UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne...

114
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE ESTUDOS GERAIS INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS Pós-Graduação em Ciência Ambiental Helensandra Louredo da Costa DESENVOLVIMENTO, APLICAÇÃO OTIMIZAÇÃO DE UM PROJETO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO SOBRE A PEDICULOSE, PARA EDUCADORES E EDUCANDOS DO PRIMEIRO AO QUARTO CICLO DO ENSINO FUNDAMENTAL: Uma proposta educativa participativa no espaço escolar Niterói 2009

Transcript of UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne...

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE ESTUDOS GERAIS INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

Pós-Graduação em Ciência Ambiental

Helensandra Louredo da Costa

DESENVOLVIMENTO, APLICAÇÃO OTIMIZAÇÃO DE UM PROJETO

DIDÁTICO-PEDAGÓGICO SOBRE A PEDICULOSE, PARA EDUCADORES E EDUCANDOS DO PRIMEIRO AO QUARTO CICLO DO ENSINO FUNDAMENTAL:

Uma proposta educativa participativa no espaço escolar

Niterói 2009

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

HELENSANDRA LOUREDO DA COSTA

DESENVOLVIMENTO, APLICAÇÃO E OTIMIZAÇÃO UM JOGO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO SOBRE A PEDICULOSE, PARA EDUCADORES E

EDUCANDOS DO PRIMEIRO AO QUARTO CICLO DO ENSINO FUNDAMENTAL:

Uma proposta educativa participativa no espaço escolar

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Ciência Ambiental da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração: Estudos de processos sócio-ambientais.

Orientador: Prof. Dr. Celio Mauro Viana

Niterói 2009

ii

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

HELENSANDRA LOUREDO DA COSTA

DESENVOLVIMENTO, APLICAÇÃO E OTIMIZAÇÃO UM JOGO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO SOBRE A PEDICULOSE, PARA EDUCADORES E

EDUCANDOS DO PRIMEIRO AO QUARTO CICLO DO ENSINO FUNDAMENTAL:

Uma proposta educativa participativa no espaço escolar

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Ciência Ambiental da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração: Estudos de processos sócio-ambientais.

Aprovada em 13 de novembro de 2009.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. CELIO MAURO VIANA – Orientador

UFF

Prof. Dr. JOSÉ GLAUCO TOSTES

UFF

Profa. Dra. TÂNIA GOLDBACH

IFRJ

Prof. Dr. DALTON GARCIA DE MATTOS JÚNIOR

UFF

Niterói 2009

iii

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

Dedico esse trabalho a todas as crianças descalças quais a realidade de vida não pude transformar em algo melhor de modo definitivo, mas apenas por algumas horas, com um pouco de diversão. A elas, se pudesse diria agora, que nada é definitivo e que as suas vidas podem mudar...

iv

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

AGRADECIMENTOS

Acredito ser praticamente impossível agradecer especificamente a determinadas

pessoas por eu ter conseguido chegar até aqui, pois foram muitas... Pessoas essas que,

inclusive eu nem mesmo conheço, e que de uma forma ou de outra, no dia-a-dia,

cruzaram o meu caminho e compartilharam momentos ‘esquecíveis’, mas que, porém

podem naquele dado instante mesmo que não intencionalmente, ter mudado o rumo da

minha história; como ‘o rapaz da copiadora’, a ‘atendente da cantina’, o motorista do

ônibus que parou quando eu estava atrasada para entregar um trabalho ou outros. Faço

questão de lembrar-me desses detalhes, pois vivemos em um mundo repleto de milagres

que ocorrem a todo instante, e cada uma deles, em particular, na minha vida, conspirou

para que eu conseguisse em fim terminar esta etapa do meu trabalho.

A CAPES pela bolsa de estudos a mim outorgada que proporcionou a execução

deste trabalho.

... todas as instituições participantes do projeto e seus funcionários e educadores

e educandos, que receberam a mim a às minhas idéias com muito carinho, seriedade e

dedicação;

... ao meu querido orientador, prof. Célio Mauro Viana, que considero mais que

um orientador, e sim um amigo com qualidades ímpares e que com muita sabedoria e

paciência conduziu-me até um aprendizado que vai além das folhas escritas e dos

gráficos;

... ao prof. Dr. Dalton Garcia de Mattos Júnior, que com muita boa vontade me

apresentou tanto ao Programa (PGCA), quanto ao meu orientador prof. Dr. Célio Mauro

Viana, incentivando a mim e a execução de meu projeto;

... a minha amiga, Peônia Pereira Brito de Moraes, aluna do PGCA, que hoje

para mim é uma irmã...

... ao meu marido, Rafael Axiotis de Mattos, apoiando-me, e mais que isso,

sendo verdadeiramente parte de mim em todos os instantes desde o início de minha

jornada, e graças ao bom Deus até hoje, e para sempre se assim for permitido;

... a minha avó Anita Pereira Campos (in memorian) e ao meu avô Ari Cruz

Hernandez (in memorian) que me deram tanto amor durante as suas vidas, que hoje,

como pessoa e ‘acadêmica’ posso compartilhar todo esse amor com a sociedade em

forma de trabalhos e pesquisas que possam contribuir um pouco para a melhoria de suas

vidas e país.

v

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

A Deus, meus Pais e Irmãos e marido.

“Eu ouço eu esqueço. Eu vejo e eu lembro. Eu faço e eu entendo”

Confúcio (479 a.C – 551 a.C).

“Mas vale uma cabeça bem feita que bem cheia”

Montaigne (1533- 1592).

vi

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

RESUMO

A pediculose é uma enfermidade parasitária que atinge grande parte da população brasileira, assim como as de outras partes do mundo, não escolhendo idade, etnia ou classe social. Muito embora seja uma doença conhecida antigamente, poucos os inquéritos epidemiológicos foram realizados no Brasil, assim como a tomada de iniciativas para a redução de seus índices. A presente pesquisa teve como objetivo produzir, testar e adequar materiais didático-pedagógicos abordando esta temática. O trabalho foi desenvolvido no bairro do Fonseca, Niterói RJ durante os meses novembro de 2006 e de 2007. Cinco instituições de ensino Fundamental públicas(03) e privadas (02) foram escolhidas. A idade dos educandos variou dos 09 aos 15 anos. Foi desenvolvida uma ‘Sequência Didático-Pedagógica’, constituída por uma estória e um jogo. Produziu-se um painel que foi colocado no quadro negro. Este painel descrevia o trajeto do piolho indo da cabeça do hospedeiro (‘Tiquinho’).até a de seus três melhores amigos (‘Bela’, ‘Tonzinho’ e ‘Digão’). A estória e o jogo foram aplicados e o tempo gasto com esta atividade devidamente computado. Através da análise e pesquisa, procurou-se correlacionar as informações apreendidas pelos educandos durante e após a dinâmica. Em seguida, educandos foram pesquisados para que se necessário se realizasse uma avaliação e modificações do material produzido, avaliações estas que foram anotadas e analisadas objetivando produzir uma dinâmica mais adequada em sala de aula. Os resultados da aplicação da dinâmica foram os seguintes: a) o painel demonstrou ser de fácil manuseio e claro nas informações, tanto em sua colocação no quadro-negro quanto na sua utilização e retirada.;b) identificou-se uma compreensão da estória e do jogo, a partir das respostas dadas: divertido (94,2% - sim), se gostaram de jogar (89,5% - sim), se jogariam novamente (98% - sim), e se gostaram das ilustrações (96,5% - sim); c) o tempo gasto com a aplicação de toda a sequência da atividade foi de duas horas e trinta minutos; d) quanto as modificações da Sequência Didático Pedagógica, (95,3%) dos educandos disseram não ser necessário realizar alterações, e aproximadamente 60,5% afirmaram já terem sido parasitados por piolhos. Diante do exposto, a metodologia proposta demonstrou-se eficaz para ser aplicada junto aos educandos do ensino fundamental, sob a orientação dos educadores. Os resultados foram considerados satisfatórios a partir da avaliação das respostas colhidas nesta população estudada.

Palavras-chave – 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente. Atividades Lúdicas.

vii

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

ABSTRACT

Pediculosis is a parasitic disease which affects a large part of the Brazilian population and other parts of the world, not choosing age, ethnic or social class. Although it is a disease known in the past, few epidemiological investigations were carried out in Brazil, as well as taking initiatives to reduce its occurence. This research was to produce educational materials test and pedagogical addressing this issue, with the aim of informing and educators and learners, enhance, different aspects of pediculosis. This work was developed in the neighborhood of Fonseca, Niterói RJ; both in five higher education institutions public in private the age of learners ranged from 09 to 15 years. A ‘pedagogical educational-sequence’ consisting of a story and a game. A panel was placed on the chalkboard addressing .The story and the game were applied and the time spent on this activity duly computed. Through research, analysis and tried to correlate the information seized by learners during and after the dynamics. Then or learners were geared to launch an evaluation and modification of the material produced, as needed, these assessments were recorded and analysed in order to produce a dynamic more appropriate classroom. The results of applying the dynamics were the following: (a) the Panel proved easy handling and clear information, both in placing on in their use and withdrawal; b) identified an understanding of the story and game from replies: fun (94,2%, yes) if liked to play (89,5%, yes), to play again (98%, Yes), and if you liked the illustrations (96.5%, yes) time spent with the implementation of all the activity sequence was two hours and 30 minutes; d) as the modifications didactic educational sequence (95,3%) of learners said is not necessary to make changes, and approximately 60.5% said they were infested by lice. On the above, the proposed methodology effective was demonstrated to be applied in the elementary school students, under the guidance of educators. The results were considered satisfactory from the assessment of responses collected this studied population. Key words – 1.Pediculosis. Healt Educacion. ludicals activity.

viii

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

LISTA DE FIGURAS

Figura 01. Mapa da cidade de Niterói com o bairro do Fonseca destacado –

RJ....................................................................................................................................32

Figura 02. Mapa do bairro do Fonseca com as áreas de estudo demarcadas..................33

Figura 03.Sociedade Educacional Crismogali – (SEC) .................................................45

Figura 04. ‘Tiquinho’ – personagem principal da estória...............................................55

Figura 05. O painel do jogo............................................................................................56

Figura 06. logotipo do projeto .......................................................................................56

Figura 07. cartas do jogo.................................................................................................56

Figura 08. Desenho feito à mão .....................................................................................76

Figura09. Imagem - já digitalizada .............................................................................76

Figura 10. Personagem da estória – Tiquinho................................................................76

Figura 11. Personagem da estória Belinha......................................................................76

Figura 12. Personagem da estória Digão........................................................................76

Figura 13.Painel do jogo digitalizado.............................................................................77

Figura 14. ‘Banner’ do jogo............................................................................................77

ix

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

LISTA DE TABELAS

Tabela 01. Características biológicas do piolho citadas pelos educandos após a

atividade...........................................................................................................................68

Tabela 02. Formas de prevenção e tratamento da pediculose citadas pelos educando

após a atividade...............................................................................................................69

Tabela 03. Formas de transmissão do piolho citadas pelos

educandos........................................................................................................................69

Tabela 04. Declarações dos educandos sobre as formas de evitar 'pegar' piolho

aprendidas com o jogo ....................................................................................................69

Tabela 05. Se o jogo está bom assim, ou se devem ser feitas alterações........................74

x

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

LISTA DE QUADROS

Quadro 01. Fluxograma metodológico: fases resumidas da pesquisa.............................35

Quadro 02. Temas pesquisados para a composição do trabalho....................................36

Quadro 03. Desenvolvimento da ‘Sequência Didático-Pedagógica’...............................37

Quadro 04. As instituições de ensino pesquisadas.........................................................42

Quadro 05. Principais fatores ‘levados em conta’ no questionário dirigido aos

educandos........................................................................................................................43

Quadro 06. Passos para montar a ‘Sequência Didático-Pedagógica...............................48

Quadro 07. Conteúdo das Cartas do jogo Missão Possível, com as perguntas, respostas e

fonte de consulta para as mesmas....................................................................................58

Quadro 08. Classificação das respostas dos alunos segundo a sua origem na dinâmica

apresentada - Características biológicas do piolho, após a atividade..............................70

Quadro 09. Classificação das respostas dos educandos segundo a sua origem na

dinâmica– (Formas de prevenção e tratamento)..............................................................71

Quadro 10. Classificação das respostas dos educandos segundo a sua origem – (Formas

de transmissão)................................................................................................................71

Quadro 11. Colocação dos grupos no jogo Missão Possível..........................................73

xi

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01. Incidência da pediculose nos educandos.........................................................52

Gráfico 02. Distribuição das perguntas dos jogo quanto ao assunto/área das perguntas...57

Gráfico 03. Número de educandos e instituições pesquisados.........................................62

Gráfico 04. O que os educandos mais gostaram no jogo................................................... 66

xii

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

SUMÁRIO

RESUMO ......................................................................................................................vii ABSTRACT .................................................................................................................viii LISTA DE FIGURAS ....................................................................................................ix LISTA DE TABELAS ....................................................................................................x LISTA DE QUADROS ..................................................................................................xi LISTA DE GRÁFICOS ...............................................................................................xii 1. INTRODUÇÃO ..........................................................................................................1 2. REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................................5 2.1. A multidisciplinaridade e a interdisciplinaridade nas relações entre os seres

vivos e o meio ambiente: o ser humano e a saúde ambiental ......................................5

2.2. A educação para a saúde no Brasil........................................................................9

2.3. A multidisciplinaridade e a interdisciplinaridade e as relações existentes no meio

ambiente: as parasitoses e os seres humanos..............................................................13

2.4. As consequências da pediculose que estão além da saúde física........................16

2.5. A pediculose: especificidades..............................................................................18

2.5.1. Classificação, desenvolvimento e os diferentes tipos de ‘piolho’....................19

2.5.2. Medidas de controle e profilaxia......................................................................20

3. REFERENCIAL TEÓRICO....................................................................................22

3.1. Compreensão do processo ensino/aprendizagem e do público-alvo, objetivando

a correta construção da ‘Sequência Didático-Pedagógica’........................................22

3.2. A importância da discussão dos ‘Temas Geradores’..........................................24

3.3 A importância dos jogos e atividades lúdicas......................................................25

3.4. A influência da Promoção da Saúde na tomada de atitudes frente a problemas

antes tratados apenas por medicamentos ou medidas de prevenção de doenças ......26

4. HIPÓTESE ................................................................................................................28

5. OBJETIVO.................................................................................................................29

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

6. METODOLOGIA .....................................................................................................30

6.1. Área de estudo: Bairro do Fonseca......................................................................30

6.2. Utilização de estratégias de integração disciplinar..............................................34

6.2.1. Descrição resumida das fases elaboradas.........................................................35

6.3. Fases da pesquisa................................................................................................36

6.3.1. Primeira fase.....................................................................................................36

6.3.2. Segunda fase.....................................................................................................37

6.3.3. Terceira fase – avaliação do material didático-pedagógico produzido...........37

6.3.4. Quarta fase........................................................................................................38

6.3.5. Quinta fase........................................................................................................38

6.4. Metodologia para a realização da pesquisa e análise dos dados..........................40

6.5. Público alvo.........................................................................................................40

6.6. Período do ano letivo adequado para a realização da pesquisa...........................41

6.7. Instituições participantes.....................................................................................41

6.8. Instrumento para a coleta dos dados....................................................................42

6.9. Pesquisa de campo/aplicação do questionário.....................................................43

6.10. Permissão para registro e reprodução de imagens (fotografias)........................44

6.11. Instituição de ensino onde a ‘Sequência Didático-Pedagógica’ foi aplicada

pelos educadores.........................................................................................................44

7. DESENVOLVIMENTO DO PROJETO.................................................................46

8. PRODUÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO-PEDAGÓGICO.............................47

8.1. A estória. .............................................................................................................47

8.1.2. A confecção do jogo.........................................................................................48

8.2. A estória e o jogo juntos = ‘Sequência Didático-Pedagógica’............................49

8.3. O início da atividade............................................................................................50

9. RESULTADOS E DISCUSSÃO ..............................................................................52

9.1 público-alvo e perfil .............................................................................................52

9.2 Área de estudo .....................................................................................................53

9.3. Utilização de estratégias......................................................................................53

9.4. Primeira etapa – levantamento bibliográfico.......................................................53

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

9.5. Segunda etapa – criação do material didático- pedagógico.................................54

9.6. Terceira etapa - avaliação do material educativo produzido...............................62

9.7. Resultados da aplicação das dinâmicas - piloto em outras instituições...............63

9.8. Resultados da otimização do material didático-pedagógico................................75

9.9. Resultados da dinamização da ‘Sequência Didático-Pedagógica, já otimizada,

pelos educadores do 2o ao 5o anos..............................................................................78

9.10. Resultados relativos à avaliação dos educadores..............................................79

10. CONCLUSÕES........................................................................................................81 11. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES........................................82 12. LITERATURA CITADA........................................................................................83 13. ANEXOS ..................................................................................................................88

13.1. 2a parte da estória (ANEXO-01)

13.2. Pré-teste do questionário (ANEXO-02)

13.3. A nova estória introdutória (ANEXO-03)

13.4. Sistema de rodadas pré-definido (ANEXO-04)

13.5. Roteiro para a execução do jogo (ANEXO-05)

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

1

1. INTRODUÇÃO.

O presente trabalho de pesquisa, tem por tema principal a pediculose, tendo por

origem dados preliminares oriundos da pesquisa e confecção da monografia exigida

para a conclusão do Curso de Especialização em Ensino de Ciências, realizado pela

autora no antigo CEFET de Química no Rio de Janeiro atual Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro –IFRJ. A obtenção de resultados

positivos no mesmo motivou a sua continuação, e desdobramento no atual curso de Pós

Graduação em Ciência Ambiental.

A pediculose é uma enfermidade que atinge grande parte da população tanto do

Brasil quanto de outras partes do mundo, não escolhendo idade, etnia ou classe social.

Muito embora seja uma doença tão antiga quanto à humanidade, são poucos os

estudos epidemiológicos, assim como as iniciativas para a redução de seus índices.

Elevando essa ectoparasitose ao status de ‘problema de saúde pública’. Além do que,

por ser considerada como um fato normal, ou por ser comum, também é negligenciada

por grande parte dos agentes de saúde e até mesmo pela população atingida. Isto

principalmente devido ao desconhecimento da sua gravidade e das doenças secundárias

que podem surgir a partir da mesma.

Um outro fator a destacar, diz respeito aos meios de combate do ‘piolho’, que a

cada dia torna-se mais resistente aos ‘inseticidas’ disponíveis, levando inclusive a

utilização de produtos inadequados e por muitas vezes tóxicos ao hospedeiro – a

criança.

Diante deste problema, que envolve na maioria das vezes professores, alunos e

pais; as atitudes tomadas normalmente tendem a gerar ainda mais preconceitos e

desinformação, que por muitas vezes podem até mesmo levar a ‘exclusão’ das crianças

parasitadas, tanto no ambiente escolar, quanto na sua própria casa ou comunidade.

O presente projeto ambiciona apenas produzir materiais didático-pedagógicos

(estória e jogo) que objetivem informar com ludicidade, tanto educadores quanto

educandos sobre algumas características relevantes do tema, permitindo que esses,

diante do problema da parasitose, possam tomar as atitudes corretas sem prejuízos

físicos e/ou emocionais.

Para isto, propõem-se como ferramentas de ensino para este trabalho, os

materiais produzidos. Como se sabe, por meio de diversos trabalhos de pesquisa,

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

2

histórias e jogos são instrumentos que, por excelência, despertam a atenção tanto de

crianças quanto de adultos, e que, além disso, podem propiciar o processo de ensino e

de aprendizagem de forma lúdica e descontraída, de modo, a serem estas ferramentas

ideais para a apropriação de conhecimentos tão importantes e necessários á saúde

ambiental.

Sob um olhar duplamente positivo, percebe-se que com a utilização dos recursos

e estratégias presentes no projeto, atende-se por um lado à necessidade de informações

sobre o piolho e a pediculose nas escolas, e por outro, considera-se também a

necessidade dos educadores(as) na obtenção de materiais didáticos que possam ser

utilizados em suas aulas, para que estas não possuam apenas o caráter expositivo, e

tradicional, que por muitas vezes vigoram, seja pela ausência de recursos financeiros

por parte das instituições de ensino ou por falta de tempo e recursos financeiros pelos

educadores, para a realização de cursos de ‘reciclagem’ e para a produção e aquisição

de novos materiais e estratégias. Destaca-se também, além da necessidade de materiais

específicos, a INFORMAÇÃO especifica sobre a pediculose - que na maioria das vezes

apresenta-se incorreta, devido ao fato de ser transmitida no ‘boca-a-boca’ cotidiano; e

também a informação sobre as relações entre sociedade/ambiente/saúde, que podem

contribuir de forma determinante para a melhor compreensão de enfermidades que nos

atingem e motivo pelo qual nos atingem, tornando muito mais fácil o seu processo de

erradicação.

Também fazem parte dos objetivos deste projeto, a intenção de estender o

conhecimento obtido na universidade a outros membros da sociedade; envolvendo-os, e

realizando a troca necessária a produção de trabalhos científicos, que possuam também

relevância social, e que possam contribuir ativamente, entendendo e transformando a

realidade que nos cerca através da educação; e trabalhar com as dúvidas mais frequentes

de educadores e de educandos em fase escolar sobre o ‘piolho’ e a pediculose,

utilizando uma forma lúdica para abordar o tema, envolvendo integralmente às crianças

e fornecendo material adequado para que os educadores possam trabalhar com o tema

em sala de aula.

No presente trabalho buscou-se ferramentas que possuíssem funcionalidade

tanto como facilitadoras no processo de ensino/aprendizagem, quanto como geradores

de interesse dos educandos pelos temas discutidos em aula, estimulando desta forma a

sua participação ativa, e consequentemente, possibilitando um maior aproveitamento.

Além do que, é sabido que eistórias e jogos são tão antigos quanto à humanidade,

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

3

fazendo parte da cultura de diversos povos e contribuindo para o desenvolvimento dos

mesmos.

No caso a estória produzida além de contribuir para o exercício da leitura

propriamente dita e para o aprendizado, objetivando sensibilizar os educandos para o

tema exposto em um momento ‘pré-jogo’ de modo a prepará-los para o momento

seguinte. Nela são tratadas situações comuns e cotidianas que abordam o tema

pediculose no intento de propiciar também o princípio da aprendizagem significativa de

David Ausubel (apud MOREIRA, 2001 p.16), de modo que as informações obtidas na

estória sejam relacionadas ao conhecimento e às experiências prévias dos educandos,

gerando assim significado, e preparando-os para as outras informações que surgirão

com o jogo, que se espera sejam ligadas as já existentes e assimiladas gerando por fim o

conhecimento.

Estando a história e jogo propostos aliados e com objetivos comuns, pode-se

dizer que são ferramentas de ensino que se complementam possibilitando um maior

entrosamento entre os educandos e o tema trabalhado, não restringindo o ensino em sala

de aula à simples transmissão de conteúdos. Estimula-se que o educador aproveite e

valorize a bagagem de experiências trazidas pelas crianças para a sua aula, tornando-as

elementos auxiliares no desenvolvimento e formação das mesmas, colaborando tanto no

processo ensino/aprendizagem quanto no desenvolvimento físico, moral e intelectual

(CORTEZ, 1996). Pretende-se com esta estratégia não restringir a educação aos padrões

formais, mas sim o contrário, é possível se considerar a história de vida dos educandos.

Com base no exposto e em posse da idéia da ‘construção’ de uma nova

ferramenta de ensino, ainda neste trabalho propõem-se, a utilização do material e idéias

gerados, apresentando-os e aplicando-os para um público definido de escolares

pertencentes a cinco turmas, de cinco diferentes instituições de ensino, cursando o

quinto ano do ensino fundamental; para que, a partir dessa ação, conheçam-se dados que

contribuam para a ‘otimização’ da própria Sequência Didático Pedagógica produzida;

para que, posteriormente, a mesma possa, ser aplicada por educadores(as), sem

formação específica em ciências, para que possam utilizá-la em suas próprias salas de

aula.

Diante disso espera-se, que o material produzido possa ser futuramente mais

uma fonte de disseminação de informações corretas sobre a pediculose por meio do

ludismo, e também do acesso a novas técnicas de ensino que permitam, ainda que

indiretamente, o exercício da cidadania seja por educadores, por educandos e outros

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

4

atores sociais. É preciso que os cidadãos sejam capazes de, com base em informações e

análises bem fundamentadas, participar das decisões que afetam sua vida, organizando

um conjunto de valores mediando na consciência da importância de sua função no

aperfeiçoamento das relações sociais (KRASILCHIK, 2004).

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

5

2. REVISÃO DE LITERATURA:

2.1. MULTIDISCIPLINARIDADE E INTERDISCIPLINARIDADE E AS RELAÇÕES ENTRE OS SERES VIVOS E O MEIO AMBIENTE.

O Meio Ambiente constitui-se, hoje, num dos temas essenciais de política

governamental e uma das maiores preocupações dos cidadãos, seja nos paises

industrializados ou não. A consciência política nesse assunto é um fato. A degradação

ambiental faz com que as pessoas percebam que estão sofrendo tanto ameaça à saúde

quanto ao bem estar social (BUSS,1999).

Com a percepção da ligação existente entre a saúde do meio ambiente e a as

saúde da sociedade, a educação tornou-se um fator indispensável, ao ponto de que

atualmente existem existem documentos, e recomendações gerados ao longo do tempo,

para que haja menos impacto negativo na relação entre ambiente e sociedade como por

exemplo a Declaração das Nações Unidas sobre o ambiente Humano.

Na declaração das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, além de outras

recomendações de suma importância, convém destacar no presente texto o item

dezenove, considerado compatível com a temática do presente estudo (Conferência de

Estolcomo, 1972):

(...) É indispensável um trabalho de Educação em questões ambientais, visando tanto às gerações jovens quanto os adultos, dispensando a devida atenção ao setor das populações menos privilegiadas, para assentar as bases de uma opinião pública bem informada e de uma conduta responsável dos indivíduos, das empresas e das comunidades, inspirada no sentido de sua responsabilidade, relativamente à proteção e melhoramento do meio ambiente em sua dimensão humana. (Conferência de Estolcomo, op. cit.)

Faz-se importante levantar essas questões, já que as mesmas estão diretamente

relacionadas, destacando-se ainda o seu caráter multidisciplinar, inserindo-se nas

relações entre: meio ambiente, educação, saúde e sociedade; uma relação complexa, e

que nem sempre é compreendida em sua completude; pois, comumente, entende-se por

meio ambiente apenas os animais, a água, o ar tudo o que é verde, e que, portanto

relaciona-se diretamente a ‘natureza propriamente dita’, e com isso, excluindo-se os

seres humanos. Como se não fosse parte integrante de todo o conjunto de seres vivos

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

6

existentes, e por tanto, não pertencentes ao meio ambiente, consequentemente, à

natureza.

Esse pensamento é um grande desafio a ser vencido, pois, se há a intenção de

reverter o atual quadro que se configura no planeta Terra, é preciso que o ser humano

seja inserido conscientemente no meio ambiente, para que dessa forma as suas atitudes

sejam melhor pensadas, complexas e voltadas para o bem comum. Sem essas mudanças,

todas as recomendações e idéias em busca de melhorias ditadas já há anos, podem ser

desconsideradas, pois não haverá mudança.

Para que se possa compreender a separação existente entre os diversos fatores

existentes na sociedade é preciso pensar desde o início no por quê da existência de tal

pensamento

A possível explicação para a não compreensão da complexidade que existe nas

relações de disciplinas ou fatores fragmentados ou retalhados, segundo Morin (2004),

tal retalhamento do conhecimento torna impossível compreender “o que é tecido junto”

o que é complexo, segundo o sentido original do termo. Ele acrescenta ainda, que existe

complexidade, de fato, quando os componentes que constituem um todo (como o

econômico, o político, o sociológico, o psicológico, o afetivo, o mitológico) são

inseparáveis. Da mesma forma relacionam-se o meio ambiente e a saúde; o ser humano

(sociedade) e o meio ambiente, que naturalmente são tratados separadamente, por uma

questão histórico-cultural. Segundo Gonçalves (2004), toda sociedade, toda cultura,

cria, inventa, institui uma determinada idéia do que seja a natureza. Nesse sentido, o

conceito de natureza na verdade não é natural, sendo na verdade criado e instituído

pelos homens. Gonçalvez (op. cit.) explica ainda que:

(...) Podemos dizer que a separação homem-natureza (cultura-natureza, história-natureza) é uma característica marcante do pensamento que dominado o chamado mundo ocidental, cuja matriz filosófica se encontra na Grécia e Roma Clássicas. Não devemos ter a ingenuidade de acreditar que ela se firmou diante de outras concepções porque era racional e assim desbancou-as. Não, a afirmação desta oposição homem-natureza se deu bem no corpo da complexa história do Ocidente, em luta com outras formas de pensamento e práticas sociais. Ter isso em conta é importante não só para compreender o processo histórico passado, mas, sobretudo, para compreender o momento presente. Isso porque o movimento ecológico coloca hoje em questão o conceito de natureza que tem vigorado e, com ele perpassa o sentir, o pensar, o agir de nossa sociedade, no fundo coloca em questão o modo de ser, de produzir e de viver dessa sociedade. (GONÇALVES, Carlos Porto, 2004)

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

7

Ainda sobre a temática relação: ser humano x natureza, porém relacionada a um

tema básico para a sociedade, ou seja: o sistema de ensino, Morin (2004) explica que:

(...) Em vez de corrigir esses desenvolvimentos, nosso sistema de ensino obedece a eles. Na escola primária nos ensinam a isolar os objetos (de seu ambiente), a separar as disciplinas (em vez de reconhecer as suas correlações) a dissociar os problemas, em vez de reunir e integrar. Obrigam-nos a reduzir o complexo ao simples, isto é, a separar o que está ligado; a decompor, e não recompor; e a eliminar tudo que causa desordens ou contradições em nosso entendimento. (MORIN, 2004.)

Segundo Freire (1987), faltando aos homens uma compreensão crítica da

totalidade em que estão, captando-os em pedaços nos quais não reconhecem a interação

constituinte da mesma totalidade, não podem reconhecê-la. O autor complementa que:

(...) não o podem porque para reconhecê-la, seria necessário partir do ponto inverso. Isto é, lhes seria indispensável ter antes a visão totalizada do contexto, para em seguida, separarem ou isolarem os elementos ou as parcialidades do contexto, através de cuja cisão voltariam com mais claridade à totalidade analisada. (FREIRE, 1987).

Resolver esse problema de percepção global do mundo e da

multidisciplinaridade, não é tarefa simples, pois cada indivíduo possui uma maneira

subjetiva de compreender os acontecimentos a sua volta.

Essa responsabilidade da compreensão da complexidade que a tudo envolve,

acaba por recair sobre as áreas da Educação e do ensino, mas que, porém, dependem

também de idéias reformadas dos próprios profissionais para que sejam colocadas em

prática... Em suma, enquanto alguns educadores trabalham em prol de se atualizarem,

muitos outros por diversos motivos, que não cabe aqui discutir, não o fazem, levando a

um círculo vicioso de apenas mais discussões que ações propriamente ditas, limitando

esse conhecimento à academia e afastando os demais cidadãos da melhor compreensão

de suas próprias vidas.

Destacando-se ainda a necessidade de uma visão holística, faz necessário incluir

outro termo também muito discutido na atualidade que é a interdisciplinaridade, já que a

mesma é responsável pela relação constituída pelos diferentes campos do saber

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

8

construídos. Sobre a interdisciplinaridade como necessidade Frigotto (1995) discorre

que:

(...) O caráter necessário do trabalho interdisciplinar na produção da socialização do conhecimento no campo das ciências sociais e no campo educativo que se desenvolve no seu bojo não decorre de uma arbitrariedade racional abstrata. Decorre da própria forma de o homem produzir-se enquanto ser social e enquanto sujeito e objeto do conhecimento social. (FRIGOTTO,1995).

De fato, discutir sobre a multidisciplinaridade e sobre a interdisciplinaridade

ainda é uma tarefa para especialistas, o que se apresentou aqui foi uma breve idéia do

que estas representam no campo das ações, e de sua importância para a compreensão do

mundo e da sociedade, já que no presente trabalho diversos temas são apresentados e

todos eles apresentam de certa forma, ainda que superficialmente, algum tipo de

interligação que os definam como interdisciplinares no campo sócio-ambiental.

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

9

2.2. A EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE NO BRASIL.

No Brasil, a educação Básica está prometida para todas as crianças e jovens.

Prometida no plano da lei, dos recursos orçamentários e do compromisso da família, da

escola e de todas as outras instituições públicas pela educação básica como um direito

de todos (MACEDO et al., 2000)

Com a Constituição Federal de 1988, o que foi um marco, pois foi definido

como setor de relevância pública, de modo que o Estado diante de tal definição teve de

obrigar-se a garantir as condições necessárias à saúde da população, ficou formulado

um novo conceito de saúde (artigo 196):

(...) A Saúde é direito de todos e dever do Estado, garantindo mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação. (BRASIL, 1988).

Porém, sabe-se que determinados sistemas, normas e leis requerem tempo para

que sofram as adequações e mudanças necessárias que gerem um modo de vida ideal,

como por exemplo, os preconizados pelos princípios básicos da Promoção da Saúde, ou

até mesmo exemplos mais simples de mudança comportamental e culturais, que

envolvam direitos e deveres que da sociedade e as lideranças como um todo.

A Constituição Federal traz segurança ao povo em geral, junto também a outros

documentos legais que asseguram a educação e a saúde dos indivíduos, porém, percebe-

se que ainda existem algumas lacunas nesse eixo a serem preenchidas, como alguns

exemplos abaixo; explicitamente relativos à saúde, e que envolvem também à

pediculose já que é o tema principal deste trabalho, sendo também uma doença:

apesar de ser sabido que a pediculose seja uma doença que desenvolve todo

o seu ciclo nas crianças em fase escolar, pode-se afirmar que as escolas não possuem

normas específicas a serem adotadas para situações de ocorrência de parasitoses

(CATALÃ et al., 2004).

Vale ressaltar que, em documento oficial do Ministério da Educação em suas

orientações curriculares nacionais, profere-se o seguinte trecho:

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

10

(...) A educação para saúde cumprirá seus objetivos ao conscientizar os alunos para o direito a saúde, sensibilizá-los para a busca permanente da compreensão de seus determinantes e capacitá-los para a utilização de medidas práticas de promoção, proteção e recuperação da saúde ao seu alcance. (MEC, 1997).

além dos PCNs, que orientam a educação em saúde, há também o emprego

de outros documentos legais que visam operacionalizar a aplicação dessas e de outras

determinações em ambiente escolar, como destacadas por Morh e Schall, (1992):

(...) O artigo 7 da lei 5.692/71 tornou a educação em saúde obrigatória nas escolas brasileiras de 10 e 20 graus, objetivando a prática da saúde básica e higiene. A própria operacionalização da lei através do parecer 2.264/74 (CFE, 1974), estabelece que a educação deve se processar, prioritariamente, através de ações e não explanações. (CFE ,1974).

Segundo as autoras supracitadas esta lei não se efetivou de fato. Exceção feita a

alguns grupos de pesquisa e escolas, a prática cotidiana da grande maioria das

atividades escolares nesta área não produz resultados animadores.

Porém, nem tudo que diz respeito à educação para a saúde nas escolas é

negativo, fato esse destacado por Santos (2003) quando refere-se ao movimento de

Promoção da Saúde no Brasil. Segundo o autor, esse movimento iniciou-se com a Carta

de Otawa (1986), tornando-se um marco nas práticas educativas em saúde, que ao

mesmo tempo que alicerça a identidade entre os conceitos de saúde e qualidade de vida,

torna a escola o ponto central para as ações de promoção da saúde ao afirmar que:

(...) a escola tem representado local adequado para as práticas educativas em saúde, tendo em vista seu papel formador e as suas potencialidades no sentido de desenvolver habilidades, estimular atitudes e canalizar interesses para o desenvolvimento de estilos de vida saudáveis.[...] muitas escolas realizam seu trabalho tendo como pano de fundo amplas articulações com a comunidade interna e externa. (Santos, 2003).

Apenas o fato de a escola ser citada como local adequado para ações educativas

na área da saúde, traz consigo a consciência de que há um espaço onde os profissionais

que estão dispostos a realizar ações nesse âmbito, dêem o passo inicial e a sua

contribuição. Sobre a importância da escola, Mortimer (2002) salienta que, se a mesma

se preocupasse mais com os problemas reais da comunidade dedicando parte das

atividades do ensino das disciplinas científicas à identificação, diagnóstico e solução de

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

11

problemas da comunidade, poderiam surgir respostas atuais aos importantes problemas

de pesquisa.

Obviamente Mortimer (op cit.) está correto em sua colocação, porém, não basta

apenas responsabilizar a escola e os educadores, há de se avaliar o quadro atual da

educação no Brasil. Pois tais profissionais já possuem também as suas obrigações

específicas e impostas pelas instituições, não cabendo outras propostas devido à própria

cultura escolar nacional. Considera-se também que por diversas vezes lecionam em

mais de uma instituição e não possuem tempo extra para dedicarem-se a atividades que

não lhes são ‘diretamente exigidas’ e, por tanto, dentro do tempo diário estipulado de

trabalho; além do que, por muitas vezes as instituições não possuem verba, efetivo ou

mesmo recursos para realizar qualquer tipo de atividade que seja, ou até mesmo o

estímulo e cursos de atualização que são necessários para a realização desses projetos.

Justamente é para isso que existem órgãos específicos, técnicas e ciências direcionadas

especificamente a sanar os problemas culturais e educacionais, sejam esses realizados

na escola ou não, ‘tapando buracos’ aqui ou ali onde a iniciativa privada não possui

condições de chegar, ou os pesquisadores não detectaram um problema específico. Um

exemplo de disseminação da cultura e da ciência no Rio de Janeiro é a Fundação

Oswaldo Cruz que recebe visitas de escolas, e, além disso, integra ainda grupos de

pesquisa com os seus projetos, um que inclusive faz referência ao presente trabalho

onde a pediculose é o tema principal: o ‘Disque Piolho’- FIOCRUZ, sob a coordenação

do Dr. Júlio Viana Barbosa. (BARBOSA, 2003).

O educador deve sim procurar meios de aprimorar a sua prática. E com isso,

contemplar: os educandos, a ‘sua instituição’ e a si próprios; porém não há de se

generalizar tal postura de um profissional que vive em um país com tantas

desigualdades, onde existem por vezes ‘salas de aula’ ao ar livre, e até mesmo sem

quadro ou cadeira para que os educandos se sentem.

Segundo Werner (2000), as práticas no setor da saúde como no da educação têm

na proposta de ensino da saúde o espaço de concretização desse discurso explicitando-

os através de conteúdos curriculares tipo Higiene e Saúde e de ações higienistas

desenvolvidas no ambiente escolar, ambas atuando na perspectiva de que criança limpa

torna-se saudável e, portanto, aprende melhor.

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

12

(...) Cria-se, assim um círculo vicioso que justifica a ineficácia da tanto Saúde da Educação negando-se os verdadeiros determinantes do problema e sem que se questionem os interesses políticos envolvidos nas decisões governamentais referentes a essas áreas. Coloca-se a responsabilidade e o empenho de cada indivíduo como suficiente para se alcançar a saúde e a educação. Em ambas as proposições pode-se constatar que a saúde é vista como independentemente da qualidade de vida como mero produto da assistência médica ou psicológica. Daí, a falsa percepção da necessidade de se ter nas escolas serviços de saúde escolar, principalmente com médicos que garantam a saúde dos alunos.(WERNER, 2000).

São várias as saídas existentes para a melhoria da educação em saúde no Brasil,

e muitas pessoas, desde pesquisadores a participantes de projetos ‘alternativos’ se

esforçam nesse sentido. Porém a carência e as deficiências aparentemente parecem bem

maiores. Em se tratando da pediculose que pode atingir a qualquer indivíduo,

independentemente de diversos fatores existentes, apenas o vislumbramento e se

possível concretização de atos que minimizem tal problema tornam-se potencializadores

na redução de tal enfermidade.

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

13

2.3. A MULTIDISCIPLINARIDADE E A INTERDISCIPLINARIDADE E AS RELAÇÕES EXISTENTES NO MEIO AMBIENTE.

Parasitos são organismos que dependem de outros seres vivos, eventualmente

dos seres humanos, que por uma razão, ou por outra, tornaram-se hospedeiros muito

involuntariamente (REY, 2008). Devido às características principais, sua sobrevivência

se dá nos ambientes que envolvem o convívio e o contato humano; já que o ser humano

é o seu principal habitat. Podendo estar presente praticamente em todos os ambientes

conhecidos, como por exemplo: o ambiente rural, urbano, os ambientes de trabalho,

entretenimento, transporte, o ambiente escolar, na água, na terra, nos alimentos, etc.

O presente trabalho tratará da pediculose, uma parasitose (especificamente uma

ectoparasitose), que constitui-se também em um problema da Saúde Ambiental.

Esta parasitose pode ser transmitida em diversos ambientes, destaca-se que é

justamente no ambiente escolar onde encontram-se seus principais hospedeiros: as

crianças em idade escolar.

A pediculose é classificada pela Organização Mundial de Saúde, segundo seus

preceitos (OMS), como pertencendo ao campo da “Saúde Ambiental” ou da “Saúde e

Ambiente”. Que determina a relação entre o ambiente e o padrão de saúde de uma

população segundo a seguinte definição:

(...) esta relação incorpora todos os elementos e fatores que potencialmente afetam a saúde, incluindo, entre outros, desde a exposição a fatores específicos como substâncias químicas, elementos biológicos ou situações que interferem no estado psíquico do indivíduo, até aqueles relacionados com aspectos negativos do desenvolvimento social e econômico dos países (Organização Pan-Americana de Saúde apud TAMBELLINI et al., 1998.).

Estima-se que tal infestação acometa grande parte da população de grandes

cidades e de comunidades carentes rurais do Brasil (WILCKE et al., 2002 apud

HEUKELBACH et al., 2003). Causada pelo Pediculus capits (REY, 2008),

vulgarmente conhecido como piolho do couro cabeludo, a pediculose é uma doença tão

remota que, segundo Barbosa et al., (2003), é possível encontrar seus registros até

mesmo na Bíblia, como sendo a terceira praga descrita por Moisés:

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

14

Egito, 1300 a.C.

“16 Disse o SENHOR a Moisés: dize a Arão: Estenda a tua vara e fere o pó da terra, para que se torne em piolhos por toda a terra do Egito. 17 Fizeram assim: Arão estendeu a mão com a sua vara e feriu o pó da terra, e houve muitos piolhos nos homens e no gado; todo o pó da terra se tornou em piolhos por toda a terra do Egito. 18 E fizeram os magos o mesmo com a suas ciências ocultas para produzirem piolhos, porém não o puderam; e havia piolhos nos homens e no gado.”(Bíblia Sagrada, 2001).

Os piolhos nos acompanham há milênios, segundo mapa construído com os

achados de todo o mundo. Provavelmente a infestação por piolhos teve início em

ancestrais africanos, de onde se distribuiu por todo o globo, a acompanhar as migrações

que caracterizam a humanidade (FERREIRA, 2008).

Segundo dados paleoparasitológigos, os ectoparasitos devem ser procurados com

apuro, pois fornecem informações importantes sobre infestações e problemas de saúde

em populações do passado, assim como aspectos do seu comportamento. (FERREIRA,

et al., 2008)

(...) Os autores supracitados relatam que o achado de piolhos em material arqueológico, como por exemplo o exame dos cabelos de um índio do museu do Instituto Smithsoriano, nos Estados Unidos, cujos primeiros trabalhos datam de 1920, pouco antes de Olímpio Fonseca, no Brasil ter examinado uma cabeleira com origem em um índio do acervo da Universidade de São Paulo, que foi a ele enviado por seu diretor Paulo Duarte; resultou em dados de grande importância sobre a relação entre este ectoparasito e o seu hospedeiro humano. (FERREIRA, Luiz Fernando et al., 2008.).

Ainda que a civilização e o progresso tenham sido os maiores inimigos dos

piolhos, um inquérito realizado na Inglaterra, em 1940 demonstrava que 50% das

crianças pré-escolares e meninas escolares apresentavam-se infestadas (REY, 2008).

Segundo Linardi (2000), esses insetos antigamente pululavam na espécie

humana. Depois com progresso, higiene individual, troca diária de roupa para dormir,

advento dos inseticidas eficazes, os Anoplura (piolhos) tornaram-se bastante raros,

sendo então mais encontrados nos mendigos e favelados.

(...) Atualmente existe um novo surto do piolho da cabeça em todo o mundo, atacando grande número de crianças em idade escolar e, às vezes, adultos de todas as classes sociais. Parece que os principais fatores que levaram ao aparecimento dessa epidemia tenham sido os seguintes: resistência dos piolhos aos inseticidas usuais – como será reafirmado mais a frente; o aumento da população humana e

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

15

modificação dos hábitos sociais e afetivos, favorecendo maior contato entre as pessoas (salas de aulas cheias, transportes coletivos, repletos, beijos faciais para cumprimentos), indiferença das autoridades em relação à infestação (ignorando-a ou considerando-a passivamente como inofensiva) e a falta de inspeção de determinados grupos, como por exemplo, o de idade pré-escolar, que funcionaria como ‘reservatórios’. (LINARDI, 2000).

Transmitida principalmente pelo contato prolongado de cabeça a cabeça

(CANYON et al., 2002 apud HEUKELBACH et al., 2003), a pediculose é uma

enfermidade que chama atenção devido ao incômodo e a outras doenças secundárias que

pode ocasionar, como por exemplo:

A principal forma de detectar-se a parasitose por piolhos nas crianças, além da

vigilância diária, que dever ser realizada pelos seus responsáveis, um indício

importantíssimo é a ‘coceira’(prurido), no couro cabeludo devido à hematofagia do

inseto.

Muito embora esta doença se constitua em um assunto amplamente conhecido e

discutido, possuindo vasta divulgação seja, por meio de artigos científicos, revistas,

jornais, propagandas televisivas (produtos industrializados), ou mesmo por divulgação

‘boca a boca’ (métodos caseiros de controle e tratamento), constata-se, através da

literatura especializada, que existe um aumento da incidência do piolho-da-cabeça em

todo o mundo, nestes últimos tempos (REY, 2008).

Os dados relativos à sua incidência em crianças brasileiras são alarmantes,

atingindo cerca de 30% das que estão em fase escolar (BARBOSA et al., 1998).

Segundo Hunter (2003 apud CUNHA, sd.) grandes dificuldades têm sido enfrentadas

nos dias atuais frente à necessidade de redução desses números, em função do aumento

da resistência desses insetos aos medicamentos disponíveis para uso. Esse fato se agrava

devido à falta de programas de controle da pediculose e outras parasitoses, sendo as

mesmas comumente negligenciadas tanto pelas autoridades de saúde quanto pela

população afetada. (HEUKELBACH et al., 2003).

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

16

2.4. AS CONSEQÜÊNCIAS DA PEDICULOSE QUE ESTÃO ALÉM DA SAÚDE

FÍSICA.

A pediculose gera consequências não apenas para as crianças, mas também para

os pais e professores. É comum que, por vergonha, essa doença seja ocultada tanto pelo

indivíduo parasitado, instituições e comunidades, devido ao fato de quem está

parasitado sentir-se psicologicamente mal pela condição vivida; e justamente essa

ocultação tem garantido a sobrevivência dos piolhos (LINARDI, 2000). O referenciado

autor complementa ainda que os pais são atingidos pelo estigma da provável

inexistência de higiene em casa; os educadores por muitas vezes possuem a

desagradável tarefa de comunicar a ocorrência da parasitose aos pais, e até em certos

casos suspender as atividades escolares por um determinado período. Porém, em todo

esse ciclo o maior prejudicado é a criança, que paga o tributo mais alto aos piolhos,

através do incomodo e perturbação constante ocasionando insônia devido à coceira,

desatenção às aulas etc. (LINARDI, 2000)

Além dessas consequências, é possível constatar uma outra comum, não apenas

no Brasil, mas em outros países, conhecido pelo nome de ‘buylling’ - cujo qual não

possui uma tradução específica para a língua portuguesa, traduzindo-se por todo tipo de

‘trote’ e maus tratos que expressem violência física ou verbal de um ou mais indivíduos

para outros. E que faz sentir-se quando há em um lugar, principalmente como as

escolas, por exemplo, uma criança que sem motivo algum se torna alvo de ‘brincadeiras

de mau gosto’ pelos próprios colegas, com ou sem motivos, exemplos: ser inteligente

demais, ser obeso, ser magro demais, ser dentuço, estar parasitado pelo piolho, ter

doenças ou deformidades aparentes, ou simplesmente pelo fato de existirem...

No caso da criança parasitada pelo piolho, que além de sofrer o transtorno da

doença em si e, talvez, a falta de recursos e informações para combatê-la, ainda tem de

passar por humilhações por vezes coletivas, como apelidos desagradáveis e

depreciativos, como por exemplo: piolhento(a), seu(a) sujo(a), sai pra lá, não fica perto

de mim, etc... Outro agravante é descrito por Cunha (2006), que ao constatar má

deflagrações desse comportamento em sala de aula: “a professora prefere não fazer

comentários sobre o piolho para a turma”. Segundo a autora pode haver uma

justificativa.

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

17

(...) Além, do piolho em sala de aula, pode conter em suas entrelinhas a possibilidade da professora não ter argumentos para evitar o processo do ‘buyling’, em virtude do desconhecimento das formas de transmissão e perpetuação. (CUNHA,2006).

Nesse e em outros casos semelhantes, quem condenaria esse educador? Seria

dele a culpa por não ter a formação direcionada as áreas das ciências e da saúde?

Deveria ele procurar uma solução? Saberia ele a dimensão do problema ao ponto de

procurar a tal solução? E o educando? Possui uma noção concreta do que está fazendo?

Como um ciclo, talvez comparado ao do piolho, por exemplo, relatos como

observado acima além de comuns, perpetuam-se na ignorância não sabida de quem é

culpado e ao mesmo tempo é vítima.

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

18

2.5. A PEDICULOSE: ESPECIFIDADES.

O ramo da ciência responsável pelo estudo da disseminação e controle, tanto da

pediculose, quanto de outras doenças transmissíveis, na comunidade, sejam

parasitológicas ou não, é a Epidemiologia, cujos objetivos, segundo Souza & Pereira

(2008) são:

“(...) prevenir, evitar, controlar, eliminar, ou erradicar doenças, bem como evitar a ocorrência de casos, óbitos e seqüelas com suas repercussões negativas sobre a sociedade. Busca também prestar serviço a saúde, mediante controle da população de reservatórios e do agente transmissor, além do diagnóstico e tratamento precoce dos casos humanos da doença. (SOUZA, 2008).

Apesar de existir a epidemiologia, com todos os seus feitos mundialmente

reconhecidos (AIDS, dengue, etc.), quanto à pediculose, há na literatura especializada a

afirmativa de que não existem estudos de vigilância epidemiológica e de esclarecimento

a população sobre a biologia do parasito, nem sobre as conseqüências desta parasitose

para o homem, o que gera mais um fator negativo a favor do descontrole no processo de

transmissão (BARBOSA, 1998 apud COSTA-MACEDO, 2005).

Em diversos trabalhos acadêmicos sobre a pediculose verificam-se iniciativas

em comunidades e instituições de ensino envolvendo procedimentos, como: ‘catação’,

quantificação de parasitos e de crianças infestadas, ou palestras no intento de informar o

público em estudo, dentre outros. Muito embora nesses trabalhos nem sempre sejam

descritas as ferramentas e abordagens educativas utilizadas, ou os resultados obtidos a

partir do método de ensino empregado, ainda assim, tais resultados podem colaborar

para o desenvolvimento tanto de estratégias quanto de materiais didáticos e

pedagógicos, que aliando à educação a Promoção da Saúde1 nas escolas, visem suprir as

necessidades então conhecidas.

1 Diferente das convencionais medidas de prevenção frente ás possibilidade de doenças, na Promoção da saúde, o objetivo é um padrão ótimo de vida e de saúde; para tanto a ausência da doença não é suficiente, já que frente a qualquer nível de saúde do indivíduo sempre haverá algo a ser feito para melhorar sua qualidade e lhe dar condições de vida mais satisfatórias. (COIMBRA, Ângela Castilho. Promoção da Saúde e envelhecimento: um estudo sobre o programa de assistência à saúde do idoso – FIOCRUZ. Rio de Janeiro:UFRJ, 2005, 115 p. Tese (Mestrado) – Programa de Pós Graduação em Engenharia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2005.

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

19

2.5.1. CLASSIFICAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E OS DIFERENTES TIPOS

DE ‘PIOLHO’.

Após termos nos detido em algumas informações diretamente relacionadas sobre

o piolho, pediculose e a sua relação histórica, educacional e sócio-ambiental, convêm

esclarecer demais detalhes que conduzam ao maior conhecimento específico a respeito

de tal parasito.

O piolho é um artrópode da classe insecta, ordem Phtidapterae subordem

Anoplura, possui o corpo dividido em cabeça tórax e abdome, não possuem asas, são

ápteros (BARBOSA, 2003).

É um inseto hematófago, e seu ciclo de vida se completa em 30 dias podendo

viver de 01 a 03 meses, e até mesmo podem viver por três dias sem se alimentar. A

fêmea do piolho, comumente chamada de lêndea pode colocar até 300 ovos durante a

sua vida, com média de sete a 10 ovos diários. (BARBOSA, op cit)

Segundo Rey (2008), existem três espécies de piolhos que parasitam o homem,

com exclusividade estão incluídas na família Pediculidae e nos gêneros Pediculus (do

latim pediculos, piolho) ou Pthirus. Dentro dessa nomenclatura, distingue-se piolhos

que habitam, nos seres humanos, partes distintas do corpo, como por exemplo: o

Pediculus captis (anteriormente denominado Pediculus humanus humanus), que habita

a cabeça das pessoas; O Pediculus humanus, que até um tempo atrás denominava-se

Pediculus humanus corporis, que até como a nomenclatura passada sugere, parasita as

partes cobertas do corpo das pessoas colando seus ovos as suas vestes; e por fim o

Pthirus pubis ou piolho do púbis, uma espécie menor de piolho com localização

preferencial da região pubiana e perianal.

Por processo de coexistência desse inseto junto à humanidade, narrada no início

da “Introdução”, e pelo interesse médico que tal relação desperta; com a intenção de

esclarecer e levar adiante os esforços de diversos outros pesquisadores que se dedicam

ao problema até o momento insolúvel gerado por essa relação, o atual trabalho, ater-se-á

apenas ao Pediculus capitis.

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

20

2.5.2. MEDIDAS DE CONTROLOE E PROFILAXIA.

Segundo Barbosa et al. (2003) para combater o piolho, existem medidas que

incluem o controle Químico, Educacional, e Caseiro.

Controle Químico

(...) Vários medicamentaos são disponíveis no mercado para a pediculose, dentre eles destacam-se o uso de produtos organofosforados e piretróides (deltametrina e permitrina). Nenhuma dessas drogas não eficazmente seguras, pois podem apresentar grandes efeitos colateais em pacientes portadores ou com problemas respiratórios. (...) Outro aspecto que deve ser levado em consideração é a resistência que os piolhos vêem apresentando s esses produtos, principalmente no que concerne aos piretróides e permetrinas, fato observado em toda parte do mundo (MUNCOUGLU, et, al., 1990 ; BURGES et al., 1995; SCHACHNER, 1997; DOWNS et al., 1999; PICOLLO et al., 2000; MOUGABURE et al., 2002, apud BARBOSA, 2003 et al.)

Quanto ao controle químico da pediculose no mundo, ainda existem algumas

controvérsias no meio acadêmico, que, positivamente, leva pesquisadores a testar, aprovar ou

rejeitar novas possibilidades de drogas e pesticidas contra o piolho. Um exemplo atual, até o

momento, é a Ivermectina, que segundo Heulkelbach et al., (2003) vem sendo utilizado em

milhões de pessoas na África sem causar danos ou efeitos negativos para os pacientes (segundo

é afirmado). Esse medicamento ainda não foi utilizado extensivamente pela saúde pública no

Brasil, porém o autor afirma que:

(...) Para controlar a pediculose nas escolas, o simples tratamento e isolamento de crianças afetadas não é suficiente. Como a sensibilidade do diagnóstico clínico não é muito alta e por ser a ivermectina uma droga altamente eficaz contra a pediculose e outras parasitoses, de a aplicação prática (dose única oral) – apenas contra indicado para gestantes e menores de cinco anos; é segura, com raros efeitos colaterais. Recomenda-se o tratamento em massa para todas as crianças independentemente de exame clínico, com essa droga. (HEUKELBACH et al., 2003)

O autor supracitado complementa que a qualidade de vida das populações

carentes do nosso país não se faz de um momento para o outro. Mas medidas de

controle efetivas para as ectoparasitoses são factíveis (HEUKELBACH, op cit.)

Contrapondo-se ao exposto pelo autor anteriormente citado, encontra-se um

texto interessante sobre a Ivermectina, produzido por Souza (2006):

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

21

(...) Um dos últimos lançamentos da indústria farmacêutica é a Ivermectina, administrada por via oral, e que está sendo utilizada pela população de forma desenfreada e sem nenhuma informação dos serviços de saúde sobre os possíveis efeitos colaterais, como também os pediculicidas de uso tópico, veiculados pela mídia, vendendo a ilusão do “use hoje e amanhã a criança não terá mais piolhos”. A informação que traz é impossível de ser lida na tela da ‘TV’, para minimizar, coloca-se na mesma a seguinte informação: “Ao persistirem os sintomas o médico deverá ser consultado” (ANDRADE, 2006).

Corroboram com Souza (op cit) os autores Barbosa & Pinto (2004) esclarecendo

detalhes talvez omitidos sobre a Ivermectina para o grande público:

(...) é administrada em dose única via oral, deve-se destacar que tal medicamento não tem aprovação como pediculicida pelo Food and Drug Administration (FDA), órgão Norte Americano que aprova os medicamentos e os alimentos para uso e consumo humanos. (I Seminário do Mercosul sobre Pediculose, Escabiose e Tungíase: Uma abordagem Interdisciplinar dos seus Problemas e Cuidados. 2004.)

Se no universo acadêmico que, berço das informações e novas descobertas,

existem ainda controvérsias sobre uma doença milenar, divergindo-se entre

informações, que de certa maneira podem ou não prejudicar diretamente a saúde de

milhares de indivíduos... O que fará o público leigo na hora de decidir qual a melhor

alternativa para livrar-se do piolho e de outras parasitoses?

Medida Educacional (...) É ainda indiscutível o uso do pente fino para o combate da pediculose, medida que é milenar, pois eles retiram os adultos (machos e fêmeas), ninfas e às vezes algumas lêndeas. Talvez daí possa-se explicar a existência de um pente fino em quase todas as embalagens de produtos feitos para combater o piolho. (BARBOSA et al., 2003). Medida Caseira

(...) A população tem usado qualquer medida para acabar com o piolho, como por exemplo, pode-se verificar o uso de produtos extremamente tóxicos, como ‘neocid’, querosene, gasolina, etc... Considerados como inseticidas não convencionais, pois podem levar o indivíduo ao óbito. Algumas medidas caseiras de baixo custo vêm fazendo com que a população encontre alternativas para o combate da pediculose, como receitas caseiras que são utilizadas para eliminar essa praga.(BARBOSA , op. cit.)

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

22

3. REFERENCIAL TEÓRICO.

O referencial teórico que será aqui descrito tentará explicitar, com o máximo de

fidelidade, quais as correntes filosóficas, idéias, e autores que influenciaram a realização

de deste trabalho de pesquisa.

Como existem seguimentos diferentes no mesmo trabalho, ou seja, objetivos e

metodologias distintas, cada referencial trará consigo um indicativo de qual parcela do

trabalho de pesquisa mais influenciou.

3.1. Compreensão do processo ensino/aprendizagem e do público alvo, objetivando

a correta construção da ‘sequência didático-pedagógica’.

Concepções Pedagógicas para a construção do conhecimento

Para que se conheça como se dá o processo que nos leva ao conhecimento, ou

seja, como se passa de um conhecimento menor para uma conhecimento maior, existem

muitas e complexas teorias desenvolvidas através dos tempos, que se destinam a estudar

tais fenômenos, objetivando aprimorar o conhecimento humano a cerca de tais assuntos,

já que os seus resultados serão destinados, além de outros centros, ao local onde ocorre

o primeiro contato do indivíduo com o conhecimento formal: a instituição educacional.

Portanto, no presente trabalho, compreende-se que seja necessário o

compromisso com a compreensão da construção do conhecimento, de modo a não

tornar-se alheio a tal questão, negligenciando-o, levando-se principalmente em conta a

construção de um material que se destina ao processo de ensino aprendizagem. Apesar

de ser vasta a bibliografia sobre este assunto, no momento será comentado brevemente,

sobre pesquisadores que exerceram influência sobre os objetivos e resultados do

material Didático-Pedagógico confeccionado.

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

23

TEORIA INTERACIONISTA/SÓCIO-INTERACIONISTA

O interacionismo leva em conta no desenvolvimento do ser humano os fatores,

ambientais e orgânicos. De acordo com essa teoria tanto fatores subjetivos, quanto

objetivos são importantes na determinação do desenvolvimento do aluno, sendo por isso

considerados em sua educação (BARROS, 2002).

Segundo Barros (op cit.), na relação do homem com a sociedade, também se

aplica à teoria da interação: o homem resulta de forças sócio-históricas específicas, mas

ao mesmo tempo, é capaz de ação que o leva a transformar o seu meio.

Com isso respeita-se e considera-se a história de vida dos indivíduos, e ainda

envolvendo-os em uma esfera de novos conhecimentos.

São integrantes da corrente interacionista:

Jean Piaget (1896-1980) – Interacionismo

Para Piaget e seus seguidores, a criança é um ser ativo que age espontaneamente

sobre o meio e possui um modo de funcionamento intelectual próprio que a leva a se

adaptar a esse meio e organizar as suas experiências. Pelo contato com as pessoas, com

os objetos, a criança construirá o seu próprio conhecimento do mundo (BARROS,

2002).

Lev S. Vygotsky (1896-1934) – Sócio-interacionismo

Lev Vygotsky, assim como Jean Piaget, apresentou uma teoria interacionismo

para o desenvolvimento.

Para ele e seus seguidores existe uma interação contínua entre as estruturas

orgânicas da criança e as condições sociais em que ela vive. Pelo contato com

integrantes mais experientes do grupo social do qual faz parte, a criança vai se

apropriando, por meio da linguagem, ativamente do conhecimento disponível na cidade

em que nasceu (WERNER, 2000).

Muito embora as teorias de Vygotsky e Piaget apresentassem em alguns pontos

divergências, foi possível aproveitar-se muito mais ambas os pontos fundamentais nos

quais ambas se completam e fazem sentido real no processo de ensino e aprendizagem.

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

24

TEORIA DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA.

David Ausubel – Teoria da Aprendizagem significativa

Segundo Moreira et al. (2001), para Ausubel novas idéias e informações podem

ser aprendidas e retidas na medida em que conceitos relevantes e inclusivos estejam

adequadamente claros e disponíveis na estrutura cognitiva do indivíduo e funcionem,

dessa forma, como ponto de ancoragem para as novas idéias e conceitos.

Caracterizando-se o conhecimento dos educandos a cerca da pediculose e

posteriormente cedendo-lhes material e informações que os despertem e chame a sua

atenção para esse tema possivelmente, seguindo-se a linha de raciocínio de Ausubel tais

informações podem tornar-se conhecimento.

3.2. A importância da discussão dos Temas Geradores:

para a melhor compreensão dos fenômenos, e que com isso seja gerado

conhecimento necessário para mudar a realidade vivida, e resolver problemas

cotidianos do povo, por ele mesmo. (FREIRE, 1987).

Paulo Freire (1921-1997)

No caso específico do presente trabalho que visa buscar por meio da informação,

geração de conhecimento e da educação e a atenção do público-alvo para um problema

que ameaça a sua qualidade de vida e saúde, a proposta de utilizar, ainda que

parcialmente, a PEDICULOSE como Tema Gerador conferiu mais força e credibilidade

ao trabalho já que tal idéia partiu justamente de Freire (2007) um dos maiores

educadores do Brasil, que em poucas linhas descreveu o que deveria ser uma ‘palavra

de ordem’. Freire propunha investigar quais os problemas do povo, por ele denominado

universo temático, para buscar conteúdos programáticos para a educação, inaugurando o

diálogo da educação como prática de liberdade, proporcionando ao mesmo tempo, a

apreensão dos “Temas Geradores” para, segundo suas palavras, (Freire op cit.): [...] a

tomada de consciência dos indivíduos em torno dos mesmos.

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

25

3.3. A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E ATIVIDADES LÚDICAS.

Do ponto de vista educacional, a palavra jogo se afasta do significado de

competição e se aproxima de sua origem etimológica latina, com o sentido de gracejo

ou mais especificamente divertimento, brincadeira passatempo (ANTUNES, 2007).

A palavra jogo aparece como uma simples atividade humana. Aceitou-se com a

naturalidade de um simples ato, como comer ou dormir. A complexidade do terma é

determinada pela preocupação de explicar melhor a natureza humana. (ORTIZ, 2005).

Segundo o autor supracitado (ORTIZ, op. cit.) Essa palavra está em constante

movimento e crescimento, e faz parte de nossa maneira de viver e de pensar, o jogo é

sinônimo de conduta humana.

Para Antunes (2007) constitui tese absolutamente indiscutível garantir que

crianças aprendem jogando, assim como aprendem conscientemente ou

inconscientemente – com qualquer tipo de experiência

A formação lúdica possui o seu valor também para o futuro educador ou para

quem já exerce tal profissão. Segundo

O trabalho com jogos, assim como qualquer atividade pedagógica ou

psicopedagógica, requer uma organização prévia e uma reavaliação constante. Muitos

problemas de ordem estrutural podem ser evitados, ou, pelo menos antecipados, se

determinados aspectos relativos ao projeto de trabalho forem considerados (MACEDO

et al., 2000).

As atividades lúdicas são um dos temas mais estudados, e um dos fenômenos

culturais mais pesquisados (JONHNSON, et al., 1986 apud VALENZUELA, 2005).

Até mesmo ao ponto de ser considerada árdua a tarefa de tentar resumir os seus aspectos

mais relevantes (VELENZUELA, op cit.). Dentre algumas das citações encontradas, e

que corroboram com os objetivos do presente trabalho, destacaram-se as seguintes:

• (...) a ludicidade como uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não

podendo ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento pessoal, social e

cultural, colabora para uma boa saúde mental, prepara para um estado interior fértil,

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

26

facilita os processos de socialização, comunicação, expressão e construção do

conhecimento. (SANTOS et al., 2007).

• (...) as características do jogo fazem com que ele mesmo seja um veículo de

aprendizagem e comunicação ideal para o desenvolvimento da personalidade e da

inteligência emocional da criança. (ORTIZ, 2005).

• (...) jogos educativos são instrumentos por excelência, de comunicação, expressão e

aprendizado. Favorecem o conhecimento e, com isso, intensificam as diversas trocas

de saberes e constituem a base do aprendizado. (TORREZ et al., 2003).

• (...) por meio de atividade com jogos, as crianças vão ganhando autoconfiança, são

incentivadas a questionar e corrigir suas ações, analisar e comparar pontos de vista,

organizar e cuidar dos materiais utilizados. (MACEDO et al. 2000).

3.4. A Influência da promoção da saúde na tomada de atitudes frente a problemas

antes tratados apenas por medicamentos ou medidas de prevenção de doenças.

O que é a Promoção da Saúde?

(...)Promoção da saúde é o nome dado ao processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo. Para atingir um estado de completo bem-estar físico, mental e social os indivíduos e grupos devem saber identificar aspirações, satisfazer necessidades e modificar favoravelmente o meio ambiente. A saúde deve ser vista como um recurso para a vida, e não como objetivo de viver. Nesse sentido, a saúde é um conceito positivo,que enfatiza os recursos sociais e pessoais, bem como as capacidades físicas. Assim, a promoção da saúde não é responsabilidade exclusiva do setor saúde, e vai para além de um estilo de vida saudável, na direção de um bem-estar global. (Carta de Otawa, 2009 – Disponível <http://www.opas.org.br/coletiva/upload/ Otawa.pdf> [Acesso em 09/09/09 às 12h46] ).

Criando ambientes favoráveis

(...) Nossas sociedades são complexas e inter-relacionadas. Assim a saúde não pode estar separada de outras metas e objetivos. As inextricáveis ligações entre a população e seu meio-ambiente constituem a base para uma abordagem socioecológica da saúde. O princípio geral orientador para o mundo, as nações, as regiões e até mesmo as comunidades é a necessidade de encorajar a ajuda recíproca – cada um a cuidar de si próprio, do outro, da comunidade e do meio-ambiente natural.

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

27

A conservação dos recursos naturais do mundo deveria ser enfatizada como uma responsabilidade global. Mudar os modos de vida, de trabalho e de lazer tem um significativo impacto sobre a saúde. Trabalho e lazer deveriam ser fontes de saúde para as pessoas. A organização social do trabalho deveria contribuir para a constituição de uma sociedade mais saudável. A promoção da saúde gera condições de vida e trabalho seguras, estimulantes,satisfatórias e agradáveis. (Carta de Otawa, 2009 – Disponível <http://www.opas.org.br/coletiva/upload/ Otawa.pdf> [Acesso em 09/09/09 às 12h46]).

VOLTADOS PARA O FUTURO

A saúde é construída e vivida pelas pessoas dentro daquilo que fazem no seu dia-a-dia: onde elas aprendem, trabalham, divertem-se e amam. A saúde é construída pelo cuidado de cada um consigo mesmo e com os outros, pela capacidade de tomar decisões e de ter controle sobre as circunstâncias da própria vida, e pela luta para que a sociedade ofereça condições que permitam a obtenção da saúde por todos os seus membros. Cuidado, holismo e ecologia são temas essenciais no desenvolvimento de estratégias para a promoção da saúde. Além disso, os envolvidos neste processo devem ter como guia o princípio de que em cada fase do planejamento, implementação e avaliação das atividades de promoção da saúde, homens e mulheres devem participar como parceiros iguais. (Carta de Otawa, op cit.).

Considera-se que todos os referenciais teóricos nesta dissertação assumidos,

foram diretamente influenciados pelos pressupostos básicos da Carta de Otawa, os quais

tornaram-se impossíveis de serem parafraseados devido a sua completude e

consistência; que unidos aos demais recursos metodológicos já apresentados,

constituem uma espinha dorsal que pretende-se apresentar sob o caráter de um trabalho

o mais completo possível.

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

28

4. HIPÓTESE.

A união de temas transversais (saúde e meio ambiente) diretamente ligados à

educação e ao ensino formal, utilizados como referenciais para a busca de uma

alternativa educativa contra a disseminação da pediculose entre educandos, por meio de

atividades lúdicas tais como um jogo e uma estória, constitui-se em um instrumento

viável para a diminuição da enfermidade tanto entre indivíduos que fazem parte

diretamente desse processo educativo e de atualização, quanto para outros atores sociais

indiretamente envolvidos, possibilitando a concretização da multidisciplinaridade

enquanto realidade vivenciada.

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

29

5. OBJETIVOS.

Geral

Produzir uma sequência Didático-Pedagógica constituída de jogo e estória

específicos sobre a pediculose, dirigido ao público do segundo ao quinto ano do

ensino fundamental, testando-a, adequando-a;e, posteriormente, envolvendo

educadores e educandos na sua dinamização em sala de aula.

Específicos

Desenvolver uma sequência Didático-Pedagógica, constituída por uma estória e

um jogo, para trabalhar com as dúvidas mais frequentes de educadores e de

educandos sobre a pediculose.

Apresentar a sequência Didático-Pedagógica a educadores do segundo ao quinto

ano do ensino fundamental para que os mesmos a dinamizem em suas salas de aula.

Aplicar o material produzido, objetivando conhecer sua exequibilidade e

aceitação pelos educandos, em instituições de ensino fundamental, através de análise

e pesquisa;

Correlacionar às informações apreendidas pelos educandos aos recursos

didáticos apresentados durante a dinâmica, visando conhecer o grau de

entendimento;

Partir dos resultados preliminares e avaliar a necessidade de modificações na

sequncia didático-pedagógica produzida

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

30

6. METODOLOGIA.

6.1. ÁREA DE ESTUDO: O BAIRRO DO FONSECA2.

O Fonseca (Fig. 1 e 2) é um dos bairros mais antigos de Niterói, situando-se em

um vale cortado pelo canal do rio da Vicência (chamado atualmente como ‘rio da

alameda’) e circundado por morros que o limitam com os bairros Baldeador, Caramujo,

Viçoso Jardim, Cubango, São Lourenço, Santana, Engenhoca, Tenente Jardim e

também o município de São Gonçalo.

Olhando-se o Fonseca do alto, na descida do morro da Caixa d'Água ou de

qualquer de seus morros, pode-se observar imediatamente dois fatos que são marcantes

na caracterização do bairro: 1º) a Alameda São Boaventura com suas duas vias, o canal

da Vicência e árvores que o ladeiam, cortando o bairro no sentido oeste - leste, e seu

grande movimento de veículos; e 2º) a ocupação praticamente total de seu território por

edificações onde são minoritários e facilmente identificáveis os edifícios de

apartamentos, tanto na parte baixa quanto nas suas encostas. A predominância de

construções de um ou dois pavimentos fez do Fonseca um bairro extremamente

populoso e adensado (11.499 hab/Km2). Em população ele é o maior da Região Norte e

o segundo de Niterói.

A ocupação de Niterói, iniciou-se particularmente do bairro do Fonseca, que

deve seu nome a José da Fonseca Vasconcellos, um dos grandes fazendeiros da região.

Nos campos do Fonseca, cercado pelos morros antigamente chamados de São Lourenço,

ao sul, e Santana, ao norte, foram estabelecendo-se propriedades agrícolas: primeiro

plantações de cana e engenhos; depois café, além de milho, feijão, mandioca, hortaliças

e pomares. Com o tempo estas propriedades foram sendo divididas, para venda ou entre

os herdeiros, sendo subdivididas em sítios e chácaras.

Novos moradores se estabeleceram no bairro. Com a interiorização das atividades

econômicas no Estado, surge à necessidade de abrir novas vias de comunicação. A

ocupação do Fonseca está relacionada principalmente a esse fato. Dois eram os

caminhos que ligavam Niterói a Inoã / Maricá e Campos. Passando pelas matas da

2 Fonte de consulta: disponível em:< http://www.nitideal.com.br/bairros/fonseca.htm> [acesso em 24 de agosto de 2009 18h56].

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

31

Paciência, um deles cortava o Fonseca, aproveitando um caminho natural (4), ao longo

do curso do rio da Vicência. A necessidade permanente de melhoria deste caminho e a

intensificação da ocupação do Fonseca levaram à sua urbanização, com a construção da

Alameda São Boa Ventura e canalização do rio Vicência, passando o bairro também a

ser dotado de outros serviços públicos: a 07 de setembro de 1883 foi inaugurada a linha

de bondes de tração animal até o final da Alameda; e, a 15 de agosto de 1908, chegam

os bondes elétricos. Com o estabelecimento de portos (Santana, Mayer, São Lourenço)

no litoral de São Lourenço/Santana e a implantação de ferrovias (segunda metade do

século XIX), o processo de ocupação de São Lourenço, Santana e Fonseca se intensifica

e novos estabelecimentos comerciais e industriais instalam-se, atraindo novos

moradores, tanto do interior do Estado, quanto do exterior (portugueses, espanhóis e

italianos). No séc. XX, as obras do aterro de São Lourenço, a construção do porto de

Niterói (pedra fundamental em 1924), da estação ferroviária (1930) e a abertura de nova

avenida (Feliciano Sodré), ligando diretamente a Alameda à rua Visconde do Rio

Branco, concorrem ainda mais para o crescimento do Fonseca. Aparecem as mansões;

colégios particulares são criados (Brasil e Nossa Senhora das Mercês); loteamentos são

lançados, charcos são drenados possibilitando novas edificações; o Horto (e suas

escolas superiores) é criado; aparece a Penitenciária; o Grupo Escolar Hilário Ribeiro é

instalado; novas ruas são abertas comunicando o bairro com outros bairros; pequenas

indústrias começam a funcionar (como a fábrica de tamanco, a fábrica de doces e a

fábrica de cimento - todas desativadas); e a "Vila Jardim" é projetada e construída no

campo do Ipiranga, ao lado da Alameda, para habitações de trabalhadores. Muitos

estabelecimentos comerciais são instalados ao longo da Alameda e de suas ruas

transversais. Chegam os armazéns de secos e molhados, padarias, bares, quitandas e

leiterias. Algumas poucas chácaras e sítios que persistiram até décadas mais recentes

acabaram dando lugar a casas, vilas de casas ou prédios de apartamentos. Com o

crescimento do Fonseca sedimenta-se também o seu perfil de bairro residencial. Os anos

passam e o transporte rodoviário torna-se o mais utilizado, fazendo praticamente

desaparecer o porto e a ferrovia, vítimas também do esvaziamento econômico do

interior do estado. A construção da Ponte Rio/Niterói e a sua ligação direta com a

Alameda São Boa Ventura aumenta o tráfego de veículos e atrai novos moradores,

intensificando ainda mais o crescimento do bairro. Até o início da década de 50, quando

foi dado outro traçado ao canal da Vicência, facilitando o escoamento das águas

pluviais, as enchentes eram intensas e crescentes. Com a construção da Ponte

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

32

Rio/Niterói houve nova obstrução na saída do Vicência, trazendo de volta as enchentes

(5). O problema quase crônico das enchentes, aliado ao excesso de veículos em trânsito,

reduziram a qualidade de vida no Fonseca. A busca de endereços mais atraentes ou

junto ao mar provocam forte movimento migratório para outros bairros, contribuindo

para mudar o perfil dos moradores do Fonseca. Famílias tradicionais do bairro formada

por médicos, industriais e comerciantes - como os Saramago Pinheiro, Torres, Vianna,

Botelho, Bastos, Cunha, Pereira Faustino, Pestre, Pires de Mello, Marcondes, Alves,

Lima Monteiro(6) e tantas outras mudam-se em direção a outros bairros.

Contrastando com a história inicial do bairro, atualmente o Fonseca não é um

dos locais mais tranqüilos de Niterói para se estabelecer moradia. Isso devido ao grande

índice de marginalidade, ocasionado pelo tráfico de drogas, e domínio de áreas por

facções ligadas ao crime. Para se ter uma idéia do panorama atual do bairro

relacionando-o ao presente trabalho, dentre as cinco instituições de ensino pesquisadas

neste estudo apenas uma não é considerada como área de risco, fazendo parte apenas do

trajeto obrigatório para se chegar às ditas comunidades, porém sem oferecer maior risco

aparente a quem por ali passa durante os períodos da manhã e da tarde. Com exceção da

referida instituição, todas as outras pertencem a áreas de risco independentemente de dia

ou horário; criando-se uma constante sensação de tensão nas áreas mais próximas as

chamadas ‘bocas-de-fumo’, onde os líderes do comércio de drogas, ditam as regras que

devem se seguidas pela população.

ÁREA DE ESTUDO – localização do bairro Fonseca no mapa de Niterói.

Figura 01. Mapa da cidade de Niterói com o bairro do Fonseca destacado - RJ

FONSECA

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

33

ÁREA DE ESTUDO – localização das instituições

Figura 02. Mapa do bairro do Fonseca com as áreas de estudo demarcadas

FONTE DOS MAPAS : <http:/www.google.com.br>

LEGENDA C.A. – Colégio Anchieta

S.E.C. – Sociedade Educacional Crism

E.E.I.S. – Escola Estadual Ismélia Saad

C.N.S.P. – Colégio Nossa Senhora da Penha

E.E.A.B. – Escola Estadual Alberto Brandão

C.N.S.P

E.E.A.B

E.E.I.S.

C.A

S.E.C.

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

34

6.2. UTILIZAÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE INTEGRAÇÃO DISCIPLINAR.

O presente estudo envolveu métodos distintos para a sua realização, tendo em

vista os diferentes objetivos almejados. De forma sequencial, cada uma de suas fases

contribuiu diretamente para a realização da seguinte.

(...) Optou-se pelo uso do termo estratégias de integração disciplinar para reunir as possibilidades de produção de conhecimento multidisciplinar e interdisciplinar em oposição ao conhecimento monodisciplinar, significando o conjunto de propostas de integração entre as diversas disciplinas científicas na produção de conhecimento, em particular na análise de objetos complexos, bem como a integração entre a produção de conhecimentos e as estratégias de intervenção em torno de problemas particulares (PORTO e ALMEIDA, 2002).

a) a multidisciplinaridade como o conjunto de disciplinas que se agrupam em torno de

um dado tema desenvolvendo investigações e análises isoladas por diferentes

especialistas, sem que se estabeleçam relações conceituais ou metodológicas entre elas.

Corresponde à estratégia mais limitada, pois continuam a se reproduzir práticas

fragmentadas da ciência normal, ainda que se avance na incorporação de múltiplas

dimensões de um problema;

b) a interdisciplinaridade como a reunião de diferentes disciplinas articuladas em

torno de uma mesma temática com diferentes níveis de integração, desde uma

cooperação de complementaridade sem articulações axiomáticas ou preponderância de

uma disciplina sobre as demais (pluridisciplinaridade), passando pela preponderância

de uma delas sobre as demais com ou sem uma axiomática comum (denominadas

respectivamente como interdisciplinaridade estrutural ou auxiliar);

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

35

6.2.1 DESCRIÇÃO RESUMIDA DAS FASES ELABORADAS

Explicado tal tópico, pode-se dizer que o presente trabalho de pesquisa, de forma

simplificada, se propôs a unir e, quando possível, articular os campos da

Educação/Ensino, Saúde e Meio Ambiente e Sociedade. Dividindo-se basicamente em

‘CINCO FASES’, a serem descritas resumidamente no fluxograma abaixo, e detalhadas

nos itens que se seguem: (Quadro 01)

Quadro 01. Fluxograma metodológico – resultados, discussão e conclusão.

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

36

6.3. FASES DA PESQUISA.

6.3.1. PRIMEIRA FASE.

A realização da primeira fase do projeto consistiu principalmente no

levantamento bibliográfico relativo aos campos do conhecimento relacionados,

envolvendo temas diversos, apresentados no quadro seguinte: (Quadro 01)

Quadro 02. Temas pesquisados para a composição do trabalho

TEMAS PESQUISADOS – OU CITADOS

Epidemiologia/Parasitologia Médica/Pediculose.

A Interdisciplinaridade e a Multidisciplinaridade.

As relações entre Indivíduo-Saúde-Meio Ambiente.

Métodos de Pesquisa Social e em Educação.

A Educação em saúde Meio Ambiente nas instituições de ensino do Brasil.

Pressupostos básicos sobre a Promoção da Saúde.

Psicologia da Educação.

Prática de ensino – desenvolvimento de novos métodos e recursos para o ensino.

A importância do ludismo para o processo de desenvolvimento cognitivo.

Jogos didáticos: produção, modalidades, principais características e contribuição

para o processo ensino/aprendizagem.

A utilização de histórias como recurso didático.

A divulgação científica para o público infanto-juvenil

Formação continuada de professores.

Além de livros, periódicos e artigos especificamente voltados a área científica,

foram consultadas também outras fontes (fossem: livros, revistas e sites), dirigidas ao

público infantil, relacionadas ao tema pediculose, cujas fontes transmitissem

confiabilidade, e fossem respaldadas por pesquisadores das respectivas áreas.

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

37

6.3.2. SEGUNDA FASE.

Com base nos resultados da pesquisa realizada na fase anterior, foi idealizada,

adequada e produzida, uma sequência didático-pedagógica constituída por uma história

e um Jogo específicos sobre a Pediculose.(Quadro 03).

Quadro 03 - Etapas do desenvolvimento da ‘Sequência Didático-Pedagógica’.

NO

DESENVOLVIMENTO

1. Criação e desenvolvimento dos personagens e do enredo da história;

2. Idealização e escolha de um nome para a ‘Sequência Didático-Pedagógica’;

3. Desenvolvimento de um logotipo que a identifique;

4. Pesquisa e escolha da(s) modalidade(s) do jogo, e desenvolvimento regras e

dinâmica didático-pedagógicas adequadas;

5. Pesquisa e idealização das perguntas e respostas das ‘cartas’ do jogo;

6. Construção artesanal do painel do jogo e das cartas.

6.3.3. TERCEIRA FASE – Avaliação do material didático-pedagógico produzido.

Para que se avaliasse o material didático-pedagógico produzido, foi necessário

definir alguns pontos básicos que conduzissem à investigação, sendo esses:

a metodologia para a realização da pesquisa e para a análise dos dados;

o público alvo para o estudo;

o período do ano letivo adequado – cronograma;

as instituições participantes;

o instrumento para a coleta dos dados;

sendo necessária também a permissão para a obtenção e reprodução de imagens

(fotografias).

o conhecimento dos educandos à cerca da pediculose, antes e após a atividade,

levando-se em consideração as: características biológicas do piolho, formas de

prevenção e tratamento e formas de transmissão. Após compilados os resultados dos

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

38

questionários preenchido pelos educandos, os seus resultados foram analisados e

posteriormente re-agrupadas em classes, com relação as suas supostas origens na

dinâmica apresentada, ou seja: ilustrações do painel, cartas do jogo, discurso da

mediadora e nas conclusões subjetivas dos educandos.

6.3.4. QUARTA FASE.

Otimização do material educativo produzido

Com base nos resultados obtidos a partir da dinamização da Sequência Didático-

Pedagógica e na pesquisa com os educandos, foram realizadas algumas modificações

detectadas como necessárias para um melhor aproveitamento do material produzido

necessárias à obtenção de uma melhor organização da dinâmica em sala de aula.

Além das modificações detectadas por meio de pesquisa e análise, foram

realizadas outras que visaram melhorar o ‘layout’ do jogo, possibilitando também a sua

reprodução, caso seja necessário futuramente.

6.3.5. QUINTA FASE.

Apresentação do material Didático-Pedagógico para educadoras do segundo ao

quinto ano do ensino fundamental, objetivando que as mesmas dinamizassem-no em

suas turmas.

Avaliação do material produzido por outros atores

Para avaliar se o material produzido é de fácil aplicação por outros atores que

não apenas a pesquisadora e desenvolvedora do material físico e teórico, este foi

disponibilizado, junto a um manual de instruções e também alguns materiais didáticos

sobre a pediculose, acompanhando-se de explicações, objetivando não resumir o

conhecimento das educadoras apenas ao que seria exibido na dinâmica. Consistindo na

apresentação da Sequência Didático Pedagógica “Missão Possível” a educadores do

primeiro ao quarto ciclo do ensino fundamental, e distribuição de material didático

pedagógico específico sobre a pediculose, objetivando a preparação dos mesmos, para

que posteriormente aplicassem a dinâmica em suas respectivas turmas.

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

39

Esta etapa do trabalho foi realizada por meio da Pesquisa Participante e também

da pesquisa-ação; definidas por Thiollent, (2008) conforme adiante:

PESQUISA PARTICIPANTE

(...) A Pesquisa participante é, em alguns casos, um tipo de pesquisa baseado numa metodologia de observação participante, na qual os pesquisadores estabelecem relações comunicativas com as pessoa ou grupos da situação investigada com o intuito de serem melhor aceitos. Já a pesquisa-ação, ainda segundo Thiollent (THIOLLENT, 2008).

PESQUISA-AÇÃO

(...) A pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com um ação ou com a resolução de um problema coletivo e que no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema no qual estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. (THIOLLENT, op. cit.).

As informações diretas obtidas das educadoras sobre a utilização do material,

posteriormente a esta, foram realizadas de maneira informal e de modo que os pontos

principais foram colocados pelas mesmas sem intromissão da autora.

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

40

6.4. METODOLOGIA PARA A REALIZAÇÃO DA PESQUISA E ANÁLISE

DOS DADOS.

Os critérios para a classificação dos tipos de pesquisa variam de acordo com o

enfoque dado pelo autor. A divisão obedece a interesses, condições, campos,

metodologia, situações, objetivos, objetos de estudo etc. (MARCONI & LAKATOS,

2008). No caso específico do presente trabalho foi necessário optar-se por dois métodos

de pesquisa sendo estes o método quantitativo, mais tradicionalmente utilizado e que

expressa os seus resultados de forma numérica a fim de que sejam analisados em busca

de resultados que remetam à realidade que se configura em um determinado caso.

Menos usual por determinado período de tempo, e ainda levantando suspeitas

sobre a sua eficácia no campo científico, o método de pesquisa qualitativa vem sendo

cada vez mais utilizado e com isso ganhando a força necessária para explicar as

subjetividades que os números apenas não expressam. Tais modalidades não se

excluem; e podem, em determinados casos, serem utilizadas em um mesmo trabalho de

pesquisa, dependendo dos objetivos que o norteiam e, por conseqüência, dos resultados

que busca.

Esta fase da pesquisa envolveu ambas as modalidades, sendo a abordagem

qualitativa mais objetivamente explicada por Minayo (2007):

(...) A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se ocupa nas Ciências Sociais, com um nível de realidade que não pode ou não deveria ser quantificada. Ou seja, ela trabalha com o universo dos significados ou dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes. (MINAYO, 2007).

O principal instrumento para a obtenção de dados constituiu-se por um

questionário semi-aberto, após analisadas as suas vantagens e desvantagens,

(MARCONI & LAKATOS, 2008); e a análise dos resultados, foi realizada através da

frequência de aparecimento dos dados e categorização (GOMES, 2007).

6.5. PÚBLICO ALVO.

Dentro do contexto do público alvo a que o jogo destina-se, foram envolvidos

educandos do quinto (5o) ano do ensino fundamental, assim escolhidos, pois

comparativamente a outras séries (do 1o ao 4o ano do ensino fundamental) compreende-

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

41

se possuírem maior capacidade de abstração, análise crítica e facilidade para a

contextualização necessárias ao preenchimento do questionário, culminando, portanto,

num maior aproveitamento dos resultados gerados, constituindo o número de sessenta e

oito (68) participantes.

6.6. PERÍODO DO ANO LETIVO ADEQUADO PARA A REALIZAÇÃO DA

PESQUISA.

Para a avaliação da sequência Didático-Pedagógica foi definida como sendo a

época ideal o período final do ano letivo (4o período), especificamente no início do mês

de novembro. Considerou-se que a esta fase do ano, os educandos teriam maior

entrosamento interpessoal, e amadurecimento pessoal, podendo-se, supostamente, por

meio dessa sincronia, atingir um maior aproveitamento da atividade. Dentro do contexto

apresentado elaborou-esse um cronograma que contemplasse tanto a disponibilidade da

autora quanto da instituição.

Quanto à montagem de um cronograma Deslandes (1993) acrescenta que o

projeto deve traçar o tempo necessário para cada uma das etapas propostas. Muitas

tarefas podem inclusive ser realizadas simultaneamente.

6.7. INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES.

O projeto foi apresentado em instituições de ensino escolhidos aleatoriamente

pela autora, com uma metodologia padrão de apresentação, de modo que todas as

diretoras das instituições escolhidas fossem devidamente informadas sobre o objetivo

do mesmo, mediante apresentação oral e por escrito, de um resumo do projeto para

apreciação; entregue também certificado de comprovação da instituição de origem da

autora e um pedido formal para a realização do projeto, também emitido pela mesma

instituição. Posteriormente ao aceite das respectivas direções de ensino, deu-se a

apresentação aos(as) educadores(as) que seriam envolvidos(as) no projeto.

Ao todo fizeram parte da pesquisa cinco diferentes instituições de ensino

localizadas na cidade de Niterói – RJ, especificamente no bairro do Fonseca.

Os principais critérios para a escolha das instituições foram:

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

42

A. todas elas fazem parte do mesmo bairro seguindo o critério de proximidade

geográfica, e ainda sendo no mesmo bairro onde a autora reside, resultando num

maior interesse em se realizar uma atividade de caráter educacional na referida

região;

B. a proximidade entre as mesmas, tendo sido um agente facilitador durante o

processo;

C. o fato de situarem-se em um bairro problemático no que diz respeito às

desigualdades sociais, permitindo a observação dessa influência no sistema

educacional, ainda que esse não fosse um dos objetivos do estudo.

As instituições pesquisadas foram respectivamente: (Quadro 05)

Quadro 04. As instituições de ensino pesquisadas.

NO

NOME

Abreviatura

1. Sociedade Educacional Crismogali S.E.C.

2. Colégio Nossa Senhora da Penha C.N.S.P.

3. Colégio Anchieta C.A.

4. Escola Estadual Ismélia Saad E.E.I.S.

5. Escola Estadual Alberto Brandão E.E.A.B.

Dentre as cinco instituições citadas acima, três pertenceram à rede particular e

duas à rede pública de ensino, conforme determinado nos objetivos relativos à pesquisa

de campo.

6.8. INSTRUMENTO PARA A COLETA DOS DADOS.

Para a coleta de dados, foi elaborado um questionário semi-aberto direcionado

aos educandos, construído a partir de pesquisa bibliográfica com base nos objetivos

específicos desta fase do projeto.

Houve preocupação para com a linguagem utilizada para a construção do

questionário, tendo sido adequada ao público alvo permitindo, assim o seu melhor

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

43

entendimento, de acordo com algumas regras pré-definidas para a divulgação científica

para públicos específicos, nesse caso o público infanto-juvenil.

Ao todo foram elaboradas treze perguntas, dentre elas dez objetivas e três

discursivas, levando em conta os fatores apresentados abaixo: (Quadro 05)

Quadro 05. Principais fatores ‘levados em conta’ no questionário dirigido aos

educandos.

Incidência da pediculose entre os pesquisados(as).

A utilização de jogos didáticos em sala de aula.

A aceitação do referido jogo pelos educandos.

O conhecimento sobre o piolho e a pediculose.

O jogo enquanto ferramenta no processo de ensino/aprendizagem.

6.9. PESQUISA DE CAMPO/APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO.

A ‘pesquisa de campo’, propriamente dita, foi dividida em duas etapas:

1a etapa – realização do estudo piloto – questionários e sequência didático-

pedagógica;

2a etapa – realização da pesquisa nas demais instituições.

Dentre as cinco instituições participantes, a escolhida para a realização do estudo

piloto e realização do pré-teste3 do questionário, foi a Sociedade Educacional

Crismogali – S.E.C., devido principalmente à disponibilidade da educadora e

educandos, em acordo com a direção, junto à compatibilidade de data e horário com o

cronograma da autora.

3 Depois de redigido, o questionário precisa ser testado antes de sua utilização definitiva, aplicando-se alguns exemplares em um pequena população escolhida. A análise dos dados, após a tabulação, evidenciará possíveis falhas existentes: inconsistência ou complexidade das questões; ambigüidade; ou linguagem inacessível; perguntas supérfluas, ou que causem embaraço ao informante; se as questões obedecem a determinada ordem ou se são muito numerosas. (MARCONI, Marina de Andrade & LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa: planejamento e execussão de pesquisas; amostragens e técnicas de pesquisa; Elaboração, análise e interpretação de dados. 7a ed. São Paulo:Atlas, 2008.)

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

44

Em ambas as etapas a autora foi responsável pela dinamização da atividade

didático-pedagógica em todas as instituições pesquisadas.

O questionário foi aplicado cerca de duas semanas após a dinamização da

Sequência Didático-Pedagógica nas turmas participantes; e para que os educandos não

se sentissem pressionados a responder apenas positivamente sobre a atividade, o mesmo

foi entregue pela ‘educadora de sala de aula’ e não pela autora e dinamizadora do

processo, sob pedido de que não houvesse troca de informações entre os mesmos,

podendo com isso comprometer os resultados da pesquisa.

6.10. PERMISSÃO PARA REGISTRO E REPRODUÇÃO DE IMAGENS

(FOTOGRAFIAS).

Para que as ‘aulas’ e educandos pudessem ser fotografados, foi necessário

autorização dos responsáveis pela assinatura de um documento, entregue dias antes da

realização da atividade. De maneira que seriam fotografados apenas os educandos que

entregassem a autorização, devidamente assinada, na data prevista para a realização do

projeto.

6.11. INSTITUIÇÃO DE ENSINO ONDE A SEQUÊNCIA DIDÁTICO-

PEDAGÓGICA FOI APLICADA PELOS EDUCADORES.

O já referido estudo piloto, dinamizado pela autora, e a aplicação da dinâmica

pelos (as) educadores (as) realizaram-se ambos na Sociedade Educacional Crismogali,

fato este devido tanto a possibilidade de seu pleno desenvolvimento, quanto a sua

inclusão no Plano Político Pedagógico da instituição, Motivado também pela

caracterização da pediculose como sendo um problema frequente para a instituição de

ensino, fato esse constatado por meio de diálogo entre a ‘direção’, funcionários e a

pesquisadora.

Previamente a aplicação da ‘Sequência Didático-Pedagógica’ ‘Missão Possível’

na SEC, o seu Regimento de Curso da foi analisado com a finalidade de se conhecer

melhor as bases que fundamentam a instituição.

Além do Regimento de Curso, o Calendário Anual também foi analisado.

Observou-se, que pelo menos quatro (04) sábados anuais são reservados a atividades de

caráter sociais, culturais e educacionais, que além de fazerem parte da grade curricular

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

45

dos alunos, reúnem tanto familiares quanto a comunidade, proporcionando a inclusão

social e a cidadania para algumas centenas de pessoas. Como, por exemplo: o ‘Sábado

da Família’, onde são oferecidos cursos e oficinas diversos para alunos e seus

familiares, e envolvendo todo o corpo docente; o ‘Sábado Alegre’ onde são oferecidas

brincadeiras e recreação ligadas a disciplina de Educação Física integrando também os

familiares e a comunidade, ou a semana literária que conta com uma noite de autógrafos

prestigiando ‘obras literárias’ criadas pelos educandos durante as aulas.

Além dos sábados letivos, a instituição conta também com eventos realizados

durante os dias úteis, como a Feira de Ciências, cujo o objetivo do ano de 2008 foi o de

substituir materiais como cartolinas e maquetes (usuais em feiras de ciências) por

‘material humano’ para evitar o descarte excessivo de ‘lixo’, promovendo peças de

teatro, exposições e reaproveitamento de diversos materiais, promovendo também maior

entrosamento e aprendizado pelas partes envolvidas. Uma outra atividade anual é a feira

de ‘Matem-artes’, um trabalho conjunto entre os professores de Matemática e Artes que

possui por objetivo ampliar a visão dos educandos a cerca dos dois campos do saber.

Por esses e outros motivos a SEC foi escolhida para o desenvolvimento do

projeto ‘Missão Possível’, dado que ambos possuem diversos pontos comuns, e que

entre a multidisciplinaridade e a participação social buscam ainda resultados concretos e

observáveis nas vidas dos educandos.

Aberta a novos projetos de caráter sócio-culturais e sócio-ambientais a SEC (fig.

03) recebeu ao projeto ‘Missão Possível’, oferecendo apoio e disponibilizando tanto

espaço físico, quanto recursos materiais e humanos para o pleno desenvolvimento do

projeto

Figura 03. Sociedade Educacional Crismogali (SEC)

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

46

7. DESENVOLVIMENTO DO PROJETO.

O desenvolvimento desta fase da pesquisa deu-se em parte pela metodologia da

pesquisa participante e em parte pela pesquisa-ação, (THIOLLENT, 2008), já

explicadas anteriormente.

A. Já no início desta etapa do projeto, foi distribuído material didático relativo

ao tema em questão ‘A pediculose’. Esse material de divulgação científica cedido

apresentou-se em diferentes ‘níveis’, constituindo-se desde capítulos de revistas

voltados ao público infanto-juvenil, a um manual específico sobre a pediculose para

educadores, ou textos com maior rigor científico; possibilitando além do conhecimento

da possibilidade de adaptabilidade de informações científicas para diferentes públicos,

também a facilitação da compreensão pelos atores, dos textos cuja linguagem a eles

fossem mais familiares, a partir da consideração de sua não formação acadêmico-

científica em biologia ou parasitologia.

B. Apresentação da ‘Seqüência Didático-Pedagógica’ aos educadores, com a

simulação de sua dinamização entre a autora e os mesmos, tendo sido expostas às

principais regras, e, além disso, a postura mediadora que por eles deveria ser exercida

no decorrer da atividade. Para que tivessem maior familiaridade com o material, todos

os educadores receberam cópias de um roteiro de como proceder na aplicação da

atividade e de suas regras, e também das cartas com as perguntas e respostas do jogo, da

história que o precede na ‘Sequência Didático-Pedagógica’.

C. Realizou-se a dinamização da ‘Sequência Didático-Pedagógica’ em sala de

aula pelos educadores do Segundo ao Quinto-ano do Ensino Fundamental, sob a

observação da autora.

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

47

8. PRODUÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO-PEDAGÓGICO.

8.1. A ESTÓRIA.

Os objetivos pedagógicos da estória

Procurou-se produzir uma estória onde o personagem principal seria o fio condutor para

o tema pediculose em sala de aula.

A estória produzida objetiva sensibilizar os alunos para o tema exposto em um

momento ‘pré-jogo’ de modo a prepará-los para a atividade seguinte. Nela são tratadas

situações comuns e cotidianas que abordam o tema pediculose no intento de propiciar

também o princípio da aprendizagem significativa (AUSUBEL, 1983 apud

GARÓFANO et al., 2005),

De modo que as informações obtidas na estória sejam relacionadas ao

conhecimento e às experiências prévias que os alunos possuem, gerando assim

significado, e preparando-os para as outras informações que surgirão com o jogo. E,

visou-se também despertar o interesse dos mesmos pela leitura e pelo ato de contar

estórias, contribuindo para a aquisição desse hábito positivo para o processo educativo,

inclusive muito enfatizado por diversos autores da área literária,seguindo a metodologia

de TOROK (2009)

Além do estímulo a leitura, em seu contexto geral, a estória produzida envolve

fatores culturais, sociais, econômicos e ambientais, associados ao tema principal,

relacionando fatos comuns ao cotidiano infanto-juvenil e, portanto permitindo a

identificação por parte dos leitores, ou em caso contrário, o conhecimento de uma

realidade diferente da vivida – ex: amizade no ambiente escolar; relação urbano x rural;

criança que já foi, ou está parasitada x não parasitada etc.

Além disso, buscou-se ainda construir uma estória não apenas informativa, mas

também divertida e com uma linguagem simples, permeada por detalhes, que se bem

aproveitados, possam gerar outras discussões produtivas em sala de aula.

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

48

8.1.2. A CONFECÇÃO DO JOGO.

Os passos que foram seguidos para a confecção do jogo

Quadro 06 – Passos para montar a sequência Didático-Pedagógica

O que foi LEVADO EM CONTA na confecção do jogo

Que os personagens tivessem sexos diferentes, e a maioria fosse do sexo masculino,

objetivando desmistificar que apenas as meninas são parasitadas pelo piolho;

A criação de um sistema fixo de rodadas para que os educadores não se percam

quanto a quem (grupos) irá ou não jogar naquele determinado momento;

O gasto energético durante as rodadas tornando-o uma boa alternativa para

educadores que possuem turmas muito agitadas e necessitam de controle.

O tamanho do painel, para que pudesse ser visualizado por todos da turma

independentemente do tamanho da sala de aula ou local onde o jogo fosse aplicado.

O jogo foi confeccionado com formato de um painel dobrável e ilustrado

(aproximadamente 180cm x 150cm), fixável em quadro-negro ou parede por fita dupla-

face adesivadas’’ em sua poção posterior. Tratando-se de um protótipo, e não de um

modelo definitivo, as ilustrações dos personagens foram desenhados pela autora com

base em imagens aleatórias de livros infantis.

PASSOS PARA ELABORAR O MATERIAL

1.Objetivo Ensinar sobre o piolho e a pediculose de forma divertida 2.Público Crianças que saibam ler e escrever 3.Materiais Estória e jogo 4.Adaptações Percebidas após a 1a dinamização 5.Tempo O necessário, /ou que caiba no planejamento escolar 6.Espaço Sala de aula, pátio etc.(material versátil) 7.Dinâmica Pré-definida e que ao mesmo tempo de liberdade 8.Papel do adulto Mediador 9.Proximidade a conteúdos

Atividade de caráter sócio-educacional, científico e ligado as áreas da saúde e cidadania

10. Avaliação da proposta

Faz-se necessário um uso mais extenso do material e por pessoas diversas

11.Continuidade Pode ser dada no cotidiano de sala de aula ou em casa.

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

49

8.2. A ESTÓRIA E O JOGO JUNTOS SEQUÊNCIA DIDÁTICO-

PEDAGÓGICA.

O início da atividade – O ‘por quê’ da denominação: Sequência Didático- Pedagógica e

algumas sugestões da autora para a sua aplicação

SEQUÊNCIA= Dar continuidade (HOLLANDA, 1989; LEDUR, 2009).

O Educador pode, e deve, a partir das atividades propostas dar continuidade ao

tema por meio de outras ferramentas de ensino, como textos, atividades artísticas,

seminários etc.

DIDÁTICO(A) = Parte da pedagogia que cuida das questões relativas ao ensino

(ANTUNES, 2001).

O educador deve-se focar nas teorias que sustentam a(s) sua(s) ação(s) durante a

atividade, e tentar chegar o mais próximo da mesma(s) em seus pressupostos, tornando-

a realmente uma ferramenta de ensino e não mais uma atividade qualquer.

PEDAGOGIA= em seu sentido primitivo, a arte de conduzir crianças, no sentido atual

indica o estudo sistemático das diferentes manifestações do fenômeno educativo.

Disciplina, estudo ou um conjunto de normas referentes a um fato, processo ou

atividade educacional. (ANTUNES, 2001).

A atividade desenvolvida é antes de qualquer coisa uma proposta educacional,

até porque envolve em seu bojo além de informações, a socialização, regras e

características específicas de atividades lúdicas.

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

50

8.3. O INÍCIO DA ATIVIDADE.

Sugere-se que o início da atividade ocorra com a leitura da introdutória da

primeira parte da estória pelo educador, com a posterior distribuição da segunda parte,

destinada aos educandos. O modo no qual a exposição da segunda parte pode ocorrer é

múltipla, podendo ser:

leitura em grupo;

encenação das situações junto aos educandos;

leitura intercalada entre educador e educandos;

leitura primeiro pelo educador e posteriormente pelos educandos ou simplesmente à

leitura silenciosa.

Destaca-se que a importância de que os educandos estejam de acordo com o tipo

de leitura que será realizada, para que se sintam a vontade em sua realização. O jogo

apenas poderá ter inicio após todos compreenderem qual o seu objetivo.

A dinâmica do jogo

Terminada a leitura da estória, cada grupo deverá escolher, para representá-lo,

um dos três personagens que estarão fixados na parte superior do painel, formando o

total de três grupos. Na parte inferior do painel, estará o personagem principal da

história, cuja cabeça terá três grandes piolhos que poderão partir para dois caminhos

diferentes cada, um verde e um vermelho (ver figura 04 – pág. 56). Estes caminhos são

constituídos por tiras de ‘velcro’, onde os piolhos se fixarão podendo partir para os dois

possíveis caminhos

o caminho verde, o levará até uma alternativa para matá-lo (pente-fino, ‘dedos

esmagadores’4, shampoo e sabonete);

o caminho vermelho, o levará até a cabeça de um dos três personagens.

4 Tal imagem foi utilizada, já que culturalmente, no mundo, quando envolvida junto ao tema representa o ato de esmagar os piolhos, permitindo a melhor percepção dos educandos do que se trata a presença das mãos. Fato é que os piolhos carreiam bactérias, e ao serem retirados é necessária à realização de assepsia após tal ato nas mãos de quem o fez. Isso deve ser sempre explicado aos educadores e educandos. Até que se encontre um outro símbolo mais significativo as mãos permanecerão no painel.

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

51

Se o grupo da vez responder corretamente a pergunta, conforme exemplificado

junto ao quadro de perguntas, o ‘seu piolho’ andará uma ‘casa’ no caminho verde e

ganhará dez pontos. Caso a resposta esteja errada o piolho andará uma casa no caminho

vermelho e não somará pontos.

A direção dos piolhos, se no caminho verde ou vermelho dependerá das

respostas dos grupos, não sendo definitiva a sua posição no jogo, que pode mudar a

cada nova rodada. Na última rodada do jogo os grupos que responderem corretamente à

pergunta ganharão cinco pontos, pois a missão de matar o piolho terá sido realizada. E o

grupo que responder errado perderá cinco pontos, pois o piolho terá sido transmitido a

um dos personagens do jogo.

A sequência de perguntas ocorre em sistema de rodízio de modo que todos os

grupos interajam. A integração entre os grupos é extremamente necessária, tanto para a

compreensão das perguntas que irão realizar, quanto para as respostas que darão; o que

definirá a pontuação no jogo.

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

52

9. RESULTADOS E DISCUSSÃO.

9.1. O PÚBLICO-ALVO E PERFIL

Nas cinco instituições de ensino pesquisadas a idade dos educandos variou dos

09 aos 15 anos. Sendo as instituições da rede particular de ensino com turmas

homogêneas, com faixa etária similar entre os pesquisados; e a rede pública com turmas

de alunos heterogêneas, com predominância de crianças de maior faixa etária.

O número de educandos participantes por instituição não teve uma variação

significativa, de modo que, para a aplicação do jogo o número desses por grupo, variou

aproximadamente entre quatro a sete integrantes.

Quanto à pediculose propriamente dita, pelos questionários detectou-se a

seguinte incidência: 60,5% dos educandos afirmaram já terem sido parasitados,

enquanto 30,2% disseram nunca ter sido e 9,3 não se lembram.

Não se pode afirmar que esses números estejam corretos, devido ao fato dos

estigmas acarretados pela doença, como já explicado anteriormente.

Gráfico 01. Incidência da pediculose nos educandos

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

53

9.2. ÁREA DE ESTUDO.

A área de estudo demonstrou-se adequada, por ser um bairro com discrepâncias

sociais que são ideais a aplicação do projeto, adequando a atividade tanto na escola

pública e particular.

Santos (2003) registra que a escola tem representado local adequado para as

práticas educativas em saúde, tendo em vista seu papel formador e as suas

potencialidades, no sentido de desenvolver habilidades, estimular atitudes e canalizar

interesses para o desenvolvimento de estilos de vida saudáveis.

Apesar dessas discrepâncias, a atividade apresentou com um bom

aproveitamento, visto que uniu a história de vida dos atores envolvidos.

9.3. UTILIZAÇÂO DE ESTRATÉGIAS.

Avaliação da seqüência didático-pedagógica produzida

Essa fase da pesquisa deu-se por meio da aplicação de toda a seqüência didática

desenvolvida, tendo sido dinamizada pela autora nas instituições de ensino

participantes, hora pela autora, hora pelos educadores.

9.4. PRIMEIRA ETAPA – LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO.

O levantamento bibliográfico foi focado na literatura especializada, procurando

autores que basearam-se os seus estudos na multidisciplinaridade e interdisciplinaridade

(MORIN, 2004; FRIGOTTO et al, 1995) necessários para o desenvolvimento do trabal

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

54

9.5. SEGUNDA ETAPA – CRIAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO-

PEDAGÓGICO

A produção da estória

Pode-se dizer que uma das principais mensagens da estória, consistiu-se na

‘Missão’ para qual a mãe do ‘Tiquinho’ o designou; pois se entende que tal conceito se

bem trabalhado em sala de aula e até no próprio lar, pode despertar na criança, seja

leitora ou ouvinte, a consciência de que ela é o principal ator no processo de

transmissão, e que muito embora ainda não possua autonomia para tratar-se

integralmente, pode mesmo assim fazer a parte que lhe cabe, evitando a transmissão do

piolho, permitindo o ‘empoderamento’5 por meio da aquisição de novas informações.

Essa atitude exemplificada no texto pela mãe do personagem principal, em geral

é muito diferente da observada nos casos da pediculose, assim como de algumas

doenças transmissíveis, onde a principal preocupação é a de não ser infectado, ou seja, a

de evitar pessoas com a doença, e não a preocupação de não transmitir.

Uma outra mensagem diz respeito à ‘catação’, ou seja, o ato de uma determinada

pessoa ‘catar’ lêndeas e piolhos em outra, que muito embora seja um dos métodos mais

antigos de tratamento da pediculose, não envolve custo financeiro, não agride a saúde

da criança e quando se torna um hábito pode servir como método inclusive de

prevenção quando há a detecção primária da parasitose.

Com relação à trama da estória, um outro fator importante a se destacar, diz

respeito aos nomes criados para os personagens, já que, todos receberam ao invés de

nomes próprios, apelidos. Tal fato explica-se, pois são muitos os preconceitos que

envolvem essa parasitose e, quando lida a estória, essa não deve ser veículo de vergonha

ou de brincadeiras inadequadas, caso viessem a existir educandos homônimos aos

personagens, diminuindo-se com isso a possibilidade de constrangimento.

5 Desde sua divulgação, a Carta de Otawa tem sido principal marco de referência da Promoção da saúde em todo o mundo, e ainda segundo um de seus componentes esta resgatava a dimensão da Educação em saúde e reforçava a idéia de ‘empoderamento’, ou seja , um processo de aquisição de conhecimentos que auxiliem os indivíduos no processo de capacitação. (Disponível em: <http://www.opas.org.br/coletiva /uploadArq/Ottawa.pdf>. Acesso em 09-09-09 às 12h)

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

55

A estória que dá início a toda a sequência didático pedagógica narra à situação

em que o personagem principal, ‘Tiquinho’ (Fig.4) morador da pequena cidade de

‘Itapopó do Norte’ (uma cidade de interior fictícia).

Figura 04. ‘Tiquinho’ – personagem principal da estória

Já ‘tratado’ pela sua mãe, ‘Dona Anita’, e no fim da história, ‘Tiquinho’ recebe

dela a missão de não transmitir piolho para os seus amigos da escola (‘Tonzinho’,

‘Digão’ e ‘Bela’) para que estes não tenham que passar por todo o tormento que ele

passou. A partir desse ponto (fim da estória), será dado início ao jogo que, por este

motivo, foi denominado ‘Missão Possível’.

A estória é basicamente dividida em duas partes:

1a parte - é narrada pelo educador, e trata principalmente da caracterização de

quesitos relacionados ao personagem principal, como por exemplo: seus hábitos, a

cidade e o local onde ele reside, amigos e familiares, instituição de ensino que

frequenta, pensamentos e passagens de seu cotidiano etc

2a parte - é destinada a leitura principalmente pelos educandos, sendo

constituída por sete estrofes intercaladas entre narração e versos (ANEXO - 01). É um

texto curto, que ocupa uma folha de papel, facilitando a cópia e distribuição para os

alunos.

Segundo Dupas (2008), o ideal em se trabalhar com estórias e crianças provém

de que o seu imaginário se desenvolve mais assim como o seu vocabulário,

permitindo que também crie as suas estórias ou poesias. Ainda segundo a mesma

autora, crianças que não vivenciam esse tipo de experiência torna-se pobre ou limitada

no que diz respeito à imaginação.

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

56

A PRODUÇÃO DO JOGO

Figura 05. O painel do jogo

O jogo possui também: manual de instruções, e trinta cartas com perguntas e

respostas, cujos versos possuem o logotipo do projeto, e a frente as perguntas e

respostas, conforme apresentado na próxima página:

Figura 06. Logotipo do projeto Figura 07. Cartas do jogo

As perguntas e respostas foram, em sua maioria, baseadas em pesquisa

bibliográfica, incluindo: livros, revistas e periódicos. E algumas outras foram

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

57

idealizadas como resultado de observações da ‘realidade’ pela autora. Resultando

especificamente em duas categorias, que foram definidas das seguintes formas:

A. Perguntas diretas: possuem uma formulação objetiva, tratando basicamente

sobre o conhecimento que os alunos detêm sobre o piolho e a pediculose –

principalmente características biológicas e ecológicas.

B. Situações-problema: são perguntas elaboradas de acordo com possíveis

situações as quais uma criança parasitada possa estar exposta, colocando-as frente a

decisões importantes, que envolvam: transmissão, tratamento e prevenção da

pediculose. Ressalta-se que, muito embora as mesmas aparentemente sejam situações

simples, ainda assim tornam-se um desafio, já que exigem maior análise, reflexão e a

interação dos grupos para a sua resolução. Deste modo, as perguntas foram planejadas,

classificadas e agrupadas da seguinte maneira:

Gráfico 02. Distribuição das perguntas do jogo quanto ao assunto/área das perguntas.

Destaca-se ainda, que além de serem atendidos requisitos básicos como as

referências de embasamento para a formulação das perguntas, houve também a

preocupação com a adequação da linguagem utilizada de modo a atender as

necessidades do público infantil, evitando-se colocações e palavras de maior

complexidade, como pode ser averiguado nos quadros a seguir: (Quadro 07)

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

58

Para que o ‘Missão Possível’ possa ser jogado é necessário que os alunos sejam

alfabetizados, tornando possível a leitura tanto da estória quanto dos cartões. Desta

forma, o público alvo sugerido para a aplicação do jogo encontra-se nas turmas de

segundo ao sexto ano do ensino fundamental, seguindo a nova denominação destas

séries.

Os critérios para a definição da faixa etária apóiam-se nos seguintes princípios: a

partir do segundo ano do ensino fundamental supõe-se que os alunos já foram

alfabetizados, e resultados de pesquisas apontam para a diminuição considerável de

crianças parasitadas a partir do sexto ano.

Quadro 07. Conteúdo das Cartas do jogo Missão Possível, com as perguntas, respostas e fonte de consulta para as mesmas.

Perguntas

Respostas

Fonte Classificação da

pergunta

1 - O piolho pode pular da sua cabeça para a de outro colega?

- Não, por que o piolho não pula!

Livro: entomologia para você. Autor: Messias Carrera, 1980.

-Características biológicas e ecológicas.

2 - Quando o piolho está na nossa cabeça, o que ele come? - Opções: A- cabelo B- sangue C- caspa

- RESPOSTA: Letra “B”

Livro: entomologia para você. Autor: Messias Carrera, 1980.

-Características biológicas e ecológicas.

3 - Para vocês, o piolho a barata e a pulga são parentes?

- Sim, pois todos eles são insetos.

Livro: entomologia para você. Autor: Messias Carrera, 1980.

-Características biológicas e ecológicas.

4 - Por que quando o piolho está na nossa cabeça fica difícil vê-lo?

- Porque o piolho se camufla como um camaleão, ficando com uma cor muito próxima da cor do nosso cabelo.

Site da Kwell: http://www.kwell. com.br/

-Características biológicas e ecológicas: curiosidades.

5 - Onde ficam os ovos que o piolho põe?

- Grudados nos fios de cabelo.

Livro: Bases da Parasitologia Médica Autor: Luiz Paulo Rey,2008.

-Características biológicas e ecológicas.

6 - Como é que o piolho faz para comer?

- Ele pica a nossa cabeça e suga o nosso sangue.

Livro: Bases da Parasitologia Médica Autor: Luiz Paulo Rey,2008.

-Características biológicas e ecológicas.

7 - O que é uma lêndea? - É o nome que se dá ao ovo do piolho.

Livro: Bases da Parasitologia Médica Autor: Luiz Paulo Rey,2008.

-Características biológicas e ecológicas.

8 - Você sabe como o piolho faz para passar de uma pessoa para outra?

- O piolho possui garras que se prendem facilmente em nossas roupas e

Artigo científico: cadernos de saúde pública – Ectoparasitoses e

-Características biológicas e ecológicas.

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

59

cabelos, então basta ele cair sobre nós, para iniciar a sua escalada até a cabeça!

saúde pública no Brasil: desafios para controle. Autores: Jörg Heukelbach; Fabílola Araújo Sales de Oliveira; Hermann Feldmeier. setembro/Outubro de 2003.

9 - Quando pegamos piolho, como percebemos que ele está na nossa cabeça?

- Quando ele anda – quando ele morde - quando a cabeça coça - quando nós ou outras pessoas o vemos, etc.

Livro: Bases da Parasitologia Médica Autor: Luiz Paulo Rey,2008

-Características biológicas e ecológicas.

10 - O piolho pode voar ou não?

- Não, pois ele não tem asas!

Livro: entomologia para você. Autor: Messias Carrera, 1980.

-Características biológicas e ecológicas.

11 - Diga uma coisa que você pode fazer para evitar pegar o piolho:

- Para confirmar se resposta está correta, fale com o professor.

Da própria autora. - Medidas de prevenção.

12 - Existem alguns objetos pessoais, que se você emprestar ou pedir emprestado pó-dem facilitar a transmissão do pio-lho, diga 3 exemplos:

- Boné, pente, escova, prendedores de cabelo, toalhas, etc.

Artigo científico: cadernos de saúde pública – Ectoparasitoses e saúde pública no Brasil: desafios para controle. Autores: Jörg Heukelbach; Fabílola A. S.Oliveira; Hermann Feldmeier. Set/Out 2003.

- Medidas de prevenção.

13 - Tanto menina quanto menino podem pegar piolho?

- Todos os dois podem pegar piolho, só que as meninas normalmente têm o cabelo maior facilitando a sua transmissão.

Artigo Científico: I Bienal de Pesquisa da Fundação Oswaldo Crus. P.200. Estudo da pediculose no estado do Rio de Janeiro. 1998.

- Formas de transmissão.

14 - Qual é o nome que se dá a doença causada pelo piolho? - Opções: A- verminose B- pediculose C- dengue

RESPOSTA: Letra “B”

Livro: Bases da Parasitologia Médica Autor: Luiz Paulo Rey,2008

-Características biológicas e ecológicas.

15 - Além da escola existem outros lugares em que você possa pegar piolho. Diga três exemplos:

- Sim. Exemplos: no ônibus, brincando com colegas na sua rua ou na sua casa, etc. Para pegar piolho, basta ter contato com alguém ou com algum lugar onde o bichinho esteja!

Revista: saúde! É vital. Artigo – Piolho: não deixe que ele suba à cabeça/maio de 2006. Opinião do Dr. Júlio Vianna Barbosa- FIOCRUZ. Disponível em: http://saude. abril.com.br/edicoes/0273/familia/conteudo

- Formas de transmissão.

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

60

_133879.shtml 16 - Para quê serve o pente fino

que a nossa mãe usa em nossa cabeça?

- Para retirar as lêndeas dos fios, e também os piolhos que ficam passeando pela nossa cabeça.

- Artigo Científico: II Encuentro Nac de Entomologia Médica y Veterinária. Pediculose no Brasil. Autores: Júlio V Barbosa & Zeneida T. Pinto, 2003.

- Formas de tratamento.

17 - Apenas lavar a cabeça pode matar o piolho afogado?

- Não, pois o piolho pode parar de respirar até você acabar de lavar a cabeça, respirando normalmente depois, e continuando vivo.

Revista: ciência hoje das crianças. Artigo: invasores de cabeleira, no134, abril/2003.

-Características biológicas e ecológicas:curiosidades.

18 - Qualquer pessoa pode pegar piolho?

- Sim, qualquer pessoa: crianças, adolescentes, adultos, idosos, negros e brancos, etc.

Revista: saúde! É vital. Artigo – Piolho: não deixe que ele suba à cabeça/maio de 2006. Opinião do Dr. Júlio Vianna Barbosa- FIOCRUZ. Disponível em: http://saude. abril.com.br/edicoes/0273/familia/conteudo_133879.shtml

- Formas de transmissão.

19 - Para vocês, os animais como: galinha, gato, cachorro, e bois também podem pegar piolho, ou não?

- Sim! Os animais também podem pegar piolho! Mas o tipo de piolho deles é diferente do nosso.

Livro: entomologia para você. Autor: Messias Carrera, 1980. Revista: ciência hoje das crianças. Artigo: invasores de cabeleira, no134, abril/2003.

-Características biológicas e ecológicas: curiosidades.

20 - Para você, quais são os pontos negativos de pegar piolho?

- Para saber se a resposta está correta, peça o auxílio do professor.

Da própria autora. - Opiniões pessoais.

21 - Diga uma coisa que o piolho precisa para sobreviver:

- Ele precisa da cabeça de alguém para sugar o sangue e se reproduzir pondo os seus ovos nos fios de cabelo.

Da própria autora, com base na literatura.

-Características biológicas e ecológicas.

22 - Sua mãe conseguiu matar todos os seus piolhos, mas as lêndeas ficaram. O que poderá acontecer?

- Novos piolhinhos nascerão das lêndeas, ficarão adultos e poderão colocar mais ovos!

Da própria autora. - Situação problema: tratamento.

23 - Você estava com muitos piolhos. Após ter sido tratado pela sua mãe, restou em sua cabeça apenas um piolho fêmea. O que poderá acontecer?

- Ela poderá colocar novos ovos, de onde nascerão mais piolhos.

Da própria autora. -Situação problema: tratamento.

24 - Existe piolho fêmea e piolho macho, ou piolho é tudo igual?

- Sim! Existe piolho fêmea e piolho macho.

- Livro: entomologia para você. Autor: Messias Carrera, 1980.

-Características biológicas e ecológicas.

25 - Se você estiver com piolhos, o que deve fazer para que eles não passem para outras pessoas?

- Para saber se a resposta está correta, peça ajuda ao

Da própria autora. -Situação problema: transmissão e prevenção.

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

61

professor. 26 - Diga uma forma de tratamento

correta para matar ou tirar os piolhos:

- Para saber se a resposta está correta, peça ajuda ao professor.

- Da própria autora. - Situação problema: tratamento.

27 - Se você pegar piolho qual é a coisa certa a fazer? Opções: A - Esconder de todo mundo, pois está morrendo de vergonha; B - Contar para o seu melhor amigo, mas pedir que ele não conte para ninguém; C - Falar com a sua mãe ou com a sua professora.

RESPOSTA: letra “C”

- Da própria autora. -Situação problema: transmissão.

28 - Quem já pegou piolho pode pegar novamente?

- Sim, a pessoa pode pegar piolho quantas vezes tiver contato com este bichinho.

- Da própria autora, com base na literatura.

-Características biológicas e ecológicas.

29 IMAGINE - Sua mãe tirou todos os piolhos da sua cabeça e você foi dormir. No dia seguinte você ama-nheceu com piolho, será onde que você pegou?

- Pode ter sido: no travesseiro, na cama, na toalha de banho, nas roupas, no pente, etc.

- Da própria autora com base na literatura.

-Situação problema: transmissão.

30 - Ter piolho é um tipo de doença? - Sim, da mesma forma de quem tem verme, sarna ou micose. Todos esses organismos parasitam o nosso corpo e prejudicam a nossa saúde.

Livro: Bases da Parasitologia Médica Autor: Luiz Paulo Rey,2008

-Características biológicas e ecológicas: saúde.

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

62

9.6. TERCEIRA ETAPA - AVALIAÇÃO DO MATERIAL EDUCATIVO

PRODUZIDO.

Atividade piloto

Foi realizada uma atividade piloto na Sociedade Educacional Crismogali – SEC

(fig. 5), objetivando detectar fatores críticos como: o tempo necessário à aplicação da

sequência didática, pertinência/facilidade do manuseio, ‘adesivagem’ e utilização. O

intuito foi perceber a necessidade de ajustes no processo. Este procedimento foi

realizado com 86 educandos conforme gráfico .....

Posteriormente (aproximadamente duas semanas depois) realizou-se a aplicação

do questionário (pré-teste – ANEXO 02) contendo treze perguntas, dentre elas dez

objetivas e três discursivas. O questionário foi aplicado não pela autora, mas pela

professora de sala de aula, sob pedido de ética quanto à troca de informação entre os

educandos.

Não houve a necessidade de ajuste no questionário, permanecendo assim a

autenticidade da metodologia.

Gráfico 03. Número de educandos e instituições pesquisados.

Número de educandos e instituições pesquisados:

1316

19 19 19

0

5

10

15

20

Instituições

Edu

cand

os

Escola Estadual Alberto BrandãoColégio AnchietaEscola Estadual Ismélia SaadColégio Nossa Senhora da PenhaSociedade Educacional Crismogali

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

63

9.7. RESULTADOS DA APLICAÇÃO DAS DINAMICAS – ATIVIDADE

‘PILOTO’ E EM OUTRAS INSTITUIÇÕES.

A aplicação da dinâmica

Tempo de duração

Observou-se que para a aplicação de toda a sequência didática são necessárias

aproximadamente duas horas e trinta minutos, incluindo desde a etapa de arrumação da

classe, introdução com a estória, colocação do painel e aplicação do jogo até a

finalização da aula.

Compreensão das perguntas e respostas pelos educandos

Foi possível constatar que as perguntas e respostas contidas nos cartões foram

bem compreendidas demonstrando estarem legíveis, com fontes de tamanho adequado,

com uma linguagem acessível a faixa etária a que se destina, e com situações-problema

conhecidas.

De modo que se pôde comparar o interesse pelo jogo também se baseando neste

fator, percebendo-o maior entre os educandos com idades iguais ou inferiores aos 12

anos. Algumas das atitudes percebidas entre os educandos ‘menores’ e poucas vezes

entre os ‘maiores’, foram: atenção ao jogar, envolvimento com o assunto, interesse em

tocar o painel e os personagens, pedido de silêncio para os colegas, entrosamento no

grupo, estabelecimento de estratégias etc.

O painel do jogo

O painel demonstrou ser de fácil manuseio, tanto em sua colocação no quadro-

negro quanto na sua utilização e retirada. Na realização do piloto foram detectados: a

necessidade da utilização de fita adesiva na parte superior do painel - apenas nas

extremidades para dar maior sustentação, a numeração das ‘casas’ de velcro, a

elaboração de uma dinâmica para determinar os grupos com o objetivo de impedir a

exclusividade de meninos ou de meninas nos mesmos.

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

64

A apresentação da estória para os educandos

Sobre a estória apresentada, identificou-se uma aceitação geral, tendo sido lida

por todos os alunos participantes, gerando inclusive algumas discussões e comparações

com a realidade vivida pelos personagens e por estes.

A conduta dos participantes – incluindo os educadores de ‘sala de aula’

Com relação às educadoras que participaram da experiência, pode-se dizer que

três atuaram ativamente, principalmente impondo limites as turmas, opinando e

realizando perguntas. Destas, duas eram de instituições particulares e uma de instituição

pública. As outras duas participantes (instituição particular e pública) não ajudaram na

organização das turmas, inclusive estando fora de sala de aula por quase todo o período

da aplicação da sequência. Justamente nessas turmas houve uma grande dificuldade em

se estabelecer a ordem necessária para a aplicação do jogo, tendo de se interromper a

dinâmica por diversas vezes em meio a brigas e demonstrações de violência. Segundo

Segura (2009), em situações de crise como as constatadas, podem haver meios de

atenuar tais representações por meio de atitudes tais como: saber escutar, fazer um

elogios, pedir um favor, pedir desculpas. Porém todos esses exemplos devem ser

precedidos de análise anterior a ação.

Em seu trabalho envolvendo atividades lúdicas e também a atualização de

educadores sobre a pediculose, Cunha (2006) teve o mesmo problema com relação à

não presença dos educadores em sala de aula, porém devido as diferenças

metodológicas, em seu trabalho pode-se evidenciar informações que não foram detidas

pelos educadores, como por exemplo:

o professor não sabia como surgiram os piolhos;

o professor não sabia que se pega piolhos de animais como cabritos, cachorro ou

carneiro;

o professor não sabia se o piolho era um inseto ou um parasito;

o professor não sabia se a lêndea ao estourar, o piolho já está grande;

o professor não sabia como terminar com as lêndeas sem passar medicamento

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

65

Quanto à utilização de jogos em sala de aula

Para traçar um panorama sobre a prática de aulas com jogos nas turmas

visitadas, foi perguntado se já tiveram a oportunidade de vivenciá-las em outros

momentos: aproximadamente 58,1% responderam que sim, enquanto 24,4% não se

lembram e 15% disseram que nunca a tiveram. Ainda neste eixo, perguntou-se quanto à

possibilidade de aprenderem com jogos aplicados em salas de aula: cerca de 93%

acreditam que em aula com jogos também se aprende, e 7% disseram que depende,

expressando-se em discursos como os seguintes:

“nem todos os alunos se interessam” ;

“se o jogo é educativo, sim; se não for, não”;

“pois alguns alunos não irão prestar atenção a aula”;

“se os jogos forem como este sim”;

“depende do tipo de jogo”.

É importante destacar que cerca de oito educandos (aprox. 9,3%) apresentaram

alguma alteração emocional ou problemas no trabalho em grupo. Esta observação revela

não ser trivial à realização de trabalhos em grupo em sala de aula, uma vez que as

reações variaram entre: violência física entre os colegas do mesmo grupo ou de grupos

opostos, choro, recusa em fazer parte de um determinado grupo, agressão verbal, recusa

em perder ou errar, recusa em ler para todos etc.

Aceitação do jogo pelos educandos

Especificamente sobre o jogo, no cômputo geral a opinião dos educandos foi

positiva, o que pode ser observado pelas respostas dos mesmos quando perguntados se o

acharam divertido (94,2% - sim), se gostaram de jogar (89,5% - sim), se jogariam

novamente (98% - sim), e se gostaram das ilustrações (96,5% - sim). O percentual

negativo para estas perguntas foi ínfimo, tal como indicam a seguir, os gráficos: 04; 05;

06; 07.

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

66

Dentre as considerações descritas pelos educandos como sendo o ‘mais legal’ no

jogo foram encontradas opiniões diversas, que englobam desde a dinâmica do jogo, a

sua aparência e regras - é importante destacar, que onze educandos deixaram de

responder a esta perguntas.

Gráfico 8. O que os educandos mais gostaram no jogo

O que os educandos mais gostaram no jogo:

10

42 2 1 1 1

20

16 16

0

5

10

15

20

25

Opiniões

Edu

cand

os

As perguntas e respostasOs piolhos 'gigantes'Ter aprendido mais sobre o piolho Os personagens e os outros desenhosO caminho dos piolhosO trabalho em grupoOs cartõesA possibilidade de ganhar ou perder o jogoO momento das explicações pela professoraGanhar pontos

Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

67

O QUE ELES JÁ SABIAM? E O QUE ELES APRENDERAM?

Antes da atividade

Sobre as informações que tinham sobre o piolho e a pediculose antes de jogar:

71% afirmaram saber pouca coisa, 17,4% disseram saber bastante coisa e 11,6%

disseram não saber nada.

Após a atividade

Sobre as informações após a atividades estão de acordo com as tabelas de números: 01;

02; 03; 04.

O conhecimento dos educandos à cerca da pediculose

Sobre o que os educandos aprenderam com o jogo, para uma melhor

interpretação dos resultados, as respostas foram separadas em três categorias, sendo:

A - características biológicas do piolho;

B - formas de prevenção e tratamento;

C - formas de transmissão.

Page 84: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

68

A. As características biológicas do piolho f oram as informações aprendidas mais

comentadas, totalizando cerca de 83,5% das respostas (Tabela 01)

Tabela 01. Características biológicas do piolho citadas pelos educandos após a

atividade.

f % Piolho não pula 45 23,3 Piolho não voa 44 22,8 Que o piolho fica na raiz do cabelo 16 8,3 Piolho se alimenta de sangue 15 7,8 O nome do ovo do piolho é lêndea 14 7,2 Que o piolho possui garras 14 7,3 Que o piolho para de respirar quando lavamos a cabeça 10 5,2 Que existe piolho macho e piolho fêmea 10 5,2 Que as lêndeas ficam presas aos fios de cabelo 5 2,6 Que o piolho pode transmitir outras doenças 5 2,6 Que o piolho é um inseto 5 2,6 Que os animais também têm piolho 3 1,5 Que existe piolho do corpo, da cabeça e das partes íntimas 3 1,5 Que piolho é um parasito 2 1 Que o piolho pica 1 0,5 Que pediculose é a doença causada por piolho 1 0,5 Total: 193 100

Consideram-se todas as respostas encontradas importantes para a melhor

compreensão, tanto do ciclo de vida do parasito quanto da parasitose propriamente dita.

Destacando-se, porém, as mais comentadas (cerca de 46,1%), que referem-se a terem

aprendido que o piolho não pula e não voa. Tal resultado revela, senão, que

aproximadamente metade dos educandos pesquisados, antes da aplicação do jogo,

desconheciam a principal via de transmissão do piolho – o contato. Em um estudo de

concepções sobre a pediculose em Cuba, Cruz e Rojas (2000) encontraram entre

crianças e familiares declarações compatíveis a estes resultados, onde atribuía-se a

facilidade na transmissão do piolho ao fato dos mesmos voarem de uma cabeça para

outra, tornando mais difícil o controle das transmissões.

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

69

B. Formas de prevenção e tratamento da pediculose, após a atividade.

As formas de prevenção e tratamento totalizaram cerca de 10% das respostas. (Tabela 02)

As respostas sobre formas de prevenção e tratamento detectadas foram agrupadas da seguinte forma: Tabela 02. Formas de prevenção e tratamento da pediculose citadas pelos educando, após

a atividade.

C. As respostas menos citadas foram às formas de transmissão do piolho...

Tabela 03. Formas de transmissão do piolho citadas pelos educandos.

Tabela 04 - Declarações dos educandos sobre as formas de evitar 'pegar' piolho aprendidas com o jogo:

f % Usar o pente-fino 7 30,4 Contar a mãe ou a professora que está com piolho 7 30,4 Lavar a cabeça 5 21,7 Passar algum tipo de óleo nos cabelos 2 8,7 Catação 2 8,7 Total: 23 100

f % 1 - Não ficar próximo a outras pessoas quando estiver com piolhos 1 6,7 2 - Não ficar próximo a pessoas que estão com piolho 1 6,7 3 - Que o piolho pode passar de uma pessoa para outra 1 6,7 4 - Tanto meninos quanto meninas podem pegar piolho 1 6,7 5 - Que se pode pegar piolho mais de uma vez 1 6,7 6 - Que se pode pegar piolho em diversos locais (ônibus, escola, em casa, etc.) 2 13,3 7 - Que o piolho é transmitido através do contato 8 53,3 Total: 15 100

f % Evitar a pessoa que esteja com piolho. 24 30,7Passar algum óleo ou condicionador nos cabelos. 17 21,8Lavar a cabeça diariamente utilizando xampu e condicionador. 14 18 Não emprestar ou utilizar prendedores de cabelo, roupas, escovas, bonés e pentes de outras pessoas.

10 12,8

Passar algum tipo de ‘remédio’ na cabeça como, por exemplo 'xampu para matar piolho'.

5 6,4

Passar o pente fino nos cabelos. 4 5,1 Tratar a si próprio para não transmitir o piolho para as outras pessoas. 2 2,6 Evitar proximidade com quem esteja parasitado, ex: cabeça com cabeça, encostar, etc

2 2,6

Total: 78 100

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

70

CORRELAÇÃO – APRENDIZADO X MATERIAL APRESENTADO-

RECURSOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS

Após compilados os resultados dos questionários preenchido pelos educandos,

as respostas foram analisadas e posteriormente re-agrupadas em classes, com relação as

suas supostas ‘origens’ na dinâmica apresentada, ou seja: ilustrações do painel, cartas do

jogo, discurso da mediadora e nas conclusões subjetivas dos educandos.

Na correlação entre o que foi apresentado pela autora (no papel de mediadora) e

o que foi respondido pelos educandos nos questionários, foram identificados os

seguintes resultados: (Quadro 08)

Quadro 08. Classificação das respostas dos alunos segundo a sua origem na dinâmica

apresentada – (Características biológicas o piolho), após a atividade.

R E C U R S O S I D E N T I F I C A D O S

ORIGEM DAS RESPOSTAS RESPOSTAS

Cartas do Jogo

- Que o piolho pica. - Que pediculose é a doença causada por piolho. - Que os animais também têm piolho. - Que as lêndeas ficam presas aos fios de cabelo. - Que o piolho é um inseto. - Que o piolho para de respirar quando lavamos a cabeça. - Que existe piolho macho e piolho fêmea. - O nome do ovo do piolho é lêndea. - Que o piolho possui garras. - Piolho se alimenta de sangue. - Piolho não voa. - Piolho não pula.

Discurso da Mediadora

- Que piolho é um parasito. - Que existe piolho do corpo, da cabeça e das partes íntimas. - Que o piolho fica na raiz do cabelo. - Que o piolho pode transmitir outras doenças.

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

71

Quadro 09. Classificação das respostas dos educandos segundo a sua origem na

dinâmica– (Formas de prevenção e tratamento).

Quadro 10– Classificação das respostas dos educandos segundo a sua origem – (Formas de transmissão).

ORIGEM DAS RESPOSTAS

RESPOSTAS

Cartas do Jogo

- Tanto meninos quanto meninas podem pegar piolho - Que se pode pegar piolho mais de uma vez - Que se pode pegar piolho em diversos locais (ônibus, escola, em casa, etc.)

Discurso da Mediadora - Que o piolho é transmitido através do contato Conclusões dos educandos

- Não ficar próximo a outras pessoas quando estiver com piolhos - Não ficar próximo a pessoas que estão com piolho - Que o piolho pode passar de uma pessoa para outra

Com o detalhamento das respostas deste item, ficou claro que todos os

elementos colocados (cartas, mediação, painel) tiveram influência nas respostas dos

educandos. Sendo as informações obtidas pelas cartas do jogo e pelo discurso da

mediadora as mais citadas, seguidas pelo painel do jogo. De modo que se considera ter-

se obtido um bom aproveitamento, tanto do material quanto da dinâmica, seja: entre os

jogadores, os grupos e entre os mesmos com a mediadora.

Além de respostas com origem nas cartas do jogo, no discurso da mediadora, e

nas imagens do painel, houve também a explicitação de conclusões dos próprios

educandos, que muito embora, em menor número, devem ser consideradas.

No penúltimo item do questionário, tratando especificamente sobre a prevenção

da pediculose, os alunos foram perguntados se após jogar sabem como fazer para não

‘pegar’ piolho. Os resultados encontrados foram os seguintes: 90,7% disseram que sim,

7% disseram que não e 2,3% disseram não se lembrarem.

ORIGEM DAS RESPOSTAS

RESPOSTAS

Cartas do Jogo e Painel

- ‘Catação’ - Utilização de pente-fino

Discurso da Mediadora

- Passar algum tipo de óleo nos cabelos - Lavar a cabeça

Cartas do Jogo/especificamente

- Contar a mãe ou professora que está com piolho

Page 88: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

72

Nas declarações, foram identificados conceitos transmitidos na seqüência

pedagógica com origem, tanto nas perguntas e respostas do jogo, quanto no discurso da

mediadora, representando a grande maioria das respostas (69,2%). Porém, cerca de

30,8% das respostas, que dizem respeito a “evitar a pessoa que esteja com piolho”; não

correspondem a nenhum tipo de informação transmitida no decorrer da sequência,

podendo ser uma expressão oriunda dos preconceitos já internalizados pelos educandos

com relação a pediculose.

Page 89: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

73

ACEITAÇÃO DAS REGRAS DO JOGO

Saindo do eixo que diz respeito à opinião dos educandos e o que aprenderam

sobre o jogo, parte-se para as observações sobre a aceitação das regras do jogo pelos

mesmos.

Foi percebido nos participantes de todas as instituições pesquisadas, uma forte

tendência para a competitividade. Com diversas demonstrações da necessidade em se

vencer no jogo, como por exemplo: torcidas para que os grupos rivais perdessem e

sucessivas contestações das respostas pessoais – situações-problema, etc. Porém,

contrariamente a esta tendência, em nenhuma das instituições ocorreu um placar com

primeira, segunda e terceira colocação. De modo, que houve empate em todos os casos,

como demonstrado no quadro a seguir:

Quadro 11. Colocação dos grupos no jogo Missão Possível.

INSTITUIÇÕES

PLACAR Empate na 1a

colocação Empate na 2a

colocação 3a Lugar

• Sociedade Educacional Crismogali.

Dois grupos no 1o lugar.

Um grupo no 2o lugar.

Nossa Senhora da Penha.

Três grupos no 1o lugar.

• E. E. Ismélia Saad. Um grupo no 1o lugar.

Dois grupos no 2o lugar.

• Colégio Anchieta. Todos os grupos no 1o lugar.

• E. E. Alberto Brandão.

Dois grupos no 1o lugar.

Um grupo no 2o lugar.

A princípio houve reclamação de parte dos educandos, que acreditavam que

poderia haver apenas um grupo na primeira colocação, porém ao final da dinâmica,

muitos já não se lembravam deste detalhe, e todos comemoraram as suas colocações.

Na tentativa de explicar este comportamento inicial, chegou-se a possível

conclusão de que um dos fatores que o influenciam pode ter origem no costume na

prática de jogos competitivos na sociedade como um todo, envolvendo inclusive

instituições de ensino, onde em diversas modalidades esportivas ocorre apenas um

vencedor, ficando os outros participantes na segunda ou terceira colocação. Duran

(2000 apud GÓMEZ et al, 2005) explica que apesar das contribuições educativas dos

Page 90: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

74

jogos cooperativos, estes foram relegados da escola tradicional devido ao fato de que

tais interações são perturbadoras na dinâmica da aula devendo por tanto, ser eliminadas

ou limitadas. De modo que as formas individual e competitiva permitem maior controle

da turma.

No último item do questionário, foi perguntado se o jogo está bom como está ou

se deveriam ser feitas alterações. A grande maioria (95,3%) disse não ser necessário

realizar alterações, expressando-se com opiniões que incluem:

- “O jogo é super maneiro” (Sociedade Educacional Crismogali).

- “Foi muito bom por que todo mundo se distraiu” (Escola Estadual Alberto

Brandão).

- “Foi muito legal por que eu nunca tinha jogado antes” (Escola Estadual Ismélia

Saad).

E a outra parte dos alunos (4,7%) sugeriu as seguintes alterações:

- “Devem ser feitas perguntas mais difíceis” (Escola Estadual Alberto Brandão).

- “Não ter pontuação, ganha quem chegar primeiro” (Colégio Nossa Senhora da

Penha).

- “Quando a pessoa errar, deve continuar no caminho vermelho” (Escola

Estadual Ismélia Saad).

- “Mudar o número de ‘casas’ de dez para cinco” (Escola Estadual Ismélia

Saad).

Tabela 05. Se o jogo está bom assim, ou se devem ser feitas alterações.

f % A professora deve fazer alguma alteração no jogo 4 4,7 O jogo está bom assim mesmo 82 95,3 Total: 86 100

As sugestões dos educandos foram levadas em conta, e futuramente serão

melhor analisadas, servindo como um instrumento que auxilie na produção do modelo

definitivo do jogo.

Page 91: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

75

9.8. RESULTADOS DA OTIMIZAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO-

PEDAGÓGICO.

A princípio a estória era resumida, ou seja, o educador fazia uma pequena

introdução e posteriormente distribuía a estória destinada aos educandos. Já que o

objetivo inicial da pesquisa era apenas o de reparar aceitação pelo público-alvo da

junção ente estória/jogo, já que frente a uma brincadeira a leitura de um texto pode

parecer muito mais desinteressante... Não fazia diferença quantos parágrafos teria a

mesma.

Percebida a aceitação por parte dos educandos a estória ganhou novos

elementos, dentre eles culturais, regionais, sociais, econômicos, comportamentais, etc.

Com uma introdução maior lida pelo educador, percebeu-se maior participação

entre educandos e o educador, percebido pois muitos demonstraram claramente que

estavam divertindo-se, entre risadas, perguntas e comentários.

A nova estória introdutória (ANEXO - 03) demonstra claramente um

personagem principal que mora em uma cidade rural, que gosta de inventar coisas, e que

não se importa com o que os outros pensam dele. Esses e outros fatores podem

contribuir para um melhor diálogo entre os educandos e o educador no momento pré-

jogo enriquecendo-o e até mesmo tornando o momento rico em questionamentos e

aprendizagem que pode ir da instituição para o ambiente familiar contribuindo para a

Promoção da Saúde.

O jogo manteve a sua conformação original, porém diferente do protótipo que

foi completamente manufaturado, o segundo passou por diferentes fases até que se

atingisse o objetivo principal: produzir um painel do jogo digitalizado, podendo a partir

daí reproduzi-lo na medida da necessidade, sem tanto trabalho manual. Portanto irão ser

descritas as etapas pelas quais o mesmo passou desde o seu início.

Uma necessidade durante a aplicação do jogo foi a de produzir crachás para

evitar a escolha de membros dos grupos por eles mesmos, evitando-se as famosas

‘panelinhas’ e também exclusões, de modo que os crachás indicavam por meio de

imagens dos personagens do painel e numeração (1, 2, 3), quem estaria em qual grupo.

Page 92: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

76

PRIMEIRA ETAPA

Todos os desenhos do painel original foram refeitos, sem que tivessem para

isso nenhuma referência em livros ou outras ilustrações. Todas as imagens foram

desenvolvidas propriamente para o jogo.

As fases de produção foram as seguintes:

A. Desenho à mão dos personagens e paisagem – utilização de lápis, borracha e

nanquim, e posteriormente digitalizada (Fig. 08 e 09).

Figura 08. Desenho feito à mão Figura 09. Já digitalizada

(Tonzinho)

B. Digitalização das imagens – utilização de ‘scanner’

C. Pintura digital de todas as imagens por meio do programa ‘Paint’

(‘Windows’)

Figura 10. Tiquinho Figura 11. Belinha Figura 12. Digão

Page 93: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

77

D. Utilização do programa de computador ‘Power Point’ para a montagem do

painel;

Figura 13. Painel do jogo digitalizado

E. Painel já impresso em formato de ‘Banner’

Figura 14. ‘Banner’ do jogo

Exemplo do ‘PIOLHÃO’ aderido ao velcro do painel.

Page 94: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

78

9.9. RESULTADOS DA DINAMIZAÇÃO DA SEQUÊNCIA DIDÁTICO-

PEDAGÓGICA, JÁ OTIMIZADA, PELOS EDUCADORES DO 2O AO 5O ANOS.

Antes de falar-se aqui dos resultados, é necessário ter em mente que muito

embora este não tenha consistido em um programa educativo duradouro, ainda assim,

fez parte de um programa que, além de visar à informação de educandos para a

Promoção da Saúde nas escolas, objetivando a melhoria de vida com relação a

pediculose e ao comportamento frente a tal doença, a fim de não torna-la pior do que já

se apresenta; propôs-se também, a concomitantemente tal ato a formação

continuada/atualização de professores no que diz respeito ao piolho e a pediculose.

E confirmando-se o que já era esperado obteve-ser resultados positivos, ou

seja:

Todos os educadores do segundo ao quinto ano do ensino fundamental

participaram ativamente, leram o material didático disponibilizado e aplicaram

a Sequência Didático Pedagógica em suas respectivas salas de

aula,comprovando, que se por vezes não o fazem provavelmente seja por falta

de materiais e metodologias que inovem o fazer educativo.

Infelizmente, a formação continuada de professores, muito embora seja um ato

necessário, não ocorre tão frequentemente quanto deveria.

Segundo o artigo de nº. 80 da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) nº. 9.394/96 a

Formação Continuada é garantida para os educadores basicamente como uma

necessidade:

(...) A formação continuada é necessidade intrínseca para os profissionais da educação escolar e faz parte de um processo permanente de desenvolvimento profissional que deve ser assegurado a todos. A formação continuada deve proporcionar atualizações, aprofundamento das temáticas educacionais e apoiar-se numa reflexão sobre a prática educativa, promovendo um processo constante de auto-avaliação que oriente a construção contínua de competências profissionais. (...) intercâmbios, cursos, palestras, seminários, são importantes meios de atualização, de troca e de ampliação do universo cultural e profissional das equipes. Entretanto, não devem perder de vista a ligação com as questões e demandas dos professores sobre seu trabalho (Lei de Diretrizes e Bases, 2002)

Page 95: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

79

9.10. RESULTADOS RELATIVOS À AVALIAÇÃO DOS EDUCADORES.

A estória - abordagem

Cada uma das educadoras escolheu uma forma peculiar de ler a introdução da estória,

tendo sido a educadoras as mesma divididas aqui em classes: A, B, C, D:

CLASSES

A. Leu sozinha para a turma, as duas partes da estória– 2o do ensino fundamental

B. Leu a introdução sozinha dando ar teatral a mesma e posteriormente, na hora da

leitura pelos educandos escolheu um a um para que lessem cada parágrafo. – 3o do

ensino fundamental.

C. Leu toda as duas estórias sozinha – 4o ano do ensino fundamental.

D. Leu a introdução sozinha e pediu que todos lessem juntos a segunda parte da estória

– 4o ano.

O jogo

Todas as educadoras seguiram o roteiro para a excussão do jogo, a fim de não se

confundirem durante o mesmo (ANEXO - 04).

Todas foram capazes de seguir o sistema de rodadas pré-definido e não houve

erro em momento algum. (ANEXO - 05)

Em algumas turmas os próprios educandos marcavam a pontuação no quadro ou

moviam os piolhos no painel de acordo com o que as educadoras determinavam, isso

servia para motivá-los, sempre a aguardarem pela sua vez em fazê-lo.

Cada educadora arrumou as suas salas de aula de acordo com o já conhecido

comportamento de suas turmas.

Page 96: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

80

Pesquisa informal de fechamento de opiniões sobre o processo com as educadoras

Segundo cada uma das participantes, em pergunta informal ao início da semana

posterior ao da aplicação da dinâmica e em reunião:

cada uma delas leu a estória de uma maneira diferente pois isso dependia

também de como elas imaginavam que os educandos reagiriam com relação ao

comportamento.

Todas acharam à atividade positiva e disseram ter aprendido muito, não apenas

sobre o piolho e a pediculose, mas também sobre inovações possíveis em termos de

ensino.

Houve apenas reclamação sobre o tempo disponível para a realização desse tipo

de atividade, já que a própria instituição de ensino já possui um calendário muito

‘apertado’ devido a ocorrência de diversos eventos, de igual ou maior importância,

ao longo do ano letivo inviabilizando o tempo necessário para a formação

continuada.

Essa constituiu-se em uma reunião com entrevista não estruturada, tendo sido

conduzida de acordo com o que as educadoras comentavam, já que o objetivo principal

era o de saber se em um curto período de tempo e se com instruções básicas as mesmas

conseguiriam dinamizar a Sequência Didático Pedagógica sem o auxílio da autora, o

que observou-se positivamente, já que todas conseguiram.

Page 97: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

81

10. CONCLUSÕES.

A criação do material educativo abordando a interdisciplinaridade entre

educação, saúde e meio ambiente provou ser uma ferramenta fundamental quando

aplicada dentro da metodologia aqui apresentada.

Tanto o jogo quanto a estória foram produzidos constituindo uma

sequência Didático-Pedagógica sobre a pediculose acessível tanto a educadores, quanto

aos educandos;

A Sequência Didático-Pedagógica produzida foi aplicada nas cinco

instituições de ensino do Fonseca, provando ser exeqüível, e bem aceita pelos

educandos; contribuíndo para o processo de aprendizagem.

As modificações realizadas não interferiram na aplicação das atividades.

Todos os educadores que dinamizaram a sequência Didático-Pegógica

‘Missão Possível’ em suas turmas foram bem sucedidos, compreendendo bem as regras

e conseguindo dinamizar a atividade até o final.

Foi possível promover a formação continuada dos educadores

envolvidos, já que todos conseguiram compreender o projeto e dinamizar a Seqüência

Didático Pedagógica em suas turmas, afirmando ainda terem aprendido mais sobre o

tema exposto, o que é mais importante.

Page 98: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

82

11. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES.

Pode-se considerar o material Didático-Pedagógico produzido, como de fácil

manuseio e aplicação como ferramenta de ensino, com boa aceitação pelo público em

estudo, revelando-se também produtivo no processo ensino/aprendizagem em ambas as

suas fases de produção. Entende-se, assim, que cumpre com seus objetivos, não apenas

no que diz respeito à realização de atividades que privilegiem a educação ambiental e a

promoção da saúde nas escolas, mas, que também considere a história de vida dos

envolvidos e a união entre o conhecimento pessoal e o conhecimento científico, gerando

significado, e possibilitando o ‘Alfabetismo científico’.

Porém, apesar das características e qualidades destacadas acima, cabe ressaltar,

que tanto a história quanto o jogo, quando utilizados isoladamente, podem não levar a

resultados efetivos, a saber: a redução significativa dos casos de pediculose em uma

determinada instituição de ensino. Pois, para tal, mais do que apenas levar a informação

em caráter lúdico, é necessário que haja a união de outras estratégias e ferramentas de

ensino, que se supõem, sejam capazes de gerar a mudança de comportamento diante

deste problema, já que o mesmo não trata-se de um caso isolado e de baixa ocorrência

mas sim ao contrário, envolvendo fatores educacionais; regionais; culturais;

econômicos; sociais; ambientais etc...

E ainda, que quando movimentos como o mesmo sejam realizados, tenha-se a

certeza de que realmente ultrapassou os muros da escola, atingindo não apenas os

educandos e educadores, mas também familiares, podendo estender-se também para a

comunidade.

A escola possui papel fundamental para instrumentalizar os indivíduos sobre os

conhecimentos científicos básicos, sendo necessária a ação conjunta de diferentes atores

sociais e instituições no sentido de promover a alfabetização científica na sociedade

(KRASILCHIH & MARANDINO, 2005).

Considera-se, finalmente, que a aplicação da Seqüência Didático-Pedagógica

deve ser conduzida em conjunto com um projeto escolar cuja metodologia contemple

suas lacunas, e no qual seja possível comprovar-se também a diminuição dos índices de

pediculose nas instituições de ensino, e ainda , se possível, envolvendo maior

quantidade de atores sociais da comunidade, e até mesmo de outras instituições

próximas ao bairro em questão, ou da mesma cidade.

Page 99: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

83

12. LITERATURA CITADA.

ANDRADE, E. J. dos S. de S. Formação continuada em pediculose : quando o piolho invade a aula e o professor afasta o aluno. FIOCRUZ. Rio de Janeiro: Instituto Oswaldo Cruz, 2006, 343p. Tese de (mestrado) – Ensino em Biociências e Saúde, Rio de Janeiro 2006.

ANTUNES, C. Glossário para educadores(as). 4 ed. Petrópolis, RJ,: Vozes, 2008.

_______________. C. O jogo e a educação infantil: falar e dizer, olhar e ver, escutar e ouvir. 5a ed. Petrópolis – RJ:Vozes, 2007.

BARBOSA, J. V.; Pinto Z.T. Pediculose no Brasil. In: II Encuentro nacional de Entomologia Medica y Veterinária. Caderno de Resumos. Uruguay. p.579 – 586, 2003. MOUGABURE et al., 2002

_______________. Pediculose e seu Controle. In: I Seminário do Mercosul sobre Pediculose, Escabiose e Tungíase: Uma abordagem Interdisciplinar dos seus Problemas e Cuidados. Caderno de Resumos. São Leopoldo-RS, p. 65-66, 2004

BURGES, I.F.; PEOCK, S.; S.; BRONW, C.M. & KALFMAN, J. 1995. Head lice resistant to pyretoid inceticides in Britain. BMJ 311: 752. 1995 apud BARBOSA, J. V.; Pinto Z.T. Pediculose no Brasil. In: II Encuentro nacional de Entomologia Medica y Veterinária. Caderno de Resumos. Uruguay. p.579 – 586, 2003.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais – Temas Transversais: Meio Ambiente e Saúde. 3ª ed. Brasília: MEC/SEF, 1998.

BRASIL. Constituição Federal de 1988. Brasília: Senado Federal, 1988.

BÍBLIA SAGRADA. O antigo e o novo testamento. Trad. ALMEIDA, JOÃO FERREIRA DE. 3a ed. São Paulo: Geográfica, 2001.

BURGES, I.F.; PEOCK, S .; BROWN, C.M. & KAUFMAN, J.; 1995. Head Lice resistant to pyrethoid insetcides in Bitain. BMJ 311:752 apud BARBOSA, J. V.; Pinto Z.T. Pediculose no Brasil. In: II Encuentro nacional de Entomologia Medica y Veterinária. Caderno de Resumos. Uruguay. p.579 – 586, 2003.

BUSS PM (2003). Marcos Conceituais para a Construção da Política Nacional de Promoção de Saúde no Brasil. Disponível em : <http://www.abrasco.org.br> [Acesso em: 24 de out.2005].

CARTA DE OTAWA - ORGANIZAÇÃO PAN AMERICANA DE SAÚDE. Disponível em <http://www.opas.org.br/coletiva/upload/ Otawa.pdf> [Acesso em 09/09/09 às 12h46].

CARRERA, M. Entomologia para você. 5 ed. São Paulo: Nobel, 1980.

Page 100: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

84

CATALÃ, S., CARRIZO, L., CORDOBA, M. et al. Prevalência e intensidade da infestação por Pediculus humanus capitis em escolares de seis a onze anos. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. nov./dez. 2004, vol.37, no.6, p.499-501. Disponível em: <http://www.scielo. br/scielo.php?scri pt=sci_artte xt&p id=S0037-86822004000 600014&lng =pt&nrm =iso>. ISSN 003 7-8682. Acesso em: 23 set. 2005, 13:17: 45.

CFE - Conselho Federal de Educação, 1974. Parecer n0 2.264/74 – Ens. (10 e 20 Graus). Documenta, 165:63-81.

CUNHA, P. V. da S. Educação em saúde: informação versus mudança de comportamento, estudo da pediculose sob o olhar da promoção da saúde do Programa Saúde na escola – FIOCRUZ. Rio de Janeiro: Instituto Oswaldo Cruz, 2006, 343p. Tese de (mestrado) – Ensino em Biociências e Saúde, Rio de Janeiro 2006).

CRUZ, A. M. De LA; ROJAS, V. De. Conocimientos y prácticas sobre la pediculosis en un área de salud. Revista Cubana de Medicina Tropical v. 52 n.1, p.44-47. Ciudad de La Habana. 2000. Di sponíve l em: http:// scie lo.sld.cu/scielo . php ?scrip t=sci_artte xt&pid=so 375-076 0 20000 01000 0& lng= pt&nr m=iso. [A cesso em: 14 de out. , 17:15:00]

DE SOUZA, C. T. V.; PEREIRA, Nencetti C. R.; Noções básicas de epidemiologia e prevenção das doenças infecciosas e parasitárias. Org. SOUZA, Claudia Tereza Vieira de. Rio de Janeiro: Armazém das letras, 2008.

DONWS, A. M. STAFFORD, K.A.; HARVEY.I & COLES, G, 1999. Pyretroid resistance mechanisms in the head louse Pediculus capits from Israel: implications for control. Med. Vet. Entomol. 13:89-96 apud BARBOSA, J. V.; Pinto Z.T. Pediculose no Brasil. In: II Encuentro nacional de Entomologia Medica y Veterinária. Caderno de Resumos. Uruguay. p.579 – 586, 2003.

DUPAS, M. A. A mediação da leitura: Formação de contadores de estória. p10-p14, São Carlos. UFCar – Biblioteca Comunitária. Disponível em <www.pscicologia.com.pt> [acesso em 23-05-08. 14h].

FERREIRA, L. F.; REINHARD, K. J.; ARAÚJO, A. Piolhos e Múmias. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2008

FREIRE P. Pedagogia da Autonomia. 12ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra S/A, 1999.

__________. Pedagogia do Oprimido. 39ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra S/A, 2004.

FRIGOTTO, G. A interdisciplinaridade como necessidade e como problema nas ciências sociais In: Interdisciplinaridade: para além da filosofia do sujeito.Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.

GONÇALVES, C., P.. Os (des)caminhos do meio ambiente. 11a ed. São Paulo: Contexto, 2004.

HEMINGWAY, J; MILER, J. e MUMCUOGLU, K. Y.; 1999. Pyretoid resistance mechanisms in the head louse Pediculus captis from Israel: implications for

Page 101: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

85

control. Med. Vet. Entomol. 13:89-96 apud BARBOSA, J. V.; Pinto Z.T. Pediculose no Brasil. In: II Encuentro nacional de Entomologia Medica y Veterinária. Caderno de Resumos. Uruguay. p.579 – 586, 2003

HEUKELBACH, J.; OLIVEIRA, F.; ARAÚJO, S. de & FELDMEIER, H. Ectoparasitoses e saúde pública no Brasil: desafios para controle. Cad. Saúde Pública. 2003, vol.19, no.5, p.1535-1540. Disponível em: <http://www.scielo. br/scielo.php? script=sci_a rttext& pid=S0102-311X 2003000500032 &lng=pt&nrm=iso>. ISSN 0102-311X. [Acesso em: 23 set. 2005, 15:31:30]. HISTÓRICO DO BAIRRO do FONSECA. Disponível em:< http://www.nitideal.com. br/bairros/fonseca.htm> [acesso em 24 de agosto de 2009 18h56]. KRASILCHIK, M.; MARANDINO, M. Ensino de ciências e cidadania. São Paulo: Moderna, 2004.86p.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais – Temas Transversais: Meio Ambiente e Saúde. 3ª ed. Brasília: MEC/SEF, 1998.

LINARDI P.M. ANOPLURA. In: NEVES, DAVID PEREIRA (Org.) Parasitologia Humana. 10ª ed. São Paulo: Atheneu, 2000.

LEDUR. P. F. Guia prático da nova ortografia: as mudanças no acordo oRtográfico. 4 ed. Porto A legre, RS: AGE, 2009.

KWELL, disponível em: <http://www.kell.com.br>. [Acesso em: 20/02/2005 às 20h13].

MEC, SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL - Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN – Área de Meio Ambiente e Saúde, 1997. p.101.

MAPAS DO FONSECA, disponível em: FONTE DOS MAPAS : <http:/www.google.com.br>.

MINAYO, M. C. de S. O desafio da Pesquisa Social In Teoria, Método e Criatividade. 26 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.

MINISTÉRIO DO INTERIOR – Secretaria Especial do Meio Ambiente. Declaração sobre o Ambiente Humano. Conferência de Estolcomo, 1972.

MORIN, E. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Tradução: Eloá Jacobinda. 10a ed. Rio de Janeiro: Bertland Brasil, 2004.

MORTIMER, E. F. Construtivismo, mudança conceitual e ensino de ciências: para onde vamos? Investigação em ensino de Ciências – UFRGS – n1. vol1. 2002. Disponível em; <http:www.if.ufrgs.br/public/ensino/> [acesso em 21/10/2006 às 23h45]. MOHR, A.; CHALL, V.T. Rumos da Educação em Saúde no Brasil e sua Relação com a Educação Ambiental. Cad. Saúde Públ., Rio de Janeiro, 8 (2): 199-203, abr/jun, 1992.

Page 102: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

86

MUMCOUGLU, K.Y.; MILLER, J.; & Galum, R. Susceptibility of the human head and body louse, Pediculus humanus to insecticides. Insect Sci. Apll. 11:223-226 apud BARBOSA, J. V.; Pinto Z.T. Pediculose no Brasil. In: II Encuentro nacional de Entomologia Medica y Veterinária. Caderno de Resumos. Uruguay. p.579 – 586, 2003.

PICOLLO, M. I.; VASSENA, C.V.; MOUGABURE CUETO, G. A.; VERNETTI, M, & ZERBA, E. N. Resistance to inceticides and Effects of Sinergists on Permetrin Toxity in pediculus captis (Anoplura: Pediculidae) from Buenos Aires. J. Med. Entomol. 37. (5): 721-725 apud BARBOSA, J. V.; Pinto Z.T. Pediculose no Brasil. In: II Encuentro nacional de Entomologia Medica y Veterinária. Caderno de Resumos. Uruguay. p.579 – 586, 2003.

PORTO, M. F. de S.; DE ALMEIDA, G. E. S. Significados e limites das estratégias de integração disciplinar: uma reflexão sobre as contribuições da saúde do trabalhador. Ciênc. Saúde Coletiva, São Paulo, v. 7, n. 2, 2002.

SANTOS, O.D. Escolas Promotoras de Saúde. In: Liberal EF (Org.) Construindo Escolas Promotoras de Saúde. São Paulo: Editora Atheneu, 2003.

REVISTA Ciência hoje das crianças. Invasores de cabeleira, no 134, abril de 2003.

REVISTA Saúde! É vital. PIOLHO: não deixe que ele suba a sua cabeça. Maio 2006. Disponível em: <http://saúdeabril.com.br/edições/0273/família/conteúdo 133879. shtml>. Acesso em 04/11/2007 às 14h.

SEGURA, M. Como ensinar crianças a conviver. Pretrópolis, RJ: Vozes, 2009.

SCHACHNER, L. A. Treatment resitanct head lice: alternative therapeuthic approaches. Pediatric Dermatologies. 14:409-10 1997. apud BARBOSA, J. V.; Pinto Z.T. Pediculose no Brasil. In: II Encuentro nacional de Entomologia Medica y Veterinária. Caderno de Resumos. Uruguay. p.579 – 586, 2003.

THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. 16a ed. São Paulo: Cortez, 2008.

WERNER, J. Saúde e Educação: desenvolvimento e aprendizagem do aluno. Rio de Janeiro: Gryphus, 2000.

WICLE, T; HEUKELBACH, J.; SABÓIA-MOURA, R. C.; FELDMEIEIR, H., 2002. Scabies, pediculosis, tungiasis and cutaneous larva migrans in a poor community in northeast Brazil. Acta Tropical, 83 (Sup. 1):S100. apud HEUKELBACH, J.; OLIVEIRA, F.; ARAÚJO, S. de & FELDMEIER, H. Ectoparasitoses e saúde pública no Brasil: desafios para controle. Cad. Saúde Pública. 2003, vol.19, no.5, p.1535-1540. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2003000500032&lng=pt&nrm=iso>. ISSN 0102-311X. [Acesso em: 23 set. 2005 às 15hs].

Page 103: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

87

13. ANEXOS

Page 104: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

13. ANEXOS

Page 105: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

#Crismogali – a minha escola!#

Inácio em: coça-coça!

Sociedade Educacional Crismogali Rua São Januário, 318 – Fonseca, Niterói/RJ.

Tels.: 2627-4487/2625-2112

Série:

Projeto:

Nome: No. Temas transversais:

saúde e ambiente Profa.: Data: / /2008. Período:

1. Na sala-de-aula Inácio fez de tudo para disfarçar... E até mesmo o lápis usava para se coçar!

2. Pondo as mãos na cabeça ele pensou:

3. - E agora? O que faço com essa coceira que não quer mais parar? Já cocei e esfreguei... ‘Tô’ começando a me irritar!

4. Deu a hora do recreio, e todos estavam ‘a brincar’, e o Inácio animado brincava sem parar! E logo do que

mais gostava: brincava de ‘pique ‘tá’!

5. Mas vez ou outra, distraído, parava para se coçar - e nem mesmo imaginou que essa coceira para alguém

poderia passar!

6. Ao chegar em casa, preocupado e se coçando, a dona Anita (sua mãe) já foi logo perguntando:

7. - ô mãe! Olha aqui minha cabeça, tem uma coisa me irritando! Coça, coça e pinica, não estou mais me

agüentando!

8. Dona Anita imaginando, o olhava já sabendo:

9. - Inácio está é com piolhos! E tem que se tratar ‘correndo’!!!

10. Dona Anita já cansada, de tanto piolho catar, lavou a cabeça de Inácio para então recomendar:

11. - meu filho, eu fiz o que é certo, mas o piolho é bicho esperto, e pode ‘continuar’... Quando estiver com seus amigos

não brinque muito de perto, pois de cabeça para cabeça os bichinhos irão passar...

12. E continuando as recomendações, Dona Anita ainda disse:

13. - filho querido, a partir de amanhã a sua MISSÃO é não passar piolho para mais ninguém! Pois senão, os outros

irão passar por tudo isso também!

14. Dona Anita dá então um beijão e um forte abraço em seu filho, e promete:

15. - daqui para frente todos os dias eu olharei a sua cabeça, e os piolhos nunca mais irão voltar... Quem ama se cuida, e

também ensina ‘a se cuidar.

AGORA, VAMOS AO JOGO?

P G C APós-Graduação em Ciência Ambiental

13.1. ANEXO 01 – 2ª parte da estória 88

UFF – Universidade Federal Fluminense Pós graduação em Ciência Ambiental

Page 106: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

13.2. ANEXO-02 - Pré-teste do questionário

1 –

O q

ue v

ocê

acho

u do

jog

o?

Dive

rtid

o (

)

Mai

s ou

men

os (

)

Ch

ato

( )

2 –

Você

gos

tou de

jog

ar?

Sim

( )

Não

( )

Dep

ende

( )

Se v

ocê

marc

ou d

epen

de, d

iga

o m

otiv

o: _

____

____

____

____

_

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

3 – V

ocê

joga

ria e

ste

jogo

nov

amen

te?

Sim

( )

N

ão(

)

4 –

O q

ue v

ocê

acha

de

aula c

om jog

os?

Lega

l (

)

Cha

ta (

)

T

anto

faz

( )

5 –

Você

ach

a qu

e na

s au

las

que

têm jog

os t

ambé

m po

de

apre

nder

?

Sim

( )

N

ão (

)

D

epen

de (

)

Se v

ocê

marc

ou d

epen

de, d

iga

o m

otiv

o: _

____

____

____

____

_

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

6 –

Você

teve

algum

a au

la c

om jog

o an

tes?

Sim

( )

Não

( )

N

ão m

e le

mbr

o(

)

7

– Vo

cê g

osto

u da

s figu

ras?

Sim

( )

N

ão(

)

8 –

Diga

uma

coisa

que

voc

ê ac

hou

lega

l no

jogo

, e

por

quê:

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

9 –

Ante

s de

jog

ar,

você

sab

ia a

lgum

a co

isa s

obre

piolho?

Bast

ante

coi

sa (

)

Pou

ca c

oisa

( )

N

ada

( )

10 –

Voc

ê já

tev

e piolho

?

Sim

( )

N

ão(

)

Não

me

lemb

ro (

)

11 –

Diga

três

coisa

s so

bre

o piolho

que

voc

ê ap

rend

eu n

o

jogo

:

A -_

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

B - _

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

C - _

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

12 –

Dep

ois

de jog

ar e

sse

jogo

voc

ê já

sab

e co

mo

faze

r pa

ra

não

pega

r piolho

?

Sim

( )

N

ão (

)

Não

me

lem

bro

( )

Diga

um

a co

isa:

___

____

____

____

____

____

____

____

____

_

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

13 –

Voc

ê ac

ha q

ue:

( )

a pr

ofes

sora

dev

e fa

zer

algu

ma

mud

ança

no

jogo

( )

o jo

go e

stá

bom

assim

mes

mo.

Se v

ocê

acha

que

a p

rofe

ssor

a de

va m

udar

algum

a co

isa

no

jogo

, diga

o q

uê:

____

____

____

____

____

____

____

____

__

Page 107: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

13.3. ANEXO-03 - A nova estória introdutória Projeto:

Etapas da seqüência

1o MOMENTO - A historia dos personagens: O professor irá ler um texto

introdutório, objetivando apresentar aos alunos os personagens da história,

onde esta ocorre e o problema que será trabalhado (pediculose), melhor

situando-os e preparando-os para os dois momentos seguintes: a história em si,

e o jogo.

INTRODUÇÃO

O personagem principal da história que será contada tem o apelido de

‘Tiquinho’, um menino muito feliz e engraçado. Bem, digo engraçado, pois ele

sempre dá um jeitinho de fazer a gente rir, até mesmo com as coisas mais

curiosas estranhas, como:

- o seu plano de ensinar a ‘Gigi’ (vaca de estimação) a falar: todos os dias

ele conversa com ela, e ainda jura que a vaquinha entende tudo o que diz, e

que, inclusive responde aos mugidos!

- Os ‘rolinhos’ de cabelo da sua mãe: que ele transformou em uma

‘armadura’ para proteger o rabo do seu gato contra a mordida do cachorro do

vizinho - que foi até engraçado, mas acho que o gatinho não gostou muito

não...

- O Tiquinho é tão feliz, que faz graça até mesmo os sapatos que usa para

ir para a escola, e que aliás, eram de seu primo bem mais velho...Sendo então

bem maiores do que os seus pés. Mas, fazer o quê? Todos os dias lá vai ele,

caminhando e olhando a paisagem distraído, e às vezes brincando, fingindo que

é um palhaço... Andando como tal, com os sapatos enormes...

UFF – Universidade Federal Fluminense Pós graduação em Ciência Ambiental

P G C APós-Graduação em Ciência Ambiental

Page 108: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

Desde que nasceu Tiquinho mora na mesma casa, que fica no bairro da

Esperança, lá na cidade de Itapopó do Norte. Ele tem 10 anos de idade, e está

no quinto ano do ensino fundamental, na única escola de sua cidade: a Escola

Municipal Nossa Senhora de Itapopó do Norte.

A propósito: - alguém aqui já ouviu falar em Itapopó do Norte?

(pergunta a professora) e os alunos respondem: Não!

- Não? Mas não é possível! Lá é um lugar maravilhoso! Pergunta só para

o Tiquinhoo que ele vai te dizer assim:

- Itapopó do Norte? Ah, aqui é bom demais! Tem tudo que a gente

precisa para viver bem... Tem uma padaria; uma escola; uma pracinha cheia de

flores, bancos e balanços; tem a lojinha de presentes da dona Efigênia; um

monte de crianças pra brincar... Tem o pipoqueiro que fica na praça todo dia; o

mercadinho do seu João, que vende biscoito de polvilho fresquinho; tem a

igrejinha; tem também a escola que eu estudo... Ih, aqui tem é só coisa legal ‘sô’.

Lá na escola, além de estudar e ler muito, Tiquinho também come uma

merenda muito gostosa que Dona ‘Nequinha’, a merendeira, prepara.

Outra coisa que ele também adora fazer é brincar nos horários de

intervalo, e principalmente com os seus três melhores amigos: Bela, Tonzinho

e Digão.

Como se pode perceber, o dia-a-dia de nosso amigo é muito tranqüilo,

como o de muitas crianças de sua idade, sem muitos problemas ou

preocupações. Porém a vida é assim, nunca se sabe o que esperar.... É cheia de

surpresas.

E por falar em surpresas:

- Em uma bela manhã de sexta-feira... Num desses dias de que tem um

ventinho gostoso, céu azul e ‘passarinhos cantadores’... Tiquinho recebeu uma

visita que ele gostaria de apagar da sua memória para sempre!

Page 109: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

Projeto:

13.4. – ANEXO 04 - Sistema de rodadas pré-definido

13.5. ANEXO 05 - Roteiro para a execução do jogo

AUTORA: HELENSANDRA LOUREDO DA COSTA Projeto de mestrado 2007/2009.

Page 110: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

A SER REALIZADO NA SOCIEDADE EDUCACIONAL CRISMOGALI - SEC Roteiro integrante da seqüência didático-pedagógica ‘Missão Possível’ nas escolas: no

combate à pediculose. ROTEIRO DA SEQÜÊNCIA PEDAGÓGICA – PARA O PROFESSOR

Aplicação da seqüência – Notas ao professor:

1) - Preferivelmente os alunos não deverão saber

qual o assunto e as ferramentas que serão tratados na aula

em questão, supondo-se que desta forma haja maior

curiosidade e conseqüentemente maior interesse por parte

dos mesmos, contribuindo para que a aplicação da

seqüência pedagógica seja conduzida de forma natural,

sem induções e gradativamente, desde a percepção do

problema, por eles mesmos, até a sua solução.

2) - O painel do jogo apenas deverá ser apresentado

aos alunos após a leitura dos dois textos. A colocação do

painel durante o processo de introdução ao tema poderá

chamar a atenção para perguntas não direcionadas ao

momento que estará sendo trabalhado, atrapalhando parte

do processo de desenvolvimento do tema.

3) - Uma outra questão, diz respeito ao

conhecimento prévio dos alunos quanto à pediculose.

Tanto a seqüência quanto o jogo poderão servir como

instrumentos de caráter informativo, cabendo ao educador

o papel de mediador a fim de levar os participantes à

obtenção do conhecimento necessário sobre o problema

em questão (pediculose). Para isso, pode-se lançar mão de

tantas estratégias quanto possível, seja: por meio das

hipóteses que serão levantadas (em resposta aos

questionamentos realizados pelo professor) no decorrer da

leitura dos dois textos introdutórios, durante a aplicação

do jogo, ou por meio das dúvidas e respostas dos alunos.

Page 111: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

O conhecimento, das dúvidas dos educandos pode

facilitar em muito a elaboração de um plano de ação para

o controle da pediculose em sala de aula e até mesmo na

escola, favorecendo a reprodução de outros recursos e

ferramentas de ensino.

Início da estória! O(a) professor(a) diz para todos: agora, prestem muita atenção, que a nossa

estorinha irá começar ‘para valer’:

2O MOMENTO

- enquanto brincava na escola, Tiquinho percebeu que alguma coisa

muito estranha e diferente estava acontecendo... E esta coisa estava acontecendo

justamente na sua cabeça!

a. Neste momento o(a) professor(a) para, e pergunta aos alunos:

- pessoal o que será que estava acontecendo na cabeça do Tiquinho?

b. Novamente o(a) professor(a) para, só que para ouvir as hipóteses dos

alunos:

..................................................................hipóteses...........................................................

.....

c. Após ouvir as hipóteses, o professor ‘improvisa’ junto aos alunos ‘mediando’

durante a exposição das suas idéias, porém sem dar a resposta ‘ correta’.

Sugestões:

- era alguma coisa diferente, que ele nunca sentiu antes...

- Será algum tipo de ‘bicho’?

- Será que ele está doente?

- Pode ser poeira...

3O MOMENTO

Após ouvir as respostas que finalizarão o segundo momento, o professor dará início

ao terceiro momento, ENTREGANDO AOS ALUNOS UMA FOLHA COM A

CONTINUAÇÃO DA HISTÓRIA.

Page 112: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

OBS: é opção do professor, ler a continuação da história, ou pedir que os alunos

a leiam, tanto individualmente quanto na ‘modalidade’ de ‘leitura coletiva’.

b. Continuação da história: O próximo texto será contado em versos, e irá

relatar desde o momento em que o Inácio descobriu que estava com piolho até o

seu tratamento pela sua mãe, que o irá incumbir à missão de não transmitir

piolho aos seus amigos da escola.

Page 113: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas

Page 114: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp144205.pdf · Montaigne (1533- 1592). vi . ... 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente.

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo