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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE MÚSICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA FRANCISCO CANINDÉ DE MEDEIROS SENA EDUCAÇÃO MUSICAL TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO NO RIO GRANDE DO NORTE: um estudo sobre ações de interiorização da EMUFRN em Florânia / RN NATAL-RN 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

ESCOLA DE MÚSICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA

FRANCISCO CANINDÉ DE MEDEIROS SENA

EDUCAÇÃO MUSICAL TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO NO RIO GRANDE DO

NORTE: um estudo sobre ações de interiorização da EMUFRN em Florânia / RN

NATAL-RN

2017

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FRANCISCO CANINDÉ DE MEDEIROS SENA

EDUCAÇÃO MUSICAL TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO NO RIO GRANDE DO

NORTE: um estudo sobre ações de interiorização da EMUFRN em Florânia / RN

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Música (PPGMUS) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), na linha de pesquisa - Processos e Dimensões da Formação em Música, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Música. Orientadora: Profa. Dra. Valéria Lázaro de Carvalho.

NATAL-RN 2017

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FRANCISCO CANINDÉ DE MEDEIROS SENA

EDUCAÇÃO MUSICAL TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO NO RIO GRANDE DO

NORTE: um estudo sobre ações de interiorização da EMUFRN em Florânia / RN

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Música (PPGMUS) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), na linha de pesquisa - Processos e Dimensões da Formação em Música, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Música.

Aprovada em: ___/___/___

BANCA EXAMINADORA:

_________________________________________________________ PROFa. Dra. VALÉRIA LÁZARO DE CARVALHO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE (UFRN) ORIENTADORA

_________________________________________________________ PROFa. Dra. ELIANE LEÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO GOIÁS (UFG) MEMBRO DA BANCA

_________________________________________________________ PROF. Dr. MÁRIO ANDRÉ WANDERLEY OLIVEIRA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE (UFRN) MEMBRO DA BANCA

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Dedico este Trabalho a Deus e a toda minha família, em especial, minha mãe,

Maria do Socorro de Medeiros; meu pai, Francisco Djair de Sena; meus irmãos,

Lourdes Medeiros de Sena Marçal e Celso Djan Medeiros de Sena; a minha

sobrinha e princesinha, Larah Cecília Sena Marçal; a minha esposa amada, Rafaella

Cristina de Souza Araújo Sena e, ao meu filho, o meu presente de Deus, Davi

Eduardo Araújo Sena, o qual espero um dia poder também ver sua dissertação de

Mestrado, seja qual for a área que venha a escolher no futuro, amo todos vocês

demais.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por tudo e todos que alegram minha vida.

Aos docentes da Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande

do Norte (EMUFRN), em especial, a minha querida orientadora Valéria Lázaro de

Carvalho por acreditar em mim, e a professora Eliane Leão, por serem minhas

inspirações intelectual e acadêmica.

Por fim, agradeço a todos os colegas de Curso, amigos, alunos, ex-alunos e

parceiros profissionais que, direta e indiretamente, contribuíram com este Pleito.

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“Quando o homem compreende a sua realidade, pode levantar

hipóteses sobre o desafio dessa realidade e procurar soluções.

Assim, pode transformá-la e o seu trabalho pode criar um

mundo próprio, seu eu e as suas circunstâncias.”

Freire (1979)1.

1Documento não paginado.

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RESUMO

Este Trabalho apresenta um estudo sobre a Educação Musical técnica, de

nível médio, no Rio Grande do Norte (RN), através das ações de interiorização da

Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (EMUFRN) em

Florânia / RN, por meio do Curso Técnico em Instrumento Musical do Programa

Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC). Pesquisa sobre a

formação musical de estudantes participantes da disciplina de Linguagem e

Estruturação Musical, ofertada dentro do referido Programa e o impacto dessa

formação no cotidiano das suas vidas na região Seridó norte-rio-grandense. Este

Programa tem propiciado à difusão da cultura musical de pequenas comunidades e

artistas no interior do RN, possibilitando reconhecimento ampliado do valor artístico

e cultural de práticas e serviços. O método de investigação utilizado foi a Pesquisa-

Ação e os instrumentos de coleta de dados empregados foram a aplicação de

questionários, entrevistas e a análise de conteúdo. Como fundamentação teórica, foi

realizada uma pesquisa bibliográfica sobre a literatura relacionada à Educação

Musical técnica de nível médio, sobre o processo de interiorização, sobre o

PRONATEC e sobre o estudo da linguagem e estruturação musical. Entre outros

autores estudados, destaca-se Oliveira (2013), Carmona (2017), Thiollent (2011),

Esperidião (2002) e Correia (2011). Este estudo traz, como contribuição para a área

da Educação Musical, novas abordagens para o ensino da linguagem e estruturação

musical, bem como abre caminhos para outras pesquisas na área da formação

musical obtida em programas destinados ao ensino técnico musical. Para a área de

Educação Musical, este Trabalho vem abrir expectativas para novos horizontes de

pesquisa, partindo de investigações sobre novos espaços possíveis para a formação

musical, a exemplo das filarmônicas e dos Cursos Técnicos, de nível médio, em

Música.

Palavras-chave: Educação Musical Técnica de nível médio. Interiorização.

Programa PRONATEC. Linguagem e Estruturação Musical.

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ABSTRACT

This work presents a study on the technical Music Education, of middle level,

in Rio Grande do Norte (RN), through the internationalization actions of Escola de

Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (EMUFRN) in Florânia /

RN, through the Technical Course in Musical Instrument of the National Program of

Access to Technical Education and Employment (PRONATEC). Research also on

the musical training of the students participating in the Language and Structural

Musical discipline, offered within the said Program and the impact of this training in

the daily life of their lives in the region Seridó norte-rio-grandense. This Program has

promoted the diffusion of the musical culture of small communities and artists within

the RN, allowing for an expanded recognition of the artistic and cultural value of

practices and services. The research method used was Action Research and the

instruments of data collection used were the application of questionnaires, interviews

and content analysis. Theoretically, a bibliographical research was carried out on the

literature related to the technical musical education of medium level, on the process

of internalization, on PRONATEC and on the study of language and musical

structuring. Among other authors, stands out Oliveira (2013), Carmona (2017),

Thiollent (2011), Esperidião (2002) and Correia (2011). This study brings as a

contribution to the area of Music Education, new approaches to language teaching

and musical structuring, as well as opens paths to other researches in the area of

musical training obtained in Programs intended for musical technical education. For

the musical education area, this work opens up expectations for new horizons of

research, starting from investigations into new possible spaces for musical formation,

such as the philharmonic and the technical, middle level, courses in Music.

Keywords: Music Education Technical of medium level. Interiorization. PRONATEC

Program. Language and Musical Structuring.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Cidades do RN beneficiadas pelo PRONATEC da EMUFRN........... 41

Figura 2 - Conceito de abordagem qualitativa................................................... 55

Figura 3 - Desenvolvimento de uma análise de conteúdo................................. 63

Figura 4 - Sala de aula no formato multinível.................................................... 68

Figura 5 - RN..................................................................................................... 78

Figura 6 - Região Seridó (nas cores vermelha e laranja).................................. 79

Figura 7 - Proposta de análise de conteúdo...................................................... 88

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LISTA DE FOTOGRAFIAS

Foto 1 - Vista externa da EMUFRN................................................................... 39

Foto 2 - Filarmônica Francisco Batista dos Santos Lula, Jucurutu / RN, 2017. 45

Foto 3 - Aula da saudade com a turma do Curso Técnico em Música da

EMUFRN / PRONATEC no polo de Florânia / RN...............................

75

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Situação dos alunos......................................................................... 76

Gráfico 2 - Proporção de alunos por sexo......................................................... 76

Gráfico 3 - Proporção de alunos concluintes..................................................... 77

Gráfico 4 - Proporção de alunos com pendências............................................. 77

Gráfico 5 - Proporção de alunos formados por instrumento musical................. 78

Gráfico 6 - Alunos e a relação com o trabalho................................................... 80

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Cursos de Música do PRONATEC.................................................. 34

Quadro 2 - Cursos do PRONATEC no RN......................................................... 40

Quadro 3 - Expectativas profissionais dos alunos............................................. 81

Quadro 4 - Principais dificuldades técnicas na disciplina de Linguagem e

Estruturação Musical........................................................................

85

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABEM – Associação Brasileira de Educação Musical

AC – Análise de Conteúdo

ANPPOM – Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música

AP - Amapá

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CBO – Classificação Brasileira de Ocupações

CCHLA – Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes

CEB – Câmara de Educação Básica

CEFET – Centro Federal de Educação Tecnológica

CEPMWL – Centro de Educação Profissional em Música Walkíria Lima

CNE – Conselho Nacional de Educação

CNS – Conselho Nacional de Saúde

Cód. – Código

COL – Colômbia

CONEDU – Congresso Nacional de Educação

CRAS – Centro de Referência da Assistência Social

DEPPEM – Diretório de Pesquisa de Pós-Graduação em Educação Musical

DJ – Disc Jóquei

EaD – Ensino à Distância

EMUFRN – Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte

ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio

ESAM – Escola Superior de Agronomia

ETFRN – Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte

FIC – Formação Inicial e Continuada

FLADEM – Fórum Latino-Americano de Educação Musical

FR – França

GRUMUS – Grupo de Estudos e Pesquisas em Música

H - Hora

IFRN – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte

IFs – Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia

Km - Quilômetros

LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação

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MEC – Ministério da Educação

MG – Minas Gerais

ONGs – Organizações Não Governamentais

PB – Paraíba

PIB – Produto Interno Bruto

PNE – Plano Nacional de Educação

POR – Portugal

PPGMUS – Programa de Pós-Graduação em Música

PR – Paraná

PROEP – Programa de Expansão da Educação Profissional

PRONATEC – Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego

REDE CERTIFIC – Rede Nacional de Certificação Profissional e Formação Inicial e

Continuada

RFEPT – Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica

RJ – Rio de Janeiro

RN – Rio Grande do Norte

SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial

SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

SETEC – Secretaria de Educação Técnica e Tecnológica

SWI – Suíça

TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TIM – Técnico em Instrumento Musical

TV – Televisão

UFERSA – Universidade Federal Rural do Semi-Árido

UFG – Universidade Federal de Goiás

UFPB – Universidade Federal da Paraíba

UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

UNEDs – Unidades de Ensino Descentralizadas

VE – Venezuela

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 16

2 A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TÉCNICA, DE NÍVEL MÉDIO, EM

MÚSICA NO BRASIL................................................................................

22

2.1 O Ensino Profissional no Brasil, o PRONATEC e os Cursos

Técnicos...................................................................................................

23

2.2 A expansão da Educação Técnica Profissional no Brasil................... 26

3 AÇÕES DA EMUFRN NO ÂMBITO DA EDUCAÇÃO MUSICAL

TÉCNICA, DE NÍVEL MÉDIO, NO RN......................................................

36

3.1 A expansão da Educação Técnica Profissional no RN........................ 36

3.2 A EMUFRN................................................................................................ 38

3.3 O PRONATEC na EMUFRN..................................................................... 39

3.4 Uma breve história das filarmônicas e dos alunos egressos do

PRONATEC, na EMUFRN, em Florânia / RN..........................................

43

3.5 A disciplina Linguagem e Estruturação Musical.................................. 51

4 PROCEIMENTOS METODOLÓGICOS.................................................... 54

4.1 O método de Pesquisa-Ação.................................................................. 56

4.2 Instrumentos de coleta de dados........................................................... 58

4.2.1 Pesquisa bibliográfica e documental (Revisão de Literatura).................... 58

4.2.2 Questionários............................................................................................. 58

4.2.3 Entrevistas................................................................................................. 59

4.3 Análise de conteúdo (Análise dos dados da Pesquisa)....................... 60

5 A DOCÊNCIA EM LIGUAGEM E ESTRUTURAÇÃO MUSICAL NO

CURSO TIM, DO PRONATEC NA EMUFRN............................................

65

5.1 O processo de seleção dos alunos........................................................ 65

5.2 O formato de sala de aula....................................................................... 66

5.3 As etapas / estratégias da Pesquisa-Ação............................................ 69

5.4 Refletindo sobre os dados coletados.................................................... 75

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................... 89

REFERÊNCIAS......................................................................................... 92

APÊNDICE A – Questionário de entrevista com os alunos................. 103

APÊNDICE B – Questionário de entrevista com os professores........ 105

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APÊNDICE C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(TCLE).......................................................................................................

106

ANEXO A – Entrevistas, na íntegra, apresentadas neste Trabalho.... 110

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1 INTRODUÇÃO

O Rio Grande do Norte (RN) é um estado com muitas manifestações culturais

e com grande potencial turístico e econômico, porém, pouco difundido na mídia

nacional, onde, muitas vezes, só são mostrados os flagelos da seca e a dura vida do

nordestino. É nesse mesmo cenário de tristeza, que surgem sertanejos aguerridos

que, mesmo diante de circunstâncias difíceis, conseguem produzir manifestações

artísticas das mais ricas e peculiares possíveis, a exemplo do Coco de Zambê, os

rabequeiros, as benzedeiras, os negros do Rosário, os Cabocolinhos, entre muitas

outras manifestações de nossa cultura estadual.

Esta Pesquisa, de modo especial, observa uma dessas outras manifestações

culturais do RN, as bandas filarmônicas interioranas, presentes em quase todas as

167 cidades do RN.

A escolha, por esse público, se justifica pelo meu envolvimento direto nesse

segmento cultural, uma vez que sou Maestro de Filarmônica interiorana e egresso

desses grupos.

Ao longo de minha vida musical pude experimentar aprender Música de várias

maneiras, entre elas, informalmente. Aos 11 anos, filho de família simples do interior,

sem muitas oportunidades, iniciei meus estudos musicais em uma Filarmônica

interiorana e pude encontrar na Música, minha vocação e paixão. Hoje, ano de 2017,

passados 21 anos, reconheço a grande contribuição dessas instituições para meu

crescimento pessoal e profissional, instituições estas, muitas vezes, esquecidas pelo

poder público.

Minha trajetória acadêmica começou no ano de 2002 quando, aos 17 anos,

tive a oportunidade de estudar Música, formalmente, em uma escola de Música, a

Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (EMUFRN). A

partir de então, nessa mesma Instituição, cursei os Técnicos em instrumento

(Trompete), Regência e Flauta Doce. Também fiz as Graduações de Bacharelado

em Música - Trompete e Licenciatura em Música. Cursei ainda, uma Especialização

em Música dos séculos XX e XXI, e agora, com este Trabalho, concluo mais uma

etapa de minha formação musical, a do Mestrado em Música.

A escolha do tema de pesquisa não poderia ser distante da minha experiência

de vida e essência enquanto músico. Nesse sentido, procurei, com este Trabalho,

falar de 2 grandes fenômenos que vivencio hoje (2017), o Programa Nacional de

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Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC) e as bandas filarmônicas do

interior do RN. Este primeiro, na condição de docente e no segundo, enquanto

Maestro e músico egresso.

Desde o ano de 2012, atuo como docente em disciplinas dos Cursos de

Formação Inicial e Continuada (FIC) e do Técnico em Instrumento Musical (TIM),

ambos do PRONATEC, na EMUFRN, sediados em cidades interioranas da região

Seridó norte-rio-grandense. Durante esse período, pude observar a transformação

musical e social ocorridas com os alunos egressos desses Cursos, principalmente,

os que atuam nas filarmônicas de seus municípios.

Diante desse contexto, considero importante ter iniciado este estudo partindo

do relato de minha própria experiência enquanto aluno oriundo de uma Filarmônica

do interior do RN. Como escreve Silva (2008, p. 27):

Todos trazemos em nossas memórias lembranças de vivências marcantes que vão cotidianamente construindo nossa identidade. Nós fazemos a nossa história. Lembrar e narrar nos oportuniza a refletir sobre o vivido, estabelecendo correlações, construindo e reconstruindo caminhos.

Nesse sentido, passo a descrever os momentos que considero importantes

sobre as aprendizagens que construí ao longo da minha trajetória pessoal e

profissional.

No ano 2015, apresentei um relato de experiência no XXI Fórum Latino-

Americano de Educação Musical (FLADEM) - Rio de Janeiro2 / Brasil, sobre O

Ensino de Trompete na semana de intensivo do PRONATEC em Santana do

Matos / RN, onde por 9 anos, fui o Maestro da Filarmônica desse município.

Em seguida, realizei uma pesquisa sobre Interiorização e ensino de

Música: do PRONATEC da EMUFRN à Florânia / RN, apresentada como

comunicação no II Congresso Nacional de Educação (CONEDU) tomando por base

minha experiência docente no município de Florânia / RN.

Em 2016, apresentei mais duas comunicações, a primeira, no XXVI

Congresso da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música

(ANPPOM), com o tema: A atividade de Apreciação Musical no PRONATEC; e a

segunda, no III CONEDU, com a temática: Do multisserial ao multinível. Este

2Rio de Janeiro (RJ).

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último trabalho, foi igualmente fruto da realização de uma Monografia de conclusão

de curso da Licenciatura em Música na EMUFRN, no ano de 2015, que tratou de um

estudo sobre a formação musical de estudantes através do PRONATEC, na

EMUFRN, na cidade de Florânia / RN, por meio da disciplina Linguagem e

Estruturação Musical / Percepção Musical.

Diante da circunstância que me envolve enquanto pesquisador pude perceber

através de pesquisas bibliográficas realizadas que não foram encontrados trabalhos

que discutam sobre a formação musical técnica de nível médio, se comparado com

pesquisas sobre a Educação Musical na Escola Básica ou mesmo sobre o ensino de

instrumento musical individual e coletivo. Essa realidade abriu um importante espaço

para a realização deste Trabalho, que visa, entre outras coisas, mostrar uma

pequena parte do grande Iceberg a ser explorado por mim e outros pesquisadores

no tocante a essa modalidade de ensino em questão.

Conforme revisão de literatura realizada neste estudo, pude constatar que

ainda estamos vivendo o desabrochar dessa área na presente década, algo que

possa ser bastante interessante aos novos pesquisadores que surgem e também

aos já experientes pesquisadores que queiram desbravar esse novo território ou

campo empírico de conhecimento. Nesse sentido, para efeito desta Pesquisa, não

foi possível encontrar literatura suficiente que discorra sobre o ensino técnico, de

nível médio, no segmento musical por parte de instituições especializadas em

Música, a exemplo da EMUFRN. Muitos dos trabalhos já produzidos têm sido sobre

instituições de ensino regular, a exemplo dos Institutos Federais de Educação,

Ciência e Tecnologia (IFs) onde o ensino de Música é uma das etapas da formação

básica. Para a área de Educação Musical, este Trabalho vem abrir expectativas para

novos horizontes de pesquisa, partindo de investigações sobre novos espaços

possíveis para a formação musical, a exemplo das filarmônicas e dos Cursos

Técnicos, de nível médio, em Música.

Assim, dando continuidade aos estudos, discorro, agora, especificamente,

sobre meu objeto de pesquisa que é a Educação Musical técnica, de nível médio, no

RN. Realizei também, um estudo sobre as ações de interiorização da EMUFRN em

Florânia / RN até o momento presente, por meio do PRONATEC. Para tal, foi

utilizada, como procedimento metodológico, a pesquisa qualitativa por meio do

método da Pesquisa-Ação. Como instrumentos de coleta de dados, utilizei a

aplicação de questionários (APÊNDICE A e B) e entrevistas (ANEXO A).

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A estrutura desta Dissertação se configura em 6 capítulos. No capítulo 1 –

Introdução – apresento um resumo expandido da Dissertação, mostrando a

problematização da pesquisa, do campo empírico à área de Educação Musical, onde

busco elucidar minha motivação e objetivos do estudo.

No capítulo 2, exibo um histórico sobre a legislação brasileira para o ensino

técnico, de nível médio, em especial, no que concerne à Educação Musical no

período. Em seguida, discorro sobre o impacto de algumas leis para o ensino

profissional, como a Lei nº 378, de 13 de janeiro de 1937 (BRASIL, 1937), que

instituiu os Liceus Profissionais e, a partir de então, passaram a oferecer ensino

profissional em vários ramos e graus de formação; a Lei nº 9.394, de 20 de

dezembro de 1996 (BRASIL, 1996), que dispõe das Diretrizes e Bases da Educação

Brasileira e a Lei nº 11.741, de 16 de julho de 2008 (BRASIL, 2008a), que dispõe da

Educação Profissional e Tecnológica, abrangendo assim, a formação inicial e

continuada ou qualificação profissional, a Educação Profissional Técnica, de nível

médio, e a Educação Profissional Tecnológica, de Graduação e de Pós-Graduação;

por último, a Resolução nº 1, de 5 de dezembro de 2014 (BRASIL, 2014) do

Conselho Nacional de Educação (CNE), da Câmara de Educação Básica (CEB) que

define as novas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional

Técnica de nível médio. Apresento também, sobre o programa PRONATEC, a nível

nacional, em que exponho uma trajetória histórica da interiorização da Educação

Profissional no Brasil e no RN até a implantação do PRONATEC, na EMUFRN e no

município de Florânia / RN. Alguns autores, como Costa (2012a, 2102b), Correia

(2011), Morato (2009), Coli (2008), Trottier (1998), Contente (2011), Esperidião

(2002), Estevam (2012), Penna (2007), Duarte e Mazzotti (2006), Kraemer (2000),

Sousa (2014), Coelho (2014), entre outros, contribuíram para este estudo.

No capítulo 3, com Lima (2006), Paiva e Almeida (2015), Gomes (2016),

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2017), Granja (1984), Bianconi e

Caruso (2005), Freire (2001), Fontoura (2011), Carvalho (2009), Silva (2007),

Galvão (1998) e Guanais (2001), abordo a história das filarmônicas norte-rio-

grandenses e seridoenses, a partir das ações da EMUFRN voltadas a esse público

específico, especialmente, na região Seridó norte-rio-grandense, onde descrevo

essa região, e ainda, sobre a cidade de Florânia / RN. Realizado o estado da arte

sobre a temática da Pesquisa, percebo que a Educação Profissional Técnica, de

nível médio, em Música no Brasil e no RN, graças ao PRONATEC, promove

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oportunidades de qualificação profissional das classes mais vulneráveis da

sociedade que são subsidiadas pelo governo federal. Isto, observado pelo viés do

público da Música, mais especificamente, no segmento cultural das bandas de

Música ou bandas filarmônicas ou, simplesmente, filarmônicas. Discorro sobre o

antes e o depois desse processo de interiorização proporcionado graças ao

PRONATEC e a EMUFRN a esses estudantes de Música nesse segmento, no

interior do estado do RN, em especial, na cidade de Florânia / RN.

No capítulo 4, apresento os caminhos metodológicos adotados para a

realização da pesquisa, que tem como premissa discutir sobre questões relativas às

principais dificuldades dos alunos e do professor na disciplina Linguagem e

Estruturação Musical assim como o impacto no cotidiano dos alunos que participam

do Programa sobre Educação Musical Técnica de nível médio. Como método de

pesquisa, utilizo a Pesquisa-Ação. Conforme mostra Morin (2004), esse tipo de

pesquisa prevê intervenção na realidade social dos participantes e se baseia na

relação entre atores e autores consultados. Os autores Toledo e Jacobi (2013), Fals-

Borda (1985), entre outros consultados, argumentam que seu conceito representa

um canal privilegiado para discussão da relação entre teoria e prática, um dos

maiores impasses enfrentados pelos educadores e que pôde ser sentido por mim,

durante a aplicação das técnicas de pesquisa na cidade de Florânia / RN. Segundo

Toledo e Jacobi (2013) e Fals-Borda (1985), a relação teoria e prática deve ser

articulada durante o processo de construção do conhecimento. No mais, vale

salientar que esse tipo de pesquisa ganhou repercussão mundial nos campos

científico e político a partir do Primeiro Simpósio Mundial sobre Pesquisa

Participante, realizado em Cartagena, Colômbia (COL), em 1977. Quanto à escolha

do local para a realização da pesquisa e técnicas utilizadas, busco explorar Florânia

/ RN, um dos polos PRONATEC de responsabilidade da EMUFRN que é sede do

Curso TIM, nosso segundo foco para a discussão a respeito de ações de

interiorização da EMUFRN.

No capítulo 5, discorro sobre minha experiência enquanto docente e

pesquisador na disciplina de Linguagem e Estruturação Musical, no Curso TIM, na

cidade de Florânia / RN. Muitas das informações constantes neste capítulo são

oriundas da minha experiência enquanto pesquisador da área de Educação Musical,

mais especificamente, no segmento de ensino especializado de Música que envolve

o PRONATEC e a EMUFRN, através dos grupos de pesquisa em que participo:

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Grupo de Estudos e Pesquisas em Música (GRUMUS) e o Diretório de Pesquisa de

Pós-Graduação em Educação Musical (DEPPEM), ambos na EMUFRN.

Em seguida, faço a análise dos dados coletados a partir das informações e

técnicas utilizadas, que consistiu no uso de questionários (APÊNDICE A e B),

entrevistas (ANEXO A) e análise de conteúdo, que evidenciaram a porcentagem de

alunos que ingressaram, desistiram, concluíram o Curso; quantitativo por sexo;

alunos com pendências para colar grau; alunos concluintes por tipo de instrumento

musical; alunos e relação com o trabalho; expectativas profissionais dos alunos; e as

principais dificuldades técnicas encontradas pelos alunos na disciplina de

Linguagem e Estruturação Musical em questão.

No capítulo 6, faço minhas considerações finais, reconhecendo a existência

de um caminho aberto para outras pesquisas na área que possam dar continuidade

a este estudo. Considero que o tema pesquisado poderá contribuir para a área de

Educação Musical para além da Educação Básica, principalmente, para o público

dos licenciandos em Música que, em virtude de os cursos de formação de

professores não oferecerem disciplinas de estágios no universo das filarmônicas,

não têm experiência nesse campo de estudo. Na EMUFRN, boa parte dos alunos da

Graduação é egresso desses grupos não formais de ensino musical pelo interior do

estado. Poderá fomentar, inclusive, a criação de outros grupos de pesquisa e

extensão que possam contemplar outros alunos e segmentos não formais de ensino

de Música que ainda carecem de pesquisa nessa área.

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2 A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TÉCNICA, DE NÍVEL MÉDIO, EM MÚSICA NO

BRASIL

Para entender a dimensão investigativa deste Trabalho, discutirei,

inicialmente, sobre a Educação Profissional Técnica, de nível médio, em Música

no Brasil. Para tal, este capítulo se divide em duas partes: a primeira, sobre o Ensino

Profissional no Brasil - o PRONATEC e os Cursos Técnicos, de nível médio; e a

segunda, sobre a trajetória histórica da interiorização da Educação Profissional no

Brasil e no RN.

Mediante a Resolução nº 6, de 20 de setembro de 2012 (BRASIL, 2012),

ficaram instituídas as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional

Técnica de Nível Médio. Em seu Artigo 1º, parágrafo único, entende-se por

Diretrizes:

[...] o conjunto articulado de princípios e critérios a serem observados pelos sistemas de ensino e pelas instituições de ensino públicas e privadas, na organização e no planejamento, desenvolvimento e avaliação da Educação Profissional Técnica de Nível Médio, inclusive fazendo uso da certificação profissional de cursos (BRASIL, 2012, p. 22).

Esta Resolução nos trouxe a alteração da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de

1996 (BRASIL, 1996) em virtude da Lei nº 11.741, de 16 de julho de 2008 (BRASIL,

2008a), no que concerne à Educação Profissional e Tecnológica, abrangendo os

cursos de “[...] formação inicial e continuada ou qualificação profissional; [...]

Educação Profissional Técnica de Nível Médio; [e a] [...] Educação Profissional

Tecnológica, de graduação e de pós-graduação” (BRASIL, 2012, p. 22). Nos termos

desta Lei, “A Educação Profissional Técnica de Nível Médio [...] [é] desenvolvida nas

formas articulada e subsequente ao Ensino Médio, podendo a primeira ser

integrada ou concomitante a essa etapa da Educação Básica” (BRASIL, 2012, p.

22, grifos nosso).

Já em relação às formas de ofertas, quando articuladas, poderão ser

integradas e concomitantes. Considera-se integrada quando:

[...] ofertada somente a quem já tenha concluído o Ensino Fundamental, com matrícula única na mesma instituição, de modo a conduzir o estudante à habilitação profissional técnica de nível médio

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ao mesmo tempo em que conclui a última etapa da Educação Básica (BRASIL, 2012, p. 22).

E na forma concomitante quando:

[...] ofertada a quem ingressa no Ensino Médio ou já o esteja cursando, efetuando-se matrículas distintas para cada curso, aproveitando oportunidades educacionais disponíveis, seja em unidades de ensino da mesma instituição ou em distintas instituições de ensino (BRASIL, 2012, p. 22).

E ainda, “[...] uma vez que é desenvolvida simultaneamente em distintas

instituições educacionais, mas integrada no conteúdo, mediante a ação de convênio

ou acordo de intercomplementaridade, para a execução de projeto pedagógico

unificado” (BRASIL, 2012, p. 22). Por último, quando for subsequente, será “[...]

desenvolvida em cursos destinados exclusivamente a quem já tenha concluído o

Ensino Médio” (BRASIL, 2012, p. 22).

A Resolução nº 6, de 20 de setembro de 2012 (BRASIL, 2012) trata ainda da

organização curricular, onde cita, por exemplo, o Catálogo Nacional de Cursos

Técnicos3, a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), a duração dos Cursos, a

avaliação, aproveitamento e certificação da Educação Profissional Técnica, de nível

médio, a formação docente exigida e as disposições gerais.

A partir desses dados, passo a discutir sobre o Ensino Profissional no Brasil,

a política do PRONATEC e os Cursos Técnicos.

2.1 O Ensino Profissional no Brasil, o PRONATEC e os Cursos Técnicos

O PRONATEC, já apresentado, é um Programa do governo federal que se

destina a toda rede federal de ensino tecnológico, e ao Sistema de Empresas e

Serviços, igualmente, às redes estaduais de ensino técnico, visando, basicamente, à

FIC ao público jovem, entre 15 e 17 anos, através de Cursos com duração de 160h4

/ aula. Na modalidade de Ensino Técnico, esses Cursos possuem a duração mínima

de 800h / aula.

Inicialmente, esse Programa contava com uma meta de alcance nacional até

o ano de 2014, algo que se estendeu, posteriormente, em algumas localidades do

3O Catálogo Nacional de Cursos Técnicos será discutido no capítulo 3 desta Dissertação.

4Hora (h).

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país. Previa a concessão de 3 milhões de bolsas de estudos até 2014, para

estudantes do ensino médio e trabalhadores. A previsão, segundo a TV NBR (2011),

era que, no ano 2014, 8 milhões de pessoas fossem beneficiadas por esse

Programa através das múltiplas ações.

O referido Programa destina-se aos alunos do ensino médio, como forma de

melhorar a qualidade do ensino, proporcionando assim, que o ensino médio também

seja profissionalizante. O aluno, nesse sentido, estuda as disciplinas escolares em

um turno e em outro, se dedica as atividades extraclasses e profissionalizantes à

sua escolha ou disponíveis nas instituições de ensino em que estão locados esses

cursos do PRONATEC, que também tem parceria com outros órgãos nacionais, tais

como: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Serviço Nacional de

Aprendizagem Comercial (SENAC), secretarias de trabalho, universidades e outros

que fornecem cursos de formação técnica profissionalizante e visa à formação de

mão de obra qualificada e jovem. A formação profissional, proporcionada por esse

Programa, é, em parte, uma maior garantia para empresas que precisam de mão de

obra especializada.

O público do PRONATEC se divide em 3 focos: alunos da rede pública de

ensino, profissionais com seguro desemprego via Ministério do Trabalho e

beneficiários do Programa Bolsa Família, do Ministério do Desenvolvimento Social. A

esse público é garantido à experiência profissional (PROGRAMA NACIONAL DE

ACESSO AO ENSINO TÉCNICO E EMPREGO, 2017).

O PRONATEC também atinge outros públicos. Existem Cursos para pessoas

independentemente de escolaridade e idade, e todos os participantes recebem um

auxílio financeiro baseado em hora / aula estudada, calculado, em

aproximadamente, R$ 3,00 por hora / aula. Este recurso visa garantir, entre outras

coisas, uma maior permanência no Programa (TV NBR, 2011).

Nos municípios, via secretarias de Assistência Social, através do Centro de

Referência de Assistência Social (CRAS), é realizada a seleção de alunos para os

Cursos do PRONATEC mediante o perfil do público que se tem nesses espaços.

Nisso, existem as instituições demandantes, instituições governamentais e as

ofertantes, que oferecem os Cursos profissionalizantes, empresas, entre outros.

A bolsa formação visa suprir as necessidades de alimentação e transporte

dos alunos participantes, garantindo assim, a maior frequência do público que mais

necessita de recursos para provimentos próprios e que, muitas vezes, estariam, de

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outra forma, trabalhando nos horários em que agora estão estudando e se

qualificando.

Uma das preocupações do PRONATEC é garantir uma maior qualificação

profissional aos que almejam entrar ou voltar ao mercado de trabalho, tendo em

vista, as constantes exigências deste meio. Nesse sentido, contribui para que menos

pessoas precisem utilizar o seguro desemprego, graças às oportunidades de

trabalhos estáveis que pode prover a seu público estudantil variado. Nesse

Programa, os alunos recebem além da bolsa formação, todo o material didático

gratuito.

As despesas provenientes do PRONATEC são de responsabilidade do

governo federal, em torno de R$ 1.500,00, o custo de um aluno por curso, não

onerando assim, estados e municípios para tal. Para cada órgão que sedia ou

celebra convênio, via PRONATEC, além da bolsa formação dos alunos, é transferido

ao órgão gestor local, uma quantia em dinheiro para despesas operacionais e

compra de materiais necessários (TV NBR, 2011).

São muitos os Cursos ofertados pelo PRONATEC, sejam nas modalidades

FIC ou Curso Técnico. Segundo o Guia de cursos PRONATEC do Ministério da

Educação (MEC), tínhamos, em 2016, de acordo com a Portaria nº 12/2016, de 3 de

maio de 2016 (BRASIL, 2016b), 646 cursos, sendo o primeiro o de Açaicultor, e o

último, na lista, o de Zelador.

De acordo com o Plano Nacional de Educação 2011 – 2020 (BRASIL, 2011a),

na meta 11 de 20, são previstas 10 estratégias para a Educação Profissional

Técnica de nível médio, e encontramos a menção a interiorização da Educação

Profissional já de início, a saber:

1- Expandir as matrículas de educação profissional técnica de nível médio nos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, levando em consideração a responsabilidade dos Institutos na ordenação territorial, sua vinculação com arranjos produtivos, sociais e culturais locais e regionais, bem como a interiorização da educação profissional. 2- Fomentar a expansão da oferta de educação profissional técnica de nível médio nas redes públicas estaduais de ensino. 3- Fomentar a expansão da oferta de educação profissional técnica de nível médio na modalidade de educação a distância, com a finalidade de ampliar a oferta e democratizar o acesso à educação profissional pública e gratuita. 4- Ampliar a oferta de programas de reconhecimento de saberes para fins da certificação profissional em nível técnico. 5- Ampliar a oferta de matrículas gratuitas de educação profissional técnica de nível médio pelas entidades privadas de

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formação profissional vinculadas ao sistema sindical. 6- Expandir a oferta de financiamento estudantil à educação profissional técnica de nível médio oferecidas em instituições privadas de educação superior. 7- Institucionalizar sistema de avaliação da qualidade da educação profissional técnica de nível médio das redes públicas e privadas. 8- Estimular o atendimento do ensino médio integrado à formação profissional, de acordo com as necessidades e interesses dos povos indígenas. 9- Expandir o atendimento do ensino médio integrado à formação profissional para os povos do campo de acordo com os seus interesses e necessidades. 10- Elevar gradualmente a taxa de conclusão média dos cursos técnicos de nível médio na rede federal de educação profissional, científica e tecnológica para noventa por cento e elevar, nos cursos presenciais, a relação de alunos por professor para 20, com base no incremento de programas de assistência estudantil e mecanismos de mobilidade acadêmica (BRASIL, 2011a, p. 38-39).

Por meio do programa PRONATEC, essa meta 11, assim como algumas de

suas estratégias, de fato, tem conseguido ser realizada, no Seridó norte-rio-

grandense, desde o ano de 2011, e possibilitado uma melhor qualificação

profissional de muitos profissionais da Música que lá residem, garantindo uma maior

conservação de costumes locais existentes.

Nas políticas públicas para a Educação Profissional e Tecnológica é previsto

a não desvinculação do projeto social mais amplo, devendo, portanto, estarem

articuladas às políticas de desenvolvimento econômico, locais, regional e nacional

assim como às políticas de geração de emprego, trabalho e renda, além das que

tratam da formação e da inserção econômica e social da juventude (BRASIL,

2004a).

2.2 A expansão da Educação Técnica Profissional no Brasil

Data-se 23 de setembro de 1909, como sendo o começo da história dos

Institutos Federais de educação brasileira, por meio da assinatura do Decreto nº

7.566, de 23 de setembro de 1909 (BRASIL, 1909) que instituiu 19 Escolas de

Aprendizes Artífices em vários estados da federação brasileira, sob a jurisdição do

então Ministério dos Negócios da Agricultura, Indústria e Comércio, objetivando

assim, a oferta do ensino profissional gratuito a nível primário. Porém, foi no ano de

1937, que o ensino técnico, profissional e industrial foi destinado às classes menos

favorecidas e, consequentemente, transformado em Liceus Profissionais, por meio

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da Lei nº 378, de 13 de janeiro de 1937 (BRASIL, 1937). A partir de então, passaram

a oferecer ensino profissional em vários graus de formação (GOMES, 2016).

No ano de 1942, os Liceus novamente passaram por transformações se

tornando em Escolas Técnicas Industriais que ofereciam o ensino profissionalizante

em nível secundário, possibilitando assim, o ingresso de alunos formados nos

Cursos Técnicos para o ensino superior (GOMES, 2016).

No ano de 1959, as Escolas Técnicas Industriais brasileiras passaram à

condição de Escolas Técnicas Federais, com autonomia didática e de gestão

(GOMES, 2016).

Em 1978, com a Lei nº 6.545, de 30 de junho de 1978 (BRASIL, 1978), as

Escolas Técnicas nos estados do Paraná (PR), Minas Gerais (MG) e RJ deram

origem à outra mudança no contexto de ensino técnico do país, passando a serem

Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFETs). Estas Instituições passam a

formar engenheiros de operação e tecnólogos. Com o passar do tempo, esse

processo de mudança se estendeu às demais Escolas Técnicas do país em diversas

regiões geográficas (GOMES, 2016).

Em 8 de dezembro de 1994, através da Lei n° 8.948 (BRASIL, 1994), foi

criado o Sistema Nacional de Educação Tecnológica e as Escolas Agrotécnicas

Federais de todo o país se transformaram em CEFETs. Em 1996, a Lei nº 9.394, de

20 de dezembro de 1996 (BRASIL, 1996), considerada a segunda Lei de Diretrizes e

Bases da Educação (LDB), estabelece as diretrizes e bases da educação brasileira

e dispõe, de forma específica, sobre a Educação Profissional, atribuindo uma

certificação profissional e reconhecida às competências pelo ensino técnico,

adquiridas fora do sistema escolar. No ano seguinte, por meio do Decreto nº 2.208,

de 17 de abril de 1997 (BRASIL, 1997), fica regulamentada a Educação Profissional

e criado o Programa de Expansão da Educação Profissional (PROEP) por todo o

país.

Em 29 de dezembro de 2008, foi aprovada a Lei nº 11.892 (BRASIL, 2008c)

que criou a:

[...] Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica (RFEPT) e os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFs). A partir de então os 31 Centros Federais de Educação Tecnológica – CEFETs, mais as 75 Unidades de Ensino Descentralizadas – UNEDs, as 39 Escolas Agrotécnicas, e as 8 Escolas Técnicas que mantinham vínculos com Universidades Federais e ainda as 7

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Escolas Técnicas deram origem aos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. Todas essas instituições passaram a compor a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Profissional também criada em 2008. A criação da RFEPT e dos IFs é considerada como um marco importante na educação técnica e profissional brasileira, por ser entendida como uma ação que estabeleceu a Educação Profissional como uma política pública de desenvolvimento social e regional [...] (GOMES, 2016, p. 4).

Assim, em 2005, foi aprovada a Lei nº 11.195, no dia 18 de novembro de

2005 (BRASIL, 2005) que, ainda segundo Gomes (2016, p. 4), “A criação da RFEPT

foi também importante para a continuidade da Expansão da Rede Federal de

Educação Profissional e Tecnológica [...]” ocasião do lançamento da primeira fase

do plano de expansão desse segmento no país, onde foram construídas 64 novas

unidades de ensino. Já a segunda fase, aconteceu no ano 2007, no segundo

mandato do Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, ocasião em que mais

de 214 novas unidades foram construídas.

No governo seguinte, a então presidenta, Dilma Rousseff, deu continuidade a

essa política e, no ano de 2015, já se encontrava unidades de IFs nas mais diversas

regiões do país.

Falar sobre o PRONATEC e seus Cursos Técnicos suscita discutir as políticas

públicas educacionais dos últimos 12 anos de governo federal. No segundo

semestre de 2017, momento de realização desta Pesquisa, o Brasil vive grandes

reformas, a saber: reforma da previdência, reforma trabalhista e reforma do ensino

médio. Nesse cenário, pode-se encontrar uma busca incessante pelo mercado de

trabalho, seja por jovens ou adultos desempregados, realidade que já assola mais

de 14 milhões de brasileiros.

Costa (2012a, p. 347) sobre o campo da Música enquanto atividade

profissional, diz que:

As [...] políticas públicas educacionais têm enfatizado o técnico de nível médio como essencial ao desenvolvimento econômico e social brasileiro. São ações exemplares a expansão da Rede de Educação Profissional e Tecnológica e o PRONATEC [...]. A aprovação do texto base do Plano Nacional da Educação para o período 2011–2020, PL 8.035/10, ampliou a destinação orçamentária para 10% do PIB5 nacional, incluídos futuros recursos da exploração do Pré-sal e negociações entre os entes federativos. Dentre suas vinte metas, ressalta-se a que trata da duplicação de matrículas da educação

5Produto Interno Bruto (PIB).

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profissional técnica de nível médio com qualidade de oferta [...]. Neste tocante, a música está incluída como possibilidade formativa, visando inserção no mundo do trabalho.

Nesse sentido, o PRONATEC através dos Cursos no segmento de Música,

entre eles, o TIM, tem como uma das metas a inserção e qualificação de

profissionais da Música no mercado de trabalho, visando à capacitação técnica-

profissional desses sujeitos que assumirão importantes espaços na atividade

artístico-profissional.

O ensino técnico profissional, como mostra Correia (2011), pode significar a

possibilidade de conjugar os conhecimentos aprendidos no Curso com a atividade

profissional já exercida no campo da Música. Correia (2011) contribui com esta

Pesquisa, uma vez que nos traz um estudo por meio do Centro de Educação

Profissional em Música Walkíria Lima (CEPMWL), da rede pública do estado do

Amapá (AP), onde entrevistou 13 alunos nesse contexto de ensino, parecido com o

que fazemos no município de Florânia / RN.

Ainda em seu trabalho, Correia (2011) investiga os sentidos da Educação

Profissional e nos apresenta o Parecer nº 16/99, aprovado em 5 de outubro de 1999

(BRASIL, 1999a), que permite a atividade docente ao profissional de Música com

formação de nível médio, desde que seja em caráter excepcional. Ressalto esse

dado porque muitos dos alunos entrevistados em Florânia / RN já atuam como

docentes musicais em aulas particulares e projetos sociais, mesmo não sendo

portadores, ainda, do diploma de curso superior (Licenciatura e / ou Bacharelado em

Música). Outra parcela de alunos demonstrou a intenção de ingressar para a

docência musical após concluírem o Curso TIM.

Nesse contexto,

[...] as matrizes, revisadas e atualizadas a partir do Parecer CEB/CNE nº 16/99 [BRASIL, 1999a] e da Resolução CEB/CNE nº 04/99 [BRASIL,1999b], são apresentadas como Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Profissional, em uma série introduzida pelo presente documento [...]. Para a elaboração de programas ou currículos de educação profissional, portanto, é imprescindível um estudo inicial e cuidadoso das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional de Nível Técnico, até porque nelas estão estabelecidas as competências profissionais gerais do técnico de cada uma das vinte áreas profissionais [...] Os Referenciais Curriculares oferecem informações e indicações adicionais para a elaboração de planos de cursos nas diferentes áreas profissionais, incluindo a caracterização de seus

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respectivos processos de produção, a identificação de funções e subfunções neles distinguidas, competências, habilidades e bases tecnológicas nelas envolvidas ou para elas necessárias (BRASIL, [2000], p. 6).

Contente (2011) nos mostra que o cenário atual da Educação Profissional

apresenta impulsos quanto à formação do técnico, de nível médio, pela expansão

dos IFs e programas que visam o emprego e renda, tais como: o PRONATEC, que

une a atuação do Sistema S formado pelo SENAI e SENAC, entre outros, que

concedem bolsas financeiras para a formação profissional, por meio do Fundo de

Financiamento Estudantil e a ampliação do Brasil Profissionalizado assim também

como a atuação da Rede Nacional de Certificação Profissional e Formação Inicial e

Continuada (REDE CERTIFIC), voltada ao reconhecimento de saberes com o

aumento da escolaridade. Brasil (2011 apud COSTA, 2012b, p. 104) nos reporta,

novamente, ao Projeto de Lei do Plano Nacional de Educação (PNE) 2011 - 2020

que diz:

O papel das escolas públicas especializadas em música, federais, estaduais ou municipais, e o da formação do técnico em nível médio estão a ser repensados frente às discussões para as novas Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos técnicos, enquanto o novo Plano Nacional de Educação, referente ao período 2011-2020 [BRASIL, 2011a], Projeto de Lei 8.035/2010, traça entre suas metas a duplicação de oferta de vagas para formação profissional em nível médio, assegurando sua qualidade.

Evidenciando esse contexto, Trottier (1998) traça um panorama da relação

formação-trabalho, argumentando que formação consiste em uma categoria que

envolve várias outras categorias referentes à vida social, tais como: aprendizagem,

reciclagem, aperfeiçoamento, promoção social, formação profissional,

empregabilidade, educação popular, algo que tem despertado o interesse de vários

estudiosos e pesquisadores. Um cenário possível para descrever, o que mostra

Trottier (1998), pode ser o PRONATEC, pois pode condensar essas e outras

características.

Podemos assim perceber que o planejamento nesse segmento de ensino

técnico profissionalizante é fundamentado em documentos legais, decretos, leis,

entre outros, que transcendem as gestões governamentais.

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Sobre uma das questões fundamentais para o surgimento de cursos

profissionalizantes no país, Esperidião (2002, p. 69) apresenta que, o início da

formação profissional, no Brasil, ficou marcado por decisões circunstanciais

Destinadas especialmente a amparar órfãos e à classe menos favorecida, assumindo um caráter assistencialista. Na segunda metade do século XIX foram criadas várias sociedades civis, destinadas a amparar crianças órfãs e abandonadas, oferecendo-lhes instrução teórica e prática e iniciando-as no ensino industrial.

Nesse sentido, penso que a formação técnica profissionalizante foi encarada

como algo a resolver, em tempo mais reduzido, os vários postos de trabalhos

existentes e não ocupados por pessoas de formação superior, já no início do século

XX, marcado no Brasil pelo início da Era Industrial em grandes centros urbanos, algo

que Esperidião (2002) mostra em uma retrospectiva desde a colonização do país

aos dias atuais.

Quanto à Educação Profissional e Tecnológica no Brasil, percebo que os

postos de trabalho com a Música são amplos, porém, na região Seridó norte-rio-

grandense, local onde foi realizado este estudo, não existem muitas opções

profissionais e as que existem, já estão saturadas ou são insuficientes para

aproveitarem a demanda dos músicos já formados pela EMUFRN nos Cursos

Técnicos de Música do PRONATEC. Morato (2009) e Costa (2012b) discorrem sobre

o panorama da difícil realidade de trabalho com Música em ambientes não formais

de ensino, a exemplo de aulas particulares de instrumento em estúdios de gravação

ou em bandas de música (bandas filarmônicas).

Compreendo que o trabalho profissional com Música passa por uma crise que

parte do núcleo familiar que, muitas vezes, não apoia os que se dedicam a essa

profissão, algo que pode ser observado na cidade de Florânia / RN.

Sobre o Curso Técnico Profissionalizante de Música estudado na cidade de

Florânia / RN, constatei que a evasão dos alunos foi um dos pontos que chamou

muito a minha atenção com, aproximadamente, 50% de desistência dos alunos até o

início do último semestre letivo do Curso. A respeito desse fato, existem vários

trabalhos, a exemplo de Estevam (2012), que evidencia situações similares de

evasão ou desistência por parte do alunado em cursos análogos pelo país, por

exemplo, em conservatórios de Música.

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Estevam (2012) mostra, através de uma análise crítica, que esse fenômeno

pode ser influenciado pela transformação global, ou seja, pelo surgimento de novos

paradigmas e novas questões para a Educação Musical. Para tal, em seu trabalho

realizado, Estevam (2012) realizou 2 estudos de caso na busca pela compreensão

desse fenômeno, a evasão, procurando ouvir diferentes vozes envolvidas. A linha de

pensamento adotada resultou na transformação ou abertura à pluralidade cultural e

para a relativização do conhecimento e da verdade com seus alunos, buscando

integrar para a Educação Musical “[...] um entendimento de música articulado a um

sistema de valores e ao (s) universo (s) de seus praticantes” (LUCKESI, 1994;

QUEIROZ, 2005; PENNA, 2006 apud ESTEVAM, 2012, p. 663).

Na terceira edição do Catálogo Nacional de Cursos Técnicos do PRONATEC

(BRASIL, 2016c), há informações bem detalhadas sobre cada um dos Cursos

oferecidos. Sobre a legislação vigente que respalda esses Cursos Técnicos, temos,

através do CNE / CEB, a Resolução nº 1, de 5 de dezembro de 2014 (BRASIL,

2014), que define novos critérios para a composição do Catálogo Nacional de

Cursos Técnicos.

O documento aponta que uma das possibilidades que o aluno recém-técnico

pelo PRONATEC poderá optar é ser empreendedor de seu próprio negócio, seja na

prestação de serviços manuais ou diversos, como, aulas livres, particulares e outros.

Vale salientar que os benefícios financeiros que o PRONATEC pode trazer durante a

estadia do aluno em um Curso, como já mencionado anteriormente, são de caráter

transitório, ou seja, visam sua emancipação e não afetam ou prejudicam aos que

estão, por exemplo, recebendo seguro desemprego. Nesse sentido, conforme

apresentam Frasson; Natalina; Sucupira (2012), isso é algo que muitos temem

perder e que, às vezes, pode diminuir a demanda nesses Cursos por falta de mais

informações da parte do aluno e de algumas pessoas ligadas às instituições que

sediam Cursos Técnicos do PRONATEC.

Em relação aos Cursos Técnicos e FIC do PRONATEC, caso seja desejado,

o aluno poderá fazer a quantidade de Cursos que queira, mas a única exigência

para tal é que seja um de cada vez, pois não é permitida a realização de 2 ou mais

Cursos ao mesmo tempo. Isso também explica um pouco da existência de alunos

desistentes desses Cursos, que nem sempre é por falta de interesse, mas pelas

necessidades e condições impostas pelo Programa. E, para receber um certificado

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de Curso realizado, o aluno precisa ter frequência e aproveitamento necessários que

podem variar entre instituições distintas.

Ademais, algumas instituições que oferecem ensino / formação, via

PRONATEC, por exemplo, secretarias do trabalho, SENAI e outros, dispõem de

pessoal que promove a conscientização às empresas ou empregadores de serviços

operacionais para que eles possam, cada vez mais, priorizar as vagas de emprego

para quem tem formação por meio do PRONATEC. Ainda, muitas vezes, isso é

possível, graças às parcerias existentes entre essas instituições de ensino com

empresas de comércio e serviços diversos pelo país.

O PRONATEC é um programa federal que visa atender aos estudantes da

rede pública de ensino médio. No caso de alunos de instituições particulares de

ensino, estes só podem participar desse Programa se comprovarem estar na

condição de bolsista na instituição particular, a única forma possível para que esse

público do setor privado possa ser incluso nos Cursos do PRONATEC.

O PRONATEC, entre muitas coisas, prevê o acesso ao primeiro emprego

para jovens e adultos. Segundo Paiva e Almeida (2015), o PRONATEC mostra

existir programas federais que tem mudado, nos últimos anos, a vida de muitos

brasileiros marginalizados, diminuindo, assim, a desigualdade social e econômica

destes, principalmente, em regiões do país antes menos favorecidas pelas políticas

públicas.

O PRONATEC oferece Cursos profissionalizantes antes apenas possíveis na

versão paga. O governo subsidia essas despesas antes custeadas pelos alunos ou

seus responsáveis legais em atos de inscrição e ingresso em um Curso

profissionalizante.

Outro público importante de lembrar aqui é o das mulheres que buscam o

mercado de trabalho cada vez mais, se comparado aos últimos 20 anos, a esse

público, o PRONATEC tem contribuído para prepará-las melhor, tendo em vista que,

muitas destas mulheres, antes de ingressarem no mercado de trabalho, se limitavam

a viver em suas casas como donas do lar, cuidando da família, da criação e

educação dos filhos. Mas agora, buscam, além disso, outras ocupações não

domésticas com remuneração igual ou superior às destinadas aos homens,

exercendo as mesmas profissões ambos os sexos.

Especificamente, sobre a expansão da Educação Técnica Profissional no RN

e seus impactos para o segmento de Música, temos o Quadro 1:

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Quadro 1 - Cursos de Música do PRONATEC

CÓDIGOS CURSOS

MODALIDADE (FIC)

CURSOS

MODALIDADE TÉCNICA

64 -

88 -

173 -

174 -

218 -

424 -

425 -

455 -

582 -

618 -

Arquivistas de Música (160 h);

Assistente de produção cultural

(160 h);

Confeccionador de instrumentos

de corda (160 h);

Confeccionador de instrumentos

de percussão (200 h);

Disc Jóquei (DJ) (160 h);

Músico de banda (200 h);

Músico de orquestra (160 h);

Operador de gravação e edição

de áudio (240 h);

Recreador cultural (160 h);

Sonoplasta (200 h).

1. Técnico em documentação

musical (800 h / aula);

2. Técnico em fabricação de

instrumentos musicais (800 h

/ aula);

3. Técnico em instrumento

musical (800 h / aula);

4. Técnico em Canto (800 h /

aula);

5. Técnico em composição e

arranjo (800 h / aula);

6. Técnico em processos

fonográficos (800 h / aula);

7. Técnico em Regência (800 h

/ aula).

Fonte: (BRASIL, 2016c). Nota: Quadro 1 idealizado pelo autor deste Trabalho.

Temos 10 modalidades FIC, com seus respectivos Códigos (Cód.) e cargas

horárias: Cód. 64 - Arquivistas de Música (160 h); Cód. 88 - Assistente de produção

cultural (160 h); Cód. 173 - Confeccionador de instrumentos de corda (160 h); Cód.

174 - Confeccionador de instrumentos de percussão (200 h); Cód. 218 - Disc Jóquei

(DJ) (160 h); Cód. 424 - Músico de banda (200 h); Cód. 425 - Músico de Orquestra

(160 h); Cód. 455 - Operador de gravação e edição de áudio (240 h); Cód. 582 -

Recreador cultural (160 h); Cód. 618 - Sonoplasta (200 h).

Na modalidade Curso Técnico, através da Resolução nº 1, de 5 de dezembro

de 2014 (BRASIL, 2014), dispõe-se de 227 Cursos Técnicos, agrupados por eixos

temáticos e com as respectivas caracterizações. Em relação aos Técnicos na área

de Música, tem-se no eixo de produção cultural e design: Técnico em documentação

musical (800 h / aula), Técnico em fabricação de instrumentos musicais (800 h /

aula), Técnico em Instrumento Musical (800 h / aula), Técnico em Canto (800 h /

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aula), Técnico em composição e arranjo (800 h / aula), Técnico em processos

fonográficos (800 h / aula) e, por último, Técnico em Regência (800 h / aula).

Considerando a exposição acima, passo a discutir no Capítulo 3, sobre a

expansão da Educação Técnica Profissional no RN e as ações da EMUFRN no

âmbito da Educação Musical técnica, de nível médio, por meio do PRONATEC, e a

minha atuação na disciplina Linguagem e Estruturação Musical, uma das muitas

oferecidas por esse Programa, aos estudantes da área musical.

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3 AÇÕES DA EMUFRN NO ÂMBITO DA EDUCAÇÃO MUSICAL TÉCNICA, DE

NÍVEL MÉDIO, NO RN

3.1 A expansão da Educação Técnica Profissional no RN

O ensino técnico no RN, como apresenta Gomes (2016), surgiu na mesma

época em que foram criadas as 19 escolas de aprendizes artífices no país, com uma

dessas escolas na capital Natal / RN, no ano de 1910, no prédio do antigo Hospital

da Caridade, atual Casa do Estudante de Natal. Dentre os cursos oferecidos à

época, tinha os de Desenho e as Oficinas de trabalhos manuais.

No ano de 1914, as escolas de aprendizes artífices, em Natal / RN, foram

transferidas para outro endereço nessa cidade, na Avenida Rio Branco, no edifício

onde funcionava o Quartel da Polícia Militar por 53 anos. Em 1942, ocorreram outras

mudanças estruturais nessa escola, quando veio a passar à condição de Liceu

Industrial do Natal / RN até meados de 1965. Passou a se chamar Escola Industrial

de Natal, oferecendo Cursos Técnicos, de nível médio, onde lhe deu a condição de

Escola Industrial Federal (GOMES, 2016).

Em 1967, a Escola passou por outra mudança de localização na capital, onde

foi instalada na Avenida Senador Salgado Filho, no bairro Tirol, onde funciona,

atualmente, o Campus Natal - Central do Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN). Em 1968, passou a denominar-se

Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte (ETFRN). De acordo com Gomes

(2016, p. 8):

[...] a partir de então, os cursos industriais básicos foram sendo substituídos pelo ensino profissionalizante de 2º grau. O ingresso de estudantes do sexo feminino em 1975 se configurou num evento importante, tendo em vista que, até então somente o sexo masculino tinha acesso à escola. Vale lembrar que a permissão ao sexo feminino de poder ingressar em um técnico, reflete as mudanças que ocorriam na sociedade, sendo o movimento feminista uma bandeira de luta em prol de um tratamento igualitário entre homens e mulheres [...]. Durante o período de 84 anos, o Rio Grande do Norte contou apenas com uma unidade do ensino técnico profissionalizante, sendo essa localizada em Natal. Em 29 de dezembro de 1994, surge na cidade de Mossoró, segunda maior cidade do estado, a primeira Unidade de Ensino Descentralizada - UNED da Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte - ETFRN, contemplada pela política de interiorização da educação profissional [...].

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Ainda nas palavras de Gomes (2016, p. 9):

[...] no Rio Grande do Norte, a Rede Federal de Ensino Profissionalizante e Tecnológico do Rio Grande do Norte, oferece as seguintes modalidades de cursos: Cursos de Qualificação Profissional, Cursos Técnicos de Nível Médio, Cursos de Graduação, Cursos de Pós-Graduação. Os referidos cursos são ofertados segundo modalidades específicas [...]. Ressalte-se que a oferta desses cursos não ocorre em todas as unidades, dado o fato de que a oferta de cursos está em consonância com as estruturas e a capacidade técnica e acadêmica instalada de cada unidade. No contexto da oferta de cursos específicos destacam-se pela quantidade os cursos: Pronatec, Técnicos integrados, Técnicos subsequentes, de graduação em tecnologia e as licenciaturas.

Nesse cenário, entraremos, a partir de agora, no âmbito do PRONATEC,

através da Lei nº 12.513, de 26 de outubro de 2011 (BRASIL, 2011b).

O PRONATEC tem como um dos objetivos expandir, interiorizar e

democratizar a oferta de Cursos Técnicos e Profissionais, de nível médio, em várias

modalidades e, igualmente, com outros Cursos de FIC, para o público em situação

de mercado de trabalho, intensificando, ainda mais, o programa de expansão de

escolas técnicas pelo país iniciado há quase um século como foi mostrado até aqui.

Este Trabalho investiga, inicialmente, os assuntos Interiorização e

Educação, e evidenciou-se que, muitos dos trabalhos científicos produzidos nos

últimos 5 anos e que utilizam esses termos como palavras-chave fazem, muitas

vezes, seu uso em referência a pesquisas relacionadas ao Ensino à Distância (EaD),

e isso se corrobora, visto o que se tem mostrado de propostas de expansão e

extensão da Educação Profissional no cenário nacional político dos últimos 10 dez

anos, onde se percebe o interesse bilateral em incentivar o desenvolvimento de

programas em todos os níveis de ensino, dentre eles, o PRONATEC.

Conforme mostra Gomes (2016), durante 2003 e 2013, ocorreu no país um

intenso processo de extensão e interiorização do Ensino Técnico e Universitário que

almejava pelo desejo utópico desenvolvimentista o desenvolvimento de locais e

regiões do país, da mesma forma, a transferência de tecnologias e inovação social,

visto em vários estados brasileiros, entre eles, o RN. Especificamente nesse estado,

essa expansão teve início, em meados de 1994, com a criação das primeiras

unidades de ensino técnico em municípios do interior e fora da região metropolitana

de Natal / RN.

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Em 1994, foram criados, no RN, 17 IFs em cidades e regiões do interior.

Notadamente, isso demarcou um processo de extensão e de interiorização do

Ensino Técnico Profissionalizante e, consequentemente, a descentralização do

ensino nesse segmento, muitas vezes, só possível na capital do estado e em

Mossoró / RN, segunda maior cidade do interior do RN.

Gomes (2016, p. 2) falando dos IFs no RN, acrescenta que as novas

unidades de ensino:

[...] foram construídas nas diversas microrregiões, promovendo assim a desconcentração dessa modalidade de ensino que, durante 84 anos, ficou concentrada em Natal, capital do estado, onde foi instalada a primeira unidade de ensino técnico no Rio Grande do Norte no ano de 1910, por ocasião da criação no Brasil das Escolas de Aprendizes.

Gomes (2016) também ressalta que a expansão do Ensino Técnico e

Universitário se deu no âmbito de duas instituições de ensino que existiam nessa

época: a UFRN e a Escola Superior de Agronomia (ESAM). Na UFRN, a expansão

do Ensino Técnico Profissionalizante se deu pela criação de novos Cursos e a

ampliação dos serviços. Já em relação à ESAM, do ponto de vista estrutural, passou

da condição de Escola de Ensino Superior para a de Universidade e, com isso,

passou a se chamar Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), com

sede em Mossoró / RN.

A partir da UFERSA, foram ampliados os Cursos oferecidos por essa

Instituição no RN, que culminou em sua expansão para 3 novos Campis nas cidades

de Pau dos Ferros / RN, Caraúbas / RN e Angicos / RN.

Esta Pesquisa limita-se agora, a investigar a interiorização da Educação

Profissional na UFRN, mais especificamente, através da EMUFRN, até o surgimento

do Curso TIM, do PRONATEC, na cidade de Florânia / RN.

3.2 A EMUFRN

A EMUFRN, vinculada ao Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes

(CCHLA), foi criada no ano 1962. No ano de 2002, se tornou Unidade Acadêmica

Especializada atendendo ao público a partir dos 6 anos de idade. Hoje, 2017, a

EMUFRN conta com cursos de: FIC para crianças, adolescentes e adultos; Técnico

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em Canto, Instrumento Musical (para sopros, percussão, cordas e teclas) e

Regência; Graduação em Bacharelado e Licenciatura; e Pós-Graduação em

Especialização e Mestrado (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO

NORTE, 2017).

Foto 1 - Vista externa da EMUFRN

Fonte: Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2017)6.

3.3 O PRONATEC na EMUFRN

Há, aproximadamente, 50 anos, a EMUFRN é referência no ensino de Música

no estado do RN. No entanto, por muito tempo, foi restrita a sua sede na capital,

Natal / RN. No período entre 2012 e 2016, a EMUFRN, em parceria com a

Secretaria de Educação Técnica e Tecnológica (SETEC) aderiu ao PRONATEC

Bolsa Formação e, então, pôde, historicamente, expandir a formação musical

acadêmica ao interior do estado do RN, ofertando cursos de: Músico de banda,

Músico de Orquestra, Cantor popular, Regente de coral, Regente de banda, TIM,

Operador de áudio, Produção cultural / Assistente de produção cultural, Iluminador

cênico e Fotógrafo (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE,

2017).

6Documento não paginado.

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Quadro 2 - Cursos do PRONATEC no RN

MODALIDADES CIDADES DE OFERTAS

Músico de banda;

Músico de Orquestra;

Cantor popular;

Regente de coral;

Regente de banda;

Técnico em instrumento musical;

Operador de áudio;

Produção cultural / Assistente de produção

cultural;

Iluminador cênico;

Fotógrafo.

São José de Mipibu;

Mossoró;

Florânia;

Monte Alegre;

Canguaretama;

Carnaúba dos Dantas;

Santana do Matos;

Campo Grande;

Luís Gomes.

Fonte: Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2017)7.

Nota: Quadro 2 idealizado pelo autor deste Trabalho.

Muitos desses Cursos oferecidos pelo PRONATEC da EMUFRN foram

realizados, pela primeira vez, em cidades do interior do Estado, são algumas delas:

São José de Mipibu / RN, Mossoró / RN, Florânia / RN, Monte Alegre / RN,

Canguaretama / RN, Carnaúba dos Dantas / RN, Santana do Matos / RN, Campo

Grande / RN e Luís Gomes / RN. Em relação à abrangência desses Cursos, o

número de municípios beneficiados cresceu muito, pois cada cidade polo de um

desses Cursos, agregou alunos de outras cidades vizinhas e isso permitiu uma

maior abrangência pelo Estado.

7Documento não paginado.

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41

Figura 1 - Cidades do RN beneficiadas pelo PRONATEC da EMUFRN

Fonte: Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2017)8.

Quanto à trajetória de implantação dos Cursos Técnicos do PRONATEC na

EMUFRN, a primeira cidade no interior do RN a receber um Curso TIM foi Cruzeta9 /

RN, no ano de 2012, voltado para o público de bandas filarmônicas.

Em 2014, outras duas cidades iniciaram esse Curso: Monte Alegre / RN, com

distância de 53 km10 da capital, e Florânia11 / RN, com distância de 216 km da

capital, totalizando 3 cidades. Muitos dos alunos egressos do Curso TIM e

municípios supracitados, entre os anos 2012 - 2015, foram ainda aprovados em

outros Cursos Técnicos e de Graduação em Música (Bacharelado e Licenciatura) na

EMUFRN.

Além disso, conseguiram ingressar como sargento músico especialista da

Força Aérea Brasileira e dos Fuzileiros Navais. Também entraram em sinfônicas,

tais como: Orquestra da Juventude, na Venezuela (VE) e Orquestra Sinfônica da

UFRN, esta última, através de concurso para Jovens Solistas. Há ainda os casos

dos egressos que foram para o seguimento da música popular, vindo a tocar em

8Documento não paginado.

9A 232 km de Natal, teve a primeira turma de alunos formados. Dos 40 alunos que ingressaram em Cruzeta, 34 concluíram o Curso.

10Quilômetros (Km).

11Pequena cidade com pouco mais de 9.262 mil habitantes (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2017).

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orquestras baile e na SESI Big Band, em Natal / RN. Outros, optaram por ensinar no

Programa Mais Educação.

O principal objetivo do PRONATEC na EMUFRN, conforme prevê a Lei nº

12.513, de 26 de outubro de 2011 (BRASIL, 2011b), é a democratização do acesso

à Educação Profissional a jovens estudantes de Música que, por falta de recursos

financeiros para se deslocarem à capital, deixavam de se capacitar. A interiorização

dos cursos de Música, promovida pelo PRONATEC da EMUFRN, tem colaborado

não apenas para a qualificação profissional, mas também para a integralização e

socialização de pessoas envolvidas com práticas musicais no interior do RN

(ESCOLA DE MÚSICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO

NORTE, [2017?]).

O PRONATEC tem propiciado a maior difusão da cultura musical de

pequenas comunidades e artistas no interior do RN, possibilitando reconhecimento

ampliado do valor artístico e cultural de práticas e serviços.

Com o Curso TIM do PRONATEC na EMUFRN, muitos estudantes de Música

do interior do estado do RN e componentes de filarmônicas, estão tendo, pela

primeira vez, a oportunidade de uma formação musical a nível profissional. Já são

1.600 alunos egressos do PRONATEC na EMUFRN. Existe um documentário

gravado sobre esse Programa nessa Instituição, além de boletins informativos e

trabalhos científicos.

Distintos campos de atuação do público egresso do PRONATEC na EMUFRN

são: grupos musicais, bandas, bares, restaurantes, casas de show, igrejas,

formaturas, cerimoniais, aniversários, casamentos, trilhas sonoras para TV12,

cinema, game e smartphone, gravações de vinhetas e propagandas em geral.

Agora, passo a discorrer sobre as instituições chamadas de bandas

filarmônicas ou, simplesmente, filarmônicas, especialmente, as do interior do RN,

grandes responsáveis pela implantação dos Cursos de FIC e de nível Técnico do

PRONATEC na EMUFRN, especificamente, as que compuseram o polo Florânia /

RN, local desta Pesquisa. Florânia / RN é uma cidade com um número expressivo

de crianças, jovens e adultos inseridos na Filarmônica da Juventude, com

aproximadamente, 50 componentes.

12

Televisão (TV).

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43

3.4 Uma breve história das filarmônicas e dos alunos egressos do PRONATEC,

na EMUFRN, em Florânia / RN

As bandas de Música ou filarmônicas são grupos instrumentais compostos

por instrumentos musicais de sopro e percussão. Muitas destas, funcionam como

escolas de Música em cidades interioranas do Brasil, desde a época colonial, no

século XVI (GRANJA, 1984).

Em relação ao contexto educacional dessas Instituições, transcende os limites

da Educação Musical, sendo também um projeto social. Muitas crianças, jovens e

adultos tiveram, ao longo dos anos, suas inclusões sociais graças a esses grupos.

Trata-se, aqui, de uma manifestação cultural presente nos mais diversos livros de

História da Música do Brasil e da cultura ocidental, objeto de muitas investigações

epistemológicas.

No século XXI, esses grupos podem representar a reminiscência de tradições

culturais que muito já se perderam ou ficaram apenas nos livros de história, devido a

vários fatores, entre eles, a não preservação de culturas locais, em meio ao

hibridismo cultural, proporcionado, em parte, pelo advento da Internet. No mais, a

tradição desses grupos, em especial, na região Seridó norte-rio-grandense, é ainda

muito forte, sobrevivendo aos percalços da era da Informática.

No Seridó, especificamente, na parte que compreende o estado do RN, quase

todos os municípios possuem uma banda filarmônica. Esses grupos são, desde a

nossa colonização, uns dos grandes responsáveis pela Educação Musical de

crianças, jovens e adultos em situação de vulnerabilidade social, na modalidade de

ensino não formal (BIANCONI; CARUSO, 2005).

As filarmônicas são uma das poucas oportunidades para o estudo da Música,

enquanto área de conhecimento em cidades interioranas seridoenses do estado do

RN, tendo em vista que, quase nenhuma das cidades, nessa região, dispõe do

ensino de Música em escolas da Educação Básica, tampouco, possuem escolas

especializadas e conservatórios de Música, algo que começou a mudar, nos últimos

anos, com a chegada de cursos itinerantes da EMUFRN através do PRONATEC.

Muitas filarmônicas seridoenses são agora de responsabilidade de

associações das mais diversas. O associativismo possibilitou que, muitos desses

grupos, em situação de abandono público pudessem se reestruturar. Entende-se

como associação uma entidade sem fins lucrativos, constituída por pessoas da

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sociedade civil. É um dos meios legais para a captação de recursos financeiros de

fundos dos mais diversos.

Culturalmente, as filarmônicas surgiram do regresso de muitos músicos

militares da reserva as suas pequenas cidades ou comunidades de origem, onde

esses sujeitos disseminavam o então ensino tradicional (FREIRE, 2001) pautado

no professor, através das aulas de Música, aprendido durante suas passagens em

quartéis militares. De maneira geral, esses militares assumiam os papéis de

Maestro e contavam com o apoio de igrejas, prefeituras e comércios municipais que

sediam espaços para o funcionamento das aulas de Música assim como os

materiais físicos necessários (cadeiras, cadernos, lápis, etc.). Porém, muitos desses

Maestros eram voluntários quanto ao recebimento de salários (FONTOURA, 2011;

CARVALHO, 2009).

Esses grupos no Seridó possuem um repertório misto, eclético, porém com

destaque para 2 gêneros musicais: o Dobrado e a Valsa, peculiares do ponto de

vista estético. Sendo o Dobrado utilizado para marchas e desfiles cívicos e a Valsa

para festas dançantes. O Dobrado é ainda um gênero de herança militar, símbolo de

força da nação.

Ao investigar a história da Educação Musical, por meio das bandas

filarmônicas13 nessa região, optei por escolher os municípios de Florânia / RN,

Acari / RN e Carnaúba dos Dantas / RN, 3 municípios que, até a presente data, são

os mais antigos no que diz respeito à existência de filarmônicas e ensino de Música.

Com exceção de Florânia / RN, que, recentemente, foi desativado o Projeto da

Filarmônica, estes outros 2 municípios citados mantêm ininterruptos os trabalhos

desenvolvidos por suas respectivas Filarmônicas há mais de um século (LIMA, 2006;

SILVA, 2007).

Em relação ao contexto social, participar de uma filarmônica no interior

seridoense é motivo de orgulho para crianças e adultos, uma vez que as famílias

costumam se reunir nas calçadas para ouvir e apreciar a banda passar pelas ruas

da cidade. Todos os momentos cívicos e religiosos desses pequenos municípios

seridoenses são marcados pela presença de uma filarmônica ou de várias, através

de encontros de filarmônicas, algo já cultural no Seridó norte-rio-grandense.

13

Chama-se assim a uma formação instrumental composta, essencialmente, por instrumentos de sopro e percussão, podendo ser também chamada apenas de banda ou filarmônica (GRANJA, 1984).

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Muitos músicos, que são destaques no cenário nacional, saíram desses

grupos. No Seridó norte-rio-grandense tivemos 2 músicos Maestros, no século XX,

de projeção nacional e internacional: Maestro Antônio Pedro Dantas (Tonheca

Dantas) e Maestro Felinto Lúcio Dantas, ambos da cidade de Carnaúba dos Dantas /

RN. Eles são reconhecidos por suas obras musicais, tais como: a valsa Royal

Cinema (Tonheca Dantas) e o Dobrado Estreia (Felinto Lúcio Dantas), entre tantas

outras a nível internacional (GALVÃO, 1998; GUANAIS, 2001).

As Filarmônicas no Seridó, apesar de já mencionado sobre sua importância

para a formação e Educação Musical de muitos músicos em comunidades do

interior, vivem um momento de total abandono ou descaso das políticas públicas

existentes nas 3 esferas da federação, ameaçando desaparecer, nos próximos anos,

caso não haja uma intervenção rápida assim como a conscientização e valorização

desse patrimônio cultural e imaterial do Brasil.

Quanto à formação instrumental de uma banda filarmônica ou,

simplesmente, filarmônica como são chamadas no Seridó norte-rio-grandense, têm-

se os seguintes instrumentos: flauta transversal, clarinete, saxofone, trompete,

trompa, trombone, bombardino (eufônio), tuba, bateria, caixa, prato e surdo.

Foto 2 - Filarmônica Francisco Batista dos Santos Lula, Jucurutu / RN, 2017

Fonte: O autor (2017).

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Sobre a quantidade desses instrumentos é algo muito relativo, sendo, às

vezes, na seguinte proporção: flauta transversal (3), clarinete (8), saxofone (4),

trompete (3), trompa (3), trombone (3), bombardino (1), tuba (2), bateria (1), caixa

(1), prato (1) e surdo (1).

Tabela 1 - Instrumentos básicos de uma filarmônica no Seridó / RN

INSTRUMENTO QUANTIDADE

FLAUTA TRANSVERSAL C 3

CLARINETE Bb 8

SAXOFONE (3 Alto Eb e 1 Tenor Bb) 4

TROMPETE Bb 3

TROMPA F 3

TROMBONE DE VARA C 3

BOMBARDINO (C ou Bb) 1

TUBA (Bb) 2

BATERIA 1

CAIXA CLARA 1

PRATOS DE DESFILE 1

BOMBO 1

SURDO 1

TOTAL DE INSTRUMENTOS 32

Fonte: O autor (2017).

Quanto à formação musical desenvolvida pelas Filarmônicas dessa região e

estado, existem pouquíssimos materiais didáticos disponíveis e métodos de ensino

conhecidos até o presente momento. Geralmente, quem ensina Música, nesses

grupos, são seus respectivos Maestros. Estes, nem sempre possuem formação

acadêmica na área de Música. A escolha ou seleção desses profissionais para

atuarem nesses grupos aconteceu, historicamente, por tradição familiar ou indicação

interna dos músicos de cada uma dessas corporações, ou ainda, por força política.

Muitas destas Filarmônicas sofrem pela não capacidade de neutralidade

política de seus responsáveis legais, os Maestros e Presidentes de Associação,

onde, geralmente, estes sujeitos, quase nunca, possuem vínculos empregatícios

estáveis, obrigando-os a participarem, compulsoriamente, de equipes de governo

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que, nem sempre, conseguem passar mais do que 4 anos na gestão de seus

municípios. Em consequência, ao mudar a gestão política municipal, muitos desses

grupos costumam perder seus Maestros. Ao mesmo tempo em que existe essa

interferência política nas Filarmônicas, com ela vem ainda outros problemas, tais

como: falta de local adequado para a realização de aulas de Música e ensaios e falta

de manutenção dos instrumentos. Esses grupos ficam, às vezes, à margem da

sociedade.

Já em relação à formação musical dos Maestros das Filarmônicas, poucos

são os que conseguem meios para uma capacitação profissional, seja pela questão

financeira dessa classe ou pela não existência de cursos e instituições universitárias

nesse seguimento e nessa região. Em consequência disso, as Filarmônicas nem

sempre conseguem proporcionar uma formação instrumental adequada, tendo em

vista que, quase não existem Maestros especializados em instrumento nessa região.

Além disso, alguns dos Maestros no Seridó recebem baixos salários se

comparados com a mesma jornada docente de professores da Educação Básica.

Eles, geralmente, ultrapassam 40 horas semanais de trabalho, de domingo a

domingo, seja com aulas de instrumento ou produção de material de uso didático,

sem mencionar as horas que se dedica as apresentações e concertos em eventos,

momentos cívicos e religiosos de seus municípios.

Muitas Filarmônicas do Seridó sobrevivem da boa vontade dos gestores

municipais, que as acolhem como projetos sociais em seus municípios, uma vez

que, isso é um dos seus maiores valores nessa região. Foi e é, nessas Instituições,

que muitos jovens conseguem a oportunidade de se incluírem, socialmente, em seus

municípios, sem distinção de raça, credo, orientação sexual e classe social. E

também iniciam o processo de profissionalização na Música, onde muitos saem

desses grupos para tocar em bandas baile e de forró, fora do estado e do país.

Ainda, quando um seridoense norte-rio-grandense decide estudar Música, a

nível técnico ou superior, muitas vezes, é obrigado a ir embora dessa região e,

geralmente, não retorna depois de formado, deixando assim, lacunas abertas em

seus municípios de origem, no tocante ao desenvolvimento musical. Alguns desses

músicos egressos de universidades tentam voltar às suas cidades de origens, mas a

maioria delas, nem sempre têm demonstrado condições e interesse, por parte dos

governantes, para aproveitá-los, agora, com formação especializada na área.

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Quanto à performance profissional, não existem orquestras e bandas

sinfônicas profissionais para trabalhar no Seridó, apenas as Bandas Filarmônicas, e,

nelas, quase não existem empregos assalariados, a não ser para seus respectivos

Maestros. Os músicos destas Filarmônicas, no máximo, recebem uma bolsa de

auxílio financeiro de, aproximadamente, meio salário mínimo mensal, muitas vezes,

com atrasos e, ainda assim, são raras as Instituições que dispõem dessa ajuda. De

tal modo, os músicos de Bandas Filarmônicas, nessa região, sempre precisaram

procurar outros trabalhos não musicais no comércio local de suas pequenas cidades

e, principalmente, nas prefeituras e câmaras municipais e, em nenhum destes

lugares, existe até esse momento, cargos para músicos.

No Seridó do RN, algumas Filarmônicas são também gerenciadas por

Organizações Não Governamentais (ONGs), como é o caso das Filarmônicas das

Aldeias SOS, em Caicó / RN, e a Filarmônica de Cruzeta, que, há mais de 20 anos,

vem recebendo recursos financeiros e instrumentos musicais da Suíça (SWI),

através da Professora e Flautista Margareth Keller.

Nos últimos 20 anos, esse cenário começou a mudar com a vinda de músicos

de filarmônicas para a EMUFRN na cidade de Natal / RN, graças a iniciativas

particulares de alguns Maestros dessa região, a exemplo, do Maestro Humberto

Carlos Dantas, popular Bembém Dantas. Ele, no final da década de 90, em meio à

crise das Filarmônicas nessa região que ameaçavam desaparecer, teve a iniciativa

de mandar seus alunos para a UFRN em Natal / RN. Esses alunos, foram os

primeiros professores-monitores de instrumento e teoria musical nessa região,

especialmente, na cidade de Cruzeta / RN.

Ao regressarem para Cruzeta / RN, os músicos monitores, que agora estavam

estudando na EMUFRN, iam transmitir os conhecimentos aprendidos,

semanalmente, aos mais jovens e iniciantes da Filarmônica supracitada. Isso

implicou na reestruturação do projeto musical desenvolvido nesse município,

conhecido no cenário nacional pela Filarmônica de Cruzeta sob os cuidados do

Maestro Bembém. No mais, de Cruzeta / RN, saíram depois dessa época, muitos

professores de Música pelo estado. Alguns destes já são Maestros nessa região.

No entanto, ainda se um estudante de Música quiser se aprofundar no estudo

de um instrumento musical ou mesmo na área de Música, a nível técnico e superior,

ele continua obrigado a ter que buscar outros horizontes, além dos limites da região

Seridó, pois não existem Cursos Técnicos e Superiores nessa área nos campus da

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UFRN presentes nas cidades de Caicó / RN e Currais Novos / RN, únicos municípios

com polo da UFRN no Seridó. Nem existe outra instituição de ensino autorizada pelo

MEC com essa oferta de Cursos.

Ainda, um dos problemas para quem vive nessa região é a falta de condições

de sobrevivência básica, resultante, entre muitas coisas, pela falta de recursos

hídricos e de políticas públicas específicas. Isso tem obrigado muitas pessoas

jovens a migrarem para outras partes do país em busca de melhores oportunidades

de trabalho, também no seguimento cultural-musical. Alguns dos alunos do

PRONATEC revelaram, em sala de aula, que sentem medo de investir mais na área

musical por falta de perspectivas de trabalhos que possam lhes sustentar e às suas

famílias, como mostra na fala do décimo entrevistado:

[...] O curso foi uma oportunidade pra [sic] gente que é jovem, que ainda não enxergávamos a música como profissão, muita gente já desistiu da música por não enxergar isso como uma profissão, que possa um dia viver disso, e com esse curso veio à esperança pra [sic] muita gente continuar, inclusive eu que preciso ajudar meus pais no sustento da casa (informação verbal)14.

Esse momento é oportuno para esclarecer que, pouquíssimas são as

filarmônicas no estado do RN que empregam músicos, sejam eles com formação

acadêmica ou não, e, a maioria desses grupos musicais vive ainda de convênios

com prefeituras e de doações às Associações, ONGs internacionais e outros que as

gerenciam. Essa questão de perspectiva de trabalho foi um dos tópicos investigados

neste Trabalho com os alunos do PRONATEC em questão.

No mais, outro caminho de formação acadêmica, dos poucos disponíveis,

além da UFRN já citada, que os músicos de Filarmônica, nessa região, têm buscado

nos últimos anos, são os IFs presentes nas cidades de Caicó / RN, Currais Novos /

RN e Parelhas / RN. Existem, apenas, 3 polos de ensino federal no Seridó, no ano

de 2017, e apenas no polo de Currais Novos / RN existe a oferta de aula de Música,

que ainda não se trata de ensino especializado.

Até aqui, foram tratados os caminhos por onde tem trilhado a maioria dos

músicos egressos de Filarmônicas nessa região. Outros ainda procuram trabalhar e

estudar performance musical em países como França (FR) e Portugal (POR). Por

14

Informação verbal proferida pelo entrevistado 10, durante entrevista ao autor desta Dissertação, na Escola Estadual Coronel Silvino Bezerra, em Florânia / RN, em novembro de 2016.

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último, de lá saem músicos que se dedicam, posteriormente, ao estudo de

instrumentos de cordas, teclas e também ao Canto. Assim, procurou-se mostrar,

nesta subseção, a abrangência da Educação Musical nesses grupos e sua

transcendência epistemológica.

Uma das preocupações desta Pesquisa é garantir que as informações

apresentadas a respeito dessas Instituições possam ajudar a preservá-las por mais

tempo, tendo em vista o triste cenário de desativação desses grupos nesse

momento, nessa região e estado do RN.

Fica, assim, também evidenciada a necessidade de criação de uma escola

especializada em Música nessa região. As Filarmônicas do Seridó, do RN e do

Brasil, são responsáveis pela Educação Musical de muitos jovens e adultos, quase

sempre descobertos pela Lei nº 11.769, de 18 de agosto de 2008 (BRASIL, 2008b) e

a Lei nº 13.278, de 2 de maio de 2016 (BRASIL, 2016a) que asseguram, entre

outras coisas, o ensino de Música como conteúdo e componente curricular

obrigatório na Educação Básica.

A partir de agora, passo a mostrar os autores que dão suporte aos

procedimentos metodológicos deste Trabalho.

Ainda sobre o Curso supracitado na cidade de Florânia / RN, passo, agora, a

discutir, especificamente, sobre a disciplina que lecionei por ocasião do PRONATEC

nesse município, a Linguagem e Estruturação Musical, com o aporte de autores que

contribuem para este estudo.

No mais, todos os dados fornecidos, neste capítulo, foram obtidos graças às

observações realizadas acrescidas de entrevistas (ANEXO A) e questionários

aplicados (APÊNDICE A e B). Percebo assim, que o PRONATEC, mais

precisamente para a região do Seridó norte-rio-grandense e a cidade de Florânia /

RN, tem sido um divisor de águas, uma nova página na história dos músicos de

Filarmônicas do interior, com mais alegria e esperança para esses estudantes de

Música dessa região e cidade, a chegada tão sonhada oportunidade de estudar

Música formalmente e, em especial, no ensino técnico, de nível médio, onde não

somente se ensina a técnica de instrumentos de sopro e percussão, mas também

toda a base teórico-metodológica necessária para a Educação Musical plena dos

educandos.

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Na próxima subseção, vou discorrer a respeito da disciplina de Linguagem e

Estruturação Musical, especificamente, no PRONATEC, no Curso TIM, na cidade de

Florânia / RN, um dos polos da EMUFRN na região Seridó norte-rio-grandense.

3.5 A disciplina de Linguagem e Estruturação Musical

Existe muita discussão sobre a desconexão entre teoria e prática no ensino

de Música, uma espécie de dicotomia. Iniciaremos este subseção, com Penna

(2007), discutindo a formação do educador musical por meio da Licenciatura em

Música mostrando que não se trata apenas de tocar um instrumento para que um

professor de Música tenha a possibilidade de encarar os desafios diários de uma

sala de aula. Em concordância, percebe-se que, além desses conhecimentos de

performance instrumental, outros são, igualmente, essenciais, tais como: os

pedagógicos e teórico-musicais.

Diante disso, Penna (2007, p. 50) nos mostra que:

As atuais Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Música (Resolução CNE nº 2/2004) [BRASIL, 2004b] resultaram de um longo processo de elaboração, discussão e – principalmente – de tramitação no Conselho Nacional de Educação [...]. Essas diretrizes refletem, para a área de educação musical, um movimento de reafirmação de sua especificidade e de seus conhecimentos próprios, em reação ao esvaziamento de conteúdos musicais que resultou do modelo de licenciatura em Educação Artística.

Dessa maneira, percebo que encaramos um cenário de Educação Musical,

por muito tempo, pautado na polivalência presente nas Licenciaturas em Educação

Artística, como mostra mais adiante Penna (2007, p. 50), que serviu para a “[...]

diluição dos conteúdos específicos de cada linguagem – no nosso caso, da música”.

É nesse ambiente que se encontra certo afastamento ou isolamento da performance

musical com a disciplina de Linguagem e Estruturação Musical.

Investigando trabalhos que façam referência ao termo Linguagem e

Estruturação Musical, encontrei Duarte e Mazzotti (2006) que, por meio de uma

análise retórica sobre Professores de Música falando sobre Música, mencionam a

existência da Resolução nº 23, de 23 de outubro de 1973 (BRASIL, 1973 apud

DUARTE; MAZZOTTI, 2006), onde “[...] ficaram estabelecidas como matérias do

currículo do Curso de Licenciatura em Educação Artística, „Fundamentos da

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Expressão e Comunicação Humanas‟ [...], „Linguagem e Estruturação Musicais‟”

(DUARTE; MAZZOTTI, 2006, p. 61), entre outras. No entanto, nessa discussão, não

contemplam nada de específico sobre a disciplina de Linguagem e Estruturação

Musical.

Ao pesquisar sobre a temática Linguagem e Estruturação Musical foi possível

perceber que os trabalhos que existem são associados ou à análise musical de

obras e compositores ou ainda à interpretação musical. Nos anais de eventos da

Associação Brasileira de Educação Musical (ABEM) e da ANPPOM, quase não

existem referências a essa disciplina associada às práticas pedagógicas. Acredito

que, nesse cenário, este estudo possa vir a contribuir para uma maior difusão de

conhecimentos didáticos-pedagógicos para a aula de Linguagem e Estruturação

Musical, enquanto ensino especializado de Música.

Nesse cenário, podemos encontrar nas obras de alguns educadores musicais,

a exemplo de Sousa (2014), que o ensino de teoria da Música, denominado, neste

Trabalho, por Linguagem e Estruturação Musical, tem sido oferecido como

complemento ao ensino de instrumento, em segundo plano, ou como parte de

cursos de Música em escolas e currículos do Brasil. Nesse sentido, Cardoso (2009)

explica, em uma perspectiva histórica da teoria musical, enquanto registro, que a

escrita musical contribuiu para facilitar a transmissão da Música entre gerações.

Comenta ainda como eram as primeiras formas da grafia musical tomando-se por

base a história da música ocidental.

Podemos constatar, então, que nas escolas formais de Música, o ensino de

teoria musical costuma se basear em métodos onde a teoria se restringe ao quadro

de aula e é desvinculado da prática instrumental. O aluno tem o aprendizado

baseado na memorização de estruturas, como, intervalos melódicos e harmônicos,

de maneira passiva. Isso tem conduzido a práticas docentes onde o prazer não se

faz presente na aprendizagem, se comparado às aulas de instrumentos musicais.

Conforme mostra Cardoso (2009), estas práticas, não prazerosas, precisam ser

revistas por profissionais da Música, a fim de que estas áreas (Teoria Musical ou

Linguagem e Estruturação Musical) venham a ser mais proveitosas, com destaque à

promoção da criatividade dos alunos.

Esse fato foi investigado e comprovado por meio desta Pesquisa, realizada na

cidade de Florânia / RN, descrito no capítulo 5 deste Trabalho, dedicado ao relato da

docência musical na disciplina Linguagem e Estruturação Musical. Autores como,

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Marques ([20--?]), que ressalta que o aprendizado dos alunos ocorre através da

experimentação de conhecimentos que possam ser correlacionados com os próprios

conhecimentos trazidos por eles próprios; Rabatini (2010) que defende a ideia de

que o professor deve, sempre que possível, se reportar a conteúdos de aulas

anteriores na perspectiva de revisá-los, norteado na ideia de aprender a aprender, e

ainda, como Grossi e Montandon (2005) que afirmam que se o ensino de teoria

musical for algo, essencialmente, mecânico é passivo de ser ineficaz e de conduzir

ao abandono do estudo musical. Tais contribuíram para fundamentar este processo

investigativo sobre a prática da docência na disciplina Linguagem e Estruturação

Musical no programa PRONATEC no município supracitado.

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4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Neste capítulo serão demonstrados os procedimentos metodológicos que

foram utilizados, buscando atender às questões levantadas no âmbito das

discussões durante a Pesquisa. Quanto à escolha dos métodos e técnicas utilizadas,

foram baseados nos conhecimentos adquiridos durante o meu percurso acadêmico.

A Pesquisa foi realizada na cidade de Florânia / RN pelo apreço e carinho que tenho

pela cidade e pelos meus alunos de Música que lá estudam, na disciplina

Linguagem e Estruturação Musical.

Os participantes desta Pesquisa, mesmo sendo meus alunos, tiveram todo o

zelo possível para manterem-se isentos em relação às respostas dadas nas

entrevistas (ANEXO A) e questionários aplicados (APÊNDICE A e B). A natureza

desta Pesquisa é qualitativa.

Segundo Oliveira (2013, p. 37):

[...] São muitas as interpretações que se tem dado à expressão pesquisa qualitativa e atualmente se dá preferência à expressão abordagem qualitativa. Entre os mais diversos significados, conceituamos abordagem qualitativa ou pesquisa qualitativa como sendo um processo de reflexão e análise da realidade através da utilização de métodos e técnicas para compreensão detalhada do objeto de estudo em seu contexto histórico e/ou segundo sua estruturação [...].

Para a realização de um trabalho dessa natureza, de acordo com Oliveira

(2013), é necessária a realização de observações, aplicação de questionários,

entrevistas e análise de dados, que devem constar no corpo do trabalho em formato

descritivo. Duarte (2002), Bauer e Gaskell (2002) acrescentam que, este tipo de

pesquisa é muito utilizado, principalmente, por pesquisadores brasileiros e latino-

americanos que investigam as Ciências Humanas e Sociais.

Duarte (2002), detalhando a pesquisa qualitativa, diz que se baseia na

realização de entrevistas estruturadas. Para se obter dados consistentes na

pesquisa qualitativa, argumenta ainda que, conhecer os sujeitos,

[...] que vão compor o universo de investigação é algo primordial, pois interfere diretamente na qualidade das informações a partir das quais será possível construir a análise e chegar à compreensão mais ampla do problema delineado. A descrição e delimitação da

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população base, ou seja, dos sujeitos a serem entrevistados, assim como o seu grau de representatividade no grupo social em estudo, constituem um problema a ser imediatamente enfrentado, já que se trata do solo sobre o qual grande parte do trabalho de campo será assentado [...] (DUARTE, 2002, p. 101).

Bauer e Gaskell (2002, p. 20), sobre a pesquisa qualitativa, acrescentam que

muita

[...] confusão metodológica e muitas afirmações falsas surgem da compreensão equivocada ao se fazer a distinção entre qualitativo / quantitativo na coleta e análise de dados, com princípios do delineamento da pesquisa e interesses do conhecimento. É muito possível conceber um delineamento experimental, empregando entrevistas em profundidade para conseguir os dados [...].

Oliveira (2013) diz que, na pesquisa qualitativa, é importante ter clareza

quanto ao objeto pesquisado, ou seja, saber ao certo sobre o tema a ser estudado.

A partir daí, se começa a delinear cada etapa pretendida da pesquisa.

Figura 2 - Conceito de abordagem qualitativa

Fonte: Oliveira (2013, p. 42).

De acordo com Oliveira (2013, p. 38), na pesquisa qualitativa “[...] os fatos e

fenômenos são significativos e relevantes [...]”. Algumas das principais técnicas de

pesquisa, utilizadas, neste tipo de trabalho, como mostra Martinelli (2012), são: a

entrevista, a observação e a análise de conteúdo, entre outros. Igualmente, cada

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etapa ou processo da pesquisa que conduz ao produto final do trabalho tem

relevante importância.

Nesse sentido, após definido o objeto de pesquisa deste Trabalho, optei por

seguir as etapas propostas por Oliveira (2013) (FIGURA 2), que são descritas e

detalhadas no Capítulo 6 deste Trabalho.

4.1 O método de Pesquisa-Ação

A escolha em trabalhar com o método da Pesquisa-Ação surgiu da

necessidade em esclarecer fatos ou fenômenos vivenciados no âmbito do Curso

TIM, onde, na qualidade de docente-pesquisador, pude perceber episódios que

considero ter impactado, direta ou indiretamente, na formação musical dos alunos

egressos na cidade de Florânia / RN.

Conforme mostra Morin (2004), este tipo de pesquisa prevê intervenção na

realidade social dos participantes e se baseia na relação entre atores e autores. Já

Toledo; Jacobi (2013) e Fals-Borda (1985), mostram que este tipo de pesquisa

ganhou repercussão mundial nos campos científico e político a partir do Primeiro

Simpósio Mundial sobre Pesquisa Participante, realizado em Cartagena / COL, em

1977.

Procurar entender alguns dos fenômenos que se presencia, diariamente, em

sala de aula ou no espaço escolar como um todo, pode ser importante para uma

Educação Musical que almejamos, entre muitas coisas, com qualidade e justiça

social.

A propósito, nem sempre se consegue avaliar os alunos através de trabalhos

acadêmicos propostos, sejam escritos ou de performance. Foi nesse cenário, que

optei por desenvolver esta Pesquisa por meio do método da Pesquisa-Ação,

buscando atender, ao mesmo tempo, algumas demandas de alunos que,

diariamente, se dirigiam a mim e aos demais colegas docentes.

Nesse sentido, conforme mostra Toledo e Jacobi (2013), uma das intenções

da Pesquisa-Ação é garantir a ativa participação dos sujeitos pesquisados com o

pesquisador em processos de tomada de decisões referentes a assuntos que lhes

importam. Isso foi desenvolvido durante toda a Pesquisa e, consequentemente, na

docência realizada.

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Outros autores, como: Lewin (1946) e Thiollent (2011) descrevem que a

Pesquisa-Ação expressa mais que a necessidade de envolvimento direto de grupos

sociais na busca de soluções de problemas encontrados diariamente, isto é, busca

também promover uma maior articulação entre a teoria e a prática no que concerne

em produção de novos conhecimentos.

Gray (2012, p. 128) nos diz que: “a expressão „Pesquisa-ação‟ é genérica e

tem sido utilizada para descrever uma gama imensa de atividades e métodos [...]”.

Em outros termos, foca na participação e na ação do pesquisador com os

pesquisados. Uma particularidade é que todas as abordagens nesse método têm,

pelo menos, 3 características em comum, são elas: o envolvimento dos sujeitos de

Pesquisa-Ação com o pesquisado, a pesquisa como agente de transformação e a

geração de dados da experiência direta entre os que participam da pesquisa.

No que concerne aos delineamentos desta Pesquisa, Gray (2012) mostra que

a Pesquisa-Ação é utilizada nos setores: Educação, Saúde, Assistência Social e

desenvolvimentos organizacional, urbano e econômico, ambos por meio de projetos

e programas. Ainda reforça que fazem parte do processo de Pesquisa-Ação as

etapas de: planejamento, ação, observação e reflexão.

Gray (2012) alerta que as opiniões críticas de colegas de trabalho são fontes

de informação importantes para a Pesquisa-Ação, uma vez que podem discutir o

trabalho proposto e apoiá-lo, desde que respeite as regras pré-estabelecidas no

início do projeto.

Também importa muito a opinião e sugestão dos orientadores, mentores ou

tutores da pesquisa, ajudando, caso necessário, na reformulação do trabalho e de

ideias. Outros colegas no trabalho da Pesquisa-Ação podem ser os próprios colegas

do pesquisador, vinculados por algum programa de estudo, que compartilham

informações e recursos.

Miranda e Resende (2006) mostram que seu conceito representa um canal

privilegiado para discussão da relação entre teoria e prática, um dos maiores

impasses encarados pelos educadores e que deve ser articulado no processo de

construção do conhecimento. Ainda mostram, de maneira geral, que “[...] as ciências

humanas e sociais desenvolveram-se sobremaneira a partir da virada do século XX,

enfrentando, sem resolver, as questões fundamentais da relação entre sujeito e

objeto e entre teoria e prática” (MIRANDA; RESENDE, 2006, p. 513).

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4.2 Instrumentos de coleta de dados

Sobre os instrumentos de coleta de dados desta Pesquisa, foram utilizados:

pesquisa bibliográfica e documental, questionários (APÊNDICE A e B), entrevistas

(ANEXO A), caderno de campo e gravador de voz.

4.2.1 Pesquisa bibliográfica e documental (Revisão de Literatura)

Na revisão de literatura, busquei conhecer e revisar trabalhos que tratassem

sobre o Curso TIM, em especial, no âmbito do PRONATEC. Segundo o Catálogo

Nacional de Cursos Técnicos foram oferecidas 8 modalidades para a área de

Música, entre elas, a de TIM, com carga horária de 800h (BRASIL,2016c).

De acordo com Oliveira (2013, p. 69), depreende-se que, esse instrumento

advém de “[...] uma modalidade de estudo e análise de documentos de domínio

científico, tais como: livros, enciclopédias, periódicos, ensaios críticos, dicionários e

artigos científicos”.

Busquei analisar os impactos deste Programa em outras localidades no

Brasil. Para tal, foi consultado o Catálogo de Teses e Dissertações da Coordenação

de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), os trabalhos da ABEM

e da ANPPOM. Ainda, foram consultados anais e periódicos de eventos e

congressos, tais como: o CONEDU e o FLADEM, entre outros.

4.2.2 Questionários

Foram utilizados 2 questionários (APÊNDICE A e B) como instrumento de

coleta de dados, ambos constavam de informações dos participantes, tais como:

idade, cidade, escolaridade, instrumento musical que estuda e filarmônica(s) que

participa(m).

De acordo com Oliveira (2013, p. 83), os questionários “[...] têm como

principal objetivo descrever as características de uma pessoa ou de determinados

grupos sociais [...]”. No caso desta Pesquisa, um dos questionários foi dirigido aos

alunos (APÊNDICE A) e o outro aos professores e equipe administrativa

(APÊNDICE B). Para os alunos, com 13 perguntas e, para os professores e equipe

administrativa, com 3; Nesses, os entrevistados puderam ficar à vontade quanto ao

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tamanho e conteúdo das respostas. Essas respostas são parte do corpo textual

deste Trabalho, com o consentimento prévio dos participantes da Pesquisa, tendo

em vista que ela também busca atender aos anseios de uma parcela dos

entrevistados, os alunos.

Os questionários (APÊNDICE A e B) foram aplicados em campo por este

pesquisador, em 2 dias, 1 dia por semana, durante o mês de outubro de 2016.

Oliveira (2013) recomenda que, quando o pesquisador for o mesmo a aplicar os

questionários, que isso aconteça em um único dia e, se possível, buscando ocasiões

de reuniões, cursos, treinamentos e outros eventos. E ainda recomenda:

[...] não solicitar que o informante assine ou coloque seu nome no instrumento de pesquisa [...] ao final do estudo realizado recomenda-se que o pesquisador (a) dê retorno aos informantes para os colocar a par dos resultados e que pelo menos um exemplar da monografia, dissertação ou tese seja doado ao grupo ou entidade em que foi realizada a coleta de dados [...] (OLIVEIRA, 2013, p. 83-84).

As perguntas dos questionários (APÊNDICE A e B) foram divididas em 2

grupos. O primeiro grupo sobre questões acerca do Curso TIM, com carga horária

de 800h, e sobre a interiorização da UFRN através do PRONATEC, da EMUFRN, no

município de Florânia / RN e seu impacto na região Seridó norte-rio-grandense. O

segundo grupo, sobre a disciplina Linguagem e Estruturação Musical e formação

profissional, tendo em vista que se trata, aqui, de um Curso Técnico

Profissionalizante na área de Música.

4.2.3 Entrevistas

As entrevistas realizadas (ANEXO A) no âmbito deste Trabalho foram de

caráter estruturado, ou seja, existiam previamente as perguntas antes de sua

realização. De acordo com Oliveira (2013), a entrevista é um instrumento de

pesquisa que permite a interação entre pesquisador e entrevistados, porém requer,

da parte do entrevistador, que ele não interfira nas respostas dos entrevistados,

restringindo-se a apenas ouvi-los e gravá-los, caso deseje. Não deve direcionar as

respostas ou suscitar dúvidas.

As entrevistas contêm referenciais ajustados aos objetivos e hipóteses da

pesquisa pretendida. Também devem ser adequadas às especificidades de cada

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grupo, como diz Oliveira (2013, p. 86), “[...] para que se escolha o máximo de

informações que permitam uma análise mais completa possível [...]”. Ainda, é

importante para o entrevistador, conhecer, não somente o entrevistado, mas, além

disso, o local onde ele reside ou trabalha. E deve-se procurar desenvolver um bom

relacionamento com cada pessoa ou grupo entrevistado.

As entrevistas (ANEXO A) foram realizadas no polo do PRONATEC, da

EMUFRN, na cidade de Florânia / RN, nos meses de outubro e novembro de 2016,

na Escola Estadual Coronel Silvino Bezerra. Um dos motivos pelo qual foram 2

meses para a realização das entrevistas (ANEXO A), foi a disponibilidade dos

sujeitos entrevistados bem como suas frequências nas aulas realizadas no polo

PRONATEC da EMUFRN em Florânia / RN nesse período.

Foram entrevistados 30 sujeitos, entre eles: alunos, professores e equipe

administrativa do PRONATEC, da EMUFRN, no polo Florânia / RN. No mais, o

número de participantes das entrevistas realizadas (ANEXO A) era ilimitado. Aliás,

foi elaborado um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE

c) para todos que quisessem e pudessem participar desta Pesquisa, no entanto,

este instrumento foi dispensado por todos os sujeitos participantes. No mais, o TCLE

elaborado visou elucidar dúvidas em relação às informações ora coletadas e que

serão utilizadas, posteriormente, para efeitos deste Trabalho acadêmico.

4.3 Análise de conteúdo (Análise dos dados da Pesquisa)

Para análise dos dados coletados, optou-se pelo método da análise de

conteúdo, uma metodologia que alcançou popularidade a partir de Bardin (1977),

principalmente, na área de Administração. Aos poucos, esse tipo de análise passou

a interessar pesquisadores em diferentes áreas, algumas delas: a Linguística, a

Etnologia, a História e a Psiquiatria. Também contribuiu para o avanço de pesquisas

nas áreas de Psicologia, Ciências Políticas e Jornalismo (SILVA; FOSSÁ, 2015).

Sobre a análise de conteúdo, Moraes (1999, p. 8) diz que:

[...] [é] uma metodologia de pesquisa usada para descrever e interpretar o conteúdo de toda classe de documentos e textos. Essa análise, conduzindo a descrições sistemáticas, qualitativas ou quantitativas, ajuda a reinterpretar as mensagens e a atingir uma compreensão de seus significados num nível que vai além de uma leitura comum.

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Dessa maneira, trata-se de uma metodologia que busca, na teoria e na

prática, alcançar o campo das investigações sociais, indo muito além, de acordo

com Moraes (1999), do que uma simples técnica de análise de dados, e que

representa uma abordagem metodológica com características e possibilidades

próprias.

Moraes (1999, p. 8) acrescenta:

A matéria-prima da análise de conteúdo pode constituir-se de qualquer material oriundo de comunicação verbal ou não-verbal, como cartas, cartazes, jornais, revistas, informes, livros, relatos auto-biográficos [sic], discos, gravações, entrevistas, diários pessoais, filmes, fotografias, vídeos, etc. Contudo, os dados advindos dessas diversificadas fontes chegam ao investigador em estado bruto, necessitando, então ser processados para, dessa maneira, facilitar o trabalho de compreensão, interpretação e inferência a que aspira a análise de conteúdo.

Nesse sentido, esse tipo de análise é usada para ler e interpretar o conteúdo

de toda classe de documentos, que, se adequadamente analisados, podem abrir

portas para o conhecimento de aspectos e fenômenos da vida social, de outra forma

inacessível (MORAES, 1999). Também compreende um procedimento especial para

o processamento de dados científicos. Moraes (1999, p. 8), falando da análise de

conteúdo, diz ainda que:

É uma ferramenta, um guia prático para a ação, sempre renovada em função dos problemas cada vez mais diversificados que se propõe a investigar. Pode-se considerá-la como um único instrumento, mas marcado por uma grande variedade de formas e adaptável a um campo de aplicação muito vasto, qual seja a comunicação.

Para Bauer e Gaskell (2002), a análise de conteúdo é uma técnica híbrida que

pode mediar uma improdutiva discussão sobre virtudes e métodos e reduz a

complexidade de uma coleção de textos. Trata-se de uma técnica para produzir

inferências de um texto em seu contexto social de forma objetiva. Muitas vezes,

ainda implica em dar um tratamento estatístico as unidades de texto. Bauer e

Gaskell (2002, p. 191) dizem que a validade da análise de conteúdo “[...] deve ser

julgada não contra uma „leitura verdadeira‟ do texto, mas em termos de sua

fundamentação nos materiais pesquisados e sua congruência com a teoria do

pesquisador, e a luz de seu objetivo de pesquisa [...]”.

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Nesse sentido, quando investiguei o PRONATEC da EMUFRN na cidade de

Florânia / RN, passei por esse viés a fim de conhecer melhor os sujeitos

investigados, pois a pesquisa, como alertam Bauer e Gaskell (2002), não busca

avaliar a beleza e tampouco explorar a sutileza de um texto particular, mas visa

abstrair de todo o conteúdo construído o que de fato é tecido sólido da pesquisa.

Bauer e Gaskell (2002, p 192) argumentam que a análise de conteúdo “[...]

nos permite reconstruir indicadores e cosmovisões, valores, atitudes, opiniões,

preconceitos e estereótipos e compará-los entre comunidades [...]”.

No mais, os procedimentos desse tipo de análise podem reconstruir

representações em duas dimensões principais: a sintática e a semântica. A primeira

descreve os meios de expressão e influência (como é algo dito e escrito) e a

segunda, em relação aos sinais e seu sentido normal (sentidos denotativos e

conotativos em um texto, ou o que é dito em um texto, os temas e avaliações.). A

análise de conteúdo é usada para construir índices, ou seja, um sinal que é

causalmente relacionado a outro fenômeno.

De acordo com Bauer e Gaskell (2002, p. 194):

[...] As pessoas usam a linguagem para representar o mundo como conhecimento e autoconhecimento. Para reconstruir esse conhecimento, a AC15 pode necessitar ir além da classificação das unidades do texto, e orientar-se na direção de construção de redes de unidades de análise para representar o conhecimento não apenas por elementos, mas também em suas relações [...].

Silva e Fossá (2015, p. 2) explicam esse tipo de análise na pesquisa

qualitativa, ao exemplo de sua utilização em um trabalho de dissertação:

A análise de conteúdo é uma técnica de análise das comunicações, que irá analisar o que foi dito nas entrevistas ou observado pelo pesquisador. Na análise do material, busca-se classificá-los em temas ou categorias que auxiliam na compreensão do que está por trás dos discursos. O caminho percorrido pela análise de conteúdo, ao longo dos anos, perpassa diversas fontes de dados, como: notícias de jornais, discursos políticos, cartas, anúncios publicitários, relatórios oficiais, entrevistas, vídeos, filmes, fotografias, revistas, relatos autobiográficos, entre outros.

15

Análise de Conteúdo (AC).

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63

Esse tipo de análise pode consistir em um conjunto de instrumentos

metodológicos e constante processo de aperfeiçoamento, que busca analisar

diferentes fontes de conteúdo, sejam verbais ou não verbais. Trata-se de uma

técnica que exige do pesquisador: dedicação, paciência e disciplina. No mais, esse

tipo de análise, de acordo com Silva e Fossá (2015), em termos gerais, divide-se em

3 fases: 1 - Pré-análise; 2 - Exploração do Material e 3 - Tratamento dos resultados

e interpretações.

Figura 3 - Desenvolvimento de uma análise de conteúdo

Fonte: Bardin (1977, p. 102).

Por fim, para não se equivocar na utilização da Análise de conteúdo na

análise de dados da pesquisa qualitativa é imprescindível que se acompanhe as

recomendações propostas ou previstas por Bardin (1977). Como afirmam Silva e

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Fossá (2015, p. 12), “[...] a análise de conteúdo constitui-se de um conjunto

progressivo de técnicas [...], [e] [...] é preciso possuir clareza teórica do campo de

estudo que se pretende analisar [...]”, e o pesquisador deve, à princípio, se prover de

suportes teóricos. A análise de conteúdo também é uma técnica de análise de

dados que pode ser importante para o desenvolvimento de estudos futuros, desde

que seja utilizada de maneira ajuizada e responsável.

No Capítulo 5, busco contextualizar o universo pesquisado, a partir do relato

de uma pesquisa-ação na disciplina de Linguagem e Estruturação Musical no Curso

TIM do PRONATEC no município de Florânia / RN, a 268 km da capital Natal / RN.

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5 A DOCÊNCIA EM LINGUAGEM E ESTRUTURAÇÃO MUSICAL NO CURSO TIM,

DO PRONATEC NA EMUFRN

Escrever sobre a disciplina - Linguagem e Estruturação Musical - é escrever

sobre parte da minha própria trajetória enquanto discente e docente egresso de

Filarmônica do interior na EMUFRN. Pude ver, ao longo dos anos, que muitos

colegas oriundos dessas instituições (filarmônicas) desistiram de estudar Música

pelos obstáculos ora impostos, de imediato, pelo estudo da linguagem musical, mais

especificamente, no que concerne às práticas de leitura, escrita e interpretação de

signos de uma partitura.

Tendo como base esse fato, juntamente com os alunos do Curso TIM,

planejei uma nova proposta para o ensino dessa disciplina que, a partir de agora,

será descrita. Mas, antes, primeiro apresento como foi o processo de seleção

desses alunos na cidade de Florânia / RN.

5.1 O processo de seleção dos alunos

Quando o Curso TIM chegou a Florânia / RN a procura de alunos da cidade e

de outros municípios circunvizinhos foi muito grande. Muitos sequer sabiam que,

para o ingresso em um Curso Técnico, era exigida a formação escolar do ensino

fundamental completo ou em fase de conclusão.

Entre os alunos que procuraram realizar essa prova de seleção estavam

alguns dos que não tinham conseguido ingressar no Curso Técnico em Música na

EMUFRN, em Natal / RN, em 2016, entre muitos fatores, pela falta de preparação

para a seleção nessa Instituição, que se baseia em duas etapas eliminatórias. A

primeira é prática (onde se exige um nível técnico instrumental baseado na

capacidade de ler uma música à primeira vista, tocar uma peça de confronto e, por

último, tocar uma peça de livre escolha). Já a segunda, exige, além de

conhecimentos básicos de teoria musical, um bom desempenho de percepção

musical (suscetível a escutar intervalos simples e melodias, algo que, geralmente, os

músicos de Filarmônica do Seridó norte-rio-grandense não trabalham em sala de

aula).

Nesse sentido, dos mais de 65 alunos que tentaram a seleção em Florânia /

RN, apenas 20%, em média, conseguiram ser aprovados na primeira seleção de

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ingresso, sendo esse um percentual inviável para a realização de um Curso Técnico

nesse município, devido às despesas que ele acarreta ao município sede e,

principalmente, para a Instituição responsável, nesse caso, a EMUFRN.

A EMUFRN, pensando na necessidade emergente desse público de

Filarmônica no interior, realizou outra seleção de alunos para Florânia / RN; dessa

vez, o critério não foi, essencialmente, técnico-teórico, mas sim, socioeducacional,

levando em consideração o perfil dos estudantes que desejavam realizar essa

formação mesmo diante de uma prova anterior com resultado negativo.

As bancas para a seleção dos alunos foram compostas pelos futuros

professores do Curso. Muitos destes, também egressos de filarmônicas e

conhecedores da realidade desses Grupos. Quantitativamente, os instrumentos mais

procurados foram o clarinete, o saxofone e o trompete. E os menos procurados

foram a flauta transversal e o trombone de vara.

Tive a oportunidade de ser o primeiro professor / bolsista do PRONATEC, em

Florânia / RN, a ensinar uma disciplina teórica para alunos egressos de filarmônicas

no Seridó. Muitos destes, no primeiro dia de aula, pareciam não acreditar que iriam

novamente lidar com a teoria musical. Houve até quem dissesse: “- Professor, teoria

musical eu já estudei na Filarmônica... não gostei, prefiro mesmo é tocar o meu

instrumento... precisamos estudar isso novamente?” (informação verbal)16.

Diante de alguns jovens desacreditados com essa disciplina, tive o receio em

reproduzir as aulas do Curso nos moldes do ensino tradicional e, então, propus um

trabalho em sala, com o uso de instrumentos musicais e a aplicação de atividades-

estratégias. Antes mesmo da aplicação dessa estratégia, que deu início ao processo

da Pesquisa, lancei uma proposta diferente para o formato de sala de aula que

descrevo a seguir.

5.2 O formato de sala de aula

O formato de sala de aula utilizado, para o desenvolvimento da Pesquisa com

o grupo acima citado, foi o da metodologia Multinível. Essa metodologia consiste, a

princípio, em dividir os alunos em grupos, por tipo de instrumento ou naipe ou

apostila / material teórico (a). Em seguida, os categorizar por níveis de

16

Informação verbal proferida por um aluno, durante a aula de Linguagem e Estruturação Musical, na Escola Estadual Coronel Silvino Bezerra, em Florânia / RN, em 2015.

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aprendizagem. Para isso, o professor precisa, primeiramente, diagnosticar o nível de

experiência musical de cada aluno participante, uma vez que vai lidar com materiais

e conteúdos distintos em uma mesma sala de aula.

O professor tem como função básica intermediar o processo de ensino-

aprendizagem dos alunos, assistindo-os didaticamente, levando em consideração o

tempo que terá para cada grupo presente. Tendo em vista estas condições, poderá

usar de recursos pedagógicos dos mais diversos: quadro e giz, lousa eletrônica,

lápis, notebook e data show, entre outros. Os alunos devem ser estimulados a se

sentirem capazes de responder às perguntas realizadas pelo professor. A intenção,

nesta proposta metodológica, é trabalhar com materiais que não sejam totalmente

alheios aos alunos e que, de alguma forma, sejam conhecidos ou associados ao que

eles já demonstram saber, valorizando assim, o conhecimento prévio de cada um.

Também é muito importante proporcionar momentos de interação, entre os

grupos formados, em círculos, de preferência, ao final de cada aula. Indica-se, para

isso, trabalhar práticas coletivas com toda a classe presente, com material suscetível

de apreciação e performance de qualquer nível de ensino, por exemplo, práticas

coral e instrumental de músicas populares conhecidas e adaptadas ao nível dos

alunos participantes.

A princípio, na pedagogia Multinível, os alunos não entenderam, de imediato,

a situação proposta. Esta teve que ser explicada e entendida como uma vivência de

experimentação de caráter coletivo, em que a participação de todos era critério

importante. De forma dinâmica, a classe é organizada em 3 ou mais círculos e,

antes do início da experiência, acontecem as explicações metodológicas ou como

será conduzida aquela aula e qual será, agora, a função do professor entre os

alunos. A partir da experiência do pesquisador, essa metodologia pôde alcançar

bons resultados.

Essa metodologia foi fundamentada na observação do modelo de

alfabetização proposto por Paulo Freire, em meados de 1960, na cidade de Angicos

/ RN (FREIRE, 1994). Segundo Porcaro ([20--]), Paulo Freire lidou com o ensino da

leitura e escrita da língua portuguesa com, aproximadamente, 280 adultos

analfabetos que não puderam, de alguma maneira, frequentar a escola na faixa

etária esperada, entre os 6 aos 17 anos de idade.

Na prática, o ensino de música multinível consiste em compor um ambiente

de ensino musical onde pessoas com materiais e níveis de conhecimentos práticos e

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teóricos distintos possam conviver e trocar experiências, em uma espécie de ensino-

aprendizagem colaborativo (TORRES; ALCANTARA; IRALA, 2004) e também, de

certa forma, cooperativo (JIMÉNEZ, 2013).

Figura 4 - Sala de aula no formato multinível

Fonte: O autor (2017).

Alguns autores, a exemplo de Souza et al (2009) e Thiollent (1998), enxergam

esse tipo de pesquisa como uma das formas possíveis para se solucionar problemas

baseados em ações definidas, a exemplo das que realizamos aqui, e, desde que,

efetivadas mediante a cooperação e colaboração do pesquisador ou pesquisadores

com os sujeitos envolvidos. Trata-se de uma pesquisa de caráter social com

embasamento empírico que busca a solução de um problema ou de vários

problemas de interesse coletivo, onde a cooperação e a colaboração são traços do

trabalho realizado, fundamentado em componentes analíticos e categóricos de

explicação, a partir da coleta de dados.

Passo, agora, a mostrar, as etapas / estratégias da Pesquisa-Ação realizada.

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5.3 As etapas / estratégias da Pesquisa-Ação

Obtive um total de 18 encontros com os grupos. Cada um deles, teve a

duração de 4 horas. Participaram 21 alunos das turmas de Linguagem e

Estruturação Musical, pela manhã (das 8h às 12h) e à tarde (das 14h às 18h),

somando-se 2 encontros por dia.

Estes alunos não eram nivelados em termos de conhecimento teórico-

musicais, eram sujeitos de cidades e professores (Maestros) distintos. Uns já tinham

anos de estudos musicais e outros, apenas dias ou meses. Também não existiu uma

faixa etária comum aos alunos, eram bastante heterogêneos.

Todas as informações, a seguir, foram coletadas por meio das entrevistas

(ANEXO A) e da aplicação de questionários (APÊNDICE A e B) com perguntas

abertas, em sala de aula, com cada aluno participante, no total de 31, durante os 9

encontros realizados.

O primeiro encontro – 1º dia

Logo no primeiro encontro com cada turma, chamou a minha atenção o

comportamento de alguns alunos. Uns demonstravam, nitidamente, que não

queriam cursar essa disciplina. Então, procurei entender o papel destes, buscando

traduzir assim, algumas de suas ansiedades e desconfortos percebidos naquele

momento. Começaram-se as ações de pesquisa em sala de aula procurando

conhecer melhor quem eram, de fato, aqueles sujeitos que iriam compartilhar

algumas horas de suas vidas com o pesquisador, a partir desse instante.

Alguns desses alunos já ajudavam seus Maestros na docência musical de

suas respectivas filarmônicas, fato este também já vivenciado pelo pesquisador. A

referida experiência anterior do pesquisador se tornou uma válvula motivadora para

o início da pesquisa, pois provocou a discussão em sala sobre novas estratégias

didático-metodológicas ao ensino de Linguagem e Estruturação Musical em

contextos distintos, entre eles, na instituição filarmônica.

Na sequência, foram checadas as maiores dúvidas ou dificuldades existentes

perante os conteúdos propostos pela ementa da disciplina em questão e, então,

começou-se o estudo.

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O segundo encontro – 2º dia

No segundo encontro, foi apresentado aos alunos, o conteúdo a ser estudado,

a partir de então, nesse e nos próximos encontros previstos. Averiguou-se que, os

assuntos a serem tratados eram, respectivamente: figuras musicais, notas e pausas

musicais, pauta e claves, sinais de alteração, sinais de repetição e tipos de barra de

compasso, fórmulas de compasso, sinais de dinâmicas e expressão, abreviaturas

musicais, células rítmicas, escalas e acordes.

Foram aplicados materiais em forma de aulas / apostilas sequenciais

elaboradas pelo pesquisador em momentos anteriores a cada um dos encontros

programados. Cada grupo recebeu esses materiais / apostilas impressos ao início

de cada encontro subsequente. As turmas foram organizadas em grupos,

totalizando-se 4 grupos por turma. Esses grupos foram formados mediante uma

triagem inicial que agrupou os alunos por perfil e conhecimentos prévios dos

conteúdos a serem trabalhados.

Foram criadas algumas dinâmicas nesse e nos encontros / aulas seguintes,

entre elas, a participação dos alunos ao quadro para a elaboração e resolução de

questões teórico-práticas sobre os assuntos supracitados, previamente

apresentados, em sala, pelo docente. Essa atividade fomentou uma boa discussão

em classe.

O terceiro encontro - 3º dia

Nesse encontro, comecei a utilizar um teclado musical e um violão elétrico,

ambos do professor, para a realização de exemplos prático-teóricos dos conteúdos a

serem abordados a partir de então. Muitos dos alunos sequer tinham usado dessa

estratégia no estudo da teoria musical. Com esses instrumentos, foi possível

perceber que a utilização de instrumentos harmônicos possibilita esclarecer melhor

alguns dos assuntos já estudados, pois, além da informação, agora tinham a ação

prática sobre o estudado, algo que ressignificou seus aprendizados. Evidenciou-se,

com essa atividade, que muitos dos alunos não enxergavam, até então, a aplicação

prática desses conteúdos teórico-musicais que estudavam há anos.

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Brito et al (2013)17 justifica essa dicotomia entre teoria e prática musical

através de um relato de experiência em um projeto de teoria e percepção musical na

Universidade Federal da Paraíba (UFPB) onde ele percebeu que: “[...] A „teoria

musical‟ é relegada a segundo plano, comumente vista como uma atividade imposta

pela instituição – algo que deve ser suportado para poder estudar / tocar o

instrumento!”. Esse fato foi percebido em Florânia / RN, pois, a maioria dos alunos

do PRONATEC, preferiam aulas de instrumento à teoria musical, algo que, com

esforço coletivo, foi possível reverter, tornando essa e outras matérias teóricas tão

interessantes quanto as de performance instrumental.

O quarto encontro – 4º quarto dia

No quarto encontro, realizamos uma atividade de apreciação musical. Essa

atividade se deu com a apresentação de trechos de partituras pelos alunos onde, em

seguida, eles explicaram o que tinham executado em termos de estruturas (notas,

pausas, alterações, tonalidades, etc.) e suas funções. Para isso, cada aluno utilizou

seu próprio instrumento musical e de estudo no PRONATEC. Nessa ocasião,

contamos com a colaboração dos professores de instrumento e prática de conjunto

que, em suas aulas, haviam revisado esses mesmos conteúdos.

Essa formação de apreciadores musicais, em sala de aula, durante a

pesquisa, culminou em uma maior e melhor transformação intelectual dos alunos

envolvidos, pois conseguiu proporcionar a abertura para novos saberes e

perspectivas de futuro assim como quebrou antigos paradigmas existentes, como, a

ruptura entre teoria e prática musical. Bastião (2003, 2009) discute essa atividade de

apreciação musical como sendo uma forma para se repensar práticas pedagógicas e

um importante recurso para a junção da teoria e prática musical.

Evidenciou-se que, muitos dos alunos desse Curso, em Florânia / RN,

estavam, de fato, descontentes com a imagem que tinham do ensino tradicional de

Música e que haviam experimentado antes do PRONATEC e acreditavam que seria

igual, agora, no Técnico. Vale lembrar igualmente que, quase todos esses alunos

são oriundos de filarmônica, e muitos nunca sequer tinham conhecido um ensino

17

Documento online não paginado.

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72

especializado de Música com a profundidade em conteúdos teórico-práticos vistos

nesse Curso de agora.

Brito et al (2013)18 falando sobre teoria e prática musical explica que existe

“[...] uma necessidade premente em se discutir as perspectivas e concepções que

envolvem [...] distintas posturas diante da exigência em se aliar o estudo da prática e

da teoria musical [...]”, ocasião em que se diz esperar uma melhor compreensão

dessas posturas a possibilitar o estabelecimento de novas estratégias de

intervenção, buscando, na prática pedagógica, maior adequação à realidade em que

se insira. Não obstante, esta Pesquisa propõe mostrar uma proposta diferente para

a docência em linguagem e estruturação musical, a contribuir com futuras

pesquisas.

O quinto encontro – 5º dia

No quinto encontro, realizei, via ferramenta Internet, a atividade de assistir a

vídeo-documentários sobre aspectos históricos da teoria musical. Essa atividade

mostrou como utilizar melhor os recursos tecnológicos, tais como: computador, tablet

e celular, no estudo da teoria musical. Constatei que existem vários canais no site

youtube.com onde pessoas se dedicam a explicar componentes da teoria musical,

tais como: pauta, notas e pausas, claves, tipos de compasso musical, entre outros

assuntos. Esses vídeos online podem, inclusive, se apresentar, muitas vezes, mais

claros e sucintos para a compreensão dos alunos.

Além disso, uma das intenções dessa atividade foi possibilitar a maior

interação dos alunos, em sala, com essa ferramenta, a Internet, orientando-os

quanto ao uso diário, tendo em vista que, quase todos afirmaram ter acesso em

suas casas ou mesmo em espaços públicos, em curtos ou longos períodos do dia.

Gohn (2013) discorre sobre muitos outros usos da Internet em sala de aula

através do exemplo da videoconferência para aulas de instrumento musical, onde se

usam softwares e sites, tais como: Skype, Facebook e o, já citado, Youtube, entre

outros, para a realização de práticas docente-musicais.

18

Documento online não paginado.

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73

O sexto encontro – 6º dia

No sexto encontro, trabalhei a composição e arranjo de solfejos rítmicos e

melódicos com e sem acompanhamento musical para que pudessem exercitar,

ainda mais, os elementos da teoria musical já explicitado. Esse material produzido

foi apresentado, em sala de aula e fora dela, pelos próprios alunos-compositores em

performances realizadas posteriormente.

Pude perceber que, dos muitos alunos presentes, poucos, de fato,

conseguiam dominar os elementos gráficos de uma partitura quando partiam para

práticas em seus respectivos instrumentos musicais, e isso refletia nas aulas de

instrumento do Curso, muitas vezes levando alguns dos professores de instrumento

a questionar o papel do professor de Linguagem diante deste contexto.

Esse fato abriu espaço para importantes discussões entre alunos e

professores, no âmbito do PRONATEC, em relação a como poder relacionar melhor

os saberes mobilizados em cada disciplina de maneira a construir um ensino

interdisciplinar a não permitir a separação ou desconexão entre uma e outra

disciplina. Sobre interdisciplinaridade, Freire (2010) diz que ela no ensino de música

aparece como uma necessidade, e não como um artifício. Logo, sua aplicação não

implica na descaracterização dos diferentes campos de conhecimento, mas sim na

interação entre eles.

O sétimo encontro – 7º dia

No sétimo encontro, já haviam sido experimentadas muitas coisas novas nas

aulas anteriores. Neste, realizei a formação de um coral para praticar os conteúdos

estudados. Muitos alunos se esquivaram de cantar, alegando que não tinham jeito

para isso. Na verdade, o que acontecia era que eles se sentiam caricatos ao cantar

em público e, com essa nova situação proposta, se revelaram ainda mais, as

sensações de ansiedade e timidez de muitos destes estudantes, o que já era

perceptível para o professor em sala de aula.

Juntos, percebemos que essa atividade de prática coral também era uma

tarefa muito interessante para experimentar a teoria musical, pois mostrava, entre

outras coisas, a importância do corpo na performance musical, e que ele é, de fato,

o nosso primeiro instrumento musical. Sobre isso, Pederiva (2005) escreve, por meio

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de um estudo realizado com professores de instrumento musical, que a consciência

do corpo, na aprendizagem musical, pode nos trazer muitos benefícios, entre eles, a

prevenção de doenças e uma melhor realização de tarefas que envolvam o

conhecimento da teoria e prática musical.

Essa atividade coral proporcionou uma maior concentração em leituras de

partituras, pois os músicos não precisavam se preocupar com a técnica de seus

instrumentos musicais, mas em se concentrarem no controle psicológico e

psicomotor enquanto cantavam.

O oitavo encontro – 8º dia

No oitavo encontro, realizei uma roda de conversa. Nesse momento, os

alunos narraram algumas das experiências vividas em sala durante esse processo

de aprendizado e as que mais tiveram impactos sobre eles. Pude perceber que já

existia uma reflexão sobre o que foi trabalhado, por parte deles. Logo, os alunos

puderam enxergar que a disciplina, em questão, poderia ainda ser trabalhada de

várias outras formas possíveis, diferente do já experimentado.

Assim, atingi a segunda etapa da Pesquisa. Essa etapa da investigação

conduziu-me para um maior entendimento de como as práticas docente-musicais

podem ser diversificadas e interessantes. Os alunos puderam desconstruir muitas

das imagens negativas ou paradigmas que tinham criado sobre o ensino de teoria

musical.

O nono e último encontro – 9º dia

No nono e último encontro, realizei uma avaliação escrita e oral. Percebi que

os alunos tinham mudado, consideravelmente, seus comportamentos e

entendimentos sobre os conteúdos trabalhados na disciplina Linguagem e

Estruturação Musical, refletidos nos resultados das avaliações. Desconstruímos

juntos, antigos paradigmas que insistiam em perseguir a todos os participantes

desde a iniciação musical, nas filarmônicas de origem, como, o distanciamento ou

dicotomia entre a teoria e a prática musical.

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Foto 3 - Aula da Saudade com a turma do Curso Técnico em Música da EMUFRN / PRONATEC no polo de Florânia / RN

Fonte: Araújo (2016).

5.4 Refletindo sobre os dados coletados

Considerando-se a análise dos dados desta Pesquisa, baseada na revisão de

literatura realizada e mediante a aplicação das entrevistas (ANEXO A) e

questionários utilizados (APÊNDICE A e B), constatei que, dos 65 alunos que

ingressaram no Curso, apenas 33 concluíram. Ou seja, houve um índice aproximado

de 50% de desistência. Desses 65 ingressantes, 39 foram masculinos e 26

femininos. Quanto aos que concluíram o Curso, apenas 23 foram do sexo masculino

e 10 do feminino. Desistiram, respectivamente, 16 alunos e 4 alunas. Quanto ao

número de alunos que apresentaram pendência para obtenção do diploma, tivemos

6, sendo 3 para cada sexo.

Apenas 6 alunos, com pendências para receber o diploma de TIM, com 800 h

/ aula, receberam um certificado de conclusão de módulos.

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Gráfico 1 - Situação dos alunos

Fonte: O autor (2017).

Gráfico 2 - Proporção de alunos por sexo

Fonte: O autor (2017).

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77

Gráfico 3 - Proporção de alunos concluintes

Fonte: O autor (2017).

Gráfico 4 - Proporção de alunos com pendências

Fonte: O autor (2017).

Em relação à formação por instrumento, se formaram, respectivamente, 12

alunos em saxofone, 7 em trompete, 5 em clarinete, 3 em flauta transversal, 2 em

tuba, 1 em bombardino (eufônio), 2 em trombone e 1 em percussão.

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78

Gráfico 5 - Proporção de alunos formados por instrumento musical

Fonte: O autor (2017).

Em relação aos alunos concluintes, pertencem a 7 municípios do estado do

RN, a saber: Assú / RN, Cruzeta / RN, Currais Novos / RN, Florânia / RN, Jucurutu /

RN, Santana do Matos / RN e Tenente Laurentino Cruz / RN. Com exceção à Assú /

RN, os demais são da região Seridó. O município de Assú / RN fica na região do

Vale do Assú.

Figura 5 - RN

Fonte: RN..., (2017)

19.

19

Documento online não paginado.

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79

As cidades do Seridó estão na parte amarela da Figura 5 e, vale salientar

que, o Seridó está presente também no estado da Paraíba (PB).

Figura 6 - Região Seridó (nas cores vermelha e laranja)

Fonte: SERIDÓ ([20--?])20

.

Esta Pesquisa entrevistou 30 sujeitos, os que se dispuseram a participar e

que não desistiram do Curso TIM do PRONATEC, da EMUFRN, em Florânia / RN.

As entrevistas realizadas com os alunos foram divididas em 2 blocos de perguntas.

O primeiro bloco foi sobre a interiorização da EMUFRN na região Seridó norte-rio-

grandense.

Uma das primeiras perguntas realizadas foi sobre a perspectiva de trabalho:

quais oportunidades de trabalho esse Curso já havia lhes proporcionado? Dos 30

entrevistados, 13 disseram não ter tido oportunidade de trabalho ainda, 7

responderam que já estão trabalhando no programa Mais Educação, em escolas

municipais e estaduais. 10 preferiram tentar trabalhar para si mesmos, com aulas

particulares, produção musical e luteria, entre outras atividades relacionadas com a

Música, como mostra as falas dos entrevistados a seguir:

20

Documento online não paginado.

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[...] Ainda não estou trabalhando na área da Música, porém surgiu uma oportunidade, mas por motivos superiores, não pude participar, e isso aconteceu, provavelmente, por eu ter o nível musical maior do que de algumas pessoas que já trabalham, principalmente, por eu estar nesse Curso Técnico agora (informação verbal)21.

Corroborando essa perspectiva, o Entrevistado 12 declara que:

[...] Acho que o mercado é amplo, a gente tem uma visão que se quiser continuar podemos atuar tanto na área prática, tocar, e também pensar em uma carreira mais acadêmica, ser um professor, depende da gente, temos uma base, uma plataforma, um empurrão pra [sic] continuar se quisermos, o que antes a gente não tinha, de certa forma, esse conhecimento, porque o Curso me possibilitou pensar e acreditar que eu posso trabalhar tanto na área acadêmica como em uma área profissional, se apresentar ao público, ou orientar, formar turma, formar alunos, passar o conhecimento adiante, tudo isso (informação verbal)22.

Gráfico 6 - Alunos e a relação com o trabalho

Fonte: O autor (2017).

Outra questão investigada foi sobre quais as expectativas de futuro e de

trabalho dos alunos depois de concluído o Curso. Entre as respostas, destaco: tocar

em grupos de casamentos, tocar em quadrilhas juninas, trabalhar no programa Mais

21

Informação verbal proferida pelo entrevistado 11, durante entrevista ao autor desta Dissertação, na Escola Estadual Coronel Silvino Bezerra, em Florânia / RN, em novembro de 2016.

22Informação verbal proferida pelo entrevistado 12, durante entrevista ao autor desta Dissertação, na Escola Estadual Coronel Silvino Bezerra, em Florânia / RN, em novembro de 2016.

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Educação, ensinar em bandas filarmônicas e sinfônicas, tocar em bandas de forró,

trabalhar em Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos de Secretarias de

Assistência Social municipais, prestar concurso público para instrumentista de

bandas filarmônicas e sinfônicas de prefeituras e estados, ser professor de

instrumento, fazer Graduação, na área de Música, e ser professor de flauta doce.

Quadro 3 - Expectativas profissionais dos alunos

EXPECTATIVAS PROFISSIONAIS DOS ALUNOS

Grupos de casamentos;

Quadrilhas juninas;

Programa Mais Educação;

Bandas filarmônicas e sinfônicas;

Bandas de forró;

Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos;

Concursos públicos para instrumentistas em bandas

filarmônicas e sinfônicas;

Docência em instrumento musical;

Graduação na área de Música; e

Docência em flauta doce.

Fonte: O autor (2017).

Pude perceber que os alunos visam àquilo que, de fato, é uma das metas do

Curso, ou seja, a atuação profissional técnica em vários espaços e seguimentos da

Música, conforme mostra a fala do entrevistado 16: “[...] Acho que depois do Curso

poderei trabalhar com o Mais Educação, nas escolas públicas, como monitor em

filarmônicas, ensinar meu instrumento e ser chefe de naipe, etc (informação

verbal)23.

A fala do entrevistado 17 corrobora com esta visão ao afirmar que: “[...] O

Curso acresceu nas minhas aulas particulares, pois dou aulas particulares de violão,

e aqui, sempre temos novos conhecimentos nas matérias teóricas, harmonia e isso

acresceu ao meu conhecimento (informação verbal)24.

23

Informação verbal proferida pelo entrevistado 16, durante entrevista ao autor desta Dissertação, na Escola Estadual Coronel Silvino Bezerra, em Florânia / RN, em novembro de 2016.

24Informação verbal proferida pelo entrevistado 17, durante entrevista ao autor desta Dissertação, na Escola Estadual Coronel Silvino Bezerra, em Florânia / RN, em novembro de 2016.

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As entrevistas (ANEXO A) mostraram também que o Curso TIM do

PRONATEC, em Florânia / RN, tem repercutido, igualmente, no desejo de muitos

alunos em querer repassar o que aprenderam aos que, por algum motivo, não

puderam fazer o Curso Técnico. Sobre a contribuição deste Curso para a atuação

desses alunos em suas respectivas Filarmônicas de origem, percebi com as

respostas que, mais da metade dos alunos entrevistados, já está transmitindo seus

conhecimentos adquiridos no Curso para os colegas de suas Filarmônicas, uma

espécie de agentes de multiplicação do conhecimento, como mostra a fala do

entrevistado 3: “[...] Com esse Curso, posso, agora, ajudar melhor meu Maestro

quando ele precisa de mim com os alunos iniciantes, sempre que ele precisa estou

tocando e ensinando os iniciantes da Filarmônica, agora tenho a sensação que

posso ajudar mais. (informação verbal)25.

Isso tem suprido, em parte, as demandas de necessidades de ensino

especializado de instrumento e teoria da música, principalmente, nas Filarmônicas

onde apenas o Maestro é polivalente no ensino de instrumento e teoria. Muitos dos

alunos já estão ajudando suas filarmônicas na docência de instrumento e teoria, e já

se percebe um avanço na qualidade técnica desses Grupos por meio de

apresentações e concertos públicos em Florânia / RN e em outras cidades do

Seridó, por meio de eventos, como, os encontros de bandas filarmônicas.

Outro questionamento realizado nas entrevistas foi sobre quais benefícios o

Curso TIM, oferecido pelo PRONATEC da EMUFRN, trouxe para a aprendizagem

musical dos alunos egressos de filarmônicas. Das muitas respostas obtidas, as que

mais se destacam foram: melhoria na leitura, escrita musical, técnica instrumental e

interpretação musical.

Muitos confessaram que o desenvolvimento técnico musical deles se baseava

antes quase que, exclusivamente, em aprender a tocar o repertório de suas

respectivas bandas filarmônicas, com pouquíssima prática de métodos didáticos de

instrumento, também escassas aulas de teoria musical, em virtude da grande

demanda de alunos que suas Filarmônicas possuem e só disponibilizam, na maioria

das vezes, a figura do Maestro para atender e ensinar a todos, indistintamente,

conforme mostra a fala do entrevistado 5: “[...] O PRONATEC me proporcionou um

vasto conhecimento, algo que nós, que moramos no interior, até hoje não tínhamos,

25

Informação verbal proferida pelo entrevistado 3, durante entrevista ao autor desta Dissertação, na Escola Estadual Coronel Silvino Bezerra, em Florânia / RN, em outubro de 2016.

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e só quem tinha era quem fosse estudar na EMUFRN, em Natal / RN” (informação

verbal)26.

Essa questão abriu caminho para mais duas perguntas: quais os pontos

positivos e negativos em fazer um Curso TIM do PRONATEC, da EMUFRN, em

Florânia / RN? Os pontos positivos mais apontados, de acordo com as entrevistas

realizadas (ANEXO A), foram que a cidade de Florânia / RN ganhou mais

visibilidade no cenário musical municipal e estadual, levando em conta que o Curso

agrega alunos de 7 cidades distintas; o aumento, consideravelmente, do nível

técnico instrumental das Filarmônicas, na região Seridó bem como a crescente

expectativa de ingressos em Cursos superiores, na área de Música. Dos 30

entrevistados, 2 já passaram na última seleção do Exame Nacional do Ensino Médio

(ENEM) 2016 para Graduação em Música na EMUFRN, em Natal / RN, para

ingresso no período letivo 2017.1. Esses egressos do PRONATEC, da EMUFRN, em

Florânia / RN, foram aprovados, respectivamente, para a Licenciatura e o

Bacharelado em Música.

Outro ponto positivo apontado nas entrevistas (ANEXO A) foi à utilização de

professores que moravam na região Seridó, que, de acordo com os alunos, os

tornou mais próximos em relação aos contatos pessoais no contexto diário.

Também, a localização do Curso, em Florânia / RN, ajudou muito aos alunos, pois

muitos tinham transporte escolar ou particular que passavam por esse município,

diariamente, e outros particulares com preço acessível. Possibilitou, também, a

inclusão de alunos mais carentes que, de outra forma, não teriam participado do

Curso. Os alunos relatam que a diretoria do Curso Técnico sempre esteve presente

tanto nas aulas quanto nos demais momentos.

Ainda ressaltando os pontos positivos, muitos alunos declararam que,

anteriormente ao Curso, não enxergavam a Música como profissão e que aumentou

o número de reingressos em filarmônicas.

O PRONATEC da EMUFRN também possibilitou o intercâmbio entre

estudantes de distintas filarmônicas aumentando mais seus laços de amizade.

Trouxe, ao Seridó, 2 Cursos Técnicos em Música, o primeiro, em Cruzeta / RN, no

ano de 2013, e em Florânia / RN, em 2015. Fortaleceu o comércio local de Florânia /

RN com a visita semanal de mais de 20 estudantes e equipe da EMUFRN.

26

Informação verbal proferida pelo entrevistado 3, durante entrevista ao autor desta Dissertação, na Escola Estadual Coronel Silvino Bezerra, em Florânia / RN, em outubro de 2016.

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Possibilitou que, os alunos tivessem aulas com profissionais de formação superior:

Bacharéis, Mestres e Doutores e o contato com novos recursos tecnológicos. Por

último, disponibilizou uma bolsa financeira que pôde cobrir muitas das despesas dos

que viam, semanalmente, ao Curso, em Florânia / RN, oriundos de outros

municípios.

Quanto aos pontos negativos do PRONATEC, da EMUFRN, em Florânia /

RN, as entrevistas (ANEXO A) revelaram a desistência de alunos por vários motivos:

6 desistiram por preferirem tentar trabalhar em outras áreas, por não enxergarem a

possibilidade de atuar na área de Música e outros 3, disseram que esperavam ter a

estrutura do Curso parecida com a que é oferecida na sede na EMUFRN, em Natal /

RN, já que eram os mesmos responsáveis em Florânia / RN.

A disposição das turmas em turnos distintos dificultou uma maior interação

entre os alunos, principalmente, os que são de cidades diferentes, causando,

segundo as entrevistas (ANEXO A), o desnivelamento teórico e prático entre elas.

Alguns alunos acharam que deveria ser mais criterioso o recebimento de bolsa

financeira de auxílio, pois muitos recebiam e não frequentavam as aulas

regularmente ou usavam esse recurso para outras finalidades distintas do que era

previsto.

Muitos alunos apontaram que, se tivessem mais dias de aula por semana,

com horários mais flexíveis, o ensino seria, consequentemente, mais proveitoso. Uns

reclamaram das instalações onde funcionou o Curso, na cidade de Florânia / RN,

alegando, entre outros fatores, à falta de ventilação adequada nas salas, em função

das altas temperaturas da cidade. Por último, alguns alunos disseram que o cálculo

do valor da bolsa auxílio financeiro que eles recebiam deveria ser baseado na

distância de deslocamento até Florânia / RN, e não comum a todos, indistintamente,

pois quem mora mais distante sai prejudicado.

A segunda parte das entrevistas consistiu em investigar aspectos da aula de

Linguagem e Estruturação Musical. Umas das questões levantadas foi saber como

ocorreu o ensino-aprendizagem nesta disciplina. Constatei que, uma das maiores

dificuldades encontradas pelos alunos nesse componente curricular foi entender

padrões rítmicos distintos, principalmente, se repetitivos e com figuras de duração

inferior a um tempo.

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Quadro 4 - Principais dificuldades técnicas na disciplina de Linguagem e Estruturação Musical

PRINCIPAIS DIFICULDADES TÉCNICAS NA DISCIPLINA DE LIGUAGEM

Leitura de colcheias;

Leitura de síncopes com semicolcheias e colcheia;

Leitura de quiálteras com colcheias, semínimas e mínimas; e

Leitura de células rítmica repetitivas;

Fonte: O autor (2017).

Conforme ficou constatado nas entrevistas (ANEXO A), a leitura de células

rítmicas, tais como: síncopes e tercinas, foram os mais graves problemas relatados

pelos alunos em relação aos conteúdos vistos na disciplina de Linguagem e

Estruturação Musical no PRONATEC. Nesse sentido, esse fato pode estar

associado ao pouco trabalho realizado com esses alunos em suas respectivas

filarmônicas de origem, ou ainda pela falta de material didático adequado à realidade

destes Grupos no que concerne ao ensino de Linguagem e Estruturação Musical.

Quase todos afirmaram que a meta de leitura de partitura nestes Grupos

(filarmônicas) se concentra mais em ler seu próprio repertório, e ainda, a maioria dos

músicos desse segmento, aprende a ler partitura uns com os outros

(autoaprendizagem) por meio da imitação.

Nesse sentido, a disciplina de Linguagem e Estruturação Musical (Teoria da

Música), é a que mais pôde se aproximar do ensino oferecido pelas filarmônicas no

Curso TIM do PRONATEC, da EMUFRN, na cidade de Florânia / RN, conforme

confirmaram os alunos entrevistados. No mais, uma das principais diferenças na

abordagem dessa disciplina está no maior grau de profundidade dos assuntos

quando tratados no âmbito do PRONATEC. Isso, de acordo com as entrevistas

realizadas (ANEXO A), gerou grande impacto positivo na formação dos alunos de

filarmônicas, agora, egressos do PRONATEC, da EMUFRN, em Florânia / RN.

Identificou-se também, através das entrevistas realizadas (ANEXO A), que

muitos dos alunos do PRONATEC, em Florânia / RN, tiveram, neste Curso, a

primeira oportunidade de estudar assuntos relativos à harmonia e improvisação

musical, entre outros, antes não vistos em suas respectivas Filarmônicas de origem.

No entanto, esses assuntos de harmonia e improvisação foram apenas iniciados na

disciplina de Linguagem e seguidos, posteriormente, em componentes curriculares

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próprios, não sendo assim aprofundados em Linguagem e Estruturação Musical,

principalmente, pelo pouco tempo disponível.

Segundo os relatos dos alunos entrevistados (ANEXO A), houve uma

sequência incorreta em relação aos componentes curriculares dispostos ou

organizados durante o Técnico do PRONATEC, e isso provocou a quebra ou a não

continuidade da aprendizagem de alguns dos conteúdos vistos, inicialmente, em

Linguagem, por exemplo, noções de acordes e de cifras. Além disso, implicou no

esquecimento parcial desses e outros assuntos por parte de alguns dos alunos. No

mais, foi graças à disponibilidade ou a troca de ajuda entre os alunos que, muitos

desses problemas enfrentados, devido ao esquecimento, puderam ser vencidos

posteriormente.

As entrevistas (ANEXO A) também evidenciaram que, a maioria dos alunos

faz menção ao estado de nervosismo nessa disciplina, principalmente, ao terem que

interagir em sala de aula com os colegas ou com os professores. Dos muitos

motivos que levaram ao nervosismo, foi apontado pelos próprios alunos, o pouco

tempo de alguns em relação ao estudo de Música, pois muitos se consideravam

iniciantes ao ingressarem no PRONATEC da EMUFRN. No entanto, esses mesmos

alunos foram submetidos a realizar provas de seleção prática e teórica ou audições,

antes de ingressarem como aluno no Curso TIM do Programa.

Sobre o que os alunos mais gostaram nessa disciplina, foi destacado nas

entrevistas (ANEXO A), o apreço à contextualização histórica de elementos da teoria

musical realizados em sala de aula, tomando por base, os períodos da história da

música ocidental. Foi ressaltada a forma como foram surgindo esses fundamentos

teóricos ao longo dos séculos e quais os principais processos até chegarem ao atual

estado da arte. De acordo com as entrevistas (ANEXO A), ficou evidenciada,

igualmente, a importância da prática de ditados e solfejos melódicos e rítmicos

realizados durante as aulas de Linguagem, bem como, a prática de escalas maiores

e menores, uma das coisas que mais promoveu o interesse dos alunos durante as

aulas desse componente.

Nas Filarmônicas dos entrevistados, não se trabalha tanto o estudo de

escalas, que, segundo eles, os deixam, de certa maneira, comprometidos ao tocar

em tonalidades distintas, sejam as maiores ou menores. Por último, foi também

apontado como sendo algo diferencial na aula de Linguagem, do PRONATEC, o uso

de tecnologias nas aulas, tais como: Datashow, notebook, teclado musical,

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instrumentos Orff, entre outros, algo que, nas filarmônicas, dificilmente eles

encontram.

No mais, os alunos destacaram, nas entrevistas (ANEXO A), que a disciplina

de Linguagem foi divertida, os professores se dedicaram bastante, trouxeram novas

dinâmicas e materiais para o ensino. Os alunos se sentiram mais ativos em sala de

aula, comparado ao que já tinham experimentado antes do PRONATEC. Alguns dos

problemas enfrentados nesta disciplina, de acordo com os próprios alunos, se deram

em consequência do pouco interesse de alguns em sala de aula.

Quanto ao aprendizado dos alunos, evidenciou-se, nas entrevistas (ANEXO

A), que foi satisfatório, muitos já se consideram outros músicos, inclusive, mais

preparados. Eles também despertaram um maior interesse em estudar Música

diariamente, algo que antes, poucos faziam por conta própria. Alguns almejam fazer

Graduação nesta área.

Uma das grandes contribuições desta disciplina para os alunos, sem dúvida,

foi o despertar do sentimento protagonista, pois as entrevistas (ANEXO A) revelaram

que, muitos se sentem capazes de buscar novos conhecimentos por conta própria, e

também demonstram interesse em repassar o que aprenderam para outros alunos.

Por fim, os alunos entrevistados consideram o Curso TIM do PRONATEC, da

EMUFRN, uma evolução no ensino de Música, um verdadeiro processo de

interiorização da Educação Profissional antes nunca visto no Seridó. Também a

democratização do ensino público de qualidade e a inclusão social dos menos

favorecidos ou vulneráveis socialmente. A maioria dos alunos deseja que outras

edições deste Curso possam chegar a seus respectivos municípios e proporcione

maiores benefícios ainda.

As etapas propostas por Bardin (1977), na Figura 7, foram trabalhadas na

ordem de destaque, em vermelho, iniciando-se pela Pré-Análise descritas, em

forma de corpus de texto, neste Trabalho.

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Figura 7 - Proposta de análise de conteúdo

Fonte: Bardin (1977, p. 102).

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao investigar sobre o Curso TIM na cidade de Florânia / RN por meio do

PRONATEC, percebi o quanto a interiorização e expansão do ensino

profissionalizante de Música, oriundo da EMUFRN, está fazendo história nos

municípios interioranos do RN, em especial, aos que compõem a região Seridó. A

realidade de investimento capital e pessoal em Educação Musical no RN ainda está

distante do que se deseja, porém, vemos programas federais, a exemplo do

PRONATEC, se configurar como uma das formas possíveis para garantir o acesso

ao ensino técnico-profissional-musical a estudantes de cidades interioranas, em

especial, da região Seridó-norte-rio-grandense, que almejam um ensino formal de

Música que, até então, não tinha como ser concretizado em seus pequenos

municípios.

A partir dos dados e reflexões apresentadas neste Trabalho, são vários os

alunos egressos, em Florânia / RN, que, voluntariamente, se sentem motivados a

repassar o que aprenderam durante o Curso TIM, por mim ministrado, verdadeiros

agentes multiplicadores de conhecimento, instigados, ainda mais, a partir da

pesquisa-ação realizada. Os entrevistados atestam, ainda, terem encontrado neste

Curso a tão desejada qualificação técnica instrumental e teórica além da melhoria na

leitura, escrita e interpretação musical. Para o município de Florânia / RN, este

Curso trouxe maior visibilidade aos que se interessam pela Música como profissão,

já tendo, inclusive, alunos oriundos deste Trabalho, ingressos no Curso de

Licenciatura em Música na sede da EMUFRN, em Natal / RN.

Conforme foi mostrado na análise dos dados, aos participantes com menor

poder aquisitivo, foi dada a oportunidade de transformação social, uma vez que,

agora, estão trabalhando com Música no programa Mais Educação e no Serviço de

Convivência e Fortalecimento de Vínculos assim como em instituições religiosas e

grupos profissionais que priorizam a qualidade musical nessa região e estado.

Quanto às filarmônicas, este Curso em questão, aumentou o intercâmbio de

músicos nas mesmas e, em especial, na região Seridó-norte-rio-grandense,

consequentemente, influenciando a promoção de encontros e festivais de

filarmônicas e outros eventos dessa natureza. Este Programa, na região

apresentada, significou a possibilidade de expandir e interiorizar o ensino técnico

musical antes possível, apenas, se buscado na capital do estado, Natal / RN.

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90

Com a reforma do ensino médio já em fase de implantação no país, a

realidade do ensino de Música pode ficar ainda mais incerta, uma vez que as

escolas de Educação Básica através de seus representantes legais poderão optar

pelas linguagens artísticas que lhes forem mais convenientes. Das poucas

oportunidades existentes para se aprender Música, como ensino especializado, no

Seridó-norte-rio-grandense, vimos que ocorrem, com frequência, nas bandas de

Música ou filarmônicas, instituições que, desde a colonização do país estão

presentes nas cidades interioranas. Percebo, diante desse fato, o quanto é

importante a continuidade do PRONATEC / Música nesses interiores, formando

profissionais aptos ao ensino musical nesses contextos.

São muitas as críticas existentes a esse Programa a nível nacional, no

entanto, para o Seridó, diante do que foi investigado, ele foi uma luz no final do túnel

que trouxe e traz ainda formas de acesso ao ensino da Música e perspectivas de

emprego para os recém-formados.

Para os músicos de Bandas Filarmônicas do interior, o PRONATEC pode se

configurar como a esperança e a oportunidade social que faltava há décadas para

suas qualificações profissionais.

Para os municípios, uma esperança para o custeio de cursos

profissionalizantes necessários aos públicos jovem e adulto, que se encontravam

fora do mercado de trabalho.

Considerando as reflexões apresentadas durante esta Pesquisa, analiso que,

vivemos na era da informação e da formação para o trabalho, onde o sujeito precisa

estar preparado para conseguir uma vaga de emprego manual cada vez mais

escasso pelo aproveitamento de recursos tecnológicos e outros insumos. Em uma

nação onde a educação é uma mercadoria, por vezes, cara aos que não dispõem de

recursos financeiros suficientes ao provimento de moradia e alimentação. No

semestre 2017.2, com a média de 14 milhões de pessoas sem empregos, iniciativas

a exemplo do PRONATEC, além de subsidiar a classe musical, possibilita uma

melhor qualificação aos que precisarem retornar ao mercado de trabalho com

Música, seja formal ou mesmo informal.

Novas edições desse Programa estão em fase de implantação pelo estado do

RN e será questão de tempo para que, através da EMUFRN, nosso estado possa

ser um dos lugares mais musicalizados do país.

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91

Acredito que este Trabalho possa abrir possibilidades para futuras pesquisas

na área da formação musical obtida em Programas destinados ao ensino técnico

musical oferecido a jovens e adultos pelos interiores do Brasil.

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REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Damião Celestino de. Aula da Saudade com a turma do Curso Técnico em Música da EMUFRN / PRONATEC no polo de Florânia / RN. 2016. 1 fotografia, color. BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Tradução de Luís Antero Reto e Augusto Pinheiro. Lisboa, POR: Edições 70, 1977. BASTIÃO, Zuraida Abud. Apreciação musical: repensando práticas pedagógicas. In: ENCONTRO ANUAL DA ABEM, 12., 2003, Florianópolis, SC. Anais... Florianópolis, SC: UDESC, 2003. Não paginado. Disponível em:<http://abemeducacaomusical. com.br/sistemas/anais/congressos/ABEM_2003.pdf>. Acesso em: 10 jul. 2016. ______. A abordagem AME - Apreciação Musical Expressiva - como elemento de mediação entre teoria e prática na formação de professores de Música. 2009. 292 f. Tese (Doutorado em Música) – Escola de Música, Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA, 2009. Disponível em: <https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ ri/6866/1/Tese%20Doutorado%20Zuraida.pdf>. Acesso em: 5 jul. 2016. BAUER, Martin W.; GASKELL, George (Ed.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Tradução de Pedrinho A. Guareschi. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. BIANCONI, M. Lucia; CARUSO, Francisco. Apresentação: educação não-formal. Ciência e Cultura, São Paulo, v. 57, n. 4, p. 20, out.-dez. 2005. Disponível em:<

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102

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE. Escola de Música. PRONATEC Bolsa Formação. Coordenação de Raquel Carmona. Natal, RN, 2017.

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103

APÊNDICE A - Questionário de entrevista com os alunos

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE MÚSICA

CURSO DE MESTRADO EM MÚSICA PROFESSORA ORIENTADORA: VALÉRIA LÁZARO DE CARVALHO

ALUNO PESQUISADOR: FRANCISCO CANINDÉ DE MEDEIROS SENA

QUESTIONÁRIO DE INVESTIGAÇÃO - ALUNOS

Sobre o Curso (Expansão da EMUFRN)

1. O que representa para você o Curso Técnico em Instrumento

Musical (Curso TIM), oferecido pelo Programa Nacional de Acesso ao

Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC), na cidade de Florânia / RN?

2. Quais benefícios o Curso TIM, oferecido pelo PRONATEC, trouxe

para sua aprendizagem musical?

3. Diga pontos positivos do Curso TIM, especificamente, em Florânia /

RN?

4. Diga pontos negativos do Curso TIM, especificamente, em Florânia

/ RN?

5. Qual é a contribuição do Curso TIM para sua atuação em

Filarmônica(s)?

6. Quais oportunidades de trabalho o Curso TIM já lhe proporcionou?

7. Quais oportunidades de trabalho você acha que poderá lhe

proporcionar posteriormente?

Sobre a disciplina - Educação Musical: oportunidade

profissional

8. Como você avalia o seu aprendizado musical em relação aos

conteúdos trabalhados na disciplina de Linguagem e Estruturação Musical

(Teoria da Música)?

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9. Aponte as dificuldades encontradas.

10. O que você mais gostou na disciplina? Por quê?

11. O que você não gostou na disciplina? Por quê?

12. Como você avalia seu conhecimento em Música após os

conteúdos trabalhados nesta disciplina?

13. Faltou algo que você esperava aprender nesta disciplina?

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APÊNDICE B - Questionário de entrevista com os professores

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE MÚSICA

CURSO DE MESTRADO EM MÚSICA PROFESSORA ORIENTADORA: VALÉRIA LÁZARO DE CARVALHO

ALUNO PESQUISADOR: FRANCISCO CANINDÉ DE MEDEIROS SENA

QUESTIONÁRIO DE INVESTIGAÇÃO – EQUIPE ADMINISTRATIVA E

PROFESSORES

1. O que você acha sobre o Curso Técnico em Instrumento Musical

(Curso TIM), oferecido pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino

Técnico e Emprego (PRONATEC), na cidade de Florânia / RN, no tocante a

profissionalização dos músicos de Banda Filarmônica da região Seridó norte-

rio-grandense?

2. Discorra sobre pontos positivos da realização do Curso TIM no

município de Florânia / RN?

3. E os pontos negativos?

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APÊNDICE C - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE MÚSICA

CURSO DE MESTRADO EM MÚSICA PROFESSORA ORIENTADORA: VALÉRIA LÁZARO DE CARVALHO

ALUNO PESQUISADOR: FRANCISCO CANINDÉ DE MEDEIROS SENA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

ESCLARECIMENTOS

Este é um convite para o (a) senhor (a) participar da pesquisa:

Educação Musical Técnica de Nível Médio no Rio Grande do Norte: um

estudo sobre ações de interiorização da EMUFRN em Florânia / RN, que

tem como pesquisador responsável o docente Francisco Canindé de

Medeiros Sena.

Esta Pesquisa pretende realizar um estudo sobre ações de

interiorização da Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte (EMUFRN), em Florânia / RN, no que concerne a Educação Musical

técnica de nível médio.

Caso venha a decidir a participar, este Termo busca deixar o (a) senhor

(a) ciente da possibilidade de fazer parte das gravações de áudio, de vídeo e

de imagens fotográficas. Além destes recursos, o (a) senhor (a) poderá ser

solicitado (a) a preencher questionários semiestruturados e estruturados para

a obtenção de algumas respostas necessárias para produção da Pesquisa

acadêmica.

Ademais, com este Termo, também fica esclarecido que, a qualquer

momento, lhe será assegurado o direito de se recusar a responder as

perguntas que lhe cause constrangimento de qualquer natureza.

Nenhum procedimento de coleta de informações apresentará riscos a

(o) senhor (a), sendo as informações coletadas, unicamente, utilizadas para a

realização desta Pesquisa acadêmica, mantendo ainda, sua discrição, caso

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ache necessário.

O resultado de sua contribuição será a elaboração de um trabalho

científico que visa à promoção do Programa Nacional de Acesso ao Ensino

Técnico e Emprego (PRONATEC) da EMUFRN, mais precisamente, do Curso

Técnico em Instrumento Musical (Curso TIM), na cidade de Florânia / RN.

Para tanto, tem-se como objetivo demonstrar, ao campo científico, a

relevância deste público tradicional, de Filarmônicas, do interior norte-rio-

grandense. Deste modo, busca-se estimular possíveis iniciativas de parceria

público-privada que possam surgir em favor destes Grupos, contribuindo

assim, de maneira mais ampla, para a valorização e reconhecimento destas

Instituições junto a órgãos governamentais nas esferas: municipal, estadual e

federal.

E, ainda em caso de algum problema que o (a) senhor (a) possa ter,

relacionado à Pesquisa, terá direito a assistência gratuita que será prestada

por mim, o idealizador, responsável pelas informações confiadas pelo senhor

(a). Durante todo o período da Pesquisa poderá tirar suas dúvidas ligando

para mim, Francisco Canindé de Medeiros Sena, nos telefones: (084) 9-9124-

7872 ou 9-9955-1446.

O (a) senhor (a) também tem total direito de se recusar a participar ou

retirar seu consentimento, em qualquer fase da Pesquisa, sem nenhum

prejuízo. Ainda, os dados que irá me fornecer, serão confidenciais e serão

divulgados apenas em congressos ou publicações científicas, não havendo

divulgação de nenhum dado que possa lhe identificar.

Esses dados serão guardados pelo pesquisador responsável por essa

pesquisa em local seguro e por um período de 5 anos. Se você tiver algum

gasto pela sua participação nesta Pesquisa, ele será assumido pelo

pesquisador e reembolsado para você.

Se o (a) senhor (a) sofrer algum dano comprovadamente decorrente

desta Pesquisa, será indenizado. Qualquer dúvida sobre a ética desta

Pesquisa, você deverá ligar para o Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), telefone: (84) 3215-

3135.

Este documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com o (a)

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senhor (a) e a outra, com o pesquisador responsável Francisco Canindé de

Medeiros Sena.

CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Após ter sido esclarecido sobre os objetivos, importância e o modo

como os dados serão coletados nesta Pesquisa, além de conhecer os riscos,

desconfortos e benefícios que ela trará para mim e ter ficado ciente de todos

os meus direitos, concordo em participar da Pesquisa: Educação Musical

Técnica de Nível Médio no Rio Grande do Norte: um estudo sobre ações

de interiorização da EMUFRN em Florânia / RN e autorizo a divulgação das

informações, por mim fornecidas, em congressos e/ou publicações científicas

desde que nenhum dado possa me identificar.

Natal, 10/01/2017.

________________________________________________

Assinatura do participante da pesquisa

DECLARAÇÃO DO PESQUISADOR RESPONSÁVEL

Como pesquisador responsável pelo estudo Educação Musical

Técnica de Nível Médio no Rio Grande do Norte: um estudo sobre ações

de interiorização da EMUFRN em Florânia / RN, declaro que, assumo a

inteira responsabilidade de cumprir, fielmente, os procedimentos

metodológicos e direitos que foram esclarecidos e assegurados ao participante

deste estudo assim como manter sigilo e confidencialidade sobre a identidade

do mesmo.

Impressão datiloscópica do

participante

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Declaro ainda estar ciente que, na inobservância do compromisso, ora

assumido, estarei infringindo as normas e diretrizes propostas pela Resolução

nº 466, de 12 de dezembro de 2012 (BRASIL, 2013)27, do Conselho Nacional

de Saúde (CNS), que regulamenta as pesquisas envolvendo o ser humano.

27

BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012. Diário Oficial da União [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, ano 150, n. 112, 13 jun. 2013. Seção 1, p. 59-62. Disponível em: <http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/ jsp/visualiza/index.jsp?data=13/06/2013 &jornal=1&pagina=59&totalArquivos=140>. Acesso em: 15 set. 2016.

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ANEXO A – Entrevistas, na íntegra, apresentadas neste Trabalho

ENTREVISTADO 3

1. O PRONATEC representa, em primeiro lugar, algo que eu queria pra [sic]

minha vida profissional, pois, desde que decidi ser músico, essa minha paixão, eu

queria me qualificar e o Curso veio na hora certa.

2. De 100% que sei hoje de Música, 80 aprendi no PRONATEC.

3. O PRONATEC, em Florânia, reflete o clima de tranquilidade dessa cidade,

também ajuda no fato de, a maioria dos professores, morarem perto dessa cidade, a

maioria são do interior, ou melhor, são de Cruzeta / RN e os outros poucos, da

capital Natal / RN, fica mais perto pra [sic] todos, e a maioria dos alunos moram

nessa região em cidades vizinhas ou perto de Florânia / RN, a exemplos de Jucurutu

/ RN e Tenente Laurentino Cruz / RN.

4. Um dos pontos negativos deste Curso ser aqui, em Florânia, talvez seja

não oferecer uma estrutura parecida com a oferecida na EMUFRN, em Natal / RN.

5. Com este Curso, posso, agora, ajudar melhor meu Maestro quando ele

precisa de mim com os alunos iniciantes, sempre que ele precisa estou tocando e

ensinando aos iniciantes da Filarmônica, agora tenho a sensação que posso ajudar

mais.

6. Ainda nenhuma oportunidade de trabalho, pois, a partir do momento que

entrei no Curso, não estou trabalhando; eu prefiro esperar concluir primeiro, pra [sic]

ver as oportunidades de emprego, acredito que serão muitas, que hoje o mercado

de trabalho pede formação, seja técnica ou superior.

7. Acredito que, após este Curso, eu tenha a oportunidade de trabalhar em

escolas públicas, através do programa Mais Educação, e outros programas do

governo federal, também em filarmônicas e bandas de forró, baile, da região.

8. Em relação à Linguagem, percebo que os professores ensinaram o que

puderam e, pra [sic] ser sincero, representou, pra [sic] mim, 80% hoje do que sei do

assunto.

9. Acho que devia ter estudado e me dedicado mais na disciplina pra [sic] ter

enfrentado melhor algumas das dificuldades que encontrei.

10. O que mais gostei na disciplina foi a parte histórica da coisa, saber como

tudo começou.

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11. Gostei de tudo na disciplina, principalmente, pelo esforço que vi dos

professores para que nós, os alunos, pudessem aprender os conteúdos trabalhados

da melhor forma possível.

12. Meu conhecimento em Música, após a disciplina, considero muito bom,

mas não o suficiente ainda, pois sei que, aprendemos mais, a cada dia de nossa

vida, mas, até o presente momento, tem sido muito proveitoso.

13. Acredito que aprendi nessa disciplina o que eu queria saber.

ENTREVISTADO 5

1. O Curso Técnico do PRONATEC pra [sic] mim foi à abertura da minha

mente para enxergar vários conhecimentos agora, tanto no meu instrumento tuba

como nos outros que toco também.

2. O PRONATEC me proporcionou um vasto conhecimento, algo que, nós

que moramos no interior, até hoje, não tínhamos, e só quem tinha era quem fosse

estudar, na EMUFRN, em Natal / RN.

3. Este Curso vai abrir empregos, aqui, para os que fizerem o Curso.

4. Não vejo pontos negativos neste Curso aqui.

5. Com o Curso, vamos poder, agora e depois, transmitir melhor os

conhecimentos aprendidos aos iniciantes, novatos da Filarmônica.

6. Ainda não tive oportunidade de trabalho por conta do Curso.

7. Acredito que terei o Mais Educação, depois que me formar, pois estarei

mais bem preparado que muitos que, hoje, trabalham neste Programa na minha

cidade.

8. Antes da disciplina de Linguagem, eu não tinha conhecimento de ditados

melódicos e rítmicos.

9. Não sei dizer agora.

10. Gostei da didática utilizada na disciplina, por parte dos professores que

nela lecionaram, pois todos os alunos conseguiram entender bem os conteúdos

trabalhados.

11. Não teve nada que eu não tenha gostado.

12. Após a disciplina, meus conhecimentos musicais aumentaram

consideravelmente.

13. Aprendi tudo que eu esperava.

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ENTREVISTADO 10

1. O PRONATEC é uma oportunidade incrível, pois possibilita uma melhor

mobilidade, uma vez que, Florânia / RN é perto de minha cidade, Jucurutu / RN, fica

melhor pra [sic] mim, pois não teria condições de ir a Natal / RN, a capital, fazer um

curso que seria caro, eu iria gastar muito dinheiro com hospedagem e, aqui, é

pertinho da minha cidade, uma oportunidade que a EMUFRN trouxe pra [sic] gente.

2. Basicamente, tudo que sei, a minha sonoridade, a técnica no meu

instrumento saxofone que era muito baixa.

3. O Curso foi uma oportunidade pra [sic] gente que é jovem, que ainda não

enxergávamos a Música como profissão, muita gente já desistiu da Música por não

enxergar isso como uma profissão, que possa um dia viver disso, e, com este Curso,

veio à esperança pra [sic] muita gente continuar, inclusive eu, que preciso ajudar

meus pais no sustento da casa.

4. Um ponto negativo é que aqui tem alunos que não se dedicam muito e são

os mesmos beneficiados pelo Curso, igualmente aos que estudam.

5. Este Curso foi muito importante, principalmente, pela questão da

sonoridade que tiro no meu saxofone, também a questão da técnica instrumental,

me sinto igualado aos outros colegas em questão de naipe.

6. Já tive muitas ofertas de trabalho depois do Curso, como por exemplos,

convites para tocar em bandas de forró, que, no interior tem muito, também em

bandas de carnaval, que precisam de músicos com especificações mais técnicas, e

apareceram muitas outras coisas pra [sic] mim.

7. Espero poder trabalhar em lugares que exijam pessoas com mais

qualificação técnica musical. Também quero ser professor de alguma instituição

privada ou em grandes bandas que exigem pessoas mais técnicas.

8. Em Linguagem... meus conhecimentos aprendidos foram muito bons

porque já tinha uma vivência na Música, mas, não sabia de muita coisa da parte

teórica musical, com esta disciplina, aprendi muita coisa, e, principalmente, aprendi

mais questões de nomenclaturas.

9. Não tive tanta dificuldade na parte de Linguagem, mas em relação ao

Curso como um todo, eu sempre fui muito focado e entusiasmado nas matérias,

então, Linguagem foi tranquilo.

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10. O que mais gostei nas aulas de Linguagem foi à estrutura das escalas,

isso foi muito importante pra [sic] mim, conhecer as escalas maior e menor, melódica

e harmônica, isso facilitou muito a minha vida, pois agora eu sei de todas essas

escalas.

11. Só não gostei na disciplina da falta de mais empenho de alguns alunos,

só isso.

12. Meu conhecimento de Música mudou totalmente. Agora, a questão de

saber o que eu estou fazendo é muito importante, porque eu fazia algumas coisas e

não sabia o que estava fazendo, com a disciplina, eu aprendi, agora sei o que faço,

agora tenho a visão técnica da coisa.

13. Acho que fiquei satisfeito com a matéria, creio que aprendi o que,

realmente, eu precisava, e até em um curto espaço de tempo, foram bons assuntos

apresentados.

ENTREVISTADO 11

1. O PRONATEC representa, pra [sic] mim, uma capacitação melhor, muito

importante, porque nós não tínhamos um acesso maior para um estudo melhor, de

nível melhor, como esse Técnico, e acho isso muito importante porque,

aperfeiçoamos mais e conhecemos mais sobre a Música, especialmente, aqui, no

RN.

2. Na verdade, este Curso trouxe quase todos os meus conhecimentos

musicais, até porque passei um período sem estudar Música, por falta de Maestro

na minha cidade, e então, o Curso me disponibilizou aulas de Música e pude

aprender praticamente do início, revi tudo que sabia e aprendi mais.

3. O Curso, em Florânia / RN, ficou perto da minha cidade, Jucurutu / RN, e

com professores capacitados, de alto nível, hoje já vejo que meu nível de Música

está muito bom, graças às aulas no Curso e aos métodos que utilizamos com o

professor, que nos disponibilizou esses materiais, muito importante, além de muitos

outros conhecimentos em geral, em todas as áreas da Música praticamente. Pois eu

não conhecia muito e eles nos disponibilizaram aqui.

4. O transporte pra [sic] vir até aqui é um problema pra [sic] mim, apesar de

ser perto, principalmente, se for pra [sic] fazer alguma aula, na EMUFRN, em Natal /

RN, que somos obrigados a ir. Às vezes, precisamos vir na madrugada de nossa

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cidade, ou vir no dia anterior e ficar na casa de algum amigo pra [sic] dormir e ir ao

outro dia à Natal / RN. Mas, em questão de estudos, não tenho que reclamar.

5. Esse Curso me capacitou melhor na leitura de partituras e na prática de

conjunto, entre várias outras coisas que não lembro agora.

6. Ainda não estou trabalhando na área da Música, porém, surgiu uma

oportunidade, mas por motivos superiores não pude participar, e isso aconteceu,

provavelmente, por eu ter o nível musical maior do que de algumas pessoas que já

trabalham, principalmente, por eu estar neste Curso Técnico agora.

7. Acredito que vou poder dar aulas depois, aqui, aprendemos isso na teoria e

na prática, também tocar em outras bandas baile, filarmônicas e em bandas

sinfônicas, a da EMUFRN, já que somos alunos, e várias outras oportunidades.

8. Eu não tinha bom conhecimento de Linguagem, só o básico, então,

considero que tive um bom conhecimento, com certeza, cresci muito nessa área.

9. Eu não tinha muito conhecimento de Linguagem, não foi difícil a matéria,

mas, eu tinha que conhecer, desde o princípio dos assuntos, porque não tinha o

conhecimento, a dificuldade foi essa, não que fosse difícil o assunto.

10. Na verdade, gostei, praticamente, de tudo, não lembro agora.

11. Eu tive algumas dificuldades para aprender, desde o início, mas gostei da

matéria.

12. Meu conhecimento musical cresceu e me avalio com capacidade para

repassar para outros alunos já, com certeza.

13. Creio que aprendi tudo que eu esperava.

ENTREVISTADO 12

1. O PRONATEC, pra [sic] mim, é uma oportunidade, uma grande

oportunidade, que antes não tinha, e os músicos da região precisavam se deslocar

até a capital, talvez até a outros estados pra [sic] poder ter esses conhecimentos

que é oferecido pra [sic] gente hoje.

2. O Curso me trouxe uma visão, um conhecimento mais embasado com

outras referências teóricas, não só aquele conhecimento, só empírico... a gente tem

um conhecimento mais acadêmico, também uma experiência de conhecer outros

músicos, professores que se destaca nesse meio acadêmico, a gente tem uma visão

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mais profissional do que é a Música, e não vemos a Música tanto como um hobby,

como antes. Hoje vemos a Música de uma forma mais profissional.

3. O Curso aqui, em Florânia / RN, abrange uma região que, antes era mais

difícil de oferecer esses conhecimentos de Música, e hoje, abrange um região até

esquecida, posso dizer, pela Música, porque por aqui é mais difícil, esses Maestros

e tudo... e hoje, o conhecimento abrange um monte de cidade da região, como um

Maestro dava aula em um monte de cidade, em uma mesma região, que é quase

como uma coisa rara pra [sic] gente aqui, penso eu.

4. Vejo como ponto negativo ser poucos dias de aula na semana, se fossem

mais ficaríamos mais inteirados, com uma formação mais completa.

5. O Curso potencializa a execução instrumental da gente, o entendimento da

Música, algumas coisas, como, por exemplo, apresentação solo ou coletiva com a

filarmônica, nos deixa mais no prumo, no padrão que deve ser o músico.

6. Depois que iniciei no Curso, já tive algumas propostas, só que para tocar

de uma maneira, dar palhinhas para o pessoal que já toca, como, por exemplo, o

músico Rodrigo Potiguar, e esse pessoal que começaram a me chamar, e com

pessoal que toca na noite.

7. Acho que o mercado é amplo, a gente tem uma visão que, se quiser

continuar, podemos atuar tanto na área prática, tocar, e também pensar em uma

carreira mais acadêmica, ser um professor, depende da gente, temos uma base,

uma plataforma, um empurrão pra [sic] continuar se quisermos o que antes a gente

não tinha. De certa forma, esse conhecimento, porque o Curso me possibilitou

pensar e acreditar que eu posso trabalhar tanto na área acadêmica como em uma

área profissional, se apresentar ao público, ou orientar, formar turma, formar alunos,

passar o conhecimento adiante, tudo isso.

8. Me avalio bom em Linguagem, a estruturação musical tirou uma venda de

meus olhos, porque, muitas coisas, eu pensava que não tinha explicação na Música,

e, a partir do conhecimento básico, a gente começa a associar com o que vem pela

frente e é como se fosse uma escada, o conhecimento, e foi essencial a base.

9. Encontrei algumas dificuldades referente a alguns assuntos de harmonia,

escalas e intervalos e muitas outras coisas, senti dificuldades, porque são muitas,

mas, com a didática aplicada em sala de aula, ficou melhor de que a gente tentar

aprender individualmente, antes, eu tinha tentado aprender, cheguei a baixar um

material, mas ficava decorando uma por uma e a didática do professor, me trouxe

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outras formas de enxergar aquilo, com macetes, didática melhor, no instante o cara

desenvolve.

10. Tive algumas dificuldades, mas eu estudava teoria, só que não lembro

bem agora, acho que foi na formação de escalas.

11. Gostei de coisa demais na disciplina, nem sei o que posso falar, gostava

de tudo, dos professores, dos alunos, até dos assuntos, o que passasse, eu estava

louco pra [sic] aprender, era um sonho este Curso, tentei entrar, umas 3 vezes, no

PRONATEC e não consegui... aí, quando consegui entrar neste Curso...

12. O tempo da disciplina é muito curto, devido a carga horária ser semanal,

uma vez por semana as aulas, em minha opinião, se fosse mais dias por semana

seria muito melhor.

13. Acho que tivemos um bom progresso, e vejo, o que antes, eu não via,

hoje trato a Música como antes nunca tinha pensado, não tinha a visão que tenho

hoje da Música.

ENTREVISTADO 16

1. O PRONATEC representa, pra [sic] mim, uma oportunidade de se

profissionalizar na área de Música.

2. O Curso trouxe vários benefícios para minha aprendizagem musical, por

exemplo, me ajudou mais no entendimento de harmonia, me ajudou a produzir

arranjos, esse tipo de coisa.

3. Com este Curso, aqui no interior, o pessoal do interior, que não tem

condições financeiras para ir estudar na EMUFRN, fica mais perto, agora, e facilitou,

agora, o pessoal da região, aqui, pode fazer.

4. Acho que muitos alunos pensam mais na bolsa financeira que recebem,

acham as coisas fáceis e, a maioria do pessoal, desiste do Curso, muitos mais

interessados no dinheiro de que mesmo na aprendizagem.

5. Com o Curso, aprendi coisas novas, bastante, que pude passar para outras

pessoas. Facilitou mais, melhorou minha participação em naipe.

6. Ainda não tive oportunidade de trabalho com o Curso.

7. Acho que, depois do Curso, poderei trabalhar com o Mais Educação, nas

escolas públicas, como monitor em filarmônicas, ensinar meu instrumento e ser

chefe de naipe, etc.

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8. Em Linguagem, meu aprendizado foi bom.

9. No início, tive algumas dificuldades com divisões rítmicas, mas, com 4

aulas, já estava tranquilo pra [sic] mim.

10. O que mais gostei foi como os professores abordaram os assuntos,

porque facilitou mais a comunicação com a gente, os alunos, e isso, tornou as aulas

mais interessantes e o aprendizado bem mais fácil.

11. Gostei de tudo, na disciplina, não vejo pontos negativos.

12. Acredito que aprendi o necessário na disciplina, para o que eu trabalho,

hoje em dia, nas Filarmônicas, está bom.

13. Não faltou nada que eu esperasse aprender na disciplina.

ENTREVISTADO 17

1. O Curso representa, pra [sic] mim, muito conhecimento na parte

instrumental e na parte de teoria também, porque oferece técnica do instrumento...

eu toco clarinete e, a parte da teoria, que eu não tinha muito conhecimento, adquiri

muito conhecimento através do Curso.

2. O Curso meu trouxe muito conhecimento, principalmente, porque toco

outros instrumentos harmônicos também, ganhei muito com isso, pois, ministro

algumas aulas particulares, de Música, na cidade, e isso foi de grande importância

para mim.

3. O Curso, sendo aqui, ajuda na questão de transporte, ter um Curso na sua

cidade facilita na locomoção e tudo mais.

4. Não vejo pontos negativos no Curso. Só vejo que, alguns professores, às

vezes, faltam por motivos particulares, mas eles mandam alguém pra [sic] não ficar

sem a aula.

5. Com o Curso, crescemos bastante nas filarmônicas, tivemos uma evolução

muito grande.

6. O Curso acresceu nas minhas aulas particulares, pois dou aulas

particulares de violão, e, aqui, sempre temos novos conhecimentos nas matérias

teóricas, harmonia, e isso acresceu ao meu conhecimento.

7. Pretendo continuar na área de ensino musical, a parte que mais gosto e

quero me dedicar.

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8. Na parte de Linguagem, eu já tinha alguns conhecimentos, então, isso me

facilitou na matéria, mesmo assim aprendi novos conteúdos.

9. Tive algumas dificuldades na parte harmônica da disciplina, alguns pontos

que ainda não tinha o conhecimento, mas com um pouco de estudo a gente sempre

consegue.

10. O que mais gostei na disciplina foi a parte de trabalho com escalas,

solfejos.

11. Não teve nada que não tenha gostado na disciplina, ou esse ponto

negativo, tudo foi bom.

12. A disciplina acresceu muito na questão da filarmônica e, pra [sic] minha

formação pessoal, acho que elevou meu nível.

13. Acho que foi passado muito conteúdo e até pra [sic] outras matérias que

vieram à frente, foi muito proveitosa.