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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS ESTUDO DE COMPATIBILIDADE ENTRE ATORVASTATINA E EXCIPIENTES POR TÉCNICAS TÉRMICAS (TG, DSC) E FTIR UTILIZANDO CORRELAÇÃO DE PEARSON AUTOR DISCENTE: Edilamar Pereira da Silva ORIENTADOR: Prof. Dra. Ana Paula Barreto Gomes NATAL-RN 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

ESTUDO DE COMPATIBILIDADE ENTRE ATORVASTATINA E EXCIPIENTES POR

TÉCNICAS TÉRMICAS (TG, DSC) E FTIR UTILIZANDO CORRELAÇÃO DE PEARSON

AUTOR DISCENTE: Edilamar Pereira da Silva

ORIENTADOR: Prof. Dra. Ana Paula Barreto Gomes

NATAL-RN

2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

ESTUDO DE COMPATIBILIDADE ENTRE ATORVASTATINA E EXCIPIENTES POR

TÉCNICAS TÉRMICAS (TG, DSC) E FTIR UTILIZANDO CORRELAÇÃO DE PEARSON

Dissertação apresentada à Coordenação do Programa de

Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas, do Centro de

Ciências da Saúde, da Universidade Federal do Rio Grande

do Norte, como requisito para obtenção do título de Mestre

em Ciências Farmacêuticas.

AUTOR DISCENTE: Edilamar Pereira da Silva

ORIENTADOR: Prof. Dra. Ana Paula Barreto Gomes

NATAL-RN

2016

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde - CCS

Silva, Edilamar Pereira da.

Estudo de compatibilidade entre atorvastatina e excipientes

por técnicas térmicas (TG, DSC) e FTIR utilizando correlação de

pearson / Edilamar Pereira da Silva. - Natal, 2016.

76f.: il.

Orientadora: Ana Paula Barreto Gomes.

Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Ciências

Farmacêuticas. Centro de Ciências da Saúde. Universidade Federal

do Rio Grande do Norte.

1. Atorvastatina cálcica- Dissertação. 2. Estudo de pré

formulação - Dissertação. 3. DSC - Dissertação. 4. FT-IR -

Dissertação. I. Gomes, Ana Paula Barreto. II. Título.

RN/UF/BS-CCS CDU 615.22

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Aos meus pais Bento e Miriam

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AGRADECIMENTOS

A Deus pela vida, pelas bênçãos concedidas e por fazer realizar sempre o Seus planos em

minha vida;

Aos meus pais Bento e Miriam por todo o amor, compreensão e apoio constante, por serem os

grandes responsáveis por todas as vitórias; a minha família que é o meu maior tesouro;

A minha orientadora, professora Ana Paula Barreto Gomes, pela confiança a mim concedida,

por todo apoio, compreensão, orientação, por todas as vezes em que foi admiravelmente

humana ao educar e se fazer presente em todos os aspectos da minha formação humana e

acadêmica;

Aos professores do Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas, pelos

ensinamento e total dedicação aos alunos.

A toda família LCQMed pela acolhida, por todos os momentos de fé, de alegria, união, força e

amizade.

Aos amigos e companheiros Fátima, Nilma, Thereza Milene, Gilberto, Wydaiany, Maxciara,

Gessiane, muitíssimo obrigada por serem parceiros em todas as horas, por terem me

ensinado tantas coisas. Não caberia nessa dissertação. Amo vocês!

Aos professores, alunos e funcionários da Universidade Federal do Rio Grande do Norte que

contribuíram para esse trabalho;

Ao LDM/UFRN pelo uso dos equipamentos analisadores térmicos.

Ao Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêutica por todo o apoio concedido;

Enfim, a todos que contribuíram direta ou indiretamente na realização deste trabalho, o meu

MUITO OBRIGADA!

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“Ninguém é suficientemente perfeito, que não possa aprender com o outro e, ninguém é

totalmente destituído de valores que não possa ensinar algo ao seu irmão”

(São Francisco de Assis)

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SILVA, Edilamar Pereira da. Estudo de compatibilidade entre atorvastatina e excipientes por técnicas

térmicas (TG, DSC) e FTIR utilizando correlação de pearson. Dissertação de mestrado. Universidade Federal do

Rio grande do Norte. Natal, RN, 2016.

RESUMO

A atorvastatina é um medicamento antilipêmico do grupo das estatinas, de grande importância

para a prevenção de doenças cardiovasculares e normalmente usada como atorvastatina de

cálcio. O objetivo deste trabalho foi caracterizar a atorvastatina e estudar possíveis interações

desta com vários excipientes por DSC, TG e FT-IR. As curvas DSC foram obtidas usando o

calorímetro SHIMADZU, modelo DSC-60, em cadinho de alumínio sob razão de aquecimento de

20 ºC min-1, em uma temperatura de 25-400 ºC. As curvas foram analisadas usando o software

TASYS da SHIMADZU. Os espectros das amostras foram obtidos em um espectrofotômetro

ATR-FTIR modelo IRprestige-21 da Shimadzu, no comprimento de onda de 700 a 4000 cm-1 em

uma média de 20 varreduras. Avaliou-se a constância espectral da atorvastatina e misturas

binárias fazendo-se uma correlação linear entre o espectro teórico das amostras e o espectro

real obtido em temperatura ambiente (25 °C). O espectro teórico foi obtido utilizando um

algoritmo ad hoc. Por DSC avaliamos interações com manitol e laurilsulfato de sódio, já que

houve desaparecimento do pico do fármaco e aparecimento apenas do pico do excipiente,

caracterizando interação. A partir da avaliação da correlação de Pearson, não observamos

interações físicas com os excipientes, glicolato de amido, amido pré gelatinizado,

croscarmelose, estearato de magnésio e lactose, uma vez que o valor do r ficou entre 0,8 e 1,0,

portanto boa correlação. Há interações físicas com o laurilsulfato de sódio. Assim, os resultados

obtidos por DSC são confirmados por FTIR mostrando-se. Essas técnicas mostram-se

extremamente efetivas no estudo de pré-formulação.

Palavras-chave: Atorvastatina, Estudo de pré-formulação, DSC, FT-IR.

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SILVA, Edilamar Pereira da. Study of compatibility between atorvastatin and excipients by thermal techniques

(TG, DSC) and FTIR using pearson correlation. Masters dissertation. Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Natal, RN, 2016.

ABSTRACT

Atorvastatin is an antilipemic drug from the statins’ group that has a great importance to

prevent cardiovascular disease and it is usually used as atorvastatin calcium. The aim of this

study was to characterize the atorvastatin and studying possible interactions with different

excipients by DSC, TG and FTIR. DSC curves were obtained using a Shimadzu calorimeter,

model DSC-60, aluminum pan, under heating rate of 20 ºC min-1 at temperature of 25-400 ºC.

Consequently, curves were analyzed using TASYS software from Shimadzu. The spectra of

the samples were obtained on a spectrophotometer ATR-FTIR (IRPrestige- 21 Shimadzu),

between 700 and 4000 cm-1, on average of 20 scans. We evaluated the atorvastatin and

binary mixtures’ spectral steadiness by making a linear correlation between the theoretical

spectra and the real ones obtained at room temperature (25 °C). The theoretical spectra were

obtained using an ad hoc algorithm. We evaluated by DSC that there are chemical interactions

with mannitol and sodium lauryl sulfate because there was disappearance of the drug’s peak

and appearance only of the excipients’ peaks. With respect to the other excipients, there were

only displacements of peaks suggesting physical interactions, it means no incompatibility.

From the FTIR evaluation using Person’s correlation, it was not observed any physical

interaction between atorvastatin and the following excipients: starch glycolate, pregelatinized

starch, croscarmellose, magnesium stearate and lactose, since the value of r was between 0.8

and 1.0; in other words, it means a good correlation. Moreover, it was confirmed a physical

interaction with the sodium lauryl sulfate. Finally, the results obtained by DSC were confirmed

by FTIR data using the Person’s correlation, so both analytical techniques demonstrated to be

extremelly important and effective tools for applying in a preformulation study.

Keywords: Atorvastatin, preformulation study, DSC, FT-IR.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Estruturas químicas das estatinas naturais. A) Lovastatina, b)pravastatina e c)

sinvastatina, respectivamente .............................................................................................. 20

Figura 2 Estruturas químicas das estatinas sintéticas. a) Fluvastatina, b) atorvastatina e c)

rosuvastatina, respectivamente. .......................................................................................... 21

Figura 3 Representação da estrutura química da atorvastatina. ......................................... 22

Figura 4 Curvas DSC e TG/DTG da atorvastatina nas razões de aquecimento de 20ºC.min-

1 ........................................................................................................................................... 44

Figura 5 Curvas DSC da atorvastatina nas razões de aquecimento de 10, 20, 30, 40 e

50ºC/min. ............................................................................................................................. 45

Figura 6 Curvas DSC da atorvastatina (1) + excipientes: (2) laurilsulfato de sódio, (3)

croscamelose, (4) amido pré gelatinizado, (5) celulose microcristalina 101(MC 101), (6)

lactose, (7) manitol, (8) celulose microcristalina 102(MC 102) e (9) estearato de magnésio e

(10) glicolato amido de sódio. .............................................................................................. 49

Figura 7 Curvas calorimétricas do fármaco atorvastatina, celulose microcristalina C101 e

102 e misturas binárias na razão de aquecimento de 20 ºC/min. ........................................ 51

Figura 8 Curvas calorimétricas do fármaco atorvastatina, estearato de magnésio,

croscarmelose, estearato de magnésio e amido pré gelatinizado, misturas binárias na razão

de aquecimento de 20 ºC/min. ............................................................................................. 51

Figura 9 Curvas calorimétricas do fármaco atorvastatina, lactose e mistura binária na razão

de aquecimento de 20 ºC/min. ............................................................................................. 52

Figura 10 Curvas calorimétricas do fármaco atorvastatina, manitol, Lauril sulfato de sódio e

misturas binárias na razão de aquecimento de 20 ºC/min. .................................................. 53

Figura 11 FTIR em diferentes temperaturas: 25, 130, 150, 170, 190 e 250° C................... 55

Figura 12 Relação entre a correlação de Pearson e as diferentes temperaturas da

atorvastatina. ....................................................................................................................... 56

Figura 13 Comparações dos espectros teóricos e experimentais para as misturas: (A)

atorvastatina + celulose microcristalina 101, (B) atorvastatina + celulose microcristalina 102.

............................................................................................................................................. 57

Figura 14 Comparações dos espectros teóricos e experimentais para as misturas:

atorvastatina+glicolato de amido de sódio, atorvastatina+amido pré gelatinizado,

atorvastatina+croscarmelose, atorvastatina+estearato de magnésio. ................................. 58

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Figura 15 Comparações dos espectros teóricos e experimentais para a mistura:

atorvastatina+manitol. Está mostrada apenas a região do fingerprint. ................................ 59

Figura 16 Comparações dos espectros teóricos e experimentais para a mistura:

atorvastatina+laurilsulfato de sódio. Está mostrada apenas a região do fingerprint. ........... 60

Figura 17 Comparações dos espectros teóricos e experimentais para a mistura:

atorvastatina+lactose. Está mostrada apenas a região do fingerprint. ................................ 61

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LISTA DE TABELAS

TABELA I - Dados das curvas calorimétricas da atorvastatina nas razões de aquecimento

de 10, 20, 30, 40 e 50 °C/min .............................................................................................. 47

TABELA II - Dados das curvas calorimétricas das misturas binárias ATV+excipientes (1:1)

na razão de 20ºC/min. ......................................................................................................... 50

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

DTA Análise Térmica Diferencial

KBr Brometo de potássio

DSC Calorimetria Exploratória Diferencial

DRX Difração de raio X

∆H Entalpia

FTIR Fourier transform infrared spectroscopy

ºC Grau Celsius

HMGCoA Hidroximetilglutaril coenzima A

HDL High-density lipoprotein

IFA Insumo farmacêutico ativo

IV Infravermelho

ICTAC International Confederation for Thermal Analysis and Calorimetry

J/G Joule/grama

LCQMed Laboratório de Controle de Qualidade de Medicamentos

LDM Laboratório de Desenvolvimento de Medicamentos

LDL Low-density lipoprotein

MIR Mid Infra Red

MG Miligrama

MIN Minuto

pH Potencial hidrogeniônico

Tpico Temperatura do pico

Tonset Temperatura onset

TG Termogravimetria

UV Ultravioleta

VLDL Very low-density lipoprotein

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 15

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................................................... 18

2.1 Estatinas ..................................................................................................................... 18

2.2 Atorvastatina ............................................................................................................... 21

2.3 Estudo de pré-formulação ......................................................................................... 23

2.4 Excipientes farmacêuticos .......................................................................................... 27

2.5 Análise térmica ........................................................................................................... 29

2.5.1. Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) ........................................................ 30

2.5.2 Termogravimetria (TG) ......................................................................................... 31

2.6 Espectroscopia de absorção molecular na região do infravermelho por Transformada

de Fourier (FTIR) .............................................................................................................. 32

3 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 36

3.1 Objetivo Geral ............................................................................................................. 36

3.2 Objetivos Específicos ................................................................................................. 36

4 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................ 38

4.1 Amostras Utilizadas .................................................................................................... 38

4.2 Misturas Binárias ........................................................................................................ 39

4.3 Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) ............................................................... 39

4.4 Termogravimetria (TG) ............................................................................................... 39

4.5 Espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) ..................... 40

4.6 Correlação de Pearson ............................................................................................... 40

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 43

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5.1 Caracterização Térmica da Atorvastatina ................................................................... 43

5.2 Estudo de compatibilidade .......................................................................................... 48

5.3 Espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) ..................... 53

6 CONCLUSÕES ................................................................................................................ 63

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA ............................................................................... 64

APÊNDICE A – ARTIGO PUBLICADO ............................................................................... 76

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INTRODUÇÃO

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15

1 INTRODUÇÃO

A hiperlipidemia é a elevação da concentração de lipídeos no plasma devido a um

distúrbio na síntese e degradação de lipoproteínas plasmáticas. Os principais lipídeos de

relevância em hiperlipidemia são o colesterol e o triglicerídeo. O colesterol desempenha

papel fundamental na integridade da membrana celular e das funções fisiológicas do corpo,

incluindo a síntese do hormônio esteróide. Por outro lado, os elevados níveis de colesterol

estão associados com condições patológicas, como a aterosclerose, caracterizadas pela

deposição de colesterol na parede arterial (SATOLLO, 2011 apud ERTUK; ONAL; CETIN,

2003).

A atorvastatina é um medicamento antilipêmico do grupo das estatinas e é

normalmente usado como atorvastatina de cálcio. Sua ação, bem como de outras estatinas

está ligada a inibição da 3-hidroxi-3metil-glutaril-CoA (HMG-CoA) redutase exercendo um

efeito anti-aterosclerótico direto na parede arterial, além dos seus efeitos sobre os lipídeos

do plasma, que poderiam traduzir-se numa prevenção mais importante de doença

cardiovascular (STANCU C et al, 2012).

Estudo de pré-formulação consiste na caracterização das interações químicas e

físicas dos fármacos através de misturas binárias fármaco+excipiente. Este estudo pode

ser realizado utilizando as técnicas térmicas, em especial a Calorimetria Exploratória

Diferencial (DSC) e Termogravimetria (TG). Existem vários trabalhos utilizando o DSC no

estudo de interação fármaco-excipiente (FREIRE, 2009; OLIVEIRA et al, 2012; ROUMELI

et al, 2012; LILTORP et al., 2011; BANNACH et al, 2010; MOYANO et al, 2010; OLIVEIRA,

2010; SILVA, 2007; BARBOZA et al, 2009; KENAWI et al, 2005; OLIVEIRA, 2004).

No entanto, observa-se que existem situações nas quais a interação fármaco-

excipiente por DSC geram dúvidas. Alguns trabalhos têm mostrado o uso de dados de

infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) e utilização de algoritmo ad hoc para

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16

avaliar essas interações (PEREIRA,2011, LAVOR, 2012).

O FTIR pode ser aplicado no estudo de compatibilidade, estabilidade e análise de

pureza através da verificação do aparecimento, diminuição ou desaparecimento das

bandas espectrais, as quais estão diretamente relacionadas com os grupos funcionais

presentes no analito. Assim, estas possíveis alterações podem afetar a vibração de grupos

de segmentos moleculares do composto único, resultando no aparecimento de novas

bandas absorção, alargamento de bandas ou alteração na intensidade destas no espectro,

evidenciando a ocorrência de possíveis interações (PEREIRA, 2013).

É importante destacar que existem poucas informações nos compêndios oficiais e

farmacopeias, bem como em artigos científicos, com relação a atorvastatina e estudo de

compatibilidade deste fármaco com diferentes excipientes de uma formulação

farmacêutica. Desta forma, este estudo tem por objetivo caracterizar a atorvastatina por

DSC e FTIR avaliando possíveis interações atorvastatina + excipientes utilizando a

correlação de Pearson.

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17

REVISÃO DA LITERATURA

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18

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A arteriosclerose é a maior causa de doenças cardíacas e infarto do miocárdio e, por

sua vez, as doenças cardiovasculares tem sido a maior causa de óbitos no mundo

ocidental. No Brasil, representam uma expressiva taxa de morbidade e mortalidade – 32%

de todas as mortes no país em 2002 (NUNES apud ARAÚJO et al. 2007; LENNERNAS,

2003). Desta forma, as estatinas têm larga utilização por reduzirem efetivamente eventos

cardíacos.

Em estudo multicêntrico brasileiro com 81.262 indivíduos, 40% da amostra avaliada

apresentava níveis de colesterol superior a 200 mg/dl e 13 % níveis superiores a 240mg/dl.

No Brasil, o gasto do setor público com as estatinas, no ano 2009, foi de cerca de R$ 92

milhões, sendo que, deste valor, 96% representou o gasto somente com a atorvastatina

(ARAÚJO, 2011).

2.1 Estatinas

As estatinas são agentes hipolipemiantes que exercem efeito através da inibição da

HMG-CoA redutase, enzima fundamental na síntese do colesterol, levando a uma redução

do colesterol tecidual e um consequente aumento na expressão dos receptores de LDL

(FONSECA, 2005).

A ação principal desta classe de fármacos é a de reduzir os níveis de LDL colesterol

plasmáticas, e as estatinas atuam interferindo na biossíntese do colesterol por inibição

competitiva da hidróximetilglutaril coenzima A (HMGCoA) redutase que catalisa uma etapa

inicial e limitante na biossíntese do colesterol (conversão da HMGCoA em ácido

mevalônico) e aumentando o número de receptores hepáticos (principal apolipoproteína

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19

das lipoproteínas de baixa densidade (LDL), que é responsável por transportar o colesterol

para os tecidos (FONSECA, 2005).

Estatinas podem ser classificadas da seguinte forma: compostos naturais

(lovastatina e mevastatina) oriundos de isolados de fungos, semissintéticos (sinvastatina e

pravastatina) e totalmente sintéticos (fluvastatina, atorvastatina, cerivastatina e

rosuvastatina). Destas, as mais comumente encontradas nas formulações farmacêuticas

são a sinvastatina e a atorvastatina (TEJERINA, 2011).

Em geral, as estatinas existem em duas formas, lactona e hidroxiácida. In vivo, a

forma hidroxi ácida é a forma ativa da droga para reduzir o colesterol plasmático, enquanto

que a forma lactona é inativa (pró-droga). A forma lactona das estatinas pode ser absorvida

pelo trato gastrointestinal e hidrolisada para β hidroxiácida, forma ativa, no fígado e em

tecidos não hepáticos. Os componentes estruturais essenciais de todas as estatinas são

uma unidade de ácido dihidroxiheptanóico e um sistema de anéis com substituintes

diferentes. O grupo farmacofórico das estatinas é um componente modificado do ácido

hidroxiglutárico, que é estruturalmente semelhante ao substrato endógeno HMG CoA

redutase (PROCÓPIO, 2010).

No momento seis estatinas são empregadas clinicamente (Figura 1 e 2): lovastatina

(Mevacor) ®, pravastatina (Pravachol) ®, sinvastatina (Zocor) ®, derivado semissintético, e

fluvastatina (Lescol) ®, primeiro agente totalmente sintético, derivado de mevalonolactona

produzido na forma racêmica (WERMUTH, 1996). A nova geração de estatinas sintéticas,

enantiomericamente puras, é representada por atorvastatina (Lipitor) ® e rosuvastatina

(Crestor) ®.

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20

Figura 1 Estruturas químicas das estatinas naturais. A) Lovastatina, b)pravastatina e c) sinvastatina,

respectivamente

.

Fonte: Autor.

a

b c

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21

Figura 2 Estruturas químicas das estatinas sintéticas. a) Fluvastatina, b) atorvastatina e c)

rosuvastatina, respectivamente.

Fonte: autor.

As estatinas possuem um mecanismo de ação semelhante, embora possuam

diferenças no seu potencial de redução do colesterol plasmático, sua solubilidade e

metabolismo (DANSETTE, 2000).

2.2 Atorvastatina

Atorvastatina de cálcio apresenta a seguinte fórmula química: ácido [R-(R *, R *)] -2 -

(4-fluorofenil) -β, σ-di-hidroxi-5-(1-metiletil)-3-fenil-4-(fenilamino) ácido carbonil]-1H-pirrol-1-

a

b c

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22

heptanóico triidratado (Fig 3). Sua fórmula molecular é: C66H68CaF2N4O10•3H2O.

Atorvastatina cálcica é um pó branco cristalino, de massa molecular de 1.209,4

g/mol e ponto de fusão presente entre as seguintes temperaturas 159,2 °C e 160,7 °C. É

insolúvel em soluções aquosas de pH 4 e abaixo, que são as condições tipicamente

presentes no estômago de um indivíduo. A atorvastatina cálcica é ligeiramente solúvel em

água destilada, tampão fosfato com pH 7,4, água e acetonitrila, ligeiramente solúvel em

etanol, e solúvel em metanol (OLIVEIRA et al, 2013).

Figura 3 Representação da estrutura química da atorvastatina.

Fonte: autor

A atorvastatina diminui os níveis plasmáticos de colesterol e de lipoproteínas através

da inibição da HMG-CoA redutase e da síntese de colesterol no fígado. Aumenta o número

de receptores de LDL hepáticos na superfície da célula, aumentando a absorção e o

catabolismo do LDL. Tem ação em pacientes com hipercolesterolemia familiar

homozigótica e heterozigótica. A atorvastatina também reduz o VLDL_C (lipoproteínas de

densidade muito baixa) e os triglicérides e produz aumentos variáveis no HDL-C

(lipoproteínas de alta densidade) (BRUTON, L.L,2006).

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23

A atorvastatina é rapidamente absorvida após a administração oral e concentrações

plasmáticas máximas são atingidas dentro de uma ou duas horas. A extensão da absorção

e as concentrações plasmáticas aumentam em proporção à sua dose. A biodisponibilidade

absoluta é de 14% e a biodisponibilidade sistêmica da atividade inibitória sobre a HMG-

CoA redutase é de aproximadamente 30% (TEJERINA, 2011).

A atorvastatina é a estatina mais eficaz na redução do colesterol, alcançado de 52 a

55 % em sua dose máxima de 80mg (STEIN, 2002). Atorvastatina é considerada segura,

entretanto, aproximadamente 1 a 5% dos pacientes que a utilizam apresentam reações

adversas (BELLOSTA; PAOLETTI; CORSINI, 2004).

Dentre as reações adversas mais graves são a elevação assintomática das enzimas

hepáticas, particularmente a alanina transferase (ALT), em até três vezes o valor superior

de referência; e anormalidades na musculatura esquelética, que podem variar de dores

leves a miopatia (dor muscular, associada a fraqueza e restrições dos movimentos)

elevação da creatina quinase (CK) sérica em até 10 vezes. A miopatia ainda pode evoluir

para rabdomiólise, caracterizada por grandes elevações de CK sérica, acompanhada de

mioglobinúria, mioglobinemia e evidência de dano orgânico, como função renal diminuída

ou falência renal aguda (BELLOSTA; PAOLETTI; CORSINI, 2004). Segundo os mesmos

autores, o inicio destes efeitos adversos pode variar desde poucas semanas até dois anos

da terapia com estatinas.

2.3 Estudo de pré-formulação

O estudo de pré-formulação é o primeiro passo para desenvolvimento de uma

formulação racional para o ingrediente farmacêutico ativo. Pois ele trata de uma

investigação das propriedades físico-químicas do fármaco, isolado ou em combinação com

outros componentes e seus excipientes. A partir deste estudo, é possível traçar uma

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avaliação de eventuais incompatibilidades entre os fármacos (interação fármaco x fármaco)

e/ou com os excipientes (interação fármaco x excipiente), sendo este um processo de

bastante relevância para o desenvolvimento farmacêutico (BHARATE; BHARATE; BAJAJ,

2010).

Assim, o estudo de pré-formulação é a etapa no desenvolvimento que tem como

objetivo gerar informações que auxiliem o pré-formulador a desenvolver uma forma

farmacêutica estável e com características de biodisponibilidade adequadas.

Um estudo de pré-formulação bem elaborado deve incluir avaliação de diversas

propriedades incluindo: caracterização química, caracterização estrutural, caracterização

física, caracterização mecânica, polimorfismo dentre outros aspectos (PROCOPIO, 2010).

Desta maneira, os fármacos raras vezes são administrados isoladamente, eles fazem

parte de uma formulação combinada com um ou mais agentes não medicinais com funções

de solubilizar, suspender, espessar, diluir, emulsificar, estabilizar, conservar, colorir,

flavorizar e possibilitar a obtenção de formas farmacêuticas estáveis, eficazes e atraentes.

Os excipientes são substâncias fundamentais no desenvolvimento de formulações

farmacêuticas, pois auxiliam na estabilidade das formulações.

A ocorrência de interações entre fármacos e excipientes em formas farmacêuticas

sólidas pode ocasionar mudanças na estabilidade, solubilidade, dissolução e

biodisponibilidade dos fármacos. Logo, as técnicas realizadas neste estudo têm se

mostrado de grande utilidade nos estudos de pré-formulação para investigação e predição

de incompatibilidades físico-químicas entre fármacos e excipientes.

As incompatibilidades englobam os efeitos recíprocos entre dois ou mais componentes

de uma formulação, esses efeitos fracassam ou colocam em dúvida a finalidade do qual foi

destinado o medicamento. Esses fenômenos podem prejudicar a atividade e influenciar no

aspecto da formulação, tornando-a inaceitável, até mesmo no aspecto estético. As

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25

incompatibilidades podem acontecer entre fármacos, entre os excipientes, entre fármacos e

excipientes, bem como entre um ou outra com o material de embalagem ou impurezas

(FERREIRA; BRANDÃO, 2011).

Não existe nenhum protocolo universalmente aceito para avaliar a compatibilidade entre

matérias-primas farmacêuticas, entretanto as técnicas termoanalíticas têm adquirido

grande destaque em estudos de pré-formulação, visto a iminente importância para o

desenvolvimento de fármacos, sendo possível, a partir destas, extrair informações sobre

potenciais incompatibilidades entre os componentes da formulação (CHADHA; BHANDARI,

2014).

Nos estudos de compatibilidade fica compreendido o uso de misturas físicas,

normalmente misturas binárias (MB), a fim de analisar as reações existentes entre dois

componentes da formulação, que podem ser entre fármacos ou fármaco-excipiente

(BHARATE; BHARATE; BAJAJ, 2010).

Para este estudo o DSC possui uma grande vantagem frente a outras técnicas

convencionais, pois necessita de um tempo curto para a realização da análise e necessita

de um baixo consumo de amostra. Também fornece indicações úteis dos problemas

potenciais, de modo que um excipiente pode ser rejeitado em um estágio inicial de

desenvolvimento de um produto farmacêutico. Se o excipiente em questão é indispensável,

a natureza das interações com o ativo pode ser estudado com maior profundidade

(CHADHA; BHANDARI, 2014)

Assim atualmente vários estudos tem utilizado as técnicas térmicas (DSC e DTA) como

primeira opção em suas análises, já que essas técnicas podem ser consideradas

ferramentas importantes no primeiro estágio de desenvolvimento de uma formulação para

identificação de incompatibilidades. Pesquisadores, (FULIAS et al., 2013; LAVOR et al.,

2014; LIMA et al., 2014; SOARES-SOBRINHO et al., 2010 LEDETI, 2016) confirmaram que

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as técnicas térmicas associadas a espectroscopia no IV compreendem o método mais

adequado, sendo o método espectroscópico não destrutivo e tornando-se um método

atraente para a análise de substâncias farmacêuticas, uma vez que os materiais não estão

sujeitos à energia térmica durante o preparo da amostra, portanto, impedindo

transformações de estado sólido. Assim, essa técnica é utilizada como ferramenta de

triagem na compatibilidade das substâncias, identificando alterações vibracionais nas

bandas de absorção dos grupos funcionais presentes nas moléculas, que servem como

prova potencial das interações intermoleculares entre fármacos e excipientes (CHADHA;

BHANDARI, 2014).

Veronez e colaboradores (2014) utilizaram técnicas analíticas como DSC e

espectroscopia no IV juntamente com DRX para avaliar possíveis interações entre o

antagonista seletivo do receptor H1 de histamina (desloratadina) e nove excipientes que

geralmente são usados em formulações farmacêuticas, e este estudo teve como resultados

a interação do fármaco em estado sólido com os excipientes lactose, celulose

microcristalina, magnésio estearato, e ácido esteárico. Demosntrando eficientemente a

aplicação das tecnicas utilizadas nesses tipos de estudo.

A técnica DSC também foi utilizada por Chaves e colaboradores (2013) como

ferramenta para um estudo de compatibilidade do fármaco dietilcarbamazina citrato (DEC)

com vários excipientes usados em formulações sólidas. Ao passo que algum tipo interação

fosse identificada, realizaram-se análises complementares com TG, cinética não-

isotérmica, IV e DRX. As curvas TG da DEC com PVP (polivinilpirrolidona) e estearato de

magnésio mostraram sinais de interação, que mostraram diminuição da energia de

ativação. Sendo concluído, neste estudo que os excipientes citados devem ser evitados.

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27

2.4 Excipientes farmacêuticos

Os fármacos raras vezes são administrados isoladamente, eles fazem parte de uma

formulação combinada com um ou mais agentes não medicinais com funções de

solubilizar, suspender, espessar, diluir, emulsificar, estabilizar, conservar, colorir, flavorizar

e possibilitar a obtenção de formas farmacêuticas estáveis, eficazes e atraentes. Como uso

seletivo desses agentes não medicinais, denominados excipientes farmacêuticos, resultam

formas farmacêuticas de vários tipos (ANSEL et al., 2000). Assim, segundo o mesmo autor,

os excipientes são substâncias fundamentais no desenvolvimento de formulações

farmacêuticas, pois auxiliam na estabilidade das mesmas.

Visto que, a estabilidade química de um fármaco pode ser reduzida caso o mesmo

seja incorporado em um excipiente inadequado ou que contenha coadjuvantes

farmacotécnicos compatíveis (FERREIRA, 1999). Entretanto, segundo Souza (2009) a

estabilidade de produtos farmacêuticos depende a cima de tudo de fatores ambientais

como temperatura, umidade e luz; e de outros fatores como propriedades físicas e

químicas de substâncias ativas assim como, também dos excipientes farmacêuticos, sem

deixar de citar o processo de fabricação, tipo e propriedade dos materiais de embalagem,

sendo então de nítida importância o estudo de pré formulação para o desenvolvimento de

medicamentos.

Excipientes - ou ingredientes inativos - são substâncias destituídas de poder

terapêutico, usadas para assegurar a estabilidade e as propriedades físico-químicas e

organolépticas dos produtos farmacêuticos (BALBANI, 2006). São inúmeros compostos

tradicionalmente classificados como excipientes, e muitos estudos são voltados a fim de

encontrar substâncias que se adeque a esta classificação, como por exemplo, o estudo

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28

realizado por Pereira (2013) com a sugestão de avaliar a quitosana como um excipiente

farmacêutico.

A escolha do excipiente adequado para determinada fórmula deve se basear nas

características das substâncias contidas na fórmula, bem como na possibilidade de

interação destas substâncias como excipiente. É essencial que a formulação e o excipiente

não sofram qualquer tipo de interação. Em certos casos, vários estudos demonstraram que

as diferentes formulações de cápsulas e comprimidos, ocasionaram uma diferença na

biodisponibilidade que pode impedir o efeito farmacológico. Devido a essas diferenças, é

necessário estudar e estabelecer critérios sobre a utilização de excipientes, sendo assim

evidenciado a importância de um detalhado estudo de pré-formulação (FERREIRA, 2000).

De forma geral, os excipientes correspondem à maior massa ou volume de uma

formulação farmacêutica. Assim, os excipientes são componentes importantes de uma

formulação que podem ser altamente reativos, interagindo fisicamente ou quimicamente

com o ingrediente farmacêutico ativo que podem produzir tanto efeitos positivos como

negativos. Em alguns casos, as interações fármaco-excipiente ajudam a aumentar a

estabilidade, a solubilidade e/ou a biodisponibilidade, bem como podem levar a diminuição

da solubilidade e ainda da atividade/biodisponibilidade (NICKERSON, 2011).

O estudo de Akers (2002) destacou os efeitos positivos e negativos das interações

ingrediente farmacêutico ativo (IFAs)-excipiente mostrando que os excipientes

adicionados a formulações parenterais podem melhorar a solubilidade do IFA

(solubilizantes) e/ou a estabilidade (tampões, antioxidantes, quelantes), bem como

garantir a segurança (conservantes antimicrobianos), minimizar a dor e irritação após a

injeção (agentes de tonicidade) e controlar a entrega do IFA (polímeros), os quais são

exemplos de interações positivas ou sinérgicas entre os mesmos. Esse estudo citado

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29

acima destaca que os excipientes também podem produzir efeitos negativos, como a

perda da solubilidade, atividade e/ou estabilidade do IFA.

Mazurek-Wadolkowska et al. (2013) avaliaram a compatibilidade do paracetamol e

de excipientes utilizados na compressão de comprimidos. O estudo mostrou através dos

resultados da análise térmica a compatibilidade com todos os excipientes, exceto com a

crospovidona. Foi realizado a mistura do fármaco com excipiente antes e depois da

compressão e após 6 meses de armazenamento dos comprimidos nas seguintes

condições de umidade relativa e temperatura diferentes: 25 ± 2 °C / 40 ± 5% UR, 25 ± 2

ºC / 60 ± 5% UR, 40 ± 2 ºC / 75 ± 5% UR. Para detectar as possíveis mudanças na

estrutura química do paracetamol também foi utilizada a cromatografia gasosa acoplada

a espectrometria de massas (CG-MS).

2.5 Análise térmica

Segundo a ICTAC (International Conference of Thermal Analysis and Calorimetry),

análise térmica é o estudo da relação entre uma propriedade da amostra e sua

temperatura, enquanto essa amostra é aquecida ou resfriada de forma controlada.

Atualmente, os equipamentos de análise térmica têm sido desenvolvidos permitindo

a utilização de técnicas simultâneas como, por exemplo, TG e DSC, TG e DTA, aplicadas à

mesma amostra, avaliando variações de massa e aspectos energéticos. As medidas

simultâneas são utilizadas, principalmente, para o estudo de materiais poliméricos e de

estabilidade de produtos químicos (OZAWA, 2000; CHENG et al., 2000).

A ocorrência de interações no estado sólido entre fármacos e excipientes em formas

farmacêuticas sólidas pode ocasionar mudanças na estabilidade, solubilidade, dissolução e

biodisponibilidade dos fármacos. A técnica de DSC associada às técnicas TG/DTG tem-se

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mostrado de muita utilidade nos estudos de pré-formulação na investigação e predição de

incompatibilidades físico-químicas entre fármacos e excipientes (SOUZA, 2005).

2.5.1. Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC)

Na Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC), mede-se a diferença de energia

liberada ou absorvida pela amostra, em relação a um material de referência, termicamente

inerte, em função da temperatura, enquanto a amostra e a referência são submetidas a

uma programação de temperatura. Estas medidas fornecem dados qualitativos e

quantitativos em relação a mudanças físicas e químicas que envolvem processos

endotérmicos e exotérmicos.

Esta técnica proporciona informações tais como: transição vítrea, temperatura e

tempo de cristalização, ponto de fusão, calor específico, oxidação, pureza, estabilidade

térmica, ponto de ebulição, cinética de reação e outros (MOTHÉ; AZEVEDO, 2002).

Quando um material sofre algum tipo de mudança de estado físico ou reação

química, ocorre uma quantidade de calor envolvido, liberado ou absorvido. Assim, a DSC

mede as variações de energia térmica para manter em equilíbrio as temperaturas da

amostra e do material de referência, durante o evento térmico. Regra geral considera-se

que transição de fase, desidratação, redução, e algumas reações de decomposição

produzem efeitos endotérmicos, ao passo que cristalização, oxidação e algumas reações

de decomposição produzem efeitos exotérmicos (DANTAS, 2006).

De acordo com a Farmacopeia Brasileira (2010), há duas modalidades de DSC:

DSC com compensação de potência e DSC com fluxo de calor (IONASHIRO, 2004). DSC

de energia compensada: possui dois fornos individuais, a amostra e a referência são

aquecidas e resfriadas individualmente. Garante-se uma diferença de temperatura entre

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a amostra e a referência, devido à absorção ou perda de calor; a potência nos

aquecedores individuais é ajustada de forma que restaure o equilíbrio. DSC de fluxo de

calor: utiliza um simples forno, a amostra e a referência são aquecidas por uma única

fonte de calor e colocadas em cadinhos idênticos. As diferenças no fluxo de calor na

amostra e referência são medidas em função da temperatura da amostra. O calor é

transferido através do disco para a amostra e a referência e o fluxo de calor diferencial

entre os dois cadinhos é controlado por termopares conectados abaixo dos cadinhos.

Desta forma, a curva calorimétrica é apresentada na forma de diferença de temperatura

entre a amostra e a referência em função do tempo ou da temperatura.

Na área farmacêutica, as análises de DSC são utilizadas na caracterização

térmica e determinação da pureza, estudos de compatibilidade entre os constituintes da

formulação e identificação de polimorfismo com determinação das entalpias de cada

forma cristalina (OLIVEIRA, 2011).

A DSC representa uma técnica termoanalítica amplamente utilizada na triagem em

estudos de compatibilidade. Nessa técnica, as curvas DSC dos componentes individuais

(IFAs e excipientes isolados) são comparadas com as curvas obtidas a partir de misturas

físicas, normalmente na proporção 1:1, massa/massa (CHADHA; BHANDARI, 2014).

2.5.2 Termogravimetria (TG)

A termogravimetria é a técnica de análise térmica em que a variação de massa da

amostra é determinada como uma função da temperatura, ou tempo de aquecimento,

utilizando um programa controlado de temperatura (FARMACOPEIA BRASILEIRA, 2010).

Fatores tais como massa da amostra, volume e forma física, o tamanho e a natureza

da amostra, a natureza e a pressão da atmosfera em que estará a amostra e a razão de

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aquecimento, tem influência importante nas características da curva termogravimétrica

registrada (KEATTCH & DOLLIMORE, 1975).

Os métodos termogravimétricos podem ser classificados como: dinâmico (ou não

isotérmico) em que a perda de massa é registrada continuamente à medida que a

temperatura aumenta a uma razão constante ou linear; isotérmico, quando a variação de

massa da amostra é registrada em função do tempo mantendo-se a temperatura constante;

e quasi-isotérmico, no momento em que a amostra começa a perder massa a temperatura

é mantida constante até que a massa se estabilize, quando isto ocorre, o aquecimento é

retomado, este procedimento pode se repetir em cada etapa da decomposição térmica

(LOPES, 2005).

Na área farmacêutica a termogravimetria é utilizada na caracterização, determinação

de pureza e umidade, identificação de pseudopolimorfismo, avaliação da estabilidade de

fármacos e medicamentos e em estudos de cinética de degradação (OLIVEIRA; YOSHIDA;

GOMES, 2011).

2.6 Espectroscopia de absorção molecular na região do infravermelho por

Transformada de Fourier (FTIR)

A espectrofotometria está baseada na absorção de energia eletromagnética por

moléculas. As diferenças na estrutura química e na concentração dessas moléculas vão

conferir absorções energéticas diferentes. Dessa forma, é possível caracterizar, quantificar

e identificar substâncias a partir de técnicas espectrofotométricas. Dependendo da

frequência da energia aplicada a espectrofotometria, a absorção pode ser dividida em

ultravioleta, visível e infravermelho. Na região do infravermelho médio (MIR) ocorrem

transições de energia vibracional por ser a radiação nesta região insuficientemente

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energética para promover transições eletrônicas. As vibrações induzidas por radiação

infravermelha compreendem estiramentos e tensionamentos de ligações interatômicas e

modificações de ângulos de ligações (BRASIL, 2010).

A técnica de espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) é

bastante utilizada na caracterização de sistemas sólidos. Dentre as técnicas utilizadas para

caracterizar fármacos, os métodos espectroscópicos nessa região oferecem vantagens

importantes nas análises, como por exemplo, não serem destrutivos, permitirem

informações químicas, serem rápidos e utilizarem pequenas quantidades de material

(PARISOTTO et al, 2009).

Medidas na região do infravermelho médio e próximo podem ser obtidas por

refletância, a qual é observada quando uma luz incide em uma matriz descontínua, penetra

na amostra e reflete trazendo informações espectrais. Desta forma a luz refletida pode ser

atenuada por absorção e o espectro resultante é similar ao obtido através da técnica no

infravermelho por transmissão utilizando KBr (brometo de potássio). Uma importante

diferença entre a transmitância e a refletância se dá devido ao caminho óptico diferente

percorrido pela luz. Enquanto que na transmissão o caminho óptico é constante para todo

número de onda, na refletância por sua vez, o caminho pode ser variável. É de

conhecimento geral que em regiões do espectro, onde a amostra absorve fracamente, a luz

penetra mais profundamente na matriz, sendo que o contrário acontece onde há forte

absorção (FERREIRA, 2012).

Portanto, ao se comparar o espectro obtido por transmissão (pastilha de KBr) com o

obtido por refletância, as intensidades relativas das bandas serão diferentes. Por exemplo,

as bandas fracas no espectro por transmissão aparecerão mais fortes na refletância. Deve-

se ressaltar a diferença marcante entre infravermelho médio e próximo. No infravermelho

próximo as distorções nos espectros são quase imperceptíveis, enquanto que no

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infravermelho médio as distorções são mais frequentes. Uma maneira de contornar esse

efeito não desejado é diluindo a amostra numa matriz não absorvente, como KBr (SOUZA,

FERRÃO, 2006).

A região do infravermelho médio apresentou maior número de estudos do que a

região do infravermelho próximo. Isso se deve possivelmente a maior absorção de

compostos orgânicos e a maioria dos grupos funcionais nessa região, como: ácidos

carboxílicos, amidas, alquilas e aromáticos.

Das três regiões do infravermelho (próximo, médio e distante) a região

compreendida entre 400 a 4000 cm-1 (infravermelho médio - MIR) é a mais empregada

para fins de identificação. O espectro de infravermelho apresenta bandas de absorção

características dos grupamentos presentes na estrutura química do fármaco (ROGGO et

al., 2007). Por esse motivo é um teste farmacopéico descrito em monografias para a

identificação de fármacos.

A técnica de espectroscopia no infravermelho médio com transformada de Fourier

(Fourier Transform Infrared, FTIR) é uma técnica rápida, econômica, requer o mínimo

necessário de preparo de amostras e sua instrumentação é de fácil operação (PETIT;

MADEJOVA, 2013). Esta técnica permite a análise qualitativa de substâncias orgânicas

porque os modos característicos de vibração de cada grupo provocam o aparecimento de

bandas no espectro infravermelho em frequências específicas, que também são

influenciadas pela presença de grupos funcionais próximos (acoplamentos) (SOUZA;

POPPI, 2012).

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OBJETIVOS

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3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Avaliar possíveis interações atorvastatina + excipientes por DSC e FTIR utilizando

correlação de Pearson.

3.2 Objetivos Específicos

Caracterizar atorvastatina através de curvas DSC e TG.

Avaliar interações fármaco+excipiente através de curvas DSC.

Avaliar os espectros de FTIR da atorvastatina e excipientes isoladamente, assim

como das misturas fármaco-excipiente e avaliar possíveis interações utilizando correlação

de Pearson.

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MATERIAIS E MÉTODOS

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4 MATERIAIS E MÉTODOS

Esta pesquisa foi desenvolvida no Laboratório de Controle de Qualidade de

Medicamentos (LCQM) na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

4.1 Amostras Utilizadas

As amostras utilizadas foram atorvastatina cálcica e excipientes conforme

apresentado no Quadro 1.

Quadro 1 - Lista das amostras utilizadas, classificação e fornecedores.

Amostra Classificação Fornecedor

Fármaco Atorvastatina Fármaco Ativo Gemini

Excipientes Estearato de magnésio Lubrificante Henrifarma

Lactose monohidratada Diluente, Aglutinante Galena

Celulose Diluente, Desintegrante Galena

microcristalina 101

Celulose Diluente, Desintegrante Henrifarma

microcristalina 102

Amido pré gelatinizado Diluente, Aglutinante Henrifarma

Manitol Diluente Henrifarma

Amidoglicolato Desintegrante Henrifarma

Croscarmelose Desintegrante Henrifarma

Larilsulfato de sódio Agente Umectante Henrifarma

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39

4.2 Misturas Binárias

As misturas físicas atorvastatina: excipiente (2 mg) foram preparadas por

mistura simples com auxílio de uma espátula, grau e pistilo, na proporção 1:1

(m/m) e analisadas por DSC e FTIR. A atorvastatina estudada tem grau de pureza

de 98,86% de lote: AS0900412, fornecida pela Gemini.

4.3 Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC)

As amostras foram hermeticamente fechadas em cadinhos de alumínio e

colocadas num calorímetro Shimadzu, modelo DSC-60, numa atmosfera de

nitrogênio, fluxo de 50 mL/min, na razão de aquecimento de 10, 20, 30, 40 e 50

ºC/min até a temperatura de 400 ºC, com massa de 2,00mg ± 0,5. O equipamento foi

calibrado, em relação à temperatura, com o padrão índio (156,6°C ± 0,3) através de

seu pico de fusão. O fluxo de calor foi calibrado com o calor de fusão do índio (28,59

J/g ± 0,3) usando as mesmas condições das amostras. O fator de correção foi

calculado de acordo com os procedimentos e especificações da Shimadzu. As

amostras foram analisadas através das suas transições de fase características,

utilizando o programa TASYS da Shimadzu.

4.4 Termogravimetria (TG)

A curva termogravimétrica não isotérmica da amostra foi obtida utilizando-se

uma termobalança Shimadzu, modelo DTG-60, com razão de aquecimento de 20

ºC/min até temperatura de 900 ºC, na atmosfera de nitrogênio, com fluxo constante

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de 50 mL/min. A massa utilizada foi de 5,0 mg ± 0,5 a qual foi acondicionada num

cadinho de alumina. A curva foi analisada pelo programa TASYS da Shimadzu, a fim

de caracterizar as etapas de decomposição e perda de massa da atorvastatina.

4.5 Espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier (FTIR)

Os espectros das amostras individuais e das misturas binárias foram obtidos

em um espectrofotômetro ATR-FTIR modelo IRprestige-21 da Shimadzu, no

comprimento de onda de 700 a 4000 cm-1 em uma média de 20 varreduras por

amostras.

Posteriormente a atovastatina foi aquecida utilizando-se uma termobalança

Shimadzu, modelo DTG-60, até as temperaturas de 130, 150, 170, 190 e 250°C, na

atmosfera de nitrogênio, com fluxo constante de 50 mL/min. A massa utilizada foi de

5,0 mg ± 0,5 a qual foi acondicionada num cadinho de alumina. Em sequência, foi

levada ao espectrofotômetro ATR-FTIR modelo IRprestige-21 da Shimadzu e

analisados os espectros obtidos.

4.6 Correlação de Pearson

A constância espectral da atorvastatina e misturas binárias foram avaliadas

fazendo-se uma correlação linear entre o espectro teórico das amostras e o espectro

real obtido em temperatura ambiente (25 °C). O espectro teórico foi obtido utilizando

um algoritmo ad hoc que normaliza todos os espectros e combina o espectro com

base na composição molar na mistura física. Os espectros foram normalizados e

analisados por algoritmo de comparação de espectros baseada em correlação de

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41

Pearson em regiões espectrais de tamanho variável. Tais ferramentas

computacionais foram criadas ad hoc e já utilizadas com sucesso em outras

publicações (PEREIRA, 2013).

Esta abordagem assume que uma mistura simples é uma sobreposição do

espectro obtido para as substâncias puras. Quando os espectros teórico e

experimental divergem, é possível afirmar que os átomos nas moléculas ou

moléculas são de algum modo diferentes ou estão dispostos diferentes no interior da

mistura. Correlações próximas à unidade são indicativas da ausência de quaisquer

interações significativas. Assim, altas correlações entre 0,80 e 1,00, é indicativo de

simples mistura de sólidos. Correlações moderadas entre 0,5 e 0,80, indica

possíveis interações. Valores abaixo de 0,50 indicam baixa semelhança entre os

espectros, demonstrando algum tipo de interação física ou química.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Caracterização Térmica da Atorvastatina

Segundo alguns autores, a atorvastatina apresenta-se sob a forma de vários

sais diferentes e em diferentes formas polimórficas dependendo do reagente

utilizado na sua síntese (ZHANG, 2009; JIN, 2010; AN, 2010). Substâncias que

apresentam polimorfismo podem apresentar propriedades afetadas, como:

temperatura de fusão e sublimação, capacidade calorífica, condutividade, volume,

densidade, viscosidade, formato do cristal, dureza do cristal, cor, índice de

refração, solubilidade, taxa de dissolução, estabilidade, higroscopicidade e

reações em estado sólido (GIRON, 1995; KHANKARI, GRANT, 1995).

Segundo Zhang e colaboradores (2009) verificou que a atorvastatina

apresenta, na curva DSC, três eventos endotérmicos, no qual o primeiro evento está

entre 75-125 ºC (∆H - 24,29 J/g) e é atribuída a perda de 3 moléculas de água,

consistente com os dados de TG. O pico de fusão da atorvastatina segundo Zhang

(2009) aconteceu a 158,8 ºC (∆H - 86,85 J/g).

De acordo com o trabalho de Kim e colaboradores (2008) a fusão da

atorvastatina é vista como um pico endotérmico na faixa de 159 a 160 °C, a partir de

180 °C seguem-se eventos endotérmicos referentes a sua decomposição. Também

pode ser visto na curva TG uma perda gradual de massa de 5,03 %, valor

aproximado ao que teoricamente corresponde ao valor estequiométrico do

trihidratado que é de 4,46% (KIM et al., 2008). Logo, podemos observar que os

resultados encontrados por Zhang e Kim se referem, possivelmente ao mesmo

polimorfo deste estudo.

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Na figura 04 podemos visualizar curvas DSC e TG/DTG da atorvastatina na

razão de aquecimento de 20 ºC/min. A curva DSC apresenta um evento endotérmico

entre 78 e 112 °C (∆H – 6,0 J/g). Em seguida, observam-se dois outros eventos

endotérmicos que podem ser atribuídos a fusão, que segue com a decomposição

por volta de 190ºC.

Figura 4 Curvas DSC e TG/DTG da atorvastatina nas razões de aquecimento de 20ºC.min-1

Fonte: autor

Esses dados corroboram com os dados obtidos pela TG mostrando que não

há perda de massa no intervalo de fusão observado no DSC e que a decomposição

começa em 190 ºC com quatro etapas, como podem ser confirmadas no DTG. A

primeira etapa ocorre na faixa de temperatura de 37 a 152 °C, correspondendo a

perda de água equivalente a 5 % de perda de massa, o que não se observa no DSC.

A atorvastatina mostra-se termicamente estável até a temperatura de 207°C com

perda de massa de 7%. Três outras etapas de perda de massa são observadas nas

respectivas faixas de temperatura: 271–357 °C(∆m = 42 %), 357–485 °C(∆m = 28 %)

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e 485–795 °C (∆m=17%), estes dados corroboram com a curva DTG.

Os dados de termogravimetria (TG), em especial a perda de massa, têm sido

investigados por vários autores para avaliar os parâmetros cinéticos de reações do

estado sólido de fármacos (MACÊDO; NASCIMENTO; VERAS, 2001; ROUMELI et

al., 2012; SASIDHARAN; HARIHARANATH; RAJENDRAN, 2011, SALAMA et al.,

2012; SOVIZI; HOSSEINI 2013).

Assim, devido ao pequeno pico de fusão gerado pela atorvastatina na razão

de aquecimento de 10 ºC/min e consequentemente pouco calor de reação

produzida, além da necessidade de ter um pico de referência para os estudos de

pré-formulação, decidiu-se avaliar o fármaco em várias razões de aquecimento para

verificar o comportamento térmico da mesma (Figura 05).

Figura 5 Curvas DSC da atorvastatina nas razões de aquecimento de 10, 20, 30, 40 e

50ºC/min.

Fonte: Autor

A Figura 05 mostra que com o aumento da razão de aquecimento aumenta

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(intensidade) a sensibilidade do pico de fusão da atorvastatina, bem como há um

deslocamento no intervalo de temperatura inicial e final do evento para temperaturas

maiores, como pode ser visto na Tabela I. Desta forma foi utilizado no estudo de pré-

formulação a razão de aquecimento de 20 ºC/min por ter maior sensibilidade

comparada à razão de aquecimento 10 ºC/min.

Yoshida e colaboradores (2012) realizaram um estudo com a atorvastatina

recristalizada em vários solventes (metanol, diclorometano, n-hexano, água e

etanol) verificando assim através de técnicas térmicas e microscópicas a presença

de polimorfismo conforme solvente utilizado. O estudo mostrou que com metanol a

amostra apresentou forma acicular, para cetona, n-hexano e doicloro metano, na

forma tabular e com metanol apresentou uma mistura de dois cristais. Ainda foi

realizado o estudo de compatibilidade, que apresentou incompatibilidade com um

componente usado como revestimento do fármaco, sendo considerada, por estar

em pouca quantidade, uma incompatibilidade não relevante, segundo o autor.

Carvalho et al. 2012 avaliou quatro lotes de atorvastatina de cálcio por meio

de análise térmica, difração de raios-X e infravermelho. O estudo revelou que três

lotes de atorvastatina de cálcio tinham estrutura cristalina e outro lote tinha uma

forma não cristalina. Todas as curvas exibiram uma desidratação endotérmica em

torno de 100 °C. Dois lotes cristalinos tinham o mesmo perfil com dois eventos

endotérmicos, em 160-180 e 180-265°C, relacionados com a fusão e

decomposição. Um lote não mostrou pico de fusão. O pico endotérmico ocorreu

por volta de 149, 160 e 153°C. As temperaturas distintas indicaram

comportamentos diferentes para o uso de diferentes solventes.

TABELA I - Dados das curvas calorimétricas da atorvastatina nas razões de

aquecimento de 10, 20, 30, 40 e 50 °C/min.

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Eventos endotérmicos

Eventos Pico/ T onset/ºC T endset/°C

Calor de Reação/J.g-

1

Razão de

aquecimento ºC

°C/min

10 1° 156 145 161 42

2° 186 183 193 7

20 1° 161 151 167 42

2° 193 184 198 6

30 1° 172 155 183 57

2° 197 191 205 3

40 1° 175 162 186 68

2° 199 192 208 4

50 1° 175 188 187 70

2° 200 192 210 3

Fonte: Autor

Então, esses instrumentos analíticos são ferramentas importantes para

proporcionar resultados rápidos e seguros de caracterização de polimorfismo.

Assim, este estudo revelou, portanto que a atorvastatina estudada pode apresentar

diferentes polimorfos na mesma estrutura conforme já relatado na literatura.

Deste modo, verificando a razão de aquecimento é possível verificar um

deslocamento do intervalo de temperatura da amostra por DSC para temperaturas

maiores, o que confirma a presença de polimorfismo na amostra estudada, já que

este comportamento é esperado quando se trata de substâncias que apresentam

diferentes formas cristalinas.

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5.2 Estudo de compatibilidade

Para verificar possíveis interações físico-químicas e incompatibilidades entre

componentes de uma formulação farmacêutica sólida, se fez necessário analisar as

curvas calorimétricas das misturas binárias e compará-las com as curvas dos

compostos isoladamente em busca de alterações nos picos característicos que

indiquem a existência de interações entre a atorvastatina e os excipientes

estudados.

Diante das diferentes ferramentas analíticas para avaliar a compatibilidade

fármaco-excipiente, o DSC tem mostrado ser uma ferramenta importante no início de

qualquer estudo de pré-formulação por obter informações rapidamente sobre

possíveis interações entre os componentes da formulação, de acordo com

aparência, mudança ou desaparecimento de picos endotérmico ou exotérmico e/ou

variações dos valores de entalpia correspondentes das curvas térmicas das misturas

fármaco-excipiente (TITA et al, 2011).

Yoshida e colaboradores (2012) também avaliaram misturas binárias da

atorvastatina+excipientes utilizados nas formulações farmacêuticas do mercado

(inovador e genérico). Esse estudo mostrou não haver interações com os excipientes

analisados por DSC.

A Figura 6 mostra as curvas DSC da atorvastatina pura e das misturas com

os excipientes utilizados neste estudo: laurilsulfato de sódio, croscamelose, amido

pré gelatinizado, celulose microcristalina 101(MC 101), lactose, manitol, celulose

microcristalina 102(MC 102), estearato de magnésio e glicolato amido de sódio.

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Figura 6 Curvas DSC da atorvastatina (1) + excipientes: (2) laurilsulfato de sódio, (3)

croscamelose, (4) amido pré gelatinizado, (5) celulose microcristalina 101(MC 101), (6)

lactose, (7) manitol, (8) celulose microcristalina 102(MC 102) e (9) estearato de magnésio e

(10) glicolato amido de sódio.

Fonte: Autor

O pico de fusão da atorvastatina utilizado como parâmetro de comparação

com os excipientes foram obtidos na razão de aquecimento de 20 ºC/min

apresentada na Tabela II, cuja Tonset foi de 151 ºC e calor de reação de 42 J/g. As

curvas das misturas binárias na Figura 05 foram analisadas e os dados de

temperaturas dos eventos endotérmicos, bem como o calor de reação são

apresentados na Tabela II.

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TABELA II - Dados das curvas calorimétricas das misturas binárias ATV+excipientes

(1:1) na razão de 20ºC/min.

Eventos endotérmicos

Eventos T onset/ ºC Pico/ºC T endset/°C Calor/J g-1

Amostras

ATV 1° 160 168 176 18 2° 184 193 198 7

ATV + Amido pré- 1° 23 82 128 249 Gelatinizado 2° 145 151 166 3

ATV + Celulose 101 1° 21 61 122 206 2° 143 147 157 2

ATV + Celulose 102 1° 23 78 125 278 2° 157 161 169 3

ATV + Croscarmelose 1° 22 86 127 214 2° 138 156 169 17

ATV + Estearato de 1° 22 45 89 28 Magnésio 2° 114 130 138 50

ATV + Manitol 1° 25 54 100 144 2° 165 169 174 135

ATV + Laurilsulfato de 1° 101 107 114 5 Sódio 2° 139 153 167 1

ATV + lactose 1° 23 40 109 54 2° 149 154 161 131

ATV + Glicolato amido 1° 22 82 113 34 de sódio 2° 136 143 157 10

Fonte: Autor, 2015

O DSC da mistura da atorvastatina com os seguintes excipientes:

celulose microcristalina 101 e 102 (Figura 7), assim também croscarmelose,

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glicolato amido de sódio, estearato de magnésio e amido pré gelatinizado (Figura 8)

promovem a formação de pico curto com deslocamento para temperaturas menores

ou maiores, de baixo calor de reação, o que pode ser indicativo de uma interação

física, uma vez que não há desaparecimento do pico da atorvastatina. Yoshida e

colaboradores (2012) trabalharam com alguns destes excipientes e não

encontraram interação com a atorvastatina utilizada, porém como não sabemos se

a atorvastatina é de mesma origem, não podemos estabelecer correlação com

estes resultados.

Figura 7 Curvas calorimétricas do fármaco atorvastatina, celulose microcristalina C101 e

102 e misturas binárias na razão de aquecimento de 20 ºC/min.

Fonte: Autor

Figura 8 Curvas calorimétricas do fármaco atorvastatina, estearato de magnésio,

croscarmelose, estearato de magnésio e amido pré gelatinizado, misturas binárias na razão

de aquecimento de 20 ºC/min.

-0.00 100.00 200.00 300.00 400.00Temp [C]

-0.00

5.00

mWDSC

Atorvastatina

Celulose 101

Mistura

-0.00 100.00 200.00 300.00 400.00Temp [C]

-5.00

0.00

5.00

mWDSC

Atorvastatina

Celulose 102

Mistura

-0.00 100.00 200.00 300.00 400.00Temp [C]

-15.00

-10.00

-5.00

0.00

mWDSC

Atorvastatina

Estearato

Mistura

-0.00 100.00 200.00 300.00 400.00Temp [C]

-5.00

0.00

5.00

mWDSC

Atorvastatina

Croscarmelose

Mistura

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-0.00 100.00 200.00 300.00 400.00Temp [C]

-0.00

5.00

mWDSC

Atorvastatina

Mistura

Amido pré-gelatinizado

-0.00 100.00 200.00 300.00 400.00Temp [C]

-5.00

0.00

5.00

mWDSC

Atorvastatina

Mistura

Amidoglicolato

Fonte: Autor

O DSC da mistura atorvastatina+lactose (Figura 9) mostra apenas os picos

endotérmicos característicos da lactose. Conforme literatura (Yoshida, 2012) a

lactose funde a 144 ºC, temperatura anterior à fusão da atorvastatina o que

promove a solubilização da atorvastatina na lactose e promove desaparecimento do

pico da atorvastatina. Portanto, não caracteriza incompatibilidade.

Figura 9 - Curvas calorimétricas do fármaco atorvastatina, lactose e mistura binária na

razão de aquecimento de 20 ºC/min.

-0.00 100.00 200.00 300.00 400.00Temp [C]

-10.00

-5.00

0.00

5.00mWDSC

Atorvastatina

Lactose

Mistura

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53

Fonte: Autor

Os excipientes laurilsulfato de sódio e manitol (Figura 10) provocam o

desaparecimento do pico de fusão característico da atorvastatina ou aparecimento

dos picos apenas dos excipientes, ou no caso do mannitol ter ocorrido apenas uma

sobrepossição dos picos. Assim, sugerirmos interações com esses excipientes que

podem ser físicas ou químicas. Esta confirmação foi avaliada com ensaios

complementares de FTIR.

Figura 10 Curvas calorimétricas do fármaco atorvastatina, manitol, Lauril sulfato de sódio e

misturas binárias na razão de aquecimento de 20 ºC/min.

-0.00 100.00 200.00 300.00 400.00Temp [C]

-20.00

-10.00

0.00

mWDSC

Atorvastatina

Manitol

Mistura

-0.00 100.00 200.00 300.00 400.00Temp [C]

-10.00

-5.00

0.00

5.00

mWDSC

Atorvastatina

LSS

Mistura

Fonte: Autor

5.3 Espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier (FTIR)

Os espectros experimentais, das amostras puras e suas respectivas misturas

binárias, foram obtidos em um espectrofotômetro FT-IR, os espectros teóricos por

sua vez resultam da soma dos espectros das amostras puras, representando o

espectro ideal para uma mistura sem interação.

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54

A atorvastatina foi analisada em FTIR em temperatura ambiente, observaram-

se todos os estiramentos, dobramentos e deformações constantes na estrutura do

fármaco. Assim observou-se que as bandas a 1650,3 corresponde ao C = O

alongamento; em 1469,3 correspondente a C = C alongamento; em 1381,6 e 1159,6

correspondente do trecho C=C. Essas atribuições são características de

atorvastatina. Assim, segue-se o estudo analisando-se em diferentes temperaturas,

como mostra a figura 7: 130, 150, 170, 190 e 250 ° C, e analisar as alterações

espectrais.

A partir da temperatura de 130 ° C, é possível notar mudanças no espectro

como bandas mais estendidas, e que novas vibrações são formadas. Essas

mudanças são mais evidentes conforme aumenta-se a temperatura.

Desse modo, temos a figura 8, que mostra a correlação (r) linear da

atorvastatina sob aquecimento, na qual pode-se observar que conforme aumenta-se

a temperatura menor é a correlação de Pearson, o que significa, que ocorreram

alterações na estrutura química da amostra, quando aquecida. A correlação de

Pearson mostrou que até 190°C possui-se r = 0,5, isto significa que existe uma

correlação moderada. No entanto, a 250°C tem-se r = 0,4, significando que ocorre

uma baixa correlação, indicando alterações estruturais.

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Figura 11 FTIR em diferentes temperaturas: 25, 130, 150, 170, 190 e 250° C

Fonte: autor

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56

Figura 12 Relação entre a correlação de Pearson e as diferentes temperaturas da

atorvastatina.

Fonte: autor

A Figura 09 mostra a comparação dos espectros teóricos e experimentais

para as misturas com os excipientes celulose microcristalina 101 e 102 e sendo

exibida apenas a região do fingerprint para ambas as misturas. A correlação de

Pearson mostra que não há diferenças entre o espectro experimental e o espectro

teórico, apresentando correlações superiores a 0,9, significando forte correlação

entre os espectros, apesar do DSC mostrar uma redução no calor de reação e

diminuição intensa dos picos característicos da atorvastatina, o FT-IR, segundo a

correlação de Pearson, não aponta interação para estas misturas em temperatura

ambiente, essa diminuição apresentada no DSC pode ter sido causada devido a

menor concentração da atorvastatina na mistura binária quando comparada a

atorvastatina pura.

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57

Figura 13 Comparações dos espectros teóricos e experimentais para as misturas: (A)

atorvastatina + celulose microcristalina 101, (B) atorvastatina + celulose microcristalina 102.

Fonte: autor

A Figura 10 mostra a comparação dos espectros teóricos e experimentais

para as misturas binárias com os excipientes glicolato de amido de sódio, amido pré

gelatinizado, croscarmelose e estearato de magnésio. Na correlação de Pearson é

possível observar uma área de correlação diminuída, com valores abaixo de 0,9,

próximo ao comprimento de onda de 1000 cm-1. Indicando que esses quatro

excipientes podem ter uma interação apenas física com a atorvastatina através de

pontes de hidrogênio, por exemplo. Na análise térmica estas misturas promovem a

formação de pico curto com deslocamento para temperaturas menores ou maiores,

de baixo calor de reação o que pode ser indicativo de uma interação física.

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Figura 14 Comparações dos espectros teóricos e experimentais para as misturas:

atorvastatina+glicolato de amido de sódio, atorvastatina+amido pré gelatinizado,

atorvastatina+croscarmelose, atorvastatina+estearato de magnésio.

Fonte: autor

A Figura 11 mostra a comparação dos espectros teóricos e experimentais

para a mistura com o excipiente manitol, a correlação de Pearson demonstra forte

correlação entre os espectros, sendo os valores não menores que 0,9.

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59

Figura 15 Comparações dos espectros teóricos e experimentais para a mistura:

atorvastatina+manitol. Está mostrada apenas a região do fingerprint.

Fonte: autor

A figura 12, mostra na correlação de Pearson da atorvasttina com o lauril

sulfato de sódio onde percebe-se várias áreas de baixa correlação, causados pela

quebra de ligações e formação de outras, indicando possível interação. Exibindo

alterações na intensidade do espectro em 1650.3 cm-1 (r = 0,65) e 1381 cm-1 (r =

0,64), indicando uma correlação moderada. Portanto, pode-se sugerir uma interação

física de atorvastatina e o laril sulfato de sodio excipiente provavelmente ligadas por

ligações de hidrogênio.

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Figura 16 Comparações dos espectros teóricos e experimentais para a mistura:

atorvastatina+laurilsulfato de sódio. Está mostrada apenas a região do fingerprint.

Fonte: autor

A Figura 13 mostra a comparação dos espectros teóricos e experimentais

para a mistura com o excipiente lactose que apresenta na correlação de Pearson

apenas uma área de interação próxima ao comprimento de onda de 1000 cm-1,

semelhante a alguns excipientes citados anteriormente e, portanto, não apresenta

interação química, apresentando valor de R=0,9, indicando uma alta correlação,

conforme já citado na literatura (Yoshida, 2012).

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Figura 17 Comparações dos espectros teóricos e experimentais para a mistura:

atorvastatina+lactose. Está mostrada apenas a região do fingerprint.

Assim, a técnica de FTIR mostra-se como uma boa ferramenta para

confirmações dos dados obtidos por DSC.

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CONCLUSÕES

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6 CONCLUSÕES

O DSC é uma ferramenta térmica analítica imprescindível na caracterização

de matérias primas, bem como no estudo de preformulação como uma técnica

rápida de seleção entre vários excipientes, otimizando a escolha dos componentes

de uma formulação.

Neste caso, observamos que não existem interações da atorvastatina com

os seguintes excipientes: glicolato de amido de sódio, amido pré gelatinizado,

croscarmelose e estearato de magnésio. Não há interação com a lactose e

manitol. Há interação física com o laurilsulfato de sódio.

Assim, quando há dúvidas nos dados de DSC, nós concluímos que o uso do

FTIR e a correlação de Pearson como técnica complementar pode excluir a

presença de incompatibilidade.

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APÊNDICE A – ARTIGO PUBLICADO

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Journal of Thermal Analysis andCalorimetryAn International Forum for ThermalStudies ISSN 1388-6150Volume 123Number 2 J Therm Anal Calorim (2016)123:933-939DOI 10.1007/s10973-015-5077-z

Compatibility study between atorvastatinand excipients using DSC and FTIR

Edilamar Pereira da Silva, MaxciaraAgda Vicente Pereira, Igor Prado deBarros Lima, Naiana Gondim PereiraBarros Lima, et al.

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Compatibility study between atorvastatin and excipients usingDSC and FTIR

Edilamar Pereira da Silva1• Maxciara Agda Vicente Pereira1

Igor Prado de Barros Lima1• Naiana Gondim Pereira Barros Lima1

Euzebio Guimaraes Barbosa1• Cıcero Flavio Soares Aragao1

Ana Paula Barreto Gomes1

Received: 12 December 2014 / Accepted: 24 September 2015 / Published online: 14 October 2015

� Akademiai Kiado, Budapest, Hungary 2015

Abstract The aim of this study was to characterize ator-

vastatin and evaluate interactions between atorvastatin and

various excipients by DSC and FTIR, using Pearson’s corre-

lation as a tool to corroborate possible interactions that it was

not possible to evidence in visual analyses. The DSC curves

were obtained using a Shimadzu calorimeter, Model DSC-60,

in the aluminum crucible under heating rate of 20 �C min-1 at

a temperature of 25–400 �C. The spectra of the samples were

obtained on a FTIR–ATR model IR prestige-21 Shimadzu

spectrophotometer at a wavelength of 700–4000 cm-1 on

average of 20 scans. The theoretical spectrum was obtained

using an ad hoc algorithm. From the analysis of DSC and

evaluation of Pearson’s correlation, it observed physical

interactions with excipients: starch glycolate, pre-gelatinized

starch, croscarmellose, sodium lauryl sulfate, magnesium

stearate and mannitol. There is no interaction with lactose.

Then, the Pearson’s correlation was so important tool to

evaluate possible interactions between IPAs and excipients,

using FTIR data to corroborate DSC results.

Keywords Atorvastatin � Compatibility study � DSC �FTIR � Pearson’s correlation

Introduction

The atorvastatin is an antilipemic agent by the group of

statins and is normally used as atorvastatin calcium. Its

molecular formula is: C66H68CaF2N4O10�3H2O. Atorvas-

tatin calcium is a white crystalline powder, with molecular

weight of 1209.4 g mol-1 and melting point between the

following temperatures 159.2 and 160.7 �C [1].

Atorvastatin calcium presents the following chemical

formula: acid [R-(R*, R*)]-2-(4-fluorophenyl)-b, r-dihy-

droxy-5-(1-methylethyl)-4-phenyl-3-[(phenylamino)-car-

bonyl]-1 h-pyrrole-1-heptanoic acid trihydrate (Fig. 1).

Atorvastatin calcium is slightly soluble in distilled water,

phosphate buffer at pH 7.4, water and acetonitrile, slightly

soluble in ethanol and soluble in methanol [2].

Preformulation study consists in the characterization of

chemical and physical interactions of drugs through binary

mixtures of drug excipients. Many authors have studied sev-

eral active pharmaceutical ingredients (APIs) and excipients

for preformulation studies by thermal techniques and other

analytical techniques such as FTIR, DRX and MEV [3–10].

Several authors have studied different methods of

obtaining atorvastatin and modification with monovalent

ions, to improve its solubility [11–15]. However, there are

few works about compatibility with excipients. Jin and

Ulrich presented the characterization of atorvastatin that

may be present in multiple polymorphic forms depending on

the type of solvent used, and it can induce changes in the

chemical and physical properties such as solubility [13].

The aim of this study was to characterize atorvastatin

and evaluate interactions between atorvastatin and various

excipients by DSC and FTIR, using Pearson’s correlation

as a tool to corroborate possible interactions observed in

DSC curves that it was not possible to evidence in visual

analyses.

& Ana Paula Barreto Gomes

[email protected]

1 Laboratory Quality Control (LCQMed), Pharmaceutical

Sciences Department, Federal University of Rio Grande do

Norte – UFRN, Av, General Cordeiro de Faria s/n, Petropolis,

Natal, Rio Grande do Norte 59078-970, Brazil

123

J Therm Anal Calorim (2016) 123:933–939

DOI 10.1007/s10973-015-5077-z

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Materials and methods

Materials

Atorvastatin calcium trihydrate (C66H68CaF2N4O10�3H2O)

was manufactured by Maithri Laboratories, batch number:

AS0900412, purity: 98.86 %. The excipients were: lubri-

cant (magnesium stearate); diluent (mannitol); disinte-

grants (starch glycolate and croscarmellose); wetting agent

(sodium lauryl sulfate), obtained of Henrifarma; diluent

and agglutinant (lactose monohydrate, starch pre-gela-

tinized) obtained of Galena and Henrifarma, respectively;

diluent and disintegrant (microcrystalline cellulose 101,

microcrystalline cellulose 102) obtained of Galena and

Henrifarma, respectively. The binary mixtures of atorvas-

tatin: excipients (2 mg) were prepared by simple mixing

with a spatula at a proportion of 1:1 (w/w) and analyzed by

DSC and FTIR.

Thermal analysis

DSC curves of samples were recorded with a differential

scanning calorimeter (Shimadzu, model DSC-60) using a

closed aluminum crucible. The apparatus was calibrated

using indium (156.6 ± 0.3 �C) as the standard. A rising

temperature experiment was conducted in the temperature

range of 25–400 �C at a heating rate of 10 and 20 �C min-1

and at a nitrogen flow rate of 50 mL min-1. The mass was

2.0 ± 0.1 mg. DSC curves were analyzed using TASYS

software from Shimadzu for the determination of tempera-

ture of melting and enthalpy.

TG curves of the samples were obtained using a

thermobalance Shimadzu model DTG-60, at a nitrogen

flow rate of 50 mL min-1 and at a heating rate of

20 �C min-1 in the temperature range of 25–900 �C. The

mass was 5.0 ± 0.5 mg, with alumina crucible. The

apparatus was verified with calcium oxalate monohydrate.

TG curves were analyzed using the TASYS software from

Shimadzu.

Fourier-transformed infrared spectroscopy (FTIR)

The spectra of individual samples and binary mixtures

were obtained on a spectrophotometer FTIR–ATR model

IR prestige-21 from Shimadzu at a wavelength of

700–4000 cm-1 on average of 20 scans per sample. The

atorvastatin was heated in the thermobalance Shimadzu

model DTG-60, at a heating rate of 20 �C min-1, at 130,

150, 170, 190 and 250 �C. The cooled down sample for

each temperature had its spectra obtained.

Pearson correlation

We had evaluated the IR-MID spectral constancy of ator-

vastatin at room temperature (25 �C), comparing heated

atorvastatin in binary mixtures spectra. The spectra were

compared by means of an ad hoc [14] algorithm that per-

forms Pearson correlations analysis over ever decreasing

spectral ranges. Two spectra are compared firstly as a whole

and then each half of the spectra, each of half of the halves

F

NH

N

O

OH OH O

O

CH3

H3C

Ca2+·3H2O

2

Fig. 1 Representation of the chemical structure of atorvastatin by

software MarvinSketch 5.12.0

0.00

–5.00

–1.00

–2.00

1.00

–10.00

–0.00

–0.00

200.00

100.00

50.00

400.00 600.00 800.00

Mas

s/%

Temp/C

Hea

t flo

w/m

W.m

g–1

ENDO

0.00

Der

iv. m

ass/

mg

min

–1

Fig. 2 Curves DSC (blue); TG (black) and first derivative TG (pink) of atorvastatin in heating rate 20 �C min-1

934 E. P. da Silva et al.

123

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and so forth. The values of the correlations for each section

are attributed to a vector with the same length of the spectra

range being compared. The correlation vectors are averaged

out to give a final correlation vector which is useful to

compare the spectra. The comparison can also be performed

with a theoretical spectrum that is obtained by means of a

multivariate linear regression of pure compound spectra to

give the experimental spectrum. This approach assumes that

a mixture is a simple superposition the spectra obtained for

the pure substances. When the theoretical spectrum and

experimental spectrum diverge, it is possible to say that the

atoms in the molecules or molecules are somehow differ-

ently arranged within the mixture. Correlations next to the

unit are indicative of the absence of any meaningful inter-

actions beyond the sheer contacts of solids. Low correla-

tions may arise from noise (or baseline) itself, so when it

was the case no examination of that particular range was

made. High correlations are between 0.80 and 1.00, indi-

cating simple mixture of solids. Moderate correlations are

between 0.5 and 0.80, indicating possible interactions.

Values below 0.50 indicate low similarity between spectra,

demonstrating chemical degradation.

Results and discussion

Thermal analysis

Figure 2 shows TG/DTG and DSC curves of atorvastatin

(b - 20 �C min-1). TG/DTG curve presents four stages of

decomposition in addition to mass loss of water in the

123

4

5

6

7

8

10

9

0.00 100.00 200.00 300.00 400.00

Temperature/°C

Hea

t flo

w/m

W m

g–1

mW mg–1

�Endo

Fig. 3 DSC curves of atorvastatin (1) ?excipients, (2) sodium lauryl

sulfate, (3) croscarmellose, (4) pre-gelatinized starch, (5) microcrys-

talline cellulose 101 (MC 101), (6) lactose, (7) sodium starch

glycolate, (8) microcrystalline cellulose 102 (MC 102) and (9) and

magnesium stearate (10) mannitol

Table 1 DSC data of atorvastatin (ATV) and binary mixtures ATV ? excipients (1:1)

Samples Events Endothermic events

T onset/�C Peak/�C T endset/�C DHfus/J g-1

Atorvastatin (ATV) 1� 160 168 176 18

2� 184 193 198 7

ATV ? pre-gelatinized starch 1� 23 82 128 249

2� 145 151 166 3

ATV ? microcrystalline cellulose 101 (MC 101) 1� 21 61 122 206

2� 143 147 157 2

ATV ? microcrystalline cellulose 102 (MC 102) 1� 23 78 125 278

2� 157 161 169 3

ATV ? croscarmellose 1� 22 86 127 214

2� 138 156 169 17

ATV ? magnesium stearate 1� 22 45 89 28

2� 114 130 138 50

ATV ? mannitol 1� 25 54 100 144

2� 165 169 174 135

ATV ? sodium lauryl sulfate 1� 101 107 114 5

2� 139 153 167 1

ATV ? lactose 1� 23 40 109 54

2� 149 154 161 131

ATV ? sodium starch glycolate 1� 22 82 113 34

2� 136 143 157 10

Compatibility study between atorvastatin and excipients using DSC and FTIR 935

123

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range of 37–152 �C, with Dm = 5 %. The atorvastatin was

thermally stable up to 207 �C, with mass loss of 7 %.

Three other stages of mass loss were observed in

271–357 �C (Dm = 42 %), 357–485 �C (Dm = 28 %) and

485–795 �C (Dm = 17 %), respectively. These stages

were corroborated with DTG curve.

According Zhang et al., the TG curve of atorvastatin

also suffered pronounced mass loss step that occurred in

the region of 75–150 �C, which can be ascribed to the loss

of three molecule of water of crystallization. In fact, the

lost water corresponds to the intrinsic structure of ator-

vastatin. Similar results were found in our studies.

DSC curve of atorvastatin shows an endothermic event

between 78 and 112 �C (DHfus - 6.0 J g-1), attributed to

loss of water, as seen in the TG curve. Then are observed two

endothermic events which can be attributed to a phase

transition characteristic of this polymorph probably acquired

from recrystallization with following solvents: acetone,

n-hexane or dichloromethane [18]. These two endothermic

events were shown in Tonset 160 �C, Tpeak 168 �C, DHfus

20.0 J g-1 and Tonset 184 �C, Tpeak 193 �C, DHfus 7.0 J g-1.

This DSC curve profile was observed by Carvalho et al. [16].

Carvalho et al. [16] evaluated four batches of atorvas-

tatin calcium by thermal analysis, X-ray diffraction and

infrared. Three batches of atorvastatin calcium had crys-

talline structure and another one batch has a noncrystalline

form. All curves exhibit a dehydration endotherm around

100 �C. Two crystalline batches had the same profile with

two endothermic events, in 160–180 and 180–265 �C,

related to the melting and decomposition. The one batch

did not show melting peak. The endothermic peak occurred

around 149, 160 and 153 �C. Distinct temperatures sug-

gesting different solvents were used to obtain the atorvas-

tatin accordingly mentioned before. Then, these analytical

instruments are important tools to provide fast and safe

results from characterization of polymorphism.

According to Kim et al. [17], the melting of atorvastatin

is seen as an endothermic peak in the range of 159 to

160 �C in the heating rate of 10 �C min-1. In addition, it

was observed, in 180 8C, an endothermic event followed by

endothermic events related to its decomposition. We

observed the same event. Can also be seen in the TG curve

a gradual loss of mass of 5.03 %, approximate value to

what theoretically corresponds to the stoichiometric value

of trihydrate that is 4.46 %. Soon, the polymorphism pre-

sent in these results is probably close to our results.

To check possible physicochemical interactions and

incompatibilities between components of solid pharma-

ceutical formulation, it necessary to analyze the DSC

curves of binary mixtures and compare them with the

curves of the pure compounds in search of changes in

characteristic peaks indicating the existence of interactions

between atorvastatin and excipients studied.

Atorvastatin produces melting peak small at a heating

rate of 10 �C min-1 and consequently a little enthalpy.

Then, the preformulation study was accomplished at a

heating rate of 20 �C min-1 (Fig. 3). So, the DSC has been

proposed for evaluating physicochemical interactions

between API and excipients quickly. Displacements in the

onset temperature of melting and/or disappearance of

melting peak may indicate physical or chemical

interactions.

Table 1 shows data of binary mixtures of atorvastatin

excipients. The atorvastatin studied there is a limited

thermal behavior due to low intensity of melting peak. In

binary mixtures, the melting peak of atorvastatin disap-

pears or decreases in intensity or displacement takes place,

indicating physical interaction [18]. Then, we suggest that

physical interactions occur with following excipients:

croscarmellose, pre-gelatinized starch, microcrystalline

cellulose 101 (MC 101), microcrystalline cellulose 102

(MC 102), magnesium stearate, sodium starch glycolate

and sodium lauryl sulfate.

600 1200 180096979899

100101

94

96

98

10096

98

10090

95

100

10594

9698

10010280

90

100

600 1200 1800

Wave number

250 °C

190 °C

170 °C

150 °C

130 °C

Atorvastatin

Fig. 4 FTIR spectra of atorvastatin at different temperatures (130,

150, 170, 190 and 250 �C)

936 E. P. da Silva et al.

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120 140 160 180 200 220 240 260

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

r

Temperature/°C

Fig. 5 Relationship between

the Pearson’s correlation (r) and

temperature of atorvastatin

1800 1600

Experimental spectrum

Theoretical spectrum

Pearson correlation

Expecrimental spectrum

Theoretical spectrum

Pearson correlation

Experimental spectrum

Theoretical spectrum

Pearson correlation

Experimental spectrum

Theoretical spectrum

Pearson correlation

Experimental spectrum

Theoretical spectrum

Pearson correlation

Experimental spectrum

Theoretical spectrum

Pearson correlation

Experimental spectrum

Theoretical spectrum

Pearson correlation

Experimental spectrum

Theoretical spectrum

Pearson correlation

Experimental spectrum

Theoretical spectrum

Pearson correlation

1400 1200 1000 800 600 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 1800 1600 1400 1200 1000 800 600

0.4

0.6

0.8

1.0

0.2

0.0

0.4

0.6

0.8

1.0

0.2

0.0

0.4

0.6

0.8

1.0

0.2

0.0

Wavenumber/cm–1 Wavenumber/cm–1 Wavenumber/cm–1

Cor

rela

tion/

rC

orre

latio

n/r

Cor

rela

tion/

r

Man

nito

lM

agne

sium

ste

arat

e

Sod

ium

laur

yl s

ulfa

te

Lact

ose

mon

ohyd

rate

Cro

scar

mel

lose

Sta

rch

pre

gela

tiniz

ed

Mic

rocr

ysta

lline

cel

lulo

se 1

02

Mic

rocr

ysta

lline

cel

lulo

se 1

01S

tarc

h gl

ycol

ate

Fig. 6 Pearson’s correlation of atorvastatin ? excipients sodium lauryl sulfate, croscarmellose, pre-gelatinized starch, microcrystalline cellulose

101 (MC 101), lactose, sodium starch glycolate, microcrystalline cellulose 102 (MC 102) and (9) and magnesium stearate (10) mannitol

Compatibility study between atorvastatin and excipients using DSC and FTIR 937

123

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DSC curve of atorvastatin ? lactose (Fig. 3) shows only

the characteristic endothermic peaks of lactose. According

to the literature [18], lactose melting at 144 �C prior to the

melting of atorvastatin promotes the solubility of atorvas-

tatin into the lactose and subsequent disappearance of the

peak temperature of atorvastatin. Therefore, there is no

interaction with lactose. DSC curve of atorvas-

tatin ? mannitol shows the disappearance of the melting

peak characteristic of atorvastatin or appearance of only

peak of the excipient. Thus, we suggest interactions which

may be physical or chemical. This confirmation will be

evaluated with additional tests of FTIR and Pearson’s

correlation.

Fourier-transformed infrared spectroscopy (FTIR)

The atorvastatin has been analyzed by FTIR for different

temperatures: 130, 150, 170, 190 and 250 �C (Fig. 4). It

showed only the region of the fingerprint. The bands at

1650.3 correspond to the C=O stretch; at 1469.3 corre-

sponding to C=C stretching; at 1381.6 and 1159.6 corre-

sponding the C–C stretch. These assignments were

characteristics of atorvastatin. Even at 130 �C, it is pos-

sible to notice changes in the spectrum as bands are

extended. New vibration is formed. The changes are more

evident as the temperature is increased.

Figure 5 shows the correlation (r) between the spectrum

of atorvastatin at room temperature and the spectra with

increasing heating temperature. Pearson’s correlation

showed that up 190 �C the r = 0.5. It means that there is a

moderate correlation. However, at 250 �C the r = 0.4;

however, there occurs a bad correlation indicating chemi-

cal interaction.

Figure 6 shows all binary mixtures analyzed by FTIR,

when the experimental spectra were compared with the

theoretical spectra. The Pearson’s correlation showed

compatibility between atorvastatin and MC 101 and MC

102, because the correlation values were next to one (data

not shown). The binary mixtures of excipients:

croscarmellose, pre-gelatinized starch, magnesium stearate

and sodium starch glycolate, have correlation r about 0.8

at a wavelength near 1000 cm-1. This is likely an indi-

cation that these four excipients may only have a physical

interaction with atorvastatin via hydrogen bonds. The

Pearson’s correlation showed that mixture between ator-

vastatin and lactose didn’t present interactions (r about

0.9), therefore presenting a good correlation (data not

shown). It is possible to see the Pearson’s correlation for

sodium lauryl sulfate and there are no interactions,

because the r is close to 0.8 showing a good correlation.

However, the Pearson’s correlation for binary mixture of

atorvastatin ? mannitol showed changes in the intensity

of spectrum in 1650.3 cm-1 (r = 0.65) and 1381 cm-1

(r = 0.64), indicating a moderate correlation. Therefore,

we can suggest at environment temperature a physical

interaction of atorvastatin and mannitol excipient proba-

bly linked by hydrogen bonds.

Conclusions

DSC and FTIR may be useful in the characterization of

active pharmaceutical ingredients and preformulation study

as rapid ‘‘screening’’ techniques for selection among mul-

tiple carriers, optimizing the choice of the components of a

formulation. However, in these cases where it is not pos-

sible to evidence interactions in visual analyses or there are

doubts by DSC, we can use Pearson’s correlation. By DSC

data we observed that the atorvastatin does not interact

with MC 101, MC 102, croscarmellose, pre-gelatinized

starch, magnesium stearate, starch glycolate, sodium lauryl

sulfate and lactose. On the other hand, the manitol presents

interactions. Such information was confirmed by use of

FTIR and Pearson’s correlation.

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