UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · sobre as diretrizes relativas à gestão...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL ENGENHARIA AMBIENTAL AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DA IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA DE COLETA SELETIVA A NÍVEL DE CONDOMÍNIO. DISCENTE HUGO REIS DE MOURA MATRÍCULA: 2015008107 NATAL/RN 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

ENGENHARIA AMBIENTAL

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DA IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA DECOLETA SELETIVA A NÍVEL DE CONDOMÍNIO.

DISCENTE

HUGO REIS DE MOURA

MATRÍCULA: 2015008107

NATAL/RN

2016

HUGO REIS DE MOURA

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DA IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA DECOLETA SELETIVA A NVEL DE CONDOMÍNIO.

Trabalho de conclusão de cursoapresentado como requisito para aobtenção da nota do TCC 2 – projeto, docurso de Engenharia Ambiental daUniversidade Federal do Rio Grande doNorte.

Orientadora: Profª. Izabela Cristiane de Lima Silva.

NATAL/RN

2016

HUGO REIS DE MOURA

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DA IMPLANTAÇÃO DE SISTEMA DECOLETA SELETIVA A NÍVEL DE CONDOMÍNIO.

Trabalho de conclusão de cursoapresentado como requisito para aobtenção da nota do TCC 2 – projeto, docurso de Engenharia Ambiental daUniversidade Federal do Rio Grande doNorte.

______________________________________________________Profª. Izabela Cristiane de Lima Silva – Orientadora

____________________________________________________________M.a Renata Cristina Medeiros Trajano de Araújo – Examinadora Interna

____________________________________________________________M.e Sergio Bezerra Pinheiro – Examinador Externo

NATAL/RN

2016

RESUMO

A lei nº 12.305, institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), dispõesobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduossólidos, inclusive os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poderpúblico e aos instrumentos econômicos aplicáveis. Trata também sobre acoleta seletiva, que consiste na separação de materiais, que podem serreaproveitados ou reciclados, diretamente na fonte geradora e contribui para aredução da disposição de lixo nos aterros sanitários e dos impactos ambientaisdecorrentes, além de outros benefícios. A pesquisa teve como objetivo realizarum estudo sobre a viabilidade da implantação da coleta seletiva em umcondomínio residencial da cidade de Natal/RN. Foi realizada a caracterizaçãodos resíduos sólidos, determinando a composição gravimétrica, o pesoespecífico dos resíduos e a geração per capita do local. Houve também aaplicação de um questionário participativo, com o intuito de avaliar a percepçãodos moradores quanto ao tema, verificou-se a viabilidade de parcerias para aimplantação do sistema e também um estudo quanto a possível rendaeconômica que esse projeto poderia gerar. O questionário obteve uma taxa deretorno de 65 %, considerada bastante elevada, e foi possível perceber quequase a totalidade dos moradores aprovaram a ideia e tinham interesse emparticipar do projeto. Foi verificado que era possível realizar uma parceria coma prefeitura do município, que se responsabilizaria por toda a parte daeducação ambiental e sensibilização dos moradores, onde o material reciclávelseria doado a uma cooperativa de catadores. Foi verificado também que com oprojeto funcionando em sua máxima eficiência, e o condomínio opta-se pelacomercialização dos resíduos recicláveis, haveria uma arrecadação mensal deR$ 428,79 a R$ 1.331,10. Por fim, conclui-se que o projeto o projeto é viáveltanto se a escolha for a doação dos resíduos recicláveis para cooperativas,como se for escolhida a comercialização dos mesmos.

Palavras-chave: Resíduos sólidos, composição gravimétrica, reciclagem.

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente.

EA – Educação Ambiental.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

MMA – Ministério do Meio Ambiente.

NBR – Norma da Associação Brasileira.

PEGIRS/RN – Plano Estadual de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos.

PGRS – Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos.

PNMA – Política Nacional do Meio Ambiente.

PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos.

PNSB – Pesquisa Nacional de Saneamento Básico.

RN – Rio Grande do Norte.

RS – Resíduo Sólido.

RSU – Resíduo Sólido Urbano.

SINMETRO – Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e QualidadeIndustrial.

SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente.

SNVS – Sistema Nacional de vigilância Sanitária.

SUASA – Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Processo de homogeneização dos resíduos sólidos para realização

do quarteamento. ............................................................................................. 23Figura 2: Composição gravimétrica do condomínio em estudo. ...................... 24

Figura 3: Comparação entre as composições gravimétricas do condomínio e

do PEGIRS/RN. ................................................................................................ 26Figura 4: Caminhão coletor e suas dimensões. .............................................. 27

Figura 5: Primeira viagem da coleta de resíduos referente à segunda-feira. .. 29

Figura 6: Comparação de dados da geração per capita do condomínio, com

dados nacionais, regionais e estaduais. ........................................................... 30Figura 7: Conhecimento acerca do tema "Coleta Seletiva". ............................ 31

Figura 8: Importância da coleta seletiva. ......................................................... 32

Figura 9: Aceitação do projeto. ........................................................................ 33

Figura 10: Interesse em participar do projeto. ................................................. 34

Figura 11: Conhecimento sobre a separação dos resíduos recicláveis........... 34

Figura 12: Necessidade quanto ao recebimento de informações para ajudar na

separação dos resíduos recicláveis. ................................................................ 35

Figura 13: Mapa geral das áreas de cobertura da coleta seletiva no município

de Natal/RN. ..................................................................................................... 36

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Dados da composição gravimétrica média nacional. ....................... 24

Tabela 2: Pesos referentes a triagem dos resíduos. ....................................... 26

Tabela 3: Volumes de resíduos sólidos coletados diariamente, durante período

de uma semana. ............................................................................................... 28Tabela 4: Dados da geração de resíduos sólidos. ........................................... 30

Tabela 5: Dimensionamento das câmaras de lixo dos condomínios em

Natal/RN. .......................................................................................................... 37Tabela 6: Estimativa de receitas a partir do estudo do PEGIRS/RN. .............. 39

Tabela 7: Estimativa obtida através de valores dos resíduos recicláveis de uma

empresa em Natal/RN. ..................................................................................... 40

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Lista de possíveis componentes triados durante a pesquisa..........18

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 8

2. OBJETIVOS ................................................................................................ 9

2.1. OBJETIVO GERAL ............................................................................... 9

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................. 9

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................ 10

3.1. RESÍDUOS SÓLIDOS ......................................................................... 10

3.2. GERENCIAMENTO DOS RSU ........................................................... 12

3.3. COLETA SELETIVA ............................................................................ 14

3.4. EDUCAÇÃO AMBIENTAL ................................................................... 15

4. METODOLOGIA ........................................................................................ 16

4.1. ÁREA DE ESTUDO ............................................................................. 16

4.2. LEVANTAMENTO DE DADOS ........................................................... 17

4.2.1. Caracterização dos resíduos sólidos ............................................... 17

4.2.1.1. Composição gravimétrica .......................................................... 18

4.2.1.2. Peso específico ......................................................................... 19

4.2.1.3. Geração per capita .................................................................... 20

4.2.2. Avaliação da percepção dos moradores .......................................... 20

4.2.3. Sondagem de demandas ................................................................. 21

4.3. AVALIAÇÃO DA POSSÍVEL RECEITA OBTIDA ATRAVÉS DA

COMERCIALIZAÇÃO DOS RESÍDUOS RECICLÁVEIS .............................. 21

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................ 22

5.1. CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS .............................. 22

5.1.1. Composição gravimétrica ............................................................. 22

5.1.2. Peso específico ............................................................................ 26

5.1.3. Geração per capita ....................................................................... 27

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5.2. AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DOS MORADORES ......................... 30

5.3. SONDAGEM DE PARCERIAS ............................................................ 35

5.4. AVALIAÇÃO DA POSSÍVEL RECEITA OBTIDA ATRAVÉS DA

COMERCIALIZAÇÃO DOS RESÍDUOS RECICLÁVEIS .............................. 38

6. CONCLUSÕES ......................................................................................... 40

7. REFERÊNCIAS ......................................................................................... 41

ANEXOS .......................................................................................................... 46

APÊNDICES .................................................................................................... 47

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1. INTRODUÇÃO

Atualmente, uma das maiores problemáticas ambientais é o aumento da

produção de resíduos sólidos, e uma das principais causas desse aumento

está vinculada ao crescimento populacional, bem como o desenvolvimento

econômico e os avanços tecnológicos, que proporcionam um aumento na

produção e no consumo (AZEVEDO et al., 2001).

Essa geração excessiva causa diversos impactos ao meio ambiente,

além de inúmeras doenças aos seres humanos, tendo em vista que o acúmulo

serve de abrigo e/ou fonte de alimento para insetos, roedores e outros vetores.

Dentre os insetos, pode-se destacar as moscas, mosquitos, baratas e formigas

são potenciais transmissores de doenças como dengue, febre amarela e

contaminações em geral. Já dentre os roedores, os ratos podem transmitir a

leptospirose e a peste (AZEVEDO et al., 2001).

Diante da preocupação na gestão desses resíduos, foi estabelecida no

Brasil a Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional

de Resíduos Sólidos (PNRS), que estabelece que todos os municípios devem

apresentar seu Plano de Gestão de Resíduos Sólidos e impõe também ao

cidadão civil a obrigação de colaborar com o gerenciamento mais racional dos

resíduos, bem como o gerador de elaborar planos de gestão que visem

estabelecer metas de redução, reutilização, coleta seletiva e reciclagem

(MANCINI et al., 2012).

Nesse contexto, destaca-se a coleta seletiva como um programa de

fundamental importância, segundo Pereira Neto e Vilhena (1999), Chemont

(1996) e Calderoni, (2003), com o hábito da coleta seletiva do lixo há uma

melhora na limpeza urbana, diminuição do acúmulo de lixo a ser despejado nos

aterros sanitários e uma maior geração de renda através da comercialização

dos recicláveis.

Um dos poucos estudos sobre aspectos econômicos da reciclagem foi

realizado pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), em 2010, com

a constatação de que o país perde anualmente R$ 8 bilhões ao enterrar o lixo

que poderia ser reciclado.

9

Os benefícios sociais e ambientais são inúmeros, como o da redução do

uso de matéria prima virgem, devido ao reaproveitamento dos resíduos,

economia dos recursos naturais, minimização de impactos ambientais, inclusão

social e geração de emprego e renda para setores mais carentes, entre outros

(SINGER, 2002, WAITE, 1995).

De acordo com Fadini e Fadini (2001), a urbanização das cidades, o

crescimento populacional e o consumo desenfreado têm contribuído para o

aumento de resíduos sólidos urbanos no Brasil. Fato este que torna a coleta

seletiva e a preocupação com a disposição dos resíduos sólidos ainda mais

importantes.

O aumento da urbanização, associada à limitação de território de

algumas cidades induz ao incremento de moradias dos tipos condominiais, que

se caracterizam por serem grandes geradores de resíduos sólidos, podendo

gerar várias problemáticas decorrentes do acúmulo desses resíduos.

Dessa forma, torna-se fundamental que os condomínios residenciais

possuam um gerenciamento adequado, contendo um sistema de coleta

seletiva, juntamente com programas de educação ambiental para conscientizar

os moradores sobre o assunto, demonstrando a importância e os benefícios

gerados, para que a efetividade do sistema seja potencializada.

2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Avaliar a viabilidade da implantação de um sistema de coleta seletiva em

um condomínio residencial na cidade de Natal/RN.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Realização de estudo para determinação da composição gravimétrica,

peso específico e geração per capita de resíduos gerados em um condomínio

residencial. Estimativa das possíveis receitas que seriam obtidas através da

comercialização dos resíduos recicláveis, oriundos da coleta seletiva.

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3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1. RESÍDUOS SÓLIDOS

De acordo com a Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010, em seu

capitulo II, art. 3º define-se Resíduos Sólidos como:

Material, substância, objeto ou bem descartado

resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja

destinação final se procede, se propõe proceder ou se está

obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem

como gases contidos em recipientes e líquidos cujas

particularidades tornem inviável o seu lançamento na redepública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso

soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da

melhor tecnologia disponível;

Segundo o Art. 1º do Capitulo I, Esta Lei institui a Política Nacional de

Resíduos Sólidos (PNRS), dispondo sobre seus princípios, objetivos e

instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao

gerenciamento de resíduos sólidos, inclusive os perigosos, às

responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos

econômicos aplicáveis.

Dentre os objetivos da Lei, destaca-se a não geração e a redução da

geração dos resíduos sólidos através da reciclagem e reutilização dos

mesmos, bem como estabelecer uma disposição final ambientalmente

adequada para os rejeitos (aquilo que não pode ser reciclado ou reutilizado).

Outro ponto importante é a questão da responsabilidade compartilhada

sobre o ciclo de vida dos produtos, envolvendo desde os consumidores aos

fabricantes, sendo aplicada através da Logística Reversa, que determina

diversas ações para os envolvidos nesse ciclo, com o intuito de retornar os

resíduos para seus geradores, fazendo com que sejam reaproveitados.

Por se tratar de uma Lei recente, existem outras legislações sobre a

temática abordada, além das normas estabelecidas pelos órgãos do Sistema

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Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), do Sistema Nacional de vigilância

Sanitária (SNVS), do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária

(SUASA) e do Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade

Industrial (SINMETRO).

Em suas diretrizes aplicáveis, a PNRS, em seu capítulo I, art. 13º,

classificam os resíduos sólidos, em função da sua origem, como:

a) Resíduos domiciliares: os originários de atividades domésticas em

residências urbanas;b) Resíduos de limpeza urbana: os originários da varrição, limpeza de

logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana;c) Resíduos sólidos urbanos: os englobados nas alíneas “a” e “b”;

d) Resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores deserviços: os gerados nessas atividades, excetuados os referidos nas

alíneas “b”, “e”, “g”, “h” e “j”;e) Resíduos dos serviços públicos de saneamento básico: os gerados

nessas atividades, excetuados os referidos na alínea “c”;f) Resíduos industriais: os gerados nos processos produtivos e

instalações industriais;g) Resíduos de serviços de saúde: os gerados nos serviços de saúde,

conforme definido em regulamento ou em normas estabelecidas pelos

órgãos do SISNAMA e do SNVS;h) Resíduos da construção civil: os gerados nas construções, reformas,

reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos os

resultantes da preparação e escavação de terrenos para obras civis;

i) Resíduos agrossilvopastoris: os gerados nas atividades

agropecuárias e silviculturais, incluídos os relacionados a insumos

utilizados nessas atividades;j) Resíduos de serviços de transportes: os originários de portos,

aeroportos, terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e

passagens de fronteira;k) Resíduos de mineração: os gerados na atividade de pesquisa,

extração ou beneficiamento de minérios;

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Segundo a Norma Brasileira (NBR) 10.004 (ABNT, 2004), os resíduos

sólidos podem ser classificados em três categorias, segundo a sua natureza:

a) Resíduos de Classe I – Perigosos: O resíduo é classificado

como Classe I se apresentar risco à saúde pública e risco ao meio ambiente.

Nesta classificação encontram-se os resíduos gerados nos serviços de saúde.

Possuem característica de inflamabilidade, corrosividade, reatividade,

toxicidade e patogenicidade.

b) Resíduos Classe II – Não Perigosos

Resíduos classe II A – Não inertes: resíduos sólidos ou misturas de

resíduos sólidos que não se enquadram na classe I – perigosos ou na classe II

B – inertes, podendo ter propriedades como combustibilidade,

biodegradabilidade ou solubilidade em água.

Resíduos classe II B – Inertes: resíduos sólidos ou misturas de resíduos

sólidos que, quando amostrados e submetidos a um contato dinâmico e

estático com a água destilada ou deionizada à temperatura ambiente, não

apresentem nenhum de seus constituintes solubilizados em concentrações

superiores aos padrões de potabilidade da água, excetuando-se aspectos cor,

turbidez, dureza e sabor.

3.2. GERENCIAMENTO DOS RSU

O gerenciamento de resíduos sólidos urbanos deve ser integrado, ou

seja, deve englobar etapas articuladas entre si, desde a não geração até a

disposição final, com atividades compatíveis com as dos demais sistemas do

saneamento ambiental, sendo essencial a participação ativa e cooperativa do

primeiro, segundo e terceiro setor, respectivamente, governo, iniciativa privada

e sociedade civil organizada (CASTILHO JUNIOR, 2003).

Segundo Calderoni (1997), o adequado gerenciamento dos resíduos,

constitui uma alternativa que contribui para alcançar o desenvolvimento

sustentável, uma vez que permite economizar recursos naturais (matéria-prima,

energia, água) e saneamento ambiental (reduz poluição do ar, água, solo e

subsolo).

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Para um bom gerenciamento dos resíduos sólidos é necessário coletar

informações que abranjam uma vasta gama de tópicos e não se limita apenas

à geração de resíduos. Entre esses tópicos podemos citar a composição

gravimétrica e o peso específico, além da própria geração (ABRELPE, 2013).

A composição gravimétrica identifica o percentual de cada componente

em relação ao peso total da amostra de resíduos analisada. A massa

específica é o peso do resíduo solto em função do volume ocupado livremente

e expresso em kg/m³, sua determinação é fundamental para o

dimensionamento de equipamentos e instalações (MONTEIRO et al., 2001).

Caracterizar os resíduos sólidos urbanos (RSU) de um município, ou

determinar a composição física dos resíduos produzidos por uma população, é

tarefa árdua, mas de primordial importância para qualquer projeto na área de

resíduos sólidos (Gomes,1989).

Historicamente, existem três formas básicas adotadas pela sociedade

urbana para a disposição final de resíduos sólidos: lixão ou vazadouro a céu

aberto, aterro controlado e aterro sanitário (CASTILHO JUNIOR, 2003).

De acordo com o a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB)

realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2008), em

relação a disposição final dos resíduos sólidos, contatou-se que 50,8% dos

municípios brasileiros depositam seus resíduos em vazadouros a céu aberto

(lixões), 22,5% utilizam aterros controlados e 27,7% os dispõem em aterros

sanitários.

O depósito de resíduos sólidos a céu aberto ou lixão é uma forma de

deposição desordenada sem compactação ou cobertura dos resíduos, o que

propicia a poluição do solo, ar e água, bem como a proliferação de vetores de

doenças. Por sua vez, o aterro controlado é outra forma de deposição de

resíduo, tendo como único cuidado a cobertura dos resíduos com uma camada

de solo ao final da jornada diária de trabalho com o objetivo de reduzir a

proliferação de vetores de doenças (CASTILHO JUNIOR, 2003).

Aterro sanitário corresponde à forma de disposição onde deve haver um

controle dos impactos, através da impermeabilização do solo, recobrimento dos

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resíduos, sistema de drenagem de águas pluviais, sistema de drenagem e de

tratamento dos efluentes líquidos e gasosos produzidos durante o processo de

degradação dos resíduos (Manahan, 1999).

Em se tratando das alternativas de disposição final do lixo, Consoni et al.

(2000) afirmam que o aterro sanitário é o que reúne as maiores vantagens,

considerando a redução dos impactos ocasionados pelo descarte dos resíduos

sólidos urbanos.

Diante disso, uma das alternativas mais utilizadas para minimizar a

quantidade de resíduos gerados é o reaproveitamento ou reciclagem através

de programas de coleta seletiva.

3.3. COLETA SELETIVA

Hoje em dia, a coleta seletiva é uma alternativa bastante simples e

eficiente quando se trata de manejo adequado dos resíduos sólidos.

O art. 3° da PNRS apresenta a seguinte definição para coleta seletiva e

reciclagem conforme os incisos abaixo:

V - coleta seletiva: coleta de resíduos sólidos previamente

segregados conforme sua constituição ou composição;

(BRASIL, 2010).

XIV - reciclagem: processo de transformação dos resíduos

sólidos que envolve a alteração de suas propriedades físicas,

físico-químicas ou biológicas, com vistas à transformação em

insumos ou novos produtos, observadas as condições e os

padrões estabelecidos pelos órgãos competentes do Sisnama

e, se couber, do SNVS e do Suasa; (BRASIL, 2010).

Segundo Jacobi (2006), a coleta seletiva pode ser definida como a

separação de materiais que podem ser reaproveitados ou reciclados

diretamente na fonte geradora e se configura em um dos passos que compõem

o sistema de gerenciamento integrado de resíduos sólidos domiciliares.

Os benefícios da coleta seletiva, se realizada de forma eficiente, vão

desde a minimização dos riscos de contaminação, até a diminuição da

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quantidade de resíduos que serão dispostos no aterro sanitário. De acordo com

WAITE (1995), entre as vantagens ambientais da coleta seletiva, destacam-se

a redução do uso de matéria prima virgem e a economia dos recursos naturais

renováveis e não renováveis, além da redução da disposição de lixo nos

aterros sanitários e dos impactos ambientais decorrentes.

A coleta seletiva, além de contribuir significativamente para a

sustentabilidade urbana, vem incorporando gradativamente um perfil de

inclusão social e geração de renda para os setores mais carentes e excluídos

do acesso aos mercados formais de trabalho (SINGER, 2002).

De acordo com o IBGE (2008), os primeiros programas de coleta

seletiva e reciclagem dos resíduos sólidos no Brasil começaram a partir de

meados da década de 1980, como alternativas inovadoras para a redução da

geração dos resíduos sólidos domésticos e estímulo à reciclagem. Desde 2010,

o número de municípios com coleta seletiva cresceu de 443 para 1055,

segundo o CEMPRE (2016), o que mostra um grande avanço na

implementação desses programas em todo o Brasil.

Contudo, esse número ainda é muito baixo, pois contemplam apenas

18% dos municípios do País, e desse total, 81% estão localizados nas regiões

Sul e Sudeste e apenas 10% dos municípios na região Nordeste, segundo a

CEMPRE (2016).

Além de todos esses benefícios gerados pela coleta seletiva e pela

reciclagem, existe também um fator muito importante a ser levado em

consideração: o benefício social. Pois ocorre a geração de emprego e renda

aos catadores de material reciclável, além de sensibilizar e mobilizar de forma

educacional, todos os envolvidos no processo, fator imprescindível para o

aumento da eficiência do programa.

3.4. EDUCAÇÃO AMBIENTAL

A Política Nacional de Educação Ambiental, Lei 9.795, de 27 de Abril de

1999, em seu Art. 1º, define Educação Ambiental como:

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os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade

constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades,

atitudes e competências voltadas para a conservação do

meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à

sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

A Educação Ambiental (EA) tem como objetivo sensibilizar, mobilizar,

promover a compreensão e cidadania para a sociedade, bem como

proporcionar conhecimento básico sobre as questões relacionadas ao meio

ambiente.

Colocar a EA como uma ferramenta de auxílio para o desenvolvimento

sustentável pode adicionar maior valor para a formação da conscientização e

mudança de comportamento, visando melhores práticas advindas da

sociedade. (LEFF, 2001).

A efetividade de programas de coleta seletiva, para se obter um resíduo

de qualidade, requer necessariamente o envolvimento dos cidadãos,

considerados, no extremo da cadeia de produção e consumo, os geradores dos

RSU. A comunidade deve ser sensibilizada, motivada e os conceitos e práticas

precisam ser assimilados e incorporados no cotidiano da população envolvida.

Desta forma, é possível assegurar a operacionalização, viabilidade e

continuidade da coleta seletiva, fatores fundamentais para se atingir os

resultados esperados e garantir sua sustentabilidade (BRINGHENTI;

GUNTHER, 2011).

4. METODOLOGIA

4.1. ÁREA DE ESTUDO

O condomínio residencial em estudo localiza-se na região Sul da cidade

de Natal, no estado do Rio Grande do Norte, no bairro de Candelária. Ao todo,

são 146 lotes, com 143 casas construídas atualmente e possui uma área social

que é composta por academia de ginástica, salão de jogos, salão de festas,

piscina, campo de futebol e parque para crianças. Devido à localização, o

condomínio é considerado de alto padrão, concluindo-se que seus moradores

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possuem elevada classe social. Esse fato demonstra o alto potencial de

produção de resíduos sólidos do condomínio já que, segundo Ribeiro & Besen

(2007), a produção de lixo domiciliar está diretamente ligada à renda familiar.

A coleta interna de lixo do condomínio é realizada atualmente pelos

próprios funcionários, e ocorre de Segunda à Sábado, por volta das 15:00 h.

Os resíduos são armazenados em local especifico com acesso fácil a rua, para

facilitar a chegada do caminhão da coleta municipal, que é realizada no horário

noturno, três vezes por semana.

4.2. LEVANTAMENTO DE DADOS

Para avaliar a viabilidade de um sistema de coleta seletiva em um

condomínio, é de grande importância realizar um levantamento de dados do

local, ou seja, verificar as características dos resíduos sólidos, saber o

conhecimento dos envolvidos sobre o assunto e conhecer suas opiniões e

também averiguar a possibilidade de parcerias.

4.2.1. Caracterização dos resíduos sólidos

Caracterizar os resíduos sólidos urbanos de um município, ou

determinar a composição física dos resíduos produzidos por uma população, é

tarefa árdua, mas de primordial importância para qualquer projeto na área de

resíduos sólidos, podendo os resultados obtidos na caracterização dos

resíduos sólidos urbanos de um município ser comparados com os de outro

local, ou até mesmo servirem como base para comunidades onde ainda não se

tenha realizado esta caracterização (GOMES, 1997).

Para saber o panorama atual dos resíduos sólidos gerados pelo

condomínio, foi realizada uma caracterização física dos mesmos, onde foram

aferidos dados como o volume produzido, produção per capita, peso específico

e uma composição gravimétrica, de acordo com as normas brasileiras para

amostragem de resíduos sólidos NBR 10.007 (ABNT, 2004).

A partir dessa caracterização foi possível realizar ações que melhorem a

destinação final desses resíduos, sua forma de acondicionamento, transporte,

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tratamento, bem como a realização de uma estimativa econômica dos resíduos

recicláveis.

4.2.1.1. Composição gravimétrica

Na literatura são apresentados diferentes métodos para determinar a

composição gravimétrica dos resíduos sólidos, a maior parte com base no

quarteamento da amostra, conforme a NBR 10007 de 2004 (PROSAB, 2003).

Segundo a NBR 10.007 (ABNT, 2004), quarteamento consiste no

processo de divisão em quatro partes iguais de uma amostra pré-

homogeneizada, sendo tomadas duas partes opostas entre si para constituir

uma nova amostra e descartadas as partes restantes. As partes não

descartadas são misturadas totalmente e o processo é repetido até que se

obtenha o volume desejado.

A classificação dos RS utilizada na pesquisa levou em consideração a

PNRS e priorizou os resíduos em maior quantidade, obtendo-se os materiais a

serem triados (Quadro 1).

Quadro 1: Lista de possíveis componentes triados durante a pesquisa.

GRUPO COMPONENTES

PAPEL Jornais, revistas, cadernos, livros, papéis de seda, caixas em geral, papelão,cartolinas, embalagens longa vida, impressos em geral, folders, livros, etc.

PLÁSTICOSacos, sacolas, tampas, potes, garrafas PET, embalagens de produtos delimpeza, escova de dente, CDs, disquetes, canos, tubos, plásticos em geral(sem excesso de sujeira), etc.

VIDRO Garrafas de bebidas, frascos de condimento, copos, pratos, potes deprodutos alimentícios, vidros em geral.

METAL Latas de alumínio, latas de produtos alimentícios, tampas de garrafa, etc.

OUTROSMATERIAIS

Material orgânico, papéis contaminados, papel carbono, papel celofane, papelvegetal, fitas e etiquetas adesivas, papéis metalizados ou plastificados,embalagens plásticas com material corrosivo ou tóxico, embalagens plásticasmetalizadas, plásticos “termofixos”, espelhos, lâmpadas, porcelana, cerâmica,ampolas de medicamentos, clipes, grampos, esponjas de aço, pregos, latasde aerossol, tinta ou pesticidas, entre outros.

Fonte: Adaptado de Bassani, 2011.

19

No presente estudo, a composição gravimétrica foi realizada em uma

quinta-feira, respeitando as seguintes etapas:

· Descarga dos resíduos em lona plástica;

· Rompimento dos sacos, caixas de papelão e embalagens para a

homogeneização dos resíduos;

· Homogeneização dos RS com o auxílio de pás e enxadas;

· Realização de coletas de quatro amostras de 200 litros cada, sendo

três delas na base e laterais e uma no topo da pilha de resíduos.

· Realização do quarteamento, sendo duas partes descartadas e duas

preservadas;

· Realização de nova homogeneização e novo processo de

quarteamento, repetindo o processo até obter-se o volume de 100

litros de resíduo.

· Início do processo de catação e segregação por tipo de material em

sacolas plásticas de volume conhecido;

· Pesagem do resíduo sólido por cada tipo de material e registro dos

resultados.

Utilizou-se uma balança digital até 100 kg e uma balança de alta

precisão e a porcentagem de cada material pôde ser determinada através da

seguinte equação (1):

% =ݏ) (ݎݐ

ݏ) ݐݐ ݏ (ݏݑíݏݎ × 100 ()

4.2.1.2. Peso específico

O peso específico aparente é outra característica física dos resíduos

sólidos. Ele expressa o peso dos resíduos solto em função do volume ocupado

livremente, sem qualquer compactação. O cálculo do peso específico foi feito a

partir dos dados de peso e volume obtidos das amostras e calculado a partir da

equação 2:

20

= ߩ() ݏݏ(ଷ) ݑݒ

()

4.2.1.3. Geração per capita

A taxa de geração é uma característica física dos resíduos sólidos que

relaciona a quantidade de resíduos gerada em um determinado período de

tempo (dia, mês, ano, etc.) e uma determinada população (número de

habitantes, de residências, de condomínios, etc.), sendo um de seus tipos mais

utilizados a "geração per capita" que é dada em kg/hab/dia (MONTEIRO et al.,

2001).

No presente trabalho, o cálculo foi baseado na quantidade de moradores

do condomínio e na quantidade de resíduos sólidos gerados no período de um

dia, especificado na equação (3) subsequente:

çãݎܩ ݎ = ݐݏ ݐݐ áݎ ݏ ݏݑíݏݎ

úݎ ݏݎݎ ()

Para determinar o peso total dos resíduos domiciliares no período de um

dia, houve o monitoramento diário, durante uma semana, da quantidade de

resíduos coletados e calculado o valor médio diário.

4.2.2. Avaliação da percepção dos moradores

Para a avaliação da percepção dos moradores do condomínio em

estudo quanto ao tema coleta seletiva e ao projeto, foi criado um questionário

participativo (Apêndice A) composto por perguntas simples e diretas, e em sua

grande maioria, fechadas e dicotômicas, ou seja, compostas apenas pelas

opções “sim” ou “não”, com o intuito de facilitar o entendimento e obter um

retorno rápido.

Foi enviada uma nota junto com o questionário explicando a natureza da

pesquisa, sua importância, e a necessidade de obter respostas, tentando

despertar o interesse do recebedor, no sentido de que ele preencha e devolva

o questionário dentro de um prazo razoável, fato este recomendado por

Lakatos (2003).

21

Os questionários foram distribuídos de porta em porta em todas as

casas do condomínio, frisando a necessidade de ser entregue respondidos à

administração do condomínio.

4.2.3. Sondagem de demandas

Após a realização do diagnostico preliminar, foi objetivado a viabilidade

da realização de uma parceria com uma cooperativa de catadores existente na

cidade, com o intuito de destinar corretamente os resíduos recicláveis, para

que não sejam coletados pela prefeitura e assim misturados com os rejeitos,

tornando todo o volume inviável para reciclagem. Segundo o Ministério do Meio

Ambiente (MMA, 2016), esse tipo de parceria contribui para o aumento da vida

útil dos aterros sanitários e para a diminuição da demanda por recursos

naturais, na medida em que abastece as indústrias recicladoras para

reinserção dos resíduos em suas ou em outras cadeias produtivas, em

substituição ao uso de matérias-primas virgem. Além de ser incentivada pela

PNRS, quando define que sua participação nos sistemas de coleta seletiva

deve ser priorizada.

A sondagem ocorreu através do contato com a Companhia de Serviços

Urbanos de Natal (URBANA), onde foi esclarecido o funcionamento da parceria

e foi requisitada uma visita de técnicos ao local do estudo, através de um ofício.

4.3. AVALIAÇÃO DA POSSÍVEL RECEITA OBTIDA ATRAVÉS DA

COMERCIALIZAÇÃO DOS RESÍDUOS RECICLÁVEIS

Foi realizada uma análise de quanto poderia ser gerado de renda ao

presente condomínio caso houvesse a venda dos resíduos recicláveis, e não a

doação para cooperativas de catadores.

Para conseguir avaliar a receita da venda dos resíduos comercializáveis,

foi realizada uma visita a uma empresa especializada no setor, com o intuito de

obter os valores de venda desses resíduos, saber se havia volume mínimo

recebido por ela, e verificar se a comercialização só acontecia com os resíduos

triados ou não. Além disso, houve a busca de informações em outras fontes,

22

como por exemplo, um estudo realizado pelo Plano Estadual de Gestão

Integrada de Resíduos Sólidos do Rio Grande do Norte (PEGIRS/RN).

A partir disso, pôde-se estimar a possível receita mensal dos resíduos

recicláveis do condomínio em questão, já que os percentuais gravimétricos e a

quantidade de resíduos recicláveis gerados por dia foram determinados

anteriormente na presente pesquisa.

Por fim, com a multiplicação das médias dos preços dos resíduos

recicláveis pela quantidade de resíduos de coleta seletiva gerados

mensalmente, chegou-se a um potencial valor de renda obtida, levando em

consideração o melhor cenário possível, contando com a colaboração total de

todos os moradores no desenvolvimento do projeto.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

A partir das informações obtidas e dos dados coletados através do

monitoramento e dos procedimentos realizados, foi possível obter a

caracterização dos resíduos sólidos do condomínio em estudo, determinando

índices como a composição gravimétrica, o peso específico e a geração per

capita, resultados que serão mostrados nos tópicos a seguir.

5.1.1. Composição gravimétrica

Com a realização da composição gravimétrica foi possível encontrar os

percentuais de resíduos recicláveis presentes nos resíduos sólidos gerados

pelo condomínio (Figura 1).

23

Figura 1: Processo de homogeneização dos resíduos sólidos para realização doquarteamento.

Podemos observar na Figura 2 que a maior porção dos resíduos sólidos

gerados no condomínio é composta pelo item “Outros Materiais”, que

compreende todo o material orgânico, além dos rejeitos, representando 70,39%

do total, em seguida o segundo maior foi o plástico, que obteve um percentual

de 13,82%, o papel é o terceiro, com 9,87%, o vidro representa 3,29% e por

último o metal com 2,63%. Ou seja, foi possível constatar que 29,61 % do total

de RS gerados são compostos por recicláveis, semelhante ao que diz a

ABRELPE (2012) onde verifica que no Brasil, a média de resíduos recicláveis é

de 31,9%. Levando em consideração que a matéria orgânica, incluída dentro

do item “Outros Materiais” pode ser reaproveitada, para compostagem, por

exemplo, teríamos um percentual significativo de todo o RS gerado, com

potencial de reaproveitamento.

24

Figura 2: Composição gravimétrica do condomínio em estudo.

Quando confrontado os dados da composição gravimétrica realizada no

condomínio, com os dados da média nacional fornecida pela ABRELPE (2012),

foram obtidas semelhanças e diferenças entre os índices de alguns materiais.

A ABRELPE (2012) mostra que o material orgânico representa 51,4 % do total

de resíduos sólidos urbanos gerados no Brasil, 13,5% são constituídos por

plásticos, 13,1% são compostos por papel, papelão e embalagens cartonadas,

2,9% por metais, 2,1% por vidros e 16,7% por outros materiais (Tabela 1).

Tabela 1: Dados da composição gravimétrica média nacional.

Material Participação (%)Matéria orgânica 51,4Outros 16,7Plástico 13,5Papel, papelão, embalagens cartonadas 13,1Metais 2,9Vidro 2,4Total 100

OutrosMateriais70,39%

Plástico13,82%

Papel9,87%

Vidro3,29%

Metal2,63%

Outros Materiais

Plástico

Papel

Vidro

Metal

25

Fonte: ABRELPE 2012, adaptada.

Foi evidenciada a grande semelhança entres os índices de plástico e

entre a porcentagem de metais, entretanto, houve divergência entre os índices

de papel, já que na gravimetria do condomínio, o índice de papel foi inferior ao

da média nacional, o oposto do que ocorreu com a quantidade de vidros

encontrados, que obteve um pouco a mais que a percentagem da média do

Brasil, o que mostra que cada local gerador tem suas particularidades quando

se trata de composição gravimétrica, já que segundo Vieira et al (2000), a

composição dos resíduos de um local varia em função de diferentes fatores,

como o número de habitantes do município, o nível educacional da população,

o poder aquisitivo e o nível de renda familiar, os hábitos e os costumes da

população, as condições climáticas e sazonais e a industrialização de

alimentos.

Com o intuito de obter uma comparação mais precisa, realizou-se

também a comparação com dados da composição gravimétrica dos resíduos

do município de Natal, realizada em 2012, pelo Plano Estadual de Gestão

Integrada de Resíduos Sólidos (PEGIRS/RN), que indicou um percentual de

73,23% de outros materiais, 16,04% de plástico, 6,26% de papel, 1,26% de

vidro e 3,12% de metal. Com isso, contatou-se que o vidro obteve quase o

dobro do percentual da PEGIRS/RN, por outro lado, de modo geral, houve

bastante semelhança entre praticamente todos os outros índices, justificando

as pequenas variações devido às características particulares de cada local

(Figura 3).

26

Figura 3: Comparação entre as composições gravimétricas do condomínio e do PEGIRS/RN.

5.1.2. Peso específico

Após a realização do quarteamento, obteve-se um volume final de 100

litros de resíduos sólidos, acondicionados em um saco plástico, que foi pesado,

chegando ao resultado de 15,2 Kg, descritos detalhadamente na Tabela 2.

Tabela 2: Pesos referentes a triagem dos resíduos.

Material Peso (Kg)Outros Materiais 10,7Plástico 2,1Papel 1,5Vidro 0,5Metal 0,4Total 15,2

Conhecendo o peso total dos RS presentes no volume de 100 litros, foi

possível estabelecer o peso específico total dos resíduos sólidos do presente

condomínio, que corresponde a 152,0 kg/m³. Esse índice é inferior ao da média

nacional fornecida pela PNRS, de 250 kg/m³, entretanto esse é um índice que

varia bastante entre os bairros, cidades, Países, muito em consequência das

mudanças de hábitos da sociedade, de inúmeros novos produtos que são

70,3

9%

13,8

2%

9,87

%

3,29

%

2,63

%

73,3

2%

16,0

4%

6,26

%

1,26

%

3,12

%

OutrosMateriais

Plástico Papel Vidro Metal

Condomínio PEGIRS/RN

27

consumidos, do poder aquisitivo, da evolução dos padrões culturais, das

questões climáticas, entre outros fatores.

5.1.3. Geração per capita

Para a determinação da geração per capita foi preciso primeiramente

saber as dimensões do caminhão coletor, que foi verificada com o auxílio de

uma trena (Figura 4).

Figura 4: Caminhão coletor e suas dimensões.

Após realizar as medições, houve um monitoramento diário, durante o

período de uma semana da quantidade de RS coletados pelo caminhão coletor,

e observou-se que o volume coletado era praticamente constante durante

todos os dias, aproximadamente 3,8 m³, sofrendo apenas pequenas variações

insignificantes, exceto na segunda-feira, que o volume coletado foi quase o

dobro dos outros dias, algo em torno de 6,9 m³, sendo preciso a realização de

duas viagens do caminhão coletor. Isso se deve ao fato de não haver coleta

28

aos domingos, portanto o resultado da coleta seria correspondente a dois dias

(Tabela 3).

Tabela 3: Volumes de resíduos sólidos coletados diariamente, durante período de umasemana.

Dia 1ª viagem 2ª viagem Total(m³/dia)

Segunda-feira 1,3 m x 1,50 m x 2,30 m 0,7 m x 1,50 m x 2,30 m 6,90Terça-feira 1,1 m x 1,50 m x 2,30 m - 3,80Quarta-feira 1,1 m x 1,50 m x 2,30 m - 3,80Quinta-feira 1,1 m x 1,50 m x 2,30 m - 3,80Sexta-feira 1,1 m x 1,50 m x 2,30 m - 3,80Sábado 1,1 m x 1,50 m x 2,30 m - 3,80Domingo - - 0MÉDIA 3,70

Na Figura 5, podemos observar o caminhão coletor finalizando sua

primeira viagem, em uma segunda-feira, dia em que é preciso realizar duas

coletas, justificando assim a quantidade maior de resíduos coletados, em

relação ao volume do caminhão.

29

Figura 5: Primeira viagem da coleta de resíduos referente à segunda-feira.

Com a obtenção do volume total durante uma semana, que foi de 25,88

m³ de RS gerados, com o peso específico encontrado anteriormente de 152,0

kg/m³ e com um total de 607 moradores, esse último fornecido pela

administração do condomínio, foi possível estimar a geração média diária de

RS e a geração per capita, que resultaram em aproximadamente 562 kg/dia e

0,92 kg/hab/dia, respectivamente. A Tabela 4 corresponde a um resumo de

todas essas informações.

30

Tabela 4: Dados da geração de resíduos sólidos.

Local Volume(m³)

Peso específico(kg/m³)

População(hab)

Geração per capita(kg/hab/dia)

Geração deRS (kg/dia)

Condomínio 3,70 152 607 0,92562956 561,86

Quando comparada com geração per capita média brasileira fornecida

pela ABRELPE (2015), a do condomínio é um pouco inferior, entretanto, se

compararmos com a média do Nordeste e a média do Estado do Rio Grande

do Norte, a do condomínio em estudo se encontra entre elas, como mostra a

Figura 6.

Figura 6: Comparação de dados da geração per capita do condomínio, com dados nacionais, regionais eestaduais.

Fonte: ABRELPE, 2015, adaptado.

5.2. AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DOS MORADORES

No total, foram devolvidos 92 questionários dos 143 entregues, ou seja,

obteve-se uma taxa de retorno de aproximadamente 65%, considerada uma

taxa muito alta, tendo em vista que a média é de 25%, segundo LAKATOS

(2003).

Foi avaliado o conhecimento sobre o assunto, sua importância para o

condomínio e para a sociedade de forma geral, o interesse dos moradores em

1,07

1

0,98

8

0,92

6

0,88

5

KG/HAB/DIA

Brasil Nordeste Condomínio Rio Grande do Norte

31

participar do projeto e também a necessidade de medidas de educação

ambiental para auxiliar os moradores.

Como se trata de um condomínio situado em uma localização bastante

valorizada da cidade, seu público é considerado de alto poder aquisitivo, e

consequentemente, que a maioria possua um alto nível de escolaridade.

O alto nível socioeconômico e de escolaridade, são fatores que afetam

positivamente ações de conservação ambiental (HISATUGO, 2002;

BRINGHENTI, 2004), fato que foi evidenciado no trabalho realizado nesse

condomínio.

Em relação ao conhecimento sobre o tema, apenas 3 pessoas

afirmaram não saber o que é coleta seletiva, de um total de 92 resposta, ou

seja, apenas 3,26% dos entrevistados, como observa-se na Figura 7, o que

mostra que os moradores possuem um bom nível de conhecimento sobre o

tema.

Figura 7: Conhecimento acerca do tema "Coleta Seletiva".

No que tange a importância da coleta seletiva para o condomínio e para

o desenvolvimento sustentável, 95,65% das pessoas afirmaram achar

importante para as duas situações, totalizando apenas 4 respostas negativas

96,74%

3,26%

Você sabe o que é coleta seletiva?

SimNão

32

(Figura 8), um resultado já esperado, tendo em vista que a importância da

coleta seletiva é um assunto frequentemente debatido na atualidade.

Figura 8: Importância da coleta seletiva.

Com o intuito de conhecer a aceitação dos moradores em relação ao

projeto, foi questionado se a ideia da implantação do sistema de coleta seletiva

no condomínio era excelente, boa ou ruim, e foi perguntado também sobre a

vontade deles em participar do projeto. Nenhum entrevistado afirmou que a

ideia era ruim, enquanto 16 afirmaram que a ideia era boa, e a grande maioria

(82,61%) respondeu que era uma excelente iniciativa (Figura 9).

95,65% 95,65%

4,35% 4,35%

Em sua opinião a coleta seletiva éimportante para o condomínio?

Você considera a reciclagemimportatnte para o desenvolvimento

sustentável?

Sim Não

33

Figura 9: Aceitação do projeto.

Em relação ao interesse em participar do projeto, quase todos os

entrevistados afirmaram que participariam da coleta seletiva no referente

condomínio, como mostra a Figura 10. Almeida (2012) e Bringhenti e Günther

(2011) verificaram que, sem conhecimento sobre o tema, a participação

voluntária da população na coleta seletiva é baixa. Isso evidencia o bom grau

de conhecimento dos moradores quanto ao tema, e que mesmos as pessoas

que não sabem muito sobre o assunto, possuem o bom senso de identificar

que se trata de um projeto benéfico tanto para o condomínio como para a

sociedade.

82,61%

17,39%

O que você acha da proposta deimplementação da coleta seletiva no

condomínio?

ExcelenteBoaRuim

34

Figura 10: Interesse em participar do projeto.

Outro ponto que foi abordado foi à questão de os moradores saberem ou

não separar corretamente o lixo reciclável, uma questão muito importante para

o funcionamento da coleta seletiva, pois muitas pessoas não sabem os

cuidados necessários na hora da separação dos resíduos. Por se tratar de um

procedimento que gera muitas dúvidas, 27 pessoas responderam que não

sabiam a forma correta de separar os resíduos, enquanto 65 afirmaram ter o

conhecimento adequado (Figura 11).

Figura 11: Conhecimento sobre a separação dos resíduos recicláveis.

97,83%

2,17%

Você tem interesse em participar dacoleta seletiva nesse condomínio?

SimNão

70,65%

29,35%

Você sabe como separar corretamente olixo reciclável?

SimNão

35

Lima (2007) afirma que para a melhoria da coleta seletiva é necessário a

implementação de campanhas educativas que visem à mudança de

comportamento da população, de forma a inserir no seu cotidiano a

preocupação ambiental e as informações referentes à frequência de coleta e a

forma como deve ser feita a separação dos materiais. Então, como

questionamento final, foi perguntado sobre a necessidade de receber

informativos para auxiliar nessa separação dos resíduos recicláveis e quase

todos os entrevistados responderam que sim (97,83%), exceto 2 moradores

(Figura 12), o que evidencia que apesar mais de 70% dos entrevistados

afirmarem saber como separar adequadamente os resíduos, ainda consideram

necessária a absorção de novos conhecimentos em relação ao assunto.

Figura 12: Necessidade quanto ao recebimento de informações para ajudar na separação dosresíduos recicláveis.

5.3. SONDAGEM DE PARCERIAS

Em Natal/RN a própria prefeitura possui uma parceria com cooperativas

de catadores de lixo, por intermédio da Urbana. O controle é compartilhado

entre as cooperativas, que possuem o controle dos trechos e a independência

da coleta, do transporte e da triagem, e o gestor público que detém a

responsabilidade de fiscalizar o cumprimento dos serviços dessas

cooperativas.

97,83%

2,17%

Você acha necessário receberinformativos para auxiliar na separação

dos resíduos recicláveis?

SimNão

36

A primeira etapa para determinar se a parceria era viável foi saber se a

localização do condomínio estava inserida na rota das cooperativas de

reciclagem, e isso foi possível através do diagnóstico do sistema de limpeza

urbana e manejo de resíduos sólidos do município de Natal, que possui o mapa

geral das áreas de cobertura da Coleta Seletiva do município. Foi observado

que o condomínio pertencia à área de coleta seletiva 06, sendo assim, poderia

receber cobertura das cooperativas de reciclagem (Figura 13).

Figura 13: Mapa geral das áreas de cobertura da coleta seletiva no município de Natal/RN.

Fonte: Plano Municipal de Saneamento Básico do Município de Natal/RN, 2015.

37

Ao entrar em contato com a Urbana foi necessário requisitar uma visita

dos técnicos ambientais ao condomínio, para que pudessem avaliar se o

condomínio estava apto a realizar a implantação do sistema de coleta seletiva,

ou seja, se atendia todas as exigências da Norma Técnica Especial que

regulamenta os condomínios no município do Natal, decreto nº 7.395 de

28/04/2004, que em suas disposições técnicas, na parte de resíduos sólidos,

especificamente no item 3.1.5 diz que:

Todos os condomínios deverão dispor de câmaras de lixo

obedecendo aos seguintes critérios construtivos:

a) Pisos e paredes revestidos com material liso, resistente,

impermeável e com abertura telada para ventilação;

b) Lavatório e torneira de lavagem no interior ou

proximidades;

c) Ponto de iluminação artificial;

d) Ralo sifonado ou com tampa à rede de esgoto sanitário;

e) Porta com dimensão mínima de 0,8 m.

Todos os resíduos sólidos produzidos no condomínio deverão

ali permanecer armazenados até a sua coleta pela empresa

pública.

O dimensionamento das câmaras de lixo deverá obedecer a

tabela 5, descrita a seguir:

Tabela 5: Dimensionamento das câmaras de lixo dos condomínios em Natal/RN.

Nº de unidades Área mínima (m2)

01 a 12 1,0

13 a 30 2,0

31 a 60 4,0

61 a 100 6,0

> 100 10,0Fonte: Decreto Nº 7.365 de 28/04/2004, adaptado.

38

A coleta seletiva poderá ser realizada pelos condomínios,

destinando-se uma área para essa finalidade específica,

devidamente sinalizada e contendo contêineres identificados com

uma cor relativa ao recebimento de materiais recicláveis.

Diante do exposto, foi averiguado após a visita, que o condomínio estava

obedecendo às dimensões mínimas requisitadas para a câmara de lixo e quase

todos os critérios construtivos exigidos, precisando apenas realizar alguns

reparos e tomar providencias em relação à limpeza e organização do local. Já

em relação às exigências para poder implantar o sistema de coleta seletiva, foi

necessário requisitar a aquisição de contêineres para o armazenamento dos

resíduos recicláveis, devidamente sinalizados, além de realizar uma pequena

reforma na casa do lixo para destinar uma área especifica somente para os

resíduos recicláveis.

Depois que todas as exigências forem cumpridas, o condomínio poderá

firmar parceria com a Urbana, que se responsabilizará por toda a parte de

educação ambiental, que compete a Diretoria de Planejamento e Gestão

Ambiental (DPGA) por meio da Gerência Técnica de Meio Ambiente e

Educação Ambiental, que possui um setor específico para trabalhar o tema,

conscientizando e sensibilizando os moradores a participarem efetivamente do

projeto.

A forma mais eficiente de despertar a consciência do dia em que se

realiza a coleta seletiva é por meio da utilização de campanhas internas que

explicam o porquê os condôminos devem participar. Essas informações podem

ser disseminadas durante as reuniões ou cartazes informativos (ABRELPE,

2013).

5.4. AVALIAÇÃO DA POSSÍVEL RECEITA OBTIDA ATRAVÉS DA

COMERCIALIZAÇÃO DOS RESÍDUOS RECICLÁVEIS

Uma opção para a destinação dos resíduos recicláveis seria a sua

comercialização para empresas especializadas, portanto realizou-se um estudo

da possível receita mensal que o condomínio poderia conquistar através da

venda desses resíduos.

39

Um estudo realizado pelo PEGIRS/RN (2012) mostra dados da

arrecadação mensal a partir da venda dos recicláveis de alguns municípios do

estado do Rio Grande do Norte (Anexo 1), inclusive do município de natal, que

obteve uma média de 230 toneladas de resíduos recicláveis por mês, excluindo

os grandes geradores, entre somente os 4 tipos de materiais mais comuns

(papel, plástico, vidro e metal), chegando a uma arrecadação de R$ 19.760,00.

A partir desse estudo foi possível determinar um valor médio para 1 kg de

resíduo reciclável e assim estimar a possível receita que seria obtida pelo

condomínio caso houvesse a comercialização dos recicláveis. Com o dado da

geração diária de 562 kg de resíduos por dia no presente condomínio e o

índice de 29,61 % de recicláveis, determinou-se a geração mensal somente

dos resíduos recicláveis, que foi de 4991 kg, aproximadamente, chegando a

uma possível receita de R$ 428,79, já que o preço médio do resíduo reciclável

foi estimado em R$ 0,09 (Tabela 6).

Tabela 6: Estimativa de receitas a partir do estudo do PEGIRS/RN.

Local Geração por mês(kg)

Preço médio porkg

Arrecadaçãomensal

Natal 230000 R$ 0,09 R$ 19.760,00

Condomínio 4991 R$ 0,09 R$ 428,79

Para confrontar esses dados, foi realizada a sondagem dos preços dos

recicláveis em uma empresa da cidade. Foi averiguado que o preço por quilo

do papel é de R$ 0,10 e o preço do plástico de R$ 0,50, em relação ao vidro só

trabalham com a compra de duas garrafas específicas e em relação ao metal,

também com a compra de produtos específicos. Foi visto também que não

havia volume mínimo para a comercialização dos RS. Diante disso foi realizada

uma estimativa das possíveis receitas que seriam obtidas através somente da

comercialização de papeis e plásticos, já que não houve a triagem de cada

produto e sim de cada material, o que torna difícil estimar a quantidade de latas

de alumínio presente nos metais, por exemplo.

Apesar da comercialização de apenas dois materiais, foi obtido um

resultado superior ao estimado anteriormente, levando em consideração a

40

máxima eficiência do sistema de coleta seletiva, correspondente a R$ 1331,10

(Tabela 7).

Tabela 7: Estimativa obtida através de valores dos resíduos recicláveis de uma empresa emNatal/RN.

Material Preço por kg Geração mensal (kg) Receita obtidaPapel R$ 0,10 1663,66746 R$ 166,37Plástico R$ 0,50 2329,47156 R$ 1.164,74Total - - R$ 1.331,10

Com isso, foi visto que ao utilizar a opção da comercialização dos

resíduos recicláveis, seria preciso a segregação específica dos materiais na

fonte, já que a empresa possui a preferência de receber os materiais

separados e o condomínio poderia utilizar a renda de diversas formas, inclusive

investindo no próprio projeto, já que esse valor corresponde ao funcionamento

do projeto em sua eficiência máxima, o que só irá acontecer com o tempo e

uma estrutura adequada e com investimento em projetos de educação

ambiental.

6. CONCLUSÕES

Foi possível constatar, a partir da aplicação do questionário, que a taxa

de retorno foi bastante superior à média, cerca de 65% e que o projeto obteve

grande aceitação por parte dos moradores e que quase a totalidade se dispôs

a participar efetivamente. Por outro lado, foi observado que é necessário o

investimento nas questões da educação ambiental, tendo em vista que a

maioria achou que era preciso o recebimento de informações sobre como

separar corretamente os resíduos recicláveis.

Na caracterização dos resíduos sólidos do condomínio foi visto que

ocorre uma alta geração de resíduos sólidos, aproximadamente 562 kg

diariamente, sendo cerca de 30% resíduos recicláveis, sem contabilizar a

quantidade de material orgânico, que poderia ser reaproveitado.

Foram estudadas duas maneiras para destinar corretamente os resíduos

recicláveis oriundos da coleta seletiva, a primeira seria com a realização de

41

uma parceria com a prefeitura do município, que se basearia na doação do

material reciclável para cooperativas de catadores que possuem parceria com

a URBANA. Essa escolha seria a mais viável, tendo em vista que seriam

realizadas palestras pelos técnicos ambientais da prefeitura, com o intuito de

sensibilizar e informar os moradores, além de beneficiar, do ponto de vista

social, as cooperativas de catadores.

A outra opção seria a comercialização desses resíduos para empresas

do setor, que seria uma escolha mais complexa, pois seria necessário a

realização da triagem de acordo com os padrões da empresa que receberia os

resíduos, por exemplo, a separação somente de latas de alumínio, e não de

todos os metais. Por outro lado, haveria um grande benefício econômico para o

condomínio, que poderia ser usado de diversas formas.

De forma geral, é fato que a implantação de um sistema de coleta

seletiva no presente condomínio é viável, basta determinar quais diretrizes

serão seguidas, investir na parte estrutural e sensibilizar constantemente os

moradores quanto ao tema, obtendo ganhos ambientais, sociais e econômicos.

7. REFERÊNCIAS

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46

ANEXOS

ANEXO 1 – Dados sobre os programas de Coleta Seletiva no RN

Fonte: PEGIRS/RN, 2012.

47

APÊNDICES

APÊNDICE A – Questionário aplicado aos moradores