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i UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENFERMAGEM ASSISTENCIAL ENSINAR PARA CUIDAR: O ENFERMEIRO E O FAMILIAR CUIDADOR DO IDOSO EM INTERNAÇÃO DOMICILIAR Autora: Neusa Maria de Azevedo Orientadora: Profª Drª Fátima Helena do Espírito Santo Niterói Agosto 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

MESTRADO PROFISSIONAL EM ENFERMAGEM ASSISTENCIAL

ENSINAR PARA CUIDAR: O ENFERMEIRO E O FAMILIAR

CUIDADOR DO IDOSO EM INTERNAÇÃO DOMICILIAR

Autora: Neusa Maria de Azevedo

Orientadora: Profª Drª Fátima Helena do Espírito Santo

Niterói Agosto 2010

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ENSINAR PARA CUIDAR: O ENFERMEIRO E O FAMILIAR CUIDADOR DO IDOSO EM INTERNAÇÃO DOMICILIAR

Autora: Neusa Maria de Azevedo

Orientadora: Profª Drª Fátima Helena do Espírito Santo

Dissertação apresentada a Banca Examinadora do Curso de Mestrado em Enfermagem Assistencial da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense /UFF como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre.

Niterói Agosto 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

MESTRADO PROFISSIONAL EM ENFERMAGEM ASSISTENCIAL

ENSINAR PARA CUIDAR: O ENFERMEIRO E O FAMILIAR

CUIDADOR DO IDOSO EM INTERNAÇÃO DOMICILIAR

Linha de Pesquisa: Cuidado de Enfermagem para Grupos Humanos

Autora: Neusa Maria de Azevedo

Orientadora: Profª Drª Fátima Helena do Espírito Santo (UFF)

Banca Examinadora

Profª Drª Fátima Helena do Espírito Santo (UFF) – Presidente

Profª Drª Jaqueline Da Silva (UFRJ) – 1ª Examinadora

Profª Drª Rosimere Ferreira Santana (UFF) – 2ª Examinadora

Profª Drª Ana Maria Domingos (UFRJ) – Suplente

Profª Drª Patrícia dos Santos Claro Fuly (UFF) – Suplente

Niterói Agosto 2010

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A 994 Azevedo, Neusa Maria de

Ensinar para cuidar: o enfermeiro e o familiar cuidador do idoso em internação domiciliar / Neusa Maria de Azevedo. – Niterói: [s.n.], 2010.

XX f.

Dissertação (Mestrado Profissional em Enfermagem Assistencial) - Universidade Federal Fluminense, 2010.

Orientador: Profª. Fátima Helena do Espírito Santo.

1. Enfermagem. 2. Assistência domiciliar. 3. Família. 4. Idoso. I.Título.

CDD: 610.73

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Dedicatória

A Deus que na sua infinita sabedoria deu-me forças e condições para cuidar por mais de quinze anos do meu pai, que ainda jovem, iniciou processo de perdas cognitivas. Esta convivência permitiu-me compreender e realizar este estudo.

Ao meu pai e avós maternos pela convivência longa e diária, possibilitou deles cuidar, permitindo compreender a fragilidade humana demonstrada através do nossos corpos e a finitude de nossas vidas.

A minha mãe, que sempre me incentivou a estudar quando jovem, e que nos últimos meses disputava a minha atenção com os estudos. Mas, que por fim percebeu do que eu falava, e muito colaborou com o cuidado da minha casa para que este estudo pudesse acontecer. Obrigada, minha mãe.

Aos idosos, motivo principal desta pesquisa, que juntamente com os seus familiares cuidadores me acolheram em suas casas oportunizando o melhor fazer desta pesquisa.

Aos familiares cuidadores, pessoas que priorizam as necessidades dos seus familiares doentes e que na maioria das vezes deixam em segundo plano as suas próprias necessidades, para proporcionar o melhor de si no enfrentamento diário do cuidar de outro ser.

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Agradecimentos

Ao estar concluído este estudo que muito colaborou para o meu crescimento intelectual, possibilitando uma visão ampliada da academia. Quero agradecer a todos que direta ou indireta contribuíram e me deram apoio neste caminhar. Creio ser impossível mencionar a todos, mas, faço destaque de maneira muito especial aos que estiveram muito próximos a mim.

Ao amigo Roberto dos Santos Oliveira, um dos principais responsáveis por eu estar seguindo este caminho. Muito obrigada .

Ao Nivaldo, meu marido, pelo apoio, colaboração e carinho ao longo desta jornada.

A minha filha Marisol, que precisou conviver com a minha ausência motivada por esta construção. Te amo, minha filha.

Ao meu filho Diego, pela grande colaboração na construção deste estudo. Te amo, meu filho!!!

A minha orientadora, Professora Drª Fátima Helena do Espírito Santo, pela maneira carinhosa, amiga e incentivadora desde o nosso primeiro encontro. Pela sua parceria na construção desta pesquisa, em fazer-me crer nas minhas possibilidades. Muito obrigada!!!

A todos os professores do Mestrado Profissional da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa, da Universidade Federal Fluminense, pelo aprendizado transmitido durante o curso.

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Às Professoras Doutoras, membros da banca examinadora, que gentilmente aceitaram o convite.

Aos colegas de turma, pelos ótimos momentos que compartilhamos enquanto alunos.

A todos os funcionários do Programa de Internação Domiciliar do Hospital Geral de Nova Iguaçu, na pessoa da enfermeira Andrea Valéria Maia Mirão Alves, que é a alma do programa. Obrigada, pela maneira simpática que me acolheram, e que facilitou a minha pesquisa de campo.

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Trabalho de Pesquisa patrocinado pelo Empreendimento Esportivo e Lazer Vale dos Ipês Ltda Créditos Revisão de português – Diego Azevedo Sodré Revisão bibliográfica – Diego Azevedo Sodré Revisão de inglês – Diego Azevedo Sodré

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Cuidar...

Quem cuida, cuida de alguém, de alguma coisa...

Cuidar precisa de um objeto para ser cuidado.

Cuidar tem raízes na Vida e frutos na sobrevivência...

Cuidar envolve muito cuidado, estima, afeição...

Cuidar exige competência, conhecimento e dedicação!!!

Cuidar...

De quem eu cuido ou, como eu cuido de mim,

Do outro, da natureza, do Mundo?

Cuidar ocupa espaço ultrapassa limites,

Possui inúmeras dimensões...

É para além!!!

Além de si, além do outro, além da própria Vida.

Como eu conjugo o verbo cuidar?

Para cuidar tem que saber, tem que querer...

Cuidar envolve interação, relação, coesão, disposição!!!

Cuidar requer sensibilidade,

Cuidar envolve muita emoção!!!

Cuidar...

Idas e vindas, chegadas e partidas...

Cuidar é encontro, mas pode gerar desencontros.

Cuidar...

Eu cuido, tu cuidas, eles cuidam...

Fátima Helena do Espírito Santo (2008)

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RESUMO

Trata-se de uma pesquisa desenvolvida no Programa de Mestrado Profissional de

Enfermagem Assistencial da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa - EEAAC, da

Universidade Federal Fluminense – UFF, cujos objetivos foram: 1- discutir as

possibilidades de orientação e suporte ao familiar cuidador do idoso pelo enfermeiro; 2-

descrever o ambiente domiciliar do idoso; 3- caracterizar o familiar cuidador do idoso; 4-

conhecer o perfil do idoso em situação de internação domiciliar; 5- identificar as

necessidades do familiar cuidador do idoso em internação domiciliar. Estudo de natureza

qualitativa do tipo estudo de caso, desenvolvido com 20 familiares cuidadores de idosos

em situação de internação domiciliar, captados no Programa de Internação Domiciliar do

Hospital Geral de Nova Iguaçu (PID-HGNI). A coleta de informações envolveu observação

participante no domicílio dos sujeitos e entrevistas com o familiar cuidador desses idosos,

bem como a aplicação de um roteiro para sua caracterização. Após analise temática dos

dados, emergiram três categorias: “Percebendo o Cuidando do idoso”, “Percebendo os

Sentimentos de quem cuida” e “As orientAções da enfermeira ao familiar cuidador do

idoso”. A primeira possibilitou visualizar que todos os idosos do estudo apresentavam

limitações em realizar tanto as atividades de vida diária (AVDs) como também as

atividades instrumentais de vida diária (AIVDs), o que os tornavam extremamente

dependentes do familiar cuidador. Esta dependência ocasionou mudanças no cotidiano

deste familiar, levando a alterações em sua vida, manifestadas a partir da sobrecarga de

cuidados, afastamento do trabalho, cansaço físico e déficit de auto-cuidado (principalmente

quando este cuidado ocorre de maneira solitária sem a colaboração de outros familiares). A

seguir, na segunda categoria, demonstra-se no dia-a-dia deste cuidar os sentimentos

aflorados pela vivência/convivência do familiar cuidador com o idoso. Suas falas revelam

sentimentos de dever e obrigação pelo matrimônio ou pela vida em comum; retribuição dos

cuidados recebidos no passado; sentimentos ambíguos na conciliação do cuidado com

outras atividades; incertezas frente ao amanhã; apoio religioso. Todos estes sentimentos

mobilizam o familiar cuidador a desempenhar a atividade de cuidar do seu familiar idoso,

independente dos possíveis danos que possam sofrer; apesar de existirem relatos de

melhora da própria saúde e planos pessoais para futuro em decorrência da atividade

realizada. Finalmente, na categoria “As orientAções da enfermeira ao familiar cuidador do

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idoso”, revela-se o cotidiano do familiar cuidador, na situação da doença, o

desconhecimento e a falta de habilidades para cuidar desses idosos. Neste contexto, a

enfermeira passa a ter o foco neste familiar, através da observação de como ele enfrenta a

situação do cuidado ao idoso, que ocorre de maneira cotidiana e progressiva, associando e

visualizando os recursos disponíveis. A implementação de ações educativas possibilitam ao

familiar cuidador alcançar independência para realizar os cuidados necessários, diminuindo

o estresse deste cotidiano e abrindo ainda possibilidades de resgate do autocuidado.

Concluímos que cabe à enfermeira conhecer o ambiente domiciliar, sua dinâmica,

identificar o perfil do idoso e de seu familiar cuidador antes de estabelecer um programa de

orientações porque é no cotidiano do cuidado ao idoso em internação domiciliar que

emergem situações que demandam orientações, escuta e olhar atentos às necessidades tanto

do idoso quanto do familiar cuidador, que necessita de suporte e ajuda para saber cuidar do

idoso e de si mesmo no inquietante contexto que os envolve durante o processo de

internação domiciliar.

Descritores: enfermagem, assistência domiciliar, família, idoso.

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ABSTRACT

It is about a research developed at Escola de Enfermagem Aurora Afonso Costa –

EEAAC – at Universidade Federal Fluminense's Programa de Mestrado Profissional de

Enfermagem Assistencial, whose goals were 1- discuss the possibilities of guiding and

support to the family caregiver of elderly people; 2- describe the domiciliary environment

of the elderly; 3- characterize the family caregiver; 4- identify the elderly people in

situation of home care; 5- identify family caregivers' needs. Study case by qualitative

aproach developed with 20 elderly in situation of domiciliary. The caregivers familiar are

recruited at Programa de Internação Domiciliar of Hospital Geral de Nova Iguaçu (PID-

HGNI). In data collection used participant observation, and interviews with caregiver

familiar of elderly with support one instrument to data collection to characterization the

research participants. The information analyzing unveiled three thematic categories:

"Realizing the care of to elderly", "Realizing the feelings of the familiar caregiver" and

"The nurses’ guidelines to family caregivers of the elderly". The first one enables the view

that all subjects had limitations in performing both survival and instrumental activities of

daily living, that making them highly dependent on the family caregiver. This dependence

causes changes in family daily living, leading the changes in their lives, expressed as

follows: care burden, absence from work, physical exhaustion, self-care deficit (especially

when this care is lonely with no cooperation from other family members). Next, the second

category demonstrates that feelings of everyday care are evidenced by family caregivers

and the elderly’s experience/coexistence. The results manifest feelings of duty and

obligation by marriage or others commitments; reciprocation of the care received in the

past; mixed feelings up in the coordinating care and other activities, uncertainties related to

the future; and religious support. All these feelings mobilize the family caregivers to

perform the activity of caring of their elderly relatives, regardless of the possible damage

they may suffer. However, there are reports of improvements in their own health and

personal plans for the future as a result of the activity done. At last, in the third category

the family caregiver’s everyday life in disease situation and lack of knowledge and skills to

take care of the elderly is revealed. In this context, the nurse focuses on observation of how

the family caregiver faces the care to the elderly, which occurs in a daily and progressive

way, associating and identifying the available resources. The implementation of

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educational interventions enables the caregiver to achieve independence to carry out the

necessary care, reducing stress on everyday life, opening up further possibilities for

redemption of self-care. We conclude that it is up to the nurse getting to know the home

environment, its dynamics, to identify the elderly and their family caregivers’ profiles

before establishing one orientation program due to be in the daily care of elderly at

homecare situations that arise up required orientation, attentive listen and look to the needs

of the elderly as well as the caregiver familiar, who needs support and help to learn how to

take care of the elderly and of himself within the disturbing context that surrounds them

during the process of homecare.

Keywords: nursing, domiciliary assistance, family, elderly.

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SUMÁRIO

CONSIDERAÇÕES INICIAIS 1

- O Tema da Pesquisa 2

- Questões Norteadoras 4

- Objetivos 4

- Justificativa 5

- Contribuições do Estudo 7

CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 8

- O Envelhecimento Populacional 9

- O Processo de Envelhecimento 10

-As Repercussões do Envelhecimento 11

- Idoso Frágil 12

- Síndromes Geriátricas 13

- A família e o cuidado ao idoso 15

- Estrutura familiar 15

- Familiar cuidador: situação do cuidado 16

Aspectos legais da atenção ao idoso: política nacional 18

- Assistência Domiciliar 19

- Cuidados de enfermagem ao idoso 22

CAPÍTULO II –TRAJETÓRIA METODOLÓGICA 25

- Caracterização da Pesquisa 26

- Sujeitos e Cenários da Pesquisa 26

- Aspectos éticos da Pesquisa 27

- Coleta de informações 27

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- Organização e Análise das informações 28

CAPÍTULO III – O CONTEXTO DA PESQUISA: PROGRAMA DE INTERNAÇÃO DOMICILIAR DO HOSPITAL GERAL DE NOVA IGUAÇU

30

- A Cidade de Nova Iguaçu 31

- O Hospital Geral de Nova Iguaçu 34

- O Programa de Internação Hospitalar (PID) 35

CAPÍTULO IV – O FAMILIAR CUIDADOR E O IDOSO EM INTERNAÇÃO

DOMICILIAR

38

- O cuidado domiciliar 39

- Conhecendo o espaço domiciliar 40

- Conhecendo os sujeitos 41

- Caracterização do familiar cuidador 42

- Caracterização do idoso 52

- Percebendo o cuidado ao idoso 59

- Percebendo os sentimentos de quem cuida 63

- OrientAções da enfermeira ao familiar cuidador do idoso 68

CONSIDERAÇÕES FINAIS 79

REFERÊNCIAS 85

APÊNDICES

- Apêndice A: Termo de consentimento Livre e Esclarecido 94

- Apêndice B: Roteiro de Avaliação do Idoso 95

- Apêndice C: Roteiro de Entrevista do familiar cuidador 97

- Apêndice D: Roteiro de Observação do ambiente domiciliar 99

ANEXOS

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- Anexo A- Aprovação do CEP 101

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Acreditamos que o envelhecer não seja um motivo para o desespero, mas a base para a esperança; não um lento declínio, mas um processo natural gradual; não um destino do qual temos de nos submeter, mas uma chance preciosa a mais que deve ser abraçada.

(Leo Pessini)

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O tema da pesquisa

O fenômeno do envelhecimento populacional tem sido observado em todo o

mundo, portanto, é um processo global observado, primeiramente, nos países

desenvolvidos e durante as últimas décadas tem ocorrido também nos países em

desenvolvimento [1].

O processo de envelhecimento populacional brasileiro começou a ser observado e

descrito a partir da década de 1960, nas regiões mais desenvolvidas, com o declínio da

fecundidade e das taxas de mortalidade, estendendo-se para as demais regiões e para todas

as classes sociais do país [1; 2; 3; 4; 5; 6]. Assumindo características peculiares pela rapidez com

que vem se instalando e, de acordo com os padrões estabelecidos pela Organização

Mundial de Saúde (OMS), o Brasil já pode ser considerado estruturalmente envelhecido,

uma vez que mais de 7% de sua população possui hoje 60 ou mais anos de idade [7].

Se, por um lado, o envelhecimento populacional trouxe os benefícios de uma maior

longevidade por outro, trouxe um novo perfil de morbi-mortalidade, caracterizado pelo

aumento de doenças crônicas não transmissíveis. Assim, atualmente constatamos no Brasil,

a inadequação do setor de saúde, no que tange aos recursos humanos, materiais,

tecnológicos e alternativos para lidar com as características do envelhecimento,

especialmente no que se refere ao perfil de doenças que acometem mais os idosos [8].

Nesse contexto, o domicílio vem surgindo como espaço de cuidado com a

finalidade de dinamizar a utilização dos leitos hospitalares e racionalizar os custos,

possibilitando uma atenção com fins na vigilância à saúde e na humanização do cuidado ao

idoso. Portanto, o Programa de Internação Domiciliar (PID) representa uma estratégia na

reversão da atividade centrada em hospitais e propicia a construção de nova lógica, com

enfoque na promoção, prevenção à saúde e na humanização. Entende-se, que a análise dos

programas em funcionamento pode contribuir para a definição de políticas públicas de

saúde rumo à efetivação dos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), que

possibilitará reduzir o tempo de permanência do paciente e da família no ambiente

hospitalar, valorizando novos espaços e novas maneiras de organização das tecnologias no

cuidado ao idoso dependente, em situação de internação domiciliar [9].

O cuidado domiciliar está centrado no cliente, na família, em suas respectivas inter-

relações e no contexto da casa. Assim, temos o cuidado familiar no domicílio, que pode ser

caracterizado como um conjunto de ações dirigidas a uma pessoa que demanda cuidados

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de saúde, desenvolvidas por um ou mais membros da família no próprio domicílio. Estas

pessoas são denominadas familiares cuidadores [10].

Portanto, a escolha do familiar cuidador pode se dar por vontade própria ou por

imposição; ele prioriza a necessidade do outro. Porém, muitas vezes sentindo-se

pressionado por necessidades imediatas, deixa as suas demandas em segundo plano. A

fragilidade, a dependência e vulnerabilidade do idoso sublinham ainda mais fortemente a

força da obrigação ligada a existência humana, exigindo pelo cuidado a preservação da

vida do idoso, com isto estabelecendo uma relação de ajuda entre o familiar cuidador e o

idoso, que na impossibilidade de sobreviver por si, perde a autonomia e consequentemente

não podendo realizar suas atividades de vida diária (AVDs) [11].

Isso porque nessa etapa da vida ocorrem alterações funcionais que, embora variem

de um indivíduo para outro, são encontradas em muitos idosos e estão associadas ao

processo de envelhecimento natural, acarretando, portanto, maior predisposição do

indivíduo ao surgimento de condições crônicas de saúde e suas possíveis sequelas

debilitantes, que impossibilitam estar desenvolvendo suas AVDs [2;5;6;11].

Logo, percebemos que, na maioria das situações, os vínculos intra-familiares

influenciam na escolha de quem assumirá o papel de cuidador principal. Geralmente, tem

influência certas circunstâncias, por exemplo, o fato de ser mulher; a filha caçula ou a mais

velha; estar separada, estar solteira; desempregada; morar com o pai ou a mãe idosa frágil;

e, de alguma maneira, em situação de sentir-se na obrigação de cuidar, ser for o cônjuge

(esposo ou esposa), considerando também o valor afetivo e moral estabelecido na relação

matrimonial [12].

A função de ser familiar cuidador tende a ser assumida por uma única pessoa, a

qual geralmente é denominada de cuidador principal podendo ser por instinto, vontade,

disponibilidade, capacidade ou também, às vezes, ocorre com intenção de reparar ou de

amenizar culpas que já permeavam a relação cuidador-cuidado[13]. Outra situação, que

também pode ser um fator determinante para o familiar tornar-se cuidador é a obrigação

e/ou dever que o mesmo tem para com idoso. Podendo ser entendido como um sentimento

natural e subjetivo, ligado a um compromisso, que foi sendo construído ao longo da

convivência familiar entre o cuidador e o idoso; demonstrando que o processo de tornar-se

familiar cuidador pode ser imediato ou gradual e depende das vivências ocorridas no

passado [13; 14].

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Lidar com a doença crônica de um de seus membros ou qualquer outro evento

estressante e destrutivo, como alcoolismo, AIDS e demência, podem gerar tensão e

preocupações na família principalmente quando a situação impõe a necessidade de tomar

iniciativa para elaborar seu próprio plano de intervenção visando enfrentar as exigências de

determinado familiar com problemas, reajustando e adaptando papéis familiares, uma vez

que a própria família pode tornar-se fragilizada ao longo de algumas destas demandas.

Logo, a família com estas possíveis demandas passa a ser foco de atenção do enfermeiro

que necessita aplicar uma abordagem que inclua a família no planejamento das ações de

cuidado. Através da efetiva participação da família neste cuidado garantem-se a

preservação dos valores culturais e a valorização do domicílio como o principal lócus de

cuidados informais em saúde possibilitando uma atenção humanizada [15].

No contexto domiciliar o familiar cuidador do idoso vivencia situações as quais ele

não se sente preparado para realizar demandando do enfermeiro a necessidade de

estabelecer orientações a este familiar proporcionando apoio e suporte que podem

contribuir tanto para a melhora das condições de saúde do idoso, quanto para o próprio

familiar que precisa readaptar a sua rotina de vida para suprir as necessidades do idoso em

situação de internação domiciliar.

A luz dessas considerações o objeto desse estudo é o familiar cuidador do idoso em

internação domiciliar.

Questões Norteadoras:

• Como se caracteriza o familiar cuidador do idoso em situação de internação

domiciliar?

• Quais as necessidades do familiar cuidador do idoso em situação de

internação domiciliar?

Objetivos:

Para responder a estas questões foram elaborados os seguintes objetivos:

• Objetivo Geral: discutir as possibilidades de orientação e suporte ao familiar

cuidador do idoso pelo enfermeiro

• Objetivos específicos:

• Descrever o ambiente domiciliar do idoso;

• caracterizar o familiar cuidador do idoso;

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• conhecer o perfil do idoso em situação de internação domiciliar;

• identificar as necessidades do familiar cuidador do idoso em

internação domiciliar.

Justificativa:

O envelhecimento nos dias atuais é uma realidade na maioria das sociedades

desenvolvidas e em desenvolvimento e o Brasil também se inclui nesta realidade;

tornando-se temática relevante do ponto de vista científico e de políticas públicas,

mobilizando pesquisadores e promotores de políticas sociais na discussão dos desafios que

a longevidade humana está colocando para a sociedade [4].

Os agravos de saúde de longa duração que acometem os indivíduos idosos têm na

própria idade seu principal fator de risco porque leva estes idosos ao maior número de

doenças crônicas, maior prevalência de incapacidades funcionais e agregam-se ainda a

idéia da baixa renda, advindas das aposentadorias ou da inexistência delas, uma vez que a

situação sócio-econômica vivida pelos idosos tem influência direta nas condições de saúde.

Isto é relatado pela análise dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio

(PNAD) de 1998, que aponta que os idosos que dispõem de renda mais baixa apresentam

piores condições de saúde, pior função física e com certeza utilizam menos os serviços de

saúde e mostram que mesmo as pequenas diferenças na renda mensal per capita são

suficientes para estarem confirmando estes resultados [16].

No Brasil, ultrapassa a 18 milhões, o número de idosos, o que representa 10% da

população, sendo que houve um crescimento de 5 milhões de pessoas nesta faixa etária, no

período de 1995 a 2005[17].

A problemática do idoso no Brasil, segundo estudos epidemiológicos, coloca-se

como um desafio para a Saúde Pública, que para diminuir as desigualdades demanda ação

imediata, tanto social, quanto de saúde, para os diferentes estratos dessa população, que

possibilitará um amparo adequado tanto do sistema público como no previdenciário;

permitindo o envelhecimento saudável, visando manter os idosos independentes o maior

tempo possível [3].

Assim, em 1999 o Ministério da Saúde, como forma de enfrentamento desse

problema de saúde pública, instituiu a Política de Saúde dos Idosos (PNSI), por meio da

Portaria n° 1395/GM, a qual em outubro de 2006 reformulou-a com a Portaria n°

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2528/GM. Entre os temas abordados na política nacional para os idosos está a promoção

do envelhecimento saudável e a manutenção da máxima capacidade funcional, pelo maior

tempo possível [2].

Nesta fase, muitos idosos, no entanto, experimentam alguma fragilidade. A doença

traz consigo muitas alterações no campo emocional como fator de regressão, no sentido de

estar acentuando sentimentos de fragilidade, dependência e insegurança. O estado de

doença ocasiona ainda algumas repercussões psíquicas inevitáveis, como preocupações,

angústias, medos, alterações da auto-imagem e dependência [11].

Em consequência da crescente demanda desta população idosa nas instituições

hospitalares, ocasionada pelo agravamento das complicações de patologias típicas desta

faixa etária, pois os idosos constituem grande parte dos pacientes internados, cuja média de

permanência é elevada, não permitindo uma maior rotatividade dos leitos, e, além disto,

confere altos custos hospitalares [18].

A assistência hospitalar, além dos altos custos, também é questionada em relação à

abordagem dos idosos e suas especificidades, o que reforça a necessidade de

implementação de ações de saúde voltadas para uma prática humanizada, em que se

respeitem os direitos do usuário, com preservação de suas relações familiares e valores

socioculturais [19].

Em contrapartida, a assistência domiciliar com enfoque gerontológico beneficia em

especial a população idosa acometida por doenças crônicas não transmissíveis, que em

decorrência da sua independência comprometida necessita de cuidados no seu contexto

familiar. Ensinar ao paciente e sua família as metas de saúde a serem alcançadas, e

possibilitar a reintegração do idoso ao seu núcleo familiar ou de apoio, através de uma de

assistência humanizada e integral, melhora, com efeito, a sua qualidade de vida [20].

Assim, o Ministério da Saúde (MS) preconiza a internação domiciliar como

possibilidade de assistência ao idoso, destacando, porém, que a mesma não substitui a

internação hospitalar, e que deve ser sempre utilizada no intuito de humanizar e garantir

maior conforto à população idosa, ao qual se refere este estudo. Para tanto, a internação

domiciliar será possível acontecer quando as condições clínicas do idoso e a situação

familiar se encontrarem em condições conforme orientação do Ministério da Saúde.

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Contribuições do Estudo:

O presente estudo apresenta relevância científica pelo fato de ser um tema atual que

possui potencial investigativo em face da complexidade que envolve tanto o ambiente

domiciliar, quanto as peculiaridades do familiar que assume a função de cuidador do idoso

o qual apresenta especificidades decorrentes do processo de envelhecimento e das

necessidades emergentes da evolução das doenças que o acometem e suas repercussões

para sua autonomia, independência e capacidade funcional.

No que se refere ao ensino e prática assistencial, tendo em vista o aumento

progressivo da população idosa e das demandas nos serviços de saúde, o estudo poderá

subsidiar reflexões sobre a formação e atuação dos profissionais de saúde que precisam

reconhecer importância da dimensão do binômio familiar cuidador / idoso, desenvolvendo

habilidades e competências para cuidar do idoso de forma integral.

Este estudo não esgota as discussões referentes ao tema, porém contribui com o

cuidado de enfermagem ao idoso dependente, em especial aqueles com doenças crônicas

não transmissíveis despertando discussões sobre a viabilização de estratégias de

intervenção multiprofissional que possam contribuir para prevenção de complicações,

reduzindo a necessidade de hospitalização e/ou institucionalização, através da

implementação do programa de atendimento domiciliar, pelas instituições.

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CAPÍTULO I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O anoitecer da vida deve também possuir um significado próprio e não pode ser apenas um apêndice lamentável do amanhã.

(Carl Jung)

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Envelhecimento populacional

A Organização Pan-americana de Saúde (OPAS) define envelhecimento como um

processo sequencial, individual, cumulativo, irreversível, universal, não patológico, de

deterioração de um organismo maduro, próprio a todos os membros de uma espécie, de

maneira que o tempo o torne menos capaz de fazer frente ao estresse do meio-ambiente e,

portanto, aumente sua possibilidade de morte. Trata-se, portanto de um processo natural

progressivo que assim deve ser percebido [2; 16; 21].

Neste novo século, será característica da população mundial, um aumento

expressivo de pessoas com sessenta anos ou mais. Aproximadamente 370 milhões de

idosos, dos seiscentos milhões de idosos vivem nos países em desenvolvimento e, para os

próximos vinte anos há projeção de uma população de mais de um bilhão de idosos dos

quais, 70% irão residir em países pobres ou em vias de desenvolvimento [22].

O Instituto Brasileiro Geografia e Estatística (IBGE), em 1991, recenseou 13.865

idosos centenários no Brasil e, em 2000, foram recenseados 24.576 indivíduos, o que

representa um aumento de 77% em nove anos. Neste século o crescimento do número de

idosos centenários continuará acelerado para as próximas décadas. É esperado que em

2050 existam 160.000 idosos com 100 anos e mais no Brasil, o que representará uma

população de idosos, aproximadamente, sete vezes maior do que a recenseada em 2000[23].

Observa-se que o aumento da população idosa nos remete a velhice como uma

questão social, na qual envelhecer é parte de uma fase da vida com ocorrência de

mudanças físicas, psicológicas e sociais, peculiar a cada pessoa. Refletindo sobre a própria

existência, percebe-se que muitos objetivos foram alcançados, mas também, muitas perdas

aconteceram e a saúde tende a ser um dos aspectos mais afetados. Nossa sociedade ainda

valoriza pouco essas mudanças decorrentes do envelhecimento pelo fato de ser um modelo

capitalista, que valoriza o homem pela sua capacidade produtiva. Portanto estas perdas

marginalizam e conferem ao idoso a perda do seu valor social. Porém, na década de 80, a

velhice passou a ser observada como um processo natural na vida dos seres humanos,

surgindo uma rede de instituições de prestação de serviços com vistas à promoção de

cuidados integrais de saúde aos idosos [24].

O envelhecimento inicia-se com o nascimento; portanto, é um processo dinâmico,

progressivo, inevitável, com ritmo e características específicas em cada pessoa,

relacionadas também a aspectos genéticos, fatores ambientais e as agressões a que estão

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sujeitos ao longo da vida. Por ser um grupo diferenciado, tanto pelas condições sociais

como no aspecto dos cuidados necessários para manter à sua saúde e ao bem-estar, este

grupo de pessoas idosas é mais vulnerável as doenças crônicas não transmissíveis e

doenças associadas, do que os demais grupos etários [6; 11; 12].

Assim, a meta principal para o atendimento à saúde do idoso passa a ser a sua

capacidade funcional, para que permaneça autônomo e independente o maior tempo

possível, e não simplesmente com a intenção de prolongar sua vida. Portanto, é

fundamental que o SUS garanta o atendimento aos cuidados progressivos de saúde e a

promoção de saúde e a prevenção de doenças através das políticas, e que o idoso seja

avaliado de forma holística, não perdendo o foco da manutenção da sua capacidade

funcional [25].

Processo de envelhecimento

O envelhecimento não começa subitamente aos 60 anos, ele é construído ao longo

da vida, pelo acúmulo e interações de processos sociais, de saúde e de comportamentos.

Portanto, é preciso enfatizar que para construir o envelhecimento e alcançar uma velhice

saudável é preciso promover a saúde ao longo da vida e isso depende da forma como a

pessoa vê e sente o mundo, de modo a atribuir valores a velhice no seu contexto individual

e global [26].

As alterações biológicas, psicológicas e sociais decorrentes do processo de

envelhecimento aumentam a susceptibilidade às doenças e instalação de incapacidades. As

múltiplas doenças que os idosos tendem a desenvolver de natureza crônica podem provocar

limitações e dependência, interferindo na qualidade de vida dos mesmos. Ter boa qualidade

de vida, não se refere ao fato de não ter sido acometido por doenças, mas mesmo

acometidos preservarem a sua funcionalidade positiva no desempenho de tarefas e/ou

papéis sociais e na capacidade de executar atividades do seu cotidiano, sem necessitar da

ajuda de outras pessoas [2,27].

No envelhecimento ocorrem alterações que são fisiológicas, porém quando

associadas a doenças crônicas podem levar a uma limitação na capacidade do idoso para

desenvolver e desempenhar suas atividades básicas da vida diária como: tomar banho,

vestir-se, evacuar e urinar sem ajuda, alimentar-se, caminhar, sentar-se e levantar-se de

uma cadeira ou da cama. A ocorrência destas doenças pode ocasionar um rápido

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comprometimento da capacidade funcional do idoso, o que pode levá-lo a uma situação de

incapacidade e dependência [23]. As limitações físicas, cognitivas e sociais, acabam

impondo às famílias situações nunca dantes vivenciadas na dinâmica das suas relações

pessoais e familiares possibilitando ocorrência da reversão de papéis, uma vez que caberá a

família assumir o cuidado dos seus idosos os quais no passado eram os que lhes

proporcionavam proteção, segurança e cuidado [11].

Assim, ao longo do envelhecimento e suas repercussões para a pessoa idosa e sua

família torna-se necessário implementar estratégias e ações de cuidado através de políticas

de caráter mais preventivo e menos curativo, mais promocional e menos assistencial,

capazes de contribuir para a manutenção da qualidade de vida dos idosos [28].

Repercussões do envelhecimento

Os atuais conceitos de gerontologia preconizam que o idoso deve seja capaz de

manter sua autodeterminação para agir no cotidiano de forma mais independente possível.

O conceito de capacidade funcional, ou seja, a capacidade de realizar as habilidades físicas,

mentais e a integração ao meio social é necessária para manter o seu cotidiano de maneira

independente e autônoma. Portanto o envelhecimento saudável, ou o bem-estar na velhice,

demonstra num sentido mais amplo, o equilíbrio das diversas dimensões da capacidade

funcional do idoso e, nem por isto necessariamente significa a ausência de problemas [29].

Os processos degenerativos, progressivos e de natureza irreversível, são

caracterizados por alterações biológicas, que dificultam ao idoso manter sua homeostase

quando submetido a um estresse fisiológico. Quando associadas à idade cronológica

avançada, determinam maior suscetibilidade à instalação de doenças, crescente

vulnerabilidade e maior probabilidade de morte [30].

No Brasil, atualmente, observa-se diminuição da mortalidade por doenças infecto-

contagiosas e um aumento significativo da mortalidade por doenças crônicas não-

transmissíveis e, entre as causas de óbitos mais frequentes dos idosos destacam-se as

doenças do aparelho circulatório, seguidas pelas neoplasias, doenças do aparelho

respiratório, doenças endócrinas, metabólicas e nutricionais. Tais situações quando

associadas à hospitalização, favorecem o declínio funcional e desenvolvimento de

incapacidades que levam a limitações e impossibilitam as atividades cotidianas do

indivíduo idoso. As atividades instrumentais da vida diária (AIVDs), que se relacionam à

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manutenção de sua integração com o meio social, são indicadores para detectar a

incapacidade funcional [30].

Analisando os aspectos que envolvem o idoso e o envelhecimento, percebe-se que

para alcançar uma velhice saudável é preciso investir em atitudes de promoção à saúde ao

longo da vida do indivíduo e que para tal deve-se alocar e criar novas exigências dos

serviços de ordem social e de saúde, considerando os aspectos pessoais e do contexto de

vida do ser idoso. Logo, é necessário um esforço político orientado no sentido de planejar

políticas públicas que atendam as necessidades deste segmento populacional que é

multidimensional e torna-se a cada momento mais urgente [26].

O idoso frágil

Constituída pela associação do envelhecimento biológico e de condições crônicas, a

fragilidade acontece pela redução da reserva dos diversos sistemas fisiológicos, que

propiciam aumento da susceptibilidade às doenças, que determinarão certa redução na

reserva funcional do idoso. Associado a isto, os fatores sociais e psicológicos presentes no

curso de vida individual culminam com um estado de maior vulnerabilidade e aumento de

complicações que influenciam na capacidade funcional dos idosos para realizarem as

atividades do cotidiano, ou seja, as atividades da vida diária[2]; podendo culminar na

necessidade de hospitalização e/ou institucionalização. Tem-se com estimativa que de 10 a

25% da população idosa acima de 65 anos, assim como 46% acima de 85 anos, são

consideradas frágeis e, consequentemente de alto risco para as complicações subsequentes

a fragilidade, os quais se encontram em suas comunidades [31].

A fragilidade, para o Ministério da Saúde, constitui uma síndrome multidimensional

que envolve o idoso em uma interação complexa a qual estão associando fatores

biológicos, psicológicos e sociais no curso de sua vida, que culmina com um estado de

maior vulnerabilidade, associado ao maior risco de ocorrência de desfechos clínicos

adversos como o declínio funcional, dependência, queda e hospitalização [2].

Tem-se comprovado no dia-dia das atividades dos profissionais, nas queixas dos

familiares através de suas peregrinações as instituições públicas de saúde e, também nos

relatos da literatura, a carência da rede assistencial para o atendimento dessa população e

apoio às famílias que, por desejo ou obrigação, se propõem e assume o cuidado dos seus

idosos. Apesar do esforço da gerontologia em dar visibilidade à velhice por meio da

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referência à cidadania, visando, fundamentalmente, à reformulação da rede assistencial e

administrativa, de forma a incluir uma atenção especializada e diferenciada ao idoso,

reconhecendo-o como sujeito social e sujeito de direitos, o que se vem assistindo muitas

vezes é contrário a esta melhor visibilidade no atendimento a esta população idosa

composta por indivíduos que, pelas contingências, vivem uma velhice acompanhada de

doenças que lhes impõem uma condição de maior dependência e permanecem na

invisibilidade [32].

O desafio para este século, no Brasil, em que o percentual desta população de

idosos cresce num ritmo acelerado com mais de 32 milhões de idosos, é oferecer suporte

de qualidade de vida, tendo em vista ser a maioria desta população de nível sócio-

econômico e educacional baixo e com alta prevalência de doenças crônicas que levam a

instalação de incapacidades. Portanto torna-se necessário e imperativo o desenvolvimento

de políticas sociais e de saúde factíveis e condizentes com as reais necessidades deste

estrato populacional, visando atenção adequada para este segmento [33].

Síndromes geriátricas

O conceito de síndrome geriátrica tem maior correspondência com quadros

clínicos complexos do que com enfermidades propriamente ditas. Estes quadros têm como

elementos comuns: sua alta freqüência na prática geriátrica; sua propensão a acarretar a

incapacidade ou, pelo menos, sérias limitações funcionais; e o fato de serem determinantes

no aumento da morbidade e mortalidade entre os idosos. Na bibliografia norte-americana

estes quadros são conhecidos como os “gigantes da geriatria” [34].

As principais síndromes geriátricas são: deterioração cognitiva, delírio depressão

insônia, má nutrição, reações adversas a medicamentos, diminuição dos sentidos,

imobilismo, instabilidade e quedas, úlceras de pressão, Incontinência, enjôos e síncopes

(desmaios), constipação intestinal e impactação fecal, hipotermia e deterioração funcional.

Na maioria dos países das Américas do Sul e do Norte, as doenças crônicas estão

entre as oito maiores causas de mortalidade dos idosos e também lideram as estatísticas de

causas de morbidade. Embora nem todas as doenças crônicas sejam fatais, elas têm forte

impacto sobre a qualidade de vida dos idosos e representam grande ameaça para a saúde

deste segmento da população nos níveis individual e coletivo [35].

As mudanças demográficas, a cronicidade de muitas doenças que exigem

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tratamento contínuo, necessitando de acompanhamento médico - hospitalar e a necessidade

de cuidados por médio e longo prazo, muitas vezes acrescidos de incapacidades demandam

crescente necessidade de adequação dos serviços de saúde e dos profissionais para atender,

tanto em nível primário, secundário e/ou terciário, visando reduzir também os altos custos

do sistema de saúde [36].

As condições crônicas de saúde imprimem nos idosos a necessidade de apoio que

vai além das intervenções tradicionais mesmo porque esta pessoa tem 60 ou mais, anos de

idade, e levando em consideração que muitas vezes encontram dificuldades em enfrentar

os sintomas da cronicidade, ainda somados as demais possíveis perdas inerentes ao

processo de envelhecimento. Essas necessidades precisam se adequar às novas práticas de

saúde e a um novo modelo de saúde para as condições crônicas compreendendo então uma

estrutura que inclua uma parceria harmoniosa entre pacientes e familiares, equipes de

assistência à saúde e instituições de apoio da comunidade, pois, quando há perfeita

integração dessa tríade, os pacientes participam ativamente no tratamento e prevenção das

condições crônicas e seus sintomas [37].

Na PNAD de 1998 consta que 69,0% dos idosos possuíam pelo menos uma doença

crônica e esta proporção é maior quando se refere às mulheres (74,5%) e nos homens este

percentual é menor (62,2%). Confirmando os relatos da literatura da presença de pelo

menos uma doença crônica com o aumento da idade em ambos os sexos. Assim são

necessárias medidas de prevenção com controle rigoroso do estilo de vida, além da

vigilância constante sobre os sinais e sintomas que, se não controlados, podem levar a

situações graves e até à morte. A enfermeira e os demais membros da equipe

multidisciplinar através da avaliação da capacidade funcional dos idosos podem ter uma

visão mais precisa com relação ao grau de comprometimento que a doença impõe e o

impacto das comorbidades nesses idosos [37; 38].

Entende-se como avaliação funcional a designação dada para uma função

específica, a capacidade de se cuidar e atender às necessidades básicas diárias, as

atividades da vida diária (AVDs) que são de grande importância na vida das pessoas, pois

envolvem questões de natureza emocional, física e social. Entre as AVDs propostas

inicialmente, incluem-se a capacidade para alimentar-se, transferir-se, vestir-se, banhar-se,

ter continência e usar o banheiro, que são denominadas como atividades básicas da vida

diária. Atividades como preparar as refeições, lavar roupa, cuidar da casa, fazer compras,

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usar o telefone, usar o transporte, controlar o dinheiro e os medicamentos, são as

denominadas AIVDs. A impossibilidade para a realização das AVDs altera as relações da

dinâmica familiar com alteração dos papéis desenvolvidos por cada um de seus membros,

podendo interferir e alterar as relações e o bem estar da pessoa dependente e dos seus

familiares [39].

A família e o cuidado ao idoso

O cuidado domiciliar é centrado no cliente, na família, em suas respectivas inter-

relações e no contexto do lar. Portanto é no domicílio que ocorre o cuidado familiar, que é

caracterizado como um conjunto de ações dirigidas a uma pessoa que demanda cuidados

de saúde, desenvolvidas por um ou mais membros da família [10].

A relação de ajuda e a cooperação entre o idoso dependente e o familiar cuidador é

caracterizada por muitas fases, que também passam por muitas alterações ao longo do

tempo. Independente de como se caracterize as fases do cuidar, a progressão das

incapacidades, a instalação súbita ou gradual da dependência, o prognóstico da doença do

idoso e os recursos de que o familiar cuidador dispõe para estar desenvolvendo as

atividades para o cuidado do familiar doente, por certo que terá a sua resistência física e

psicológica onerada [11].

O fato de aceitar ser o cuidador familiar tem nas características e valores que

constituem os elos de cada família, da obrigação e do dever do cuidado, e também

visualiza um componente afetivo, pois pode evidenciar no cuidado uma forma de

agradecimento pelas experiências vividas e pelos cuidados e atenção recebidos no passado,

visto como importante e influenciador na escolha de tal função [13].

Assumir ser o responsável pelo cuidado do familiar impossibilitado de se cuidar não

é uma opção, ela apresenta-se no dia-dia, e se define na indisponibilidade de outros

possíveis cuidadores; percebe-se que quanto mais o um familiar se envolve no cuidado, os

demais se desvencilham, ou seja, uma vez assumido por um familiar, o cuidado

dificilmente é transferível no contexto familiar [13].

Estrutura familiar

Na convivência entre o idoso e seus familiares, muitos são os sentimentos

construídos, e, neste contexto, o afeto, a ajuda mútua e a compreensão são aspectos

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essenciais no relacionamento idoso-família. Tornando o convívio agradável, os idosos

conseguem viver de forma harmoniosa junto a seus entes queridos; mas, por outro lado, em

muitos casos, identifica-se que algumas convivências apresentam turbulências, podendo

levar a desentendimentos e desgastes no relacionamento familiar. Isso pode acontecer por

diversos motivos, seja por divergência de idéias ou devido à dependência do idoso em

relação a seus íntimos, e também ao fato de ser uma instituição em processo de mudanças e

de adaptação às novas realidades [40].

Quando se fala de família, no entanto, é necessário que essa seja compreendida de

uma maneira diferente ao que se apresentava há tempos atrás: pai, mãe e filhos - família

nuclear – que promovem suporte emocional, social e psicológico aos seus dependentes. A

definição de família, atualmente, precisa ser revista para acompanhar as mudanças que

vem acontecendo em nossa sociedade [10].

Portanto, a família pode ser considerada como uma unidade dinâmica constituída

por pessoas que se percebem, convivem como família em um espaço de tempo, unidos por

laços consanguíneos, laços de afetividade, de interesse e/ou doação, estruturada e

organizada, com direitos e responsabilidades, vivendo em um determinado ambiente e

influenciada socioeconômica e culturalmente. Esta definição de família está relacionada a

um grande potencial aliada à manutenção e restauração da saúde de seus membros

dependentes. Logo, é considerada família um grupo de pessoas que vivem juntas ou em

contato íntimo, cuidam umas das outras e, portanto, proporcionam cuidado, apoio, criação

e orientação para seus membros dependentes e, nesta situação, o cuidado que ela

desenvolve é com o idoso [10; 14].

Familiar cuidador: situação do cuidado

A tradição de cuidar no Brasil de um familiar doente ou com limitações fisiológicas

próprias da velhice deva ser desenvolvido pela própria família, especialmente se a pessoa

dependente for o cônjuge, os filhos, os pais ou avôs idosos, ou seja, há uma naturalização

da idéia de família cuidadora. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988,

no artigo 229, legitima essa colocação quando dispõe que “os filhos maiores têm o dever

de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade”, em parceria com o

Estado e a sociedade. A família tem “o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando

sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o

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direito à vida” [12].

A função de cuidar do idoso na maioria das situações é assumida e realizada por

uma única pessoa que é o cuidador principal. Sua escolha, com freqüência, recai sobre as

mulheres, esposas, filhas e até mesmo noras. Ao assumir tarefas de cuidado, com a

finalidade de atender às necessidades do idoso e, portanto, responsabilizando-se por elas,

compreende-se que esta situação se dá quer seja por instinto, vontade, disponibilidade ou

capacidade e, também, às vezes, a uma tentativa do familiar-cuidador de reparar ou de

amenizar culpas que já permeavam no passado a relação cuidador-cuidado. Também é fator

determinante para o familiar tornar-se cuidador a obrigação e/ou dever que o mesmo tem

para com o idoso. Entendido como um sentimento natural e subjetivo ligado a um

compromisso que foi sendo construído ao longo da convivência familiar dos idosos e seu

familiar cuidador, explica que o processo de tornar-se cuidador pode ser mais imediato ou

gradual [13].

Assumir a função de ser cuidador de um familiar idoso com limitações físicas

especialmente em situações de maior dependência produz um enorme impacto no processo

de viver do cuidador, envolvendo alterações que englobam aspectos físicos, emocionais e

sociais, que pelo fato do cuidado ser contínuo, com várias ações, surgindo como algo

inesperado, que muitas vezes exige conhecimento específico e habilidades, associando

ainda a outras atividades cotidianas do cuidador, que vem a sobrecarregá-lo com intensa

jornada de trabalho. Portanto a adaptação a essa nova realidade pode, por um lado, ser

facilitador pelo fato de haver uma boa relação entre o familiar cuidador e idoso

dependente, podendo ocorrer um maior grau de intimidade, de confiança e de respeito.

Mas, por outro lado, grandes dificuldades podem surgir quando o histórico familiar é

construído a partir de crises e conflitos, ou também pelo fato de estar vivendo a progressiva

degeneração funcional do seu familiar, que torna este cuidado inadequado e penoso para

quem cuida [12; 15; 41].

Conciliar atividade familiar e profissional ao cuidado com o idoso dependente pode

ocasionar no cuidador maior incidência de problemas de saúde em especial depressão e

ansiedade, problemas psicológicos ou emocionais, afastar-se das atividades sociais, maior

frequência de conflitos familiares, problemas no trabalho, problemas financeiros,

diminuição da liberdade, autonomia e independência e alteração dos planos pessoais.

Portanto, este grau de sobrecarga do cuidador pelo fato de cuidar de um idoso dependente é

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um dos eventos mais estressantes e perturbadores no ciclo de vida familiar [42].

Muitos familiares se distanciam na intenção de evitar confrontos, compromissos

desagradáveis e ao risco da redefinição dos papéis estabelecidos. Um outro motivo para o

distanciamento é o medo de conviver com o idoso fragilizado, ainda mais sendo parente,

implicando em estar a todo o momento convivendo e experimentando o medo de também

ficar doente. Porém, em alguns casos, cuidar também é uma maneira do familiar cuidador

não se perceber e, logo, não se dar conta do próprio medo de adoecer [14].

No entanto, a vida do familiar cuidador não se restringe ao ato de cuidar do seu

idoso, torna-se necessário recuperar o próprio cuidado de si e observar que o familiar

doente não é a única pessoa que precisa ser cuidada, existindo outras necessidades a serem

observadas e realizadas além de dedicar-se ao parente doente como os filhos, o cônjuge, as

pessoas envolvidas em outras formas de relacionamento com o cuidador e também os

cuidados que ele deve ter consigo mesmo, os quais tendem a ser deixados para último

lugar. Porém, os familiares cuidadores que conseguem recuperar o auto-cuidado,

circunscrever a perda e continuar a vida, nesta etapa do processo, invariavelmente sentem-

se mais livres, mais flexíveis, respeitam-se mais e descobrem possibilidades de prazer em

outras atividades, ao mesmo tempo em que conseguem dedicar-se aos cuidados com o seu

familiar doente, possibilitando um melhor relacionamento no dia-dia do cuidado [14].

Aspectos legais da atenção ao idoso: política nacional

A criação da Lei nº 8.842 de 1994, regulamentada em 1996, uma Política Nacional

para o Idoso (PNI), no Brasil, contou com a intensa mobilização de profissionais do

serviço social, da saúde, do governo, a sociedade civil organizada e outros. Ela estabelece

em suas diretrizes que os idosos sejam atendidos, prioritariamente, pela própria família em

detrimento da atenção asilar, exceto aqueles que não possam garantir sua sobrevivência.

Em 2003, entrou em vigor, no Brasil, a Lei nº 10.741, estabelecendo o Estatuto do Idoso.

Entre as disposições da Lei, o art. III responsabiliza a família, a comunidade, a sociedade e

o poder público em assegurar à pessoa idosa a efetividade do direito à vida [12].

A permanência do idoso em sua família é um pressuposto básico da PNI, ou seja,

manter o idoso fragilizado sob os cuidados familiares, pelo maior tempo possível. Tal

situação torna-se possível com recursos, infra-estrutura e a disponibilização de um

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cuidador principal - que será o responsável pelo cuidado - e equipamentos específicos para

a realização das AVDs [27].

A promoção da saúde tem por finalidade principal a prevenção de doenças; portanto

promover a saúde torna-se também necessário estimular as pessoas a vigiar e melhorar sua

própria saúde. Em 1986, na carta de Ottawa, resposta às crescentes expectativas por uma

nova saúde pública, em todo o mundo para a promoção da saúde, foi enunciada estratégias

básicas para a promoção da saúde e na Conferência Internacional sobre a População e o

Desenvolvimento, realizada em 1994 foram estabelecidos como objetivos: reduzir as taxas

de mortalidade, aumentar a expectativa de vida e, com efeito, melhorar a qualidade de vida

dos idosos [43].

Tendo em vista que as políticas que subsidiam a assistência à saúde durante toda a

vida, inclusive as de promoção da saúde e de prevenção de doenças, a tecnologia de

assistência, os cuidados para a reabilitação, a promoção dos modos de vida saudáveis e

ambientes propícios, podem reduzir os níveis de incapacidade associados à velhice e

permitir obter economias orçamentárias [43].

Assistência domiciliar

A Assistência Domiciliar é uma modalidade de atendimento multiprofissional

realizada ao indivíduo e à família, que acontece em cenários e contextos peculiares, que se

configura enquanto elemento e produto de dinâmicas familiares, pressupondo

competências ampliadas para uma intervenção clínica e psicossocial, conforme demandas

próprias, de modo a resgatar e a promover a saúde e a potência de vida, dentro das

melhores expressões possíveis [44].

Em 1988, a Constituição Federal ressalta, em seu artigo 230, o dever da família,

sociedade e Estado de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na

comunidade; e ainda institui que estes programas devem acontecer nos seus lares. Mais

tarde, em 1994, surge a PNI, lei que reafirma o disposto pela Constituição de 1988, no que

tange aos direitos de cidadania, participação na comunidade e atendimento ao idoso através

de suas próprias famílias [20].

O Estatuto do Idoso trouxe valiosas contribuições nesse campo, assegurando a

atenção integral à saúde do idoso por intermédio do SUS, em atenção especial às doenças

desta faixa etária, com enfoque na prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde.

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20

Com a intervenção terapêutica assegurada, surgem normas para o funcionamento da

atenção domiciliar incluindo as modalidades de assistência e internação domiciliar [20].

A Internação domiciliar, programa do MS criado pela portaria nº 2.529 de 19 de

outubro de 2006, é composta por um conjunto de atividades prestadas no domicílio a

pessoas clinicamente estáveis que exijam regularidades e intensidade variada de cuidados,

por equipe exclusiva para esse fim. Instituída pelo SUS, ela garante qualidade da atenção a

pacientes que precisam de cuidados mais complexos e diários, mas sem a necessidade de

hospitalização permitindo maiores períodos livres de intercorrências hospitalares nos

pacientes crônicos e redução do sofrimento, oportunizando ainda uma assistência mais

humanizada em situação de cuidados paliativos, facilitador da recuperação, permitindo

maior autonomia aos pacientes e às famílias durante o tratamento por se encontrarem em

seus lares.

Paralelo a isso, permitiu a otimização da utilização dos leitos hospitalares e

reduzindo o risco de infecções em longas internações nos cuidados de média complexidade

como as consultas, exames e alguns procedimentos cirúrgicos [45; 46].

A proposta de assistência domiciliar à saúde transpõe as práticas institucionalizadas

da saúde, objetivando uma nova ação profissional com base na inserção dos profissionais

de saúde no local de vida, nas interações e relações dos indivíduos, em sua comunidade e,

em especial, em seu domicílio, o ambiente das famílias e dos idosos. Neste espaço, os

profissionais desenvolvem ações e interações com a família, observando não só os

problemas apresentados pelo idoso como também, os fatores sociais, econômicos,

espirituais e culturais, os recursos disponíveis na residência, as condições de higiene e de

segurança e o grau de esclarecimento da família, possibilitando a estes profissionais um

trabalho na perspectiva da interdisciplinaridade que visa à integralidade de suas ações [47].

Praticada por instituições públicas e serviços privados, a atenção domiciliar à saúde

no setor público ocorre por meio da estratégia de saúde da família em substituição ao

modelo tradicional, através do atendimento domiciliar. Com efeito, terão prioridade no

atendimento domiciliar os idosos, os portadores de doenças crônicas agudizadas e

clinicamente estáveis, as pessoas que necessitam de cuidados paliativos e aquelas com

incapacidade funcional provisória ou permanente, mas outras prioridades podem também

ser estabelecidas nos programas locais. Na dependência do quadro clínico será estabelecida

a periodicidade das visitas e cada equipe de saúde pode acompanhar até 30 pacientes por

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21

mês [45; 46; 47].

Esta estratégia está dentro das ações previstas para a saúde do idoso no Pacto pela

Saúde, firmado em junho de 2006 entre o Ministério da Saúde e os conselhos estaduais e

municipais, portanto um consenso de diretrizes, metas e ações para a saúde no Brasil.

Foram priorizados os municípios e/ou unidades da federação inseridos na Política de

Qualificação da atenção à saúde no SUS (QUALISUS), os que já têm a política

implantada, redefinindo as responsabilidades de cada um dos gestores, buscando a

equidade social. Com relação à Saúde do Idoso, tem-se como uma das diretrizes a

implantação de serviços de atenção domiciliar para valorizar o efeito favorável do

ambiente familiar no seu processo de recuperação e manutenção da saúde proporcionando

benefícios para o mesmo e também para o sistema de saúde [20; 45].

Para oferecer este atendimento, o SUS tem um investimento inicial por equipe, que

após a implementação, o MS repassa um valor mensal para custear este serviço. Os

Municípios e Estados interessados em aderir à Política Nacional de Internação Domiciliar

(PNID) precisam apresentar um projeto ao Ministério da Saúde. Por ser uma política de

adesão, os interessados deverão preencher os seguintes requisitos: ter serviço de

Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), possuir uma unidade hospitalar de referência

em município com população acima de 100 mil habitantes e as equipes de saúde

vinculadas à unidade de saúde; ter assinado o termo de compromisso de gestão (pacto pela

saúde), nos moldes da portaria nº 399 de fevereiro de 2006, apresentar sistema formalizado

de referência e contra-referência e projeto de assistência, aprovado pelo Conselho

Municipal de Saúde e pela Comissão Inter-gestores Bipartite (CIB) [45].

Apesar das mudanças ocorridas no cenário nacional em relação às políticas de

proteção social ao idoso, estas ainda se apresentam muito restritas à oferta de serviços e

programas de Saúde Pública, como na amplitude da sua intervenção. O Estado se apresenta

como um parceiro pontual, com responsabilidades reduzidas, e atribui à família a

responsabilidade maior dos cuidados desenvolvidos em casa a um idoso dependente.

Constata-se que inexiste uma política mais veemente no que se refere aos papéis atribuídos

às famílias e aos apoios que cabem a uma rede de serviços oferecer ao idoso dependente e

aos seus familiares [43].

O apoio informal e familiar constitui um dos aspectos fundamentais na atenção à

saúde dos idosos. Isso não significa, no entanto, que o Estado deixe de ter papel

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preponderante na promoção, proteção e recuperação da saúde do idoso nos três níveis de

gestão do SUS, papel este capaz de otimizar o suporte familiar sem transferir para a família

a responsabilidade em relação a este grupo populacional. Entretanto, apesar das mudanças

ocorridas no cenário nacional em relação às políticas de proteção social ao idoso, estas

ainda se apresentam muito restritas com relação à oferta de serviços e programas de Saúde

Pública [43].

Cuidados de enfermagem ao idoso

Quando se fala dos cuidados de enfermagem a pessoa idosa, antes se faz necessário

conhecer o processo de envelhecimento, desenvolvendo ainda competências e habilidades

para saber avaliar e identificar as especificidades e necessidades de cada indivíduo. Isso

porque, como destacam Espírito Santo e Porto [48]:

Os cuidados de enfermagem fazem parte da relação homem/mundo, estão presentes no cotidiano e permanecem por toda a vida. Assim, para compreender seu sentido e significado é preciso situá-los no contexto da vida, ou seja, o processo de viver, de adoecer ou de morte, processo vivenciado pelo homem, pelo grupo humano, em todo o seu existir. (Espírito Santo e Porto, 2008, p. 59)

Para que ocorram novas perspectivas com relação ao cuidado com a finalidade de

favorecer o processo de comunicação em saúde uma efetiva preservação da vida, torna-se

necessário compreender que cuidar não é uma tarefa fácil, muito pelo contrário, é um

contínuo desafio que abrange o diálogo conscientizado, a negociação, a aprendizagem e o

ensino. Assim, percebem-se os mecanismos e as dimensões da comunicação que podem

facilitar o desempenho das funções profissionais em relação ao paciente e sua família, bem

como melhorar o relacionamento entre os próprios membros da equipe que dele cuida; não

é só relevante, mas, também, imprescindível para alcançar uma assistência efetiva e

humanizada [49].

Com base no conhecimento do processo de senescência e senilidade a atuação da

enfermeira junto ao idoso deve estar centrada na educação para a saúde concorrendo para o

retorno da capacidade funcional, objetivando atender às suas necessidades básicas e

alcançar sua independência. Com esta visão embasa-se a assistência de enfermagem em

situação de saúde e de doença, assim como direciona as suas ações num processo de

reabilitação que promova o autocuidado. Neste processo, a enfermeira, deve atuar junto ao

idoso e seus familiares, apoiando suas decisões, ajudando-os a aceitar as possíveis

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alterações na imagem corporal, num processo educativo que possibilite atender as suas

necessidades individuais. Não permitindo que o diagnóstico da doença do idoso tenha

maior importância do que as suas consequências, ou seja, a sua capacidade funcional e a

possibilidade de manutenção da sua independência e autonomia para as atividades diárias,

visando melhor qualidade de vida [39].

Por fazer parte do cuidado de enfermagem a avaliação funcional do idoso tem

ênfase na pessoa e nos sistemas de apoio que pode contar. Portanto, cabe a enfermeira,

cuidar do idoso, considerando suas limitações físicas, psíquicas e ambientais, permitindo

identificar os seus problemas de maneira individualizada, através da assistência integral

planejando, executando e avaliando o atendimento. Para tanto, direcionando a assistência

para nível domiciliar. A consulta de enfermagem é uma atividade que atende a estas

questões, por meio da qual a enfermeira assume a responsabilidade quanto ao cuidado de

enfermagem a ser implementado frente aos problemas detectados [39].

Portanto, o cuidado ao idoso no ambiente domiciliar significa considerar as

condições necessárias para proporcionar conforto e promover a recuperação e manutenção

da saúde. Nesse sentido, os princípios nightingaleanos que preconizam organizar e manter

um ambiente adequado ao cuidado com o doente não se limitavam às medidas de

purificação do ar, mas também incluíam medidas para melhorar as condições sanitárias das

moradias, atenção com os ruídos, iluminação, limpeza e alimentação. Dá-se, desta maneira,

indícios de que o cuidado de enfermagem tem como principal objetivo evitar o

desenvolvimento de doenças e prevenir a instalação de condições que poderiam contribuir

para desencadear processos que interferissem no bem estar das pessoas e na capacidade

natural de reagir aos agentes nocivos do ambiente [48].

Sob a perspectiva de Leonardo Boff [50],

Cuidar é mais do que um ato; é uma atitude. Portanto, abrange mais que um momento de atenção, de zelo e de desvelo. Representa uma atitude de ocupação, de responsabilização e de envolvimento afetivo com o outro. [...] o cuidado se encontra na raiz primeira do ser humano, antes que ele faça qualquer coisa; e sempre vem acompanhada “de cuidado” e imbuída “de cuidado. (Boff, 2008, pp. 33-35)

Assim, pensar no cuidado domiciliar significa considerar os potenciais benefícios

com a diminuição das reinternações, dos custos hospitalares e a redução do risco de

infecção hospitalar. Porém, mais que isso é possibilitar um cuidado humanizado; e para

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cuidar devidamente do outro é necessário vê-lo num todo, é essencial conhecer o outro.

Para isto é vital conhecer a si próprio, o que não se desenvolve em treinamentos ou

reciclagens técnicas, mas sim através de uma relação de emoção e razão entre o cuidador e

o idoso. Para que esta relação aconteça, torna-se necessária sua manutenção no núcleo

familiar, permitindo então melhores condições de vida para o idoso e seus familiares. Além

do mais, o domicílio é percebido como um lugar seguro protegendo-o pelo fato de estar

com as pessoas que lhe são mais queridas e por que não dizer íntimas. Isto evita, com

efeito, sua institucionalização, tanto em nível hospitalar quanto asilar [51; 52].

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CAPÍTULO II – TRAJETÓRIA METODOLÓGICA

Cuidado significa então desvelo, solicitude, diligência, zelo, atenção, bom trato. (...) estamos diante de uma atitude fundamental, de um modo de ser mediante o qual a pessoa sai de si e centra-se no outro com desvelo e solicitude.

(Leonardo Boff)

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Caracterização da Pesquisa

Trata-se de uma pesquisa descritiva, exploratória de natureza qualitativa do tipo

estudo de caso.

O desenvolvimento de um estudo de pesquisa qualitativa pressupõe um corte

temporal-espacial de determinado fenômeno por parte do pesquisador. Esse corte define o

campo e a dimensão em que o trabalho desenvolver-se-á, isto é, o território a ser mapeado.

O trabalho de descrição tem caráter fundamental em um estudo qualitativo, pois é por meio

dele que os dados são coletados [53].

Os métodos qualitativos se assemelham aos procedimentos de interpretação dos

fenômenos que empregamos no nosso dia-a-dia, que têm a mesma natureza dos dados que

o pesquisador qualitativo emprega em sua pesquisa [53].

Os problemas que aparecem no cotidiano da prática podem ser estudados de forma

privilegiada, pelo fato da pesquisa qualitativa aliar a natureza científica e artística da

enfermagem para buscar a compreensão da experiência da saúde humana, já que o

enfermeiro é também um participante do cenário investigado [54].

O estudo de caso é um método muito utilizado em pesquisas qualitativas que

permite que o profissional observe, entenda, analise e descreva uma determinada situação

real, adquirindo conhecimento e experiência que podem ser úteis na tomada de decisão

frente a outras situações. É um método de investigação no qual o profissional tem um

grande envolvimento e que inclui como etapas, a coleta de informações, um processo de

pensamento, constituído por análise dos dados e determinação de soluções, e um processo

de julgamento ou avaliação. A expectativa é que o profissional adquira conhecimento e

experiência para tomar decisões e resolver os problemas identificados no estudo de caso

[55].

Portanto, é um método amplo que permite ser aplicado a uma grande variedade de

situações e problemas e contribui, de forma consistente, para o desenvolvimento de um

corpo de conhecimento próprio em enfermagem fornecendo informações relevantes para

tomada de decisão [55].

Sujeitos e cenário da Pesquisa

A pesquisa teve como sujeitos 20 familiares cuidadores de 20 idosos dependentes

em situação de internação domiciliar, captados no Programa de Internação Domiciliar do

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Hospital Geral de Nova Iguaçu (PID-HGNI), que é uma unidade de saúde localizada na

região metropolitana do Estado do Rio de Janeiro, Baixada Fluminense, especificamente

no bairro da Posse. O foco da pesquisa foi centrado no eixo familiar, logo foi excluído do

estudo o cuidador profissional ou acompanhante, e aceito, portanto, a pessoa com vínculo

familiar com os idosos do estudo. Para a inclusão dos pacientes na pesquisa, foi observado

o critério de pertencer ao PID-HGNI e ter idade igual ou superior a 65 anos.

As técnicas de coleta de informações envolveram observação participante, um

roteiro estruturado para avaliação do idoso e outro roteiro para entrevista do familiar

cuidador. Tanto a visita domiciliar para a observação quanto as entrevistas foram realizadas

após convite individual e agendamento de data junto ao familiar cuidador através do PID-

HGNI.

Aspectos éticos da pesquisa

Neste estudo foram atendidas as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de

Pesquisas envolvendo Seres Humanos, estabelecidas pela resolução nº 196/96 do Conselho

Nacional de Saúde (CSN), vinculado ao MS, com a submissão e aprovação do Comitê de

Ética em Pesquisa (CEP) para a realização da pesquisa sob o nº 0013.0.316.258-08

(Anexo A). Utilizou-se também o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

[56]. Foi preservado o nome dos participantes e dos idosos, sendo utilizados nomes fictícios,

a fim de manter o anonimato dos mesmos.

Coleta de Informações

A coleta de informações foi realizada pela pesquisadora no domicílio do idoso, e o

contato inicial se deu através do programa de internação domiciliar pela enfermeira com o

familiar cuidador; quando explicados os objetivos da pesquisa e agendadas data e horário

pré-estabelecido, de acordo com a disponibilidade dos sujeitos. A coleta de informações

ocorreu no período de julho a agosto de 2009, a qual permitiu a aproximação com a

realidade dos sujeitos do estudo em seus domicílios bem como a realização da observação

participante.

As entrevistas com os familiares foram gravadas em fitas magnéticas visando

preservar a integralidade dos discursos. A utilização desta técnica, oportuniza registrar as

lembranças do informante, e captar com fidelidade as suas falas, ou o diálogo entre

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informante e pesquisador, guardando-os por longo tempo se a fita for mantida intacta [57].

Não foi predeterminado o tempo de duração de cada entrevista; em média, teve

duração de 50 minutos – e cada uma delas aconteceu, permitindo ao entrevistado responder

as perguntas, elucidando suas dúvidas, caso tivesse ou surgisse alguma. A seguir, as

entrevistas foram transcritas em sua totalidade, numeradas de 1 a 20 e, posteriormente,

foram identificadas por nomes de flores.

Organização e análise das informações

Encerrada a etapa de coleta de informações, os registros gravados foram digitados

na íntegra, com nominação dos atores através de nomes fictícios (flores) para preservar o

anonimato dos sujeitos em obediência aos aspectos legais. Para a etapa de análise das

informações utilizamos análise temática o que envolveu inúmeras leituras das informações

objetivando a identificação dos temas comuns emergentes dos dados os quais foram

agrupados nas seguintes categorias: Percebendo o Cuidando do idoso; Percebendo os

Sentimentos de quem cuida; OrientAções da enfermeira ao familiar cuidador do idoso.

A categoria “Percebendo o Cuidando do idoso” possibilitou visualizar que todos os

idosos apresentavam limitações em realizar tanto as atividades de vida diária como

também as atividades instrumentais de vida diária, o que os tornava extremamente

dependentes do familiar cuidador. Esta dependência ocasionou mudanças no cotidiano

deste familiar levando as alterações em suas vidas, manifestadas da seguinte maneira:

sobrecarga de cuidados; afastamento do trabalho; cansaço físico; déficit do auto-cuidado

(principalmente quando este cuidado ocorre de maneira solitária sem a colaboração de

outros familiares).

No que se refere à categoria “Percebendo os Sentimentos de quem cuida”, tem-se

no dia-a-dia deste cuidar os sentimentos aflorados pela vivência/convivência do familiar

cuidador com o idoso. Suas falas revelam sentimentos de dever e obrigação pelo

matrimônio ou pela vida em comum; retribuição dos cuidados recebidos no passado;

sentimentos ambíguos (conciliação do cuidado com outras atividades); incertezas frente ao

amanhã; apoio religioso. Estes sentimentos mobilizam o familiar cuidador a desempenhar a

atividade de cuidar do seu familiar idoso, independente dos possíveis danos que possam

sofrer. Porém, existem relatos de melhora da própria saúde e planos pessoais para futuro

em decorrência da atividade realizada.

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Com relação a terceira e última categoria, “As orientações da enfermeira ao familiar

cuidador do idoso”, revela-se, no seu cotidiano, na situação da doença, o desconhecimento

e a falta de habilidades para cuidar desses idosos. Neste contexto, a enfermeira, através da

observação de como o familiar cuidador enfrenta a situação do cuidado ao idoso, que

ocorre de maneira cotidiana e progressiva, associando e visualizando os recursos

disponíveis, passa a ter o foco nele. A implementação de ações educativas possibilitam ao

familiar cuidador alcançar independência para realizar os cuidados necessários, diminuindo

o estresse deste cotidiano, abrindo ainda possibilidades de resgate do autocuidado.

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CAPÍTULO III – O CONTEXTO DO ESTUDO: PROGRAMA DE INTERNAÇÃO

DOMICILIAR NO HOSPITAL GERAL DE NOVA IGUAÇU

Nova Iguaçu! Nova Iguaçu! Terra linda,

encantadora, desde os tempos de outrora, dos

meus velhos ancestrais. Tens uma história

cheia de belezas mil; o encanto fluminense é

o orgulho do Brasil. A Maxambomba! Dos

engenhos do passado. Nova Iguaçu! Dos

dourados laranjais. Hoje feliz, com teu rico

alvorecer, com teu progresso e beleza. Fiz

consulta à natureza: és grande, desde o

nascer.

(Pedro Navega)

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A Cidade de Nova Iguaçu

O município de Nova Iguaçu possui uma área de 524,04 km² - que o torna o maior

município da Baixada Fluminense e da região metropolitana do Rio de Janeiro com uma

população estimada de 830.902 habitantes, cuja quase totalidade se concentra na região

urbana. A cidade apresenta uma densidade demográfica de 1.4 - 48,6 habitantes/km², a

população acima de 10 anos apresenta 93% de alfabetizados; e um número de eleitores de

485.836, que corresponde a 58,43% da população [58].

Em sua trajetória histórica, Nova Iguaçu fazia parte da Capitania de São Vicente,

doada a Martim de Afonso e Souza, a qual, com a exploração dos franceses em 1565, passa

ao domínio da Coroa recebendo a denominação de Capitania do Rio de Janeiro, integrando

área sob a jurisdição da cidade do Rio de Janeiro até 15 de janeiro de 1833, quando o

decreto-geral desta mesma data (art. 7º) cria o município de Iguaçu, com sua sede instalada

às margens do volumoso rio que lhe deu o nome (em tupi-guarani, Iguaçu significa

“grande quantidade de água”). A principal fonte de renda vinha desde o início de seus

engenhos de cana-de-açúcar [59].

Em 1891, passa a ser chamada de Iguassú Velha e, neste mesmo ano, a sede do

município foi transferida para o arraial de Maxambomba. O destaque da região como

entreposto comercial e itinerário para exportação, escoando a produção de café do Vale do

Paraíba pela Estrada de Ferro Dom Pedro II (atual Estrada de Ferro Central do Brasil), a

fez receber o título de Cidade em maio de 1892. Porém, há tempos a produção de cana-de-

açúcar e de café já estava em decadência desde o período colonial, devido à concorrência

internacional e, particularmente, a falta de tecnologia, uma vez que os engenhos da fase

colonial possuíam estruturas frágeis; já na questão do café (que nem chegou a substituir a

cana na Baixada Fluminense), a falta de mão-de-obra e o desgaste do solo foram

determinantes [59].

No ano de 1916, Maxambomba passa a ser chamada de Nova Iguaçu e, em 1920, a

citricultura, que já acontecia desde o último quartel do séc. XIX, substituiu de vez a cana-

de-açúcar, num ciclo econômico que duraria até 1940. A Segunda Guerra Mundial, que

interferiu nas exportações primárias brasileiras e uma praga, que dizimou grande parte das

plantações, reduzindo a produção pela metade e a qualidade dos frutos, foram alguns dos

responsáveis pelo fim do ciclo[60].

De acordo com Queiroz e Gamarski[60], além disto,

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outro golpe dado à produção da laranja em Nova Iguaçu foi ao final da Segunda Grande Guerra, quando o comércio internacional se reanimava, foi à proibição do governo à exportação da laranja, com o intuito de atender primeiramente ao mercado interno. Os produtores que conseguiram manter seus pomares com algumas condições durante a crise foram prejudicados com essa medida e abandonaram a cultura, procurando outros meios de sobrevivência. (Queiroz e Gamarski, 2009)

Com o fim do ciclo da laranja, os moradores de Nova Iguaçu passaram a buscar

trabalho na capital do Estado, passando então a funcionar basicamente como uma cidade-

dormitório, já que a cidade não podia mais oferecer tantos empregos como antes. Este

movimento pendular era dinamizado pelas estradas e pela ferrovia, que outrora serviram

para escoar riquezas; porém, com o tempo, indústrias se fixaram no município e

desenvolveu-se também o setor terciário na região.

A poderosa explosão demográfica na baixada fluminense e a vasta área geográfica

da região causaram alguns fracionamentos geopolíticos surgindo então outros municípios

como: Duque de Caxias, São João de Meriti, Nilópolis, Belford Roxo, Queimados e Japeri.

Mesmo assim, Nova Iguaçu constitui um dos mais importantes municípios da Baixada

Fluminense e um dos maiores pólos comerciais e industriais brasileiros. Nova Iguaçu e os

municípios vizinhos conseguiram ser uma síntese do Brasil, porque traços culturais

diferentes marcaram um encontro com o futuro para a elaboração de uma nova, verdadeira

e forte cultura [59].

Nova Iguaçu situa-se na região mais importante, econômica e financeiramente, do

estado do Rio de Janeiro, denominada Região Metropolitana. Em virtude de seu

posicionamento geográfico, a cidade desempenha o papel de centro de negócios e de

comércio para os municípios vizinhos: Mesquita (3 km); Belford Roxo (5 km); Nilópolis

(6 km); São João de Meriti (9 km); Queimados (12 km), Duque de Caxias (14 km) e a

cidade do Rio de Janeiro (35 km) [58].

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Fonte: http://www.cide.rj.gov.br/

A título de desenvolvimento, Nova Iguaçu possui hoje, além das 72 Unidades de

assistência à Saúde, Órgãos de Defesa da Criança e Adolescente: cinco Conselhos

Tutelares da Infância e da Juventude (CTs), como Órgãos de Responsabilização: a DEAM

- Delegacia Especial de Atendimento à Mulher, em Programas e Ações Federais ligados ao

Ministério do Desenvolvimento Social: O Projeto Agente Jovem de desenvolvimento

Social e Humano, o Programa de erradicação do trabalho Infantil, o Programa Sentinela, o

Programa Bolsa Família, o Programa de Atenção integral a família; associado ao

Ministério da Saúde: o Programa de Saúde da Família; vinculado ao Ministério das

cidades: o Programa Habita Brasil; ao Ministério da Educação: o Programa Brasil

Alfabetizado; à Secretaria Especial dos Direitos Humanos: a estratégia de Disque

Denuncia; em Programas de Cooperações Internacionais (ONGs): o Programa de

Divulgação e Distribuição de Preservativos e Material Educativo sobre AIDS e Uso

Indevido de Drogas com o Fundo Canadá / CIDA - Agência Canadense para o

Desenvolvimento Internacional [58].

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Acerca dos indicadores sócio-econômicos, em Nova Iguaçu encontra-se esperança

de vida ao nascer de, aproximadamente 68 anos, conferindo um Índice de longevidade

(IDHM-L) de 0,717; taxa de alfabetização de 92,81%, taxa freqüência escolar de 79,67%,

conferindo um Índice de educação (IDHM-E) de 0,884; Renda per capita (em R$) de R$

237,50 conferindo um Índice de renda (IDHM-R) de 0,686; que somados determinam uma

média para o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) de 0,762, o que

coloca Nova Iguaçu no ranking Estadual em 45° lugar (entre 91 municípios) com Média de

0,760; na Região Sudeste no ranking Regional em 713° (entre 1666 municípios) com

Média de 0,745; e no ranking Nacional: 1523° (entre 5507 municípios), com Média de

0,699. Entretanto, ao considerar o número de habitantes do município esta variação vai

para a 17ª posição no ranking de cidades com população total entre 500 mil e 1 milhão de

habitantes. Uma pesquisa nacional do IBGE em 2000 registrou 297.862 domicílios em

Nova Iguaçu; 81% dos domicílios com acesso à rede geral de abastecimento de água; e

52% com esgoto sanitário ligado à rede de coleta [61].

Quando analisados estes dados, podemos inferir que Nova Iguaçu possui os

melhores indicadores de qualidade de vida em relação ao Índice de Desenvolvimento

Humano (IDH) nos critérios de Taxa de alfabetização e Expectativa de Vida.

O Hospital Geral de Nova Iguaçu

O Hospital onde funciona o Programa de Internação domiciliar, cenário desta

pesquisa, é conhecido como Hospital da Posse por localizar-se no bairro de mesmo nome.

Situa-se na Baixada Fluminense, região integrada com os seguintes municípios na área

metropolitana do Rio de Janeiro: Belford Roxo, Duque de Caxias, São João de Meriti,

Japeri, Itaguaí, Mangaratiba, Mesquita, Nilópolis, Paracambi, Queimados e Seropédica. A

abertura do hospital foi uma exigência dos moradores da região e teve as suas atividades

iniciadas em setembro de 1982, sob gestão do Ministério da Saúde. No ano de 1990, o

hospital foi repassado para o município de Nova Iguaçu. Em junho de 1993, fechou as suas

portas parcialmente, prestando apenas atendimento ambulatorial. Reaberto em agosto de

1995, desta vez sob a co-gestão do estado do Rio de Janeiro e do governo federal. Em abril

de 2002, o Hospital geral de Nova Iguaçu é municipalizado, situação que perdura até os

dias atuais [62].

O Hospital Geral de Nova Iguaçu possui a maior emergência da Baixada

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Fluminense sendo referência na região para os atendimentos de urgência as gestantes de

alto risco, aos portadores de doenças sexualmente transmissíveis (DST/AIDS),

emergências clínicas e cirúrgicas e em casos de grande complexidade tais como: cirurgia

de buco-maxilo-facial, neurocirurgia, traumato-ortopedia, cirurgia geral, cirurgia vascular,

obstetrícia para gestantes de alto risco, unidade de tratamento intensivo (UTI) adulto e

neonatal, com atendimento médio de 1.200 pessoas por dia, sendo metade deste

atendimento em emergência.

O setor de internação do hospital possui em torno de 340 leitos, distribuídos nas

seguintes clínicas: médica, ortopedia, obstetrícia, neurologia, DST/AIDS, e pediatria. A

UTI neonatal conta com 25 leitos e a UTI adulto possui 11 leitos [62].

O Hospital da Posse desenvolve programas tais como: o Núcleo Interno de

Regulação de Vagas, Programa de Assistência às vítimas, Iniciativa Hospital Amigo da

Criança, Central Captadora de Órgãos da Baixada Fluminense e o Programa de internação

domiciliar.

O Programa de Internação Domiciliar

O Programa de Internação Domiciliar do Hospital Geral de Nova Iguaçu (PID-

HGNI) foi criado em junho de 2005, com o objetivo de oferecer continuidade de

tratamento ao paciente egresso da internação hospitalar do Hospital da Posse, diminuindo o

tempo de permanência do paciente e da família no ambiente hospitalar e os riscos de

complicações causadas por uma internação prolongada. O programa conta com o apoio da

rede local da Estratégia Saúde da Família (ESF) e do SAMU atendendo as exigências

legais.

A equipe do PID-HGNI é formada por um médico, uma enfermeira, um

fisioterapeuta, uma assistente Social e um técnico de enfermagem. O projeto realiza

atendimentos domiciliares de 2ª a 6ª feira, no horário de 8h às 17h. O retorno ao paciente

acontece de acordo com a sua necessidade.

O Programa de Internação PID-HGNI foi criado inicialmente com as seguintes

finalidades: reduzir o tempo de internação hospitalar; facilitar a alta hospitalar, diminuir a

demanda de pacientes no serviço de emergência, integrar os aspectos físicos, psicológicos,

sociais e espirituais, oferecer um sistema de apoio para ajudar o paciente, apoiar a família

no enfrentamento de doença do paciente, promover a melhoria na qualidade de vida do

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usuário e de seus familiares, por meio de uma atenção diferenciada e, principalmente,

garantir a humanização da assistência.

Para que ocorra o encaminhamento no PID-HGNI, o usuário deve preencher os

seguintes pré-requisitos: residir no município de Nova Iguaçu, estar acamado por mais de

50% do tempo, ter pessoa responsável pelos cuidados no domicílio, ter sido internado no

HGNI, ter diagnóstico previamente confirmado e possuir um plano de tratamento.

A equipe multiprofissional do PID-HGNI realiza avaliação das condições clínicas

do paciente, de moradia, de situação sócio-econômica e familiar, como também da

aceitação do paciente e da família em receber a assistência em regime domiciliar. Para a

inclusão do usuário no programa de internação domiciliar é apresentado um termo de

adesão com as condições para a inclusão e algumas exigências sobre a condução da

assistência domiciliar.

A pessoa eleita como familiar cuidador atuará como elo de comunicação entre o

paciente e a equipe de saúde. Geralmente um membro da família com tempo e

disponibilidade para cuidar do paciente receberá informações, orientações e treinamento

em casa para o exercício de suas tarefas. Caso haja necessidade de se comunicar com a

equipe do programa, o usuário ou cuidador deverá entrar em contato por telefone com a

central de atendimento. Em caso de agravamento da doença o paciente deverá ser

removido para um serviço de atendimento de urgência 24 horas mais próximo ou para a

Emergência do HGNI, levando o cartão do programa.

A alta da assistência no domicílio ocorrerá nas seguintes situações: mudança de

domicílio para outro município, na falta do familiar cuidador domiciliar, quando houver

desistência da assistência, quando o paciente atingir a autonomia, passando a ter condições

de se cuidar, e nos casos de morte do usuário.

Desde a sua inauguração, em junho 2005, até julho de 2010, o PID já atendeu 909

usuários, dos quais 38.3% vieram a falecer, 54.9% receberam alta e 6.8% usuários

continuam em atendimento. Os pacientes são egressos dos setores de Emergência, Clínica

Médica e Clínica Cirúrgica; a patologia de maior prevalência foi acidente vascular

cerebral, seguida das neoplasias.

Um trabalho de pesquisa realizado por Fernandes, et al[63], sobre o PID-HGNI

estruturado na modalidade poster intitulado: “Programa de Internação Domiciliar (PID):

Um instrumento de Gestão inovador no auxílio da otimização de recursos em Saúde

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Pública” foi apresentado durante o 11º Congresso Mundial de Saúde Pública e 8º

Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, realizados no Rio de Janeiro, de 21 a 25 de agosto

de 2006. Nele, os autores do estudo concluíram que o programa tem relevante importância

para a Unidade, pois reduziu custos e aumentou o número de internações domiciliares,

além de possibilitar o breve retorno do paciente ao lar.

O trabalho desenvolvido na unidade é norteado por relações efetuadas com mais

atenção e respeito, com atitudes de escuta, diálogo e tempo disponibilizado para a

assistência fora do espaço da unidade de saúde, sem a pressa que caracteriza as consultas

em ambulatórios, em que há a presença de outros clientes aguardando a atenção do

profissional. Da mesma forma, o desenvolvimento da assistência no próprio ambiente do

paciente/família em seu espaço de vida faz com que os usuários sintam-se mais a vontade

[64].

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CAPÍTULO IV – O FAMILIAR CUIDADOR E O IDOSO EM INTERNAÇÃO DOMICILIAR

(...) Acabavam de celebrar as bodas de ouro

matrimoniais, e não sabiam viver um

instante sequer um sem o outro, ou sem

pensar um no outro (...). Nem ele nem ela

podiam dizer se essa servidão recíproca se

fundava no amor ou na comodidade (...).

Tinha ido descobrindo aos poucos a

insegurança dos passos do marido, seus

transtornos de humor, as fissuras de sua

memória, seu costume recente de soluçar

durante o sono, mas não os identificou como

os sinais inequívocos do óxido final e sim

como uma volta feliz à infância. Por isso não

o tratava como a um ancião difícil e sim

como um menino senil, e esse engano foi

providencial para ambos porque os pôs a

salvo da compaixão.

(Gabriel García Márquez)

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O cuidado familiar

Na primeira década do século XXI, observa-se no mundo uma forte tendência ao

estímulo para o comprometimento das comunidades nas questões relacionadas aos

cuidados de longa duração. No âmbito familiar, observa-se um rearranjo visando o

atendimento das necessidades dos seus dependentes, seja relacionado ao acompanhamento,

ajuda no desenvolvimento das atividades de vida diária ou cuidados com a saúde. Tais

cuidados são impostos pela demanda que o cuidado domiciliar requer e exige do familiar

cuidador e não pode ser realizado apenas por disposição e boa vontade, mas envolve

habilidades e conhecimentos que muitas vezes o familiar cuidador desconhece e, portanto,

não se encontra preparado para desenvolver. Com relação ao idoso, pressupondo-se que o

agravamento das doenças crônicas e a perda progressiva de capacidades com o passar dos

anos, o cuidado será cada vez mais intenso e, assim, o familiar cuidador terminará por

assumir encargos que muitas vezes vão além de suas possibilidades técnicas e emocionais

[10; 65].

Existe no Brasil, uma tradição de que o cuidado de um familiar doente ou com

limitações físicas próprias da velhice deve ser desenvolvido pela própria família.

Legitimando essa afirmativa, a Constituição da República Federativa do Brasil [66] em seu

artigo 229, dispõe que “a família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as

pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e

bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida”. A família tem o dever de amparar as pessoas

idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-

estar e garantindo-lhes o direito à vida [12].

Paes e Espírito Santo [67] afirmam que

o idoso, ao necessitar do apoio contínuo no atendimento às suas necessidades básicas de sobrevivência (...) [tem a família como] (...) elemento central com importante papel neste cuidado, o que repercute na dinâmica familiar, pois ocorrem mudanças na rotina que vão gerar conflitos e dúvidas para aqueles que passam a assumir a responsabilidade desse cuidado no ambiente domiciliar. (Paes e Espírito Santo, pp.192-8, 2005)

Nesse sentido, pensar no cuidado ao idoso no espaço domiciliar implica antes em

conhecer este cenário na sua singularidade, no que se refere ao espaço físico, relações

intra-familiares e possibilidades terapêuticas para formular os planos que permitam uma

melhor qualidade de vida, tendo em vista as necessidades e demandas do cliente em

situação de internação domiciliar e dos seus familiares. Este foi um dos desafios desta

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pesquisa, adentrar no cenário domiciliar para compreender de perto o cotidiano que

envolve o familiar cuidador e o idoso em internação domiciliar.

Conhecendo o espaço domiciliar

O ambiente domiciliar de dezoito dos vinte idosos encontrava-se em conformidade

com o que é preconizado por Florence Nightingale – conhecida como precursora da

enfermagem moderna e teórica do ambiente de cuidados da enfermagem. Nightingale

defendia a necessidade de condições adequadas do meio ambiente como um fator

imprescindível no auxílio da cura. Mostrava que era necessária uma ecologia do cuidado,

ambiente arejado, tranquilo, limpo e iluminado, contribuindo para a prevenção dos

agravos, reparação orgânica do indivíduo enfermo e redução de infecções, portanto nesta

pesquisa as condições necessárias ao ambiente terapêutico foram observadas na quase

totalidade das residências pesquisadas [63; 68; 69].

Das vinte residências onde foi realizada a pesquisa de campo do ambiente

domiciliar, dezesseis eram casas e as demais, que perfaziam um total de quatro residências,

eram apartamentos que não dispunham de elevadores, sendo dois sobrados e os outros dois

de construção popular com cinco andares, onde os idosos moravam no 4° andar.

Todas as moradias dispunham de luz elétrica e uma destas residências, por ser em

área rural, não possuía água encanada, rede de esgoto e coleta de lixo. Doze das vinte

residências possuíam dois quartos, seis possuíam um quarto, das quais em uma o único

quarto era também utilizado pelos demais membros da família (crianças e adultos), e

somente duas residências dispunham de três quartos. Todas possuíam um único banheiro.

Com relação ao banheiro, todas dispunham de vaso sanitário, lavatório, espelho de

parede e cesto de lixo. Observou-se que onze destas unidades encontravam-se próximas ao

quarto do idoso e nas nove restantes os banheiros ficavam distante do quarto. Vale também

dizer que em todas as instalações sanitárias, as portas permitiam a passagem da cadeira

higiênica. Todas possuíam box e somente uma não tinha chuveiro elétrico. As condições

das instalações sanitárias dos banheiros estavam em bom estado de higiene.

As duas acomodações dos idosos que não estão em conformidade com as

dimensões dos cômodos ocupados por clientes semelhantes – um quarto tem dimensões

mínimas e o outro quarto é utilizado por toda a família – determinadas pelo Ministério da

Saúde, no seu manual de Normas para Projetos Físicos de Estabelecimentos Assistenciais

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de Saúde para unidades de internação de adulto (7 m²/leito) [57]. Uma vez que dezoito dos

vinte cômodos observados eram amplos, alguns mesmo ultrapassando as dimensões

recomendadas permitindo a circulação em torno do leito.

As acomodações dos idosos nas residências se colocaram da seguinte maneira:

cinco idosos permaneciam no quarto do seu cônjuge, seis acomodações dos idosos ficavam

ao lado da sala, duas ficavam no local onde originariamente era sala, cinco acomodações

ficavam ao lado da cozinha, uma acomodação no andar de baixo e, por fim, um idoso

ficava no único quarto, que compartilhava com os demais moradores.

O mobiliário que compunha o quarto dos idosos, de uma maneira geral, era muito

simples e de alguma maneira causava dificuldades para o desempenho do cuidado prestado

pelo familiar pelo fato de às vezes não ser adequado ou por não dispor. Com relação às

camas dos idosos nove eram de casal, outras nove eram de solteiro e apenas duas camas

eram do tipo hospitalar, sendo todos os colchões das referidas camas de espuma. Havia três

quartos com mesas de cabeceira, outros dezessete com mesas comuns. Nenhum dos

quartos dispunha de escada de dois degraus. Em oito quartos foram encontrados cestos de

lixo e doze quartos tinham cadeiras comuns.

No decorrer desta pesquisa embora fosse observado que nenhum dos idosos era

ambulante somente um idoso dispunha de cadeira de rodas e cadeira higiênica, dois outros

dispunham de cadeira de rodas e outros seis tinham cadeira higiênica para auxílio na sua

higiene.

A questão do ambiente adequado a permanência do idoso em situação de

internação domiciliar é fundamental para facilitar os cuidados necessários ao mesmo, bem

como sua movimentação no referido ambiente. Quando inadequado coloca-se uma

dificuldade adicional ao familiar cuidador que necessita fazer ajustes e/ou improvisações

que podem gerar desconforto e gasto adicional de energia e consequente sobrecarga de

trabalho e riscos à saúde.

Conhecendo os sujeitos

O autocuidado, ou cuidar de si, representa a essência da existência humana.

Todavia, cuidar do outro, representa a essência da cidadania, do desprendimento, da

doação, do amor como diz o mandamento bíblico: “ama o próximo como a ti mesmo” [70].

Cuidar e ser cuidado, especialmente em situação de fragilidade e, por muitas vezes,

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de dependência, é uma condição estressante para ambos os sujeitos desta dinâmica

relacional. O cuidado é um processo inter-racional e evolutivo, é uma construção e

reconstrução cotidiana dos afetos, do carinho, do vencer barreiras impostas dia-dia e

fantasmas do passado. É estar todos os dias com o idoso, apesar das intercorrências ou

dificuldades deste processo de cuidar [70].

Na busca de equilíbrio, através do pêndulo das emoções, que constitui o processo

dinâmico de viver, o familiar cuidador terá que aprender a lidar com as suas emoções para

(re)aprender a importância de que é cuidando de si que se compreende melhor a

importância da sua presença e envolvimento no cuidado com o outro [71].

Caracterizando o familiar cuidador

Definir quem será o familiar cuidador de um idoso doente no domicílio constitui

uma situação na qual a família, na maioria das vezes, necessita reorganizar-se e negociar

possibilidades, que incluem identificar, conforme o parentesco, a disponibilidade de tempo

e o desejo pessoal, quem poderá assumir a tarefa de cuidar do idoso [13]. Sendo elo da

comunicação entre o idoso e a equipe de saúde, ele deverá apresentar disponibilidade e

tempo para desempenhar este cuidado.

Para que uma pessoa se torne familiar cuidador diversos motivos contribuem,

dentre os quais destacam-se: a obrigação moral alicerçada em aspectos culturais e

religiosos, a condição de conjugalidade, o fato de ser esposo ou esposa, a ausência de

outras pessoas para a tarefa do cuidar, caso em que o cuidador assume esta incumbência

não por opção, mas, geralmente, por força das mais diversas circunstâncias [72].

A influência decisiva na escolha de quem irá cuidar do idoso, geralmente encontra-

se no grau de parentesco. Logo, quanto mais próxima for a relação familiar, mais chances

tem esta pessoa de vir a ser a responsável pelo cuidado e mais provável será a sobrecarga

emocional envolvida em todo e qualquer processo de saúde e doença [13; 15; 73].

Portanto, a atribuição do papel de cuidador obedece a normas sociais e de

parentesco, gênero e idade, assim como a dinâmica das relações familiares, fatos que foram

comprovados nessa pesquisa.

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Tabela 1. Gênero dos familiares cuidadores:

Gênero Nº

Feminino 17

Masculino 3

Total 20 Fonte: Dissertação de Mestrado Profissional – EEAAC/UFF. 2010.

Os resultados obtidos durante esta pesquisa permitem observar que os familiares

cuidadores eram majoritariamente do sexo feminino: filhas, esposas e nora dos idosos.

Porém, conforme demonstra este estudo existe uma discreta participação masculina, que se

justifica pela falta de outros possíveis cuidadores, pelos mais diversos fatores.

Em geral, são as mulheres que assumem o cuidado e esse papel é visto como

natural, pois está inscrito socialmente no papel de mãe. Assim, cuidar dos familiares idosos

coloca-se como mais um dos papéis que a mulher assume na esfera doméstica. E confirma-

se na literatura de que na maioria dos países, ao longo da história, o cuidado do idoso é

exercido por mulheres. Também em nosso meio confirma-se que o familiar cuidador dos

idosos do estudo eram as esposas, as filhas e as netas e ainda pela tradição de num passado

recente as mulheres não desempenharem funções fora de casa, que permitia sua maior

disponibilidade para o cuidado da família [72; 74].

Tabela 2. Faixa etária dos familiares cuidadores:

Faixa etária Nº

30 - 39 3

40 - 49 6

50 - 59 5

60 - 69 3

70 - 77 3

Total 20 Fonte: Dissertação de Mestrado Profissional – EEAAC/UFF. 2010.

Os dados da tabela 2 demonstram que os familiares cuidadores possuem de 30 a 77

anos. Na análise dos resultados, chama atenção o fato de nas faixas etárias entre 60 a 69 e

70 a 77 existirem seis familiares; que demonstra ser comum em nossa sociedade, familiares

cuidadores idosos, apesar da atividade de familiar cuidador ser cansativa e ainda somando

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os problemas por eles vivenciados no processo de envelhecimento normal como:

depressão, desgaste fisiológico e problemas crônicos [75].

Neste estudo a presença destes idosos como familiares cuidadores correlaciona-se

aos seguintes fatores: a inexistência de outro familiar e descomprometimento ou a

impossibilidade de outros familiares, em especial dos filhos, para assumir esta atividade

deixando os familiares idosos com a responsabilidade cuidar dos idosos.

Tabela 3. Situação conjugal dos familiares cuidadores:

Situação conjugal Nº

Solteiro 3

Casado 14

Separado 1

Viúvo 2

Total 20 Fonte: Dissertação de Mestrado Profissional – EEAAC/UFF. 2010.

Quanto à situação conjugal dos familiares cuidadores houve predominância de

pessoas casadas, sendo dois do sexo masculino e aposentados. Embora eles tivessem bom

desempenho nas atividades do cuidado com as suas esposas, eram muito mais queixosos da

situação que estavam vivenciando do que as mulheres, que além de cuidar dos idosos

cuidavam também dos demais componentes das suas famílias.

Tabela 4. Religião dos familiares cuidadores:

Religião Nº

Católica 11

Evangélica 8

Espírita 1

Total 20 Fonte: Dissertação de Mestrado Profissional – EEAAC/UFF. 2010.

Quanto à religião, verificou-se que os vinte familiares cuidadores têm religião

definida, sendo onze católicos, oito evangélicos e um espírita.

A religião torna-se uma forma de alento e de apoio, pois a oração proporciona

momentos de tranquilidade e de bem-estar para os familiares cuidadores. Enquanto permite

recursos eficazes de enfrentamento, a religiosidade e a espiritualidade atuam como

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mediadores na percepção de ônus ou benefícios decorrentes da tarefa de cuidar,

amenizando o impacto negativo de certos eventos, portanto possibilitando uma melhor

compreensão e aceitação das dificuldades vivenciadas [15].

Tabela 5. Número de filhos dos familiares cuidadores:

N° de filhos Nº

1 filho 1

2 filhos 10

4 filhos 1

5 filhos 4

6 filhos 1

Não possui filhos 3

Total 20 Fonte: Dissertação de Mestrado Profissional – EEAAC/UFF. 2010.

Podemos observar que o menor nº de filhos por familiares cuidadores refere-se às

mulheres mais jovens entre 30 e 49 anos – conforme se apresenta nas duas primeiras linhas

da tabela 5; as mulheres que tiveram quatro, cinco e seis filhos tinham entre 55 a 77anos –

exceto uma que apesar de ter 40 anos tinha cinco filhos. Na última linha, os três cuidadores

que não possuíam filhos.

O uso da pílula anticoncepcional teve influência na transformação do papel social

da mulher na sociedade brasileira, a partir da década de 70, mesmo persistindo as

diferenças sociais e econômicas entre homens e mulheres, possibilitou também uma

autonomia maior no uso do seu corpo, permitindo a mulher decidir o quantitativo de filhos

que teria [76].

Tabela 6. Nível escolar dos familiares cuidadores:

Escolaridade Nº

Ensino fundamental 12

Ensino médio 5

Ensino superior 2

Sem escolaridade 1

Total 20 Fonte: Dissertação de Mestrado Profissional – EEAAC/UFF. 2010.

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Quanto ao nível de escolaridade, um familiar cuidador não frequentou escola, doze

concluíram o ensino fundamental, cinco tinham o ensino médio completo e dois possuíam

nível superior.

Esses dados são relevantes porque, a partir da escolaridade, estratégias podem ser

criadas para que o familiar cuidador tenha uma melhor compreensão das ações do cuidado,

já que o maior nível de escolaridade pode favorece a compreensão sobre as doenças e o

cuidado a ser prestado. Consequentemente, o nível de escolaridade se torna um elemento

facilitador para melhores práticas do cuidado domiciliar [73].

Tabela 7. Profissão/Ocupação dos familiares cuidadores:

Profissão/Ocupação Nº

Do lar 12

Aposentado (a) 3

Manicure 2

Motorista (táxi) 1

Vigia Noturno 1

Comerciante 1

Total 20 Fonte: Dissertação de Mestrado Profissional – EEAAC/UFF. 2

De acordo com a tabela 7, como já se era previsto, pelo fato da maioria dos

familiares cuidadores desta pesquisa serem mulheres, justificado pelo fato de doze

familiares cuidadores serem do lar, três são aposentados e os outras duas são manicures;

um motorista de táxi, um vigia noturno e um comerciante. Além das atividades realizadas

no lar, três dos familiares cuidadores trabalhavam fora: um deles com carga horária de 40

horas semanais em atividade noturna. Para terem condições de continuar a assumir seus

empregos, eles contavam com a ajuda de parentes. Este tipo de situação expressa uma

necessidade genuína de apoio por parte das famílias em sua trajetória de prestar cuidado

cotidiano ao seu familiar idoso doente e fragilizado [15].

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Tabela 8. Renda pessoal dos cuidadores familiares:

Renda pessoal Nº

1 a 2 salários 6

4 a 6 salários 3

Não possui renda pessoal 11

Total 20 Dissertação de Mestrado Profissional – EEAAC/UFF. 201

Na tabela 8, observa-se que onze familiares cuidadores não possuem renda pessoal,

três recebiam um salário mínimo, outros três familiares cuidadores recebiam dois salários,

um recebia quatro salários e os outros dois tinham renda mensal de seis salários mínimos.

A maioria dos familiares cuidadores desta pesquisa eram mulheres, esposas ou

filhas com ocupação no lar, justificando o fato de não terem renda pessoal. Isso só vem

também ratificar que a amostra do estudo pertencente à classe menos favorecida de

recursos, que, portanto é usuária do SUS [73].

Quadro 1. Acesso à telefonia móvel e/ou fixa pelos familiares cuidadores:

Sim Não Possui telefone celular?

18 2

Sim Não Possui telefone fixo? 19 1

Fonte: Dissertação de Mestrado Profissional – EEAAC/UFF. 2010

Nesta tabela relacionando o acesso à telefonia fixa com a móvel, percebe-se quase

em sua totalidade que os familiares cuidadores possuem telefone fixo, exceto um familiar

que não possui, e no que se refere ao fato de possuir telefone celular somente dois

familiares cuidadores não possuem telefone celular.

Ao lembrar que tempos atrás apenas famílias das classes A e B podiam manter um

telefone, percebe-se que a universalização dos serviços de telecomunicações fez parte dos

princípios norteadores da reforma da telecomunicação brasileira, em meados de 1997, com

a edição da Lei nº. 9472, de 16 de julho de 1997 – Lei Geral de Telecomunicações (LGT)

[77]. Portanto, confirma que o acesso aos meios de comunicação nos dias atuais também

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atinge as camadas menos favorecidas da população. Esse dado é interessante porque

permite o acesso a informações em situações de urgência e a amigos e outros membros da

família.

Quadro 2. Condições residenciais dos familiares cuidadores

Sim Não Imóvel próprio?

19 01

Sim Não Idosos residem com os cuidadores? 19 01

Fonte: Dissertação de Mestrado Profissional – EEAAC/UFF. 201

A maioria dos familiares cuidadores reside em imóveis próprios e somente um

familiar cuidador não possui casa própria e sobe 04 andares por diversas vezes ao dia para

cuidar do seu idoso; também foi observado que na grande maioria das vezes o familiar

cuidador ou idoso que não dispunha de residência própria foi oferecido moradia por algum

de seus familiares.

No Brasil, as condições de moradia da população brasileira ainda são bastante

precárias, sobretudo entre as camadas mais pobres [78]. Nesta pesquisa algumas das

residências encontravam-se aquém, com relação ao caráter essencial da provisão de

habitação e serviços urbanos adequados para a inclusão social e o combate à pobreza no

país.

Por facilitar o atendimento da sua demanda de cuidados e trazer maiores benefícios,

morar com o familiar cuidador é importante para o idoso, uma vez que ele terá maior

possibilidade de ser atendido de forma imediata e ininterrupta, dia após dia. Em

contrapartida, para os familiares cuidadores, aumenta a exposição aos possíveis efeitos

negativos dessa atividade e, com efeito, a possibilidade de elevar seus níveis de tensão [15].

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Tabela 9. Parentesco dos familiares cuidadores:

Grau de parentesco Nº

Filho (a) 13

Esposo (a) 5

Nora 1

Filha de criação 1

Total 20 Fonte: Dissertação de Mestrado Profissional – EEAAC/UFF. 201

Com relação ao grau de parentesco do familiar cuidador com o idoso dependente o

quadro acima apresenta doze filhas e um filho, cinco cônjuges, dos quais três são do sexo

feminino e dois do sexo masculino, uma nora e uma filha de criação.

As mulheres sempre foram figuras centrais no funcionamento da família, cabendo-

lhes considerável responsabilidade como cuidadoras dos membros mais vulneráveis, como

os idosos. Existe na vida familiar uma hierarquia de compromisso em relação ao cuidado:

em primeiro lugar, vem a esposa, e em seguida, a filha e em outras situações mantém-se a

figura feminina na pessoa da nora ou irmã. O familiar cuidador raramente é outro parente,

ou do sexo masculino [15].

Tabela 10. Meio de transporte dos familiares cuidadores:

Meio de transporte Nº

Veículo próprio 3

Ônibus 17

Total 20 Fonte: Dissertação de Mestrado Profissional – EEAAC/UFF. 201

Dos vinte familiares cuidadores somente três possuem automóveis e os demais

utilizam ônibus e/ou outros transportes alternativos. Sem contar que um destes familiar

cuidador caminha cerca de 30 minutos para ter acesso a qualquer tipo de transporte pelo

fato de residir em zona rural.

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Tabela 11. Tabagismo e etilismo praticado pelos familiares cuidadores:

Tabagismo e etilismo N

Tabagista 2

Etilista 1

Etilista e Tabagista 2

Tabagista em abstinência 1

Não bebe nem fuma 14

Total 20 Fonte: Dissertação de Mestrado Profissional – EEAAC/UFF. 2010

Por ocasião da pesquisa quatorze dos familiares cuidadores não fumavam e não

bebiam, dois outros eram tabagistas, um era etilista, outros dois familiares cuidadores eram

etilistas e tabagistas, e por fim um era tabagista em abstinência.

Por constituir-se um grave problema de saúde pública mundial, o álcool é uma

substância psicoativa mais utilizada em todo mundo, sendo o principal problema de saúde

mental, principalmente entre homens. No Brasil estima-se que existam atualmente cerca de

18 milhões de alcoolistas, e nos idosos, associadas às doenças crônicas, o álcool modifica o

funcionamento cognitivo e o comportamento, possibilitando maior vulnerabilidade a

quedas, acidentes, à dependência e pode promover o isolamento social aumentando o risco

da demência, confusões mentais, dentre outros [79].

Dados recentes do IBGE informam que existe maior incidência de fumo nos

homens que nas mulheres, predominando no perfil destes homens fumantes serem negros

ou pardos, baixa renda, morar em área rural e menor escolaridade e nos idosos os danos

provocados pelo cigarro são inúmeros e predispõem ao câncer de pulmão e doença

pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), dentre outras patologias [80].

Tabela 11.Doenças/problemas dos familiares cuidadores:

Problemas de saúde Nº

Sim 16

Não 4

Total 20

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Quais doenças? Nº

Hipertensão arterial 9

Dores na coluna vertebral 3

Depressão 1

Gastrite 2

Osteopenia 2

Artrose 3

Litíase biliar 1

Hérnia abdominal recidivante 1

Hipotireoidismo 1

Displasia mamária 1

Glaucoma 1

Problemas de circulação MMIIs 1

Sem problemas de saúde 4

Total 30 Fonte: Dissertação de Mestrado Profissional – EEAAC/UFF. 201

Quando questionados se tinham algum tipo de doença: quatro responderam que não

tinham nenhum problema de saúde, até aquele momento de suas vidas; dezesseis

apontaram ter uma ou mais patologias associadas. Nove familiares cuidadores tinham

hipertensão arterial, três têm distúrbios na coluna vertebral, um apresentava distúrbio

mental, três tinham distúrbios digestivos em tratamento de gastrite e litíase biliar, outros

cinco informaram ter distúrbios osteo-musculares referindo artrose e osteopenia, um

referiu ter hérnia abdominal recidivante, um tinha distúrbio da tireóide apresentando

hipotireoidismo, um fazia controle de displasia mamária, um tinha comprometimento

ocular por glaucoma e um apresentava comprometimento vascular de membros inferiores.

Pelo fato da hipertensão ser a doença de maior prevalência entre os familiares

cuidadores desta pesquisa, vale ressaltar como fatores de risco para hipertensão arterial

severa (HAS) a hereditariedade, idade, hábitos inadequados e sedentarismo. Atitudes

visando à prevenção e controle tornam-se importante junto aos familiares cuidadores com

relação a esta patologia [73].

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Tabela 12. Se os familiares cuidadores utilizam medicamentos e quais são:

Utiliza medicamentos? Nº

Sim 16

Não 4

Total 20

Quais medicamentos? Nº

Anti-hipertensivo 11

analgésico 3

suplemento 2

antidepressivo 1

Repositor hormonal 2

Total 22 Fonte: Dissertação de Mestrado Profissional – EEAAC/UFF. 2010

Todos os cuidadores na época da pesquisa demonstravam conhecer a importância

do controle das suas patologias, quer seja pela importância do uso de medicamentos,

hábitos adequados e controle através de exames específicos, quando necessários.

Entretanto, envolvidos na rotina diária com o idoso, tendem a postergar cuidados com a

própria saúde em função do cuidado ao idoso no domicílio.

Caracterizando o idoso

O envelhecimento inscreve-se como um fenômeno que se mostra na existência

objetiva, constituindo um evento inerente à vida no planeta. O envelhecimento é um

processo dinâmico, progressivo, inevitável, com ritmo e características específicas em cada

pessoa, implicando em alterações morfofisiológicas e constituídas de um grupo bastante

diferenciado, tanto do ponto de vista das condições sociais quanto no aspecto dos cuidados

necessários à sua saúde e bem-estar. Em virtude das mudanças funcionais e somando-se ao

estilo de vida, o contexto sócio-ambiental e a possível predisposição genética, a pessoa

idosa está mais vulnerável aos transtornos crônicos ou até às comorbidades, do que os

demais grupos etários [5, 6, 11; 12].

Em geral, as doenças dos idosos são crônicas e múltiplas, perduram por vários anos

e exigem acompanhamento médico constante e medicação contínua e tem na idade o seu

principal fator de risco, associando as baixas aposentadorias, que tem influência decisiva

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na qualidade da saúde dos idosos, pelo fato que com renda mais baixa apresentam piores

condições de saúde em decorrência de menor uso dos serviços de saúde e pior função física

[16].

Portanto, estes agravos de longa duração podem levar o idoso a perder sua

independência. E, para avaliar o grau de dependência do idoso, utiliza-se a função, que é

definida como a capacidade de um indivíduo se adaptar aos problemas cotidianos, ou seja,

aquelas atividades que lhe são requeridas por seu entorno imediato e permite a sua

independência. A função é avaliada com base na capacidade de execução das AVDs. Elas,

por sua vez, dividem-se em: (a) atividades básicas da vida diária – tarefas próprias do auto-

cuidado, como alimentar-se, vestir-se, controlar os esfíncteres, banhar-se e locomover-se;

(b) atividades instrumentais da vida diária – indicativas da capacidade para levar uma vida

independente na comunidade, como realizar as tarefas domésticas, compras, administrar as

próprias medicações e manusear dinheiro. Vale ressaltar que pesquisas têm demonstrado

que o quantitativo de pessoas idosas dependentes das AVD’s dobrará na segunda e terceira

década deste século [81; 82].

Tabela 1. Gênero dos idosos:

Gênero Nº

Feminino 11

Masculino 9

Total 20 Fonte: Dissertação de Mestrado Profissional – EEAAC/UFF. 2010

O quadro acima demonstra predominância no quantitativo de mulheres, permitindo

perceber a femininização do processo de envelhecimento, justifica-se entre outros, pelo

fato dos homens se cuidarem menos do que as mulheres e, consequentemente postergarem

a ida ao médico e manutenção de cuidados a saúde.

A velhice mesmo sendo um processo universal, apresenta um forte componente de

gênero, que são importantes para descrever as pessoas idosas e, desta mesma maneira tem

ocorrido em todo o mundo. No Brasil, o número de mulheres idosas representa 55% deste

segmento populacional e, em 2003, as informações da PNAD já apontavam resultadas com

características próximas as da atualidade [83].

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Tabela 2. Situação conjugal dos idosos:

Situação conjugal

mulheres homens Nº

Casado 3 5 8

Separado 1 1 2

Viúvo 7 3 10

Total 11 9 20 Fonte: Dissertação de Mestrado Profissional – EEAAC/UFF. 2010

O quadro acima sobre a situação conjugal dos idosos demonstra que prevalece a

situação de viúvo, com as mulheres em maior número. E, em situação oposta, isto é,

casado existe predominância dos homens; sendo somente dois idosos, um homem e uma

mulher, separados.

É habitual que as mulheres fiquem solteiras e que permaneçam viúvas em maior

proporção que os homens e nos idosos maiores de 60 anos não é comum que se casem,

porém os homens tendem a se casar mais do que as mulheres nessa fase da vida. A situação

de viuvez mais acentuada nas mulheres idosas do que nos homens idosos é justificada pelo

fato das mulheres viverem mais do que os homens, que tem motivação em diversas

situações e dentre muitas podemos citar que as mulheres se expõem menos a riscos

ocupacionais, mortes violentas, consomem menos álcool e fumo e procuram mais

sistematicamente os serviços de saúde [82].

Tabela 3. Faixa etária dos idosos:

Faixa etária Mulheres Homens Nº

65 - 69 1 1

70 - 79 7 4 11

80 – 89 4 3 7

90 – 91 1 1

Total 11 9 20 Fonte: Dissertação de Mestrado Profissional – EEAAC/UFF. 2010

A tendência das mulheres viverem mais do que os homens, portanto exibindo uma

mortalidade menor que a masculina, ocorre em todo o mundo, porém, isso não significa

que desfrutem de melhores condições de saúde. A mortalidade constitui somente um

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reflexo da deterioração extrema da saúde, que não dá conta das profundas variações que se

registram no estado de bem-estar daqueles que sobrevivem. Há evidência de que as

mulheres idosas suportam uma maior carga de doença e de declínio funcional do que os

homens [82].

Em 2006, no País como um todo, a expectativa de vida das pessoas de 60 anos era

de 19,3 anos para os homens e de 22,4 anos para as mulheres. Entre os idosos de 80 anos

ou mais, a expectativa de vida das mulheres excede também, a dos homens: 9,8 anos e 8,9

anos, respectivamente [84].

Tabela 4. Religião dos idosos:

Religião Nº

Católica 11

Evangélica 8

Espírita 1

Total 20 Fonte: Dissertação de Mestrado Profissional – EEAAC/UFF. 2010

Quanto ao credo observa-se que a orientação religiosa do idoso é a mesma do

familiar cuidador e, portanto, onze idosos eram católicos, oito evangélicos e um era

espírita.

Percebe-se que a religião confere tanto ao idoso quanto ao familiar cuidador uma

mesma simbologia, pelo fato de ser uma forma de alento e de apoio e, portanto, a oração

proporciona momentos de tranquilidade e de bem-estar para ambos, particularmente nas

situações que envolvem doenças e perdas [15].

Tabela 5. Nível escolar dos idosos pesquisados:

Escolaridade Mulheres Homens Nº

Ensino fundamental incompleto

8 6 14

Ensino médio 0 1 1

Sem escolaridade

3

2

5

Total 11 9 20 Fonte: Dissertação de Mestrado Profissional – EEAAC/UFF. 2010.

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Os níveis de escolaridade encontrados nesta pesquisa foram: cinco idosos não

frequentaram escola e não sabiam ler e nem escrever, com predomínio feminino; quatorze

idosos tinham o 1° grau incompleto, também com predominância feminina; somente um

idoso tinha 2º grau completo.

Há décadas passadas as dificuldades de acesso à educação escolar eram bem

maiores que nos dias atuais, sobretudo para as mulheres. Assim sendo, os idosos tendem a

ter baixa escolaridade, mas à medida que os mais jovens forem evoluindo através da

pirâmide etária, a proporção de alfabetizados idosos tende a aumentar [82].

Tabela 6. Número de filhos dos idosos:

N° de filhos Nº

1 filho 1

2 filhos 3

3 filhos 3

4 filhos 3

5 filhos 3

6 filhos ou mais 6

Não possui filhos 1

Total 20 Fonte: Dissertação de Mestrado Profissional – EEAAC/UFF. 2010.

Quanto ao número de filhos, percebemos um grande aumento na prole dos idosos

investigados em comparação as de seus familiares cuidadores. Pesquisas comprovam que

quanto maior for a idade do idoso maior será a sua prole, fato comprovado em pesquisa

através do IBGE que confirma que a fecundidade era bem alta décadas atrás e que no

período entre 1970 e 199l esta taxa de fecundidade caiu mais de 50 % e a média de filhos

por mulher que era de 5,8 passou para 2,7 filhos, o que também foi verificado nesta

pesquisa [82].

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Tabela 7. Renda mensal dos idosos:

Renda mensal Nº

1 salário mínimo 14

2 salários mínimos 3

4 salários mínimos 1

Não tem renda 2

Total 20 Fonte: Dissertação de Mestrado Profissional – EEAAC/UFF. 2010.

Coma relação a renda mensal dos idosos, predomina a aposentadoria com valor de

um salário mínimo, pelo fato de quatorze dos idosos perceberem este valor. Outros três

idosos recebiam dois salários mínimos, enquanto um idoso recebia quatro salários mínimos

e os outros dois idosos não tinham renda mensal por serem casados e do lar.

Apesar do salário mínimo não atender de maneira satisfatória as necessidades

básicas de vida dos idosos pelos seus baixos valores e, em especial porque nesta fase da

vida ocorrem aumentos significativos para a manutenção da saúde, ele faz a diferença e

tem relevância e importância na vida dos aposentados e pensionistas brasileiros [82].

Tabela 8. Grau de dependência dos idosos:

Locomoção Nº

Ambulante -

Ambulante com auxílio 6

Acamado 14

Total 20 Fonte: Dissertação de Mestrado Profissional – EEAAC/UFF. 2010.

Os vinte idosos em situação de internação domiciliar deste estudo encontravam-se

sem condições para desenvolver as suas atividades de vida diária – relacionadas às tarefas

do autocuidado - e também as atividades instrumentais de vida diária – que indicam

condições vida independente -, que são as de maior complexidade, como: usar telefone,

utilizar transporte, cuidador do próprio dinheiro entre outros.

O processo de envelhecimento traz consigo limitações que muitas vezes fragilizam

a capacidade funcional dos idosos – como tontura, instabilidade, diminuição da acuidade

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auditivo e visual, entre outros – e os leva à dependência, geralmente significando

necessidade de cuidados permanentes. Torna-se importante considerar o nível de

funcionalidade desses idosos e estimulá-los a manterem, o máximo de independência

possível que eles consigam alcançar, dentro de suas limitações [82].

No Brasil, a transição demográfica e a transição epidemiológica apresentam, cada

vez mais, um quadro de sobrevivência de idosos na dependência de uma ou mais pessoas

que suprem as suas incapacidades para a realização das atividades de vida diária [85].

Este fato é particularmente importante porque significa uma maior demanda de

suporte do familiar cuidador que precisa se estruturar para saber identifica as limitações do

idoso e assim proporcionar o atendimento as suas necessidades básicas, bem como

implementar cuidados relacionados a prevenção de complicações.

Tabela 9. Doenças e dos idosos:

Quais doenças? Nº

Hipertensão arterial 9

Hipertensão c/ sequela de AVC 9

Neoplasia de próstata 5

Diabetes mellitus 4

Diabetes mellitus c/ amp. Membro inferior 2

Osteoporose c/ sequela de fratura de fêmur 4

Osteoporose c/ fratura patológica da L-1 Doença de Parkinson

1 2

Síndrome demencial 1

Doença de Alzheimer 1

Infecção do trato urinário 2

Artrose 1

Enfisema pulmonar 1

Total Fonte: Dissertação de Mestrado Profissional – EEAAC/UFF. 201

A frequência das doenças crônicas e a longevidade atual dos brasileiros são as duas

principais causas do crescimento das taxas de idosos com incapacidades. A prevenção das

doenças crônicas, a assistência à saúde dos idosos dependentes e o suporte aos cuidadores

familiares representam novos desafios para o sistema de saúde no Brasil [86].

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Nesta pesquisa, como demonstrado na tabela, a doença de maior prevalência foi a

hipertensão arterial dezoito idoso, dos quais nove desenvolveram complicações com

sequelas; seis destes hipertensos também tinham diabetes mellitus e, por complicações da

doença, dois idosos sofreram amputação de membros inferiores; outros cinco idosos

tinham neoplasia de próstata e somente um destes idosos não era hipertenso. Além das

doenças acima relatadas outras se apresentaram associadas como demências, osteoporose e

infecção do trato urinário em quatro, cinco e dois idosos respectivamente. As demais

doenças presentes nos idosos foram: enfisema pulmonar e artrose com incidência mínima,

um idoso a cada doença.

A descrição da pesquisa acima possibilita as seguintes considerações: que os idosos

à medida que envelhecem, aumentam a frequência das doenças crônicas permitindo maior

incidência de idosos com incapacidades e, portanto, concorrendo para maior tendência a

poli patologias e polifarmácia; que a hipertensão arterial é a mais frequente das doenças

crônicas em todo o mundo e que nos idosos sua frequência aumenta, levando a uma maior

demanda nos serviços de saúde, diretamente ou pelas suas complicações, particularmente o

acidente vascular cerebral [82; 86; 87].

Percebendo o cuidado ao idoso

O cuidado ao idoso é baseado nas suas necessidades físicas e biológicas e, de

acordo com o nível de dependência deste idoso. Portanto, o exercício de cuidar do idoso

doente no domicílio é um aprendizado constante para o familiar cuidador. É no

enfrentamento deste cotidiano e na repetição dos cuidados ao idoso doente dependente para

realização das suas atividades diárias, que, gradativamente, torna-se mais complexo, à

medida que aumenta as necessidades do idoso, possibilitando manifestações relacionadas

ao cansaço físico e emocional do familiar cuidador [13; 86].

Essas características estressantes na atividade de cuidar as quais muitas vezes,

associado à falta de ajuda de outros familiares, as dificuldades financeiras para a

manutenção da própria família e pelo restrito suporte formal por parte do Estado com

relação às políticas públicas de proteção ao idoso e, especialmente em relação ao apoio aos

seus familiares para desempenho deste cuidado, leva o familiar cuidador a abrir mão de sua

vida pessoal em detrimento do cuidado para com o idoso, o que significa dizer que ele

abdica de suas necessidades e vontades para assumir integralmente o cuidado do seu

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familiar idoso [13; 86].

Durante a entrevista, investigou-se se os familiares cuidadores lavavam as mãos

antes e depois dos procedimentos e, somente um familiar cuidador respondeu que lavava

apenas após cuidar e os demais afirmaram lavar antes e depois dos cuidados com os idosos.

Foi percebido pelo entrevistador pequeno constrangimento da parte de alguns familiares

cuidadores em decorrência da resposta não ser imediata.

Sabemos que o ato de lavar as mãos é uma medida bastante antiga no controle de

infecções e que a história registra como um marco a atuação de Semmelweis, em 1847, que

introduziu a prática da lavagem das mãos [88]. A maioria das doenças poderia ser evitada

com o simples ato de lavar as mãos com água e sabão; porém, grande parte das pessoas não

possui esse hábito, por falta de informação ou por não acreditarem que suas mãos carregam

microrganismos que podem causar uma série de doenças.

Com relação às orientações para os cuidados com o idoso dependente no lar doze

familiares cuidadores informaram ter recebido orientação do PID após alta hospitalar, dois

informaram não ter recebido nenhuma orientação para cuidar do idoso justificando que

cuidava por “hábito caseiro” antes de fazer parte do programa de internação domiciliar, os

demais informaram que receberam orientações das seguintes maneiras: um familiar

cuidador recebeu orientações da cunhada que era enfermeira e os demais que somam cinco

familiares foram orientados pela enfermagem quando da internação hospitalar do idoso. No

período da pesquisa todos os familiares cuidadores estavam recebendo orientações do

Programa de Internação Domiciliar do Hospital geral de Nova Iguaçu.

No período da entrevista todos os idosos tinham limitações físicas que os impedia de

desenvolver tanto as AVDs como AIVDs. Portanto, quando perguntado os familiares

cuidadores destes idosos que tipo de cuidados eles prestavam aos idosos foi respondido

que todos os cuidados eram realizados por eles e que algumas vezes eles dispunham da

ajuda de outro familiar para desenvolver estes cuidados.

A sobrevivência de idosos na dependência de uma ou mais pessoas para suprir suas

necessidades referidas pela presença de dificuldades de desempenho de gestos e atividades

do cotidiano – e até mesmo impossibilidade em realizá-los –, justifica-se pelo

envelhecimento populacional rápido e intenso. Além disto, a preocupação com a

incapacidade como assunto de saúde pública tem a sua justificativa a partir do baixo nível

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sócio-econômico e educacional e pela alta prevalência de doenças crônicas que levam as

limitações funcionais e as incapacidades entre os idosos brasileiros [36; 89].

Quando perguntado aos familiares cuidadores se para executar cuidados com os

idosos dependentes foi necessário alguma mudança em suas vidas, todos responderam ter

ocorrido mudanças em suas vidas pelo fato de estarem cuidando do seu familiar. Isto

demonstra, entre outras situações, a sobrecarga de cuidados/trabalho, já que a função de

familiar cuidador do idoso com limitações, especialmente em situações de maior

dependência, constitui uma experiência que produz impacto no processo de viver do

familiar cuidador, com repercussões em sua saúde física, emocional e social. Geralmente, o

cuidado é contínuo, envolve várias ações, surge como algo inesperado, exige conhecimento

e habilidades específicas e, somadas a outras atividades cotidianas do cuidador,

sobrecarrega-o com uma intensa jornada de trabalho, pelo fato de configurar as atividades

do cuidado ao idoso e as demais atividades do seu cotidiano [19].

Portanto, cuidar do idoso de modo permanente, ou seja, dedicar-se integralmente à

atenção ao idoso, exige exposição constante do cuidador ao risco de adoecimento,

principalmente aqueles que são familiares cuidadores únicos e assumem total

responsabilidade do cuidado, como exemplificam as falas abaixo:

Aposentei para descansar. Mas, estou trabalhando mais do que se tivesse na ativa. Peço a Deus que me de sempre saúde para cuidar dela. (Amor-perfeito)

Quando era minha vó eu ainda tinha liberdade para sair porque eu só ajudava minha mãe a cuidar . Hoje em dia eu saio do serviço e venho logo para casa. (Jasmim)

Mudou muito as coisas aqui em casa porque era ela que cuidava de tudo. E agora eu tive que passar a tomar conta da casa no lugar dela. (Tulipa)

Ao assumir o papel de cuidador do idoso o familiar vivencia inúmeras mudanças no

seu cotidiano tanto no que se refere a vida pessoal quanto na profissional, o que gera

grande desgaste físico e mental. Logo alguns familiares cuidadores abdicam do seu

emprego, outros tentam realizar alguma atividade na sua própria residência, porém as

demandas e solicitações de seus idosos dependentes dificultam e até mesmo não permitem

que eles as realizem. Portanto, na maioria das vezes, a dependência progressiva do idoso

reflete diretamente no familiar cuidador, pois este precisa estar presente e disponível para

suprir as necessidades ou incapacidades do outro [27].

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Levei as máquinas para o quarto, e às vezes tento costurar. Mas ele fica me chamando. (Rosa Branca) Para cuidar dela ocorreu muitas mudanças na minha vida. Eu tive que deixar o meu trabalho. (Chuva de prata) Sou evangélica, no momento estou afastada pelos cuidados que tenho que prestar a minha mãe. Mesmo que eu quisesse trabalhar não daria, porque agora a prioridade é ela. (Íris) Agora não posso mais costurar e nem sair de casa de casa. Fico sobrecarregada por os filhos dela não querem ajuda. (Magnólia)

Ocorrem mudanças da rotina diária para o cuidado, apesar da existência de boa

relação. Na existência de uma boa relação de convivência entre o familiar cuidador e o

idoso, a adaptação a essa nova realidade do cuidado ocorre com maior grau de intimidade,

de confiança e de respeito, entre outros motivos por não impor-se o dever e a obrigação de

cuidar. Mas, por outro lado, grandes dificuldades podem surgir quando o histórico familiar

é construído a partir de crises e conflitos que complicam as relações interpessoais, ou até

mesmo pelo fato de acompanhar a progressiva degeneração funcional do seu familiar

idoso, tornando o cuidado inadequado e penoso para quem cuida.

Portanto a rotina diária que determina os afazeres do familiar cuidador em muitas

vezes exclui a sua vontade ou preferências. O familiar cuidador muitas vezes abre mão da

sua vida pessoal pela daquele ao qual ele está cuidando independente do motivo que o

impele a tal atitude [12; 13; 27; 40].

Tive que mudar em muito a minha rotina de trabalho para cuidar do meu pai. Somente no sábado que eu não abro mão e ai meu irmão fica com ele. (Delfim) A nossa vida mudou radicalmente. Agora ninguém tem mais hora para mais nada. Ninguém pode se programar pra nada. Porque é uma incógnita o estado dela a gente não sabe o que vai acontecer. Cada dia tem uma coisa diferente, a rotina acabou. (Bromélia)

Ficou evidenciado também o cansaço físico e o déficit de autocuidado quando os

familiares cuidadores relatam que o desgaste físico e mental causados pelas atividades de

cuidado, aliado a atividades e preocupações normais do seu dia-dia como também as suas

próprias limitações ou incapacidades, tornam a vida e o cuidado em si mais penosos,

podendo trazer danos psicossociais e possibilidades de maiores riscos à saúde. Cuidar de

pessoas idosas é estressante e geralmente leva a problemas emocionais, físicos,

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interpessoais e ocupacionais. Existe correlação significativa entre a qualidade de vida do

familiar cuidador e a situação funcional do paciente [65].

Logo a tarefa de cuidar do idoso acaba por mudar o cotidiano do familiar cuidador

restringindo as suas atividades de vida diária e as atividades de lazer, a sobrecarga de

atividades e a perda de atividades sociais são fatores que limitam a sua vida social e

concorrem para o déficit do autocuidado do familiar cuidador.

Sinto-me muito cansada, e não tenho tempo de me cuidar. (Copo de Leite)

A vinda do meu pai me prendeu. Não posso mais executar o trabalho na Igreja, e participar de diversas atividades que eu tinha antes. (Orquídea)

Não tenho ido a Igreja, estou muito cansada. (Gardênia)

Para cuidar do meu pai ocorreram muitas mudanças na minha vida e quase não tenho tempo para cuidar de mim. (Cravina)

Portanto, cuidar do idoso com limitações nas suas capacidades funcionais produz

enorme impacto na vida do familiar cuidador; envolve mudanças no seu processo de viver,

que englobam alterações biopsicossociais, que quando exercidas de maneira permanente –

em tempo integral – sem a colaboração de outros familiares ocasiona maior sobrecarga

com maiores danos a saúde do familiar cuidador.

Percebendo os sentimentos de quem cuida

O fato da pesquisa apontar para uma maioria de cuidadores ser do gênero feminino

mostra que a sociedade, culturalmente, coloca como prática feminina o papel de cuidar,

independente do grau de parentesco com o idoso dependente, podendo ser desde sua

esposa até a sua nora [75].

De acordo com Nakatani et al[75],

essa atividade consiste em algo cultural e socialmente definido para o Ser mulher, que normalmente tem filhos, marido, atividades domésticas além de, muitas vezes, trabalhar fora do lar. Essa sobrecarga de papéis dificulta a prática do cuidado com o idoso, pois precisam dividir o tempo entre todas as suas atividades, gerando um estresse físico e psicológico, dificultando e em algumas vezes não permitindo que estas mulheres se cuidem e se valorizem enquanto ser humano. (Nakatani et al, 2003)

Em oposição à maioria dos discursos encontrado na literatura, verifica-se que um

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dos familiares cuidadores mostra entusiasmo com o fato de cuidar e refere melhora na

própria saúde após assumir o papel de cuidador. Portanto, não só os aspectos negativos são

relevantes, ainda que sejam os mais estudados, mas transformações positivas são relatadas

por cuidadores que passaram a ter suas vidas modificadas, dando a elas um sentido até

então inexistente, com uma experiência interior de crescimento e de transformação diante

da possibilidade de cuidar do seu familiar idoso e fragilizado [51].

Observa-se também, que quando existe a colaboração de outros familiares no dia-

dia do cuidado ao idoso, quer seja na divisão das tarefas, na colaboração financeira, ou

assumindo por impossibilidade momentânea do familiar cuidador, a atividade de cuidar

dificilmente levará o seu cuidador principal ao esgotamento e acúmulo de atividades pela

possibilidade de ter outros familiares colaborando com o cuidado do familiar idoso.

Quando ele se agita tenho dificuldade de cuidar dele porque às vezes ele quer até me bater. Mas, com a ajuda da minha sogra e dos filhos esta sendo mais fácil, e eu estamos me sentido mais útil, esqueci da minha depressão. Pretendo fazer Enfermagem porque eu quero ser técnica de enfermagem. (Girassol)

Esta sendo tranquilo cuidar da minha mãe. Eu gosto de cuidar dela, gosto de cuidar de pessoa idosa. Quando eu preciso sair, tenho quem fique com ela. Minha irmã, dia sim, dia não, está aqui com ela. (Violeta)

Emergem das falas dos entrevistados dever e obrigação pelo matrimônio ou pela

vida em comum com o idoso dependente: os familiares cuidadores, que se uniram a partir

de um compromisso assumido e selado pelo matrimônio ou para os cuidadores que tem

uma vida em comum sem as referidas formalizações relatam ter a mesma compreensão e

responsabilidade com relação a atividade de cuidar do seu cônjuge ou companheiro.

A sociedade também espera essa atitude dos casais associados a valores como

responsabilidade e obrigação e o dever como um sentimento natural e subjetivo. Tal fato é

percebido de certo modo, com um quê de heroísmo que os tornam respeitados perante a

sua comunidade [13].

A gente que não tem dinheiro para pagar tem que fazer; e se não fizer com amor não fica bem feito. Me sinto deprimido porque eu poderia estar descansando e me cuidando, e ela também. Os amigos dizem 'rapaz se cuida'; Mas como eu posso descansar? Quem vai cuidar dela? E ai eu tenho que me virar. Mas dou graças a Deus porque posso fazer. Tenho forças e tenho vontade. Porque ela sempre esteve do meu lado, sempre me ajudou. Porque que agora não vou cuidar dela? Eu cuido mesmo, a vizinhança cansa de falar ‘como o senhor agüenta?’, ‘nunca vi ninguém fazer isso!’. Mas eu tenho que fazer porque quando ela estava com saúde não me ajudava? Então como eu vou abandonar

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ela? Não largo mesmo! (Amor-perfeito) Somos casados e por causa deste amor, quanto maior a convivência, mais a gente descobre o compromisso e fica forte e se fortalece, não é mesmo? Eu não deixo ele se banhar sozinho porque eu tenho medo dele se machucar. Levei as máquinas para o quarto, às vezes tento costurar. Mas ele fica me chamando. Aí eu penso 'não é justo eu não dar atenção a ele para depois eu não ter sentimento de culpa'. A única coisa que não pode acontecer comigo é eu sentir culpada de alguma coisa. (Rosa Branca)

Evidenciou-se também a importância do apoio religioso, uma vez que o desejo de ver o

seu familiar doente recuperado, mesmo em condições as mais adversas, aproxima o

cuidador familiar da espiritualidade ou fé religiosa, que o ajuda a conviver, prestar

cuidados e a se preparar melhor para aceitar as adversidades que são colocadas no

enfrentamento do dia-dia do cuidado, permitindo-lhe pedir e acreditar através da fé

religiosa a recuperação do seu idoso, mesmo quando percebe que todas as possibilidades

de cura são ínfimas.

Meu desejo é ver ela curada. Eu vou muito a Igreja e peço a Deus. Para Deus, nada é impossível. Minha luta é desde pequeno - eu cuidava da minha avó. Aí a minha vó morreu e minha mãe foi morar com minha irmã e agora ela retornou. (Jasmim)

A imposição do cuidado pela situação vivencial ocorre pela necessidade do dever

cumprido ou pela retribuição dos cuidados recebidos no passado. Assim sendo, a

necessidade de cuidar de um idoso decorre muitas vezes de uma imposição circunstancial

do momento em que se está vivendo, do que propriamente de uma escolha. A figura do

familiar cuidador emerge de relações familiares, quase sempre fragilizadas pela presença

da doença e pelo que foi vivenciado, exigindo muitas vezes profundos “arranjos” na

organização e dinâmica intra-familiar para corresponder às necessidades da pessoa

dependente [90].

Na maioria das vezes o familiar cuidador é solitário neste cuidar pelo fato dos

demais membros da família afastar-se ou simplesmente não colaborar, pautados no medo

de assumir; por desinteresse, falta de tempo e disponibilidade, pelo fato trabalhar ou morar

em outra cidade. São estas as muitas dificuldades que o familiar cuidador se depara ao

prestar cuidados ao idoso no domicílio, por não ter com quem dividir as atividades do

cuidar. Tais colocações demonstram ser extremamente importantes para que o cuidador

receba apoio de outros familiares, pois a sobrecarga imposta pela execução das tarefas, as

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dificuldades no manejo com o doente, podem levar o familiar cuidador ao cansaço físico e

mental, contribuindo para o aparecimento do estresse e desencadeamento de doenças [15].

Observa-se também na conduta do familiar cuidador através das características e

valores que constituem os elos de cada família, da obrigação e do dever do cuidado, que

existe um componente afetivo evidenciado no cuidado como uma forma de agradecimento

pelas experiências vividas e pelos cuidados e atenção recebidos no passado, necessário e

importante na condução da atividade de cuidar [13].

Fico sobrecarregada porque os filhos dela não querem ajudar. Eu me sinto por parte assim: não posso me desfazer dela. Mas é aquele negócio: eu cuido bem dela. Já teve uma época que fiquei muito nervosa por causa dela ficar junto comigo. Mas cuidar dela é uma satisfação - certeza do dever cumprido. Eu reuni todos os filhos dela e perguntei quem poderia ficar com ela. Ninguém tinha tempo. Aí, minha irmã que está com o marido doente disse para eu pensar com carinho. Aí eu fui buscá-la com o meu filho. (Magnólia)

Raramente saio de casa. Não tenho hábito de sair. Eu me sinto muito bem cuidando do meu pai, ainda mais que ele lutou a vida inteira para cuidar de nós. (Lírio) Eu gosto de tomar conta dela, mas eu digo pra ela que ela também tem que ter paciência comigo e eu com ela. Eu não tenho nenhuma doença e eu peço todos os dias a Deus que me de saúde porque eu gosto de cuidar dela. Só eu me canso muito. Eu falo que ela tem que me compreender e eu a ela. Me sinto com muita responsabilidade, e não fico reclamando. E é por isso que eu peço a Deus para me dar saúde para que eu posso cuidar dela e que ela viva bastante. (Íris) O psicológico dela funciona que uma beleza porque às vezes quando eu tenho que sair... Porque às vezes eu namoro; e quando ela fica sabendo que eu vou sair, ela passa mal, ela faz pirraça o dia todo, nada está bom para ela - Só posso falar que vou sair na hora exata de ir-. Mas o que fazer, faz parte da vida os filhos cuidarem dos pais. Procuro fazer da melhor maneira possível e sem reclamar, mas, às vezes, fico mal-humorada. (Chuva de prata) Cuidar do meu pai de início foi um choque bem grande porque, mesmo a gente não morando junto, o apoio dele para a gente sempre foi 100 % em todos os sentidos, e quando ele ficou doente pensamos 'caramba perdemos o nosso apoio'. Foi um choque para todos nós, e minha irmã, mesmo se alimentando, sentíamos que dia a dia estava emagrecendo. (Begônia) Eu me sinto bem por uma coisa. Eu saí muito cedo da minha cidade e minha irmã me disse 'você pode rodar o mundo, mas no fim quem vai cuidar da minha mãe é você. Ela não gosta de ser cuidada pela neta (minha filha). Quando eu tenho que sair por algum motivo sério, e ela rejeita a atenção da minha filha, ela não insiste e aguarda por mim. (Miosótis)

Os sentimentos ambíguos e a preocupação estão presentes na fala do familiar

cuidador, pois ele, além das suas múltiplas tarefas do cotidiano ao cuidar do idoso de modo

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permanente e com reduzido apoio familiar, é idoso, e também cuida das suas atividades

domésticas. Portanto, apresenta ambíguo sentimento de estar cansada, estressada e

insatisfeita, por não poder cuidar-se, com dúvidas com relação ao seu futuro e, ao mesmo

tempo, tem a sensação de dever cumprido, dignificação e gratificação. Porém, encontra-se

preocupado com a sua “sorte” pelo fato de não querer passar pelos problemas que o

companheiro está sofrendo o que remete à constante preocupação com sua finitude [91]:

Me sinto muito cansada, e tenho uma dor na perna que quando eu me levantar daqui já vou estar mancando e não tenho tempo de me cuidar. Os filhos me ajudam, mas os dois trabalham. Filho homem é assim. Mulher é que ajuda mais a mãe; estava tudo bem graças a Deus esta tudo em Paz. Na luta porque a luta é grande. Porque eu tenho que ter. Então eu vou em frente. Eu peço a Deus para me dá força todos os dias para segurar a barra. Estou muito preocupada com a minha vida. Mas, acho que vou ter a mesma sorte da minha mãe que morreu dormindo. Porque eu nunca fiz mal para ninguém. Sempre ajudo a todos que posso. (Copo de Leite)

As incertezas do familiar cuidador frente ao futuro demonstram-se a partir do

exercício de cuidar do idoso doente no domicílio. São também um aprendizado constante,

pelo fato de atividades que parecem ser simples, para quem já as desenvolvem, tornar-se

árduas para quem nunca precisou enfrentá-las. Assim, o cuidar, que inicialmente abrange

atividades simples que se limitam a ajudar na realização de atividades da vida diária, como

ajudar no vestir-se ou a servir de apoio para andar na rua podem, gradativamente, ir se

tornando mais complexas exigindo do familiar cuidador conhecimento e habilidades para o

exercício do cuidar de acordo com as necessidades físicas do idoso [13].

A partir das declarações feitas pelos familares cuidadores, nota-se que o cuidado

não é simplesmente uma obrigação imposta, mas também um exercício do eu, algo que

proporciona prazer em fazer, devido aos laços afetivos existentes entre familiares

cuidadores e idosos dependentes. Esses laços se estreitam ainda mais na oportunidade de se

dedicar e retribuir cuidados recebidos pelo cuidador em tempos anteriores e ainda motivam

e explicam o fato de assumir a responsabilidade do cuidado [92].

Cuidar do meu pai nesta situação esta mexendo muito comigo porque eu sou muito agarrada com ele e ele comigo. Todo cuidado que é feito nele tem que ser por mim. Ninguém dá uma injeção nele sem que eu diga que possa - ele não aceita. A gente se apegou muito. Por um ponto é bom, mas por outro eu sofro muito. Eu pergunto muito ao pessoal do PID o que vai acontecer amanhã. Eu fico muito ansiosa. (Delfim)

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Eu me sinto impotente nesta situação porque muitas das coisas que eu não sei como fazer ou como agir e gostaria de amenizar e não tem como porque às vezes eu não sei ou então não tem jeito mesmo porque é normal da doença ou consequência da doença. Porém, isso mexe comigo. E eu fico abalada com a situação dela. (Bromélia) E eu fico sem saber como lidar com essa depressão dela; porque tem horas que a gente perde a paciência; porque, para mim, brigar com a minha mãe é difícil. Eu digo para ela eu estou aqui para lhe ajudar e você também precisa me ajudar'. Se a gente for levar tudo a ferro e fogo, fica doida que nem ela. (Angélica) Tem horas que ele me irrita e eu também me irrito com ele; mas logo eu tenho que retomar porque quem tem que cuidar dele sou eu mesma; porque os filhos têm a vida deles. A hora que eu fico mais nervosa é no banho porque o banho dele é na cama, e aí ele não quer. Eu sei que é ruim mesmo, mas não pode... levar ele para o banheiro. Ele diz que ora por mim pra eu ter forças para cuidar dele porque ele sabe que não é fácil. (Gardênia)

Portanto, assumir a função de cuidar do idoso em situação de internação domiciliar

torna-se um desafio constante na vida do familiar cuidador, pelo fato de envolver uma

gama de situações demonstradas através de sentimentos e atitudes percebidas no dever,

retribuição, amor, satisfação, medo, pena, nervoso, impaciência e que ao desempenhar

estes cuidados aos idosos, os quais no passado quando gozavam de saúde e dispunham de

independência e autonomia, realizavam por eles dedicando-lhes cuidado, atenção e amor

no momento em que não podiam se cuidar sozinhos pelo fato de serem crianças; ou pelo

fato de ser cônjuge ou nora, assumiram o cuidado, quando em muitas situações outros

membros da família se negaram a desempenhar o papel de cuidador familiar [92].

OrientAções da enfermeira ao familiar cuidador do idoso

O familiar cuidador ao assumir atividades de cuidado ao seu familiar idoso e doente

passará por mudanças repentinas na sua rotina pelo fato de ter que conciliar as tarefas

familiares e as profissionais de acordo com as necessidades que este cuidado se coloca

frente às do idoso. Portanto, este cuidador terá uma sobrecarga decorrente dos cuidados

tendo às vezes que abrir mão de sua vida pessoal [93].

Os cuidados desenvolvidos com esse idoso doente tornam o familiar cuidador mais

susceptível a doenças após ter iniciado os cuidados, pelo fato de muitas vezes deixar de

cuidar de si, dedicando-se exclusivamente a ele ou também ao desconhecimento e a falta

de habilidades que acaba gerando sobrecarga de atividades, causando desgaste físico e

mental. Porém, esta situação não favorece nem ao idoso que necessita de cuidados e nem

ao próprio familiar cuidador que tem que conciliar a sua vida pessoal e os cuidados ao

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idoso dependente.

A enfermeira nesse contexto tem a oportunidade de observar como as pessoas

enfrentam a situação de doença na família, visualizando os recursos disponíveis e os

problemas decorrentes da situação de ter um familiar, cujas necessidades de cuidado

ocorrem de maneira continua e progressiva, e cuja manutenção da vida é de

responsabilidade deste familiar. Nesse sentido, a família, na pessoa do familiar cuidador

passa a ser o foco de atenção da enfermeira, visando o melhor desempenho das atividades

do cuidar; possibilitando alcançar independência e poder realizar os cuidados necessários à

situação vivida, atenuando o estresse que é submetido neste cotidiano, ao assumir os

cuidados com idoso dependente no domicílio [3; 10; 19; 94; 95].

Assim, através da implantação de um programa de orientações ao familiar cuidador

do idoso dependente no ambiente domiciliar, poderá favorecer as relações biopsicossociais

do cuidador-idoso dependente, possibilitando a redução das reinternações desses idosos,

bem como ampliar o campo de atuação do enfermeiro ao adotar novas estratégias que

possibilitem melhoria na eficiência e qualidade dos seus serviços, nesse contexto.

Logo, a enfermeira com uma visão holística, integral, competente, eficiente,

flexível, criativa e inovadora propiciará a este familiar, a partir do conhecimento da

realidade e do melhor agir, superar as situações que se impõem no dia-dia no cuidado

domiciliar e para amenizar esta situação faz-se necessário orientações a este familiar

visando seu preparo para enfrentar essas mudanças no seu cotidiano.

Nesta pesquisa, o idoso em situação de internação domiciliar é dependente e, na sua

grande maioria, acamado, o que demanda inúmeros cuidados, que possibilitam uma série

de orientações ao familiar cuidador para que este realize os cuidados necessários ao idoso

de forma adequada e coerente a suas necessidades.

Durante as entrevistas e observações foram identificados problemas apresentados

pelos idosos e estabelecidas orientações fornecidas pelo enfermeiro ao familiar cuidador

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Quadro 1. Orientações relacionadas a integridade cutânea. Problemas identificados Frequência Orientações da enfermeira

3 Como realizar e manter o curativo

2 Como realizar o curativo com

hidrocolóide

Mobilização do paciente no leito

2 Mudança de decúbito 3/3 horas

4 Uso de óleo de girrassol na pele

6 Utilizar o traçado para mobilização

Úlcera de pressão

3 Utilização do colchão caixa de ovo INT

EG

RID

AD

E

C

UT

ÂN

EA

Escabiose 1 Quanto à higiene adequada

Com o envelhecimento ocorrem mudanças na pele que são consideradas

fisiológicas e que propiciam a perda da elasticidade e umidade, pois a camada epitelial

sofre uma redução, as fibras de colágeno tornam-se rígidas, ocorre à diminuição do tecido

adiposo subcutâneo e diminuição do fluxo sanguíneo nos capilares entre outros; que

tornam os idosos particularmente mais susceptíveis às infecções de pele e tecidos moles

que associados a restrição ao leito – que limita e dificulta a mobilidade – favorecem o

surgimento de lesões na pele e, em especial as úlceras de pressão (UPs) [96]. Qualquer

paciente pode estar suscetível, porém, no idoso, elas instalam-se mais rapidamente,

confirmado pelo quadro acima, onde podem ser implementadas diversas orientações

referentes às UPs.

A escabiose é dermatose bastante característica produzida pela infestação por um

ácaro, o Sarcoptesscabiei. É uma doença parasitária comumente vista em idosos

institucionalizados, portanto, é intimamente ligada aos hábitos higiênicos. Nesse sentido, é

comum a doença se manifestar em locais onde as condições de higiene são precárias. Mas

aqueles que mantêm hábitos de higiene saudáveis não estão isentos de serem

contaminados, pois ao entrar em contato com o ácaro, qualquer um pode ser infectado e

contrair a escabiose [97].

Orientações de medidas de controle associada à prescrição médica tornam-se

fundamentais. Além disto, deve ser também realizada terapia profilática extensiva aos

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familiares e contactantes íntimos do infectado, apresentando ou não sinais ou sintoma de

escabiose, tendo em vista que podem se manifestar até dois meses pós-infecção [98].

Quadro 2. Orientações relacionadas a higiene e conforto Problemas identificados Frequência Orientações da enfermeira

1 Quanto à necessidade do banho no

leito

Banho no leito

1 Melhor proceder no banho

Banho de aspersão 1 Quanto à necessidade do banho de

aspersão

Higiene íntima 1 Utilizar a comadre

Uso de fraldas (com

controle do parcial do

esfíncter)

1

Utilizar fraldas somente no período

noturno

Arrumação da cama 1 Evitar dobras na fixação de lençóis e

traçados

Equilíbrio (queda da

cabeça)

1 Utilizar cadeira reclinável para apoio

da cabeça

2 Melhores condições de assistência Cama doméstica

2 Evitar possíveis acidentes

1 Conservação do produto

HIG

IEN

E

E

C

ON

FO

RT

O

Conservação das

almofadas para assento. 1 Facilitar o manuseio

Higiene é uma ciência sanitária que trata da limpeza e do asseio no que se refere ao

corpo e também ao ambiente, possibilitando dizer que higiene é saúde; logo, estar limpo e

asseado concorre para a manutenção da saúde. Tal afirmação permite concluir que em boas

condições de higiene alcança-se o conforto [99].

Nesta pesquisa os idosos não dispõem de condições para se cuidarem e realizarem a

higiene corporal em função das doenças relacionadas com o envelhecimento, que afetam e

alteram a sua capacidade de autocuidar-se, e os tornando-o mais vulneráveis aos problemas

de dependência em relação a suas necessidades.

Neste contexto, a figura do familiar cuidador torna-se vital para que sejam

propiciadas condições de higiene e conforto aos idosos, cabendo a enfermeira orientar ao

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familiar com respeito a estas necessidades e como desenvolver medidas de higiene e

conforto que proporcionem bem estar aos idosos dependentes.

Quadro 3. Orientações relacionadas a alimentação. Problemas identificados Frequência Orientações da enfermeira

Dificuldades para deglutição 1 Elevar a cabeceira durante a

alimentação

Refluxo gástrico 1 Elevar a cabeceira da cama

durante e após alimentação

Hipertensão e diabetes 1 Reforçar a necessidade da

alimentação de acordo com a

orientação da nutricionista

Controle da tensão arterial 1 Quanto à importância da dieta

hipossódica

1

Manter os horários regulares da

alimentação

Descontrole alimentar

1 Não deixar o alimento visível e

acessível

AL

IME

NT

ÃO

Risco de broncoaspiração 1 Elevar a cabeceira durante a

alimentação

O envelhecimento como um processo natural, submete o organismo a diversas

alterações anatômicas e funcionais, repercutindo nas condições de saúde e nutrição do

idoso. Estas mudanças são progressivas e ocasionam efetivas reduções na capacidade

funcional, que se apresentam desde a sensibilidade para os gostos primários até os

processos metabólicos do organismo o que contribui para aumento da morbi-mortalidade

[100].

Logo, a desnutrição no idoso ocasiona uma série de complicações graves, tais

como: tendência à infecção, deficiência de cicatrização de feridas, falência respiratória,

insuficiência cardíaca, diminuição da síntese de proteínas a nível hepático, diminuição da

filtração glomerular e da produção de suco gástrico dentre outros [101].

Se a desnutrição possibilita uma série de agravos, por outro lado, o sobrepeso e a

obesidade no idoso também são fatores de risco para um variado número de agravos à

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saúde, dos quais os mais frequentes são a doença isquêmica do coração, hipertensão

arterial, acidente vascular cerebral, diabetes mellitus tipo 2, colelitíase, osteoartrite

(especialmente de joelhos), neoplasia maligna de mama pós menopausa e de endométrio,

esofagite de refluxo, hérnia de hiato e problemas psicológicos [101].

No que se refere à alimentação, todos os idosos necessitavam de auxílio para

realizar as suas refeições, em face das fragilidades por eles apresentadas e as orientações

pertinentes a essa necessidade foram efetuadas pela enfermeira.

Quadro 4. Orientações relacionadas às eliminações.

Problemas identificados Frequência Orientações da enfermeira

1 Alimentação constipante Diarréia (Incontinência fecal)

1 Higiene e troca freqüente de

fraldas

EL

IMIN

ÕE

S

Disúria (concentração da urina) 2 Aumentar a oferta de líquidos

A incontinência é um problema de saúde significante para a população de idosos,

não sendo considerada uma doença, mas uma condição - que tem nas perdas cognitivas e

físicas um dos seus principais motivos - afeta essa parcela populacional em seus aspectos

físicos e psicológicos. Logo, este declínio funcional impede o desenvolvimento das suas

capacidades e potencialidades, resultando então no desenvolvimento da dependência e na

perda da autonomia. Nota-se também que repercussões emocionais e sociais da

incontinência fecal são maiores que as observadas na incontinência urinária [34; 102; 103;].

O declínio funcional dos idosos desta pesquisa possibilita o comprometimento da

locomoção prejudicando as condições de controle urinário e fecal, tendo em vista o fato de

que somente seis dos vinte idosos utilizavam o vaso sanitário com apoio do familiar

cuidador.

Portanto, a enfermeira realiza orientações ao familiar cuidador com relação às

alterações das eliminações urinária e fecal dando suporte aos cuidadores para o

enfrentamento desses problemas.

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Quadro 5. Orientações relacionadas à locomoção e mobilidade. Problemas identificados Frequência Orientações da enfermeira

Dificuldades na mobilização (levantar da cama)

1 Aumentar a altura da cama

Dificuldades na marcha 1 Utilizar andador

Preservar os movimentos 2 Reforçar a mobilização dos membros superiores de maneira ativa e passiva conforme orientação do fisioterapeuta

LO

CO

MO

ÇÃ

O E

M

OB

ILID

AD

E

Não aceitação das cadeiras

de rodas e de banho

1 Riscos de queda

Todos os idosos da pesquisa apresentavam alguma limitação em relação à

locomoção e mobilidade, que em função dos problemas de saúde ocasionados em

decorrência do próprio envelhecimento, na maioria das vezes, faz com que estes idosos

permaneçam na cama ou em cadeira, em função de suas próprias queixas e ao tomar esta

atitude podem ser levados ao isolamento, à inatividade e a exclusão [104].

Estas limitações com relação à locomoção e à mobilidade são condicionadas

geralmente por atrofia muscular lenta e gradual, em especial no tronco e nas extremidades,

levando a uma perda de força muscular e consequente diminuição de força, resistência e

agilidade. Com isto, aumenta o risco de quedas, que constitui a primeira causa de acidentes

em idosos [105].

Logo, nesta pesquisa todos os idosos apresentavam problemas no que se refere à

locomoção e mobilidade. Portanto, as orientações da enfermeira ao familiar cuidador são

importantes para que possam ser estimulados a manter dentro de suas possibilidades o

máximo de autonomia e independência para a realização de suas atividades de vida diária,

porém observando os cuidados para evitar o risco de quedas.

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Quadro 6. Orientações relacionadas dificuldades respiratória Problemas identificados Frequência Orientações da enfermeira

Desconforto respiratório 1 Elevar a cabeceira da cama

1 Mobilizar o Paciente

1 Elevar a cabeceira da cama

DIF

ICU

LD

AD

ES

R

ES

PIR

AT

ÓR

IAS

Aumento de secreção

brônquica

1 Utilizar poltrona com apoio ou

cadeira reclinável com controle

No envelhecimento o fator idade é considerado como predisponente para as

principais afecções que acometem o aparelho respiratório. Mas, por poucas vezes,

podemos considerá-lo como único determinante em função dos mecanismos reguladores da

respiração, ocorrendo diminuição da resposta ventilatória às variações das pressões

parciais de oxigênio e de gás carbônico no sangue [105].

Tendo em vista as modificações da morfologia torácica que determinam a

configuração do tórax senil ou “em barril”, a redução da elasticidade e a atrofia da

musculatura acessória da respiração que reduzem a capacidade de expansão da caixa

torácica. Isto acontece devido às alterações do sistema colágeno e elástico que ocasionam

diminuição da elasticidade e complacência dos pulmões. Logo, as paredes das vias aéreas

intrapulmonares tornam-se menos resistentes, facilitando o colabamento expiratório. Há

dilatação dos bronquíolos respiratórios, dos ductos e sacos alveolares, concorrendo ao

aspecto anatômico, chamado de enfisema senil [105].

Associado a estas alterações tem-se o fato dos idosos desta pesquisa na sua grande

maioria serem acamados, comprometendo ainda mais o sistema respiratório, concorrendo

para as afecções pulmonares e possibilitando consequências que alteram a qualidade de

vida destes idosos. Logo, são necessárias orientações da enfermeira ao familiar cuidador,

propiciando cuidados que permitam controle e/ou prevenção dos problemas identificados

no sistema respiratório.

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Quadro 7. Orientações relacionadas às dificuldades vasculares e circulatórias. Problemas identificados Frequência Orientações da enfermeira

Edema em membros

superiores (infiltrações

venosas)

2 Compressas mornas nas regiões

infiltradas

Edema na mão direita

(posição inadequada)

1 Elevar a mão direita

Hipertensão arterial 1 Aferir e anotar os valores

DIF

ICU

LD

AD

ES

VA

SC

UL

AR

ES

E

CIR

CU

LA

RIA

S

Edema de membros

inferiores (postura

inadequada)

3 Elevar e posicionar

adequadamente os membros

inferiores

No Brasil, as doenças do aparelho circulatório são relevantes causas de óbito

correspondendo a 32,2% dos óbitos. As alterações cardíacas habitualmente observadas nos

idosos ocorrem em consequência de diversos fatores que dificilmente acontecem de

maneira dissociada: o processo de envelhecimento, a presença de afecções

cardiovasculares crônicas e agudas, o comprometimento de outros setores do organismo,

como os sistemas pulmonar, renal, hepático, endocrinológico e hematológico [105].

A hipertensão arterial apresenta-se como um dos mais graves problemas de saúde

pública dos tempos atuais, atingindo adultos e, em especial, os mais idosos. A falta de

controle desta doença é um fator de risco para diversas outras doenças tais como: acidente

vascular encefálico, doenças isquêmicas do coração, insuficiência cardíaca, insuficiência

renal e isquemia vascular periférica. A OMS define HAS como a elevação crônica da

pressão arterial sistólica e/ou pressão arterial diastólica e tem prevalência no sexo

masculino [106].

Assim sendo, nesta pesquisa, a maioria dos idosos, dezoito, exatamente, são

portadores desta doença crônica. Nove idosos tinham, ainda, associadas a ela sequelas de

acidente vascular cerebral (AVC).

Portanto, os idosos desta pesquisa apresentavam dificuldades em diversos graus na

capacidade funcional, que possibilitou identificar os problemas apresentados. Percebe-se,

então, serem necessárias intervenções da enfermeira junto ao familiar cuidador para

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corrigir os desvios de saúde apresentados e propiciar a prevenção de outros possíveis

agravos.

Quadro 8. Orientações relacionadas ao uso de medicamentos.

Problemas identificados Frequência Orientações da enfermeira

Alteração dos horários de

administração dos

medicamentos

2 Quanto à necessidade de

administrar os medicamentos nos

horários prescritos

AD

MIN

IST

RA

ÇÃ

O D

E

ME

DIC

AM

EN

TO

S

Troca de um medicamento

por outro

1 Quanto há não mudar o tipo de

medicação prescrita

No que se refere à administração de medicamentos, Silva et al [107] afirmam:

Nem sempre a administração única e exclusiva do medicamento poderá transformar uma dor em prazer, uma agressão medicamentosa em alívio da dor ou restaurar o corpo antes doente. Normalmente, mesmo que a administração do medicamento seja para resolver um problema – de diagnóstico, tratamento, alívio de sintomas ou conservação do bem-estar –, ela vem sempre acompanhada de uma agressão físico-mental, pois invadimos o corpo do outro com nossos procedimentos muitas vezes danosos e doloridos. (...) Por isso é imprescindível uma enfermagem que, antes de se preocupar em administrar o medicamento, pense no sujeito que vai recebê-lo. (Silva et al, pp.175-6, 2005)

Logo, é importante que a enfermeira oriente o familiar cuidador para observar

como o idoso está reagindo à administração do medicamento prescrito, se existe melhora

clínica, o surgimento de possíveis efeitos indesejáveis ou tóxicos e não mudar a medicação

sem prescrição prévia.

Portanto, as fragilidades decorrentes do processo de envelhecimento associadas às

doenças, em especial as crônicas, prejudicam a autonomia e a independência funcional dos

idosos colocando em risco as AVDS e as AIVDs. Tais comprometimentos evidenciam a

necessidade de cuidados quando estas atividades encontram-se comprometidas e

impossibilitam a realização do autocuidado, pelo fato dos idosos necessitarem de maior

atenção a sua saúde, as responsabilidades por estes cuidados recaem sobre o familiar

cuidador e o sistema de saúde [108].

Diante deste cenário, que envolve a presença de profissionais no domicílio, destaca-

se a modalidade da internação domiciliar, que é a atividade mais específica da atenção

domiciliar. Neste contexto, a sua operacionalização acontece por meio da visita domiciliar

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na qual ocorrem orientações da enfermeira à família, com foco no familiar cuidador [109].

De acordo com a perspectiva de Schwonke [110],

a presença e a participação da enfermeira nessa prática assistencial, junto à família, são de grande importância, considerando que: contextualizando com a nossa realidade, somos o maior grupo profissional da área de saúde no cuidado, temos como objeto profissional o cuidado do cliente; somos parte integrante da equipe multiprofissional da saúde; recebemos formação acadêmica que propicia conhecimentos técnicos e científicos que nos habilitam à competência, habilidades e atitudes para o desempenho das atividades junto à clientela dos mais variados segmentos da área da saúde, incluindo a gerencial, principalmente no que se refere à educação dos recursos humanos. (Schwonke, p. 78, 2008)

Portanto, através da visita domiciliar a enfermeira desenvolve estratégias para

orientações em saúde no contexto familiar - observando a realidade dos sujeitos - visando

benefícios para manutenção e a possível recuperação das condições de saúde ao idoso e

ainda possibilitar ao familiar cuidador imprimir no seu cotidiano a presença da enfermeira

para que se sintam assistidos, não solitários e possam realizar um melhor agir e fazer,

possibilitando a autonomia dos sujeitos, além de ser facilitadora e mediadora na relação

entre esses e a equipe multiprofissional, nas situações impostas pelo cuidado diário, tendo

em vista a difícil tarefa de cuidar de um idoso no domicílio [1; 2; 13; 92; 111].

Cabe assim à enfermeira conhecer o ambiente domiciliar, sua dinâmica, identificar

o perfil do idoso e de seu familiar cuidador antes de estabelecer um programa de

orientações porque, é no cotidiano do cuidado ao idoso em internação domiciliar que

emergem situações que demandam orientações, escuta e olhar atento às necessidades tanto

do idoso, quanto do familiar cuidador, que necessita de suporte e apoio para saber cuidar

do idoso e de si mesmo, no inquietante contexto que os envolve.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nada permanece imóvel e nada permanece em estado de fixidez e estabilidade, mas tudo se move, tudo muda, tudo se transforma, sem cessar e sem exceção.

(Heráclito de Éfeso)

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O fenômeno do envelhecimento populacional é uma constatação atual, que ocorre

em todo o mundo. Portanto, percebido como um processo global com início nos países

desenvolvidos e que nas últimas décadas do século passado tornou-se uma realidade

também nos países em desenvolvimento. O desenvolvimento das tecnologias voltadas para

a saúde, às possibilidades de acesso ao atendimento em saúde e a melhoria das condições

sanitárias são relatadas como principais fatores que permitiram aumento da expectativa de

vida.

A população idosa brasileira, segundo dados do IBGE, encontra-se por volta de 18

milhões, e, deste quantitativo, 11,4 mil pessoas encontram-se com 100 anos ou mais de

idade, o que reflete o aumento da expectativa de vida deste grupo de idosos. Na década de

70 o Brasil definia-se como um país jovem e hoje temos a projeção para 2020 sermos o

sexto pais do mundo em número de idosos, o que representa aproximadamente 31,8

milhões de idosos [112].

Atualmente, observando à realidade da assistência a saúde dos idosos nas

instituições públicas de saúde percebe-se o número cada vez maior de idosos que buscam

atendimento médico nas emergências dos hospitais e por não ter vagas em suas enfermarias

mantém estes idosos em suas emergências, muitas vezes em macas. Somando-se a

superlotação, temos um grande déficit de profissionais o que permite concluir que os

serviços de saúde encontram-se distantes em atender as demandas deste seguimento da

população brasileira.

Os problemas de saúde apresentados pelos idosos na maioria das vezes estão

associados a mais de um tipo de doença, que se relacionam de maneira interdependente.

Estas doenças que prevalecem na população idosa são denominadas de doenças crônicas

não transmissíveis, as quais associadas às mudanças demográficas e a transição

epidemiológica, acometem os idosos, em especial os mais fragilizados levando-os a

instalação de incapacidades funcionais, colocando a família em situação de cuidado ao seu

idoso [113].

Surge desta situação de fragilidade, que se coloca não só para idoso como também

para a sua família, a necessidade em readequar papéis familiares às necessidades que serão

impostas pelo cuidado ao familiar doente [15], ocasionando alterações na rotina e na

dinâmica familiar para possibilitar o cuidado domiciliar. O familiar, que assume a

responsabilidade do cuidado ao idoso no próprio domicílio é o cuidador principal, também

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denominado de familiar cuidador.

Em suas concepções a respeito do que seja cuidar do outro, os familiares

cuidadores entendem que este cuidar vai além de executar tarefas atendendo às

necessidades do idoso. Torna-se necessário estabelecer atitudes de estar perto, de ouvir,

permanecer junto, acolher, dar atenção e, por fim colocar-se no lugar do idoso, a fim de

perceber e sentir a problemática por ele vivenciada e, assim demonstrar solidariedade,

proporcionando um cuidado humanizado com o seu familiar idoso em situação de

internação domiciliar [114].

Essa colocação vai ao encontro do programa de internação domiciliar do Hospital

Geral de Nova Iguaçu, que tem como objetivos oferecer continuidade de tratamento ao

paciente egresso da internação, diminuindo o tempo de permanência do paciente e da

família no ambiente hospitalar, evitando assim os riscos de complicações causadas por uma

internação prolongada bem como reduzindo os gastos com as múltiplas reinternações a que

estes idosos estão sujeitos quando não são bem acompanhados e atendidos.

A família é uma instituição em processo de mudança e adaptação a esta nova

realidade e tem sofrido mudanças importantes ao longo das últimas décadas, em especial

pela inserção da mulher no mercado de trabalho tais como: redução na prole, criação de

novos papéis de gênero e por fim maior longevidade de seus membros, permitindo que o

envelhecimento da população brasileira batesse em suas portas quase que abruptamente, e

que de uma maneira geral fosse considerado uma sobrecarga para ela [114].

Cabe ao sistema de saúde e a sociedade como um todo enfrentar essa

problemática, ou melhor, intervir para que a situação vivenciada por esta população possa

mudar e passe a ter condições de manter os seus idosos em condições mínimas de

qualidade de vida. Portanto, tornam-se urgentes medidas capazes de propiciar condições

mínimas necessárias de humanização no cotidiano destes idosos.

Neste contexto o programa de internação domiciliar, que funciona no HGNI, tem

como metas principais dinamizar a atenção ao idoso, através da visita domiciliar, por

oferecer continuidade de tratamento ao paciente egresso da internação hospitalar,

reduzindo custos e o número de internações, além de possibilitar o breve retorno do

paciente ao lar. Diminui-se, desta forma, o tempo de permanência do paciente e da família

no ambiente hospitalar e, com isto, evitam-se os riscos de complicações causadas por uma

internação prolongada.

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O ambiente domiciliar vivenciado pelos sujeitos desta pesquisa dispõe na sua

grande maioria de condições míninas para estar desenvolvendo o cuidado no domicílio.

Porém, no que se refere ao mobiliário, era muito simples e de maneira geral causava

dificuldades para o desempenho das atividades do cuidado aos idosos, pelo fato de serem

acamados, e somente dois destes idosos possuírem cama hospitalar; outro elemento que

dificulta o desempenho destas atividades é o fato da grande maioria não dispor de

equipamentos para locomoção.

Com relação aos resultados apresentados nesta pesquisa, no que se refere ao idoso,

constata-se a femininização do envelhecimento, na situação conjugal prevalece a viuvez

com as mulheres; no que se refere a idade, há o predomínio das mulheres em quase todas

as faixas, exceto na dos 90-100 e dos 65-69 anos, com um homem em cada uma; prevalece

as mulheres com escolaridade do ensino fundamental incompleto. Ademais, todos tinham

orientação religiosa predominantemente católica; com relação ao número de filhos

constata-se que, quanto maior a idade do idoso, maior era a sua prole; sobre a renda mensal

dos idosos, predominava o valor de um salário mínimo; referindo-se ao grau de

dependência nenhum dos idosos pesquisados encontrava-se em condições de realizar as

AVDs e AIVDs; prevalece mais de uma doença crônica não transmissível, sendo a

hipertensão arterial a principal causa de doença, acometendo dezoito dos vinte idosos desta

pesquisa.

Ao cuidar de seus membros em situação de doença, revela-se a figura do cuidador

principal como parte integrante do processo de cuidar, propiciando condições mínimas de

humanização no cotidiano do idoso. Ao traçar o perfil do familiar cuidador percebe-se,

com relação ao gênero ser na maioria feminina, com predominância: do grau de parentesco

de filho; do lar; casado; na faixa etária em média de 50 anos; com dois filhos ou mais; com

orientação religiosa católica; com escolaridade do ensino fundamental; residente em

imóvel próprio e com o idoso, que é seu progenitor ou cônjuge; sem renda pessoal

definida; utiliza transporte público; apresenta facilidade de comunicação por telefonia fixa

ou por celular; não evidenciado hábito significativo de tabagismo ou de etilismo;

apresentam problemas de saúde – sendo a hipertensão arterial causa principal de doença -

com uso de medicamentos específicos e todos percebem a importância dos medicamentos

e de hábitos adequados para manter a saúde.

Além disto, todos os familiares cuidadores relataram mudanças nas suas vidas,

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ocasionadas pela sobrecarga de cuidados, o afastamento do trabalho, o cansaço físico e o

déficit do autocuidado pelo fato de cuidar do idoso no domicílio. Suas falas demonstram

que assumir a responsabilidade pelo cuidado não é uma opção, pois, na maioria das vezes,

percebe-se que a situação se define na indisponibilidade de outros possíveis cuidadores da

própria família. As tarefas que, de início, eram simples, tornaram-se cada vez mais

complexas, em função do aumento da demanda de cuidados do idoso.

O cotidiano do cuidar favorece o surgimento de diversos sentimentos, percebidos

nas falas dos cuidadores, tais como: dever e obrigação pelo matrimônio ou pela vida em

comum; retribuição dos cuidados recebidos no passado; sentimentos ambíguos como a

conciliação do cuidado ao idoso com outras tarefas; incertezas frente ao amanhã; o apoio

religioso e da família.

Relacionando estes sentimentos, percebe-se que os sentimentos vão além da

obrigação e do dever do cuidado; o familiar cuida de seu idoso, principalmente, pelo

envolvimento afetivo entre eles. Visualizou-se, então, que o cuidado ocorre muitas das

vezes motivado pelas experiências vividas e pela atenção que receberam no passado.

Além disto, em oposição aos demais discursos, um dos familiares cuidadores

relatou apresentar entusiasmo com o fato de cuidar, refere melhora da própria saúde e

realiza planos futuros com relação a estudar e ter uma profissão ligada ao cuidado.

Então, diante deste cenário que possui um contexto de complexidades e

singularidades, onde ocorrem às interações do cuidado entre o familiar e o idoso, a

presença da enfermeira acontece através da visita domiciliar; seu foco de atenção é o

familiar cuidador. A partir da conjunção de diversos conhecimentos, compatível com a

visão holística, propicia-se orientações ao cuidador para o melhor fazer e lidar no

enfrentamento deste cotidiano que proporciona melhores condições de vida ao idoso no

domicílio.

Assim, esta pesquisa pode contribuir na prática da área de gerontologia, e, em

especial, na enfermagem, a partir do momento em que a enfermeira passa a conhecer o

ambiente domiciliar, sua dinâmica, identificar o perfil do idoso e de seu familiar cuidador.

Com isto, ela estabelece um programa de orientações a partir do cotidiano do cuidado ao

idoso em internação domiciliar; pois emergem situações que demandam orientações, escuta

e olhar atentos às necessidades tanto do idoso, quanto do familiar cuidador (que necessita

de suporte e apoio para saber cuidar do idoso e de si mesmo no inquietante contexto que os

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envolve).

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APÊNDICE A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Dados de identificação Título do Projeto: ENSINAR PARA CUIDAR: O ENFERMEIRO E O FAMILIAR CUIDADOR DO IDOSO EM INTERNAÇÃO DOMICILIAR Pesquisador Responsável: Neusa Maria de Azevedo Instituição a que pertence o Pesquisador Responsável: Hospital Geral de Nova Iguaçu-Posse. Telefones para contato: ( ) - ( ) - ( ) - Nome do voluntário: Idade: anos Registro Geral:

Você está sendo convidado para participar da pesquisa “ENSINAR PARA CUIDAR: O ENFERMEIRO E O FAMILIAR CUIDADOR DO IDOSO EM INTERNAÇÃO DOMICILIAR”. Você foi escolhido por ser familiar cuidador de cliente idoso dependente e sua participação não é obrigatória. A qualquer momento você pode desistir de participar e retirar seu consentimento e sua recusa não trará nenhum prejuízo na relação com o pesquisador ou com a instituição.

Os objetivos deste estudo são: identificar quais orientações devem ser fornecidas ao familiar-cuidador do idoso dependente em situação de internação domiciliar; descrever o cotidiano desse familiar no cuidado domiciliar a este idoso e elaborar um manual de orientações ao familiar - cuidador do idoso dependente em situação de internação domiciliar.

Sua participação consistirá em manifestar suas dificuldades sentidas e observadas pela pesquisadora no cuidar do cliente idoso dependente no domicílio.

À priori, não há riscos relacionados com a sua participação, e os benefícios dela obtidos poderão ser estendidos a outros clientes que estejam na mesma condição que você e o cliente.

As informações obtidas nesta pesquisa serão confidenciais e o sigilo sobre sua participação é assegurado pela pesquisadora que, na divulgação dos dados, manterá em sigilo os participantes da pesquisa.

Os dados serão obtidos em visita domiciliar, através de observação, quando serão realizadas orientações quando do cuidado do cliente idoso dependente e, em seguida, será realizada entrevista individual com gravação para preservar a integridade das falas, focalizando as dificuldades e limitações da família frente à situação estudada.

Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone e o endereço da pesquisadora principal, podendo tirar dúvidas sobre o projeto e sua participação, agora ou em qualquer momento que assim desejar.

Eu, ____________________________________, RG nº____________, declaro ter sido informado e concordo em participar, como voluntário, do projeto de pesquisa acima descrito. _____________________________________________________________ Nome e assinatura do Participante Endereço e telefone do pesquisador principal e do CEP: _____________________________________________ _____________________________________________ Rio de Janeiro,______________________________de 2009

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APÊNDICE B

ROTEIRO DE AVALIAÇÂO DO IDOSO Nome: ________________________________. Data de nasc: ___/___/___ Idade: ___ Situação conjugal: Solteiro ( ) Casado ( ) Divorciado ( ) Separado ( ) Viúvo ( ) Nº de filhos: _____ Religião: Católico ( ) Espírita ( ) Evangélico ( ) Outras ( ) Qual? _______________________ Escolaridade: 1º grau ( ) 2º grau ( ) 3º grau ( ) Ocupação profissional: _______________________________________________ Local de residência: _________________________________________________ Situação residencial: Imóvel próprio ( ) Imóvel alugado ( ) Reside com familiar ( ) Nível de salário: 1 salário mínimo ( ) 2 salários mínimos ( ) 3 salários mínimos ( ) 4 salários mínimos ( ) 5 salários mínimos ou mais ( ) Não possui renda ( ) Situação de saúde: Patologia: _________________________________________________________ Doenças associadas: Diabetes Mellitus ( ) Hipertensão Arterial Severa ( ) Cardiopatia ( ) Sequela de AVC ( ) Doença de Alzheimer ( ) Neoplasia ( ) Condições de locomoção: Ambulante ( ) Ambulante com auxílio ( ) Acamado ( ) História anterior: História atual: História familiar: Sinais Vitais/dados complementares: PA:__________FC:_____ FR_____ Tax:_____ HGT_________ Peso: ______ Alt:________ Comportamento:

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Condições de comunicação: Condições de orientação: Alimentação: Hidratação: Eliminações vesicais: Eliminações intestinais: Condições de Higiene Integridade da pele e mucosas: Boca/ Dentes/ Língua: Visão: Audição Tórax: Sistema Cardiovascular: MMSS: MMIIs: Tônus muscular: Atividades físicas: Quedas: Sono e Repouso: Atividade de Lazer: Sexualidade: Medicações em uso: Vacinação: Preventivo: Observações e avaliação da Pesquisadora:

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APÊNDICE C ROTEIRO DE ENTREVISTA DO FAMILIAR CUIDADOR Nome:______________________________________________________________ Idade: Sexo: F( ) M ( ) Situação conjugal: Solteiro ( ) Casado(a) ( ) Divorciado ( ) Separado ( ) Viúvo ( ) Nº de filhos: _____ Religião: Católica ( ) Espírita ( ) Evangélica ( ) Outras ( ) Qual? ______________ Escolaridade: 1º grau ( ) 2º grau ( ) 3º grau ( ) Ocupação profissional:________________________________________________ Local de residência: __________________________________________________ Situação residencial: Imóvel próprio ( ) Imóvel alugado ( ) Meio de Transporte: Veiculo próprio ( ) Ônibus ( ) Se possuí celular: Sim ( ) Não ( ) Nível de salário: 1 salário mínimo ( ) 2 salários mínimos ( ) 3 salários mínimos ( ) 4 salários mínimos ( ) 5 salários mínimos ( ) 6 salários mínimos ( ) 7 salários mínimos ou mais ( ) Não possui renda ( ) Grau de parentesco com o idoso: Pai ( ) Mãe ( ) Filho ( ) Filha ( ) Marido ( ) Esposa ( ) Companheiro ( ) Outros ( ) Qual? ___________ É o cuidador principal do cliente? Sim ( ) Não ( ) Reside com o idoso? Sim ( ) Não ( ) Hábitos de vida: Tabagista ( ) Etilista ( ) Qual a freqüência/tempo? __________

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Condições de higiene: Lava as mãos antes e depois dos procedimentos? Sim ( ) Não ( ) Recebeu orientação para cuidar do idoso dependente? Sim ( ) Não ( ) Para executar este cuidado foi necessário alguma mudança na sua vida? Sim( ) Não( ) Descreva quais: ______________________________________________________________ Tem algum problema de saúde? Sim ( ) Não ( ) Qual/quais ? _________________________________________________________________ Faz uso de medicamentos? Sim ( ) Não ( ) Quais?______________________________________________________________________ Que cuidados presta ao idoso? Banho ( ) Preparo da alimentação ( ) Auxilia na vestimenta ( ) Faz toalete ( ) Auxilia na movimentação ( ) Dá a alimentação ( ) Faz curativo( ) Administra medicamentos ( ) Outros cuidados ( ) Quais? _____________________________________________________________________ Descreva suas principais dificuldades na realização dessas atividades: ___________________ ___________________________________________________________________________

Como você se sentiu nesta situação?______________________________________________

Que ajuda ou orientações gostaria de receber para melhor cuidar do seu familiar?

Tem outras atividades sob sua responsabilidade? Sim ( ) Não ( ) Quais? _______________________________________________________

Há rodízio na prestação de cuidados ao idoso? Sim ( ) Não ( ) Descreva como: ________________________________________________ ___________________________________________________________________________ Problemas de Enfermagem com relação ao idoso__________________________________ ___________________________________________________________________________

Orientações:______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Data: _____/_____/_____ Enfermeira:_______________________________________ Impressões da Pesquisadora:

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APÊNDICE D ROTEIRO DE OBSERVAÇÃO DO AMBIENTE DOMICILIAR Dados do ambiente domiciliar Nome do cliente:____________________________________________________ Endereço:__________________________________________________________ Tipo de construção: Casa ( ) Apartamento ( ) Luz elétrica: Sim ( ) Não ( ) Água encanada: Sim ( ) Não ( ) Rede de esgoto: Sim ( ) Não ( ) Coleta de lixo: Sim ( ) Não ( ) Telefone fixo: Sim ( ) Não ( ) Telefone móvel: Sim ( ) Não ( ) Cômodos: Quantidade: Sala 1 ( ) 2 ( ) Quarto 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Mais de 3 ( ) Cozinha 1 ( ) 2 ( ) Banheiro 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Varanda 1 ( ) 2 ( ) Área de serviço 1 ( ) 2 ( ) Acomodações do idoso: Cômodo com aproximadamente 6 – 7 m2 ( ) Cômodo com aproximadamente 8 – 9 m2 ( ) Cômodo com aproximadamente 10 – 11 m2 ( ) Cômodo com mais de 11 m2 ( ) Localização do cômodo do idoso na residência: Presença de ruídos? Sim ( ) Não ( ) Cômodo possui televisão? Sim ( ) Não ( ) Opções de lazer: Televisão ( ) Música ( ) Revistas ( ) Jogos ( ) Porta de entrada do cômodo: 80 cm ( ) 60 cm ( ) Ventilação e iluminação do cômodo: 1 janela ( ) 2 janelas ( ) Ar condicionado: Sim ( ) Não ( )

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Ventilador: Sim ( ) Não ( ) Pontos de Iluminação artificial: Ponto de luz no teto ( ) Ponto de luz no teto e um abajur ( ) Tipo de iluminação artificial: Fluorescente ( ) Eletrônica ( ) Incandescente ( ) Mobiliário: Tipo de cama: Hospitalar ( ) De casal ( ) De solteiro ( ) Tipo de Colchão: Ar ( ) Mola ( ) Água ( ) Elétrico ( ) Espuma ( ) Caixa de ovo ( ) Outro ( ) Qual?__________ Tipo de mesa auxiliar: Mesa de cabeceira ( ) Mesa comum ( ) Tipo de cadeira: Comum ( ) Com braços ( ) De rodas ( ) Higiênica ( ) Escada com dois degraus: Sim ( ) Não ( ) Cesto de lixo: Sim ( ) Não ( ) Condições de limpeza do cômodo: Ótimo ( ) Muito bom ( ) Bom ( ) Ruim ( ) Instalações sanitárias situada próximo ao quarto do cliente: Sim. ( ) Não. ( ) Elementos das instalações sanitárias: Barras de apoio ( ) Box com chuveiro elétrico ( ) Lavatório ( ) Tapetes ( ) Ducha higiênica ( ) Sanitário baixo ( ) Cesto de lixo ( ) Espelho de parede ( ) Estado de limpeza da cozinha onde é preparada a dieta do cliente: Ótimo ( ) Muito bom ( ) Bom ( ) Ruim ( ) Condições do local de armazenamento dos alimentos: Ótimo ( ) Muito bom ( ) Bom ( ) Ruim ( ) Estado de limpeza dos utensílios para o cuidado do cliente: Ótimo ( ) Muito bom ( ) Bom ( ) Ruim ( )

Descrever o entorno da residência.

- Localização da residência.

- Meios de acesso.

- Ambiente social do bairro.

- Comércio? Hospital? PSF? Igreja? Vizinhança?

Impressões da Pesquisadora:

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ANEXO A- APROVAÇÃO DO CEP