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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO CURSO DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO FERNANDA SILVA PEREIRA COMPARAÇÃO DE TRATAMENTO DE INCRUSTAÇÃO ATRAVÉS DE ACIDIFICAÇÃO Niterói,RJ 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO

CURSO DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO

FERNANDA SILVA PEREIRA

COMPARAÇÃO DE TRATAMENTO DE INCRUSTAÇÃO ATRAVÉS DE ACIDIFICAÇÃO

Niterói,RJ

2016

FERNANDA SILVA PEREIRA

COMPARAÇÃO DE TRATAMENTO DE INCRUSTAÇÃO ATRAVÉS DE ACIDIFICAÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Curso de Engenharia de

Petróleo da Universidade Federal

Fluminense, como requisito parcial para a

obtenção do grau de Bacharel em

Engenharia de Petróleo.

Orientador:

Profa. Juliana Souza Baioco

Niterói, RJ

2016

FERNANDA SILVA PEREIRA

COMPARAÇÃO DE TRATAMENTO DE INCRUSTAÇÃO ATRAVÉS DE ACIDIFICAÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Curso de Engenharia de

Petróleo da Universidade Federal

Fluminense, como requisito parcial para a

obtenção do grau de Bacharel em

Engenharia de Petróleo.

Aprovado em 07 de julho de 2016

Niterói, RJ

2016

AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, a Deus pela vida, saúde e paz. Porque de Ele, por Ele e

para Ele são todas as coisas.

Aos meus pais, pelo amor, incentivo e apoio incondicional, pela determinação e luta

na minha formação, e por todo cuidado e atenção durante toda minha vida.

Aos meus amigos pelo incentivo, e por sempre torcerem pelas minhas conquistas.

Em especial a Raquel, minha amiga e irmã de quase toda vida. E ao Lucas, meu melhor

amigo e quem eu escolhi para compartilhar a minha vida.

Aos colegas de turma por todos os momentos compartilhados, alguns bons e outros

não tão bons assim, mas todos com muita parceria e bom humor, e com a certeza que serão

excelentes profissionais. Em especial, Aquiles, Arthur, Louise e Vinicius, que levo comigo

como irmãos.

A minha orientadora Juliana Baioco, pelo tempo, pelo suporte, correções e incentivos

todos compartilhados da melhor maneira possível.

Aos membros dessa banca, que disponibilizaram tempo e tiveram interesse pelo meu

trabalho. Em especial, ao Pablo Bartholo, profissional que tive a grata oportunidade de

conhecer e trabalhar na mesma equipe, muito obrigada pelos ensinamentos e paciência, e

por ter me mostrado o profissional em que quero me espelhar.

E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito

obrigado.

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que

deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele

que nele crê não pereça, mas tenha a vida

eterna.”

(João 3:16)

RESUMO

A estimulação é uma operação realizada com o principal objetivo de aumentar a

produtividade ou injetividade dos poços, podendo viabilizar a exploração de um campo de

petróleo. As operações de estimulação aumentam a permeabilidade da formação através da

criação de canais condutivos ou através da remoção do dano. Dentre as operações de

estimulação, encontra-se a acidificação matricial, que consiste na injeção de soluções

ácidas abaixo da pressão de fratura da formação. A produção dos poços pode ser

melhorada significativamente se a operação de acidificação for projetada adequadamente. O

objetivo desse trabalho é fornecer uma visão integrada dos processos necessários para uma

abordagem sistemática do tratamento de acidificação de matriz, apresentando os modelos

que podem alcançar os melhores resultados. Esse trabalho também se propõe a apresentar

uma análise comparativa de dois casos da aplicação desse tipo de operação na dissolução

de incrustação ocasionada por sulfato de bário.

Palavras-chave: Estimulação de poços, Acidificação Matricial, Incrustação, Sulfato de Bário.

ABSTRACT

Stimulation is an operation performed with the main objective to increase productivity

or injectivity of the wells, which may facilitate the exploitation of an oil field. Stimulation

operations increase the formation permeability by creating conductive channels or through

the damage removal. Acidizing is one of the operations of well stimulation, consist in inject

acid solutions in the formation under fracture formation pressure. The production wells may

be improved significantly if the treatment is properly designed. The objective of this work is to

provide an integrated view of the processes necessary for a systematic approach to matrix

acidification treatment, with models that can achieve the best results. This work also aims to

present a comparative analysis about two cases of applying this type of operation in the

dissolution of scale caused by barium sulfate.

Keywords: Wells Stimulation, Matrix Acidification, Scale, Barium Sulfate.

LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1 Formação de Wormholes durante a dissolução de HCl.............................. 31

Figura 4.1 Orientações para seleção de candidatos.................................................... 39

Figura 4.2 Árvore de decisão para estimulação........................................................... 44

Figura 4.3 Sistema para seleção do fluido de tratamento............................................ 45

Figura 4.4 Evolução do efeito skin em um poço horizontal tratado usando a técnica bullhead.........................................................................................................

56

Figura 4.5 Evolução do efeito skin em um poço horizontal tratado usando a técnica coiled tubing de colocação de tubulação enrolada com um desviador de ácido gel reticulado temporária...................................................................

57

Figura 4.6 Evolução do efeito skin com desviador......................................................... 61

Figura 5.1 Incrustação em uma tubulação de descarte de água (P-40)........................ 64

Figura 6.1 Comparação da dissolução de barita em 35% de EC6475A entre 93 °C e 40 °C............................................................................................................

72

Figura 6.2 Bário em solução durante a dissolução da Amostra A.................................. 74

Figura 6.3 Bário em solução durante a dissolução da Amostra B.................................. 75

Figura 6.4 Concentração de Bário durante a dissolução do SD3 na temperatura de 50 °C.............................................................................................................

77

Figura 6.5 Concentração de Bário durante a dissolução do SD3 na temperatura de 80 °C.............................................................................................................

78

Figura 6.6 Interpolação da Concentração de Bário durante a dissolução do SD3 para a temperatura de 60 °C.................................................................................

79

Figura 6.7 Comparação entre as dissoluções de bário com os dissolventes EC6475A e SD3..........................................................................................

81

LISTA DE TABELAS

Tabela 4.1 Calendário de bombeio de um poço com reservatório de carbonato.....................................................................................................

54

Tabela 4.2 Sequência típica de tratamento para arenitos............................................. 55

Tabela 6.1 Dissolvente de Sulfato de Bário.................................................................. 70

Tabela 6.2 Solvente Mútuo............................................................................................ 71

Tabela 6.3 Composição A e B usadas no Teste........................................................... 73

Tabela 6.4 %Dissolução em cada amostra..................................................................... 74

Tabela 6.5 Concentrações de Bário nas dissoluções do SD3 a 50,80 e 60 °C............ 80

Tabela 6.6 Concentrações de Bário na dissolução do SD3 à 60 °C............................... 80

LISTA DE ABREVIAÇÕES

ADCO Abu Dhabi Company for Onshore Oil Operations

BOPD Barris de Óleo por Dia

DRX Difração de raios-X

EDTA Ethylenediamine tetraacetic acid

HDTP acid High-Temperature Deep-Penetrating Acid System

RDF Reservoir Drilling Fluids

RMN Ressonância Magnética Nuclear

SEM Microscopia Eletrônica de Varrimento

ICP Plasma Indutivamente Acoplado

IP Índice de Produtividade

IP/h Índice de Produtividade por Espessura Líquida

PTA Análise de Transiente de Pressão

ROR Taxa de Retorno

ROI Retorno sobre o Investimento

VPL Valor Presente Líquido

PVS Polivinil Sulfonato

AA Absorção Atómica

ppm Partes por milhão

LISTA DE SIGLAS

M Mol/L

HAc Ácido Acético

HCl Ácido Clorídrico

HF Ácido Fluorídrico

AIF3 Fluoreto de Alumínio

Si Silício

Al Alumínio

Va Volume mínimo requerido da solução ácida

Vm Volume de minerais a serem removidos

Vp Volume de poros inicial

ra Raio de tratamento do ácido

rw Raio do poço

Φ Porosidade

cm Conteúdo mineral

qi,máx Máxima vazão de injeção

K Permeabilidade da formação

H Espessura da pay zone

Pb Pressão de quebra (breakdown)

P Pressão média reservatório

ΔPsafe Margem de segurança para não fraturar a formação

µa Viscosidade da solução ácida

re Raio de drenagem

S Skin

Psi Pressão de injeção na superfície

Pwf Pressão no fundo do poço em fluxo

ΔPh Perda de carga hidrostática

ΔPf Perda de carga friccional

Ρ Massa específica da água

Q Máxima vazão de injeção

µ Viscosidade da solução ácida

L Espessura da pay zone

D Diâmetro interno

Β Poder de dissolução gravimétrico da solução ácida

Ca Concentração do ácido

vm Número estequiométrico do mineral

va Número estequiométrico do ácido

X Poder de dissolução volumétrico da solução ácida

ρa Massa específica da solução ácida

ρm Massa específica do mineral

De Coeficiente de difusão efetiva

Q Vazão

L Comprimento da garganta do poro

A Constante que depende do núcleo do carbonato

S Efeito de skin ou fator de película

K Permeabilidade da formação

H Espessura da formação

q Vazão de produção ou de injeção

𝜇𝑜 Viscosidade do óleo no reservatório

Δ𝑃𝑠𝑘𝑖𝑛 Queda de pressão devida ao efeito de película

Ks Permeabilidade da região danificada

𝑟s Raio da região danificadado poço

𝑟𝑤 Raio do poço

Pr Pressão de reservatório média

Pwf Pressão de fluxo no fundo do poço

h Espessura do reservatório

Pe Pressão externa constante do reservatório

B Fator volume formação

Fe+3 Ferro III

$n Receita deduzida as despesas incrementais e impostos

n Período de tempo em que é recebido

i Taxa de interesse

KOH Hidróxido de potássio

SUMÁRIO

1. Introdução ....................................................................................................................................... 14

2. Revisão Bibliográfica ..................................................................................................................... 16

3. Aspectos Teóricos ......................................................................................................................... 20

3.1. Operações de Estimulação ................................................................................................... 20

3.1.1. Fraturamento Hidráulico ................................................................................................. 20

3.1.2. Fraturamento Ácido ......................................................................................................... 20

3.1.3. Acidificação Matricial ...................................................................................................... 21

3.2. Acidificação do Arenito .......................................................................................................... 21

3.2.1. Interação Ácido-Rocha para formações areníticas .................................................... 22

3.2.2. Volume de ácido requerido ............................................................................................ 23

3.2.3. Vazão de injeção do ácido ............................................................................................. 24

3.2.4. Pressão de injeção .......................................................................................................... 24

3.3. Acidificação de Carbonatos .................................................................................................. 25

3.3.1. Interação Ácido-Rocha para formações carbonáticas ............................................... 26

3.3.2. Volume de Ácido Requerido .......................................................................................... 27

3.3.3. Wormholes........................................................................................................................ 27

3.4. Aditivos utilizados nos fluidos de acidificação .................................................................... 29

3.4.1. Inibidores de corrosão .................................................................................................... 29

3.4.2. Surfactantes .................................................................................................................... 30

3.4.3. Agentes sequestrantes .................................................................................................. 30

3.4.4. Agentes divergentes ....................................................................................................... 30

3.5. Dano à Formação ................................................................................................................... 31

3.5.1. Tipos de dano .................................................................................................................. 32

4. Operação de Acidificação ............................................................................................................. 35

4.1. Seleção do poço candidato ................................................................................................... 35

4.1.1. Identificação de poços de baixa produtividade e candidatos à estimulação ......... 35

4.1.2. Impacto do dano à formação na produtividade .......................................................... 38

4.1.3. Avaliação Econômica Preliminar................................................................................... 39

4.2. Caracterização de dano à formação .................................................................................... 40

4.3. Determinação da técnica de estimulação ........................................................................... 41

4.4. Projeto do Tratamento ........................................................................................................... 42

4.4.1. Seleção dos fluidos de tratamento ............................................................................... 42

4.4.2. Aditivos utilizados nos fluidos de acidificação ............................................................ 46

4.4.3. Compatibilidade entre o ácido e a formação............................................................... 47

4.4.4. Estratégias para seleção de ácidos para carbonatos ................................................ 48

4.4.5. Estratégias para seleção de ácidos para arenitos ..................................................... 49

4.5. Estratégia de bombeio ........................................................................................................... 50

4.5.1. Tipos de Projeto ............................................................................................................... 50

4.5.2. Cronograma de bombeio ................................................................................................ 52

4.5.3. Estratégia de colocação ................................................................................................. 53

4.6. Avaliação Econômica ............................................................................................................. 55

4.7. Avaliação do Tratamento ....................................................................................................... 56

4.7.1. Monitoramento da evolução do efeito skin durante o tratamento ............................ 57

4.7.2. Avaliação de Pós-Tratamento ....................................................................................... 59

5. Caracterização de Incrustação .................................................................................................... 61

5.1. Causas da Incrustação .......................................................................................................... 62

5.2. Danos causados ..................................................................................................................... 63

5.3. Tratamento de poços sujeitos a incrustação ...................................................................... 64

5.4. Processo de formação de incrustação de BaSO4 ............................................................. 64

5.4.1. Caracterização da Água do Mar ................................................................................... 64

5.4.2. Caracterização da Água de Formação ........................................................................ 65

5.4.3. Caracterização do BaSO4 .............................................................................................. 65

6. Estudo de caso ........................................................................................................................... 67

6.1. Estudo em Bijupirá e Salema ................................................................................................ 67

6.1.1. O laboratório ..................................................................................................................... 68

6.1.2. Químicos ........................................................................................................................... 68

6.1.3. Metodologia do Teste ..................................................................................................... 69

6.1.4. Amostragem e Análise.................................................................................................... 71

6.2. Estudo em campo do Mar do Norte ..................................................................................... 73

6.2.1. Metodologia do Teste ..................................................................................................... 74

6.2.2. Amostragem e Análise.................................................................................................... 75

6.2.3. Resultados do Teste Estático ........................................................................................ 75

6.3. Resultados ............................................................................................................................... 78

7. Conclusão ................................................................................................................................... 81

8. Referências Bibliográficas ........................................................................................................ 83

14

1. Introdução

Grande parte de nossas necessidades energéticas atuais são atendidas através do

uso de hidrocarbonetos, tais como petróleo, gás natural e condensados, que são produzidos

a partir de reservatórios. Os custos para produção desses hidrocarbonetos são altos, por

isso, para ter uma produção economicamente viável é necessário garantir uma alta

recuperação com os menores custos possíveis. Quando a receita gerada com produção dos

hidrocarbonetos é menor do que os custos de extração, o poço pode ser temporariamente

ou permanentemente fechado, pois, nesse caso, a produção gera prejuízo.

Normalmente, um poço de petróleo é fechado ou abandonado quando menos de um

terço da quantidade de óleo original do reservatório é recuperado, porque ele se torna

economicamente inviável para a continuidade da operação do poço. Este óleo não

recuperado é um recurso perdido e, por isso, as propostas com técnicas para estimular as

taxas de produção e, consequentemente, aumentar a recuperação final de óleo de

reservatórios têm crescido.

A produtividade de petróleo pode decair ao longo do tempo por diversas razões, por

exemplo: diferencial de pressão insuficiente entre o poço e o reservatório, obstrução do

escoamento entre o reservatório e o poço, mobilidade do óleo é restringida devido a efeitos

de permeabilidade relativa. Algumas práticas de produção, como injeção de água, gás e

similares, são realizadas para a manutenção da pressão do reservatório.

A estimulação de poços é uma operação que tem sido utilizada em larga escala para

aumentar a produtividade ou injetividade de um poço de petróleo. Esse tipo de operação

aumenta a permeabilidade da formação através da criação de canais condutivos ou através

da remoção do dano (skin ou efeito de película). Os principais métodos de estimulação são

o fraturamento hidráulico, a acidificação matricial e o fraturamento ácido.

No presente trabalho, destaca-se a acidificação matricial, operação na qual uma

solução ácida é bombeada para um reservatório a fim de dissolver minerais da rocha de

formação e incrustação para estimular taxas de produção/injeção dos poços. A acidificação

matricial é eficiente em poços que possuem danos solúveis em ácido.

A operação de acidificação matricial pode ser aplicada tanto em arenitos quanto em

carbonatos, mas os objetivos do tratamento nos dois tipos de operação são diferentes. No

caso dos arenitos, a finalidade é remover o dano na área próxima ao poço. Neste tratamento

é, geralmente, utilizado como solução principal uma mistura ácida de HCl (Ácido Clorídrico)

e HF (Ácido Fluorídrico). E no caso dos carbonatos, a operação visa ultrapassar a região

com dano através da criação de canais de condutividade que aumentam o fluxo de

15

hidrocarbonetos do reservatório para o poço. Neste tratamento é, normalmente, utilizado

HCl como solução principal.

O dano à formação é um fator decisório da aplicação da operação de acidificação.

Ele pode ser definido como a diminuição da permeabilidade da zona produtora, e pode ser

causado por toda cadeia produtiva de petróleo. Compreender as causas raízes do dano, e

gerenciá-los é fundamental, pois por meio dessa caracterização é realizada a escolha do

tipo de operação e fluido ideais.

Este trabalho concentra-se em expor os passos da operação de acidificação, desde

a seleção dos candidatos à avaliação realizada pós-tratamento. A seleção do candidato é

um estágio critico da operação, pois apesar do objetivo final do tratamento ser o aumento da

produtividade, o poço identificado como baixa produção não é suficiente para a realização

do tratamento. Essa baixa produtividade pode estar relacionada a características inerentes

do reservatório. Vale ressaltar que a aprovação da operação depende de uma avaliação

econômica favorável, ou seja, o ganho relacionado com o tratamento é maior que os custos.

Além do aumento da produtividade dos poços, o uso de ácidos pode compreender

também a prevenção, adiamento ou remediação de problemas de incrustação (scale). Este

tipo de problema ocorre frequentemente no poço e suas vizinhanças, e apresenta prejuízos

consideráveis para a produção. Sendo assim, as técnicas que inibem e remediam as

deposições indesejadas são bastante utilizadas na indústria. Mudanças de temperatura ou

pressão, saída de gás, mudança de pH e contato com água incompatíveis são os principais

motivos de deposição de scale.

A injeção de água como método de recuperação secundário é uma prática muito

comum nos campos, a fim de manter a pressão do reservatório. Geralmente, é utilizada a

água do mar para a injeção devido a sua abundância e disponibilidade principalmente em

campos offshore. A água do mar possui suas características inerentes, e destaca-se a

presença de íons como o de sulfato (SO4-2). A água de formação está trapeada no

reservatório desde a sua formação, destaca-se a presença de sais dissolvidos como o bário.

A mistura dessas águas favorece a deposição de scale, como por exemplo, o sulfato de

bário, composto insolúvel e de complexa remoção. Esse é o caso do campo Bijupirá e

Salema, localizado na Bacia de Campos. Utiliza-se o sistema de injeção de água do mar, e

a mistura das águas incompatíveis gera incrustação de BaSO4. Então, neste trabalho é

estudado o método de remoção de scale - injeção de químicos - utilizado neste campo e que

tem trazido benefícios comprovados. Além disso, é feito uma análise comparativa do pacote

de dissolvente utilizado em Bijupirá e Salema com o tratamento utilizado em um campo do

Mar do Norte encontrado na literatura.

16

2. Revisão Bibliográfica

Na literatura existem muitos trabalhos que descrevem as operações de acidificação,

seus objetivos, benefícios e as melhores técnicas. Nesse capítulo se fará uma breve revisão

bibliográfica de trabalhos sobre os tratamentos de acidificação.

Bergosh & Eniss (1981) realizaram um estudo de laboratório em que foram

simuladas condições geotérmicas in-situ para identificar os mecanismos responsáveis pelo

declínio da permeabilidade (fração de espaços vazios em uma rocha em relação ao volume

total da rocha). Também foram discutidos os efeitos das operações de perfuração e

produção sobre a permeabilidade da formação. As amostras foram retiradas de um poço

específico de Imperial Valley, Califórnia. Nesse trabalho foram descritas os aparatos,

procedimentos e resultados.

Essa pesquisa indicou algumas conclusões, por exemplo, a permeabilidade do

arenito é significativamente afetada pelo fluxo de fluidos sintéticos. A argila dispersa dentro

dos poros cria obstruções, reduzindo a permeabilidade. A dissolução de carbonato pode

permitir a liberação de finos que são transportados pelo fluido e contribuem para o bloqueio.

Os resultados dos testes indicaram que a permeabilidade pode ser severamente prejudicada

de forma irreversível. Uma vez que este processo depende das argilas presentes dentro dos

espaços dos poros, do equilíbrio do fluido nos poros, e possivelmente da velocidade, é difícil

extrapolar este comportamento, mas é provável obter comportamento semelhante em outros

reservatórios de baixa salinidade, e com a matriz dominada de arenitos.

Sengul&Remisio (2002) escreveram um artigo com o objetivo de fornecer um

material para projetistas de estimulação matricial quantificarem dano à formação, seleção de

fluidos para reservatórios carbonáticos e projeto e local adequado para tratamento. Para

isso, eles delinearam os fatores causadores de dano no reservatório, explicitando o que é

considerado dano, os tipos de tratamentos ácidos – imersão e agitação (soaking and

agitation), acidificação matricial e fraturamento ácido, as características dos ácidos e suas

atuações nos sistemas. Um tópico explorado foi o conceito de número de Damköhler, Da,

que governa a reação de formação dos wormholes.

O artigo promoveu um estudo de caso nos poços da Abu Dhabi Company for

Onshore Oil Operations (ADCO). Nesse projeto foram coletadas 287 amostras dos principais

campos produtores e injetores da ADCO, sendo esses reservatórios de carbonato. Como

resultado, o time de trabalho compilou material suficiente para criar o Manual de Acidificação

de Carbonatos dos campos da ADCO.

17

A conclusão do trabalho foi que a melhora na produtividade pode ser alcançada

desenvolvendo soluções baseadas em temperatura, fraturas naturais, permeabilidade,

porosidade, litologia do reservatório, geometria, tipo e finalidade do poço e tipo de

completação.

Fredd&Floger (1996) descreveram a aplicação do EDTA (Ethylenediamine tetraacetic

acid) na acidificação de carbonatos e compararam os resultados de experimentos de

testemunhos com testes de EDTA, HAc (Ácido Acético) e HCl.

Foram feitos três experimentos: Análise Coreflood, Radiografia com Nêutrons e

Teste de Lama. No primeiro deles, foram testadas amostras de arenito de 1,5 polegadas de

diâmetro, com injeção de 0,25M (mol/L) de EDTA e 0,5M de HAc e HCl. Radiografia com

Nêutrons foi usada para mostrar as estruturas dos wormholes formados durante os vários

experimentos de coreflood. Testes de Lama foram conduzidos para determinar a quantidade

relativa de formação de precipitados asfálticos quando o óleo estava em contato com 0,25M

EDTA, 15% HAc e 15% HCl. O óleo usado foi obtido de um campo do oeste do Texas.

Muitas conclusões foram obtidas desses testes, algumas delas são: o EDTA é capaz

de formar wormholes em calcário quando injetado com pH entre 4 e 13. EDTA e HAc

estimulam de forma mais eficiente que o HCl quando injetado em taxas maiores de 0,1

cm³/min. Um benefício adicional de EDTA é que os inibidores de corrosão podem ser

dispensados para a solução alcalina de EDTA até 204°C. Assim, a utilização de EDTA como

um fluido de estimulação pode eliminar a necessidade de aditivos de ácidos complexos e

dispendiosos.

Feng et al. (2011) apresentaram nesse trabalho um novo sistema ácido High-

Temperature Deep-Penetrating Acid System (HDTP acid). Em formações areníticas é,

geralmente, usado como mud acid uma mistura convencional de HCl e HF. Mas,

desvantagens como taxas de reação muito rápidas, precipitação e desconsolidação da

matriz restringem o uso desse sistema ácido. Comparando o ácido HDPT com o sistema

ácido convencional, o primeiro penetra mais profundamente na formação pela geração de

HF a uma taxa mais lenta, e é composto por fosfato e fluoreto de sódio. Um novo inibidor de

corrosão foi desenvolvido, o que torna o ácido HDTP adequado para formações com

elevadas temperaturas como 356ºF.

O ácido HDTP foi usado em 23 poços offshore da China, e em 22 desses poços os

trabalhos de estimulação foram considerados eficazes. Em apenas um, não foram

detectadas nenhuma melhora ou piora na produção depois da acidificação. Desses poços,

cinco são de alta temperatura/baixa permeabilidade, e dois de alta permeabilidade. Embora

esse sistema tenha sido utilizado e desenvolvido na China, pode ser levado para qualquer

18

outro local e utilizado em formações com as mesmas características. Após o tratamento, o

tempo médio para os poços voltarem às taxas de produção antes do tratamento foi de um

ano.

Este novo sistema ácido desenvolvido é superior as formulações existentes para

acidificação de arenito. O ácido HDTP, como um ácido organo fosfônico, quimicamente

modificado, penetra profundamente com lenta taxa de reação, boa inibição de precipitação e

mitigação da corrosão.

Clack et al. (1982) descreveram um novo sistema ácido, composto por ácido

fosfórico e outros aditivos, denominado P.P.S.A, que tem sido desenvolvido na tentativa de

tornar a estimulação ácida mais profunda em formações de arenitos. Também, foi feito uma

revisão das propriedades dos ácidos e suas interações com a formação.

O trabalho apresentou um estudo de caso mostrando a efetividade do tratamento

com o P.P.S.A. O caso foi na formação Rio Negro na Venezuela. Esse novo sistema ácido

foi testado depois de inúmeras tentativas de tratamento de estimulação com diferentes tipos

de ácidos sem apresentar nenhuma melhoria da produção. O projeto foi de 10 bbl de diesel,

seguido de 140 gal/ft de P.P.A.S, seguido de 200 gal/ft de P.P.A.S/HF, seguido de 100 gal/ft

de P.P.S.S e finalmente 200 bbl de diesel. Esse tratamento trouxe um aumento de produção

de 250 BOPD (barris de óleo por dia) para 1350 BOPD.

O uso desse novo sistema ácido provou ser efetivo em muitos desafios da

estimulação de matriz em formações areníticas. Foram apresentados como benefícios do

sistema: o retardo da reação ácido-rocha permitindo maior penetração na matriz,

seletividade por minerais silicatos mesmo na presença de minerais calcários, baixas taxas

de corrosão, pacote compatível que dificilmente requer o uso de aditivos adicionais.

Zhou et al. (2013) analisou sistemas ácidos (HF e ácido fosfônico) com diferentes

concentrações de HF para avaliar a solubilidade de vários minerais de argila (caulinita,

bentonita, clorito, e ilita), e em destaque o efeito da força do ácido, o tempo de reação, e da

temperatura sobre o rendimento de soluções ácidas para arenitos. A mistura de ácido

regular, composto de HCl e HF, tem sido amplamente utilizada para remover os danos em

formações areníticas. No entanto, muitos problemas podem ocorrer durante os tratamentos

de estimulação com este ácido.

A Microscopia Eletrônica de Varredura (SEM) e Difração de raios-X (DRX) foram

usados para identificar os produtos da reação. As concentrações dos cátions chaves foram

analisadas por Plasma Indutivamente Acoplado (ICP). Ressonância Magnética Nuclear

(RMN) foi utilizada pela primeira vez para determinar a reação desses sistemas ácidos com

minerais de argila. Nenhum precipitado AIF3 (Fluoreto de Alumínio) foi identificado por

19

análise SEM dos precipitados. A reação secundária entre argilas e HF ocorreu a altas

temperaturas e, como resultado, a razão de Si/Al (Silício/Alumínio) diminuiu. Os resultados

de RMN mostraram que todo o HF na solução do sistema ácido reagiu com argilas numa

proporção em peso de 10:1, enquanto HF foi detectada nessa mesma solução depois de

reagir com as partículas de argila durante 24 horas à mesma proporção em peso.

A interação do sistema ácido com quatro minerais de argila foi analisada como uma

função da concentração do ácido, o tempo de reação, e temperatura. As seguintes

conclusões podem ser tiradas a partir deste estudo: os minerais de argila liberam diferentes

quantidades e tipos de cátions quando tratado com os sistemas ácidos. A solubilidade

depende da concentração do ácido, do tempo de reação e temperatura. A reação

secundária entre caulinita e HF torna-se mais rápida a altas temperaturas e, como resultado,

a razão de Si / Al diminui. Não foi identificado AlF3 precipitado pelo SEM e EDS

(Espectroscopia de Raio X) depois de minerais de argila reagirem com o sistema ácido à

temperatura ambiente durante 24 horas.

20

3. Aspectos Teóricos

Nesse capitulo, é feita uma exposição dos principais conceitos envolvendo as

operações de estimulação e dano à formação.

3.1. Operações de Estimulação

O principal objetivo dos tratamentos de estimulação é aumentar a produtividade dos

poços de óleo e gás, ou no caso dos poços injetores, a injetividade. Essa finalidade pode ser

alcançada removendo ou ultrapassando qualquer dano na região próxima do poço, ou

aumentando a condutividade através de fraturas que melhoram o fluxo do reservatório para

o poço.

Thomas et al. (2001) definiram “estimulação” como o conjunto de atividades que

visam aumentar o índice de produtividade ou injetividade do poço. Os métodos mais

utilizados são: o fraturamento hidráulico e a acidificação de matriz. O fraturamento também

pode ser realizado com fluidos ácidos, sendo assim denominado de “fraturamento ácido”.

3.1.1. Fraturamento Hidráulico

O processo consiste no bombeamento de um fluido de fraturamento, com um

elevado diferencial de pressão, aplicado contra a rocha reservatório até a sua ruptura. A

fratura iniciada no poço se propaga através da formação pelo bombeio de um volume de

fluido, acima da pressão de fratura da rocha. A fim de evitar que a fratura formada se feche

após o fim do bombeio é injetado um agente de sustentação juntamente com o fluido de

fraturamento. Esse caminho criado facilita o fluxo de fluidos do reservatório para o poço e

vice versa.

O fraturamento hidráulico não altera a permeabilidade natural da rocha-reservatório.

Mas, aumenta o índice de produtividade do poço, e é uma das técnicas mais utilizadas para

aumentar a produtividade dos poços.

3.1.2. Fraturamento Ácido

Nesse tratamento, uma solução ácida é injetada com uma pressão superior a

pressão de fratura da formação. Esse processo leva à falha da formação gerando a fratura.

A injeção contínua do fluido aumenta o comprimento e a largura da fratura. O ácido injetado

21

reage com a parede da fratura criando canais de fluxo que se mantêm abertos mesmo

depois da interrupção da injeção. O fraturamento ácido geralmente é utilizado em formações

carbonáticas. Esse tratamento pode ser utilizado com o propósito de ultrapassar um dano

existente ou melhorar a condutividade hidráulica em formações não danificadas.

3.1.3. Acidificação Matricial

O tratamento consiste na injeção de uma solução ácida com pressão inferior a

pressão de fraturamento da formação. A solução dissolve minerais da rocha para remover o

dano à formação, recuperando a permeabilidade em arenitos ou aumentando a

permeabilidade na seção radial do poço de carbonatos.

Os tratamentos com ácido são variados: além do tratamento matricial de carbonatos

e arenitos, pode-se realizar a limpeza de canhoneados obstruídos, limpeza e lavagem de

colunas de perfuração e produção e etc.

A acidificação matricial é efetiva em formações de alta permeabilidade, e nos casos,

em que a obstrução é ocasionada por material solúvel em ácido. Em formações de baixa

permeabilidade, o tratamento mais indicado é o fraturamento hidráulico.

O ácido é consumido muito rapidamente, devido a forte reação do mesmo com a

formação. O controle dessa reação é um dos pontos mais críticos desse tratamento.

3.2. Acidificação do Arenito

O objetivo da operação de acidificação do arenito é remover o dano perto do poço,

quando este realmente afeta a produtividade. A seleção, o tipo e a concentração do ácido

dependem dos minerais presentes na formação.

O projeto básico sugerido para tratamento típico de arenito é (Kalfayan, 2000):

1º estágio – preflush: 15% em peso de HCl

2º estágio – mud acid: 3% em peso de HF e 12% em peso de HCl

3º estágio – overflush: 3%-8% em peso de NH4Cl ou 3%-5% de HCl em todos os

poços seguidos por nitrogênio (poços de gás), querosene (poços de óleo) ou 5% de HCl

(poços de injeção de água).

O tratamento preflush dissolve os carbonatos, além de empurrar o fluido da formação

para atuação posterior do mud acid e preparar a formação reduzindo o pH.

O mud acid é o tratamento principal, atua dissolvendo o dano para aumentar a

permeabilidade da região em volta do poço.

22

O overflush previne a precipitação secundária perto do poço, e é normalmente

composto por soluções de cloreto de amônio, HCl em baixas concentrações, ácido acético

ou solventes.

3.2.1. Interação Ácido-Rocha para formações areníticas

Em arenitos o objetivo principal da acidificação é remover danos formados por

minerais que plugueiam a região radial próxima ao poço. Bentonita, calcita, dolomita e

quartzo são exemplos de minerais presentes nos poros do arenito. Os ácidos mais utilizados

para dissolver esses minerais são HCl (ácido clorídrico) e HF (ácido fluorídrico), conhecido

como mud acid. Em arenitos com elevado percentual de calcário, entre 15-20%,

normalmente o HF pode não ser utilizado. As reações do mud acid com o arenito são

descritas por Thomas&Morgenthaler (2000), sendo a reação primária do HF com os grãos

de quartzo mostrada nas Equações (1) e (2).

SiO2 + 4 HF ↔ SiF4 + 2 H2O (1)

SiF4 + 2 F ↔ SiF6−2 (2)

A reação com aluminossilicatos é mostrada pela Equação (3):

𝑀𝑧𝐴𝑙𝑥𝑆𝑖𝑦𝑂(𝑧2

+3𝑥2

+2𝑦) + 6(x + y)HF

→ xAl𝐹6−3 + y𝐻2Si𝐹6 + y𝐻2Si𝐹6

+ (𝑧

2+

3𝑥

2+ 2𝑦 ) 𝐻2O + (3x − z)𝐻+ + z𝑀+

(3)

Onde: M é um metal como Na+ ou K- e x,y,z são coeficientes estequiométricos.

A reação produz AlF6-3 e H2SiF6 que continua reagindo com os aluminossilicatos para

formar a sílica gel na superfície da argila. As reações que se processam durante a

acidificação de arenitos, geram muitos subprodutos, com elevado potencial para pluguear os

poros da rocha, promovendo a ocorrência de um dano, de maneira que o controle dessas

reações é imprescindível.

23

3.2.2. Volume de ácido requerido

3.2.2.1. Preflush

O volume de ácido do preflush é geralmente determinado com base no volume de

vazios. Assim, o volume mínimo requerido é definido pela equação (4).

Va =

𝑉𝑚

𝑋 + Vp + Vm (4)

Onde:

Va = volume mínimo requerido da solução ácida [ft3];

Vm = Volume de minerais a serem removidos [ft3];

Vp = volume de poros inicial [ft3]

X = poder de dissolução volumétrico da solução ácida [ft3 mineral/ ft3 solução]

Vm = π (𝑟𝑎2 − 𝑟𝑤

2) (1 – ϕ) 𝑐𝑚 (5)

Vp = π (𝑟𝑎2 − 𝑟𝑤

2) ϕ (6)

Onde:

ra = raio de tratamento do ácido [ft];

rw = raio do poço [ft];

ϕ = porosidade;

cm = conteúdo mineral.

O volume básico sugerido para fase preflush em arenitos é de 25-200 gal/ft

(Kalfayan, 2000).

3.2.2.2. Mud Acid

O volume ácido requerido para o tratamento principal depende da mineralogia e do

tipo de força do ácido utilizado. O volume básico sugerido por (Kalfayan, 2000) é:

HCl Acid: 50 – 200 gal/ft

HF Acid: 75 – 100 gal/ft

24

3.2.2.3. Overflush

McLeod&Norman (2000) definiram que o volume de overflush deve deslocar o fluido

Mud Acid de 3 a 4 ft de distância a partir do poço.

3.2.3. Vazão de injeção do ácido

O critério de seleção da vazão de injeção do ácido é baseado na dissolução e

remoção do mineral e na dimensão da região danificada.

A máxima vazão de injeção é limitada pela pressão de quebra (breakdown) e pela

pressão de injeção máxima na superfície disponível pela bomba de tratamento.

Para o regime pseudo-permanente, consideramos a equação (7) no cálculo da vazão

de injeção do ácido.

𝑞𝑖,𝑚𝑎𝑥 =

4.917𝑥10−6 𝐾ℎ[𝑃𝑏 − ∆𝑃𝑠𝑎𝑓𝑒 − 𝑃]

𝜇𝐵 (𝑙𝑛 𝑟𝑒𝑟𝑤

+ 𝑠) (7)

Onde:

qi,máx = máxima vazão de injeção [bbl/min];

k = permeabilidade da formação [mD];

h = espessura da pay zone [ft];

Pb = pressão de quebra (breakdown) [psi];

P = pressão média reservatório [psi];

ΔPsafe = margem de segurança para não fraturar a formação;

µa = viscosidade da solução ácida [cp];

re = raio de drenagem [ft];

rw = raio do poço [ft];

S = skin.

3.2.4. Pressão de injeção

A predição da pressão de injeção é necessária para seleção da bomba.

Psi = Pwf – ΔPh – ΔPf (8)

25

Onde:

Psi = pressão de injeção na superfície [psi];

Pwf = pressão no fundo do poço em fluxo [psi];

ΔPh = perda de carga hidrostática [psi];

ΔPf = perda de carga friccional [psi].

ΔPf =

518 𝜌0.79 𝑞1.79 𝜇0.207 L

1000 𝐷4.79

(9)

Onde:

ρ = massa específica da água;

q = máxima vazão de injeção [bbl/min];

µ = viscosidade da solução ácida [cp];

L = comprimento da coluna de trabalho [ft];

D = diâmetro interno (in).

3.3. Acidificação de Carbonatos

A acidificação de carbonatos não tem por finalidade remover o dano, e sim criar

“wormholes” (canais de escoamento) para que o hidrocarboneto flua após a estimulação.

A operação em carbonatos muitas vezes requer baixas vazões de injeção para evitar

a fratura da formação, e em casos de formações de baixa permeabilidade. Esse limite

operacional induz um dos pontos mais críticos da operação que é o controle da reação

ácido-rocha. A reação, de dissolução, ácido-rocha é extremamente intensa e o rápido

consumo do ácido faz com que o mesmo não consiga atingir a profundidade desejada, pois

é consumido rapidamente pela formação na área próxima do poço (Fredd & Fogler, 1996).

Dessa maneira, a rápida dissolução consome grandes volumes de ácido e proporciona

aumentos negligenciáveis na condutividade da formação, pois as regiões com dano podem

não ser ultrapassadas.

A dependência do incremento da produtividade com o aumento do raio da zona

estimulada em carbonatos foi mostrada por (Muskat, 1947), mostrando que poços com

danos elevados necessitam que o tratamento ácido atinja até 3 m de distância para

recuperar a permeabilidade original, zonas com danos rasos necessitam de um menor

alcance para o tratamento ácido. Isso significa que a solução ácida não reagida deve chegar

até essa distância para obter um tratamento efetivo.

26

Os danos em carbonatos normalmente têm entre 0,3 - 1 m. Soluções de HCl

convencionais não conseguem alcançar essas distâncias, pois o ácido é imediatamente

consumido em função da extrema velocidade de dissolução da calcita em ácido (Mcleod,

1990).

A seleção do fluido ácido depende das características da formação (composição,

estrutura, permeabilidade, porosidade). O projeto básico sugerido para tratamento típico de

carbonato é (Pereira & Fernandes, 2009):

1º estágio - HCl 15%

2º estágio - Solventes

3º estágio - HCl 15% viscoelástico

O HCl é geralmente selecionado para acidificação de carbonato. Ele pode ser

substituído por ácidos orgânicos, principalmente para minimizar os problemas de corrosão a

temperaturas superiores a 400 ° F [205 ° C]. O objetivo da acidificação com HCl é tanto para

ultrapassar os danos através da criação de canais de alta condutibilidade (wormholes) ou

para delinear fissuras parcialmente obstruídas em formações fissuradas de baixa

permeabilidade. Embora a restauração de permeabilidade seja geralmente o alvo de

formações de arenito (efeito skin zero), acidificação de carbonato comumente resulta em

efeitos skin negativos. Isto é devido à reabertura de fissuras naturais e criação de

wormholes de alta permeabilidade na área próxima ao poço.

3.3.1. Interação Ácido-Rocha para formações carbonáticas

O HCl se dissolve tanto em rochas calcárias quanto dolomíticas, conforme as

Equações (10) e (11) respectivamente.

CaC𝑂3 + 2HCl ⇌ Ca𝐶𝑙2 + 𝐻2O + C𝑂2 (10)

CaMg(C𝑂3)2 + 4HCl ⇌ Ca𝐶𝑙2 + Mg𝐶𝑙2 + 2𝐻2O + 2C𝑂2 (11)

A quantidade de ácido dissolvido depende da estequiometria da reação química.

Analisando a equação (10), sabe-se que são necessários dois mols de HCl para dissolver 1

mol de CaCO3.

Um modo de expressar a reação de estequiometria é utilizando o poder de

dissolução do ácido, baseado na massa como descrito na equação (12) ou baseado no

volume como descrito na equação (13).

27

β = Ca

𝑣𝑚 𝑀𝜔𝑚

𝑣𝑎 𝑀𝜔𝑎 (12)

Onde:

β = Poder de dissolução gravimétrico da solução ácida [lbmmineral/lbmsolução ácida];

Ca = concentração do ácido;

vm = número estequiométrico do mineral;

va = número estequiométrico do ácido;

Mωm = massa molecular do mineral;

Mωa = massa molecular do ácido.

X = β 𝜌𝑎

𝜌𝑚 (13)

Onde:

X = poder de dissolução volumétrico da solução ácida [ft3 mineral/ ft3 solução];

ρa = massa específica da solução ácida [lbm/ft3];

ρm = massa específica do mineral [lbm/ft3].

O HCl é o ácido mais utilizado. Ácidos orgânicos como o acético e o fórmico são

utilizados em poços de alta temperatura. Também podem ser utilizadas misturas de ácidos

(Kalfayan, 2000).

3.3.2. Volume de Ácido Requerido

Segundo Pereira & Fernandes (2009), o volume de ácido requerido para cada

estágio do tratamento em carbonatos é:

1º estágio: 25 gal/ft

2º estágio: 75-100 gal/ft de solventes dissolvidos em ácido

3º estágio: 75-125 gal/ft

3.3.3. Wormholes

O fluxo e a reação de HCl nos poros do carbonato resultam na formação de canais

de escoamento altamente condutores, conhecidos como wormholes. Esses canais são

28

formados devido à heterogeneidade natural dos poros da formação, a rápida transferência

de massa e a dissolução quase completa do mineral no ácido.

Durante a estimulação, preferencialmente, o ácido flui para as regiões de maior

permeabilidade. Estes caminhos de escoamento iniciais são ampliados pela rápida

dissolução do material da matriz, fazendo com que essas regiões recebam ainda mais

fluido. Uma vez formados, os wormholes não oferecem resistência ao fluxo e transportam

essencialmente todo o fluido injetado.

Hoefner e Fogler (1988) investigaram sistemas de HCl/carbonato e descobriram que

o número Damköhler governa a reação de formação dos wormholes. O número Damköhler é

definido como a razão entre a taxa líquida por dissolução de ácido e a taxa de transporte

convectivo de ácido. Quando a taxa de reação é muito rápida em comparação com a taxa

de transferência de massa, a taxa líquida de dissolução é limitada pela transferência de

massa e o número Damköhler é dado pela equação (14).

𝐷𝑎𝑚𝑡 = a𝐷𝑒

23

𝐿

𝑄 (14)

Onde:

De=coeficiente de difusão efetiva;

Q = vazão;

L = comprimento da garganta do poro;

a = constante que depende do núcleo do carbonato.

Hoefner e Fogler (1988) observaram que um volume mínimo de líquido foi necessário

para alcançar as condições ótimas para dos wormholes. Em números altos de Damköhler,

que significam baixas taxas de injeção, o reagente é consumido na entrada do núcleo, assim

o aumento da permeabilidade é desprezível e o volume de fluido necessário para avançar

na formação é elevado. Em números baixos de Damköhler, que significa altas taxas de

injeção, o reagente pode penetrar na matriz porosa e ampliar os canais de fluxo. Conforme o

número de Damköhler é ainda mais reduzido, os canais de fluxo tornam-se mais altamente

ramificados à medida que o fluido é forçado a escoar em poros menores.

A Figura 3.1 mostra a diferença da estrutura dos wormholes formados a baixa, ótima

e alta vazões.

29

Figura 3.1 – Formação de Wormholes durante a dissolução por HCl.

FONTE: Fredd & Floger, 1996

3.4. Aditivos utilizados nos fluidos de acidificação

A seleção do fluido adequado é crucial para o sucesso do tratamento de acidificação.

Os aditivos são utilizados para evitar a corrosão excessiva, prevenir resíduos e emulsões,

evitar a precipitação de ferro, melhorar a limpeza, melhorar a cobertura da zona e evitar a

precipitação da reação de produtos. O tratamento pode ser malsucedido se os aditivos

apropriados não forem utilizados. Aditivos também são utilizados em preflushes e

overflushes para estabilizar argilas e dispersar parafinas e asfaltenos. As funções de alguns

dos aditivos serão brevemente discutidas neste item.

3.4.1. Inibidores de corrosão

O inibidor de corrosão é uma substância química que retarda o ataque de corrosão

ácida no revestimento, na coluna, ou qualquer outro metal que o ácido possa entrar em

contato durante o tratamento.

Inibidores funcionam interferindo nas reações químicas que ocorrem no ânodo ou

cátodo da célula de corrosão. Os dois tipos básicos de inibidores de corrosão são

inorgânicos e orgânicos. Os inibidores inorgânicos trabalham bem em altas temperaturas

30

por um longo período de tempo, custam menos que os inibidores orgânicos, mas perdem

sua eficiência em soluções mais concentradas que 17% de HCl, e podem reagir com H2S

formando precipitados insolúveis. Os inibidores orgânicos podem ser usados na presença

de H2S sem formação de precipitados, trabalham bem em qualquer concentração de ácido,

mas possuem custo maior que o os inibidores inorgânicos e não fornecem proteção em

temperaturas acima de 95°C por um longo tempo (Ali&Hinkel, 2000).

3.4.2. Surfactantes

Surfactantes ou agentes de atividade superficial são usados na acidificação para

quebrar emulsões indesejáveis, reduzir a tensão de superfície e/ou a tensão interfacial,

alterar a molhabilidade, velocidade de limpeza, dispersar aditivos e prevenir a formação de

resíduos. A seleção inadequada de surfactante pode levar a resultados contrários àqueles

pretendidos tornando-se prejudicial para o tratamento.

Surfactantes possuem composição bipolar, um grupo solúvel em água (hidrofílico) e

um grupo solúvel em óleo (lipofílico) que são separados um do outro embora sejam ligados

por uma ligação covalente forte.

3.4.3. Agentes sequestrantes

Os agentes sequestrantes têm a função de se ligarem aos íons, principalmente cálcio

(Ca+2), magnésio (Mg+2) e ferro (Fe+3), e mantê-los em solução para que não precipitem.

Ácido cítrico, EDTA e Ácido Nitrilotriácetico (NTA) são alguns dos agentes sequestrantes

mais utilizados.

3.4.4. Agentes divergentes

Os agentes divergentes funcionam igualando o fluxo, de modo que as zonas de

diferentes permeabilidades possam ser tratadas. O divergente deve ser insolúvel no fluido

de tratamento, formar uma camada impermeável sobre a formação sem penetrar

profundamente na formação, ser facilmente removido após o tratamento. Geralmente são

utilizadas resinas solúveis em óleo, ácido benzóico em flocos e outras partículas. Espumas

também podem funcionar como agentes divergentes eficazmente. Fluidos de espuma tem a

vantagem adicional de boa limpeza e pouco ou nenhum potencial para danificar a formação.

31

3.5. Dano à Formação

Dano à Formação é um conceito que se refere à diminuição da permeabilidade da

zona produtora. Esse prejuízo indesejável ocorre em várias fases dos processos de

produção de óleo e gás, a partir das rochas reservatórios, que incluem perfuração,

canhoneio, fraturamento hidráulico, produção e operações de intervenção (workover). Dano

à Formação pode ser causado por diversos fatores, incluindo físico-químicos, químicos,

biológicos, interações térmicas dos poros da formação, partículas e fluidos, deformação

mecânica da formação sob estresse (Civian, 2007).

O efeito skin é usado para descrever alterações perto da zona do poço. Um dos

maiores problemas é o dano à permeabilidade que pode ser causado por praticamente

qualquer atividade de engenharia de petróleo. Se a permeabilidade próxima à zona do poço

é significativamente reduzida, a capacidade de produção ou injeção do poço fica

comprometida. Da mesma forma, a recuperação ou aumento desta permeabilidade pode

levar a um aumento considerável de produção ou injeção.

Van Everdingen & Hurst (1953) notaram que a pressão no fundo do poço medida era

inferior à calculada, o que indica que deveria haver uma perda de carga adicional. Eles

atribuíram a perda de carga a uma zona de permeabilidade reduzida ao redor do poço. Essa

zona é chamada de “zona danificada”.

O efeito skin foi matematicamente apresentado conforme a Equação (15):

𝑠 =

2 𝜋 𝑘

𝑞 𝜇𝑜 ∆P𝑠𝑘𝑖𝑛 (15)

Onde:

s = efeito de skin ou fator de película

k = permeabilidade da formação

h = espessura da formação

q = vazão de produção ou de injeção

𝜇𝑜 = viscosidade do óleo no reservatório

Δ𝑃𝑠𝑘𝑖𝑛= queda de pressão devida ao efeito de película

A Equação (16) apresenta a introdução do conceito de espessura do dano (Hawkins,

1956). A partir dessa equação podemos obter o raio da região com permeabilidade alterada.

32

𝑠 = ((

𝑘

𝑘𝑠) − 1) (𝑙𝑛

𝑟𝑠

𝑟𝑤) (16)

Onde:

𝑘 = permeabilidade da formação

𝑘𝑠 = permeabilidade da região danificada

𝑟𝑠 = raio da região danificada

𝑟𝑤 = raio do poço

Existem alguns critérios para decidir pela aplicação da técnica de acidificação

matricial. Apenas a baixa produtividade não é suficiente para justificar a operação, pois este

problema pode estar relacionado com as características normais do reservatório alvo da

operação. A avaliação da aplicação do tratamento compreende a análise da capacidade de

produção de um intervalo de formação caso o dano seja removido. Além da baixa

produtividade/injetividade, a existência de dano e o diagnóstico são fundamentais para a

escolha do tratamento de acidificação.

3.5.1. Tipos de dano

Existem diferentes tipos de danos à formação, e caracterizar esses danos é

importante, pois a partir disso é escolhido a operação e o tipo de fluido adequado. O dano é

normalmente classificado pelo seu mecanismo de criação: natural ou induzido. Danos

naturais são aqueles que ocorrem como resultado de produzir fluidos do reservatório. Danos

induzidos são resultados de operações externas realizadas no poço, como perfuração,

completação, intervenções, estimulação ou injeção.

Quando há algum tipo de impedimento na determinação do tipo de dano, o

tratamento é projetado para reparar a maioria dos tipos de danos possíveis. A seguir, serão

apresentados os principais tipos de dano à formação conforme classificados por Broaddus;

SPE; Halliburton Services (1988).

3.5.1.1. Dano por formação de emulsões

Emulsões são combinações de dois ou mais fluidos imiscíveis (incluindo gás) que

não se dispersam molecularmente entre si. As emulsões são normalmente estabilizadas por

tensoativos, principalmente pelos tensoativos naturais presentes no óleo da formação.

33

Neste tipo de dano, solventes auxiliados por produtos desemulsificantes são

geralmente usados.

3.5.1.2. Dano por alteração da molhabilidade

Entupimento da formação pode ser causado por líquidos ou gás alterando a

permeabilidade relativa da rocha de formação. A permeabilidade relativa pode reduzir a

permeabilidade da formação para um fluido particular em 80% ou 90% (Hill et al, 2000).

Alterações na molhabilidade podem ser corrigidas pela injeção de solventes mútuos

para remover a fase óleo, seguida da injeção de tensoativos que tornem a formação

novamente molhável à água.

3.5.1.3. Dano por bloqueio por água

Água pode ocasionar bloqueio em rochas de baixa permeabilidade. Em bloqueios

desse tipo, a água geralmente ocupa os espaços de fluxo (tantos poros ou fraturas naturais)

que são usadas pelos hidrocarbonetos para fluir do reservatório para o poço. Devido a

mobilidade e viscosidade diferentes, o hidrocarboneto pode não ser capaz de dispersar a

água.

O tratamento deste problema é feito através da injeção de tensoativos para reduzir a

tensão interfacial água-óleo.

3.5.1.4. Dano por depósitos minerais

Estes depósitos são produtos químicos solúveis em água, que precipitam a partir das

soluções em reposta a mudanças de condições ou mistura de águas incompatíveis. Podem

estar presentes na coluna de produção, nos canhoneados, ou na formação. Vários solventes

podem ser usados para dissolver os depósitos precipitados, dependendo de sua

composição química. Os tipos mais comuns de deposição mineral são: carbonato de cálcio,

carbonato de ferro, sulfato de cálcio, sulfato de bário, sulfato de estrôncio, sulfito de ferro ou

também combinações desses. Dos citados, somente o carbonato de cálcio pode ser

removido quimicamente, os demais só são removidos parcialmente, necessitando de

métodos mecânicos para sua completa remoção.

34

3.5.1.5. Dano por depósitos orgânicos

Depósitos orgânicos são hidrocarbonetos pesados (parafinas ou asfaltenos) que

precipitam conforme a temperatura ou pressão é reduzida. Em certos casos, não se pode

evitar tais danos, sendo normalmente executada a remoção mecânica dos depósitos com

raspadores. Em outros casos, os depósitos podem ser resolubilizados por solventes

orgânicos ou pelo aquecimento da formação com óleo aquecido.

3.5.1.6. Dano por siltes e argilas

O dano causado pela migração ou inchamento de argilas, ou pela migração de siltes,

promove o plugueamento dos poros da rocha na região próxima ao poço reduzindo a

produtividade. Quando as partículas danificantes originam-se da própria rocha reservatório,

elas são chamadas genericamente de “finos”. A remoção de danos, por deposição de finos,

em reservatórios de carbonato faz-se com HCl, que apesar de não dissolver os finos, pode

dispersá-los.

3.5.1.7. Dano por depósitos bacterianos

As bactérias podem ser um problema sério para a produção devido ao que elas

consomem e seus subprodutos. As bactérias podem crescer em diferentes ambientes e

condições: temperaturas entre -11°C a 200°C, e valores de PH de 1 a 11, salinidade a 30%

e pressões a 25000 psi (Hill et al, 2000).

Este é um dano de difícil remoção. Para o tratamento são utilizados agentes

oxidantes fortes, como o peróxido de hidrogênio que tem sido eficiente na remoção desse

tipo de dano.

3.5.1.8. Dano por polímeros

A utilização de polímeros como as poliacrilaminas, pode causar dano à formação

quando esses polímeros não estão completamente dissolvidos ou pela desestabilização do

sistema em que os mesmos estão dispersos. O dano também pode ser gerado no processo

de formação do reboco. A remoção desses danos pode ser realizada através do aumento do

pH, provendo a quebra da cadeia polimérica.

35

4. Operação de Acidificação

Estimulação matricial tem sido utilizada em larga escala desde a década de 1930

para aumentar a produção de poços de óleo e gás e a injeção dos poços injetores.

Uma melhoria substancial da produção pode ser alcançada com a estimulação de

matriz se os tratamentos forem projetados adequadamente. A abordagem sistemática para

tratamentos de estimulação consiste na seleção de candidatos, caracterização de dano à

formação, determinação da técnica de estimulação, projeto do tratamento, a execução do

projeto e avaliação do tratamento.

O objetivo desse capítulo é fornecer uma visão integrada dos processos bem-

sucedidos para os tratamentos de estimulação.

4.1. Seleção do poço candidato

A seleção dos candidatos para a estimulação matricial baseia-se na busca de poços

com declínio da produtividade e no posterior diagnóstico da causa dessa deficiência. Apesar

do objetivo final do tratamento ser alcançar maior ganho através do aumento de produção, o

tratamento em poços para atingir objetivos econômicos pode ser limitado devido às

condições de reservatório (por exemplo, pressão, permeabilidade) ou de poço (por exemplo,

elevação artificial, tamanho insuficiente da coluna de produção).

4.1.1. Identificação de poços de baixa produtividade e candidatos à estimulação

Geologia, petrofísica e engenharia de reservatórios desempenham papéis

importantes na quantificação do potencial produtivo de um poço. Para quantificar o potencial

de produção é necessário ter uma compreensão completa da geologia e da mecânica do

reservatório. Em muitos casos reais, esses dados são incompletos, e o engenheiro deve

confiar na comparação com outros poços semelhantes na história do campo para identificar

o desempenho normal de produção. Para poços de petróleo, o índice de produtividade (IP),

índice de produtividade por espessura (IP/h), a vazão de produção em barris de petróleo por

dia (bpd), ou efeito skin podem ser determinados para cada local. Esses dados permitem

que o engenheiro identifique zonas prováveis de dano. Uma vez que o potencial de

produção de um poço é estabelecido, esse dado é comparado com a produção efetiva.

Após o poço ser diagnosticado como de baixo desempenho, deve ser determinada a

razão ou as razões da baixa produtividade. Medidas corretivas adequadas devem ser

36

tomadas, incluindo a determinação da necessidade de elevação artificial ou se o método

existente está funcionando corretamente. Em alguns casos, a produção está limitada pela

dimensão da coluna ou outras razões mecânicas, para esses casos a estimulação não vai

apresentar benefícios. Uma vez que razões mecânicas são eliminadas como uma causa

potencial da baixa produção, os poços restantes tornam-se candidatos à estimulação.

Um sistema pode ser utilizado para identificar poços candidatos à estimulação,

baseado em uma série de regras para determinar se o poço é adequado à operação de

estimulação matricial. O sistema baseia-se nos resultados da Análise de Transiente de

Pressão (PTA, em inglês) do poço, ou a relação das taxas de fluxo real e teórica.

Caso seja possível realizar a Avaliação de PTA, o primeiro passo do sistema é

analisar a litologia do poço pré-candidato a estimulação. Se a formação de arenito não

apresentar skin > 0 ou a formação de carbonato não apresentar skin > -4, a indicação é

avaliar o potencial para fraturamento hidráulico nesses dados poços. Pois, nesses casos, o

poço é identificado como de baixa produtividade ou baixa pressão, portanto, a acidificação

matricial não é indicada. Mas, caso a formação de arenito apresente skin > 0 ou a formação

de carbonato apresente skin > -4, o próximo passo é avaliar a existência de problema

mecânico que pode causar a baixa produtividade. Por exemplo, é necessário avaliar se a

baixa produtividade não está ligada ao dimensionamento incorreto da coluna, ou devido a

problemas de reservatório (neste caso, outros poços da mesma região apresentariam o

mesmo comportamento). Ou ainda, verificar a existência de um sistema de elevação

artificial, e se o mesmo está funcionando de maneira ideal. Quando a baixa produtividade

está atrelada a problemas mecânicos, as operações de estimulação não apresentam

nenhum benefício quanto a ganho de produção. Caso seja detectado a possibilidade de

algum problema mecânico, faz-se necessário uma avaliação adicional. Caso contrário, o

poço apresenta uma indicação de dano à formação, portanto, torna-se um provável

candidato à estimulação.

Se for escolhida a técnica de comparação do fluxo atual com o fluxo teórico, a

avaliação a ser feita é se o fluxo atual está menor que 75% do fluxo teórico. Caso a resposta

seja positiva, a mesma verificação de existência de problema mecânico é feita. Quando os

problemas mecânicos são descartados, o poço apresenta uma indicação de dano à

formação, portanto, torna-se um provável candidato à estimulação. Mas, se o fluxo atual

está maior que 75% do fluxo teórico, o poço está produzindo como esperado, sendo assim,

não existe nenhuma indicação para estimulação de poços.

Este passo a passo anteriormente descrito é apresentado na Figura 4.1.

37

Figura 4.1 – Orientações para seleção de candidatos

FONTE: Adaptado de Thomas&Morgenthaler, 2000

Um indicador de desempenho de poços é o IP, apresentado na equação (17):

IP = 𝑞

�̅�𝑟 − 𝑃𝑤𝑓

(17)

Onde:

q = Taxa de fluxo [BOPD]

Pr = Pressão de reservatório média [psi]

Pwf = Pressão de fluxo no fundo do poço [psi]

A comparação do IP atual e IP ideal pode ser usada como indicador de desempenho

do poço.

38

4.1.2. Impacto do dano à formação na produtividade

É importante compreender os efeitos dos danos à formação na região próxima ao

poço. A equação de estado para um poço de petróleo é apresentada na equação 18:

q =

𝑘ℎ(𝑃𝑒 − 𝑃𝑤𝑓)

141.2𝐵𝜇 (ln𝑟𝑒𝑟𝑤

+ 𝑠) (18)

Onde:

k = permeabilidade da formação [md]

h = espessura do reservatório [ft]

Pe = pressão estática do reservatório [psi]

Pwf = Pressão de fluxo no fundo do poço [psi]

B = Fator volume formação [bbl/STB]

µ = Viscosidade [cp]

re = Raio de drenagem [ft]

rw = Raio do poço [ft]

s = efeito skin

Para um dado poço, a equação 18 pode ser simplificada na equação (19):

𝑞

𝑞𝑜=

7.5 + 𝑠𝑜

7.5 + 𝑠 (19)

Onde:

q = Vazão de produção final [BOPD]

qo = Vazãode produção inicial [BOPD]

s = Efeito skin final

so = Efeito skin inicial

Assim, para um poço com dano e efeito skin total igual a 100, uma redução de 10

pode exibir um aumento de seis vezes na produtividade. Uma redução do efeito skin 100 a 0

leva a um aumento de quatorze vezes na produtividade. Embora a redução para zero,

geralmente, é irreal em um arenito, a redução para valores inferiores a dez é uma

expectativa razoável (Thomas&Morgenthaler, 2000).

39

O declínio de produção pode ser causado por características naturais dos fluidos do

reservatório, danos do poço devido a processos de perfuração/completação, ou por

dificuldades mecânicas no processo de completação. O efeito skin é um conceito

matemático adimensional, e o seu valor é determinado pelo efeito combinado de vários

parâmetros, incluindo a formação de danos. Para interpretar corretamente o skin e

determinar as medidas corretivas adequadas, os engenheiros devem analisar a contribuição

de cada fator. A chave para a seleção do candidato para o tratamento encontra-se na

análise de vários skins (Bybee, 2001).

Para um poço produtor, o histórico de avaliação de desempenho aponta para

possíveis candidatos à estimulação. A persistência de declínio no desempenho de um poço,

muitas vezes, solicita uma investigação mais profunda, como a comparação com o

desempenho de outros poços do mesmo reservatório.

O risco de corte de água e produção de areia também são considerados durante a

seleção do candidato. Poços com corte de água elevado e produção de areia apresentam

baixa classificação na seleção dos candidatos. Isto ocorre devido à tendência de o fluido de

tratamento escolher, preferencialmente, a zona de água.

Outra consideração importante na seleção dos candidatos é o histórico de

estimulação de outros poços no campo. Poços em áreas que apresentaram sucesso ao

longo dos anos, normalmente, são mais considerados. Enquanto a apresentação histórica

de falhas, geralmente, provoca aversão ao risco de retornar ao mesmo campo para realizar

estimulação.

Em geral, a importância da fase de avaliação do impacto do dano na produtividade

se dá pelo fato de compreender o quanto é possível aumentar em termos de produção

levando em consideração a diminuição do dano. Essa compreensão é muito importante para

realizar uma boa avaliação econômica preliminar.

4.1.3. Avaliação Econômica Preliminar

Após estabelecer o potencial produtivo do poço em função do efeito skin e da

produção atual, o projetista pode avaliar o valor econômico do aumento de produção e o

investimento necessário para o tratamento. Para uma boa avaliação econômica, precisa-se

de uma boa previsão de produção para a condição atual do poço e uma previsão para o

poço estimulado.

Um modelo para avaliação econômica deve permitir à análise do custo verso a

receita esperada. Os custos estimados devem incluir o custo do tratamento, custos de

40

operação, os impostos aplicáveis e os eventuais custos auxiliares. Preço do produto

produzido, fatores de risco do tratamento devem ser incluídos para calcular vários

indicadores financeiros, tais como a Taxa de Retorno (ROR), Retorno sobre o Investimento

(ROI), VPL (Valor Presente Líquido), pagamento (dias) apenas para investimento,

pagamento (dias) para investimento acrescido de juros e custo unitário (investimento

dividido pela produção incremental). Em alguns tópicos a frente será feito uma abordagem

sobre alguns desses indicadores financeiros.

4.2. Caracterização de dano à formação

Depois de estabelecer que um poço esteja produzindo abaixo do seu potencial, deve

ser feita uma avaliação da causa e a localização do dano. O diagnóstico pode ser baseado

na avaliação do poço e história do campo, análise das amostras de plugues recuperados do

campo, o conhecimento das propriedades dos minerais e fluidos da formação, por exemplo,

água e óleo, bem como o teste de pressão e perfilagem (Thomas & Morgenthaler, 2000).

A quantidade de informação disponível torna-se um desafio para a caracterização do

dano, devido as poucas informações que, usualmente, estão disponíveis. Sendo assim, nem

sempre é possível caracterizar completamente o dano à formação. Nos casos de incerteza,

recomenda-se a priorizar as causas prováveis e projetar um tratamento para os cenários

mais prováveis. Assim, vários tipos de dano podem ser suspeitos, e todos devem ser

considerados no projeto do tratamento.

Todas as informações disponíveis sobre o poço, tais como perfilagem, características

do reservatório e informações sobre a completação e workovers anteriores deverão ser

recolhidos. As amostras de fluidos produzidos e quaisquer materiais sólidos do poço

deverão ser analisados. Em alguns casos, pode ser útil realizar testes de laboratório de

compatibilidade dos fluidos de completação ou de perfuração e o líquido da formação ou

rochas. Tais testes podem ajudar no desenvolvimento de compreensão do problema atual

do poço e levar a uma ação corretiva.

As operações do poço envolvem atividades potenciais de dano para o mesmo -

perfuração, completação, canhoneio, workovers, estimulação e produção ou injeção. Então,

todo histórico do poço deve ser bem avaliado para caracterizar corretamente o dano à

formação.

A perfilagem pode mostrar a quantidade de fluido por camada. Esse dado inserido

em programas específicos determina o efeito skin do dano à formação por camada.

41

A caracterização do dano é a base do projeto de operação de estimulação. Os

químicos são desenvolvidos para remover as causas suspeitas ou as causas do dano. Os

procedimentos do tratamento são projetados para atingir o dano suspeito com uma

quantidade de químico adequado para remover dano suficiente para atingir as metas de

produtividade. A caracterização de dano correta é crítica para o sucesso do tratamento de

estimulação.

4.3. Determinação da técnica de estimulação

Na fase anterior, o poço foi identificado como de baixa produção e as possíveis

causas de dano foram definidas. O próximo passo é determinar a técnica de estimulação

que deverá ser usada.

A figura 4.2 mostra uma árvore de decisão para auxiliar o processo de seleção de

candidato e a técnica de estimulação. Como mostrado na figura, a meta de produtividade

dita a técnica de estimulação.

Se a meta de produtividade pode ser alcançada com um efeito skin positivo em

arenitos ou carbonatos, a estimulação de matriz será um tratamento adequado e

provavelmente mais rentável. Nesse caso, é feita a avaliação quanto a limitações

mecânicas, além de uma avaliação econômica final para validar a operação de acidificação

no dado poço.

Mas, se for necessário um efeito skin negativo ou próximo a zero para alcançar um

bom rendimento de produção, é preciso avaliar separadamente o reservatório. No caso de

arenitos, o fraturamento hidráulico é a operação mais indicada, e apenas se esta operação

for economicamente descartada é avaliada a acidificação matricial. No caso dos carbonatos,

as três operações devem ser consideradas, e após a avaliação econômica é decidido a

operação de estimulação que apresenta o melhor custo benefício.

Outros fatores podem influenciar a seleção da técnica de estimulação. Em areias não

consolidadas ou frágeis, é aconselhável examinar o máximo diferencial de pressão permitido

antes do início de produção de areia da formação. Este limite de pressão pode levar à

seleção da técnica de fraturamento para permitir a obtenção da meta com um diferencial

menor. Por outro lado, a preocupação com isolamento da zona pode impedir o fraturamento.

42

Figura 4.2 – Árvore de decisão para estimulação

FONTE: Adaptado de Thomas&Morgenthaler, 2000

4.4. Projeto do Tratamento

4.4.1. Seleção dos fluidos de tratamento

Nos tratamentos de estimulação de matriz são injetados no poço, abaixo da pressão

de fratura, vários fluidos em estágios diferentes. Um tratamento mínimo consiste em uma

fase de preflush com fluido não reativo para estabelecer uma vazão de injeção, uma fase

com o fluido de tratamento principal e uma fase de overflush para carregar o fluido principal

para fora da coluna e deslocá-lo para uma área distante do poço. Na maior parte dos

tratamentos, outras fases auxiliares são incluídas para aumentar a eficácia do tratamento.

Sistemas múltiplos de fluidos, compostos de fluidos base e aditivos, são

selecionados com base na litologia, mecanismos de dano e da condição do poço. Cada

fluido no tratamento contribui para uma determinada função. O processo de seleção de

43

fluidos é complexo, pois envolve muitos parâmetros (por exemplo, tipo de dano,

mineralogia), orientações foram desenvolvidos para simplificar o processo e alcançar

sucesso no tratamento.

A formulação dos fluidos para estimulação matricial inclui a seleção do ácido

principal e identificação da necessidade de preflushes e overflushes. A figura 4.3 mostra

uma árvore de decisão para a seleção de fluidos em arenitos e carbonatos. A seleção do

fluido depende do tipo de dano, da litologia, da mineralogia e do tipo de poço. Baseia-se

também no campo e testes de laboratório.

Figura 4.3 – Sistema para seleção do fluido de tratamento

FONTE: Adaptado de Thomas&Morgenthaler, 2000

4.4.1.1. Seleção do preflush

O preflush tem três funções importantes (Thomas&Morgenthaler, 2000):

É um fluido não reativo bombeado inicialmente para garantir que a injeção ocorra a uma

velocidade e pressão aceitáveis.

44

Um preflush formulado é injetado, em alguns poços de petróleo, para remover o óleo da

região perto do poço e deixar os minerais e os danos em condição de permitir a aderência

de um líquido na superfície do sólido, aumentando a eficácia do ácido. Um solvente ou

soluções contendo múltiplos solventes pode ser injetado para alcançar esse efeito.

Um preflush ácido (HCl ou ácido orgânico) é usado para remover o carbonato de cálcio e

carbonato de ferro ou óxido da região perto do poço, o que ajuda a eliminar fluoreto de

cálcio e problemas relacionados com ferro. Uma vez que a injeção é aceitável e a formação

está na condição adequada, o fluido principal de tratamento pode ser injetado. O fluido

principal de tratamento normalmente contém HF e é deslocado para dentro do reservatório

por um fluido overflush.

4.4.1.2. Seleção de fluido para tratamento principal

O fluido do tratamento principal é selecionado para remover ou dispersar o dano

principal em formações areníticas e permitir que produtos solúveis ou sólidos fluam para fora

do poço. No caso de formações de carbonatos, o objetivo é ultrapassar o dano com ácido ou

dissolvê-lo com solventes. Os fluidos do tratamento principal seguem as seguintes

categorias (Thomas&Morgenthaler, 2000):

Solventes para remover os depósitos orgânicos (ex: parafina);

Oxidantes para remover danos originados de polímeros;

Removedores de scale para remover sulfato ou óxidos;

Ácidos para remover carbonatos e óxidos, quebrar resíduos de polímeros ou estimular

formações de carbonato;

Ácido fluorídrico (HF) para remover danos de aluminossilicato (principalmente argilas) em

formações de arenito.

No caso de suspeita de múltiplos danos, torna-se necessário utilizar vários tipos de

fluidos ou combinar as funções listadas em apenas um fluido, no entanto, em fluidos e

funções combinados, é necessário tomar cuidado para manter a efetividade do fluido e

evitar incompatibilidades.

Em carbonatos, HCl ou ácidos orgânicos (fórmico ou acético) são usados para

formar caminhos condutores entre o poço e a formação. Em arenitos, misturas de HCl e HF

(mud acid) são utilizados para remover lama de perfuração, formação de areia, areia gerada

durante a perfuração e resíduos de canhoneio.

45

4.4.1.3. Seleção do agente divergente

Danos não uniformes e a permeabilidade heterogênica nas zonas alvo causam

preferência dos fluidos de tratamento a entrarem em zonas de alta permeabilidade. O

resultado é a remoção de danos não uniforme e insuficiência econômica na maioria dos

casos. A heterogeneidade das zonas requer que o agente divergente e os fluidos do

tratamento sejam compatíveis com os sistemas químicos utilizados no processo.

Divergentes são usados para ajudar a controlar a distribuição de ácido no poço. Os

quatro tipos gerais são bridging agents (60 mm), partículas (4-60 mm), soluções viscosas

(géis) e espumas (Thomas&Morgenthaler, 2000). Bridging agents são partículas

relativamente grandes que são usados para preencher a face de fissuras nas formações de

carbonato; as partículas são fragmentos menores usados em arenitos. Para as partículas, o

tamanho e a composição são os principais parâmetros (Crowe e Cryar, 1975). As partículas

devem ser dimensionadas para formar um reboco sobre a formação e deve ser solúvel nos

fluidos produzidos (Rei e Hollingsworth, 1979). A solução viscosa deve ser suficientemente

estável para proporcionar uma resistência significativa ao fluxo, mas ela deve degradar

rapidamente e completamente, de modo que não impeça a produção. Este tipo de solução

é, normalmente, utilizado em formações de carbonato. As espumas são feitas pela adição

de um agente tensoativo ao ácido ou salmoura, misturando-se com N2. O material da

espuma deve ser estável no líquido que é misturado, e N2 suficiente deve estar disponível

para garantir uma espuma de 65% a 70% (volume de gás) (Thomas et al., 1998).

Todos os tipos de agente divergente podem ser injetados continuamente com o ácido

ou apenas em pontos específicos da sequência de injeção. A concentração também pode

ser variada conforme requerido. A experiência pode fornecer orientações quanto à melhor

abordagem, ou um modelo numérico pode ser usado para otimizar o processo de desvio.

4.4.1.4. Seleção de overflush

O overflush é quase sempre utilizado para remover o fluido reativo (e corrosivo) do

poço e maximizar o contato do mud acid com a área próxima ao poço. O dano dissolvido ou

disperso pode apresentar potencial para danificar a formação, nesse caso o deslocamento

radial desse dano para dentro do reservatório deve ser evitado. No outro extremo está a

acidificação de arenito com HF, em que o overflush é essencial para assegurar que a

precipitação secundária ocorra no fundo do reservatório, reduzindo o impacto na

46

produtividade. O overflush também é utilizado para deslocar o HCl dentro da formação de

carbonato para melhorar a penetração do ácido.

4.4.2. Aditivos utilizados nos fluidos de acidificação

A seleção do fluido adequado é crucial para o sucesso do tratamento de acidificação.

Os aditivos são utilizados para evitar a corrosão excessiva, prevenir resíduos e emulsões,

evitar a precipitação de ferro, melhorar a limpeza, melhorar a cobertura da zona e evitar a

precipitação da reação de produtos. O tratamento pode ser malsucedido se os aditivos

apropriados não forem utilizados. Aditivos também são utilizados em preflushes e

overflushes para estabilizar argilas e dispersar parafinas e asfaltenos. As funções de alguns

dos aditivos serão brevemente discutidas neste item.

4.4.2.1. Inibidores de corrosão

O inibidor de corrosão é uma substância química que retarda o ataque de corrosão

ácida no revestimento, na coluna, ou qualquer outro metal que o ácido possa entrar em

contato durante o tratamento.

Inibidores funcionam interferindo nas reações químicas que ocorrem no ânodo ou

cátodo da célula de corrosão. Os dois tipos básicos de inibidores de corrosão são

inorgânicos e orgânicos. Os inibidores inorgânicos trabalham bem em altas temperaturas

por um longo período de tempo, custam menos que os inibidores orgânicos, mas perdem

sua eficiência em soluções mais concentradas que 17% de HCl, e podem reagir com H2S

formando precipitados insolúveis. Os inibidores orgânicos podem ser usados na presença

de H2S sem formação de precipitados, trabalham bem em qualquer concentração de ácido,

mas possuem custo maior que o os inibidores inorgânicos e não fornecem proteção em

temperaturas acima de 95°C por um longo tempo (Ali&Hinkel, 2000).

4.4.2.2. Surfactantes

Surfactantes ou agentes de atividade superficial são usados na acidificação para

quebrar emulsões indesejáveis, reduzir a tensão de superfície e/ou a tensão interfacial,

alterar a molhabilidade, velocidade de limpeza, dispersar aditivos e prevenir a formação de

resíduos. A seleção inadequada de surfactante pode levar a resultados contrários àqueles

pretendidos tornando-se prejudicial para o tratamento.

47

Surfactantes possuem composição bipolar, um grupo solúvel em água (hidrofílico) e

um grupo solúvel em óleo (lipofílico) que são separados um do outro embora sejam ligados

por uma ligação covalente forte.

4.4.2.3. Agentes sequestrantes

Os agentes sequestrantes têm a função de se ligarem aos íons, principalmente cálcio

(Ca+2), magnésio (Mg+2) e ferro (Fe+3), e mantê-los em solução para que não precipitem.

Ácido cítrico, EDTA e Ácido Nitrilotriácetico (NTA) são alguns dos agentes sequestrantes

mais utilizados.

4.4.3. Compatibilidade entre o ácido e a formação

4.4.3.1. Hidróxido de ferro

Precipitação de ferro (Fe+3) pode ocorrer em acidificação de arenitos e carbonatos

quando o pH é menor que 2.2. O ferro aumenta a tendência do óleo para formar películas

rígidas e emulsões com ácidos. Estes problemas podem resultar em danos à formação e

facilidade em diminuir a produção dos poços após acidificação. Agentes de controle de ferro

são recomendados em todas as fases da acidificação em ambas as formações.

4.4.3.2. Carbonatos

A formulação de ácidos para carbonatos é relativamente simples, porque a maioria

dos produtos da reação é simplesmente cloreto de cálcio, água e dióxido de carbono, que

não seguem para outras reações. No entanto, existem numerosos minerais (silte e argila) na

maioria dos carbonatos que são insolúveis em HCl. O material insolúvel normalmente flui

para os canais de escoamento ou fissuras e não é um problema.

4.4.3.3. Arenitos

A sensibilidade de uma formação de arenito para um fluido de tratamento matricial

depende da mineralogia da formação, tipo de dano, os produtos de reação, temperatura e

permeabilidade. Como uma regra geral, quanto mais silte, feldspato e argila e quanto menor

for a permeabilidade, maior será a sensibilidade da formação. Embora esses minerais não

48

possam ser completamente eliminados, o objetivo é otimizar o tratamento selecionando

fluidos com a maior compatibilidade possível com a formação.

A solubilidade da formação em HCl é normalmente considerada para representar o

conteúdo de carbonato do arenito. Esta suposição é incorreta, pois outras espécies solúveis

em ácidos estão presentes (por exemplo, clorito, zeólitos, óxidos e sulfetos). Se a

solubilidade do ácido é superior a 20%, HF não é recomendado. Excesso de carbonato pode

reagir com o HF e precipitar fluoreto de cálcio. Clorito de argila e zeólitos (cálcio hidratado/

sódio/potássio aluminosilicatos) são parcialmente solúveis em HCl e podem causar grave

entupimento como consequência da migração do seu resíduo. Assim, na acidificação de

arenitos, um preflush de HCl (ou ácido orgânico) é utilizado antes do mud acid.

4.4.4. Estratégias para seleção de ácidos para carbonatos

4.4.4.1. Temperatura

A seleção do ácido depende muito da temperatura por causa das limitações dos

inibidores de corrosão. Por exemplo, a temperaturas superiores a 150 °C, HCl a 28% não

pode ser utilizado devido à corrosão excessiva, enquanto HCl a 15% pode ser usado. Acima

de 204 °C, ácidos orgânicos ou fluidos contendo EDTA (um solvente não reativo em ácido)

podem ser usados (Thomas&Morgenthaler, 2000). Além disso, ácido emulsionado ou HCl

com um retardador são utilizados para aumentar a penetração.

4.4.4.2. Mineralogia

Calcita e dolomita reagem de forma diferente com ácidos. A formulação do ácido

deve ser otimizada para alcançar as características desejadas de reação e de penetração

em cada uma das formações. Carbonatos, comumente, contêm minerais insolúveis (silte e

argila) que são liberados durante acidificação. Quando isto ocorre, um agente de suspensão

de lama é necessário juntamente com N2 em poços de onde o ácido gasto não voltará

naturalmente.

4.4.4.3 Petrofísica

A penetração do ácido e a quantidade de dano dependem do tipo e da distribuição

da porosidade. Por exemplo, um carbonato altamente vugular, com alta permeabilidade ou

49

fissurado normalmente é severamente danificado durante a perfuração e a completação por

causa dos sólidos. As tentativas para obter uma penetração profunda do ácido de

tratamento (superior a 5 ft) pode ser difícil nesses casos. Um ácido emulsionado, retardado

ou em espuma é necessário para alcançar a penetração profunda, pois grande parte da

porosidade está localizada na rede vugular ou nas fissuras. Sendo assim, é essencial

remover o dano e restaurar a comunicação com o poço.

4.4.5. Estratégias para seleção de ácidos para arenitos

4.4.5.1. Temperatura

No caso dos arenitos, a seleção do ácido depende apenas ligeiramente da

temperatura, pois são normalmente utilizadas concentrações mais baixas de ácido (isto é, a

corrosão não é um grande problema). A sensibilidade de uma formação arenítica aumenta

com a temperatura devido ao gasto rápido de HCl e mud acid, e geração de finos móveis no

ácido gasto. Entretanto, a sensibilidade resultante a partir dos produtos da reação de

precipitação diminui com a temperatura devido à sua maior solubilidade. Estes processos

tendem a contrabalançar um ao outro, resultando em pouca dependência da temperatura.

4.4.5.2. Mineralogia

A mineralogia do arenito é o fator mais importante a ser considerado na seleção do

fluido devido ao potencial de formação de precipitados. Devido à grande área de superfície

de sedimentos e argilas, boa parte do mud acid reage rapidamente para gerar uma mistura

complexa de compostos. Muitas orientações foram desenvolvidas a partir das experiências

de campo e dados laboratoriais (Fogler et al, 1976;. Walsh et ai, 1982;. McLeod, 1984;.

Ayorinde et ai, 1992; Gdanski, 1996), e a sua utilização tem melhorado os resultados de

campo. Além disso, a penetração do ácido é altamente dependente da mineralogia devido à

grande área de superfície de sedimentos e argilas.

4.4.5.3. Petrofísica

Assim como em carbonatos, a penetração do ácido e a quantidade de danos

dependem do tipo e distribuição da porosidade. Arenitos fissuradas não são comuns na

maioria dos candidatos à estimulação matricial, mas podem estar presentes em formações

50

do embasamento e áreas geotérmicas. Um agente de suspensão de sedimentos em ácido e

N2 são recomendados para remover o fluido de perfuração e sólidos de completação.

Apesar de poder utilizar exclusivamente o HCl nesta operação, o mud acid é recomendado

para auxiliar na remoção e dispersão danos.

A sensibilidade de um arenito depende da permeabilidade da formação. Uma vez

que a permeabilidade é uma função do tamanho de poro, arenitos de baixa permeabilidade

são mais sensíveis do que arenitos de alta permeabilidade para uma determinada

mineralogia. Assim, a permeabilidade deve ser considerada na seleção do fluido.

4.5. Estratégia de bombeio

O volume de cada material bombeado é baseado em uma avaliação da quantidade

de dano ou a profundidade necessária do tratamento e deve abordar a ineficiência potencial

do processo de bombeio. Em geral, a localização do dano dita a técnica de bombeio. Ambos

os métodos mecânicos, utilizando ferramentas e fluidos mecânicos (por exemplo, partículas

suspensas e espumas) podem ser usados para assegurar que os fluidos de estimulação

entram em contato com o dano da formação.

Uma vez que o volume, a composição e sequência do tratamento são estabelecidos,

um cronograma de tratamento pode ser idealizado com base nas propriedades do poço e do

reservatório. O calendário de bombeio inclui todos os fluidos do tratamento e a taxa de

injeção de cada etapa. Ele pode ser gerado usando regras empíricas com base em

experiências de campo anterior. Além disso, a programação pode ser otimizada para

satisfazer objetivos específicos para cada tipo de fluido, utilizando um modelo de

reservatório de fase única (Perthuis et al., 1989).

4.5.1. Tipos de Projeto

Os quatro tipos de projetos da estimulação matricial são: projeto replicante, projeto

orientado, projeto de base empírico/cinético e projeto de base geoquímica

(Thomas&Morgenthaler, 2000). Os primeiros dois são usados em 98% de todos os

tratamentos matriciais.

51

4.5.1.1. Projeto Replicante

O Projeto Replicante baseia-se na escolha de um tratamento anterior proveniente de

um arquivo do poço. O nome do poço e a data são alterados e o tratamento é submetido à

aprovação ou simplesmente processado e bombeado. No entanto, a elevada taxa de

insucesso é parcialmente atribuída a esta abordagem não projetada. Os resultados de

vários estudos de caso também devem ser incluídos para proporcionar uma melhor

capacidade de decisão do projeto.

4.5.1.2. Projeto Orientado

Um Projeto Orientado é desenvolvido com base em diretrizes ou experiência. O

projeto pode ser um refinamento da concepção replicante, ou algo semelhante. Como o

tratamento deveria ser projetado para um reservatório e tipo de dano especificamente, a

aplicação da técnica orientada geralmente não é ideal, e isso tem sido comprovado em

alguns casos.

4.5.1.3. Projeto de base Empírico/cinético

Este tipo de projeto é produzido usando um simulador numérico. No mínimo, o

simulador deve ser um bidimensional (2D), simulador de duas fases e de diferenças finitas

que permite uma configuração de multicamadas para computar a pressão e a evolução do

efeito skin durante a acidificação matricial de arenitos e carbonatos. A dissolução de

minerais deve ser simulada usando os minerais e ácidos mais comuns juntamente com a

cinética da reação adequada (taxa de reação limitada em arenitos e massa de transferência

limitada em carbonatos). Este tipo de simulador correlaciona a mudança de porosidade local

durante a acidificação a uma modificação da permeabilidade local e, finalmente, a total

evolução do efeito skin por camada. Atualmente, a precipitação não é considerada no

simulador de base empírico/cinético, no entanto, se os ácidos forem formulados

adequadamente, isto não deve afetar os resultados do tratamento.

52

4.5.1.4. Projeto de base Geoquímica

Um simulador numérico semelhante ao discutido no item anterior é utilizado para a

concepção do projeto de base geoquímica. No entanto, a precipitação de produtos da

reação é considerada e relatada. Isto é alcançado incorporando equilíbrio químico ácido

para mais de quatorze elementos e cem produtos de reação.

4.5.2. Cronograma de bombeio

4.5.2.1. Carbonatos

Geralmente, os tratamentos em carbonatos consistem em estágios alternados do

fluido principal e agente divergente. Preflushes podem ser usados antes do tratamento

principal para limpar a formação e aumentar a receptividade do ácido. Overflushes de

salmoura ou água do mar podem ser usados para dispersar o ácido para o interior da

formação e garantir que os fluidos de tratamento estejam distantes da área próxima ao

poço. N2 pode ser utilizado para ajudar o deslocamento dos fluidos no final da operação, ou

para ser adicionado aos fluidos do tratamento a fim de ajudar na recuperação do ácido gasto

que podem conter resíduos de material insolúvel ou géis de alta viscosidade.

A tabela 4.1 contém um exemplo de um cronograma de bombeio de um poço com as

seguintes características: Poço de óleo de um reservatório dolomítico fissurado com uma

permeabilidade de matriz média de 10 mD e uma porosidade de 3%. Suspeito de danos

causados por sedimentos mistos e depósitos orgânicos. O poço foi tratado com 130 gal/ft da

emulsão de solvente em ácido, com 90 ga/ft de um preflush (mistura de 80% de solvente

com ácido acético e o solvente mútuo).

Tabela 4.1 – Calendário de bombeio de um poço com reservatório de carbonato

1 Preflush: solvente + ácido acético (42 bbl)

2 Tratamento Principal: emulsão de solvente em ácido (63 bbl)

3 Agente divergente: Ácido Benzóico em flocos

4 Repetir os passos 1, 2 e 3

5 Repetir os passos 1 e 2

6 Overflush: nitrogênio

FONTE: Adaptado de Thomas&Morgenthaler, 2000

53

4.5.2.2. Arenitos

O tipo de dano dita a sequência de ácido usada em cada tratamento. Cada estágio

deve ser compatível com o tipo de dano apresentado.

O primeiro passo de um tratamento de estimulação em formações de arenito é a

limpeza da coluna de produção com solventes e ácidos. Esta limpeza tem como função

remover ferrugem, óxidos de ferros, incrustação, películas de óleo e limitar a quantidade de

ferro que entra na formação. A função principal do preflush é preparar as superfícies para o

tratamento principal. O overflush possui duas funções principais: deve deslocar o fluido

principal para mais de 3 a 4 ft de distância a partir do poço, que é a área crítica da matriz

para fluxo radial; a parte do fluido principal que não é dispersa deve ser diluída. O agente

divergente garante que o estágio de tratamento principal está devidamente separado das

fases de preflush e overflush.

A tabela 4.2 mostra uma lista para sequência típica de tratamento em arenitos.

Tabela 4.2 – Sequência típica de tratamento para arenitos

1 Dispersão de óleo (solvente aromático)

2 Dispersão de água de formação (NH4Cl)

3 Preflush (salmora, HCl, hidrocarbonetos)

4 Tratamento Principal (HCl + HF)

5 Overflush (HCl ou NH4Cl)

6 Agente divergente (espuma ou resina solúvel em óleo)

7 Repetir os estágios como necessários (os estágios de 3-5 devem ser os últimos da

sequência)

FONTE: Adaptado de Thomas&Morgenthaler, 2000

4.5.3. Estratégia de colocação

O objetivo é como obter a penetração uniforme do fluido de tratamento ao longo de

toda a seção e/ou em cada sistema de fraturas naturais. Se a cobertura completa da zona

não for atingida, o potencial de produção pode não ser atingido. A distribuição incompleta de

fluido pode resultar em um volume excessivo de ácido por camada no caso da falta de um

divergente adequado, resultando na remoção ineficiente do dano à formação.

A importância da estratégia de colocação é ampliada no caso de um poço horizontal

por causa do longo intervalo. A estratégia de colocação deve abordar o tipo de coluna usada

54

para injetar o fluido e o divergente das zonas de alta permeabilidade para as seções

danificadas. Embora a coluna convencional ou revestimento possam ser usados para injetar

o fluido de tratamento (bullheading), este processo pode ser demorado ou ineficiente, como

mostrado na Figura 4.4. A técnica bullhead consiste no bombeio forçado de fluidos na

formação que ocorre contra qualquer pressão e independente de qualquer resistência que o

poço possa oferecer.

Figura 4.4 – Evolução do efeito skin em um poço horizontal tratado usando a técnica

bullhead.

FONTE: Adaptado de Thomas&Morgenthaler, 2000

Flexitubo (coiled tubing) é geralmente usado para evitar estes problemas. Ao

contrário da coluna, o flexitubo pode facilmente ser manobrado para dentro e para fora da

tubulação, e o fluido de tratamento e o divergente podem ser injetados durante a produção

(Thomas e Milne, 1995). A Figura 4.5 mostra a boa evolução do efeito skin obtida com essa

técnica.

55

Figura 4.5 – Evolução do efeito skin em um poço horizontal tratado usando a técnica flexitubo de

colocação de tubulação enrolada com um divergente de ácido gel reticulado temporário.

FONTE: Adaptado de Thomas&Morgenthaler, 2000

A técnica de colocação é baseada na informação disponível do poço. Por exemplo,

se os dados disponíveis indicam que existe uma zona de alta permeabilidade no centro do

comprimento horizontal, o flexitubo pode ser posicionado para essa profundidade, seguido

por injeção de agente divergente. O divergente não pluga completamente a zona de alta

permeabilidade, mas diminui muito o fluxo de fluido para esta zona. Este processo pode ser

repetido conforme necessário, com base em informações a partir de registos de produção e

da localização das fissuras. Se os dados forem inadequados, toda a seção é normalmente

tratada alternando estágios de ácido e divergente conforme o flexitubo é recolhido.

4.6. Avaliação Econômica

O maior objetivo da estimulação de poços, seja ela de qual tipo for, é aumentar o

valor de ganho por meio de uma acelerada taxa de produção ou aumento da recuperação.

Sendo assim, a avaliação econômica do projeto deve ser o ponto focal para decidir como

conduzir o projeto, que tipo de estimulação deve ser feita e os outros aspectos que o

tratamento inclui.

56

Devido à grande variedade de condições operacionais, as empresas, em geral, não

têm um único indicador para decidir sobre a operação de estimulação. Outros fatores como

risco e metas corporativas são levados em consideração para a decisão.

O indicador mais antigo usado na indústria de petróleo é o retorno do investimento

(payback), que representa o tempo necessário para recuperar o investimento feito.

∆$𝑛

(1 + 𝑖)𝑛− 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 = 0

𝑛

𝑛=1

(20)

Onde:

Δ$n = receita (deduzida as despesas incrementais e impostos)

n = período de tempo

i = taxa de atratividade (quando o investimento será devolvido sem baixar o

rendimento dos investimentos societários e contábeis para a inflação – valor temporal do

dinheiro).

Custo = despesas totais associadas à operação.

A equação 17 mostra o valor do dinheiro no tempo. A taxa de atratividade é a

percentagem de retorno anualizada que deve ser alcançada para tornar o projeto um bom

investimento como o investimento médio da empresa.

Embora uma análise econômica preliminar seja realizada durante o processo de

seleção de candidatos, a análise final deve ser realizada uma vez que o projeto de

tratamento é finalizado. O desempenho de produção é previsto usando um módulo de

previsão de produção e é baseada em cálculos iniciais e/ou finais de efeito skin. O payback,

Valor Presente Líquido (VPL), fluxo de caixa ou outros indicadores financeiros podem ser

determinados para avaliar as justificações económicas.

4.7. Avaliação do Tratamento

Como qualquer outra operação, é importante avaliar a efetividade da estimulação

matricial. No caso do fraturamento hidráulico, a avaliação é feita com testes de poços pré e

pós-tratamento. Na estimulação matricial, essa abordagem é raramente justificada

economicamente. Normalmente, a eficácia é avaliada por aumentos aparentes no índice de

produtividade. Na prática, os aumentos no índice de produtividade (ou injetividade), embora

desejáveis, podem não fornecer uma imagem adequada da realidade.

57

O efeito skin total pode ser determinado a partir de um teste de poço. Os efeitos skin

mecânicos (tais como derivados de completações parciais e perfurações inadequadas) pode

muitas vezes sobrecarregar o componente de dano. Uma análise adequada deve permitir a

identificação e separação destes efeitos skin. Apenas a parte do efeito skin resultante de

danos pode ser removida por um tratamento de matriz, o que deve reduzir o efeito skin total.

Além disso, para ser rentável, o volume injetado e o tempo de bombeio devem ser

minimizados.

Várias tentativas têm sido feitas para avaliar a eficácia de um tratamento de

estimulação de matriz monitorando a evolução do efeito skin em tempo real. Monitoramento

para avaliar a eficácia do tratamento indica se modificações são necessárias, trazendo

benefícios para os projetos futuros.

Muitos pesquisadores têm desenvolvidos técnicas de avaliação dos tratamentos de

estimulação matricial, algumas dessas técnicas estão descritas nessa seção.

4.7.1. Monitoramento da evolução do efeito skin durante o tratamento

Em muitos tratamentos de estimulação são coletados dados de pressão de cabeça

de poço e vazões de injeção. Igualmente, esses dados devem ser coletados para o fundo do

poço. Devido às condições dos tratamentos de estimulação, não é possível utilizar as

válvulas de pressão e medidores de fluxo de fundo do poço. Sendo assim, normalmente, as

condições de fundo de poço são extrapoladas da superfície por um balanço de energia

mecânico simples e estimativas das perdas hidrostáticas e de fricção.

Diferentes tentativas têm sido feitas para interpretar as pressões de cabeça de poço

(ou as pressões de fundo de poço extrapoladas) e as vazões de injeção em termos das

melhorias do tratamento. Várias técnicas têm sido utilizadas para analisar a evolução do

efeito skin desses registros.

4.7.1.1. Técnica de McLeod e Coulter

Cada fase da injeção ou parada durante o tratamento é considerada um teste curto e

individual (McLeod e Coulter, 1969). As análises da pressão transiente dos dados de

pressão do tratamento de estimulação fornecem a permeabilidade da formação e mostram a

condição da formação em torno da cabeça do poço antes e depois do tratamento.

58

Os resultados não são apresentados em termos de efeito skin, mas em termos de

permeabilidade e do raio da zona danificada (ou seja, a curta duração do teste tem um raio

limitado de investigação), ainda assim o objetivo é o mesmo: o efeito skin pode ser

relacionado com as propriedades da zona danificada.

A técnica apresenta algumas limitações:

A análise da pressão transiente só é válida se o efeito skin não muda enquanto um

conjunto de dados de pressão para uma interpretação particular é coletada. Este não

é o caso quando são injetados fluidos reativos na formação para remover danos.

Medições de efeito skin são possíveis apenas em tempos descontínuos durante o

tratamento, normalmente, antes ou depois. Assim, a análise em tempo real não é

viável.

4.7.1.2. Método de Prouvost e Economides

A técnica apresentada por Prouvost e Economides (1987) permite o cálculo contínuo

do efeito skin durante o tratamento. A técnica é baseada na comparação contínua das

pressões medidas e simuladas. Uma boa descrição do reservatório é presumida, incluindo o

tipo de modelo e variáveis de poços e reservatório.

Este método simula a resposta de pressão do reservatório para a injeção de fluidos

usando a sequência das taxas de fluxo medidas durante a execução da operação. A

diferença entre a pressão simulada e a atual é a atribuída à mudança do efeito skin.

O método pode ser executado em tempo real. A pressão de fundo de poço pode ser

calculada devido as medições dos valores da pressão de cabeça de poço, como mostrado

anteriormente.

4.7.1.3. Método de Behenna

A técnica que amplia a ideia de Prouvost e Economides (1987) foi proposta por

Behenna (1994). Ele foi responsável por considerar os efeitos de agentes divergente

subtraindo a queda de pressão criada pelo agente a partir da pressão de fundo de poço

utilizado no cálculo efeito skin. O efeito pseudoskin causado pelo agente divergente corrige

a resposta de pressão observada pelo aumento de pressão causado pela presença do

divergente. A Figura 4.6 mostra o aumento do efeito skin com a presença do agente

desviador.

59

Figura 4.6 – Evolução do efeito skin com desviador

FONTE: Behenne, 1994

4.7.2. Avaliação de Pós-Tratamento

Algumas outras técnicas de avaliação de tratamento de estimulação de matriz estão

disponíveis, e estão descritas nos itens seguintes.

4.7.2.1. Análise de Retorno do Líquido

Almond et al (1990) mostrou que o balanço de massa dos fluidos injetados e

retornados e o percentual relativo da reprecipitação de silicato permite determinar os níveis

de gasto de vários ácidos na formação e nos depósitos do poço. Com essa análise pode-se

ajustar os parâmetros dos ácidos injetados para evitar a precipitação secundária.

4.7.2.2. Levantamento com marcadores

O uso de vários marcadores radioativos colocados estrategicamente no fluido ou

com o divergente pode fornecer informações sobre a eficácia dos tratamentos de matriz.

Podem indicar, por exemplo, em quais locais foram mais atingidos pelo tratamento. Isso

poderia ser útil para identificar se a primeira injeção alcançou os locais desejados ou se os

60

fluidos ficaram presos pelas zonas de alta permeabilidade, podendo indicar a necessidade

de mudança no projeto.

61

5. Caracterização de Incrustação

A estimulação de poços é o processo realizado para aumentar a produtividade ou

injetividade dos poços de petróleo, o qual pode tornar viável a exploração de um campo. A

acidificação matricial é um dos tipos de estimulação, que pode ser realizada em

reservatórios de arenitos ou carbonatos.

Além do aumento da produtividade dos poços, o uso de ácidos pode compreender

também a prevenção, adiamento ou remediação de problemas de incrustação (scale). Essa

é uma aplicação frequente deste tipo de operação, pois a incrustação é um problema usual

nos campos de petróleo, e que causa prejuízos consideráveis, muitas vezes tornando a

produção inviável. Os principais parâmetros que influenciam a deposição de incrustações

são a temperatura, a composição da água e uma redução na pressão parcial de dióxido de

carbono (CO2) dissolvido. A incrustação, muitas vezes torna-se mais grave com o aumento

da produção de água e por processos de recuperação avançada de petróleo empregando

salmouras incompatíveis (Crowe et al, 1994).

As incrustações inorgânicas são formadas por sais de baixa solubilidade em água,

que, quando precipitam, podem aglomerar-se em diferentes pontos do sistema de produção,

causando perda parcial ou até mesmo total da vazão de produção, acarretando o

fechamento do poço e custos operacionais extras de intervenção e limpeza, que são

prejuízos considerados graves à operação dos poços.

As incrustações podem ocorrer, por exemplo, na formação, no canhoneado, nas

telas de contenção de areia (gravel pack), na tubulação de produção, nos equipamentos de

sub-superfície (válvulas, bombas), de superfície (vasos separadores, tanques, bombas, etc.)

e sistemas de reinjeção de água. A Figura 5.1 mostra uma linha de descarte de água que

sofreu uma grande diminuição em seu diâmetro interno devido à deposição de incrustação.

62

Figura 5.1 – Incrustação em uma tubulação de descarte de água (P-40)

FONTE: GOMES e COSTA, 2009

A incrustação é uma das maiores causas de perdas de produção em campos

petrolíferos maduros, sendo, uma das mais importantes causas de intervenção nos poços

nos quais vêm sendo injetado água no reservatório por um longo tempo.

As incrustações inorgânicas mais comuns são de carbonato de cálcio, sulfato de

bário, sulfato de estrôncio e sulfato de cálcio, os quais são compostos de baixa solubilidade

na água.

5.1. Causas da Incrustação

Embora o principal motivo para a formação de incrustações seja mudança de

temperatura ou pressão, saída de gás, mudança de pH, ou contato com água incompatíveis,

muitas águas produzidas que se tornaram saturadas e propensas a incrustação nem sempre

o produzem.

Na indústria de petróleo são essas as principais causas de incrustação (Arai&Duarte,

2010):

63

Variações de pressão, temperatura, concentração, pH, etc. que ocorrem normalmente ao

longo do processo de produção do petróleo.

Mistura de águas quimicamente incompatíveis entre si, sob condições físicas favoráveis. A

água de formação encontra-se inicialmente em equilíbrio químico com a rocha e os

hidrocarbonetos presentes, possui concentração de íons Ca2+ e Ba2+, além de outros.

Normalmente, utiliza-se como água de injeção, a água do mar que possui ânions como o

SO42-, além de outra concentração de íons. No caso de mistura entre as duas águas pode

haver incompatibilidade, e consequentemente a precipitação de compostos insolúveis como

o sulfato de bário, estrôncio ou cálcio. O BaSO4 (sulfato de bário) é o composto mais

complexo por ter menor solubilidade e maior dificuldade de remoção.

Quando uma fração de gás dissolvido (CO2, por exemplo) se separa da fase óleo/água na

pressão de bolha, durante o fluxo dos fluidos do reservatório para a superfície, a

consequência é o deslocamento do sistema para um novo ponto de equilíbrio (mudança de

pH) mediante a precipitação de sais supersaturados na fase aquosa.

Evaporação da água.

Metabolização de bactérias que liberam o gás sulfídrico (H2S), que ataca os equipamentos e

produzem sulfeto de ferro, o qual posteriormente é depositado.

Troca catiônica entre os cátions da água de injeção e os cátions das argilas. Neste caso,

quando houver a dolomitização, a água se tornará rica em cálcio, resultando na precipitação

de carbonato ou, eventualmente, sulfato de cálcio.

5.2. Danos causados

Bamidele, Falode & Omole (2009) citaram as seis regiões onde mais ocorrem

deposição de incrustação, são elas: no poço injetor, na região próxima ao fundo do poço

injetor, no reservatório entre o poço de produção e o poço injetor, na região com dano do

poço produtor, no poço produtor e nas instalações de superfície.

A incrustação causa inúmeros danos, ocasionando prejuízos graves. Os principais

danos causados são: a redução do diâmetro interno, a diminuição ou perda total da vazão, o

aumento da perda de carga nas linhas de produção e elevados custos relacionados à

intervenção e limpeza.

64

5.3. Tratamento de poços sujeitos a incrustação

Alguns métodos de tratamento estão disponíveis para prevenção/correção de

problemas relacionados à incrustação. A escolha do método a ser utilizado deve

compreender uma análise econômica, relação custo-benefício, que deve ser feita,

preferencialmente, na fase de planejamento do desenvolvimento.

Os principais métodos corretivos são: remoção química (utilização de solventes

químicos) e remoção mecânica (utilização de ferramentas, exemplo: flexitubos). Enquanto

que os métodos de prevenção são: injeção contínua de inibidores de incrustação através do

sistema de gás lift ou de uma linha capilar exclusiva; dessulfatação da água do mar e

Squeeze de inibidor de incrustação.

Em geral, é acordado que a maneira mais eficaz de lidar com o problema de

formação de incrustações em campos de petróleo é pelo uso de inibidores de incrustação,

que atuam como modificadores de crescimento de cristais químicos, a fim de prevenir ou

retardar a formação de scale. No entanto, se a formação de incrustação não pode ser

evitada - ou se a estratégia para prevenir a sua formação falhou - serão necessários

tratamentos corretivos. A remoção de depósitos de incrustações é, geralmente, realizada

através de meios químicos ou mecânicos. Quando dissolventes são aplicáveis e estão

disponíveis, quase sempre, os tratamentos químicos para remoção de incrustação são

preferidos. Tais tratamentos são consideravelmente menos caros que métodos mecânicos

e, além disso, podem ajudar a remover incrustação da formação na área do reservatório

próxima ao poço.

5.4. Processo de formação de incrustação de BaSO4

5.4.1. Caracterização da Água do Mar

Normalmente, em projetos offshore, a injeção de água como método de recuperação

secundário é prevista no projeto inicial do campo. A escolha da água do mar é normalmente

feita devido a sua disponibilidade e abundância.

Ela apresenta elevada salinidade, em torno de 3,5%, ou seja, em cada 100 g de

água do mar existem 3,5 g de sais (Schmiegelow, 2004). A água do mar apenas necessita

de um processo de filtragem simples por apresentar baixos teores de sólidos, teor de óleo e

graxa (TOG) ausente e pequeno tamanho de partículas, isso a favorece para escolha de

injeção. Para todos os oceanos, embora a quantidade total de sais dissolvidos seja variável,

65

as proporções relativas dos principais elementos (Sódio – Na+, Cloro – Cl-2, Magnésio –

Mg+2, Cálcio – Ca+2, Potássio – K+, Sulfato – SO4-2) são constantes. Nesta elevada

salinidade destaca-se a alta concentração ânions de sulfato (SO42-). E quando esta água

entra em contato com a água de formação ou é misturada com a água produzida, pode

provocar a deposição de sais solúveis e insolúveis, resultando na formação de incrustações.

5.4.2. Caracterização da Água de Formação

A água de formação, também conhecida como água conata, é a água que está

trapeada no reservatório desde a sua formação. Ela está em contato direto com diversos

grãos minerais, que podem ser encontrados em forma de elementos químicos na água de

formação. Por isso, como característica essencial, a água de formação apresenta

concentrações consideráveis de cátions metálicos, tais como, bário, estrôncio e cálcio.

Os campos submetidos à injeção de água começam a produzir, inicialmente, a água

de formação, sendo esta com as suas características inalteradas, como por exemplo, as

concentrações de cátions metálicos. Após algum tempo de produção de água, a água

produzida irá apresentar uma menor concentração destes sais metálicos, e a água injetada,

em projetos offshore normalmente água do mar, chega ao poço produtor. Sendo assim, a

água produzida passa a ter características tanto da água de formação quanto da água do

mar. Logo, esta água produzida conterá, além dos cátions metálicos, alguns ânions e até

mesmo sais dissolvidos.

5.4.3. Caracterização do BaSO4

O sulfato de bário é um sólido cristalino branco, e como dito anteriormente, pouco

solúvel em água. Sua formação ocorre com a reação química entre a água de injeção e a

água de formação, como mostrado na equação (21).

𝐵𝑎(𝑎𝑞)2+ + 𝑆𝑂4

2−(𝑎𝑞)

→ 𝐵𝑎𝑆𝑂4(𝑠) (21)

O sulfato de bário destaca-se como o mais insolúvel dentre as incrustações mais

comuns na indústria do petróleo. É importante ressaltar que a solubilidade deste sal é

diretamente influenciada tanto pela temperatura quanto pela força iônica da solução. As

mudanças de temperatura estão relacionadas com a variação da solubilidade, isto pode

ocasionar muito problemas ainda que não haja supersaturação da solução na água injetada,

66

pois esta pode se tornar supersaturada antes de atingir o reservatório, podendo ocorrer

precipitação do sal no poço.

As incrustações de sulfato de bário são comuns em vários campos de petróleo do

mundo, daí a importância do conhecimento do seu mecanismo de formação, do tipo e a

quantidade de deposição e a sua localização para, em função disto, se tomar medidas

preventivas e/ou corretivas. Na fase inicial de desenvolvimento de um campo de petróleo é o

momento ideal para avaliar e prever os possíveis futuros problemas de incrustações, para

que a estratégia de gerenciamento destas incrustações seja planejada da melhor maneira

possível. É nesta fase que se decide, por exemplo, a compra de uma planta de

dessulfatação para remover os íons sulfatos da água do mar a ser co-injetada com a água

produzida, o esquema de completação dos poços, entre outros. Além disto, é fundamental

que um planejamento seja feito visando à seleção de um inibidor de incrustação (Mackay,

2001).

67

6. Estudo de caso

No presente capítulo, será descrito a aplicação de sucesso de dissolventes de

incrustação usados nos campos de Bijupirá e Salema, localizados na Bacia de Campos.

Além disso, será feita uma comparação da operação de remoção de incrustação realizada

em Bijupirá e Salema com um caso encontrado na literatura. O objetivo é fazer uma

compilação da eficiência mostrando a melhor prática utilizada.

6.1. Estudo em Bijupirá e Salema

Bijupirá e Salema estão localizados na Bacia de Campos, aproximadamente 145 km

a leste de Macaé no estado do Rio de Janeiro. A Shell é a proprietária do ativo, e tem a

Petrobrás como parceira. O FPSO Fluminense é a plataforma utilizada para a produção,

armazenagem e transferência de óleo e gás dos campos. O início da produção foi em

agosto de 2003. A lâmina d’água é de 400-870 metros. No geral, as areias do reservatório

no campo Bijupirá são caracterizadas como canais turbidíticos não consolidados e lobos em

uma configuração de acomodação de talude não confinado, e é portador de óleo de

27,7°API. Em Salema, o reservatório é formado por duas unidades de areia, com um

sistema mais inferior de melhor qualidade e uma areia de qualidade mais baixa na parte

superior com conteúdo de folhelho elevado portador de óleo de densidade entre 29° e

31°API. As areias dentro do Grupo Campos são conhecidas como Formação Carapebus

enquanto os folhelhos são conhecidos como Formação Ubatuba. O mecanismo primário de

produção é o de expansão de fluido com pequeno grau de apoio aquífero, já o mecanismo

de recuperação secundária se dá pela utilização de injeção de água (ANP, nº 931/2014).

Amostras de incrustação originados do campo de Bijupirá e Salema foram analisadas

e verificou-se ser composto principalmente de BaSO4. Quanto à localização da incrustação,

os principais locais afetados são os poços e a área do reservatório próxima ao poço.

(Marlow&Jordan, 2005).

Foi realizado um Teste Estático de Dissolvente de incrustação nas amostras

retiradas do campo, a avaliação foi feita da dissolução estática e a formação potencial de

danos do EC6475A (composto de EDTA e DTPA), um dissolvente químico de sulfato com

aplicação em muitos campos petrolíferos em todo o mundo. O desempenho deste químico é

acrescido através da aplicação de um solvente mútuo EC9610A, que pode reduzir a

formação de blocos de água.

68

6.1.1. O laboratório

A Nalco Champion é a empresa responsável pelo gerenciamento das operações que

envolvem químicos no campo de Bijupirá e Salema, o qual é operado pela Shell.

Os testes descritos no presente trabalho foram realizados pela Nalco Champion Ltd

no Laboratório Aberdeen Technology para avaliar o impacto de injetar inibidores de

incrustação (EC6475A e EC9610A) a fim de remover deposição de colunas de produção e

da região próxima ao poço. Este produto químico foi considerado adequado para aplicação

nos campos de Bijupirá e Salema.

6.1.2. Químicos

Os compostos químicos apresentados nessa seção são todos de formulação da

Nalco Champion. As Tabelas 6.1 e 6.2 descrevem os químicos que fazem parte do pacote

do tratamento de scale squeeze.

Tabela 6.1 – Dissolvente de Sulfato de Bário

Nome do químico EC6475A

Sistema Poços

Proposta Dissolver scale de BaSO4

Ponto de Injeção Poço/Bullheading

Princípio Projeto de Scale Squeeze

Frequência de Injeção Quando necessário

Função Aumentar o IP do poço e aumentar a efetividade durante o Scale Squeeze

Estratégia de Aplicação

Dissolventes de BaSO4 são aplicados no tratamento para dissolver possíveis depósitos do mineral nos poços, tubos e telas. Os ingredientes ativos dos dissolventes são usualmente sais alcalinos de EDTA e DTPA (ácido penta-acético) (pH 8-11).

FONTE: Elaboração Própria

69

Tabela 6.2 – Solvente Mútuo

Nome do químico EC9610A

Sistema Poços

Proposta Mudar a molhabilidade das rochas de formação

Ponto de Injeção Poço/Bullheading

Princípio Projeto de Scale Squeeze

Frequência de Injeção Quando necessário

Função Mudança da molhabilidade das rochas durante a ação do solvente mútuo

Estratégia de Aplicação

O solvente mútuo é um produto químico surfactante usado para alterar a molhabilidade da rocha durante o scale squeeze, a fim de melhorar a adsorção do inibidor de scale na formação rochosa. Além disso, o solvente mútuo é utilizado como parte da receita de solução de dissolvente.

FONTE: Elaboração Própria

6.1.3. Metodologia do Teste

Os testes de dissolventes de incrustação foram realizados a 60°C. A Figura 6.1

mostra o efeito da temperatura sobre o processo de dissolução como uma função de bário

dissolvido usando EC6475A como uma solução a 35% em 2% de KCl. Este dado destina-se

a mostrar o impacto da temperatura do fluido dissolvente e se a região próxima ao poço foi

arrefecida, logo, as taxas de dissolução foram significativamente aumentadas.

70

Figura 6.1 - Comparação da dissolução de barita em 35% de EC6475A entre 93 °C e 40 °C

FONTE: Adaptada de Marlow&Jordan, 2005

O procedimento experimental está detalhado a seguir, e descreve as técnicas que

são atualmente aplicadas para examinar a dissolução de incrustação de sulfato.

1. 100 ml de solução contendo o dissolvente de scale na concentração apropriada

(dissolvente puro ou diluído em água destilada/salmoura) foi adicionado a uma

garrafa de plástico (de resina de polietileno de alta densidade) de 150 ml e colocado

num forno à temperatura requerida (até 90°C) por uma hora para equilibrar.

2. 10 g de incrustação mineral preparado foi rigorosamente pesado em um segundo

frasco de polipropileno.

3. A solução de dissolvente de incrustação foi então adicionada ao frasco que contém

os minerais, e agitada vigorosamente. Os frascos foram subsequentemente

substituídos no forno à temperatura de ensaio e um relógio de paragem foi iniciado (t

= 0).

4. Em t = 30 minutos as garrafas de amostra foram agitadas.

5. Em t = 1 hora, 1 ml da amostra do líquido flutuante foi retirada usando uma pipeta

automática e foi adicionado no tubo de teste uma solução de 9 ml de solução de

estabilização como descrito no procedimento de amostragem posteriormente.

6. Na sequência, os frascos foram agitados, tal como descrito acima, e substituídos no

forno.

71

7. O passo cinco foi repetido em t = 2, 4, 6, 8, 24 e 48 horas. Para as amostras

recolhidas no tempo 48 horas, os frascos de ensaio foram agitados 1 hora antes do

recolhimento das amostras, tal como descrito acima. A massa de incrustação

dissolvida foi calculada com base em um teste repetido ao longo de 8 horas em que

os sólidos foram recuperados e filtrados para 0.45 µm (a Nalco Champion padronizou

este teste em 0.45 µm).

6.1.4. Amostragem e Análise

O procedimento de amostragem foi realizado da seguinte forma: A solução de

estabilização/diluição continha 10.000 ppm de inibidor de scale polivinil sulfonato (PVS) e

3000 ppm de potássio (como KCl) em água destilada. A solução de 10.000 ppm de PVS tem

mostrado estabilizar de forma eficaz a amostra e, assim, evitar qualquer re-precipitação de

amostragem. O potássio foi incluído nesta solução para agir como um inibidor de ionização

para a determinação de Absorção Atómica (AA) de bário, estrôncio ou cálcio. Ao tubo de

ensaio foi adicionado 9 ml desta solução de KCl/PVS, à temperatura ambiente usando uma

pipeta automática. Após o intervalo de tempo desejado, 1 ml do líquido flutuante foi

removido usando uma pipeta de 1 ml e imediatamente adicionado aos 9 ml de solução de

KCl/PVS. Uma nova prova de 1ml foi utilizado em cada amostra. As amostras diluídas foram

em seguida analisadas por Espectroscopia de Plasma Indutivamente Acoplado (IPC) para

os íons de interesse particular (bário, estrôncio, cálcio). Para o estrôncio e o cálcio, diluições

adicionais seriam necessárias.

A taxa e o grau de diluição são determinados em termos de [Ba] / [Sr] / [Ca]

presentes na solução como função do tempo de residência. Desta maneira, a eficácia

relativa de formulações de dissolventes de scale diferentes pode ser comparada. A

temperatura do teste também pode ser investigada para avaliar o impacto sobre as taxas de

dissolução. Esta informação pode ajudar na concepção da duração do tempo de imersão do

tratamento de dissolução, bem como a atividade mais econômica do produto a ser aplicado.

A Tabela 6.3 mostra as composições de cada amostra utilizadas no teste.

Tabela 6.3 – Composição A e B usadas no Teste

EC9610A EC6475A 3% KCl

Diluição A 15% 35% 50%

Diluição B 15% 50% 35% FONTE: Adaptada de Marlow&Jordan, 2005

72

6.1.5. Resultados do Teste Estático

As Figuras 6.2 e 6.3 mostram os níveis de concentração dos íons de bário ao longo

dos testes de dissolução utilizando as composições A e B para dissolver amostras de

incrustação A e B. A Tabela 6.4 mostra a porcentagem de dissolução por massa obtida por

cada diluição em cada uma das amostras de scale. A diluição B (50% EC6475A) apresenta

o melhor desempenho dissolvendo 20,4% de scale da Amostra A em 8 horas e 29,4% da

Amostra B.

Tabela 6.4 - %Dissolução em cada amostra

% Dissolução (m/m)

Amostra de incrustação Diluição A Diluição B

Amostra A 16.0 20.4

Amostra B 20.6 29.4 FONTE: Adaptada de Marlow&Jordan, 2005

Figura 6.2 - Bário em solução durante a dissolução da Amostra A

FONTE: Adaptada de Marlow&Jordan, 2005

73

Figura 6.3 – Bário em solução durante a dissolução da Amostra B

FONTE: Adaptada de Marlow&Jordan, 2005

Quanto à massa total de incrustação dissolvida, a Diluição B é mais eficaz do que a

diluição A. A massa máxima de incrustação contendo bário é quase alcançada após 8 horas

reação como resultado de repetidas imersões.

6.2. Estudo em campo do Mar do Norte

Jordan et al. (2000) escreveram um artigo sobre a aplicação de dissolventes para a

remoção de sulfato de bário e incrustações mistas de sulfato, que são os mais difíceis de

remover quimicamente devido à sua estabilidade termodinâmica. Alguns dissolventes

comerciais com base em ácidos amino carboxílicos tais como EDTA e DTPA, têm mostrado

uma dissolução do sulfato de bário bem-sucedida quando aplicados apropriadamente. Neste

artigo foram apresentados os resultados de um teste estático experimental do efeito de

dissolução de incrustação de sulfato de bário e outros minerais do reservatório. Nestes

testes, três dissolventes de incrustação comerciais, denotados SD1, SD2 e SD3, foram

avaliados quanto ao seu desempenho comparativo em amostras de barita mineralógica.

Outros testes mediram o nível de dissolução obtido com SD3 comparado com outras

amostras de DTPA e EDTA. O SD3 é composto de EDTA e DTPA adicionado de ácidos

carboxílicos orgânicos e catalisadores. No presente trabalho, será feito uma comparação

entre a dissolução do EC6475A com o SD3, pois essa é uma comparação razoável devido à

concentração dos dois dissolventes utilizada nos testes. Por isso, neste tópico será descrito

apenas os resultados do dissolvente SD3.

74

O material de reservatório utilizado para os testes é originado do Mar do Norte, em

campo operado pela Chevron. O reservatório é arenítico do Eoceno, caracterizado por areia

não consolidada.

6.2.1. Metodologia do Teste

O método utilizado para mensurar a dissolução de incrustação de sulfato está

detalhado a seguir:

1. 100 ml de uma solução de dissolvente de incrustação na concentração adequada foi

colocado em um frasco de 150 ml de polipropileno, e posteriormente, o frasco foi colocado

em um recipiente com água à temperatura de ensaio por mais de 1 hora, a fim de permitir o

equilíbrio. A concentração adequada é, neste caso, 50% de SD3 em água destilada.

2. 10 g de barita foi colocada num segundo frasco de polipropileno.

3. A solução de dissolvente de incrustação foi adicionada ao frasco que contém a barita, e

agitada vigorosamente. Os frascos foram subsequentemente substituídos no banho de água

à temperatura de ensaio e um relógio de paragem foi iniciado (t = 0).

4. Em t = 30 min, as garrafas de amostra foram agitadas (invertidas por aproximadamente

10 vezes).

5. Em t = 1 hora, 1 ml da amostra do líquido flutuante foi retirada usando uma pipeta

automática e foi adicionado no tubo de teste uma solução de 9 ml de solução de

estabilização como descrito no procedimento de amostragem posteriormente.

6. A seguir amostragem, os frascos foram agitados, tal como descrito acima e substituídos

no banho de água.

7. Passo 5 foi então repetido em t = 2, 4, 6, 8, e 12 horas.

8. Outras amostras foram retiradas em t = 24 e 48 horas. Para estas amostras finais, os

frascos foram agitados uma hora antes da amostragem.

9. Para as amostras recolhidas em t = 24 e 48 horas, uma porção separada do liquido

flutuante foi filtrada através de filtros de 0,2 µm antes do passo 5. Este procedimento de

filtração para essas amostras foi usado exclusivamente para garantir a qualidade de

amostragem.

75

6.2.2. Amostragem e Análise

Foi preparada uma solução contendo 1000 ppm de inibidor de incrustação ácido

polifosfino carboxílico (PPCA) e 3000 ppm de potássio (KCl) em água destilada e esta foi,

em seguida, ajustada para pH > 8. Foi retirado 1 ml da solução de liquido flutuante utilizando

uma pipeta automática de 1 ml e adicionado em 9 ml de solução de estabilização,

garantindo que a amostra está livre de partículas. As amostras foram coletadas e analisadas

para o bário por ICP em t = 1, 2, 4, 6, 8, 24 e 48 horas, como descrito acima. A amostragem

realizada desse modo mostrou, previamente, extinguir eficazmente as soluções e evitar

qualquer precipitação após a amostragem.

6.2.3. Resultados do Teste Estático

A Figura 6.4 mostra a performance do dissolvente SD3 (50% em solução) em uma

temperatura de 50 °C. Pode-se destacar que em t=48 h, a concentração de bário dissolvido

é de 4000 ppm.

Figura 6.4 – Concentração de Bário durante a dissolução do SD3 na temperatura de 50 °C.

FONTE: Adaptado de Jordan et al., 2000

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

10000

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

Co

nce

ntr

ação

de

Bár

io (

pp

m)

Tempo (horas)

Concentração de Bário em função do tempo (ppm) Temperatura de 50 graus

76

A Figura 6.5 mostra a performance do mesmo dissolvente em uma temperatura de

80 °C, os níveis de dissolução em ambas as temperaturas são bem similares, no entanto,

vale ressaltar que o aumento da temperatura que as amostras estão submetidas aumenta a

quantidade de bário dissolvido.

Figura 6.5 – Concentração de Bário durante a dissolução do SD3 na temperatura de 80 °C.

FONTE: Adaptado de Jordan et al., 2000

A Figura 6.6 mostra uma interpolação da performance do dissolvente SD3 para uma

temperatura de 60 °C. Essa temperatura foi escolhida para realizar uma comparação mais

realística entre os dissolventes EC6475A e SD3.

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

10000

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

Co

nce

ntr

ação

de

Bár

io (

pp

m)

Tempo (horas)

Concentração de Bário em função do tempo (ppm) Temperatura de 80 graus

77

Figura 6.6 – Interpolação da Concentração de Bário durante a dissolução do SD3 para a temperatura

de 60 °C.

FONTE: Adaptado de Jordan et al., 2000

6.2.3.1. Cálculos da Interpolação da Concentração de Bário

A Tabela 6.5 mostra as concentrações de bário nas temperaturas de 50 °C e 80 °C, e

a memória de cálculo, feita em Excel, para as concentrações de bário para a temperatura de

60 °C.

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

10000

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

Co

nce

ntr

ação

de

Bár

io (

pp

m)

Tempo (horas)

Concentração de Bário em função do tempo (ppm) Temperaturas de 50, 60 e 80 graus

Concentração 80 graus Concentração 50 graus Concentração 60 graus

78

Tabela 6.5 – Concentrações de Bário nas dissoluções do SD3 a 50,80 e 60 °C.

Linha 1 Coluna A Coluna B Coluna C Coluna D

Linha 2 50 °C 80 °C 60 °C

Linha 3 Tempo (h) Concentração de

Bário (ppm) Concentração de

Bário (ppm) Concentração de Bário (ppm)

Linha 4 2 200,00 625,00 =(((60-80)/(50-80))*(B4-C4))+C4

Linha 5 4 500,00 2250,00 =(((60-80)/(50-80))*(B5-C5))+C5

Linha 6 6 900,00 3750,00 =(((60-80)/(50-80))*(B6-C6))+C6

Linha 7 8 1250,00 5500,00 =(((60-80)/(50-80))*(B7-C7))+C7

Linha 8 24 2500,00 6750,00 =(((60-80)/(50-80))*(B8-C8))+C8

Linha 9 48 4000,00 8250,00 =(((60-80)/(50-80))*(B9-C9))+C9

FONTE: Elaboração Própria

A Tabela 6.6 mostra as concentrações de bário na temperatura de 60 °C utilizadas

para compor o gráfico mostrado na Figura 6.6.

Tabela 6.6 – Concentrações de Bário na dissolução do SD3 à 60 °C.

Concentração de Bário (ppm) Tempo (h)

341,67 2

1083,33 4

1850,00 6

2666,67 8

3916,67 24

5416,67 48

FONTE: Elaboração Própria

6.3. Resultados

Neste estudo de caso foram apresentados testes em dois campos diferentes com

distintos pacotes de dissolvente de incrustação.

No Teste Estático, com amostras do campo Bijupirá e Salema, verificou-se que a

maior parte de incrustação que se dissolveria o fez depois de 8 horas de reação. Isto sugere

a reaplicação de dissolvente fresco sobre a área a ser tratada depois de 8 horas. O impacto

da temperatura de reação também foi delineado com este teste a ser realizado a 60 °C.

Ambas as soluções avaliadas (35% EC6475A e 50% EC6475A) mostraram a dissolução

muito eficaz entre 20% e 30% de incrustação dissolvida dependendo da amostra (Amostra A

79

ou Amostra B). Sendo dissolvido em 8 horas a 60 °C, a aplicação do dissolvente em

temperatura mais elevada aumentaria a dissolução significativamente.

No Teste Estático, com amostras de um campo do Mar do Norte, verificou-se que a

dissolução apresentada pelo dissolvente SD3 é significativa. O impacto da temperatura

também foi considerado neste teste, e mostrou-se que apesar dos níveis de dissolução

serem similares à 40 e 80 °C, o aumento da temperatura alcança melhores resultados em

relação a quantidade de bário dissolvido.

A comparação entre as metodologias dos dois campos é possível e razoável, pois a

litologia nos dois casos é a mesma, a concentração de cada dissolvente e a temperatura

utilizada nos testes são similares.

A Figura 6.7 mostra a comparação da dissolução de bário nos dois diferentes testes.

Destaca-se que a dissolução ligada ao Teste Estático de Bijupirá e Salema é maior.

Mostrando que a metodologia utilizada neste campo, além de trazer benefícios à produção,

é comparativamente superior à metodologia encontrada na literatura.

Figura 6.7 – Comparação entre as dissoluções de sulfato de bário com os dissolventes

EC6475A e SD3.

FONTE: Elaboração Própria

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

Concentração de Sulfato Bário (EC6475A 50%) Concentração Sulfato de Bário (SD3 50%)

80

O tratamento de incrustação projetado para os poços de Bijupirá e Salema mostrou-

se eficaz, trazendo os benefícios necessários, tanto operacionais quanto econômicos. Os

principais são: boa dissolução do bário presente nas tubulações e na formação,

recuperando a produtividade dos poços; bom tempo decorrido até tornar-se necessário um

novo tratamento.

81

7. Conclusão

Os métodos de estimulação de poços são altamente usados na indústria de petróleo

a fim de melhorar a produtividade/injetividade dos poços de petróleo, podendo maximizar os

lucros ou permitir uma produção economicamente viável. Desses métodos podemos

destacar a acidificação matricial, a qual foi delineada nesse trabalho. Além disso, foi

mostrada uma aplicação desta técnica no gerenciamento de incrustações - injeção de ácido

para dissolver esse dano.

A acidificação de matriz pode ser muito benéfica para muitos poços de óleo, gás e

água danificados, mas não todos os tratamentos de matriz com ácido são bem-sucedidos,

mesmo quando o poço se encontra severamente danificado. Uma análise completa e

precisa dos poços e da formação, do projeto de tratamento, a supervisão e

acompanhamento da operação são necessários para atingir o máximo benefício da

acidificação de matriz. As altas taxas de falhas para este tipo de tratamento estão

diretamente ligadas à seleção incorreta de candidatos e ao inadequado projeto de

tratamento. A seleção e colocação da solução ácida envolvem química e tecnologia

complexas, sendo assim, a transferência de informação do projeto é melhor alcançada

através de softwares de projeto. Essa abordagem estruturada para a seleção de candidatos

e do projeto de tratamento deve aumentar a taxa de sucesso da operação e aumentar a

produção de poços candidatos.

A precipitação de compostos que causam incrustação ocorre, principalmente, devido

a mudanças de temperatura ou pressão, saída de gás, mudança de pH, ou contato com

águas incompatíveis. Essa incrustação pode ocorrer na coluna de produção, na formação,

nos poços injetores, nos equipamentos de superfície, nas válvulas e bombas, causando

muitos danos, principalmente, ligados à perda total ou parcial da vazão.

Muitos métodos foram desenvolvidos a fim de evitar a formação, e posterior

precipitação desses compostos. Mesmo em campos, onde os métodos de prevenção são

utilizados, faz-se necessário utilizar as técnicas de remoção desses compostos no caso de

falha ou de insuficiência do tratamento preventivo principal. A remoção química é

amplamente utilizada devido aos menores custos e altas taxas de sucesso.

No campo de Bijupirá e Salema, as amostras de incrustação recuperadas indicam

ser composto, principalmente, de BaSO4. Isso ocorre devido ao contato da água injetada –

água do mar – com presença de SO4-2 com a água de formação com presença de Ba+2. O

caso de sucesso deste campo foi a aplicação de pacote de dissolvente composto por um

dissolvente de BaSO4 (EC6475A) a fim de dissolver os possíveis minerais e um solvente

82

mútuo (EC9610A) a fim de melhorar a adsorção do dissolvente. As soluções avaliadas

mostraram a dissolução muito eficaz entre 20% e 30% de incrustação dissolvida. No Teste

Estático, com amostras de um campo do Mar do Norte, verificou-se que a dissolução

apresentada pelo dissolvente SD3 também é significativa. A comparação analítica entre os

pacotes de dissolventes aplicados nos dois campos mostrou que o EC6475A é capaz de

dissolver uma maior quantidade de sulfato de bário nas formações areníticas do tipo de

Bijupirá e Salema e do campo do Mar de Norte. No processo de seleção de dissolventes de

incrustação para aplicação nos reservatórios e poços, o potencial de dano à formação que o

dissolvente avaliado pode ocasionar é avaliado e levado em consideração, além da

quantidade de dissolução dos produtos. No entanto, vale ressaltar que os dois pacotes de

dissolventes não mostraram nenhum tipo de dano ou prejuízo às formações.

83

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