy Mitiko Mori Hanashiro

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Dedico à meus pais, Carlos e Francisca, in memoriam.

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AGRADECIMENTOS

A Deus por permitir o acesso à Luz.

Com especial carinho, à minha esposa Cida e aos meus filhos Mariane e Carlos Eduardo, pela

compreensão demonstrada ao longo da jornada.

A Profª Drª Dimária Silva e Meirelles, Orientadora, pela confiança demonstrada e excepcional

dedicação.

Aos Professores do Programa de Pós-Graduação em Administração de Empresas do Centro de

Ciências Sociais e Aplicadas da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Ao Fundo Mackenzie de Pesquisa financiador em parte deste trabalho.

Ao meu irmão Ayres Eduardo Corte Gomes pela providencial presença nos momentos

difíceis.

Aos amigos de todas as horas, Lilian Miguel, Luiz Carlos França e Odete Devecchi, pelo

incentivo constante.

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RESUMO

Este estudo foi realizado considerando as lacunas existentes nas pesquisas sobre as pré-

organizações, notadamente na compreensão das competências iniciais oriundas da formação

técnica do grupo fundador de uma nova organização. Outra lacuna importante refere-se à

ausência de estudos voltados para o processo de desenvolvimento das competências

tecnológicas. Em sua maioria os estudos relativos ao tema tratam da competência tecnológica

da organização e não dos indivíduos. O objetivo do estudo então é compreender a relação

entre o desenvolvimento das competências tecnológicas do grupo fundador e o surgimento de

uma nova organização de tecnologia da informação (TI). Por organização de TI entendemos

no estudo as empresas voltadas para o desenvolvimento e/ ou implantação e/ou gerenciamento

de programas de gestão para as diversas atividades de outras empresas, públicas ou privadas.

Para atender a este objetivo geral três objetivos específicos foram estabelecidos. O primeiro

objetivo específico concentrou-se na identificação dos conhecimentos adquiridos pelo grupo

fundador a partir da sua formação escolar e experiência profissional. O segundo objetivo

específico abordou a compreensão das tecnologias distintivas que marcam o surgimento da

nova organização. Por fim o terceiro objetivo específico caracterizou as competências

tecnológicas desenvolvidas pelo grupo fundador e sua evolução temporal. Do ponto de vista

metodológico, utilizou-se a técnica de entrevistas narrativas, do tipo temático, por sua ênfase

no conteúdo do que é dito, mais do que no como é dito. Para inicio das narrativas os

entrevistados foram expostos a uma questão gerativa sobre suas carreiras profissionais, suas

experiências e a fundação da empresa. A questão gerativa foi colocada como um estímulo à

construção da narrativa concentrando-a no espaço e tempo de interesse do pesquisador. Para a

pesquisa foram selecionadas organizações de capital nacional, com pelo menos cinco anos de

mercado, não inter-relacionadas e com fundadores ainda presentes ou pelo menos localizáveis

no ambiente nacional. Os entrevistados foram os fundadores de seis empresas brasileiras de

tecnologia da informação. As evidências do desenvolvimento das competências tecnológicas

foram encontradas por meio de indicadores como a habilidade de autoaprendizado; habilidade

no uso de tecnologias fundamentais; habilidade no uso e operação das novas tecnologias;

habilidade no desenvolvimento e adaptação a novos processos; habilidade em gerar inovação

tecnológica; otimização; habilidade de negociação e marketing; habilidade de

relacionamentos.

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Da análise final das entrevistas narrativas emergiu, por meio dos indicadores escolhidos, as

competências tecnológicas chaves desenvolvidas pelos fundadores e que deram origem às

novas organizações de TI. Observou-se ainda a evolução destas competências nas

organizações envolvidas na pesquisa.

Palavras-chave: competência tecnológica; capacidade; surgimento de novas organizações

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ABSTRACT

This study was conducted considering the gaps in the surveys about start up organizations,

notably in the comprehension of initial competences deriving from the technical formation of

a new organization founding group. Another important gap refers to the lack of studies

towards the development process of technological competences. Most of the studies referring

to this subject are about the organization technological competence rather than the

individual’s. Therefore the aim of this study is to understand the relation between the

founding group development of technological competences and the emergence of a new

information technology organization (IT). In this study, IT organization represents the firms

focused on developing and/or implementing and/or administrating management programs for

the various activities of other firms, these being either public or private firms.

To meet this general objective three specific goals were established. The first specific

objective focused on the identification of acquired knowledge by the founding group from

their education and professional background. The second specific objective addressed the

understanding of distinctive technologies that indicate the emergence of the new organization.

To conclude, the third specific objective depicted the technological competences developed

by the founding group and its evolution over time.

In the methodological point of view, narrative interviews were used for its emphasis on the

content of what is said rather than on how it is said. To start the narratives, interviewees were

exposed to a generative question about their careers, experiences and firm foundation. The

generative question was posed as an incentive to the construction of the narrative focusing on

the space and time of interest to the researcher. The organizations selected to take part in this

survey were domestic capital organizations, active in the market for at least five years, not

interrelated and with founders still present, or at least traceable, in the national environment.

The interviewees were the founders of six Brazilian IT firms. The evidences of technological

competence development were found through indicators such as self-learning ability, key

technologies usage, use and operation of new technologies, development and adaptation to

new processes, technological innovation generation, optimization, marketing and negotiation

skills and relational skills.

From the final analysis of narrative interviews, through the chosen indicators, the key

technological competences developed by the founders and which originated the new IT

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organizations have arisen. The evolution of these competences in the organizations envolved

in the survey was also studied.

Key words: technological competence; capability; new organizations emergence.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01: Os modos de surgimento das novas organizações

Quadro 02: Os modos de entrada e a propriedade da firma de origem

Quadro 03: Os tipos de entrantes e os modos de surgimento das novas organizações

Quadro 04: Emergência organizacional – da concepção à adolescência

Quadro 05: A composição do grupo inicial

Quadro 06: Definições para tecnologia

Quadro 07: As influências da tecnologia nas dimensões organizacionais

Quadro 08: As influências do contexto organizacional sobre a tecnologia

Quadro 09: A relação entre a tecnologia e a mudança estrutural

Quadro 10: As influências institucionais e a tecnologia

Quadro 11: Resumo das interpretações das relações no modelo estruturacional

Quadro 12: Capacidades e competências organizacionais

Quadro 13: O desenvolvimento do capital físico, humano e social

Quadro 14: As dimensões da competência tecnológica

Quadro 15: As dimensões das competências tecnológicas e suas referências teóricas

Quadro 16: As relações entre o grupo fundador, os artefatos tecnológicos e os produtos ou

serviços no modelo proposto para competência tecnológica

Quadro 17: As principais características das abordagens propostas na tipologia de Riessman

(2005)

Quadro 18: O perfil das empresas pesquisadas e dos seus fundadores

Quadro 19: As suposições metodológicas adotadas na pesquisa

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Quadro 20: Os artefatos tecnológicos envolvidos nas atividades dos fundadores

Quadro 21: A educação formal e os atributos relevantes da formação dos fundadores

Quadro 22: As experiências pré- empresa dos fundadores

Quadro 23: O conceito de tecnologia dos fundadores e seus atributos relevantes

Quadro 24: A formação e as experiências pré-empresa dos fundadores

Quadro 25: Os atributos das competências tecnológicas e suas referências teóricas

Quadro 26: As habilidades no uso de tecnologias fundamentais

Quadro 27: As habilidades no desenvolvimento e adaptação de novos processos e seus

atributos

Quadro 28: As habilidades na otimização com precisão e seus atributos

Quadro 29: As habilidades em negociação e marketing e seus atributos relevantes

Quadro 30: As competências tecnológicas dos fundadores e o surgimento da nova

organização

Quadro 31: A evolução da competência tecnológica nas empresas

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: A organização emergente

Figura 2: O modelo imperativo tecnológico

Figura 3: O modelo da escolha estratégica

Figura 4: O modelo da tecnologia como impulsionadora da mudança estrutural

Figura 5: Os modelos tradicionais de desenvolvimento e uso da tecnologia

Figura 6: O modelo estruturacional da tecnologia

Figura 7: As capacidades organizacionais como camadas de conhecimento

Figura 8: A transição das capacidades para as competências

Figura 9: Das competências individuais às competências coletivas

Figura 10: As dimensões da capacidade tecnológica

Figura 11: O modelo proposto para a competência tecnológica

Figura 12: A estrutura funcional para a otimização do uso da competência tecnológica

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SUMÁRIO

1 Introdução ........................................................................................................................................... 14

1.1 Problema de pesquisa ....................................................................................................................... 19

1.2 Objetivos da pesquisa ....................................................................................................................... 19

1.2.1 Objetivo geral ................................................................................................................................ 19

1.2.2 Objetivos específicos .................................................................................................................... 19

1.3 Apresentação do estudo .................................................................................................................... 20

2 Referencial Teórico ............................................................................................................................. 21

2.1 O surgimento das novas organizações ............................................................................................. 21

2.1.1 As modalidades de surgimento das novas organizações ............................................................... 23

2.1.2 As fases do surgimento das novas organizações .......................................................................... 27

2.1.3 O grupo fundador .......................................................................................................................... 28

2.2 O conceito e o papel da tecnologia nas organizações ..................................................................... 31

2.2.1 O conceito de tecnologia ............................................................................................................... 32

2.2.2 O papel da tecnologia .................................................................................................................... 34

2.3 Tecnologias, rotinas e competências organizacionais ...................................................................... 42

2.4 As competências e as capacidades organizacionais ......................................................................... 44

2.4.1 As competências individuais e as competências coletivas ............................................................ 50

2.4.2 As capacidades e as competências tecnológicas ........................................................................... 52

2.4.3 As dimensões e as medidas da capacidade e da competência tecnológica .................................. 55

2.4.4 As competências tecnológicas e o surgimento da nova organização ............................................ 62

3 Metodologia ........................................................................................................................................ 65

3.1 Método, propósito e tipo da pesquisa ............................................................................................... 65

3.2 Método da análise da narrativa ........................................................................................................ 67

3.2.1 Conceituação e tipologia das narrativas ....................................................................................... 67

3.2.2 Análises da narrativa ..................................................................................................................... 68

3.2.3 A questão gerativa ......................................................................................................................... 71

3.2.4 A coleta das narrativas .................................................................................................................. 72

3.3 Participantes da pesquisa e contexto ................................................................................................ 73

3.4 Qualidade da pesquisa ...................................................................................................................... 75

3.4.1 Validade interna ............................................................................................................................ 75

3.4.2 Confiabilidade ............................................................................................................................... 76

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3.4.3 Ética da pesquisa ........................................................................................................................... 77

3.4.4 Síntese das suposições metodológicas adotadas na pesquisa ........................................................ 78

4 Apresentação e análise dos resultados da pesquisa ............................................................................ 80

4.1 Perfis tecnológicos dos fundadores .................................................................................................. 80

4.2 Formações acadêmicas e experiências pré-empresas dos fundadores .............................................. 81

4.3 Visões do conceito de tecnologia e competência tecnológica dos fundadores ................................ 86

4.4 Análise dos indicadores do desenvolvimento da competência tecnológica ..................................... 90

4.4.1 Habilidades de autoaprendizado.................................................................................................... 90

4.4.2 Habilidades no uso de tecnologias fundamentais .......................................................................... 91

4.4.3 Habilidades no uso e operação de novas tecnologias .................................................................... 93

4.4. 4 Habilidades no desenvolvimento e adaptação a novos processos ................................................ 94

4.4.5 Habilidade na geração da inovação tecnológica ........................................................................... 96

4.4. 6 Habilidade em otimizar com precisão .......................................................................................... 98

4.4.7 Habilidade em negociação e marketing ........................................................................................ 99

4.4.8 Habilidade em estabelecer relacionamentos ............................................................................... 102

5 Considerações finais..........................................................................................................................104

5.1 Discussões acerca dos resultados da pesquisa .............................................................................. 1044

5.2 As limitações das empresas já organizadas em desenvolver novas competências ....................... 1099

5.3 Limitações e sugestões de pesquisas futuras ................................................................................ 1122

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................... 1144

Glossário .............................................................................................................................................. 125

APÊNDICE A – Roteiro para as entrevistas ........................................................................................ 126

APÊNDICE B – Carta sobre a pesquisa encaminhada às empresas. ................................................... 129

APÊNDICE C – Extrato das entrevistas ................................................ Erro! Indicador não definido.

ANEXO A – Análise realizada por par. ............................................................................................... 173

ANEXO B – Histórico da evolução tecnológica da empresa E2. ........................................................ 175

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1 Introdução

As novas organizações têm sua origem nos empreendedores bem sucedidos em

organizar recursos para responder as oportunidades percebidas. Identificar oportunidades,

mobilizar recursos, recrutar e treinar funcionários são problemas para todos os

empreendedores, independente do contexto histórico (ALDRICH, 2000).

Para Aldrich (2005), o empreendedorismo está fortemente ligado à ordem social

vigente. Ainda que a imagem popular do empreendedor seja a de um inovador os

empreendedores geralmente reproduzem as estruturas organizacionais existentes (BAUM;

RAO, 2004; ALDRICH; KENWORTHY, 1999). Em primeiro lugar, empreendedores podem

reproduzir ou desafiar a ordem social existente em função das condições sociais e do

momento histórico particular. Em sociedades caracterizadas pela desigualdade na distribuição

de renda, riqueza, poder politico e outros valores, esta desigualdade poderá ser reproduzida no

processo de fundação das novas organizações econômicas. Em segundo lugar,

empreendedores garantem a reprodução da população organizacional existente, foco de estudo

da ecologia organizacional (ALDRICH, 2005; CARROLL; HANNAN, 2000). E finalmente,

considera-se que o empreendedorismo afeta os níveis de estratificação e desigualdade sociais.

Estes níveis são alterados pelas oportunidades disponibilizadas aos fundadores das novas

empresas e aos seus funcionários (ALDRICH, 2005).

Os fundadores de uma nova organização são altamente dependentes de eventos

experimentados por um pequeno número de organizações existentes na população

organizacional e de uma grande comunidade de populações (ALDRICH, 2005). As

organizações emergem quando os empreendedores obtêm êxito em atividades de construção

de confiança entre potenciais clientes, credores, fornecedores, outros indivíduos e outras

organizações. As novas organizações vêm de todas as partes e muitas são fundadas por

indivíduos empregados em organizações privadas sendo este fato vital em qualquer economia

(ANDERSSON; KLEPPER, 2012). De acordo com Shane (2001) a literatura acadêmica

apresenta inúmeras pesquisas sobre o surgimento de novas organizações. A explicação para o

aparecimento destas novas organizações aborda fatores como estrutura do mercado, regime

tecnológico (WINTER, 1984) e características do individuo empreendedor como fatores

psicológicos e a experiência profissional (CARROLL; MOSAKOWSKI, 1987).

O surgimento de novas organizações reflete estruturalmente as tecnologias

emergentes, as crenças, os valores e as normas da moderna economia fundamentada no

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acúmulo de conhecimentos utilizáveis e na extensão das suas aplicações. A habilidade desta

sociedade em responder aos problemas sociais depende de maneira crítica da manutenção e

do aumento de novas formas organizacionais (BAUM; RAO, 2004).

Para Oakey (2003) os empreendedores técnicos, dentro de uma tradição que remonta à

Revolução Industrial inglesa do século dezoito, tem um papel destacado no nascimento,

crescimento e consolidação do novo grupo de empresas relacionadas à computação com suas

atividades de hardware e software. As atividades destas empresas denominamos Tecnologia

da Informação (TI).

A importância da tecnologia no surgimento das organizações emergentes advém do

fato de que os empreendedores a utilizam para desenvolverem além de novos produtos e

processos, novas formas organizacionais (SCHUMPETER, 1934; SHANE, 2001). E a

velocidade da mudança tecnológica influência a taxa de criação de novas firmas (SHANE,

1996).

Em contra partida a falta dos recursos de conhecimento tecnológico restringe para a

firma, emergente ou não, as possibilidades de novas oportunidades, assim reduzindo sua

habilidade de utilizar o conhecimento proveniente de outras fontes (MCKELVIE;

DAVIDSSON, 2009; ZAHRA; FILATOTCHEV, 2004). Um segundo aspecto relevante

ligado a tecnologia está na heterogeneidade da distribuição das competências na indústria,

sua difícil aquisição no mercado e sua difícil ou impossível imitação. Por seu caráter tácito as

competências são fontes de vantagem competitiva para as organizações, sendo normalmente

encontradas nos setores de tecnologia (PIERCE; BOERNER; TEECE, 2008; DOSI, 1982;

NELSON; WINTER, 1982). A não-replicação das competências constitui a chave da sua

importância estratégica (PIERCE; BOERNER; TEECE, 2008).

Inúmeras pesquisas realizadas nos últimos anos (PAVITT, 1984; DOSI, 1988;

TEECE, 1988; PAVITT; ROBSON; TOWSEND, 1989; LALL, 1992; MALERBA, 1992;

BELL; PAVITT, 1995; FIGUEIREDO, 2003; ROSENBLOOM; CHRISTENSEN, 2005)

apontam para a relevância do desenvolvimento da capacidade tecnológica das empresas

como causa para o desenvolvimento econômico e industrial do país. Capacidade tecnológica

conceituada de maneira ampla como recomendado por Tsai (2004) e definida por Vedovello

e Figueiredo (2006) como os recursos necessários para produzir e administrar inovações nos

processos, nos produtos, na organização da produção, no sistema organizacional, nos

equipamentos e nos projetos de engenharia. O aumento da capacidade tecnológica do país

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pode gerar mais dinamismo para seu desenvolvimento social, mas não só. Pode também

colocar o país em melhor posicionamento competitivo no plano internacional para

negociações e atratividade para o capital externo.

De acordo com Vedovello e Figueiredo (2006) a importância do desenvolvimento

tecnológico é reconhecida no Brasil. Porém faltam estudos, acadêmicos ou não, de base

analítica, metodológica e empírica para construir métricas, obterem evidencias e explicações

que possibilitem a definição de políticas públicas e empresariais. São estas as políticas que

podem permitir a aceleração do desenvolvimento tecnológico e industrial do país. Ainda

segundo os autores (VEDOVELLO; FIGUEIREDO, 2006) a escassez de trabalhos de

pesquisa focados em definições fundamentais e análises empíricas gera um uso inadequado

de termos, não suficientemente embasados. O projeto e o desenvolvimento das políticas

tecnológicas podem ser negativamente por esta inadequação.

A literatura acadêmica apresenta a nova organização retrospectivamente a partir de sua

constituição, como se esta sempre tivesse existido. No que se refere ao estudo das

capacidades tecnológicas há uma lacuna nos estudos por não abordarem a organização

emergente. Há necessidade de adaptação do conceito por serem organizações em

constituição.

O desafio da pesquisa ocorre na abordagem à organização em processo de criação,

aquela que se situa entre a pré-organização e a nova organização (KATZ; GARTNER, 1998).

O propósito deste estudo é compreender o processo de estruturação da organização

emergente (KATZ; GARTNER, 1998) a partir das competências tecnológicas desenvolvidas

por seu grupo fundador.

O esforço neste estudo está em entender as origens a pré-empresa por meio da

competência tecnológica desenvolvida pelo grupo fundador. O foco na origem, sob a

perspectiva dos indivíduos, tem sido advogado por autores que buscam os microfundamentos

de rotinas e competências (FELIN; FOSS, 2009; 2012). Conforme destacam Felin e Foss

(2012), nos estudos sobre capacidades e competências na área de estratégia, as considerações

de nível individual, incluindo ações, interações e intencionalidade, tem sido suprimidas por

teorizações metodológicas de aspecto coletivo. Nesse sentido, este é um trabalho que traz

contribuições na compreensão dos microfundamentos de competências, especificamente

competência tecnológica.

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Encontramos nos primeiros trabalhos sobre estratégia e teoria das organizações os

termos competências e capacidades organizacionais como equivalentes (WERNERFELT,

1984; BARNEY, 1991; NELSON, 1991; RUMELT, 1991; LEONARD-BARTON, 1992;

TEECE, 1988; KUSUNOKI; NONAKA; NAGATA, 1998).

Dosi, Faillo e Marengo (2008) assumem a equivalência entre os termos competência e

capacidade, mas ressalvando que capacidade é uma unidade de análise para grandes escalas

(DOSI; CORIAT; PAVITT, 2000), com resultados expressos em termos significativos e

formados por decisão consciente quanto ao desenvolvimento e desdobramentos. Entretanto

sob a perspectiva da organização emergente não é possível considerar capacidades e

competências como termos equivalentes.

Uma organização em formação encontra-se estruturando suas capacidades enquanto as

competências estão nos indivíduos do grupo fundador, foco deste estudo, o que justifica a

adoção do termo competências.

.Na análise do ciclo de vida das capacidades, proposta por Helfat e Peteraf (2003),

inicia-se com um caso aparentemente simples: a organização nova para o mundo, sem uma

história anterior relevante, voltada para o desenvolvimento de um produto para um dado

mercado. O ciclo de vida das capacidades inclui vários estágios como o de fundação, onde

estão as bases do futuro desenvolvimento das capacidades e que se constitui no ponto focal

deste estudo. O estágio de desenvolvimento, que indica a gradual construção das capacidades

e o estágio de maturidade onde eventualmente a construção da capacidade cessa (HELFAT;

PETERAF, 2003).

Muitas das futuras capacidades não emergem nestas circunstancias, mas o caso serve

como análise da trajetória necessária para entendimento da futura evolução das capacidades

(HELFAT; PETERAF, 2003). O estágio de fundação de uma nova organização é iniciado

quando um grupo de indivíduos organiza-se por meio de algum tipo de liderança e

capacidade de ação conjunta com o propósito comum de desenvolverem novas capacidades.

As capacidades podem ser novas para o grupo e não necessariamente para a sociedade

(HELFAT; PETERAF, 2003). Os indivíduos da equipe fundadora trazem para o grupo o

capital humano formado por seus conhecimentos, habilidades e experiências. O capital social

e as ligações externas do grupo são fatores decisivos. Estas dotações são a fonte primária da

heterogeneidade entre as capacidades (HELFAT; PETERAF, 2003; HELFAT;

LIEBERMAN, 2002; LEVINTHAL; MYATT, 1994).

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Nesta fase não existe a organização. Existe o grupo de indivíduos desenvolvendo

novas capacidades que podem culminar com o surgimento da nova organização.

Do ponto de vista específico da competência tecnológica não há em principio uma

definição adequada para o escopo conceitual aqui adotado, ou seja, a competência

tecnológica do individuo e/ou do grupo fundador.

Por que olhar a organização emergente sob a perspectiva da competência tecnológica?

Em primeiro lugar vamos conceituar tecnologia.

Em termos gerais a tecnologia pode ser vista como meios de construção humana para

alcançar fins particulares, tais como a movimentação de pessoas e produtos, a transmissão de

informações ou a cura de uma doença. Estes meios muito freqüentemente envolvem

processos sobre como alcançar os fins por meio de conhecimentos específicos, artefatos e

entradas físicas necessárias ao processo para atingir os resultados (DOSI; GRAZZI, 2010).

No modelo proposto por Orlikowski (1992) a tecnologia é criada, alterada e utilizada

por seres humanos para realizar algumas ações. A noção recursiva de tecnologia, denominada

dualidade da tecnologia (ORLIKOWSKI, 1992), constitui a primeira premissa do modelo.

Depois de desenvolvida e empregada, a tecnologia tende a tornar-se reificada e

institucionalizada, perdendo conexão com os agentes humanos que a construíram ou deram

sentido. Neste momento a tecnologia parece ser parte dos objetivos, propriedade estrutural da

organização. Corolário da primeira premissa, a segunda premissa, denominada flexibilidade

interpretativa, postula que a interação entre tecnologia e organização é função dos diferentes

atores e do contexto sócio-histórico que implica no seu desenvolvimento e uso

(ORLIKOWSKI, 1992). A dualidade é caracterizada por uma perspectiva dinâmica, ou seja,

a tecnologia evolui ao longo do tempo e do espaço na medida em que os desenvolvedores e

usuários se inter-relacionam. Mostra-se conveniente para este estudo observar que o modelo

proposto por Orlikowski (1992) aborda o papel da tecnologia na organização do ponto de

vista do uso e não no surgimento de uma nova organização como pretendido neste estudo

Portanto, com o objetivo de ampliar a compreensão da relação entre as competências

tecnológicas do grupo fundador e o surgimento das novas organizações o estudo evidencia

sua contribuição a partir do recorte na fase pré-empresa em que os fundadores trazem um

histórico de capacidades individuais que resultarão no desenvolvimento de uma competência

coletiva. O modelo de tecnologia proposto por Orlikowski (1992; 2010), que contempla

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19

somente o uso da tecnologia, foi adaptado para analisar o surgimento de novas organizações

de TI.

1.1 Problema de pesquisa

O presente estudo tem como objetivo a compreensão da relação entre o

desenvolvimento das competências tecnológicas pelo grupo fundador e o surgimento de uma

nova organização de Tecnologia da Informação (TI).

Organizações de TI são compreendidas nesta pesquisa como aquelas empresas

dedicadas ao desenvolvimento, implantação e administração de programas de gestão das

diversas atividades executadas por outras empresas, comerciais ou industriais, públicas ou

privadas. De acordo com Miles (1995; 2001), as atividades de TI são consideradas T-KIBS

(Technological Knowledge Intensive Business Services). Nesta perspectiva, considera-se esta

compreensão da relação entre desenvolvimento das competências tecnológicas e o

surgimento de novas organizações como fundamental para a orientação dos gestores com

visões empreendedoras e como diretrizes para o projeto e administração de políticas

tecnológicas.

O problema de pesquisa é então enunciado da seguinte maneira: Qual é o papel das

competências tecnológicas dos fundadores no surgimento de uma nova organização?

1.2 Objetivos da pesquisa

1.2.1 Objetivo geral

Compreender a relação entre as competências tecnológicas dos fundadores e o

surgimento de uma nova organização.

1.2.2 Objetivos específicos

São objetivos específicos deste estudo:

i)Analisar a formação dos fundadores e suas experiências como fontes para o

desenvolvimento das competências tecnológicas da nova organização;

ii) Compreender as tecnologias distintivas para o surgimento da nova organização;

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20

iii) Caracterizar as competências tecnológicas desenvolvidas pelos fundadores e sua

evolução no tempo.

1.3 Apresentação do estudo

O estudo está estruturado em três seções além desta introdução. A primeira seção

apresenta o referencial teórico explicitando as bases teóricas e conceituais sobre tecnologia e

o surgimento de novas organizações. A segunda seção explicita a metodologia a ser aplicada

ao estudo. Aborda aspectos relativos à estratégia de pesquisa praticada, assim como aspectos

referentes ao método, coleta de dados, qualidade da pesquisa, ética, análise dos dados e

instrumentação. A terceira seção aborda as considerações finais sobre o estudo focando os

objetivos e resultados alcançados, as limitações da pesquisa e as possíveis pesquisas futuras.

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21

2 Referencial Teórico

O referencial teórico deste estudo está estruturado de maneira a fundamentar a

pesquisa sobre a relação entre as competências tecnológicas e o surgimento das novas

organizações.

Para isto foram desenvolvidas quatro seções abordando o surgimento das novas

organizações, a tecnologia, as competências, as competências tecnológicas, e a articulação

entre as competências tecnológicas e o surgimento das novas organizações.

2.1 O surgimento das novas organizações

A habilidade das sociedades em responder aos problemas sociais pode ser considerada

fundamental para a diversidade das formas organizacionais. Em longo prazo em um ambiente

dinâmico a diversidade pode ser mantida ou aumentada pela emergência das novas formas

organizacionais. Novas formas organizacionais são a expressão estruturada de tecnologias,

crenças, valores e normas. As novas formas organizacionais emergem em paralelo com os

movimentos sociais, com as novas instituições e as novas tecnologias, apoiando, fortalecendo

e refletindo as mudanças culturais e técnicas nas sociedades (BAUM; RAO, 2004).

Aldrich (2005) adota o termo fundação ou construção em referência ao surgimento de

novas organizações em detrimento ao termo nascimento. Nascimento, na argumentação do

autor (ALDRICH, 2005), implica em um processo gradual que abrange desde a concepção

até o desenvolvimento da organização, quando o surgimento da nova organização está mais

afeito ao contingencial, algumas vezes desordenadamente. Adotaremos a terminologia

proposta por Aldrich (2005) ao longo do estudo.

Para ecologistas organizacionais as populações mudam por causa das diferentes taxas

entre fundação e morte das organizações e não por que as organizações podem existir para

sempre por adaptação as mudanças que acontecem.

De acordo com Baum e Singh (1994) a fundação de novas organizações torna-se então

um evento crítico para os ecologistas organizacionais. A fundação de novas organizações

preserva a viabilidade da população, face às organizações que se dissolveram por fusões,

aquisições e outros modos e por permitir o crescimento. Não focando nas características dos

empreendedores, ecologistas enfatizam as causas contextuais que produzem variações nas

taxas de fundação das organizações e as dissoluções ao longo do tempo. Estas taxas variam

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sistematicamente com o tamanho da população, constituindo um padrão observado

empiricamente em várias populações (ALDRICH, 2000).

Empreendedores fundam novas organizações quando são bem sucedidos em organizar

recursos para responder as oportunidades percebidas. Identificar oportunidades, mobilizar

recursos, recrutar e treinar funcionários são problemas para todos os empreendedores,

independente do contexto histórico (ALDRICH, 2000). O contexto implica em luta por

legitimidade sob dois diferentes aspectos, o do conhecimento ou cognitivo e o sócio-político.

O do conhecimento ou cognitivo relaciona-se a uma bem sucedida forma organizacional

copiada pelos empreendedores por valer a pena sua efetividade, considerando-se tempo e

outros recursos organizacionais. No contexto sócio-político a legitimidade refere-se ao

processo pelo qual formas organizacionais são aceitas como apropriadas e legais.

As condições encontradas pelos empreendedores fundadores de novas organizações

com novas formas organizacionais são substancialmente diferentes das encontradas por

aqueles que reproduzem uma velha fórmula organizacional.

Os fundadores de uma nova organização são altamente dependentes de eventos

experimentados por um pequeno número de organizações existentes na população

organizacional e de uma grande comunidade de populações (ALDRICH, 2005). As

organizações emergem quando os empreendedores são bem sucedidos em atividades de

construção de confiança entre potenciais clientes, credores, fornecedores, outros indivíduos e

organizações.

Existem na literatura acadêmica pesquisas quanto ao surgimento de novas

organizações. De acordo com Shane (2001) estas pesquisas adotam duas categorias de fatores

para a explicação do surgimento das novas empresas de tecnologia. A primeira categoria

argumenta que o surgimento das novas organizações depende de fatores ao nível da indústria,

tais como, a estrutura do mercado ou o regime tecnológico (WINTER, 1984). O argumento

utilizado para os fatores ao nível da indústria é que quando a indústria é jovem, não

concentrada, composta por pequenas empresas, há limitadas exigências de ativos

complementares (SHANE, 2001). Além disto, existe acesso ao capital, sendo a pesquisa e o

desenvolvimento não tão intensivos, o que incentiva os indivíduos a explorarem

oportunidades. A segunda categoria, proposta por Shane (2001), argumenta que a formação

da firma depende de fatores ao nível individual, como por exemplo, a psicologia do

empreendedor ou a sua experiência profissional. Os argumentos utilizados pontuam que o

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individuo que descobre oportunidades é mais experiente na criação de firmas (CARROLL;

MOSAKOWSKI, 1987). Ou como argumenta Schumpeter (1934), o indivíduo é mais

criativo. Khilstrom e Lafont (1979) consideram este individuo mais tolerante ao risco

implícito nos novos empreendimentos. Begley e Boyd (1987) argumentam que o individuo

criador de uma nova firma tem maior tolerância a ambigüidade.

O surgimento de uma nova organização invariavelmente exige considerações quanto

aos participantes e qual a contribuição que farão para o processo de fundação. Muitos

empreendedores iniciam-se sozinhos na construção da nova organização socorrendo-se de

outros indivíduos para vários aspectos iniciais. Outros empreendedores iniciam a construção

da nova organização com uma equipe de trabalho, tornando o empreendimento um processo

coletivo de construção (RUEF; ALDRICH; CARTER, 2003).

2.1.1 As modalidades de surgimento das novas organizações

Para Katz e Gartner (1988) há certa ironia na literatura sobre a identificação das novas

organizações já que as teorias e definições assumem, ainda que implicitamente, que as

organizações sempre existiram. O desafio da pesquisa está no estudo das organizações- em -

criação, a organização emergente (termo cunhado por Katz e Gartner (1988)) para estudar as

organizações que estão entre a pré-organização e a nova organização, e não no estudo

retrospectivo das organizações existentes. A Figura 1 ilustra esta situação.

Figura 1 – A organização emergente

A pré-organização A nova organização

Organização–em–criação

Organização emergente (KATZ; GARTNER, 1988)

Fonte: elaborado pelo autor a partir de Katz e Gartner (1988)

O estudo das características das organizações emergentes fornece uma estrutura

teórica para a distinção dos diferentes modos de como o processo de criação das organizações

pode ocorrer. O foco nas características das organizações emergentes permite o estudo das

mesmas como uma extensão natural das organizações existentes conectadas por variáveis

comuns, (KATZ; GARTNER, 1988).

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Segundo Carroll e Hannan (2000) as organizações iniciam-se de vários modos

comuns. Algumas vezes a organização começa suas atividades como membro de uma

determinada indústria ou população. Estas organizações são denominadas de novo. O segundo

tipo de fundação possível pode ser por fusão, onde duas ou mais organizações grupam-se para

criar uma nova firma. O termo de novo aqui utilizado indica o resultado dos elementos

combinados entre os participantes sendo a organização nascente distinta das criadoras.

Uma terceira maneira de surgimento de uma nova organização é por cisão de uma

organização existente. Muitas vezes planejada como desmembramento da firma de um

conglomerado por ser um negócio não relacionado aos demais do grupo. Outras vezes por

conflitos internos a organização pré-existente (CARROLL; HANNAN, 2000).

De acordo com Klepper e Sleeper (2005) o surgimento de novas firmas em indústrias

tecnológicas, ocorre na maior parte das vezes, por meio de cisões das empresas pré-existentes.

Os fundadores exploram os conhecimentos adquiridos nos seus antigos empregadores em

nichos de mercado onde a empresa de origem foi lenta na abordagem, desconsiderou ou não

viu como possibilidade de negócio. Desta maneira nas organizações novas o conhecimento

está mais nas pessoas do que no capital físico.

Na quarta maneira proposta por Carroll e Hannan (2000) para o surgimento de uma

nova organização, uma organização entrante denominada de alio - termo latino significando

de outro lugar ou para outro lugar - originária de outra população ou indústria. Pode-se pensar

para a organização de alio uma analogia com a migração no contexto da demografia humana.

De alio são novas organizações se as considerarmos novas para aquela indústria. É muito

comum as corporações aparecerem como membros de uma população ou indústria como

resultado de migração de outra indústria ou população. Estudo de Carroll, Bigelow, Seidl e

Tsai (1996) evidencia a longevidade deste tipo de organização que os autores atribuem às

vantagens econômicas da experiência obtida em operações industriais anteriores.

O Quadro 1 resume as maneiras evidenciadas por Carroll e Hannan (2000) de

surgimento das novas organizações.

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Quadro 1 – Modos de surgimento das novas organizações

Modo de surgimento

da nova organização

Descrição do modo de surgimento da nova organização

I De novo A organização não pré-existente é iniciada como membro de uma

indústria ou população. È a típica ação empreendedora.

II Fusão Duas ou mais firmas independentes resolvem formar uma nova

empresa. Nova, pois esta empresa combina elementos das originais

sendo, porém distinta das demais.

III Cisão Cisão de uma empresa existente. Por vezes planejada como um

desmembramento do grupo para focar em alguns outros negócios.

Outras vezes por divergências internas no grupo inicial.

IV De alio Nova empresa originária de outra indústria ou população em uma

ação análoga à migração humana.

Fonte: Carroll e Hannan (2000) adaptado pelo autor

De maneira diversa a adotada por Carroll e Hannan (2000), Helfat e Lieberman (2004)

identificam o surgimento de novas organizações, por seu relacionamento legal com as firmas

estabelecidas. De acordo com este relacionamento os modos de entrada de novas firmas são

identificados em três categorias – os entrantes diversificados; as firmas relacionadas e as

entrantes de novo. O Quadro 2 identifica o modo de entrada de cada uma destas categorias e a

propriedade da nova firma considerando a de origem.

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Quadro 2 – Modos de entrada e propriedade da firma de origem

Tipo da entrante Modo de entrada Propriedade da firma de

origem

Entrante diversificado

Crescimento interno Total

Aquisição Total

Empreendimento da empresa

de

Origem

Empreendimento conjunto (Joint

Venture)

Parcial

Franquias Parcial

(compartilhamento de direitos)

Cisão da firma de origem Parcial

Novo entrante Cisão de um novo empreendimento Nenhum

Novo inicio Nenhum

Fonte: Helfat; Lieberman (2004)

O modo de surgimento da nova organização exposto por Carroll e Hannan (2000)

pode ser combinado com a proposta de Helfat e Lieberman (2004) como mostrado no Quadro

3 relacionando o tipo de entrante com o modo de surgimento da nova organização.

Quadro 3 – Tipo de entrante e modo de surgimento da nova organização

Fonte: elaborado pelo autor a partir de Carroll e Hannan (2000) ; Helfat e Lieberman (2004).

Tipo da entrante

(HELFAT;

LIEBERMAN, 2004)

Modo de surgimento

da nova organização

(CARROLL; HANNAN, 2000)

Empreendimento da

empresa de origem

Fusão

De alio

Cisão

Novo entrante

De novo

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2.1.2 As fases do surgimento das novas organizações

De acordo com Aldrich (2005) existem características das atividades de construção da

nova organização que demonstram a complexidade do processo de iniciar um negócio. Em

primeiro lugar, a combinação de muitas atividades não previstas. Em segundo lugar, as

atividades ocorrem em muitas diferentes ordens, não existindo uma seqüência. Estudos

evidenciam um longo período de gestação antes das atividades intensivas.

O processo de construção da nova organização, segundo Aldrich (2005), envolve

quatro períodos e três transições entre um período e outro, como mostrado no Quadro 4.

Quadro 4 - Emergência organizacional- da concepção à adolescência.

Períodos População

Adulta

Transição

I

Empreendimento

Nascente

Transição

II

Jovem firma

inexperiente

Transição

III

Nova firma

Estabelecida

Atividades Concepção Gestação Infância Adolescência

Fonte: Aldrich (2005) adaptado pelo autor

A fase de transição I é impulsionada quando alguém começa a pensar em um novo

negócio, com uma equipe ou não. Um conjunto diverso de fatores contribui para isto como a

história de vida do empreendedor, o capital humano, o capital financeiro, a rede de contatos

interpessoais e o contexto organizacional.

Seguindo-se a fase de transição I temos um conjunto de atividades que denominamos

gestação, com os nascentes empreendedores executando atividades como contratação de

funcionários, compra ou aluguel de equipamentos, abertura de linhas de crédito (ALDRICH;

RUEF, 2006).

Para a fase de transição II, da gestação para a infância, questiona-se o número de

organizações que conseguem superar esta passagem devido aos resultados altamente incertos

do processo de construção da nova organização (ALDRICH; RUEF, 2006).

Para a fase de transição III, de acordo com Aldrich e Ruef (2006), necessitamos de

teorias e análises empíricas adicionais para investigar a passagem da empresa jovem e

inexperiente para a nova firma estabelecida na indústria.

Em muitos casos as idéias do grupo fundador não são realizáveis pela falta de

mobilização de recursos ou por intenções erradas, determinando um pequeno número de

sobreviventes entre os nascentes empreendedores (KATZ; GARTNER, 1988; ALDRICH;

RUEF, 2006).

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Neste estudo consideramos a fase de concepção (ALDRICH, 2005), tratada como pré-

organização (KATZ; GARTNER, 1988). Por isso mesmo o foco está no grupo fundador da

nova organização.

2.1.3 O grupo fundador

O estágio de fundação inicia-se com um grupo de indivíduos organizados em torno de

um objetivo comum ou envolvidos na criação de uma capacidade. Duas exigências gerais

para este estágio são: i) um grupo organizado de indivíduos com algum tipo de liderança e

capacidade de ação conjunta; ii) um objetivo central que implique na criação de uma nova

capacidade para o grupo, mas não necessariamente nova para o mundo (HELFAT;

PETERAF, 2003).

Segundo Helfat e Lieberman (2002) o estágio de fundação é dependente da pré-

história organizacional e das capacidades, mas não pode ser comparado a uma folha de papel

em branco quanto as dotações iniciais. A equipe recém formada começa com uma série de

dotações que são também a fonte inicial da heterogeneidade entre as capacidades (HELFAT;

PETERAF, 2003; LEVINTHAL; MYATT, 1994). A heterogeneidade ocorre nos atributos

dos indivíduos, na equipe fundadora, na sua liderança e nas entradas disponíveis. Neste

estágio temos ainda que considerar como fonte de heterogeneidade as condições ambientais.

Os indivíduos da equipe fundadora trazem para o grupo o capital humano, formado

por seus conhecimentos, habilidades e experiências. Trazem ainda o capital social, formado

por suas ligações sociais dentro e fora da equipe. E por fim trazem a cognição (ADNER;

HELFAT, 2003). Podem ainda existir na equipe fundadora habilidades complementares como

rotinas de interação pré-existentes.

Em uma equipe sem história prévia relevante a obtenção de alguns recursos como

financeiros ou novas tecnologias depende das habilidades individuais dos membros do grupo.

Assim o capital social e ligações externas dos indivíduos membros do grupo constituem uma

importante dotação do grupo fundador (HELFAT; PETERAF, 2003).

Ruef, Aldrich e Carter (2003) analisando a formação de grupos empreendedores

consideraram cinco diferentes mecanismos na composição da equipe inicial conforme o

Quadro 5. A partir desta constatação foram elaboradas hipóteses de pesquisa relacionando

gênero e etnicidade, a diversidade ocupacional dos membros do grupo, a posição social,

probabilidade de homogeneidade do grupo, diversidade étnica e grupos familiares.

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Quadro 5 – Composição do grupo inicial

Mecanismos Explanação

Similaridade Grupos de trabalho tendem a ser formados por membros com

características similares - gênero; etnicidade

Funcional Grupos de trabalho tendem a ser formados por membros com diversas

características adquiridas- liderança; competência ocupacional

Expectativa da

posição

Indivíduos em altas posições são mais prováveis de atrair outros

membros para o grupo de trabalho do que indivíduos em posições de

menor relevância

Rede de contatos

Sociais

A existência prévia de uma rede de contatos no grupo de trabalho afeta a

extensão da diversidade do grupo em gerar e adquirir características

Ecológica Grupos de trabalho tendem a serem compostos por membros da mesma

localização geográfica e/ou indústria

Fonte: Ruef; Aldrich e Carter (2003) adaptado pelo autor

A similaridade é o mecanismo que explica a formação do grupo inicial de

empreendimento com base na similaridade de características entre os membros do grupo. Em

principio as características referem-se a identidade social anexadas externamente aos

indivíduos, tais como, gênero, etnia, idade, ou internamente referentes a valores, crenças e

normas (RUEF; ALDRICH; CARTER, 2003). A similaridade ocorre quando pessoas com

características similares são atraídas por outras, especialmente dentro de fronteiras sociais

distintas, como linguagem e nacionalidade, ou quando a estrutura social torna difícil para o

individuo com características não similares associar-se a outro (KIM; ALDRICH, 2005).

Esta similaridade pode ainda ser analisada sob a perspectiva de características

desenvolvidas, ou adquiridas ou a estados psicológicos dos indivíduos do grupo inicial. Há

uma restrição da definição operacional de homofilia a características desenvolvidas e não as

adquiridas, como educação, ocupação e renda, feita por Ruef, Aldrich e Carter (2003). A

restrição é justificada pelos autores como uma prevenção a ligar a homofilia a eficácia de um

grupo social, especialmente no caso de grupos orientados para a tarefa, como os iniciadores

de negócios.

Em oposição à similaridade, os mecanismos funcionalistas sobre a composição dos

grupos de trabalho argumentam da importância da diversidade de experiências de trabalho e

ocupacionais entre os membros do grupo. Esta diversidade é especialmente importante quanto

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a características adquiridas, como liderança ou especialização na tarefa, principalmente no

caso das empresas de alta tecnologia ou de uma maneira mais geral nas organizações formais

novas (RUEF; ALDRICH; CARTER, 2003).

Os mecanismos de similaridade e funcionalidade consideram as distinções por

características adquiridas ou atribuídas dentro do grupo de tarefa como algo nominal. Na

literatura de psicologia social o impacto da expectativa de posicionamento social na

composição do grupo tende a envolver a diferença de similaridade entre o posicionamento dos

grupos. O isolamento torna o empreendedor sujeito a problemas funcionais e psico-sociais,

enquanto as equipes com grande número de membros beneficiam-se da diversidade de

habilidades, da capacidade para a inovação e altos níveis de apoio social e emocional (RUEF,

2002).

Durante o processo de formação do grupo a escolha dos membros participantes

baseando-se em similaridades, considerações funcionais ou expectativas de posição social é

muitas vezes restrita pelas ligações sociais prévias do grupo. Empreendedores nascentes que

ocupam posições sociais de importância têm maiores acesso a oportunidades nascentes e a

recursos críticos (ALDRICH; RUEF, 2006). Estas ligações sociais podem ser caracterizadas

de maneira ampla em três círculos concêntricos de relações sociais: o familiar, que são as

ligações fortes; o de conhecidos e amigos, que é uma ligação fraca; o circulo formado por

desconhecidos.

Ao lado das restrições da rede social construída, a distribuição espacial de indivíduos

com características distintivas influenciará o processo de associação dos mesmos. A

relevância da proximidade geográfica na formação do grupo tem sido reconhecida na

literatura sociológica (RUEF; ALDRICH; CARTER, 2003). Os ecologistas organizacionais

enfatizam o impacto do contexto industrial e espacial no processo de fundação da nova

organização (CARROLL; HANNAN, 2000). Relativo ao empreendedor individuo, ambas as

restrições, industriais e espaciais, podem gerar tendências agregadas a homofilia ou ao

isolamento, independentemente das escolhas realizadas pelo empreendedor (RUEF;

ALDRICH; CARTER, 2003).

Dentro das organizações os indivíduos têm poucas oportunidades de escolher o grupo

de que farão parte como membros ou associados. Em oposição a isto formação de um grupo

empreendedor é o provável reflexo das influencias dos padrões de associação em que o

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individuo está envolvido. Relações familiares, circulo de amizades, locais de trabalho e área

residencial expressam estas influencias (RUEF; ALDRICH; CARTER, 2003).

A composição do grupo inicial de fundação tem, de acordo com Ruef, Aldrich e Carter

(2003), um impacto significativo na ação coletiva de emergência de uma organização formal.

Este é o problema do equilibrio entre a contribuição individual e os ganhos esperados pela

coletividade organizacional. Neste estudo a contribuição do grupo fundador é avaliada soba

perspectiva da competência tecnológica.

Em seguida estudamos as implicações da conceituação de tecnologia e seu papel sobre

os indivíduos do grupo fundador.

2.2 O conceito e o papel da tecnologia nas organizações

A tecnologia constitui elemento essencial das organizações (ORLIKOWSKI; GASH,

1993). Na pesquisa ou na prática da teoria organizacional a tecnologia e o seu relacionamento

com a estrutura, com os processos e os resultados alcançados pelas organizações tem sido um

tema recorrente (METCALFE, 2010; ORLIKOWSKI, 1992, 2000). De uma maneira sem

precedentes tecnologias e organizações tem estado sob intensas transformações nos últimos

anos (ORLIKOWSKI, 2000). Em resposta as estas transformações os estudos organizacionais

tem aplicado as noções de inovação, aprendizado e improvisação para explicar a dinâmica e

os padrões emergentes de organização (BROWN; EISENHARDT, 1997; ORLIKOWSKI,

2000). Da mesma maneira os estudos em tecnologia têm aplicado as noções de inovação,

aprendizado e improvisação para entender as implicações organizacionais das novas

tecnologias (ORLIKOWSKI, 1996; DVIR; SEGEV; SHENHAR, 1993).

Após anos de esforços investigativos questões básicas como a conceituação de

tecnologia, suas dimensões ou evidencias do papel preciso exercido pela tecnologia nas

organizações continuam em discussão sob diferentes perspectivas (ORLIKOWSKI, 2000,

1992).

As diferentes perspectivas nas pesquisas sobre tecnologia tem se desenvolvido

paralelamente as diferentes perspectivas nas pesquisas da teoria organizacional

(ORLIKOWSKI, 2000). Como por exemplo, na teoria contingencial de Daft e Lengel (1986),

ou nos modelos de escolha estratégica de Child (1972), ou na abordagem do interacionismo

simbólico de Prasad (1993), ou ainda nos modelos estruturacionistas de Orlikowski (1992).

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32

Para Orlikowski (1992) dois aspectos são importantes na conceituação de tecnologia.

O primeiro aspecto refere-se ao escopo, ou seja, o que é compreendido como tecnologia. Este

aspecto tem sido pervasivo nos estudos sobre tecnologia focando a mesma como ``

hardware´´, que compreende máquinas, equipamentos e instrumentos de uso humano nas

atividades de produção industrial ou informacional. A noção de escopo foi estendida para as

tecnologias sociais incluindo as tarefas genéricas, as técnicas e o conhecimento utilizado nas

atividades de produção (ORLIKOWSKI, 1992). O segundo aspecto, refere-se ao papel da

tecnologia, ou seja, a relação entre a tecnologia e a organização.

2.2.1 O conceito de tecnologia

Dusek (2009) define, ou como diz caracteriza, tecnologia de três maneiras: como

instrumental, como regras e como sistema. A definição mais óbvia (DUSEK, 2009), por ser

concreta e fácil de entender, é a instrumental, que caracteriza a tecnologia como ferramentas e

máquinas. Para Orlikowski (1992) tecnologia é tida como ``hardware´´. A definição apresenta

problemas quando não se utilizam ferramentas e máquinas, como em uma orientação verbal

ou interpessoal, se estas forem consideradas tecnologia. A tecnologia vista como regra dá

ênfase aos padrões de relações meios-fins desenvolvidos sistematicamente (DUSEK, 2009).

Finalmente a tecnologia como sistema sugere que um artefato ou instrumental, para que

funcione como tecnologia, deve estar colocado no contexto das pessoas que o utilizam,

mantém e reparam. Assim um equipamento abandonado, sem intervenção humana, não

funciona como tecnologia. Esta última caracterização dá origem à noção de sistema

tecnológico, que envolve o instrumental, as habilidades e a organização humana necessária

para o funcionamento, manutenção e reparo do artefato (DUSEK, 2009). A abordagem dos

sistemas tecnológicos é mais abrangente que a visão baseada em instrumentais ou regras, por

englobar ambas (DUSEK, 2009).

Em termos gerais a tecnologia pode ser vista como meios de construção humana para

alcançar fins particulares, tais como a movimentação de pessoas e produtos, a transmissão de

informações ou a cura de uma doença. Estes meios muito freqüentemente envolvem processos

sobre como alcançar os fins por meio de conhecimentos específicos, artefatos e entradas

físicas necessárias ao processo para atingir os resultados (DOSI; GRAZZI, 2009). O mundo

dos artefatos técnicos, em geral, difere do mundo do natural (KROES, 2010). Em contraste

com os objetos naturais, os artefatos técnicos são considerados coisas intencionalmente feitas

pelo ser humano (HILPINEN, 2004). Artefatos técnicos são freqüentemente caracterizados

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33

como construções físicas realizadas intencionalmente para com sua funcionalidade e uso

adequado fornecer apoio aos usuários na realização dos seus objetivos (KROES, 2010).

Tomando como base a noção de sistemas tecnológicos Dusek (2009) estabelece uma

definição, por ele entendida como de consenso, para a tecnologia, combinando as definições

de Galbraith (1967), Gendron (1977) e Pacey (1983).

Sem demonstrar preocupação com o consenso entre as definições há autores como

Dvir, Segev e Shemhar (1993) que definem tecnologia como os tipos e os padrões de

atividades, equipamentos, materiais, conhecimentos ou experiências para realizar tarefas.

Para Peretto e Smulders (2002) tecnologia de uma firma específica é o conhecimento

único que esta firma possui sobre produtos e processos que são acumulados por meio de

atividades de pesquisa e desenvolvimento. O Quadro 6 resume as conceituações para

tecnologia.

Quadro 6 – Definições para tecnologia

Autores Definições de tecnologia

Dosi; Grazzi,

(2009)

Tecnologia é uma construção humana para alcançar fins particulares por meio de

conhecimentos específicos, artefatos e entradas físicas necessárias ao processo para atingir os

resultados.

Dusek (2009) Tecnologia é a aplicação de conhecimento científico ou de outro tipo a tarefas

práticas por sistemas ordenados que envolvem pessoas e organizações, habilidades produtivas,

coisas vivas e máquinas.

Dvir; Segev;

Shemhar,

(1993)

Tecnologia são os tipos e os padrões de atividades, equipamentos, materiais, conhecimentos ou

experiências para realizar tarefas.

Peretto;

Smulders,

(2002)

Tecnologia de uma firma é o conhecimento especifico que esta possui sobre produtos e

processos que são acumulados por meio de atividades de pesquisa e desenvolvimento.

Pacey (1983) Tecnologia é a aplicação de conhecimento científico ou de outro tipo a tarefas práticas

por sistemas ordenados que envolvem pessoas e organizações, coisas vivas e máquinas .

Gendron

(1977)

Tecnologia é qualquer conhecimento prático sistematizado, com base na experimentação e/ou

teoria científica, que eleve a capacidade de produzir bens e serviços da sociedade e que seja

corporificada em habilidades produtivas, organização e maquinário.

Galbraith

(1967)

Tecnologia é a aplicação sistemática de conhecimento científico ou de outro tipo a tarefas

práticas.

Fonte: Dusek (2009) adaptado pelo autor

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34

Observadas atentamente as definições expressam um padrão recorrente de conceitos.

Conhecimento, habilidades, organizações, são temas comuns em grande parte das definições.

A análise das definições propostas para tecnologia e os objetivos propostos para esta pesquisa

nos conduzem a conceituar tecnologia como uma construção sistematizada do conhecimento

humano envolvendo pessoas, organizações e habilidades produtivas.

De maneira similar a tecnologia pode ser vista sob três diferentes perspectivas. Na

primeira perspectiva a tecnologia é vista como singular, ou seja, é um meio para cumprir

propósitos humanos. A tecnologia então compreende métodos, processos e/ou equipamentos.

Na segunda perspectiva sobre tecnologia, dita plural, é uma união entre práticas e

componentes, constituindo-se no corpo da tecnologia. Finalmente na terceira perspectiva, dita

geral, a tecnologia é vista como uma coleção de equipamentos e práticas de engenharias

disponíveis por uma cultura. Constitui o total de meios empregados pelas pessoas para prover-

se com objetos da cultura humana.

Nota-se que as definições de tecnologia estão associadas ao papel da tecnologia na

organização.

A tecnologia pode ser vista como conhecimentos específicos, sistematizados,

aplicados ao processo de desenvolvimento de bens e serviços, envolvendo dinâmica e

interativamente, pessoas, habilidades, artefatos e organizações, para alcançar fins

determinados. É sob esta perspectiva que analisamos o papel da competência tecnológica no

surgimento das novas organizações.

2.2.2 O papel da tecnologia

O estudo destas interações da tecnologia com as organizações reflete o embate entre a

abordagem objetiva e a abordagem subjetiva da realidade (BERGER; LUCKMANN, 2001)

que tem dominado as ciências sociais. De acordo com Orlikowski (1992) nos primeiros

estudos filosóficos sobre o papel da tecnologia nas organizações a tecnologia era assumida

como força externa objetiva e de impacto relativamente determinístico nas propriedades da

organização (ORLIKOWSKI, 1992). Posteriormente os estudos focam mais a ação humana,

com a tecnologia sendo vista como produto das interpretações ou intervenções

compartilhadas. Mais recentemente abordagem defende um determinismo brando onde a

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tecnologia é tida como uma força externa com impactos na organização, mas moderada pela

ação humana e pelo contexto organizacional (ORLIKOWSKI, 1992).

Estas diferentes abordagens sobre o papel da tecnologia implicam em distintos

modelos. O modelo i)``Imperativo Tecnológico´´ (ALDRICH (1972); ORLIKOWSKI (1992))

examina o impacto da tecnologia nas dimensões organizacionais como a estrutura, o tamanho,

o desempenho e a centralização ou descentralização. Examina ainda o nível das dimensões

individuais como a satisfação com o trabalho, a complexidade das tarefas, as habilidades, a

efetividade da comunicação e a produtividade. A premissa básica é de que as variáveis

relativas a tecnologia, a organização e aos indivíduos, podem ser mensuradas e previstas

(Figura 2).

Figura 2 – O modelo imperativo tecnológico

Dimensões Organizacionais

1

Tecnologia

Fonte: Orlikowski (1992) adaptado pelo autor

O Quadro 7 resume as influências da tecnologia nas dimensões organizacionais.

Quadro 7 – As influências da tecnologia nas dimensões organizacionais

Seta Influências da tecnologia nas dimensões organizacionais

1 As dimensões organizacionais e individuais – estrutura, tamanho, desempenho,

centralização ou descentralização, satisfação com o trabalho, complexidade das tarefas,

habilidades, efetividade das comunicações, produtividade - são impactadas pela

tecnologia.

Fonte: elaborado pelo autor a partir de Aldrich (1972) e Orlikowski (1992)

O modelo ii) `` Escolha Estratégica ´´ sugere que a tecnologia não é um objeto

externo, mas um produto da contínua ação humana, no seu desenvolvimento e apropriação.

Dentro desta perspectiva são discerníveis três focos de pesquisa. O primeiro foco interpreta a

tecnologia como variável dependente, contingente a outras forças da organização,

principalmente a eficácia dos atores humanos. Em outras palavras como uma tecnologia

específica é fisicamente construída através das interações sociais e escolhas políticas dos

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atores humanos. A tecnologia não é imutável sob esta visão, mas influenciada pelo contexto e

pelas estratégias tecnológicas adotadas pelos decisores e usuários (ORLIKOWSKI, 1992;

PERROW, 1983; CHILD, 1972). A Figura 3 ilustra o modelo da escolha estratégica.

Figura 3 – O modelo da escolha estratégica

2

Tomadores de Decisões Tecnologia

1

Contexto Organizacional

Fonte: Orlikowski (1992) adaptado pelo autor

O Quadro 8 resume as influências do contexto organizacional e dos tomadores de

decisões sobre a tecnologia.

Quadro 8 – As influências do contexto organizacional sobre a tecnologia

Seta Influências do contexto organizacional sobre a tecnologia

1 A tecnologia como variável dependente de outras forças da organização como as

interações sociais (1) e escolhas políticas dos atores (2). 2

Fonte: elaborado pelo autor a partir de Orlikowski (1992)

De importância relevante nesta perspectiva são os estudos sócio-técnicos que partem

da premissa de que os resultados como produtividade e satisfação no trabalho podem ser

manipulados para que juntos sejam aprimorados os fatores sociais e técnicos do trabalho.

Aplica-se a mesma premissa para a tecnologia da informação propondo-se uma reestruturação

da organização em torno do potencial da informação. Esta análise está muito relacionada com

a competência dos agentes humanos (ORLIKOWSKI, 1992).

O segundo foco do modelo da escolha estratégica examina como surgem as

interpretações compartilhadas sobre uma tecnologia específica e como isto afeta o

desenvolvimento e a interação com esta tecnologia (ORLIKOWSKI, 1992). Finalmente o

terceiro foco neste modelo é representado pela corrente Marxista da tecnologia. Estes estudos

não são satisfatórios em examinar os modos como a tecnologia é apropriada e utilizada pelos

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funcionários e os modos não uniformes das suas ações organizacionais e estruturas

individuais.

O terceiro modelo denominado `` Tecnologia como Impulsionadora da Mudança

Estrutural´´ proposto por Barley (1986, 1990) sugere a relação entre tecnologia e estrutura. A

tecnologia é descrita como uma intervenção na relação entre agentes humanos e a estrutura

organizacional, com potencial para a mudança desta última (Figura 4).

Figura 4 – O modelo da tecnologia como impulsionadora da mudança estrutural

Estrutura Organizacional Estrutura Organizacional

(sem Tecnologia) (com Tecnologia)

1 2

Agentes Humanos Agentes Humanos

T1 T2

Fonte: Orlikowski (1992) e Barley (1986) adaptado pelo autor

O Quadro 9 resume a relação entre tecnologia e estrutura.

Quadro 9 – A relação entre tecnologia e a mudança estrutural.

Seta Tempo Influências da tecnologia na mudança estrutural

1 T1 A tecnologia é descrita como uma intervenção na relação entre agentes

humanos e a estrutura organizacional, com potencial para mudança desta

última.

2 T2

Fonte: do autor a partir de Orlikowski (1992) e Barley (1986).

Barley (1986) realizou um estudo de campo longitudinal para examinar a introdução

de uma tecnologia similar em diferentes organizações. Em cada uma das organizações

pesquisadas encontrou-se a tecnologia como impulsionadora da mudança da estrutura

departamental por meio da alteração do papel institucional e dos padrões de interação.

Comparando duas organizações e suas diferentes respostas a implementação de tecnologia

similar Barley (1986) demonstrou que de uma maneira metódica a tecnologia influencia a

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estrutura organizacional, mas sua influência depende do processo histórico no qual ela está

inserida. Dentro desta proposta a tecnologia pode ser entendida como um objeto social cujo

sentido é definido pelo contexto do seu uso. A forma física e funcional da tecnologia

permanece fixada ao tempo e contexto do uso (ORLIKOWSKI, 1992).

Avançando na compreensão do papel da tecnologia na organização e tomando como

referência a teoria social de Giddens (1984) e a filosofia da ciência de Bernstein e Bhaskar,

Orlikowski (1992) propôs um Modelo Estruturacional para a Tecnologia. Estruturação é um

processo social que envolve a interação recíproca entre atores humanos e as características

estruturais das organizações. A teoria da estruturação reconhece que os atores humanos são

autorizados e constrangidos pela estrutura, ainda que estas sejam resultado de ações prévias.

Segundo o modelo proposto por Orlikowski (1992) a tecnologia é criada, alterada e utilizada

por seres humanos para realizar algumas ações. A noção recursiva de tecnologia, denominada

dualidade da tecnologia (ORLIKOWSKI, 1992), constitui a primeira premissa do modelo.

Depois de desenvolvida e empregada, a tecnologia tende a tornar-se reificada e

institucionalizada, perdendo conexão com os agentes humanos que a construíram ou deram

sentido. Neste momento a tecnologia parece ser parte dos objetivos, propriedade estrutural da

organização. Corolário da primeira premissa, a segunda premissa, denominada flexibilidade

interpretativa, postula que a interação entre tecnologia e organização é função dos diferentes

atores e do contexto sócio-histórico que implica no seu desenvolvimento e uso

(ORLIKOWSKI, 1992). A dualidade é caracterizada por uma perspectiva dinâmica, ou seja,

a tecnologia evolui ao longo do tempo e do espaço na medida em que desenvolvedores e

usuários se inter-relacionam. Nestas circunstancias é comum os usuários tratarem a tecnologia

como um sistema fechado enquanto seus desenvolvedores tratam-na como sistema aberto. A

dualística visão da tecnologia como objeto ou como produto da ação humana é influenciada

por diferentes estágios temporais focados nas pesquisas. A descontinuidade tempo-espaço,

entre o desenvolvimento e o uso da tecnologia nos conduz a compreensão do dualismo

conceitual existente na literatura. A Figura 5, no seu lado esquerdo, ilustra o desenvolvimento

da tecnologia reconhecendo sua dinâmica e características contingenciais, por exemplo, nos

estudos de estratégia. No lado direito da Figura 5 considera-se a utilização da tecnologia,

focando como os usuários da tecnologia são influenciados por uma dada tecnologia e como

esta tecnologia afeta as características institucionais da organização.

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Figura 5 – Modelos tradicionais de desenvolvimento e uso da tecnologia

Descontinuidade Tempo-Espaço

Propriedades Institucionais Propriedades Institucionais

4

1

Tecnologia

Tecnologia

2 3

Desenvolvedores da Tecnologia Usuários da Tecnologia

Lado Esquerdo Lado Direito

Fonte: Adaptado pelo autor de Orlikowski (1992)

O Quadro 10 resume as influências institucionais e da tecnologia.

Quadro 10 – As influências institucionais e da tecnologia

Seta Influências institucionais e da tecnologia Figura 4

1 Desenvolvedores de tecnologia são influenciados

pelas características institucionais.

Lado esquerdo: projeto e

desenvolvimento

da tecnologia.

2 Modo de construção da tecnologia para atender objetivos

gerenciais.

3 Como os usuários são influenciados pela tecnologia.

Lado direito: uso da tecnologia.

4 Como a tecnologia afeta as características institucionais

da

organização.

Fonte: elaborado pelo autor a partir de Orlikowski (1992).

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O modelo estruturacional de tecnologia compreende (i) os agentes humanos – os

desenvolvedores da tecnologia, usuários e os tomadores de decisões; (ii) a tecnologia – os

artefatos materiais intermediários na execução das tarefas nos locais de trabalho; (iii) as

propriedades institucionais da organização – inclui as dimensões organizacionais tais como o

arranjo estrutural, ideologias, cultura, mecanismos de controle, procedimentos padrões de

operação, divisão do trabalho, padrões de comunicação, bem como regulações

governamentais, forças competitivas, estratégias de vendas, normas profissionais, situação do

conhecimento sobre tecnologia e condições sócio-econômicas. A Figura 5 ilustra o modelo

estruturacional de tecnologia, conforme proposto por Orlikowski (1992).

Figura 6 – O modelo estruturacional da tecnologia

Propriedades Institucionais

d

c Tecnologia

a

b

Agentes Humanos

Fonte: Orlikowski (1992) adaptado pelo autor

A relação indicada pela seta `` a ´´ ilustra a tecnologia como produto da ação criativa

humana. Uma vez criada a tecnologia espalha-se pelas organizações, mas mantendo-se

inanimada e não-efetiva, a menos que manipulada e dotada de sentido pelo elemento humano.

É apenas pela ação humana que a tecnologia pode ser entendida. Esta flexibilidade

interpretativa da tecnologia dá origem a dois modos de interação. No modo denominado

projeto os agentes humanos constroem esquemas interpretativos, artefatos e normas. No modo

uso os agentes humanos apropriam-se da tecnologia atribuindo significados compartilhados

que influenciam a apropriação dos esquemas interpretativos, artefatos e normas. Desta

maneira aqueles elementos influenciam a execução das tarefas.

A relação indicada pela seta ``b´´ ilustra a tecnologia como meio para a ação humana.

No entanto postula-se no modelo estruturacional dois diferentes significados para o impacto

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da tecnologia. Reconhece-se que a tecnologia não determina as práticas sociais. Por outro lado

o conhecimento da tecnologia condiciona a prática social, facilitando e restringindo. Esta

influência dualística conduz aos estudos da tecnologia como positiva ou negativa.

Uma influência concerne a natureza da ação humana na organização modelada pelo

contexto organizacional (relação c). Desenvolvendo, apropriando-se, modificando ou mesmo

resistindo a tecnologia os agentes humanos são influenciados pelas propriedades

institucionais. Tecnologia é construída e usada dentro de certo contexto social e circunstancias

históricas e sua forma e função expressam estas condições.

Por fim a relação indicada pela seta ``d´´ estabelece a maneira como as ações

humanas, no uso da tecnologia, sobrepõem-se as propriedades institucionais da organização.

Em muitos casos reforçando as propriedades institucionais e com menos freqüência

transformando-as. De acordo com Weick (1979) tecnologia é a representação do ambiente

cuja construção e uso é condicionada pelas estruturas organizacionais de significação,

dominação e legitimação. O Quadro 11 resume as interpretações para a tecnologia no Modelo

Estruturacional.

Quadro 11 – Resumo das interpretações das relações no Modelo Estruturacional.

Seta Interpretação do modelo estruturacional

a A tecnologia como produto da ação criativa humana podendo se espalhar pela organização quando

manipulada e dotada de sentido pelo elemento humano.

b A tecnologia como meio para a ação humana. O Modelo Estruturacional postula dois significados para o

impacto da tecnologia. A tecnologia não determina as práticas sociais, mas condiciona a prática social

facilitando ou restringindo.

c Desenvolvendo, apropriando-se ou resistindo a tecnologia o agente humano é influenciado pelas

propriedades institucionais.

d As ações humanas no uso da tecnologia sobrepõem-se as propriedades institucionais da organização,

reforçando-as e por vezes transformando-as.

Fonte: do autor a partir de Orlikowski (1992)

O modelo estruturacional proposto por Orlikowski (1992) é entendido como um

processo dinâmico histórico e contextualmente envolvido. Enquanto as relações e

componentes do modelo são consideradas relativamente estáveis, seu campo de ação,

conteúdo e poder relativo variam no tempo. O processo de estruturação além de dinâmico é

tido como dialético, o que pode significar inerentemente contraditório. Reconhecer as

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contradições nos ajuda a entender as tensões e instabilidades nas organizações e como estas

interagem na mudança e na transformação organizacional.

2.3 Tecnologias, rotinas e competências organizacionais

Tecnologia não significa necessariamente o envolvimento com equipamentos e

materiais, mas pode ser com uma técnica de produção para fazer algo, como um programa ou

uma receita. Muitas das tecnologias discutidas em conferencias, por exemplo, tendem a ser

denominadas práticas de negócios. Outras tecnologias mais complexas e sofisticadas,

descritas em textos de engenharia, envolvem o aprender- fazendo.

Apesar de em alguns casos, como em uma receita culinária, por exemplo, um só

individuo possuir todas as habilidades exigidas para a execução da tarefa até a obtenção do

resultado, isto não constitui a generalidade dos casos envolvendo tecnologias industriais. As

exigências de conhecimento e habilidades estão distribuídas entre muitos indivíduos e é

crucial a importância das suas participações no processo (DOSI; GRAZZI, 2010). O caráter

distributivo da tecnologia limita a precisão da representação da natureza da tecnologia como

receita. É necessário considerar sua dimensão processual (DOSI; GRAZZI, 2010), o que

envolve procedimentos para solução de problemas. A representação da tecnologia como

receita não exaure a descrição do que é tecnologia, pois muitas tecnologias não têm uma

descrição do seu todo como prescrição. Esta observação aplica-se a tecnologias

implementadas individualmente e aos procedimentos distribuídos por uma multiplicidade de

indivíduos (DOSI; GRAZZI, 2010). Ao contrário, os procedimentos por meio dos quais as

organizações produzem coisas ou oferecem serviços, tipicamente envolvem rotinas

organizacionais (NELSON; WINTER, 1982; COHEN et al., 1996; TEECE; PISANO;

SHUEN, 1997; BECKER et al., 2005). O construto rotinas aparece nas pesquisas gerenciais

como variável-chave independente sobre o desempenho organizacional (FELLIN; FOSS,

2009). Apresentando-se ainda como bloco construtor de conceitos de alto nível, como por

exemplo, a capacidade organizacional (FELLIN; FOSS, 2009; WINTER, 2003; ZOLLO;

WINTER, 2002; TEECE; PISANO; SHUEN, 1997; NELSON; WINTER, 1982). O uso

freqüente do construto rotinas organizacionais aparece no gerenciamento estratégico

(EISENHARDT; MARTIN, 2000) e na teoria organizacional (LEVITT; MARCH, 1988).

Destaca-se ainda sua importância na economia evolucionária fonte da sua argumentação

(COHEN et al., 1996; NELSON; WINTER, 1982).

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Nelson e Winter (1982) abordam as rotinas organizacionais sob diferentes

perspectivas. Sob uma das perspectivas a rotina é tecnologia definida em termos amplos por

Winter (1986) como o modo de fazer as coisas. Há diferentes maneiras de definir rotinas

organizacionais (FELIN; FOSS, 2009). Teece (2008) apresenta rotinas como padrões de

interação para soluções de sucesso para problemas específicos. Estes padrões de interação são

característicos do comportamento do grupo, ainda que algumas sub-rotinas sejam

características do comportamento individual.

A conceituação que melhor define rotinas organizacionais, na perspectiva de Fellin e

Foss (2009), é a elaborada por Cohen et al. (1996) que estabelece rotinas como uma

capacidade executável, para desempenho repetitivo dentro de algum contexto, que foi

aprendida pela organização em resposta a pressões seletivas. A definição sugere rotinas como

construto de nível coletivo, usualmente uma organização, que incorpora aprendizado

prioritário e ativação e seleção pelo ambiente.

De acordo com Nelson e Winter (1982) a rotinização das atividades organizacionais

constitui a mais importante fonte de armazenagem do conhecimento operacional específico no

sentido de que representa uma solução de sucesso para um problema específico (ZOLLO;

WINTER, 2002; FELDMAN, 2000; TEECE; PISANO, 1994). As rotinas nos permitem

entender como o conhecimento produtivo das firmas, em particular o conhecimento tácito é

armazenado, aplicado, decai e muda (BECKER, 2001). Pesquisas empíricas suportam a idéia

de que as rotinas organizacionais contêm conhecimento tácito (COHEN; BACDAYAN,

1994).

Além disto as rotinas organizacionais têm aspectos sociais e tecnológicos

freqüentemente interconectados que podem ser relacionados ao modo como as organizações

desempenham suas tarefas. Entre as tarefas realizadas pelas organizações os problemas

técnicos e os problemas organizacionais podem ser distinguidos (WEICK; ROBERTS, 1993;

BECKER et al., 2005).

Importante ainda foi a introdução da noção de competência para servir como meta-

rotina ou rotinas de segunda ordem (FELLIN; FOSS, 2009; WINTER, 2003). Estas

capacidades refletem a habilidade reflexiva da organização em revisar o fazer das rotinas,

particularmente em ambientes de mudanças dinâmicas (FELLIN; FOSS, 2009).

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Sob outra perspectiva as rotinas são competências organizacionais (NELSON;

WINTER, 1982). Esta perspectiva envolve conhecimento compartilhado de uma comunidade

tecnológica que transcende a organização individual que emprega a tecnologia ou o papel das

habilidades e conhecimentos dos seres humanos envolvidos no fazer (NELSON; WINTER,

1982). Desenvolver um grupo de operações efetivo é com freqüência um problema desafiador

e que uma vez alcançado o resultado requer manutenção. Neste sentido o domínio de uma

rotina complexa é uma competência organizacional (WINTER, 2003; ZOLO; WINTER,

2002).

2.4 As competências e as capacidades organizacionais

De acordo com Dosi et al. (2000) o termo capacidade flutua na literatura

organizacional como um iceberg na névoa do Ártico. Um iceberg entre muitos outros, difícil

de reconhecer como diferente no contexto em que está inserido. Conceitos como

competências, capacidades e rotinas podem ser definidos com mais precisão se ligados a

novas observações empíricas como fronteiras da firma, estrutura da cadeia de valor ou

estrutura organizacional (DOSI et al., 2000).

A partir dos anos 1990 a nova ordem econômica acelera a competição, a baixa

previsibilidade dos negócios e a intensificação dos serviços, fez com que tomasse forma uma

nova noção de competência. Competência passou a referir-se de modo predominante ao

desenvolvimento de capacidades a serem mobilizadas em situações de baixa previsibilidade

nos negócios. A noção de competência torna-se então da capacidade de combinar e mobilizar

recursos para o enfrentamento a uma situação específica. A nova ação de combinação de

recursos é uma competência resultante do aprendizado.

Competências organizacionais e capacidades organizacionais interpretadas como

aprendizado e padrões estáveis de atividades coletivas têm um efeito substancial na

perspectiva de longo prazo de muitas organizações (SALVATO, 2009; AGARWAL;

HELFAT, 2009). Interpretadas como aprendizado e padrões estáveis de atividades coletivas

as competências ou capacidades incorporam a maior parte do conhecimento idiossincrático

que define as diferentes taxas de sucesso entre as organizações (SALVATO, 2009).

Independente da sua importância os termos competências organizacionais e capacidades

organizacionais estão envolvidos em controvérsias conceituais.

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Para o mundo organizacional o termo competência adquire significados diferentes. Por

vezes o significado está ligado a características pessoais como conhecimentos, habilidades e

atitudes. Outras vezes o significado se apresenta ligado à tarefa, aos resultados (FLEURY, A.;

FLEURY, M.., 2004). Os autores (FLEURY, A.; FLEURY, M., 2004) então conceituam

competência como a habilidade de construir alguma coisa a partir de blocos denominados

recursos. Pesquisadores pioneiros (PENROSE, 2006; WERNERFELT, 1984; BARNEY,

1986; ITAMI, 1987) definiram a capacidade organizacional como um conjunto específico de

recursos como tecnologias, patentes, canais e marcas.

Os primeiros trabalhos nos campos do gerenciamento estratégico e da teoria das

organizações interpretaram os termos competências e capacidades organizacionais como

equivalentes (WERNERFELT, 1984; BARNEY, 1986, 1991; NELSON, 1991; RUMELT,

1991; LEONARD-BARTON, 1992; TEECE, 1988; KUSUNOKI; NONAKA; NAGATA,

1998).

Para Coriat e Dosi (2002) os conceitos de competência e capacidade organizacional

apontam para a mesma direção. Ambos os conceitos estão amplamente focados na habilidade

da firma quanto ao equilíbrio entre a continuidade e a mudança em suas capacidades. Os

autores (CORIAT; DOSI, 2002) não defendem um purismo terminológico, consideram-se

satisfeitos com o não surgimento de ambigüidades no uso analógico dos termos capacidade e

competência. Abordada de maneira ampla a noção de competências torna-se indistinguível da

noção de capacidades.

Dosi, Faillo e Marengo (2008) assumem a equivalência entre os termos competência e

capacidade, mas ressalvando que capacidade é uma unidade de análise para grandes escalas

(DOSI; CORIAT; PAVITT, 2000), com resultados expressos em termos significativos e

formados por decisão consciente quanto ao desenvolvimento e desdobramentos.

Dentre as várias definições dadas para as capacidades ou competências

organizacionais há dois aspectos comuns que devem ser ressaltados. O primeiro aspecto

refere-se ao fato de que a capacidade organizacional está imersa nas rotinas da firma e as

rotinas são um produto da organização como um todo (COLLIS, 1994; NELSON; WINTER,

1982; DOSI; TEECE; WINTER, 1990). A capacidade organizacional não se manifesta

somente na estrutura corporativa observável, mas reside na cultura corporativa e na rede de

relacionamentos dos funcionários (COLLIS, 1994). A capacidade está além do individual e

não é redutível a memória do individuo (TEECE, 1982). O segundo aspecto abordado pelas

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definições de capacidades envolve a transformação física das entradas no processo em

resultados destes processos dentro da `caixa preta´da firma. Sob este aspecto a capacidade

organizacional funciona como um complemento organizacional dos determinantes

tecnológicos da eficiência da produção (COLLIS, 1994). Melhores capacidades, do mesmo

modo como melhores tecnologias, permitem a firma ser mais eficiente ou efetiva nas

atividades necessárias para produzir e entregar os produtos e serviços para os clientes.

Existem várias definições para o conceito de capacidade organizacional, mas a maior parte

das pesquisas é direcionada para os seguintes aspectos: i) capacidades organizacionais são

difíceis de obter e copiar no mercado, por terem características específicas da firma; ii)

capacidades organizacionais são acumuladas a longo prazo e por meio de aprendizado

contínuo; iii) capacidades organizacionais tem potencial para tornarem-se fonte de vantagem

competitiva sustentável a longo prazo (KUSUNOKI; NONAKA; NAGATA, 1998). No

Quadro 12 resumimos várias definições de capacidades e competências organizacionais

mantendo os termos originais, competências ou capacidades, utilizadas pelos autores.

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Quadro 12 – Capacidades e competências organizacionais

Capacidades e Competências Organizacionais

Capacidades da organização são os repertórios dos membros da organização que estão associados a posse de

conjuntos particulares de recursos incluindo a habilidade de utilizar estes recursos produtivamente (NELSON;

WINTER, 1982)

Capacidades são as características organizacionais para conceber, escolher e implementar estratégias (BARNEY,

1992)

Capacidade é uma das três disciplinas de valor – excelência operacional, relacionamento com os clientes,

liderança em produtos (TREACY; WIERSEMA, 1993)

Capacidades são as habilidades de coordenar e empregar recursos a fim de alcançar os objetivos da firma

(AMIT; SCHOEMAKER, 1993)

Capacidades organizacionais são capacidades da firma em organizar, coordenar ou governar conjuntos

específicos de atividades (DOSI; TEECE, 1993)

Capacidades são as habilidades da organização em empregar recursos e desenvolver novos produtos e serviços

(HENDERSON; COCKBURN, 1994)

Capacidade é a habilidade da organização em aprender, adaptar-se, mudar e renovar-se todo o tempo (TEECE et

al., 1994)

Capacidades organizacionais são rotinas socialmente complexas que determinam a eficiência com que a firma

fisicamente transforma entradas em resultados (COLLIS, 1994)

Competências organizacionais são padrões de práticas correntes e aprendizado por meio dos quais ativos

específicos da firma são grupados em conjuntos integrados (TEECE; PISANO; SHUEN, 1997)

Conjunto diferenciado de habilidades tecnológicas, ativos complementares e rotinas que provêem as bases para

as capacidades competitivas da firma em um ou mais negócios (TEECE, 1988)

Capacidade organizacional refere-se a habilidade da firma em desempenhar a coordenação de um conjunto de

tarefas, utilizando recursos organizacionais, com a finalidade de alcançar um determinado resultado final

(HELFAT; PETERAF, 2003)

Fonte: do autor.

Collis (1994) classifica as definições de capacidades em três categorias. Na primeira a

capacidade reflete uma habilidade de desempenho de atividades funcionais básicas, como

logística de distribuição ou marketing, onde a firma se mostra mais eficiente do que os

concorrentes. Na segunda categoria a capacidade divide o tema comum de implementação da

dinâmica de atividades da firma. E a última categoria de capacidades relaciona-se com as

melhorias da dinâmica organizacional compreendendo estratégias metafísicas que habilitam a

firma a reconhecer valores intrínsecos de outros recursos ou a desenvolver novas estratégias

antes dos competidores.

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As variações entre recursos individuais ou capacidades locais (KUSUNOKI;

NONAKA; NAGATA, 1998) e como utilizar as capacidades existentes na firma indicam que

há muitos tipos de capacidades organizacionais. Do ponto de vista de Kusunoki, Nonaka e

Nagata (1998) as capacidades organizacionais consistem de vários tipos de conhecimento que

são criados e acumulados pela organização. A idéia central é que o conhecimento que forma

a capacidade organizacional não pode ser entendido como entidade única, mas como uma

estrutura de múltiplas camadas. Diferentes camadas de conhecimento resultam em diferentes

tipos de capacidades organizacionais. O conhecimento que forma a capacidade organizacional

apresenta simultaneamente três camadas. A primeira camada denominada base de

conhecimento inclui o conhecimento individual que supre as capacidades locais

(KUSUNOKI; NONAKA; NAGATA, 1998). A segunda camada denominada estrutura de

conhecimento, captura a ligação entre o conhecimento individual e suas prioridades. Esta

camada foca na estrutura organizacional e nas estratégias que determinam este padrão estável.

A capacidade organizacional derivada é denominada capacidade arquitetural (KUSUNOKI;

NONAKA; NAGATA, 1998). A última camada denominada dinâmica do conhecimento é a

fonte da capacidade de processo. Esta camada concentra-se nas interações dinâmicas entre as

unidades individuais do conhecimento que são combinadas e transformadas (KUSUNOKI;

NONAKA; NAGATA, 1998). A Figura 7 ilustra as capacidades organizacionais como

camadas do conhecimento.

Figura 7 – Capacidades organizacionais como camadas do conhecimento

Processo Arquitetural Local

Fonte: Kusunoki, Nonaka, Nagata (1998) adaptado pelo autor

Dinâmica

do

Conhecimento

Estrutura

do

Conhecimento

Base

do

Conhecimento

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Para Helfat e Peteraf (2003) as capacidades organizacionais evoluem e mudam ao

longo do tempo de maneira importante sendo então classificadas como operacionais ou

dinâmicas. Capacidades operacionais segundo Winter (2000) são rotinas de alto nível (ou uma

coleção de rotinas) que juntas implementam o fluxo de entrada no processo dando aos

gestores da organização um conjunto de opções para tomada de decisão na produção de um

resultado particular. Capacidades dinâmicas como definidas por Teece, Pisano e Shuen

(1997) não envolvem produção de um bem ou serviço para o mercado. A capacidade

dinâmica constrói, integra ou reconfigura a capacidade operacional contribuindo para o

resultado da firma por seu impacto na capacidade operacional (TEECE; PISANO; SHUEN,

1997). É importante observar que a construção e a mudança da capacidade não exigem o

desenvolvimento da capacidade dinâmica, até mesmo porque esta não existe em uma nova

organização (HELFAT; PETERAF, 2003).

Operacionais ou dinâmicas as capacidades incluem dois tipos de rotinas: aquelas

voltadas para o desempenho das tarefas individuais e aquelas rotinas voltadas para a

coordenação das tarefas individuais. A necessidade de coordenação das tarefas implica no

envolvimento de esforços do individuo e do grupo na coordenação. O ciclo de vida das

capacidades descreve o padrão geral e o conjunto de possibilidades que caracterizam a

evolução das capacidades de uma equipe (HELFAT; PETERAF, 2003).

Para efeito deste estudo faremos distinção entre capacidades e competências.

Capacidades passam então a serem entendidas como potenciais do individuo quanto a

acumulação de novos conhecimentos e habilidades (VON TUNZELMANN; WANG, 2003).

As competências passam a serem vistas como ações que mobilizam conhecimentos,

habilidades e experiências para produzir bens e serviços ou para atender exigências de um

determinado contexto, como por exemplo, a fundação de uma empresa. É esta mobilização de

conhecimentos, habilidades e experiências que distingue a capacidade da competência. Desta

maneira utilizaremos os mesmos indicadores para os dois construtos. Abordaremos então

competência como ações do individuo na provisão e produção no contexto em que se insere

(FLEURY, A.; FLEURY, M., 2004). A Figura 8 ilustra a passagem das capacidades para

competências.

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Figura 8 – A transição das capacidades para as competências

Potencial Ação

Aprendizagem

Experiências Capacidades Competências Nova organização

Habilidades

Tempo T Tempo T1

Fonte: do autor.

2.4.1 As competências individuais e as competências coletivas

O foco do presente estudo está dirigido para a investigação da influência das

competências tecnológicas desenvolvidas pelos fundadores no surgimento de uma nova

organização. Para as empresas em surgimento devemos considerar a observação de Becker e

Lacombe (2006) para quem em empreendimentos de base tecnológica, em estágio

embrionário de desenvolvimento, criador e criatura são indissociáveis. Ou seja as

competências do negócio e do empreendedor se confundem. Neste contexto adquire

relevância o entendimento de como as competências individuais dos membros do grupo

fundador articulara-se em competências coletivas do mesmo grupo. A evolução do tema

competências coletivas na ciência da administração ganhou notoriedade a partir dos anos

2000 dando origem a diferentes concepções do conceito de competências coletivas em um

processo ainda de apropriação pela academia (MICHAUX, 2011).

Segundo Michaux (2011) a concepção dominante para o conceito está vinculada ao

fenômeno da aprendizagem coletiva na ação. Fenômeno este que resulta da adaptação do

grupo às mudanças mais diversas, que abrangem desde o contexto das práticas profissionais e

da mobilização das competências ao quotidiano profissional (MICHAUX, 2011). De acordo

com Pirola-Merlo e Mann (2005) qualquer tipo de projeto requer equipes multidisciplinares

com diferentes membros em diferentes áreas do conhecimento. Estes grupos usualmente

interagem para compartilhar e desenvolver idéias, bem como para integração dos diferentes

componentes das tarefas desenvolvidos independentemente (PIROLA-MERLO; MANN,

2005).

Dejoux (2000), citado por Michaux (2011), estabelece que da interação das

competências individuais emerge a competência coletiva, que na interação com outras

competências coletivas dá origem as competências organizacionais. Uma visão mais ampla

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nos é dada por Orlikowski (2002) quando estabelece que as competências não são

propriedades dadas ou fixadas. As competências são constituídas nas práticas do dia a dia

pelos membros da organização, que nós neste estudo interpretamos como os membros do

grupo fundador. Orlikowski (2002) então nos oferece uma alternativa à interpretação de

competência. Na visão convencional a competência é uma propriedade estável de um

individuo específico. Assim quando o desempenho não corresponde ao esperado a

justificativa para a falha está no erro humano ou no funcionamento inadequado do

equipamento (ORLIKOWSKI, 2002). Se, contudo a habilidade é vista como um ativo em

construção, a sua presença não é presumida e a sua ausência não é motivo para falha das

partes. Quando a habilidade no desempenho é vista como um envolvimento dinâmico do

individuo com o ambiente, em um tempo e local determinados, a ausência ou presença é

interpretada como emergente da prática. O foco então está em entender as condições,

humanas, sociais, estruturais, financeiras, tecnológicas e de infraestrutura, sob as quais o

desempenho das habilidades é mais ou menos provável de realizar-se (ORLIKOWSKI, 2002).

A Figura 9 ilustra a transição entre as competências.

Figura 9 - Das competências individuais às competências organizacionais.

Competências → Competências → Competências

individuais coletivas organizacionais

Fonte: Adaptado pelo autor de Retour et al. (2011)

A articulação proposta por Michaux (2011) entre as competências individuais e as

competências coletivas toma como referência a teoria do capital social. Esta teoria considera o

capital humano, como o conjunto das competências individuais, e o capital social, como o

referencial de conhecimentos que permite as interações relevantes, como dimensões

independentes. Segundo Tyler (2001) o capital humano é baseado no conhecimento explicito,

o conhecimento que pode ser descrito, ou no conhecimento tácito, o que não pode ser

descrito.

Para Coleman (1988), em artigo seminal, todo individuo controla alguns recursos que

podem ser incrementados se transacionados com outros indivíduos que lhe dêem acesso a

recursos de que não dispõem e que são do seu interesse. A estrutura social transforma-se

então em recursos e fontes de resultados individuais. Algumas das características da

organização social, como valores e normas compartilhadas, constituem capital social, um

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recurso para atingir objetivos coletivos, como a geração de uma nova organização

(MICHAUX, 2011; COLEMAN, 1990, 1988). Coleman (1990) executou uma comparação

entre capital físico, capital humano e capital social. O capital físico é criado por meio de

mudanças materiais que dão forma aos instrumentos que possibilitam a produção, enquanto o

capital humano é desenvolvido por meio das pessoas, adquirindo habilidades e competências

que permitem outra forma de atuação. O capital social é desenvolvido quando as relações

entre as pessoas mudam para facilitar as ações. Para Coleman (1990) o capital físico e o

capital humano facilitam a atividade produtiva e o capital social torna melhor esta atividade.

O Quadro 13 resume a exposição destas evidencias citadas por Coleman (1990).

Quadro 13 – O desenvolvimento dos capitais físico, humano e social.

Mudanças Desenvolvimento

de

Capitais

Novas formas Atividade

Produtiva

Mudanças materiais Físico Instrumentos Facilidade

de produção Pessoas desenvolvendo novas

habilidades e competências

Humano Atuação

Mudanças nas relações Social Ações Melhor produção

Fonte: do autor com base em Coleman (1990).

Desta maneira as competências coletivas podem ser vistas como a capacidade de

coordenar, de integrar saberes e saberes-fazer, de cooperar e de resolver problemas no âmbito

do grupo (MICHAUX, 20011).

No âmbito da abordagem da administração estratégica o conceito de competência

coletiva tem assumido papel relevante na compreensão das competências organizacionais.

2.4.2 As capacidades e as competências tecnológicas

A capacidade tecnológica das firmas tem sido nas últimas décadas vista como um

recurso estratégico superior na obtenção da vantagem competitiva na indústria

(HENDERSON; COCKBURN, 1994; NELSON, 1991; TSAI, 2004).

Os benefícios da capacidade tecnológica inovadora tinham sido detectados desde a

Revolução Industrial inglesa, mas a importância da inovação só foi destacada por

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Schumpeter na década de 1930. Aspectos não abordados por Schumpeter, como fontes de

inovação, características das firmas inovadoras, melhoria contínua, foram tratados por estudos

empíricos e conceituais a partir dos anos 1950 sob a abordagem baseada nos recursos

(VEDOVELLO; FIGUEIREDO, 2006; PENROSE, 2006).

Estudos sistemáticos no campo da gestão e da economia a partir dos anos 1970

iniciaram o exame do papel da mudança tecnológica no desempenho dos países e das

organizações com a nova perspectiva sendo conhecida como neo-schumpeteriana ou

evolucionária (NELSON; WINTER, 1982; DIERICKX; COOL, 1989; TEECE; PISANO;

SHUEN, 1997; PAVITT, 1984; VEDOVELLO; FIGUEIREDO, 2006). Estes estudos

culminaram em meio aos anos 1990, sob a visão de recursos e a perspectiva evolucionária, em

um novo conjunto de estudos sobre acumulação tecnológica e a base organizacional da

aprendizagem (VEDOVELLO; FIGUEIREDO, 2006).

Dosi e Teece (1993) definiram competência tecnológica como a habilidade em projetar

e desenvolver produtos, processos e operar instalações de produção com eficiência. Os

autores (DOSI; TEECE, 1993) argumentam que a proficiência técnica é certamente um

critério para definir competência. Contudo esta proficiência está apoiada fundamentalmente

nas competências do aprendizado e da coordenação. Esta competência tipicamente tem

significativos componentes tácitos, o que a torna relativamente protegida de replicações

(PIERCE; BOERNER; TEECE, 2008). A organização torna-se superior no domínio particular

de uma tecnologia se possuí determinadas capacidades organizacionais como a alocação dos

recursos nos projetos mais promissores; a capacidade de aproveitar a experiência dos projetos

anteriores; a contratação e promoção dos recursos humanos; como integra novos

conhecimentos de fontes externas e como gerencia um conjunto de atividades relativas à

tecnologia de resolução de problemas (DOSI; TEECE, 1993).

Há consideráveis discussões na literatura sugerindo que as competências em alta tecnologia

particularmente são baseadas no conhecimento tácito e estão sujeitas a consideráveis

incertezas quanto a qualidade e desempenho (PIERCE; BOERNER; TEECE,2008; DOSI,

1982; NELSON; WINTER, 1982). Como resultado tem se que competências em alta

tecnologia são difíceis para aquisições em transações diretas no mercado ou para

transferências internas em novos usos (TEECE, 1982). De acordo com Tsai (2004) uma

conceituação ampla de competência tecnológica pode ser realizada por meio da ligação entre

conhecimento tecnológico e a habilidade de desenvolver novos produtos ou processos

utilizando conhecimentos de produção para alcançar altos níveis de eficiência. Encontramos

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esta conceituação ampla em Bell e Pavitt (1993, 1995) que conceituaram competência

tecnológica como incorporadora dos recursos necessários para gerar e gerir as mudanças

tecnológicas, baseando-se nas conceituações anteriores de Lall (1992), Bell (1982) e Scott-

Kemmis (1988). No Quadro 14 são mostradas as principais definições de capacidades

tecnológicas.

Quadro 14 – Conceituações para capacidades tecnológicas

Autores Conceituação para capacidades tecnológicas

Katz (1976) É a atividade inventiva ou o esforço criativo sistemático para obter novos conhecimentos

em nível de produção.

Bell (1982); Scott-

Kemis (1988)

São os conhecimentos incorporados nos funcionários, nas instalações, nos sistemas

organizacionais, visando mudanças, tanto na produção quanto nas técnicas utilizadas.

Lall (1982; 1987) É o esforço tecnológico para dominar novas tecnologias adaptando-as as condições

locais, aperfeiçoando-as e até mesmo exportando-as.

Bell; Pavitt (1993);

Lall (1992)

São os conhecimentos e habilidades que a firma necessita para adquirir, usar, adaptar,

melhorar e criar tecnologia.

Howells (1994);

Kim (2005)

É a habilidade da firma em desenvolver e usar conhecimento de pesquisa cientifica na

produção.

Kim (1997) A habilidade em fazer uso efetivo do conhecimento tecnológico em esforços para

assimilar, usar, adaptar e mudar a tecnologia existente.

Figueiredo (2002) São os recursos que permitem a firma gerar inovações em produtos, processos e projetos

de engenharia e, além disto, discutir a trajetória de acumulação da capacidade

tecnológica.

Ianmarino; Padilla-

Perez;

Tunzelmann (2003)

São os conhecimentos e habilidades inseridas nos indivíduos, organizações e instituições

localizadas em uma área geograficamente limitada e pronta para produzir atividades

inovadoras.

Fillipetti; Peyrache

(2011)

É o conhecimento, as competências e as habilidades da firma para adquirir, adaptar e

melhorar a fim de criar tecnologia.

Fonte: do autor

Dentro da conceituação ampla de capacidade tecnológica recomendada por Tsai

(2004) temos a definição de Vedovello e Figueiredo (2006) onde a capacidade tecnológica

pode ser entendida como os recursos necessários para produzir e administrar inovações nos

processos, na organização da produção, no sistema organizacional, nos produtos, nos

equipamentos e nos projetos de engenharia. Os recursos são acumulados e se incorporam nos

indivíduos sob a forma de competências, conhecimentos e experiência, e nas rotinas, nos

procedimentos e no sistema organizacional da firma (VEDOVELLO; FIGUEIREDO, 2006).

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55

2.4.3 As dimensões e as medidas da capacidade e da competência tecnológica

Gradualmente tem aumentado o número de estudos quantitativos sobre competências

tecnológicas, complementando a considerável literatura existente para o entendimento da área

sob a perspectiva qualitativa (TSAI, 2004).

Figueiredo (2001), Bell e Pavitt (1993, 1995) e Lall (1992) sugerem que a capacidade

tecnológica de uma organização ou do setor da indústria está acumulada em quatro

componentes. Primeiramente em seus sistemas físicos representados por máquinas,

equipamentos, tecnologia da informação e plantas industriais. Em segundo lugar pelos

indivíduos com seu conhecimento tácito, experiências e habilidades. Esta dimensão é também

conhecida como capital humano da organização. Em terceiro lugar pelo sistema

organizacional relacionado ao conhecimento acumulado nas rotinas organizacionais e de

gestão, nos procedimentos, nas instruções, na documentação e na implantação de técnicas.

Finalmente a capacidade tecnológica está acumulada nos produtos e serviços desenvolvidos

pela organização, constituindo estes a parte mais visível da capacidade tecnológica

(VEDOVELLO; FIGUEIREDO, 2006). A Figura 10 ilustra a relação entre os elementos que

evidenciam a acumulação da capacidade tecnológica.

Figura 10 – Dimensões da capacidade tecnológica

Sistemas físicos

Sistema organizacional Capacidade tecnológica Indivíduos

Produtos e serviços

Fonte: Figueiredo (2001, 2002) adaptado pelo autor.

Toda a atividade de desenvolvimento de um produto ou serviço reflete-se nos outros

três componentes da capacidade tecnológica mostrando uma relação de integração entre os

mesmos.

A capacidade tecnológica tem uma natureza disseminada, abrangente, intrinsecamente

contextual à organização, à região ou país onde foi desenvolvida (PENROSE, 2006;

NELSON; WINTER, 1982; DOSI, 1988; VEDOVELLO; FIGUEIREDO, 2006). De acordo

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56

com Vedovello e Figueiredo (2006) estas características da capacidade tecnológica invalidam

o termo ``transferência´´ de tecnologia por dar a impressão errada de mudança automática de

um contexto a outro. A real transferência dá-se por gestão da aquisição, da instalação e da

operação da nova tecnologia para a organização, por meio de um processo continuo e

sistemático de aprendizagem por parte da organização receptora. Este processo de

aprendizagem, por vezes esquecido nas estratégias de inovação, contribui para a

heterogeneidade do desenvolvimento tecnológico entre as organizações, principalmente nas

economias em desenvolvimento (VEDOVELLO; FIGUEIREDO, 2006). A heterogeneidade

na distribuição das competências tecnológicas na indústria, sua difícil aquisição no mercado e

sua difícil ou impossível imitação, constituem a chave da importância estratégica das

competências tecnológicas (PIERCE; BOERNER; TEECE, 2008; DOSI, 1982; NELSON;

WINTER, 1982).

A mensuração da capacidade tecnológica para organizações, setores industriais e

países tem sido realizada por indicadores relacionados tanto com a base de pesquisa e

desenvolvimento quanto com as patentes. Muitos destes estudos têm sua fundamentação,

segundo Vedovello e Figueiredo (2006), na literatura desenvolvida por Cohen e Levinthal

(1990) sobre atividades de inovação nas organizações. Neste caso estamos relacionando a

capacidade tecnológica com os gastos em pesquisa e desenvolvimento, com as qualificações

formais dos indivíduos alocados nos laboratórios de pesquisa e desenvolvimento e com os

registros de patentes internacionais ou ainda uma combinação de todos estes indicadores

(VEDOVELLO; FIGUEIREDO, 2006). Esta combinação de gastos em pesquisa e

desenvolvimento, educação, qualificação de pesquisadores e engenheiros e aplicação de

capital têm sido utilizadas no Brasil pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

para gerar a base Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica (PINTEC).

Estes indicadores, combinados ou não, apresentam, segundo Bell e Pavitt (1993) e

Figueiredo (2001, 2003), limitações. As atividades de pesquisa e desenvolvimento não são

relevantes internacionalmente nas economias em desenvolvimento comprometendo o uso dos

indicadores de competências tecnológicas. Sem exportações de produtos especializados e de

marca própria há limitações no uso dos indicadores de patentes para estas economias. Outra

limitação apresentada pelos indicadores convencionais vincula-se ao seu caráter estático por

examinarem a capacidade tecnológica pontualmente. Esta abordagem não permite uma visão

do processo de acumulação tecnológica (VEDOVELLO; FIGUEIREDO, 2006).

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Devido às limitações das métricas tradicionais acima citadas foram desenvolvidas

alternativas de mensuração por Dahlman et al. (1987), Lall (1992) tomando como base a

categorização das capacidades tecnológicas da organização por funções. Um avanço

significativo no modelo sob o ponto de vista empírico foi proposto por Figueiredo (2001) ao

examinar as diferenças entre modos e velocidade de acumulação tecnológica nas empresas

produtoras de aço. O modelo permite a identificação e medição da capacidade tecnológica

com base nas atividades que a empresa é capaz de realizar ao longo da sua existência

(VEDOVELLO; FIGUEIREDO, 2006). Distinguem-se então duas modalidades de

capacidades. As capacidades de rotina, que são aquelas que possibilitam o uso e operação da

tecnologia e dos sistemas de produção. E as capacidades inovadoras que são aquelas que

possibilitam a geração e a gestão da mudança tecnológica (VEDOVELLO; FIGUEIREDO,

2006; IAMMMARINO; PADILLA-PÉREZ; VON TUNZELMANN, 2003).

O modelo proposto por Figueiredo (2001) consiste em um quadro apresentando sete

níveis de capacidade tecnológica – básica, renovada, extra-básica, pré-intermediária,

intermediária, intermediária superior e avançada e além disso o modelo considera cinco

funções tecnológicas. As funções tecnológicas descritas são: decisão e controle sobre a planta

e engenharia de projetos, denominadas investimentos; processos e organização da produção;

produtos; equipamentos. A aplicação empírica do modelo permite captar dois diferentes tipos

de trajetória tecnológica. A resultante da crescente complexidade dos produtos e serviços e do

aumento do valor agregado a eles. E a trajetória referente ao aprofundamento do nível da

capacidade tecnológica desde a produção básica ao desenvolvimento dos produtos e dos

processos industriais (VEDOVELLO; FIGUEIREDO, 2006). O modelo descrito apresenta-se

como adaptado para aplicação empírica na indústria de aço, mas como enfatizam os autores o

modelo tem sido adaptado para estudos sobre desenvolvimento tecnológico em outros setores

da indústria.

Iammarino, Padilla-Pérez e von Tunzelmann (2008) evoluíram a partir de Lall (1992),

Bell e Pavitt (1995), Ariffin e Figueiredo (2003), para uma taxonomia que classifica as

capacidades tecnológicas da firma em três níveis – básico, intermediário e avançado – de

acordo com a complexidade tecnológica.

A aplicação empírica dos modelos pode responder questionamentos desde o nível

atual da empresa quanto a capacidade tecnológica, passando por uma avaliação da distancia

da empresa em relação à fronteira tecnológica internacional (VEDOVELLO; FIGUEIREDO,

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2006), bem como o nível de competência tecnológica necessário para o surgimento de uma

nova organização.

O Quadro 14 resume as dimensões atribuídas pelos autores às competências tecnológicas.

QUADRO 14 – Dimensões das competências tecnológicas

Kakati

(2003)

Danneel

s

(2002)

Oakey

(2003)

Sandbe

rg

(2000)

Afuah

(2002)

Tang

Ko;

Peng

Lu

(2010)

Miyazak

i (1999)

Park

(2005)

Vedovel

lo;

Figueire

do

(2006)

Souita

ris

(2002)

- tecnologia

-

especializa

ções

-

desenvolvi- -mento de

produtos

conhecime

nto de

engenharia

e projeto

conhecime

nto de manufatur

a

projeto de

produtos

projeto de

equipamentos para

processos

procedime

ntos para

controle da qualidade

Empreend

edor

técnico

Habilidade

s Técnicas

-

habilidades com

novos

produtos -

habilidade

s de produção

-

habilidades de P&D

- aceitação

das habilidade

s de

negociação

Atributos

técnicos

das

competênc

ias individuai

s

- habilidade

de analisar e

interpretar

- habilidade

para

otimizar com

precisão

- conhecime

nto do

tema -

conhecime

nto do sistema de

monitoraç

ão -

habilidade

para auto-aprendiza

do

- habilidade

para

cooperar com os

outros

O link

difícil

entre educação

formal e a

tecnológica

- educação

formal - tempo de

experiênci

a

Capacida

des

Tecnológicas

(TEECE,

1986)

Diferentes

segmento

s:

- patentes

- habilidad

es

- estratégia

s

-

habilidad

e de uso

de

tecnologias

fundamen

tais -

capacidade

progressi

va de tecnologi

as

inovativas -

capacidad

e de integraçã

o

tecnológica

- alto

número de

patentes

utilizadas por outros

-

tecnologia

proprietár

ia competiti

va

- estratégia

dos

gestores

- mercado

primário - base

tecnológica

acumulada - rotinas

correntes - processo

de P&D

- processos organizacio

nais

- negócio essencial e

ligações

com os usuários

- estratégia

de longo prazo dos

gestores

- evolução do P&D da

organização

- rotinas de sustentação

das

competências

- integração

dentro da firma

-

conhecimen

to

tecnológico

(habilidade de

desenvolver

, utilizar e adaptar

conhecimentos)

- patentes

Indicadore

s

convencion

ais:

- patentes - gastos de

P&D

- qualificaçõ

es formais dos

indivíduos

- educação

Indicadore

s do modelo

alternativo:

- capacidade

de usar ou

operar tecnologias

e sistemas

de produção

-

capacidade de

desenvolve

r ou adaptar

novos

processos de

produção;

produtos; processos

de

produção; equipamen

tos

- capacidade

de gerar

inovação tecnológica

-

intensida

de de

P&D

- intensi-

dade de

controle da

qualidade

Fonte: do autor

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59

Do ponto de vista do modelo conceitual as dimensões propostas em cada um destes

estudos para medir a competência tecnológica necessitaram de adaptações por estarmos

tratando da pré-empresa. Então não são aplicáveis dimensões como patentes, estratégias de

longo prazo; intensidade de pesquisa e desenvolvimento; procedimentos para controle da

qualidade; integração dentro da firma. Por outro lado, as dimensões relativas às competências

individuais, tais como as habilidades de auto-aprendizado, negociação e marketing e

relacionamentos, são adequadas para a análise da pré-empresa, posto que são atributos

relativos ao empreendedor. Portanto, as habilidades que caracterizam a competência

tecnológica aqui selecionadas envolvem, de um lado, as ações que combinam e mobilizam as

capacidades e os recursos para desenvolvimento da competência individual, e, de outro, as

habilidades relativas ao uso da tecnologia e operação da tecnologia e habilidades no

desenvolvimento e adaptação a novos processos bem como geração de inovação tecnológica.

As dimensões da competência tecnológica e suas referências teóricas encontram-se

resumidos no Quadro 15.

Quadro 15 – As dimensões das competências tecnológicas e suas referências teóricas

Dimensões das Competências Tecnológicas Referências teóricas

Habilidade de auto aprendizado Sandberg (2000)

Habilidade no uso de tecnologias fundamentais Tang Ko; Peng Lu (2010)

Habilidade no uso e operação de novas tecnologias Park (2005); Afuah (2002)

Habilidade no desenvolvimento e adaptação a novos

processos

Oakey (2003);Vedovello; Figueiredo (2006)

Habilidade na geração da inovação tecnológica Vedovello; Figueiredo (2006)

Habilidade em otimizar com precisão Sandberg (2000)

Habilidade em negociação e marketing Oakey (2000)

Habilidade em estabelecer relacionamentos Sandberg (2000)

Fonte: do autor.

A seguir são apresentadas cada uma destas dimensões da competência tecnológica,

conforme abordada pelos respectivos autores.

2.4.3.1 Habilidade de auto-aprendizado

De acordo com Sandberg (2000) para desenvolver conhecimento em cada um dos

atributos da competência tecnológica é fundamental o atributo habilidade de auto-aprendizado

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60

2.4.3.2 Habilidade no uso de tecnologias fundamentais

Tang Ko e Peng Lu (2010) baseando-se nos estudos de Stock, Greis e Fischer (2004)

sobre tamanho da firma e a dinâmica tecnológica da inovação estabeleceram como um dos

atributos da competência tecnológica a habilidade no uso de tecnologias fundamentais. A

habilidade no uso de tecnologias fundamentais em uma dada área do conhecimento assegura

ao participante sua contribuição aos trabalhos e a oportunidade de acompanhar novos

desenvolvimentos.

2.4.3.3 Habilidade no uso e operação de novas tecnologias

Os novos conhecimentos na área de TI necessitam de desenvolvimento e adaptações

que os tornem operacionais para as empresas. De acordo com Afuah (2002) fisicamente e as

características de desempenho de um produto baseado em tecnologias reside nos componentes

e suas ligações, bem como nos métodos, processos, técnicas e conceitos essenciais que

servem de suporte para oferecer produtos

2.4.3.4 Habilidade no desenvolvimento a adaptação a novos processos

De acordo com Afuah (2002) a capacidade tecnológica reside na habilidade de

combinar e recombinar recursos, estabelecer ligações entre componentes, métodos, processos

e técnicas e tomando por referência conceitos essenciais oferecer produtos. Para Park (2005)

um dos atributos da competência tecnológica esta na habilidade de uso e operação de novas

tecnologias.

Segundo Oakey (2003) as habilidades técnicas do empreendedor fortemente

determinam o produto ou serviço que oferecerá ao mercado. Constituir-se em um

empreendedor técnico implica na habilidade de entender como relevantes aspectos

complementares do negócio como é a adaptação aos novos processos técnicos ou

administrativos.

2.4.3.5 Habilidade na geração da inovação tecnológica

Um dos atributos relevantes para a competência tecnológica está na habilidade em

gerar a inovação tecnológica (VEDOVELLO; FIGUEIREDO, 2006). Em particular no

mercado de alta tecnologia, como em TI, pequenas firmas influenciam a viabilidade de

tendências específicas estabelecendo de produção da alta tecnologia (OAKEY, 2003).

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61

2.4.3.6 Habilidade em otimizar com precisão

Como um dos atributos da competência tecnológica Sandberg (2000) coloca a

otimização que implica no desenvolvimento de facilidades para o uso da tecnologia. Estas

facilidades surgem como o interesse pelo trabalho executado, o auto- aprendizado sobre o

mesmo, a cooperação e a comunicação com os envolvidos (SANDBERG, 2000). A FIGURA

12 fornece um esquema compreensivo desta relação.

FIGURA 12 – A estrutura funcional para a otimização do uso da competência tecnológica

Do grupo fundador desenvolvedor Dos usuários da competência Resultado

da competência tecnológica tecnológica

- interesse pelo trabalho

- auto-aprendizado Facilidades para o uso Otimização

- cooperação com os usuários

- comunicação com os usuários

Fonte: do autor a partir de Sandberg (2000)

2.4.3.7 Habilidade em negociação e marketing

Oakley (2003) enfatiza que o empreendedor técnico primariamente é responsável pela

pesquisa e desenvolvimento, mas o rápido crescimento da empresa torna crítico o suporte em

áreas como finanças, marketing e recursos humanos. Um dos atributos da competência

tecnológica é a habilidade em negociação e marketing. Segundo Oakey (2003) marketing por

vezes é negligenciado pelo empreendedor técnico que tende a valorizar mais a tecnologia do

que a necessidade do cliente. Contudo a especialização em marketing mesmo quando o cliente

não exige novos produtos contribui para a criação de novos mercados que previamente não

existiam (OAKEY, 2003).

2.4.3.8 Habilidade em estabelecer relacionamentos

No desenvolvimento da competência tecnológica os relacionamentos podem ser

vistos como um fator complementar na trajetória dos fundadores das empresas pesquisadas.

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Os relacionamentos constituíram-se em vetores que conduziram os fundadores aos atributos

relevantes para desenvolvimento da competência tecnológica. Segundo Sandberg (2000) na

construção do conhecimento não basta o auto-aprendizado é também uma questão de

comunicação com os outros envolvidos no desenvolvimento da nova idéia.

2.4.4 As competências tecnológicas e o surgimento da nova organização

O presente estudo destina-se a compreensão do processo de estruturação de uma nova

organização a partir das competências tecnológicas desenvolvidas pelo grupo fundador.

Para esta compreensão foram adotados quatro recortes conceituais: i) organização

emergente; ii) tecnologia; iii) competências tecnológicas.

O primeiro recorte conceitual do estudo foca na organização em criação ou como

denominado por Katz e Gartner (1988) `` organização emergente ´´. A organização emergente

ou em criação é caracterizada como a organização que está entre a pré-organização e a nova

organização. Dentro das possíveis maneiras de surgimento das novas organizações estudamos

as descritas por Carroll e Hanann (2000) como ``de novo´´, ou seja, as organizações não pré-

existentes iniciadas como membros de uma indústria. Esta iniciação caracteriza a típica ação

empreendedora dos membros do grupo fundador. Estudamos ainda as organizações

classificadas como ``de alio ´´ ou seja aquelas fundadas por membros de uma organização

pré-existente.

O segundo recorte conceitual do estudo foca a tecnologia entendida como uma

construção humana para alcançar fins particulares por meio de conhecimentos específicos,

artefatos e entradas físicas necessárias ao processo para atingir os resultados (DOSI;

GRAZZI, 2010).

Em relação ao terceiro recorte conceitual, ou seja, o papel da tecnologia adota-se aqui

o modelo estruturacional proposto por Orlikowski (1992). Em um processo dinâmico a

tecnologia espalha-se pela organização adquirindo sentido por meio da ação humana. O

modelo pressupõe a dualidade da tecnologia por sua flexibilidade interpretativa que dá origem

a dois modos de interação. No primeiro modo de interação – projeto – o agente humano

constrói esquemas interpretativos, artefatos e normas. No segundo modo de interação – uso –

o agente humano se apropria da tecnologia atribuindo a esta significados compartilhados para

os esquemas interpretativos, artefatos e normas.

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O modelo estruturacional para a tecnologia estabelece ainda duas diferentes

perspectivas para o impacto da tecnologia como ação humana. Primeiramente reconhece que a

tecnologia não determina práticas sociais. Mas por outro lado estabelece que o conhecimento

da tecnologia é um condicionante das práticas sociais, permitindo desta maneira uma

avaliação positiva ou negativa sobre a influência da tecnologia.

A perspectiva conceitual de tecnologia e a visão dual do seu papel nas organizações

implicam em considerar a articulação entre tecnologia e rotinas. Esta articulação é

fundamental para pensar o processo de estruturação da organização emergente que é o objeto

deste estudo. O caráter distributivo da tecnologia nas organizações limita a precisão da

representação da tecnologia como receita. É necessário considerar sua dimensão processual

(DOSI; GRAZZI, 2010) o que envolve procedimentos para solução de problemas.

Nelson e Winter (1982) abordam as rotinas organizacionais sob diferentes

perspectivas. Em uma destas perspectivas a rotina é tecnologia (NELSON, 2009). Tecnologia

não significa necessariamente o envolvimento com equipamentos e materiais, mas pode ser

com uma técnica de produção para fazer algo, como um programa ou uma receita. Muitas das

tecnologias discutidas em conferencias, por exemplo, tendem a ser denominadas práticas de

negócios. Outras tecnologias mais complexas e sofisticadas, descritas em textos de

engenharia, envolvem o aprender- fazendo (NELSON, 2009). Esta será a perspectiva adotada

no estudo.

O último recorte conceitual adotado no estudo refere-se a conceituação de

competências tecnológicas, sob a perspectiva de estruturação da organização emergente.

Encontramos nos primeiros trabalhos sobre estratégia e teoria das organizações os termos

competências e capacidades organizacionais como equivalentes (WERNERFELT, 1984;

BARNEY, 1986, 1991; NELSON, 1991; RUMELT, 1991; LEONARD-BARTON, 1992;

TEECE, 1998; KUSUNOKI; NONAKA; NAGATA, 1998). Abordada de maneira ampla a

noção de competências torna-se indistinguível da noção de capacidades (CORIAT; DOSI,

2002). Dosi, Faillo e Marengo (2008) assumem a equivalência entre os termos competência e

capacidade, mas ressalvando que capacidade é uma unidade de análise para grandes escalas

(DOSI; CORIAT; PAVITT, 2000), com resultados expressos em termos significativos e

formados por decisão consciente quanto ao desenvolvimento e desdobramentos. Entretanto

sob a perspectiva da organização emergente não é possível considerar capacidades e

competências como termos equivalentes.

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Uma organização em formação encontra-se estruturando suas capacidades enquanto as

competências estão nos indivíduos do grupo fundador, foco deste estudo, o que justifica a

adoção do termo competências.

A capacidade tecnológica pode ser entendida como os recursos necessários para

produzir e administrar inovações nos processos, na organização da produção, no sistema

organizacional, nos produtos, nos equipamentos e nos projetos de engenharia. Os recursos são

acumulados e se incorporam nos indivíduos sob a forma de competências, conhecimentos e

experiência, e nas rotinas, nos procedimentos e no sistema organizacional da firma

(VEDOVELLO; FIGUEIREDO, 2006; FIGUEIREDO, 2006).

Von Tunzelmann e Wang (2003) argumentam que competências são as entradas no

processo para produzir bens e serviços, enquanto capacidades geralmente envolvem

aprendizado e acumulação de novos conhecimentos. Conseqüentemente, capacidades são

concebidas como resultados dos processos de aprendizado que são suportados por meio de

interações externas e fontes de inovação.

No mundo das organizações o termo competência adquire significados diferentes. Por

vezes o significado está ligado a características pessoais como conhecimentos, habilidades e

atitudes. Outras vezes o significado se apresenta ligado à tarefa, aos resultados (FLEURY, A.;

FLEURY, M., 2004). Os autores (FLEURY, A.; FLEURY, M., 2004) então conceituam

competência como a habilidade de construir alguma coisa a partir de blocos denominados

recursos. Pesquisadores pioneiros (PENROSE, 2006; WERNERFELT, 1984; BARNEY,

1986; ITAMI, 1987) definiram a capacidade organizacional como um conjunto específico de

recursos como tecnologias, patentes, canais e marcas.

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65

3 Metodologia

Nesta seção são descritos os procedimentos metodológicos utilizados na busca por

respostas ao problema proposto de pesquisa.

Em princípio é apresentado o paradigma escolhido para o desenvolvimento da

pesquisa. Em seguida descreve-se o método adotado e o tipo de pesquisa realizada, o contexto

e os participantes de pesquisa, o método para a coleta de dados e o método a ser adotado para

a análise dos dados obtidos com a pesquisa.

3.1 Método, propósito e tipo da pesquisa

De acordo com Baum e Rao (2004) o surgimento de novas organizações ocorre

simultaneamente com as mudanças culturais e técnicas nas sociedades, fortalecendo-as e

refletindo-as. Por ser o surgimento de novas organizações um fenômeno construído

socialmente pelos indivíduos em suas interações com a realidade escolhe-se como método de

pesquisa o qualitativo. Segundo Merriam (2002) os estudos qualitativos estão basicamente

interessados em entender como as pessoas interpretam suas experiências; como constroem seu

mundo – contexto; qual o significado que atribuem à sua experiência. O método tem sido

aplicado a pesquisas precedentes relativas à interação entre tecnologia e organizações. Um

exemplo é a pesquisa de Orlikowski (1992) em que o modelo estruturacional de tecnologia foi

construído com base em nova conceitualização. A metodologia aplicada foi a da pesquisa

etnográfica, bem como a observação participante, a revisão documental, as entrevistas não-

estruturadas e semi- estruturadas. Tem-se ainda o estudo de Barley (1986) relativo a como a

tecnologia pode ocasionar diferentes estruturas organizacionais alterando os papeis

institucionalizados e os padrões de interação. O estudo realizado na área de radiologia de dois

hospitais públicos de Massachusetts focou inicialmente a documentação tradicional da prática

profissional e posteriormente da observação não-participante. Em ambos os casos, em

Orlikowski (1992) e em Barley (1986), a interação entre a tecnologia e a organização foi

estudada por meio de técnicas qualitativas.

A realidade não é fixada, singular, preacordada ou mensurável como fenômeno da

maneira exposta pelo positivismo nas pesquisas quantitativas (MERRIAM, 2002). Em lugar

disto, há múltiplas construções e interpretações da realidade corrente em constante mutação.

Pesquisas qualitativas buscam o entendimento para interpretação de uma situação específica

em um contexto específico. Ou, como apresentado por Patton (2002), pesquisas qualitativas

representam um esforço no entendimento de situações em sua unicidade, como parte de um

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contexto particular e de suas interações. Este entendimento constitui um fim em si mesmo,

não possibilitando predições de acontecimentos futuros, mas esclarecendo o sentido do

fenômeno para os participantes. A análise busca um entendimento profundo.

De acordo com Merriam (2002), existem três perspectivas teóricas em termos de

entendimento (interpretativa), emancipatória (crítica) e desconstrução (pós-moderna). O

aprendizado de como experiências individuais e interações com o mundo social ocorrem,

assim como o sentido que isto adquire é considerada uma abordagem qualitativa

interpretativa. Existem várias características-chave em um projeto de pesquisa qualitativa

interpretativa. A primeira característica procura o entendimento do sentido que os indivíduos

deram para a construção daquele projeto em seu mundo e na sua experiência. A segunda

característica liga-se ao instrumento primário de coleta e análise dos dados, isto é ao

pesquisador. Se o objetivo final da pesquisa é o entendimento do fenômeno, o instrumento

humano, responsivo e adaptativo imediatamente às situações, este é o ideal para a coleta e

análise dos dados. A subjetividade do pesquisador e a dos que estão sendo estudados são parte

do problema de pesquisa (FLICK, 2004). Merriam (2002) pontua, ainda, como vantagem do

instrumento humano sua capacidade de ampliação do entendimento pela percepção da

comunicação não-verbal, a clareza e a sumarização do material, a verificação com os

respondentes da acurácia da informação e a exploração das respostas não usuais e não

antecipadas. Deve-se, contudo, considerar que o instrumento humano apresenta vieses,

tendências, que impactam a pesquisa. Em lugar de tentar eliminar estas tendências ou mostrar

estes subjetivismos, é importante monitorá-las quanto à sua influência sobre a coleta e a

interpretação dos dados. Autores, como Flick (2004), encaram a subjetividade como uma

virtude por resultar em uma contribuição distintiva quando o pesquisador junta suas

qualidades pessoais aos dados da coleta.

Por fim, o produto da pesquisa qualitativa é ricamente descritivo. Palavras e imagens

são utilizadas em lugar de números para demonstrar o que o pesquisador aprendeu sobre o

fenômeno. São comuns descrições do contexto, dos participantes envolvidos, das atividades

de interesse, bem como citações de documentos, notas de campo e a combinação de outros

suportes que apoiem os achados (MERRIAM, 2002).

A pesquisa qualitativa pode apresentar diferentes propósitos como exploratório,

descritivo ou explicativo. O exploratório é de uso comum quando se pretende investigar

fenômenos pouco conhecidos, descobrir significados e gerar hipóteses que possibilitem outras

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67

pesquisas. No descritivo, procura-se documentar e descrever o fenômeno. No propósito

explicativo, procura-se identificar os relacionamentos encontrados no fenômeno em estudo

(MARSHALL; ROSSMAN, 1999).

Com a intenção de compreender como ocorre o surgimento de novas organizações e

qual a contribuição da competência tecnológica para o fenômeno, este estudo é desenvolvido

com o propósito exploratório e descritivo.

Estudos em diversas áreas do conhecimento são realizados qualitativamente.

Diferentes disciplinas e campos do conhecimento geram diferentes questionamentos e

envolvem diferentes estratégias e procedimentos. Devido a isto, autores como Denzin e

Lincoln (2000) e Merriam (2002) identificam diferentes tipos de pesquisa qualitativa como

estudo de caso, etnografia, fenomenologia, teoria fundamentada, análise da narrativa, pesquisa

qualitativa, crítica e pós-moderna.

3.2 Método da análise da narrativa

Para atingir os objetivos propostos neste estudo, opta-se pela análise da narrativa.

Riessman (2005) argumenta que o que torna o texto uma narrativa é a seqüência e as

consequências deste com os eventos sendo selecionados, organizados, conectados e avaliados

como significativos a uma dada audiência. De acordo com Merriam (2002), a característica

central para este tipo de pesquisa qualitativa está em utilizar a história como dado e, mais

especificamente, a história contada na primeira pessoa por quem a vivenciou. Conforme

Riessman (2008), as narrativas apresentam algumas características fundamentais. Em

primeiro lugar, servem para diferentes propósitos do indivíduo ou do grupo, sempre com

alguma sobreposição. Em segundo lugar, o narrador argumenta a história e envolve-se em

persuadir a audiência, que pode ser cética. De alguma forma, o narrador convida a audiência

a vivenciar sua história. Finalmente, Riessman (2008) argumenta que as histórias podem

mobilizar outros na ação por uma progressiva mudança social.

3.2.1 Conceituação e tipologia das narrativas

Para Pentland e Feldman (2007) e Abell (2004) o termo narrativa enfatiza um

conjunto de ações ou eventos que incorporam coerência ou unidade de propósito.

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68

De acordo com Riessman (2008), o termo narrativa carrega inúmeros significados com

aplicações em diferentes disciplinas, com uma ampla variedade de maneiras, assumindo com

frequência o sentido de história. Não se deve, então, esperar uma conceituação abrangente que

englobe todas as situações, mas, segundo a autora (RIESSMAN, 2008), pode-se delinear um

sumário dos componentes essenciais constituintes de uma narrativa. Resumidamente, pode-se

dizer que em toda história transmitida oralmente o narrador seleciona o que julga importante,

organiza, conecta eventos e avalia o seu significado para um público específico.

Merriam (2009) conceitua narrativa como a maneira de dar-se sentido para as nossas

experiências, como as que se comunica para os outros e o modo como se entende o mundo à

nossa volta.

Para os objetivos deste estudo, a relação dos componentes essenciais a uma narrativa,

como sugerida por Riessman (2008), em lugar de uma definição, mostra-se adequada aos

propósitos da pesquisa sobre a influência das competências tecnológicas do grupo fundador

no surgimento de uma nova organização de tecnologia da informação.

3.2.2 Análises da narrativa

A análise da narrativa refere-se à família de métodos para a interpretação dos textos

que têm em comum à forma de histórias (RIESSMAN, 2008).

Não há uma fórmula ou receita para a melhor análise, pois o ponto forte da narrativa é

que ficam abertas uma variedade de estratégias de análise (COFFEY; ATKINSON, 1996).

Segundo Flick (2004), uma abordagem alternativa à realidade das experiências

individuais está em aproveitar as narrativas produzidas nas entrevistas semiestruturadas como

dados. Para Patton (2002), as questões que fundamentam esta análise são: O que esta narrativa

ou história revela sobre a pessoa e seu mundo? Como pode ser interpretada esta narrativa para

fornecer entendimento sobre o fenômeno em análise? O pressuposto básico para este

procedimento está vinculado à dúvida que se manifesta sobre como é possível, com

entrevistas tradicionais, obter dados subjetivos. A narrativa permite ao pesquisador uma

abordagem abrangente da realidade experimental do entrevistado e a estruturação desta

realidade. A narrativa caracteriza-se por delinear uma situação inicial ligada a ``como tudo

começou´´; em segundo lugar, são selecionados eventos importantes da narrativa, a partir das

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experiências do entrevistado, ``como as coisas progrediram´´; finalmente, apresenta-se a

situação final do desenvolvimento, `` o que aconteceu´´ (FLICK, 2004).

Uma abordagem particularmente interessante deste método é a entrevista narrativa

proposta por Flick (2004), empregada principalmente no contexto da pesquisa biográfica. O

método consiste em solicitar ao pesquisado que apresente em uma narrativa espontânea a

história da área de interesse da qual tenha participado. O trabalho do pesquisador está em

fazer com que o participante conte a história da área de interesse como algo consistente, com

todos os pontos relevantes, do início ao seu final. O trabalho é iniciado por meio de uma

questão de estímulo, denominada questão gerativa da narrativa, para obtenção da narrativa

principal. Para uma narrativa relevante à questão de pesquisa, a questão gerativa deve ser

clara, e suficientemente específica para que o evento vivido seja seguido como tema central

(FLICK, 2004). Iniciada a narrativa, é essencial para a qualidade dos dados que esta não seja

dificultada ou interrompida. O pesquisador deve mostrar empatia com o pesquisado e com sua

história, auxiliando-o e estimulando-o até o final. No próximo estágio da investigação, trechos

que não foram claros na narrativa são utilizados pelo pesquisador para novas questões

gerativas. Na fase final, dita de equilibrio, fazem-se questionamentos mais abstratos visando à

descrição e à argumentação que possibilitem uma explicação das razões e dos objetivos do

pesquisado.

Existem inúmeras tipologias, descrevendo os esforços atuais de pesquisa, em

particular, nas abordagens das narrativas orais das experiências pessoais (RIESSMAN, 2005;

BOJE, 2001). A tipologia descrita por Riessman (2005), e que foi adotada neste estudo,

pretende ser não hierárquica ou avaliativa, lembrando que, na prática, diferentes abordagens

não são mutuamente excludentes, mas combinam-se tornando difusas as fronteiras entre as

várias tipologias. Quatro modelos de análises da narrativa são destacados: análises temáticas,

análises estruturais, análises interacionais e análises performativas.

Para as análises temáticas, a ênfase é centrada no conteúdo do texto, o que é dito mais

do que como é dito, passando a linguagem a ser um recurso e não um tópico da investigação.

O interesse está na fala, com o analista interpretando o que é dito, focando em significados

que qualquer usuário competente da linguagem encontra na história (RIESSMAN, 2005). A

principal aplicação da análise temática está nas teorizações por meio de casos permitindo o

encontro de elementos comuns entre os participantes da pesquisa e os eventos reportados

(RIESSMAN, 2005).

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70

Na análise estrutural, a ênfase está no modo como a história é contada. A linguagem

passa a ser um objeto para investigação profunda, limitando muito o número de análises

possíveis. A limitação se faz necessária por envolver sintaxe e prosódia da linguagem

utilizada pelo narrador, demandando longo tempo e que, na sua estrita aplicação, pode

descontextualizar a narrativa. Esta descontextualização se dá por ignorar fatores históricos,

interacionais e institucionais (RIESSMAN, 2005).

A análise interacional procura enfatizar o processo dialógico entre o narrador da

história e o ouvinte. O conteúdo temático e a estrutura da narrativa não são esquecidos, mas o

foco é dirigido para as mudanças na história contada como uma co-construção entre narrador

e ouvinte. É uma abordagem adequada aos estudos das relações entre narradores e diversos

campos situacionais como entrevistas médicas, julgamentos, salas de aula (RIESSMAN,

2005).

A análise performativa é algo em construção com os pesquisadores, experimentando

sua abordagem nos estudos de identidades. Constitui-se em uma extensão da abordagem

interacional, a partir das palavras pronunciadas até suas implicações metafóricas. A história

contada é um desempenho que envolve, persuade e move a audiência pela linguagem e gestos,

fazendo mais do que o narrador contar a história sozinha. É relevante nos estudos de práticas

de comunicação e estudos detalhados de construção da identidade – como os narradores

querem ser conhecidos e precisamente como envolvem a audiência em ``fazer´´ suas

identidades. Enfim, como a audiência implica no desempenho da narrativa (RIESSMAN,

2005).

No Quadro 16, sumarizam-se as principais características das abordagens da tipologia

recomendada por Riessman (2005).

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71

Quadro 16 – Principais características das abordagens propostas na tipologia de

Riessman (2005).

Abordagem

Ênfase

Tratamento

dado

à linguagem

Adequação

(Uso)

Análise

Temática

No conteúdo; o que é

dito é

mais importante do que

como é dito.

A linguagem é recurso

e não

tópico para

investigação

Como abordagem para

teorizações

Análise

Estrutural

No modo como a

história é

contada

É um objetivo para

investigação

profunda (sintaxe +

prosódia)

Micro-análises de alguns

casos

relativos a linguagens e

sentidos

Análise

Interacional

Ênfase no processo

dialógico

narrador- ouvinte

A linguagem em toda

sua comple-

xidade e não só como

veículo de

Conteúdo

Estudo das relações

entre narradores

e diversos campos

Análise

Performativa

Ênfase na interação

audiência-

narrador

Interesse na palavra

falada e no

sentido metafórico

Aos estudos de

comunicação e

construção da identidade

Fonte: do autor a partir de Riessman (2005)

No presente estudo, a análise da narrativa foi conduzida como análise temática, ou

seja, o foco foi colocado no conteúdo da fala do narrador.

Para se pesquisar a fase pré-organização, evidencia-se como adequado que o

pesquisado, fundador da empresa abordada, narrasse sua história acadêmica e profissional,

para que se possa entender as competências tecnológicas desenvolvidas para o surgimento da

nova organização.

3.2.3 A questão gerativa

A entrevista narrativa, no dizer de Flick (2004), enfatiza-a como um contexto que vai

além dos enunciados e dos fatos relatados. Propõem uma solução para o dilema da entrevista

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semiestruturada: a mediação entre a liberdade dos subjetivismos, o direcionamento e a

aderência ao tema tratado. A solução do dilema aparece por meio de três elementos: o

primeiro, relativo à orientação principal que é oferecer ao pesquisado um espaço para relatar

sua história; o segundo elemento relaciona-se às intervenções do pesquisador para

esclarecimento e aprofundamento do tema que são deixadas para o final e, com esta medida, o

pesquisador retoma tópicos abordados anteriormente e faz perguntas diretas; o terceiro, a

questão gerativa da narrativa não só estimula a construção da narrativa, mas concentra a

narrativa no espaço e no tempo da biografia a serem estudados (FLICK, 2004).

Seguindo a proposta de Flick (2004), a questão gerativa para a pesquisa foi elaborada

da seguinte maneira:

- ``Eu quero que você me conte sua trajetória profissional, desde a sua formação escolar

completa, suas experiências profissionais, seu aprendizado técnico e administrativo, a rede de

contatos desenvolvida ao longo do tempo. Quais as habilidades adquiridas e competências

desenvolvidas? Como e por que surgiu a ideia de empreender? Lembre-se de que os detalhes

importam muito ´´.

3.2.4 A coleta das narrativas

Nesta pesquisa, a fonte para coleta das narrativas foram as entrevistas, transcritas na

íntegra por empresa especializada, realizadas com os fundadores das empresas selecionadas.

Em lugar de uma estrutura rígida de questões, o pesquisador contou com dois outros recursos.

O primeiro, a questão gerativa (FLICK, 2004), para dar início a todos os processos de

entrevistas realizados. Isto, como sugerido por Gibbs (2009), incentivou os participantes a

contarem suas histórias. O segundo recurso utilizado foi um roteiro (APÊNDICE A),

semiestruturado, com categorias e subcategorias elencadas, a partir da base teórica pesquisada

para o estudo. Este roteiro foi utilizado ao longo das entrevistas, em momentos adequados

como pausas do narrador, em fuga das ideias, na não-verbalização rápida do termo correto e

no incentivo à continuidade da narrativa. No final, o roteiro foi utilizado para obtenção

informações não abordadas na entrevista.

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3.3 Participantes da pesquisa e contexto

As decisões quanto aos participantes da pesquisa e a estratégia de contato com estes

participantes dependeram de uma decisão primeira sobre a unidade de análise para o estudo

(PATTON, 2002). Para Flick (2004), a unidade de análise nas pesquisas qualitativas é

integrada a todo o contexto do estudo. A unidade de análise não pode ser desvinculada dos

participantes da pesquisa, da maneira como o fenômeno será observado e aos documentos

envolvidos no processo. Na pesquisa quantitativa, a intencionalidade na escolha da amostra

constitui um viés, portanto uma fraqueza; na pesquisa qualitativa, a intencionalidade da

escolha representa um ponto forte. A lógica e a força da intencionalidade estão na escolha de

casos ricos em informações para um estudo em profundidade. Casos ricos em informações são

aqueles em que é possível aprender muito sobre o tema central da pesquisa (PATTON, 2002).

Segundo Patton (2002), não há regras para quantidade de entrevistas em pesquisas

qualitativas. Existe um compromisso a ser resolvido pelo pesquisador entre amplitude e

profundidade das informações. A recomendação do autor (PATTON, 2002) para a quantidade

de entrevistas nas pesquisas qualitativas está baseada no número mínimo de participantes que

respondam de maneira razoável ao problema de pesquisa.

Por sua dinâmica e importância econômica e tecnológica, opta-se pelo setor de

tecnologia da informação (TI) como objeto da pesquisa. Segundo Shane (2001), as

oportunidades tecnológicas diferem em várias dimensões de um setor para outro, o que

influencia a decisão de fundar uma nova empresa. A escolha de um único setor industrial para

a pesquisa é um fator limitante a quaisquer propostas de generalizações, mas viabiliza o

estudo em seus aspectos temporais e de investimento.

Por meio da rede de contatos pessoais da Orientadora, do Orientando e do contato com

a associação de classe, Softex - seção Campinas, foram contatadas no total trinta e quatro

empresas do setor de TI, das quais seis concordaram em participar da pesquisa.

Para entender o desenvolvimento das competências tecnológicas dos fundadores,

escolhem-se empresas de capital nacional, com pelo menos cinco anos de atuação no mercado

de TI e com os fundadores ainda em atividade na empresa ou localizáveis em outras

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organizações para a entrevista. O Quadro 17 resume as buscas empreendidas para a

realização da pesquisa.

Quadro 17 – Empresas contatadas para a pesquisa

Empresas contatadas Número de

empresas

Empresas contatadas inicialmente 34

Empresas vendidas com fundadores não

localizáveis

15

Empresas que não aceitaram participar da

pesquisa

09

Empresas que não deram resposta à

solicitação

04

Empresas participantes da pesquisa 06

Fonte: do autor.

A estratégia de contato inicial com as empresas foi realizada por comunicação

telefônica e, posteriormente, por correspondência eletrônica, evidenciando os propósitos da

pesquisa e garantindo sua confidencialidade. Uma carta com conteúdo similar à

correspondência eletrônica, previamente aprovada e assinada pela Orientadora da pesquisa e

pelo Orientando, foi entregue a cada uma das empresas. O modelo da carta entregue aos

fundadores das empresas abordadas está no APÊNDICE B.

Uma primeira condição estabelecida para a seleção das empresas do setor de

tecnologia da informação foi serem de capital brasileiro, com pelo menos cinco anos de

atuação no mercado. Esta condição foi estabelecida pensando-se na facilidade de localização e

contato com os fundadores. Outra condição estabelecida para a realização da pesquisa foi

com relação aos fundadores. Selecionamos empresas em que o fundador ou os fundadores

fossem atuantes ou, no mínimo, localizáveis para a entrevista. A adequação do número de

empresas e dos seus fundadores ficou sujeito a revisões posteriores, à validação e a

julgamento (PATTON, 2002). Escolhe-se um número de seis empresas e, conseqüentemente,

entrevistas com seis fundadores, mas mantendo o foco em Johnson (2002) e Patton (2002)

para quem o número ideal de entrevistas é o suficiente para o pesquisador descobrir as

informações necessárias para o que busca. No caso, a pesquisa está direcionada para o

entendimento do surgimento de novas organizações e a influência das competências

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tecnológicas para este surgimento. O Quadro 18 sumariza o perfil das empresas e seus

fundadores, preservando a confidencialidade exigida para a participação na pesquisa.

Quadro 18 – Perfil das empresas pesquisadas e dos seus fundadores

Identificação

dada à

empresa

na pesquisa

Localização

Cidade -

Estado

Faturamento

anual

(R$ x 1000)

Número

de

funcionários

Tempo

de

mercado

(anos)

Primeiro

contato

com

tecnologia

obtido pelo

fundador

Foco atual

de

mercado

Identificação

do fundador

da empresa

na pesquisa

E1 Campinas -

SP

6000 30 19 Curso

técnico

RH –

Avaliação de

funcionários

F1

E2 São Paulo -

SP

12000 100 25 Curso de

Ciência da

computação

Automação

bancária

F2

E3 São Paulo -

SP

14000 100

(SP+Rio)

12 Curso

técnico

SAP F3

E4 São Paulo -

SP

19000 250 07 Curso de

Engª

Eletrônica

SAP -

Financeiro

F4

E5 Sto André -

SP

200 02 20 Curso de

ADM

Pequenas

empresas

F5

E6 Barueri – SP 16000 80 11 Curso de

Análise de

sistemas

SAP - RH F6

Fonte: do autor com base nas entrevistas

3.4 Qualidade da pesquisa

A finalidade desta seção é estabelecer como se pode, em termos gerais, avaliar a

qualidade de uma pesquisa qualitativa. Nos itens seguintes, discute-se a validade interna e

externa, a confiabilidade e a ética da pesquisa realizada.

3.4.1 Validade interna

Para Merriam (2002), a validade interna deve responder ao seguinte questionamento:

Quão congruente com a realidade são nossas descobertas? Ou da maneira que se coloca na

pesquisa qualitativa: Nós estamos observando ou medindo o que nós pensamos ou nós

estamos observando ou medindo? Trata-se de estabelecer o que nós pensamos ser realidade.

Como o pesquisador qualitativo é o instrumento primário na coleta e análise dos dados, a

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interpretação da realidade se dá por acesso direto por meio de entrevistas e observações. Para

muitos, a validade interna é uma força da pesquisa qualitativa.

Ainda, de acordo com Merriam (2002), existem algumas estratégias utilizadas para

assegurar a validade interna do estudo. Podem-se usar múltiplos pesquisadores, múltiplas

teorias, múltiplas fontes de dados ou múltiplos métodos para confirmar a emergência das

descobertas. A triangulação (MERRIAM, 2002; PATTON, 2002), por meio de múltiplas

teorias é raro, mas as outras três maneiras são comuns. Outra maneira de assegurar a validade

interna está no exame realizado por um par do pesquisador. Familiarizado ou não com o tema,

este pesquisador pode verificar se são plausíveis as descobertas com relação aos dados

disponíveis. Finalmente, é recomendada ao pesquisador uma imersão nos dados na fase de

coleta por um período suficientemente longo para assegurar um entendimento profundo do

fenômeno.

Dos métodos sugeridos por Merriam (2002), adotam-se as múltiplas fontes de dados, a

análise por par e a imersão nos dados.

Como múltiplas fontes de dados, utilizam-se seis diferentes empresas, do mesmo setor

econômico, selecionadas dentro do perfil definido como adequado à pesquisa. Alguns

cuidados adicionais foram adotados como os diferentes portes das empresas; o não-

relacionamento formal entre estas e a atuação em diferentes nichos do mercado de TI.

A análise por par foi realizada por professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie

com mais de vinte anos de vivência no mercado de TI por meio de atuações em empresas

relevantes no cenário nacional e fundação, além de gestão de sua própria consultoria na área.

O parecer favorável às descobertas realizadas na pesquisa encontra-se no ANEXO A.

Foi realizada uma imersão nos dados da pesquisa, a partir de várias audições, mínimo

de três vezes, das narrativas dos fundadores das empresas pesquisadas. As transcrições e notas

de campo foram lidas e assinaladas em seus pontos básicos quanto aos objetivos da pesquisa.

3.4.2 Confiabilidade

Confiabilidade está relacionada à extensão na qual as descobertas da pesquisa podem

ser replicadas. Em outras palavras: se repetido o estudo, chegar-se-á ao mesmo resultado?

(MERRIAM, 2002). A confiabilidade em estudos sociais representa um problema sério pelo

comportamento nunca estático do elemento humano. A mais relevante questão que se coloca

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para o pesquisador qualitativo é se os resultados são consistentes com os dados coletados. Os

mesmos instrumentos – triangulação, exame por pares, múltiplos métodos – utilizados para

assegurar a validade interna são usados para verificar a confiabilidade. Guba e Lincoln (1981)

sugerem uma auditoria da trajetória, implicando isto em um levantamento independente da

trilha seguida pelo pesquisador para atingir os resultados. A auditoria da trajetória descreverá

em detalhes como os dados foram coletados, quais as categorias derivadas e como as decisões

foram tomadas ao longo da pesquisa.

Para esta pesquisa, estabelece-se a confiabilidade por meio da análise da consistência

dos resultados com os dados pesquisados, tomando como referência os itens discutidos em

3.4.1.

3.4.3 Ética da pesquisa

Segundo Merriam (2002), um bom estudo qualitativo é aquele que tenha sido

conduzido de maneira ética. Em uma visão ampla, a validade e a confiabilidade do estudo

dependem da ética do pesquisador. Patton (2002) enfatiza que a boa entrevista é aberta, para o

entrevistado e não somente para o entrevistador, quanto a pensamentos, a sentimentos, os

conhecimentos e as experiências. Insiste ainda o autor (PATTON, 2002) na manutenção do

foco no propósito da entrevista como tarefa crítica para obtenção de dados de alta qualidade.

Para a presente pesquisa, adota-se a verificação proposta por Patton, exposta no

Quadro 19 - Posicionamento e questionamento ético da pesquisa.

Quadro 19 - Posicionamento e questionamento ético da pesquisa

Posicionamento

Ético

Questionamento (Q) e respostas (R) quanto a ética da pesquisa

1 Explique o propósito

da pesquisa

(Q) Como será explicada de forma precisa e inteligível a finalidade da pesquisa e seus

métodos?

(R) Por meio de comunicação prévia, escrita, enviada pelo pesquisador e verificada

junto ao entrevistado por ocasião da entrevista (ANEXO B). Esta comunicação foi

previamente avaliada pela Orientadora.

2 Promessas e

reciprocidade.

(Q) Por que o entrevistado está na entrevista?

(R) A carta do Anexo B deve esclarecer este ponto

(Q) Caso faça promessas, cumpra-as!

(R) A informação dos resultados da pesquisa aos participantes é assegurada como um

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direito.

3 Riscos assumidos. (Q) Como será conduzida a entrevista se esta for um risco para o entrevistado?

(R) A priori pelo assunto abordado não se imaginam áreas de risco. Caso existam

serão excluídas da pesquisa.

4 Confidencialidade. (Q) O que é razoável prometer em termos de confidencialidade que será cumprido?

(R) Esta costuma ser uma exigência básica para a maioria das empresas. Nome da

empresa, marcas, dados sensíveis à sua estratégia serão claramente discutidos com o

entrevistado e sua confidencialidade assegurada.

5 Consentimento (Q) Que tipo de consentimento é necessário para proteção mútua?

(Q) Existe algum órgão institucional que determina linhas e exigências de proteção?

Considere a posição do entrevistado e do entrevistador.

(R) A UPM tem um código de ética em pesquisas que será seguido.

6 Acesso e propriedade

dos dados

(Q) Quem terá acesso aos dados e com que propósito? A quem pertencem os dados

após avaliação?

(R) A totalidade dos dados será acessada tão somente pelo pesquisador e sua

Orientadora. Após avaliação e dentro dos consentimentos obtidos os dados

pertencerão ao pesquisador, sua Orientadora e UPM.

7 Atitude mental do

entrevistador

(Q) Como a entrevista afetará o pesquisador?

(R) A idéia é que a entrevista motive o pesquisador a novas investigações em

possíveis desdobramentos da pesquisa.

8 Conselho (Q) Durante o estudo quem atuará como conselheiro sobre ética para o pesquisador?

(R) As questões mais sensíveis foram discutidas pelo pesquisador e sua Orientadora.

9 Limites da coleta de

dados

(Q) Quais são os limites na busca por dados? O quanto você forçará a resposta para

uma pergunta desconfortável?

(R) Os limites serão estabelecidos pela ética que permeará a pesquisa como um todo,

se respeitando a individualidade e a dignidade humana.

10 Ético versus legal (Q) Qual código disciplinar e profissional servirá de guia?

(R) A conduta de pesquisa será fundamentada nos preceitos que norteiam a UPM em

suas relações com funcionários, alunos e a comunidade.

Fonte: Patton (2002) adaptado pelo autor em tradução livre.

3.4.4 Síntese das suposições metodológicas adotadas na pesquisa

O Quadro 20 exibe uma síntese das suposições metodológicas adotadas para esta pesquisa.

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Quadro 20 – Suposições metodológicas adotadas na pesquisa

Seção Tema Suposições de pesquisa Fundamentação

Teórica

3.1 Método, propósito e

tipo da pesquisa

- qualitativa, exploratória, descritiva,

entrevista narrativa

Merriam (2002); Patton (2002); Flick

(2004); Marshall;Rossman, (1999);

Denzin; Lincoln (2000)

3.2.1 Conceituação e

tipologia das

narrativas

- narrativas são histórias

transmitidas oralmente em que o

narrador seleciona o que julga

importante.

Riessman(2008)

3.2.2 Análise das

narrativas

- análise temática da narrativa: foco

no conteúdo e não no como é dito.

Riessman (2005)

3.2.3 A questão

generativa

- questão clara, objetiva que dará

origem à narrativa

Flick (2004_

3.2.4 A coleta das

narrativas

3.3 Os participantes da

pesquisa e contexto

- inicialmente seis empresas de alta

tecnologia no Estado de São Paulo

Patton (2002); Flick (2004)

3.4.1 A validade interna - será definida por meio da imersão

nos dados e exame por par

Merriam (2002)

3.4.2 A confiabilidade - análise da consistência dos

resultados com os dados

Merriam (2002)

3.4.3 A ética da pesquisa - entrevista aberta para o

entrevistado e não só para o

entrevistador.

Merriam (2002); Patton (2002)

Fonte: do autor

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4 Apresentação e análise dos resultados da pesquisa

Nesta seção, são descritos e analisados os resultados obtidos nas entrevistas realizadas

com os fundadores das empresas de TI selecionadas para a pesquisa. Inicia-se com o perfil

tecnológico dos fundadores, destacando os artefatos tecnológicos que foram utilizados no

desenvolvimento da competência tecnológica para depois abordar a formação acadêmica dos

fundadores e sua experiência pré-empresa. Considera-se a formação acadêmica e a

experiência pré-empresa pontos básicos no entendimento do desenvolvimento das

competências tecnológicas do fundador e posterior surgimento da nova organização.

Conforme Riessmann (2005, 2008) e Flick (2004), a análise da narrativa não necessariamente

segue a mesma sequência da narrativa. Aborda-se o conceito de tecnologia desenvolvido

pelos fundadores por entender que isto causou impacto nas opções de desenvolvimento

realizadas ao longo do tempo. Estudam-se os vários indicadores da competência tecnológica,

tais como habilidades no desenvolvimento de novos produtos, habilidade em

autoaprendizado, habilidade em liderança e condução da equipe, habilidade em otimizar com

precisão, habilidade no uso de tecnologias, habilidade em negociação e marketing, habilidade

no desenvolvimento e adaptação a novos processos, habilidade na geração da inovação

tecnológica, contatos desenvolvidos, habilidade no uso e operação de novas tecnologias. O

surgimento da nova organização é tratado como uma conseqüência do desenvolvimento das

competências tecnológicas por meio de comentários que permeiam os vários indicadores das

competencias tecnológicas.

4.1 Perfis tecnológicos dos fundadores

Consideram-se as perspectivas sobre tecnologia e a materialidade que permearão as

visões e a ações dos fundadores no desenvolvimento das competências tecnológicas.

Considerando a importância da relação entre a materialidade e o conteúdo da

tecnologia para os estudos organizacionais, de acordo com Orlikowski (2007), duas

perspectivas devem ser abordadas quanto à adoção, à difusão e ao uso da tecnologia. A

primeira perspectiva denominada tecnocêntrica está interessada em entender como a

tecnologia promove as ações humanas. Esta perspectiva desenvolve um enfoque amplamente

funcional ou instrumental, assumindo a tecnologia como exógena, homogênea, previsível e

estável. Esta perspectiva é criticada nos estudos organizacionais pela reificação da tecnologia;

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por ignorar como a tecnologia é limitada por influências históricas e culturais, assim

produzindo determinantes tecnológicos sobre a relação tecnologia e organização

(ORLIKOWSKI, 2007).

A perspectiva humanocêntrica foca em como a tecnologia faz sentido para o ser

humano e como é a interação entre este e a tecnologia nas várias circunstâncias. A tecnologia

não é vista como uma caixa preta, mas entendida de diferentes maneiras quanto ao

engajamento com o elemento humano. Ou, como coloca Latour (2000), não se examinam o

produto final, mas o produto em elaboração. Desta maneira, em vez de transformar em caixa

preta a tecnologia, examinam-se as influências e os vieses desta antes da caixa fechar-se e

tornar-se preta (LATOUR, 2000). Esta perspectiva tende a minimizar o papel da tecnologia

por ela mesma, com as interpretações, interesses e interações, variando no tempo e no espaço,

criando uma dinâmica maior (ORLIKOWSKI, 2007).

Seres humanos são constituídos por meio de relações de materialidade com seu meio.

Esta relação inclui suas roupas, equipamentos, ferramentas, alimentos que, por sua vez, são

produzidos pelas práticas humanas. A distinção entre humanos e artefatos, nesta perspectiva, é

somente analítica, sendo o artefato o grupo de materiais e símbolos contidos em alguma forma

social reconhecível, como hardware, software, técnicas (ORLIKOWSKI, 2007, 2000). O

Quadro 21 relaciona os fundadores das empresas de TI analisadas e os artefatos envolvidos

em suas atividades.

QUADRO 21 – Artefatos tecnológicos envolvidos nas atividades dos fundadores

Fundadores Artefatos tecnológicos

F1; F2; F3; F4; F5;

F6

Computadores; servidores; linguagens e programas para

computadores

(ASSEMBLER; C; COBOL; FORTRAN; UNIX, Internet; Intranet)

Fonte: do autor.

A seguir, discutem-se as formações acadêmicas e as experiências pré-empresas dos

fundadores das empresas pesquisadas.

4.2 Formações acadêmicas e experiências pré-empresas dos fundadores

Dos seis entrevistados, observam-se que três deles, F1, F2 e F6, tiveram formação

acadêmica superior especificamente voltada para TI, sendo que (F1), (F3) e (F4) iniciaram sua

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aquisição de conhecimento no setor de TI ainda no ensino médio, cursando escola técnica.

Entre os entrevistados, evidenciam-se duas exceções: o caso do entrevistado (F3) um,

autodidata na área de TI, apesar da formação intermediária em tecnologia da informação e o

entrevistado (F5) com passagem por curso superior de matemática e posterior graduação em

administração de empresas. Ponto comum no relato: de todos os participantes da pesquisa, foi

a natural a inclinação dos fundadores das empresas para a área de TI. Para o entrevistado F1,

em particular, foi destacada a importância da formação em negócios, mais até que a formação

técnica.

(F1) [...] Eu fiz o curso de Análise de Sistema. Era um curso muito bom. Era um curso, pra

visão de negócios muito bom, melhor até, pelo pouco que a gente tá sentindo aqui, melhor até,

por exemplo, que um curso mais [...] de muito mais reconhecimento como a UNICAMP. A

UNICAMP ela forma você muito bem tecnicamente, mas ela tem as suas falhas na parte

administrativas, de negócios, diferente da PUC que traz também uma boa bagagem de

negócios, né, administração, negócios na formação.

O entrevistado destaca ainda que mais importante que o ensino superior é a formação

de empreendedor

(F1) [...] E a parte de formação de empreendedorismo mesmo, de empreendedor, eu acho que

não tem muito a ver com [...] a faculdade não. Isso tem a ver comigo. Eu sempre quis... quis

ter o meu negócio. Não quis [...] Eu brinco até hoje que eu não tenho Carteira de trabalho

(risos). Nunca trabalhei para os outros [...]

Destaca-se para o entrevistado F2, a formação acadêmica de ensino superior foi, a qual

foi importante na medida em que proporcionou estágio e posterior trabalho no Centro de

Pesquisa e Desenvolvimento da Telebrás (CPqD) com tecnologias avançadas da área de TI.

Observa-se para os fundadores que a formação ou o envolvimento com a área de TI

ocorre no momento do próprio do surgimento da área como campo do conhecimento. Isso

explica por que algumas formações não se dão necessariamente na área de TI, mas em áreas

afins. As formações acadêmicas encontradas entre os fundadores evidenciam que graduações

específicas ou afins, como em engenharia elétrica, foram relevantes para o desenvolvimento e

envolvimento dos indivíduos com a área de TI, mas não determinantes para a inserção do

indivíduo na área.

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Uma das características, da década 80, foi o rápido desenvolvimento de TI

(CHANDLER, 1980), constituindo-se em opção profissional dominante como se pode notar

na fala do entrevistado F4.

(F4` [...] Minha formação técnica foi Eletrônica, né, na... Na... A minha geração acho que é

uma geração que foi muito influenciada pelo aspecto da Engenharia Eletrônica, era... Era,

vamos dizer assim, que era a bola da vez, né, na década de 1980. Na minha carreira, saio de

uma linha de negócio focada em... Em Engenharia, porque eu trabalhei por um... Comecei a

trabalhar dentro de uma empresa de telecomunicações, larguei tudo pra conhecer ... a parte de

informática [...]

A mudança profissional de F4 implicou em um recomeço profissional a partir dos

princípios mais simples.

(F4) [...] Enfim, pra começar a aprender eu fui digitador, operador de micro e aí eu começo

uma linha de estudo acadêmica focada pra parte de Análise de Sistemas e eu começo, de fato,

minha carreira sólida nisso [...]

O Quadro 22 fornece uma visão geral da educação formal e aprendizagem dos

fundadores atributos relevantes para a formação dos fundadores.

Quadro 22 – Educação formal e atributos relevantes na formação dos fundadores das

empresas de TI pesquisadas

Fundadores

Educação Formal

Atributos relevantes da educação

(formal e aprendizageml)

Ensino

intermediário

Curso

Superior

Pós-Graduação

F1 Escola técnica Ciência

da computação

Marketing - Formação técnica específica

complementada por formação em

negócios.

F2 Ensino médio Ciência

da computação

Ms ADM - Formação técnica específica

complementada por Mestrado em

ADM

F3 Escola técnica - - - A relevância da prática

F4 Escola técnica Engenharia Eletrônica

e

Análise de sistemas

- - Formação técnica específica.

F5 Ensino médio Matemática (inconcluso)

e Administração

- - Formação generalista e impulso

para TI.

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84

F6 Ensino médio Análise de sistemas - - A formação específica e a visão

empreendedora .

Fonte: do autor com base nas entrevistas.

Segundo Sandberg (2000), as pessoas estruturam seu próprio trabalho de maneira que

os atributos utilizados para desempenhar um trabalho não são separados da experiência obtida

em sua execução, mas sim internamente relacionada ao trabalho por meio do modo como foi

estruturado para a situação específica. Na visão interpretativista, o modo como os indivíduos

experimentam seu trabalho é mais determinante do que seus próprios atributos (SANDBERG,

2000).

Encontram-se, com frequência, quatro ocorrências F3, F4, F5 e F6 em seis casos, entre

os fundadores das empresas pesquisadas o desenvolvimento dos primeiros conhecimentos nas

empresas prestadoras de serviços. Constituem exceções os fundadores F1 e F2. O primeiro

(F1) por seu envolvimento com TI desde o ensino médio em colégio técnico, o que fez com

que comercializasse os primeiros programas ainda durante o curso superior. O segundo (F2)

por ter estagiado em pesquisa e desenvolvimento no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento

(CPqD) da Telebrás, envolvendo-se com pesquisas avançadas fundamentais como início de

carreira.

F1: [...] Eu já trabalhava como programador, porque minha formação é técnica também em

programação. Eu sou técnico de programação. Então o que é que eu fazia: Na faculdade, eu já

desenvolvia meus softwares. Mas sempre... sempre assim...sempre foi...para ter meu negócio.

Então eu para você ter uma ideia, um dia fui ao Shopping Iguatemi aqui... eu tinha um

notebook e fui mostrando o software pra eles. Aí eu vendi... [...]

O entrevistado F2 segue uma trajetória de início profissional pouco comum se

comparada aos demais participantes da pesquisa. Do relatado estágio no CPqD da Telebrás,

ao trabalho na equipe de desenvolvimento do primeiro IBM PC de 16 bits da Itautec e retorno

ao CPqD da Telebras para trabalho com uma ferramenta de software especial no limite

tecnológico da época.

[...] eu me formei e eu fazia estágio no CPqD, o CPqD é Centro de Pesquisa e

Desenvolvimento, que na época era do sistema Telebras. E o CPqD, então, desenvolvia os

projetos pra todas as teles. Então, o sistema Telebras era composto pela Embratel, pelas teles

estaduais, Telesp, Telerj, Telemig etc e pelo CPqD, e todos os projetos de desenvolvimento de

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tecnologia 'pras' teles era realizado dentro do CPqD. O CPqD fez parte de uma política

nacional de desenvolvimento de tecnologia, não foi por acaso que ele foi colocado em

Campinas e do lado da Unicamp. Ali acabou... Foi um dos planejamentos de longo prazo no

Brasil que acabou dando certo,[...] E eu, então, me formei no final desse ano e fiquei

trabalhando no CPqD até meados de 1985, meados de 1986, quando eu resolvi voltar pra São

Paulo, porque eu sou originalmente daqui, e fui pra Campinas só pra estudar na Unicamp. Aí

eu fiquei no CPqD mais um ano e meio e vim pra São Paulo. E quando eu vim pra São Paulo,

eu já pensava em empreender. Aí tem um detalhe que é muito importante, que é um detalhe

mercadológico: antes de ir pro CPqD, eu trabalhei aqui na Itautec, e eu peguei o projeto do PC

IBM. Você também é dessa geração, então você talvez se lembre. A IBM seguiu uma

estratégia, na época, que era uma estratégia que até hoje a gente chama de sistemas abertos,

que começou com a Apple. A Apple, quando lançou o Apple II, o Apple II foi um grande

sucesso por quê? Porque ele tinha arquitetura aberta. [...] Eu, então, desenvolvi, trabalhando

nesse projeto de desenvolvimento de um MS-DOS A Itautec, como a maioria dos fabricantes

nacionais da época, tinha micros de 8 bits e estava começando a fazer transição pra lançar os

primeiros micros de 16 bits, como era o caso do PC.O que ela fez? Ela, como todos os outros,

comprou alguns PC IBM originais, abriu e começou a estudar o barramento, começou a

estudar como fazer um hardware que fosse compatível com o hardware da IBM, no que ela

foi muito bem-sucedida. E ela precisava fazer um sistema operacional que fosse compatível

com o MS-DOS. E aí, isso é que é experiência interessante, porque eu tinha uma visão do

mundo absolutamente tecnológica, eu entendia de computadores. Compatível e, por conta

disso, eu comecei a conhecer muito bem tanto PC como MS-DOS. Bom, aí eu fui pro CPqD,

porque o projeto era tecnologicamente muito mais interessante, muito mais desafiador, mas eu

comecei a ver anúncios no jornal de gente procurando profissionais que conhecessem MS-

DOS e esse mercado só cresceu, a valorização desses profissionais só cresceu, e eu comecei a

perceber que conhecer algumas tecnologias específicas tinha mais valor de mercado do que

conhecer outras e que, portanto, existiam indústrias que iam se formar em torno de

determinadas tecnologias. [..] A minha carreira no CPqD e eu acabei tendo uma oportunidade

especial, porque eu participei lá de um projeto [...]

O Quadro 23 resume as experiências pré-empresa dos fundadores das organizações

pesquisadas considerando as respectivas participações em empreendimentos próprios desde o

início da trajetória profissional, caso de (F1), ou a experiência em empresas produtoras de

equipamentos para TI, ou empresas prestadoras de serviços de TI.

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Quadro 23 – Experiências pré-empresa dos fundadores das empresas de TI pesquisadas

Fundadores Experiências pré-empresas Atributos relevantes

para a formação

tecnológica

F1 - Em empreendimento

próprio

- entendimento do

mercado.

F2 - CPqD Telebrás

- Em empresa produtora de

hardware

- desenvolvimento de

capacidades em

tecnologias avançadas

fundamentais.

F3

- Em empresas prestadoras

de serviços

- desenvolvimento de

capacidade em novas

tecnologias.

F4

F5

F6

Fonte: do autor com base nas entrevistas.

No próximo item, aborda-se a visão do que é tecnologia na concepção de cada um dos

fundadores. Isto possibilita um entendimento maior das competências desenvolvidas na fase

pré-organização e que impactaram o nascimento da organização e sua posterior evolução.

4.3 Visões do conceito de tecnologia e competência tecnológica dos fundadores

É precípuo observar que nenhum dos entrevistados avança além do que Orlikowski

(1992) considera o escopo da tecnologia, ou melhor, o que se compreende por tecnologia. De

uma maneira geral, as ideias concentram-se no hardware, ou seja, no instrumento de uso

humano ara as atividades de produção: o artefato técnico. A conceituação expressa pelo

entrevistado (F3) constitui uma exceção por considerar a tecnologia como transformadora das

pessoas. A tecnologia como produto da ação humana constitui o que Orlikowski (1992)

classifica como escolha estratégica dentro do papel da tecnologia. É uma abordagem sócio-

técnica de como a tecnologia é construída pelas interações sociais e escolhas políticas, sendo

uma variável dependente contingencial com as forças da organização.

O Quadro 24 evidencia o conceito de tecnologia dos entrevistados e os principais atributos

destes conceitos.

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Quadro 24: Conceitos de tecnologia dos fundadores e seus atributos relevantes

Fundadores Conceito de tecnologia expresso pelos fundadores Atributos

relevantes do

conceito

F1 [...] Tecnologia, na verdade, são instrumentos, ferramentas que

você usa para aperfeiçoar ou tornar mais rápido o seu trabalho [...]

- ferramentas

para a eficiência

F2 [...] Tecnologia é conhecimento aplicado e esse conhecimento

aplicado passa por pesquisa e desenvolvimento, ele passa por

desenvolvimento de coisas novas [...]

- pesquisa e

desenvolvimento

aplicado

F3 [...] Definição de tecnologia? Transformar as pessoas [...] ´´

[...]O cara tem uma ideia. Como eu transformo essa ideia em algo

que facilite a vida dele? Porque eu tenho que pegar a tecnologia, a

tecnologia tem que ser simples. Porque se você pôr uma forma,

coloque de uma forma que complique a vida... Tecnologia não veio

para complicar, veio para simplificar. [...]

- transformar

pessoas

F4 `[...] a tecnologia é um habilitador de soluções ou de

aplicativos pra facilitar a vida [...]

- habilitar soluções

F5 [..] Eu acho que tecnologia, na verdade, é o conhecimento humano

posto em prática [...]

- conhecimento

humano na prática

F6 [...] acho que tecnologia é isso, é utilizar, da melhor maneira

possível, o que é possível automatizar através de sistema [...]

Automatização,

eficiência

Fonte: do autor com base nas entrevistas.

As conceituações de tecnologia dos fundadores, em seus atributos mais relevantes,

associadas as suas educações formais superiores e as experiências pré-empresas, fornecem

uma discussão importante sobre o modo como o conhecimento tecnológico foi vivenciado.

É relevante observar a articulação da formação do fundador, com sua experiência pré-empresa

e o conceito de tecnologia que o orienta. O Quadro 25 resume esta articulação.

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QUADRO 25: Formação educacional dos fundadores, a experiência pré-empresa e os

atributos relevantes do conceito de tecnologia

Fundadores Formação educacional

dos fundadores

Experiência

pré-empresa

dos fundadores

Atributos relevantes do

conceito de

tecnologia expresso pelos

fundadores

F1 - curso técnico em TI

- Ciência

da computação

- Em empreendimento

Próprio

- ferramentas

F2 Ciência

da computação

e

Ms em Administração

- CPqD Telebrás

- Em empresa produtora de

Hardware

- pesquisa e desenvolvimento

F3 - curso técnico em TI

- Em empresas prestadoras

de serviços

- transformar pessoas

F4 Engenharia Eletrônica

e

Análise de sistemas

- habilitar soluções

F5 Matemática (inconcluso)

e Administração

- conhecimento humano

na prática

F6 Análise de sistemas - automatização

Fonte: do autor com base nas entrevistas.

Tecnologia conceituada como ferramenta por F1 aparece desde o início da sua

investida na área de TI. Seus primeiros trabalhos desenvolvidos a partir de conhecimentos

adquiridos na escola técnica tinham por objetivo a automatização de pequenas empresas

comerciais. A conclusão da sua formação superior foi realizada por meio de um programa

para avaliação do desempenho dos funcionários de uma empresa. É este mesmo programa

que, em curto período de tempo após sua graduação e abertura da empresa, foi implantado na

unidade local de uma multinacional para avaliação do desempenho de 3500 funcionários.

Com formação acadêmica similar a F1, o fundador F2 graduou-se em escola superior

caracterizada pela pesquisa e desenvolvimento aplicados. Sua experiência profissional deu-se

por meio de estágio em centro de pesquisa, referência de TI na época. Aliou a isto um

autoaprendizado no sistema operacional UNIX, intuindo que este seria em curto período de

tempo um marco em TI. Na busca de desenvolvimento de competência no novo sistema

operacional, empregou-se, com ajuda da rede pessoal de relacionamentos dos tempos

universitários, em uma empresa nacional que desenvolvia um dos primeiros projetos

nacionais com esta aplicação. A conceituação de F2 para tecnologia como pesquisa e

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desenvolvimento aplicados evidencia-se compatível com sua inserção no mercado de trabalho

e posterior desenvolvimento da empresa. É importante observar ainda que a formação

amplamente técnica de F2 seria, no seu futuro de empreendedor, vista por ele como uma

dificuldade. Segundo F2, a visão de mercado dada por escolas menos tecnicistas e mais

voltadas para o mercado teria sido valiosa nas escolhas que realizou.

O conceito de tecnologia como transformadora de pessoas harmoniza-se com a

formação de tecnólogo de F3 ao se considerar que seu desenvolvimento deu-se em uma área

técnica especializada, onde se objetivou a busca pela prática e pela formação de equipe. Ao

enfatizar transformação, o entrevistado evidencia isto nas expressões utilizadas na sua própria

transformação de tecnólogo em gestor, líder de equipe e criador de empresa. Esta mesma

visão de tecnologia como transformadora do elemento humano foi aplicada na criação de um

centro de assistência para o usuário da plataforma SAP. A formação deste centro de

assistência ao usuário constituiu-se em recurso inédito àquele tempo. Segundo palavras do

entrevistado, a tecnologia deve ser amigável ou a pretendida transformação humana não

ocorrerá.

Com formação superior em engenharia eletrônica e análise de sistemas F4, ele

conceitua tecnologia como habilitadora de soluções. Sua experiência profissional foi

desenvolvida na implantação da plataforma SAP na gestão de várias empresas industriais. O

conceito de tecnologia como habilitadora de soluções conecta-se adequadamente com a

formação primeira de F4 como engenheiro. Engenheiros de uma maneira geral são formados

para encontrar soluções. A articulação da plataforma SAP com a área financeira, necessidade

dos clientes não atendida pela empresa SAP deu origem à nova empresa.

A formação educacional menos específica do que F1 e F2, tem-se o entrevistado F5,

graduado em administração de empresas. Sua experiência profissional foi desenvolvida em

grandes empresas prestadoras de serviços de TI. Esta conjugação de uma formação generalista

e prestação de serviços tecnológicos fica evidente em sua concepção de tecnologia como

conhecimento humano posto em prática. Esta prática é representada pelos artefatos

manipulados para disponibilização dos conhecimentos sobre TI para os clientes.

O entrevistado F6 graduou-se em análise de sistemas e toda sua experiência

profissional foi na SAP, implantando a plataforma de gestão de negócios em grandes clientes.

Conceituar tecnologia como automatização harmoniza-se com a formação focada em

mecanizar principalmente processos administrativos repetitivos.

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De maneira similar a F4, o entrevistado F6 observou uma necessidade específica não

atendida pela empresa SAP. Então, especializou-se na aplicação da plataforma SAP à área de

Recursos Humanos, constituindo-se isto no embrião da futura empresa.

Os aspectos de educação formal e informal, a experiência pré-empresa e o conceito de

tecnologia são bases relevantes no desenvolvimento das competências tecnológicas. O item

seguinte da análise aborda os vários aspectos que evidenciam o desenvolvimento da

competência tecnológica.

4.4 Análise dos indicadores do desenvolvimento da competência tecnológica

A articulação entre a formação acadêmica, a experiência pré-empresa e o conceito de

tecnologia dos fundadores desdobra-se para a constituição da competência tecnológica,

principalmente do ponto de vista dos atributos da competência tecnológica.

Nos itens seguintes, analisam-se as evidencias dos atributos da competência

tecnológica desenvolvida por cada um dos fundadores.

4.4.1 Habilidades de autoaprendizado

O autoaprendizado ficou evidenciado nas várias falas das entrevistas com os

fundadores como:

F1: [...] É um cliente que... é uma multinacional né, e que exige fortemente da gente. Então

eu, eu principalmente, tive que aprender muito com isso. Porque... a gente não tem esse tipo,

esse ensinamento não vem da escola [...]

[...] Em 90... 93, 94, o mercado de tecnologia era extremamente amador. Mas isso aí você não está

falando só de mim, você pode falar da Microsiga, você pode falar da RM, você pode falar da

Logocenter, que os 3 grande pilares da tecnologia no país, em se falando de software pra.. de gestão.

Os três vieram de uma base totalmente amadora. Para você ter uma ideia, um dos fundadores da

Logocenter trabalha com a gente, aqui hoje. E é um baita profissional. Era amadora... a gente fazia na

galega mesmo. "Vamô que vamô". Não existia profissionalismo, na área de tecnologia, nos anos 90.

Talvez no final dos anos 90, depois de 97 - 98, onde o mercado começou a ficar mais. Mas antes disso,

pode esquecer. Não existia... era tudo amadoristicamente feito.[...]

Os relatos de F2 e F3 reforçam a ideia do autoaprendizado, da busca pelo conhecimento:

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F2: [...] E eu fui estudar o Unix primeiro pela minha atração acadêmica. O Unix era um

sistema operacional...[...]

F3: [...] Na prática do que na teoria. Tudo que eu sei, eu aprendi na prática, não a foi escola

que me deu, né. Porque a minha formação é, desde o início foi em tecnologia. Comecei

operando o Barra 3, né, depois 370, 4381, programador, analista, né. Foi, fiz toda a carreira.

Fui digitador de cartão 80x1. Então, a origem sempre foi em tecnologia. [...]

[...] Eu comecei em 1993 e em 1996 as empresas não estavam decidindo ainda, só estava começando.

Tanto é que a... Eu trabalhei no primeiro projeto, que foi a Bayer. Aí fui pros Estados Unidos, porque

lá o SAP já estava mais... Mais maduro. Eu falei: “-Pô, vou aprender mais.” Cheguei lá, não, porque o

pessoal também estava aprendendo.

Essa versão do SAP era muito nova, na Europa acho que tinha cem clientes tentando entrar para

produção. Era uma versão limitada, com poucos recursos. E aí fui pros Estados Unidos, achando... No

fim, lá ainda tive que dar um curso, ensinar o pessoal que também estava começando [...]

Nas entrevistas de F5 e F6, encontram-se também evidencias significativas do

autoaprendizado.

F5: [...] Tem coisas diferentes, sim, mas, pra quem conhece uma, acho que é um pouquinho

mais fácil, porque, por analogia, você acaba aprendendo uma outra. E o VB eu aprendi assim,

comprei um livro [...]

F6: [...] Nem fazia parte desse treinamento nada de RH. A gente foi adquirindo nos projetos

mesmo, estudando, autoestudo. Até... Pra ter uma ideia, eu nunca fiz nenhum curso da SAP,

só estudando mesmo, só... Só procurando... [...]

Das considerações quanto ao amadorismo do mercado de TI em sua fase de desenvolvimento

feita por F1, passando pelo aprendizado de UNIX feito por F2. Encontram-se, ainda, F4 e F6,

desenvolvendo habilidades em Finanças e Recursos Humanos, respectivamente, a partir de

experiências próprias. Ou mesmo F5, aprendendo por meio de publicações uma nova

linguagem Visual Basic (VB).

4.4.2 Habilidades no uso de tecnologias fundamentais

Encontram-se evidências importantes nas falas dos fundadores quanto aos artefatos

tecnológicos envolvidos com as tecnologias fundamentais aprendidas.

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F1: [...] Então, primeiro teve a área do Basic, depois a gente teve a virada dos Mainframes, né, depois

vieram os Microcomputadores, no qual houve uma outra virada, depois veio Clipper com, Clipper,

depois veio a virada do desenvolvimento para Windows, depois veio a virada do Banco de Dados

Operacional, depois veio uma outra virada que foi o início do desenvolvimento para a Web, e agora a

gente tá em outra virada, né, que é um desenvolvimento, um desenvolvimento web onde o browser ele

é quase tão amigável quanto era na época do CAD service. Então a gente tá num momento de virada

tecnológica. E nesses momentos de virada tecnológica que surgem novas empresas e também velhas

empresas, e também velhas empresas [...]

F2: [...] nos levou a voltar pra área fundamental, e a gente começou a oferecer esses cursos de

Unix e Linguagem C [...]

[...] Então, como eu tinha trabalhado, desenvolvendo protocolos de comunicação, eu tinha

acabado estudando muito no CPqD, essa foi uma segunda competência fundamental minha

que deu o passo... Espaço pro passo seguinte da empresa. Na época, no que nós apostávamos?

A gente estava apostando no sistema operacional Unix, e aí existia um mercado, que era um

mercado naquela época muito valioso, que era o mercado de automação bancária, automação

de agências bancárias. Então, o que nós pensamos? Bom, uma agência bancária típica e o

processo de automação bancária naquela época era assim: um banco tinha e tem até hoje no

seu data center central um computador de grande porte IBM, né, um mainframe, e aqui é que

ele tem o banco de dados com a conta corrente, com os investimentos dos clientes. Os

sistemas fundamentais do banco estão rodando aí, porque esse equipamento sempre foi um

equipamento de grande confiabilidade, tá? [...]

F3: [...] O que eu fundei foi a E3, que foi em 1998, numa época que, é, foquei na tecnologia SAP.

Numa época em que se dizia: “-O SAP não se desenvolve, só se customiza.” Quer dizer, você não faz

código nele, porque tudo que você tá, você liga os campinhos. [...]

A habilidade no uso de tecnologias fundamentais para a área de TI encontra-se muito

na utilização das várias linguagens de programação, adequações das plataformas tecnológicas

a novos clientes e funções e no manuseio dos artefatos tecnológicos pertinentes à área.

Resumem-se, para tanto, as evidências encontradas para as habilidades no uso de tecnologias

fundamentais no Quadro26.

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Quadro 26 – Habilidades no uso de tecnologias fundamentais.

Fundadores Habilidades no uso de tecnologias fundamentais Atributos no uso de

tecnologias fundamentais

F1 Desenvolvimento de várias linguagens de

programação

Novas linguagens de

programação e especializações

de plataformas

F2 Foco inicial no sistema UNIX e posterior ganho de

habilidades em novos sistemas como Linguagem C;

pacote Microsoft

F3 Evolução na utilização da plataforma SAP

F4 Evolução na utilização da plataforma SAP para

Finanças

F5 Habilidade no uso de várias linguagens

F6 Evolução na utilização da plataforma SAP para

Recursos Humanos

Fonte: do autor, com base nas entrevistas.

Esta habilidade no caso dos desenvolvedores de TI está ligada à utilização de novas

plataformas e linguagens que estabelecem a comunicação homem-máquina. Estes

profissionais iniciaram suas vidas aprendendo BASIC, depois se adaptaram aos mainframes, a

linguagem Clipper, ao Windows, aos bancos de dados e atualmente à computação em nuvem.

4.4.3 Habilidades no uso e operação de novas tecnologias

Encontram-se evidências do uso e operação das novas tecnologias nas entrevistas com

os fundadores, destacando-se algumas pela indicação do acesso a estas tecnologias. E as

evidências surgem com o aprendizado de novas linguagens; com a preocupação em

manterem-se em contato com institutos de pesquisa, como o Gartner, que retrata o estado da

arte no segmento de TI.

F1: [...[ Então, a tecnologia, ela é muito importante. Você tem que se atualizar, mas você não precisa

ser o "crème de la crème", você não precisa ser... porque eu não vendo tecnologia. Eu vendo negócio,

né. Então é um pouco diferente. Mas, assim, eu não posso estar atrasado, eu não posso ficar para trás,

mas... e às vezes é até ruim ser o primeiro, ser o melhor. Porque eu vou impor aos meus clientes, às

vezes uma atualização de tecnologia, que eles não esperam. Então eu gastei, porque o primeiro

geralmente é o que mais gasta, mas eu não consigo cobrar por isso. Então o que a minha ferramenta

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tem que ter é uma.. é a melhor...é o melhor processo, a navegabilidade. E ela não pode ficar defasada

tecnologicamente, em design, estas coisas. [...]

F2: [...]-Olha, rapaz, mas de onde você conhece isso?” Eu expliquei que eu já tinha

trabalhado em empresas que trabalhavam com tecnologia de ponta, blá-blá-blá, que eu

conhecia bem a tal da Linguagem C porque eu tinha trabalhado num projeto de Unix e que eu

já tinha dado algumas aulas e etc.[...]

[...] Acesso às bases de informação que são muito importantes para nós, como é o caso

Gartner. Como é o caso das revistas especializadas internacionais [...]

F3: [...]. E às vezes você precisa inventar algumas coisa. Foi o que a gente fazia muito na E3, a gente

inventou muito. Foi a primeira a criar uma fábrica de solução remota para atender a Oi, né. Foi a

primeira a criar uma área de suporte para atender clientes remoto do SAP, que não tinha, né. [...]

F4: [...] E a gente se utiliza da própria pesquisa e desenvolvimentos que a SAP faz e a gente

se utiliza disso também pra alavancar as nossas oportunidades de tecnologia, por... E a gente

acompanha os movimentos de mercado, então, está sempre lendo o que o Gartner está

colocando no mercado, o que um IDC está falando, o que um... Um Forest está vinculando. A

gente acompanha os movimentos da Oracle, acompanha os movimentos da Totvs, pra

entender bem [...]

Esta habilidade fica evidenciada a partir a valorização dada às fontes de informação

como Forest, Gartner, IDC ou ao acompanhamento das empresas líderes de mercado como

ORACLE, SAP e TOTVS. A partir destas fontes de informação, as novas tecnologias são

avaliadas, aprendidas, desenvolvidas e propostas aos clientes.

4. 4 Habilidades no desenvolvimento e adaptação a novos processos

Observam-se nas falas dos entrevistados evidências significativas da relevância dada

por cada um deles ao quesito adaptação aos novos processos. Desde F1 que valoriza a

compreensão do processo do cliente, ou F2 no desenvolvimento de conjuntos de protocolos de

comunicação a partir de engenharia reversa.

F1: [...] o conhecimento que é muito importante pra gente aqui, é o conhecimento do

processo do cliente. Por que se a gente conhecer muito bem o processo do cliente, é claro que

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a gente vai executá-lo da melhor forma possível. É diferente de uma empresa purista de

tecnologia, no qual o conhecimento maior é da linguagem, é da tecnologia em si. Pra gente

tecnologia é o instrumento [...]

F2: [...] Então, este protocolo que interligava o servidor da agência bancária com o mainframe

IBM era um conjunto... Na verdade, não era um protocolo só, era um conjunto de protocolos

proprietários da IBM. Protocolos esses que não estavam formalmente documentados fora da

IBM, tinha uma documentação genérica. Então, o que a gente descobria como... O que a gente

tinha que fazer? Engenharia reversa. Você ia lá, botava o analisador de dados e ficava olhando

as mensagens passando e tentando entender o que aquilo tudo significava. Existia um

conjunto de protocolos mais antigos, mas que tinha um parque instalado muito grande no

Brasil [...]

Ou como F3, enfatizando a simplicidade que deve existir na relação cliente –

tecnologia.

F3: [ ...] O cara tem uma idéia. Como eu transformo essa idéia em algo que facilite a vida

dele? Porque eu tenho que pegar a tecnologia, a tecnologia tem que ser simples [...]

Ou como F4, focado em soluções financeiras,

F4: [...]E você começa a ver soluções muito focadas pra onde? Não pra gestão do CFO, as

soluções eram muito focadas pra organização da empresa, pra uma indústria. Então estava

muito na mão de quem? Do COO, do CEO, de trazer eficiência e eficácia nos processos

produtivos, na cadeia produtiva, e finanças, como é um... Um processo de apoio é um

processo core, é um processo de back office, você não tinha tanta evolução nas ferramentas de

ERP naquela... Naquele momento no mercado que fornecessem ferramentas adequadas pro

CFO. Até porque a maturidade de um mercado financeiro, naquele momento, aqui no Brasil,

também não era tão elevada. Então, você começa a ter uma lacuna de mais ou menos 1995 em

diante onde o CFO, ele é preterido pelo produto, ele é meio que esquecido. E aí ele começa a

criar as suas ferramentas em volta do SAP.

A partir dos extratos das entrevistas anteriormente relatados e dos extratos constantes

do APÊNDICE D, foi construído o Quadro 27, que resume as habilidades no

desenvolvimento e adaptação a novos processos e os atributos desta habilidade.

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Quadro 27 – Habilidades no desenvolvimento e adaptação de novos processos e seus

atributos

Fundador Habilidades no desenvolvimento a

adaptação de novos processos

Atributos da

habilidade

F1 Foco no processo do cliente e não na

tecnologia

- Foco no processo

F2 Foco no processo do cliente

F3 Transformar ideia do cliente em solução

simplificadora

- Tecnologia como

idéia simplificadora

F4 A evolução em novas tecnologias exige

adaptação constante

- Adaptação

constante

F5 Adaptou-se a novas linguagens com resultados

melhores para os clientes

- Adaptação aos

clientes

F6 Os negócios adaptados as novas necessidades

dos clientes

- Foco no processo

de negócio

Fonte: do autor com base nas entrevistas.

A habilidade no desenvolvimento e adaptação a novos processos fica evidente não

apenas na tecnologia adotada, mas também nas novas práticas comerciais desenvolvidas no

momento em que o mercado demonstra sinais de esgotamento das formulações tradicionais.

Observa-se esta adaptação a novos processos em F1 no seu primeiro cliente, ou em F2,

desenvolvendo manuais para usuários do sistema UNIX ou protocolos de comunicação na

montagem de redes de processamento para bancos. Pode-se ainda pensar em F5, adaptando-se

a novos processos de máquinas de grande porte a computadores pessoais.

4.4.5 Habilidade na geração da inovação tecnológica

Os extratos das entrevistas fornecem evidências dos mecanismos utilizados para

geração da inovação tecnológica. Destacam-se nestes mecanismos os contatos com o mercado

e as empresas em que trabalharam os fundadores. Algumas destas inovações tecnológicas

foram determinantes para o surgimento da nova organização.

F2: [...] meu objetivo sempre foi desenvolver produtos de software, mas pra você desenvolver

produtos de software, você precisa ter dinheiro, você precisa ter capital [...]

[...] Então, este protocolo que interligava o servidor da agência bancária com o mainframe IBM era

um conjunto... Na verdade, não era um protocolo só, era um conjunto de protocolos proprietários da

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IBM. Protocolos esses que não estavam formalmente documentados fora da IBM, tinha uma

documentação genérica. Então, o que a gente descobria como... O que a gente tinha que fazer?

Engenharia reversa. Você ia lá, botava o analisador de dados e ficava olhando as mensagens passando

e tentando entender o que aquilo tudo significava. Existia um conjunto de protocolos mais antigos,

mas que tinha um parque instalado muito grande no Brasil [...]

[...] Eu uni as minhas duas competências fundamentais, Unix e protocolos de comunicação, e

desenvolvi um conjunto de protocolos de comunicação IBM compatíveis [...]

F3: [...]a primeira a montar um Centro de Serviços Compartilhados Remoto, para atender

cliente. Ganhamos um selo da SAP, que foi o único no Brasil.[...]

[...] Tecnologia nova, vamos pensar assim, o que eu estou mais próximo, que é o mundo SAP. Eu pego

uma pessoa que está aqui dentro, que tem o perfil para aquela nova tecnologia e ponho ele num

treinamento na SAP. Então, o que eu quero do meu pessoal é que ele não seja um profissional de uma

tecnologia única, mas que ele conheça mais de uma tecnologia. E daí sim, eu busco pessoas novas no

mercado. Isso seria, eu não faço ainda, porque eu não consigo, financeiramente eu não consigo. Mas

qual seria o caminho? Você tem que ter uma equipe que é, ãh, que é o seu... O seu Norte, a sua... Sua

equipe base, que essa equipe é a que busca as novas tecnologias. Então, eu sei que vai surgir uma

tecnologia em Memory na SAP. Eu pego o cara que tem esse perfil aqui dentro e treino ele nisso. Ele

vai disseminar dentro da empresa esse novo conhecimento [...]

F4: [...] não está voltada só à tecnologia diretamente falando, e sim à necessidade do

mercado de tecnologia.[...]

[...] Então, uma das formas de captação de tecnologia é entender como o mercado está se

reagindo com o mercado corporativo e as instituições estão se relacionando [...]

A habilidade descrita fica evidenciada principalmente em F2 e F3. Em F1, no

programa pioneiro destinado à avaliação de funcionários e depois em sua disponibilização

como prestação de serviços e não como software para venda. Em F2, encontra-se desde o

início a inovação tecnológica por meio dos manuais técnicos desenvolvidos como suporte às

novas máquinas para o mercado, ou ainda nos protocolos de comunicação das redes bancárias.

Em F3, o estabelecimento do primeiro centro de assistência ao usuário do software de gestão

SAP. Para F4 e F6, a inovação tecnológica iniciou-se com a extensão do software de gestão

SAP para as áreas financeiras e de recursos humanos, respectivamente. Estas áreas não eram

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inicialmente exploradas pela SAP desenvolvedora do software de gestão. Em F5, encontra-se

a inovação na abordagem às pequenas empresas, atendendo demandas não contempladas por

grandes prestadores de serviços. O acesso a estas soluções por pequenas empresas torna-se

inviável, assegurando, portanto, um lugar no mercado para desenvolvedores como F5.

4.4. 6 Habilidade em otimizar com precisão

Os extratos das entrevistas com os fundadores evidenciam o interesse pelo trabalho

executado na preocupação com sua exatidão e acompanhamento posterior. É evidente ainda o

autoprendizado, a cooperação e a comunicação com os usuários dos serviços prestados.

F1: [...]fazer com que nosso trabalho seja o melhor possível, pra que não aconteça nada fora

da melhor justiça. [...] ´´

Por envolver a avaliação da carreira de mais de duzentos mil funcionários em

várias empresas que utilizam seu programa de avaliação do desempenho há para

F1 uma preocupação grande com a exatidão do mesmo.

F2: [...] eu tenho um data center, que na verdade é terceirizado, tá? Eu alugo espaço numa...

Na UOL, tenho meus servidores lá, meu software rodando aqui, tá? Os franqueados acessam o

sistema via internet. Então, o banco de dados deles está centralizado aqui. Vantagem disso:

ele não precisa ter nenhuma infraestrutura lá a não ser um bom acesso à internet [...] ´´

(F4: [...] Pra mim poder ganhar espaço e ganhar tecnologia, a gente ganhou pelo

conhecimento de negócio. Porque é um exemplo: eu ia num cliente ofertar uma ferramenta de

gestão financeira. Só que, dentro daquela análise de processo de negócios que é o que a gente

fazia, a gente identificava um pré-requisito, por exemplo, lá em suprimentos [...]

F6: [...]A venda é uma consequência, nossa venda é de solução, é de... negócio.[...]

[..] Mas isso, assim, o que gente percebe com outros concorrentes, até parceiros nossos, né,

é que eles têm uma visão muito imediatista, né. Às vezes, a gente vende um projeto que tem

mil horas e executa 1.500 horas, né. Não tem problema, a gente tem que entregar uma coisa

muito bem feita. [...]

O Quadro 28 resume as principais evidências relativas a habilidade em otimizar com precisão.

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Quadro 28 – Habilidades na otimização com precisão

Fundadores Otimização com precisão Atributos relativos à

otimização

F1 Conscientização dos funcionários quanto ao sistema de avaliação do

desempenho envolver a vida de 200000 pessoas

Interesse pelo trabalho

executado

F2 Melhoria contínua de programas para todos os clientes com hospedagem

deste em data center UOL e uso compartilhado pelos clientes

Autoaprendizado

F3 O cuidado de contratar pessoas experientes para melhores soluções aos

clientes

Interesse pelo trabalho

executado

F4 Uma forma de otimização está em identificar pré-requisitos antes do

desenvolvimento ou implantação de qualquer novo sistema para o cliente.

Cooperação com os

usuários

F5 O foco está dirigido para a questão custo-beneficio, informando o usuário

das condições a serem alcançadas

A comunicação com o

usuário

F6 Há uma visão não imediatista, privilegiando-se a eficiência das soluções

implantadas

Interesse pelo trabalho

executado

Fonte: do autor com base nas entrevistas.

Esta habilidade é fator componente da competência tecnológica e pode ser conceituada

como a facilidade no uso da tecnologia. Sua estrutura funcional discutida no item 2.4.3.6

aborda o autoaprendizado, o interesse pelo trabalho, a cooperação com os usuários e a

comunicação com os usuários.

O interesse pelo trabalho fica demonstrado na narrativa de F1 quando este coloca a

conscientização da sua equipe quanto à relevância do trabalho que executam na aplicação do

programa de avaliação de pessoas por sua implicação na vida dos envolvidos. Ou com F5, em

suas visitas periódicas aos clientes para verificação do desempenho dos programas quanto ao

atendimento das necessidades. A cooperação e a comunicação com o usuário são evidenciadas

nos desenvolvimentos conjuntos praticados por F5 no atendimento a necessidades específicas

do usuário. Ou em F2, com treinamentos para habilitação do usuário no uso da tecnologia.

Tem-se, ainda, F3, estabelecendo um centro de auxílio técnico ao usuário do software de

gestão SAP.

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4.4.7 Habilidade em negociação e marketing

Esta habilidade é evidenciada nas entrevistas de uma maneira particular a cada um dos

usuários. Aconteceram ações que, independentemente de uma estrutura organizacional ou

conhecimento formal, resultaram em ações que podem ser caracterizadas como marketing em

virtude do conhecimento aplicado de mercado. Para estas ações, foram exigidas negociações

que conduziram aos resultados alcançados

F2: [...] Um primeiro contrato com a Sid Informática pra dar treinamento pros clientes que

compravam o equipamento deles. E a gente começou a atuar, então, no centro de treinamento

que a Sid tinha aqui em São Paulo e também em outras filiais Brasil afora, dando o

treinamento do equipamento deles.[...]

[...] Depois, então, nós começamos a atender outras empresas, começamos a fazer venda

direto, e por aí a gente foi. A grande vantagem do treinamento qual era, Sidnei? É que o

treinamento, ele exige baixo capital, é só capital intelectual, que eu já tinha pra começar.

(Sim.) Então, ele tinha como barreira de entrada um conhecimento do assunto e, claro, a

capacidade de você dar aulas de qualidade [...]A visão atual é significativamente diferente

com a empresa (E2) desenvolvendo programas de interesse dos usuários, disponibilizando-os

em servidores da UOL e realizando contratos de locações para os usuários. Isto assegura uma

base maior de clientes pelo baixo investimento exigido para o uso; assegura atualizações

constantes para todos os usuários; cria um universo de empresas que alimentam o sistema

com as práticas correntes de mercado.

F3: [...] -Pessoal, temos que fazer o melhor, porque a gente não tem dinheiro para fazer

marketing, então a gente tem que ser o melhor no que a gente faz, na qualidade do que a gente

faz. E para que o dia que a SAP chegar aqui, olhar o nosso programa, falar assim: esse

programa foi feito pela E3.[...]

F4 : [...] no começo, a gente fazia o que a gente imaginava que era certo. Acho que não

estava errado. Acho que a gente tinha uma linha básica de marketing: captar, levar a minha

imagem até as pessoas, quais eram os meus veículos de... Então, a gente determinou os nossos

veículos de... comunicação, que simplesmente éramos nós mesmos. Era o boca a boca,[...]

F5: [...] eu já vou atrás de clientes pequenos, a gente desenvolve. [...]

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[...] E a minha forma de vender é... Eu sou muito presente com os meus clientes. Eu prometo

pelo menos uma visita por mês, pra saber se está tudo certo, se o pessoal está fazendo

backup,[...]

F6: [...] desde o primeiro dia, fez um projeto, já tem um outro, e aí a especialidade, os cases

de sucesso é que vão surgindo novos [...]

O Quadro 29 sumariza as habilidades de negociação e marketing e os atributos relevantes

desta habilidade na constituição da competência tecnológica.

Quadro 29 – Habilidades em negociação e marketing e seus atributos relevantes

Fundador Habilidades em negociação e marketing

no surgimento da nova organização

Atributos relevantes de

negociação e marketing

F1 - Especialização em gestão do capital humano - Especialização

F2 Desde o início foi adaptativo às necessidades do

cliente, partindo para treinamentos, redação de

manuais.

- Adaptação à demanda

F3 A qualidade da solução como fator para venda

desde o primeiro projeto

- O marketing baseado no

relacionamento

F4 A divulgação boca a boca

F5 O foco na pequena e média empresa com

produtos específicos de baixo custo

F6 Os casos de sucesso motivam novos clientes a

procurarem a empresa

Fonte: do autor com base nas entrevistas

A habilidade de negociação e marketing pode ser encontrada em F1, a partir da venda

direta dos seus primeiros programas ou em F2, explorando suas habilidades tecnológicas

iniciais referentes à programação UNIX e a protocolos de comunicação. Em F3, encontram-se

na utilização dos seus relacionamentos na composição da equipe inicial de desenvolvimento.

Em F4, F5 e F6, o estabelecimento de nichos de mercado desenvolvidos com habilidade que

asseguraram o surgimento de novas organizações.

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Nota-se que, em geral, as empresas em surgimento não têm uma habilidade de

negociação e marketing, daí a importância das redes de relacionamentos muitas vezes

constituídas a partir dos contatos escolares e do ambiente de trabalho.

4.4.8 Habilidade em estabelecer relacionamentos

As entrevistas com os fundadores evidenciam os relacionamentos como parte

fundamental no desenvolvimento das suas competências tecnológicas bem como no

surgimento das novas organizações. Destacam-se principalmente a rede de relacionamentos

estabelecida durante o curso superior e aquelas formadas nos ambientes de trabalho.

F1: [...] Amigos que trabalhavam em empresas e que se formaram comigo. A venda da 3M do Brasil

foi de um amigo. A venda da Bosch foi de um outro amigo. Eram amigos que trabalhavam na época,

que se formaram comigo. E aí, como o meu trabalho de final de ano foi uma avaliação, foi um projeto

de avaliação de desempenho... eles viram... eu até ganhei o projeto de final de ano. E aí.... o caso da

3M, foi assim: eu ganhei em dezembro... o meu projeto de final de ano foi uma forma, ferramenta de

avaliação de desempenho. Eu ganhei como trabalho do ano... TCC que eles chamam, né. (SIDNEI:

Sim). E aí quando chegou em abril um amigo meu ligou pra mim e... "aquele negócio que você fez,

você quer vender?" E foi bem assim a 3M. (??)" Vem aqui me mostrar. Tem uma moça que tá

querendo um negócio, acho que dá pra você ajudar ela". Pra você ter uma ideia, na 3M do Brasil eu fiz

uma apresentação na segunda-feira, na sexta-feira, tava ela e o diretor de TI, aqui [...]

F2: [...] Eu comecei a conversar com os meus colegas de turma, um deles estava trabalhando

numa empresa assim. E foi o que eu fiz, então, eu vim trabalhar aqui. Falei: “-Me arruma um

emprego aí..[...]

[...] E aí o que eu fiz? Eu comecei a conversar com outros colegas de.... profissão, pessoas que

eu tinha conhecido nas empresas que eu tinha trabalhado até então, e um deles me convidou

pra dar aulas de Unix em linguagem C num cliente dele, que era um fabricante de

computadores [...]

F3: [...] Você tem que valorizar as pessoas e também ser sincero, né. E... E a pessoa sabe que eu

acho que faz uma grande diferença quando você conhece um pouco do que você está fazendo, te ajuda

muito. Mas não é o principal hoje, no... No gestor. É saber, é um grande jogo de xadrez, né, aonde

você tem que colocar as pessoas certas. E tem perfil de consultor, de gestor, que você sabe. Para

aquela empresa, esse gestor não faz bem, mas para aquela outra ele vai muito bem.[...]

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F4: [...] A gente fazia um bom serviço ali, o outro ali te indicava ali, que a SAP te indicava,

porque ela começou a te enxergar como um parceiro interessante, porque você tinha uma

penetração [...]

F5: [...] A maioria dos meus clientes são por indicação. “-Ah, eu tenho um cara aqui que é um show.” Graças a

Deus, é... É sempre isso que eu ouço. Na maioria das vezes é isso que eu ouço. “-Pô, nós estamos precisando.”,

“-Não, não, vamos mandar o Fernando aqui falar com você [...]

F6: [...] Então, esse reconhecimento a gente percebe que... acontece. Demora um pouquinho, às vezes, mas isso

que nos sustentou, é esse modelo de negócio é que vem fazendo com que a gente esteja sempre na crista da onda

em termos de referência, em termos de quantidade de projetos [...]

A habilidade de relacionamentos foi fundamental para F1 desde o primeiro momento.

Dos primeiros programas vendidos por contato direto com os usuários até o programa para

avaliação de funcionários, que deu origem à empresa, foram os relacionamentos o diferencial

que gerou oportunidades. Da mesma maneira, em F2 foram os relacionamentos que

propiciaram oportunidades em áreas relevantes para o aprendizado tecnológico do fundador.

Para F3, os relacionamentos garantiram a formação da primeira equipe para desenvolvimento

de um projeto SAP bem como garantias financeiras informais para manutenção desta equipe.

Na seção seguinte, tecem-se as considerações finais da pesquisa, promovendo uma

discussão dos resultados encontrados.

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5 Considerações finais

Nesta seção discutem-se os resultados finais obtidos na pesquisa, retomando os

fundamentos essenciais para responder a questão de pesquisa: qual é o papel das

competências tecnológicas no surgimento de novas organizações?. Para discussão dos

resultados obtidos com a pesquisa, retomam-se os propósitos estabelecidos nos objetivos da

pesquisa e no modelo proposto para as articulações entre o grupo fundador, os artefatos

tecnológicos e os produtos ou serviços resultantes da articulação proporcionada pela

competência tecnológica. Apresentam-se, ainda, as limitações da pesquisa realizada e as

futuras pesquisas sobre competências tecnológicas, envolvendo outros setores da atividade

empresarial.

5.1 Discussões acerca dos resultados da pesquisa

No objetivo geral desta tese ficou estabelecido o propósito de compreender as relações

entre as competências tecnológicas do grupo fundador e o surgimento da nova organização

enquanto que, nos objetivos específicos, caracterizar os conhecimentos, interações e os

relacionamentos do grupo fundador e também caracterizar as tecnologias distintivas para o

surgimento da nova organização e as competências tecnológicas desenvolvidas pelo grupo

fundador.

O modelo estruturacional para a análise do uso da tecnologia estabelecido por

Orlikowski (1992) norteou a análise dos objetivos deste estudo. A partir dele propôs-se um

modelo que explique as relações entre o grupo fundador, os artefatos tecnológicos e os

produtos ou serviços gerados a partir desta inter-relação. O modelo sugere primeiramente uma

relação biunívoca entre o grupo fundador e os artefatos tecnológicos. Esta relação fica

evidenciada nos vários artefatos que marcam o início de cada empresa, como os disquetes

utilizados inicialmente por F1, ou ainda os manuais técnicos em F2 quando este oferece

cursos de treinamento para operação do sistema UNIX. É o fundador estabelecendo regras de

convivência e conveniência entre seres humanos e a tecnologia. Esta relação só se torna

possível por meio da competência tecnológica desenvolvida pelo fundador. È esta

competência tecnológica que promove a articulação do contato entre o fundador e os artefatos

tecnológicos envolvidos no desenvolvimento. Pode-se, ainda, explicar esta relação fundador –

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artefato por meio de Latour (2000) para quem o artefato é uma máquina; algo diferente de

uma ferramenta que é um elemento isolado na mão de uma pessoa. A máquina é um todo que

ata forças reunidas umas às outras e então a essência são as habilidades necessárias para ir da

ferramenta ao artefato (LATOUR, 2000). É isto que faz o fundador quando desenvolve

competências tecnológicas.

O modelo estabelece também a relação unívoca entre artefatos tecnológicos e os

produtos ou serviços desenvolvidos. A competência tecnológica desenvolvida pelos

fundadores é colocada em ação por meio dos artefatos tecnológicos e estes delimitam a

possibilidade de geração de produtos ou serviços. Na análise dos resultados da pesquisa

identificou-se que os produtos e serviços desenvolvidos pelos fundadores são relativos à

concepção e ao desenvolvimento de novos programas de gestão de diferentes atividades

empresariais. Estes desenvolvimentos referem-se ainda a artefatos físicos como o

estabelecimento de redes de processamento de dados e aos equipamentos necessários à sua

operacionalização.

Segundo Oakey (2003), a competência tecnológica necessária para o indivíduo tornar-

se um empreendedor transforma-se em suficiente se alinhada a habilidades de gestão do

negócio. As evidências do desenvolvimento das competências tecnológicas foram encontradas

por meio de indicadores como a habilidade de autoaprendizado; habilidade no uso de

tecnologias fundamentais; habilidade no uso e operação das novas tecnologias; habilidade no

desenvolvimento e adaptação a novos processos; habilidade em gerar inovação tecnológica;

otimização; habilidade de negociação e marketing; habilidade de relacionamentos.

O autoaprendizado tornou-se evidente em muitas das atividades iniciais dos fundadores.

Desde as considerações quanto ao amadorismo do mercado de TI em sua fase de

desenvolvimento feita por F1, passando pelo aprendizado de UNIX feito por F2. Encontram-

se, ainda, F4 e F6, desenvolvendo habilidades em Finanças e Recursos Humanos,

respectivamente, a partir de experiências próprias. Ou mesmo F5, aprendendo por meio de

publicações uma nova linguagem Visual Basic (VB).

A habilidade no uso de tecnologias fundamentais está no caso dos desenvolvedores de

TI ligada à utilização de novas plataformas e linguagens que estabelecem a comunicação

homem-máquina. F1 forneceu praticamente uma seqüência histórica válida para profissionais

de TI com uma vivência iniciada há duas décadas. Estes profissionais iniciaram suas vidas

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aprendendo BASIC, depois se adaptaram aos mainframes, a linguagem Clipper, ao Windows,

aos bancos de dados e atualmente à computação em nuvem.

A habilidade no uso e operação de novas tecnologias fica evidenciada a partir a

valorização dada às fontes de informação como Forest, Gartner, IDC ou ao acompanhamento

das empresas líderes de mercado como ORACLE, SAP e TOTVS. A partir destas fontes de

informação, as novas tecnologias são avaliadas, aprendidas, desenvolvidas e propostas aos

clientes.

De acordo com Oakey (2003), parte do sucesso de um novo empreendimento resulta

da habilidade do fundador em perceber relevâncias funcionais no gerenciamento de

complementaridades que suportam a inovação. A habilidade no desenvolvimento e adaptação

a novos processos fica evidente não apenas na tecnologia adotada, mas também nas novas

práticas comerciais desenvolvidas no momento em que o mercado demonstra sinais de

esgotamento das formulações tradicionais. Observa-se esta adaptação a novos processos em

F1 no seu primeiro cliente quando um trabalho de conclusão de curso foi transformado em

programa para avaliação do desempenho de funcionários de uma empresa, ou em F2,

desenvolvendo manuais para usuários do sistema UNIX ou protocolos de comunicação na

montagem de redes de processamento para bancos. Pode-se ainda pensar em F5, adaptando-se

a novos processos de máquinas de grande porte a computadores pessoais.

A habilidade na geração da inovação tecnológica fica evidenciada principalmente em

F2 e F3. Em F1, no programa pioneiro destinado à avaliação de funcionários e depois em sua

disponibilização como prestação de serviços e não como software para venda. Em F2,

encontra-se desde o início a inovação tecnológica por meio dos manuais técnicos

desenvolvidos como suporte às novas máquinas para o mercado, ou ainda nos protocolos de

comunicação das redes bancárias. Em F3, o estabelecimento do primeiro centro de assistência

ao usuário do software de gestão SAP. Para F4 e F6, a inovação tecnológica iniciou-se com a

extensão do software de gestão SAP para as áreas financeiras e de recursos humanos,

respectivamente. Estas áreas não eram inicialmente exploradas pela SAP desenvolvedora do

software de gestão. Em F5, encontra-se a inovação na abordagem às pequenas empresas,

atendendo demandas não contempladas por grandes prestadores de serviços. Grandes

prestadores de serviços normalmente desenvolvem programas de alta complexidade que

demandam grandes investimentos. O acesso a estas soluções por pequenas empresas torna-se

inviável, assegurando, portanto, um lugar no mercado para desenvolvedores como F5.

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A habilidade em otimizar com precisão como fator componente da competência

tecnológica pode ser conceituada como a facilidade no uso da tecnologia. Sua estrutura

funcional discutida no item 2.4.3.6 aborda o autoaprendizado, o interesse pelo trabalho, a

cooperação com os usuários e a comunicação com os usuários.

O interesse pelo trabalho fica demonstrado na narrativa de F1 quando este coloca a

conscientização da sua equipe quanto à relevância do trabalho que executam na aplicação do

programa de avaliação de pessoas por sua implicação na vida dos envolvidos. Ou com F5, em

suas visitas periódicas aos clientes para verificação do desempenho dos programas quanto ao

atendimento das necessidades. A cooperação e a comunicação com o usuário são evidenciadas

nos desenvolvimentos conjuntos praticados por F5 no atendimento a necessidades específicas

do usuário. Ou em F2, com treinamentos para habilitação do usuário no uso da tecnologia.

Tem-se, ainda, F3, estabelecendo um centro de auxílio técnico ao usuário do software de

gestão SAP.

A habilidade de negociação e marketing pode ser encontrada em F1, a partir da venda

direta dos seus primeiros programas ou em F2, explorando suas habilidades tecnológicas

iniciais referentes à programação UNIX e a protocolos de comunicação. Em F3, encontram-se

o negociador, utilizando seus relacionamentos na composição da equipe inicial de

desenvolvimento. Em F4, F5 e F6, o estabelecimento de nichos de mercado desenvolvidos

com habilidade que asseguraram o surgimento de novas organizações.

A habilidade de relacionamentos foi fundamental para F1 desde o primeiro momento.

Dos primeiros programas vendidos por contato direto com os usuários até o programa para

avaliação de funcionários, que deu origem à empresa, foram os relacionamentos o diferencial

que gerou oportunidades. Da mesma maneira, em F2 foram os relacionamentos que

propiciaram oportunidades em áreas relevantes para o aprendizado tecnológico do fundador.

Para F3, os relacionamentos garantiram a formação da primeira equipe para desenvolvimento

de um projeto SAP bem como garantias financeiras informais para manutenção desta equipe.

Conclui-se, portanto, que o surgimento das empresas pesquisadas baseou-se nas

competências tecnológicas desenvolvidas por seus fundadores a partir dos estudos

acadêmicos, das experiências em empresas na área de TI e do autoaprendizado desenvolvido

em tecnologias fundamentais e tecnologias novas. Resumem-se, no Quadro 30, as

competências tecnológicas de cada fundador e suas motivações para surgimento da nova

organização.

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Quadro 30 – Competências tecnológicas dos fundadores e o surgimento da nova organização

Fundador Competência tecnológica que

deu origem à nova

organização

Motivações para a fundação da nova

organização

F1 Programa para avaliação de

funcionários

A vontade empreendedora de desenvolver seu

próprio negócio

F2 Conhecimento da plataforma

UNIX e de protocolos de

comunicação.

A oportunidade para empreender surgiu

diretamente do conhecimento tecnológico.

F3 Especialização na plataforma

SAP

Como poucos profissionais e poucas empresas

conheciam SAP:o fato foi visto como uma

oportunidade de negócio.

F4 Adaptação da plataforma SAP

para a área de Finanças.

Oportunidade em desenvolver o próprio

negócio com ganhos mais significativos.

F5 Domínio das várias

ferramentas de programação

para sistemas de grande porte.

A falta de oportunidades nas grandes empresas

da área conduziu o profissional a estabelecer-se

em um nicho do mercado: a pequena empresa.

F6 Adaptação da plataforma SAP

para a área de Recursos

Humanos (RH)

Depois de algumas tentativas fracassadas.

este nicho de especialização foi vislumbrado

como uma oportunidade.

Fonte: do autor com base nas entrevistas.

De acordo com Schumpeter (1934), uma nova tecnologia é um fator exógeno que, ao

criar desequilíbrios de mercado, possibilita recombinações de recursos exploradas por novos

entrantes no mercado, os empreendedores, fundadores das novas organizações. A

recombinação fica evidente nas competências tecnológicas de F1 com seu programa para

avaliação do desempenho de funcionários. Em F2, com seus conhecimentos de UNIX e

protocolos de comunicação os quais são aplicados às novas máquinas e à automação bancária.

Em F3, a competência tecnológica no programa de gestão SAP, sendo aplicada na expansão

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109

da base instalada no país. Para os fundadores F4 e F6, a recombinação dos recursos foi

realizada sob a forma de expansão da plataforma SAP para nichos não explorados de

aplicação do programa de gestão. No caso, a aplicação foi expandida para a área financeira

por F4 e para a área de recursos humanos por F6. Para o fundador F5, a recombinação dos

recursos foi realizada por meio da adaptação do conhecimento aplicado à grande empresa para

as necessidades e possibilidades da pequena empresa.

5.2 As limitações das empresas já organizadas em desenvolver novas competências

O surgimento da nova organização foi tratado como pano de fundo, procurando-se

evidências do desenvolvimento das competências tecnológicas que impulsionaram a fundação

da nova empresa.

Em classificação desenvolvida por Carroll e Hannan (2000), são previstas duas

modalidades de surgimento de uma nova organização: as `` de novo ´´, ou seja não pré-

existentes, em que o surgimento constitui-se em uma típica ação empreendedora; e as `` de

alio ´´ originadas de empresas pré-existentes a partir de ações empreendedoras de seus

funcionários. Dentre as empresas pesquisadas, três surgiram como `` de novo ´´ (E1, E2 e E5)

e três como "de alio" (E3, E4 e E6).

De acordo com Klepper e Sleeper (2005), o conhecimento nas organizações em

surgimento está mais nas pessoas do que no capital físico. No caso de novas firmas

tecnológicas, que surgem das cisões de empresas pré-existentes, nota-se que os fundadores,

como F3, F4 e F6, exploram conhecimentos adquiridos na ex empregadora em nichos de

mercado onde a empresa de origem foi lenta na abordagem. Ou então, a ex empregadora, não

considerou a possibilidade de negócios (KLEPPER; SLEEPER, 2005).

Conforme destaca Shane (2001), as grandes firmas que estão organizadas no sentido

de utilizar as tecnologias estabelecidas encontram dificuldades para mudar suas atividades no

sentido de explorar tecnologias fundamentadas em novas habilidades técnicas. São firmas que

apresentam menor incentivo para investir em novas tecnologias que eventualmente

comprometem o valor dos seus ativos (SHANE, 2001). Este comportamento de algumas

firmas estabelecidas explica o encontrado no surgimento das empresas E4 e E6, a partir da

base comum SAP. As novas empresas estabeleceram-se explorando nichos específicos do

mercado: o financeiro e o de recursos humanos respectivamente, não considerados pela SAP.

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110

De acordo com Shane (2001), na medida em que as rotinas para a seleção de novos

conhecimentos são estabelecidas, novos conhecimentos, que não representam extensões

lógicas do conhecimento existente na organização, não costumam ser aceitos. Apesar das

inovações propostas pelas empresas E4 e E6 poderem ser consideradas extensões lógicas dos

conhecimentos SAP, deve-se lembrar que a empresa SAP estava na fase de expandir sua base

instalada de clientes provavelmente não querendo desviar esforços para extensões da

tecnologia em uso. Interessante observar que estas mesmas dificuldades no desenvolvimento

de novas competências tecnológicas enfrentadas pelas firmas estabelecidas se aplicam às

organizações pesquisadas em seu estágio atual de desenvolvimento. Como se pode observar

no Quadro 31 a seguir, considerando a evolução das competências tecnológicas originais dos

fundadores até as competências atuais da organização, praticamente não se verificam

alterações significativas.

Quadro 31 – A evolução das competências nas empresas

Dos

fundadores

para as

empresas (1)

Competências iniciais dos fundadores

Competências da empresa atual

F1 → E1 - programas para automação de

pequenas lojas em shopping centers.

- trabalho de conclusão de

curso sobre avaliação de pessoas

- gestão do programa de avaliação

de pessoas para clientes de grande

porte com dados sobre 200000 funcionários

F2 → E2 - treinamentos para usuários de

programas UNIX. Desenvolvimento de manuais

de operação para computadores.

- automação bancária; automação de franquias

- desenvolvimento de programas com

hospedagem em servidores da UOL.

F3 → E3 - conhecimento da tecnologia SAP.

- centro pioneiro de atendimento ao usuário SAP

- desenvolvimento e implantação SAP em

grandes empresas

F4 → E4 - especialização em área financeira (não abordada pela

própria SAP) com aplicação da tecnologia SAP.

- a empresa continua desenvolvendo o nicho

financeiro, mas tem outras oito áreas de negócios

em TI

F5 → E5 - vislumbrou oportunidade em desenvolver sistemas

para empresas de pequeno e médio porte.

- a empresa continua com a mesma abordagem,

utilizando linguagens de programação atuais.

F6 → E6 - especialização em área de recursos humanos (não

abordada pela própria SAP) com aplicação da

tecnologia SAP.

- a empresa continua desenvolvendo-se na área

de recursos humanos.

Fonte: do autor a partir das entrevistas.

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111

(1) a notação utilizada simboliza a transição da competência individual do fundador para a

competência coletiva da empresa.

No caso das empresas classificadas como de alio (E3, E4, E6), o desenvolvimento de

novas competências tecnológicas não ocorreu. Na atualidade, são empresas maiores e mais

complexas, controladoras de novos negócios, com a utilização da mesma plataforma fornecida

pela SAP.

Ao longo do tempo, E1 continuou explorando a mesma competência tecnológica de

origem com uma mudança no modelo de negócio. O programa para avaliação de funcionários

não é mais comercializado e, sim, são vendidos os serviços de avaliação dos funcionários

prestados pelo programa. Trata-se da mesma competência sendo trabalhada de maneira a ser

viável economicamente para um número maior de clientes.

F1: [...] Então, aí o que acontece, em média no Brasil, quando uma empresa tá na média, ela tem 1%

da população com, da população de funcionários com RH. Então assim, se eu tenho 1000, 10 pessoas

são de RH, em média. Cada 100, 1 pessoa. Aí a gente começou a identificar também, que essas

pessoas, elas tinham dificuldade de operar. Ter tempo para operar. Porque a hora que você começa a

operar o dia a dia de uma ferramenta de software, isso leva tempo. Então, a gente começou a querer

oferecer isso como um serviço pro cliente, porque a gente também operava o software pra ele. E aí

isso vem sendo muito bem visto. Então o que que a gente faz hoje, a gente tá... em 98, 99% dos nossos

projetos são prestações de serviços pelo software e não mais venda de software. Então, o cliente, ele

não compra mais um software para executar um [...]

Torna-se evidente, na fala de F1, a falta de investimento da empresa E1 em inovação de forma a

renovar as competencias tecnológicas que deram origem à atual organização.

F1: [...] . Eu tenho muita dificuldade em justificar... em justificar, mesmo internamente para mim, um

investimento em novos produtos [...]

[...] O que a gente vem fazendo, é claro, é... negociando com alguns clientes a introdução de novos

produtos pra eles mesmos, no qual eles nos ajudam a pagar o desenvolvimento [...]

A empresa E2 desenvolveu novas competências tecnológicas para o setor de

automação bancária e franquias da mesma forma que a empresa E1 alterou seu modelo de

negócios. Os principais programas passaram a ser hospedados em servidores externos e

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112

colocados à disposição dos clientes, mediante locação e não mais vendidos. A evolução das

competências tecnológicas desenvolvidas pela empresa E2 pode ser constatada no ANEXO B.

O crescimento dos grupos formadores destas empresas deu-se de um modo geral por

homofilia ou similaridade. Os indivíduos foram sendo agregados ao grupo por características

desenvolvidas durante suas experiências de vida, o que é fato comum em grupos orientados

por tarefas (RUEF; ALDRICH; CARTER, 2003). A organização E5 constitui-se em uma

exceção. Foi a que passou pelo menor número de transformações ao longo da sua existência e

também a que apresentou o menor crescimento, sem aparentemente desenvolver novas

competências tecnológicas. Uma possível causa para este desempenho pode estar ligado à

formação do grupo fundador da organização E5. Ruef, Aldrich e Carter (2003) enfatizam que

grupos com origem em uma rede de contato social, principalmente em seu círculo mais

interno de relações que são as relações familiares, têm dificuldade em captar novos membros.

Há uma tendência ao isolamento, o que dificulta o acesso a novos conhecimentos e a

habilidades. A empresa E5 enquadra-se nestas condições. O grupo fundador, de origem

familiar, ainda tem a mesma formação inicial e, nas palavras do fundador entrevistado,

permanece com as dificuldades usuais em encontrar novos participantes para a empresa.

No item seguinte, abordam-se as limitações da pesquisa realizada.

5.3 Limitações e sugestões de pesquisas futuras

A limitação natural de toda pesquisa qualitativa é que seus resultados não são

passíveis de generalizações. Esta deve ser vista como uma abordagem inicial ao problema, de

caráter exploratório. Nesse sentido, o estudo aqui desenvolvido é um panorama restrito sobre

as implicações das competências tecnológicas do fundador ou fundadores no surgimento da

nova organização. Adiciona-se a esta limitação, o fato de que neste estudo foi adotado um

recorte em empresas de TI, localizadas na assim chamada Grande São Paulo, no seu entorno

e, em Campinas, cidade vizinha. Portanto, não é possível a generalização também para outros

segmentos.

Por outro lado, as limitações da pesquisa atual contribuem para que pesquisas futuras

sejam efetuadas, expandindo a compreensão da competência tecnológica, como fator

relevante no surgimento de novas organizações, para além das empresas já pesquisadas no

presente estudo.

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113

Os resultados obtidos em relação ao setor de serviços em TI sugerem a realização de

pesquisas futuras de abrangência e profundidades maiores com caráter qualitativo e

quantitativo, não somente no setor de TI, mas em outros setores da atividade econômica. Será

que o papel das competências tecnológicas no surgimento de novas organizações se aplica a

setores que não são intensivos em tecnologia? Ou ainda, será que empresas que nascem em

setores de tecnologia madura e consolidada conseguem desenvolver novas competências

tecnológicas?

Pesquisas futuras podem ampliar, de maneira significativa, a compreensão das

relações entre competências tecnológicas e o surgimento de novas organizações contribuindo

para o estabelecimento de novas organizações e até mesmo para a elaboração de políticas

públicas de apoio ao desenvolvimento tecnológico.

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125

Glossário

Banco de dados relacional – local (em termos de Internet, computador) onde fica

centralizado dados organizados em forma de tabelas bidimensionais (denominadas relações)

com linhas e colunas (LAUDON, K.; LAUDON, J., 2011).

Basic – do inglês Beginners All Purpose Symbolic Instruction Code; linguagem de

programação interativa desenvolvida para grandes computadores em meados da década de

1960. Tornou-se muito utilizada em microcomputadores (OLIVEIRA BATISTA, 2009).

BIOS – do inglês Basic Input/ Output System; programa existente nos computadores para

manipular dados básicos de configuração dos dispositivos da máquina e desenvolver processo

de inicialização do computador.

CAD – do inglês Computer- Aided Design; termo utilizado para o desenvolvimento de

projetos de produtos e seus componentes tendo programas de computador como ferramenta

(OLIVEIRA BATISTA, 2009).

Disquete – meio de armazenamento de dados por via magnética para transporte e

manipulação dos dados. Tecnicamente denominado disco flexível. Em desuso. (OLIVEIRA

BATISTA, 2009).

Mainframe – computador de grande porte e desempenho utilizado por organizações com

grandes processamentos de dados e informações centralizadas (OLIVEIRA BATISTA, 2009).

MSDOS – sistema operacional para computadores hoje em desuso (OLIVEIRA BATISTA,

2009).

Navegadores/ navegabilidade – são programas de uso simples projetados para apresentar

páginas da rede e acessar a Web e outros recursos da Internet (LAUDON, K.; LAUDON, J.,

2011).

SAP – empresa transnacional, de origem alemã, produtora de softwares de gerenciamento.

SPSS – do inglês Statistical Program for Social Sciences; programa para análises estatísticas

voltado para ciências sociais (do autor).

TOTVS – empresa transnacional produtora de soluções em TI.

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APÊNDICE A – Roteiro para as entrevistas

Temas e Construtos Variáveis

1Leitura da carta de solicitação da

pesquisa

2 Perfil atual da empresa

- razão social

- faturamento

- produtos principais

- mercado de atuação

3 Perfil do fundador

Nome

Escolaridade – graduação; Pós;

Como isto influenciou suas futuras escolhas?

Experiência profissional pré-empresa:

- empresas em que atuou

- cargos

- projetos relevantes em que participou (KAKATI,

2003; )

- viagens técnicas

- outras formações

- acesso a tecnologias

- rede de relacionamentos estabelecida

Publicações técnicas (congressos; seminários;

revistas; livros)

4 Surgimento da nova organização Como se formou o grupo fundador?

Quais eram os contatos (interações) iniciais?

Qual a importância da rede de relacionamento

na pré-empresa?

Como foram identificadas as oportunidades iniciais?

Start-up:

- por que montar a empresa?

- como foi a articulação do grupo?

- quais eram as tecnologias dominadas pelo grupo?

- como o grupo obteve acesso a estas tecnologias?

- quais foram os conhecimentos e habilidades fundamentais

para o nascimento da empresa?

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127

Temas e Construtos Variáveis

5 Tecnologia Qual a sua definição para tecnologia?

Descreva a tecnologia utilizada pela sua

empresa na época da fundação.

Como estas tecnologias se difundiram no grupo?

Quais os conhecimentos importantes para o uso

desta(s) tecnologia (s)?

Quais dos conhecimentos seguintes são relevantes:

- conhecimento tema

- conhecimento de teoria de sistemas

- conhecimento de administração

- conhecimento de projetos

Quais os dispositivos físicos utilizados?

Quais produtos foram gerados com esta tecnologia?

Como foi a adaptação da tecnologia ao uso?

6 Competência tecnológica

Habilidades e experiências do fundador:

- experiência no desenvolvimento de novos produtos e

P&D ?(KAKATI, 2003;OAKEY, 2003;

VEDOVELLO; FIGUEIREDO, 2006 )

- experiência na liderança de equipes(OAKEY, 2003;

VEDOVELLO; FIGUEIREDO, 2006)

- experiência em produção (OAKEY, 2003; PARK,

2005; VEDOVELLO; FIGUEIREDO, 2006)

- experiência de negociação e marketing (OAKEY,

2003)

- habilidade de análise e interpretação (SANDBERG,

2000)

- habilidade para otimizar com precisão (SANDBERG,

2000)

- habilidade de cooperação(SANDBERG, 2000)

- habilidade de auto-aprendizado(SANDBERG, 2000)

- habilidade de uso de tecnologias fundamentais

(TANG KO; PENG LU, 2010)

- habilidade de desenvolver, utilizar e adaptar novos

conhecimentos( PARK, 2005)

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128

Fonte: do autor com base no referencial teórico.

6 Competência tecnológica (cont.)

- qualificações formais do fundador

- capacidade de usar e operar tecnologias e sistemas

para a produção(VEDOVELLO; FIGUEIREDO, 2006)

- capacidade de gerar inovação tecnológica

(VEDOVELLO; FIGUEIREDO, 2006)

- patentes obtidas ou registro de idéias(PARK, 2005;

AFUAH, 2002; VEDOVELLO; FIGUEIREDO, 2006)

- capacidade de desenvolver ou adaptar novos

processos de produção (OAKEY, 2003;

VEDOVELLO; FIGUEIREDO, 2006)

Capacidade de integrar tecnologias (PARK, 2005;

VEDOVELLO; FIGUEIREDO, 2006; TAG KO;

PENG LU, 2010)

-Quais as habilidades e experiências que levaram ao

desenvolvimento da competência tecnológica?

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APÊNDICE B – Carta sobre a pesquisa encaminhada às empresas.

São Paulo, 27 de agosto de 2012.

À Empresa Ex

At. Sr. Fx – Sócio- Fundador

Temos a honra de convidá-lo a participar de uma pesquisa científica a ser realizada pelo

Centro de Ciências Sociais e Aplicadas da Universidade Presbiteriana Mackenzie por meio do

seu Programa de Pós-Graduação em Administração de Empresas Stricto Sensu.

A pesquisa denominada ``O papel das competências tecnológicas no surgimento das novas

organizações de tecnologia da informação´´ tem como objetivo compreender como novas

organizações são criadas a partir do conhecimento tecnológico do grupo que dá origem à

mesma. Para isto escolhemos empresas no Estado de São Paulo, de capital nacional, com pelo

menos cinco anos de atividades no setor de TI.

Para que a empresa participe da pesquisa necessitamos de entrevistas com os membros do

grupo fundador ou o com o fundador, bem como acesso a documentos públicos que

evidenciem as condições de surgimento da nova organização.

Asseguramos que as informações prestadas serão tratadas de maneira totalmente sigilosa,

segundo a ética envolvida neste tipo de pesquisa. Em nenhum relatório ou documento

aparecerão as referencias as empresas participantes.

Antecipadamente agradecemos sua colaboração ao desenvolvimento da pesquisa em nosso

país.

Profª Drª Dimária Silva e Meirelles Prof. Ms Sidnei A. Mascarenhas

Orientadora Doutorando

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APÊNDICE C – Extratos das entrevistas

Formação acadêmica.

Entrevista com (F1) –

Extrato

Eu fiz o curso de Análise de Sistema. Era um curso muito bom. Era um curso, pra visão de

negócios muito bom, melhor até, pelo pouco que a gente tá sentindo aqui, melhor até, por

exemplo, que um curso mais... de muito mais reconhecimento como a UNICAMP. A

UNICAMP ela forma você muito bem tecnicamente, mas ela tem as suas falhas na parte

administrativas, de negócios, diferente da PUC que traz também uma boa bagagem de

negócios, né, administração, negócios na formação.

Extrato

E a parte de formação de empreendedorismo mesmo, de empreendedor, eu acho que não tem

muito a ver com... a faculdade não. Isso tem a ver comigo. Eu sempre quis... quis ter o meu

negócio. Não quis... Eu brinco até hoje que eu não tenho Carteira de trabalho (risos). Nunca

trabalhei para os outros...´´

Entrevista com (F2) –

Extrato

Da Unicamp foi o seguinte: bom, eu me formei e eu fazia estágio no CPqD, [...]

``[...] E eu, então, me formei no final desse ano e fiquei trabalhando no CPqD até meados de

1985, meados de 1986, quando eu resolvi voltar pra São Paulo, porque eu sou originalmente

daqui, e fui pra Campinas só pra estudar na Unicamp[...]´´

``[...] E, portanto, eu optei pelo acadêmico, inclusive pra resgatar, e aí nós vamos voltar lá no

começo da história, esse mestrado que eu comecei na Unicamp. Então, o que aconteceu? Eu

terminei a graduação, já com duas disciplinas, eu tinha que fazer eu acho que oito disciplinas

pra fazer a... A parte disciplinar do mestrado. Aí eu fui trabalhar no CPqD, que era do lado da

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Unicamp, e me matriculei como aluno especial ao longo do ano seguinte e fiz mais três

disciplinas.[...]´´

Extrato

``[...] Em paralelo, eu estava pensando em mudar pra São Paulo, então eu vim e me matriculei

como aluno especial na Computação da USP e fiz aqui mais duas disciplinas.[...]´´

``[...] Voltei pros bancos escolares quatro anos atrás, porque um curso na GV me chamou a

atenção, que era um curso que eles chamam Diploma. Eles fizeram o seguinte: eles juntaram

algumas disciplinas do programa acadêmico de mestrado e doutorado e algumas disciplinas

do MPA, mestrado profissional em administração. Então, eles fizeram um currículo com acho

que dez disciplinas, cinco de cada uma, que você fazia em um ano, esse era o programa.[...]´´

Entrevista com (F3) –

Extrato

`` [...] de TI, formação tecnológica. Não fui, eu não cheguei a fazer uma faculdade, eu fiz

tecnologia da informação, tecnológo, né, que tinha. Que tinha no passado [...]´´

[...] Porque a minha formação é, desde o início foi em tecnologia. Comecei operando o Barra

3, né, depois 370, 4381, programador, analista, né. Foi, fiz toda a carreira. Fui digitador de

cartão 80x1. Então, a origem sempre foi em tecnologia [...]

Extrato

[...] Na prática do que na teoria. Tudo que eu sei, eu aprendi na prática, não a foi escola que

me deu, [...]

Extrato

[...] É, mas eu acho que essa minha geração, é, você pode ver, hoje você vê pessoal que

formou em tecnologia e está em tecnologia. Mas a minha geração, que... Que trabalhou nisso

e os meus amigos, foram poucos que veio do antigo analista de software, analista de sistemas,

que deve ter até hoje, mas eram poucos. Então, você achava administrador de empresa, que

gostou de TI acabou fazendo curso na época de Cobol e de analista e aprendeu no dia a

dia.[...]

Entrevista com (F4) –

Extrato 8

[...] Minha formação técnica foi Eletrônica, né, na... Na... A minha geração acho que é uma

geração que foi muito influenciada pelo aspecto da Engenharia Eletrônica, era... Era, vamos

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dizer assim, que era a bola da vez, né, na década de 1980. Quem nasceu em 1970, em 1980

estava entrando. Eu tomei uma decisão que... E a... E a Informática estava começando a entrar

na vida da gente na década de se... De oito... Enfim, meados da década de 1980 e eu decidi

que eu não ia ser engenheiro elétrico, mas eu ia trabalhar com informática. Então, aí eu dou

uma guinada na minha carreira, saio de uma linha de negócio focada em... Em Engenharia,

porque eu trabalhei por um... Comecei a trabalhar dentro de uma empresa de

telecomunicações, larguei tudo pra conhecer como... A parte de informática [...]

Extrato

[...] Enfim, pra começar a aprender eu fui digitador, operador de micro e aí eu começo uma

linha de estudo acadêmica focada pra parte de Análise de Sistemas e eu começo, de fato,

minha carreira sólida nisso... Aí passo por n empresas pra ganhar conhecimento e na SAP eu

começo numa linha mais sólida, eu trabalhei lá quase dez anos, praticamente dez anos, tá. [...]

Entrevista com (F5) –

Extrato

[...] Eu fiz Matemática até o segundo ou terceiro ano. Na época que eu trabalhava em São

Caetano do Sul, fazia aqui a Fundação Santo André. Depois, essa empresa passou a fazer

parte de uma holding e eu fui desviado pra Santo Amaro. Então, era impraticável chegar no

horário aqui pra... Pro curso de Matemática [...]

Extrato

[...] acabei me formando em Administração de Empresas e me formei, tirei meu diploma,

tirei meu CRA, tenho tudo direitinho. [...]

Entrevista com (F6) –

Extrato

[...] Eu me formei em Análise de Sistemas, né? Mas, assim, além disso, eu tenho histórico

de... De várias tentativas, né, de várias empresas que eu... Que eu já tentei abrir, etc., e graças

a Deus, aí na E6 já fazem 11 anos aí que a gente abriu [...]

Experiência pré-empresa

Entrevista com (F1) –

Extrato

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[...] Eu já trabalhava como programador, porque minha formação é técnica também em

programação. Eu fiz Etec, colégio técnico. Eu sou técnico de programação. Então o que é que

eu fazia: Ia na faculdade, eu já desenvolvia meus softwares e eu já ganhava meu dinheirinho,

desenvolvendo softwares.[...]´

Extrato

[..] Então eu... pra você ter uma idéia, um dia eu saí do shopping, eu fiz um fiz um

"softwarezinho" de controle de estoque e frente de caixa. Fui no Shopping Iguatemi aqui... eu

tinha um notebook e fui mostrando o software pra eles. Aí eu vendi. Vendi para dois caras,

que foram clientes meus durante 12 anos.[...]

Extrato

[...] Meu projeto de final de ano foi uma forma, ferramenta de avaliação de desempenho. Eu

ganhei como trabalho do ano... TCC que eles chamam, né.[...]

Extrato

[...] E aí quando chegou em abril um amigo meu ligou pra mim e... "aquele negócio que você

fez você quer vender?" E foi bem assim a 3M. (??)" Vem aqui me mostrar. Tem uma moça

que tá querendo um negócio, acho que dá pra você ajudar ela.[...]

Entrevista com (F2) –

Extrato

[...] e eu fazia estágio no CPqD, o CPqD é Centro de Pesquisa e Desenvolvimento, que na

época era do sistema Telebras. E o CPqD, então, desenvolvia os projetos pra todas as teles.

Então, o sistema Telebras era composto pela Embratel, pelas teles estaduais, Telesp, Telerj,

Telemig etc e pelo CPqD, e todos os projetos de desenvolvimento de tecnologia pras teles era

realizado dentro do CPqD.[...]

Extrato

[...] Aí tem um detalhe que é muito importante, que é um detalhe mercadológico: antes de ir

pro CPqD, eu trabalhei aqui na Itautec, e eu peguei o projeto do PC IBM. Você também é

dessa geração, então você talvez se lembre [...]

Extrato

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[...]A Itautec, como a maioria dos fabricantes nacionais da época, tinha micros de 8

bits e estava começando a fazer transição pra lançar os primeiros micros de 16 bits, como era

o caso do PC. O que ela fez? Ela, como todos os outros, comprou alguns PC IBM originais,

abriu e começou a estudar o barramento, começou a estudar como fazer um hardware que

fosse compatível com o hardware da IBM, no que ela foi muito bem-sucedida. E ela

precisava fazer um sistema operacional que fosse compatível com o MS-DOS. E aí, isso é que

é experiência interessante, porque eu tinha uma visão do mundo absolutamente tecnológica,

eu entendia de computadores. [...]

Extrato

[..] A minha carreira no CPqD e eu acabei tendo uma oportunidade especial, porque eu

participei lá de um projeto, os projetos eram divididos por departamentos, mas eles criaram

um projeto intradepartamental ou supradepartamental pra desenvolver uma ferramenta que ia

ser usada por todos os departamentos. Era uma ferramenta de software, um compilador, eu

não sei se você sabe o que é isso.[...]

Extrato [...]Eu sempre precisava customizar, né, os pacotes, desenvolver cálculos específicos.

Então, nós desenvolvemos um compilador de uma linguagem, na época, que tinha sido

desenvolvida ou que tinha sido padronizada pra área de telecomunicações. A área de

telecomunicações, ela exige padronização pra que os sistemas possam se interligar. Durante

muitos anos, os sistemas foram sendo desenvolvidos de maneira independente nos vários

países. Mas como a gente começou a precisar a integrar as comunicações a nível mundial [...]

Então, na época, eles padronizaram uma linguagem visando fazer o quê? Permitir que as

empresas de telecom, no mundo inteiro, pudessem trocar softwares de aplicação que eles

desenvolvessem nos vários lugares. E o CPqD, então, passou a desenvolver os seus softwares

de aplicação usando esse compilador e pra isso eles precisavam primeiro ter um compilador.

Então, eu fui pra esse projeto de desenvolvimento. E o que era interessante? Que essa equipe

que tinha seis pessoas, quatro delas eram professores meus da Unicamp. Então, o ambiente do

CPqD, ele era um ambiente de P&D aplicado mesmo, realmente era ciência e tecnologia

aplicada pra projetos que estavam no limite tecnológico do que se conhecia na época. Então,

era natural que existisse uma conversa muito grande com a academia.[...]

Extrato

[...] Bom, naquela época, existia outro sistema operacional, que ele cumpriu um papel muito

importante na área de telecomunicações, porque ele foi criado dentro dos laboratórios da Bell,

que era a maior empresa de telecom mundial, que era o Unix. E eu fui estudar o Unix

primeiro pela minha atração acadêmica.[...]

Entrevista com (F3) –

Extrato

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[...] Eu comecei com um grande apoio da Ernst & Young. Porque o grupo que... Quando eu

comecei de SAP, foi um dos primeiros consumidores. Foi o primeiro consultor SAP, no

Brasil, de SAP. Porque a Orgi[?] que trouxe o SAP para o Brasil. Depois que a gente se

formou, estudou, aprendeu a linguagem, trabalhamos na localização, não tinha venda de SAP

no Brasil ainda. Então, estava-se começando a falar: “-Ó, ele está com o bug do milênio

resolvido, então é bom pras empresas, que a empresa [palavra inaudível]. Ele deve

implementar em dois anos.” Eu comecei em 1993 e em 1996 as empresas não estavam

decidindo ainda, só estava começando. Tanto é que a... Eu trabalhei no primeiro projeto, que

foi a Bayer. Aí fui pros Estados Unidos, porque lá o SAP já estava mais... Mais maduro. Eu

falei: “-Pô, vou aprender mais.” Cheguei lá, não, porque o pessoal também estava

aprendendo. [...]

Extrato

[...] eu estava no projeto da Suzano também, trabalhando, que eu conhecia também. O que

aconteceu? [...]

Extrato

[...] E eu já tinha nessa época, como Origim, eu já tinha feito um trabalho na Perdigão e se

falava muito: “-Ó, a BAP[?] você não precisa se preocupar. Você precisa pensar em...”

Como a gente pensava no mainframe, de fazer programa certinho para não ocupar memória e

tal. E a BAP[?] foi de qualquer jeito e a gente fez. Só que não é verdade, travou [...]

Extrato

[...] Porque aí deu o boom do SAP. Quem conhecia, quem conhece a palavra SAP era

contratado. Era o bug do milênio, todo mundo, em 1998, comprou SAP. E o diretor

financeiro:[...]

Entrevista com (F4) –

Extrato

[...] Aí passo por n empresas pra ganhar conhecimento e na SAP eu começo numa linha mais

sólida, eu trabalhei lá quase dez anos, praticamente dez anos, tá. [...]

Entrevista com (F5) –

Extrato

[...] A minha formação vem do tempo cartão perfurado. Eu trabalhei numa empresa que

depois acabou virando Caixa Econômica Federal, mas era uma prestadora de serviços, era um

birô de serviço, que na época prestava serviço. Eu sou bem mocinho, tá? Prestava serviço pra

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136

Ducal, prestava serviço pra Caixa Econômica Federal, por incrível que pareça, fornecia

serviço pra bancos.[...]

Extrato

[...] Depois, eu entrei nessa área como operador de computador. É uma coisa muito

engraçada, porque eu passava exatamente na porta dessa Datamec, então, era o nome, e via as

unidades de fita, né, e achava que aquilo era o computador. Na verdade, eram as unidades de

fita. E parava mesmo o carro lá na porta, ficava olhando, falava: “-Um dia eu venho trabalhar

aqui.” E o destino fez com que eu fosse trabalhar exatamente nessa sala que eu ficava

olhando, ela era toda envidraçada, dava pra ver os computadores lá dentro. E eu comecei

trabalhando lá quando tinha 19 anos, mais ou menos, 19, 20 anos de idade [...]

Entrevista com (F6) –

Extrato

[...] Bom, eu trabalhei aqui em São Paulo na Stefanini, né, que atuava na... na Kibon, né. Lá a

gente ficava só na Kibon. A Stefanini era a empresa que eu... Que eu era contratado, mas...

Mas atuava na Kibon. Eu fiquei muito na Kibon, depois na WA e aí a gente abriu a empresa

aqui. Quer dizer, isso aqui em São Paulo, né, que eu vim do interior, então, quando eu vim pra

São Paulo, eu já comecei a trabalhar na Kibon. Isso foi em 1997, mais ou menos.[...]

O conceito de tecnologia na perspectiva dos fundadores

Entrevista com (F1) –

Extrato

[...] Tecnologia... é um, pergunta diferente, né. Vamo lá...(silêncio)

Posso ver no dicionário, o que é tecnologia, para facilitar a resposta. Eu gosto muito quanto tô.... de olhar no

dicionário (risos).No chute, seria tecnologia são os recursos que você usa pra instrumentos, né. Um conjunto de

instrumentos, métodos e processos. É isso mesmo que eu ia falar. Tecnologia, na verdade, são instrumentos,

ferramentas que você usa para aperfeiçoar ou tornar mais rápido o seu trabalho. Melhorar, deixar ele sistemático,

né. ) Tá muito errado? [...]

Extrato

[...] Tecnologia da informação, que é o que a gente usa, é muito baseada em computadores, é

baseada em programação. Agora, tecnologia em si, é um conjunto de ferramentas, né. [...]

Entrevista com (F2) –

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137

Extrato

[...] Tecnologia é conhecimento aplicado e esse conhecimento aplicado passa por pesquisa e

desenvolvimento, ele passa por desenvolvimento de coisas novas, mas o que mais tem

utilidade no mercado é a integração de conhecimentos que já existem. Para dar como

resultado uma forma melhor de você fazer as coisas. Uma outra forma de enxergar para isso é

que tecnologia é aquilo que muda o patamar de produtividade daqueles que a utilizam,

portanto é o que gera riqueza. Essa é uma visão Schumpeteriana, né?

Entrevista com (F3) –

Extrato

[...] Definição de tecnologia? Transformar as pessoas... Ãh, o que as pessoas falam em

linguagem máquina e que você possa, é, olhar para o computador e entender aquilo que você

possa usar. [...]

Entrevista com (F4) –

Extrato

[...] Pra mim a tecnologia é um habilitador de soluções ou de aplicativos pra facilitar a vida.

É isso que eu... Eu entendo de tecnologia. [...]

Entrevista com (F5) –

Extrato

[...] Eu acho que tecnologia, na verdade, é o conhecimento humano posto em prática. [...]

Então, a tecnologia, na minha opinião, é isso, é o conhecimento do homem que ficou barato

pra poder ser passado para os demais.[...]

Entrevista com (F6) –

Extrato

[...] É automatizar o máximo possível, né, [...] [...] Então, acho que tecnologia é isso, é

utilizar, da melhor maneira possível, o que é possível automatizar através de sistema [...]

Competências tecnológicas

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138

- Habilidade em novos produtos

Entrevista com (F1) –

Extrato

[...] Primeiro projeto que eu participei, que eu achei muito interessante, foi o primeiro projeto que eu vendi aqui,

de avaliação de desempenho. Ah... a gente vendeu um projeto para fazer avaliação de desempenho de 3.500

pessoas na 3M do Brasil. Pra você ter uma ideia, na 3M do Brasil eu fiz uma apresentação na segunda-feira, na

sexta-feira, tava ela e o diretor de TI, aqui na SER pra conhecer a empresa, que era eu, numa salinha lá na frente,

que depois eu posso te mostrar, tá reformada, mas era eu e uma salinha. (pequena interrupção feita pela chegada

de alguém da empresa) E aí em uma semana eu fechei esse projeto com a 3M.Eles não tinham rede de

computador n a época. (risos). Pra você ter uma ideia, era feito, tudo era feito em disquete.

Então a gente exportava as avaliações em disquete, levava até o líder, que punha disquete, tudo rodava no

disquete. Ainda bem que já era aqueles três e meio. Respondia, depois devolvia o disquete, a gente lia de novo.

Eu devo ter andado uns 40 - 50 quilômetros dentro da 3M, porque eu que também vendia logística de levar

disquete para a liderança e eram 340 líderes. E a gente ia levando, a gente fazia.(tosse) Fizemos a avaliação de

desempenho de desempenho de todo mundo desse jeito. Foi um projeto bem desafiador, pra falar... 1994 isso.[...]

Extrato [...] E aí existem outros grandes projetos... um projeto da automatização de todo o

processo de gestão de pessoas do UNIBANCO, que a gente fez, né. Depois o projeto de

avaliação de desemprenho, o primeiro que a gente fez na CEMIG, em 2004. Foi também,

mais ou menos na mesma época. Foi um grande desafio, porque, numa época em que falar em

soluções pela internet era raro, a gente topou fazer um processo de avaliação de 10.000

pessoas, né. Isso a gente tá falando há 8 anos atrás [...]

Extrato

[...] E.. aí outros grandes cliente como a gente tem hoje. GVT foi um grande projeto. Itaú foi

um grande projeto. TAM foi um grande projeto. [...]

Entrevista com (F2) –

Extrato

[...] começando dentro do Yázigi, conhecendo o Yázigi, então nós resolvemos desenvolver

um sistema para a gestão de unidades franqueadas e nós resolvemos dividir o mercado em

verticais. O mercado de franquias é muito amplo, tem franquias de várias áreas. Mas assim,

bem a grosso modo, eu dividia em serviços, alimentação e varejo [...]

Entrevista com (F3) –

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139

Extrato

[...] Pimentel nasceu e ficou conhecida e continua conhecida, mesmo depois que foi vendida,

apesar de... De não ficar mais no mundo tecnologia e sim no mundo SAP como um todo. Foi

a primeira a montar um Centro de Servi... Serviços Compartilhados Remoto, para atender

cliente. Ganhamos um selo da SAP, que foi o único no Brasil.[...]

Extrato

[...] Foi o que a gente fazia muito na E3, a gente inventou muito. Foi a primeira a criar uma

fábrica de solução remota para atender a Oi, né. Foi a primeira a criar uma área de suporte

para atender clientes remoto do SAP, que não tinha, né.[...]

Entrevista com (F4) –

Extrato

[...] A própria pesquisa e desenvolvimentos que a SAP faz e a gente se utiliza disso também

pra alavancar as nossas oportunidades de tecnologia, por... E a gente acompanha os

movimentos de mercado, então, está sempre lendo o que o Gartner está colocando no

mercado, o que um IDC está falando, o que um... Um Forest está veiculando. A gente

acompanha os movimentos da Oracle, acompanha os movimentos da Totvs, pra entender bem

como está o mercado.[...]

Extrato

[...] Uma oportunidade e abria um roading map de oportunidades e apresentar pro cliente: “-

Olha, olha o que eu identifiquei.” Você começava a abrir pro cara também uma visão de

confiança, trust advisory. Então é um dos nossos objetivos e está na nossa estratégia é se

tornar o trust advisory do cara em finanças.

Mas também tudo em volta que eu pudesse abraçar. Então, isso levava a gente a desenvolver

expertise em tecnologia com produtos de sucesso.[...]

Entrevista com (F5) –

Extrato

[...] Com que o pessoal precisar. Eu faço sistema sob encomenda, eu tenho um sistema, só pra

dar ideia, esse é bem departamental, é de uma empresa grande, é o departamento jurídico. O

pessoal precisava de, na verdade, de uma gestão dos processos administrativos... Processos

jurídicos, do tipo... Tipo de ação que é, qual é o valor dessa ação, quando ela foi distribuída e,

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140

inclusive, o andamento desse... processo. O pessoal também pode qualificar ou quantificar,

né, [...]

Entrevista com (F6) –

Extrato

[...] Essa parte que envolve Recursos Humanos, que não é mais um... Um departamento de

uma empresa, e sim uma área de... estratégia, né. [...]

Extrato

[...] E o primeiro projeto que eu peguei foi um projeto de RH, de SAP, que era uma novidade,

né, o RH estava começando aqui no Brasil, a SAP já tinha uma base de clientes, assim,

considerável aqui no Brasil em 1998, e RH era uma novidade, quase ninguém tinha. Então, a

gente participou dos primeiros projetos, né, foi Embraco [...]

Habilidade de auto-aprendizado

Entrevista com (F1) –

Extrato

[..] A gente participa de eventos. A gente participa do Congresso Nacional de Recursos Humanos (CONAR) já...

há quase 15 anos, que o CONAR e sempre apresentando. Esse ano inclusive nós fomos com stand, e... todo ano

a gente vai com stand. Isso aí... para você ter uma idéia, foi a semana retrasada..... Semana retrasada... Pegar a

foto pra te mostrar aqui... A gente participa bastante, sim.[...]

Extrato

[...] A gente vem representando bem, ai, o Brasil, não só aqui, como fora também, a gente vem participando de

eventos fora, né. Participa de 2 a 3 eventos, todo ano, fora do país. Pra também levar um pouco da tecnologia

que a gente tem aqui, lá pra fora. Então... hoje a gente tá participando muito de evento lá fora,como falei pra

você, a gente só nos Estados Unidos, a gente está participando de três eventos/ano. Pra aprender, pra entender, se

atualizar, mas a maior dificuldade que a gente tem é investimento, [...]´

Extrato

[...] Muito difícil, porque o cliente, ele geralmente é um cliente que... é uma multinacional né, e que exige

fortemente da gente. Então eu, eu principalmente, tive que aprender muito com isso. Porque... a gente não tem

esse tipo, isso.. esse ensinamento não vem da escola, né. Então a gente tem que aprender. E eu aprendi, assim,

rápido, mas sofremos um pouquinho pra aprender. Hoje eu tenho certeza, que se eu tivesse alguém pra me ajudar

nessa época, aí desse aprendizado, provavelmente a empresa teria um crescimento bem mais forte. A gente teve

que aprender na marra, né. Por isso que a gente criou na UNICAMP lá, agora, lá junto com o pessoal da

UNICAMP, a gente criou a UNICAMP Ventures, que é um processo de aconselhamento para start up's , porque

a gente sabe que nesse momento, se você tiver alguém para ajudar, com certeza vai criar um monte de atalhos.

[...]

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141

Extrato

[...] Na verdade a gente tem, a gente teve que, pra... pra prestação de serviço, pra mudança do modelo de

negócio, a teve que praticamente destruir uma empresa que a gente tinha, que a gente vendia software até 2007,

2008, pra criar uma empresa de prestação de serviços, onde a tecnologia era a base de tudo, a tecnologia de

informação era a base de tudo e hoje o conhecimento do negócio é a base de tudo. Isso é o que a gente teve que

aprender a fazer. Aprendemos e fizemos e matamos uma empresa e criamos outra. Isso foi feito... foi feito

também na intuição, não foi, não tem nada de... foi feito de leituras, e de aprendizados que a gente fez e...

mandamos ver, e hoje é uma empresa de serviços [???] para você ter uma ideia, minha base de colaboradores foi

assim de.. 65% da empresa eram programadores, hoje eu tenho 3 programadores tocando a empresa, o projeto

como um todo.[...]

Extrato

[...] E aí 2009, foi o ano da crise, no qual se via tudo paralisado nos Estados Unidos. E em

2010 eu vi uma revolução, das soluções. Um up grade tecnológico, um up grade ehhh de

investimento que eu fiquei realmente assustado.[...]

Extrato

[...] Em 90... 93, 94 o mercado de tecnologia era extremamente amador. Mas isso aí você não está falando só de

mim, você pode falar da Microsiga, você pode falar da RM, você pode falar da Logocenter, que os 3 grande

pilares da tecnologia no país, em se falando de software pra.. de gestão. Os três vieram de uma base totalmente

amadora. Para você ter uma ideia, um dos fundadores da Logocenter trabalha com a gente, aqui hoje [...]

Extrato

[...] Eu lembro de pagar 4 mil dólares num computador. Se não fosse meu pai, eu não

conseguiria, né. Então se é para falar aqui que o grande cara que fez aqui, foi meu pai. Ele que

bancou o computador [...]

Entrevista com (F2)

Extrato

[...] E eu fui estudar o Unix primeiro pela minha atração acadêmica. O Unix era um sistema

operacional... É um sistema operacional que ele é um marco, um divisor de águas no mundo

da informática. Ele influenciou todos os outros sistemas operacionais que foram

desenvolvidos depois dele, inclusive o MS-DOS [...]

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142

Extrato

[...] Coloco como fundamental porque, na verdade, você tem um patrimônio que ele

está dividido em duas frentes: vocês tem o patrimônio conceitual que ele é longeva, mas você

tem um patrimônio informativo que, no nosso caso, ele é de uma volatilidade absurdamente

extrema, né? Muito volátil. Porque a tecnologia está ao todo tempo mudando e se você não

tiver capacidade de aprender as coisas novas, de entender em cada coisa nova que chega se

você já tem a base conceitual necessária para absorver aquilo ou que faltam conceitos que

você também precisa ir atrás, você não consegue acompanhar a velocidade com que esse

mercado muda. Se você olhar, agora mesmo, nós estamos tendo uma situação em que o

mercado está mudando rapidamente para o conceito de nuvem, né? Cloud computing.[...]

Entrevista com (F3) –

Extrato

[...] Na prática do que na teoria. Tudo que eu sei, eu aprendi na prática, não a foi escola que me deu,

né. [...]

Extrato

[...] Aí fui pros Estados Unidos, porque lá o SAP já estava mais... Mais maduro. Eu falei: -

Pô, vou aprender mais. Cheguei lá, não, porque o pessoal também estava aprendendo. [...]

Entrevista com (F4) –

Extrato

[...] Eu tenho silos ou unidades de negócios distintas, que são administradas pelas

competências determinadas, e quando vou falar de um projeto mais amplo, eu coleto todas as

minhas competências do projeto utilizando as minhas unidades de negócio. Então, eu sempre

vou ter especialistas[...]

Entrevista com (F5) –

Extrato

[...] Tem coisas diferentes, sim, mas, pra quem conhece uma, acho que é um pouquinho mais

fácil, porque, por analogia, você acaba aprendendo uma outra. E o VB eu aprendi assim,

comprei um livro, não me lembro qual é o livro, onde ele ia dando, assim, um passo a passo, e

aí eu fui desenvolvendo, fui desenvolvendo. Hoje tenho parceiros, tanto amigos particulares

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143

como parceiros comerciais. Quando a gente precisa de alguma coisa, a gente troca alguma

informação, [...]

Entrevista com (F6) –

Extrato

[...] Pensando um pouco no futuro, e aí a gente procurou... Eu procurei a... A me... A me...

Me inteirar, né, e procurar treinamentos SAP. Eu comecei com SAP, eu fiz um treinamento lá

que a gente chama de Basis, né, que é, tipo, um administrador aí do servidor SAP, e depois

passei pra parte de programação [...]

Extrato

[...] Com o RH da SAP. Mas, como era uma coisa nova, novidade, e não era uma coisa muito

divulgada e nem solicitada, a gente começou a... A... A querer estudar, a querer se... Se

expandir nessa... Nessa tecnologia aí, né. [...]

Extrato

[...] Não, não foi. A gente fez esse treinamento inicial, foi um treinamento generalista, né,

nem... Nem... Nem... Nem fazia parte desse treinamento nada de RH. A gente foi adquirindo

nos projetos mesmo, estudando, auto-estudo. Até... Pra ter uma idéia, eu nunca fiz nenhum

curso da SAP, só estudando mesmo, só... Só procurando... [...]

Liderança e equipe

Entrevista com (F1) –

Extrato

[...] E aí, esse conhecimento é muito importante, então, pra mim, que sou uma empresa de prestação de serviço,

como pra qualquer empresa de prestação de serviços, o turnover é o maior ofensor, então todo trabalho nosso,

aqui, de retenção de pessoas é muito forte. [...]

Extrato

`` [...] A gente tem essa retenção (???). A gente paga um pouco acima da média de mercado, pra quê? Pra tirar a

questão salário, ou dinheiro, da mesa, né, isso aí é o básico que a gente faz, e aí os benefícios normais: plano de

saúde, o melhor do mercado, vale alimentação a um valor acima de mercado e, desenvolvimento. A gente faz

com que as pessoas estudem. Estudem muito. Pós-graduação, Mestrado. A gente investe muito em

formação.[...]´´

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144

Extrato

[...] Ótimo clima, conhecemos todo mundo. Como falei pra você, tem um... a mãe de uma menina, de uma das

meninas que trabalham aqui, dois né, dois irmãos que trabalham aqui... tá todo mundo muito triste, todo mundo

muito sensibilizado. Provavelmente a gente vai para a tarde pra ir no velório da mãe, né... e é assim... a gente,

meio que se sente como pai e mãe de todo mundo que tá aqui. É o que acontece numa empresa pequena. A gente

se conhece, a gente convive muito. As pessoas aqui convive entre si, mais do que com a própria família. Então,

não tem como ser diferente [...]

Entrevista com (F2) -

Extrato

[...] Só que o nosso instrutor para dar aulas, ele normalmente era um cara que conhecia

profundamente o assunto, tinha um formação numa escola de primeira linha, que na área de

tecnologia você sabe que faz toda a diferença. [...]

Extrato

[...]nós temos um programa de estágio aqui muito tradicional. Desde sempre a gente teve

programa de estágio, onde o estágio é uma preparação para treinar o sujeito para ser

contratado. Nosso índice de acerto é muito grande e o estagiário aqui não é mão de obra

barata. Ou seja, ele realmente vem para aprender. Tanto que a gente acaba desenvolvendo

projetos a parte do que a gente faz para clientes, justamente para não colocar nele a pressão de

prazo, de nada disso e para garantir que ele tenha um aprendizado seguro [...]

Extrato

[...] De uma maneira muito positiva, isso é algo que a gente toma muito cuidado. Ou

seja, o perfil das pessoas que a gente contrata, a gente tem um ambiente aqui que é muito

colaborativo. E o ano passado, a gente queria fazer uma espécie de auditoria de cunho

organizacional. E aí, nós então contratamos a Great Place to Work. Você sabe o que eles

fazem? Você sabe? Eles têm um relatório bacana, uma... Um questionário sobre isso. Só que

para a gente aplicar o questionário, a gente precisava participar do... Do concurso que eles

fazem anualmente, né? Que é o prêmio Great Place to Work. Então, nós entramos não por

causa do prêmio, mas por causa do... Do questionário e fomos... É... Surpreendidos pelo fato

de já ter sido escolhido como uma das 100 melhores empresas para trabalhar em TI.

O que foi bem interessante o ano passado foi que a gente ficou em segundo lugar em

escolaridade. Ora, esse é um... Na nossa área é uma área de serviços intensivos em

conhecimento baseado em tecnologia, portanto escolaridade, know how e gente é tudo.[...]

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Extrato 71

[...] A nossa telefonista estudou física na CEFET e aí, quando ela estava no meio do curso, a

gente transferiu ela para a área de atendimento. Hoje ela é gerente de atendimento. A

telefonista seguinte fez gestão em RH e agora trabalha na área de RH e a gente sempre

incentiva muito o pessoal aqui a estudar e ajuda financeiramente para o pessoal estudar.

Então, acaba acontecendo isso. A nossa faxineira está fazendo enfermagem à noite, olha que

coisa! Você sabe que, assim... Uma faxineira... Uma telefonista fez a CEFET e a outra fez

uma escola de terceira linha, não importa. O ponto é... Ah... Uma má educação é melhor do

que nenhuma educação e eu fico muito feliz de ver que hoje uma faxineira pode fazer um

curso superior,[...]

Entrevista com (F3) –

Extrato

[...] O que aconteceu? A Votorantim aconteceu. Aí peguei, era a mesma equipe que estava

vindo comigo. Aí chamei o pessoal, na sexta-feira: “-Pessoal, tem uma reunião na SAP, não

sei o que é, mas vamos comigo.” [...]

Extrato

[...] Aí chamei o que tinha mais experiência, ele já tinha trabalhado no... No projeto, era o

que tinha no mercado. Mas eu peguei o pessoal já com experiência em Cobol, então acelerou

muito. Eu falei: “-Sérgio, vai lá, pega o programa mais difícil. Eu quero o resultado na

segunda-feira.” [...]

Extrato

[...] Porque eu, como técnico, eu só era um. O importante é você saber que você tem uma das

melhores equipes na sua mão.[...]

Entrevista com (F4) –

Extrato

[...] você tem lá duas grandes dimensões, né, o relacionamento interpessoal com o

relacionamento profissional. Aqui é assim: a gente não mistura muito os dois. Lá fora, a gente

está... Se a gente quebrou o pau, é aquela história: se você tem um desentendimento

profissional, você não pode misturar ele com o pessoal. Entendeu? Quando a gente deixa de

ser dirigente e passa a ser sócio, o relacionamento é diferente.[...]

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Extrato 76

[...] É por cooperativismo, a gente coopera, né, e ela é tudo por decisão deliberativa. É refeita

uma reunião, se delibera e daquilo que não é operacional ou não é estratégico, já definido pelo

conselho, aí se torna uma estrutura de deliberação [...]

Entrevista com (F6) –

Extrato

[...] Então, investimento nas pessoas é que a gente... A gente até se considera meio que um

coaching, né, dessas pessoas, desses profissionais. A gente percebe isso na hora que a gente

está fazendo... Fizemos algumas seleções aí pra contratar trainees. Diferente do passado, esses

trainees hoje já fazem academia, já até participaram de alguns projetos, né. E... E a gente

faz... O investimento principal é esse coaching que a gente faz, a gente consegue criar esse

profissional aqui dentro,[...]

Extrato

[...] A empresa tem 11 anos e a gente tem pessoas de 11... Com 11 anos aqui dentro, com dez

anos, com oito anos de empresa, com sete anos de empresa. Então, isso é muito comum pra

gente, mas não é comum ali fora, né, uma consultoria de... De 11 anos ter... Ter recursos com

11 anos aí dentro da empresa [...]

Extrato

[...] A pessoa que está aqui dentro acredita no nosso modelo de trabalho, sabe que a gente vai

entregar um bom projeto, que ela vai aprender e vai participar de um bom projeto, que é

importante pro currículo dela [...]

Extrato

[...] Então, a gente pensa muito junto, né, até a disposição das mesas são todas uma de frente

pra outra, né, não tem divisão, não é sala de um diretor e sala de outro. É uma sala só. Então, a

gente sempre pensa junto. Então, eu acho que isso que... Que supriu um pouco a falta de ter

uma experiência de uma administração [...]

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147

Extrato

[...] gente foi se profissionalizando, cada vez mais, nas questões das regras da empresa. É

uma coisa sagrada, a gente não envolve o pessoal com empresa, existem regras de... De tudo

aqui. Então, a gente tenta respeita... Sempre, né, a gente respeita ao máximo essas regras, pra

que seja uma coisa profissional e não uma coisa caseira, né, não uma coisa familiar nem

tampouco pessoal, seja uma...[...]

Habilidade em otimizar com precisão

Entrevista com (F1) –

Extrato

[...] E todo o dia de manhã, Sidnei, a gente faz o que: a gente tem hoje 200.000 pessoas no

qual o processo de avaliação de desempenho chegando até a parte remuneração, aumento

salarial, até demissão, movimentação, passa pelas nossas mãos. E aí a nossa função é... a

minha função como Diretor é colocar na cabeça dos nossos funcionários a importância disso,

porque se a gente não trabalhar direito, pode acontecer uma demissão injusta de um pai de

família. Então o que a gente tem que fazer é... fazer com que nosso trabalho seja o melhor

possível, pra que não aconteça nada fora da melhor justiça. Porque ser mandado embora, ou

não, isso não vai depender da gente, mas se o processo de avaliação for o mais justo possível,

o mandar embora, o.. esse desligamento, ele foi feito por uma boa causa, foi feito... e a gente

já aprendeu aqui [...]

Entrevista com (F2) -

Extrato

[...] Nós desenvolvemos um software que é o que a gente chama de software Asa Service. O

modelo de entrega dele não é venda de licença, é aluguel e o uso dele é via web. Então, como

é que ele funciona? Eu tenho um data center, que na verdade é terceirizado, tá? Eu alugo

espaço numa... Na UOL, tenho meus servidores lá, meu software rodando aqui, tá? Os

franqueados acessam o sistema via internet. Então, o banco de dados deles está centralizado

aqui. Vantagem disso: ele não precisa ter nenhuma infraestrutura lá a não ser um bom acesso

à internet. Backup eu resolvo, problemas de segurança de dados.[...]

Entrevista com (F3) –

Extrato

[...] Mas eu peguei o pessoal já com experiência em Cobol, então acelerou muito. Eu falei: “-

Sérgio, vai lá, pega o programa mais difícil. Eu quero o resultado na segunda-feira.” Ele foi

lá, na segunda-feira, o programa levava 12 horas, caiu para quarenta minutos.[...]

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148

Entrevista com (F4) –

Extrato

[ ...] Do COO, do CEO, de trazer eficiência e eficácia nos processos produtivos, na cadeia

produtiva, e finanças, como é um... Um processo de apoio, não é um processo core, é um

processo de back office, você não tinha tanta evolução nas ferramentas de ERP naquela...

Naquele momento no mercado que fornecessem ferramentas adequadas pro CFO.[...]

Extrato

[...] Pra mim poder ganhar espaço e ganhar tecnologia, a gente ganhou pelo conhecimento de

negócio. Porque é um exemplo: eu ia num cliente ofertar uma ferramenta de gestão financeira.

Só que, dentro daquela análise de processo de negócios que é o que a gente fazia, a gente

identificava um pré-requisito, por exemplo, lá em suprimentos [...]

Entrevista com (F5) –

Extrato

[...] Bom, eu acho que tudo isso é uma questão de custo-benefício. Se você quiser colocar um

Oracle, pode colocar, eu faço o programa do mesmo jeito, mas aí vai ter que ter o

administrador, vai ter que ter uma pessoa qualificada pra poder mexer com o banco de

dados.[...]

Entrevista com (F6) –

Extrato

[...] Então, a E6, ela é especialista em RH, né, mas de SAP, né. (Ok.) Então, nós somos uma

empresa que tem o conhecimento técnico e de negócio. Então, a gente... A venda é uma

consequência, nossa venda é de solução, é de... É de... É de negócio.[...]

Extrato

[..] Mas isso, assim, o que gente percebe com outros concorrentes, até parceiros nossos, né, é

que eles têm uma visão muito imediatista, né. Às vezes, a gente vende um projeto que tem mil

horas e executa 1.500 horas, né. Não tem problema, a gente tem que entregar uma coisa muito

bem feita. [...]

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149

Habilidade no uso de tecnologias fundamentais

Entrevista com (F1) –

Extrato

[...] Desenvolvimento. Era.. na época era o estouro do Clipper(?) e o estouro de rede de computadores. Os

softwares funcionando em rede. Foi isso que... foi o maior, né, foi uma grande .. .virada, depois teve a virada...

por que a área de tecnologia ela é cíclica, né. [...]

Extrato

[...] Então, primeiro teve a área do Basic, depois a gente teve a virada dos Mainframes, né, depois vieram os

Microcomputadores, no qual houve uma outra virada, depois veio Clipper com, Clipper, depois veio a virada do

desenvolvimento para Windows, depois veio a virada do Banco de Dados Operacional, depois veio uma outra

virada que foi o início do desenvolvimento para a Web, e agora a gente tá em outra virada, né, que é um

desenvolvimento, um desenvolvimento web onde o browser ele é quase tão amigável quanto era na época do

CAD service. Então a gente tá num momento de virada tecnológica. E nesses momentos de virada tecnológica

que surgem novas empresas e também velhas empresas, e também velhas empresas que ?? (ruído) [...]

Entrevista com (F2) –

Extrato

[...] O equipamento nunca chegou, chegou o software e o equipamento ficou retido na

alfândega, enfim, acho que o lote dela foi apreendido, a mulher sumiu e nós perdemos o nosso

investimento. E, quando começou a ficar claro, que a gente ligava e a mulher não respondia e

tal, eu falei: “-Bom, o que a gente faz agora? Eu sei o que a gente faz: nós vamos dar

treinamento de Unix e Linguagem C, porque eu sei fazer isso.[...]

Extrato

[...] nos levou a voltar pra área fundamental, e a gente começou a oferecer esses cursos de

Unix e Linguagem C, que era uma coisa novíssima no Brasil, então, principalmente pra

empresas de desenvolvimento de tecnologia também [...]

Extrato

[...] Então, como eu tinha trabalhado, desenvolvendo protocolos de comunicação, eu tinha

acabado estudando muito no CPqD, essa foi uma segunda competência fundamental minha

que deu o passo...[...]

Extrato

[...] 1998, a empresa de treinamento, como começou a trabalhar com Microsoft, depois de um

tempo virou centro de treinamento autorizado Microsoft.[...]

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Entrevista com (F3) –

Extrato

[...] O que eu fundei foi a E3, que foi em 1998, numa época que, é, foquei na tecnologia SAP.

Numa época em que se dizia [...]

Entrevista com (F5) –

Extrato

[...] Praticamente tinham três linguagens nessa ocasião, que era o Cobol, o Fortran e o

Assembler. O Fortran era mais pra parte científica, pra parte de engenharia. O Assembler eu

acredito que era uma linguagem que a gente chamava de linguagem de máquina, né, era pra

coisas, assim, muito, muito específicas, precisava de bastante conhecimento. E o Cobol, que

era, o próprio nome diz, né, se eu não me engano, Common Business Oriented Language, que

era uma linguagem comercial.[...]

Entrevista com (F6) –

Extrato

[...] É a especialidade que a gente obteve logo no início da nossa carreira, aqui em SAP, foi

que a gente identificou a necessidade de abrir a nossa própria empresa pra trabalhar única e

exclusivamente com Recursos Humanos da SAP [...]

[...] Do know-how técnico que cada um já tinha, foi a especialidade que a gente foi

adquirindo em RH, em SAP RH, né. Então, é uma coisa nova que, até hoje, é muito difícil

você encontrar profissionais que conheçam [...]

Habilidade no desenvolvimento e adaptação de novos conhecimentos

Entrevista com (F1) –

Extrato

[...] Eu tenho uma plataforma hoje aí com uma média de 80.000 horas de desenvolvimento. Fazer uma virada

tecnológica disso aí vai custar... muito dinheiro. Vamos por, por baixo, 15.000 horas de desenvolvimento a R$

80,00, R$ 100,00 a hora, a gente tá falando de um milhão e meio, dois milhões de investimento, para uma

empresa que fatura 5, é muito dinheiro, né, para investir só nisso. Então hoje a gente tem... ehh, hoje a gente vem

fazendo milagre para manter essa base atualizada....[...]

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Extrato 100

[...] A mudança tecnológica, ela vai agregar valor, ela não vai diminuir. E pra gente, é um investimento que a

gente vai ter que fazer. Talvez a gente não consiga fazer na velocidade que os grupos americanos, por exemplo,

fazem, mas a gente vai conseguir fazer. Isso não vai trazer. A maior dificuldade que a gente tem.. é assim.. é...

ainda a gente tá tendo que pagar para desenvolver novas inovações. Eu acho que a desoneração sobre inovação,

nesse país, ela precisa vir muito rapidamente. Senão ela vai quebrar todo mundo, porque... as pessoas não

investem [...]´

Entrevista com (F2) –

Extrato

[...] As primeiras versões de PC IBM que você comprava, Sidnei, vinham com um manual de

como desenvolver uma placa de expansão pro seu PC IBM, vinham com a fonte da BIOS, a

BIOS é aquela eprom, que tem o software fundamental do computador. Então, vinha com

um código-fonte lá, que era pra você entender como você tinha que desenvolver o software do

teu driver, pra se encaixar no PC, quando você desenvolvesse um hardware adicional. E isso

criou toda a indústria do PC e criou também a indústria do PC compatível. Tem um livro de

estratégia muito interessante, chamado Co-Opetição, você lembra desse livro?[...]

Extrato 102

[...] E naquela época também teve uma coisa que me favoreceu, Sidnei, eu fui convidado pra

dar um curso de pós-graduação, uma disciplina num curso que naquela época ele até tinha um

certo... Uma certa relevância, que era um curso lato sensu da Faap em Análise de Sistemas.

(OK.) Esse curso, curiosamente, ele acabou sendo muito importante no mercado, porque ele

foi um dos primeiros que surgiu que deu oportunidade pra gente que não era da área ingressar

na área.[...]

Extrato 103

[..] Bom, e aí, um belo dia, nós fomos bater na porta de uma empresa chamada Sid

Informática, que era do grupo da Sharp, lembra? Machline. (Sim.) O grupo até acho que

chamava Machline. Isso mesmo. E aí o que aconteceu? Batemos lá oferecendo treinamento de

Unix e o pessoal falou: “-Olha, nós ainda estamos desenvolvendo o nosso equipamento em

Unix. Mas nós temos uma necessidade muito grande nesse momento, que é o desenvolvimento

dos manuais dos... Do equipamento.”, “-Puxa vida, então vamos conversar.” E aí nós fomos,

fizemos uma proposta pra eles pra desenvolver o jogo de manuais que ia acompanhar o

computador, que era um manual de administração da máquina, manual de usuário, manual de

instalação, tudo isso.[...]

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152

Extrato

[...] e nos deu a primeira oportunidade grande. Um belo dia, esse pessoal nos liga e fala: “-

Escuta, vocês trabalham com treinamento também de Unix, né?”, “-Trabalhamos.”, “-Vocês

têm curso?”, “-Temos.”, “-Pois é, acabamos de fechar o primeiro... A nossa primeira venda

do nosso computador em Unix, e é pra Mesbla, no Rio de Janeiro.” [...] [...]. “-E agora nós

temos um problema, porque eles compraram um sistema, eles querem um treinamento antes

de receber o sistema. O sistema, inclusive, está no laboratório, nós vamos mandar pra eles

um protótipo, vai ser aquela aventura. Então, nós precisamos ganhar tempo. Vocês não

querem ir lá dar um treinamento? E nós vamos... E nós estamos propondo pra eles um

treinamento de três semanas.”, [...]

Extrato

[...] E o cloud computing muda a forma de você desenvolver software. Então, de repente um

patrimônio de conhecimento que você tem aqui de 25 anos pode virar pó se você não

acompanhar isso rapidamente. [...]

Entrevista com (F3) –

Extrato

[...] E realmente começamos assim. E aí acabou que eu falei: “-Não, vou montar uma

empresa focada em tecnologia SAP.” Né, a E3 nasceu e ficou conhecida e continua

conhecida, mesmo depois que foi vendida, apesar de... De não ficar mais no mundo tecnologia

e sim no mundo SAP como um todo.[...]

Entrevista com (F4) –

Extrato

[...] Então, isso daí tudo a gente montou, com base em conhecimento em algumas leis, com

Porter. A gente leu o Porter pra entender o que era o básico do básico do básico. Então, a

gente teve que aprender, e aprendemos muita coisa assim também tem... Pra ser um

empreendedor, isso não é só... Não está em livro. Tem um negócio que é: pra você ser um

empreendedor, tem que estar em você. Você tem que conhecer o que você vai fazer e muito

bem e conhecer o mercado que você vai atuar [...]

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Extrato

[...] Então, hoje, eu tenho oito áreas de especialização, oito áreas de... Que eu consigo

trabalhar tanto com elas reunidas, porque hoje tem uma área de PMO, uma área de gestão de

projetos, que ela conhece as características das unidades e faz o processo de integração e

entrega de projetos baseado nas, vamos dizer assim, nas regras e métodos de mercado[...]

Entrevista com (F5) –

Extrato

[...] e aí começou a aparecer o IBM, acho que era o barra 360, alguma coisa assim, 360, 370

depois, onde tinham poucos profissionais na área de... Pra mexer com programas online. E aí

eu entrei nessa área, pra mexer com programas online. [...]

Entrevista com (F6) –

Extrato

[...] Grande número de empresas que já tinham SAP, mas não tinham RH, né, então, o RH

veio depois. Então, e esse depois a gente já estava, assim, dominando, né. Então, essa nossa

especialidade, esse nosso nicho que a gente resolveu focar é que diferente..[...]

Extrato

[...] Então, a gente tem, né, a gente é bem caseiro, né, tem algumas coisas caseiras. Então, a

gente... O principal produto interno que a gente que a gente chama... Que é a nossa biblioteca

digital. Então, desde esse primeiro projeto que eu falei que eu fiz, logo que a gente fez aquelas

duas semanas de treinamento, a gente vem aumentando essa biblioteca digital, que hoje ela se

divide em produtos complementares à solução, que a gente vende, né, e aceleradores, né.

Aceleradores é assim: qualquer cliente que contrate uma alocação ou um projeto, ele tem

acesso a essa biblioteca. Conseqüentemente, os profissionais que estão aqui sabem dessa

biblioteca, sabem utilizá-la,[...]

Extrato

[...] Mas, assim, assim que a pessoa entra, a gente começa a ter uma imersão aqui, de vários

treinamentos on the job, vamos dizer assim, com o gerente técnico, com o gerente funcional,

pra que essa pessoa entenda tudo que a gente faz, todos os produtos e aceleradores que a gente

tem, e a nossa maneira de trabalhar nos projetos [...]

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Habilidade em negociação e marketing

Entrevista com (F1) –

Extrato

[...] A E1 é uma empresa que se especializou numa área de negócios, né, então a gente implementa a gestão de

capital humano. Então, a tecnologia, ela é muito importante. Você tem que se atualizar, mas você não precisa ser

o "crème de la crème", você não precisa ser... porque eu não vendo tecnologia. Eu vendo negócio, né. então é um

pouco diferente.[...]

Extrato

[...] Eu vendo negócio, né. então é um pouco diferente. Mas, assim, eu não posso estar atrasado, eu não posso

ficar para traz, mas... e às vezes é até ruim ser o primeiro, ser o melhor. Porque eu vou impor aos meus clientes,

às vezes uma atualização de tecnologia, que eles não esperam. Então eu gastei, porque o primeiro geralmente é o

que mais gasta, mas eu não consigo cobrar por isso. Então o que a minha ferramenta tem que ter é uma.. é a

melhor...é o melhor processo, a navegabilidade. E ela não pode ficar defasada tecnologicamente, em design,

estas coisas.[...]´

Extrato

[...] Eu presto serviços através do software. A gente não vende mais. Todo o processo nosso

mudou para uma base, tá baseado na prestação de serviço. [...]

Extrato

[...] A gente descobriu que o melhor usuário das nossas ferramentas somos nós mesmos (riso) e a gente viu

também que aqui no Brasil a área de Recursos Humanos, ela é muito enxuta. Mais enxuta inclusive, do que a

gente vê em outros lugares. Exatamente pela, pelo histórico cultural de que Recursos Humanos é algo que não

se investe muito, não precisa de muitos investimentos. Sempre você tem mão-de-obra barata e farta no mercado

[...]

Entrevista com (F2)

Extrato

[...] Na verdade, eu já tinha visto esse mercado de treinamento, porque numa das empresas

que eu trabalhei, nessa empresa que tinha um projeto de Unix, eles contrataram cursos de uma

empresa na época até ligada à Universidade Federal da Paraíba. Eu falei: “-Puxa vida, mas

olha que interessante!” Os caras pegaram e estruturam cursos de treinamento pra engenheiros

[...]

Extrato

[...] E era um curso de 40 horas, né, de segunda a sexta-feira. Montamos uma apostila naquela

correria e tal, e lá fui eu pra dar o primeiro curso. Na segunda-feira, dei a primeira aula, na

terça de manhã, ele já me chamou e falou: “-Vamos já agendar o segundo curso, porque o

pessoal está gostando muito.” E aquilo foi ótimo, porque, primeiro, nos deu autoconfiança de

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que tinha um mercado aí pra gente e, ao mesmo tempo, fez com que a gente, então, começasse

a pensar em como estruturar essa área de treinamento [...]

Extrato

[...]Mas nós temos uma necessidade muito grande nesse momento, que é o desenvolvimento

dos manuais dos... Do equipamento.”, “-Puxa vida, então vamos conversar.” E aí nós fomos,

fizemos uma proposta pra eles pra desenvolver o jogo de manuais que ia acompanhar o

computador, que era um manual de administração da máquina, manual de usuário, manual de

instalação, tudo isso.[...]

Extrato

[...] Um primeiro contrato com a Sid Informática pra dar treinamento pros clientes que

compravam o equipamento deles. E a gente começou a atuar, então, no centro de treinamento

que a Sid tinha aqui em São Paulo e também em outras filiais Brasil afora, dando o

treinamento do equipamento deles.[...]

Extrato

[...] Depois, então, nós começamos a atender outras empresas, começamos a fazer venda

direto, e por aí a gente foi. A grande vantagem do treinamento qual era, Sidnei? É que o

treinamento, ele exige baixo capital, é só capital intelectual, que eu já tinha pra começar.

(Sim.) Então, ele tinha como barreira de entrada um conhecimento do assunto e, claro, a

capacidade de você dar aulas de qualidade [...]

Extrato

[...] A gente estava apostando no sistema operacional Unix, e aí existia um mercado, que era

um mercado naquela época muito valioso, que era o mercado de automação bancária,

automação de agências bancárias.[...]

Extrato

[...] E assim a gente desenvolveu o nosso primeiro produto, que a gente começou a vender no

mercado, na época licenciado por cópia. E quem eram os meus clientes? Os integradores e

fabricantes de automação bancária. Então, uma lista de clientes daquela época incluía a

própria Sid Informática, a Procomp, a Digirede, a Cobra Computadores, a Labo

Computadores, a Sisco, com S, Computadores, que era do grupo... Do grupo Maksoud.[...]

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Extrato

[...] nós escolhemos no setor de serviços o setor de educação, porque estávamos no Yázigi,

classicamente effectuation: a oportunidade está aqui, vimos que existe uma necessidade. E a

outra coisa que eu queria sair da linha... Melhor, da coluna investimento para a coluna

despesa.[...]

Extrato

[...] O fato de ser oferecido na modalidade de serviços, significa que o software é alugado, não

é vendido. Então isso te dá estabilidade de faturamento. Faturamento recorrente, tá? E aí, vou

ser igual à luz elétrica, se você não pagar, eu desligo [...]

Entrevista com (F3) –

Extrato

[...] montei uma empresa, falei assim: “-Ó, você... Você vai ser sócio dessa empresa. Vamos

montar a empresa assim e assim?” Os caras toparam. E aí montamos a primeira. [...]

Extrato 128

[...] -Pessoal, temos que fazer o melhor, porque a gente não tem dinheiro para fazer

marketing, então a gente tem que ser o melhor no que a gente faz, na qualidade do que a gente

faz. E para que o dia que a SAP chegar aqui, olhar o nosso programa, falar assim: esse

programa foi feito pela E3.[...]

Extrato 129

[...] não temos marketing. É só a qualidade do que a gente faz. O marketing é muito

importante nessas empresas, inclusive o endomarketing. O endomarketing é muito importante

é você comunicar suas conquistas. Porque o profissional sente orgulho [...]

Entrevista com (F4) –

Extrato

[...] Ou seja, o que o meu cliente na ponta espera da tecnologia, baseado nas necessidades de

negócio, em cima de crescimento de market share, movimentos regulatórios, movimentos

sociais. Como isso afeta o negócio do meu cliente, o que de fato ele está buscando? Então,

uma das coisas que a gente se utiliza é isso, de ferramentas das empresas hoje geradoras de

softwares de gestão. O nosso... O nosso foco não é tecnologia pura, como falar de

hardware.[...]

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Extrato

[...] Por exemplo, a Natura é uma empresa que busca muito sustentabilidade. A gente fez

trabalhos lá e isso cavou pra gente outras oportunidades a partir de trabalhos de

sustentabilidade. Você está falando de uma Cemig, é uma das empresas mais sustentáveis em

relação à geração de energia limpa. Então, hoje é um dos maiores clientes nossos. A Vale do

Rio... A Vale é a mesma história.[...]

Extrato

[...] Então, a gente tem uma abordagem, às vezes, hoje em dia, já a abordagem está tão no

sangue, que a gente não tem mais, não enxerga claramente, está tão entrelaçado, que a gente

acaba vendendo valor com tecnologia, né[...]

Extrato

[...] Mas, por exemplo, falar de marketing: como é isso? Pra gente, no começo, a gente fazia

o que a gente imaginava que era certo. Acho que não estava errado. Acho que a gente tinha

uma linha básica de marketing: captar, levar a minha imagem até as pessoas, quais eram os

meus veículos de... Então, a gente determinou os nossos veículos de... De comunicação, que

simplesmente éramos nós mesmos. Era o boca a boca, ainda fazia o boca...[...]

Extrato

[...] Então, a E4 começa a entrar num mercado novo e começa a enxergar o mercado

brasileiro, eu saio de big deals, com empresas globais, e começo a entrar num mercado de

empresas brasileiras em expansão, que a gente traçou um range que a gente vai operar

empresas de R$ 100,00 milhões até mais ou menos R$ 2,00 bilhões, com soluções... Até R$

800,00 milhões, com soluções dirigidas, empacotadas. Então, a gente vai buscar... Está

buscando um outro mercado agora.[...]

Entrevista com (F5) –

Extrato

[...] Continuamos trabalhando como eu disse por mais dez anos como funcionários. Minha

esposa, hoje, trabalha mais ou menos como funcionária. Eu, já não, eu já vou atrás de clientes

pequenos, a gente desenvolve. [...]

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158

Extrato

[...] mas eu ainda consigo me virar bem, porque as empresas, como eu estava falando, de

pequeno e médio porte, eu não sei se é por uma questão de economia, se é a administração,

que às vezes não é tão profissional, então, às vezes, quando você chega com uma solução, né,

informatizada, tal, o pessoal, a princípio, eles nem acreditam muito naquilo que você está

falando. Eles têm uma expectativa muito grande também em relação ao que você fala.

E a minha forma de vender é... Eu sou muito presente com os meus clientes. Eu prometo pelo

menos uma visita por mês, pra saber se está tudo certo, se o pessoal está fazendo backup,[...]

Extrato

[...] Então, a minha esposa, ela entra num setor bem diferenciado do meu, onde ela faz a parte

de consultoria e assessoria pra poder desenvolver sistemas normalmente pra instituições eu

diria de médio porte pra cima [...]

Extrato

[...] De um ano e oito meses, mais ou menos, ela está envolvida com um trabalho. Ficou

engraçado essa cadeia, ela foi contratada por uma empresa e ela ajudou essa empresa a

contratar uma terceira empresa pra vender serviços a uma quarta empresa.[...]

Entrevista com (F6) –

Extrato

[...] A suíte de produtos dela, quanto essas novidades, né, que, por exemplo, o Sucess Factors,

que é uma empresa que a SAP comprou. Então, a gente já é parceiro de venda de licença

como de serviços, da Sucess, né, que é a mesma empresa, hoje. Então, a HRD, ela é

especialista em RH, né, mas de SAP, né. (Ok.) Então, nós somos uma empresa que tem o

conhecimento técnico e de negócio. Então, a gente... A venda é uma conseqüência, nossa

venda é de solução [...]

[...] A gente entende muito das regras dos negócios de RH, folha de pagamento,

desenvolvimento de pessoas, avaliações, né, [...]

[...] Desde aquela época, a gente é muito solicitado, a gente muito pouco a gente vai vender. A

gente é mais solicitado do que tem tempo de fazer venda, entendeu? Posso dizer acho que

nem é o modelo perfeito, mas é a realidade. A gente vem, nesses 11 anos, desde o primeiro

dia, fez um projeto, já tem um outro, e aí a especialidade, os cases de sucesso é que vão

surgindo novos projetos, a gente vai crescendo aí de uma maneira um pouco linear, né. [...]

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Extrato

[...] Faz uns dois anos a gente começou a atuar um pouco mais fortemente em contratos de

manutenção, help desk, pra que tenha uma sobrevida ainda maior. A gente sabe que ainda

existe um gap muito grande de empresas que têm SAP e não têm RH. Então, está aí a nossa...

Nossa fonte direta de... projetos. [...]

Desenvolvimento e adaptação a novos processos

Entrevista com (F1) -

Extrato

[...] Então você perguntou qual é o conhecimento que é muito importante pra gente aqui, é o conhecimento do

processo do cliente. Por que se a gente conhecer muito bem o processo do cliente, é claro que a gente vai

executá-lo da melhor forma possível. É diferente de uma empresa purista de tecnologia, no

qual o conhecimento maior é da linguagem, é da tecnologia em si. Pra gente tecnologia é o instrumento, então

não é o mais importante pra gente. [...]

Entrevista com (F2)

Extrato

[...] E naquela época também teve uma coisa que me favoreceu, Sidnei, eu fui convidado pra

dar um curso de pós-graduação, uma disciplina num curso que naquela época ele até tinha um

certo... Uma certa relevância, que era um curso lato sensu da Faap em Análise de Sistemas.

Esse curso, curiosamente, ele acabou sendo muito importante no mercado, porque ele foi um

dos primeiros que surgiu que deu oportunidade pra gente que não era da área ingressar na

área.[...]

Entrevista com (F3) –

Extrato

[ ...] O cara tem uma ideia. Como eu transformo essa ideia em algo que facilite a vida dele?

Porque eu tenho que pegar a tecnologia, a tecnologia tem que ser simples. Porque se você pôr

uma forma, coloque de uma forma que complique a vida... Tecnologia não veio para

complicar, veio para simplificar. Agora, você faz um sistema complexo, tem tudo para dar

errado, ninguém vai usar, né. Eu tenho um exemplo disso, o SAP não é uma ferramenta fácil e

em muitas empresas não dá certo, porque as pessoas não estão preparadas para essa nova

tecnologia. E essa nova tecnologia é o que ele vê, não é o que está por trás. Então é: como eu

transformo uma ideia em uma solução? A tecnologia me dá isso. [...]

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Entrevista com (F4) –

Extrato

[...] Então, de uma linha de soluções financeiras, como eu traria isso pra uma evolução de

uma linha de expertise em processos de negócio.[...]

Extrato

[...] Agora a gente está começando a falar dos novos... Dos novos produtos de mercado,

vamos em mobilidade, vai falar de cloud computing, vai falar de outras coisas que já entram

nas novas dimensões de soluções de tecnologia. Então, a gente começa a ter uma adaptação

do nosso portfólio todo pra tratar banco de dados escaláveis, mobilidade, essa parte toda de

cloud computing,[...]

Entrevista com (F5) –

Extrato

[...] Hoje eu uso uma linguagem diferente, uso o VB, Visual Basics 6, eu acho que é uma boa

ferramenta e tem outras também. O VB é fácil, porque você vai trabalhar bem com... Com

Access, você pode trabalhar com SQL, você pode trabalhar [...]

Extrato

[...] Na verdade, o que eu mais uso hoje é VB6, Crystal Report e Access. Isso é o que eu mais

uso. [...]

Entrevista com (F6) –

Extrato

[...] Ela (E6) é uma empresa de serviços, né? É hoje... Aqui faz um mês e meio, dois meses, a

gente mudou também um pouco o foco. A gente tem 11 anos, né, a empresa tem 11 anos.

Então, a gente sempre atuou somente com serviços e somente com SAP, né. O que está

mudando agora é, além de vender serviços, a gente está começando a vender licenças.[...]

Extrato

[...] Então, esse é um dos quesitos quando a gente trata as avaliações anuais das pessoas,

controlar o que cada um já sabe do que tem dentro da empresa. Então, é de uma forma bem

caseira. Hoje, a gente já contratou, até comprou da própria SAP o Sucess Factors, né. Então, a

gente pretende, de uma maneira... De um blog interno, de uma intranet, divulgar mais

facilmente esse material. Mas, basicamente, são os nossos servidores, que a gente

disponibiliza pros consultores e eles acessam esses... Esses pacotes de informação.[...]

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Geração da inovação tecnológica

Entrevista com (F1) –

Extrato

[...] Então... a maior dificuldade que eu tenho realmente, é que a gente tá num país onde que você paga para

investir. Eu tenho muita dificuldade em justificar... em justificar, mesmo internamente para mim, um

investimento em novos produtos. Muita dificuldade. [...]

Extrato

[...] O que a gente vem fazendo, é claro, é... negociando com alguns clientes a introdução de novos produtos pra

eles mesmos, no qual eles nos ajudam a pagar o desenvolvimento. Só que para o cliente também é muito difícil

essa justificativa desse investimento, né. Onde você tem ferramentas internacionais aí que já estão prontas e

desenvolvidas. Então, assim, a dificuldade que eu vejo mesmo é de investimento mesmo, é financeiro. Não

tenho... eu acho que quanto a processo, capacidade, condições de fazer.. o pouco que eu aprendi, a gente tem a

mesma coisa que qualquer outro, outro país. Agora, para investir, a gente tem muita dificuldade.[...]

Entrevista com (F2) –

Extrato

[...] Porém, o meu objetivo sempre foi desenvolver produtos de software, mas pra você

desenvolver produtos de software, você precisa ter dinheiro, você precisa ter capital. Por quê?

Porque você vai passar meses, às vezes, anos desenvolvendo alguma coisa, todo o

investimento no desenvolvimento de produto, pra depois você começar a ter resultados

advindos dele, que naquele época o modelo de negócio era venda de licenciamento ou venda

de cópias, [...]

Extrato

[...] Então, o que a gente descobria como... O que a gente tinha que fazer? Engenharia reversa.

Você ia lá, botava o analisador de dados e ficava olhando as mensagens passando e tentando

entender o que aquilo tudo significava. Existia um conjunto de protocolos mais antigos, mas

que tinha um parque instalado muito grande no Brasil,[...]

Extrato

[...] Eu uni as minhas duas competências fundamentais, Unix e protocolos de comunicação, e

desenvolvi um conjunto de protocolos de comunicação IBM compatíveis, na época BSC, pra

rodar nesse servidor Unix aqui, pra permitir a interligação das agências bancárias com o

mainframe IBM.[...]

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162

Extrato

[...] Como alvo sempre é desenvolver habilidades da equipe em frentes onde a gente ainda não

atua. Então, uma das técnicas que a gente utiliza é desenvolver projetos piloto. Por exemplo,

quando surgiu o Android, que é o sistema operacional para celular, nós desenvolvemos um

projeto para Android aqui, piloto, que não tinha nenhuma utilidade, não era para cliente

nenhum, mas as pessoas que participaram desse projeto depois difundiram esse conhecimento

ou pelo menos fizeram apresentações para a equipe técnica para eles terem uma ideia do que

era. [...]

Entrevista com (F3) –

Extrato

[...] Né, a E3 nasceu e ficou conhecida e continua conhecida, mesmo depois que foi vendida,

apesar de... De não ficar mais no mundo tecnologia e sim no mundo SAP como um todo. Foi

a primeira a montar um Centro de Servi... Serviços Compartilhados Remoto, para atender

cliente. Ganhamos um selo da SAP, que foi o único no Brasil.[...]

Entrevista com (F4) –

Extrato

[...] E isso a gente decidiu largar na frente e investir. Então, três anos atrás, a gente comprou

uma empresa menor que só falava de sustentabilidade, medicina do trabalho, era muito focado

em meio ambiente, segurança, e hoje a gente tem um time aí que é especialista em... Em

abordagens desse tipo. Então, a... A nossa linha de captação também não está voltada só à

tecnologia diretamente falando, e sim à necessidade do mercado de tecnologia.[...]

Extrato

[...] Então, uma das formas de captação de... De tecnologia é entender como o mercado está

se reagindo com o mercado corporativo e as instituições estão se relacionando. Então é

entender um pouquinho mais como é o... A conjuntura econômica do país, o que ele está

buscando, como é a conjuntura social, o que as empresas estão tendo que fazer, por uma

questão mundial, como são os movimentos pra parte de busca, que é o que a gente vê muito

[...]

Entrevista com (F5) –

Extrato

[...] Como o VB, por exemplo. O VB eu comprei um livro e saí pintando quadrinhos de

vermelho, outros de amarelo, clica em cima, ele troca de cor, e foi assim que eu fui

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163

aprendendo, era uma... Diferente do Cobol, mas, na verdade, é assim: uma linguagem, né,

quando você tem a lógica, fica mais fácil você aprender a linguagem, NE [...]

Extrato

[...] Hoje, todo mundo faz uso da internet. Hoje, se você não tiver internet, vai ter um monte

de coisa que vai deixar de funcionar realmente. Não é só consulta, não. É trabalho mesmo,

mesmo, mesmo. Então, essa parte eu faço com parceiros, e tenho parceiros também,

dependendo do que esse cliente, às vezes, espera de mim, eu não posso atender, mas eu posso

indicar [...]

Entrevista com (F6) –

Extrato

[...] Tecnicamente, ele é diferente do resto da SAP, tudo diferente, né, as necessidades são

bem diferenciadas, o projeto é um pouco diferente dos demais módulos da SAP. Mas, assim,

o que se... O que diferenciou muito a gente foi a gente começar adquirir esse know-how logo

no começo, né. Então, por exemplo, a SAP deve ter vindo pro Brasil em 1995, 1994, 1996,

alguma coisa assim, e o RH começou a ser vendido em 1999 [...]

Extrato 162

[...] A gente sempre atua tudo que é novidade, né. Por exemplo, em... No SAP Fórum que

teve em 2011, a gente levou lá aplicações mobile, né, em iPad e em [palavra inaudível], que

nem a SAP ainda tinha pra mostrar. E já tinha investimentos nessa base [?] e tal, mas não

tinha o produto pra mostrar.[...]

Relacionamentos

Entrevista com (F1) –

Extrato

[...] Amigos que trabalhavam em empresas e que se formaram comigo. A venda da 3M do Brasil foi de um

amigo. A venda da Bosh foi de um outro amigo. Eram amigos que trabalhavam na época, que se formaram

comigo. E aí, como o meu trabalho de final de ano foi uma avaliação, foi um projeto de avaliação de

desempenho... eles viram... eu até ganhei o projeto de final de ano. E aí.... o caso da 3M, foi assim: eu ganhei em

dezembro... o meu projeto de final de ano foi uma forma, ferramenta de avaliação de desempenho. Eu ganhei

como trabalho do ano... TCC que eles chamam, né. (SIDNEI: Sim). E aí quando chegou em abril um amigo meu

ligou pra mim e... "aquele negócio que você fez, você quer vender?" E foi bem assim a 3M. (??)" Vem aqui me

mostrar. Tem uma moça que tá querendo um negócio, acho que dá pra você ajudar ela.[...]

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164

Entrevista com (F2)

Extrato

[...] resolvi arrumar um emprego numa empresa que estivesse trabalhando pra lançar um

computador baseado em Unix, e tinham algumas empresas trabalhando nesse sentido, naquela

época.[...]

Extrato

[...] Eu comecei a conversar com os meus colegas de turma, um deles estava trabalhando

numa empresa assim. E foi o que eu fiz, então, eu vim trabalhar aqui. Falei: “-Me arruma um

emprego aí..[...]

Extrato

[...] E aí o que eu fiz? Eu comecei a conversar com outros colegas de.... profissão, pessoas que

eu tinha conhecido nas empresas que eu tinha trabalhado até então, e um deles me convidou

pra dar aulas de Unix em linguagem C num cliente dele, que era um fabricante de

computadores [...]

Extrato

[...] Tem uma moça que estudou comigo, ela falou: “-Você sabe que nós queremos contratar

um curso desses lá na nossa empresa? Eu vou falar com meu chefe.” Ela queria contratar um

curso de Linguagem C. Bom, então, lá vou eu, e isso era abril de 1987, exatos 25 anos

atrás.[...]

Entrevista com (F3) –

Extrato

[...] É relacionamento, competência das pessoas, é claro, é, comprometimento. Que eu acho

que hoje está muito baixo o comprometimento das pessoas. Eu estou sofrendo com isso hoje,

porque eu peguei nos últimos, na última semana eu... Eu peguei quatro ou cinco caras que

trabalhou um dia e foi embora[...]

Extrato

[...] Não é um contrato que vale, vale é a minha palavra. Eu acho que nessa... Nessa fase da

E3, a palavra assim, foi muito forte, comprometimento. Então, eu assumia, o pessoal até

falava:[...]

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Entrevista com (F4) –

Extrato

[...] A gente fazia um bom serviço ali, o outro ali te indicava ali, que a SAP te indicava,

porque ela começou a te enxergar como um parceiro interessante, porque você tinha uma

penetração [...]

Entrevista com (F5) –

Extrato

[...] A maioria dos meus clientes são por indicação. “-Ah, eu tenho um cara aqui que é um

show.” Graças a Deus, é... É sempre isso que eu ouço. Na maioria das vezes é isso que eu

ouço. “-Pô, nós estamos precisando.”, “-Não, não, vamos mandar o Fernando aqui falar

com você.” E normalmente, quando eu vou, eu sou muito bem recebido e quase sempre

consigo atender às expectativas de quem. [...]

Entrevista com (F6) –

Extrato

[...] Então, esse reconhecimento a gente percebe que... Que acontece. Demora um pouquinho,

às vezes, mas isso que nos sustentou, é esse modelo de negócio é que vem fazendo com que a

gente esteja sempre na crista da onda em termos de referência, em termos de quantidade de

projetos [...]

Usar e operar novas tecnologias

Entrevista com (F1) –

Extrato

[...] Mas, assim, eu não posso estar atrasado, eu não posso ficar para traz, mas... e às vezes é até ruim ser o

primeiro, ser o melhor. Porque eu vou impor aos meus clientes, às vezes uma atualização de tecnologia, que eles

não esperam. Então eu gastei, porque o primeiro geralmente é o que mais gasta, mas eu não consigo cobrar por

isso. Então o que a minha ferramenta tem que ter é uma.. é a melhor...é o melhor processo, a navegabilidade. E

ela não pode ficar defasada tecnologicamente, em design, estas coisas.[...]

Entrevista com (F2) –

Extrato

[...]-Olha, rapaz, mas de onde você conhece isso?” Eu expliquei que eu já tinha trabalhado

em empresas que trabalhavam com tecnologia de ponta, blá-blá-blá, que eu conhecia bem a

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tal da Linguagem C porque eu tinha trabalhado num projeto de Unix e que eu já tinha dado

algumas aulas e etc.[...]

Extrato

[...] De várias formas. A gente tem... Ah... Acesso às bases de informação que são muito

importantes para nós, como é o caso Gartner. Como é o caso das revistas especializadas

internacionais e aí você também tem dois níveis: você tem um nível informativo e o nível

formativo. O nível informativo são revistas de tendências ou revistas de técnicas mesmo, tá?

Formativo, você tem duas... Especialmente duas associações de profissionais dos Estados

Unidos que estão muito ligadas ao mundo da computação e aos avanços na academia que são:

ACM Association for Computing Machinery e I3E que é um Instituto de Engenharia Elétrica

e Eletrônica. Então, esses caras estão vendo o que está acontecendo na academia para trazer

para os profissionais da área lá. E o fato de a gente ter esse acesso faz muita diferença para a

gente localizar o pessoal aqui, tá?

Fora disso, a gente tem seminários e congressos...[...]

Entrevista com (F3) –

Extrato

[...] Tecnologia nova, vamos pensar assim, o que eu estou mais próximo, que é o mundo

SAP. Eu pego uma pessoa que está aqui dentro, que tem o perfil para aquela nova tecnologia e

ponho ele num treinamento na SAP. Então, o que eu quero do meu pessoal é que ele não seja

um profissional de uma tecnologia única, [...]

Extrato

[...] Mas qual seria o caminho? Você tem que ter uma equipe que é, ãh, que é o seu... O seu

Norte, a sua... Sua equipe base, que essa equipe é a que busca as novas tecnologias. Então, eu

sei que vai surgir uma tecnologia em Memory na SAP. Eu pego o cara que tem esse perfil

aqui dentro e treino ele nisso. Ele vai disseminar dentro da empresa esse novo conhecimento

[...]

Extrato

[...] Tem que pensar as pessoas que têm perfil para adquirir esse conhecimento e que tenham

perfil para transmitir dentro esse conhecimento. Esse é um modelo que eu usei muito na E3

[...]

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167

Entrevista com (F4) –

Extrato

[...] Então, isso levava a gente a desenvolver expertise em tecnologia com produtos de

sucesso... De... Que forneciam soluções pra [palavra inaudível] house management,

suprimentos, e-procurement com sites de compra, hoje com mobilidade. Então, a gente se

aproveitava da visão do... Do que a gente tinha de processos de negócio pra alavancar o quê?

Oportunidades e desenvolvimento tecnológico. Então, a gente nunca tomou uma decisão sem

antes ter uma oportunidade.[...]

Entrevista com (F6) –

Extrato

[...] Grande número de empresas que já tinham SAP, mas não tinham RH, né, então, o RH

veio depois. Então, e esse depois a gente já estava, assim, dominando, né. Então, essa nossa

especialidade, esse nosso nicho que a gente resolveu focar é que diferente..[...]

Extrato

[...] E eu nunca trabalhei em RH, nunca trabalhei em RH. Mas, ali, foi a gente... A gente foi,

participou dos primeiros projetos, onde a SAP também estava... Né, o pessoal, a equipe da

SAP aqui do Brasil estava também entendendo como era implementar o RH, né, assim como

ela faz em todas as novas tecnologias, ela sempre se envolve, quando é uma... É uma

tecnologia nova, né. Então, a gente foi aprendendo junto, a gente e as pessoas da SAP, como

fazer um projeto de RH,[...]

O surgimento da nova organização

Entrevista com (F1) –

Extrato

[...] E montei uma empresa. Para você ter uma idéia, eu me formei em dezembro de 93, a

empresa foi aberta em dezembro de 93. Comecei um pouquinho antes de me formar....[...]

Extrato

[...] O meu foi idealista mesmo. Nunca quis trabalhar pra ninguém. Sempre quis ter o meu negócio. Nunca me vi

trabalhando pros outros. Bem idealista. Não tem nada de... hoje olhando, conhecendo bem como que funciona,

Sidnei, existem maneiras muito mais fáceis e menos arriscada de ganhar dinheiro. Hoje você pega um alto

executivo de uma empresa aí, tem um salário provavelmente maior que o meu, sem assumir o risco que eu

assumo de 35 pessoas aqui trabalhando, mais famílias e tudo, né. [...]

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Entrevista com (F2) –

Extrato

[...] mas eu comecei a ver anúncios no jornal de gente procurando profissionais que

conhecessem MS-DOS e esse mercado só cresceu, a valorização desses profissionais só

cresceu, e eu comecei a perceber que conhecer algumas tecnologias específicas tinha mais

valor de mercado do que conhecer outras e que, portanto, existiam indústrias que iam se

formar em torno de determinadas tecnologias

Extrato

[...] E aí, o que aconteceu? Eu comecei a estudar o Unix e apostei que o Unix ia ser um

sucesso no futuro. Então, eu, quando eu saí de Campinas pra vir pra São Paulo, eu já tinha

ideia de empreender, então resolvi fazer o seguinte: resolvi arrumar um emprego numa

empresa que estivesse trabalhando pra lançar um computador baseado em Unix, e tinham

algumas empresas trabalhando nesse sentido, naquela época.[...]

Extrato

[...] E aí eu abri a Opus. A Opus teve como primeiro cliente aquela empresa lá no Pari, porque

eu rapidamente coloquei o sistema lá no ar. Como a gente tinha uma combinação que era

baseada em conjunto de objetivos, foram seis, oito meses, eu trabalhei dia e noite, em quatro

meses eu botei tudo lá funcionando.

E aí eu comecei a pensar em como empreender, né? “-Bom, já tenho o meu primeiro cliente.”

Que bom, já me dava uma renda que me sustentava. Nessa época, eu tinha... Isso foi

setembro, outubro de 1986, eu tinha 22 anos, fiz 23 em dezembro[...]

Extrato

[...]A gente começou a se... A gente se tornou, no início, uma empresa de treinamento,

baseada no que eu pessoalmente conhecia.[...]

Entrevista com (F3) –

Extrato

[...] Passou um ano, ele me aparece como diretor de SAP da Ernst & Young e me convidou

para ir para lá. Pô, a Ernst & Young não é meu perfil, é auditoria. Aquela época auditoria

podia fazer consultoria: “-Ó, está começando a consultoria agora e eu queria que você

começasse aqui como diretor de tecnologia.”, “-Ah, Mark, eu acho que não é o que eu estou

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buscando.”, “-Mas você entra no mercado.” Aí me chamou de novo e falou: “-Faz o

seguinte, você não quer montar uma empresa? Porque a gente vai crescer em SAP. Você não

quer montar uma empresa e prestar serviço só em tecnologia para gente? Porque a gente não

vai focar nisso. Nosso negócio é funcional, é negócio e implementação funcional, que é os...

As pessoas que conhecem a área de negócio. Preparar o ambiente e pôr pros clientes.” Eu

falei: “-Tá bom.” [...]

Extrato

[...] E por que surgiu a E3? Foi uma ideia da minha esposa. Porque na época que teve... Teve

a divisão, a SAP... A SAP veio e assumiu a SAP Brasil. Porque então era... Era um

departamento, SAP era um departamento da Origim. Quem era dono da SAP no Brasil era a

Origim. E aí a SAP veio e assumiu a [...]

Extrato

[...] E aí montamos a empresa e começamos a ser... Prestar serviços para Ernst & Young [...]

Extrato 191

[...] Eu formei esse grupo muito focado em TI, em tecnologia. Eu saí, o pessoal falou assim:

“-Ah, na Origim eu não fico mais.” Só que eu... Eu não podia pegar esses cara, eu não tinha

projeto ainda. Eu ia ter um projeto, que era, o primeiro projeto foi a Suzano [...]

Entrevista com (F4) –

Extrato

[...] E como é que... Como é que o... Você conhece o grupo fundador onde? Você tem

mais dois sócios.

Nós nos conhecemos na SAP.[...]

[...] Na SAP?

A gente era amigo de trabalho.[...]

Extrato

[...] A ideia mesmo não partiu tanto pelo contato, partiu pela necessidade do mercado de não

ter algo baseado, por exemplo, em soluções financeiras, né. E aí a oportunidade que o

mercado coloca na mão da gente é ser a primeira... A primeira consultoria especialista em

soluções financeiras. Então, com um ano, a gente conseguiu ter essa visão clara do mercado

que não tinha ninguém que poderia ofertar o que a gente estava querendo ofertar, a gente toma

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a decisão de saída. E aí a gente é favorecido pelo fato de ter sido conhecido pelo mercado no

Brasil inteiro, por conta de ter sido funcionário da SAP.[...]

Extrato

[...] E aí, em 2006, eu fiz um convite pro meus dois... Dois outros sócios da gente tentar um

trabalho nesse sentido. Então, assim, a nossa história começa com um investimento muito

baixo, não houve dinheiro. Quer dizer, a operação começa a partir do trabalho de cada um e o

conhecimento de uma estratégia de um plano diretor. Então, a gente não pôs dinheiro na

organização, a organização nasceu sem... Com caixa zero,[...]

Entrevista com (F5) –

Extrato

[...] Então, isso foi acredito que em meados de 1986, a empresa hoje tem 25 anos. Com essa

maravilha que é o governo, de não se ter mais carteira assinada, a gente tinha duas

possibilidades: ou você abria a sua empresa pra prestar serviço, exatamente como você

prestava antes como funcionário, ou, então, até logo. Então, nessa época, eu abri a minha

empresa e o mesmo que aconteceu comigo aconteceu com a minha esposa, que são os dois

sócios da empresa, mas, na época, eu abri a empresa e, depois, ela passou a fazer parte da

sociedade [...]

Extrato

[...] Atendemos dois segmentos dentro da empresa: uma é o desenvolvimento de sistema sob

encomenda, que essa parte eu sou o responsável, e eu tenho uma parte de consultoria, que é

mais a parte que fica com a minha esposa. E é só, a empresa é só isso mesmo, somos só nós

dois. [...]

Extrato

[...] Eu me senti à vontade pra montar a empresa, porque eu conhecia realmente o que fazia,

né. O assunto de... Ainda mais na época, puxa vida, lidar com um banco de dados relacional,

mexer com Cobol e ainda com programas online, isso pra mim, na época, isso era um... Meio

top de tecnologia, e eu me dava muito bem com isso, estava bem informado a respeito disso.

E a empresa, ela tinha que ser aberta, pra que a gente continuasse prestando serviço [...]

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Entrevista com (F6) –

Extrato

[...] Mas, assim, as consultorias não tinha esse mesmo feeling que a gente. Então, foi quando

a gente resolveu partir pro nosso caminho, né. Tipo: “-Vamos abrir a nossa empresa.” Mas

não tinha uma perspectiva, não. [...]

[...]A gente queria ser alocado por alguns projetos, tinham duas pessoas já com a gente, que a

gente teve... Que acabou vindo da empresa que a gente estava. E foi que a necessidade do

mercado foi... Foi nos solicitando e a gente foi crescendo e posso te dizer que é assim até

hoje, né. [...]

[...] É, somos em três sócios, né? Quem fundou foi eu com o meu sócio Kelson e, depois de

alguns meses, a gente trouxe mais um amigo nosso, que é... Que é o Tiago, que ele... Eu e o

Kelson, a gente começou com a parte mais de programação, né, em RH, [...]

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ANEXO A – Análise realizada por par.

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ANEXO B – Histórico da evolução tecnológica da empresa E2.

A E2 Software é uma empresa de desenvolvimento de software que tem três linhas básicas de atuação:

Automação Bancária;

Sistemas de Gerenciamento de Redes de Franquias;

Application Outsourcing.

Na área de automação bancária, a E2 Software desenvolve e comercializa uma plataforma de

automação de canais de atendimento, E2 iBank, que automatiza as transações realizadas nos vários

canais de atendimento bancário tais como agências, correspondentes bancários, redes de terminais de

auto-atendimento (ATM) e Internet Banking.

Na área de gerenciamento de redes de franquia a E2 Software oferece o Web Franchising System,

disponibilizado ao mercado em modelo de aluguel e uso através da Internet (ASP – Application

Service Provider) e que já possui mais de 1.200 pontos de presença distribuídos por todo o território

nacional.

A área de Application Outsourcing realiza o desenvolvimento e a manutenção de sistemas de

aplicação, operacionalizando todas as etapas de seu ciclo de vida: especificação, desenvolvimento,

testes e controle de qualidade, manutenção, evolução, suporte e pronto atendimento.

A equipe técnica daE2 tem grande experiência no desenvolvimento de sistemas distribuídos, sistemas

Internet de alta disponibilidade e de uso intenso, algoritmos de criptografia, protocolos de

comunicação, bancos de dados de grande volume, sistemas de workflow e sistemas analíticos (OLAP),

tendo se especializado na construção de sistemas de missão crítica para seus clientes.

A E2 tem desenvolvido sistemas para muitas das mais importantes empresas do cenário nacional,

sempre assegurando seu forte compromisso com orçamentos e prazos de seus clientes.

Alguns Fatos Relevantes na Linha de Tempo da trajetória da E2 Software

1987 Fundação da empresa, atuando como um centro de treinamento em novas

tecnologias nas áreas de Sistemas Operacionais, Linguagens de Programação e

Redes de Computadores.

1989 Iniciou o desenvolvimento de software básico, como device drivers e núcleos

multitarefa para projetos críticos nas áreas de telecomunicações e automação

bancária, e no desenvolvimento de uma linha própria de produtos para

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comunicação de dados entre sistemas heterogêneos (protocolos IBM-SNA,

BSC, X.25 e TCP-IP sobre X.25) para ambientes de automação bancária.

1992 Certificada como Centro de Treinamento Sybase e início de uma forte parceria

com a Microsoft.

Desenvolvimento da primeira versão do Projeto “Rede de Entrada de Dados”

para o Banco do Brasil, em parceria com a Cobra Computadores. Ao todo,

foram 120 pontos de acesso à rede de mainframes do banco, utilizando

protocolo BSC-3 e emuladores 3278.

1992 a 1999 Atuação como Microsoft Certified Technical Education Center (CTEC).

1994 Desenvolvimento da segunda versão do Projeto “Rede de Entrada de Dados”

para o Banco do Brasil, em parceria com a Cobra Computadores. Totalizando

318 redes de acesso à rede de mainframes do banco, usando servidores Unix e

suíte completa de protocolos de comunicação da Opus (SNA/SDLC,

SNA/QLLC, BSC-3, BSC-1 e TCP-IP sobre X.25), além de emuladores de

terminais IBM 3278.

Desenvolvimento e implantação de solução de comunicação para interligação

de agências para Banco do Estado do Paraná (Banestado) em parceria com a

IBM, usando servidores Unix e terminais bancários e terminais de auto-

atendimento rodando MS-Windows. No total, a solução foi implantada em

mais de 400 pontos de atendimento, incluindo 220 agências.

1995 Desenvolvimento de novo sistema de automação de agências para o Banco do

Brasil, sob encomenda da Microsoft Corp. utilizando o sistema operacional

Windows NT como servidor e concentrador de transações.

1996 Desenvolvimento de conversor de protocolos para a Caixa Econômica Federal,

em parceria com a HP e a Microsoft. O sistema realiza a conversão de

protocolo TCP-IP usado nas agências da CEF para o protocolo SNA/SDLC

utilizado pelo mainframe do banco. Todas as transações das mais de 3.500

agências do banco passam pelo sistema, que roda em servidores configurados

em cluster. Em 2010 o sistema continua em operação, sendo responsável pelo

roteamento de mais de 170 milhões de transações mensais.

Desenvolvimento de sistema de emissão remota de apólices de seguro para

automóveis, além de downsizing do sistema de controle de emissão de

apólices para a Indiana Seguros. O sistema de emissão remota é mantido pela

equipe da Opus Software até a presente data (2010).

1996 e 1997 Atuação como provedor de acesso a Internet, operação posteriormente vendida

para a Terra Networks.

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1998 Prêmio “Award of Excellence” como melhor Microsoft Solution Provider do

Brasil.

1999 Criação da metodologia E2-BI para o desenvolvimento de soluções de

Business Intelligence. Ao longo dos cinco anos seguintes, a Opus desenvolveu

mais de 70 projetos utilizando tecnologia OLAP para clientes dos mais

diversos segmentos de mercado.

2000 Criação da metodologia Tree para desenvolvimento de software.

Desenvolvimento da primeira versão do projeto “Caixa Aqui” para a CEF,

utilizando C++ e CORBA sobre ambiente Sun Solaris.

2001 Desenvolvimento do engenho de workflow open source Bossa.

Desenvolvimento de Sistema de Sugestões para a Volkswagen do Brasil.

Implantação do Sistema de Sugestões nas Lojas C&A Brasil e Argentina.

Desenvolvimento do primeiro projeto em .NET, sobre a versão beta do

framework, em nome da Microsoft, para o Unibanco Asset Management

(UAM).

Desenvolvimento da nova versão do projeto “Caixa Aqui” para a CEF,

utilizando Java e plataforma J2EE sobre ambiente Sun One.

2002 Prêmio “Best Business Intelligence Solution” da Microsoft.

Desenvolvimento do projeto Release Lista Crítica para a Volkswagen do

Brasil.

Desenvolvimento do projeto Portos NET, automatizando completamente o

porto de Belém administrado pelas Docas do Pará. O projeto foi eleito como

caso de destaque em utilização da tecnologia .NET, pela Microsoft, e foi

apresentado como caso de sucesso em convenção da Intel Corp.

Desenvolvimento de sistema de Business Intelligence para avaliação e controle

de produtividade da planta da Volkswagen da Argentina.

Desenvolvimento de sistema de Business Intelligence para a Área

Internacional do Banco Itaú para acompanhamento das operações de compra e

venda de papéis e análise de risco de carteiras.

2003 Desenvolvimento da primeira versão do Web Franchising System, voltado

para o gerenciamento de redes de franquias. O sistema, oferecido em modelo

ASP para o mercado, encerrou o ano de 2009 implantado em 18 redes de

franquias dos segmentos de educação/treinamento e saúde/embelezamento,

totalizando mais de 1.200 pontos de presença.

Desenvolvimento da primeira versão da Plataforma de Automação de Canais

de Atendimento Bancário E2 iBank, sobre plataforma Java/J2EE, utilizando

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uma arquitetura transacional componentizada e interface Web para os

terminais caixa e terminais de autoatendimento. Os componentes de software

dos terminais, do servidor transacional e do ambiente de retaguarda da solução

rodam sobre ambientes Linux e Windows.

2004 Adoção da plataforma E2 iBank pelo Banco IBI, que o utiliza atualmente em

suas 160 agências e nos sites de seus parceiros de varejo, totalizando mais de

3.000 terminais bancários e terminais de auto-atendimento.

Rede de Escolas de Idiomas Yázigi adota o sistema Web Franchising System

para o gerenciamento de suas 330 escolas.

2005 Prêmio “Destaque IBM 2005” como reconhecimento da arquitetura inovadora

do produto E2 iBank e sua adaptação para as plataformas IBM WebSphere e

IBM DB-2.

Rede de Ensino Eurodata adota o sistema Web Franchising System para o

gerenciamento de suas 82 escolas.

2006 Desenvolvimento de Sistema de Avaliação de Desempenho 360, implantado

nas Lojas C&A, Laboratório Fleury e concessionária Ecovias.

Implantação do E2 iBank para controlar a rede de terminais de

autoatendimento dos Supermercados Angeloni, de Santa Catarina – 8º grupo

varejista do Brasil.

Novos clientes do Web Franchising System: Onodera (Saúde e Estética),

Santos Futebol Clube (escolas de futebol), Fotoptica, Minds Idiomas,

Rockfeller (escola de Idiomas).

2007 Desenvolvimento de Sistema de Reserva de Passagens Aéreas para a Amadeus

do Brasil, utilizando tecnologia .NET. O projeto foi considerado case mundial

de sucesso da Amadeus mundialmente pela grande capacidade de

processamento de transações de reservas de passagens e aluguel de automóveis

e de emissão de tickets.

Novos clientes do Web Franchising System: Minds Idiomas e Rede de Ensino

Cetelbrás.

2008 A E2 assume a manutenção e evolução dos sistemas de cobrança do Banco IBI

sobre plataforma Java/J2EE.

Novos clientes do Web Franchising System: Curso Marcato e Clínicas

Odontológicas Sorriden.

2009 Adoção do modelo de desenvolvimento SCRUM.

Desenvolvimento de Portal de Atendimento para o banco IBI.

Desenvolvimento do sistema Primeo de auditoria de Notas Fiscais Eletrônicas

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para a IOB e assinatura de contrato para manutenção e evolução do sistema. O

sistema foi projetado para utilização em larga escala, usando uma arquitetura

baseada em alto grau de paralelismo e atingindo 10.000 transações por

segundo por servidor dedicado,

Adoção do E2 iBank pela Praticard para controle de seus terminais de auto-

atendimento.

Novos clientes do Web Franchising System: São Paulo Futebol Clube (escolas

de futebol), e Rede de Ensino LFG (350 escolas).

2010 Desenvolvimento do sistema Mitrius de auditoria de SPED Fiscal e Contábil

para a IOB e assinatura de contrato para manutenção e evolução do sistema.

Ampliação da funcionalidade do Portal de Atendimento do banco IBI para

suportar operações da Central de Atendimento.

Novos clientes do Web Franchising System: Grupo Viva e Master Company.

2011 Novo cliente de Application Outsourcing: ProPay.

Novos clientes do Web Franchising System: MicroPro, Oligoflora, Jacques

Janine e D’pil.

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Portfolio da Empresa

O atual portfolio de produtos e serviços oferecidos pela E2 Software compreende:

E2 iBank, que é uma plataforma de automação bancária que automatiza as transações

realizadas nos diversos canais de atendimento bancário tais como agências, redes de terminais

de auto-atendimento (ATM), correspondentes bancários e Internet Banking.

Web Franchising System, que é um sistema de gerenciamento de redes de franquias oferecido

em modelo ASP e que já possui uma base instalada de mais de 1.200 pontos em todo o Brasil.

Desenvolvimento de projetos sob medida utilizando metodologia ágil (SCRUM).

Manutenção e evolução de aplicações, incluindo suporte e pronto atendimento.

Desenvolvimento de sistemas analíticos baseados em tecnologia OLAP, utilizando

metodologia própria – E2-BI – que tem sido aplicada com grande sucesso em um número

significativo de projetos.

Parcerias e Certificações

A E2 Software desenvolveu ao longo dos últimos 18 anos uma forte parceria com a Microsoft,

representada pelas seguintes certificações:

Microsoft Gold Partner

Microsoft Consulting Services Partner

.NET Strategic Development Partner

Ao mesmo tempo, a E2 é certificada como parceiro IBM para o vertical Finanças.

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Clientes

Alguns dos principais clientes da E2 Software são líderes em seus mercados de atuação e empresas

com grande relevância no cenário brasileiro, tais como:

Manufatura

VW do Brasil, Unilever, Novartis, ThyssenKrupp, Arno, Atlas Copco.

Bancos

Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco Itaú, Banco ibi.

Seguros

Liberty Seguros, Indiana Seguros, Marítima Seguros, Cosesp.

Serviços

IOB, Laboratório Fleury, Gol Linhas Aéreas, Eco Rodovias, Hospital Albert Einstein, Lopes

Consultoria de Imóveis., CMA

Varejo

C&A Modas, Supermercados Angeloni, Lojas Paquetá, Makro.

Franquias

Yázigi, Eurodata, Onodera, Fotoptica, LFG, Cetelbrás, Curso Marcato, Santos Futebol Clube,

São Paulo Futebol Clube, Rockfeller Idiomas, Foyer Centros Educacionais, Aliança Cultural

Brasil-Japão e Fabricante de Sorrisos.

Tecnologias

Desenvolvimento de Software:

Plataforma Java J2EE: IBM WebSphere, Oracle Application Server, JBoss, Glassfish, Tomcat.

.NET: Visual Studio .NET.

UML/Case: UML Studio, Argo e MS Visio.

Bancos de Dados: MS SQL Server, Sybase SQL Server, IBM DB2, Oracle.

Sistemas Operacionais: Windows Server, Linux, Solaris, Aix.

Linguagens de Programação: Java, C#, C++ e C.

OLAP: MS SQL Server, MS OLAP Services, Opus Cube Viewer, ERwin.

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