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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DO TRAIRI CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM VERÔNICA KRISTINA CÂNDIDO DANTAS Estudo sobre o conhecimento dos profissionais de Enfermagem acerca da Síndrome de Berardinelli Seip (BSCL) em dois hospitais do Estado do Rio Grande do Norte Santa Cruz 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DO TRAIRI

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

VERÔNICA KRISTINA CÂNDIDO DANTAS

Estudo sobre o conhecimento dos profissionais de Enfermagem acerca da Síndrome de Berardinelli – Seip (BSCL) em dois hospitais do Estado do Rio

Grande do Norte

Santa Cruz

2015

2

VERÔNICA KRISTINA CÂNDIDO DANTAS

ESTUDO SOBRE O CONHECIMENTO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM

ACERCA DA SÍNDROME DE BERARDINELLI – SEIP (BSCL) EM DOIS

HOSPITAIS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

Artigo Científico apresentado a Faculdade

de Ciências da Saúde do Trairi da

Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, para obtenção do título de Bacharel

em Enfermagem.

Orientador (a): Profª. Drª. Julliane Tamara

Araújo de Melo

Co – orientador: Prof. Mr. Osvaldo Goes

Bay Júnior

Santa Cruz

2015

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VERÔNICA KRISTINA CÂNDIDO DANTAS

Estudo sobre o conhecimento dos profissionais de Enfermagem acerca da Síndrome de Berardinelli – Seip (BSCL) em dois hospitais do Estado do Rio

Grande do Norte

Artigo Científico apresentado a Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem.

Aprovado em: 22 de Outubro de 2015

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________, nota_________

Profa. Drª. Julliane Tamara Araújo de Melo – Orientadora

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

________________________________________________, nota_________

5

Profa. Mra Daisy Vieira de Araújo – Membro da banca

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_________________________________________________, nota_________

Profª.Drª. Thaiza Teixeira Xavier Nobre– Membro da banca

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

SUMÁRIO

RESUMO............................................................................................................ 6

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 8

MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 10

RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................................... 11

CONCLUSÃO .................................................................................................. 17

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 17

6

ESTUDO SOBRE O CONHECIMENTO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM

ACERCA DA SÍNDROME DE BERARDINELLI – SEIP (BSCL) EM DOIS

HOSPITAIS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

STUDY OF NURSING PROFESSIONALS KNOWLEDGE ABOUT BERARDINELLI

– SEIP SYNDROME (BSCL) IN TWO RIO GRANDE DO NORTE STATE

HOSPITALS

ESTUDIO SOBRE EL CONOCIMIENTO DE LOS PROFESIONALES DE

ENFERMERÍA ACERCA DEL SÍNDROME DE BERARDINELLI – SEIP (BSCL) EM

DOS HOSPITALES EN EL ESTADO DE RIO GRANDE DO NORTE – BRASIL

Verônica Kristina Cândido Dantas¹, Joice da Silva Soares2, Osvaldo Goes Bay Júnior³,

Julliane Tamara Araújo de Melo4.

¹ Graduanda em Enfermagem - Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN,

Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi – FACISA.

2 Graduanda em Enfermagem - Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN,

Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi – FACISA.

3 Professor Assistente I de Enfermagem da FACISA, Mestre em Enfermagem.

4 Professora Adjunta I de Morfologia e Fisiologia Humana da FACISA; Professora

colaboradora do Programa de Pós-graduação em Biologia Estrutural e Funcional, do

Departamento de Morfologia/UFRN, Especialista em Ciências Morfológicas, Mestre em

Ciências Biológicas e Doutora em Bioquímica e Biologia Molecular pela UFRN.

7

RESUMO: A Síndrome de Berardinelli-Seip (BSCL) é uma doença metabólica rara que se

caracteriza pela ausência de tecido adiposo, resultando em alterações no metabolismo dos

carboidratos e lipídios, hiperinsulinemia, diabetes melittus, distúrbios psiquiátricos e

envelhecimento precoce. Apesar do Estado do Rio Grande do Norte (RN) apresentar maior

número de casos da BSCL no mundo, grande parte dos profissionais da área da saúde no RN

desconhece a doença. Uma vez que os enfermeiros possuem um papel primordial na

assistência hospitalar e no trabalho em saúde pública, esta pesquisa objetivou investigar o

conhecimento dos profissionais de enfermagem acerca da BSCL que trabalham no Hospital

Mariano Coelho, na cidade de Currais Novos e no Hospital Universitário Onofre Lopes no

estado do RN, acerca da BSCL. O presente estudo mostrou que grande parte dos profissionais

de enfermagem desconhecem a doença, embora já tenham recebido pacientes com a BSCL

nos referidos hospitais do interior e capital do RN. Palavras-chave: Síndrome de

Berardinelli-Seip; Rio Grande do Norte; Enfermeiro; Assistência à Saúde.

ABSTRACT: Berardinelli-Seip syndrome (BSCL) is a rare metabolic disorder characterized

by the absence of adipose tissue, resulting in changes in the carbohydrate and lipid

metabolism, hyperinsulinemia, diabetes mellitus, psychiatric disorders, and premature aging.

Despite the state of Rio Grande do Norte (RN) has the highest number of BSCL cases

worldwide, most of the healthcare professionals in RN are unaware of the disease. Since

nurses have a key role in hospital care and public health work, this study aimed to investigate

the knowledge of nursing professionals working in Mariano Coelho Hospital, in the city of

Currais Novos, and in the Onofre Lopes University Hospital, in Natal, about BSCL. This

study showed that most nursing professionals are unaware of the disease, although they have

already received patients with BSCL in those hospitals, in the interior and the capital of the

State. Keywords: Berardinelli-Seip syndrome; Rio Grande do Norte; Nurse; Health Care.

RESUMEN: El Síndrome de Berardinelli-Seip (BSCL) es una dolencia metabólica rara que

se caracteriza por la ausencia del tejido adiposo, resultando en alteraciones en el metabolismo

de los carbohidratos y lípidos, hiperinsulinemia, diabetes melittus, transtornos psiquiátricos y

envejecimiento precoz. Si bien la provincia de Rio Grande do Norte (RN) presenta mayor

número de casos da BSCL en el mundo, gran parte de los profesionales del área de salud en

RN no conoce la enfermedad. Desde que los enfermeros tienen un papel primordial en la

asistencia hospitalar y en el trabajo en la salud pública, esta pesquisa destinou investigar el

conocimiento de los profesionales de enfermeira, que trabajan en el Hospital Mariano Coelho

8

en la ciudad de Currais Novos y en el Hospital Universitario Onofre Lopes en la provincia de

RN, acerca de la BSCL. El presente estudio mostró que es grande la parte de profesionales de

enfermeria que desconocen la dolencia, aunque ya hubieron recibido pacientes con el BSCL

en los referidos hospitales de la capital e interior norteriograndense. Palavras-chave:

Síndrome de Berardinelli-Seip; Rio Grande do Norte; Enfermero; Asistencia a la Salud.

INTRODUÇÃO

A Síndrome de Berardinelli-Seip ou Lipodistrofia Generalizada Congênita

(Berardinelli Seip Congenital Lipodystrophy - BSCL) é uma doença autossômica recessiva

rara caracterizada pela ausência do tecido adiposo e alterações no armazenamento de lipídeos

e carboidratos, resultando no aumento dos níveis de triglicerídeos, redução da HDL

(Lipoproteína de alta densidade) e no aumento da LDL (Lipoproteína de baixa densidade). A

BSCL tem sido associada à ocorrência de comorbidades, tais como: esteatose hepática,

hepatoesplenomegalia, flebomegalia, xantomas, distúrbios nos ciclos menstruais,

hipertricoses, diabetes mellitus, hipertensão arterial sistêmica, hipertrofia muscular, aparência

acromegálica, crescimento acelerado, dislipidemia e hiperinsulinemia1,2

.

Essas complicações podem ser causadas pela deficiência na produção de hormônios

como leptina e adiponectina, produzidos e armazenados nas células adipocitárias as quais são

de fundamental importância na atuação da homeostase do metabolismo do organismo, na

redução do acúmulo dos triglicerídeos nos hepatócitos e células beta do pâncreas. A

deficiência na produção de leptina e adiponectina tem sido associada à ocorrência das

alterações metabólicas acima citadas, bem como à ocorrência de um apetite voraz, resistência

à insulina e hipertrigliceridemia3.

A BSCL é considerada uma síndrome rara que acomete todos os grupos étnicos.

Descrita pela primeira vez no Brasil, no ano de 1954, pelo médico Valdemar Berardinelli, o

qual verificou que a prevalência desta síndrome é de 1:12.000.000, e revista por Seip em

19591,4.

Esta doença começou a aparecer no Brasil com a chegada da Família Real

Portuguesa, a qual tinha a cultura de realizar casamentos consanguíneos entre primos5. Dos

250 casos registrados em nível mundial, 39 casos estão localizados na Região do Seridó do

Nordeste do Brasil, nos Estados do Rio Grande do Norte (RN) e Paraíba (PB), sendo maior a

9

prevalência no Estado do RN6. Contudo, a maioria das pessoas com a BSCL integra a

Associação de Pais e Pessoas com a Síndrome de Berardinelli do estado do Rio Grande do

Norte (ASPOSBERN). Apesar da maior incidência da BSCL ser no estado do RN no Brasil,

somente têm sido realizadas atuações multiprofissionais no tratamento da BSCL em países

europeus6.

Através da utilização de técnicas da biologia molecular, pesquisadores conseguiram

identificar a ocorrência de mutação nos loci gênicos BSCL1 e BSCL2, localizados nos

cromossomos 9q34 e 11q13, respectivamente, e no loci gênico CAV1 (Caveolina1),

localizado no cromossomo 7q31, as quais afetam todos os grupos étnicos. Sabe-se que os

genes que codificam para as proteínas leptina e seipina, localizados nos loci BSCL1 e BSCL2,

respectivamente, são afetados7-10

. Embora a expressão da seipina seja elevada na maioria das

regiões do sistema nervoso central, como no cérebro, bem como nos testículos, ainda não está

claro qual a função dos referidos genes no desenvolvimento da BSCL nem tão pouco se

outros genes localizados nos referidos loci e em outros loci gênicos também apresentam

mutações em sua sequência7.

O gene PTRF, por sua vez, que está envolvido na dissociação de transcrição da

enzima RNA Pol I nos transcritos de RNA, bem como, atua na regulação da expressão da

Caveolina-1, proteína presente nas membranas dos adipócitos, a qual se liga aos ácidos graxos

e o transloca para o citoplasma a partir de gotículas de lipídeos, possibilitando para que ocorra

a estocagem de lipídeos. Uma vez que, a proteína PRTF estando ausente, prejudica a

habilidades dos adipócitos em estocar lipídeos, resultando no aumento de lipídeos na corrente

sanguínea e, assim, provocando intolerância à glicose e resistência à insulina11.

Tendo em vista a presença de um número considerável de pessoas com a BSCL na

região do Seridó e do Trairi do RN, é de extrema importância a atuação de uma equipe

multiprofissional de saúde, de forma que os mesmos possam fornecer uma assistência

integralizada aos pacientes com BSCL e, assim, possibilitar que cada profissional da saúde

possa atuar na sua área específica para promover melhorias nas condições de saúde, evitando

o agravo das complicações metabólicas que a BSCL pode causar.

Nesse contexto, cabe ressaltar que o papel do enfermeiro merece destaque na atuação

da equipe multiprofissional pelo fato de serem profissionais que passam a ter contato maior e

direto com o paciente, podendo vir a perceber qualquer alteração que a pessoa com BSCL

venha a desenvolver, prestando todo o cuidado e a assistência necessária, tanto para o

paciente como para a própria família.

10

No estado do Rio Grande do Norte não tem sido observada uma atuação

multiprofissional durante a assistência das pessoas com a BSCL e, até o presente momento,

não existem estudos sobre a atuação da Enfermagem frente às pessoas com a BSCL. Dessa

forma, considerando a importância do conhecimento da equipe de enfermagem ao atender um

paciente com a BSCL, o presente estudo teve como objetivo investigar o conhecimento dos

enfermeiros acerca da BSCL que trabalham no Hospital Mariano Coelho na cidade de Currais

Novos e no Hospital Universitário Onofre Lopes na cidade de Natal do estado do Rio Grande

do Norte, com o intuito de poder contribuir para a melhoria da assistência ofertada às pessoas

com a BSCL

MATERIAL E MÉTODOS

Trata-se de uma pesquisa-ação, de abordagem quantitativa, cujos sujeitos participantes

foram os profissionais de Enfermagem que trabalham no Hospital Regional Mariano Coelho

(HMC), na cidade de Currais Novos e no Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), na

cidade de Natal, do Estado do Rio Grande do Norte. O trabalho passou pela avaliação do

Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi – UFRN, e foi

aprovado no dia 07/12/2014 com o parecer de liberação número 901.360.

O desenvolvimento deste estudo teve como cenário o Hospital Mariano Coelho

(HMC), localizado na cidade de Currais Novos/RN, é um hospital regional reconhecido pelo

governo federal e que atende 24 municípios da região. Mensalmente, o atendimento de

urgência recebe cerca de 4.800 usuários e realiza uma média de 520 internações. O HMC

possui 108 leitos e, destes, 96 estão cadastros no o Sistema Único de Saúde - SUS,

englobando uma equipe multiprofissional de médicos, equipe de enfermagem, farmacêutico,

assistente social, psicólogos12

. O HUOL, hospital referência da capital do estado do RN,

integra o SUS, prestando serviços médico-hospitalares, desde o atendimento ambulatorial até

serviços de alta complexidade; em média são realizadas 121.669 consultas por ano,

distribuídas em mais de 24 especialidades médicas e não médicas; este hospital é composto

por uma equipe multiprofissional, médicos, equipe de enfermagem, psicólogos, nutricionistas,

farmacêuticos, fisioterapeutas, assistentes sociais, dentre outros13.

Tendo em vista que o HMC e o HUOL são hospitais de referência na região do Seridó

e na capital do RN, respectivamente, o estudo foi apresentado a todos os profissionais de

enfermagem, graduados e pós-graduandos, maiores de 18 anos e de diversas faixas etárias. No

HMC, foram 22 enfermeiros e 144 técnicos de enfermagem, totalizando 166 profissionais.

11

Porém, apenas 40 participaram da pesquisa. No HUOL, foram 120 enfermeiros e 590 técnicos

de enfermagem, totalizando 710 profissionais. Porém, somente 160 profissionais participaram

da pesquisa.

Cabe ressaltar que foram incluídos na pesquisa apenas os profissionais da área da

enfermagem pelo fato do enfermeiro ter o contato direto com os pacientes, acompanhando-os

melhor e identificando todas as complicações que o paciente poderá vir a apresentar. Foram

excluídos da pesquisa os demais profissionais da saúde. Os critérios de inclusão estabelecidos

foram a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e os profissionais

de enfermagem que exerciam o seu trabalho nos hospitais referentes da pesquisa.

Inicialmente, foi aplicado um questionário elaborado pelos pesquisadores, compondo

9 questões de múltipla escolha para avaliar o nível do conhecimento dos profissionais de

Enfermagem acerca da BSCL e, dessa forma, possibilitar a assistência correta às pessoas com

a BSCL no RN. A coleta de dados se iniciou com o esclarecimento da pesquisa aos

profissionais, incluindo os objetivos e a importância da realização do referido estudo, os

direitos que cada sujeito tem durante a execução da pesquisa e os possíveis riscos e

desconfortos gerados durante a aplicação do questionário. Após todo esclarecimento acerca da

pesquisa, os profissionais interessados assinaram o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE), em seguida, responderam a um questionário com 10 questões de

múltipla escolha sobre seus dados pessoais e profissionais e 9 questões de múltipla escolha

sobre a síndrome. Dessa forma, obteve-se a possibilidade de avaliar o conhecimento dos

profissionais de enfermagem acerca da Síndrome de Berardinelli – Seip. Os dados obtidos na

pesquisa foram tabulados no programa Software Microsoft Office Excel 2007 e convertidos

em tabelas e gráficos.

Ao fim da pesquisa, como forma de tornar os profissionais mais aptos na assistência

ao paciente com a referida doença, foi proposta uma capacitação sobre a BSCL,

posteriormente à aplicação do questionário, os mesmos foram contatados no setor de trabalho,

sendo realizada no HMC e HUOL, voltada apenas para os enfermeiros e técnicos plantonistas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O presente estudo teve como participação os profissionais de enfermagem que

trabalham no HUOL e HMC. Sendo no HMC, dentre os que participaram da pesquisa, 30

técnicos de enfermagem do sexo feminino e apenas 3 do sexo masculino, com idade

predominante de 40 a 45 anos, com tempo de serviço entre 10 a 35 anos e apenas cinco desses

12

profissionais com pós graduação, nas áreas de Centro Cirúrgico e Unidade de Terapia

intensiva (UTI). Já os Enfermeiros participantes da pesquisa, incluem-se 9 do sexo feminino e

apenas 2 do sexo masculino, com idade predominante de 30 a 45 anos de idade, e tempo de

serviço entre 5 a 30 anos, sendo 7 destes profissionais com pós graduação e especialização

nas diversas áreas da Enfermagem. No HUOL, dentre os profissionais que participaram da

referida pesquisa, na categoria dos técnico de enfermagem, obteve a participação de 60 destes

profissionais do sexo feminino e três do sexo masculino, com idade predominante entre 20 a

50 anos e tempo de serviço entre 6 meses a 30 anos, apenas dois destes profissionais possuem

pós graduação na área de Saúde Pública e Urgência e Emergência. Já os Enfermeiros

participantes da pesquisa, incluem-se 39 do sexo feminino e 3 do sexo masculino, com idade

predominante de 30 a 55 anos, com tempo de serviço entre 2 a 30 anos, e todos os

enfermeiros pós graduados nas diversas áreas da enfermagem, porém 12 destes profissionais

possuem mestrado na área da enfermagem e apenas 2 possuem residência na área de Unidade

de Terapia Intensiva (UTI) e Oncologia.

De maneira geral, através dos dados coletados, observou-se que a maioria dos

profissionais do HMC conhecem a BSCL e, teoricamente, saberiam identificar um paciente

com a doença, diferentemente do HUOL, em que a maioria dos profissionais de enfermagem

desconhecem o que é a doença e não saberiam identificar um paciente com a BSCL.

Observou-se que em ambos os hospitais poucos atenderam pacientes com a BSCL, muitos dos

profissionais passam a desconhecer as causas da doença e, por esse motivo, não saberiam

orientar os familiares e pacientes quanto aos cuidados que os mesmos deverão ter com a

saúde.

Baseado nos dados quantitativos do gráfico 1 e 2, a maioria dos profissionais do HMC

conhece a BSCL, mas desconhece as suas causas, enquanto que o percentual de profissionais

de enfermagem do HUOL que desconhecem a doença e as suas causas é alto quando

comparado ao HMC. No entanto, é perceptível que os profissionais de ambos os hospitais

permanecem com déficit de conhecimento acerca da BSCL e suas causas, mesmo atendendo

pacientes com BSCL nos setores de internação e em atendimentos ambulatoriais. A maioria

não sabe que a BSCL é uma doença extremamente rara, de transmissão autossômica

recessiva, com elevada incidência de consaguinidade14

.

Ademais, ao receber um paciente com BSCL, os profissionais da enfermagem não

sabem especificar os problemas que, de fato, a síndrome pode acarretar. Este resultado é

preocupante, visto que a BSCL possui a maior incidência no estado do RN, e os pacientes

13

com BSCL têm uma probabilidade elevada de serem atendidos por esses profissionais tanto

no interior e capital do RN.

Os dados do gráfico 3 mostram que a maioria dos enfermeiros e técnicos de

enfermagem do HUOL não sabe identificar um paciente com a BSCL, enquanto no HMC,

70% dos enfermeiros e técnicos de enfermagem afirmaram que sabem identificar um paciente

com BSCL.

Gráfico 1 – Distribuição da amostra quanto ao número de profissionais de Enfermagem do

HUOL e HMC que sabem o que é a BSCL.

Gráfico 2 – Distribuição da amostra quanto ao número dos profissionais de Enfermagem do HUOL

E HMC que conhecem as causas da BSCL.

14

As pessoas com BSCL possuem seu fenótipo bem característico, como, aparência

acromegálica e muscularizada; lipoatrofia dos membros e da face, flebomegalia; hérnia

umbilical, dentre outras características14

. Nesse contexto, verificou-se em ambos os hospitais

se os profissionais da enfermagem já atenderam algum paciente com essas características. De

acordo com os dados do gráfico 4, percebeu-se que apenas 30% dos profissionais do HUOL já

atenderam pacientes com a BSCL, enquanto mais de 50% dos profissionais do HMC

atenderam pacientes com a BSCL, o que mostra que os profissionais do HMC possuem maior

conhecimento acerca da doença quando comparado aos profissionais de enfermagem do

HUOL, corroborando com os resultados do gráfico 3.

Gráfico 3 – Distribuição da amostra quanto ao número dos profissionais de Enfermagem do HUOL

e HMC que sabem identificar um paciente com a BSCL

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Dependendo do caso, o diagnóstico da referida doença é estabelecido associando-se

características clínicas com exames bioquímicos e moleculares. Conforme já descrito na

literatura, existem critérios majoritários e minoritários que se baseiam em manifestações

clínicas e bioquímicas para identificação de pessoas com BSCL. As características que

determinam o critério majoritário são: lipoatrofia de troncos, braços e face, aparência

acromegálica, hepatomegalia, elevada concentração sérica de triglicerídeos (cerca de 80 g/L)

e resistência insulínica. Já as características que compõem o critério minoritário são:

cardiomiopatia hipertrófica, retardo psicomotor leve ou retardo mental moderado, hirsutismo,

puberdade precoce em meninas, cistos ósseos e flebomegalia. O diagnóstico é positivo para

BSCL se três critérios majoritários forem identificados ou dois majoritários e dois

minoritários7.

Apesar de não ser da competência do profissional da enfermagem fornecer um

diagnóstico clínico exato de uma determinada doença, é de extrema importância que esses

profissionais tenham conhecimento das principais manifestações clínicas e/ou morfológicas

de uma pessoa com BSCL para que possam ter uma conduta adequada para orientar toda a

família quanto aos cuidados que uma pessoa com BSCL deve ter.

Nesse contexto, verificou-se se os profissionais da enfermagem sabem repassar os

cuidados que os pacientes com BSCL devem ter. Baseado nos dados do gráfico 5, observou-

se que, de maneira geral, a maioria dos profissionais de enfermagem tanto do HUOL quanto

do HMC não sabem repassar os cuidados que os pacientes com a BSCL deverão ter com sua

saúde, corroborando com os resultados dos gráficos 3 e 4. No HUOL 38% dos profissionais

da categoria dos técnicos de enfermagem não responderam e 62% dos que responderam não

saberiam repassar os cuidados para as pessoas com a BSCL. No HMC, o percentual de

Gráfico 4 – Distribuição da amostra quanto ao número dos profissionais de Enfermagem do

HUOL e HMC que já atenderam algum paciente com a BSCL.

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profissionais de enfermagem que responderam “sim” foi mínimo. De uma forma geral, ao

analisar conjuntamente todos os resultados, os profissionais do HMC foram os que possuíram

um maior conhecimento acerca da BSCL, porém, a maioria não sabe orientar acerca dos

cuidados necessários que um paciente com BSCL deve ter. Esse resultado é preocupante,

visto que, além de ter conhecimento acerca da doença, o profissional da enfermagem também

deve fornecer as orientações necessárias ao paciente leigo para que o mesmo possa cuidar

melhor de sua saúde.

Baseado na literatura, as pessoas com a BSCL devem ter um acompanhamento

periódico durante toda a sua vida e realizar exames anuais de ultrassom para detectar

alterações hepáticas e exames clínicos para verificar a ocorrência de diabetes mellitus, que

geralmente começa na adolescência (com idade média de 12 anos). Caso sejam detectadas

alterações metabólicas e/ou morfológicas, deve-se indicar um tratamento farmacológico para

o controle da diabetes mellitus através do o uso da insulina. Ainda, as pessoas com BSCL

devem realizar a prática de exercicios físicos7.

Destarte, considera-se que os profissionais de enfermagem devem ser mais preparados

para prestar orientações aos familiares e pacientes com a BSCL quanto aos cuidados que

deverão ter com a sua saúde, uma vez que são esses profissionais que: i) possuem contato

direto com os pacientes; e ii) recebem os pacientes em seu serviço.

Gráfico 5 – Distribuição da amostra quanto ao número do profissionais de Enfermagem do

HUOL e HMC que sabem repassar para as pessoas com a BSCL os cuidados que deverão ter

com sua saúde.

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Ao final desse estudo foram realizadas palestras acerca da BSCL, suas causas e

consequências, tipos de tratamento, entre outros, além de ter sido apresentado os resultados

preliminares da referida pesquisa.

As palestras ocorreram nos dias 22, 25 e 29 de maio e 01 e 08 de junho no HUOL,

com participação de aproximadamente 20 profissionais de enfermagem. No HMC foram

realizadas apenas nos dias 25 e 26 de junho, tendo em vista que é um hospital menor e com a

quantidade de profissionais menores que o HUOL. Também participaram apenas 20

profissionais de enfermagem. Percebeu-se que dos 160 profissionais do HUOL que

participaram da pesquisa, apenas 20 compareceram nas palestras (33,3%), enquanto no HMC,

dos 40 profissionais participantes da pesquisa, 20 compareceram nas palestras (50%). Os

profissionais de enfermagem que participaram das palestras se mostraram bastante satisfeitos

com o aprendizado sobre a BSCL e perceberam a importância da oferta de uma melhor

assistência para esses pacientes, visto que a maior incidência da BSCL é no RN e tanto o

HUOL como o HMC recebem esses pacientes constantemente.

CONCLUSÃO

Em suma, com a realização da pesquisa, observou-se que os profissionais do HMC

possuem mais conhecimentos acerca da BSCL quando comparada ao HUOL, uma vez que já

atenderam mais pacientes, como também pelo fato de existir a ASPOSBERN na cidade de

Currais Novos-RN, que presta todo apoio às pessoas com a BSCL e vem realizando diversos

trabalhos de divulgação da BSCL na referida cidade. Acreditamos que tais intervenções têm

possibilitado a esses profissionais de enfermagem maiores oportunidades de contato com

essas pessoas. Porém, os profissionais de ambos os hospitais ainda possuem um conhecimento

escasso e limitado sobre a BSCL. Apesar do número de profissionais de enfermagem do

HUOL e HMC ter sido baixo, acredita-se ser necessário a realização de novas capacitações

para torná-los mais aptos a prestar uma assistência mais adequada ao paciente e seus

familiares.

Diante disso, espera-se que, através da realização desta pesquisa, os profissionais de

enfermagem tenham adquirido mais conhecimentos acerca da BSCL, o que resultará na

melhoria do acompanhamento e do tratamento das pessoas com BSCL, bem como na

aproximação do enfermeiro com paciente em busca da promoção da saúde.

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