UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · enxergar com os olhos do imaginário! ......

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA LITERATURA INFANTIL NA ESCOLA: A importância da leitura na formação do leitor. KARINA MAYANE RODRIGUÊS DE PAIVA MARTINS-RN 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA

LITERATURA INFANTIL NA ESCOLA: A importância da leitura na formação do leitor.

KARINA MAYANE RODRIGUÊS DE PAIVA

MARTINS-RN

2016

1

KARINA MAYANE RODRIGUÊS DE PAIVA

LITERATURA INFANTIL NA ESCOLA: A importância da leitura na formação do leitor.

Artigo Científico apresentado ao Curso de

Pedagogia, na modalidade a distância, do

Centro de Educação, da Universidade Federal

do Rio Grande do Norte, como requisito

parcial para obtenção do título de Licenciatura

em Pedagogia.

Profa. Ma. Maria das Dôres da Silva Timóteo

da Câmara.

MARTINS-RN

2016

2

LITERATURA INFANTIL NA ESCOLA: A importância da leitura na formação do leitor.

Por

KARINA MAYANE RODRIGUÊS DE PAIVA

Artigo Científico apresentado ao Curso de

Pedagogia, na modalidade a distância, do

Centro de Educação, da Universidade Federal

do Rio Grande do Norte, como requisito

parcial para obtenção do título de Licenciatura

em Pedagogia.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________

Ma. Maria das Dôres da Silva Timóteo da Câmara (Orientadora)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_____________________________________________________

Ma. Elza Maria Silva de Araújo Alves

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

______________________________________________________

Ma. Artemisa de Andrade e Santos

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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LITERATURA INFANTIL NA ESCOLA: A importância da leitura na formação do leitor

1Karina Mayane Rodriguês de Paiva

[email protected]

RESUMO

Entendendo que a leitura é algo transformador e fundamental na formação e na vida do ser

humano, o seguinte estudo foi elaborado com o intuito de mostrar a importância e o prazer

que ela pode proporcionar na formação do educando, principalmente quando apresentada

desde cedo a criança. O presente artigo também aborda a importância do contato da criança

desde cedo com os livros e o papel da escola na apresentação e incentivo à leitura literária

fazendo com que a criança crie o prazer pela leitura, assim como, o papel que tem a família

nesse processo de incentivo. O presente estudo também teve como principais objetivos

apresentar os benefícios que a leitura e a literatura infantil podem trazer no processo de

desenvolvimento e aprendizagem das crianças, assim como maneiras e práticas de incentivo a

literatura infantil, através de pesquisa do tipo qualitativa e observações feitas numa creche

municipal. Para alcançar os objetivos propostos foram feitas diversas pesquisas com autores

estudiosos deste tema, tais como: Abramovich (1997), Mattar (2014) Gregorin (2009), entre

outros, assim como revistas e artigos que tratam do assunto estudado. Como conclusão da

pesquisa, foi elaborado tópicos para se viajar no mundo da leitura e da literatura, apresentando

caminhos para o incentivo e a formação de leitores que sintam prazer em ler.

Palavras-chave: Leitura, Literatura Infantil, Escola.

ABSTRACT

Understanding that reading is something transformative and fundamental in the formation and

life of human beings, the following study was designed in order to show the importance and

the pleasure it can bring to the education of the student, especially when presented early child.

This article also discusses the importance of the child's contact early with books and school

role in presenting and encouraging literary reading causing the child to create the joy of

reading, as well as the role that the family in this process incentive. This study also had as

main objectives to present the benefits that reading and children's literature can bring in

development and learning of children, as well as ways and practices to encourage children's

literature through qualitative type of research and observations made in municipal nursery. To

achieve the proposed objectives have been made various studies with scholars authors of this

theme, such as Abramovich (1997) Mattar (2014) Gregorin (2009), among others, as well as

magazines and articles dealing with the subject studied. As a conclusion of the research was

prepared topics to travel in the world of reading and literature, presenting ways for the

encouragement and training of readers who feel pleasure in reading.

Keywords: Reading, Children's Literature, School

1 Graduanda do Curso de Pedagogia EaD da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

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1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

1.1 Uma Viagem Muito Especial ao Mundo da Imaginação

O Livro

Eu sou o livro amigo

Que te ensina as verdades

As vezes fujo da vida

Fujo da realidade

Sou a trilha dos bons sonhos

Companheiro das magias

Quem me tem é sempre sábio

Seja menina ou rainha

Entre em mim bem ligeiro

Se encante em minhas linhas.

Dorinha Timóteo

CÂMARA, 2010

Sabemos que o incentivo à leitura deve vir primeiramente da família seguido da

escola, mas a realidade é que muitos pais leem pouco para seus filhos e nas escolas o

incentivo ainda acontece de maneira fragmentada. Segundo Yunes (1984, p. 53): Constata-se

no Brasil que o hábito de ler não representa uma tradição e, por isso, a motivação através de

técnicas especificas deve ser encarada como um campo de estudo e pesquisa de novas

modalidades que visem à aproximação do livro com o leitor. Sabemos o quanto temos um

país desenvolvido, mas ao mesmo tempo um país onde a leitura ocupa pouco espaço. É

pensando nessa questão que estamos buscando novas técnicas e métodos para mudar essa

situação e conseguir formar nas nossas crianças e adultos comportamentos leitores.

Como afirma Freire (1988, apud GADOTTI, 1996), “é grande a distância entre o que é

lido nas escolas e o mundo das experiências pessoais, o mundo em que todos vivem suas

vidas, com experiências personalíssimas”. Essa falta de aproximação da leitura com a

realidade da criança pode ser um dos grandes motivos por ainda existir, por parte delas, a falta

de prazer pela leitura e, consequentemente, uma educação insatisfatória.

Diante disso, podemos perceber o quanto a prática da leitura se torna importante para a

sociedade, pois é por meio dela que podemos adquirir conhecimentos, aprendizagens e formar

cidadãos críticos e aptos para atuar na sociedade. Por isso, se torna importante a reflexão do

incentivo à leitura na escola e também fora dela.

A literatura infantil quando apresentada de maneira prazerosa, proporciona muitos

benefícios para o desenvolvimento linguístico e pessoal da criança. “Por meio da leitura, a

criança desenvolve a criatividade, a imaginação e adquire cultura, conhecimentos e valores”,

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diz Márcia Tim (2016), professora de literatura do Colégio Augusto Laranja, de São Paulo

(SP). A criança aprende mais, passa a se comunicar melhor, melhora o vocabulário, conhece

novos lugares e tempos, sem sair de onde está, e sente novas emoções, sensações e

sentimentos.

É por meio dos contos literários que as crianças entram no mundo da imaginação,

ganham novos conhecimentos, aprendem novos valores, pois segundo nos afirma Abramovich

(1997, p. 17):

É ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções importantes, como a

tristeza, a raiva, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a

tranquilidade, e tantas outras mais, e viver profundamente tudo o que as narrativas

provocam em quem as ouve - com toda a amplitude, significância e verdade que

cada uma delas fez (ou não) brotar ... Pois a literatura proporciona: ouvir, sentir e

enxergar com os olhos do imaginário!

É por essas razões que se torna importante a prática e incentivo da leitura literária,

desde cedo nas escolas e também na família. A mesma pode trazer diversos benefícios para o

desenvolvimento pessoal e intelectual da criança como já foi mostrado, além disso, também

pode proporcionar diversas sensações e emoções que só uma boa leitura pode fazer.

O seguinte tema foi escolhido por se tratar de uma prática muito importante na nossa

sociedade e como uma forma de tentar ajudar pais e professores na busca do incentivo à

leitura literária tanto nas escolas como em casa, através de uma pesquisa do tipo qualitativa e

de caráter exploratório, baseada em observações feitas em uma creche no município de

Viçosa e fundamentada em autores que nos ajudam a entender a importância da leitura e o

papel que pais, alunos e escola têm nesse processo.

Assim, esta pesquisa tem como objetivo geral investigar a importância da leitura

literária para a criança desde os seus primeiros anos de vida até a pré-escola e como objetivos

específicos: Investigar os benefícios que a leitura literária pode trazer na formação de leitores

críticos e reflexivos; mostrar a importância da leitura literária dentro e fora dos espaços

escolares e mostrar a importância e o papel dos mediadores da leitura - pais, professores,

escola.

O presente artigo foi estruturado nos seguintes tópicos: Quem ler viaja a vários

mundos, vamos viajar? Este tópico aborda os significados da leitura e a importância que a

mesma apresenta na vida cotidiana do cidadão, assim como, sua importância para aquisição

do conhecimento de mundo e o quanto é importante que a criança seja apresentada a leitura

desde cedo; Conhecendo a magia da literatura infantil, neste tópico o leitor pode conhecer

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a magia da literatura infantil, suas contribuições e prazeres na vida da criança e de todo leitor;

Viajando ao Encontro da Literatura – Vamos Aterrissar rumo ao incentivo à leitura?

Este apresenta a importância do incentivo à leitura a criança, desde cedo, tanto pelos pais

como pelos professores. Por fim, temos o tópico Literatura na escola, onde é abordado a

importância que a literatura assume na escola e o papel da mesma no incentivo à leitura

literária e estratégias que permitam com que essa prática se torne algo prazeroso e cotidiano

na vida das crianças.

Este artigo contempla vários outros autores que nos ajudarão a entender os mistérios e

gostosuras da literatura infantil, fazendo com que o leitor se deleite nessa obra e viaje ao

mundo encantado da literatura, conhecendo suas fantasias, sua realidade, suas infinitas

possibilidades de leitura e formas de sentir prazer ao ler, além das várias formas de apresentá-

la e incentivá-la ao nosso futuro, que são as nossas crianças.

Assim, convido você a viajar nas asas da leitura.

Seja bem vindo!!!!!

Ei venha cá

Ei venha cá

A história vai começar!!!

2. ABORDAGEM TEÓRICO-METODOLÓGICA

Leitura

Asas que nos levam além...

Dorinha Timóteo

CÂMARA, 2016

Para nortear este trabalho, foram utilizados como principais embasamentos teóricos os

autores Abramovich (1997), que trata da importância da literatura infantil para a criança, o

seu desenvolvimento pela apreciação crítica da leitura, além da importância do ouvir histórias

desde cedo, tomar contato com poesias, contos de fadas, com as histórias e suas ilustrações,

além do papel da biblioteca; Mattar (2014) que também nos ressalta a importância da

literatura infantil na educação infantil e ensino fundamental e as contribuições que a mesma

pode trazer no desenvolvimento da criança, capaz de torná-la um leitor crítico e assíduo, e

Gregorin (2009) que nos mostra que pensar nas crianças e na sua relação com os livros de

literatura é pensar no futuro. A mesma ajudou na reflexão sobre como e por que trabalhar

literatura infantil na sala de aula, fornecendo subsídios teórico- práticos com o objetivo de

ampliar a formação do profissional da educação.

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Esta pesquisa é do tipo qualitativa, ou seja, de caráter exploratório e baseada em

observações. Segundo Bogdan (apud TRIVIÑOS, 1987, p. 128-30), a pesquisa do tipo

qualitativa apresenta as seguintes características: "1ª) A pesquisa qualitativa tem o ambiente

natural como fonte direta dos dados e o pesquisador como instrumento-chave. 2ª) A pesquisa

qualitativa é descritiva. 3ª). Os pesquisadores qualitativos estão preocupados com o processo

e não simplesmente com os resultados e o produto".

De acordo com as características apresentadas, a pesquisa foi baseada em observações

de campo das práticas de leitura na escola citada acima, ocorridas durante o 2º estágio

supervisionado, do 6º período do curso de Pedagogia pela UFRN – EaD, sob a autorização da

referida escola com termo em anexo. Além das observações, foram pesquisadas várias fontes

bibliográficas que tratam do tema em questão. A pesquisa se preocupou em não utilizar

somente fatos acontecidos no ambiente escolar, mas também fora dele, relacionando o que se

aprende na escola e nas leituras com a vida real da criança.

O trabalho também ampliou as possibilidades de compreensão do ambiente observado,

promovendo meios mais eficazes para a elaboração das conclusões e (in)conclusões. Por fim,

pode-se destacar o quanto este tipo de pesquisa pode contribuir na relação entre teoria e

prática, possibilitando também, uma melhor compreensão e interpretação da realidade

educacional e familiar, sem levar em consideração, não apenas, o produto e resultado obtido,

mas sim, todo o processo.

Um, dois, três

Era uma vez...

3 DESENVOLVIMENTO

3.1 Quem Lê Viaja a Vários Mundos. Vamos Viajar?!!

O livro é um lugar de papel e dentro dele existe sempre

uma paisagem. O leitor abre o livro, vai lendo, lendo e,

quando vê, já está mergulhando na paisagem. Pensando

bem, ler é como viajar para outro universo sem sair de

casa. Caminhando dentro do livro, o leitor vai conhecer

personagens e lugares, participar de aventuras,

desvendar segredos, ficar encantado, entrar em contato

com opiniões diferentes das suas, sentir medo, acreditar

em sonhos, chorar, dar gargalhadas, querer fugir e, às

vezes, até sentir vontade de dar um beijinho na princesa.

Tudo é mentira. Ao mesmo tempo, tudo é verdade, tanto

que após a viagem, que alguns chamam leitura, o leitor,

se tiver sorte, pode ficar compreendendo um pouco

melhor sua própria vida, as outras pessoas e as coisas do

mundo.

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Ricardo Azevedo, 2012.

Yunes (1995, p. 85), nos afirma que “o ato de 1er é um ato da sensibilidade e da

inteligência, de compreensão e de comunhão com o mundo; lendo, expandimos o estar no

mundo, alcançamos esferas do conhecimento antes não “experimentadas”. É isso que a

leitura nos faz, nos dá sensibilidade, nos dá o prazer de expandir e conhecer coisas

desconhecidas. Ler, é antes de tudo, poder viajar no mundo da imaginação, é poder conhecer

outros lugares sem mesmo sair do lugar. É conhecer coisas novas, gente nova. Ganhar novos

amigos, novos irmãos. É se emocionar, é sonhar...

Em Aurélio (1988, p.390) a Leitura é conceituada como, “1. Ato ou efeito de ler; 2.

Arte ou hábito de ler; 3.aquilo que se lê; 4. O que se lê, considerado em conjunto. 5. “Arte de

decifrar e fixar um texto de um autor, segundo determinado critério”.

A leitura é compreendida por muitos, apenas, como uma forma de decodificar

palavras, ou seja, ler o que se está escrito em determinado texto ou lugar. Conseguir

decodificar os símbolos, sinais e signos. Mas, como nos aponta Cosson (2014, p.37.):

[...] a leitura é, antes de qualquer coisa, um processo de decifração do texto, de

decodificação daquilo que o texto diz. Nos casos mais elaborados, ler é desvelar o

texto em sua estrutura, tal como se observa na proposta hoje comum nos manuais de

literatura de se analisar um texto poético a partir das camadas sonoras, lexical e

imagística com que é constituído. Ler é analisar o texto.

Diante da afirmação podemos perceber que o ato de ler não significa apenas

decodificar signos e palavras, mas em saber decodificar e interpretar o que se está lendo.

Assim, teremos um bom leitor quando o mesmo for capaz de conseguir decifrar, analisar e

compreender o que está escrito. Quando a leitura for capaz de manter uma relação entre

leitura e leitor. Ainda, de Acordo com Cosson (2014, p. 36).

[...] ler consiste em produzir sentidos por meio de um diálogo, um diálogo que

travamos com o passado enquanto experiência do outro, experiência que

compartilhamos e pela qual nos inserimos em determinada comunidade de leitores.

Entendida dessa forma, a leitura, é uma competência individual e social, um

processo de produção de sentidos que envolve quatro elementos: o leitor, o autor, o

texto e o contexto.

Um bom leitor consegue interpretar um texto, e não apenas decifrar as palavras

contidas nele. É possível entender o que o autor pretende mostrar com o texto, quais as suas

ideias principais, para que tipo de leitor aquele texto foi escrito e qual a ligação de tal texto

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com sua realidade. Britto (2006, p. 84) diz que “ler é uma ação intelectiva, através da qual os

sujeitos, em função de suas experiências, conhecimentos e valores prévios, processam

informação codificada em textos escritos”. Ele acredita que a leitura não é, apenas, um

acúmulo de informações e sim que “a leitura é um ato de posicionamento político do mundo”

(ibidem, p.84).

De acordo com Freire (1989, p. 9):

A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior, a leitura desta

não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se

prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura

crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto.

Diante do exposto podemos dizer que se torna imprescindível que a leitura seja

apresentada a criança desde muito cedo, de maneiras diversas, por meio de revistas, histórias,

bilhetes, televisão, ou seja, são muitos os meios e lugares no qual nos deparamos com a leitura

e a criança precisa ser incentivada, desde cedo, a vivenciar a leitura de maneira prazerosa.

Mas, antes de tudo, a leitura precisa estar associada com o mundo e a realidade que

cerca o leitor. Antes de tudo, a criança e qualquer outro leitor precisa ativar sua leitura de

mundo, precisa entender porque é preciso ler e porque a leitura é uma compreensão de

mundo.

O poeta Ricardo Azevedo descreve com clareza esse sentido amplo que tem a leitura,

no poema a seguir:

Aula de Leitura

A leitura é muito mais

do que decifrar palavra.

Quem quiser parar pra ver

Pode até se surpreender:

Vai ler nas folhas do chão,

se é outono ou se é verão;

nas ondas soltas do mar,

se é hora de navegar;

e no jeito da pessoa,

se trabalha ou se é à toa;

na cara do lutador,

quando está sentindo dor;

vai ler na casa de alguém,

o gosto que o dono te;

e no pelo do cachorro,

se é melhor gritar socorro;

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e na cinza da fumaça,

o tamanho da desgraça;

e no tom que sopra o vento,

se corre o barco ou vai lento;

e também na cor da fruta,

e no cheiro da comida,

e no ronco do motor,

e nos dentes do cavalo,

e na pele da pessoa,

e no brilho do sorriso,

vai ler nas nuvens do céu,

vai ler na palma da mão,

vai ler até nas estrelas,

e no som do coração.

Uma arte que dá medo,

é a de ler um olhar,

pois os olhos têm segredos,

difíceis de decifrar.

(AZEVEDO apud PERISSÉ, 2005, p. 2-4)

Com isso, além de auxiliar na escrita, a leitura de um texto faz o leitor criar, recriar

outro texto, além de ser de fundamental importância para a construção de conhecimento de

mundo. “O domínio da Língua [...] é fundamental para a participação social e efetiva, pois é

por meio dela que o homem se comunica, tem acesso à informação, expressa e defende pontos

de vista, partilha ou constrói visões de mundo, produz conhecimentos”. (PCN, 1997, p. 15).

A leitura está presente em todas as práticas e lugares da nossa vida. Por onde passamos

encontramos algo para ler. Portanto, é uma prática essencial em nossas vidas. Lemos, por

exemplo, um jornal para nos informar, uma receita para fazer uma comida, um livro para nos

divertir, nos distrair. Por fim, lemos para sobreviver. “Ninguém nasce sabendo ler, aprende-se

a ler à medida que se vive. Se ler livros, geralmente, se aprende nos bancos da escola, outras

leituras se aprendem por aí, na chamada escola da vida [...]” (LAJOLO, 2005, p.07).

Com isso, podemos ver que a leitura está por toda parte, e mesmo que muitos ainda

não consigam decifrar as palavras, muitos leem apenas pelas imagens, na chamada leitura

oral. É o que acontece com as crianças quando estão iniciando o processo de leitura e com

pessoas analfabetas que por algum motivo não tiveram a oportunidade de se tornarem pessoas

alfabetizadas.

Mesmo que não aprendamos a ler na escola de forma mais convencional, aprendemos

a ler fora dela, na leitura de um cartaz contendo apenas imagens fáceis de decifrar, ou quando

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aprendemos a conhecer e ler objetos e embalagens pelo simples fato de termos o hábito de

usá-los todos os dias.

A leitura é sem dúvida um dos meios mais importantes para a construção de novas

aprendizagens. Ela nos permite ampliar e adquirir novos conhecimentos. É através da leitura

que podemos enriquecer nosso vocabulário, melhorar nossa comunicação, obter

conhecimento, conhecer coisas novas, viajar para outros lugares, estimular o nosso raciocínio

e nossa interpretação. Por isso, se torna importante incentivar nossas crianças a ler desde

cedo, pois segundo Grossi (2008, pág. 03)

Pessoas que não são leitoras têm a vida restrita à comunicação oral e, dificilmente,

ampliam seus horizontes, por ter contato apenas com ideias próximas das suas, nas

conversas com amigos. [...] „é nos livros que temos a chance de entrar em contato

com o desconhecido‟, conhecer outras épocas e outros lugares – e, com eles, abrir a

cabeça. Por isso, incentivar a formação de leitores é, não apenas fundamental, no

mundo globalizado em que vivemos. É trabalhar pela sustentabilidade do planeta, ao

garantir a convivência pacífica entre todos e o respeito à diversidade.

Quanto mais cedo a criança tiver acesso à leitura, maiores serão as contribuições que a

mesma trará para sua vida futura, tornando-se um leitor crítico e reflexivo. A criança que ler

desde cedo, terá mais chances de aprimorar sua escrita, além de saber distinguir boas leituras

das más leituras. Para alguém se interessar por livros na vida adulta, é fundamental que a

palavra escrita esteja ao seu alcance desde cedo. Ou seja: estimular a leitura dentro do

berçário, com bebês que ainda nem aprenderam a falar, pode ser o caminho mais curto para a

formação de um futuro leitor. „Manuseando um livro, eles são capazes de identificar a

existência da grafia e passam a estabelecer uma relação direta com a linguagem escrita‟.

(PRIOLLI; SALLES, 2008, p. 10-12).

É evidente a importância de a criança ser apresentada aos livros desde cedo, para que a

mesma possa ir tomando intimidade, gosto e prazer pela leitura. O interesse pode começar

desde o berçário quando a criança vê a pessoa de referência manipulando um livro. Por fim,

fica claro que a leitura é um ótimo instrumento de aprendizagem, se não o melhor. E que,

quando feita de maneira adequada, pode estimular o hábito e o prazer da criança pela leitura.

Entrou pela perna de pinto

saiu pela perna de pato

Quem souber que conte quatro...

3.2 Conhecendo a Magia da Literatura Infantil

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Se ele senta na rede da varanda,

encolhe as pernas, balança um pouco

e espia pra dentro...

Está enfrentando as ondas do mar agitado, em

um veleiro que sobe e desce vencendo a

tempestade, chegando a ilhas desertas ou lutando

contra piratas em abordagens perigosíssimas e

cheias de emoção.

MACHADO, 2008.

A literatura Infantil “... por seu caráter lúdico-mágico é o caminho natural, a chave

mágica que abre a porta de entrada principal que dá acesso ao mundo da leitura e a tudo o que

ela pode nos proporcionar.” (FRANTZ, 1997, p.8). O prazer, o fantástico e o mágico, essas

são umas das sensações que a literatura infantil pode proporcionar.

Falar em literatura infantil também implica em falar do imaginário, pois é através da

literatura que podemos estimular a imaginação da criança. O trecho de Ana Maria Machado

(2008), retirado da obra “O menino que espiava para dentro” nos faz perceber como a

personagem é dotada de imaginação. E é isso que a leitura literária tende a proporcionar à

criança: a capacidade de imaginar, de criar novos mundos, novos seres, viajar para longe e

descobrir coisas novas.

Literatura também é arte, é informação, ludicidade, é questionamento, fantasia, é o

livro, a história onde podemos encontrar respostas para diversas dúvidas e anseios da vida.

Reforçamos esse pensamento com a fala de Coelho (2000 apud Gregorin Filho, 2009, p.9)

quando diz que:

A literatura infantil é, antes de tudo, literatura; ou melhor, é arte: fenômeno de

criatividade que representa o mundo, o homem, a vida, através da palavra. Funde

sonhos e a vida prática, o imaginário e o real, as ideias e sua possível/impossível

realização.

Podemos afirmar, a partir das palavras de Nelly Novais Coelho, que a literatura é

muito mais do que uma simples leitura. Não é qualquer leitura. É através do texto literário que

podemos transmitir para nossas crianças, nossos futuros leitores, a magia e o encanto que a

leitura tem. É na leitura literária que podemos viajar através das palavras, sonhar, imaginar,

conhecer o mundo real e o imaginário.

A literatura infantil entre tantos outras, são os textos escritos, poemas, histórias

narradas e escritas, que além de garantir a formação das crianças como futuras leitoras,

também seduzem e as cativam. Segundo Oliveira (2008, p. 117): literatura são textos que

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tratam de sentimentos, ideias sempre presentes no ser humano, que se manifestam em

comportamentos, institivamente, como ciúme, inveja, medo, busca de identidade, entre outros.

Cada leitura proporciona um encontro do leitor consigo mesmo, fazendo com que todos se

reconheçam neles. Assim, é por esses motivos que temos que fazer do livro um amigo das

crianças, incentivando-as e estimulando o hábito e o gosto pela leitura e apresentando-as cada

vez mais o universo das histórias literárias, pois assim, conseguiremos uma formação

contínua de novos leitores.

A literatura também é um texto que tem a capacidade de ir ao encontro com o seu

leitor, satisfazendo muitas vezes suas necessidades ao facilitar a compreensão do real,

abordando muitas vezes situações semelhantes com a vida de quem ler. Passam-se os tempos,

mudam-se os leitores, mas a fantasia da literatura permanece.

Azevedo (2004, p.3), em seu texto “Formação de leitura e razões para a literatura” fala

da literatura como a arte feita com palavras e descreve algumas de suas características:

1.Falar em literatura significa remeter obrigatoriamente à ficção e ao discurso

poético. 2. O texto literário por definição, pode e deve ser subjetivo; pode inventar

palavras; pode transgredir as normas oficiais da Língua; pode criar ritmos

inesperados e explorar sonoridades entre palavras; pode brincar com trocadilhos e

duplos sentidos; pode recorrer a metáforas, metonímias, sinédoques e ironias; pode

ser simbólico; pode ser, propositalmente, ambíguo e até mesmo obscuro. Tal tipo de

discurso tende à plurissignificação, à conotação, almeja que diferentes leitores

possam chegar a diferentes interpretações. É possível dizer que quanto mais leituras

um texto literário suscitar, maior será sua qualidade. 3. Através da ficção,

penetramos no patamar da subjetividade (a visão de mundo pessoal e singular), da

analogia, da intuição, do imaginário e da fantasia.

Como nos afirma Azevedo, o texto literário nos dá a capacidade de fazer diversas

interpretações, faz-nos formar opiniões próprias, diferente de muitos textos informativos que

fazem com que os leitores apresentem sempre uma mesma ideia e opinião de determinado

texto ou assunto. É por isso que a leitura literária nunca perde a sua magia e o encanto de ser

lida várias vezes. Ele também nos traz a ficção como uma forma de poder imaginar e

fantasiar.

Além disso, o texto literário pode ser uma forma de pensar sobre a vida e o mundo. E

ao nos proporcionar essa análise, a mesma pode fazer com que façamos relações entre as

histórias e o nosso cotidiano. Yunes e Pondé (1989, p.44) ao falarem sobre o texto literário

afirmam que ao envolver os problemas cotidianos que fazem parte da vida das crianças, a

literatura assume-se como texto artístico. Não há só a fantasia, e sim realismo quebrando

tabus e preconceitos presentes nas histórias infantis.

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Isso nos mostra o quanto a literatura já evoluiu, pois durante muito tempo na história

da literatura infantil a criança não tinha vez e era considerada como um ser igual ao adulto,

logo a literatura:

Tinha por objetivo conservar os valores sociais, religiosos, familiares estabelecidos.

Valorizava-se a submissão à autoridade, à disciplina, à ordem, à higiene, a

obediência absoluta à autoridade política, religiosa e familiar; os preconceitos em

relação à pobreza, às etnias (negra, indígena), a valorização do ter em detrimento do

ser, a discriminação do diferente e do individualismo. A criança não tinha direito de

opinar. Devia obedecer ao adulto e cultivar todas as virtudes possíveis. (OLIVEIRA,

2008, p.121)

Felizmente, pode-se perceber que há muito tempo esse conceito de criança como um

adulto em miniatura, mudou. E, consequentemente, logo foram mudando também as formas e

concepções de como transmitir conhecimentos a essas crianças. A literatura, por exemplo,

tomou um novo rumo e novas formas de se apresentar. A nova literatura estava de acordo com

a nova concepção de criança como um ser livre, com direitos básicos e sujeito de sua própria

aprendizagem e capaz de aprender com os textos. É o que nos mostra Oliveira (2008, p.122)

quando cita:

Também a literatura infantil passa por transformações. Literatura que privilegiasse o

imaginário do leitor, uma linguagem clara e poética. Uma literatura questionadora,

rompendo com jogo do poder absoluto, com o preconceito, com o individualismo,

com o tabu, deixando para trás valores ultrapassados, respeitando as etnias,

valorizando as diferenças, a solidariedade, a partilha, o altruísmo, o ser e o ter, a

essência e não a aparência, dialogando com o mundo que a cerca e interagindo com

o processo educacional do leitor.

Percebeu-se, com isso a importância da literatura no desenvolvimento do leitor. A

literatura infantil já não era mais apenas um texto informativo ou que falasse apenas dos

interesses das classes mais altas, ou ainda não era mais apenas um texto que falava somente

sobre coisas perfeitas, sobre lendas folclóricas ou sob como devia ser os costumes de uma

determinada classe. Ela agora mantinha o interesse da criança.

A literatura voltada para o adulto e, principalmente, para a criança agora é considerada

não apenas como uma forma de entretenimento, mas sim como uma forma muito rica de

proporcionar emoções e estimular a inteligência e o imaginário. O teor da literatura mudou.

Passa a falar de situações que condizem com a vida real da criança e não apenas com coisas

imaginarias e inventadas. Ela passou a abordar vários assuntos e problemas que podem ser

encontrados na vida da criança, tais como: violência, preconceito, classes sociais, felicidade,

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pois todas as histórias mesmo que comecem de forma ruim, que apresentem problemas

familiares e sociais, sempre mostram uma solução ou um final feliz.

Tanto a literatura para crianças como para adulto, apresentam hoje o contexto social,

político, econômico e cultural em que os mesmos estão inseridos, assim a leitura é uma

maneira de representação do real, segundo Yunes e Pondé (1989, p. 41). E nela a criança ou o

adulto pode fazer comparações e tomarem tais textos como pontos de referência para

determinadas situações.

Falar em literatura também implica falar no autor que escreve para a criança, pois

embora os textos sejam voltados para a criança, por trás disso temos um adulto que escreve

para ela, a partir de suas vivências e experiências. Conforme nos afirma Costa (2007, p. 96):

É a literatura infantil, que reflete, como toda literatura, a história, a ideologia, os

costumes, as atitudes, as crenças, o inconsciente coletivo e as cosmovisões da

cultura de um povo. A literatura infantil se distingue das demais produções culturais

pela assimetria: é produzida por adultos para destinatários crianças. Muitas vezes,

essa assimetria produz alguns equívocos: escritores constroem uma sociedade e um

mundo que estão distantes demais da ótica da criança atual; ou tratam crianças

leitoras como adultos porque desconhecem as aspirações e a visão de mundo

infantil. Em qualquer um desses casos, a produção literária tende a desencontrar-se

de seu leitor.

A literatura precisa de autores, escritores que tenham esse cuidado em escrever para a

criança de hoje. Um ser criativo, pensante e participante da sociedade. Um ser que tem um

apetite pelo belo e pelo imaginário, que adora encontrar situações parecidas com sua vida nos

livros e também aquelas em que não pode encontrar na vida real. É preciso um encontro de

visões, um satisfazer o apetite das crianças, que haja interação entre autor e leitor, entre texto

e leitor, para que assim não haja o desencontro e, consequentemente, o desinteresse da criança

pela leitura.

A literatura oportuniza a criança a pensar e a sentir diversos sentimentos ao mesmo

tempo. Um conto de fadas ou uma fábula, por exemplo, podem despertar diversos sentimentos

em uma criança, até mesmo em um adulto. Neles, o leitor se depara com mundos distantes e

encantados, cheios de mistérios e aventuras incríveis que podem despertar a imaginação e a

felicidade de quem ler ou ouve. Também podem despertar o pensamento questionador e

crítico ao ouvir ou ler fábulas que transmitem ensinamentos e nos fazem pensar sobre muitas

de nossas atitudes no dia a dia. Com elas as crianças podem desenvolver sentimentos como o

perdão e ajuda ao próximo.

16

A história literária nos permite saber se a criança gostou ou não, se ela concordou ou

não com o que foi transmitido, com as atitudes dos personagens. Ao ouvir uma história, a

criança começa a pensar sobre a mesma, a questionar, a duvidar. A literatura é capaz de fazer

com que a criança desenvolva uma opinião sobre o que leu ou ouviu. Essas leituras podem

transmitir sentimentos como raiva, felicidade, inveja, medo, superações. E é isso que rodeia o

mundo das crianças. Além disso, pode fortalecer também o conhecimento de mundo.

A literatura, quando apresentada de maneira prazerosa, pode muitas vezes até mudar o

jeito de pensar e agir de determinado leitor. Quando o leitor tem o prazer de se identificar com

o texto ou com a história ele passa a demonstrar sentimentos de alegria e confiança em si

mesmo. Ele se sente único e também pode aprender a respeitar a opinião dos outros.

Entrou pela perna de pato

Saiu pela perna de pinto

Quem souber que conte cinco...

3.3 Viajando ao Encontro da Literatura – Vamos Aterrissar rumo ao incentivo à leitura?!!!

A maior riqueza do homem

é a sua incompletude.

Nesse ponto sou abastado.

Palavras que me aceitam como sou - eu não aceito.

Não agüento ser apenas um sujeito que abre portas,

que puxa válvulas, que olha o relógio,

que compra pão às 6 horas da tarde,

que vai lá fora, que aponta lápis,

que vê a uva etc. etc.

Perdoai

Mas eu preciso ser Outros.

Eu penso renovar o homem usando borboletas.

Manoel de Barros, 2016

Mesmo a leitura e, consequentemente, a literatura sendo tão importantes no processo

de desenvolvimento e aprendizagem da criança, a realidade é que ainda existem em muitas de

nossas escolas a falta de interesse da leitura pelas nossas crianças. Um dos motivos que

contribuem para esse problema é a falta de interesse do próprio professor e da própria escola,

que por motivos de insatisfação com o modelo de educação e falta de materiais adequados

para o seu trabalho acabam também perdendo o interesse pela leitura e para o trabalho com

ela.

Essa afirmação pode ser constatada nas observações feitas no Centro Educacional

Infantil Eulina Pinto, da cidade Viçosa, onde as aulas de leitura não chamavam a atenção dos

17

alunos, pois a professora quase não lia com eles e não demonstrava a importância e o prazer

que a mesma poderia proporcionar as crianças. Tinham momentos certos na semana para aula

de leitura, onde a professora tinha como estratégia ler apenas para os alunos ouvirem, ou seja,

os mesmos não tinham contato com o livro, com suas imagens, o que acabava desviando a

atenção dos alunos. Além disso, a biblioteca é pouco estruturada com os livros muito altos,

fora do alcance das crianças e sem poucos instrumentos que pudessem auxiliar a professora

em suas leituras. Isso é o que acontece em muitas de nossas escolas. Outro fator que também

contribui para que esse fato aconteça está relacionado a falta de interesse dos pais quando não

estimulam a leitura em casa e não apresentam livros para seus filhos. Essas situações acabam

gerando o desinteresse nas próprias crianças que não se sentem estimuladas a ler.

Ninguém nasce gostando de leitura, nem, tampouco, é obrigado a gostar dela. Por isso,

a influência do adulto se torna importante nesse processo. É através de influências internas e

externas à escola e à família, que a criança pode aprender a ler e a gostar de ler. É o que nos

confirma Bamberger (1988, p. 92):

O desenvolvimento de interesses e hábitos permanentes de leitura é um processo

constante, que começa no lar, aperfeiçoa-se, sistematicamente, na escola e continua

pela vida afora, através das influências da atmosfera cultural geral e dos esforços

conscientes da educação e das escolas.

Os pais precisam estar cientes da importância que tem a leitura na formação de seus

filhos, como um meio cultural de adquirir novos conhecimentos e aprendizagens, além de

divertir a criança. Portanto, estimular e incentivar à leitura em casa se torna tarefa importante

dos pais, pois conforme nos afirma Foucabert (1997, p.11):

A leitura não é tarefa apenas da escola. É por isso também que a formação dos

professores deve incluir contato com os pais, com bibliotecas de bairro e de

empresa, com associações, de maneira a estabelecer intercâmbio entre as ações de

informação e formação.

Os pais precisam estar sempre trabalhando em conjunto com os professores na tarefa

de uma educação de qualidade para seus filhos. Por isso, não podem esperar que apenas a

escola cumpra com o papel de estimular e incentivar a leitura. A criança se espelha nas

pessoas de sua própria casa, logo o primeiro passo para que ela possa tomar conhecimento e

gosto pela literatura é sendo apresentada desde cedo pela família aos livros. É preciso que

haja um contato diário da criança com o livro e, principalmente, com a literatura. Que pais

comprem livros, que leiam para seus filhos e se interessem pelo que eles trazem da escola.

18

Os pais que demonstram prazer em ler, com certeza podem ir criando o gosto e o

hábito da leitura dos seus filhos, que consequentemente irá, progredindo, à medida que for

crescendo. Segundo Silva (1998, p.53): “Ou se adquire o hábito de leitura quando criança ou

fica decretado a morte do leitor.” Uma criança que não é apresentada desde cedo a leitura e

não é incentivada a ter prazer por ela na infância, poderá ter problemas para gostar de ler

futuramente.

A escola é um espaço fundamental no desenvolvimento de habilidades leitoras e no

incentivo à leitura. A escola é um espaço que oferece uma infinita possibilidade de leituras

cheias de aventuras, fantasias e aprendizagens. A escola é um espaço privilegiado para o

encontro entre leitor e livro. Coelho (2000, apud Barros, 2013, p. 20-21) nos afirma que:

[...] a escola é, hoje, o espaço privilegiado, em que deverão ser lançadas as bases

para a formação do indivíduo. E, nesse espaço, privilegiamos os estudos literários,

pois, de maneira mais abrangente do que quaisquer outros, eles estimulam o

exercício da mente; a percepção do real em suas múltiplas significações; a

consciência do eu em relação ao outro; a leitura do mundo em seus vários níveis e,

principalmente, dinamizam o estudo e conhecimento da língua, da expressão verbal

significativa e consciente - condição sine qua non para a plena realidade do ser.

A escola é um dos principais lugares que a criança frequenta, é um espaço que tem

como principais atividades a formação de alunos leitores, por isso deve ser um lugar de prazer

e de estimulo à leitura. Estimular a leitura através da leitura literária é um fator muito

importante para o desenvolvimento da criança, pois é através da literatura que a criança

começa a despertar e conhecer novos sentimentos, novas visões de mundo. É nela que a

criança começa a se desenvolver intelectualmente, desenvolve sua personalidade, sua

capacidade crítica, satisfazendo suas necessidades.

A literatura se torna assim, uma importante aliada da escola, possibilitando o

divertimento da criança ao conhecer mundos novos, estimulando a imaginação, o raciocínio e

à compreensão de mundo. O professor precisa estar sempre estimulando seus alunos a ler e a

gostar de ler. A leitura não pode ser apresentada como uma obrigação, mas sim como algo

prazeroso capaz de atender as necessidades do nosso dia a dia e aos nossos anseios e desejos.

Mesmo existindo dificuldades no seu trabalho como a falta de materiais adequados a

faixa etária e aos interesses sociais e intelectuais dos alunos, o professor não pode perder de

vista que a leitura é o melhor caminho para se formar cidadãos de bem, críticos e aptos a

participar de uma sociedade justa. O professor e a escola podem e devem trabalhar com a

leitura de acordo com suas possibilidades. Uma escola com professores comprometidos com

uma educação de qualidade pode oferecer diversos meios que possibilitem aprendizagens

19

significativas, sem perder, jamais, o gosto pela leitura, que é um meio inesgotável de

conhecimentos.

Mas, isso não significa que qualquer tipo de leitura ou qualquer forma de se fazer

leitura seja um incentivo adequado para a criança na escola. Segundo Geraldi (2001, p. 91):

Ainda existe em muitas escolas a artificialidade da leitura como uma forma certa de

ensinar a ler e a gostar de ler. Na escola não se escrevem textos, produzem-se

redações. E estas nada mais são do que a simulação do uso da língua escrita. Na

escola não se leem textos, fazem-se exercícios de interpretação e análise de textos. E

isso nada mais é do que simular leituras.

Muitas vezes essas leituras são escolhidas sem nenhum critério, sem levar em

consideração o tipo de aluno que temos e suas verdadeiras realidades e necessidades, o que

acaba muitas vezes sendo rejeitadas pelos alunos que veem na leitura uma obrigação e não

uma necessidade. Ruth Rocha (1983, p. 4) afirma que:

[...] a leitura não deveria ser encarada como uma obrigação escolar, nem deveria ser

selecionada, vamos dizer, na base do que ela tem de ensinamento, do que ela tem de

„mensagem‟. A leitura deveria ser posta na escola como educação artística, ela devia

ser posta na escola como uma atividade e não como uma lição, como uma aula,

como uma tarefa. O texto não devia ser usado, por exemplo, para a aula de

gramática, a não ser que fosse de uma maneira muito criativa, muito viva, muito

engraçada, muito interessante, porque se assim não for, faz com que a leitura fique

parecendo uma obrigação, fique parecendo uma tarefa e aquela velha frase de

Monteiro Lobato – „É capaz de vacinar a criança contra a leitura para sempre‟.

A leitura para que seja realmente significativa para a criança precisa estar de acordo

com a sua realidade e com suas necessidades. A leitura não pode estar presente somente na

aula de português. Ela é tarefa de todos que compõem a escola e deve ser estimulada em todos

os seus segmentos e disciplinas como uma forma muito rica de aprender e se divertir,

informar, entreter e fazer sentido na vida do leitor.

Entrou por uma porta. saiu pela outra

quem quiser que conte outra.

3.4 Literatura na Escola

Quando a poesia entrou em minha vida

Comecei a ver as nuvens coloridas

Tinham forma de bichos e coisas

As nuvens começaram a cantar e a dançar

E assim estão até hoje

Dorinha Timóteo

CÂMARA, 2016

20

A escola é um espaço muito importante para o trabalho com a literatura infantil. A

criança que, desde cedo, entra em contato com a literatura terá bastantes benefícios como a

compreensão de si e do mundo, além de aprender e se divertir ao mesmo tempo. Vai descobrir

mundos novos, verá o seu potencial de imaginação e criativo se ampliarem, além de adquirir

novos conhecimentos da sua cultura e do mundo.

É na relação de ludicidade e prazer entre a criança e a literatura que os leitores devem

ser formados. Cabe à escola trazer as mais diversas possibilidades de leitura para as crianças.

Proporcionar espaços prazerosos e aconchegantes que estimulem a criatividade e a

imaginação da criança na hora do conto.

Conforme nos afirma Abramovich (1997, p.17):

Ler histórias para crianças, sempre, sempre ... É poder sorrir, rir, gargalhar com as

situações vividas pelas personagens, com a ideia do conto ou com o jeito de escrever

dum autor e, então, poder ser um pouco cúmplice desse momento de humor, de

brincadeira, de divertimento ... É também suscitar o imaginário, é ter a curiosidade

respondida em relação a tantas perguntas, é encontrar outras ideias para solucionar

questões (como as personagens fizeram ...). É uma possibilidade de descobrir o

mundo imenso dos conflitos, dos impasses, das soluções que todos vivemos e

atravessamos - dum jeito ou de outro - através dos problemas que vão sendo

defrontados, enfrentados (ou não), resolvidos (ou não) pelas personagens de cada

história (cada uma a seu modo) ... E a cada vez ir se identificando com outra

personagem (cada qual no momento que corresponde àquele que está sendo vivido

pela criança) ... e, assim, esclarecer melhor as próprias dificuldades ou encontrar um

caminho para a resolução delas ...

A literatura infantil quando trabalhada em sala de aula de maneira criativa e prazerosa

pode trazer esses inúmeros comportamentos e sentimentos como afirma Abramovich. Pode

despertar a curiosidade e a imaginação da criança. Através de uma história bem contada as

crianças podem aprender experiências felizes e até relacioná-las com a realidade. Podem

identifica-se com os personagens e muitas vezes resolver conflitos do mundo real.

Uma história quando bem contada permite à criança opinar sobre os acontecimentos,

questionar, entender o que o autor quis dizer, tomar partido sobre a história sendo contra ou a

favor de determinado comportamento e personagem, permite que ela possa dialogar com o

colega a respeito dos fatos e se deleitar na magia que é transmitida pela história.

Para Oliveira (2008, p. 30-31) a responsabilidade do professor está em escolher textos

condizentes com o contexto de seus alunos e para que:

Possa promover a interação participativa deles com a obra; crie espaços

implementadores (não inibidores) das propriedades dessa leitura; provoque o

desenvolvimento da fantasia, da imaginação, do brincar; em síntese, crie o espaço da

interação participativa da criança com a história, permitindo o estabelecimento de

21

conexões de sentido com o que ela vive, bem como com a reelaboração de medos,

fantasias, ampliando a composição de juízos de valor e a exposição a julgamentos

diferentes, elaborados por diferentes leitores.

Esse é o papel do professor: Criar espaços para que a leitura se torne algo

aconchegante e para que se torne possível a interação entre os colegas e entre leitor-livro. Por

isso, se torna importante a escolha dos contos e histórias que se pretende trabalhar com os

alunos. Temos que ter um critério estabelecido, saber qual o tipo de público iremos atender

com determinada história, quais as suas possibilidades de aprendizagem e sua realidade, para

que assim a atividade de leitura possa fazer sentido para o aluno que ler, para que ele possa

fazer seus próprios julgamentos e estabelecer as relações existentes no texto e sua vida real.

A literatura se torna indispensável na escola, pois é através dela que a criança pode

compreender o que acontece ao seu redor. É ouvindo ou lendo histórias que a criança exercita

sua imaginação e começa a fazer parte do mundo letrado, ampliando seu vocabulário e

adquirindo novos conhecimentos. Mesmo com os alunos que ainda não sabem ler de maneira

convencional, é necessário que o professor crie momentos para que eles mesmos leiam e se

sintam capazes de fazer reflexões e críticas.

Zilberman (2003, p. 16), nos descreve como é importante a leitura literária em sala de

aula:

...a sala de aula é um espaço privilegiado para o desenvolvimento do gosto pela

leitura, assim como um campo importante para o intercâmbio da cultura literária,

não podendo ser ignorada, muito menos desmentida sua utilidade. Por isso, o

educador deve adotar uma postura criativa que estimule o desenvolvimento integral

da criança.

O professor deve levar em conta que momentos de leitura não podem ser

proporcionados apenas na biblioteca escolar. A sala de aula também atua como um importante

aliado da biblioteca, onde leituras e viagens incríveis podem acontecer. Cabe ao professor

proporcionar isso da melhor maneira possível para que o aluno se sinta atraído pela leitura e

para que não aconteça de a mesma ser vista apenas como uma imposição do professor ou uma

obrigação do ensino. Mas, isso não quer dizer que a escola e o professor priorizem a leitura só

na sala de aula ou só na biblioteca. Pelo contrário, a leitura deve ser estendida para vários

lugares para que o desejo pela leitura possa ir se consolidando.

Segundo Mattar (2014, p. 59):

O trabalho com a literatura na escola deve levar em conta os diferentes gêneros de

textos escritos para as crianças. As narrativas apresentam uma variedade de tipos

cuja construção específica deve ser do conhecimento do professor, para que as

22

propostas de atividades e de avaliações possam estar adequadas à concepção do

discurso literário escolhido.

O professor pode proporcionar diferentes tipos de leituras com os mais variados tipos

de gêneros literários, pois os mesmos são muitos. Deve levar em consideração o tipo de aluno

que ele tem, as suas concepções, sua realidade e, principalmente, conhecer como funciona

cada gênero para que possa fazer um trabalho significativo com as crianças.

As crianças leem com prazer quando os textos apresentam significados para elas,

quando os mesmos já são abordados de maneira atrativa e que tenham haver com sua vida,

seus gostos e suas dúvidas, ou até mesmo quando os textos apresentam curiosidades que elas

têm interesse em descobrir. Iniciar um texto abordando aspectos como o título, o autor, as

ilustrações, os conhecimentos prévios dos alunos, é uma ótima ferramenta para propiciar uma

boa leitura.

As leituras literárias podem acontecer de várias maneiras. O professor pode estimular

as leituras coletivas, individuais e as feitas por ele mesmo. “Ninguém resiste a uma história

bem contada ou mesmo a um texto informativo que seja estimulante e bem selecionado. Ao

ouvir textos lidos em voz alta, as crianças vão criando consciência dos aspectos da expressão

escrita e, ao mesmo tempo, menor relutância para se auto exprimirem.” (SILVA, 1992, p.98).

Quando um texto é bem apresentado e bem lido, a criança começa a tomar gosto pela leitura,

além de tomar posse de conhecimentos da escrita.

Ainda, com relação a importância do trabalho com a literatura na escola, Barros (2013,

p.24) nos afirma:

A leitura literária deve ser trabalhada na escola como uma janela para o mundo,

podendo assim ser recriada e reinventada pelos leitores. É muito importante que a

Literatura Infantil esteja inserida no contexto de ensino e aprendizagem, para que

seja despertado na criança tanto o hábito de leitura como o mundo mágico da

criatividade. [...] O convívio com o texto literário exerce um importante papel na

aprendizagem, pois revela ao leitor infantil a realidade, permitindo-lhe interpretar o

mundo através de suas emoções e sentimentos.

A leitura literária nos proporciona a oportunidade de recriarmos e reinventarmos os

textos lidos, questionando, duvidando, estranhando, confirmando e confrontando opiniões

sobre o texto. Ao lermos um texto literário é possível que coloquemos pontos e sentidos

diferentes dos originais. Por isso, a leitura exerce esse importante papel na aprendizagem da

criança, quando permite que ele reflita, que interprete o mundo e seja capaz de relacionar o

que leu com os fatos reais da vida.

23

A literatura infantil traz os fatos, os sentimentos e acontecimentos que vivenciamos

através de histórias imaginárias. Proporcionam histórias cheias de emoções e sentimentos

muito próximos de nossa realidade, o que acaba contribuindo para o processo de

aprendizagem da criança. Os contos de fadas são um ótimo exemplo de como a literatura pode

estar relacionada com a personalidade de muitos leitores e com a vida de cada um. É o que

nos afirma Bettelheim (2002, p. 5):

Os contos de fadas oportunizam o conhecimento dos seres humanos, de seus

problemas interiores e suas soluções. Referem-se aos problemas universais,

principalmente, os que preocupam às crianças. Os contos de fadas aplicam o modelo

psicanalítico da personalidade humana, transmitindo importantes mensagens à mente

consciente, pré-consciente e à inconsciente.

Os contos de fadas têm o poder de trazer histórias que acontecem na vida do ser

humano, principalmente, fatos que preocupam as crianças. Por isso pode ser uma ótima

estratégia para trabalhar com diversos conflitos existentes na sala de aula e na vida das

crianças.

Os contos de fadas mostram às crianças que o bem e o mal existem por toda parte,

fazem parte da história do ser humano, mas que o caminho do mal nunca prevalece sobre o

bem. Mostram que lutas podem ser travadas em nossa vida e que dificuldades podem surgir,

mas que se formos firmes e fortes lutando para superar os obstáculos a vitória sempre virá.

Mattar (2014, p. 43) nos diz que:

O conto de fadas não poderia ter seu impacto psicológico sobre a criança se não

fosse primeiro, antes de tudo, uma obra de arte. Os contos de fadas são ímpares, não

só como uma forma de literatura, mas como “obra de arte” integralmente

compreensíveis para a criança, como nenhuma outra forma de arte o é.

Sem dúvida, os contos de fadas, por serem obras de arte, proporcionam aos leitores

uma viagem com inspiração e significado que atravessa o tempo e o espaço. Traduzem,

também, uma das melhores maneiras de trabalhar os valores e sentimentos com as crianças.

Através dos contos de fadas, as crianças se reconhecem diante de si mesmas, do outro e do

mundo. Nos contos de fadas as crianças têm a certeza de que os problemas existem, mas que

podem ser resolvidos.

A literatura é um leque de emoções, fantasias, ficção e realidade. Portanto, fica

evidente o quanto a literatura pode permitir uma infinita possibilidade de aprendizagens e

conhecimentos. O quanto pode trazer de benefícios para a criança quando essa é trabalhada de

maneira atraente e condizente com as necessidades dela. Assim como, fica evidente o

24

importante trabalho da escola na formação de alunos leitores críticos, pensantes e atuantes na

construção de sua personalidade e seu conhecimento.

Trim, trim, trim,

a história chegou ao fim...

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Cantiga de Passarinho

Cantiga de passarinho É

cantiga bem ligeira Ele canta e sai

voando Naquela paz masseira

Passarinho fica comigo Que‟u te

canto a tarde inteira

Dorinha Timóteo

CÂMARA, 2016

Durante essa caminhada no mundo maravilhoso da leitura literária, apresentamos

diversas concepções de leitura e literatura e a importância das mesmas na formação de nossas

crianças, enquanto seres pensantes e atuantes na sociedade. Foi abordada a importância do

incentivo à leitura nos mais diversos segmentos, tanto na escola como na família.

Constatamos que mesmo a escola tendo sido constituída como o espaço socialmente

privilegiado para a propagação e formação de vários tipos de leitores, ainda podemos ver que

a leitura não se propagou como uma prática cotidiana e prazerosa por todos os alunos nas

escolas de nosso país. Em observações feitas no Centro de Educação Infantil Eulina Pinto,

Viçosa – RN, foi constatado que a prática da leitura literária ainda não é feita de maneira

constante e atrativa para os alunos, os professores leem sem nenhuma intenção e os pais

também não demonstram interesse pela leitura de seus filhos.

Observamos que para formar os leitores precisamos primeiro gostar, ter paixão pela

leitura, pois esta está pautada no desejo e no prazer de pisar terras novas. Um professor ou um

pai que demonstra interesse e prazer ao ler um livro, com certeza, será um bom exemplo para

que seu filho ou aluno aprenda a gostar também. Um professor ou um pai que não incentiva a

leitura como algo prazeroso e cheio de aprendizagem, com certeza, não conseguirá formar

grandes leitores e, consequentemente, não conseguirá apresentar a leitura como algo

fantástico.

25

Concluímos que a escola deve ser importante como incentivadora da leitura e de

promoção do conhecimento das mais diversas obras literárias disponíveis para um trabalho

capaz de transformar o mundo. Conhecemos a literatura e o quanto se torna importante o

trabalho dela na escola, pois a mesma possui uma grande importância na vida pessoal e

acadêmica da criança.

Também aprendemos que a literatura infantil é uma importante aliada na construção

de novos conhecimentos, pois possibilita o desenvolvimento das capacidades afetivas e

intelectuais e atua na construção da oralidade e no aprimoramento da leitura e escrita.

A pesquisa proporcionou conhecer mais de perto a importância do trabalho com a

literatura na escola, como também nos espaços fora dela, principalmente, com a família. Além

de conhecer a importância de trabalhar com os mais variados tipos de gêneros literários sob as

mais diversas formas que atraem a criança para o mundo encantado da leitura e proporciona o

prazer em ler, pois é através da leitura literária que a criança pode transforma-se em um ser

atuante na sociedade capaz de executar e compartilhar o conhecimento adquirido.

Trabalhar essa temática foi fascinante e enriquecedor, pois permitiu refletir sobre as

diferentes contribuições que a literatura pode trazer para a nossa vida e a vida das crianças.

Foi um grande estímulo para crescer profissionalmente atuando de maneia justa e feliz com as

crianças, além da influência para que o trabalho com a literatura se estenda, pois, pretendo

aprofundar meus conhecimentos sobre as mais diversas possibilidades do trabalho com a

literatura infantil na escola.

Esta pesquisa nos deu a possibilidade de caminharmos no mundo da leitura literária

em busca de responder indagações que nos acompanharam durante nossa caminhada no Curso

de Pedagogia, encontramos as respostas, no entanto sabemos que, ainda, existem muitas

indagações, pois como diz a poetisa Dorinha Timóteo: “Quanto mais o homem encontra, mais

compreende que tem muito a procurar.” Assim, fica claro o quanto é importante a pesquisa e

o querer saber sempre mais, e que nunca estaremos satisfeitos, pois o conhecimento não é

algo pronto e acabado, é algo inesgotável do qual teremos sempre o prazer de aprender.

E tric, tric

Moun count es finit

E tric trac

Moun cont és acabat.

26

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SILVA, E. T. Elementos de pedagogia da leitura. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

_______O ato de ler – fundamentos psicológicos para uma nova pedagogia de leitura. São

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TIM, M. Como ensinar a seu filho que ler é um prazer. Disponível em:

<http://educarparacrescer.abril.com.br/leitura/importancia-leitura-521213.shtml> Acesso em:

28, fev. 2016.

TRIVIÑOS, Augusto N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa

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YUNES, E. Pelo avesso: a leitura e o leitor. Letras, Curitiba, n.44, p.185-193. 1995. Editora

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<https://social.stoa.usp.br/articles/0037/3051/Leitura_e_leitorYUNES.pdf > Acesso em 01,

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1989.

ZILBERMAN, R. A literatura infantil na escola. 11. ed. São Paulo: Global, 2003.

28

ANEXO

Anexo A – Termo de Autorização do uso do nome da escola

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

29

Eu,_______________________________________________________________RG_______

__________________CPF________________________________

Vice-diretora da Escola Estadual _______________________________________ Diretora da

escola _____________ autorizo o uso do espaço físico da escola no estudo da pesquisadora

___________________________, graduanda do Curso de Pedagogia, como laboratório de

pesquisa. Afirmo ter sido devidamente informada e esclarecida, pela pesquisadora, sobre a

pesquisa e os procedimentos nela envolvidos, assim também, como autorizo o uso do nome da

escola na publicação do Artigo Científico.

Eu,_______________________________________________________________RG_______

__________________CPF________________________________

Vice-diretora da Escola ______________________________________ autorizo o uso do

espaço físico da escola no estudo da pesquisadora ___________________________,

graduanda do Curso de Pedagogia, como laboratório de pesquisa. Afirmo ter sido

devidamente informada e esclarecida, pela pesquisadora, sobre a pesquisa e os procedimentos

nela envolvidos, assim também, como autorizo o uso do nome da escola na publicação do

Artigo Científico.

Anexo B – Termo de Autorização do uso do nome dos atores da pesquisa

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

Secretaria de Educação à Distância - SEDIS

Eu,______________________________________________________________

RG_________________________CPF________________________________

Concordo em participar do estudo da pesquisadora ___________________________,

graduanda do Curso de Pedagogia, como sujeito-participante. Afirmo ter sido devidamente

informada e esclarecida pela pesquisadora, sobre a pesquisa e os procedimentos nela

envolvidos, assim também, como autorizo o uso dos meus depoimentos coletados durante a

pesquisa.

Eu,______________________________________________________________

RG_________________________CPF________________________________

30

Concordo em participar do estudo da pesquisadora ___________________________,

graduanda do Curso de Pedagogia, como sujeito-participante. Afirmo ter sido devidamente

informada e esclarecida pela pesquisadora, sobre a pesquisa e os procedimentos nela

envolvidos, assim também, como autorizo o uso dos meus depoimentos coletados durante a

pesquisa.