UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · formato de Artigo Científico, apresentado ao Curso de...

23
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DO TRAIRI CURSO GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM JULYENNE DAYSE GOMES DE OLIVEIRA ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO OBSTETRA NA ASSISTÊNCIA À PARTURIENTE: PERCEPÇÕES DO PROFISSIONAL SANTA CRUZ RN 2015

Transcript of UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · formato de Artigo Científico, apresentado ao Curso de...

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DO TRAIRI

CURSO GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

JULYENNE DAYSE GOMES DE OLIVEIRA

ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO OBSTETRA NA ASSISTÊNCIA À PARTURIENTE: PERCEPÇÕES DO PROFISSIONAL

SANTA CRUZ – RN 2015

2

JULYENNE DAYSE GOMES DE OLIVEIRA

Atuação do Enfermeiro Obstetra na Assistência a Parturientes: Percepções do Profissional

Nurse Midwife's role in assistance to Parturient: Professional Perceptions

Trabalho de Conclusão de Curso, em formato de Artigo Científico, apresentado ao Curso de Graduação Enfermagem, da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem. Sob orientação da professora Ms. Janmilli da Costa Dantas.

SANTA CRUZ- RN

2015

3

4

JULYENNE DAYSE GOMES DE OLIVEIRA

Atuação do Enfermeiro Obstetra na Assistência à Parturiente: Percepções do

Profissional

Artigo Científico apresentado à Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem.

Aprovado em: 03 de dezembro de 2015.

BANCA EXAMINADORA:

___________________________________________ Ms. Janmilli da Costa Dantas

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

___________________________________________ Prof. Ms José Adailton da Silva

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

___________________________________________ Profa. Ms Dannielly Azevedo de Oliveira e Silva Universidade Federal do Rio Grande do Norte

5

SUMÁRIO

RESUMO ................................................................................................... 6

INTRODUÇÃO .......................................................................................... 8

METODOLOGIA ....................................................................................... 11

RESULTADOS .......................................................................................... 11

DISCUSSÃO ............................................................................................. 15

CONCLUSÃO ........................................................................................... 18

REFERÊNCIAS ......................................................................................... 20

6

RESUMO

Objetivos: Conhecer a percepção do enfermeiro obstetra em relação à sua atuação

na assistência direta à mulher em trabalho de parto em uma maternidade pública.

Metodologia: pesquisa exploratório-descritiva, com abordagem qualitativa. A

pesquisa foi realizada no Hospital Universitário Ana Bezerra localizado em Santa

Cruz/RN. Participaram da pesquisa 09 enfermeiros obstetras, os quais responderam

um roteiro de entrevista semi-estruturado. Os dados da pesquisa passaram pela

analise de conteúdo conforme Bardin. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo

Comitê de Ética em Pesquisa. Resultados: Foram definidas as seguintes

categorias: Atividades Assistenciais, Educação em Saúde, Apoio da Direção

Institucional, O trabalho em equipe Multiprofissional, Pouco Conhecimento da

parturiente em relação às fases do trabalho de parto e Pouco tempo de experiência

com a assistência à parturiente. Essas categorias expressam as dificuldades e

facilidades identificadas pelos Enfermeiros Obstetras como também a percepção da

sua prática no setor de parto. Conclusão: O enfermeiro percebe o seu papel bem

definido na equipe que presta cuidados à parturiente. É preciso uma preparação da

gestante no pré-natal e intensificar o treinamento prático dos enfermeiros obstetras.

Descritores: Enfermagem Obstétrica, Parto Natural, Parto humanizado.

7

ABSTRACT

Objectives: To know the perception of the obstetric nurse in relation to its effect on

direct assistance to women in labor in a public hospital. Methodology: exploratory,

descriptive research with a qualitative approach. The survey was conducted at the

University Hospital Ana Bezerra located in Santa Cruz / RN. The participants were 09

obstetric nurses, who answered a semi-structured interview guide. The survey data

passed through content analysis according to Bardin. The research project was

approved by the Research Ethics Committee opinion. Results: The following

categories were defined: Relief activities, health education, support of Institutional

Management, Working in Multidisciplinary team, little knowledge of the mother about

the stages of labor and Not long experience with the assistance of the laboring

woman. These categories express the difficulties and facilities identified by Obstetric

Nurses as well as the perception of its practice in the delivery sector. Conclusion:

The nurse realizes its clear role in the team that provides care for women during

childbirth. A pregnant woman preparing prenatal we must intensify and practical

training of midwives.

Descriptors: Obstetric, Childbirth Natural, Humanized birth .

8

INTRODUÇÃO

É de suma importância o suporte que os profissionais de saúde oferecem

durante o processo do parto as mulheres, mostrando-se próximos, preocupados e

dispostos a cuidar e escutar a parturiente para a criação de laços de confiança e

afeição, facilitando o processo e fazendo dele um momento de cuidado e conforto1.

A alta taxa de morbimortalidade materna e perinatal e o número excessivo de

cesarianas no país sobrecarregaram os sistemas social e financeiro. A capacitação

de profissionais obstetras tornou-se prioridade dentre as políticas públicas2.

Diante disso, o Ministério da Saúde em 2011 criou, no âmbito do SUS, a Rede

Cegonha que é uma rede de cuidados que visa assegurar à mulher uma atenção

humanizada e qualificada à gravidez, ao parto e ao puerpério, bem como à criança o

direito ao nascimento seguro e ao crescimento e desenvolvimento saudáveis3.

A Rede Cegonha tem atuação unificada com as demais iniciativas para a

saúde da mulher no SUS e prevê a qualificação dos profissionais de saúde

responsáveis pelo atendimento às mulheres durante esse período, bem como a

criação de estruturas de assistência como a Casa da Gestante, a Casa do Bebê e os

CPN’s (Casas de Parto Normal) – um dos principais campos de atuação do

enfermeiro obstetra – que funcionarão em conjunto com a maternidade para

humanizar ainda mais o processo de parir e nascer. Este programa exige que as

boas práticas de atenção ao parto e nascimento sejam estabelecidas nas

maternidades, tais como o direito a acompanhante, o acesso a métodos não

farmacológicos para alívio da dor e o contato pele a pele com o bebê imediatamente

após o parto4.

9

Nessa inclusão do enfermeiro obstetra como profissional habilitado para a

realização de parto normal sem distócia, entende-se que em sua atuação

profissional seja capaz de desenvolver habilidades e competências com segurança

técnica, compreender múltiplas e complexas dimensões que envolvem o processo

de parir e que este processo deve ser visto como um evento social com grande

influência cultural. Esse profissional deve ter uma formação ético-humanística e

científica para prestar cuidados à parturiente, de forma segura, com uma postura

diferenciada, menos tecnicista e mais humana, tendo como foco de seu trabalho o

cuidado5.

As instituições públicas de saúde devem visar a qualidade da assistência,

com atendimento de excelência e digno, investindo nas condições necessárias para

a prestação da assistência qualificada atendendo corretamente às necessidades e

expectativas dos usuários6.

Em 2014, alguns Hospitais Universitários (dentre eles, o Hospital Universitário

Ana Bezerra – HUAB) passaram a ser dirigidos pela Empresa Brasileira de Serviços

Hospitalares (EBSERH) que é uma empresa pública de direito privado, criada pela

Lei Federal nº 12.550, de 15 de dezembro de 2011, com estatuto social aprovado

pelo Decreto nº 7.661, de 28 de dezembro de 2011. Com essa nova organização,

diversos profissionais foram inseridos nessas Instituições, dentre eles, os

enfermeiros obstetras para prestarem assistência à mulher em trabalho de parto.

Diante dessa nova conjuntura na organização do serviço prestado,

especificamente da assistência de enfermagem à mulher em trabalho de parto e no

momento do parto, surgiu a seguinte questão norteadora: Qual a percepção do

enfermeiro obstetra inserido diretamente na assistência à mulher em trabalho de

parto e parto com relação à sua atuação e aos cuidados dispensados à parturiente?

10

Neste entendimento, este artigo tem por objetivo: Conhecer a percepção do

enfermeiro obstetra em relação à sua atuação na assistência direta à mulher em

trabalho de parto e parto em uma maternidade pública. E de forma especifica:

identificar os cuidados dispensados pelos enfermeiros obstetras às mulheres em

trabalho de parto e as facilidades e/ou limitações na atuação do enfermeiro obstetra

no cuidado à parturiente.

Justifica-se a realização desse estudo pela necessidade de conhecer como os

enfermeiros obstetras, especificamente no município de Santa Cruz/RN, atuam nos

cuidados às parturientes. Justifica-se também pela ausência de estudos naquele

local abordando a temática, além de estarmos diante de um novo panorama

assistencial com a participação da EBSERH e a inserção de novos profissionais na

assistência direta ao paciente no Hospital Universitário Ana Bezerra.

Espera-se que esta pesquisa possa contribuir com a melhoria da assistência

prestada pela equipe que acompanha a mulher em trabalho de parto e parto,

pautada na assistência multiprofissional e transdisciplinar, proporcionando cuidado

integral a parturiente no Hospital Universitário Ana Bezerra (HUAB). O estudo pode

ajudar em uma melhor análise pela equipe de enfermagem no que diz respeito à

melhoria do seu campo de atuação em obstetrícia, além de difundir a inserção do

enfermeiro obstetra na assistência direta à parturiente, esclarecendo entraves e/ou

facilidades nesse cuidado. Proporcionará um maior enriquecimento das publicações

na área da enfermagem obstétrica.

11

METODOLOGIA

A pesquisa foi do tipo exploratória-descritiva de abordagem qualitativa. Foi

realizada no HUAB, localizado no município de Santa Cruz, interior do Estado do Rio

Grande do Norte. Participaram da pesquisa 09 enfermeiros obstetras em exercício

da função no período e que assinaram o TCLE.

Em atendimento aos aspectos éticos e legais, contemplados na Resolução

466/12 do Conselho Nacional de Saúde (2012), a pesquisa aconteceu mediante o

consentimento e a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(TCLE). O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da FACISA-

Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi.

Como instrumento para coleta de dados, foi utilizado um roteiro de entrevista

semi-estruturada, contendo perguntas abertas e fechadas, direcionadas a

caracterizar os participantes do estudo e a responder aos objetivos da pesquisa. O

instrumento foi construído pelos autores do estudo e passado por um pré-teste para

averiguar se as perguntas estavam adequadas para o que se pretendia pesquisar.

Não foi necessário mudança no instrumento. As respostas foram gravadas e

transcritas e esses dados passaram pela análise de conteúdo, conforme Bardin, o

qual os organiza em três fases: pré-análise, exploração do material e tratamento dos

resultados, inferência e interpretação.

RESULTADOS

No período de realização da pesquisa, a equipe era composta por 11

enfermeiros obstetras. Aceitaram participar deste estudo 09 enfermeiros obstetras

12

que estavam em exercício da função. Eram do sexo feminino 07 deles, 03 eram

casados, a faixa etária variou de 27 a 63 anos.

Em relação a pós-graduação, os mesmos realizaram o curso de enfermagem

obstétrica em instituições públicas e privadas. O tempo de atuação dos enfermeiros

obstetras na assistência direta à parturiente variou de 02 meses a 23 anos, o que

evidencia que a equipe possui profissionais com pouca experiência e outros com

uma longa jornada de atuação na área.

Todos os sujeitos da pesquisa participaram de cursos na área de saúde, da

mulher. No entanto, ainda colocaram a necessidade de atualizações nas seguintes

especificações: Reanimação Neonatal, Distócias do parto, Transporte de gestantes

e neonatais.

O estudo evidenciou seis categorias:

Tabela 01– Categorias geradas no processo de análise

Objetivos

Categorias

Atuação do enfermeiro

Atividades Assistenciais

Educação em Saúde

Facilidades de atuação na assistência à parturiente

Apoio da direção institucional

O trabalho em equipe multiprofissional

Dificuldade de atuação na assistência à parturiente

Pouco tempo de experiência com a assistência à parturiente

Pouco conhecimento da parturiente em relação às fases

do trabalho de parto

Atividades Assistenciais

Nesta categoria, os enfermeiros relatam as diversas atividades assistenciais

que realizam:

13

“[...] Fazemos avaliação, admissão, procedimentos como punção venosa,

sondagem vesical.” (ENTREVISTADO 2)

“[...] Cuidados de higiene com a parturiente, amamentação e coisas básicas

que a gente tem que orientar.” (ENTREVISTADO 4)

“[...] A gente faz triagem, acolhimento, classificação de risco, admissão,

partograma, exame obstétrico, medidas não farmacológicas para alivio da dor,

orientações sobre período expulsivo ,aleitamento, cuidados com o recém nascido,

realiza parto sem distorcias de maneira humanizada, puerpério, partos de ofiu,

indução com prescrição médica (misoprostol), cardiotocografia, proteinúria, HGT,

cuidados e assistência com rn quando não tem o pediatra, além de registros e

sistema informatizado, checklist, material do setor.”(ENTREVISTADO 5)

“[...] Identificar as distócias, proteger o períneo para evitar laceração, acalmar

a mulher para fazer a força certa.” (ENTREVISTADO 6)

Educação em Saúde

Os profissionais reconheciam sua importância nas ações de promoção à

saúde:

“[...] relaciono com o pré-natal, o acolhimento, as formas lúdicas, pois é muito

tenso, principalmente com primíparas, pois não trazem experiências negativas de

outros partos. Sinto a angustia das parturientes, para que se sintam bem e

liberem mais ocitocina, e na hora do parto passar tranquilidade, fazer menos

manobras perineais, sem pressa.” (ENTREVISTADO 9)

“[...] Respeitar à privacidade, chamar pelo nome e sempre dizer os

procedimentos a paciente. Tudo o que vai fazer para colaboração da mesma.”

(ENTREVISTADO 8)

O apoio da Direção Institucional

14

No relato dos sujeitos entrevistados, alguns enfatizam que o apoio

institucional é primordial para atuação do enfermeiro obstetra:

“[...] a gente tem total apoio da gerencia do hospital e tem autonomia

diferentemente das outras instituições, aqui o enfermeiro obstetra faz o parto, tem

um empoderamento muito grande”. (ENTREVISTADO 2)

“[...] a direção do hospital incentiva e valoriza o enfermeiro obstetra, isso nos

fortalece.” (ENTREVISTADO 5)

“[...] apoio institucional, em outras instituições o enfermeiro obstetra não

realiza partos.” (ENTREVISTADO 6)

O Trabalho em Equipe Multiprofissional

Os entrevistados, de modo geral, expressam opiniões muito próximas,

qualificando o trabalho em equipe multiprofissional como fundamental e importante

para a melhoria da assistência obstétrica:

“[...] nessa instituição me vejo realizada, porque o papel do enfermeiro tanto

no pré-parto e parto é muito definida e multiprofissional.” (ENTREVISTADO 3)

“[...] A equipe se diferencia pelo companheirismo, eu me sinto segura com a

equipe multiprofissional.” (ENTREVISTADO 9)

“[...] o entrosamento da equipe multiprofissional porque todos tentam falar a

mesma língua, nenhum é melhor que o outro, cada um tem um

papel.”(ENTREVISTADO 3)

“[...] quando se trabalha com a equipe multiprofissional onde todos falam a

mesma língua é mais fácil chegar ao êxito.” (ENTREVISTADO 7)

“[...] por ser hospital universitário tenho apoio de todos os profissionais em

realizar partos e consigo fazer um bom trabalho.” (ENTREVISTADO 5)

15

Pouco conhecimento de algumas parturientes em relação às fases do

trabalho de parto

Durante a realização das entrevistas, notou-se, por meio dos relatos, que os

profissionais, alegaram que o pouco conhecimento de algumas parturientes acaba

dificultando o trabalho da equipe:

“[...] A mulher chega sem informações sobre o parto, muitas querem a

cesariana, muitas tem medo do parto.” (ENTREVISTADO 5)

“[...] Com a paciente despreparada para o parto.” (ENTREVISTADO 1)

Pouco tempo de experiência com a assistência à parturiente

Nesse tocante, os sujeitos entrevistados citaram dificuldades relacionadas à

falta de experiência prática em realizar partos ao mencionarem:

“[...] A angustia é o meu aprendizado, é a vivência que vai fortalecendo, não

tive muita teoria e estou em evolução.” (ENTREVISTADO 9)

“[...] como estou há pouco tempo atuando tenho algumas dúvidas não têm

muita segurança.” (ENTREVISTADO 2)

“[...] são as limitações, falta um pouco de conhecimento e prática que não posso ir

mais avante.” (ENTREVISTADO 9)

DISCUSSÂO

Gramacho e Silva 7, dizem que o desafio é a atuação efetiva do enfermeiro

obstetra na assistência ao parto, pois estudos já apontam que esses profissionais

intervêm positivamente na redução de intervenções desnecessárias, como a prática

excessiva do parto cesárea e com consequente diminuição da morbimortalidade

materna e perinatal.

16

Assim, a Enfermagem Obstétrica pode fazer uma grande diferença na

assistência atual que se perpetua desde o início do século XX, onde o parto foi

institucionalizado, pois segundo a Organização Mundial da Saúde e reafirmado pelo

Ministério da Saúde por meio de seu programa atual de humanização da Rede

Cegonha, é a categoria profissional mais preparada para a mudança deste histórico

brasileiro e consolidação de uma assistência segura ao processo de parto e

nascimento.8

O modelo humanizado privilegia o bem-estar da mulher e de seu bebê,

buscando ser o menos invasivo possível, considerando tanto os processos

fisiológicos, quanto os psicológicos e o contexto sociocultural. Sendo que essa

assistência se caracteriza pelo acompanhamento contínuo do processo de

parturição e garante às mulheres vivenciar a experiência do parto e do nascimento

com segurança e dignidade.9

Os Enfermeiros Obstetras que acompanham as parturientes durante o

processo de parto devem entender a importância da comunicação em sua prática,

sabendo ouvir as parturientes e suas necessidades, valorizando sua história de vida,

incluindo seus aspectos sociais, psicológicos e emocionais, que podem influenciar

de modo significativo sua vivência no parto, promovendo assim o vínculo entre a

equipe multiprofissional e a parturiente.10

Daí a importância desses profissionais se atualizarem por meio de cursos de

aperfeiçoamento, melhorando o seu desenvolvimento profissional, confirmando que

o enfermeiro obstetra é um profissional comprometido e qualificado que proporciona

dignidade, segurança e autonomia, resgatando o parto como um evento fisiológico.11

A preparação física e psicológica da parturiente deve cooperar para diminuir a

ansiedade para que haja colaboração com a equipe, reduzindo, assim a ansiedade,

17

tornando o parto mais fácil e menos doloroso. Para isso os profissionais que

acolhem a mulher devem ser capazes de realizar, além de suas atribuições

rotineiras, o apoio necessário para aquele momento, fornecendo orientações através

de ações educativas. 12

Nesse contexto, a perspectiva da educação em saúde é entendida como uma

prática social, um processo que contribui para a formação e desenvolvimento da

consciência crítica das parturientes, a respeito de seu parto, e estimulando a busca

de soluções. 13

Resgatando, assim, o empoderamento das parturientes como um processo

educativo, com o objetivo de ajudá-las a desenvolver os conhecimentos, atitudes,

habilidades e autoconhecimento necessário para que possam assumir de fato a

responsabilidade com as decisões a serem tomadas no que se diz respeito à sua

saúde, neste caso ao trabalho de parto. Para isto, a educação em saúde deve ser

transformada em uma tomada de consciência crítica e com autonomia, através da

comunicação, por meio do diálogo aberto e da escuta ativa.14

A motivação da direção da Instituição para com os profissionais apresenta-se

como uma relação de confiança entre os membros da equipe e destes com os

usuários, propondo mudanças para ampliar a efetividade das práticas de saúde e

produzir enfermeiros obstetras mais confiantes na realização de partos .15

Nesta conjuntura, o apoio da direção institucional na atuação do enfermeiro

obstetra fortalece com o que vem sendo praticado na Política Nacional de

Humanização (PNH) como dispositivo de intervenção em práticas de produção de

saúde pública e tem sido objeto de vários estudos atuais.16,17

Em relação à falta de conhecimento da parturiente sobre as fases do trabalho

de parto, o período pré-natal constitui uma época de preparação física e psicológica

18

para o parto e para a maternidade, por isso os profissionais de saúde devem criar

momentos deintenso aprendizado e uma oportunidade de desenvolverem a

educação em saúde, assumindo a postura deeducadores que compartilham saberes

e conhecimento buscando devolver à parturiente suaautonomia e autoconfiança

para viver a gestação, o parto e o puerpério.18

A presença desse profissional é de muita relevância no desenvolvimento do

processo de parturição. A segurança e confiança são resultados da atuação

humanizada e holística do profissional e podem determinar a forma como a

parturiente enfrentará o seu trabalho de parto. Diante disso, a presença da equipe

multiprofissional é muito importante no desenvolvimento do processo de parturição.

19

A equipe deve ser treinada e capacitada para desenvolver ações e fazer com

que as tecnologias leves de alívio da dor proporcionem maior efetividade às

parturientes. A motivação da equipe quanto ao parto e a assistência humanizada

são fundamentais fazendo parte de todo o período parturitivo. 20

Entretanto, em relação à prática profissional, várias pesquisas21,22,23constaram

que os enfermeiros obstetras enfrentam dificuldades no exercício da especialidade,

especialmente no que se diz respeito ao pouco tempo de experiência na pratica de

realizar partos.

CONCLUSÃO

Os discursos apontaram significativas conquistas na assistência humanizada

ao parto e ao nascimento. Os enfermeiros obstetras demonstraram que exercem um

19

papel definido na assistência direta com as parturientes, sendo um profissional de

suma importância neste tipo de assistência.

O enfermeiro obstetra ajuda a parturiente a participar e comandar o seu parto

da maneira que lhe for mais confortável e seguro, respeitando seus aspectos

emocionais, sociais e familiares. Contudo, para que a assistência ao parto normal e

nascimento humanizado alcance seus objetivos, faz-se necessária à interação de

uma equipe multiprofissional; juntamente com que o MS e OMS preconizam,

possibilitando que o processo de parto e nascimento seja uma experiência agradável

tanto para a mãe, como para seu bebê.

A efetiva participação dos enfermeiros obstetras na assistência ao parto e

nascimento na instituição pesquisada demonstra confiança no trabalho em equipe,

no atendimento humanizado. Observou-se que, esta instituição acredita numa

assistência realizada com práticas humanizadas baseadas em evidências científicas,

porém a transformação do modelo assistencial na obstetrícia ainda é um desafio

atual e urgente que requer esforços tanto de gestores quanto de profissionais de

saúde.

Quanto às dificuldades, os enfermeiros obstetras referem dificuldades

relacionadas ao pouco tempo de experiência no desempenho de suas funções na

especialidade, porém faz-se necessário o planejamento e implementação de

estratégias políticas e institucionais de atualizações permanentes, na área da saúde

da mulher, que viabilizem a confiança e a consolidação desses profissionais.

Podemos, com este estudo, considerar que, mesmo com todas as

dificuldades citadas, a maioria dos enfermeiros obstetras possuem facilidades em

sua atuação. E que além das atividades assistenciais do enfermeiro obstetra, é de

grande relevância as atividades de educação em saúde à parturiente no momento

20

do parto, contribuindo e participando da transformação da assistência obstétrica,

para torná-la menos intervencionista e mais humanizada, através da competência

técnica e sensibilidade para se relacionarem com as mulheres e seus familiares.

REFERÊNCIAS

1.Frello, A.T.; Carraro, T.E. Conforto no processo de parto sob a perspectiva das

puérperas. Revista de Enfermagem da UERJ, v. 18, n. 3, p.441-5, Jul/Set 2010b.

2. Rabelo LR, Oliveira DL. Percepções de enfermeiras obstétricas sobre sua

competência na atenção ao parto normal hospitalar. RevEscEnferm USP.

2010;44(1):213-20.

3.BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.459, de 24 de junho de 2011. Institui no

âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS - a Rede Cegonha. Diário Oficial [da]

União, Brasília, DF, 27 jun. 2011. Seção 1, p. 109.

4.BRASIL, Secretaria de Atenção à Saúde - Ministério da Saúde, Manual Prático

para Implementação da Rede Cegonha[manual_pratico_rede_cegonha.pdf]. 2012ª.

5.Caus, E. C. M., et al. O processo de parir assistido pela enfermeira obstétrica no

contexto hospitalar: significados para as parturientes. Esc. Anna Nery, Rio de

Janeiro, v. 16, n. 1, mar. 2012.

21

6. Moura, M.A.V.; Costa, G.R.M.; Teixeira, C.S. Momentos de verdade da

assistência de enfermagem à puérpera: um enfoque na qualidade. Revista de

Enfermagem da UERJ, v.18, n.4, p.429-34, Jul/Set 2010.

7. Gramacho, RCCV, Silva, RCV. Enfermagem na Cena do Parto. Nursing in the

Scene of Labour in BRASIL.Ministério da Saúde. Humanização do parto e do

nascimento / Ministério da Saúde. Universidade Estadual do Ceará. – Brasília :

Ministério da Saúde, 2014.

8. BRASIL, Ministério da Saúde (BR). Manual Prático para Implementação da Rede

Cegonha. Brasília: Ministério da Saúde; 2011.

9.Organização Mundial Da Saúde (OMS). Assistência ao parto normal: um guia

prático. Genebra: Organização Mundial da Saúde; 1996. [acesso em 2015 out13].

Disponível em: http://www.abcdoparto.com.br/assistencia.php.

10.Pasche DF, Vilela MEA, Martins CP. Humanização da atenção ao parto e

nascimento no Brasil: pressupostos para uma nova ética na gestão no cuidado. Rev

Tempus ActasSaude Colet. 2010; 4(4):105-17

11.Conselho Federal de Enfermagem (BR). Resolução 311 de 8 de setembro de

2007. Código de ética dos profissionais de enfermagem. Rio de Janeiro, 2007.

[citado em 24 nov 2008] Disponível em:http://www.portalcofen.gov.br/2007

22

12.Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política

Nacional de Humanização. HumanizaSUS: documento base para gestores e

trabalhadores do SUS.4a ed. Brasília (DF): MS; 2010.

13.Ministério da Saúde (BR). Secretaria Nacional de Ações Básicas de Saúde.

Divisão Nacional de Educação em Saúde. Educação em Saúde: diretrizes. Brasília

(DF); 1989.

14.Santos, M, L., et al. Percepção de puérperas adolescentes sobre a assistência da

equipe de enfermagem no processo parturitivo. Revista Eletrônica Gestão & Saúde.

Bahia. v.4, n. 1, p.1563-1575. 2013.

15. Barros MEB, Guedes CR, Roza MMR. O apoio institucional como método de

análise intervenção no âmbito das políticas públicas de saúde: a experiência em um

hospital geral. Ciênc. Saúde Colet. 2011; 16(12):4803-14

16.Pasche DF, Vilela MEA, Martins CP. Humanização da atenção ao parto e

nascimento no Brasil: pressupostos para uma nova ética na gestão no cuidado. Rev

Tempus ActasSaude Colet. 2010; 4(4):105-17.

17. Barros MEB, Guedes CR, Roza MMR. O apoio institucional como método de

análise intervenção no âmbito das políticas públicas de saúde: a experiência em um

hospital geral. Ciênc. Saúde Colet. 2011; 16(12):4803.

23

18. Souza VB, Roecker S, Marcon SS. Ações educativas durante a assistência pré-

natal:percepção de gestantes atendidas na rede básica de Maringá-PR. Rev.

Eletrônicaenferm. 2011; 13(2):199-210.

19.Nascimento NM, Progianti JM, Novoa RI, Oliveira TR, Vargens OMC. Tecnologias

não invasivas de cuidado no parto realizadas por enfermeiras: a percepção de

mulheres. Esc Anna Nery RevEnferm. 2010 jul/set; 14(3):456-61.

20.BRASIL. Ministério da Saúde. Acompanhante no parto traz mais segurança para

a mãe. Brasil, 2013. Disponível em:

<http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=24112> Acesso

em: 20 novembro 2015

21. Winck DR, Brüggemann OM. Responsabilidade legal do enfermeiro em

obstetrícia. Rev. bras. enferm. 2010 mai/jun; 63(3): 464-9

22. AmorimT, Gualda DMR. Coadjuvantes das mudanças no contexto do ensino e

da prática da enfermagem obstétrica. Rev Rene 2011 out/dez; 12(4):833-40.

23. Vieira BDG, Moura MAV, Alves VH, Rodrigues DP. A prática dos enfermeiros

obstetras egressos da especialização da Escola de Enfermagem Anna Nery. Rev.

enferm. UERJ. 2012; 20(esp1):579-84