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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL LUCIANA ELOÍSA DA SILVA CASTRO NÓBREGA AVALIAÇÃO DA ANGIOGÊNESE EM LESÕES DE LÍQUEN PLANO ORAL E PÊNFIGO VULGAR. Natal/RN 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL

LUCIANA ELOÍSA DA SILVA CASTRO NÓBREGA

AVALIAÇÃO DA ANGIOGÊNESE EM LESÕES DE LÍQUEN PLANO ORAL E

PÊNFIGO VULGAR.

Natal/RN

2014

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Luciana Eloísa da Silva Castro Nóbrega

AVALIAÇÃO DA ANGIOGÊNESE EM LESÕES DE LÍQUEN PLANO ORAL E

PÊNFIGO VULGAR ORAL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação

em Patologia Oral do Centro de Ciências da Saúde da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte

dos requisitos para obtenção do título de Mestre em

Patologia Oral.

ORIENTADOR: Prof. Dr. Antônio de Lisboa Lopes Costa

Natal/RN

2014

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DEDICATÓRIA

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A DEUS, que sempre me conforta em oração nos momentos mais angustiantes e me abençoa

todos os dias.

“Não cai uma lágrima de nossos olhos, não tem um suspiro em nossos corações sem uma

resposta de DEUS”. (Bv. João XXIII)

Aos meus queridos pais, irmãos e sobrinha por todo amor, dedicação e por nunca deixarem

de acreditar em mim até nos momentos que nem eu mesma acredito. Amo vocês!

Ao meu amor, agora meu marido, José Newton Filho, por me tornar uma mulher plena,

realizada e sempre me apoiar em qualquer circunstância. Eu amo você para sempre!

Dedico.

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AGRADECIMENTOS

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Ao Professor Doutor, Antônio de Lisboa Lopes Costa, meu orientador, por sempre se

mostrar interessado nas minhas dúvidas e incertezas, dando-me segurança e orientando-me no

intuito de mostrar-me o melhor caminho nessa batalha. Exemplo de amor e dedicação não só

para a Patologia Oral, mas para toda a Odontologia, abraçando toda causa em prol do pleno

funcionamento da Faculdade de Odontologia da UFRN, tornando esta uma das melhores

faculdades da área do Brasil. Esse, sim, sábio Mestre! Eu sou só orgulho e admiração!

A toda a minha família, que torce e vibra com cada conquista minha desde os meus

primeiros passos.

Aos meus queridos amigos, que sentiram minha falta nos momentos que tive que me

ausentar, porém sempre entenderam que isso era preciso, torcendo com afinco para a minha

felicidade e realização.

À coordenadora, Profa. Dr

a. Lélia Batista de Souza, por toda a sua dedicação,

conhecimentos a mim transmitidos e por coordenar tão brilhantemente o Programa de Pós-

Graduação em Patologia Oral da UFRN.

Ser mestre não é apenas lecionar, ensinar não é apenas transmitir o conteúdo

programático. Ser mestre é ser orientador, guia e companheiro, é caminhar com o aluno passo

a passo. É transmitir a este os segredos da caminhada. Ser mestre é ser exemplo de dedicação,

de doação, de dignidade pessoal e de amor. Eu posso afirmar, com muito orgulho, que durante

o Mestrado eu tive mestres assim, todos bastante preocupados em nos transmitir o máximo de

conhecimento possível, com a melhor qualidade, sem demonstrar desânimo, entendendo os

limites de cada um. E é por isso, meus mestres, Profa. Dr

a. Roseana de Almeida Freitas,

Profa. Dr

a. Hébel Cavalcanti Galvão, Prof

a. Dra. Lélia Batista de Souza, Prof

a. Dr

a. Lélia

Maria Guedes Queiroz, Prof. Dr. Leão Pereira Pinto, Profa. Dr

a. Éricka Janine Dantas

da Silveira, Profa. Dr

a. Márcia Cristina da Costa Miguel, Prof

a. Dr

a. Ana Miryam Costa

de Medeiros, e Profa. Dr

a. Patrícia Teixeira, que devo todo o conhecimento adquirido no

Mestrado da Patologia Oral para vocês. O meu muito obrigada, hoje e sempre!

A todos os meus colegas do Doutorado do Programa da Pós-Graduação em Patologia

Oral da UFRN, principalmente Roseane Vasconcelos, que desde o princípio deu-me forças

não me deixando desistir do Mestrado em nenhum momento; seu carinho, espontaneidade e

amizade me foram essenciais nessa trajetória. A todas as Chuchus, Denise Hélen, Ana Luiza

Andrade, Natália Guimarães, Clarissa Demeda e Bárbara Monteiro, sempre tão dispostas

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a ajudar e ensinar tantas coisas que para mim eram tão desconhecidas. Agradeço em especial

e com lágrimas nos olhos a minha querida turma de Mestrado: Alice Helena, que passou tão

pouco tempo conosco, mas nos mostrou que tudo era possível; Tiago João, por ser sempre

tão “atrevido” e com tanto amor em fazer sempre o melhor; Maria Luiza, por sua dedicação

inspiradora e contagiante; Luiz Eduardo, por ser sempre tão correto e perfeccionista;

Andreia Do Carmo, por ser tão doce, emotiva e ao mesmo tempo muito sábia; Marcelo

Nascimento, pela sua dignidade e hombridade; Thaís Maciel, por ser tão encantadora e

batalhadora, Thâmara Manoela, por nos fazer chorar de rir, como todo bom cearense,

mesmo nos piores momentos e Viviane Alves, que logo de cara me identifiquei, por ser

sempre tão doce e corajosa. Eu não tenho palavras para dizer o quanto sou grata por tudo que

passamos juntos, sempre apoiando um ao outro, nunca deixando que o outro desista... Foi

lindo! Sem vocês não teria graça alguma!

Aos meus queridos amigos, que sentiram minha falta nos momentos que tive que me

ausentar, porém sempre entenderam que isso era preciso, torcendo com afinco para a minha

felicidade e realização.

Aos funcionários do Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral da UFRN,

Gracinha, Lourdinha, Idelzuite, Sandrinha, Ricardo, Hévio e Patrícia da Clínica de

Estomatologia, obrigada pela paciência e disponibilidade em ajudar.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pelos

auxílios financeiros que possibilitaram a realização deste trabalho.

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RESUMO

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RESUMO

O Líquen Plano Oral e o Pênfigo Vulgar são doenças imunológicas crônicas

mucocutâneas de etiologias desconhecidas que podem acometer a mucosa oral. Tão

importante quanto em neoplasias o papel da angiogênese na patogenia das doenças

inflamatórias crônicas é de apreciável interesse, podendo ser considerado um marcador da

atividade da doença. Ademais, com o estudo do processo angiogênico nessas lesões tem-se a

possibilidade de aprimorar o entendimento do mecanismo patogênico nas mesmas. Este

trabalho se propôs a avaliar a atividade angiogênica através da expressão imunoistoquímica

do anticorpo anti-CD34, utilizando a técnica da MVC, em 26 casos de LPO reticulares, 14

casos de LPO erosivos, 18 casos de PV e em 15 casos de mucosa oral normal. Os resultados

deste experimento foram submetidos a testes estatístico não-paramétricos com nível de

significância de 5%. Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre o

número médio de vasos obtidos pela MVC nas lesões. Todavia, foi observado que a mediana

dos casos de líquen plano oral foi maior que no grupo de pênfigo vulgar, que por sua vez

revelou mediana maior que nos casos de mucosa oral normal (p=0,280). No tocante a

contagem microvascular de CD34 em relação à forma clínica dos líquens planos orais

(reticular e erosivo), verificou-se uma mediana ligeiramente maior para a forma clínica

erosiva. Apesar de os testes estatísticos utilizados não demonstrarem diferença significativa

(p=0,720). Ainda que os resultados do presente estudo não permitam a afirmação contundente

da participação do processo angiogênico na patogênese e progressão das lesões de líquen

plano oral e pênfigo vulgar, sugerimos que este processo está presente em ambas as lesões,

porém outros estudos devem ser realizados a fim de que essa hipótese seja fundamentada.

Palavras-chaves: Líquen plano oral. Pênfigo vulgar. Doenças autoimunes. Angiogênese.

CD34. Imunoistoquímica.

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ABSTRACT

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ABSTRACT

Oral lichen planus and pemphigus vulgaris are chronic diseases mucous membrane

immune of unknown aetiology that can be observed affecting to the oral mucous. A relevant

as regards neoplasies the role angiogenesis in the inflammatory chronic disease pathogenesis

as it provides a substancial interest can be considered as being an activity diseases marker;

besides being through specialised research of this angiogenic process to improve of

understanding pathogenic mechanism. This research proposes to assess angiogenic active

through of antibody immunohistochemistry expression antiCD34 antibody in 26 OLP of

reticular cases, 14 OLP erosives cases, 18 of PV cases and 15 specimens of normal oral

mucosa. The result was submitted non-parametric tests of 5% significance level. It is not

statistically significant correlacion was seen regarding between average vessels. However,

only be effectively observed the median of OLP cases was larger than pemphigus vulgaris in

fact proved average larger than oral normal mucosa (p=0,280). Regarding the microvascular

count of CD34 concerning clinic form oral lichen planus (reticular and erosion) increased

emphasis is more cross-border average for the form erosion clinic. Despite of the statistic tests

could not be more effective (p=0,720). Even though, the results of the research is not

sufficient to enable to consider of angiogenic process in the pathogenesis and lesions

progression of oral lichen planus and pemphigus vulgaris, we suggest this process is present

in both forms lesion, however, more studies must be made in the near future in order to

prepare a well-founded proposal.

Keywords: Oral lichen planus. Pemphigus vulgaris. Autoimmune diseases. Antigens CD34.

Angiogenesis. Immunohistochemistry.

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LISTA DE

ILUSTRAÇÕES

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 - Especificação, diluição, recuperação antigênica e tempo de incubação

do anticorpo primário utilizado................................................................ 37

Gráfico 1 - Distribuição da amostra quanto ao tipo de lesão analisada.

Natal/RN................................................................................................... 40

Gráfico 2 - Box-plot relativo à contagem microvascular de acordo com o tipo de

lesão avaliada. Natal/RN, 2014................................................................ 42

Gráfico 3 - Box-plot relativo à contagem microvascular de acordo com a forma

clínica de líquen plano oral. Natal/RN, 2014........................................... 43

Figura 1 - Fotomicrografia do espécime de LPO exibindo hiperparaceratinização,

epitélio de revestimento atrófico, áreas de perda de nitidez da camada

basal, projeções epiteliais e infiltrado inflamatório linfocítico

subepitelial (H/E, 200X)........................................................................... 44

Figura 2 - Fotomicrografia do espécime de PV exibindo separação intraepitelial,

acima da camada de células basais do epitélio, acantólise, células de

Tzanck e um infiltrado leve de células inflamatórias crônicas no tecido

conjuntivo (H/E, 200X)............................................................................ 44

Figura 3 - LPO Reticular. Imunoexpressão para o anticorpo anti-CD34 em vasos

sanguíneos e células endoteliais ocasionais (LSAB, 100X)..................... 45

Figura 4 - LPO Reticular. Marcação imunoistoquímica para o anticorpo anti-

CD34 em vasos sanguíneos e células endoteliais em meio ao infiltrado

inflamatório linfocítico (LSAB, 100X).................................................... 45

Figura 5 - LPO Erosivo. Fotomicrografia evidenciando o padrão de marcação do

anticorpo anti-CD34 em vasos sanguíneos de calibres variados (LSAB,

100X)......................................................................................................... 46

Figura 6 - LPO Erosivo. Imunoexpressão para o anticorpo anti-CD34 em

múltiplos vasos sanguíneos (LSAB, 100X).............................................. 46

Figura 7 - Pênfigo Vulgar. Fotomicrografia evidenciando o padrão de marcação

do anticorpo anti-CD34 em vasos sanguíneos de calibres variados e em

células endoteliais ocasionais (LSAB, 100X)........................................... 47

Figura 8 - Pênfigo Vulgar. Imunoexpressão para o anticorpo anti-CD34 em vasos

sanguíneos e células endoteliais na lâmina própria principalmente em

região justaepitelial (LSAB, 100X)........................................................... 47

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LISTA DE TABELAS

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Índices angiogênicos determinados pela contagem microvascular do

CD34 de acordo com o tipo de lesão avaliada. Natal/RN, 2014............... 41

Tabela 2 - Tamanho da amostra, mediana, quartis 25 e 75, média dos postos e

significância estatística para a contagem microvascular entre as lesões

de LPO, PV e os espécimes de MON. Natal/RN, 2014............................ 42

Tabela 3 - Tamanho da amostra, mediana, quartis 25 e 75, média dos postos,

estatística U e significância estatística para a contagem microvascular

entre os tipos de lesões de líquen plano oral.Natal/RN,2014.................... 43

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LISTA DE

ABREVIATURAS

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LISTA DE ABREVIATURAS

APC Antigen-Presenting Cell – Célula Apresentadora de Antígeno

CD Cluster of Diferentiation – Unidade de Diferenciação

CD62L L-Selectina

CD62E E-Selectina

CD62P P-Selectina

Dsg Desmogleína

ELAM-1 Molécula de Adesão doTipo 1

FvW Fator de Von Willebrand

GlyCAM-1 Molécula de Adesão do Tipo 1 que contém Glicano

H/E Hematoxilina e Eosina

HEV Vênula Especializada de Endotélio Alto

HIV Human Immunodeficiency Virus – Vírus da Imunodeficiência Humana

Ig Imunoglobulina

IL Interleucina

INF-γ Interferon gama

KDa Kilodalton

LP Líquen Plano

LPO Líquen Plano Oral

MDV Microvessel Density - Microdensidade Vascular

MHC Major Histocompatibility Complex – Complexo Principal de

Histocompatibilidade

MMP Matrix Metalloproteinases – Metaloproteinanses da Matriz

mRNA Menseger Ribonucleic Acid – Ácido Ribonucleico Mensageiro

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MVC Microvessel Count – Contagmem Microvascular

MVV Microvessel Volume – Volume Microvascular

OMS Organização Mundial da Saúde

P53 Proteína 53

PV Pênfigo Vulgar

RL Reação Liquenóide

Th T Helper – Células T Auxiliares

TGF-β Transforming Growth Factor beta – Fator Transformador do

Crescimento beta

TGFβ-RI Receptor I para o Fator Transformador do Crescimento beta

TGFβ-RII Receptor II para o Fator Transformador do Crescimento beta

TNF-α Tumor Necrosis Factor alfa – Fator de Necrose Tumoral alfa

VEGF Vascular Endothelial Growth Factor – Fator de Crescimento Endotelial

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SUMÁRIO

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 11

2 REVISÃO DE LITERATURA........................................................................... 14

2.1 LÍQUEN PLANO ORAL...................................................................................... 14

2.1.1 Considerações Gerais, Aspectos Clínicos e Histopatologia............................... 14

2.2 PÊNFIGO VULGAR............................................................................................ 19

2.2.1 Considerações Gerais, Aspectos Clínicos e Histopatologia............................... 19

2.3 ANGIOGÊNESE................................................................................................... 23

2.3.1 Considerações Gerais........................................................................................... 23

2.3.2 Mensuração da Angiogênese................................................................................ 24

2.3.3 O Processo Angiogênico nas Lesões Crônicas Inflamatórias (Líquen Plano

Oral e Pênfigo Vulgar)......................................................................................... 26

2.4 BIOMARCADOR ANGIOGÊNICO – CD34..................................................... 28

3 PROPOSIÇÃO..................................................................................................... 31

4 MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................... 33

4.1 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS............................................................................... 33

4.2 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO................................................................... 33

4.3 POPULAÇÃO........................................................................................................ 33

4.4 AMOSTRA............................................................................................................ 33

4.4.1 Critérios para seleção da amostra....................................................................... 34

4.4.2 Caracterização da amostra.................................................................................. 34

4.5 ESTUDO CLÍNICO E MORFOLÓGICO........................................................... 35

4.6 ESTUDO IMUNOISTOQUÍMICO...................................................................... 35

4.6.1 Método Imunoistoquímico................................................................................... 35

4.6.2 Análise do Perfil Imunoistoquímico.................................................................... 37

4.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA.................................................................................... 38

5 RESULTADOS..................................................................................................... 40

5.1 RESULTADOS MORFOLÓGICOS..................................................................... 40

5.2 RESULTADOS IMUNOISTOQUÍMICOS.......................................................... 41

5.2.1 Análise Quantitativa da Marcação Imunoistoquímica pelo anticorpo anti-

CD34.......................................................................................................................

41

41

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5.2.2 Análise Estatística da Contagem de Microvasos Marcados pelo Anticorpo

Anti-CD34.............................................................................................................. 42

6 DISCUSSÃO.......................................................................................................... 49

7 CONCLUSÕES...................................................................................................... 57

REFERÊNCIAS.................................................................................................... 59

APNEXOS................................................................................................................. 70

APÊNDICE............................................................................................................. 74

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INTRODUÇÃO

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1 INTRODUÇÃO

O Líquen Plano Oral é uma doença imunológica crônica mucocutânea, de etiologia

desconhecida e mediada por células T inflamatórias a qual apresenta uma vasta gama de

manifestações clínicas, afetando comumente o epitélio escamoso estratificado. Trata-se da

doença não infecciosa mais comum da mucosa oral e atinge 1 a 2% da população adulta

acima de 40 anos de idade, embora adultos jovens e crianças possam desenvolver a doença

(SOUSA; ROSA, 2008).

O pênfigo é uma doença autoimune individualizada pela formação de bolhas em pele

ou em mucosas, que pode ser subclassificado em seis tipos: vulgar, vegetante, eritematoso,

foliáceo, paraneoplásico e o IgA pênfigo. O pênfigo vulgar é o mais comum dos tipos de

pênfigo, tratando-se de uma doença crônica mucocutânea autoimune de etiologia

desconhecida que inicialmente se manifesta na forma de lesões intraorais, as quais se

dispersam para outras membranas mucosas e pele. Essa doença é caracterizada por uma

formação de bolhas ou vesículas de diâmetros variáveis que uma vez rompidas originam

erosões superficiais irregulares de sintomatologia dolorosa, as quais logo são recobertas por

um tipo de pseudomembrana e circundadas por um eritema difuso (AMORMINO;

BARBOSA, 2010). É uma doença rara, a qual acomete apenas de 1 a 5 pacientes por

milhão/ano (NEVILLE et al., 2009); e dentre as pessoas afetadas a maioria são mulheres

adultas com idade entre 40 a 60 anos. As lesões do PV podem incidir qualquer sítio da

cavidade oral, sendo que os mais comumente afetados são palato, mucosa jugal e lábios. O

diagnóstico é geralmente baseado nas manifestações orais, entretanto é raro o paciente relatar

a presença de bolhas ou vesículas intraorais devido à rápida ruptura do teto fino e friável das

bolhas. Por isso a confirmação é fornecida por achados histológicos que mostram a presença

de bolhas intraepiteliais, acantólise e células de Tzanck (DAGISTAN et al., 2008; NEVILLE

et al., 2009; TAMGADGE et al., 2011).

A angiogênese consiste no crescimento de novos vasos a partir de uma rede vascular

pré-existente, a qual desenvolve um importante papel na progressão do tumor fornecendo

nutrientes e fatores de crescimento (MENAKURU et al., 2008; SCARDINA et al., 2009). No

líquen plano oral, a angiogênese ocorre provavelmente como uma reação ao efeito da hipóxia

na região estromal, onde a reação flogógera ocorre devido ao aumento dos linfócitos

proliferantes dessa lesão (SCARDINA et al., 2009). Por outro lado, até os dias atuais, nenhum

dado existe a respeito da avaliação da angiogênese no pênfigo vulgar, porém alguns estudos

relatam sobre o tratamento dessas lesões usando a Talidomida, uma droga com importantes

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efeitos anti-angiogênicos comprovados, apesar de se desconhecer por quais mecanismos a

Talidomida inibe esse processo.

Um das técnicas mais utilizados para se observar a angiogênese é a contagem

microvascular (MVC), uma importante ferramenta para quantificar esse processo a qual

possui importante potencial para ser usado como um marcador de prognóstico, sendo avaliada

quando se lança mão de marcadores de células pan-endoteliais, como o anti-CD34.

Destarte, o objetivo do presente trabalho foi avaliar a angiogênese através da expressão

imunoistoquímica do anticorpo monoclonal anti-CD34 em uma série de casos previamente

selecionados de líquen plano oral e pênfigo vulgar na tentativa de melhor compreender o

papel da angiogênese tanto na patogênese quanto na progressão e autoperpetuação dessas

doenças autoimunes crônicas inflamatórias.

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REVISÃO DE LITERATURA

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14

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 LÍQUEN PLANO ORAL

2.1.1 Considerações Gerais, Aspectos Clínicos e Histopatologia

O líquen plano oral é uma doença mucocutânea crônica autoimune, relativamente

comum, com prevalências relatadas que variam de 0,5 a 4% (SURGERMAN et al., 2002;

EISEN et al., 2005; AL-HASHIMI et al., 2007). É mais comumente observada em pessoas de

meia idade, com picos de prevalência entre a quinta e sexta décadas de vida. Além disso,

ressalta-se uma forte predileção para o sexo feminino (CARBONE et al., 2009; CARROZZO,

THORPE, 2009; FERNÁNDEZ-GONZÁLEZ et al., 2011; EBRAHIMI; NYLANDER; VAN

DER WAAL, 2011). Também pode ser observado em crianças, embora seja raro

(LAEIJENDECKER et al., 2005)

Além da mucosa oral, o líquen plano pode acometer pele, mucosa genital, unhas e

couro cabeludo (SURGERMAN et al., 2002). Na maioria dos casos, o LP cutâneo é auto-

limitado e causa prurido, sendo as lesões descritas como pápulas pruriginosas arroxeadas e

poligonais, as quais são normalmente encontradas nas superfícies flexoras das extremidades

(EISEN et al., 2005; AL-HASHIMI et al., 2007; ANURADHA et al., 2008; CARBONE et al.,

2009). No couro cabeludo pode provocar áreas de alopecia e nas unhas podem produzir o

adelgaçamento e separação das mesmas (SCULLY; CARROZZO, 2008). O envolvimento da

mucosa oral pelo LP é muito comum, podendo ser tanto uma região de apresentação inicial

dessa desordem bem como o único local de acometimento (JAAFARI-ASHKAVANDI et al.,

2011; ANURADHA et al., 2011).

Existem seis formas de apresentação clínica do LPO descritas na literatura, as lesões

brancas: reticular, em placa e papular; e as lesões vermelhas: atrófico, erosivo e bolhoso.

Algumas variantes podem co-existir em um mesmo paciente. Sensação de queimação e

usualmente dor podem acompanhar as lesões de LPO do tipo erosivo, atrófico e bolhoso,

enquanto que a forma reticular é geralmente assintomática e os portadores podem nem

perceber a presença das lesões (ANDREANSEN, 1968).

O tipo mais comum de LPO é a de padrão reticular, podendo se apresentar como

pápulas, placas e com um rendilhado entrelaçado de linhas ceratóticas conhecidas como

“estrias de Wickham”, as quais se apresentam tipicamente simétricas e bilaterais. Qualquer

sítio da mucosa oral pode ser afetado por esse tipo de LPO, embora seja mais frequentemente

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encontrado na mucosa jugal (EINSEN, 2002; INGAFOU et al., 2006; KALMAR, 2007). A

forma erosiva ainda que não seja tão comum quanto a reticular, é mais incômoda para o

paciente, pois as lesões são comumente sintomáticas. De forma geral, são difusas,

avermelhadas que exibem estrias ceratóticas esbranquiçadas circundando-as. Essas estrias

irradiam perifericamente e são usualmente evidentes nas margens das zonas atróficas da lesão

(KALMAR, 2007; ANURADHA et al., 2008). Algumas vezes, a atrofia e a ulceração estão

confinadas à mucosa gengival, produzindo um padrão de reação chamado “gengivite

descamativa”. Todavia, em alguns casos, se o componente erosivo for muito intenso, poderá

haver separação do epitélio, resultando em uma forma relativamente rara da doença,

conhecida como líquen plano bolhoso (EDWARDS; KELSCH, 2002, NEVILLE et al., 2009).

As lesões de LPO atrófico podem apresentar-se como uma mistura de subtipos clínicos

de líquen plano. Alternativamente, uma área central de ulceração pode exibir sua superfície

coberta por um exudato firinopurulento, circundado por uma área de eritema (SILVERMAN;

GORSKY; LOZADA-NUR, 1985).

O LPO também pode ocorrer sob a forma de placas esbranquiçadas que se assemelham

a leucoplasia oral, cujo aspecto pode variar de ligeiramente elevadas e suaves a levemente

irregulares e multifocais. As lesões do tipo placa abrangem apenas 7% dos casos e são mais

comuns em fumantes. Além disso, semelhante ao tipo reticular, geralmente é assintomático

(ANURADHA et al., 2008). As lesões do tipo papular se apresentam como pequenas pápulas

brancas (0,5mm a 1mm) com finas estriações na periferia da lesão e usualmente coexistem

com outras lesões de líquen plano. É bastante raro e não é difícil de ser negligenciado no

exame clínico devido ao pequeno tamanho da lesão (BRICKER, 1994).

Geralmente as lesões de líquen plano podem acometer qualquer região da cavidade

oral, mas a mucosa jugal posterior é o local mais comum de acometimento, seguido pelas

bordas laterais da língua, gengiva, mucosa labial e vermelhão do lábio inferior, apresentando-

se como lesões bilaterais, simétricas ou múltiplas. São raras as lesões no palato, lábio superior

e assoalho bucal (CARROZZO; THORPE, 2009; ROOPASHREE, et al., 2010; EBRAHIMI;

NYLANDER; VAN DER WAAL, 2011).

As lesões de LPO persistem por muitos anos com períodos de exacerbação e

quiescência. Durante o período de exacerbação a área de eritema e erosão aumentam, com

concomitante aumento de dor e sensibilidade. Já no período de quiescência a área de eritema e

ulceração diminuem e, consequentemente a dor e a sensibilidade também. A exacerbação do

líquen plano tem sido associada a períodos de estresses psicológicos, ansiedade e trauma

mecânico (ISMAIL; KUMAR; ZAIN, 2007).

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Os aspectos clínicos característicos do líquen plano oral são, na maioria das vezes,

suficientes para o diagnóstico correto da doença. Em lesões clássicas é possível fazer o

diagnóstico baseado apenas nas características clínicas (ISMAIL; KUMAR; ZAIN, 2007).

Ainda assim, a biópsia associada ao exame histopatológico é recomendada para confirmar o

diagnóstico clínico e, principalmente, para excluir a presença de atipias epiteliais ou mesmo

indícios de malignidade (EISEN et al., 2005).

Dentre as desordens que podem se assemelhar tanto clínica quanto histologicamente às

lesões de LPO se destacam as reações liquenóides (RL), porém estas reações possuem uma

etiologia identificável. Usualmente, ocorrem em regiões da mucosa oral que se encontra em

íntimo contato com restaurações de amálgama, restaurações de resina ou próteses dentárias.

As RL provavelmente sejam o resultado da hipersensibilidade de contato da mucosa oral com

esses materiais dentários (ISMAIL; KUMAR; ZAIN, 2007). Além disso, exposição sistêmica

a algumas drogas também podem resultar em lesões de RL. Dentre as drogas mais comumente

associadas com o surgimento de tais reações destacam-se anti-hipertensivos, anti-

inflamatórios não-esteroidais e anti-retrovirais utilizados na terapia do HIV. Certos tipos de

alimentos como a canela também podem provocar lesões semelhantes às reações liquenóides,

porém com aspectos histopatológicos que podem auxiliar a diferenciar do LPO, como a

presença de um infiltrado inflamatório mais profundo e perivascular. Na maioria das vezes a

causa das lesões de RL não pode ser identificada, desse modo o diagnóstico de exclusão

dessas lesões é considerado “líquen plano oral de causa idiopática” (SUGERMAN et al.,

2002). Diferentemente do LPO, a maioria das reações liquenóides regridem após a remoção

do agente causador (AL-HASHIMI et al., 2007; SCULLY; CARROZZO, 2008;

SCHLOSSER, 2010; MÜLLER, 2011).

Atualmente a precisa etiologia do líquen plano oral ainda é incerta. Sabe-se que o

estresse é amplamente conhecido por ser um importante fator etiológico para o LPO, porém

outros estudos devem ainda ser feitos para comprovar essa hipótese. Ainda não foi

determinado se alterações psicológicas observadas em paciente com LPO são fatores

etiológicos diretos ou se representam apenas uma consequência do desconforto crônico

causado pelas lesões do LPO nesses pacientes. Por si só, este desconforto pode ser o causador

do estresse e, parcialmente explicar essa associação. Entretanto, observa-se notadamente que

pacientes portadores de LPO apresentam tendência a depressão (CARROZZO; THORPE,

2009).

Muitos estudos suportam a evidência do importante papel da desregulação

imunológica na etiopatogenia do líquen plano oral, especificamente envolvendo a parte

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celular do sistema imune. Além disso, sabe-se que ambos os mecanismos antígenos

específicos e não específicos estão envolvidos no LPO. Estes mecanismos associados

levariam então ao acúmulo de linfócitos T na lâmina própria subjacente ao epitélio,

rompimento da membrana basal, migração de linfócitos T intra-epitelial e apoptose dos

ceratinócitos, achados característicos do líquen plano (SUGERMAN et al., 2002).

A resposta imune específica para o antígeno desconhecido que desencadeia a resposta

imune do LPO consiste em três passos: (1) a migração dos linfócitos citotóxicos TCD8+ para

o epitélio; (2) a apresentação de antígenos pelos ceratinócitos basais e, (3) a ativação destes

linfócitos, que uma vez ativados, destroem os ceratinócitos basais (SUGERMAN et al., 2002;

ROOPASHREE et al., 2010).

As células basais são os principais alvos de destruição no LPO e o mecanismo do dano

causado está relacionado ao processo imune mediado por células, que envolve as células de

Langerhans, linfócitos T e macrófagos (ANURADHA et al., 2008). É bem evidente a

presença de um infiltrado epitelial de células TCD8+ citotóxicas próximos aos ceratinócitos

basais apoptóticos e um infiltrado de células TCD4+ na lâmina própria. Contudo, o fator

desencadeante da apoptose e o mecanismo destas respostas imunes ainda permanecem

desconhecidos. Sugere-se que os linfócitos TCD8+

presentes nas lesões de LPO podem ser

ativados por um antígeno presente nos ceratinócitos basais associados ao MHC de classe I,

consequentemente promovendo a apoptose dos ceratinócitos (FAHRI; DUPIN, 2010).

As células de Langerhans e os ceratinócitos basais podem apresentar um antígeno

associado ao MHC de classe II para as células TCD4+

auxiliares, que secretam IL-2 e INF-γ, e

a produção local de INF-γ pode manter a expressão do MHC de classe II pelos ceratinócitos,

contribuindo assim para a cronicidade do LPO. Além disso, a expressão antigênica, a co-

expressão de CD40 e CD80 e a secreção de IL-12 pelas células que apresentam antígeno

(APC’s) via MHC de classe II aos linfócitos TCD4+, podem produzir uma resposta TCD4

+

do tipo Th1, com produção de IL-2 e INF-γ (LODI et al., 2005).

As quimiocinas, a degranulação de mastócitos, a ativação das metaloproteinases de

matriz (MMP’s) e a perda da integridade da membrana basal epitelial são mecanismos não

específicos na patogenia do LPO (SUGERMAN et al., 2002; ROOPASHREE et al., 2010). As

quimiocinas são citocinas pró-inflamatórias produzidas por várias células, incluindo

mastócitos, linfócitos ativados e ceratinócitos basais. Acredita-se que as quimiocinas

secretadas pelas células epiteliais lesionais do LPO possam atrair mastócitos e,

subsequentemente, estimular sua degranulação. Os mastócitos degranulados liberam TNF-α e

quimase, que regulam positivamente a secreção de quimiocinas pelos linfócitos T lesionais do

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LPO. Esse mecanismo cíclico seria mais uma explicação para a cronicidade do LPO. Além

disso, a quimase, que é uma protease dos mastócitos, é uma conhecida ativadora de MMP’s

(SUGERMAN et al., 2002; ZHAO et al., 2002; ROOPASHREE et al., 2010).

MMP’s atuam produzindo a degradação proteolítica dos componentes da matriz

extracelular do tecido conjuntivo e induzindo a perda da integridade da membrana basal,

encontrada nas lesões de LPO. A perda desta integridade favorece a morte dos ceratinócitos,

que em situação de normalidade, secretam colágeno IV e V, que são essenciais para a

manutenção da integridade da membrana basal. Por sua vez, a membrana basal íntegra envia

sinais de sobrevivência para os ceratinócitos. Portanto, a membrana basal íntegra é necessária

para a sobrevivência dos ceratinócitos e os ceratinócitos são essenciais para a produção

normal da membrana basal íntegra (SUGERMAN et al., 2002; ROOPASHREE et al., 2010).

Apesar de o líquen plano oral ter sido considerado pela Organização Mundial da Saúde

(OMS) como uma condição cancerizável, esse assunto ainda suscita inúmeras discussões. O

potencial maligno das lesões de líquen plano oral ainda permanece controverso e diferentes

grupos têm apresentado distintas abordagens e interpretações (MITTAL; SHANKARI;

PALASKAR et al., 2012). Sousa et al. (2005) concordam com Eisenberg e Krutchkoff (1992),

os quais apontaram para o fato de que muitas das lesões diagnosticadas como LPO seriam na

verdade displasias liquenóides, lesões essas de caráter eminentemente pré-maligno. Por outro

lado, Tanda et al. (2000) observaram uma hiperexpressão da proteína p53 no LPO, fato

confirmado por Valente et al. (2001), que relacionaram essa ocorrência a um risco maior de

malignização, uma vez que esse aumento da expressão do p53, via de regra, significa

alteração na sua atividade.

A transformação maligna em casos de LPO é relatada ocorrer em 0,3 a 3% dos casos

sendo mais comum em casos de líquen plano erosivo. Assim o aumento da MDV nos casos de

LPO erosivo quando comparado com os casos de LPO reticular pode ser sugerido como um

dos fatores que contribuem para o alto potencial de malignidade nas lesões erosivas

(MITTAL; SHANKARI; PALASKAR, 2012).

Em um estudo retrospectivo no qual foi avaliado a transformação maligna em 23 casos

de LPO realizado por Fang e colaboradores (2009), observou-se que os sintomas mais

frequentemente encontrados eram a erosão e a dor, concordando com a literatura (VOUTE et

al., 1992; MARKOPOULOS et al., 1997; RAJENTHERAN et al., 1999; SILVERMAN,

BAHL, 1997; LANFRANCHI-TIZEIRA; AGUAS; SANO, 2003). Sendo a dor severa uma

consequência da erosão. Tendo em vista esse e outros estudos que observam a transformação

maligna nessas lesões, acredita-se que as lesões de LPO que têm uma maior tendência de

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sofrer transformação maligna são as do tipo erosivas. Isso é justificado pelo fato de que as

formas erosivas deixam a mucosa com uma maior predisposição para sofrer danos por agentes

carcinogênicos (VAN DER MEIJ; SHEPMAN; VAN DER WAAL, 2003).

2.2 PÊNFIGO VULGAR

2.2.1 Considerações Gerais, Aspectos Clínicos e Histopatologia

O pênfigo é a designação de um conjunto de entidades patológicas de etiologia

autoimune, de incidência rara, caracterizada pela formação de bolhas intraepiteliais na pele e

em mucosas (nariz, conjuntiva, genitálias, esôfago, faringe e laringe), sendo encontrada

principalmente em pessoas de meia idade e idosos (BLACK; MIGNOGNA; SCULLY, 2005).

O epitélio é uma estrutura complexa fazendo-se necessária a presença de uma grande

quantidade de moléculas a fim de manter a sua integridade e saúde. O epitélio oral consiste

essencialmente em ceratinócitos aderidos uns aos outros por desmossomos e, através de

hemidesmossomos estes se aderem à membrana basal epitelial, que também está aderida à

lâmina própria subjacente. Desmossomos são proteínas de adesão que funcionam tanto quanto

um complexo adesivo como também um sítio de ligação à superfície celular para os

filamentos intermediários de queratina do citoesqueleto (BLACK; MIGNOGNA; SCULLY,

2005). No pênfigo, os desmossomos são danificados por anticorpos dirigidos contra os

domínios extracelulares das moléculas de adesão celular epitelial do tipo caderina – as

desmogleínas (Dsg) provocando depósitos imunes intraepiteliais e perda do contato célula-

célula (acantólise), levando a formação de bolhas intraepiteliais (NISHIKAWA et al., 1996).

O epitélio oral é muito semelhante à pele, mas difere em alguns aspectos como na

constituição dos componentes desmossomais. As moléculas de adesão do tipo caderina Dsg1

e Dsg3 são ambas expressas na pele, porém, no epitélio oral apenas a Dsg3 é expressa

(SHIRAKATA et al., 1998). O dano à área intercelular leva à acantólise, que embora típica do

pênfigo pode ser observada em outras condições como na doença de Darier, dermatose

acantolítica transiente, disqueratoma warty, impetigo, em infecções virais e no carcinoma.

Existem diferentes variantes do pênfigo descritas na literatura, apresentando distintos

perfis de autoanticorpos e manifestações clínicas. Os quatro tipos principais são: foliáceo,

eritematoso, vulgar e vegetante (NEVILLE et al., 2009; CAMACHO-ALONSO; LÓPEZ-

JORNET; BERMEJO-FENOLL, 2005; BLACK; MIGNAGNA; SCULLY 2005), além dos

tipos paraneoplásico e IgA pênfigo (TAMGADGE et al., 2011). Usualmente o indivíduo

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desenvolve uma única variante do pênfigo, embora casos tenham sido descritos de transição

para outra variante (ISHII et al., 2000), além de casos em que as manifestações clínicas de

uma única variante poder mudar ao longo do tempo (BLACK; MIGNOGNA; SCULLY,

2005). Esta mudança pode estar relacionada às alterações nas proporções dos autoanticorpos

contra as desmogleínas 1 e 3 (HARMAN et al., 2001).

O pênfigo vulgar é o mais comum dos tipos de pênfigo. Entretanto, sua ocorrência é

rara, com incidência estimada na população geral de um a cinco casos por milhão de pessoas

diagnosticadas a cada ano (ROBINSON; LOZADA-NUR; FRIEDEN, 1997). Este tipo ocorre

raramente antes da terceira década de vida, sendo a média de idade no momento do

diagnóstico de 50 anos, embora casos raros possam ser vistos na infância. Afeta ambos os

sexos igualmente, ainda que alguns autores tenham reportado uma maior prevalência em

mulheres. O PV é a forma de pênfigo que afeta com maior frequência a mucosa oral, e na

maioria dos casos as lesões orais precedem as manifestações cutâneas. O curso é crônico e o

envolvimento sistêmico pode ocorrer se o tratamento adequado não for fornecido

(CAMACHO-ALONSO; L[OPEZ-JORNET; BERMEJO-FENOLL, 2005).

Embora a etiologia do pênfigo vulgar ainda não esteja esclarecida, sabe-se que um

mecanismo autoimune com o envolvimento de autoanticorpos pode alterar as junções

epiteliais intercelulares. Segundo Azulay e Azulay (1999), a sede primária da doença seria o

cimento intercelular da camada espinhosa de Malpighi, embora não se saiba o motivo pelo

qual esse cimento se torne antigênico e induza à produção de autoanticorpos, principalmente

do tipo IgG. Esses autoanticorpos, mais especificamente o IgG1 e o IgG4, agem contra as

glicoproteínas desmogleína 1 e desmogleína 3, pertencentes à família das cadeínas, as quais

estão localizadas nos desmossomos do epitélio da pele, mucosas ou no soro dos paciente

afetados. Tais anticorpos promovem a ruptura das pontes intercelulares e, consequentemente

as células perdem a sua adesão, o que caracteriza o fenômeno de acantólise, provocando a

formação de fendas intraepiteliais. A ligação antígeno-anticorpo induz a ativação de

proteinases, dentre elas destaca-se o plasminogênio ativado, que após liberado pelos

ceratinócitos transforma-se em plasmina, a qual promove a lise da substância intercelular

(WILLIAMS, 1989; HASHIMOTO, 2003; JOLLY et al., 2010).

Fatores genéticos também podem estar envolvidos na etiologia do PV, uma vez que

certos grupos étnicos - judeus e populações do mediterrâneo – são particularmente suscetíveis

ao pênfigo vulgar. A literatura também descreve casos familiares dessa doença (STANLEY,

1993; DELGADO et al., 1996). Estudos mostram que a expressão do antígeno de

histocompatibilidade HLA-A26 parece predispor ao desenvolvimento da doença. Contudo,

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para que o PV possa se desenvolver é necessária à presença de fatores endógenos como

defeitos imunológicos, e exógenos como vírus e agentes físicos (CAMACHO-ALONSO;

LÓPEZ-JORNET; BERMEJO-FENOLI, 2005; SCULLY; CHALLACOMBE, 2002; JOLLY

et al., 2010).

Além disso, o pênfigo também pode ser induzido por drogas. Na realidade, qualquer

droga que apresentar uma substância contendo um grupamento –til ativo na sua estrutura

molecular é considerada capaz de induzir a doença (MUTASIM; PELC; ANHALT, 1993).

Alguns agentes conhecidos como indutores do pênfigo vulgar são as sulfonamidas, as

penicilinas e as drogas antiepilépticas. Porém, Camacho-Alonso, López-Jornet e Bermejo-

Fenoli (2005) reportaram 14 casos de pênfigo vulgar, e afirmaram que nenhum dos pacientes

relatou fazer uso de qualquer droga com possível efeito indutor do pênfigo. Tem sido sugerido

que membros da família botânica Allium, incluindo cebola, alho e alho-poró podem induzir

tais lesões (BRENNER; WOLF, 1994).

Com relação às manifestações clínicas, aproximadamente 75% dos casos de PV

revelam-se inicialmente na mucosa oral, cujas lesões precedem as cutâneas em um período de

até um ano ou mais (ROBINSON; LOZADA-NUR; FRIEDEN, 1997; ENDO et al., 2005).

Ao exame físico é observada a formação de bolhas e vesículas de diâmetros variáveis, de

ocorrência superficial ou profunda, de conteúdo seroso claro, purulento ou sanguinolento, que

uma vez rompidas originam erosões superficiais irregulares, com coloração avermelhada,

sintomatologia dolorosa, sendo logo recobertas por um tipo de pseudomembrana e

circundadas por um eritema difuso. Todavia, é raro o paciente relatar a presença de bolhas ou

vesículas intraorais, e as lesões dificilmente podem ser detectadas pelo exame clínico devido à

rápida ruptura do teto fino e friável das bolhas (SCULLY, CHALLACOMBE, 2002;

NEVILLE et al., 2009). Tais lesões podem ser localizadas em qualquer região na da cavidade

oral, porém são encontradas com maior frequência em áreas mais sujeitas ao trauma

friccional, como mucosa jugal, língua, palato e lábio superior (LASKARIS;

SKALAVOUNOU; STRATIGOS, 1982). O aumento da salivação e o incômodo ao mastigar,

ao engolir e ao falar são as principais queixas dos pacientes com lesões de pênfigo vulgar oral,

além de ardor intenso e odor fétido (SCIUBBA, 1996; SCULLY; CHALLACOMBE, 2002).

O elemento semiotécnico para um diagnóstico mais simples do pênfigo vulgar é a

verificação do sinal de Nikolsky. Este é positivo quando ocorre a formação de uma bolha ao

se friccionar o epitélio nas proximidades das lesões já existentes, devido à facilidade de

separação das células epiteliais. Embora esse sinal seja de grande valia, não é patognomônico

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do pênfigo vulgar, podendo ser observado na grande maioria das lesões vesículo-bolhosas

(HEAPHY; ALBRECHT; WERTH, 2005; NEVILLE et al., 2009; JOLLY et al., 2010).

O diagnóstico geralmente é baseado nas manifestações orais, enquanto a confirmação é

fornecida pelos achados histológicos. Os espécimes da biópsia do tecido perilesional

caracterizam-se microscopicamente por uma separação intraepitelial (vesícula ou bolha

intraepitelial) acima da camada basal das células do epitélio, sendo que esta permanece

aderida à lâmina própria subjacente. No espaço vesicular são encontrados, com frequência,

grupos de células que apresentam alterações degenerativas tais como tumefações dos núcleos,

perda dos desmossomos, formato arredondado ou ovóide e hipercromatismo, sendo

denominadas de células de Tzanck, as quais são resultantes da acantólise celular em

decorrência do edema pré-vesicular. No tecido conjuntivo podem ser encontrados leucócitos

polimorfonucleares e linfócitos em número variados. Ao contrário da maioria das doenças

bolhosas, o pênfigo vulgar é caracterizado por escassez de infiltrado inflamatório no líquido

da vesícula, exceto nos casos onde existe infecção secundária (WILLIAMS, 1989;

WEINBERG; INSLER; CAMPEN, 1997; NEVILLE et al., 2009). A avaliação da

imunofluorescência direta do espécime de biópsia de tecido perilesional fresco revela IgG ou

IgM e fragmentos de complemento no espaço intercelular, sendo esse método de diagnóstico

também considerado essencial, juntamente com o exame histopatológico, para a confirmação

do diagnóstico (CALVANICO; ROBLEDO; DIAZ, 1991; BLACK; MIGNOGNA; SCULLY,

2005).

O pênfigo vulgar, sendo uma doença autoimune sistêmica, deve ser tratado

primeiramente com corticosteroides sistêmicos, visando inibir a produção dos autoanticorpos

agressores (CHRYSOMALLIS et al., 1994; ENDO et al., 2005; NEVILLE et al., 2009). De

acordo com Lee (2011), a combinação de corticosteroides com drogas imunossupressoras é a

linha terapêutica mais usada para tratar o pênfigo vulgar. Esta doença não tem cura, apenas

controle. Quanto maior a precocidade do diagnóstico, mais cedo o tratamento poderá ser

iniciado, permitindo a administração de doses menores de corticosteroides para controlar a

doença, reduzindo, desse modo as reações adversas e melhorando o prognóstico (BLACK;

MIGNOGNA; SCULLY, 2005 AMORMINO; BARBOSA, 2010).

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2.3 ANGIOGÊNESE

2.3.1 Considerações Gerais

A formação de novos vasos sanguíneos pode ocorrer pelos processos de vasculogênese

ou angiogênese. A vasculogênese consiste no surgimento de vasos sanguíneos de novo a partir

de precursores celulares, os quais se diferenciam em células endoteliais, formam lúmens e

originam uma rede vascular primitiva. Por sua vez, a angiogênese representa a formação de

novos vasos sanguíneos a partir da migração e proliferação de células endoteliais da

vasculatura pré-existente (CLAPP et al., 2009; NIKITENKO, 2009; UCUZIAN et al., 2010).

O surgimento de novos vasos sanguíneos é um processo altamente complexo e

coordenado, envolvendo a atuação de fatores pró e antiangiogênicos. Em adultos, sob

condições fisiológicas, a angiogênese ocorre apenas durante processos relacionados ao ciclo,

gestação e reparo tecidual. Dessa forma, normalmente, fatores antiangiogênicos mantêm o

endotélio em um estado quiescente. Porém, em processos patológicos como artrite

reumatoide, psoríase, retinopatia diabética, doença hepática policística, degeneração macular

relacionada à idade, asma, aterosclerose e câncer, o delicado balanço entre fatores pró e

antiagniogênicos é alterado em favor da formação de novos vasos sanguíneos (LALLA et al.,

2003; KYZAS et al., 2005; FABRIS et al., 2006; CLAPP et al., 2009; NIKITENKO, 2009;

GORDON; MENDELSON; KATO, 2010). Por sua vez, outras patologias, como isquemias

cerebral e cardíaca e doenças neurodegenerativas, estão caracterizadas por angiogênese

insuficiente e/ou regressão vascular anormal (CLAPP et al., 2009).

A angiogênese in vivo pode ocorrer por dois processos. Um dos processos é a

intussuscepção, que envolve a formação de pilares teciduais transluminais no interior dos

capilares os quais se fusionam dando origem a novos vasos sanguíneos (MAKANYA;

HLUSHCHUK; DJONOV, 2009; RIBATTI; NICO; CRIVELLATO, 2009; GORDON;

MENDELSON; KATO, 2010). O outro processo envolve o brotamento de células endoteliais

a partir de estruturas vasculares pré-existentes para tecidos circunvizinhos (ADAMS;

ALITALO, 2007; UCUZIAN et al., 2010).

Por muito tempo acreditou-se que a angiogênese a partir de células endoteliais de

vasos pré-existentes fosse o único mecanismo pelo qual novos vasos sanguíneos seriam

formados em adultos (RISAU, 1997). No entanto, Asahara et al. (1997) identificaram células

presentes na circulação periférica as quais eram mobilizadas a partir da medula óssea e

endereçadas à sítios angiogênicos, sugerindo um envolvimento potencial destes tipos celulares

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na angiogênese. A descoberta destes precursores revolucionou o campo da biologia vascular e

impulsionou a identificação de outros tipos celulares capazes de dar origem às células

endoteliais. Dessa forma, verificou-se que células-tronco mesenquimais localizadas em

diversos órgãos e tecidos como no tecido adiposo, parede de vasos sanguíneos, baço, fígado e

intestino podem se diferenciar em células endoteliais, constituindo um verdadeiro pool de

precursores endoteliais (ZAMPETAKI; KIRTON; XU, 2008; TILKI et al., 2009)

2.3.2 Mensuração da Angiogênese

Diversos métodos podem ser empregados para se mensurar a angiogênese nos tecidos.

Estudos in vivo relatam a utilização de métodos não invasivos como a ressonância magnética

com contraste aumentado, a tomografia computadorizada com emissão de pósitrons e a

tomografia computadorizada com emissão de fóton único (PERINI et al., 2008). Em

pesquisas ex vivo, como nos estudos realizados com materiais biológicos provenientes de

biópsias, a atividade angiogênica de um tecido pode ser mensurada pela determinação de um

índice angiogênico obtido por meio da contagem dos microvasos presentes no espécime (EL-

GAZZAR; MACLUSKEY; OGDEN, 2005; FREITAS et al., 2005). Neste caso, as técnicas

existentes se baseiam na avaliação microscópica dos tecidos com o auxílio de anticorpos

capazes de reconhecer epítopos expressos por células endoteliais como o FvW, o CD31, o

CD34 e o CD105 (VERMEULEN et al., 2002; SOUZA; FREITAS; MIRANDA, 2007).

Em relação às técnicas de mensuração da angiogênese empregadas na avaliação dos

tecidos submetidos ao processamento imunoistoquímico, a análise dos trabalhos existentes na

literatura revela que as mais frequentemente utilizadas são a da densidade microvascular

(MVD), do volume microvascular (MVV) e da contagem microvascular (MVC) (HANNEN;

RIEDIGER, 2004; EL-GAZZAR; MACLUSKEY; OGDEN, 2005; FREITAS et al., 2005;

SOUZA; FREITAS; MIRANDA, 2007; DAVEY et al., 2008).

A técnica da MVD foi descrita por Weidner et al. (1991) em um estudo com carcinoma

de mama. Sob microscopia de luz, com aumentos de 40x e 100x, são identificadas cinco áreas

de maior vascularização no espécime. Em sequência, sob aumento de 200x, são quantificados

os microvasos presentes em cada uma dessas áreas. O resultado, designado de MVD alta,

consiste no maior número de microvasos em uma dessas áreas. Dessa forma não é

estabelecido um valor médio, sendo o resultado apresentado sob a forma de microvasos/mm2.

Além de estabelecerem a técnica da MVD, Weidner et al., (1991) explicitaram

parâmetros para nortear o processo de quantificação dos microvasos. De acordo com os

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25

autores, deveriam ser considerados como um único microvaso as células endoteliais isoladas

ou grupos de células endoteliais claramente separadas de microvasos adjacentes ou de outros

tipos celulares do tecido conjuntivo. Além disso, grupos de células endoteliais isoladas que

poderiam constituir secções distintas de um mesmo microvaso deveriam ser consideradas

como microvasos distintos. Lúmens vasculares, embora geralmente identificáveis, não seriam

necessários para definir uma estrutura como um microvaso.

Posteriormente, com base na metodologia descrita por Weidner et al., (1991), foi

proposta uma avaliação da MVD alta, designada de MVD média (SCHOR et al., 1998a;

SCHOR et al., 1998b). Nesta técnica, sob aumento de 200x, são quantificados os microvasos

em 10 – 15 campos microscópicos aleatórios. Com os valores obtidos em cada um destes

campos é estabelecido o número médio de microvasos do espécime. Na análise MVD média,

os resultados são apresentados sob forma de média de microvasos ± desvio padrão.

O MVV consiste em uma técnica estereológica para a determinação do volume dos

microvasos. Neste processo, sob microscopia de luz (aumento de 200x), com o auxílio de uma

ocular contendo um retículo com 100 pontos marcados, são avaliados 15 campos

microscópicos aleatórios, perfazendo um total de 1.500 pontos. Em cada um destes campos

são quantificados os vasos que coincidem com os pontos do retículo. Ao final, o resultado é

expresso em porcentagem de volume (PAZOUKI et al., 1997; SCHOR et al., 1998a).

A técnica da MVC foi descrita por Maeda et al., (1995) em um estudo com carcinomas

gástricos. Sob microscopia de luz, com aumento de 40x, são identificadas cinco áreas de

maior vascularização no espécime. Em sequência, sob aumento de 200x, são quantificados os

microvasos presentes em cada uma dessas áreas. Nesta análise, o resultado obtido é

apresentado como um número médio de microvasos em cada secção histológica. Além de

constituir uma técnica de fácil execução (FREITAS et al., 2005), a MVC se destaca por

apresentar relevância prognóstica em diversos tumores (NANASHIMA et al., 2008;

NANASHIMA et al., 2009).

A MVD em tumores tem sido avaliada pela imunomarcação dos tecidos por anticorpos

pan-endoteliais contra antígenos como o CD34, CD31 e fator de Willebrand. Entretanto,

sabendo-se que as células endoteliais são altamente heterogêneas, surge um questionamento

sobre se um marcador pan-endotelial é um reagente ideal para avaliar a MVD de um tumor.

Tomando isso como base, muitos autores relatam que os anticorpos anti-CD105, ao contrário

dos marcadores pan-endoteliais, ligam-se preferencialmente às células endoteliais ativadas in

vitro e em tecidos participando da angiogênese (WANG et al., 1993; WESTPHAL et al.,

1993; WANG et al., 1995; SEON et al., 1997). Além disso, após a imunomarcação em vários

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tipos histológicos de tumores humanos, o CD105 foi que esteve mais fortemente expresso nas

células endoteliais dos vasos sanguíneos tumorais, todavia foi indetectável ou esteve

fracamente presente em vasos sanguíneos de tecidos normais (WANG et al., 1993; WANG et

al., 1995; DERBYSHIRE; THORPE, 1997). Por outro lado, evidências sugerem que a

expressão do CD105 pode refletir a atividade metabólica dos tecidos, não estando

necessariamente relacionado à formação de novos vasos sanguíneos (DAVEY et al., 2008).

O grau de vascularização (medido quantitativamente pela MDV) tem potencial para ser

usado como fator de prognóstico (FIDLER; ELLIS, 1994; FOX; GATTER; HARRIS, 1996).

A extensa neovascularização em carcinomas de mama invasivos é um fator preditor de

metástase independente tanto para linfonodos axilares quanto para sítios distantes ou ambos

(WEIDNER, 1993; GASPARINI; POZZA; HARRIS, 1996; FOX; GATTER; HARRIS,

1996). Subsequentemente, muitos pesquisadores têm demonstrado que a alta microdensidade

vascular (MDV) é um fator de prognóstico independente em muitos outros tipos histológicos

de tumores humanos, enquanto outros autores têm falhado em encontrar tal relação (KUMAR

et al., 1999).

2.3.3 O Processo Angiogênico nas Lesões Crônicas Inflamatórias (Líquen Plano Oral e

Pênfigo Vulgar)

O processo angiogênico é considerado fundamental em muitos processos fisiológicos e

patológicos e, em ambos os tipos o início da resposta angiogênica ocorre com uma ativação

das células endoteliais devido à liberação de citocinas como resposta à hipóxia ou à isquemia

(SCARDINA et al., 2009). A angiogênese está diretamente relacionada a uma alteração na

microcirculação local, que consiste basicamente em um aumento no número de vasos em uma

determinada área e uma alteração morfológica dos mesmos, culminando na expressão in vivo

da neoformação de vasos sanguíneos (SCARDINA et al., 2007).

Além de a angiogênese ter sido atualmente relacionada com a patogenia e atividade de

uma série de condições crônicas inflamatórias, incluindo artrite reumatoide, psoríase e

osteoartrite; outros dados sugerem que a angiogênese pode desempenhar um papel importante

na persistência e cronicidade de algumas lesões do líquen plano oral, podendo, desse modo,

ser utilizado como um marcador de atividade da doença (TAO et al., 2007).

Uma relação de feedback positivo, em que um estado inflamatório promove a

angiogênese e esta facilita a inflamação crônica foi observada em doenças crônicas

inflamatórias, bem como em LPO’s (CREAMER et al., 2002). Por esse motivo é necessário

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elucidar o papel da angiogênese na patogênese da LPO a fim de se melhor compreender o seu

mecanismo para que sejam desenvolvidas novas estratégias de tratamento (TAO et al., 2007).

O LPO caracteriza-se por uma ciclicidade, com fases de remissão e recrudescência,

desse modo, modificações na microcirculação local podem ser associadas a uma maior ou

menor intensidade do fenômeno flogógero, e, por conseguinte, a uma maior ou menor

atividade da doença (SCARDINA et al., 2007). Dados da literatura indicam que na presença

da LPO, os vasos sanguíneos encontram-se dilatados, portanto eles ocupam um espaço

relativamente maior, todavia isso não corresponde a um aumento do número dos mesmos

(SCARDINA et al., 2007). Entretanto, SCARDINA et al., 2009, afirmam que, no momento,

na literatura ainda não há estudo algum satisfatório que compare o fenômeno da angiogênese

nas lesões de líquen plano oral.

Tal como uma doença autoimune de origem inflamatória e progressão crônica, o líquen

plano oral satisfaz todos os pré-requisitos de hipóxia que são essenciais na angiogênese.

Macrófagos e outras células do sistema imune produzem o fator de crescimento endotelial

vascular (VEGF), que estimula a degradação, proliferação e migração das células endoteliais

e regula a permeabilidade vascular, importante na iniciação da angiogênese (MITTAL;

SHANKARI; PALASKAR, 2012). O VEGF é considerado um dos mediadores mais potentes

da angiogênese, uma vez que se trata do fator de maior estimulação específica da célula

endotelial. Tem sido demonstrado que as lesões de LPO apresentam um aumento significativo

de VEGF quando comparado à mucosa oral normal (TAO et al., 2007).

Alguns estudos em pacientes afetados pelo líquen plano oral sugerem que o aumento

da densidade de mastócitos na lâmina própria próximo à camada basal do epitélio e o aumento

de número de fatores proangiogênicos e angiogênicos, tais como histamina, heparina, VEGF e

TGF-β produzidos por essas mesmas células podem influenciar o endotélio vascular de um

modo crítico, além de possuir um papel importante na formação da lesão (MICHAILIDOU;

MARKOPOULOUS; ANTONIADES, 2008; SCARDINA et al., 2009). Ao mesmo tempo,

pesquisas revelaram uma série de citocinas proangiogênicas, incluindo fator de necrose

tumoral (TNF), interleuninas 1, 6 e 8 presentes em quantidades significantes nos tecidos da

lesão, no sangue periférico e em diferentes fluidos orais de pacientes com LPO (RHODUS et

al., 2005). Esses resultados, portanto, indicam que existe angiogênese no microambiente de

lesões de LPO, embora alguns estudos ainda considerem necessário o fornecimento de mais

evidências para que isso seja estabelecido de fato (MIGNOGNA et al., 2004).

Os estudos de Mittal, Shakari e Palaskar (2012) indicam que a angiogênese é

significativamente elevada em lesões de LPO quando comparados à mucosa oral normal e

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também em lesões de LPO erosivo quando comparados com lesões de LPO reticular; o que

sugere que a angiogênese é um dos principais fatores que contribuem na progressão do LPO.

Cunha et al. (2004) e Lee (2011) observaram em seus respectivos casos clínicos

relatados uma significativa remissão das lesões de pênfigo vulgar após o uso oral da

talidomida; sendo notado também o retorno das mesmas quando o uso desse medicamento era

interrompido. Porém, os mecanismos pelos quais a talidomida age no pênfigo ainda não estão

esclarecidos. Especula-se que esse medicamento exerce seus benefícios clínicos no PV

através dos efeitos citocinas-moduladores e que agentes imunossupressores podem interferir

nesses efeitos da talidomida.

Tem sido observado em modelos animais que a talidomida apresenta propriedades

antiangiogênicas, porém o mecanismo pelo qual isso acontece é desconhecido (D’AMATO et

al., 1994). Uma vez que se observou que essa inibição ocorre apenas após a administração

oral da talidomida, surgiu a hipótese de que um metabólito ativo é formado in vivo

(MATHEWS; MCCOY, 2003). A talidomida suprime, nos macrófagos, a produção de TNF-α,

que é fracamente angiogênico in vivo; e age secundariamente induzindo uma inflamação.

Hipotetizou-se, então, que a talidomida inibe diretamente um componente essencial da

angiogênese, e não opera através do efeito da produção de TNF-α. (D’AMATO et al., 2004).

Somando-se a isso, Kruse et al. (1998), relataram que a talidomida inibiu a angiogênese

induzida pelo fator de crescimento endotelial vascular (VEGF),o qual é um potente mediador

da angiogênese (TAO et al., 2007).

2.4 BIOMARCADOR ANGIOGÊNICO – CD34

Ao longo dos anos um grande esforço tem sido feito para encontrar marcadores

específicos para células endoteliais angiogênicas. Embora um marcador estritamente

específico para a vasculatura tumoral provavelmente não exista, uma variedade de candidatos

com viável potencial terapêutico estão ainda sob investigação (BREKKEN; LI; KUMAR,

2002). Estes podem ser categorizadas em marcadores de ativação e proliferação de células

endoteliais, marcadores de estresse hipóxico, receptores de fatores de crescimento, antígenos

celulares endoteliais indefinidos e proteínas que são expressas em membrana basal recém-

formada ou remodelada. A pesquisa por esses marcadores é importante, uma vez que estes

podem ser usados nos exames de imagem do tumor, no monitoramento e eficácia da terapia

angiogênica e na predição da progressão tumoral (BREKKEN; LI; KUMAR, 2002;

SANCHEZ-ELSNER et al., 2002).

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O CD34 é um marcador de células endotelias, caracterizado como uma glicoproteína

transmembrana de 105-120 kDa que possui alta especificidade, principalmente para células

endoteliais de vasos sanguíneos e precursores de células hematopoiéticas (YOSHIDA et al.,

1999; ABBAS; LICHTMAN, 2005).

Este imunomarcador atua na adesão célula a célula ao se ligar com domínios existentes

nas selectinas, chamadas de CD62L. A adesão e a transmigração leucocitária são reguladas

principalmente pela ligação de moléculas de adesão pertencentes aos leucócitos e na

superfície endotelial e pelos mediadores químicos (quimiotaxinas e citocinas) que afetam

esses processos modulando a expressão na superfície ou a avidez dessas moléculas de adesão.

Os receptores de adesão envolvidos pertencem a quatro famílias moleculares como as

selectinas, as quais possuem um domínio N-terminal extracelular, compreendendo a E-

selectina (CD62E) ou molécula endotelial de adesão de leucócitos tipo 1 (ELAM-1),

confinada ao endotélio; a P-selectina (CD62P), presente no endotélio e plaquetas; e por

último, a L-selectina (CD62L) ou molécula de adesão de leucócitos tipo 1 (LAM-1), a qual é

expressa na maioria dos tipos de leucócitos (ABBAS; LICHTMAN, 2005; KUMAR;

ABBAS; FAUSTO, 2005).

A L-selectina serve de receptor de endereçamento para os linfócitos entrarem nos

linfonodos ligando-se às vênulas especializadas de endotélio alto (HEV’s). Ela liga, ainda, os

neutrófilos às células endoteliais ativadas pelas citocinas nos locais de inflamação. Pelo

menos três ligantes das células endoteliais podem ligar-se à L-selectina: a molécula de adesão

do tipo 1, que contém glicano (GlyCAM-1), uma proteoglicana encontrada nas HEV’s dos

linfonodos; a molécula de adesão celular adressina da mucosa do tipo 1 (MadCAM-1),

expressa pelas células endoteliais no tecido linfoide associado às mucosas; e a glicoproteína

CD34 (KUMAR; ABBAS; FAUSTO, 2005).

O CD34 é um dos principais ligantes das células endoteliais que podem unir-se às L-

selectinas, e segundo a literatura é fortemente expresso em diversas neoplasias como

leucemias, além de lesões vasculares, sugerindo, dessa forma, que sua imunomarcação seja

utilizada como critério de diagnóstico e prognóstico nessas lesões (HEIMBURG et al., 1999;

YOSHIDA et al., 1999; KUMAR; ABBAS; FAUSTO, 2005).

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30

PROPOSIÇÃO

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31

3 PROPOSIÇÃO

Este trabalho teve como objetivo avaliar o processo angiogênico por meio da contagem

microvascular (MVC), com o auxílio do marcador imunoistoquímico CD34 em uma série de

casos de líquen plano oral e pênfigo vulgar na tentativa de melhor compreender o papel da

angiogênese tanto na patogênese quanto na progressão dessas doenças autoimunes crônicas

inflamatórias.

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MATERIAIS E MÉTODOS

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33

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

A presente pesquisa foi registrada na Plataforma Brasil e submetida a análise do seu

conteúdo pelo Comité de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte

(CEP/UFRN).

4.2 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO

O presente estudo caracterizou-se como uma pesquisa descritiva, comparativa e

retrospectiva constituída pela observação, análise e registro dos índices angiogênicos obtidos

a partir da apreciação quantitativa dos vasos sanguíneos imunomarcados pelo anticorpo anti-

CD34 em uma série de casos de líquen plano oral e pênfigo vulgar previamente selecionados.

4.3 POPULAÇÃO

Todos os casos de líquen plano oral e pênfigo vulgar diagnosticados e arquivados no

Setor de Anatomia Patológica da Disciplina de Patologia Oral do Departamento de

Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

4.4 AMOSTRA

A amostra foi intencional, já que foram selecionados todos os casos diagnosticados

como LPO e PV, arquivados no serviço anteriormente referenciado, de acordo com a

quantidade e a qualidade do material disponível nos blocos de parafinas existentes, que

deveriam ser suficientes para o estudo morfológico e imunoistoquímico. Neste estudo foram

incluídos 73 espécimes teciduais orais, sendo selecionados 40 casos de LPO, dos quais 26

foram classificados como reticulares e 14 casos eram lesões erosivas, além de 18 casos de PV

e 15 espécimes de mucosa oral normal.

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34

4.4.1 Critérios para seleção da amostra

4.4.1.1Critérios de inclusão

Foram incluídos na amostra:

Lâminas coradas em hematoxilina-eosina (HE), que tiveram diagnóstico

histopatológico de líquen plano oral reticular e erosivo e, pênfigo vulgar;

Casos cujos blocos em parafina apresentaram quantidade suficiente de material para

realização do estudo imunoistoquímico;

Casos cujas fichas apresentaram todos os dados necessários para a realização do

estudo clínico.

4.4.1.2 Critérios de exclusão

Foram excluídos da amostra aqueles casos que não satisfizeram os critérios de inclusão

acima.

4.4.2 Caracterização da amostra

Neste estudo foram incluídos 73 espécimes teciduais orais emblocados em parafina

que foram divididos em três grupos: grupo I, grupo II e grupo III. O grupo I, o grupo controle,

consistiu em 15 casos de mucosa oral normal (retirado de cirurgia peridontal); o grupo II foi

constituído por 40 casos diagnosticados como líquen plano oral. Esse grupo foi ainda

subdividido em dois grupos: grupo IIA e grupo IIB. O grupo IIA conteve 26 casos

diagnosticados como líquen plano oral reticular e o grupo IIB, 14 casos diagnosticados como

líquen plano oral erosivo. Já o grupo III foi constituído por 18 casos diagnosticados como

pênfigo vulgar. Estes casos foram obtidos de blocos de casos previamente diagnosticados dos

arquivos do Setor de Anatomia Patológica da Disciplina de Patologia Oral do Departamento

de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

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35

4.5 ESTUDO CLÍNICO E MORFOLÓGICO

A partir de fichas clínicas de requisições de biópsias arquivadas no Laboratório de

Anatomia Patológica do Departamento de Odontologia da UFRN, foram obtidas as

características clínicas das lesões, para que assim as lesões de LPO fossem classificadas como

LPO Reticular ou LPO Erosivo. As lesões de LPO foram consideradas reticulares quando

foram descritas nas fichas clínicas dos pacientes como: assintomáticas, com linhas brancas

entrelaçadas ou como pápulas e as erosivas como lesões eritematosas, ulceradas e com

sintomatologia associada (apresentando dor e/ou ardor), conforme Neville et al. (2009) e

Carrozzo e Thorpe (2009).

Os espécimes foram analisados sob microscopia de luz, através da análise de cortes

histológicos de 5μm de espessura, corados pela técnica da Hematoxilina/Eosina. Em seguida

foi efetuada uma análise descritiva das características anátomo-patológicas inerentes a cada

lesão, onde foram selecionados apenas os casos que apresentaram aspectos morfológicos

padrões de líquen plano oral e pênfigo vulgar.

4.6 ESTUDO IMUNOISTOQUÍMICO

4.6.1 Método Imunoistoquímico

Os espécimes fixados em formol a 10% e emblocados em parafina foram submetidos a

cortes histológicos de 3µm de espessura, que foram estendidos em lâminas de vidro,

previamente limpas e desengorduradas, preparadas com adesivo à base de Organosilano (3-

aminopropyltrietoxy-silano, Sigma Chemical CO, St Louis, MO, USA). Na técnica

imunoistoquímica foi empregado o complexo Avidina Biotina (Kit LSAB + HRP, DAKO

CYTOMATION, Carpinteria, CA, USA), utilizando o imunomarcador anti- CD34, seguindo

os seguintes passos laboratoriais descritos abaixo:

o Xilol I (30 minutos), estufa 59°C – Desparafinização;

o Xilol II (20 minutos), temperatura ambiente (TA) – Desparafinização;

o Etanol absoluto, I, II e III (05 minutos cada) – TA;

o Etanol 95° (5 minutos) – TA;

o Etanol 80° (5 minutos) – TA;

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36

o Remoção de pigmento formólico com hidróxido de amônia a 10% em etanol a

95% (10 minutos) – TA;

o Lavagem das lâminas em água corrente (10 minutos);

o Passagem dupla em água destilada (5 minutos cada);

o Recuperação antigênica (Quadro 1);

o Lavagem em água corrente (10 minutos);

o Passagem dupla em água destilada (5 minutos cada);

o Bloqueio da peroxidase endógena com peróxido de hidrogênio 10 volumes

(duas trocas 15 minutos cada);

o Lavagem em água corrente (10 minutos);

o Passagem dupla em água destilada (5 minutos cada);

o Passagem em TRIS HCl (Tris (hydroxymethyl) aminomethane Hydrochlride)

pH 7,4 (duas trocas de 5 minutos cada);

o Incubação sem solução de BSA (albumina sérica bovina) a 1% e soro fetal

bovino (SFB) a 5% em TRIS HCl pH 7,4 por 60 minutos, para bloquear a

reação do anticorpo primário com proteínas inespecíficas teciduais;

o Retirar o excesso da solução dos cortes;

o Incubação dos anticorpos conforme a determinação do fabricante (Quadro 1);

o Passagem solução de Tween 20 a 1% em TRIS HCl pH 7,4 (duas trocas de 5

minutos cada);

o Incubação por 30 min nos reagentes do Kit LSAB (Dako Cytomation + and

LSAB®

+ Systems) para o anticorpo anti-CD34;

o Passagem em TRIS HCl pH 7,4 (duas trocas de 5 minutos cada);

o Incubação por 3 minutos em solução de di-aminobenzida (DAB) na

concentração de 30 mg em 10 ml de TRIS HCl pH 7,4 ativada por peróxido de

hidrogênio 10 volumes para revelação;

o Lavagem em água corrente (10 minutos);

o Passagem dupla em água destilada (5 minutos cada);

o Contracoloração com Hematoxilina de Mayer (10 minutos) – TA;

o Lavagem em água corrente (10 minutos);

o Passagem dupla em água destilada (5 minutos cada);

o Desidratação em etanol em cadeia crescente em 80° ao etanol absoluto (3

minutos cada);

o Diafanização em xilol (3 passagens de 10 minutos);

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37

o Montagem da lâmina em resina Permount®

(Ficher Scientific, Fair Lawn, NJ,

USA) para observação em microscópio de luz.

Quadro 1 - Especificação, diluição, recuperação antigênica e tempo de incubação do anticorpo

primário utilizado.

Anticorpo

Clone

Especificidade Diluição

Recuperação

Antigênica

Incubação

CD34

(QBEnd 101)

Dako

Corporation

Células

endoteliais,

precursores das

células

hematopoiéticas.

1:100

Citrato Ph 6.0

Pascal, 30 min

Overnight

4°C

PPGO, 2014

4.6.2 Análise do Perfil Imunoistoquímico

As lâminas coradas pela técnica da imunoistoquímica com anticorpo anti-CD34 foram

analisadas sob microscopia de luz (OLYMPUS BX41) quantitativamente através do índice

angiogênico, por um examinador previamente treinado. O índice angiogênico foi delimitado

empregando-se a técnica da contagem microvascular (MVC), de acordo com a metodologia

de Maeda et al. (1995) modificada, em que foram selecionadas, de forma criteriosa e

subjetiva, cinco áreas bem significativas da lesão e com maior número de vasos (densidade

microvascular) sob aumento de 40x (x4 objetiva, x10 ocular). Em seguida, através do

aumento de 100x (x10 objetiva, x10 ocular) foram quantificados manualmente, com o auxílio

do programa ImageJ (Image Processing and Analysis in Java), objetivando evitar a

recontagem de estruturas. Desse modo, o resultado foi expresso pelo número médio de vasos

nestas áreas em cada amostra das lesões, para posterior comparação. Durante o procedimento,

qualquer célula ou grupo celular endotelial imunomaracado positivamente separados dos

microvasos adjacentes e de outros constituintes do tecido conjuntivo, assim como os vasos

contendo lúmen, foram considerados como vaso unitário. Foram contados como vasos, ainda,

estruturas ramificadas e com descontinuidade na sua conformação.

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38

4.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Com o intuito de testar as hipóteses propostas no presente estudo, os resultados

obtidos foram submetidos a testes apropriados. Os dados obtidos foram digitados em planilha

eletrônica no programa Excel (Microsoft Office 2013® for Windows) e posteriormente

exportados para o programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS versão 20.0;

Inc., Chicago, IL, USA), no qual foi inicialmente realizada a análise descritiva e em seguida

os testes estatísticos descritos abaixo.

Para comparar o índice angiogênico determinado pela contagem microvascular (MVC)

entre os diferentes tipos de lesões, categorizadas nos grupos líquen plano oral, pênfigo vulgar

e mucosa oral normal, fez-se uso do teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis. Enquanto para

comparação da MVC entre a forma erosiva e reticular dos casos de líquen plano oral,

realizou-se o teste não-paramétrico de Mann-Whitney.

O nível de significância adotado para todos os testes realizados foi de 5%.

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39

RESULTADOS

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40

5 RESULTADOS

5.1 RESULTADOS MORFOLÓGICOS

No presente estudo, foram utilizados 40 casos de líquen plano oral, destes, 14 eram do

tipo erosivo e 26 do tipo reticular, 18 casos de pênfigo vulgar e 15 casos de mucosa oral

normal (Gráfico 1).

Gráfico 1 - Distribuição da amostra quanto ao tipo de lesão analisada. Natal, RN-2014.

PPGO, 2014

Ao exame histopatológico, os casos de líquen plano oral e pênfigo vulgar, sob

microscopia de luz, em cortes de 5µm de espessura, corados pela técnica da Hematoxilina e

Eosina, revelaram para os diagnósticos histológicos as características inerentes às referidas

lesões.

Nas lesões de líquen plano analisadas constatou-se a presença de perda de nitidez da

camada basal acompanhada pelo intenso infiltrado inflamatório predominantemente

linfocítico, disposto em faixa, imediatamente subjacente ao epitélio, além da presença de

corpos colóides eosinofílicos na interface epitélio/tecido conjuntivo (Corpos de Civatte),

cristas epiteliais ausentes, hiperplásicas ou em forma de “dentes de serra”, variações da

espessura da camada espinhosa e graus variáveis de orto ou paraceratose.

Líquen Plano Oral

Pênfigo Vulgar

Mucosa Oral Normal

54,8%

24,7%

20,5%

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41

No que concerne aos espécimes de pênfigo vulgar, pôde-se observar a existência de

separação intraepitelial, acima da camada de células basais do epitélio evidenciando-se a

presença de acantólise (separação das células da camada espinhosa do epitélio) e a presença

de células soltas, de forma arredondada, na camada espinhosa, chamadas de células de

Tzanck, além de um infiltrado leve a moderado de células inflamatórias crônicas no tecido

conjuntivo.

5.2 RESULTADOS IMUNOISTOQUÍMICOS

A reatividade celular observada nos casos de líquen plano oral e pênfigo vulgar foi

restrita ao citoplasma das células endoteliais de revestimento e aos grupamentos de células

endoteliais proliferantes sem lúmen, sendo representada pela coloração acastanhada

independente da intensidade da imunomarcação.

Foi ainda observado que o anticorpo anti-CD34 reagiu imunopositivamente em 100%

da amostra analisada.

5.2.1 Análise Quantitativa da Marcação Imunoistoquímica pelo anticorpo anti-CD34.

O número médio dos vasos sanguíneos determinados pela contagem microvascular

(MVC) nos espécimes de líquen plano oral, pênfigo vulgar e mucosa oral normal

imunomarcados para CD34 encontram-se na Tabela 1.

Tabela 1 - Índices angiogênicos determinados pela contagem microvascular do CD34 de acordo com o

tipo de lesão avaliada. Natal, RN-2014.

LESÃO Índices Angiogênicos

LPO

Erosivo 72,80 54,40 106,00 96,80 83,50 72,60 57,40 75,80 55,00 110,80 138,75 60,80 45,00 91,40

Reticular 94,00 75,60 128,20 75,20 66,00 73,40 87,40 72,40 66,80 41,00 60,80 157,20 65,00 97,00

65,60 94,20 40,00 73,80 46,20 58,40 58,00 78,60 88,00 82,20 62,00 57,60

PV 63,00 118,60 71,00 96,60 47,20 39,60 66,60 99,60 65,00 34,50 109,80 61,20 56,20 63,00

64,80 41,00 118,00 83,20

MON 68,60 43,80 80,60 88,40 128,00 51,60 37,00 37,60 101,40 50,60 55,20 76,80 83,60 31,50

44,75

Legenda: LPO, líquen plano oral; PV, pênfigo vulgar; MON, mucosa oral normal.

Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/UFRN.

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42

5.2.2 Análise Estatística da Contagem de Microvasos Marcados pelo Anticorpo Anti-

CD34

Ao comparar a MVC entre diferentes lesões, observou-se que a mediana dos casos de

líquen plano oral foi maior que no grupo de pênfigo vulgar, que por sua vez revelou mediana

maior que nos casos de mucosa oral normal. O teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis

demonstrou que essas diferenças não foram estatisticamente significativas (p=0,280) (Tabela

2) (Gráfico 2).

Tabela 2 - Tamanho da amostra, mediana, quartis 25 e 75, média dos postos e significância estatística

para a contagem microvascular entre as lesões de LPO, PV e os espécimes de MON. Natal, RN-2014.

Lesão n Mediana Q25-Q75 Média dos postos p(1)

LPO 40 73,10 59,00-90,55 40,15 0,280

PV 18 64,90 53,95-97,35 35,78

MON 15 55,20 43,80-83,60 30,07

Legenda: LPO, líquen plano oral; PV, pênfigo vulgar; MON, mucosa oral normal.

(1): Teste Kruskal-Wallis.

PPGO, 2014

Gráfico 2 - Box-plot relativo à contagem microvascular de acordo com o tipo de lesão avaliada. Natal,

RN-2014.

PPGO, 2014

No tocante a contagem microvascular de CD34 em relação à forma clínica dos líquens

planos orais, verificou-se uma mediana ligeiramente maior para a forma clínica erosiva. O

teste não-paramétrico de Mann-Whitney demonstrou que esta diferença não foi

estatisticamente significativa (p=0,720) (Tabela 3) (Gráfico 3).

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43

Tabela 3 - Tamanho da amostra, mediana, quartis 25 e 75, média dos postos, estatística U e

significância estatística para a contagem microvascular entre os tipos de líquen plano oral. Natal, RN-

2014.

LPO n Mediana Q25-Q75 Média dos

postos

Soma dos

postos

U p(1)

Erosivo 14 74,30 56,80-99,10 21,46 300,50 168,50 0,720

Reticular 26 72,90 60,20-87,55 19,98 519,50

Legenda: LPO, líquen plano oral.

(1): Teste Mann-Whitney.

Fonte: ?????

Gráfico 3 - Box-plot relativo à contagem microvascular de acordo com a forma clínica de líquen plano

oral. Natal, RN-2014.

PPGO, 2014

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44

Figura 1 - Fotomicrografia do espécime de LPO exibindo hiperparaceratinização, epitélio de

revestimento atrófico, áreas de perda de nitidez da camada basal, projeções epiteliais e

infiltrado inflamatório linfocítico subepitelial (H/E, 100X).

PPGO, 2014

Figura 2 - Fotomicrografia do espécime de PV exibindo separação intraepitelial, acima da

camada de células basais do epitélio, acantólise, células de Tzanck e um infiltrado leve de

células inflamatórias crônicas no tecido conjuntivo (H/E, 100X).

PPGO, 2014

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45

Figura 3 - LPO Reticular. Imunoexpressão para o anticorpo anti-CD34 em vasos sanguíneos e

células endoteliais ocasionais (LSAB, 100X).Fon

PPGO, 2014

Figura 4 - LPO Reticular. Marcação imunoistoquímica para o anticorpo anti-CD34 em vasos

sanguíneos e células endoteliais em meio ao infiltrado inflamatório linfocítico (LSAB, 100X).

PPGO, 2104

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46

Figura 5 - LPO Erosivo. Fotomicrografia evidenciando o padrão de marcação do anticorpo

anti-CD34 em vasos sanguíneos de calibres variados (LSAB, 100X).

PPGO, 2014 Figura 6 - LPO Erosivo. Imunoexpressão para o anticorpo anti-CD34 em múltiplos vasos

sanguíneos (LSAB, 100X).

PPGO, 2014

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Figura 7 - Pênfigo Vulgar. Fotomicrografia evidenciando o padrão de marcação do anticorpo

anti-CD34 em vasos sanguíneos de calibres variados e em células endoteliais ocasionais

(LSAB, 100X).

PPGO, 2014

Figura 8 - Pênfigo Vulgar. Imunoexpressão para o anticorpo anti-CD34 em vasos sanguíneos e

células endoteliais na lâmina própria principalmente em região justaepitelial (LSAB, 100X).

PPGO, 2014

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DISCUSSÃO

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49

6 DISCUSSÃO

O líquen plano oral é uma doença inflamatória crônica e imunomediada, na qual são

reconhecidas seis formas clínicas: reticular, papular, placa, atrófica, bolhosa e erosiva

(EDWARDS; KELSCH, 2002; AL-HASHIMI et al., 2007; CARBONE et al., 2009; NICO

FERNANDES; LOURENÇO, 2011). No entanto, a maioria dos autores consideram apenas

duas formas principais de apresentação clínica da doença: a reticular e a atrófica/erosiva,

sendo esta divisão utilizada em muitos estudos (KARATSAIDIS et al., 2003; SEOANE et al.,

2004; BRANT; VASCONCELOS; RODRIGUES, 2008; CHARAZINSKA-CAREWICZ et

al., 2008; LÓPEZ-JORNET; CAMACHO-ALONSO; MOLINA-MIÑANO, 2009).

Esta classificação foi utilizada no presente estudo devido, principalmente, ao

comportamento biológico diferente como se apresentam, que ressalta a importância de estudá-

las separadamente. Alguns autores sugerem, ainda, que as formas clínicas reticular e erosiva

do LPO devam ser consideradas entidades distintas (KARATSAIDIS et al., 2003; XIA et al.,

2005; LÓPEZ-JORNET; CAMACHO-ALONSO; MOLINA-MIÑANO, 2009;

FERNÁNDEZ-GONZÁLEZ et al., 2011).

Em relação aos achados morfológicos verificados nos casos de LPO analisados neste

estudo, todos estão em concordância com as citações de Sousa et al. (2009), Anuradha et al.

(2011), Fernández-González et al. (2011) e Navas-Alfaro et al. (2011), onde verificaram a

presença de hiperceratose, ausência de displasia, presença de projeções em “dentes de serra”,

sinais de degeneração da camada basal, presença de ceratinócitos apoptóticos, além de

ocasional acantose e hiperplasia. Podendo-se observar, ainda em região justaepitelial um

denso infiltrado inflamatório linfocítico.

O pênfigo vulgar é o mais comum dos tipos de pênfigo, qualificada como uma doença

crônica, autoimune, mucocutânea, que inicialmente se manifesta na forma de lesões intraorais,

espalhando-se consequentemente para outras membranas mucosas e pele. É caracterizada

clinicamente pela formação de bolhas intraepiteliais resultante do colapso da adesão celular

entre as células epiteliais ( DAGISTAN et al., 2008).

O elemento semiotécnico para um diagnóstico mais simples do pênfigo vulgar é a

verificação do sinal de Nikolsky. Este é positivo quando ocorre a formação de uma bolha ao

se friccionar o epitélio nas proximidades das lesões já existentes, devido à facilidade de

separação das células epiteliais. Embora seja de grande valia, toda a literatura concorda que

este sinal não é patognomônico do pênfigo vulgar, uma vez podendo ser observado na grande

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maioria das lesões vesículo-bolhosas ( HEAPHY; ALBRECHT; WERTH, 2005; NEVILLE et

al., 2009; JOLLY et al., 2010).

No que concerne aos achados histológicos do pênfigo vulgar pode ser observada

separação intraepitelial (vesícula ou bolha intraepitelial) acima da camada basal das células do

epitélio, sendo que esta permanece aderida à lâmina própria subjacente. No espaço vesicular

são encontrados, com frequência, grupos de células que apresentam alterações degenerativas

tais como tumefações dos núcleos, perda dos desmossomos, formato arredondado ou ovóide e

hipercromatismo, sendo denominadas de células de Tzanck, as quais são resultantes da

acantólise celular em decorrência do edema peri vesicular. Além disso, no tecido conjuntivo

podem ser encontrados leucócitos polimorfonucleares e linfócitos em número variados. Essas

características observadas nos espécimes de pênfigo vulgar analisadas neste estudo são

condizentes com os descritos na literatura (WILLIAMS, 1989; WEINBERG; INSLER;

CAMPEN, 1997; NEVILLE et al., 2009).

A angiogênese representa um ciclo de um processo vital que leva a formação de vasos

sanguíneos a partir de uma estrutura vascular pré-existente. Exceções fisiológicas em que este

processo ocorre sob forte regulação são encontradas no sistema reprodutivo feminino e

durante o processo de cicatrização de feridas. Por sua vez, a angiogênese não regulada

adequadamente pode resultar em diferentes patologias, tais como a artrite reumatoide, a

retinopatia diabética, a psoríase e o hemangioma juvenis. Além disso, sabe-se que o

crescimento tumoral também é dependente da angiogênese, uma vez que este necessita de

uma extensa rede de capilares sanguíneos para que sejam fornecidos ao tumor nutrientes e

oxigênio necessário para a sua sobrevivência e desenvolvimento. Desse modo, todo sistema

orgânico pode envolver doenças em que a angiogênese é um importante componente.

(HYDER; STANCEL, 1999; LIEKENS; DE CLERCQ; NEYTE, 2001).

Muitos estudos científicos (JAKOBSON; CLAESSON-WELSH, 2008) têm mostrado

a importância da angiogênese nos mecanismos crônicos inflamatórios, bem como tem-se

verificado a presença de neoangiogênese em patologias que apresentam essas características,

como aquelas doenças já citadas anteriormente.

Sabe-se que a angiogênese tem um importante papel nas doenças crônicas

inflamatórias, não apenas causando a geminação de novos vasos sanguíneos, que permite uma

melhor oxigenação e uma maior contribuição dos metabólitos para a proliferação tecidual,

mas também um notável aumento do complexo sistema de feed-back e turnover das células

envolvidas no processo inflamatório (MONACO et al., 2004). Além disso, foi estudado por

Monaco et al. (2004), durante a iniciação e progressão da aterosclerose e artrite reumatoide,

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que o CD40L nos sítios inflamatórios estimula os fibroblastos e monócitos/macrófagos a

produzirem VEGF, levando a angiogênese, a qual promove a manutenção do processo crônico

inflamatório.

Como verificado na revisão de literatura deste estudo, a angiogênese pode ser avaliada

quantitativamente através de várias metodologias por meio da avaliação microscópica da

vascularização tumoral, lançando-se mão de anticorpos específicos para as células endoteliais,

como VEGF, CD31, CD34, CD44, CD105 e o fator von Willebrand (DUFF et al., 2003;

ABBAS; LICHTMAN, 2005; MINHAJAT et al., 2006; LIORCA et al., 2007; NETTO et al.,

2008).

Contudo, os autores são conflitantes na escolha do marcador imunoistoquímico que

oferece melhores resultados na avaliação da angiogênese. De um lado, alguns pesquisadores

como Martone et al. (2005), Chien et al. (2006), Chuang et al. (2006), Kyzas, Agnantis e

Stefanou (2006), Taskiran et al. (2006), Nikiteas et al. (2007), Soares et al. (2007) e Netto et

al. (2008) o CD105 é um excelente anticorpo para avaliação da angiogênese. Por outro lado,

Traweek et al. (1991), Costa e Guinee (2000), Lopez-Graniel et al. (2001), Di Carlo et al.

(2002), Teo et al. (2003), Guttman et al. (2004) e Ascani et al. (2005), recomendam para

análise da vascularização o CD34.

Desse modo, no estudo realizado, optou-se em avaliar de forma comparativa a

expressão imunoistoquímica do marcador CD34 em lesões de LPO reticular, LPO erosiva e

pênfigo vulgar, lesões estas produzidas por doenças automimunes, crônicas inflamatórias, de

mesmo nome, que mostram sinais e sintomas na mucosa oral nos portadores dessas doenças.

De acordo com Vermeulen et al. (2002), Freitas et al. (2005) e Souza, Freitas e

Miranda (2007) a quantificação de vasos sanguíneos em secções histológicas pode ser útil

como indicador de prognóstico em lesões de cabeça e pescoço. No entanto, a mesma pode ser

influenciada por vários fatores, incluindo o tipo de fixador utilizado, o pré-tratamento dos

espécimes antes da marcação, o método de quantificação empregado e o anticorpo

selecionado. Schor et al. (1998a) afirmaram que o pré-tratamento das secções histológicas é a

variável que mais exerce influência na estimativa da vascularização em espécimes teciduais.

Estes pesquisadores demonstraram, através de um estudo comparativo entre diferentes

metodologias destinadas à quantificação da angiogênese, que a variação no tipo de tratamento

dos espécimes teciduais (digestão enzimática e aquecimento) produzia diferentes valores de

índices angiogênicos colocando em questão o resultado da pesquisa. Perante estas

observações, no presente estudo, buscou-se seguir a reprodutibilidade das técnicas conforme

as determinações do fabricante do anticorpo utilizado (BOURNE, 1983), ressaltando-se, dessa

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forma, a necessidade de se padronizar um protocolo para a determinação da angiogênese, pois

variações na metodologia poderiam ocasionar falhas na técnica de coloração e na obtenção do

índice angiogênico (DUFF et al., 2003; SOUZA; FREITAS; MIRANDA, 2007).

Devido às diferentes recomendações de técnicas destinadas à quantificação da

angiogênese (WEIDNER et al, 1991; PAZOUKI et al., 1997; MAEDA et al., 1995)

inicialmente foi realizada uma pequena avaliação da MVD, MVC e MVV e verificou-se que a

MVC foi o método de obtenção do índice angiogênico mais simples, efetivo e de fácil

aplicabilidade encontrado para a análise da angiogênese de tumores de cabeça e pescoço

(MAEDA et al., 1995; FRIDMAN et al., 2000; FREITAS et al., 2005; SOUZA; FREITAS;

MIRANDA, 2007).

Assim sendo, em relação ao método de contagem de microvasos, Jacquemier et al.

(1998) tentando estabelecer parâmetros comparativos de agressividade e sensibilidade

terapêutica em pacientes portadores de câncer de mama entre a determinação da MVC,

utilizando o anticorpo anti-CD31, e Erenoglu et al. (2000 buscando uma correlação e dados

clínicos patológicos do carcinoma gástrico, por intermédio da marcação do anticorpo anti-

fator VIII; certificaram que a MVC tem grande valor de prognóstico, especialmente na

indicação de pacientes com alto índice de recidiva e com necessidade de terapia pós-

operatória complementar. No entanto, Fridman et al. (1998) sugerem que essa técnica deve

ser bem mais estudada e otimizada antes de ser utilizada na rotina para a determinação

prognóstica nos mais variados tipos de cânceres humanos.

Ressaltou-se, neste estudo, que a expressão imunoistoquímica do anticorpo anti-CD34

nas lesões de LPO e PV foi restrita ao citoplasma das células endoteliais de revestimento e

aos grupamentos de células endoteliais as quais não formavam lúmen sendo, dessa forma,

equivalente com os trabalhos que afirmam que o anticorpo CD34 possui afinidade por

epítopos específicos de células endoteliais (MARTONE et al., 2005; SOARES et al., 2007;

YANG et al., 2006; NETTO et al., 2008).

De acordo com Kyzas, Agnantis e Stefanou (2006), poucos estudos existem sobre a

marcação do anticorpo CD-34 em vasos linfáticos, no entanto, nesta pesquisa, é possível que

dentre os vasos imunomarcados existam alguns do tipo linfático, porém de pouca

significância na avaliação da angiogênese. Durante a análise dos resultados verificou-se, de

forma cautelosa, a morfologia dos componentes celulares imunomarcados, evitando, desse

modo, erro na contagem microvascular, podendo-se afirmar que a maior parte da marcação

ocorreu no endotélio vascular dos espécimes estudados.

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53

Verificou-se ainda que o CD34 reagiu preferencialmente com 100% dos casos de LPO

- reticular e erosivo e de PV, demonstrando que este marcador apresenta alta sensibilidade de

imunomarcação, fato verificado em diversas condições tumorais, conforme observado por

Traweek et al. (1991) em angiossarcomas, sarcoma de Kaposi e hemangioendotelioma

epitelioóide; Guttman et al. (2004) em carcinoma epidermóide de língua e Yang et al. (2006)

em carcinoma hepatocelular.

Somando-se a isso, de acordo com Heimburg et al. (1999), Yoshida et al. (1999) e Di

Carlo et al. (2002), o CD34 é o anticorpo de eleição na avaliação da angiogênese. Tais

afirmações não são similares aos achados de Saad et al. (2004), em um estudo realizado em

câncer colorretal, que recomendam o uso do anticorpo CD105 como marcador endotelial ideal

para a mensuração da angiogênese, bem como valor preditor de metástase em comparação

com os marcadores pan-endoteliais. Entretanto, nesta pesquisa, apesar de não ter sido lançado

mão de outro marcador para possível comparação, os espécimes submetidos à marcação com

CD34, exibiram um padrão de marcação uniforme e de fácil interpretação.

No estudo de Tao et al. (2007), no qual o anticorpo anti-CD34 foi utilizado para

auxilar na determinação da microdensidade vascular em casos de LPO, observou-se uma alta

marcação citoplasmática no endotélio vascular de todos os espécimes por esse marcador.

Além disso, foi ressaltado que a MVD no grupo dos pacientes com LPO foi

significativamente elevada em relação aos grupos controles.

Ao que diz respeito às lesões de LPO, os resultados deste estudo não foram

concordantes com as poucas pesquisas que avaliam a angiogênese nessas lesões, uma vez que

pôde-se observar ausência de diferença estatística significativa na determinação das médias da

contagem microvascular (MVC), entre as lesões de LPO reticular e os espécimes de mucosa

oral normal e entre as lesões de LPO erosivo e os espécimes de mucosa oral normal. Contudo,

quando comparamos a mediana da MVC, nesta pesquisa, entre as lesões de LPO e os

espécimes de mucosa oral normal ressalva-se que esta mostrou-se maior nos casos de LPO

dos que nos espécimes de mucosa oral normal; e que a mediana nas lesões de LPO erosivo foi

ligeiramente maior do que nos casos de LPO reticular.

Estes resultados são contrários aos encontrados no estudo de Scardina et al. (2009), o

qual observou uma maior expressão de CD34 em amostras de LPO (54,3%), bem como de

outros marcadores como o VEGF (64,2%), VCAM-1 (32,5%) e ICAM-1 (29,7%), levando-os

a concluir que o número de vasos sanguíneos em biópsias de pacientes com LPO estava

significativamente elevado (média ± DP: 21,27 ± 4,85) quando comparado com indivíduos

saudáveis (média ± DP: 4,74 ± 0,97).

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54

Nossos resultados também foram discordantes dos encontrados na pesquisa de Mittal,

Shankari e Palaskar (2012), uma vez que também avaliando o índice angiogênico (MDV) com

o auxílio do imunomarcador CD34, os mesmos observaram diferença estatística significativa

entre as lesões de LPO (97,24 ± 42,887) e o grupo controle (44,47 ± 9,942).

Por sua vez, os resultados do estudo de Khalili, Eshghyar e Asgari (2013) também

foram diferentes dos nossos encontrados, o qual mostrou que utilizando a imunomarcação do

CD34 e CD105, a MDV em amostras de LPO foi significativamente maior do que nos casos

de mucosa oral normal (6,05 ± 0,86).

Quanto à expressão do CD34 entre lesões de LPO reticular e erosivo, nossa pesquisa

não encontrou diferença estatisticamente significativa entre ambas as lesões na avaliação da

MVC. Este resultado discordou dos encontrados por Mittal, Shankari e Palaskar (2012) e

Khalili, Eshghyar e Asgari (2013), uma vez que estes pesquisadores certificaram-se que as

lesões de LPO erosivo - (129,71 ± 49,253), (31,8 ± 5,39) apresentavam um maior índice

angiogênico quando comparadas com as lesões de LPO reticular – (84,61 ± 33,724). Ambos

os estudos concluem com seus respectivos resultados que a angiogênese seria um dos

principais fatores que contribuem na patogênese e progressão do líquen plano oral.

No que concerne às lesões de pênfigo vulgar, os resultados do nosso estudo não

mostraram diferença estatística significativa quando comparamos a MVC nas lesões de PV

com os espécimes de mucosa oral normal. Entretanto, quando observamos as medianas em

ambos os casos, podemos perceber que esta é ligeiramente maior nos casos de PV do que nos

espécimes de mucosa oral normal. Do mesmo modo, não observamos, em nossos resultados,

diferença estatisticamente significativa entre as lesões de PV e os casos de LPO reticular, nem

mesmo entre as lesões de PV e os casos de LPO erosivo. Contudo, podemos observar que a

mediana da MVC das lesões de PV é ligeiramente menor do que nos espécimes de LPO, tanto

nas lesões reticulares quanto nas erosivas.

Como este foi o primeiro estudo que tentou avaliar a angiogênese nessas lesões não

podemos comparar nossos resultados para se chegar a uma conclusão sobre essa questão.

Contudo, Cunha et al. (2004) e Lee (2011) relataram em seus respectivos casos clínicos uma

significativa remissão das lesões de pênfigo vulgar após a administração oral da talidomida;

sendo notado também o retorno das mesmas quando o uso desse medicamento era

interrompido. Porém, os mecanismos pelos quais a talidomida age no pênfigo ainda não estão

esclarecidos. Estes pesquisadores especularam que tal medicamento exerce seus benefícios

clínicos no PV através dos efeitos citocinas-moduladores e que agentes imunossupressores

podem interferir nesses efeitos da talidomida.

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Adicionalmente, D’amato et al. (1994) observaram em modelos animais que a

talidomida apresenta propriedades antiangiogênicas, porém o mecanismo pelo qual isso

acontece é desconhecido. Mathews e McCoy (2003) observaram que essa inibição ocorria

apenas após a administração oral da talidomida, sugerindo a hipótese de que um metabólito

ativo é formado in vivo.

Sabendo que a talidomida suprime nos macrófagos a produção de TNF-α, que é

fracamente angiogênico in vivo; e age secundariamente induzindo uma inflamação, D’amato

et al. (2004) hipotetizaram, então, que a talidomida inibia diretamente um componente

essencial da angiogênese e não agia através do efeito da produção de TNF-α. Somando-se a

isso, Kruse et al. (1998), relataram que a talidomida inibe a angiogênese induzida pelo fator

de crescimento endotelial vascular (VEGF),o qual é um potente mediador da angiogênese

(TAO et al., 2007).

Diante dos estudos supracitados, acreditamos que por o PV ser uma doença crônica

autoimune inflamatória, assim como o LPO, e por apresentarem remissão da doença após o

uso da talidomida, uma droga com possíveis propriedades antiangiogênicas; estas lesões

supostamente poderiam apresentar um índice angiogênico significativamente maior do que os

casos de mucosa oral normal. No entanto, diante dos nossos resultados, podemos concluir que

apesar de estas lesões terem apresentado leve aumento do número de vasos sanguíneos em

relação ao grupo controle a insignificância estatística, de fato, nos impede de afirmar que

existe angiogênese nas lesões de pênfigo vulgar pertencentes a amostra desta pesquisa.

Isto posto, destacamos que o papel exato da angiogênese nas lesões crônicas

inflamatórias, aqui estudadas, e sua relação com a progressão e o desenvolvimento destas

ainda necessita ser esclarecido, com o objetivo de que o processo angiogênico possa ser mais

um parâmetro seguro a ser utilizado como ferramenta na identificação do potencial biológico

e como adjuvante nas técnicas terapêuticas disponíveis.

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CONCLUSÕES

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7 CONCLUSÕES

Os resultados encontrados no presente estudo permitem concluir que:

Foram encontrados maiores índices angiogênicos, medidos por intermédio do

imunomarcador CD34 no grupo de LPO (reticular e erosivo) quando comparados aos

espécimes de mucosa oral normal. Assim como os índices angiogênicos nas lesões de

LPO erosivo apresentaram-se ligeiramente superiores aos encontrados nas lesões

reticulares.

Os achados encontrados nesta pesquisa, associados aos dados relatados na literatura,

sugerem uma possível participação do processo angiogênico na patogênese e

progressão das lesões de líquen plano oral.

Não foram encontradas diferenças dos índices angiogênicos, quantificados através da

imunomarcação do CD34, entre as lesões de PV e os espécimes de mucosa oral

normal. Porém, pôde-se perceber um ligeiro aumento no número de vasos nas lesões

de PV em relação aos espécimes de mucosa oral normal.

Uma ligeira diminuição do número de vasos sanguíneos foi observada em lesões de

PV quando comparadas com as lesões de LPO (tanto as erosivas quanto as

reticulares), apesar de não terem sido encontradas diferenças dos índices angiogênicos

entre ambas as lesões. Estes resultados sugerem uma possível presença do processo

angiogênico nessas lesões. No entanto, este foi o primeiro estudo com a finalidade de

avaliar a angiogênese em lesões de pênfigo vulgar, nos impossibilitando de concluir

que este processo, de fato, possui papel importante na patogênese e progressão dessas

lesões. Sugerimos, portanto, que outros estudos sejam realizados a fim de que essa

hipótese seja fundamentada.

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APÊNDICE

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70

APÊNDICE

Ficha de avaliação dos índices angiogênicos determinados pela contagem

microvascular (MVC) em Pênfigo Vulgar de acordo com a expressão

imunoistoquímica do anticorpo CD34.

ÍNDICES ANGIOGÊNICOS PÊNFIGO VULGAR

CAMPOS CAMPOS

CASO 1 2 3 4 5 N°

Médio

de

Vasos

CASO 1 2 3 4 5 N°

Médio

de

Vasos

01 10

02 11

03 12

04 13

05 14

06 15

07 16

08 17

09 18

Ficha de avaliação dos índices angiogênicos determinados pela contagem

microvascular (MVC) em Mucosa Oral Normal de acordo com a expressão

imunoistoquímica do anticorpo CD34.

ÍNDICES ANGIOGÊNICOS MUCOSA ORAL NORMAL

CAMPOS CAMPOS

CASO 1 2 3 4 5 N°

Médio

de

Vasos

CASO 1 2 3 4 5 N°

Médio

de

Vasos

01 09

02 10

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71

03 11

04 12

05 13

06 14

07 15

08

Ficha de avaliação dos índices angiogênicos determinados pela contagem

microvascular (MVC) em Líquen Plano Oral Erosivo de acordo com a expressão

imunoistoquímica do anticorpo CD34.

ÍNDICES ANGIOGÊNICOS LÍQUEN PLANO EROSIVO

CAMPOS CAMPOS

CASO 1 2 3 4 5 N°

Médio

de

Vasos

CASO 1 2 3 4 5 N°

Médio

de

Vasos

01 08

02 09

03 10

04 11

05 12

06 13

07 14

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Ficha de avaliação dos índices angiogênicos determinados pela contagem

microvascular (MVC) em Líquen Plano Oral Reticular de acordo com a expressão

imunoistoquímica do anticorpo CD34.

ÍNDICES ANGIOGÊNICOS LÍQUEN PLANO RETICULAR

CAMPOS CAMPOS

CASO 1 2 3 4 5 N°

Médio

de

Vasos

CASO 1 2 3 4 5 N°

Médio

de

Vasos

01 14

02 15

03 16

04 17

05 18

06 19

07 20

08 21

09 22

10 23

11 24

12 25

13 26

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ANEXOS

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74

ANEXOS