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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA
SELAMENTO SUPERFICIAL E EROSÃO HÍDRICA EM ARGISSOLO
AMARELO NA BACIA DO ALTO IPANEMA, NO SEMIÁRIDO
JOEZ ANDRÉ DE MORAES RODRIGUES
RECIFE – PE
2019
JOEZ ANDRÉ DE MORAES RODRIGUES
SELAMENTO SUPERFICIAL E EROSÃO HÍDRICA EM ARGISSOLO
AMARELO NA BACIA DO ALTO IPANEMA, NO SEMIÁRIDO
Dissertação apresentada ao programa de Pós-
Graduação em Engenharia Agrícola da
Universidade Federal Rural de Pernambuco,
como requisito para obtenção do grau de Mestre
em Engenharia Agrícola.
Área de concentração: Manejo integrado de
água e solo.
ORIENTADORA: Profª.Drª. Thais Emanuelle Monteiro dos Santos Souza
CO-ORIENTADOR: Profº. Dr. Marcelo Metri Corrêa
RECIFE - PE
2019
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Sistema Integrado de Bibliotecas da UFRPE Biblioteca Central, Recife-PE, Brasil
R696s Rodrigues, Joez André de Moraes Selamento superficial e erosão hídrica em argissolo amarelo na bacia do Alto Ipanema, no Semiárido / Joez André de Moraes Rodrigues. – 2019. 80 f. : il. Orientadora: Thais Emanuelle Monteiro dos Santos Souza. Coorientador: Marcelo Metri Corrêa. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal Rural de Pernambuco, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola, Recife, BR-PE, 2019. Inclui referências. 1. Solos – Compactação 2. Solos – Conservação 3. Solos – Erosão 4. Cobertura morta (Agricultura) I. Souza, Thais Emanuelle Monteiro dos Santos, orient. II. Corrêa, Marcelo Metri, coorient. III. Título CDD 630
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA
ENGENHARIA DE ÁGUA E SOLO
Selamento superficial e erosão hídrica em Argissolo Amarelo na bacia do Alto
Ipanema, no Semiárido
Dissertação defendida e aprovada em 25 de fevereiro de 2019 pela banca
examinadora:
Orientadora:
_____________________________________________
Dra. Thais Emanuelle Monteiro dos Santos Souza
Universidade Federal de Pernambuco - UFPE
Examinadores:
_____________________________________________
Dr. Edivan Rodrigues de Souza
Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE
_____________________________________________
Dr. Valdomiro Severino de Souza Júnior
Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE
_____________________________________________
Dra. Alineaurea Florentino Silva
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA / SEMIÁRIDO
RECIFE – PE
2019
A Deus por proporcionar tudo em minha vida,
A minha família, em especial aos meus amados pais,
Ana Vângela e João Luis (in memoriam) por me ensinarem
que por mais difíceis que pareçam ser as dificuldades, serei sempre
capaz de superá-las. E ao meu querido irmão Jânus André,
que sempre manteve o apoio para minhas decisões.
DEDICO
AGRADECIMENTOS
Ao meu Bom Deus, que está sempre presente em minha vida, permitindo que
os meus sonhos sejam sempre realizados.
À Virgem Maria, que está sempre a interceder por mim.
À minha família pelo apoio e por acreditarem sempre em mim, minha mãe Ana
Vângela, meu pai João Luis (in memoriam), ao meu irmão Jânus André, a
minha avó Nadir e aos demais membros desta tão amada família, obrigado por
estarem em minha vida.
À Universidade Federal Rural de Pernambuco e ao Departamento de
Engenharia Agrícola, pela oportunidade concedida de cursar o mestrado.
À Professora Dra. Thais Emanuelle Monteiro dos Santos, pela orientação,
dedicação, paciência e por ter me dado plena confiança para realização desta
pesquisa. Também, ainda, agradeço por ter contribuído de forma ímpar para o
meu crescimento profissional e pessoal.
Ao meu Co-orientador, Professor Dr. Marcelo Metri Corrêa pelas contribuições
para este trabalho.
Ao Professor Edivan Rodrigues, que ao longo de todo este período mostrou-se
sempre disposto a ajudar o projeto, seja com contribuições didáticas, seja com
a disponibilização de laboratórios.
Aos Professores Drs. Brivaldo Almeida, Mário Monteiro Rolim e Ênio França
pela confiança depositada, principalmente nas atividades vinculadasperanteo
uso dos diversos laboratórios e equipamentos sob a responsabilidade dos
mesmos.
Ao professor Veronildo Souza de Oliveira pelos conselhos e por ser sempre
bastante prestativo.
Ao técnico em laboratório Maurílio Moraes pelas contribuições na elaboração
das lâminas na análise da micromorfologia do solo.
A toda equipe de professores, discentes, secretários e demais profissionais que
compõem o Programa de Pós-graduação em Engenharia Agrícola.
À Fundação de Amparo a Ciência e Tecnologia de Pernambuco (FACEPE)ea
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela
concessão da bolsa de estudo durante todo o período do Mestrado.
À Monalisa Alves, por acompanhar e ajudar nas mais diversas análises, além
de suas palavras edificantes tanto profissionalmente quanto pessoalmente. À
Aglair, Cíntia Lins, Eudes, Marlon, Jardson, Liliane, José Edson, Daniel, Uilka,
Keila, Sirleide,Jhon Lennon e Fernanda Andrade pela contribuição de cada um
e pela boa convivência nos laboratórios.
Às estagiárias Irivânia Fidelis e Mayara, que estiveram sempre dispostas e com
o máximo de dedicação ao projeto. Pelas boas risadas nos momentos de
descontração e pela amizade que ficará por toda a vida. Muito obrigado, vocês
foram essenciais.
Ao meu grande amigo que o curso me deu, Hélio Lopes. Obrigado por todo
apoio e ajuda nas pesquisas. Obrigado pela confiança, pelos conselhos, por
todas as risadas e por todas as vezes que esteve dando forças para que eu
pudesse superar todas as dificuldades.
À todos os amigos e colegas que estiveram sempre ao meu lado, em especial
José Tiago, Jonas, Adriano Pereira, Jefferson Rodrigues, Josias Genu, Jéssyca
Patrícia, dando apoio e encorajamento para alcançar meus objetivos.
Ao seu Malaquias (in memoriam), por nos receber de braços abertos em sua
propriedade e mostrar que para ser feliz não precisamos de muitas coisas.
A todos vocês, meu muito obrigado!
SUMÁRIO
RESUMO ........................................................................................................... ix
ABSTRACT ........................................................................................................ x
LISTA DE TABELAS ......................................................................................... xi
LISTA DE FIGURAS ....................................................................................... xiii
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1
2. HIPÓTESE ...................................................................................................... 2
3.OBJETIVOS .................................................................................................... 2
3.1 Objetivo Geral .......................................................................................... 2
3.2 Objetivos Específicos ............................................................................. 2
4.REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................... 3
4.1 Região Semiárida do Brasil .................................................................... 3
4.2 Erosão do Solo ........................................................................................ 3
4.3 Escoamento Superficial .......................................................................... 5
4.4 Selamento Superficial ............................................................................. 5
4.5 Micromorfologia do Solo ........................................................................ 8
4.6 Uso de Simuladores de Chuvas em Estudo de Erosão ........................ 9
5. METODOLOGIA ........................................................................................... 10
5.1 Localização da Área de Estudo ............................................................ 10
5.2 Características das Parcelas Experimentais ....................................... 12
5.3 Calibração do Simulador de Chuva ..................................................... 13
5.4 Determinação das Características Físicas e Químicas do Solo ........ 15
5.5 Determinação de Estabilidade de Agregados ..................................... 16
5.6 Avaliação das Características Hidráulicas do Escoamento
Superficial .................................................................................................... 17
5.7 Avaliação da Perda de Água ................................................................. 20
5.8 Avaliação das Taxas de Desagregação e Perdas de Solo ................. 20
5.9 Determinação da Concentração de Sedimentos na Enxurrada ......... 21
5.10 Análise da Resistência à Penetração do Solo................................... 22
5.11 Análise de Selamento Superficial do Solo ........................................ 22
5.12 Análise da Condutividade Hidráulica em Laboratório ...................... 25
5.13 Análise Estatística ............................................................................... 28
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................... 28
6.1 Estabilidade de Agregados ................................................................... 28
6.2 Condutividade Hidráulica ..................................................................... 29
6.3 Característica da Hidráulica do Escoamento Superficial ................... 30
6.4 Escoamento Superficial e Taxas de Infiltração ................................... 34
6.5 Resistência à Penetração ..................................................................... 38
6.6 Selamento Superficial ........................................................................... 40
7. CONCLUSÕES ............................................................................................. 54
ix
RODRIGUES, J. A. M. Selamento superficial e erosão hídrica em Argissolo
Amarelo na Bacia do Alto Ipanema, no Semiárido.2019. 80 p. Dissertação
(Mestrado em Engenharia Agrícola) – Universidade Federal Rural de
Pernambuco – UFRPE.
RESUMO
O uso de técnicas agrícolas incorretas tem causado sérios danos ao solo, em
especial ao solo do semiárido brasileiro. Sabe-se que a falta de cobertura do
solo é um dos principais aceleradores da degradação, pois sem proteção o solo
fica exposto aos impactos das gotas da chuva, as quais desagregam as
partículas e as carregam para zonas de menor altitude, além de causar o
selamento superficial, dificultando a infiltração. Devido a esses problemas,
estadissertação teve como objetivo caracterizar o selamento superficial e a
erosão hídrica em um Argissolo Amarelo na Bacia do Alto Ipanema, sob
diferentes coberturas do solo. Para isso, foram instaladas oitoparcelas de
erosão, nas dimensões de três metros de comprimento por um metro de
largura, que receberam os seguintes tratamentos: solo descoberto e solo com
cobertura morta de Brachiaria decumbens.Foram aplicadas três chuvas
simuladas, em intervalos de 24 horas, com intensidade de 54,63 mm h-1, após
cada chuva foi investigada a micromorfologia da superfície dos solos, assim
como a erosão dos mesmos.Diante das diferentes precipitações que foram
simuladas, constatou-se que o uso da cobertura morta reduziu o escoamento
superficial em até 42%, a perda de solo e a taxa de desagregação tiveram
reduções de 70% em média. A resistência à penetração foi reduzida em até
69,32% e a infiltração aumentou em até 242%. Sendo assim, houve diferenças
significativas entre usar ou não a cobertura morta ao nível de 5% de
probabilidade.Devido à falta de agregação do solo, não foram identificados
selamentos superficiais, porém, a cobertura morta foi eficaz na preservação da
porosidade e da microestrutura do solo para a chuva de 0h.
Palavras-chaves: perda de solo, estabilidade do solo, simulador de chuvas.
x
RODRIGUES, J. A. M.Surface sealing and water erosion in
YellowArgisolsof the Alto Ipanema Basin, in Semiarid.2019. 80p.
Dissertation (master's degree in agricultural engineering) - Universidade
Federal Rural de Pernambuco – UFRPE.
ABSTRACT
The use of incorrect agricultural techniques has caused serious damages to the
soil, especially in the Brazilian semi-arid soil. The lack of ground cover is one of
the key accelerators of degradation,without protection the soil is exposed to the
impacts of rain drops, desegregating the particles and loading the lower altitude
areas,causing the surface sealing that waterproofs the soil, making it difficult to
infiltrate. This dissertation aimed to characterize surface sealing and water
erosion in a Yellow Argisols in the Alto Ipanema Basin,under different ground
covers. Eigth erosion plots were installed, three meters long and one meter
wide, which received the following treatments: uncovered soil and soil with
Brachiaria decumbens mulch. Three simulated rainfall was applied at intervals
of 24 hours, with intensity of 54.63 mm h-1, after which rainfall micromorphology
was investigated, as well as erosion.It was observed that the use of mulch
reduced surface runoff by up to 42%, soil loss and disintegration rate had
reductions of 70% on average.The penetration resistance was reduced by up to
69.32% and infiltration increased by up to 242%. There were significant
differences between using or not mulching at the 5% probability level.Due to the
lack of soil aggregation, no surface seals were identified, however, mulching
was effective in preserving soil porosity and microstructure for the rainfall of 0h.
Key words: soil loss, soil stability, rainfall simulator.
xi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Características físicas do Argissolo Amarelona área experimental,
nas camadas 0 -20 e de 20 – 40 cm de profundidade. ..................................... 16
Tabela 2. Características químicas do Argissolo Amarelo na área experimental,
nas camadas 0 – 20 e 20-40 cm de profundidade. ........................................... 16
Tabela 3. Distribuição de percentual dos agregados nas diferentes classes,
diâmetro médio ponderado (DMP) e módulo de finura (MF), para o Argissolo
Amarelo. ........................................................................................................... 28
Tabela 4. Condutividade hidráulica (Ko) para solo sem cobertura morta (SSC) e
com cobertura morta (SCC). ............................................................................. 30
Tabela 5. Número de Reynolds (Re), número de Froude (Fr) e o coeficiente de
rugosidade de Manning (n), para solo sem cobertura morta (SSC) e com
cobertura morta (SCC). ..................................................................................... 30
Tabela 6. Descarga líquida, velocidade de escoamento para o Argissolo
Amarelo sem cobertura (SSM) e com cobertura (SCC). ................................... 31
Tabela 7. Altura de escoamento, e viscosidade para Argissolo Amarelo sem
cobertura (SSM) e com cobertura (SCC). ......................................................... 32
Tabela 8. Perda de solo, taxa de desagregação e perda de água para Argissolo
Amarelo para solo sem cobertura (SSM) e solo com cobertura (SCC). ............ 33
Tabela 9. Escoamento superficial, infiltração e tempo inicial de escoamento
para o Argissolo Amarelo para solo sem cobertura morta (SSC) e com
cobertura morta (SCC). ..................................................................................... 34
xii
Tabela 10. Percentual de umidade para o Argissolo Amarelo para o solo sem
cobertura (SSC) e solo com cobertura (SCC), antes da aplicação de chuva e
após a aplicação de três chuvas sucessivas, separadas por 24h..................... 36
Tabela 11. Resistência à penetração (RP) e de umidade (U) na capacidade de
campo na camada de 0-0,02m, para o Argissolo Amarelo sem cobertura (SCC)
e com cobertura morta (SCC). .......................................................................... 38
Tabela 12. Descrição micromorfológica do solo em razão de duas lâminas de
chuva aplicada após 0h e 48h com e cobertura................................................ 42
xiii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Localização espacial da área de estudo, município de Pesqueira,
Pernambuco, Brasil. .......................................................................................... 10
Figura 2. Dados históricos (1980 a 2018) de precipitação e temperatura do ar
para o município de Pesqueira, Pernambuco ................................................... 11
Figura 3. Tipo de vegetação em diferentes períodos, (A) no período de chuva
(B) no período de seca em Mimoso, Pesqueira – PE. ...................................... 12
Figura 4. Modelo da parcela experimental utilizada para campo. ..................... 12
Figura 5. (A) Simulador de chuva e (B) Caixa d’água para alimentação do
simulador. ......................................................................................................... 13
Figura 6. Relação entre intensidade média da chuva (mm h-1) e coeficiente de
uniformidade (%) em função da pressão de serviço (kPa) da chuva simulada. 15
Figura 7. Esquema de classificação dos regimes de escoamento gerados
durante as simulações de chuva. ...................................................................... 19
Figura 8. Peças cortadas com espessura de 0,5 cm. ....................................... 23
Figura 9. Colagem das peças nas lâminas de vidro. ........................................ 24
Figura 10. Polimento manual com pasta diamantada (6 a 12 μm). ................... 24
Figura 11. Microscópio óptico. .......................................................................... 25
Figura 12. Amostras em saturação. .................................................................. 26
Figura 13. Amostras em teste de condutividade hidráulica. .............................. 27
xiv
Figura 14. Escoamento superficial e infiltração, relacionados com os tempos (0,
24 e 48h) para o solo sem cobertura morta (SSC) e solo com cobertura (SCC).
.......................................................................................................................... 37
Figura 15. Micrografia da heterogeneidade da camada superficial na
testemunha (A) e no intervalo 0h para SSC (B) e SCC (C). ............................. 49
Figura 16. Micrografia da lâmina testemunha com a zona 1 e zona 2. ............. 50
Figura 17. Micrografia do solo descoberto no intervalo de chuva 0h com a
divisão ondulatória entre zonas 1 e 2. .............................................................. 51
Figura 18. Micrografia do solo com cobertura no intervalo de chuva 0h com a
divisão ondulatória entre as zonas 1 e 2. .......................................................... 52
Figura 19. Micrografia da zona 2 do solo inalterada para a testemunha (A), solo
sem cobertura no intervalo 0h (B) e 48h (C); solo com cobertura no intervalo 0h
(D) e 48h (E). .................................................................................................... 53
1
1. INTRODUÇÃO
O solo é um dos componentes básicos para a vida no planeta, sendo
uma parte crucial dos sistemas biológicos. Além disso, apresenta-se como
depósito de água e suplementos essenciais para a agricultura. Contudo, a falta
de cuidados e também de conhecimento tem contribuído para a degradação do
solo, principalmente nas regiões semiáridas, onde as práticas agrícolas
inadequadas fazem com que o mesmo fique exposto à ação das chuvas,
provocando o selamento superficial.O selamento superficial é resultado da
desagregação das partículas do solo causado pelo impacto da gota de chuva,
sobre o solo descoberto e associado ao fenômeno de salpicamento das
partículas dispersadas, causando a obstrução dos poros e formação do
encrostamento superficial (BUENTO et al. 2018)
O selamento superficial, também chamado de encrostamento superficial,
influencia várias propriedades do solo, comoa taxa de infiltração de água, a
condutividade hidráulica do solo e o escoamento superficial, favorecendo a
erosão (SIQUEIRA, 2015).
No entanto, apesar de todos os efeitos negativos apresentados, poucos
estudos referentes ao processo erosivo foram realizados (DECHEN et al.,
2015), o que mostra a importância de novas pesquisas e acompanhamentos da
formação do selamento superficial, sendo de fundamental importância para o
adequado uso e preservação do solo.
Mesmo o selamento superficial sendo o causador da diminuição do
volume de água armazenada pelo solo, comprometendoa germinação,
reduzindoas trocas gasosas entre o solo e a atmosfera, pouco ainda foi
estudado a respeito desse problema, mesmo que existindo alguns trabalhos
sobre o solo do semiárido, o selamento ainda é algo que precisa ser
pesquisado com mais foco, principalmente nas regiões áridas e semiáridas,
onde a cobertura vegetal é escassa e os processos de selamento eerosão
ocorrem de forma rápida e severa após cada precipitação (MARTINS, 2016).
Sendo assim, estudar e compreender o solo do semiárido brasileiro, em
especial as causas, efeitos e combate ao selamento superficial é essencial
para que se alcance um equilíbrio e sustentabilidade através de um
planejamento de práticas conservacionistas, do uso e manejo do solo,
2
reduzindo o processo de erosão e selamento causado pelas chuvas (BARROS,
2017).
2.HIPÓTESE
O Argissolo Amarelo apresenta formação de selamento superficial com
aplicação de chuvas sucessivas.
3.OBJETIVOS
3.1Objetivo Geral
Analisar o selamento superficial, relacionando-o com a susceptibilidade
à erosão de um Argissolo Amarelo na Bacia representativa do Alto Ipanema,
Pernambuco.
3.2Objetivos Específicos
Ampliar o conhecimento científico acerca da dinâmica do processo de
selamento superficial e erosão do solo em bacias experimentais do
semiárido brasileiro;
Avaliar a infiltração da água no Argissolo Amarelo da Bacia do Alto
Ipanema;
Investigar o escoamento superficial;
Analisar a resistência da camada superficial do solo à penetração;
Avaliar, por meio de análise micromorfológica, a microestrutura da crosta
formada decorrente da aplicação e chuva simulada;
Avaliar o desempenho da Brachiaria decumbens como cobertura do
solo.
3
4.REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
4.1Região Semiárida do Brasil
Atualmente, o semiárido brasileiro possui uma extensão de
aproximadamente 982.563,3 km², onde deste total somente a Região Nordeste
é responsável por 89,5% dessa área, ou seja, 879.394,2 km². Essa nova
demarcação teve como referência a isoieta de 800 mm anuais, além do Índice
de Aridez de Thorntwaite (1941)abaixo de 0,50 e Risco de Seca superior a
60%. (IBGE, 2017).
O clima ocupa lugar de destaque naregiãosemiárida, isto porque a
precipitação média anual tem uma intrínseca ligação com a sociedade e
também com a vegetação e formação do solo (XAVIER et al., 2016), já que de
acordo com Nys& Engle (2014) a distribuição das precipitações é muito
instável, com longos períodos de seca.
Durante os meses de Fevereiro à Maio ocorre o período de maior
probabilidade de chuvas, que costumam ser de altas intensidades contribuindo
de forma pontual para a erosão do solo, e nos demais meses do ano ocorre a
estiagem (CGEE, 2016). Além de chuvas, existem os aspectos pedológicos, os
quais se apresentam com solos pouco profundos, pedregosos e não raramente
de horizontes A de textura arenosa, aspectos que contribuem para os
processos de erosão do solo (SÀ et al., 2015)
A escassez de trabalhos na região dificulta o entendimento da dinâmica
do solo, além de retardar as soluções para os problemas que causam um
desequilíbrio ambiental na região. Nesse contexto, Farias et al. (2017)
ressaltam a necessidade de forma urgente de ações para o conhecimento e
proteção das áreas semiáridas.
4.2 Erosão do Solo
A poluição e assoreamento de corpos hídricos estão intimamente ligados
ao solo, principalmente na ocorrência de erosão que contribui com nutrientes e
com as próprias partículas para tornar esses problemas ambientais ainda mais
graves.
4
A erosão pode ser definida como um processo da natureza que ocorre
por meio de agentes como a chuva, o vento, as águas de rios e até mesmo por
ações humanas, causam a desagregação do solo, fazendo com que as
partículas soltas atinjam lugares com menor altitude, acarretando em sérios
problemas ambientais.
Desta forma, a erosão pode ser tratada como um processo contínuo e
natural que provoca perdas de solo e transporte de sedimentos, que são
acelerados por diversos fatores, como a agricultura e a urbanização
(CONCEIÇÃO, 2014).
Ribeiro (2016) classifica os agentes erosivos em dois tipos: ativos e
passivos. Os agentes ativos são aqueles que resultam da própria natureza,
como: água, temperatura, vento, gelo, neve, a ação de microorganismos vivos.
Os agentes passivos decorrem das condições topográficas do terreno, da
cobertura vegetal, da gravidade, do tipo de solo e demais características
intrínsecas do material, que resultam em uma maior ou menor susceptibilidade
à erosão. No entanto, é importante ressaltar que a ação humana potencializa a
atuação desses agentes erosivos.
Contudo, é necessário que haja um maior cuidado com o solo no intuito
de amenizar os efeitos provenientes do processo erosivo já que através do
escoamento superficial da água da chuva ocorre a desintegração,
carregamento e deposição das partículas do solo, juntamente com seus
nutrientes e matéria orgânica (DECHEN et al., 2015).
Fatores como a erodibilidade do solo, intensidade da chuva e a ausência
de cobertura vegetal são determinantes para o acontecimento do processo
erosivo, que segundo Rodrigues et al. (2017), são os principais autores da
destruição dos solos agricultáveis a nível global, a medida que podem causar
sérias e onerosas consequências agronômicas e ambientais.
Os problemas causados pelos processos erosivos do solo não atingem
apenas as áreas agrícolas, as urbanas também sofrem com esse fenômeno
natural, que em suas formas mais graves apresentam voçorocas e ravinas,
sendo fruto do desmatamento, incorretas técnicas de utilização do solo
agricultáveis, estradas, entre outras atividades do homem.
5
4.3 Escoamento Superficial
Quando a gota da chuva atinge o solo, uma parcela desta água infiltrará
e a outra irá escoar pela superfície.A quantidade de água escoada depende de
vários elementos, como a duração e intensidade da chuva, a cobertura vegetal,
o nível de compactação deste solo e consequentemente a capacidade de
infiltração.
De acordo com Conceição (2014), ao chover a água vai acumulando-se
no solo até atingir o ponto de saturação, que a partir daí acontecerá o acúmulo
de água em pequenas depressões do terreno. Caso a precipitação continue
dará origem ao processo de escoamento superficial, que irá acontecer no
sentido da declividade.
O processo do escoamento superficial é influenciado por diversos
fatores, dentre os quais se destacam o uso e ocupação do solo, onde um solo
sem cobertura vegetal ou com um alto grau de compactação apresenta uma
maior taxa de escoamento (SILVA, 2015). Vale destacar que o uso e ocupação
do solo pelo homem, tanto na cidade como no campo, contribui para as
mudanças no escoamento superficial, alterando as vazões dos corpos hídricos,
aumentando a erosão do solo e consequentemente o aumento do processo de
assoreamento dos corpos hídricos (SANTOS JÚNIOR & SANTOS, 2013).
Diante de um evento de precipitação intensa, a infiltração e o
escoamento superficial são inversamente proporcionais, isto é, à medida que a
infiltração reduz, o escoamento superficial aumenta (HONDA & DURIGAN,
2017).
4.4Selamento Superficial
O contato direto das gotas da chuva com a superfície do solo descoberto
gera uma série de consequências, entre elas: desintegração de agregados,
desprendimento, arrasto e deposição das partículas, ocasionando erosão e
mudança na estrutura do solo (SIQUEIRA, 2015). De acordo com Hu et al.
(2012) uma das alterações que ocorre com esse impacto das gotas da chuva
com a superfície do solo é a formação do encrostamento superficial.
O encrostamento superficial também pode receber vários outros nomes:
crostas de superfície, selamento superficial ou endurecimento superficial do
6
solo. O fato é que segundo Silva (2016) ainda não existe na literatura um
consenso a respeito da denominação atribuída a essa alteração da camada
superficial do solo.
A formação do selamento ou encrostamento superficial resulta de dois
mecanismos que são complementares. O primeiro trata-se de uma
desintegração física dos agregados superficiais causada, principalmente, pela
energia do impacto das gotas da chuva com o solo, levando a formação de
uma camada fina da superfície; o segundo refere-se à dispersão físico-química
das partículas de argila do solo, que se movimentam com a água, obstruindo
dessa forma os poros imediatamente abaixo da superfície (SIQUEIRA, 2015;
AGASSI et al., 1981).
O selamento superficial é de uma fina camada na superfície do solo,
contendo uma densidade maior, assim como, também uma maior resistência a
penetração, o que consequentemente provoca a diminuição da condutividade
hidráulica. O selo formado tem espessura variável, podendo ir de 0,1 mm até
50 mm e por isso acaba por provocar efeitos maléficos ao solo, como:
erodibilidade, aumento do escoamento superficial e diminuição da
permeabilidade (HYVÄLUOMA et al., 2012)
De acordo com Sela et al. (2015), o selamento superficial do solo é um
processo natural e generalizado que ocorre de forma frequente nas áreas de
solos descobertos, causando a diminuição da condutividade hidráulica e
consequentemente a infiltração da água no solo, afetando potencialmente o
desenvolvimento da vegetação.
Um fator que se deve levar em consideração no selamento superficial é
a umidade do solo. A umidade influencia a formação das camadas
compactadas do solo, isto porque, ela atua como um lubrificante, o que facilita
a reorganização das partículas do solo quando este é submetido a pressões,
como por exemplo, o impacto da gota de água da chuva sobre o solo. Porém, a
relação entre umidade e selamento superficial do solo varia com o tipo de solo
(REICHERT et al.,2007).
Outro ponto importante na formação do selamento superficial é a
temperatura, isso porque os sucessivos ciclos de umedecimento e secagem
proporcionam inchaços e encolhimentos repetitivos do solo, causando
microfissuras que dão origem à fragmentação e formação de pequenas
7
partículas capazes de obstruírem os poros formando o encrostamento
superficial (BORGES et al., 2014).
Desde o início do século XX, estudos têm sido conduzidos envolvendo o
selamento ou encrostamento superficial. O fato desse fenômeno causar
consequências ambientais e na produção vegetal, desperta o interesse dos
pesquisadores (SOUZA et al., 2014), os quais classificam os selos em três
tipos: estruturais, deposicionais e erosionais.
Os selos estruturais são formados a partir do impacto direto das gotas
d’águas, que provocam o rompimento e consequentemente uma reorganização
in situ dos microagregados e das partículas do solo (SILVA, 2016).
As crostas deposicionais, como o próprio nome sugere, são formadas a
partir da deposição das partículas grossas e finas do solo. Esse tipo de selo
está relacionado com sedimentação das partículas em microdepressões
(BRANDÃO et al., 2007).
Por fim, os selos erosionais que são resultado da erosão dos selos
estruturais, onde finas partículas formam uma camada superficial rígida e lisa
(SILVA, 2016; BRANDÃO et al., 2007).
Hu et al. (2012) em estudos que avaliaram o desenvolvimento do
selamento superficial do solo, em condições de chuvas simuladas, encontraram
dois tipos de crostas, as estruturais e as deposicionais. De acordo com os
autores, entre os dois tipos de crostas encontradas, ambas têm em comum as
origens na quebra dos agregados e na dispersão das partículas, influenciadas
pela textura do solo. Em concordância com outros autores, Hu et al. (2012),
identificaram que o encrostamento superficial provocou mudanças nas
propriedade do solo, dentre as quais listaram: alterações na textura,
proveniente do arrasto de material mais fino; modificações na estabilidade
estrutural, oriundas durante o processo de formação dos selos; variação da
rugosidade superficial, resultando em uma maior perda de solo e redução da
permeabilidade do solo, sendo consequência das alterações nos parâmetros
da condutividade hidráulica (SAJJADI e MAHMOODABADI, 2015; SOUZA et
al., 2014; BADORRECK et al., 2013; BREMENFELD et al., 2013).
Diante de tantas consequências danosas causadas a partir do
selamento superficial do solo, fica evidente que é preciso que este
encrostamento seja evitado. De acordo com Zonta et al. (2012) uma forma de
amenizar a formação das crostas superficiais é fazendo uso da cobertura morta
8
vegetal, pois evitará o contato direto da gota de água da chuva com o solo,
reduzindo assim o desprendimento dos microagregados e o preenchimento dos
poros.
Almeida et al. (2016) observaram também que o uso da cobertura morta
torna o solo menos suscetível ao selamento da camada superficial, o que faz
dessa técnica uma forte aliada na conservação do solo.
4.5Micromorfologia do Solo
A falta de cobertura nos solos agrícolas impede que o impacto das gotas
de água da chuva seja amenizado. Dessa forma, modificações de alguns dos
seus atributos físicos são geradas, como: formação de camadas compactadas
com diminuição do volume de macroporos, tamanho de agregados, taxa de
infiltração de água e aumento da sua resistência do solo à penetração e
densidade (SOUZA et al., 2014).
As mudanças ocorridas na estrutura do solo podem ser analisadas
através do estudo micromorfológico. Esse estudo é uma ferramenta que
permite observar a estrutura do solo na sua forma natural, possibilitando
melhor visualização no comportamento da estrutura e do espaço poroso em
diferentes sistemas de manejo ou em áreas sob processo de degradação a
partir de imagens em duas dimensões (2D) (GENNARO et al., 2015). Para
esse tipo de análise têm sido utilizados aparelhos microscópicos e lâminas
delgadas, para melhor visualização dos constituintes estruturais do solo.
A aplicação da micromorfologia do solo tem sido amplamente utilizada
em estudos com o objetivo de caracterizar a porosidade do solo através de
tecnologias digitais que promovem o processamento e análise de imagens em
duas dimensões (2D) (COOPER et al., 2016).
Marchiciet al. (2015) classificam a análise da micromorfologia do solo
como uma técnica bastante útil no estudo da gênese do solo e na avaliação e
no monitoramento de diversas práticas agrícolas. Castilho et al. (2015) afirmam
que através da micromorfologia é possível um melhor entendimento de como a
chuva afeta a reorganização r a redistribuição da porosidade do solo.
O uso das análises micromorfológicas do solo tem se tornado cada vez
mais comum a partir da evolução dos equipamentos e programas. Com isso,
essas análises conseguem precisar a porosidade e permitir comparações entre
9
solos e entre momentos distintos do mesmo solo, o que ajuda na compreensão
das ações a serem tomadas no intuído de preservar a estrutura física do solo.
4.6 Uso de Simuladores de Chuvas em Estudo de Erosão
Estudar as consequências do impacto das gotas da chuva natural no
solo é algo bastante difícil de mensurar, pois não se pode controlar a
distribuição, a duração e a intensidade da precipitação. O uso de simuladores
de chuvas tem se mostrado uma grande alternativa, já que através dessa
ferramenta é possível fazer um controle das características da chuva simulada,
além de realizar os estudos a qualquer momento, sem depender da
precipitação natural (SANTOS, 2015).
O simulador de chuvas é considerado um excelente método de
determinação da infiltração de água no solo que representa bem uma realidade
local. Dessa forma, deve simular as condições típicas de chuvas naturais,
como velocidade de impacto e distribuição do tamanho das gotas da chuva,
intensidade de precipitação, ângulo de impacto das gotas e capacidade de
reproduzir a intensidade e a duração das chuvas intensas (CONFESSOR &
RODRIGUES, 2018).
Silva (2016), destaca que devido a praticidade e capacidade de
repetição de eventos de precipitação através dos simuladores de chuva
portáteis, foi possível o desenvolvimento de diversos estudos sobre a dinâmica
da erosão dos solos por diversos pesquisadores como Lima et al. (2015),
Montenegro et al. (2013), o que faz desse equipamento uma ferramenta
primordial para as pesquisas fora e dentro do laboratório.
Por essas razões, o uso do simulador de chuvas tem sido cada vez mais
frequente em diversos sistemas de cultivo com diferentes manejos do solo e
cobertura nativa, proporcionado o aumento do conhecimento das taxas
erosivas, consequentementedas técnicas capazes de amenizarem os efeitos
da erosão.
10
5. METODOLOGIA
5.1 Localização da Área de Estudo
O presente estudo foi realizado em uma área onde se pratica agricultura
de sequeiro na bacia representativa do Alto Ipanema que está localizada em
Mimoso, zona rural do município de Pesqueira, Pernambuco, Brasil (Figura 1).
A área está localizada entre as coordenadas geográficas: Latitude 08º21'28"
(S) e Longitude 36º41'45" (W) com altitude de 654 m.
Figura 1. Localização espacial da área de estudo, município de Pesqueira, Pernambuco, Brasil.
O clima local é classificado, segundo Köeppen, como BShw’ semiárido
quente. De acordo com MONTENEGRO & MONTENEGRO (2006) a
temperatura média anual é de 23 ºC, a região possui ainda uma média anual
de 607 mm de precipitação como mostra a figura 2, além de uma
evapotranspiração potencial de 2000 mm por ano.
11
Figura 2. Dados históricos (1980 a 2018) de precipitação e temperatura do ar para o município de Pesqueira, Pernambuco
Fonte: Agencia Pernambucana de Águas e Climas e Instituto Nacional de Meteorologia.
Estudos do IBGE (2017) revelam que o Índice de Aridez elaborado por
Thornthwaite (1948) é menor do que 0,50confirmando a classificação de
Köeppen, ou seja, clima semiárido e quente.
A região é marcada pela presença dos seguintes tipos de solos:
Argissolo Amarelo, Argissolo Vermelho-Amarelo, Cambissolo, Neossolo
Flúvico, Neossolo Litólico, Neossolo Regolítico e o Planossolo. (EMBRAPA,
2009).
A cobertura vegetal predominante na área de estudo é a Caatinga
(Figura 3), destacando-se coberturas de diferentes densidades e pastagem
(MONTENEGRO & RAGAB, 2010).
12
Figura 3. Tipo de vegetação em diferentes períodos, (A) no período de chuva (B) no período de seca em Mimoso, Pesqueira – PE.
5.2 Características das Parcelas Experimentais
As unidades experimentais foramconstituídas por uma parcela medindo
três metros de cumprimento, por um metro de largura, com a maior dimensão
no sentido da declividade do solo, que era de 7%.Construídas com chapas
metálicas, as parcelas contavam com 25 cm de altura, sendo aproximadamente
10 cm cravados no solo. Na parte inferior, possuíam uma calha para coleta da
enxurrada (Figura 4).
Figura 4. Modelo da parcela experimental utilizada para campo.
13
Sobre as parcelas, foram adotados dois tratamentos, solo descoberto e
solo coberto com cobertura morta de capim (Brachiaria decumbens) seco ao ar,
com densidade de3 Mg ha-1, além de três chuvas simuladas com intervalo de
24 horas entre elas.
O capim utilizado foi proveniente de uma capinação com uma roçadeira
à gasolina na sede da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Este capim
estava com 20 cm de altura em média e foi exposto ao ar livre para que fosse
secado. Após a secagem, o material foi levado para o distrito de Mimoso, em
Pesqueira – PE, para a sua utilização no experimento.
A escolha do capim Brachiaria decumbens está associada à
disponibilidade desse capim na região do experimento, sendo de fácil acesso
para os produtores agrícolas locais.
5.3 Calibraçãodo Simulador de Chuva
Foi utilizado um simulador de chuvas (Figura 5, A e B) com 3m de altura
em relação ao nível do solo, formado por uma armação retangular e apoiado
sobre quatro pés de tubos de aço removíveis, o qual possui um motor com
sistema eletrônico que realiza movimentos oscilantes, com um bico aspersor
tipo Veejet 80-100 (SANTOS 2006). O simulador foi alimentado por uma bomba
submersa que captou água de uma caixa de capacidade de 1000 Litros.
Figura 5. (A) Simulador de chuva e (B) Caixa d’água para alimentação do simulador.
A B
14
Foram simuladas chuvas representando dados provenientes de uma
avaliação histórica de 29 anos de observações na bacia representativa do Alto
Ipanema (SANTOS & MONTENEGRO, 2012). As precipitações tiveram uma
duração de 30 minutos com uma intensidade de54,63 mm h-1 e índice de
erosividade (EI30) de 1202,87 MJ mm ha-1 h-1.
As chuvas foram aplicadas em intervalos de 24 horas, sendo 0h, 24h e
48h, a partir da primeira chuva.
A energia cinética por milímetro de chuva foi igual a 0,271 MJ ha-1 mm-1,
calculada pela equação de Wischmeier & Smith (1958) (SANTOS &
MONTENEGRO, 2012).
A energia cinética por incremento (Eci) de chuva foi então determinada
pela equação 1:
Eci=Ec*vol (1)
em que:
Vol - quantidade de chuva do incremento (lâmina precipitada), (mm);
Ec - Energia cinética por milímetro (MJ ha-1).
A energia cinética total foi obtida pelo somatório da energia cinética de
cada incremento, sendo igual a 22,02 MJ ha-1
Foi utilizado um coeficiente igual a 0,78 para conversão da energia
cinética da chuva simulada, conforme recomendado por Young e Burwell
(1972).
Logo, a erosividade da chuva (EI30) foi calculada pela equação 2:
EI30=Ect*I (2)
em que:
EI30 - Índice de erosividade (MJ mm ha-1 h-1);
Ect - energia cinética total (MJ ha-1 de chuva);
I - intensidade de precipitação em 30 minutos (mm h-1).
15
Para observação da influência do selamento superficial nas taxas
erosivas foram aplicadas três chuvas sucessivas espaçadas de 24 horas (0h,
24h e 48h). A Figura 6apresenta o gráfico da calibração do simulador de chuva.
Figura 6. Relação entre intensidade média da chuva (mm h-1) e coeficiente de uniformidade (%) em função da pressão de serviço (kPa) da chuva simulada.
5.4 Determinação das Características Físicas e Químicas do Solo
Foram coletadas cinco amostras deformadas e indeformadas nas
camadas de 0-20 e de 20-40 cm com o objetivo de caracterizar física e
quimicamente o solo, onde se determinaram os seguintes atributos físicos do
solo: análise granulométrica realizada pelo método do densímetro, com
estimativa da argila dispersa total usando-se hidróxido de sódio como
dispersante pelo método proposto por Donagemma et al. (2017); densidade do
solo determinada pelo método do cilindro volumétrico proposto por Almeida et
al. (2017); densidade de partículas pelo método do balão volumétrico
recomendado por Viana et al. (2017), grau de floculação calculado com base
nas quantidades de argila total e argila dispersa em água de acordo com o
método sugerido por Donagemma e Viana (2017); umidade na capacidade de
campo (θcc), umidade no ponto de murcha permanente (θpmp),
macroporosidade (Macp), microporosidade (Micp), porosidade total do solo (Pt)
pelo método indicado por Almeida et al. (2017) e condutividade hidráulica (Ko),
pelo método proposto por Teixeira et al. (2017).
Para os atributos químicos foram realizadas as seguintes análises: pH
em água, utilizando-se potenciômetro; sódio e potássio extraídos com Mehlich
20
40
60
80
100
50
52
54
56
58
60
0 10 20 30 40 50 60 70Inte
nsi
dad
e M
édia
da
Ch
uva
(m
m h
-1)
Pressão (KPa)
Intensidade Média de Chuva
CUC % CU
C%
y = 0,157x + 49,23R2 = 0,984
16
e determinados por fotometria de emissão de chama, Ca e Mg extraídos com
KCl 1 mol L-1 e determinados por espectrometria de absorção atômica pelo
método proposto por Teixeira et al. (2017); a acidez potencial (H+Al), extraída
por acetato de cálcio pH 7 e determinada por titulação com NaOH pelo método
sugerido por Campos et al. (2017) e carbono orgânico do solo determinada
pelo método volumétrico do dicromato de potássio e avaliado por titulometria
recomendado por Fontana e Campos (2017) . As características físicas e
químicas do solo utilizado no experimento estão apresentadas nas Tabelas 1 e
2.
Tabela 1. Características físicas do Argissolo Amarelona área experimental, nas camadas 0 -20 e de 20 – 40 cm de profundidade.
Camada Areiat. Areia g. Areia f. Argila Silte ADA GF Pt Ds Dp CT
cm g kg-1 % g cm-3
0 - 20 621,55 457,82 163,73 120,49 261,98 25,10 78,33 34,05 1,67 2,53 Franco
20 - 40 604,62 445,34 159,8 120,64 279,70 25,13 78,33 34,79 1,65 2,53 Arenoso
Legenda: Areia total (Areia t.), areia grossa (Areia g.), areia fina (Areia f.), argila dispersa em água (ADA), grau de floculação (Gf), porosidade total (Pt*), densidade do solo (Ds), densidade de partículas (Dp), classe textural (CT).
Tabela 2. Características químicas do Argissolo Amarelo na área experimental, nas camadas 0 – 20 e 20-40 cm de profundidade.
Camada Ca Mg K Na H+Al C.O. pH
Cm cmolc dm-3 g kg-1 H2O
0 – 20 0,019 0,064 0,62 1,03 0,12 12,18 6,90
20 – 40 0,019 0,066 0,41 0,41 0,11 11,02 6,88
Legenda: Cálcio (Ca), magnésio (Mg), potássio (K), sódio (Na), acidez potencial (H+Al), carbono orgânico (C.O.).
5.5 Determinaçãode Estabilidade de Agregados
Através do método de Kemper e Chepil (1965) foi determinada a
estabilidade de agregados. Para esta análise, 100 g de solo foram previamente
umedecidos de forma lenta, por meio de capilaridade. Após o umedecimento,
os agregados do solo que foram divididos em duas partes de 50 g, foram
17
submetidos ao peneiramento em água, utilizando-se um aparelho capaz de
realizar movimentos verticais, como proposto por YODER (1936).
O peneiramento consistiu de dois conjuntos de cinco peneiras com
malhas de 2,00; 1,00; 0,50 e 0,25 mm. Esses conjuntos de peneiras ficaram
submersos em água enquanto o aparelho proporcional agitações verticais de
42 ciclos a cada minuto, durante 15 minutos.
Os agregados contidos em cada peneira foram acomodados em
recipientes metálicos e levados à estufa por um período de 24 horas, em
temperatura constante de105°C. Após este procedimento, foi possível a
determinação do diâmetro médio ponderado, DMP (KEMPER & ROSENAU,
1986), do módulo de finura, MF (FREIRE & PIEDADE JR., 1979) e o AGRI,
somatório dos percentuais, a 2,00 mm (WENDLING et al., 2005), através das
equações 3, 4 e 5.
DMP= (cp*p)ni=1 (3)
MF= 4-2 + 2-1 + 1-0,5 + 0,5-0,25 + <0,25 ÷100 (4)
AGRI=wi>2*100 (5)
Onde:
DMP – Diâmetro médio ponderado (mm);
Cp - É o centro de cada classe de peneira;
P - O peso seco da amostra (%);
MF- Módulo de finura dos agregados;
Σ - Somatório da porcentagem acumulada de agregados em cada classe;
wi>2 - Representa a proporção de agregados >2,00 mm.
5.6 Avaliaçãodas Características Hidráulicas do Escoamento
Superficial
A determinação da velocidade do escoamento superficial foi feita através
da medição do tempo gasto para um corante azul ou percorrer 2 metros no
18
interior da parcela, de acordo com o método proposto por Bezerra e Cantalice
(2006).
A medição foi feita em intervalos de 3 minutos a partir do início do
escoamento, e também no mesmo intervalo foram feitas as coletas da
enxurrada após a formação e deslocamento da lâmina.
De acordo com Farenhorst e Bryan (1995); Katz et al. (1995) para se
chegar ao valor médio do escoamento, em m s-1, foi necessário o uso de um
fator de correção (α=2/3) na obtenção da velocidade do escoamento
superficial.
A altura da lâmina escoada (h) foi calculada através da equação 6:
h=q
V (6)
onde:
h - altura da lâmina de escoamento (m);
q - descarga líquida total por unidade de largura em (m2 s-1);
V - velocidade média do escoamento (m s-1).
A descarga líquida por unidade de largura (q), expressa em m2 s-1, foi
obtida através da quantificação do volume da enxurrada coletadona calha
posicionada em uma das extremidades da parcela e depois dividido pela
largura da parcela. O tempo de cada coleta era de 10 segundos
A partir de um termômetro, foi medida a temperatura da água em °C
para cada repetição e a partir disso foi possível conhecer a viscosidade
cinemática da água conforme proposto por Julien (1995) através da equação 7:
v= (1,14-0,031* T-15 +0,00068* T-152 *10
-6 (7)
onde:
ν - viscosidade cinemática da água (m2 s-1);
T - temperatura da água em °C.
O número de Reynolds (Re) foi obtido pela equação 8:
19
𝑅𝑒 =V∗h
v (8)
onde:
Re - número de Reynolds, adimensional;
V - velocidade média do escoamento (m s-1);
h - altura do escoamento (m);
ν – viscosidade cinemática da água (m2 s-1).
A obtenção do número de Froude (Fr) foi através da equação 9:
Fr=V
g*h (9)
onde:
Fr - número de Froude (adimensional);
V - velocidade média do escoamento (m s-1);
g - aceleração da gravidade (m s-2);
h - altura do escoamento (m).
Diante dos números de Reynolds e de Froude foi possível classificar os
regimes de escoamento gerado pela simulação de chuvas para cada teste de
acordo com a figura 7.
Figura 7. Esquema de classificação dos regimes de escoamento gerados durante as simulações de chuva.
Fonte: Bezerra (2004)
20
O coeficiente de Manning (n), que determina a rugosidade foi obtido pela
equação 10 proposta por Braida e Cassol (1999).
n=h
53 *S
12
q (10)
onde:
n - coeficiente de rugosidade de Manning (s m-1/3);
h - altura da lâmina de escoamento (m);
q - descarga líquida por unidade de largura (m2 s-1);
S - declive da parcela (m m-1).
5.7 Avaliação da Perda de Água
Diante da equação 11, foi possível calcular a perda de água,
determinando o volume da enxurrada.
𝑃𝐴 = 𝐿𝑒𝑠
𝐿𝑝𝑝𝑡 ∗ 100 (11)
onde:
PA - perda de água (%);
Les - lâmina escoada (mm);
Lppt - lâmina total precipitada (mm).
5.8 Avaliação das Taxas de Desagregação e Perdas de Solo
Para a determinação das taxas de desagregação do solo (D), foi
utilizada a equação 12:
D=Mss
Ap*Dc (12)
onde:
D - taxa de desagregação do solo (kg m-2 s-1);
Mss - massa do solo seco desagregado (kg);
Ap - área da parcela (m2);
21
Dc - duração da coleta em (s).
A perda de solo foi calculada através da equação 13:
Ps=∑(Q*Cs*tc)
Ap (13)
onde:
Ps - perdas de solo (kg m-2);
Q - vazão (L s-1);
Cs - concentração de sedimento (kg L-1);
tc - intervalo entre as coletas (s);
Ap - área da parcela (m2).
5.9 Determinação da Concentração de Sedimentos na Enxurrada
As amostras de água da enxurrada coletadas na calha coletora durante
10 segundos foram armazenadas em potes plásticos com capacidade
volumétrica de 1 litro. Em laboratório, essas amostras foram pesadas e
deixadas em repouso durante 24 horas para que o solo presente na água
pudesse ser decantado. Após esse procedimento, a parte sobrenadante foi
succionada e o solo levado para estufa de ventilação forçada por 72 horas com
temperatura constate de 65ºC.
Ao sair da estufa, o solo seco foi novamente pesado e tirado a tara do
pote, obtendo assim a quantidade de solo seco presente no volume da
enxurrada.
Através da equação 14, foi calculada a concentração de sedimentos.
Cs=Mss
Mvol (14)
onde,
Cs - concentração de sedimentos (kg kg-1);
Mss - massa do solo seco (kg);
Mvol - massa da enxurrada (kg).
22
5.10 Análise da Resistência à Penetração do Solo
O teste de resistência à penetração foi usado para avaliar o quanto o
solo encontrava-se com sua superfície compactada. Para esta análise foram
coletadas amostras do solo sempre antes e depois das três chuvas simuladas
(0, 24 e 48h) através de anéis volumétricos de PVC com diâmetro e altura de 5
cm. A extração do solo nos anéis foi realizada com o auxílio de um amostrador
do tipo Uhland. As amostram foram envolvidas por plástico filme e
acondicionadas de modo a não perderem a umidade e a estrutura até que
fossem levadas ao laboratório.
Em laboratório as amostras receberam um pré-tratamento, onde se
retirou o excesso de solo dos anéis, de modo que o solo ficasse na mesma
linha de altura do anel. Em baixo de cada anel, foi colocada uma tela
sustentada por ligas elásticas. O objetivo dessa tela era permitir que o solo
ganhasse umidade por fluxo ascendente de água e ao mesmo tempo impedir
que o solo fosse perdido.
O passo seguinte foi colocar as amostras em uma bandeja contendo
água para saturar, até que a superfície do solo estivesse espelhada. Em
seguida, as amostras foram colocadas na mesa tensão e submetidas a uma
tensão de aproximadamente 10kPa para atingirem o ponto de capacidade de
campo. Feito isso, as amostras foram pesadas e levadas ao penetrômetro de
bancada, o qual possui uma carga nominal de 20 kg e velocidade de operação
de 1cm a cada minuto. A agulha utilizada foi de 4 mm de diâmetro que
penetrava no solo 0,02m e os resultados eram projetados em um computador
através de gráficos de Força (Kgf) x Tempo (mim). Esses dados foram salvos e
posteriormente trabalhados no Software MS Office Excel 2007 para transformar
os valores de força (kPa) em Pressão (MPa).
5.11 Análise de Selamento Superficial do Solo
Para a análise de selamento superficial foi utilizada o método de
descrição de lâminas polidas de solo. Para isso, foram utilizadas seções de
23
tubos de PVC com diâmetro e altura de 5 cm que serviram de amostradores de
solo.
Antes de iniciar as simulações de chuvas, foi coletada uma amostra para
servir de testemunha. Após as chuvas de 0 e 48h foram coletadas amostras
nas parcelas com os dois tratamentos: solo coberto e solo descoberto. Após as
coletas, as amostras ficaram expostas ao ar por dez dias para secarem e
atingirem uniformidade do teor de umidade.
Após o processo de secagem, as amostras foram saturadas com
acetona e, posteriormente, impregnadas com resina Aradur HY 951, que foi
diluída em estire (hidrocarboneto aromático não saturado), seguindo o método
proposto por MURPHY (1986).
Figura 8. Peças cortadas com espessura de 0,5 cm.
Já impregnadas, as amostras foram cortadas em peças verticais à
superfície com cerca de 0,5 cm de espessura (Figura 8). As peças foram
coladas com araldite GY 260 em lâminas delgadas de secção fina (2,6 x 7,6
cm) para microscópio óptico (Figura 9), tendo a face do bloco polida com uma
lixadeira mecânica. Foram confeccionadas lâminas delgadas para amostras
coletadas após aplicação das chuvas simuladas 0h e 48h, com e sem
cobertura morta.
0 2,5 5,0
cm
24
Figura 9. Colagem das peças nas lâminas de vidro.
Com parte da espessura já reduzida, procedeu-se manualmente um
polimento com pasta adiamantada (6 a 12 μm) até as lâminas atingirem a
espessura desejada (30 μm) (Figura 10). O controle da espessura foi realizado
com observações frequentes através do microscópio para que se atingisse a
coloração cinza do quartzo. Todo esse preparo das lâminas delgadas foi
realizado no Departamento de Geologia da UFPE.
Figura 10. Polimento manual com pasta diamantada (6 a 12 μm).
Com as lâminas delgadas confeccionadas, foi efetuada a descrição
micromorfológica das amostras no Laboratório de Cristaloquímica e
Micromorfologia do Solo na UFRPE/UAG, a fim de apresentar as feições e a
25
caracterização geral das lâminas para os diferentes tratamentos e tempos após
chuva simulada. Com auxílio do microscópioóptico (Figura 11) procedeu-se a
descrição micromorfológica, seguindo os critérios propostos por Bullock et al.
(1985).
Figura 11. Microscópio óptico.
5.12 Análise da Condutividade Hidráulica em Laboratório
Para a análise da condutividade hidráulica, foi utilizado o método
proposto por Teixeira et al. (2017) com modificações, para o qual foram
coletadas amostras indeformadas antes e depois dos três intervalos de chuvas
simuladas (0, 24 e 48h) nos dois tipos de tratamentos, solo descoberto e solo
com cobertura morta, totalizando 48 amostras.
Após a coleta, as amostras foram devidamente identificadas e
envolvidas por plástico filme para que mantivessem a estrutura preservada. No
laboratório de Física do Solo da Universidade Federal Rural de Pernambuco,
as amostras receberam um pré-tratamento, onde o excesso de solo dos anéis
foi removido para que o solo ficasse na mesma linha de altura do anel. Na
parte inferior de cada anel, foi colocada uma tela sustentada por ligas elásticas
26
para que se evitasse a perda de solo e também permitisse a passagem
ascendente da água. Na parte superior, foi encaixado outro anel de mesmo
diâmetro (5 cm) e 2,5 cm de altura, fixado ao anel inferior por fita adesiva. Após
esse procedimento, as amostras foram acomodadas em uma bandeja de
plástico com uma espuma de 1,5 cm de espessura, evitando o contato direto
das amostras com a base da bandeja.
O próximo passo foi colocar água na bandeja onde estavam as
amostras. A água estava previamente aquecida para facilitar a eliminação de
todo o ar existente tanto na água como a espuma, facilitando assim a
saturação das amostras. Depois de todo esse pré-tratamento, a bandeja foi
totalmente envolvida por plástico filme até que as superfícies do solo nos
cilindros estivessem espelhadas, ou seja, atingissem a saturação (Figura 12).
Figura 12. Amostras em saturação.
Ao atingirem a saturação as amostras receberam uma proteção
de papel filtro na parte superior, com objetivo de permitir a passagem da água,
porém evitar que houvesse um contato direto do solo com a carga constante de
água ao iniciar a análise.
O passo seguinte foi acomodar as amostras em uma plataforma
de apoio e ajustar as garrafas PET de 500 ml contendo água de modo que o
pico na tampa da garrafa mantivesse o nível da carga hidráulica constante em
2 cm de altura (Figura 13).
27
Figura 13. Amostras em teste de condutividade hidráulica.
Com o início da percolação da água, é anotado o tempo de início de
cada cilindro, medindo o volume percolado a cada 10 minutos. O teste terminou
quando os coeficientes de variação das três últimas leituras do volume
percolado forem menores que 20% para cada amostra.
Com o volume coletado, foi possível chegar à condutividade
hidráulica do solo através da equação 15.
𝑲 = 𝑸∗𝑳
𝑨∗𝑯∗𝒕 (15)
Onde,
K – condutividade hidráulica (cm h-1);
Q – volume percolado (ml);
L – altura do cilindro com solo (cm);
A – área do cilindro (cm2);
H – altura do cilindro com solo e da coluna de água (cm);
t – tempo de percolação (h).
28
5.13 Análise Estatística
O experimento foi montado em delineamento inteiramente casualizado,
em esquema fatorial de 3 x 2 x 4, onde se teve um tipo de solo, três aplicações
sucessivas de chuvas simuladas (0, 24 e 48h), com solo sem cobertura morta
(SSC) e solo com cobertura morta (SCC) e quatro repetições.
Para que se reduzisse o coeficiente de variação dos dados encontrados,
os mesmos foram transformados para √x.
Através do teste de análise de variância (ANOVA), avaliou-se uma série
de variáveis como: características hidráulicas do escoamento superficial, perda
de água e solo, estabilidade de agregados e resistência à penetração.
Com a utilização do Software Sisvar 5.6, foram feitas as análises
estatísticas por comparação de médias dos tratamentos através do teste de
Tukey, ao nível de 5% de significância.
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
6.1 Estabilidade de Agregados
A distribuição do percentual dos agregados estáveis em água nas
diferentes classes, o diâmetro médio ponderado (DMP) e módulo de finura
(MF) nas camadas 0-20 e 20 – 40 cm encontram-se na Tabela 3.
Tabela 3. Distribuição de percentual dos agregados nas diferentes classes, diâmetro médio ponderado (DMP) e módulo de finura (MF), para o Argissolo Amarelo.
Prof. Classes de Agregados DMP MF
%
Cm >2 2,0 - 1,0 1,0 - 0,5 0,5 - 0,25 <0,25 mm
0 -20 11,59 a 12,98 a 13,72 a 13,88 a 18,53 a 0,77 a 1,97 a
20 - 40 12,96 a 13,29 a 12,93 a 13,88 a 18,81 a 0,82 a 2,03 a
Médias seguidas de mesmas letras nas colunas não diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5% para profundidade de 0 - 20 cm e de 20-40 cm.
29
De acordo com a tabela 3, percebe-se que estatisticamente, que não
houve diferença entre nenhuma classe de agregados nas duas profundidades
estudadas: de 0 – 20 cm e de 20 – 40 cm.
A semelhança encontrada para as análises das duas profundidades
confirma que o teor de matéria orgânica é bastante parecido nas duas
camadas, isto porque, o processo de formação de agregados está relacionado
ao teor de matéria orgânica (SILVA, 2016). De fato, o solo amostrado estava
em desuso e há tempo não recebia nenhum resíduo orgânico, o que explica a
baixa quantidade de carbono orgânico. Além disso, a área estudada não
recebia preparos iniciais do solo, que de acordo com Abrão et al. (2017),
interferem diretamente na distribuição da estabilidade dos agregados do solo,
já que os tratos culturais envolvem a aplicação de adubos orgânicos que
favorecem à formação de maiores agregados do solo.
Com relação ao diâmetro médio das partículas (DMP),esta variável tem
sua quantificação diretamente ligada aos teores de argila e carbono orgânico
(VASCONCELOS et al.,2013). Os autores relatam que na maioria das vezes
um baixo DMP revela que o solo está mais susceptível às perturbações e
consequentemente à erosão, concluindo-se que quanto maior o DMP maior
será o teor de matéria orgânica, implicando numa maior estabilidade dos
agregados.
Por fim, tem-se o módulo de finura (MF) que é usado para representar o
quanto que os agregados são finos ou mais grossos. Segundo Bernadi (2006),
quanto maior o MF, mais graúdo e estável são os agregados.
6.2 Condutividade Hidráulica
Diante das mais variadas propriedades físicas do solo, a condutividade
hidráulica é uma das mais importantes, isso porque ela é capaz de determinar
tanto qualitativamente quanto quantitativamente o movimento da água no perfil
do solo (JUNQUEIRA et al., 2018).
Analisando a tabela 4 percebe-se que a condutividade hidráulica (Ko) foi
estatisticamente diferente tanto para os intervalos de chuvas como para o solo
com ou sem cobertura morta.
30
Entre os intervalos, a diferença estatística deve-se ao fato que a cada
chuva o solo tornava-se mais adensado, dificultando a percolação da água no
solo.
Tabela 4. Condutividade hidráulica (Ko) para solo sem cobertura morta (SSC) e com cobertura morta (SCC).
Tempo de Condutividade Hidráulica (ko)
Aplicação cm/h
da Chuva SSC SCC
Argissolo Amarelo
0h 2,11 aA 2,93 aB
24h 0,95 bA 1,75 bB
48h 0,41 cA 0,79 cB
6.3 Característica da Hidráulica do Escoamento Superficial
Observando a tabela 5 percebe-se que o Número de Reynolds (Re) nos
dois tratamentos foram menores que 500, e o número de Froude foi menor que
1, podendo ser classificado o escoamento como laminar lento (SILVA, 2011). O
que de acordo com Bezerra (2004) são características para que aconteçam
erosões entre os sulcos, concordando com os resultados obtidos por Cassol e
Lima (2003) e Bezerra e Cantalice (2006).
Tabela 5. Número de Reynolds (Re), número de Froude (Fr) e o coeficiente de rugosidade de Manning (n), para solo sem cobertura morta (SSC) e com cobertura morta (SCC).
Tempo
de
Aplicação
da Chuva
Re Fr n
s m-1/3
SSC SCC SSC SCC SSC SCC
0h 31,10 bA 18,04 bB 0,10 bA 0,07 aB 0,00064 aA 0,00080 bB
24h 35,80 abA 30,64 aB 0,14 abA 0,06 aB 0,00045 aA 0,00154 aB
48h 38,88 aA 35,40 aB 0,18 aA 0,06 aB 0,00029 aA 0,00180 aB
Médias seguidas de letras minúsculas na mesma coluna e de letras maiúsculas na mesma linha para cada variável observada, não diferem entre si, ao nível de 5% de significância, pelo teste de Tukey.
31
A presença da cobertura morta foi determinante para se obter valores de
rugosidade significativamente maiores do que o tratamento sem cobertura. A
presença da cobertura aumentou a resistência ao escoamento superficial,
contribuindo assim para uma menor erosão do solo (Tabela 5).
Com relação à descarga líquida (Tabela 6) percebe-se que na ausência
da cobertura morta o valor torna-se significativamente maior do que quando se
usa a cobertura para os mesmos intervalos de chuva. Para o mesmo
tratamento foi encontrada diferença significativa ente os intervalos de 0 e 24, e
de 0 e 48 horas, esta diferença deve-se ao fato de que no primeiro intervalo de
simulação de chuva (0h) o solo encontrava-se não saturado e por isso houve
uma maior infiltração até que o escoamento superficial fosse gerado e com ele
começassem as erosões laminares. Porém, nos demais intervalos (24 e 48h),
ao iniciar a simulação, o solo já se encontrava em situação de saturação
proveniente da chuva anterior, o que gerou rapidamente o escoamento
superficial e consequentemente a erosão laminar.
Tabela 6. Descarga líquida, velocidade de escoamento para o Argissolo Amarelo sem cobertura (SSM) e com cobertura (SCC).
Tempo de
Aplicação
da Chuva
Descarga
Líquida
m2 s-1
Velocidade do
escoamento
m s-1
SSC SCC SSC SCC
0h 2,9 x 10-5 bA 1,6 x 10-5bB 0,01454 bA 0,00919 aB
24h 3,4 x 10-5 aA 3,3 x 10-5 aB 0,01901 aA 0,01034 aB
48h 3,6 x 10-5 aA 2,9 x 10-5 aB 0,02266 aA 0,01032 aB
Médias seguidas de letras minúsculas na mesma coluna e de letras maiúsculas na mesma linha para cada variável observada, não diferem entre si, ao nível de 5% de significância, pelo teste de Tukey.
Analisando a velocidade do escoamento superficial (Tabela 6), fica nítido
que o uso da cobertura morta reduziu significativamente quando comparado
com o solo descoberto. Essa redução deve-se ao fato de que a cobertura morta
com densidade de 3 Mg ha-1aumentou a rugosidade (n), dificultando o fluxo de
água ao longo da parcela, assim como observados por Silva (2016), e
constatado pela não diferença estatística entre os intervalos de chuva para
esse tratamento.
32
Silva et al. (2018) destacam que o uso da cobertura morta apresenta
uma série de benefícios como a retenção de água no solo e redução na
velocidade do escoamento superficial.
De acordo com Abrantes et al. (2015) o uso da cobertura morta além de
diminuir a velocidade do escoamento superficial, também aumenta a altura da
lâmina líquida, como pode ser visto na tabela 6, indo de acordo com outros
estudos (Chen et al., 2007; Santos et al., 2009), isto porque a camada de
cobertura morta dificulta o escoamento da água pela barreira física criada,
fazendo com que esta água se acumule na superfície do solo, como descrito
por Lima et al. (2014).
Tabela 7. Altura de escoamento, e viscosidade para Argissolo Amarelo sem cobertura (SSM) e com cobertura (SCC).
Tempo de
Aplicação
da Chuva
Altura do
escoamento
Viscosidade
Cinemática
m m2 s-1
SSC SCC SSC SCC
0h 1,95 x 10-3 aA 2,47 x 10-3bB 9,29 x 10-7aA 9,44 x 10-7aA
24h 1,87 x 10-3aA 2,83 x 10-3aB 9,56 x 10-7aA 9,23 x 10-7aA
48h 1,66 x 10-3aA 3,22 x 10-3aB 9,43 x 10-7aA 9,43 x 10-7aA
Médias seguidas de letras minúsculas na mesma coluna e de letras maiúsculas na mesma linha para cada variável observada, não diferem entre si, ao nível de 5% de significância, pelo teste de Tukey.
Analisando a viscosidade cinemática da água (tabela 7) percebe-seque
entre os tipos de coberturas, assim como também, entre os intervalos de
aplicação da chuva (0, 24 e 48h) não houve diferenças significativas, isso se
deve ao fato de que a temperatura da água utilizada para a simulação não
sofreu grandes variações, já que a viscosidade cinemática da água está
diretamente ligada à temperatura.
É possível perceber que ao ser comparado o solo com cobertura morta e
o solo sem cobertura, há uma redução significativa da taxa de desagregação e
da perda de solo, mostrando que o uso de cobertura morta sobre a superfície
do solo diminui a degradação do solo pela desagregação das partículas a partir
do impacto causado pelas gotas de chuva (Tabela 8). Porém, como observado
também por Silva (2016) em estudo com o mesmo tipo de solo (Argissolo
33
Amarelo) e a mesma cobertura (capim Brachiaria decumbens), entre os
intervalos de aplicações da chuva simulada (0, 24 e 48h) não houve diferenças
significativas tanto para o solo com cobertura, quanto para o solo descoberto,
quando observadas a perda de solo e a taxa de desagregação.
De acordo com a Agência Pernambucana de Águas e Clima - APAC
(2019), a bacia hidrográfica do Alto Ipanema possui uma área de 6.209,67 km2,
que ao ser levada em consideração para uma projeção de perda de solo em
toda a bacia,resultaria em 39.431,41 toneladas para o intervalo de 0h;
33.345,93 toneladas para o intervalo de 24h e 37.195,92 toneladas para o
intervalo de 48h, o que evidencia a grande quantidade de solo perdido sempre
que há chuvas na área estudada.
Da mesma forma, ao ser projetada a taxa de desagregação para toda a
bacia hidrográfica, verifica-se grandes valores, como: 218,59 toneladas por
segundos no primeiro intervalo (0h); 201,19 toneladas por segundos no
segundo intervalo (24h) e 220,44 toneladas por segundos para o terceiro
intervalo (48h).
A quantidade de solo desagregada e perdida pode chegar a números
bastante elevados quando projetados para a área total da bacia, o que pode
causar grandes consequencias, tendo em vista que não apenas o solo está
sendo degradado, mas também os nutrientes essenciais para o
desenvolvimento das culturas estão sendo carreados juntamente com o solo.
Tabela 8. Perda de solo, taxa de desagregação e perda de água para Argissolo Amarelo para solo sem cobertura (SSM) e solo com cobertura (SCC).
Tempo de
Aplicação
da Chuva
Perda de Solo Taxa de
desagregação
Perda de
água
Kg m-2 Kg m-2 s-1 %
SSC SCC SSC SCC SSC SCC
0h 0,00916 aA 0,00281 aB 5,02 x 10-5aA 1,50 x 10-5aB 10,63 bA 6,34 bB
24h 0,00782 aA 0,00245 aB 4,55 x 10-5aA 1,31 x 10-5aB 12,32 abA 10,41 aB
48h 0,00813 aA 0,00214 aB 4,70 x 10-5aA 1,15 x 10-5aB 13,93 aA 12,24 aB
Médias seguidas de letras minúsculas na mesma coluna e de letras maiúsculas na mesma linha para cada variável observada, não diferem entre si, ao nível de 5% de significância, pelo teste de Tukey.
34
6.4 Escoamento Superficial e Taxas de Infiltração
O uso de resíduos vegetais na superfície do solo reduziu em
aproximadamente 42% o escoamento superficial para o primeiro intervalo de
chuva simulada, seguindo a redução em 19% para o segundo intervalo e de
12% no terceiro (Tabela 9). Na prática, esses números indicam que a técnica
utilizada para barrar o escoamento mostrou-se eficiente, uma vez que, ao
amenizar o escoamento, reduz-se a erosão do solo.
Outra variável apresentada na tabela 9 é a infiltração da água no solo
estudado. Essa grandeza mostrou-se significativamente influenciada pelo uso
ou não da proteção do solo com o capim. A condição de solo sem cobertura,
apresentou reduções da infiltração de água no solo de 70%, 52% e 71% para
os intervalos de0h, 24h e 48h, respectivamente, em relação ao solo coberto.
Levando-se em conta que se trata de uma região com escassez de água, o
volume maior de água infiltrada resulta em um maior aproveitamento do solo
para a agricultura por parte dos pequenos produtores rurais daquela localidade.
Tabela 9. Escoamento superficial, infiltração e tempo inicial de escoamento para o Argissolo Amarelo para solo sem cobertura morta (SSC) e com cobertura morta (SCC).
Tempo de
Aplicação
da Chuva
Escoamento
Superficial
Infiltração
Tempo Inicial
do escoamento
mm h-1 mm h-1 minutos
SSC SCC SSC SCC SSC SCC
0h 47,50 aA 27,70 aB 7,61 aA 26,06bB 4,94 aA 5,68 aB
24h 48,00aA 38,65 bB 7,92 aA 16,49 aB 2,22 bA 5,24 aB
48h 50,25 aA 43,80 bB 3,10 aA 10,86 aB 1,88 bA 4,82 aB
Médias seguidas de letras minúsculas na mesma coluna e de letras maiúsculas na mesma linha para cada variável observada, não diferem entre si, ao nível de 5% de significância, pelo teste de Tukey.
Diante da redução do escoamento superficial e da maior infiltração no
solo, percebe-se que o início do escoamento também foi alterado de forma
significativa com a presença da cobertura com o capim. Este acontecimento
deve-se ao fato de que a barreira criada pela cobertura morta impediu que a
35
água escoasse pelo solo de forma livre, ou seja, criou uma resistência que
retardou o início do escoamento, e ao ocasionar esse atraso, aumentou o
tempo de contato da água com o solo, contribuindo desta forma para uma
maior infiltração.
Entre os intervalos de chuva,verifica-seque para o solo semcobertura
(SSC) houve diferença significativa no intervalo 0h em comparação com os
intervalos 24 e 48h, o que pode ser explicado pelo fato do teor de umidade ser
baixo no solo, inicialmente, promovendo um retardo. Entretanto para o solo
coberto (SCC) não houve diferença significativamente entre os intervalos,
demonstrando a eficiência da cobertura no retardo do escoamento superficial
mesmo ocorrendoprecipitação antecedente.
Deuschle (2016) afirma que o uso da cobertura é uma prática de
controle de erosão do solo que além de interceptar e absorver o impacto das
gotas da chuva, também, é responsável por promover a estrutura do solo e
evitar o selamento superficial. No entanto, os benefícios vão além dos já
mencionados, como o aumento da infiltração e redução do escoamento
superficial, o que adia o início do escoamento.
Silva (2016) alerta que a umidade do solo que antecede o experimento
não pode ser desprezada, uma vez que quando o solo já se encontra com uma
umidade um pouco mais elevada, haverá uma tendência de ocorrer um maior
escoamento superficial em menor tempo. Nesse sentido, a umidade
antecedente (Tabela 10) foi mais elevada no tratamento sem cobertura morta
(SSC) do que a apresentada pelo solo com cobertura morta (SCC), isto porque
houve precipitação nos dias que antecederam o experimento com o solo
descoberto, já que os testes não foram realizados no mesmo período.
No entanto, mesmo o solo descoberto tendo partido de uma umidade
inicial superior à encontrada no solo protegido (Tabela 10), fica evidente que o
uso da cobertura morta proporcionou um aumento gradativo da umidade em
que é possível afirmar que esta técnica de proteção favoreceu para que o solo
armazenasse mais água do que o solo descoberto, já que inicialmente o solo
protegido encontrava-se com menos de 1% de umidade e no final do
experimento chegou a ter mais de 12%, ou seja, teve uma amplitude de
variação na umidade de mais de 11%, já no desprotegido esta amplitude não
variou mais do que 6%, o que confirma a ideia dos benefícios trazidos pelo uso
da cobertura morta.
36
Tabela 10. Percentual de umidade para o Argissolo Amarelo para o solo sem cobertura (SSC) e solo com cobertura (SCC), antes da aplicação de chuva e após a aplicação de três chuvas sucessivas, separadas por 24h.
Inicial Após 0h Após 24h Após 48h
Umidade do Solo (g/g)
SSC SCC SSC SCC SSC SCC SSC SCC
0,084 0,007 0,128 0,101 0,135 0,111 0,140 0,122
A figura 14 apresenta os dados de escoamento superficial e infiltração
de água no solo ao longo do tempo. Épossível observar que o uso da cobertura
morta apresentou um comportamento diferenciado para o escoamento
superficial e a infiltração quando comparados com o que aconteceu com o solo
descoberto. Para BORGES (2013) a técnica de usar resíduos vegetais sobre o
solo resulta em um aumento da infiltração, bem como, uma redução do
escoamento superficial.
Para Spohret al. (2009), os fatores que influenciam a infiltração de água
no solo interferem também no escoamento superficial resultante. De modo
geral, sob uma intensidade constante de chuva, a infiltração e o escoamento
superficial são processos antagônicos: à medida que um diminui (infiltração) o
outro aumenta (escoamento), até atingirem certo equilíbrio dinâmico
(estabilização).
Ao comparar os dois tratamentos (SSC e SCC) no escoamento
superficial, percebe-se que após atingir a saturação, o solo descoberto tem
pouca variação na quantidade de água escoada para os três intervalos de
chuva, o que não se repete na situação de solo com cobertura. Isso pode ser
explicado pela presença da cobertura morta que funciona como uma barreira,
dificultando o escoamento superficial. Porém, à medida que as chuvas foram
sendo simuladas (0, 24 e 48h), a cobertura morta tinha mais dificuldade para
barrar o escoamento, o que pode ser comprovado pelo aumento desse
escoamento a cada chuva simulada, apresentando a diferença, entre as
curvas, mais evidente do que na condição do solo descoberto. No entanto,
mesmo com o aumento do escoamento superficial no solo com cobertura, a
quantidade de água escoada foi menor do que quando o solo encontrava-se
totalmente descoberto.
37
Figura 14. Escoamento superficial e infiltração, relacionados com os tempos (0, 24 e 48h) para o solo sem cobertura morta (SSC) e solo com cobertura (SCC).
0
10
20
30
40
50
60
0 5 10 15 20 25 30 35Esco
ame
nto
su
pe
rfic
ial (
mm
/h)
Tempo (min)
SSC
0 h
24 h
48 h
0
10
20
30
40
50
60
0 5 10 15 20 25 30 35Esco
ame
nto
su
pe
rfic
ial (
mm
/h)
Tempo (min)
SCC
0 h
24 h
48 h
-10
0
10
20
30
40
50
60
0 5 10 15 20 25 30 35
Infi
ltra
ção
(m
m/h
)
Tempo (min)
SSC
0 h
24 h
48 h
0
10
20
30
40
50
60
0 5 10 15 20 25 30 35In
filt
raçã
o (
mm
/h)
Tempo (min)
SCC
0 h
24 h
48 h
38
Na infiltração da água no solo a situação é semelhante à que ocorre no
escoamento superficial, ou seja, para o solo sem cobertura não há muita
variação da quantidade de água infiltrada quando se observam os três
intervalos de chuvas. Por sua vez, no solo com cobertura morta existe uma
maior variação na quantidade de água infiltrada para os intervalos de chuva
simulada. Mais uma vez a explicação para isso é a cobertura morta, que ao
dificultar o escoamento superficial colabora para que a água tenha mais tempo
em contato com o solo e consequentemente favoreça a infiltração. No intervalo
inicial (0h) há uma maior infiltração, isso porque o solo encontra-se seco, ideal
para que haja a infiltração, porém, nos demais intervalos (24 e 48h) o solo já se
encontra com um teor de umidade alta, o que dificulta a infiltração, o que pode
ser percebido pelo menor volume de água infiltrado à medida que as chuvas
eram simuladas. Contudo, mesmo havendo uma diminuição gradativa da
infiltração no solo com cobertura, os números da infiltração desse tratamento
foram sempre maiores do que quando o solo encontrava-se descoberto para os
mesmos intervalos de chuva.
6.5 Resistência à Penetração
Ao ser analisadaa resistência à penetração da camada superficial do
solo, foi constatado que houve diferença significativa entre os tratamentos
adotados(Tabela 11).
Tabela 11. Resistência à penetração (RP) e de umidade (U) na capacidade de campo na camada de 0-0,02m, para o Argissolo Amarelo sem cobertura (SCC) e com cobertura morta (SCC).
Tempo de
Aplicação
da Chuva
RP U
MPa g/g
SSC SCC SSC SCC
0h 2,06 aA 0,90 aB 0,064aA 0,105aB
24h 2,38 aA 1,16 aB 0,123bA 0,150bB
48h 2,46 aA 1,44 aB 0,133bA 0,164bB
Médias seguidas de letras minúsculas na mesma coluna e de letras maiúsculas na mesma linha para cada variável observada, não diferem entre si, ao nível de 5% de significância, pelo teste de Tukey.
39
De acordo com Silveira et al. (2010), das propriedades físicas do solo, a
mais adequada para expressar o grau de compactação é a resistência à
penetração, resultando na maior ou menor facilidade que as raízes têm para
penetrar no solo. Sendo assim, a resistência à penetração é um dado relevante
como indicativo da dinâmica do crescimento e desenvolvimento das raízes.
Tanto nas parcelas cobertas como nas descobertas não se observou
diferenças significativas entre os intervalos de chuva. Porém, entre o solo com
cobertura morta (SCC) e solo sem cobertura morta (SSC) existiu diferença
significativa entre os valores calculados, o que indica que a técnica de cobrir o
solo com resíduos vegetais é eficiente no combate ao selamento superficial.
Valores de resistência a penetração na ordem de 2 a 3 MPa são tidos
como um problema para as raízes, uma vez que, nessas condições muitas das
culturas teriam suas raízes com um desenvolvimento limitado (Hamza&
Anderson, 2005). Observando os dados da tabela 10, vale destacarque para o
solo sem cobertura as raízes enfrentariam dificuldades de crescimento, já que
para este tratamento a RP ficou entre o intervalo crítico de 2 a 3 MPa. Por outro
lado, ao usar a cobertura morta os valores de resistência à penetração caem
de forma muito satisfatória, saindo do intervalo crítico e proporcionando um
ambiente sem maiores limitações para o desenvolvimento radicular.
Para ambos os tratamentos (SSC e SCC) as maiores resistências à
penetração deram-se após a aplicação da chuva às 48h, fato que evidencia o
adensamento do solo devido às respectivas chuvas simuladas.
Em conformidade com o experimento de Silva (2016), observou-se que
para uma umidade resultante de 10 kPa de tensão, houve diferença entre as
parcelas que estavam sem cobertura e as que estavam cobertas, nas quais as
descobertas apresentaram maiores resistências à penetração e menores
umidades percentuais. O que ratifica a ideia de que a cobertura morta reduz o
encrostamento superficial do solo, aumenta a infiltração e a umidade e,
consequentemente, favorece para que o solo tenha menos erosão.
40
6.6 Selamento Superficial
Na Tabela 12 apresentam-se as descrições micromorfológicas do solo
em razão de cinco lâminas: testemunha, chuva aplicada após 0h e 48h, para as
condições de solo com e sem cobertura.
Quanto aos componentes do solo, a lâmina testemunha apresentou a
zona 1 com as seguintes proporções: material grosso (70%), porosidade (20%),
material fino (10%). Após a aplicação da chuva 0h, tanto o tratamento sem
cobertura como o com cobertura, apresentaram a zona 1 da seguinte forma:
material grosso (70%), porosidade (25%), material fino (5%), evidenciando que
a chuva reduziu o teor de material fino, onde deu lugar a formação de espaços
vazios, aumentando dessa forma a porcentagem de porosidade.
Ainda, analisando os componentes proporcionais do solo, a zona 2 foi a
mesma para a testemunha e para os dois intervalos (0 e 48h) em ambos os
tratamentos (SSC e SCC): material grosso (70%), porosidade (15%), material
fino (15%). Com as simulações das chuvas, percebeu-se que as lâminas
correspondentes ao intervalo 48h não apresentaram zona 1, isso deve-se ao
fato de que a continuidade da chuva ocasionou a erosão por completa da zona
1, permanecendo-se apenas a zona 2 inalterada, pois as chuvas foram
efetivamente erosivas até 2 cm de profundidade.
As análises para a testemunha mostraram que as zonas 1 e 2
apresentaram materiais grossos pobremente selecionados, ou seja, há grãos
de vários tamanhos, compostos por: quartzo e feldspato. O primeiro
apresentou-se de formas: subalongada à esférica e subarredondadas à
angular, tendo na zona 1 dominância por grãos mais finos, com distribuição
paralela a superfície e na zona 2 grãos de tamanhos variados, com distribuição
aleatória e com bordas lisas, podendo apresentar fraturas.O segundo possuiu
tamanhos variados com classes de alteração 1, 2 e 3, tipo pelicular e linear
irregular nas zonas de fraturas.
Ao ser comparado com a testemunha, observou-se que para o intervalo
0h nos tratamentos SSC e SCC foram mantidas as características dos
materiais grossos para ambas as zonas, surgindo na zona 2 a presença de
carvão e raízes, ficando nitidamente perceptível no SSC a distribuição paralela
à superfície dos materiais grossos na zona 1, enquanto que na zona seguinte a
distribuição foi de forma aleatória.
41
No intervalo de 48h, os materiais grossos apresentaram as mesmas
características da testemunha e do intervalo 0h, exceto pelo fato de haver
apenas a zona 2, a qual apresentou distribuição aleatória.
42
Tabela 12. Descrição micromorfológica do solo em razão de duas lâminas de chuva aplicada após 0h e 48h com e cobertura.
SSC SSC SCC SCC
Testemunha 0h 48h 0h 48h
Geral
Duas zonas na
lâmina:
Z1 = topo da lamina
(superfície do
terreno), com
espessura de
aproximadamente
0,5 cm, com
orientação paralela
e transição abrupta
para a Z2.
Z2 = centro e base
da lamina,
(subsuperfície), com
materiais mais
grossos distribuídos
de maneira
aleatória.
Duas zonas na
lâmina:
Z1 = topo da lamina
(superfície do
terreno), com
espessura de
aproximadamente 2
cm, materiais mais
finos distribuídos
com orientação
ondulada e
transição abrupta
para Z2.
Z2 = centro e base
da lamina
(subsuperfície), com
materiais mais
grossos distribuídos
Uma zona, com
características
semelhantes a Z2.
Duas zonas na
lâmina:
Z1 = espessura de
0,5 - 1 cm. Domínio
de grãos médios e
finos. Transição
ondulada e clara
entre as zonas 1 e
2.
Z2 = materiais mais
grossos distribuídos
de maneira
aleatória.
Representa 80 a 90
% da lâmina.
Uma zona, com
características
semelhantes a Z2.
43
de maneira
aleatória.
Proporção dos
Componentes
Z1 = MG (70%), P
(20%), MF (10%).
Z2 = MG (70%), P
(15%), MF (15%).
Z1 = MG (70%), P
(25%), MF (5%).
Z2 = MG (70%), P
(15%), MF (15%).
Z2 = MG (70%), P
(15%), MF (15%).
Z1 = MG (70%), P
(25%), MF (5%).
Z2 = MG (70%), P
(15%), MF (15%).
Z2 = MG (70%), P
(15%), MF (15%).
Material Grosso
Z1 e Z2 =
Pobremente
selecionado,
composto por:
quartzo e
feldspatos.
-Quartzo:
subalongado a
esférico;
subarredondados a
angulares.
Z1 e Z2 =
Pobremente
selecionado,
composto por:
quartzo e
feldspatos.
Na Z2, idem a Z1,
mais carvão e
raízes.
- Quartzo:
subalongado a
esférico;
subarredondados a
angulares.
Z2 = Pobremente
selecionado,
composto por:
quartzo, feldspatos,
carvão e raízes.
- Quartzo:
subalongado a
esférico;
subarredondados a
angulares.
- Feldspatos:
classes 1, 2 e 3 de
Z1 e Z2 =
Pobremente
selecionado,
composto por:
quartzo e
feldspatos.
Na Z2, idem a Z1,
mais carvão e
raízes.
- Quartzo:
subalongado a
esférico;
subarredondados a
Z2 = Pobremente
selecionado,
composto por:
quartzo, feldspatos,
carvão e raízes.
- Quartzo:
subalongado a
esférico;
subarredondados a
angulares.
- Feldspatos:
classes 1, 2 e 3 de
44
Z1 – dominada por
grãos mais finos.
Z2 – variados
tamanhos de grãos;
Bordas lisas,
podendo apresentar
fraturas.
- Feldspatos:
tamanhos
variados,classes de
alteração 1, 2 e 3,
tipo pelicular e linear
irregular nas zonas
de fraturas.
Z1 – distribuição
paralela a
superfície.
Z2 – distribuição
aleatória.
- Feldspatos:
classes 1, 2 e 3 de
alteração, tipo
pelicular e irregular
nas zonas de
fraturas.
Z1 – distribuição
paralela à
superfície.
Z2 – distribuição
aleatória.
alteração, tipo
pelicular e irregular
nas zonas de
fraturas.
Distribuição
aleatória.
angulares.
- Feldspatos:
classes 1, 2 e 3 de
alteração, tipo
pelicular e irregular
nas zonas de
fraturas
Z1 – distribuição
ondulada.
Z2 – distribuição
aleatória.
alteração, tipo
pelicular e irregular
nas zonas de
fraturas
Distribuição
aleatória.
45
Material Fino
Z1 e Z2 = Bruno
amarelado claro
(LT) e amarelo
pálido (LI), límpido e
isótico.
Z1 e Z2 = Bruno
amarelado claro
(LT) e amarelo
pálido (LI), límpido e
isótico.
Z2 = Bruno
amarelado escuro
(LT) e amarelo
pálido (LI), límpido e
isótico.
Z1 =
Amareladobrunado.
Z2: Amarelo
brunado, com mais
presença de argila.
Z2 = Amarelo
brunado.
Fábrica-b
Z1 e Z2 =
Indiferenciada.
Z1 e Z2 =
Indiferenciada.
Indiferenciada.
Z1 e Z2 =
Indiferenciadas.
Indiferenciada.
Distribuição relativa
Z1 = Mônica –
Gefúrica –
Quitônica.
Z2 = Porfírica
Z1 = Mônica –
Gefúrica –
Quitônica.
Z2 = Porfírica
Porfírica
Z1 = Mônica -
Quitônica.
Zona 2 = Porfírica
Porfírica
Microestrutura
Z1= Complexa =
Grão simples e
grãos com películas
e pontes.
Z2 = Maciça.
Z1 = Laminar
Z2 = Maciça.
Maciça.
Z1 = Complexa -
grãos simples e com
películas.
Z2 = Maciça.
Maciça.
Porosidade
Z1 =
Empacotamento
simples.
Z1 =
Empacotamento
simples, cavidades
Poucas cavidades
irregulares.
Z1 =
Empacotamento
simples.
Poucas cavidades
irregulares.
Presença de canais
46
Z2 = Poucas
cavidades
irregulares.
(poucas) e vesículas
(base da zona 1).
Z2 = Poucas
cavidades
irregulares.
Z2 = Poucas
cavidades
irregulares.
Presença de canais
Feições Pedológicas Ausentes.
Z1 = Preenchimento
denso completo,
amarelo-brunado,
impura (argila+silte),
orientação fraca,
extinção ausente.
Ausentes. Ausentes.
Excrementos =
bruno-avermelhado,
moderada
coalescência,
moderadamente
preservados, em
cavidades regulares
próximos a
fragmentos de
raízes.
Legenda: Zona 1 (Z1), Zona 2 (Z2), Material grosso (MG), Porosidade (P), Material Fino (MF), Luz transmitida (LT), Luz incidente (LI).
47
O material fino apresentou-se, nas zonas 1 e 2, tanto para a testemunha
quanto para o tratamento sem cobertura, no intervalo 0h, nas cores Bruno
amarelado claro, na luz transmitida, e amarelo pálido para a luz incidente, além
de ser límpido e isótico, caracterizando o predomínio do quartzo e a perda de
argila.Para o intervalo 48h SSC, as características foram mantidas, exceto na
zona 1, a qual não esteve presente na lâmina. Para o tratamento com
cobertura morta, o intervalo 0h apresentou a zona 1 com coloração amarelada
brunada, indicando perda de argila, porém, na zona 2 encontra-se uma maior
quantidade de argila, mantida a cor predominante amarelada brunada. Para o
intervalo de 48h SCC, não foi observada a zona 1, porém, a zona dois
apresentou-se na coloração amarelada brunada com uma maior quantidade de
argila, indicando que houve uma transição do material argiloso inicialmente na
zona 1 para a zona2.
De acordo com as análises, tanto a testemunha quanto os tratamentos
solo descoberto e solo com cobertura nos intervalos 0 e 48h apresentaram
fábricas-b indiferenciadas. Para a distribuição relativa, a testemunha e o solo
descoberto no intervalo 0h apresentaram-se de forma Mônica – Gefúrica –
Quitônia na zona 1, já para o solo coberto, a distribuição observada foi Mônica
– Quitônica para a mesma zona e mesmo intervalo de chuva. A distribuição
relativa na zona 2 apresentou-se inalterada para todas lâminas, sendo elas de
forma Porfírica.
Para a microestrutura, foi possível perceber grandes variações quando
se compara a testemunha com as chuvas de 0 e 48h para o solo descoberto.
Inicialmente, o solo apresentava-se na zona 1 com uma microestrutura
complexa, formada por grãos simples e também grãos com películas e pontes,
evidenciando a existência de argila. Com a primeira chuva (0h), microestrutura
da zona 1 passou a ser laminar, resultado de uma reorganização do solo como
efeito da ação da chuva. Com a última chuva (48h) não foi observado a zona 1.
Entretanto, não foram observadas mudanças na zona 2 após as chuvas,
permanecendo a mesma com uma microestrutura maciça. Para o solo com
cobertura, a zona 1 manteve-se complexa com grãos simples e com películas,
evidenciando que a cobertura morta preservou a microestrutura do solo. Assim
como observado no tratamento anterior, a zona 2 também permaneceu
inalterada, com microestrutura maciça.
48
As mudanças provocadas pelo impacto das gotas de água da chuva
também são evidentes na porosidade, já que inicialmente o solo apresentava-
se na zona 1 com uma porosidade de empacotamento simples, e com a
primeira chuva com o solo descoberto além dessa característica foi possível
observar o surgimento de algumas cavidades e também vesículas na base
dessa zona. Com o solo coberto, a primeira chuva não apresentou mudanças
em relação à testemunha, ou seja, a cobertura morta foi eficiente para que a
porosidade fosse mantida. Para o intervalo 48h nos dois tratamentos a zona 1
não foi observada.No entanto, a zona 2 foi percebida em todas as lâminas com
a porosidade composta por poucas cavidades, acrescentando-se a isso a
presença de canais no tratamento com cobertura.
Inicialmente, o solo não apresentava feições pedológicas, porém após a
primeira chuva com o solo descoberto foram identificadas na zona 1 algumas
feições com preenchimento denso completo, de cor amarelo-brunado, além de
impura (silte e argila) presente na porosidade entre grãos maiores de uma das
camadas, com orientação fraca e extinção ausente. Para o mesmo intervalo
com o solo protegido, as feições foram ausentes. No intervalo 48h, o solo
descoberto apresentou feições ausentes, enquanto que com o solo com
cobertura foram identificados excrementos e feição na cor bruno avermelha de
moderadas coalescência e preservação. Essas feições encontram-se em
cavidades regulares próximas a fragmentos de raízes.
Observando as lâminas percebe-se que os selos superficiais não foram
registrados. Um forte indício de que a falta de agregação nos solos não
possibilitou formação do encrostamento superficial, o que se encontra em
conformidade com os resultados obtidos por Silva (2016). No entanto, a perda
da zona 1 em ambos os tratamentos no intervalo de 48h evidenciou que a força
de cisalhamento da chuva foi de tamanha proporção que nem mesmo o uso da
cobertura morta conseguiu evitar esse efeito.
Outro ponto importante a ser considero em relação a não observação do
selo superficial deve-se à insuficiência da ação dos ciclos de umedecimento e
secagem na reorganização do material fino. Esses ciclos são relevantes para
formação do encrostamento superficial.
De acordo com BORGES et al. (2014), a formação do selamento
superficial é resultante de uma série de fatos, ente eles: oscilações de
temperaturas e repetitivos ciclos de umedecimento e secagem do solo.
49
Sendo assim, a cobertura morta foi eficaz na preservação da porosidade
e da microestrutura do solo para a chuva de 0h, fato que não percebido para a
chuva no intervalo de 48h.
Figura 15. Micrografia da heterogeneidade da camada superficial na testemunha (A) e no intervalo 0h para SSC (B) e SCC (C).
A
B
C
50
De uma forma geral, a distribuição dos grãos foi heterogênea para a
testemunha e para intervalo 0h com e sem cobertura (Figura 15). Além disso,
apresentaram duas zonas (1 e 2) bem distintas. A heterogeneidade na zona 1
foi resultado da exposição do solo às chuvas (ROSA et al., 2013). Já para o
intervalo 48h, com e sem cobertura, encontraram-se apenas a zona 2, o que
sugere que a zona 1 foi erodida pela ação das chuvas simuladas.
Observando a lâmina testemunha (A), foi possível destacar claramente
duas zonas: zona 1 = próxima à superfície com espessura de
aproximadamente 0,5 cm e com transição abrupta e paralela para a próxima
zona. A zona 2 foi de subsuperfície, contendo materiais mais grossos
distribuídos de maneira aleatória (Figura 16).
Figura 16. Micrografia da lâmina testemunha com a zona 1 e zona 2.
No entanto, após a chuva no intervalo de 0h para o solo sem cobertura
(SSC) ficaram evidentes as primeiras mudanças em relação à testemunha.
Passou-se a observar com uma menor expressividade as duas zonas na
lâmina. A zona 1, que estava próxima a superfície passou a ter espessura de
aproximadamente 2 cm, composta por materiais mais finos (areia fina + areia
média + argila). Enquanto que a zona 2 apresentou uma menor quantidade de
argila, distribuídas de forma ondulada e abrupta (figura 17).
51
Figura 17. Micrografia do solo descoberto no intervalo de chuva 0h com a divisão ondulatória entre zonas 1 e 2.
A perda de argila e a reorganização da areia fina provavelmente deram
surgimento às vesículas. Para o solo com cobertura (SCC) o intervalo 0h
apresentou-se com menos perturbações. A zona 1 manteve-se com 0,5 cm
com pontos que chegam a no máximo 1cm, tendo o domínio de grãos médios e
finos. A transição dessa zona para a segunda foi de forma ondulada e clara
(figura 18).
52
Figura 18. Micrografia do solo com cobertura no intervalo de chuva 0h com a divisão ondulatória entre as zonas 1 e 2.
A zona 2 em todas as lâminas manteve-se inalterada, ou seja, a ação da
chuva não causou efeitos nesta zona (Figura 19).
53
Figura 19. Micrografia da zona 2 do solo inalterada para a testemunha (A), solo sem cobertura no intervalo 0h (B) e 48h (C); solo com cobertura no intervalo 0h (D) e 48h (E).
A B
C D
E
54
7. CONCLUSÕES
1. O uso da cobertura morta reduziu a perda de solo em até 73,68%, a taxa
de desagregação em até 75,53%, a perda de água em até 40,36% e a
resistência à penetração em até 56,31%.
2. O solo coberto com resíduos vegetais obteve um acréscimo de
infiltração de até 250,32% e também um retardo no início do
escoamento superficial.
3. A utilização da cobertura morta reduziu os valoresde resistência à
penetração, saindo do intervalo crítico (2 a 3 MPa) e proporcionando
condições adequadas para o desenvolvimento radicular.
4. Tanto no solo com cobertura quanto no solo sem cobertura houve
erosão entressulcos devido ao regime de escoamento laminar lento.
5. A cobertura proporcionada pela Brachiariadecumbens preservoua
microestrutura do solo coberto, enquanto que sua ausência evidenciou
alteração da porosidade e microestrutura, além da perda de argila.
6. Devido à falta de agregação do solo, não foram identificados selamentos
superficiais, porém, a cobertura morta foi eficaz na preservação da
porosidade e da microestrutura do solo para a chuva de 0h.
55
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