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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA RELATÓRIODE ESTÁGIO SUPERVISIONADO MONITORAMENTO E CONTROLE DE QUALIDADE DE ÁGUA NA ETA EXTREMOZ E TRATAMENTO DE EFLUENTES DA ZONA NORTE DE NATAL Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte – CAERN Unidade de Tratamento de Água e Esgoto Natal Norte - UTEN Gerência de Operação e Manutenção Natal Norte - GMN Aluno: Luiz de França Filho – Matrícula 2011048042 Orientador: Prof. PhD. Humberto Neves Maia de Oliveira Supervisor: Eng. Quím.M.Sc. Francisco Canindé Moraes Filho Natal, dezembro - 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA

RELATÓRIODE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

MONITORAMENTO E CONTROLE DE QUALIDADE DE ÁGUA NA ETA

EXTREMOZ E TRATAMENTO DE EFLUENTES DA ZONA NORTE DE NATAL

Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte – CAERN

Unidade de Tratamento de Água e Esgoto Natal Norte - UTEN

Gerência de Operação e Manutenção Natal Norte - GMN

Aluno: Luiz de França Filho – Matrícula 2011048042

Orientador: Prof. PhD. Humberto Neves Maia de Oliveira

Supervisor: Eng. Quím.M.Sc. Francisco Canindé Moraes Filho

Natal, dezembro - 2016

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Luiz de França Filho - Matrícula: 2011048042

Relatório de Estágio Supervisionado

MONITORAMENTO E CONTROLE DE QUALIDADE DE ÁGUA NA ETA

EXTREMOZ E TRATAMENTO DE EFLUENTES DA ZONA NORTE DE NATAL

Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte – CAERN

Unidade de Tratamento de Água e Esgoto Natal Norte - UTEN

Gerência de Operação e Manutenção Natal Norte - GMN

Este relatório é parte integrante do componente curricular

referente à atividade acadêmica obrigatória de Estágio

Supervisionado/TCC para obtenção da graduação no

curso de Engenharia Química pela Universidade Federal

do Rio Grande do Norte.

Supervisor: Eng. Francisco Canindé Moraes Filho, M.Sc.

Orientador: Prof. Humberto Neves Maia de Oliveira, PhD.

Natal, dezembro - 2016

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Luiz de França Filho - Matrícula: 2011048042

Aprovado em: ___/___/___.

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

MONITORAMENTO E CONTROLE DE QUALIDADE DE ÁGUA NA ETA

EXTREMOZ E TRATAMENTO DE EFLUENTES DA ZONA NORTE DE NATAL

Este relatório é parte integrante do componente curricular

referente à atividade acadêmica obrigatória de Estágio

Supervisionado/TCC para obtenção da graduação no

curso de Engenharia Química pela Universidade Federal

do Rio Grande do Norte.

_____________________________________________

Prof. Dr. Humberto Neves Maia de Oliveira - Orientador

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

______________________________________________

Profa. Dra. Magna Angélica dos Santos Bezerra Sousa

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_________________________________

Prof. Dr. Gilson Gomes Medeiros

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_______________________________________________

Eng. Quím. Francisco Canindé Moraes Filho, M.Sc. - Supervisor

CAERN – Companhia de Água e Esgoto do RN

Natal, dezembro - 2016

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AGRADECIMENTOS

A Deus,

Por ter criado todas as coisas, inclusive a Ciência para refutar sua existência,

por me ajudar a superar todas as dificuldades que enfrentei nesta caminhada.

À minha e amada Esposa,

Que tantas vezes suportou calada o meu estresse, ouvindo minhas

reclamações por não ter tempo de estudar, por não ter conseguido fazer a prova, por

ter tido um branco na memória. Por me incentivar: “Ah! Você consegue”.

Aos meus filhos

Pelo incentivo que me deram ao dizer, quando passei no vestibular em 2011,

“pai, você é jovem, você é meu brother”. E especialmente a Kátia, por ter me inscrito

no Vestibular sem nada me dizer e por ter me avisado para pegar o Cartão de

Inscrição dias antes das provas.

Aos meus pais e avós,

Por terem me mostrado seus conceitos e princípios que forjaram meu caráter.

Por terem me ensinado que coisas que fáceis vêm, fáceis se vão. Nada se compara

ao prazer de desfrute por meio do labor, mesmo que severamente árduo, que tenha

sido previamente conquistado.

Especialmente ao meu avô Marcelino que pelas madrugadas brincava comigo

o jogo da tabuada, das Microrregiões Potiguares, dos Estados do Brasil e suas

Capitais – Ah! Que saudade!

Aos meus Professores e Professoras,

Àqueles que me ensinaram os primeiros passos acadêmicos, os quais eram

chamados de Mestres, meus mais sinceros agradecimentos. Aos que me mostraram

o alfabeto e os Números de 1 a 10, que me conduziram a soletrar e a silabar com a

consequente formação de vocábulos, me ensinaram a enumeração e,

posteriormente a juntar e separar, foi onde aprendi primeiro a dividir, quando se faz

sabiamente com os conhecimentos que se tem, multiplicam a sabedoria. Vocês

foram de fundamental importância para que eu hoje aqui estivesse. Em especial,

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meu mais profundo agradecimento ao Professor Severino Ramos de Andrade, ao

qual era conhecido por Mestre Severino, um homem humilde e negro, que não teve

direito de ir à Escola em sua época, mas, mesmo assim, aos 18 anos aprendeu a ler

e escrever.

“Não há vitórias sem lutas”, lema da Escola Estadual Joaquim Apolinar,

gravado nas camisas de sua farda, onde cursei maior parte do meu antigo Ginasial,

sou-lhes grato.

Aos que, por várias vezes tiveram que suportar minha letargia e dislexia

recentemente descoberta. Em especial: Adriano Sousa (Departamento de Física)

pelo incentivo e encorajamento no segundo período; Ana Lúcia da Mata, pela

exaltação ao Curso, que tanto me alentou logo nos primórdios desta jornada; aos

demais professores, pelas proveitosas conversas nos corredores pós aula, das quais

muitas idéias absorvi e conhecimentos adquiri; a todos aqueles que serviram de

exemplo de uma forma ou outra, me apoiaram em decisões e ajudaram em minhas

necessidades.

Aos Amigos e Colegas de Curso,

Agradeço pelas oportunidades que tive, mesmo estando “desconexo”,

momentos alegres me proporcionaram, suavizando a dureza que tive que suportar

em muitas vezes servindo de descontração.

Aos Profissionais,

Estes que contribuíram para minha formação acadêmica, em especial os do

Curso de Engenharia Química da UFRN, e aos profissionais da CAERN, em especial

Francisco Canindé, Francisca Ferreira, Luiz Eduardo, Fernando Quirino, que

compartilharam suas experiências nos laboratórios de Análises Química e

Microbiológica; aos operadores João Veloso e Manoelzinho, com suas soluções aos

problemas encontrados durante os processos nessa ETA, e aos demais, pela

receptividade e disponibilidade, que conjuntamente tornaram o estágio agradável,

proveitoso e de suma importância à minha formação profissional.

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SUMARIO

Capa ................................................................................................................... 1

Folha de Rosto .................................................................................................... 2

Ficha da Banca Examinadora ............................................................................. 3

Agradecimento .................................................................................................... 4

1. Resumo ......................................................................................................... 8

Summary ....................................................................................................... 9

2. Histórico e Caracterização da Companhia de Águas e Esgotos do RN ...... 10

3. Unidade de Tratamento de Água e Esgoto Natal Norte (UTEN) ................. 10

Gerência de Operação e Manutenção Natal Norte (GMN)

3.1. ETA de Extremoz e o Manancial de Captação ................................. 11

3.2. Localização e Caracterização ........................................................... 11

3.3. O Processo de Tratamento de Água................................................. 13

3.3.1. Coagulação ................................................................................. 14

3.3.2. Floculação ................................................................................... 14

3.3.3. Decantação ................................................................................. 15

3.3.4. Filtração ....................................................................................... 17

3.3.5. Desinfecção Química .................................................................. 18

3.4. O Processo de Tratamento de Esgoto .............................................. 21

i) O Tratamento Preliminar ........................................................... 21

ii) O Tratamento Primário .............................................................. 21

iii) O Tratamento Secundário ......................................................... 22

iv) O Tratamento Terciário .............................................................. 22

a) Desnitrificação .................................................................. 23

b) Remoção de Fósforo ........................................................ 24

c) Desinfecção ...................................................................... 24

3.5. Estações de Tratamento de Esgotos – ETEs ................................... 25

3.5.1. ETE do DIN – Localização e Caracterização .............................. 26

3.5.2. ETE do Beira Rio – Localização e Caracterização ...................... 29

3.5.3. ETE do Jardim Lola I – Localização e Caracterização ................ 31

3.5.4. ETE do Jardim Lola II – Localização e Caracterização ............... 33

3.6. Administração da UTEM/GMN .......................................................... 35

4. Atividades Realizadas ................................................................................. 37

5. Identificação dos Conteúdos Estudados no Currículo ................................. 41

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6. Autoavaliação Para Exercer as Demandas do Estágio ............................... 43

7. Autoavaliação de Retorno do Estágio ......................................................... 43

8. Contribuições Para a Caern ........................................................................ 44

9. Bibliografia e Fontes consultadas ................................................................ 45

10. Anexos ........................................................................................................ 47

10.1. Anexo I ......................................................................................... 48

Projeto de equipamento em formato de cesto quadrado para

remoção de lodo do fundo de lagoa de tratamento de esgoto –

Biguar.

10.2. Anexo II ........................................................................................ 49

Desenho do Biguar.

10.3. Anexo III ....................................................................................... 49

Flutuador do Biguar.

10.4. Anexo IV ...................................................................................... 50

Rampa de acesso para transbordo do lodo.

10.5. Anexo V ....................................................................................... 50

Relação de material e custo.

10.6. Anexo VI ...................................................................................... 51

Ave biguá em seu habitat.

10.7. Anexo VII ..................................................................................... 52

Mapa de Risco da ETA Extremoz.

10.8. Anexo VIII .................................................................................... 53

Procedimento de calibração de medidor de monitoramento

contínuo de cloro livre da DulcoTest.

10.9. Anexo IX ..................................................................................... ‘57

Dados dos testes de calibração dos equipamentos colorímetro,

turbidímetro e clorímetro.

10.10. Anexo X ...................................................................................... 58.

Calibração de cubetas e verificação de emparelhamento.

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1. RESUMO

FILHO, Luiz de França. Relatório de Estágio Supervisionado. 2016.2. Atividade

Obrigatória da grade curricular do Curso de Engenharia Química – Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN.

Este documento relata as atividades realizadas durante o Estágio

Supervisionado/TCC do Curso de Engenharia Química da UFRN. As atividades

foram realizadas na Unidade de Tratamento de Água e Esgoto Natal Norte (UTEN),

na Gerência de Manutenção de Natal Norte (GMN) da Companhia de Águas e

Esgotos do Rio Grande do Norte – CAERN.

A orientação foi feita pelo Professor Dr. Humberto Neves Maia de Oliveira, com

supervisão do Eng. Quím. Francisco Canindé Moraes Filho, M.Sc.

A Unidade de Tratamento de Água – ETA, onde foi realizado o estágio, está

localizada na Zona Norte de Natal, Conjunto Habitacional Jardim Progresso, a

margem direita da BR-101, km - 76, sentido Natal - Touros.

O estágio foi realizado no período de 20/07/2016 a 30/11/2016, com carga

horária de 20 h (vinte horas) semanais, totalizando 360 (trezentas e sessenta) horas.

As atividades do estágio estão relacionadas diretamente aos tratamentos de

água na ETA de Extremoz, mais especificamente no monitoramento de qualidade da

água tratada com acompanhamento de parâmetros físico-químicos e microbiológicos

em laboratório; e de esgoto, no acompanhamento, manutenção e melhoramento das

lagoas de tratamento de efluentes e correlacionada com o monitoramento da carga

de materia orgânica, microbiológica e seus parâmetros fisico-químicos.

PALAVRA-CHAVE: tratamento de água, tratamento de esgoto, efluente, Caern, ETA,

ETE.

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1. SUMMARY

FILHO, Luiz de França. Supervised Internship Report. 2016.2. Compulsory Activity of

the curriculum of the Chemical Engineering Course - Federal University of Rio

Grande do Norte, Natal, RN.

This document reports on the activities carried out during the Supervised

Internship / TCC of the Chemical Engineering Course of UFRN. The activities were

carried out at the Natal Norte Sewage and Treatment Unit (UTEN), at the Natal Norte

Maintenance Management (GMN) of the Rio Grande do Norte Water and Sewerage

Company - CAERN.

The orientation was made by Professor Dr. Humberto Neves Maia de Oliveira,

supervised by Eng. Quím. Francisco Canindé Moraes Filho, M.Sc.

The Water Treatment Unit (ETA), where the stage was carried out, is located in

the Northern Zone of Natal, Jardim Progresso Housing Complex, on the right bank of

the BR-101, km 76, towards Natal Touros.

The internship was carried out in the period from 07/20/2016 to 11/30/2016,

with a workload of 20 hours (twenty hours) per week, totaling 360 (three hundred and

sixty) hours.

The activities of the stage are directly related to water treatments in the

Extremoz ETA, more specifically in the monitoring of the quality of the treated water

with monitoring of physical-chemical and microbiological parameters in the

laboratory; And sewage, in the monitoring, maintenance and improvement of effluent

treatment ponds and correlated with the monitoring of the organic matter,

microbiological load and its physicochemical parameters.

KEYWORDS: water treatment, sewage treatment, effluent, Caern, ETA, ETE.

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2. Histórico e Caracterização da Companhia de Águas e Esgotos do RN

A Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) foi criada

em 2 de setembro de 1969 pelo então Governador Monsenhor Walfredo Gurgel. A

empresa incorpora e põe em prática sua missão de atender toda a população do Rio

Grande do Norte com água potável, coleta e tratamento de esgotos. O objetivo da

empresa é contribuir para a melhoria da qualidade de vida de seus usuários, com

postura empresarial adequada e inovadora, integrada aos demais setores de

saneamento básico e respeitando os fatores sócio-econômicos e ambientais. A

Caern possui 165 sistemas de abastecimento de água distribuídos em 153 sedes de

municípios e 13 localidades. No RN são 40 sistemas de esgoto em 39 municípios e 1

localidade (Praia de Pipa). Apenas 14 cidades do Estado possuem sistemas de

abastecimento de água que não pertencem a Caern. Nascida pelas mãos de

Monsenhor Walfredo Gurgel, a Caern é responsável por tratar e distribuir água,

produto indispensável a saúde humana, cuidando de sua qualidade com esmero e

compromisso. Assim como a distribuição de água, a Caern está investindo em

qualidade de vida através de saneamento básico. O aumento na coleta de esgotos

vem gerando mais saúde e satisfação nos locais que recebem as obras da

Companhia.(Texto extraído e transcrito na integra do sítio eletrônico oficial,

acessado aos 11/11/2016).

3. Unidade de Tratamento de Água e Esgoto Natal Norte (UTEN)

Gerência de Operação e Manutenção Natal Norte (GMN)

Sob a administração da UTEN/GMN, estão, além da ETA Extremoz e 35 poços

tubulares que integram o sistema de abastecimento de água, a gerência de 4 ETEs,

sendo elas: DIN – localizada no Distrito Industrial Norte de Natal, JARDIM LOLA I –

localizada na Comunidade Jardim JARDIM LOLA I, JARDIM LOLA II - localizada na

Comunidade Jardim JARDIM LOLA II e Beira Rio – localizada na Comunidade Beira

Rio do Igapó. A ETE do DIN recebe, além do esgotamento doméstico em menor

proporção, os efluentes das indústrias ali instaladas; as demais recebem apenas

efluentes domésticos.

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3.1. ETA de Extremoz e o Manancial de Captação

A ETA Extremoz pertence à Unidade de Tratamento de Água e Esgoto de Natal

Norte (UTEN), na Gerência de Manutenção de Natal Norte (GMN), de acordo do o

Organograma da Empresa.

3.2. Localização e Caracterização

A ETA de Extremoz está localizada no km - 76 da BR-101, margem direita no

sentido Natal - Touros, próxima à Lagoa de Extremoz, fig. 1.

Projetada para comportar duas estações independentes, com vazão de 500 L/s

de água cada, das quais apenas uma foi construída, foi inaugurada em 26 de

setembro de 1992. Posteriormente, foi redimensionada para 750 L/s, hoje operando

com vazão média de 602 L/s. Abastece 70% da demanda da Zona Norte de

Natal/RN, sendo os 30% restantes é supridos por 35 poços que integram o sistema

Natal Norte.

A ETA de Extremoz é do tipo convencional, ou seja, é equipada para realizar o

tratamento completo da água, composto de: coagulação, floculação, decantação,

filtração, desinfecção, fluoretação e correção de pH. No entanto, devido à utilização

do coagulante e das atuais características da água recebida, os equipamentos de

correção de pH estão inoperantes. Por motivos de controvérsia e fragilidade dos

órgãos públicos em fazer cumprir leis e normativos, a prática de fluoretação no

nosso país é praticamente inexistente, e esta unidade não é diferente da maioria.

Toda a água tratada pela ETA de Extremoz é captada na Lagoa de Extremoz.

Figura 1: Lagoa de Extremoz: Localização.

Fonte: Engesoft, 2004.

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Figura 2: Lagoa de Extremoz, Captação

Fonte: Caern

Segundo dados da ENGESOFT – Engenharia e Consultoria S/C Ltda., sediada

em Fortaleza/CE-BR, a Lagoa de Extemoz está localizada na região de tabuleiro

costeiro potiguar, formada pelo afloramento do aquífero Barreiras e recebe

continuamente contribuições de águas dos afluentes Rio Doce e Rio Guajirú.

Conforme levantamento batimétrico, fig. 3, tem uma capacidade máxima de

14.659.848 m3, correspondente ao espelho de 428,4 hectares, uma cota máxima de

11,0 metros, uma profundidade média é de 4,2 metros e extensão de 7,5

quilômetros e um volume morto de 2.792.339 m3;

Figura 3: Lagoa de Extremoz: perfis de profundidade

Fonte: Engesoft, 2004.

Considerando um volume morto de 2.792.339 m3, a capacidade útil é de

apenas 11.867.509 m3, suficiente para abastecer 228 dias a uma vazão de 52.077

m3/dia), ou seja, 7,6 meses. Esse parâmetro serve de alerta para que se preservem

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suas margens e seus afluentes e que sejam restringidos, ou até mesmo impedidos

empreendimentos que venham modificar as condições naturais de reabastecimento

da lagoa, haja vista que, por mais de uma vez, proprietários a montante têm

represado e desviado o curso dos rios, causando considerável diminuição do nível

da lagoa. Fato que tem se repetido hodiernamente.

Para evitar prévio estrangulamento do sistema e até mesmo alertar os órgãos

competentes quanto aos recursos hídricos, naturais e meio ambiente, a CAERN,

desde 01/07/2012, realiza monitoramento sistemático dos níveis da lagoa de

Extremoz no sistema de captação instalado para o abastecimento da Zona Norte de

Natal.

3.3. O Processo de Tratamento de Água

A de ETA Extremoz é do tipo convencional ou completa. Nesse tipo de

tratamento são necessárias seis operações básicas para tornar a água disponível

própria ao consumo humano. Na ETA de Extremoz, o processo é composto por

cinco principais etapas, que são indicadas no fluxograma da fig. 4. Embora esteja

adequada para realizar fluoração, não realiza esse procedimento.

Figura 4: Fluxograma do Processo na ETA Extremoz

Fonte: Caern

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As etapas do tratamento são descritas resumidamente, a seguir.

3.3.1. Coagulação - O coagulante utilizado é o policloreto de alumínio,

previamente diluído, que é aplicado à água bruta junto à calha Parshall,

fig. 5, onde sofre mistura rápida devido à forte agitação na saída desse

equipamento. O policloreto de alumínio adquirido a 23% m/v (PAC-23),

como coagulante, tem a vantagem de realizar a formação rápida de

pequenos flocos e promover a maior limpidez, ou seja, favorece a

redução da turbidez, parâmetro monitorado nas saídas dos filtros, na

saída da ETA e nos pontos finais do sistema de abastecimento.

Figura 5: Calha Parshall, Coagulação (PAC)

Fonte: Caern.

3.3.2. Floculação – O processo de formação de floco inicia-se logo após a

aplicação do coagulante na calha Parshall. O PAC 23 previamente

diluído é aplicado na água bruta que, desestabiliza as cargas coloidais e,

a partir daí, incia-se a formação dos flocos. A mistura é conduzida

através de duto aos dois floculadores, fig. 6, munidos de agitadores

mecânicos para promover o maior número de interações possíveis entre

os pequenos flocos formados. Atualmente, com o uso do PAC, não há

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necessidade da agitação com a qual faz-se os flocos desagragarem,

promovendo aumento na turbidez final, nas circusntância atuais de

qualidade da água. Os floculadores se comunicam com os decantadores

através de chicanas verticais, com movimento constante da água. A ETA

foi projetada para conferir à água um gradiente de velocidade

decrescente, dessa forma obtendo o que se chama de floculação

escalona. A floculação se inicia com a mistura rápida causada pela calha

Parshall, onde se tem elevado gradiente de velocidade e, posterior baixa

velocidade nos floculadores, que atualmente estão com os agitadores

mecânicos desligados.

Figura 6: Floculadores com agitadores mecânicos.

Fonte: Caern.

3.3.3. Decantação – A ETA de Extremoz possui dois decantadores, fig. 7, que

recebem as águas dos dois floculadores. Esses equipamentos estão

equipados com grelhas tipo colmeias transversais de modo a aumentar o

percurso a ser feito e auxiliar a deposição dos flocos ao colidirem em

suas paredes. Acima desse estágio, ficam tubos em PVC de grosso

calibre separados por um espaço de 1,20 m (um metro e vinte

centímetros) com furos para coletar água, fig. 8. A água entra pela parte

inferior e flui verticalmente. Os flocos mais densos são depositados ao

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fundo dos decantadores enquanto que a água aparentemente limpa flui

para os tubos furados. Esses tubos canalizam a água coletada para uma

calha, que a distribui em quatro filtros.

Figura 7: Decantadores

Fonte: Caern

Figura 8: Decantadores, tubos furados coletores

Fonte: Caern.

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3.3.4. Filtração – Partículas com diâmetros inferiores ao tamanho crítico são

carreadas pela água ascendente nos decantadores devido suas baixas

velocidades finais. Assim sendo, faz-se necessária a etapa de filtração.

Os filtros são compostos por leitos porosos com diferentes

granulometrias, conforme mostra a fig. 9, e dispostos de maneira

conveniente a apresentar o produto com turbidez e coloração dentro dos

parâmetros estabelecidos pela Portaria 2.914, de 12 de dezembro de

2011, que estabelece Valor Máximo Permitido (VMP) de turbidez = 1,0

NTU (Nephelometric Turbidity Unit) e de Cor = 15,0 uC (unidade de cor).

Figura 9: Filtro, Composição

Fonte: Caern.

A ETA de Extremoz está equipada com 4 (quatro) filtros, cada um com vazão

média de 150 L/s (centro e cinquenta litros por segundo). Um dos filtros é lavado a

cada seis horas; dessa forma, cada filtro é lavado a cada vinte e quatro horas. O

procedimento se dá através da retrolavagem, fig. 10. O lodo removido é escoado até

a casa de lodo por gravidade e, posteriormente é bombeado para as lagoas de lodo.

A água utilizada nesse processo provém de um reservatório elevado dentro da

planta da ETA. A água usada, depois do lodo decantado, se reintegra ao sistema.

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Figura 10: Filtros em operação de retrolavagem.

Fotos: Caern.

3.3.5. Desinfecção química – A desinfecção é realizada em três etapas.

Inicialmente, na entrada da ETA, pela pré-cloração feita a 19 lbm/dia,

fig. 12 (0,095 g/s). Na saída dos filtros é realizada a segunda etapa com

cloração gasosa a taxa de 500 lbm/dia (2,52 g/s), fig. 13. Nestas etapas,

utilização gás cloro acondicionado em cilindros com capacidade de 1

ton, fig. 11. E, finalmente, o dicloroisocianurato de sódio (C3Cl2N3NaO3)

a 60% é dissolvido em água é aplicado junto ao reservatório apoiado na

proporção de 50 kg/dia (0,58 g/s), fig. 14. O objetivo da desinfecção é

combater os microrganismos patogênicos e garantir o alto padrão

sanitário da água. A utilização final do dicloroisocianurato de sódio se

faz por apresentar maior estabilidade de cloro residual no sistema e

menor custo.

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Figura 11: Cilindro de gás cloro, desinfecção Química. Cilindro contruído em aço 1032, tara 640 kg, e capacidade de 1000 kg, pressão de operação de 23,5 kgf/cm2.

Foto: Luiz de França Filho, 2016.

Figura 12: Rotômetro, pré-desinfecção Figura 13: Rotômetro, desinfecção

primária

Fonte: Luiz de França Filho

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20

Figura 14: Casa de Química, dicloroisocianurato de sódio (C3Cl2N3NaO)

Fonte: Caern

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21

3.4. O Processo de Tratamento de Esgoto

O tratamento convencional de efluentes é baseado em quatro etapas:

i) O Tratamento Preliminar - com a remoção de grosseiros, como

folhas, galhos, tecidos, pequenos objetos, materiais plásticos, papelões

constituintes de embalagens, partes de equipamentos, areia etc.

Basicamente, utilizam-se grades de barras paralelas, para separar essas

partículas de grandes tamanhos, e tanques desarenadores na

configuração de by pass para possibilitar a operação de retirada da areia

ou particulados a ela semelhante de modo alternadamente. Esse

procediemento que não remove a DBO (demanda biológica de oxigêncio)

e nem a DQO (demanda química de oxigênio), consiste em uma

preparação dos esgotos para o tratamento posterior, evitando obstruções

e/ou danificações a equipamentos eletromecânicos. Podem ainda ser

utilizadas peneiras rotativas e, numa escala menor, trituradores. Para

utilização destes últimos, é necessário conhecer bem o efluentes a tratar e

ter garantia de não haver materiais de alta dureza e alta resistência

mecânica ao cisalhamento e ao esmagamento.

ii) Tratamento Primário - Após o tratamento preliminar, o esgoto

apresenta-se sua heterogeneidade diminuída mas mesmo assim, suas

características poluidoras ainda continuam praticamente inalteradas. Daí,

inicia-se o processo de tratamento propriamente dito. A primeira fase é

denominada de tratamento primário, onde a matéria poluente pode ser

separada da água por diversos processos tais como: sedimentação

espontânea, floculação e decantação dos mais densos ou filtragem dos

menos densos, podendo ainda os flocos sobrenadantes ser desviados por

calhas adequadamente instaladas. Após o tratamento primário, o efluente

ainda apresenta material poluente de reduzidas dimensões, que

permanece na água na forma de colóides (pequenas partículas), não

sendo por isso passível de ser removida exclusivamente por processos

físico-químicos convencionais. Admite-se uma eficiência, nessa etapa, de

até 60% na remoção da DBO. São comuns decantadores primários,

tanque imhoff ou fossa séptica como equipamentos de remoção de

poluentes nessa fase. Um dos processos utilizados na remoção da

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DBO5,20 (demanda biológica de oxigênio para oxidar a matéria durante 5

dias a uma temperatura média de 20°C) faz uso da bi otecnologia. À etapa

seguinte, dá-se o nome de tratamento secundário. O particulado, nessa

primeira etapa, geralmente também é tratado biológico e/ou físico-químico

para se adequar aos parâmetros estabelecidos.

iii) Tratamento Secundário - Nessa etapa do tratamento predomina a

ação biológica para remover a matéria orgânica, através de reações

bioquímicas realizadas pelos microrganismos. Esses reatores são

normalmente constituídos por tanques de grandes dimensões e formas

variadas, tipo lagoa de estabilização que pode utilizar lodo ativado, filtro

biológico e suas combinações, com grande quantidade de microrganismos

aeróbios e anaeróbios. Geralmente, utilizam-se duas lagoas, sendo a

primeira facultativa, com profundidade igual ou superior a 3,00 m, podendo

ser aerada ou aeróbica aerada com mistura completa através de

motoaeradores adequados; a segunda, geralmente, é um reator (lagoa) do

tipo facultativa, com profundidade variando entre 2,00 m a 3,00 m,

podendo ser aerada, mas de modo que na sua parte inferior, haja ação

dos microrganismos anaeróbicos e a sedimentação dos flocos formados.

O efluente na saída desse segundo reator ainda contém matéria orgânica

remanescente e grande quantidade de microrganismos, sendo muitas

vezes necessário um tratamento terciário. A eficiência de um tratamento

secundário pode chegar a 95%, em casos otimizados e monitorados, ou

até mais que isso, dependendo evidentemente da operação da ETE. As

águas residuais tratadas nessa etapa apresentam elevada remoção da

DBO, ou seja, um reduzido nível de poluição por matéria orgânica,

podendo, na maioria dos casos, serem admitidas no meio ambiente

receptor. Geralmente, na saída do tratamento secundário, os efluentes

possuem carga microbiológica elevada, entre outras, as quais deverão ser

reduzidas a patamares aceitáveis e estabelecidos pela Resolução

CONAMA N° 430, de 13 de maio de 2011. Para isso faz -se necessário o

tratamento terciário.

iv) Tratamento Terciário - Antes de se lançar as águas residuais no

corpo receptor, efetua-se a desinfecção do efluente tratado para remover

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ou reduzir os microrganismos. Em alguns casos especiais, faz-se

necessária a remoção de determinados nutrientes, tais como o nitrogênio

e fósforo, que, acima de certos limites podem causar a eutrofização de

corpos receptores de efluentes, e separadamente ou em conjunto com

outros fatores, podem causar aumento da produção de matéria orgânica

pela proliferação de algas, degradando os corpos d’água. Essa etapa de

remoção de microrganismos e/ou nutrientes do esgoto pode se dar na

forma de:

a) Desnitrificação - requer condições anaeróbicas e aeróbicas. A

utilização de lagoas facultativas favorece o processo. Há uma

certa sequência a ocorrer. Partindo-se do pressuposto que há

amônia (NH3) no esgoto, a primeira fase se dá pela nitrosação

na presença de oxigênio efetuada por bactérias que pertencem

aos gêneros Nitrossomonas, Nitrosococus e Nitrosolobus, as

quais oxidam em nitrito a amônia dissolvido, conforme equação

química a seguir:

2.NH3 + 3.O2 → 2.H+ + 2.NO2¯ + 2.H2O (1)

Em seguida, ocorre a nitratação, pela ação das bactérias que

oxidam o nitrito a nitrato, conforme a equação química (2):

2.NO2¯ + O2 → 2.NO3¯ + energia (2)

E, finalmente, pela ação de bactérias Pseudomonas

denitrificans, em meio anaeróbico ocorre a desnitrificação, que é

a transformação de nitratos em gás nitrogênio (N2), que se

evapora na forma molecular simples como se vê na equação

química (3):

5.C6H12O6 + 2.NO3¯ + 24.H+ → 30.CO2 +42.H2O + 12.N2 + energia (3)

A desnitrificação é facilitada por um grande número de bactérias

que naturalmente ocorrem nas lagoas tipo facultativas e de

polimento.

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b) Remoção de Fósforo - O fósforo, em conjunto com o nitrogênio,

é responsável pela eutrofização de corpos d’água receptores. O

fósforo aparece em águas naturais devido, principalmente, às

descargas de esgotos sanitários. A principal contribuição de

fósforo nos efluentes provém dos rejeitos industriais de

empresas fabris de fertilizantes, pesticidas e químicas em geral.

A carga desse contaminante é excessivamente grande. O

fósforo pode se apresentar de três formas distintas: os fosfatos

orgânicos, os ortofosfatos e os polifosfatos ou fosfatos

condensados. Os polifosfatos são facilmente convertidos em

ortofosfatos, e talvez por isso, que não configurem entre os

parâmetros normatizados nem nos estudos de controle de

qualidade das águas. O fósforo, assim como o nitrogênio, é

denominado de macro nutriente por serem exigidos em grandes

quantidades pelas células. Processos físico-químicos em

sistemas de iodo ativado e anaeróbicos são muito usados em

tratamento de esgoto pela sua alta eficiência, mas não tão

eficientes para remoção do fósforo. A precipitação química

através da utilização de sais de ferro (cloreto férrico) ou de

alumínio (sulfato de alumínio) promove a remoção química de

fósforo e requer equipamentos bem menores que os usados por

remoção biológica. A remoção do fósforo por processo biológico

é muito mais complexa e necessita de sistemas anaeróbios e

aeróbios conjuntamente.

c) Desinfecção – basicamente, é aplicado um dos três processos

ou a combinação deles: cloração – é o método de menor custo e

de elevado grau de eficiência em relação aos outros; ozonização

– de elevado custo; e radiação ultra-violeta – tem como grande

vantagem a redução significativa da emissão de odores, além da

simples operação, mas apresenta certa fragilidade, e não é

aplicável em qualquer situação.

Nas ETEs da Caern, a remoção da DBO e DQO é efetuada através de lagoas

tipo facultativa, aeróbica aerada com mistura completa, facultativa aerada,

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maturação/polimento. As lagoas aeróbicas aeradas com mistura completa têm

profundidades a partir de três metros. Nas facultativas aeradas, a luz solar penetra

na parte superficial, promovendo fotossíntese e, dessa maneira, oxigenando a parte

superior do leito. Aproximadamente a meia profundidade, a luz solar não consegue

mais adentrar, daí os processos biológicos são de maneira anaeróbica. As lagoas de

polimento variam de 0,50 m (cinquenta centímetros) a 2,20 m (dois metros e vinte

centímetros) e tem a finalidade de expor todo o efluente às irradiações solares.

O tratamento dos efluentes da UTEN/GMN – Caern, é do tipo convencional. No

processo, fazem-se os tratamentos preliminar, tratamento secundário e tratamento

terciário. Os resíduos provenientes, com excessão do efluente, das ETEs são

tratados previamente como convém, em leitos de secagem e enviados ao aterro

sanitário.

3.5. Estações de Tratamento de Esgoto - ETEs

As estações de tratamento de esgotos que compõe a UTEN/GMN são

formadas, cada uma, por três lagoas, num total de doze lagoas. As saídas das ETEs

são monitoradas quanto aos parâmetros físico-químicos e biológicos, para posterior

lançamento ao meio ambiente. Todas lançam seus efluentes no Rio Potengi.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), para cada unidade

monetária investida em obras e serviços de saneamento, evitam-se gastos até cinco

vezes maiores com tratamento de doenças que teriam origem na falta desses

serviços. A OMS elenca como as principais doenças que tanto podem ser contraídas

através da ingestão de líquidos contaminados como por contato epidérmico: a

diarreia Infecciosa, o cólera através da bactéria Vibrio cholerae; a leptospirose,

doença bacteriana transmitida pela água e/ou alimentos contaminados pela urina de

animais, principalmente o rato; hepatite, inflamação no fígado causada por vários

tipos de vírus, com sintomas parecidos com os da gripe e da icterícia, não raras

vezes confundem médicos a proferirem diagnósticos errados; a esquistossomose,

também conhecida como doença do caramujo, provocada pelo verme

esquistossomo, entre outras tantas que podem ser transmitidas pelas águas

contaminadas. Isso justifica os procedimentos de tratamento de efluentes, que têm

como principal objetivo a eliminação de certos contaminantes ou a sua redução a

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níveis que o meio receptor da carga tenha condições de depurar. Os parâmetros

estão estabelecidos na Resolução do CONAMA 430, de 13 de maio de 2011, Seção

III, Art. 21. Amostras de efluentes em cada ETE são coletadas uma vez a cada dois

meses e enviadas ao Laboratório Central para análises.

3.5.1. ETE do DIN – Localização e Caracterização

A ETE do DIN está localizada no Jardim Progresso, Zona Norte de Natal. É

formado por três lagoas, com larguras de 90 m. A primeira é do tipo aerada aeróbica

de mistura completa, comprimento de 242 m e profundidade de 3,00 m, fig. 15,

Figura 15 – ETE do DIN, imagem do Google Earth há 15 anos.

Fonte: Caern

equipadas com 14 motoaeradores. A segunda lagoa é do tipo facultativa aerada,

equipada com seis motoaeradores, tem 175 m de comprimento e profundidade de

3,00 m. A terceira é do tipo maturação/polimento, com 169 de comprimento e

profundidade de 2,20 m. Sua finalidade é a de reduzir a carga biológica para que os

efluentes possam ser lançados no meio ambiente. A ETE do DIN recebe os dejetos

domésticos e industriais, fig. 16. Menos de 1% (um por cento) de seu volume

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corresponde ao esgoto doméstico, e quase sua totalidade é industrial, proveniente

de doze empresas ali instaladas.

Figura 16 – Fluxograma do DIN

Fonte: Luiz de França Filho

Entre elas, a que fornece maior volume é a Vicunha Têxtil, cerca de 30% (trinta por

cento), e que também apresenta maiores problemas quanto ao estado termoquímico

de seus rejeitos. Infelizmente, não se dispõem de equipamentos (instalados) para

medição de temperatura, pH, concentração dos principais poluentes, volume e vazão

(por ocasião da reforma, há mais de 15 anos, foram feitas medidas de vazão através

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de equipamento ultrassônico acoplado a calha Parshal). Observa-se a formação de

névoa proveniente da evaporação de produtos químicos diluídos, a ponto de se

sentir cheiros marcantes de solventes e calor excessivo ao se aproximar das

instalações sanitárias, da calha Parshall ou na caixa receptora na entrada da ETE.

A ETE DIN foi projetada para se conseguir uma eficiência, em termos de DBO

superior a 95,0% (DBO5,20 final inferior a 30 mg/L). Foi concebida para tratar uma

DBO média estimada em até 600 mg/L (efluente bruto após pré-tratamento pelas

indústrias) a uma vazão mínima igual a 6.600,00 m3/dia correspondente a fase inicial

e uma vazão máxima igual a 10.500 m3/dia correspondente à fase final.

A ETE DIN possui tratamento preliminar com grades de barras e

desarenadores. O tratamento secundário do sistema DIN foi projetado e concebido

de três lagoas em série, fig. 16, a primeira lagoa é do tipo aerada aeróbica por

mistura completa, com volume útil de 38.736 m3. Foram instalados 14

motoaeradores de 25 CV cada, montados sob flutuantes (submersos) com admissão

vertical para garantir as condições de mistura completa e os níveis de oxigênio

dissolvido requeridos para o processo de oxidação biológica.

Em seguida, o efluente é lançado numa lagoa aerada facultativa com volume

útil de 40.190 m3, munida de 06 aeradores de 25 CV para garantir as condições de

aerobiose nas camadas menos profundas da lagoa, de modo a permitir a floculação

e a sedimentação do lodo proveniente da primeira etapa. O lodo é acumulado e

estabilizado por processos biológicos anaeróbios, com expressiva redução do

volume do sedimentado, permitindo ser removido a posteriori.

A lagoa de polimento/decantação tem volume útil de 41.659 m3 e profundidade

útil de 2,20 m. Nessa lagoa, o tempo de detenção é suficiente para uma eficiente

remoção de sólidos em suspensão e para promover uma remoção adicional da

carga orgânica e de coliformes fecais, provenientes dos esgotos domésticos. Em

seguida, o efluente final da ETE segue por gravidade até a estação elevatória de

esgoto tratado, de onde é recalcado até o corpo d’água receptor (Rio Potengi). É

considerada saída da ETE o ponto anterior ao recalque, e aí são tomadas as

amostras.

A fim de se garantir a eficiência do sistema, estima-se um período de 05 anos

para remover o lodo sedimentado. Há mais de 15 anos que a ETE foi ampliada e

desde aí não ocorreu nenhuma remoção desse lodo. Mesmo não tendo havido a

manutenção operacional nessa ETE, as análises têm mostrado resultados

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satisfatórios dentro dos parâmetros estabelecidos. Em algumas ocasiões, a

contagem dos coliformes totais tem excedido a 1000 UFC/100mL. Foi discutida a

possibilidade de se instalar na saída da lagoa de polimento/maturação uma unidade

de desinfecção química com cloro gasoso, uma vez que essa dista 390 m por uma

tubulação de 300 mm. Considerando a densidade e a viscosidade do efluente

equivalente às da água para efeito de estimativa do número de Reynolds, temos:

Temperatura do fluido = 27 °C,

Vazão mínima = 6600 m3/dia = 0,0764 m3/s,

Diâmetro do tubo = 0,300 m

Área do tubo = 0,0707 m2,

ρ = 1000 kg/m3,

μ = 8,53x10-4 kg/(m*s)

v = 1,0806 m/s.

Daí, vem que:

Re = �∗�∗�� =

�� � ∗,��

� ∗�,����,��∗���� ��

∗� = 3,8 � 10�. (3)

Tem-se, nessas condições, regime estacionário turbulento. O trajeto é formado

por quatro seções retas e cinco joelhos de 90°. Ess a configuração favorece a

mistura do desinfetante ao efluente. Como dista 390 m e o fluido se desloca a

aproximadamente 1,0806 m/s, tem-se um tempo de contato e mistura cerca de 361

segundos, tempo considerado razoável para promover a mistura e a redução dos

coliformes totais a parâmetros desejados, quando necessário for.

3.5.2. ETE do Beira Rio – Localização e Caracterização

A ETE do Beira Rio está encravada à margem esquerda do Rio Potengi, após a

ponte de Igapó, fig. 17. O portão de entrada está localizado no ponto de

coordenadas planas UTM, E = 251.045m e N = 9.361.172 m, no Meridiano Central

de 33° WGr, Datum WGS 84. Esta ETE atende parcialme nte ao Bairro de Igapó e ao

Norte Shopping da Zona Norte de Natalcom aproximadamente 8.000 habitantes.

A ETE do Beira Rio possui tratamento preliminar, com grades de barras e

desarenadores. O tratamento secundário desse sistema foi projetado e concebido de

três lagoas em série, sendo uma facultativa e duas de maturação. A lagoa facultativa

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mede 260 m de comprimento e largura de 130 m, com profundidade de 1,50 m; tem

uma área superficial de 33.800 m2 e volume teórico de 50.700 m3, confiome

fluxograma da fig. 18. A ETE recebe uma vazão média de 69,93 m3/h; assim sendo,

o esgoto tem um tempo de residência de aproximadamente 30,21 dias.

Figura 17 - ETE Beira Rio, localização, comunidade do Igapó

Fonte: Caern

As duas lagoas de maturação/polimento medem 130 m de comprimento por 65

m de largura e uma profundidade de 1,00 m. As duas somam uma área superficial

de 16.900 m2 e um volume teórico de 16.900 m3. Essas lagoas incrementam um

tempo de detençao de aproximadamente 10,06 dias. O tempo total de detenção do

sistema é de aproximadamente 40,27 dias.

O sistema tem-se mantido satisfatório. Os dados obtidos das análise estão

dentro dos parâmetros estabelecidos pela Resolução CONAMA 430.

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Figura 18 – Fluxograma da ETE Beira Rio

Fonte: Luiz de França Filho

3.5.3. ETE do Jardim Lola I – Localização e Caracterização

A ETE do Jardim Lola I está encravada no mangue, à margem esquerda do Rio

Potengi. O portão de entrada está localizado no ponto de coordenadas planas UTM,

E = 250.384 m e N = 9.360.570 m, no Meridiano Central de 33° WGr, Datum

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WGS 84, com acesso pela ruas João Evangelista ou Ítalo Pinheiro, fig. 19. Esta

atende a comunidade de Lola I, com aproximadamente 5.300 habitantes.

Figura 19 - Localização da ETE Jardim Lola I

Fonte: Caern

A ETE do Jardim Lola I possui tratamento preliminar, com grades de barras e

desarenadores em estado de conservação regular. O tratamento secundário desse

sistema foi projetado e concebido com três lagoas em série, sendo uma facultativa e

duas de maturação, fig. 20. A lagoa facultativa mede 160 m de comprimento e

largura média de 87,5 m, com profundidade de 1,80 m; tem uma área superficial de

14.000 m2 e volume teórico de 25.200 m3. A ETE recebe uma vazão média de 43,59

m3/h; assim sendo, o esgoto tem um tempo de residência de aproximadamente

24,09 dias

As duas lagoas de maturação/polimento medem 160 m de comprimento por

30 m de largura e uma profundidade de 1,50 m. As duas somam uma área

superficial de 9.600 m2 e um volume teórico de 14.400 m3. Essas lagoas

incrementam um tempo de detenção de aproximadamente 13,76 dias. O tempo total

de detenção do sistema é de aproximadamente 37,85 dias.

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Figura 20: Fluxograma da ETE Jardim Lola I

Fonte: Luiz de França Filho

3.5.4. ETE do Jardim Lola II – Localização e Caracterização

A ETE do Jardim Lola II está encravada no mangue, à margem esquerda do

Rio Potengi. O portão de entrada está localizado no ponto de coordenadas planas

UTM, E = 249.693 m e N = 9.360.685 m, no Meridiano Central de 33° WGr, Datum

WGS 84, com acesso pela rua Aluizio Alves, fig. 21. Esta atende a comunidade de

Loia II com aproximadamente 3.300 habitantes. É formada por três lagoas, sendo

uma facultativa e duas de maturação, fig. 22. A lagoa facultativa mede 112 m de

comprimento e largura média de 62 m, com profundidade de 1,80 m; tem uma área

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superficial de 6.944 m2 e volume teórico de 12.499,2 m3. A ETE recebe uma vazão

média de 25,92 m3/h, assim sendo, essa lagoa detem o esgoto por

aproximadamente 20,09 dias

Figura 21 – ETE Jardim Lola II, localiozação.

Fonte: Caern

A lagoas 1 de maturação/polimento medem 110 m de comprimento por 25 m

de largura e uma profundidade de 1,50 m; tem uma área a meia secção de 2.750 m2

e volume teórico de 4.125 m3.

A lagoas 2 de maturação/polimento medem 86 m de comprimento por 25 m de

largura e uma profundidade de 1,50 m; tem uma área a meia secção de 2.150 m2 e

volume teórico de 3.225 m3.

As duas soma dos volumes das lagoas de matguração/polimento porta em

7.350 m3, incrementando um tempo de detenção de 11,82 dias, totalizando 30,91

dias de detenção no sistema.

Periodicamente são colhidas amostras nas saídas das ETEs para verificação

dos parâmetros estabelecidos. As médias encontradas sempre estão acima dos

valores mínimos admitidos e sempre inferiores aos valores máximos permitidos em

cada parâmetro.

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Figura 22 – Fluxograma ETE Jardim Lola II

Fonte: Luiz de França Filho

3.6. Administração da UTEN/GMN

A UTEN/GMN é administrada pelo Eng. Químico Francisco Canindé Moraes

Filho, que conta com uma equipe de um técnico e um assistente de laboratório,

responsáveis pela análise e controle de qualidade da água, nove operadores de

sistema, responsáveis pelo monitoramento e operação da unidade em escalas de 24

por 36 horas, além de uma equipe de limpeza, manutenção e segurança.

Nas ETEs do sistema Natal Norte, contam-se apenas com um operador de

manutenção com carga horária de quarenta horas semanais e serviço de vigilância

vinte e quatro horas.

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4. Atividades Realizadas

Foram realizadas diversas atividades concernentes a operacionalidade da ETA e da

ETE da UTEN/Caern. Inicialmente, foram conhecidas as instalações, equipamentos,

produtos químicos e procedimentos. Inteirado da rotina da ETA, passei a executar

atividades laborais, sempre buscando adquirir conhecimentos, refutando certos

métodos e sugerindo melhorias ou correções.

A UTEN realiza monitoramento dos parâmetros físico-químicos e

microbiológicos de suas águas. Na saída da ETA, a cada duas horas é coletada uma

amostra e são analisados os parâmetros de cloro residual livre (CL), cor,

temperatura, pH e turbidez; a água bruta é analisada a cada seis horas e, a cada

vinte e quatro horas, as saídas dos quatro filtros. Duas vezes por semana são

coletadas amostras em diversos pontos finais (logo após hidrômetro) para

monitoramento físico-químico e microbiológico.

4.1.→Realizei, nas semanas iniciais e demais, análise físico-química da água

da ETA Extremoz e dos 25 municípios vizinhos, em conjunto, com os

dois técnicos de laboratório, e auxiliei nas análises microbiológicas;

4.2.→Acompanhei operação de manutenção e limpeza da ETA;

4.3.→Visitei a ETE do DIN por ocasião da instalação de aeradores nas lagoas

facultativa e maturação/polimento;

4.4.→Visitei as ETEs de JARDIM LOLA I, JARDIM LOLA II e Beira Rio para

acompanhamento de limpeza dos taludes e remoção da vegetação;

4.5.→Monitorei os níveis dos filtros para determinar a perda de pressão no leito

filtrante, que subsidiaria possível instalação de equipamento para

selecionar o filtro a ser lavado; sugestão acatada para análise com

possibilidade de implementaçãoi;

4.6.→Observei a falta de Mapa de Risco, o qual fui incumbido de elaborar. Por

não encontrar a planta baixa das edificações, inicialmente:

a) georreferenciei o perímetro da Caern,

b) esbocei um croqui das edificações, medi e desenhei a planta baixa e,

subsequentemente elaborei o Mapa de Risco, Anexo VII;

4.7.→Observei ineficiência ou inadequação de alguns equipamentos de

segurança:

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a) guarda-corpo que deveria ter, no mínimo, 1000 mm, em alguns

trechos tinham apenas 900 mm de altura a partir do piso. A

adequação já havia sido planejada.

b) na casa de lodo, há alto risco de tropeço e queda de altura

considerável, ao descer os degraus de acesso à sala de bombas;

c) estrutura da marquise comprometida da subestação que abastece a

casa de bombas do alto recalque;

d) não uso de EPIs ou negligenciado o seu uso em especial na Casa

de bombas do alto recalque onde há emissões de ruídos em alta

frequência e intensidade;

4.8.→Realizei visitas as ETEs onde foram observadas faltas de manutenção

dos equipamentos tão importantes para adequação dos efluentes. Foi

constatado assoreamento de todas as lagoas ao ponto de ocorrer

formação de canais preferenciais em algumas delas. Foram

apresentadas e discutidas algumas soluções para se recuperar as

lagoas. Entre elas, a contratação, pela Caern de uma empresa

especializada em tratamento de esgotos, remoção e destinação

adequada de resíduos sólidos. Foi solicitado s uma determinada

empresa um orçamento para remoção do lodo, que importou em R$

1.700.000,00 (um milhão e setecentos mil reais) para desassoreamento

das lagoas e mais R$ 2.300.000,00 (dois milhões e trezentos mil reais)

para transportar e depositar em aterro sanitário.

4.9.→Sugeri, que além da análise química e granulométrica do lodo feita pela

empresa Engesoft a serviço da Caern, fosse determinada a sua

quantificação para que se pudesse estimar o montante de lodo a ser

removido e, assim indicar um equipamento manual ou até mesmo

motorizado. A quantificação foi descartada. Fui incumbido de apresentar

o projeto ora sugerido. Esbocei e projetei um equipamento manual para

ser operado por uma só pessoa, com possibilidade de um auxiliar e ainda

podendo ser facilmente adaptado à motorização. Denominei o

equipamento de BIGUAR, em homenagem à ave aquática biguá

(Phalacrocorax brasilianus), ave suliforme da família Phalacrocoracidae.

É uma ave aquática, também conhecida por mergulhão por mergulhar um

bom tempo em busca de peixes, seu alimento (Anexos I a VI).

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4.10.→Monitorei o consumo de energia elétrica e verifiquei uma disparidade

enorme entre a potência ativa e a potência reativa. Inicialmente tomei os

valores acumulados, no dia 13/10/2016, que foram: consumo ativo de

571.367 kWh, consumo reativo de 819.904 kWh. De imediato, percebi

que havia algo errado com a demanda energética. Considerando

apenas esses dados, o fator de potência ficaria muito baixo, cos(φ) =

0,57. Comuniquei de imediato ao Eng. Canindé, responsável pela

administração da UTEN, que informou ter sido corrigido o problema. No

dia 21/07/2016, foi instalado um par de capacitores de 114 μF trifásico

da subestação que alimenta as bombas de baixo recalque e tomando-se

o consumo diário, verifica-se o fator de potência cos(φ) = 0,92, no limite

inferior permitido pela nossa legislação sem oneração do consumo

reativo.

4.11.→Com auxílio de equipamento rastreador de sinais de satélite, marca

CHC, modelo X90 de alta precisão com 24 canais GNSS (Global

NavigationSatellite System), operando em duas frequências (L1/L2)(L1 =

1575,42 MHz e L2 = 1227,60 MHz), pós-processado, determinei as

coordenadas do ponto de captação (E = 246967,25 m,

N = 9367114,84 m e H = 6,46 m) e do ponto de chegada a ETA

(E = 247184,12 m, N = 9366578,54 m e H = 27,20 m). A menor distância

entre esses pontos é de 578,49m, no entanto seu comprimento é de

737,29 m e uma diferença entre cotas de 24,25 m.

4.12.→Procurei pelo projeto da adutora para me familiarizar com a planta e

transitar do virtual ao real (teórico versus prático), mas não foi

localizado. Anotei e contei as peças que compõem a adutora e refiz os

cálculos para verificar a potência das bombas. Concluí que seria

necessária uma potência útil de 163,9 kW. Considerando um rendimento

de η = 0,60, serão necessários 273,1 kW, ou 370 CV. Atualmente,

existem duas bombas instaladas de 200 CV cada. Segundo operadores,

esses motores foram recondicionados e modificados a operar com

potência majorada. Não souberam quantificar e os dados não foram

encontrados/disponibilizados.

4.13.→Elaborei os Fluxogramas das quatro ETEs, figuras 16, 18, 20 e 22.

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4.14.→Auxiliei aos laboratoristas na determinação de nitratos, através do

equipamento da Merck, modelo SpectroquantPicco. O método utilizado

é fotométrico. Procedeu-se a seguinte forma: em um tubo de ensaio

foram adicionados 4,0 mL do reagente (NO3)-, acrescido 0,5 mL da

amostra e por último 0,5 mL do reagente (NO3)3-. Agitou-se e deixou-se

reagir por 10 min, enquanto isso calibrou-se o espectrômetro com

amostra de água destilada (ZERO). Decorrido o tempo transfere-se a

amostra para a cubeta apropriada (utilizada para calibrar o

equipamento). Daí realizou-se a leitura no espectrômetro.

4.15.→Realizei destilação de água para uso interno.

4.16.→Participei de um treinamento de manuseio e transporte do CloroGás,

promovido pela SABARÁ Químicos e Ingredientes, ministrado pelo

senhor José Maria, funcionário da BERACA Sabará Químicos e

ingredientes Ltda; empresa fornecedoras de produtos de tratamento de

águas e esgotos.

4.17.→Constatei inobservância quanto aos critérios de eliminação de

interferência nas análises fisico-químicas da água de saída, em especial

a admissão de paridade entre cubetas. Sugeri correção e desuso de um

dos equipamento, Anexo VIII.

4.18.→Observei que o parâmetro de turbidez da água de saída da ETA

oscilava muito rapidamente. Verifiquei a sconsistência dos resultados e

a estabilidade do equipamento. Foi descartada a possibilidade de falha

do espectrômetro. Investiguei os ascessórios e ficou evidenciado que os

cubetas tidos como emparelhados estavam causando discrepância no

resultado, Anexo X.

4.19.→Realizei calibração nos equipamentos da PoliControl e ascessórios. Os

dados estão no ANEXO IX. Concluí que os cubetas não formam pares;

que, com a utilização de um para calibrar o equipamento e outros para

se fazer as leituras, anula-se a calibração, pois um dos elementos que

forma a calibração foi removido; os cubetas são cilíndricos e isso

possibilita encaixá-los em qualquer posição num ângulo de 360°. Mesmo

havendo o cuidado pelo analista em encravá-los observando as marcas

no frasco e no espectrômetro, fica prejudicada a possibilidade de se

obter o mesmo alinhamento da calibração. Realizei alguns testes

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fazendo micro giros na cubeta e, surpreendentemente, os valores

variaram bastante, o que vem a corroborar a dificultadade de se

posicionar a cubeta na mesma posição ou próximo disso. Realizei testes

com a mesma amostra de ZERO, encaixando e removendo totalmente o

frasco do equipamento, no entanto, por ocasião do encaixe, procurei

encaixá-lo rigorosamente na mesma posição. Apenas uma das dez

leituras ocorreu diferente de 0,00. Conforme ANEXO X.

5. Identificação dos Conteúdos Estudados no Currículo

Os conteúdos estudados que tiveram relação direta com as atividades do

estágio foram vários, entre eles pode-se citar com aplicação direta:

5.1. Química Geral e Inorgânica – uso dos conceitos preliminares,

caracterização do estado da matéria;

5.2. Química Analítica - aplicação direta na análise de água através do

monitoramento dos parâmetros de pH, cor, cloro livre, turbidez,

temperatura, nitrato e nitrito.

5.3. Química Orgânica – uso e aplicação de dicloroisocianurato de sódio.

5.4. Transporte de Quantidade de Movimento (Mecânica dos Fluidos ou

Fenômeno de Transporte) – Mesmo não tendo sido uma atividade

explicita do estágio, procurei elaborar o esboço da adutora que entrega a

água a ser tratada na estação. Foram utilizados princípios e conceitos da

disciplina para se determinar as perdas de cargas ao longo do duto e nas

suas conexões.

5.5. Eletrotécnica Básica – foram aplicados os conteúdos adquiridos neste

componente curricular para determinar o valor da capacitância a ser posta

em paralelo, para se reduzir os efeitos reativos no funcionamento dos dois

motores acoplados às bombas do baixo recalque;

5.6. Qualidade e Segurança na Indústria – os conhecimentos dos riscos à

saúde e à integridade física dos funcionários transmitidos pela disciplina,

foram de fundamental importância para que pudesse perceber na prática

a real existência dos perigos e assim propor adequações. Lastreado nas

normas de segurança, elaborei o Mapa de Risco da ETA-Extremoz;

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5.7. Introdução ao Desenho Computacional – através do conhecimento e

habilidade adquirida na manipulação gráfica automatizada pelo CAD

(Computer-Aided Design – Desenho Assistido por Computador) Micro

Ustation, fiz a planta baixa do terreno onde se localiza a ETA-Extremoz;

5.8. Operações Unitárias com Sistemas Sólido-Fluido – Ao observar o

comportamento do fluido (água), revivi e internalizei os conceitos

apresentados em sala de aula e nas práticas de laboratórios, que, até

então, eram muito tênues. Nos equipamentos popularmente denominados

de decantadores, na realidade são elutriadores, foram-me enraizados os

princípios da separação sólido-líquido do sistema;

5.9. Transferência de Massa – mesmo sem determinar valores de difusividade,

observei a importância desse conhecimento para elaboração de projeto

onde a velocidade dos processos químicos é de fundamental importância;

5.10. Introdução aos Biocatalisadores – tendo realizado análises

microbiológicas, tive a oportunidade de aplicação direta de relembrar o

metabolismo e a nutrição dos microrganismos através do suposto cultivo

microbiano para determinar a presença ou não de coliformes totais,

coliformes e termotolerantes e ainda quantificando as bactérias

heterotróficas através da contagem das UFCs (Unidades Formadoras de

Colônias);

5.11. Engenharia Bioquímica – na prática de esterilização de equipamento.

5.12. Mecânica dos Sólidos – Ao projetar o removedor de lodo, senti-me bem

confortável e seguro ao usar os princípios aprendidos em sala de aula.

5.13. Instrumentação na Indústria Química – Ao averiguar a precisão e o atraso

de resposta do medidor de cloro livre instalado na parede do laboratório, e

os dos medidores de bancada: cloro livre, pH, cor, turbidez.

Quero citar ainda os componentes curriculares como: Mecânica Clássica,

Eletricidade e Magnetismo, as Matemáticas para Engenharia, Princípios dos

Processos químicos, Cinética e Reatores Químicos. Todos esses componentes

curriculares, dos quais fiz aplicação direta no meu estágio, tiveram subsídios tão

importantes quanto esses.

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6. Autoavaliação para exercer as demandas do estágio

Em sala de aula, não há como implementar processos industriais, uma vez que

ali não é uma indústria, mas um local onde se vê, se questiona, se formulam e

reformulam princípios de funcionamento e execução de processos.

A Caern, onde foi realizado o estágio, é uma empresa com apenas duas

atividades econômicas: tratamentos de água e esgoto.

O estágio se deu quase na sua totalidade no tratamento de água e, em

especial, no monitoramento dos parâmetros físico-químicos.

No entanto tenho procurado enraizar e amadurecer o que me é apresentado e

não foi diferente quando me deparei diante da indústria de tratamento de água que

me acolheu. Ali estava mais uma oportunidade de sedimentar os conteúdos

aprendidos. Fui tratado como se não tivesse a obrigação de saber, isso é ótimo em

qualquer situação e circunstância, e, sem postergar, estava inteirado das demandas.

Sei que há muito a ser melhorado quanto à grade curricular, mas é impossível se

obter um “super engenheiro” em apenas cinco anos. Entretanto, considero

satisfatória, ou mais que satisfatória, a formação recebida nesses dozes semestres.

7. Autoavaliação de retorno do estágio

É muito gratificante a oportunidade de se aplicar conhecimento teóricos e

observar os resultados aparecerem dentro do estimado. É muito gratificante

perceber que somos capazes de formular soluções aos problemas encontrados, e

que, quando testadas, tem-se o equacionamento resolvido. A oportunidade do

estágio faz desabrochar essa capacidade de apresentar opções às demandas

enfrentadas. Hoje, vejo-me bem mais confiante e ousado a experimentar hipóteses,

a formular alternativas plausíveis. Sem a oportunidade do estágio, seguramente, não

estaria tão dedicado e ávido pela engenharia. O processo de tratamento de água

deu-me a oportunidade de aplicar uma gama bem ampla de conhecimento e

interações entre vários componentes da grade curricular. O estágio é, portanto,

essencial na formação do profissional.

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8. Contribuições para a Caern

i) Incentivo ao uso de EPIs;

ii) Identificação de eminente colapso de estruturas com potencial risco a

fatalidades;

iii) Monitoramento de consumo de energia e sua eficiência;

iv) Calibração de equipamento e identificação de inaproveitável;

v) Melhoramento do processo de análise físico-química com eliminação de

fatores interferentes;

vi) Análise físico-química de águas da ETA e Região Norte Metropolitana;

vii) Preparação de amostras para análise no Laboratório Central;

viii) Limpeza de equipamentos e esterilização de materiais;

ix) Elaboração de mapa de localização e planta baixa das edificações;

x) Elaboração do Mapa de Risco;

xi) Identificação de estruturas de segurança (guarda-corpo) em

desconformidades com a norma NBR 14718.

xii) Fiscalização dos serviços de melhoramento das ETEs

xiii) Elaboração de Fluxogramas das ETEs;

xiv) Projeto de um equipamento para remoção do lodo (Biguar);

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9. Bibliografia e Fontes Consultas

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria N° 2914, de 1 2 de dezembro de 2011. Dispõe

sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para

consumo humano e seu padrão de potabilidade.

ARAÚJO, Weslley Morais de. Relatório de Estágio Supervisionado. 2014.2. Atividade

Obrigatória – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN

BRAGA, Benedito et al. Engenharia Ambiental o Desafio do Desenvolvimento

Sustentável. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2007. 2ª. Edição. 3ª.

Impressão.

SKOOG, Douglas A. et al. Fundamentos de Química Analítica. São Paulo: Editora

Thomson Pioneira, 2005. Tradução da 8ª. Edição norte-americana.

POTTER, Merle C. WIGGERT, David C. Mecânica dos Fluidos. São Paulo: Editora

Thomson Pioneira, 2004. Tradução da 4ª. Edição norte-americana.

BASSET, Jennifer et al.Vogel: análise química quantitativa. 6 ed. LTC, 2002.

USP. Escola Politécnica. Departamento de Engenharia Mecânica. Disciplina:

Mecânica dos Fluídos I. Roteiro de experiência de Laboratório, Perda de carga

distribuída e localizada em escoamento turbulento e medidores de vazão -

http://sites.poli.usp.br/d/pme2230/. Consulta: 08.10.2016.

NILSON, James W. RIEDEL, Susan A. Circuitos Elétricos. São Paulo: Pearson

Education do Brasil, 2009. 8ª. Edição.

CESAN - Companhia Espírito Santense de Saneamento. Apostila Tratamento de

Esgoto. Vitória/ES. – Revisada em julho de 2013.

ENGESOFT – Engenharia e Consultoria S/C Ltda. Quantificação da Oferta Hídrica

da Região da Lagoa de Extremoz - Relatório Final, vol. 1. Secretaria de

Estados dos Recursos Hídricos - SERHID, setembro 2004.

BUZANELLO, Elizandra Bruschi et al. NOTA CIENTÍFICA: Determinação de

Coliformes Totais e Termotolerantes na Água do Lago Municipal de Cascavel,

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Paraná. Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 6, supl. 1, p. 59-60,

set. 2008.

CAERN – Companhia de Águas e Esgoto do Rio Grande do Norte. Apresentação em

PowerPoint da ETA Extremoz. Natal. 2016.

CAERN – Companhia de Águas e Esgoto do Rio Grande do Norte. Diagnóstico e

Proposição de Melhorias para o Sistema de Esgoto da Zona Norte – DIN, Beira

Rio, Jardim Lola I e Jardim Lola II. Fevereiro de 2010.

SEGPLAN – Secretaria de Estado de Gestão e Planejamento/GO. Manual de

Elaboração de Mapas de Riscos, Goiana/GO.

CAERN – Companhia de Águas e Esgoto do Rio Grande do Norte.

http://adcon.rn.gov.br/ACERVO/caern/DOC/DOC000000000017759.PDF.

Acesso: 01.11.2016.

CAERN – Companhia de Águas e Esgoto do Rio Grande do Norte.

http://www.caern.rn.gov.br/Conteudo.asp?TRAN=ITEM&TARG=12037&ACT=n

ull&PAGE=0&PARM=null&LBL=null. Acesso em: 01.11.2016.

CAERN – Companhia de Águas e Esgoto do Rio Grande do Norte.

http://www.caern.rn.gov.br/Conteudo.asp?TRAN=ITEM&TARG=12037&ACT=n

ull&PAGE=0&PARM=null&LBL=null#sthash.X3Hpsfaf.dpuf. Publicado em

29.08.2014. Acesso em: 11.11.2016

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resolução 57/2005: http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=459. Acesso em: 11.11.2016.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional de Meio Ambiente.

Resolução 30/2011.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional de Meio Ambiente.

Resolução 646. http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=646.

Acesso em: 11.11.2016.

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ANEXOS

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ANEXO I

PROJETO DE EQUIPAMENTO EM FORMATO DE CESTO QUADRADO PARA

REMOÇÃO DE LODO NO FUNDO DE LAGOA DE TRATAMENTO DE ESGOTO

BIGUAR

Autor: Luiz de França Filho

Estagiário de Eng. Química – UFRN

ETA Extremoz – Natal/RN.

07 de outubro de 2016

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ANEXO I - Continuação

Aplicação:

Remoção de lodo do fundo da lagoa de tratamento de esgoto com funcionamento

manual por dois operadores.

Dimensões:

A cesta de base quadrada com 60cm x 60cm e altura inclinada de 30°, a partir da

base do lado frontal, considerado o padrão de elevação dos taludes das lagoas de

ETE, ou conforme a inclinação do talude existe de modo a se obter uma capacidade

de 60L (sessenta litros) de lodo a ser drenado.

Características:

A estrutura será construída em vergalhão liso de 12,7mm (meia polegada) em suas

bordas; os seus lados telados com vergalhão liso de 4,76mm (três dezesseis avos

de polegada) com malhas de 10cm (dez centímetros) que darão sustentação as

paredes internas recobertas por telas em nylon do usada em limpeza de piscinas.

O cesto será munido de 04 (quatro) rodas para deslizar no fundo áspero das lagoas,

04 (quatro) manetas para possibilitar erguê-lo e fazer transbordo ao carro de mão.

Acessórios: Flutuador e rampa.

O Biguar será conectado através de uma cordoalha preferencialmente em seda a um

flutuador construído em poliestireno expandido (isopor) com as dimensões:

10cm x 50cm 100cm (50L) e capacidade máxima de flutuação até 48 kg (quarenta e

oito quilogramas). Esse flutuador receberá uma cobertura de reforço em PVC para

não ser destruído em operação normal de trabalho.

O cesto sobre o flutuador será empurrado por um tubo de PVC de 20mm até o ponto

desejado, será tombado do flutuador por um puxão pela corda de arraste,

submergirá até o fundo da lagoa. O Biguar será puxado pela corda que o fará

deslizar no fundo da lagoa arrastando e retendo o lodo, e emergirá tangenciando o

talude com inclinação de 30° (trinta graus). Acessa rá a rampa construída para

erguer o cesto carregado de lodo até uma altura de 50cm (cinquenta centímetros),

05cm (cinco centímetros) mais elevado que a altura do um carro de mão que servirá

de transporte par ao leito de secagem.

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Anexo I - Continuação

A rampa proporcionará menos desconforto aos operadores e mais segurança

diminuindo o perigo de escorrego uma vez que o talude será banhado pela

drenagem do lodo enquanto se executa a operação. Assim sendo a operação será

minimizada aos operadores proporcionando que seja executada em posição ereta.

Tabela 1: Relação de materiais constituintes do Biguar e Acessórios.

Quant. Unid. Especificação Massa

(kg)

Custo (R$)

6 m Barra Redonda MEC ½” 12,70mm 5,50 25,30

12 m Barra Redonda 1/4 serralheiro 3,00 16,50

8 m Barra Chata 3/16" x 7/8" 6,64 39,61

0,5 m2 Perfil LAM (Forro) PVC Vinc 14m x 200mm 0,36 3,48

25 m Corda Eco Rope 5mm Colorida ArtePlas 25,00

1 Unid Óxido Metálico Preto Fosco Quarto 900 mL 14,00

0,5 m2 Prancha de Poliestireno Expandido (isopor) 0,03 24,00

1 m Tela Mosquiteiro largura = 1,00m 3,27

18 M Tubo PVC 20mm 3,00 9,60

1 Kg Cola PVC 1,00 30,00

1 Unid Fita Adesiva Transparente para Embalagem 0,10 13,50

1 kg Solda Elétrica 13,90 13,90

T O T A I S 19,63 218,16

Modo de Usar:

Instalar previamente a rampa de acesso.

O Biguar será conectado em sua parte traseira ao flutuador por uma corda de seda

ou similar fina com 5,00m (cinco metros) para lagoas de profundidades de 3,5m (três

metros e meio). Essa corda servirá para mantê-los conectados. Ajustar o tamanho

da corda de acordo com a profundidade da lagoa. Uma segunda corda será afixada

na parte frontal para puxá-lo. Os tubos de PVC de 20mm servirão para empurrar o

Biguar sobre o flutuador até ao ponto de mergulho. O Biguar deverá submergir por

sua parte frontal (estreita). Esperar que o Biguar desça até o fundo da lagoa e então

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deverá ser puxado, emergido na borda da lagoa e guiado à rampa de acesso. Ao

final da rampa, o Biguar deverá ser travado automaticamente para evitar que ocorra

o deslizamento de volta a lagoa, caso isso não ocorra o operador deverá acional

manualmente.

Natal/(RN), 07 de outubro de 2016.

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ANEXO II

ANEXO III

Flutuador em poliestireno expandido com revestimento em PVC.

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Anexo IV

Rampa de Acesso ao transbordo

Anoxo V

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ANEXO VI

Biguá (Phalacrocorax brasilianus) em seu habitat

Biguá (Phalacrocorax brasilianus), ave aquática, mergulha em busca de peixes e permanece um bom tempo debaixo d'água. Também conhecido por Mergulhão.

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ANEXO VII

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ANEXO VIII

PROCEDIMENTO DE CALIBRAÇÃO DE MEDIDOR DE CLORO LIVRE

Há vários anos, foi instalado o equipamento de medição de cloro livre munido

da sonda modelo DulcoTest CLE, no laboratório de análise físico-química da

Unidade de Tratamento de Água e Esgoto Natal Norte (UTEN) na Gerência de

Manutenção Norte (GMN) – UTEN/GMN.

Segundo queixas dos operadores, esse equipamento nunca funcionou

corretamente. Observando-se as disparidades entre as leituras feitas pelo

equipamento da DulcoTest e um outro da PoliControl Instrumentos Analíticos,

modelo AquaColor Cloro FE, específico para medição de cloro livre. Depois de

várias visitas do técnico responsável pela calibração do equipamento da BERACA,

sem êxito na obtenção de valores redundantes entre os equipamentos, procurei

analisar o que estava ocorrendo, observou-se os procedimentos de análises

realizados no laboratório onde verificou-se que era utilizado uma cubeta para

produzir o BRANCO e outro para amostra. Esse procedimento embute erros uma

vez que há diferença entre os tubetes e nas circunstâncias, não há como mensurá-

la. Correto seria usar um só cubeta para zerar o equipamento com amostra de

BRANCO e fazer a análise da amostra que se deseja conhecer.

A sonda da DulcoTest está imersa em um dispositivo tubo de PVC onde flui

água de saída da ETA, inicialmente ajustada através de um registro (válvula de

passagem) para uma vazão de 50L/h e com Set Point de 3,10 mg/L de Cloro livre.

Em todas as medições, obteve-se leituras do DulcoTest inferiores ao PoliControl,

variando entre 4% (quatro por cento) e 13% (treze por cento).

Inicialmente, a vazão na sonda foi alterada de modo que no visor do

equipamento DulcoTest aparecesse valores compatíveis com as do PoliControl que

se apresentavam em torno de 3,40 mg/L, obtendo-se o máximo de 3,22 mg/L,

valores esses acima do Set Point no próprio equipamento da DulcoTest.

Segundo informação do técnico responsável pela calibração, a sonda do

DulcoTest está ajustada para operar na vazão em 50L/h. Não foi disponibilizado

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ANEXO VIII - Continuação

manual de parâmetro de operação da sonda. Tendo-se alterado esse parâmetro,

procedi medição da vazão corrente.

Com auxílio de um cronômetro, um béquer graduado de 600mL e um béquer

graduado de 140mL, foram tomadas cinco amostras, conforme tabela abaixo.

Tabela1 - Medição de Vazão através da Sonda da DulcoTest

Ordem Volume (mL) Tempo (s)

1 500 7,61

2 476 7,49

3 550 8,29

4 570 8,75

5 560 8,50

TOTAL Vt = 2.656 Tt = 40,64

Assim sendo,

"#$ã& = '()( = *.+�+

,�,+, = 0,065354 0/2 = 235,3 0/ℎ, (5)

vazão essa quase cinco vezes superior ao informado pelo técnico responsável.

A seguir, foram feitas análises do cloro livre na água de saída da ETA

utilizando como padrão a utilização do equipamento da PoliControl e como reagente

o DPD1 (N,N-dietil-p-fenilenediamina). Para cada análise de amostra, o equipamento

foi calibrado com amostra de branco. Tomada amostra de saída, lido e anotado o

valor do equipamento da DulcoTest. Obteve os seguintes resultados:

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ANEXO VIII - Continuação

Tabela - Comparação em Leitura da PoliControl x DulcoTest

Ordem PoliControl (Xi) (Xm – Xi)2 DulcoTest (Xm – Xi)2 Tempo (s)

1 3,16 0,0025 3,20 0,0000 1,15

2 3,07 0,0016 3,19 0,0001 1,19

3 3,02 0,0081 3,21 0,0001 1,09

4 3,02 0,0081 3,20 0,0000 1,21

5 3,29 0,0324 3,19 0,0001 1,12

Média (Xm) 3,11 3,20 1,15

Somatório 0,0527 0,0003

Variancia(6) 0,013175 0,00006

Desvio

Padrão(6) 0,11 0,01

"#56â896# = ∑ (<�=<>)@AB=� (6)

Desvio Padrão = C∑ (<�=<>)@AB=� (7)

Observa-se nessas condições, a superioridade na precisão do equipamento da

DulcoTest, uma que, apresentou valores médios iguais à 3,20 ± 0,01 contrapondo a

PoliControl comvalores médios de 3,11 ± 0,11, nesta circunstância o Equipamento

da DulcoTest seria 11 vezes mais preciso que a PoliControl.

Como os valores médios obtidos em ambos equipamentos estão cima do Set

Point (SP = 3,10 mg/L) é inegável que há erros nas medições conforme

apresentados por ambos clorímetros. Entretanto, observa-se que o PoliControl

apresentou valores em torno do SP, apenas 0,01 mg/L a mais, equivalente a 0,3%;

considerados excelente resultado. Por outro lado, o DulcoTest apresentou precisão

11 vezes melhor mesmo operando acima da vazão nominal de operação.

Em segundo momento, a vazão junto a sonda da DulcoTest foi ajustada para

que a leitura se igualasse ao SP. Antes que se fizesse a medição da vazão sobre a

sonda, testei o tempo de resposta do equipamento DulcoTest. Inicialmente removi a

sonda do seu local de sensoriamento e a coloquei em água destilada. O DulcoTest

apresentou uma variação, saindo de 3,20 para 2,64 em 05 minutos e aí se

estabilizou.

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ANEXO VIII - Continuação

Retornei a sonda ao seu leito original pois essa estava interligada ao controle de

vazão de cloro que estava sendo injetado no sistema. Verifiquei que o pulso inserido

no sistema de controle não causou mudança drásticas. Esperei por alguns minutos e

repeti o teste. Os resultados se confirmaram. Daí reportei ao Eng. Francisco Canindé

a respeito do que fiz. Fui informado que havia um teste anterior de verificação de

tempo de atraso. O tempo de retardo obtido foi de 48 minutos.

CONCLUSÃO: Diante dos resultados apresentados, inicialmente dá para

acreditar que se trata de um equipamento de medição extremamente preciso haja

vista que, em teste, apresentou resultados bem concatenados com baixíssima

discrepância, valores médios de 3,20 ± 0,01 contrapondo ao da PoliControl com

valores médios de 3,11 ± 0,11, nesta circunstância o Equipamento da DulcoTest

seria 11 vezes mais preciso que a PoliControl. Entretanto, observou-se que sua

reação a mudanças é extremamente lenta com retardo próximo a uma hora; que

estabilizou uma leitura em 3,20 quando seu Set Point estava ajustado para 3,00 no

modo automático, diante de tais circunstância, DESCARTARIA o equipamento.

Natal(RN), 05 de setembro de 2016.

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Anexo IX

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